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domingo, 3 de maio de 2015

Os empresários de Hitler e o negócio dos campos de concentração

Se houve um grupo de cúmplices do nazismo que se "safou" de ter má imagem com o fim da Segunda Guerra Mundial, esse foi o dos empresários. Homens de negócios alemães, austríacos, franceses e também estadunidenses que se enriqueceram sob o capitalismo fascista que foi imposto pelo III Reich. Nomes tão conhecidos como Bayer, Ford, Standard Oil ou Siemens colaboram ativamente com Hitler e não tiveram dúvidas em utilizar como trabalhadores escravos a prisioneiros judeus, soviéticos ou espanhóis dos campos de concentração.
Prisioneiros de Mauthausen transportam pedras para a construção do campo
O adjetivo "fanático" é o que mais se tem utilizado na história para definir a Hitler e ao amplo grupo de suplentes que dirigiram o destino da Alemanha nazi. Contudo, há outro qualificativo muito menos utilizado e que se torna imprescindível para explicar sua estratégia política e militar. Hitler e o resto de sua camarilha eram grandes "homens de negócios".

Em suas mentes pesavam mais o dinheiro e as questões econômicas que seu desejo de exterminar judeus. Seu modelo de capitalismo fascista, pese a estar sob uma forte intervenção estatal, tornou-se muito atrativo para os empresários alemães e também para importantes magnatas estrangeiros, principalmente estadunidenses.

A SS criou suas próprias empresas para se beneficiar do trabalho escravo dos milhões de prisioneiros capturados pelo exército alemão. A DEST e a DAW foram as duas mais destacadas. O objetivo de Himmler era que, graças a essas companhias, a SS pode jogar um papel predominante na economia alemã, inclusive no cenário de paz que se abriria depois da guerra.

Fazer negócio a qualquer preço

As empresas de armamento, automotivas, produtos farmacêuticos e tecnologia não podiam contar com os jovens alemães para trabalhar em suas fábricas porque esses se encontravam nas frentes de batalha. Os prisioneiros dos campos e os trabalhadores forçados se converteram na melhor opção e também na mais barata. O negócio dos campos era redondo. A DEST administrava os trabalhadores, a SS oferecia a segurança e as empresas aportavam o resto. Na repartição dos papéis todos ganhavam. Todos menos os deportados, que morreriam aos milhares nas pedreiras e nas fábricas controladas pelo empório da SS e pelas empresas privadas alemães e norte-americanas.
O selo "Hollerith" indica que os dados deste prisioneiro espanhol foi processado pela IBM
A lista de firmas alemãs que colaboraram e se beneficiaram das políticas bélicas e genocidas do regime nazi é interminável. Desde gigantes da automotivas até pequenas empresas familiares e inclusive particulares que utilizaram prisioneiros dos campos de concentração para cultivar suas terras ou trabalhar em suas granjas. Essas são algumas das mais destacadas:

IG Farben - Este consórcio foi o que melhor exprimiu todas as opções de negócio que facilitava o regime nazi. Fabricou combustível e um tipo de borracha sintética chamada "Buna" para o exército alemão, fornecendo os produtos químicos para o extermínio em massa dos "inimigos" do Reich e se aproveitando do trabalho escravo de milhares de prisioneiros dos campos. Três empresas químicas e farmacêuticas constituíam o coração da IG Farben: Bayer, Basf e a Hoechst.

Audi - Empregou em sua cadeia de produção 20.000 trabalhadores forçados.

Daimler - Utilizou em grande escala trabalhadores forçados para a fabricação de automóveis.

Bosch - Empregou cerca de 20.000 trabalhadores forçados.

Volkswagen - Colocou em grande parte de sua produção trabalhadores forçados.

Krupp (atualmente Thyssenkrupp) - Krupp teve a honraria de ser a empresa modelo do nacional-socialismo e empregou mais de 75.000 trabalhadores forçados.

Deutsche Bank - o historiador Harold James analisou o período nazi em 1995. James rotulou a atitude do banco naquela época como "complacente".

Lufthansa - autorizou o historiador Lutz Budraß a realizar um estudo sobre sua participação na criação da Luftwaffe. Os dados oficiais do estudo não foram publicados ainda. A pergunta permanece no ar.

Bertelsmann - Encarregou o historiador Saul Friedländer um estudo que foi apresentado em 2002. A gigante dos meios de comunicação se aproveitou do regime nazi de forma massiva.

Quandt (proprietária da BMW) - Segundo a investigação levada a cabo pelo historiador Joachim Scholtyseck, Günther Quandt enriqueceu no período compreendido entre 1933 e 1945. A empresa do magnata utilizou 50.000 trabalhadores escravos.

Oetker - Abriu seus arquivos em 2007 depois da morte do patriarca, Rudolf August Oetker. O historiador Deren Erkenntnisse revelou que Rudolf A. havia pertencido à Waffen-SS e colaborado ativamente com o regime nazi.

