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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 03

Civis dinamarqueses dão boas-vindas aos
Free Corps Danmark, uma unidade da Waffen-SS,
depois do retorno do front no Leste em Agosto de 1942.
Cerca de 8 mil voluntários dinamarqueses lutaram
sob a bandeira dos Free Corps (Batalhão da Liberdade)
  e do 25º Regimento Motorizado.
Ideologia e raça: A Grande Alemanha

O ideal "germânico" que a propaganda da SS e outros bandos di regime nazi frequentemente promoviam emergia da panóplia de correntes ideológicas que rodam o fin de siècle europeu. Enraizado em conceitos do Völkisch, o pensamento germânico colocou valor preeminente sobre a pureza racial em uma sociedade. Com o tempo, essa ideologia tornou-se mutuamente não-cristã e antissemita. Cheio de romantismo, misticismo e utopismo, atraiu poucos seguidores como um movimento intelectual. No entanto, a sua influência sobre a população em geral, leia-se, população geral que lia textos germânicos ou outra literatura romântica refletindo o pensamento germânico, não pode ser avaliada. [15]

As próprias construções ideológicas de Hitler certamente favoreceram a inclusão dos ideais germânicos em qualquer programa do Estado nazista. Embora o Führer nunca articulou precisamente o seu pensamento, seus componentes principais permaneceram sendo o antissemitismo, a expansão territorial agressiva, e uma visão histórica abrangente que enfatizou a vida nacional como uma luta contínua pela sobrevivência. [16]

Hitler consistentemente identificou nacionalidade com "raça". O status racial do indivíduo permanecia inalterado; daí, nações inteiras tiveram seus destinos determinados com base em critérios raciais sob a ordem nazista das coisas. Hitler aceitava a raça germânica como claramente superior. Ele viu isso tendo que criar valores culturais únicos que valessem a pena, e, portanto, serem moralmente destinados a dominar o mundo. Sob a direção de Hitler, as forças armadas alemãs deixaria seu destino para o ocidente e sul e "retomaria o programa expansionista germânico onde ele havia parado 600 anos atrás, e pressionaria mais uma vez sobre as rotas das ordens medievais das cruzadas para as terras do leste." [17]

Quando isto se tornou a concreta expressão do pensamento e ação germânicas, Hitler se mostrou bastante indiferente para formar qualquer utopia germânica. Por exemplo, a ocupação da Dinamarca e da Noruega pela Alemanha ocorreu por motivos estratégicos, não por necessidade ideológica. Esta realidade não impediu que a propaganda nazista em usar doutrinas germânicas numa tentativa de impressionar noruegueses e dinamarqueses agora mantidos em cativeiro. Hitler e seu círculo até falaram da construção do Império germânico, mas o cinismo perspicaz de ingenuidade em tais assuntos permanecia quase impossível. 18

Em última análise, Heinrich Himmler tornou-se o defensor mais agressivo do Reich germânico, não Hitler. Este último insistiu que qualquer definição final, legal ou política, do mundo nazista, teria que esperar por uma conclusão bem sucedida da guerra. A política germânica de Himmler previu a coordenação e a anexação do Norte e Noroeste da Europa, usando partidos colaboracionistas e propaganda alemã no processo. Não provando ser muito atraente para as populações em cativeiro, que, mesmo assim, dobravam-se à letra da norma alemã, se não o espírito. Em último caso, as esperanças de Himmler de um Império Germânico repousava sobre os ombros dos voluntários estrangeiros, que, se recrutados em número suficiente, ganhariam apoio para uma associação Pangermânica com o Terceiro Reich. Serviram em conjunto contra o inimigo em comum - o frequentemente rotulado como "inimigo judeu-bolchevique do mundo" - ligados por braços comuns das SS, produziriam um quadro capaz de converter as populações pacatas em submissas em casa. [19] [20]

Mesmo após as primeiras ofensivas contra a Rússia terem falhado, Himmler continuou convencido de ambos, da vitória final e da realização final de um Império Germânico, com um exército SS multinacional guardando as marchas orientais do império contra as hordas asiáticas. Ele viu o Império Pan-germânico não meramente como uma extensão da antiga Grande Alemanha, mas como parte de um processo que conduziria a um Império "gótico-germânico" que se estende até os Urais, e talvez até mesmo a um "Império Gótico-Franco Carolíngio" cujas dimensões ainda não haviam sido estabelecidas! [20]

Cartaz de recrutamento da Waffen-SS
nos países da Escandinávia, Holanda
e Bélgica para a luta contra o
'inimigo judeu-bolchevique'
Essas noções excitavam tanto os líderes da SS que eles tão facilmente confundiam ovo com galinha. Assim Berger, o chefe de recrutamento, afirmou em um discurso perante generais da Wehrmacht que, "a SS viu o Reich Germânico como seu objetivo final desde 1929, quando o Reichsführer SS [Himmler] assumiu o comando." De acordo com esta visão do passado, a SS então, mais ou menos, empreendeu a missão de "construir um Reich germânico para o Führer". [21]

A SS ficou firme na vanguarda do movimento pangermânico, usando seu prestígio, influência e instituições para dar impulso à agenda germânica. O sucesso de Himmler em estabelecer escritórios administrativos a uma "polícia superior e a SS" na Noruega, Dinamarca, Holanda e Bélgica, deram a ele muito mais da mesma influência que ele recebia no Reich. Algumas medidas concretas em consonância com a ideologia pangermânica surgiram com a conquista em direção ao leste e o assentamento planificado da terra por colonos alemães começara. Nos países de origem, os líderes nativos dos partido e muitos de seus seguidores receberam a classificação da SS. Organizações da SS nativas foram formadas em todos os países nórdicos ocupados se estendendo do Sul à Valônia belga, que recebeu tardiamente o status de "Germânica" em 1943. [22]

Através da própria direção do movimento germânico, a SS revelaram suas fraquezas fatais. Na forma típica da mão pesada, a SS insistiu que o pangermanismo significava a subordinação total ao Terceiro Reich e a suas hierarquias. Qualquer noção de igualdade pangermânica manteve-se operacional apenas em teoria, ou nos sonhos dos colaboradores. Políticas nacionais não tiveram qualquer papel no império definido pela SS, o que reduziu os estados nórdicos ocupados ao patamar de Gaue (províncias) dentro do Terceiro Reich. Veremos que noções germânicas da ideologia pouco afetaram os métodos pelos quais a Alemanha e especialmente a SS iriam tratar as populações em cativeiro da Europa. [23]

Notas:

Nota 15: George L. Mosse, The Crisis of German Ideology: Intellectual Origins of the Third Reich (New York: Grossett and Dunlap, 1963), 13-125, passim; Hans-Dietrich Loock, "Zur 'Grossgermanischen Politik' des Dritten Reiches," Vierteljahrshefte für Zeitgeschichte 8:1 (January 1960): 38. University courses in Germanic Philology, such as those offered before the war at Louvain, may have influenced students and had some impact on the volunteer movement; Interviews with Franz Vierendeels, Groot-Bijaarden, Belgium, 29 May 1982 and Léon Degrelle, Madrid, 8 June 1982.

Nota 16: Eberhard Jäckel, Hitler's Weltanschauung: A Blueprint for Power (Middletown, CT: Wesleyan University Press, 1972), 117-21.

Nota 17: Rich, Hitler's War Aims, vol. 1, Ideology, the Nazi State, and the Course of Expansion (New York: W. W. Norton, 1973),, xlii, 4-7.

Nota 18: Loock, "Zur 'Grossgermanischen Politik,'" 39. See also his Quisling, Rosenberg und Terboven (Stuttgart: Deutsche Verlags-Anstalt, 1970), 263.

Nota 19: Loock, "Zur 'Grossgermanischen Politik'," 40-56.

Nota 20: Bernd Wegner, "Der Krieg Gegen des Sowjetunion 1942/43" (esp. subsection "Germanische und Volksdeutsche Freiwillige") in Horst Boog, et al., Der Global Krieg: Die Ausweitung zur Weltkrieg und der Wechsel der Initiative, 1941-1943 (Stuttgart: Deutsche Verlags-Anstalt, 1990), 836.

Nota 21: Loock, "Zur 'Grossgermanischen Politik,'" 56.

Nota 22: Ibid., 57; Rich, Hitler's War Aims, 2: 348-93. Wegner, Waffen-SS, 334.

Nota 23: Loock, "Zur 'Grossgermanischen Politik,'" 62-63; Wegner, Waffen-SS, 332-39.

Fonte: A European Anabasis — Western European Volunteers in the German Army and SS, 1940-1945; Gutenberg-e (Columbia University Press)
Autor: Kenneth W. Estes
http://www.gutenberg-e.org/esk01/frames/fesk01.html
Fonte de uma das fotos: Pinterest
https://www.pinterest.com/pin/560487116102599333/
Tradução: Roberto Lucena

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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 02

Mão-de-obra das Forças Armadas e o recrutamento da SS

Soldado da Legião "Freies Arabien"
"Legião Árabe Livre"
No início da guerra na Europa, a organização Waffen-SS que acabaria por implantar a maior parte da mão de obra estrangeira usada na guerra, apenas recentemente havia ganho o reconhecimento oficial como uma força militar. A SS (Schutzstaffel) originou-se na década de 1920 como uma força especial de segurança do Partido Nazista, que protegia Hitler e seus principais funcionários quando eles excursionavam pela Alemanha. Com a elevação de Heinrich Himmler como chefe dos 280 homens da SS em 1929, seu caráter final começou a tomar forma. Após a tomada do poder pelos nazistas e a derrubada da milícia revolucionária nazi (SA) pela SS em 1934 , esta organização se institucionalizou como a guardiã do movimento e começaram a demonstrar sua influência, como tentáculos, através da hierarquia nazista e dos quadros econômicos, jurídicos , sociais e educacionais da nova Alemanha. [06]

Funções quase militares dentro do já crescente SS debruçavam-se sobre um largo guarda-costas, o Verfügungstruppen (tropas especiais de impostos), que havia formado quatro regimentos de infantaria motorizada em 1938. Rigorosamente selecionados pela maleabilidade política e ideológica e características raciais corretas, estas tropas exerceram funções cerimoniais de rotina, mas não tinha nenhuma função militar clara. [07] A única base legal para sua existência decorre do decreto de Hitler de 17 de Agosto de 1938, que lhes designou como uma unidade militar ativa obediente a sua direção e independente da Wehrmacht ou da polícia alemã.

Armados, treinados, e estabelecidos como formações militares convencionais, as tropas da SS receberam armas, equipamentos, munições e publicações de doutrina e tática do Exército. Eles estavam sujeitos à mobilização, mas até aquele momento o Exército poderia exercer sua autoridade de inspeção só em matéria de treinamento com armas e somente com a permissão de Himmler. Além disso, o serviço nos regimentos da SS, eventualmente, contavam para cumprimento da obrigação de serviço militar de um cidadão alemão. [08] Como "exército" pessoal de Hitler, os regimentos Verfügungstruppen lutaram nas primeiros campanhas da Blitzkrieg, subordinados aos comandantes de campo da Wehrmacht, mas administrativamente independentes, sob a burocracia de Himmler.

 Essa dicotomia foi parcialmente corrigida quando negociações estendidas com o Alto Comando das Forças Armadas sobre a composição, formação e papel da força militar SS culminou na ordem de 2 de Março de 1940, que designou, pela primeira vez, os regimentos de guarda, divisões recém-formadas e unidades de apoio como a "Waffen (Armada)-SS". Este ato foi o mais próximo que a SS armada viria a ser oficialmente designada como membro de direito da Wehrmacht. Embora a Waffen-SS continuou a operar taticamente sob o comando do Exército e da Wehrmacht e seu recrutamento, formação, equipamento e doutrina permaneceram em conformidade com as normas da Wehrmacht, Himmler ainda controlava a atual administração e treinamento da força para o momento em que as unidades individuais fossem usadas no front. [09] [10]

Acadêmicos há muito tempo pensaram que a exclusão da Waffen-SS de ter um status militar oficial frustrou a busca de Himmler por seu reconhecimento como "o quarto ramo da Wehrmacht." Sabemos agora que as ambições de Himmler excedeu em muito essa meta, e que ele procurou substituir as forças armadas convencionais por uma ordem superior, ideologicamente preparada e revolucionária. Sua principal luta foi centrada no recrutamento e expansão. Desde o início de seu serviço de campo eficaz na era da Blitzkrieg, a Waffen-SS procurou ter um papel como uma força armada de elite e permanente postura como tropa de choque do partido. Os líderes da SS imaginaram a eventual substituição das forças armadas regulares como um desenvolvimento necessário para a transformação da Alemanha para no "Reich de Mil Anos" da Nova Ordem, que só poderia ser policiado por uma força militar politicamente doutrinada. Tais motivos dificilmente poderiam ser admitidos nos primeiros dias, especialmente quando Hitler tinha prometido consistentemente a cada um dos diversos serviços militares, a responsabilidade exclusiva pela defesa do Estado alemão. [10]

A obtenção de mão de obra para as novas divisões Waffen-SS tornou-se a principal responsabilidade do brigadeiro-general da SS Gottlob Berger, um homem de considerável capacidade de organização, que no final de 1939 estabeleceu um escritório nacional de recrutamento na sede da SS em Berlim para coordenar as atividades dos escritórios locais de vários distritos militares. Com o apoio entusiasmado de Himmler, Berger explorou brechas deixadas para a SS pelo Alto Comando das Forças Armadas (OKW). Este último tinha alocado recrutas para 1940 entre o Exército, Marinha e Força Aérea na relação 66-9-25. O recrutamento da Waffen-SS não foi levado em consideração nesta alocação. Pelo contrário, a SS recebeu autoridade simplesmente para preencher divisões especificamente autorizadas, regimentos e tropas de apoio necessários. Berger e seus assessores impiedosamente exploraram este acordo de cavalheiros, no qual o OKW não fiscalizou a execução detalhada da política da SS. Os recrutadores da SS ignoraram todos os limites implícitos e pegaram tantos voluntários em idade de recrutamento quanto a propaganda poderia atrair. [12]

Não contente com tais subterfúgios burocráticos, Berger também procurou fontes de mão de obra não diretamente controladas pelo OKW, incluindo homens que não eram cidadãos do Reich alemão. Alemães étnicos, ou Volksdeutsche, a partir de territórios anexados ou ocupados mostravam-se como promessa para um pool de recrutamento, especialmente quando a guerra deixou partes da Europa Oriental sob controle alemão. Finalmente, os chamados povos "nórdicos" do norte da Europa, finlandeses, suecos, dinamarqueses, noruegueses e holandeses poderiam cumprir as exigências raciais dos recrutadores da SS e, ao se tornarem voluntários, não constariam das estatísticas de recrutamento do OKW. Cem desses países nórdicos tinham entrado no serviço da SS em 1940. Depois de abril do mesmo ano, os escritórios de recrutamento de Berger foram atrás deles a sério. [12]

Sem os frutos do combate, no entanto, a Waffen-SS não poderia ter crescido em mão de obra e quantidade de material como o fez. As ações de um Verfügungsdivision e vários regimentos motorizados na Batalha da França, como parte da ponta de lança mecanizada, estabeleceu o seu valor na visão de Hitler, que era o mais importante. A justificação para uma maior expansão foi encontrada na campanha em curso contra a Rússia, de modo que a força de campo da SS dobrou entre a queda da França e o início da ofensiva da "Barbarossa", como a invasão da União Soviética era conhecida. [13]

Dada essa expansão, os planos megalomaníacos de Himmler e seu chefe de recrutamento pareceram um pouco viáveis. Ao final de 1941, a Waffen- SS tinha emergido como um segundo exército, e, graças à sua formação ideológica, constituiu "uma alternativa nacional-socialista intransigente ao tradicional estabelecimento militar". Contanto que ele perseguiu um papel ativo no cumprimento confiável da "missão histórica" de Hitler, como um instrumento pessoal de seu destino, a Waffen-SS podia se sentir segura. A imagem cultivada pela SS como um corpo ideológico único, separado do Exército, e mais estreitamente ligada à autoridade política e do partido, seria proteger ainda mais a sua posição após a tentativa de assassinato em 20 de julho de 1944 sobre Hitler, no qual vários oficiais do Exército alemão participaram. Esta tentativa manchou o Exército aos olhos de Hitler e fez com que Himmler elevasse a SS ao status de único braço viável portador da nação, apesar do fato de que a guerra foi a seguir chegando a seu final, e por sua vez, com a fatal derrota alemã. [14]

Notas:

Nota 6: Gerald Reitlinger, The SS: Alibi of a Nation 1922-1945 (New York: Viking Press, 1957) has been supplanted by Robert Koehl's The Black Corps as the standard authority. However, its narrow concept of the Waffen-SS as an armed formation designed for internal security must be replaced by notions of the SS as an emerging revolutionary state in its own right, and the Waffen-SS as its future army, as asserted by Bernd Wegner, The Waffen-SS: Organization, Ideology, and Function. (Oxford: Basil Blackwell, 1990), 360-65. Back.

Nota 7: Stein, Waffen-SS, xxv-xxxii.

Nota 8: Ibid., 22; Alfred Schickel, "Wehrmacht und SS," Wehrwissenschaftliche Rundschau 19:5 (May 1969): 247-50.

Nota 9: Stein, Waffen-SS, 49; Schickel, "Wehrmacht und SS," 257; Helmut Krausnick, Hans Buchheim, Martin Broszat and Hans-Adolph Jacobsen, Anatomy of the SS State (New York: Walker, 1968), 260-74.

Nota 10: Stein, Waffen-SS, 48. Wegner, Waffen-SS, 128-29.

Nota 11: Stein, Waffen-SS, 35-36, 48; Wegner, Waffen-SS, 209 ff. On the organization of Berger's office, see Gerhard Rempel, "Gottlob Berger and Waffen-SS Recruitment, 1939-1945," Militärgeschichtliche Mitteilungen (MGM) 27:1 (1980): 107-22. General Alfred Jodl, Chief of Staff, OKW, commented in his diary entry for 25 May 1940, "the plan for a limitless expansion of the SS is alarming." Schickel, "Wehrmacht und SS," 260. Berger became head of the SS Central Office in August of 1940, but this only added duties of overseeing ideological training; Wegner, 209-12.