Adidas e Siemens - Permitiram que se investigue seus arquivos. Sabe-se que, ambas empresas, empregaram milhares de trabalhadores escravos.

Cúmplices em Detroit e Nova Iorque

Historiadores e economistas coincidem na opinião de que para Hitler seria impossível se lançar à conquista de Europa sem o apoio de quatro grandes multinacionais estadunidenses: Standard Oil, General Motors, Ford e IBM.

General Motors. Fabricou milhares de caminhões militares em suas fábricas da Alemanha. Seu modelo batizado com o nome de Blitz, Relâmpago, serviu a Hitler para entrar com suas tropas na Áustria. A admiração do Führer pela tecnologia de Opel e seu agradecimento em contar com sua colaboração lhe levou a conceder a Grande Cruz da Ordem da Águia Alemã a seu diretor executivo, James Money. A GM utilizou prisioneiros dos campos de trabalhadores escravos.

Ford. O fundador da companhia, Henry Ford, já era conhecido em fins dos anos 20 por seu profundo antissemitismo. Hitler admirava profundamente a Ford, a ponto de chegar a dizer que era sua inspiração. Esse amor era mútuo e permitiu que a empresa automobilística estadunidense se convertesse no segundo produtor de caminhões para o exército alemão, superado unicamente pela Opel-General Motors. Henry Ford também foi distinguido por Hitler com a Grande Cruz da Ordem da Águia Alemã em 1938. Depois da invasão da França, a empresa estadunidense continuou trabalhando para o Reich e se negou a fabricar motores para os aviões da Royal Air Force britânica. Igual à GM, a Ford se aproveitou do trabalho escravo de milhares de deportados.

Standard Oil Proporcionou a Hitler o combustível e a borracha necessária para empreender a invasão da Europa. O governo nazi, consciente de que as importações de petróleo se reduziriam com o estouro da guerra, decidiu fabricar combustível sintético. O complexo processo de elaboração não havia sido possível sem a aliança entre o consórcio alemão IG Farben e a Standard Oil norte-americana. Os navios cisternas da Standard forneceram combustível a barcos alemães em Tenerife e outros portos da Espanha franquista.

IBM. Seu "mérito" foi dotar o regime nazi de seus ainda primitivos, mas eficazes, sistemas informáticos. Suas máquinas, que funcionavam com cartões perfurados, precursores dos ordenadores, resultaram em uma enorme utilidade para o governo alemão. Himmler era consciente das possibilidades que lhe oferecia a tecnologia da IBM para organizar, distribuir, explorar e eliminar milhões de judeus e prisioneiros de guerra que caíram em suas mãos durante a guerra. Realizaram censos da comunidade judaica que serviram para identificar e eliminar com maior facilidade seus membros. Na maioria dos campos de concentração se abriu um "departamento Hollerith" (nome da filial alemã da IBM) na qual se realizaram fichas de cada deportado, incluindo sua profissão, sua raça ou religião.

Escravos espanhóis

O grosso dos republicanos que passaram pelos campos de concentração trabalhou e morreu pelas ordens da DEST, a empresa de propriedade da SS. As pedreiras de Mauthausen e Gusen, assim como o moinho de pedra localizado junto a esta última, cobraram o maior número de vidas entre os espanhóis. O empório dirigidos pelos homens de Himmler também controlava a maior parte dos trabalhos que os republicanos realizaram em subcampos como Schlier-Redl-Zipf, Bretstein ou Vöcklabruck. Não obstante, houve algumas empresas privadas alemãs e austríacas que, especialmente depois de 1942, exploraram os republicanos que ficaram vivos.

A maior delas foi a Steyr-Daimler-Puch que empregou internos de Mauthausen, desde 1941, para trabalhos de construção em sua fábrica de Steyr. Em 1942 negociou com os altos mandatários do regime a utilização de prisioneiros no processo de fabricação de armamento e veículos para o exército. Fruto dessas conversas, Himmler aprovou a construção de um subcampo, dependente de Mauthausen, que dotasse a fábrica de operários. Meio milhão de espanhóis se viram obrigados a trabalhar em condições inumanas. Uns dez por cento deles morreu no próprio subcampo, assassinados violentamente ou por uma mortal combinação de fome, esgotamento e frio. A empresa também dirigiu fábricas nos túneis de Ebensee e Gusen, pelos quais passaram um menor número de republicanos.

A outra grande companhia armamentista que se aproveitou dos trabalhadores de Mauthausen foi a Masserschmit, que instalou uma de suas maiores plantas nos túneis da Bergkristall, próxima de Gusen. Foram poucos os espanhóis que trabalharam nela fabricando fuselagens e outras peças para diversos modelos de aviões de combate. Contudo, como ocorreu com a fábrica da Steyr-Daimler-Puch de Ebensee, dezenas de republicanos pereceram junto a milhares de soviéticos, poloneses, judeus e tchecos na perfuração das galerias subterrâneas em que se alojam suas fábricas.
Prisioneiras escravas do campo de concentração de Ravensbrück
As prisioneiras espanholas deportadas para Ravensbrück trabalharam em diversas empresas que fabricavam armamento e peças para veículos e aviões do Exército alemão. A mais conhecida delas foi a Siemens und Halske, que em 1942 construiu uma fábrica junto ao campo de produção de componentes eletrônicos destinados aos mísseis V1 e V2. A princípio, as mulheres seguiam dormindo em Ravensbrück e se deslocavam cada dia até a fábrica. Em fins de 1944, para poupar tempo, a Siemens construiu uns barracões na própria fábrica nos quais alojou suas trabalhadoras forçadas. As condições de vida eram igualmente duras como no campo central e capatazes se encarregavam de que as mulheres débeis e enfermas fossem devolvidas a Ravensbrück onde, geralmente, acabavam sendo executadas.

Junto a estas grandes companhias, houve também pequenas empresas que se aproveitaram do trabalho escravo dos prisioneiros. Em Mauthausen destacou, por cima do resto, a empresa local de materiais de construção Poschacher. Seu dono, Anton Poschacher, pagou à DEST para ter a sua disposição um grupo de reclusos. No total, em seu pequeno canteiro trabalharam 42 espanhóis menores de 18 anos. A empresa tirou um grande benefício do emprego desses jovens, pelo que pagava à DEST menos de 50% do salário que havia cobrado um trabalhador austríaco. Depois da guerra, seus responsáveis não foram perseguidos. A empresa não só conseguiu manter suas posses, como ainda ampliou e hoje em dia é a proprietária da maior parte dos terrenos que morreram 120.000 prisioneiros de Mauthausen, entre eles, 5.000 espanhóis.

Este artigo recolhe estratos do livro "Los últimos españoles de Mauthausen" (Os últimos espanhóis de Mauthausen) da Editora B. Nele são citados devidamente as diversas fontes consultadas.

Fonte: El Diario (Espanha)
http://www.eldiario.es/el-holocausto-espa%C3%B1ol/hitler-concentracion-deportado-mauthausen-gusen-ravensbruck-franco_6_369273071.html
Título original: Los empresarios de Hitler y el negocio de los campos de concentración
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Judeus na África do Norte: Opressão e Resistência

Judia do Marrocos, foto sem data
(anterior à segunda guerra)
Os judeus do norte da África tiveram um pouco mais de sorte que os demais: uma vez que estavam geograficamente distantes dos campos de concentração no centro e no leste europeu não tiveram o mesmo destino que os judeus da Europa. Eles também escaparam de viver sob o total domínio germânico, uma vez que os alemães nunca ocuparam o Marrocos ou a Argélia; e embora os nazistas tenham ocupado a Tunísia a partir de novembro de 1942, quando os Aliados desembarcaram no Marrocos e na Argélia, em maio de 1943, os alemães nunca tiveram tempo nem recursos para sujeitar os judeus locais às medidas implementadas nas áreas de dominação direta nazista na Europa. No entanto, no Marrocos, Argélia, e Tunísia, os tradicionais ataques de anti-semitas de europeus e nativos islâmicos contra os judeus e suas propriedades continuaram, sob o beneplácito das autoridades de Vichy.

Mesmo antes da Segunda Guerra Mundial, o governo francês havia instalado campos de internação na região dos Pirineus para prender republicanos espanhóis que haviam lutado contra os rebeldes fascistas ligados a Franco durante a Guerra Civil espanhola, pessoas suspeitas ou condenadas por crimes políticos, e também judeus que não cometeram nenhum tipo de crime, mas que fugiam da Alemanha nazista e procuravam asilo na França.

Depois da assinatura do armistício com a Alemanha, as autoridades de Vichy prenderam e enviaram para os campos de trabalho na Argélia e no Marrocos os estrangeiros, inclusive judeus, que haviam lutado ao lado da França contra os alemães em 1940, bem como refugiados que haviam se apresentado como voluntários para defender o território francês. Quando lá chegavam, os refugiados recebiam auxílio dos comitês judaicos locais, do Comitê de Distribuição Comum, e do HICEM, uma organização internacional para auxílio à migração. Estas instituições também tentaram tirar vistos e organizar viagens para que os refugiados fossem para os Estados Unidos

A administração de Vichy enviou outros refugiados judeus para campos no sul do Marrocos e da Argélia para efetuarem trabalho escravo na estrada de ferro subsaariana. Naquela região existiam aproximadamente 30 campos, incluindo Hadjerat M' Guil e Bour-Arfa, no Marrocos, e os de Berrouaghia, Djelfa, e Bedeau, na Argélia. As condições eram muito difíceis para os mais de 4.000 trabalhadores judeus obrigados a trabalhar de sol-a-sol na construção daquela ferrovia.