Nota 12: The OSS estimated that some 442,000 Volksdeutsche, including Alsatians, were available for military service, with 15,000 more coming of age each year. National Archives and Records Administration, Military Records Division, Record Group 226, OSS (R & A) document 1238, 25 September 1943. Luxemburgers and some Alsatians were considered citizens of the Reich under a complex set of rules. See Norman Rich, Hitler's War Aims, vol. 2, The Establishment of the New Order (New York: W. W. Norton, 1974), 23-35, 166; Willard A. Fletcher, "The German Administration in Luxemburg, 1940-42," The Historical Journal 13:3 (March 1970): 533-44. Bernd Wegner, "Auf dem Wege zur pangermanischen Armee," MGM 28 (1980): 101-3. For a statistical breakdown of early volunteers by nationality, see Kurt G. Klietmann, Die Waffen-SS: eine Dokumentation (Osnabrück: Munin, 1965), 501.

Nota 13: Schickel, "Wehrmacht und SS," 260.

Nota 14: Ibid., 262-64; Wegner, "Auf dem Wege," 103, 113n; Stein, Waffen-SS, 17. Wegner later enlarged and detailed the Himmler vision of a new army decisively in his masterly Waffen-SS; see especially 346-59.

Fonte: A European Anabasis — Western European Volunteers in the German Army and SS, 1940-1945; Gutenberg-e (Columbia University Press)
Autor: Kenneth W. Estes
http://www.gutenberg-e.org/esk01/frames/fesk01.html
Tradução: Roberto Lucena

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Fotos: Legion Freies Arabien (http://de.wikipedia.org/wiki/Legion_Freies_Arabien)
Free Arabian Legion (http://en.wikipedia.org/wiki/Free_Arabian_Legion)
Category:Legion "Freies Arabien"
(http://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Legion_%22Freies_Arabien%22)

Comentário: Eu acho desnecessário repetir o comentário que fiz no primeiro post desse texto, mas... como sei que muita gente nem lê os links (com a parte 01), acho melhor repetir aqui já que o texto está dividido em várias partes.

A escolha da foto do post foi intencional pois a mesma costuma aparecer em sites "revisionistas" (e similares de extrema-direita, neonazis etc) espalhando informações distorcidas intencionalmente sobre o assunto, como propaganda para insinuar que o regime nazi não era racista por conta do uso destas tropas de voluntários da Waffen-SS, sem qualquer explicação do contexto de como essas tropas foram montadas (como é explicado na tradução acima e no site com o texto completo de Kenneth W. Estes).

Já vi "revi" alegar que este assunto é "escondido", afirmação esta que beira a comédia e pura má fé, pois como podem ver acima, o que não falta na web (e fora da web) são informações sobre o assunto, livros etc, mas obviamente que nenhum revimané vai procurar algo que preste pra ler a não ser a literatura batida deles com distorções e mentiras de extremistas. Basta a pessoa saber procurar o assunto e não cair no comodismo e preguiça (ou devido a uma certa credulidade no que o credo revimané diz) de sair repetindo como papagaio o primeiro texto distorcido que lê em sites "revis" na web. Se impressionar porque desconhece um assunto é uma coisa, agir como idiota sem procurar saber do que se trata é outra coisa completamente diferente, não caiam na segunda opção.

A foto do post anterior foi tirada do site Axis History Factbook da seção sobre os voluntários estrangeiros da subsseção Deutsche-Arabische Bataillon Nr 845. A bibliografia está no site, ou estava, pois mudaram as páginas do Axisforum, numa sequência tentarei atualizar isso. As fotos acima foram dessa vez tiradas da Wikipedia em alemão e inglês.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Hitler sobre os povos bálticos e eslavos

Quando Goebbels expressou seu desprezo pelos povos bálticos e da Ucrânia simplesmente seguia as opiniões de seu Führer. Que igual a ele, não fazia distinção entre bálticos ou eslavos, aliados ou inimigos. Todos são simplesmente subumanos.

[Noite de 17-18 de setembro de 1941]

Os povos eslavos não foram destinados a viver uma vida própria. Eles sabem disso e lhes faríamos mal em persuadi-los do contrário. Fomos nós que criamos em 1918 os países bálticos e a Ucrânia. Mas hoje não temos nenhum interesse em manter os estados bálticos nem em criar uma Ucrânia independente. Temos igualmente que impedir sua volta ao cristianismo. Seria um grande erro, seria como lhes dar uma forma de organização.

Tampouco sou partidário de que haja uma universidade em Kiev. Mais vale não lhes ensinar a ler. Não vão nos querer porque lhes torturemos com escolas. Só o fato de lhes dar uma locomotiva para conduzir seria um grande erro. E que tolice, de nossa parte, realizar uma distribuição de terras! Apesar de tudo isto, faremos com que os indígenas vivam melhor do que já viveram até agora. Entre eles encontraremos material humano necessário para cultivar a terra.

Proveremos de cereais a todos os que na Europa carecem deles. A Crimeia nos dará os frutos do sul, o algodão e a borracha (40.000 hectares de plantações serão suficientes para assegurar nossa independência).

Os pântanos de Pripet nos manterão abastecidos de juncos.

Aos ucranianos lhes forneceremos lenços, pedras de cristal e tudo aquilo que os povos colonizados gostam.

Livro: Las conversaciones privadas de Hitler (Bormann-Vermerke); Tradução de Alfredo Nieto, Alberto Vilán, Renato Lavergne e Alberto Clavería. Editora Crítica, Barcelona 2004. pg. 27. Em inglês o título do livro é Hitler's Table Talk, organizado por Hugh Trevor-Roper, historiador britânico. Em formato ebook.

Fonte: blog antirrevisionismo (Espanha)
http://antirrevisionismo.wordpress.com/2008/07/02/hitler-sobre-los-pueblos-balticos-y-eslavos/
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 7 de maio de 2013

Racismo: Uma Visão Geral

Ilustração anti-semita de um curta-metragem nazista.
A legenda, traduzida do alemão, declara: "Por serem
de uma raça estrangeira, os judeus não tinham direitos
civis na idade média. Eles tinham de morar em áreas
restritas da cidade, em um gueto."
Local e data incertos.
— US Holocaust Memorial Museum (Fotografia)
Racismo é a crença que as pessoas possuem características inatas, biologicamente herdadas, que determinam seu comportamento. A doutrina do racismo afirma que o “sangue” é o marcador da identidade étnica-nacional, ou seja, dentro de um sistema racista o valor do ser humano não é determinado por suas qualidades e defeitos individuais, mas sim pela sua pertinência a uma "nação racial coletiva". Neste modo de ver o mundo, as “raças” são hierárquizadas como “melhores” ou “piores”, “acima" ou “abaixo”. Muitos intelectuais do final do século 19, incluindo alguns cientistas, contribuíram com apoio pseudocientífico ao desenvolvimento desta falsificação teórica, tais como o inglês Houston Stewart Chamberlain, e exerceram grande influência em muitas pessoas da geração de Adolf Hitler.

Atualmente sabe-se que "raça" não existe em termos biológicos, apenas sociais. O ódio nazista contra a "raça judaica" desconsiderava o fato de que existiam judeus brancos, negros, orientais, e assim por diante. O "racismo" contra os judeus é denominado anti-semitismo, que é o preconceito contra ou ódio contra os judeus baseados em falsas teorias biológicas, uma parte essencial do Nacional Socialismo alemão, i.e. o nazismo. Em 1935, após chegarem ao poder, os nazistas criaram as Leis de Nuremberg, criando uma definição biológica errônea do que é ser judeu. Para os nazistas, movimentos políticos como o marxismo, comunismo, pacifismo e internacionalismo soavam como anti-nacionalistas e, para eles, eram consequência da "degeneração" causada pelo "perigoso" intelectualismo judáico.
Tabela de 1939 mostrando a quantidade
de judeus e "miscigenados" (Mischlinge)
dentro do total da população alemã.
— US Holocaust Memorial Museum

Os nazistas acreditavam que a história humana era a de uma luta biologicamente determinada entre povos de diferentes raças, dentre as quais eles eram a mais elevada, destinada a comandar todas as outras, a "raça superior". Em 1931, as SS, Schutzstaffel, guarda de elite do estado nazista, estabeleceram uma Secretaria de Povoamento e Raça para conduzir "pesquisas" raciais e para determinar a compatibilidade racial de possíveis parceiras para os membros das SS.

Os nazistas consideravam os alemães portadores de deficiências físicas ou mentais como resultado de falhas na estrutura genética da chamada “raça superior”, e achavam que tais pessoas não deveriam se reproduzir por serem um "perigo" biológico para a pureza da “raça ariana”. Após seis meses de uma minuciosa coleta de dados, durante os últimos seis meses de 1939 ,e de um planejamento cuidadoso, os médicos nazistas começaram a assassinar os deficientes que encontravam-se em instituições médicas por toda a Alemanha, em uma operação que eles denominaram eufemismisticamente de "eutanásia" (que quer dizer "morte tranquila"), que podia ser tudo, menos isto.

Segundo as teorias raciais nazistas, os alemães e outros povos do norte europeus eram "arianos" (que na realidade haviam sido um povo pré-histórico da Ásia central que havia migrado para a Europa e a Índia), e que eram uma raça superior às demais. Durante a Segunda Guerra Mundial, médicos nazistas conduziram “experiências médicas” que procuravam identificar provas físicas da superioridade ariana e da inferioridade não-ariana. Apesar de haverem conseguido assassinar milhões de prisioneiros não-arianos durante tais “experiências” de sadismo, os nazistas não foram capazes de encontrar quaisquer provas de suas teorias de diferenças raciais biológicas entre os seres humanos, e de que eram os mais capazes.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a liderança nazista iniciou o que eles chamaram de "limpeza étnica" nos territórios por eles ocupados na Polônia e na União Soviética. Esta política incluía o assassinato e extermínio das chamadas "raças inimigas”, entre elas os judeus, e também a destruição das lideranças dos povos eslavos, que eles planejavam tornar seus escravos por considerá-los inferiores. O racismo nazista foi responsável por assassinatos horrendos , em uma escala sem precedentes na história humana.