Desde setembro de 1942 os Aliados já planejavam estabelecer uma segunda frente de batalha contra os nazistas no norte da África. A Operação Tocha utilizou as forças americanas e britânicas, sob o comando do General Dwight D. Eisenhower, para chegar às praias da Argélia e do Marrocos e tomar as cidades de Casablanca, Orão e Argel. O presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt queria que administração de Vichy se unisse aos Aliados contra a Alemanha e a Itália, e por isto opôs-se à coordenação dos Aliados com as forças da França Livre, sob o comando do General Charles de Gaulle. No dia 8 de novembro os Aliados chegaram à Argélia e ao Marrocos e, inicialmente, encontrarem uma forte resistência das forças de Vichy, só entrando em Casablanca no dia 11 de novembro.

Na Argélia, as forças francesas da resistência secreta protagonizaram um golpe de estado na capital da Argélia, Argel, e conseguiram neutralizar a 19ª Tropa do Exército francês sob o comando do governo de Vichy. O golpe em Argel foi liderado pelos judeus Bernard Karsenty e Dr. José Aboulker, além do "Comitê dos Cinco", pessoas importante que apoiavam o regime de Vichy mas eram contra os alemães. Dos 377 participante no golpe, 315 eram judias. Apesar das autoridades norte-americanas haverem prometido armas aos líderes da resistência, elas nunca foram entregues. Oficiais norte-americanos, sob as ordens de Roosevelt, negociaram um acordo com o Almirante Jean François Darlan, Comissário Superior do norte da África, para que suas tropas não mais resistisse ao desembarque dos Aliados, nos dias 10 e 11 de novembro de 1942. Os sacrificados neste acordo foram os líderes da resistência francesa, comandados por Charles de Gaulle, que não ganharam nenhum poder.

Imediatamente após a chegada dos Aliados à Argélia e ao Marrocos, os alemães invadiram a Tunísia. No dia 23 de novembro de 1942, os alemães prenderam Moises Burgel, o presidente da comunidade judaica de Túnis, além de outros judeus importantes. A solidariedade e resistência à perseguição alemã contra os judeus tunisianos veio do Residente-Geral, Almirante Estéva, que era representante de Vichy, do prefeito de Túnis, o sheique al-Madina ‘Aziz Jallouli, e dos italianos que lá viviam, todos exigindo que qualquer medida tomada contra os judeus tunisianos deveria excluir os de cidadania italiana.

No início de dezembro, os alemães exigiram que Moisés Burgel e o rabino-chefe Haïm Bellaïche dissolvessem as instituições da comunidade judaica e ordenaram que o rabino selecionasse e enviasse trabalhadores judeus para trabalhar para as forças do Eixo, e ao mesmo tempo os nazistas avisaram às autoridades de Vichy e da Tunísia que eles não mais tentassem interferir em suas decisões sobre os judeus. Dois dias depois, os líderes judaicos entregaram aos alemães uma lista com o nome de 2.500 judeus, mas apenas 128 se apresentaram ao trabalho forçado. Os nazistas então realizaram uma varredura no bairro judaico da cidade de Túnis, e mandaram os que aprisionaram para um campo de trabalhos forçados em Cheylus, próximo à cidade. Ao mesmo tempo, as SS prenderam 100 judeus com prestígio dentro da comunidade judia, como forma de chantagear e exigir que fornecessem pessoas para o trabalho forçado.

Aproximadamente 5.000 judeus tunisianos foram recrutados para quase 40 campos de detenção e áreas de trabalho forçado, dirigidos por alemães e italianos, localizados próximos às linhas da frente de batalha. Dentre estes campos o mais importante era o porto militar localizado em Bizerte, sob domínio alemão. As condições nestes campos eram terríveis, principalmente naqueles liderados pelos alemães. Os judeus organizaram comitês para tentar melhorar a vida dos internos, classificando-os como doentes ou ajudando-os a escapar. Isto foi se tornando cada vez mais fácil, pois a disciplina nos campos era diminuída à medida que a dominação dos países do Eixo ia enfraquecendo na Tunísia.

Apesar de desgastados devido aos ataques terrestres e aéreos dos Aliados no começo de 1943, as autoridades nazistas continuaram perseguindo os judeus tunisianos, como, por exemplo, através da imposição de multas às comunidades judaicas, aparentemente para recompensar as vítimas nazistas dos bombardeios Aliados. Em março de 1943, colonos franceses anti-semitas da direita saquearam casas e lojas de judeus e denunciaram 20 membros da resistência anti-Vichy, incluindo alguns judeus, para as autoridades alemãs. Os alemães transferiram os presos para campos de concentração na Europa.