Fonte: site do USHMM
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005184#related

Observação: acho que uma vez apareceu um questionário nesse site do USHMM que respondi comentando que deveriam pôr fontes nos textos que não possuem pois isso credencia o texto e fornece indicações a quem queira ler mais sobre o assunto do texto. A "ideia de raça" é uma construção social baseada na maioria dos casos em teorias pseudo-científicas do século XIX que separavam pessoas por características principalmente físicas (biotipo), algo disseminado até hoje mesmo que quem dissemine a ideia saiba que a mesma é totalmente furada. No Brasil (mas também em outros países) muitos grupos contrários a qualquer reparo histórico do racismo usam a formulação correta de que não existe raças pra dizer que tais reparações são sem sentido ignorando que o racismo não ocorre com base em algo preciso e exato e sim em preconceito e ideias distorcidas sobre povos e principalmente, no Brasil, com a cor da pele e a origem, o racismo majoritário no Brasil ocorre mais dessa forma.

Há outros textos sobre o assunto mas infelizmente não será possível traduzir agora, ficando pruma próxima ocasião. Sugestão que procurem infos sobre Michael Banton e os livros The Idea of Race e Racial Theories. Quem quiser dar uma olhada por conta própria (54 páginas), em inglês, PDF da Unesco com participação do Michael Banton: Four statements on the race question.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Genocídio dos Roma no Holocausto (Holocausto cigano)

GENOCÍDIO DOS ROMA NO HOLOCAUSTO
por Ian Hancock

Os Roma, muito comumente, mas de forma equivocada, chamados de ciganos, foram a outra única população, ao lado dos judeus, que foram atingidos pelo extermínio racial na Solução Final. Chegaram à Europa por volta do ano 1300, vindos da Índia, região a qual eles haviam deixado cerca de três séculos antes como uma população militar de origem mestiça, não-ariana, reunidos para lutar contra os invasores muçulmanos. Sua entrada na Europa, via Império Bizantino, foi também resultado direto da expansão islâmica.

Como um povo asiático não-cristão, não-branco, e sem possuir nenhum território na Europa, os Roma eram forasteiros em todos os países. A cultura Romani também forçava - como ainda faz - que houvesse uma distância social entre os Roma e os gadjé (não-Romas), e assim sua segregação era reforçada.

O povo Romani na Alemanha chamava-se a si mesmo de Sinti, enquanto zigeuner é o equivalente alemão de "cigano". Quando os nazistas chegaram ao poder em 1933, as leis alemãs contra eles já estavam em vigor há centenas de anos. A perseguição do povo Romani começou quase tão cedo quando o primeiro Roma chegou pela primeira vez em terras de língua alemã, pois como estrangeiros, estavam quebrando muitas das leis Hanseáticas que tornava crime punível por lei alguém não ter um domicílio fixo ou emprego, e não ser cadastrado como contribuinte de impostos. Eles também foram acusados ​​de serem espiões para os muçulmanos, a quem poucos alemães conheciam, mas de quem haviam ouvido muitas histórias assustadoras. A tez escura e o comportamento não-cristão e a aparência dos Roma simplesmente se adicionavam ao preconceito que se tornou crescente. Em 1721 o Imperador Carlos VI ordenou o extermínio de todos os Roma em qualquer lugar, não era ilegal matar um Rom, e houve algumas vezes "caçadas de ciganos", nas quais os Roma foram perseguidos e mortos como animais selvagens. Florestas foram incendiadas para expulsar qualquer Roma que poderia ter se escondido lá.

Pelo século 19, estudiosos na Alemanha e no resto da Europa estavam escrevendo sobre os Roma e os judeus como sendo seres inferiores e "o excremento da humanidade". Isto se cristalizou especificamente em atitudes racistas nos escritos de Knox, Tetzner, Gobineau e outros. Pelos anos de 1880, o chanceler von Bismarck reforçou algumas das leis discriminatórias, afirmando que os Roma fossem tratados "com especial severidade" se detidos. Por volta de 1890, uma conferência sobre "a escória cigana" foi realizada na Suábia, na qual os militares adquiriram o poder de manter os Roma em circulação. Na obra publicada em 1899 de Houston Chamberlaine, "Os Fundamentos do Século 19", ele defendia a construção de uma "recém formada ... e ... especialmente destacada raça ariana". Isto usado para justificar a promoção de ideias sobre a superioridade racial alemã e para qualquer ação opressora tomadas contra membros de populações "inferiores". Naquele mesmo ano, a "Agência de Informação Cigana" foi criado em Munique sob a direção de Alfred Dillmann, que começou a catalogação de informações sobre todos os Roma em todas as terras alemãs. Os resultados disto foram publicados em 1905 no Zigeuner-Buch de Dillmann, que lançou as bases para o que viria a acontecer com os Roma no Holocausto, 35 anos depois.

O Zigeuner-Buch, com cerca de 350 páginas, era composto de três partes: primeiro, uma introdução afirmando que os Roma eram uma "praga" e uma "ameaça" a qual a população alemã tinha que se defender contra o uso de "castigos cruéis", e que advertia sobre os perigos da mistura de genes Romani e alemães. A segunda parte foi um registro dos Romas conhecidos, dando detalhes genealógicos e registros criminais caso houvesse. E a terceira parte era uma coleção de fotografias dessas mesmas pessoas. A "Mistura de raças" de Dillmann, mais tarde, tornou-se uma parte central das Leis de Nuremberg na Alemanha nazista.

Em 1920, Karl Binding e Alfred Hoche publicaram seu livro "A erradicação das vidas dos indignos da vida", usando uma frase primeiramente cunhada por Richard Liebich com específica referência aos Roma quase 60 anos antes. Entre os grupos que eles consideravam "indignos de viver" estavam os "doentes mentais sem cura", e foi este grupo que eles consideravam que pertenciam os ciganos. A perceptível "criminalidade" Romani era vista como uma doença genética hereditária, embora não fosse levado em conta os séculos de exclusão dos ciganos da sociedade alemã, que fizeram do roubo de subsistência uma necessidade para sobrevivência. Uma lei incorporando a mesma frase foi posta em prática apenas quatro meses depois de Hitler se tornar chanceler do Terceiro Reich.

Durante a década de 1920, a opressão legal aos Roma na Alemanha intensificou-se consideravelmente, apesar dos estatutos de igualdade da República de Weimar. Em 1920 eles foram proibidos de entrar em parques e banheiros públicos; em 1925 uma conferência sobre "A Questão Cigana" foi realizado, e resultou em leis que pediam que os desempregados Roma fossem enviados para campos de trabalho "por razões de segurança pública", e que todos os Roma fossem registrados na polícia. Depois de 1927, todos os ciganos, mesmo as crianças, tinha que carregar cartões de identificação, tendo impressões digitais e fotografias. Em 1929, um Escritório Central de Luta Contra a ciganos na Alemanha foi criado em Munique, e em 1933, apenas dez dias antes dos nazistas chegarem ao poder, funcionários do governo em Burgenland pediram a retirada de todos os direitos civis do povo Romani.

Em setembro de 1935, os Roma tornaram-se sujeitos às restrições da Lei de Nuremberg para a Proteção do Sangue Alemão e Honra, que proibia o casamento entre alemães e "não-arianos", especificamente judeus, ciganos e pessoas de ascendência africana(negras). Em 1937, a Lei de Cidadania Nacional relegava os Roma e judeus à condição de cidadãos de segunda classe, privando-os de seus direitos civis. Também em 1937, Heinrich Himmler emitiu um decreto intitulado "A luta contra a praga cigana", que reiterava que os ciganos de sangue misturado eram os mais propensos a se envolver em atividades criminosas, e que solicitava que todas as informações sobre os Roma fossem enviadas, dos departamentos da polícia regional, para o Escritório Central Reich.

Entre 12 de junho e 18 de junho de 1938, a semana de "limpeza" dos ciganos ocorreu em toda a Alemanha que, como Kristallnacht(Noite dos Cristais) para o povo judeu no mesmo ano, marcou o começo do fim. Também em 1938, a primeira referência à "Solução Final da Questão Cigana" apareceu, em um documento assinado por Himmler em 08 de dezembro daquele ano.

Em janeiro de 1940, a primeira ação do genocídio em massa do Holocausto ocorreu quando 250 crianças ciganas foram assassinadas em Buchenwald, onde foram usadas ​​como cobaias para testar a eficácia dos cristais de Zyklon-B, usado mais tarde nas câmaras de gás. Em junho de 1940, Hitler ordenou a liquidação de "todos os judeus, ciganos e comunistas funcionários políticos em toda a União Soviética."