Sarah Sussman
Universidade de Stanford

Fonte: site do USHMM (Museu Memorial do Holocausto)
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10007312

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Morre Jorge Semprún - O preso 44.904 de Buchenwald

A cultura e a política se despidem de Jorge Semprún elogiando sua lucidez e compromiso.

O grande memorialista do século XX necessitou de duas décadas de amnésia deliberada para escriver suas recordações.


Ao centro, Jorge Semprún.
Todo o espectro político louvou seu compromisso intelectual e sua lucidez para denunciar os totalitarismos e a barbárie do século XX que sentiu na própria carne e que deu início a uma das grandes obras memorialísticas contemporâneas. Tanto na França como na Espanha políticos e intelectuais comentaram sua incorruptível independência e seus sucessos literários que sobreviverão em seu legado. Tanto o presidente espanhol José Luis Rodríguez Zapatero como seu colega Nicolas Sarkozy elogiaram a figura e a obra da testemunha privilegiada de um século terrível. Um resistente que sobreviveu à barbárie para nos vacinar contra ela numa obra de singular estatura.

Com vinte anos Jorge Semprún (Madrid 1923) foi preso pela Gestapo e enviado ao campo de extermínio de Buchenwald. Foi marcado com o número 44.904, uma marca indelével e princípio de uma experiencia terrível que marcaria sua vida e sua obra. Sobreviveu àquele inferno e foi libertado em 1945. Necessitou de duas décadas de «amnésia deliberada» para abordar aquela pavorosa experiência. Nunca deixou de se perguntar como poderia explicar a si e explicar aquele intenso «cheiro de carne queimada» que emanava dos crematórios.

A enfermidade o dobrou nesta terça-feira, com 87 anos, a lúcida testemunha de um século terrível. Ao sobrevivente e resistente antinazi, ao desconforme militante comunista, ao clandestino e múltiplo Federico Sánchez, ao rebelde que abominou o stalinismo, ao roteirista que construiu o armazém do cinema político e comprometido, ao intelectual modesto, ao europeísta de primeira fornada, ao político que reclamou pela democracia com Felipe González e que marchou decepcionado e aos pontapés, ao republicano que quis se despedir do rei, e ao escritor que brilhou nas línguas de Molière e Cervantes. Um Semprún que teve como pátria primeiro o horror e depois a linguagem, «a necessidade de comunicação que está na natureza humana».

Resistente nato, guardou «mais lembranças do que se tivesse mil anos» segundo afirmou ele mesmo em 'Adiós, luz de veranos'(Adeus, luz de verões) apropriando-se de um verso de Baudelaire. Umas recordações que repassamos através de sua palavra e que para conseguir emergir necessitaram daquela «amnésia» autoimposta enquanto trabalhou como tradutor para a UNESCO. Com eles reconstruiu na literatura uma vida de compromisso, resistência e militância contada em 'Adiós, luz de veranos'(Adeus, luz de verões), 'Viviré con su nombre, morirá con el mío'(Viverei com seu nome, morrerei com o meu), 'Aquel domingo'(Aquele domingo), 'La escritura o la vida'(A escritura ou a vida), 'Autobiografía de Federico Sánchez'(Autobiografia de Frederico Sánchez) ou 'Federico Sánchez se despide de ustedes'(Frederico Sánchez se despede de vocês).

Buchenwald: «Sabe o que é mais importante em ter passado por um campo? Sabe o que é isso, o que é o mais importante e o mais terrível, e a única coisa que não se pode explicar? O cheiro da carne queimada. Que fazes com a recordação do odor da carne queimada? Para essas circunstâncias há a literatura. Mas como falas disso? Como comparas? A obscenidade da comparação? Dizes, por exemplo, que cheira como frango queimado?...Eu tenho dentro de minha cabeça, vivo, o odor mais importante de um campo de concentração. E não posso explicá-lo. E esse cheiro irá comigo como já não se foi com outros», dizia.

Literatura e vida: «A escritura e os escritores são os únicos capazes de manter vivo a recordação da morte. Se não, se os escritores não se apoderarem dessa memória dos campos de concentração, se não a fazem reviver e sobreviver mediante sua imaginação criadora, será apagada com as últimas testemunhas, deixará de ser uma recordação em carne e osso da experiência da morte».

Holocausto: «Estão desaparecendo as testemunhas do extermínio. Cada geração tem um crepúsculo dessas características. As testemunhas desaparecem. Mas agora me está tocando viver para mim. Ainda há mais velhos que eu que passaram pela experiência nos campos. Mas nem todos são escritores, claro. No crepúsculo a memória se faz mais tensa, mas também está mais sujeita às deformações».

Detenção, tortura e resistência: «Mentalizei para mim: tinha que resistir, não devia falar. Optei por um conto que não pusesse em perigo a nenhum dos companheiros. Uma novelinha leve que nesses dias era possível se ler na própria imprensa dos colaboracionistas: eu era o pobre estudante que não tinha dinheiro, que ouvia uma conversa e que é encarregado de levar umas maletas cujo conteúdo desconhecia. Acredito que estavam metidas com o mercado negro e um dia descubri que estava metida com o transporte de armas, que não pude deixar porque te ameaçam».

Militância e expulsão do PC: «Fui o bode expiatório. Talvez fui imprudente; quando começou tudo, tinha que ter cortado para sarar. Em todo caso, isso acelerou meu desgosto, minha náusea e minha disposição em ir à Espanha clandestinamente», disse sobre seu abandono do PC francês. «Grande parte da minha vida consistiu em destruir tudo isso. Não em trai-lo, senão em destrui-lo no sentido de deixar de ser um bom comunista para ser um bom democrata. Disto meu interesse pela Europa, porque é uma das coisas que me ajudou a me distanciar do comunismo e do leninismo e a compreender as virtudes da razão democrática. Quando fui comunista de verdade durante 20 anos não é de se gabar haver estado nos salões com Louis Aragon».

Stalinismo: «arrependo-me ou renego de haver sido militante do comunismo stalinista? Não. Creio que naquele momento havia uma justificativa para isto. Arrependo-me de não haver saído do PC em 1956, o ano dos movimentos antissoviéticos na Polônia e Hungria? Não. Porque sou espanhol; se fosse francês, haveria sido o momento de romper. Mas na Espanha, quaisquer que fossem os crimes de Stalin, lutar com o PC contra Franco valia a pena».

Ministro: «Não sei o que pinto nesta fotografia, mas tentarei pintar algo» disse ao assumir a pasta da Cultura e topar com Alfonso Guerra «uma pessoa que crê ter opiniões culturais».

Memória e identidade: «Minhas memórias são um pouco vitorianas. Não há nada íntimo. São tão pouco íntimas que não falo jamais de Colette (sua esposa), por exemplo, e passei 55 anos com ela de companheirismo e matrimônio».

Os restos mortais de Semprún serão sepultados neste domingo numa cerimônia laica, em Garentreville, onde a família de sua esposa possui um sepulcro. Ao enterro comparecerá como representante do governo espanhol a ministra da Cultura, Ángeles González-Sinde.

09.06.2011

Fonte: elnortedecastilla.es(Espanha)
http://www.elnortedecastilla.es/v/20110609/cultura/preso-buchenwald-20110609.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Jorge Semprun: la sociedad no puede cambiarse, pero el hombre, sí.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Os campos de internação do sul da França (Holocausto)

Os campos de internação do sul da França
Da exclusão ao extermínio


Na foto: Os campos de internação do sul da França
Löw e Bodek “Toujours la même chose”. Lavis. Camp de Gurs, 1940

Que a prática da xenofobia, da discriminação e da exclusão podem, sob certas condições, conduzir ao extermínio do outro é uma afirmação não só de ordem especulativa senão uma das mais duras lições do século XX. Um índice revelador de tal escalada que foi da “exclusão” até a “eliminação” massiva da população considerada indesejável é provido pelas transformações sofridas pelos campos de reclusão do sul da França. Efetivamente, estes locais destinados em princípio a serem centros de refugiados, especialmente de espanhóis republicanos e alemães social-democratas e comunistas, transformariam-se, no curso da guerra, de campos de deportação, à antessala dos centros de extermínio no centro da Europa.

A questão assume um viés particularmente espinhoso: aqueles centros de detenção foram localizados antes da chegada do governo pró-alemão de Vichy, precisamente foram construídas durante o período da República, sob o governo de Daladier em 1938. Esta nota singular dos campos do sul da França, o fato que remontam suas origens ao período republicano, os tem investido de caráter problemático que alcançam o coração da mesma memória histórica francesa. Contudo, nas últimas décadas, tem-se podido assistir a relevantes expressões por voltar-se sobre os passos daquele ignominioso lastro que nasceu durante a República. Uma das maiores expressões de retorno sobre o cenário dos campos do sul da França, anos depois do massacre, foi empreendida pela Biblioteca Municipal de Toulouse - fisicamente próxima a área onde se localizavam aqueles campos - sob a iniciativa e direção de Monique-Lise Cohen. De fato, a Biblioteca Municipal de Toulouse organizou diversas amostras sobre o antissemitismo no sul da França.

A abjeta lógica - a que vai da segregação ao extermínio - que testemunham estes campos, aquela que os levou a operar como centros de internação para estrangeiros e a chegar a serem campos de morte, é digno de uma revisão sobre sua existência.

Um traço singular no processo de deportação no sul da França concerne a anterioridade dos campos de internação referente ao governo de Vichy e a ocupação alemã. Mais precisamente, a origem destes campos remonta ao período da República, sob o governo de Daladier, em 1938. Esta “iniciativa” será herdada pelo governo pró-alemão de Vichy transformando o caráter e fim dos campos. Revela-se assim uma certa continuidade entra a obra do governo Republicano e o governo de Vichy sustentada, apesar de seus contrastes, no fino fio da xenofobia e da discriminação. Aqueles campos de refugiados destinados a comunistas, republicanos espanhóis e social-democratas alemães, converteram-se a partir de novembro-dezembro de 1940 em campos de judeus.