Em julho, 31 de 1941, Heydrich, arquiteto-chefe dos detalhes da Solução Final, emitiu sua ordem para o Einsatzkommandos, para "matar todos os judeus, ciganos e doentes mentais." Poucos dias depois, Himmler emitiu seus critérios de avaliação biológica e racial, que determinavam que histórico familiar dos Roma deveriam ser investigados por três gerações. Em 16 de dezembro desse mesmo ano, Himmler emitiu uma ordem para que todos os Roma restantes Roma na Europa fossem deportados para Auschwitz-Birkenau para o extermínio. Em 24 de dezembro, Lohse deu a ordem adicional para que "aos ciganos deva ser dado o mesmo tratamento dos judeus". Em uma reunião do partido em 14 de setembro de 1942, o ministro da Justiça Otto Thierack anunciou que "judeus e ciganos devem ser incondicionalmente exterminados." Em 01 de agosto de 1944, quatro mil ciganos foram gaseados e cremados em uma única ação em Auschwitz-Birkenau, o que é lembrado como Zigeunernacht.

Determinar a percentagem ou número de Roma que morreram no Holocausto (chamado de Porrajmos, "paw-RYE-mos" em Romani, uma palavra que significa "Devorando a") não é fácil. Grande parte da documentação nazi ainda precisa ser analisada, e muitos assassinatos não foram registrados, uma vez que ocorreram nos campos e florestas onde os Roma foram apreendidos. Não há estimativa precisa nem para a população Romani pré-guerra na Europa, embora o censo oficial do Partido Nazista de 1939 estimava em cerca de dois milhões, que é sem dúvida, uma sub-representação. A estimativa mais recente (1997) a partir do Instituto de Pesquisa do Museu Memorial do Holocausto dos EUA, em Washington, coloca o número de vidas perdidas pelos Romanis em 1945, "entre meio milhão e um milhão e meio." Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o registro da Alemanha em relação ao povo Romani foi menos que exemplar. Ninguém foi chamado para testemunhar em favor das vítimas Romanis nos Julgamentos de Nuremberg, e nenhuma reparação dos crimes de guerra foi pagas aos ciganos como um povo. Hoje, a atividade neonazista na Alemanha faz dos Roma o seu principal alvo de violência racial.

Os Estados Unidos também não fez nada para ajudar os Roma durante ou após o Holocausto. Apenas dez por cento das centenas de milhões de dólares disponibilizados pela Organização das Nações Unidas(ONU) para os sobreviventes, os quais foram dadas a responsabilidade ao governo dos EUA de desembolso, foi reservada para não-judeus, e nada disto foi direcionado aos sobreviventes Romanis, cujo número hoje é de cerca de 5.000. Roma que não foram mencionados em qualquer documentação do Conselho de Refugiados de Guerra dos EUA, o qual foi capaz de salvar a vida de mais de 200.000 judeus. Quando o Conselho do Museu Memorial do Holocausto dos EUA (USHMM) foi criado em 1980, nenhum Roma foi convidado a participar, e ele tem hoje apenas um membro hoje Romani. Os Roma são apenas uma parte deste Museu até o momento, estando localizados em um canto no terceiro andar reservado para as "outras vítimas".

Leitura adicional

Hancock, Ian, 1989. "Gypsy history in Germany and neighboring lands: A chronology leading to the Holocaust and beyond," in David Crowe and John Kolsti, eds., The Gypsies of Eastern Europe , Armonk: EC Sharpe, pp. 11-30.

Kenrick, Donald, and Grattan Puxon, 1972. The Destiny of Europe's Gypsies . London: Sussex University Press.

Excerto da Encyclopedia of Genocide (1997) de Israel W. Charny (ed.)
Reproduzido por Patrin Web Journal com permissão do autor, Ian Hancock.
Publicado em 01 de março de 1997.

Fonte: The Patrin Web Journal (trecho do livro Encyclopedia of Genocide; editor: Israel Charny)
http://reocities.com/paris/5121/genocide.htm
Texto: Ian Hancock
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Dr. Robert Ritter: ciência racial e "ciganos" (Holocausto)

Dr. Robert Ritter: Ciência Racial e "Ciganos"

A pesquisa do cientista racial Dr. Robert Ritter e seus associados serviram ambos como instrumento e justificação para o regime Nazista isolar e eventualmente destruir a população Cigana Alemã.

Estudando os Ciganos, Ritter, que era um psiquiatra, esperava determinar as ligações entre a hereditariedade e a criminalidade. Com financiamento da 'Associação Alemã para Pesquisa Científica' e com acesso a registros da polícia, Ritter começou em 1937 a sistematicamente entrevistar todos os Ciganos residindo na Alemanha. Para fazer isso, ele viajou a acampamentos Ciganos e, depois a deportação e internamento de Ciganos começaram, para os campos de concentração.

Ritter desenvolveu genealogias detalhadas--históricos de família--para distingüir os Ciganos "puros" daqueles de "sangue misto/misturado" e desenraizar os Ciganos assimilados da população geral alemã. A polícia de estado ajudou Ritter em seu requerimento de registros genealógicos de todos os Ciganos movidos a força para campos especiais municipais depois de 1935. Acreditando que qualquer um com sangue Cigano podia ser um perigo a sociedade, Ritter classificou um "meio-Cigano" como alguém com um ou dois avós Ciganos ou dois ou mais avós meio-Ciganos, isto é, alguém com um pouco de um quarto de sangue cigano.

Aos associados a Ritter incluíam o antropólogo Dr. Adolf Wurth e, até 1942, e o zoologista e antropólogo Dr. Sophie Ehrhardt. O associado mais próximo a Ritter era Eva Justin, uma enfermeira que recebeu seu doutorado em antropologia em 1944 baseado na sua pesquisa com crianças Ciganas afastadas de suas famílias. Na conclusão de seu estudo, estas crianças eram deportadas a Auschwitz, onde todos com exceção de alguns eram mortos.

"Num relatório dos resultados de sua pesquisa em 1940, Ritter concluiu que 90 porcento dos Ciganos nativos da Alemanha eram "de sangue misto/misturado". Ele descreveu aqueles Ciganos como "os produtos de relacionamentos com criminosos anti-sociais alemães do subproletariado." Ele caracterizou os Ciganos como povos "primitivos" "incapazes de uma real adaptação social."

Do final de 1944 entrando em 1946, Ritter ensinou biologia criminal na Universidade de Turbingen; em 1947 ele entrou no Centro de Saúde de Frankfurt como um médico de crianças. Enquanto esteve lá, ele empregou Eva Justin como uma psicóloga. Seu colaborador Dra. Sophie Ehrhardt entrou na faculdade de antropologia na Universidade de Tubingen em 1942 e continuou a usar os dados de Ritter em sua pesquisa pós-guerra. Dr. Adolph Wurth serviu no Bureau de Estatística Baden-Wurttemberg até 1970.

Os esforços para trazer provas contra Ritter e seus associados como assessores nas mortes dos Ciganos Alemães foram interrompidos. O julgamento do Dr. Robert Ritter chegou ao fim com seu suicídio em 1950.

Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena

Página principal: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945

Quem eram os "ciganos"? (Holocausto)

Primeiro quadro cinza da página(canto direito).
Quem eram os "ciganos"?

Em 1939, entre 30.000-35.000 pessoas conhecidas como "Ciganos" viviam na Alemanha e Áustria, que foi incorporada a Alemanha em Março de 1939. A população total de Ciganos vivendo na 'Grande Alemanha' e em todos os países ocupados pela Alemanha durante a guerra é desconhecido; os 'acadêmicos' Donald Kenrick e Grattan Puxon forneceram uma estimativa aproximada de 942 mil.

Acredita-se que os Ciganos tenham chegado a Europa do norte da India em meados de 1400. Eram chamados de Ciganos porque na mentalidade dos europeus eles teriam vindo do Egito. Esta minoria étnica é composta de grupos distintos chamados "tribos" ou "nações". A maior parte dos Ciganos na Europa ocupada pela Alemanha pertencia as tribos Sinti e Roma. Na Alemanha e na Europa ocidental geralmente predominavam os Sinti, e os Roma na Áustria, leste europeu, e os Balcãs. Os Sinti e os Roma falavm dialetos de uma linguagem comum chamada Romani, baseado no sânscrito, a língua clássica da Índia.

Por séculos, os Sinti e os Roma foram depreciados e perseguidos na Europa. Zigeuner, a palavra alemã para Cigano, deriva da raiz grega que significa "intocável". Nos principados balcânicos da Moldávia e da Valáquia, Ciganos eram escravos trazidos e vendidos pelos monastérios e grande latifundiários(boyars)atré 1864, quando a nova nação formada da Romênia os emancipou.

Muitos Sinti e Roma tradicionalmente trabalhavam como artesãos, também como ferreiros, sapateiros, funileiros, negociantes de cavalos, e modeladores. Outros se apresentavam como músicos, adestradores de animais de circo, e dançarinos. Por volta dos anos de 1920, havia també um pequena, classe média-baixa de comerciantes e alguns funcionários, como os Sinti empregados no serviço postal alemão. O número de verdadeiros ciganos nômades estava em declínio em muitos lugares por volta de meados de 1900, entretanto os conhecidos ciganos sedentários freqüentemente moviam-se sazonalmente, dependendo de suas ocupações.

Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena

Página principal: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945 (ciganos, Holocausto)

Observação: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi fornecem informação adicional acerca deste grupo vitimado, incluindo um fundo histórico e informação sobre Robert Ritter, um cientista racial nazista(1933-1945).

Entre 1933 e 1945 os Sinti e os Roma("Ciganos")sofreram extretamente como vítimas da perseguição nazista e genocídio. Reforçando(Construindo/Construção)um preconceito de longa data, o regime nazista via os Ciganos ambos como "anti-sociais"(fora dos padrões de uma sociedade "normal) e como "inferiores" racialmente--acreditavam que ameaçavam a pureza e a força biológica da raça "Superior Ariana". Durante a Segunda Guerra Mundial, os Nazis e seus colaboradores assassinaram dezenas de milhares de homens Sinti e Roma(romenos?), mulheres, e crianças através da ocupação alemã na Europa.

Por séculos os Europeus consideravam os Ciganos como párias sociais - pessoas de aparência estrangeira, lingua, e costumes. Na Alemanha moderna, a perseguição dos Sinti e dos Roma(romenos?) precedeu o regime nazista. Mesmo que os Ciganos possuíssem direitos completos e iguais como cidadãos sob o Artigo 109 da Constituição de Weimar, eles eram sujeitos a leis "especiais" e discriminatórias. Uma Lei bávara de 16 de Julho, de 1926, esboçou medidas para "Combater Ciganos, Vagabundos e trabalhos estranhos" e requeriu o registro sistemático de todos os Sinti e Roma. A lei proibia os Cifanos de "andar em bandos", e aqueles "(Ciganos)incapazes de provar que estavam empregados regularmente" eram arriscados a serem enviandos para trabalho forçado por até dois anos. Esta lei tornou-se uma norma nacional em 1929."

Quando Hitler chegou ao poder em 1933, leis anti-Ciganos continuaram tendo efeito. Logo que o regime introduziu outras leis afetando os Sinti e Roma alemães, como os Nazis imediatamente começaram a implementar sa visão de uma Nova Alemanha - um daquelas colocava "Arianos" no topo da hierárquia de raças e ranqueava Judeus, Ciganos, e negros como raças inferiores. Sob a "Lei para a Prevenção da Prole com Defeitos Hereditários", em Julho de 1933, médicos estelerizaram contra suas vontades um número desconhecido de Ciganos, meio-Ciganos(mestiços), e Ciganos de casamentos mistos. Similarmente, sob a "Lei contra os Criminosos Habituais Perigosos" de Novembro de 1933, a polícia prendeu muitos Ciganos junto com outros que os Nazis viam como "anti-sociais"--prostitutas, pedintes(mendigos), alcoólatras, e os desocupados desabrigados(sem casa)--e os aprisionou em campos de concentração.

As leis raciais de Nuremberg de 15 de Setembro, de 1935, ("Lei para a Proteção da Honra e do Sangue Alemão" e a "Lei dos Cidadãos do Reich)não mencionavam explicitamente os Ciganos, mas em comentários interpretando estas leis, Ciganos eram incluídos, juntos com os Judeus e "Negros", como minorias "racialmente distintas" com "sangue estrangeiro". Como resultado disto, seus casamentos com "Arianos" eram proibidos. Como os Judeus, os Ciganos também foram privados de seus direitos civis.

Em Junho de 1936, um Escritório Central para o "Combate ao Fastídio Cigano" abriu em Munique. Este escritório tornou-se o quartel-general de um bando de dados nacional sobre Ciganos. Também em Junho, parte das diretrizes do Ministério do Interior para o "Combate do Fastídio/Incômodo Cigano" autorizou a política de Berlim a conduzir batidas contra os Ciganos de modo que não estragassem a imagem da cidade, que era anfitriã dos Jogos Olímpicos de Verão(Olimpíadas). Naquele mês de Julho, a polícia prendeu 600 Ciganos e os trouxeram, em 130 caravanas, a um novo e especial campo de internamento Cigano(Zigeunerlager)estabelecido próximo a uma descarga de águas residuais(esgoto) e de um cemitério no subúrbio de Marzahan em Berlim. O campo tinha apenas três bombas d'água e dois banheiros; naquela superpopulação e falta de condições sanitárias, as infermidades contagiosas proliferaram. A polícia e seus cães de guardavam o campo. Similares campos para Ciganos apareceram também no ano de 1939, em iniciativa dos governos municipais e coordenados por um Conselho de Cidades(que reportavam ao Ministério do Interior), em Cologne, Düsseldorf, Essen, Frankfurt, Hamburgo, e outras cidades alemães.

Depois da Alemanha incorporar a Áustria ao Reich em março de 1938, o regime aplicou as leis de Nuremberg aos Ciganos da Áustria. Dois campos especiais de confinamento abriram, um para 80 a 400 ciganos, em Salzburgo, e Outubro de 1939, e um segundo, em Novembro de 1940 para 4 mil ciganos em Lackenback, no Burgerland, no estado austríaco oriental que faz fronteira com a Hungria. As condições em Lackenback, que durou até o fim da guerra, eram particularmente atrozes, e muitos indivíduos pereceram ali. Ambos os campos confinaram os ciganos austríacos para o registro policial e trabalhos forçados e serviram como campos de concentração do conjunto.

Um decreto de 1937 relativo a “prevenção de crimes” forneceu um pretexto para realização de mais detenções de ciganos. Em junho de 1938, mil ciganos alemães e austríacos foram deportados para campos de concentração em Buchenwald, Dachau, Sachsenhausen, e Lichtenburg (um campo para mulheres). Um ano mais tarde, outros milhares de ciganos da Alemanha e da Áustria foram internados nos campos de concentração de Mauthausen, Ravensbrück, Dachau, e Buchenwald. Nestes campos, os prisioneiros utilizavam identificações de várias cores e formas, que permitiam aos guardas e oficiais dos campos os classificarem por categorias. Os ciganos utilizavam um triângulo preto costurado ao uniforme, o símbolo para "associais", ou verdes, o símbolo para criminosos comuns, e algumas vezes a letra "Z".

Dr. Robert Ritter, um psiquiatra que coordenava pesquisas genéticas e genealógicas em ciganos, desempenhou um papel primordial na identificação de ciganos Sinti e Romani para serem detidos pela polícia. Em 1936, Ritter tornou-se o responsável por uma unidade de pesquisas dentro do Ministério da Saúde e mais tarde no Escritório Central da Polícia (Central Police Office). Ritter e seus assistentes, em colaboração com a Polícia Criminal (Unidade de Investigação) e a seção de “Combate à Moléstia Cigana”, mudaram-se para Berlim em maio de 1938, para localizar e classificar por grupo étnico todos os ciganos na Alemanha e Áustria.

Foi provavelmente à “pesquisa étnico-biológica” de Ritter que o líder das SS Heinrich Himmler fez referência em sua circular sobre o "Combate à Moléstia Cigana" de dezembro de 1938, recomendando "a resolução da questão cigana baseada na sua natureza essencialmente racial". Ele ordenou o registro de todos os ciganos no Reich com idade acima de seis anos e sua classificação em três grupos raciais: Ciganos, Meio-Ciganos ("Mischlinge"), e pessoas com comportamento nômade de ciganos. Himmler, que supervisionava o imenso império de segurança que incluía a Polícia Criminal (Gestapo), afirmou que “o objetivo das medidas adotadas pelo Estado é defender a homogeneidade da nação alemã”, incluindo a “separação física do grupo cigano da nação alemã”.

As crianças Sinti e Romani também eram vítimas, confinadas com suas famílias em campos municipais e examinadas e classificadas por cientistas raciais. Entre 1933 e 1939, autoridades retiraram crianças de suas famílias e levadas para casas especiais para crianças que funcionavam como internatos do Estado. Alunos ciganos que faltassem às aulas eram tidos como delinqüentes e mandados para escolas juvenis especiais; os que não conseguiam falar alemão eram considerados incapazes e enviados para “escolas especiais” para os deficientes mentais. Como as crianças judias, meninos e meninas ciganos eram vítimas de insultos e provocações de colegas de escola, até que, em março de 1941, o regime excluiu todos os ciganos das escolas públicas.

Como no caso dos judeus, o início da guerra em setembro de 1939 intensificou a política do regime nazista voltada para os ciganos. Em 21 de setembro de 1939, uma conferência sobre a política racial presidida por Reinhard Heydrich, chefe do Escritório Central de Segurança do Reich em Berlim, discutiu a remoção de trinta mil ciganos alemães e austríacos para a Polônia ocupada, junto com a deportação de judeus. A “recolonização para o Leste” seguida pelo extermínio em massa de ciganos sinti e romani foi correlata à deportação e assassinato em massa de judeus. As deportações de ciganos alemães – homens, mulheres e até crianças – começou em maio de 1940 quando 2.800 ciganos foram deportados para o gueto de Lodz e de lá para Chelmno, onde foram dentre os primeiros a serem mortos por gaseamento em unidades móveis de veículos utilitários em um período entre dezembro de 1941 e janeiro de 1942. De forma similar, no verão de 1942, ciganos alemães e poloneses do gueto de Varsóvia foram deportados para Treblinka, onde foram mortos nas câmaras de gás. Ciganos alemães também foram deportados para guetos em Bialystok, Cracóvia e Radom.

Durante a guerra, alguns pequenas diferenças de opinião surgiam dentro do alto escalão do governo em relação à “Solução Final da Questão Cigana”. Himmler acalentava a idéia de preservar um pequeno grupo de ciganos “puros” para estudos étnicos destes “inimigos do Estado” raciais, mas o regime rejeitou a idéia. Em um decreto datado de 16 de dezembro de 1942, Himmler ordenou a deportação de ciganos e meio-ciganos para Auschwitz-Birkenau. Pelo menos vinte e três mil ciganos foram mandados para lá, o primeiro grupo a chegar da Alemanha em fevereiro de 1943. A grande parte dos ciganos em Auschwitz-Birkenau eram da Alemanha e de territórios anexados ao Reich, tal como a Boêmia e Moravia. A Polícia também deportou pequenos contingentes de ciganos da Polônia, Hungria, Iugoslávia, França, Bélgica, dos Países Baixos e da Noruega.