Na foto: Chegada dos refugiados espanhóis a França.
L’Illustration, 11 de fevereiro de 1939.

Com exatidão, os campos do sul da França nascem com o decreto-lei de 12 de novembro de 1938 do governo de Daladier. Aquele decreto já fazia referência aos “estrangeiros indesejáveis” um termo que evocava uma lei de 1849 que previa a expulsão de todos os estrangeiros julgados perigosos. O contexto destas medidas remetiam diretamente, durante este período, aos acontecimentos que por aqueles anos eram vividos no território espanhol, em especial Barcelona e outras zonas da Espanha próximas a França. Durante o mês de janeiro de 1939 um contingente numeroso de republicanos espanhóis, intimidados ante o avanço franquista, se dirigiam até a fronteira francesa.

Entre o 26 de janeiro - a um dia da queda de Barcelona - e o 9 de fevereiro - quando os nacionalistas fecharam definitivamente a fronteira catalã -, mais de 500.000 espanhóis, primeiro civis e militares feridos e depois os soldados republicanos, passaram pela aduana de Perthus. O primeiro “centro especial” destinado a internação de refugiados foi instalado por decreto em 21 de janeiro de 1939 em Rieucros perto de Mende(Lozère). Em pouco tempo esta “designação de residência” se tornaria em “internação administrativa”. Pouco depois, entre março e abril de 1939 se situam seis centros nas periferias dos Pirineus Orientais para o internamento de milicianos: em Bram(Aude) reservado aos anciãos; Agde (Hérault) e Riversaltes (Pirineus-Orientais)destinado aos catalães; Sepfonds (Tarn-et-Garonne) e Le Vernet (Ariège)para os trabalhadores e Gurs (Basses Pyrénées)onde esteve internada Hannah Arendt. Estes dois últimos centros foram os campos franceses mais importantes e funcionaram até 1944. Particularmente o campo de Le Vernet - onde permaneceu o escritor e ensaísta Arthur Koestler - teria como nota própria a ser “campo repressivo” onde deveriam ficar presos os “indivíduos perigosos para a ordem pública e a segurança nacional”, em geral comunistas e dirigentes das Brigadas Internacionais.

O destino dos internados nos campos do sul da França sofreria rapidamente as consequências das cada vez mais estreitas relações do governo de Vichy com o regime nazi. Seguindo os termos do tratado concluído em 22 de junho, o regime de Vichy entregou, na noite de 8 de fevereiro de 1941, algo em torno de vinte alemães antinazis reclusos nos campos para as autoridades do Reich. Entre estes alemães estavam os prestigiados Herschel Grynspan, Rudolf Hilferding e Rudolf Breitscheid, morto num campo nazi em 1944.

Pouco a pouco, os campos foram afetados pela coloratura particular das políticas antissemitas que impunham a aproximação do governo de Vichy ao regime nazi. Em 2 de outubro de 1940 o prefeito de Haute Garonne ordena que os ‘israelitas franceses sem recursos’ se dirijam ao campo de Clairfont. Sem nenhuma pressão alemã, Vichy estabeleceu uma discriminação jurídica que repousava sobre o postulado racial. O propósito do governo de Vichy era “limitar a influência judia” por uma série de interdições profissionais. Numa declaração promulgada em 18 de outubro o Conselho de Ministros adaptava o decreto anterior de 1938 relativo ao internamento de estrangeiros ao novo parâmetro racial e a perseguição antissemita. A nova lei permitia aos prefeitos internar nos “campos especiais” o estrangeiros de “raça judia”. A administração municipal começou, então, a revisar suas estatísticas segundo o novo critério racial. Em novembro, o prefeito de Haute Garonne indica a Vichy que os 53% dos 2000 internados de seu departamento eram da “raça judia” porcentagem que se elevaria a 70 % dos 40.000 estrangeiros internados da Zona Não-Ocupada.

A política fazia a população judia sofrer um virada crucial em outubro de 1940 quando se condena os judeus estrangeiros ao internamento e a vigilância especial em vilas distantes. O centro provincial maior, logo promovido a categoria de campo, foi o de Bouches du Rhône acerca de Aix, na carvoaria de Milles, onde foram reunidos 2.000 emigrados, entre os quais se encontrariam intelectuais de renome tais como Golo Mann, Walter Benjamin, Max Ernst e Lion Feuchtwanger que estampou num livro suas memórias do internamento sob o título de 'Diabo na França'.