Em Auschwitz-Birkenau, os oficiais destinaram um “Campo para Famílias Ciganas” para os ciganos da Seção B-IIe de Birkenau. Dos barracões de madeira, as câmaras de gás e os crematórios eram claramente visíveis. Durante os dezessete meses de existência do campo, a maioria dos ciganos levados a este campo morreram. Eles eram mortos nas câmaras e gás ou morriam de inanição, exaustão pelo trabalho pesado, e doenças (dentre as quais tifo, varíola e uma doença rara chamada Noma[http://www.ibemol.com.br/jaoc2003/59.asp]). Outros, inclusive muitas crianças, morreram como resultado de diversas experiências médicas cruéis feitas pelo Dr. Josef Mengele e outros médicos SS. O campo cigano foi liquidado na noite entre 02 e 03 de agosto de 1944, quando 2.897 ciganos sinti e romani foram mortos nas câmaras de gás. Os restantes 1.400 homens e mulheres foram transferidos para os campos de concentração de Buchenwald and Ravensbruck, destinados ao trabalho forçado.

Depois da Alemanha invadir a União Soviética em junho de 1941, esquadrões especiais da SS (Einsatzgruppen) e unidades regulares do Exército e Polícia começaram a fuzilar ciganos na Rússia, Polônia e nos Bálcãs, ao mesmo tempo que exterminavam judeus e líderes comunistas. Acredita-se que milhares de homens, mulheres e crianças ciganos tenham sido mortos nestas ações, geralmente executadas sob o pretexto de que as vítimas eram "espiãs".

Na Europa ocidental e do sul, o destino dos ciganos Sinti e Romani foi diferente em cada país, dependendo de circunstâncias locais. Por toda a Europa ocupada, ciganos, assim como judeus, foram detidos, mortos, deportados para campos na Alemanha e no Leste Europeu. O regime colaboracionista de Vichy, na França, internou trinta mil ciganos, muitos dos quais foram deportados posteriormente para Dachau, Ravensbruck, Buchenwald e outros campos. Na Croácia, membros locais do movimento facista Ustasha mataram milhares de ciganos, juntamente com sérvios e judeus. Na Romênia, em 1942, milhares de ciganos e judeus foram expulsos para Transnistria (oeste de Ucrânia) onde a grande parte dos deportados morreram de doença, desnutrição e tratamento cruel. Na Sérvia, no outono de 1941, destacamentos de atiradores do exército alemão exterminaram quase toda a população, ao lado de judeus predominantemente adultos, em retaliação a soldados mortos pelo movimento de resistência sérvio. Na Hungria, alemães e colaboradores húngaros começaram a deportação de ciganos em outubro de 1944.

A imprecisão quanto à quantidade pré-Holocausto de ciganos Sinti e Romani e a escassez de pesquisas, especialmente sobre o seu destino fora da Alemanha durante o holocausto, tornaram difícil estimar o número e porcentagem de mortos. Estimativas acadêmicas de mortes pelo genocídio Sinti e Romani variam entre 220.000 e 500.000.

Depois da guerra, a discriminação contra ciganos na Europa continuou. Na Alemanha Ocidental, os tribunais concordaram em indenizar o grupo Sinti e Romani pela perseguição racial apenas para deportações que ocorreram de 1943 até o fim da guerra. Eles não retroagiram a decisão para 1938 até a década de 1960. Hoje, com a ascensão de um nacionalismo estridente em muitos dos países do Leste Europeu e desemprego por toda a Europa, os ciganos Sinti e Romani continuam a enfrentar preconceito disseminado na população e discriminação oficial.

Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Marcelo H., Roberto Lucena
Com exceção dos quadros cinzas da página ("Who Were the "Gypsies?" e "Dr. Robert Ritter: Racial Science and "Gypsies"").

Quadros cinzas (canto direito da página original do texto):
Quem eram os "ciganos"?
Robert Ritter: ciência racial e "ciganos"

terça-feira, 25 de maio de 2010

Retrato humano de um monstro

MIRANDA SEYMOUR - O Estado de S.Paulo

Rainha da Colina é o título original, em alemão, da biografia da filha ilegítima de Liszt, amante e - mais tarde - mulher de Richard Wagner. A colina foi o lugar em que se construiu o teatro no qual, desde 1876, é realizado o Festival de Bayreuth, pago pelo rei Ludwig II e idealizado em Wahnfried, casa da família Wagner - onde, mais tarde, Hitler se tornaria hóspede querido e habitual.

Por mais que cause repugnância a política adotada em Wahnfried, é inegável a fascinação exercida pela casa de Wagner e, sobretudo, da obsessiva e implacavelmente manipuladora Cosima. Documentos importantes continuam guardados a sete chaves na escuridão para a qual a viúva de Wagner os enviou. Oliver Hilmes, no entanto, fez um trabalho magnífico de pesquisa, conseguindo desenterrar o suficiente para contar uma história tenebrosa - e deixar o restante implícito.

Cosima nasceu em 1837. Ainda estava viva em 1923 quando Hitler, um devoto de Wagner, fez sua primeira visita a Bayreuth. Se Cosima ainda estivesse mentalmente alerta, teria se deslumbrado. "Por meio de Wagner, Bayreuth tornou-se o centro ideal de todas as nações arianas", um autor declarou num livro publicado em Munique em 1911; sua recompensa foi uma rara, e longa, entrevista particular com Cosima Wagner. Em 1914, ela aprovou uma seleção muito bem organizada das últimas cartas do seu falecido marido num livro cuja capa foi adornada com uma suástica.

Cosima, como Hilmes deixa claro, na verdade somente pode ser reverenciada por uma realização importante. Sem o seu engajamento apaixonado e vigoroso, o Festival de Bayreuth não teria se transformado numa instituição social. Numa época em que a independência feminina não era cogitada, a viúva de Wagner mostrou suas qualidades como administradora astuta e uma autodenominada sacerdotisa de um culto poderoso.

Cosima foi um monstro. Contudo - graças a Hilmes -, sua vida narrada de um modo fascinante também é o retrato de uma mulher de charme irresistível. As descrições que ele faz da sua risada (que podia "fazer a terra balançar"), e a sua predileção por champanhe, charutos e uma garrafa de cerveja todas as noites ajuda a humanizar a imagem familiar da aterradora viúva de Wagner. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

MIRANDA SEYMOUR É JORNALISTA E ESCRITORA, AUTORA, ENTRE OUTROS, DE CHAPLIN"S GIRL (POCKET BOOKS)

Fonte: Estadão
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100522/not_imp555066,0.php

domingo, 14 de março de 2010

Baden-Powell discutiu alianças com emissário de Hitler

O criador do escotismo, lorde Baden-Powell, teve contactos com representantes de Adolf Hitler dois anos antes do início da II Guerra Mundial, com o objectivo de discutir uma possível aliança com a Juventude Hitleriana.

Segundo publica hoje a imprensa britânica, documentos do MI5, a agência de espionagem do Reino Unido, indicam que os encontros entre o criador dos escoteiros e o então embaixador alemão em Londres, Joachim von Ribberntrop, deixaram as autoridades em alerta.

Enquanto decorriam as reuniões, as autoridades tinham detectado um repentino aumento de excursões ao Reino Unido da Juventude Hitleriana (Hitlerjugend), que tinham lições sobre anti-semitismo e pregavam a supremacia da «raça ariana».

Os documentos secretos mostram que Baden-Powell não escondia a sua admiração pela ideologia nazi e o movimento juvenil alemão, como aponta, por exemplo, uma nota interna que escreveu após uma visita em 1937 do alto dirigente Hartmann Lauterbacher.

Noutra ocasião, após jantar com o embaixador Von Ribberntrop, considerado o arquitecto da política externa de Hitler, reflectiu numa carta a sua intenção de aproximar as duas organizações para manter a paz entre os dois países.

«O (embaixador) vê o escotismo como uma poderosa agência para alcançá-lo se pudermos manter laços estreitos com o Movimento Jugend da Alemanha. Disse-lhe que estava totalmente a favor de qualquer medida que favorecesse o entendimento entre os nossos países», escreveu.

Baden-Powell, que considerava «Mein Kampf» (minha luta) um «livro maravilhoso», confirmou mais adiante que o diplomata o tinha convidado a viajar para Berlim para ter um encontro com o próprio Hitler.

No entanto, os relatórios do MI5 revelam que o criador dos escoteiros foi, na realidade, uma vítima do jogo duplo dos alemães.

Enquanto em público Von Ribberntrop falava com entusiasmo da grande aliança britânico-alemã, em particular já advertia Hitler que a guerra com Londres era inevitável.

Fonte: Diário Digital
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=439243

domingo, 13 de setembro de 2009

Humanidade Sem Raças? - Libelo contra o racismo

Livro sistematiza argumentos do geneticista Sergio Pena pela desracialização da humanidade
Por: Bernardo Esteves

O geneticista Sergio Pena, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é uma referência nacional na discussão da questão racial. Ele tem vindo a público com freqüência para mostrar como a visão da humanidade dividida em raças, cristalizada em parte da sociedade, é totalmente incompatível com as descobertas recentes da genética. Pena acaba de voltar a esse debate com o lançamento do livro Humanidade sem raças?

A obra, um verdadeiro manifesto contra o racismo, reúne os veementes argumentos do geneticista para combater a racialização da humanidade. Essa discussão não é novidade para os leitores de “Deriva Genética”, a coluna que o autor publica na segunda sexta-feira do mês na CH On-line – a denúncia da inexistência das raças do ponto de vista biológico é um tema recorrente em seus textos.

A novidade de Humanidade sem raças? é reunir os argumentos de Pena e sistematizá-los em um discurso coeso, além de trazer novas considerações e discussões detalhadas de vários exemplos históricos. O livro consolida o pensamento sobre a questão racial que o geneticista vem amadurecendo ao longo de anos, em suas colunas, artigos na imprensa e palestras pelo país afora.
Genealogia do racismo

Para levar a cabo seu raciocínio, Pena propõe retraçar uma genealogia do racismo – conceito que, assim como a própria noção de “raça” é uma construção humana relativamente recente. A divisão da humanidade em raças, explica ele, remonta ao início do século 18 – o naturalista sueco Carl Linnaeus I(1707-1778) foi o primeiro a propor tal classificação formal. Essa visão deu origem ao racismo científico no século 19, em que alguns cientistas condenaram a mistura das raças, o que culminou com a nefasta experiência da eugenia nazista no século 20.

Ao final da Segunda Guerra, continua o autor, surgiu um novo modelo, que propunha dividir a humanidade em populações. Embora partisse de premissas menos condenáveis, ele acabou perpetuando a ideologia do racismo ao se converter em um modelo “populacional de raças”. O problema persistia.

Pena propõe uma mudança de paradigma que permita superar essa visão, socialmente perniciosa e biologicamente equivocada. O autor é muito feliz ao mostrar como a única divisão da humanidade que a genética permite embasar é em seis bilhões de indivíduos. Ou “cada homem é uma raça”, como bem resumiu o escritor moçambicano Mia Couto, que Pena gosta de citar.

Sociedade desracializada

Lembrando a seu leitor que não há “natureza humana” fixa e preestabelecida, o geneticista convida-o a juntar-se a ele na luta pelo fim do racismo. “Devemos fazer todo esforço possível para construir uma sociedade desracializada, na qual a singularidade do indivíduo seja valorizada e celebrada e na qual exista a liberdade de assumir, por escolha individual, uma pluralidade de identidades”, conclama.

Humanidade sem raças? é um livro breve, com 63 páginas de texto, que pode ser lido de uma só sentada. É uma leitura contundente, que assume ares de dever cívico nas circunstâncias atuais. Num momento em que a discussão sobre as cotas raciais para universidades volta à esfera pública, os argumentos de Sergio Pena são essenciais para alimentar o debate sobre a questão racial no Brasil.

Livro: Humanidade Sem Raças?
Autor: Sergio D. J. Pena
Páginas: 72

Bernardo Esteves
Ciência Hoje On-line

Fonte: Instituto Ciência Hoje
http://cienciahoje.uol.com.br/resenhas/libelo-contra-o-racismo

Ver também:
Será que existem raças humanas? Investigadores do Instituto Gulbenkian respondem

domingo, 26 de outubro de 2008

Historiador alemão afirma que nazistas queriam colonizar a Amazônia

LONDRES - Dirigentes do Terceiro Reich tinham planos de fundar na Amazônia uma colônia baseada nos ideais nazistas de Adolf Hitler, povoando a região com arianos puros, segundo afirma o historiador alemão Jens Glüssing em seu livro "O Projeto Guinea: uma Aventura Alemã na Amazônia" (em tradução livre).

Glüssing se baseia principalmente no descobrimento do túmulo de Joseph Greiner, funcionário nazista ligado ao antigo Centro Alemão de Pesquisas, morto em 1936 na região Amazônia, vítima de febre amarela.

De acordo com os trechos do livro publicados hoje pelo jornal britânico Daily Mail, o corpo de Greiner estaria enterrado sob uma cruz com uma suástica no topo, em um terreno próximo ao rio Jari, que banha os estados do Pará e do Amapá e deságua no rio Amazonas.

Oficialmente, Greiner estava na região para recolher e catalogar espécies animais e vegetais presentes na Guiana Francesa. Mas Glüssing defende que o objetivo era outro.

Pra prová-lo, o historiador cita um relatório do então chefe do Centro de Pesquisas, Otto Shulz-Kampfhenkel, que afirma: "A Amazônia e a Sibéria são as duas maiores regiões desabitadas e mais ricas em recursos naturais do mundo, regiões que oferecem ao povo ariano a possibilidade de emigrar e de se instalar com êxito".

"Para a raça branca mais avançada, [a Amazônia] oferece possibilidades de exploração extraordinárias", completou o cientista nazista, destacando a "inferioridade" dos povos autóctones.

O historiador argumenta que o projeto não foi levado adiante por causa dos projetos expansionistas de Hitler na Europa, que culminaram na eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Fonte: Agência Ansa/IG
http://educacao.ig.com.br/noticia/2008/10/24/historiador_alemao_afirma_que_nazistas_queriam_colonizar_a_amazonia_2067478.html
Foto: http://www.mountainfilm.com/2005/download/fotos/018_Amazonia%20Vertical_01.jpg

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Teoria Ariana de Hitler é desmentida pela ciência

Uma nova pesquisa científica provou que a teoria da pureza racial escandinava, sustentada por Hitler e os nazistas, é totalmente falsa. O conceito de um único tipo genético escandinavo, de uma raça que andou pela Dinamarca e se estabeleceu lá, isolada do mundo, é uma falácia.

O estudo mostrou que corpos de cemitérios de 2 mil anos deidade no leste da Dinamarca continham tanta variação genética em seus restos quanto a quantia esperada a ser encontrada em indivíduos dos dias atuais. Os achados, analisados pela Universidade de Copenhagen, destroem o conceito de "superioridade" da raça nórdica.

Hitler usou pesquisas pseudo-científicas para apoiar suas idéias de que os europeus do norte poderiam formar uma raça impecável, que comandariam a sociedade humana. A teoria racista, que coloca a raça "superior" no topo da hierarquia humana e judeus em baixo, desenvolveu papel central no Holocausto.

Línea Melchior, que analisou o DNA de diversos corpos, tem certeza que dinamarqueses sempre mantiveram contato com pessoas do mundo todo. Em um dos terrenos, inclusive, foram encontrados restos de um homem que pareceu ter origem árabe. Longe de demonstrar isolamento e "genética pura", o estudo provou que os dinamarqueses se misturaram com pessoas do mundo todo.

Fonte: Redação SRZD (Brasil, 15.06.2008)
http://www.sidneyrezende.com/noticia/13604
Texto original: Telegraph (Reino Unido, 16.06.2008)
http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/denmark/2124105/Adolf-Hitler's-Aryan-theory-rubbished-by-science.html (link acima expirou)
http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/denmark/2124105/Adolf-Hitlers-Aryan-theory-rubbished-by-science.html

sábado, 14 de junho de 2008

Antropologia - neonazismo usa internet para propagar seus ideais

A intolerância e o ódio racial encontraram um potente meio para se propagar: a internet.

Uma pesquisa aponta o crescimento rápido de páginas virtuais destinadas à disseminação do racismo e do ideário de superioridade da ´raça ariana´: em 2002 elas eram cerca de 8 mil e em 2007 já totalizavam 12,6 mil. O estudo procurou identificar quem são os neonazistas, em que portais se encontram, como operam na internet e quais são os discursos que usam para validar suas visões.

A antropóloga Ana Dias, autora da pesquisa, afirma que um dos maiores desafios foi driblar os mecanismos que dificultam a identificação imediata do conteúdo das páginas racistas. Segundo ela, em geral, essas páginas são muito densas tanto em hipertextualidade quanto em multimídias (ícones, vídeos e imagens ocupam dezenas de bytes), dificultando sua localização por mecanismos de busca.

Os dados mostram que há, no Brasil, mais de 150 mil simpatizantes de movimentos neonazistas, racistas e revisionistas, sendo que cerca de 100 mil são ativistas.

- Não são adolescentes que se juntam a um movimento por diversão. Trata-se de um grupo de pessoas que acredita em suas idéias e está disposto a pô-las em prática.

Discursos distorcidos

Segundo Dias, há dois discursos que sustentam as idéias desses grupos: o genômico, que se baseia na premissa de que a ´raça ariana´ possui genes superiores e foi escolhida por Deus para promover o desenvolvimento da raça humana; e o discurso mitológico, que cria mitos e se apropria de outros para construir o ideário ariano.

Um dos mitos mais fortes é o do sangue ariano, que seria responsável pela conexão transcendental existente entre os arianos. Para esse grupo, se esse sangue permanecer puro, ou seja, se não houver mistura de raças, a raça ariana evoluirá e se tornará eterna.

A pesquisadora cita exemplos como o da página norte-americana National Alliance, na qual está expressa a preocupação de seus integrantes com a formação de líderes que sejam capazes de lutar pelos ´direitos´ dos brancos. Já na página do grupo brasileiro Valhalla88 aparecem o ódio ao negro e ao judeu e a recusa a mistura inter-racial.

Graças à denuncia feita pela antropóloga e por outros internautas ao Ministério Público, essa página foi retirada do ar.

Fonte: Jornal do Brasil(clipping do site da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão/Procuradoria Geral da República)
http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/clipping/marco/antropologia-neonazismo-usa-internet-para-propagar-seus-ideais/

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