Na foto: Monumento à Memoria dos deportados
(Cemitério do Campo de Noé)

Os mais notórios campos do sul da França foram Gurs, Argèles, Noé, Récébédou e Riversaltes. Vichy operou Vernet, Rieucros e a prisão de Brébant em Marselha como campo de punição. Os campos se caracterizaram, sobretudo, por suas condições de vida intoleráveis. Um informe do American Friends Service Comittee de janeiro de 1942 os chamava de locais para “esquálidos, apertados e enfermos com altas probabilidades de morrer”. André Jean-Faure, inspetor dos campos de Vichy e sem dúvida um não-crítico do regime descobriu condições chocantes nos campos. As crianças e os anciãos pereciam rapidamente entre a falta de vestimenta, o tifo e a tuberculose. Serge Klarsfeld calculou em 3000 os judeus mortos neste período.

De todos os campos da Zona Não-Ocupada, o de Gurs foi talvez o mais infame. Localizado em Basses-Pyré, sudoeste da cidade de Pau, Gurs foi apressadamente construído em 1939 como centro de detenção para 15.000 refugiados espanhóis. Durante os anos da guerra a população do campo, a maioria judeus mas também espanhóis e romenos, flutuou entre 6.000 a 29.000 pessoas. Em 1940, durante uma série de dramáticos traslados, as autoridades alemães expulsaram cerca de 7.000 judeus de Palatinado para Gurs em trens selados. Muitos daqueles que os nazis expulsaram de Baden, da Saarland e da Alsácia-Lorena hegaram a Gurs em 1940 só para aguardar a deportação em 1942. Cerca da metade dos judeus expulsos nesta operação estavam por chegar aos sessenta anos de idade(o mais velho foi um de 100 anos)e, naturalmente, não puderam sobreviver sob aquelas condições. Em novembro de 1940 uma média de oito pessoas por dia morriam no campo. Em novembro de 1943 haviam morrido 1.038 pessoas e cerca de 3900 haviam sido deportadas aos campos de morte nazi.

O campo de Riversaltes, a 20 quilômetros ao norte do povoado de Perpignan nos Pirineus Orientais, alojou cerca de 9.000 pessoas, a maioria judeus, incluindo até 3.000 crianças. Riversaltes abriu em 1941 para ‘atender’ o cada vez mais crescente número de internos judeus.

Até Riversaltes, foram orientadas uma série de esforços de diversas organizações judias para aliviar as penúrias dos que ali se encontravam: o rabino René Hirschler, capelão geral para os campos, intentou manter uma quantidade módica de vida cultural e religiosa judia para os prisioneiros, a Comissão Nîmes, um grupo de ajuda combinado, trabalhou para levar diversas formas de assistência as mães e crianças internados. As condições alimentares e de vestimenta em Riversaltes eram de tal grau de indigência que em 1942 o American Friends Service Comittee computava uma morte diária com maior incidência entre as crianças.

O campo de Noé com a metade de sua população judia e a outra dividida entre alemães e espanhóis foi outro campo de detenção onde os internos sofreram iguais condições inumanas durante sua permanência.

Entre os campos mais cruéis se encontra aquele de Le Vernet no que estaria internado o grande escritor Arthur Koestler junto a uma população que chegaria aos 3000 internos. Daquela população cerca de um quarto eram membros das Brigadas Internacionais e o resto judeus. Koestler pôde finalmente evadir-se, em 1940, mas o caráter de terror do campo ficaria bem retratado em seu livro de memórias 'A escória da terra'.

Como assinalamos mais acima estes campos sofreram pouco a pouco uma importante mudança de status. No começo entre 1939 e 1940, a maior parte deles eram campos para “estrangeiros perigosos” que persistiam como um corpo estranho à democracia, sendo sua existência amplamente debatida na câmara de deputados e na imprensa, sobretudo pelos diários de esquerda L’Humanite e o Populaire que em fevereiro de 1939 denunciavam a existência de “campos de concentração”. Mas a partir de 1942 os campos do sul da França, até esse momento herança assumida bem que mal pelo Estado francês, tornaram-se instrumentos naturais da política repressiva de Vichy.

Já em janeiro de 1940, 13.000 espanhóis haviam sido deportados desde os campos do sul até o campo nazi de Mauthausen onde pereceriam em número de 5.000.

Este caminho que recorreram os campos do sul da França, caminho impensado por aqueles a que na democracia os criaram seguramente sem imaginar sua transformação posterior, confrontam-nos com a periculosidade do gesto segregacionista ou xenófobo ainda quando se queira que este seja contido dentro das margens da lei. A sutil pátina que separa a exclusão do extermínio pode ser franqueada sob certas circunstâncias, certas mas não excepcionais circunstâncias segundo nos demonstra o século que deixamos."

Pablo M. Dreizik
Os campos de internação do sul da França.

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto
Texto original(espanhol): http://www.fmh.org.ar/revista/18/delaex.htm
Tradução: Roberto Lucena

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