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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

"Aqui não houve câmaras de gás, mas se praticou o extermínio e a exploração"

O jornalista Carlos Hernández de Miguel publicou "Los campos de concentración de Franco" (Os campos de concentração de Franco)

Prisioneiros caminham pela estação de Irun. (Foto: Biblioteca Nacional)
"Na Espanha não houve um genocídio judeu ou cigano, mas sim um holocausto ideológico contra os diferentes".

Donostia - Foram três anos de intenso trabalho entre arquivos e testemunhas para reverter 80 anos de silêncio e confusão. O jornalista Carlos Hernández de Miguel crê que o capítulo dos campos de concentração do franquismo foi "esquecido" pela História e pela política. Não só durante a ditadura como também na Transição. E isso que resulta complexo ocultar que na Espanha houve cerca de 300 campos de concentração franquistas que fizeram da Espanha um "gigantesco campo de concentração" na ditadura", indica a EFE.

Carlos Hernández de Miguel
Jornalista e pesquisador
Os campos de concentração, assinala o autor, foram "uma dos pés da enorme mesa que foi a repressão franquista", uma prática da qual hoje pouca documentação deriva "da destruição em massa de arquivos que se realizou durante a ditadura e os primeiros anos da Transição". Depois da segunda guerra mundial, realizou-se um "apagão" geral especialmente da documentação que podia relacionar o regime franquista com o nazismo, de tal forma que há um "lacuna brutal dos arquivos existentes sobre essa etapa". Porque, apesar das diferenças, houve uma analogia e existiram alguns elementos em comum entre esses campos de concentração espanhóis e os implantados pelo sistema nazista, sustenta Carlos Hernández, que explica que inclusive dirigentes da Gestapo participaram do treinamento das forças policiais espanholas. O sistema franquista desses campos foi desenhado de acordo com as necessidades da ditadura, qu eram - recalca o escritor - o "extermínio" dos elementos "mais ativos" do entorno republicano e a consecução da mão de obra através dos "batalhões de trabalho", uma derivada dos mesmos ainda que diferentes. "O sistema de campos buscava um extermínio ligado a uma classificação. Num primeiro bloco estavam os irrecuperáveis (membros de partido, oficiais do exército republicano...): acabam mortos nos campos ou em um conselho de guerra que os devolvia à prisão ou ao paredão. A seguir estavam os desafetos, pessoas classificadas como republicanos ou duvidosos. Muitos não têm informação ao proceder da zona vermelha. Estão nos campos e são os que resultam acabar nos batalhões de trabalho como forma de reeducação. A seguir estavam os "afetos", gente que ao final era liberada para que fosse ao front nas fileiras nacionais", detalha.

"Nos campos de concentração franquistas não houve câmaras de gás, mas se praticou o extermínio e se explorou os cativos como trabalhadores escravos. Na Espanha não houve um genocídio judeu ou cigano, mas sim houve um verdadeiro holocausto ideológico, uma solução final contra quem pensava de forma diferente", ressalta Carlos Hernández de Miguel. Com sua pesquisa, na qual visitou dezenas de arquivos, o autor identificou 296 campos de concentração oficiais, abertos em outras tantas cidades e povoados.

Andaluzia, com 52 campos de concentração, encabeça este "ranking do horror" desenhado por Carlos Hernández, no que seguem a "Comunidade Valenciana" com 41, "Castela-Mancha" com 38, "Castela e Leão" com 24 e Aragão com 18. Extremadura, com 17 desses campos;Madrid com 16, Catalunha com 14, Astúrias com 12, Galícia e Múrcia com 11, Cantábria com 10, a CAV (Comunidad Autónoma Vasca, País Basco) com 9, Baleares (ilhas) com 7, Canárias com 5, Navarra com 4, La Rioja, com 2 e Ceuta, junto às antigas colônias espanholas no norte da África com 5, completam as cifras. - T. Iribarren

Domingo, 31 de março de 2019

Fonte: Noticias de Gipuzkoa (País Basco, Espanha)
https://www.noticiasdegipuzkoa.eus/2019/03/31/politica/aqui-no-hubo-camaras-de-gas-pero-se-practico-el-exterminio-y-la-explotacion
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Alguns heróis ciganos

O povo romani reivindica referências como o boxeador Johan Trollmann, o ilustrador Helios Gómez ou o líder anarquista Mariano Rodríguez Vázquez

Da esquerda para a direita, o líder da CNT Mariano Rodríguez Vázquez,
o grafista Helios Gómez, e o boxeador Johan Trollmann.
Jóvenes gitanos plantan cara al antigitanismo
HELENA LÓPEZ / BARCELONA

Quinta-feira, 8 de dezembro de 2016 - 17:18 CET

Johan Trollmann (1907-1944), conhecido como Rukeli, foi campeão nacional de boxe na Alemanha de 1933, ano em que Hitler ascendeu ao poder. Não é estranho dizer, pois, que oito dias depois, os nazis retiraram o título alegando "falta de nível". O Terceiro Reich não podia aceitar exaltar a um cigano. Um jovem como Rukeli, nas antípodas do modelo ariano que o nazismo pretendia impor. Não só por sua tez morena e sua frondosa mata de cabelo azeviche, senão também por seu característico estilo dançarino sobre o quadrilátero, muito longe do duro 'estilo alemão'. Saltos ágeis e muito efetivos que, contam, tiravam os nazis do sério. Assim que, não sendo bastante lhe retirar o título de campeão, ameaçaram-no em lhe negar também a licença para seguir competindo a nível profissional se não deixasse de "dançar" enquanto lutava.

A seguinte peleja que ele participou acudiu depois de terem tirado seu título, Rukeli, desafiante, subiu ao ringue com o cabelo tingindo de ruivo e o rosto polvilhado de branco (algumas versões dizem que com farinha, outras, que com pó de talco). Com a rebeldia própria de sua condição cigana, Rukeli fez caso e, por uma vez, não dançou. Ficou no centro do ringue coberto em pó branco sem mover as pernas até que foi nocauteado no quinto assalto; tudo dignamente. Ali terminou sua carreira, mas esse gesto de galhardia lhe converteu em um herói para o povo cigano. Um gesto simples mas estoico com o qual ridicularizou a todo um regime racista, que acabou o encarcerando em um campo de trabalho forçado.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL HELIOS GÓMEZ
Os anjos negros da 'Capela cigana' da Modelo,
pintados por Helios Gómez na prisão
Histórias como a de Rukeli, ainda referência, são as que os jovens ciganos não só daqui, senão de meia Europa, reivindicam, fazendo pressão tanto a seus governos locais como através das poderosas redes sociais para lhes fazer justiça.

ARTISTA INTERNACIONAL

Em Barcelona também há heróis ciganos com histórias muito desconhecidas, pese o impacto que deixam em quem as descobre (algo que se sente difícil, já que a história do povo cigano não é estudada nos colégios). É o caso de Helios Gómez (1905-1956), autor da 'Capela cigana' (Link2) de 'La Modelo', ainda tapada sob uma capa de cal em uma habitação fechada. Rebelde como Rukeli, Gómez foi anarquista, comunista e de novo anarquista, segundo desencadeou em decepções. Preso em incontáveis ocasiões por sua ideologia, o ilustrador foi 'convidado' pelo cura do cárcere pra que desenhasse em uma das paredes da cela um fresco da Virgem das Mercês (Barcelona). Também ao melhor estilo Rukeli, Gómez - que fora proibido de pintar entre grades - concordou, mas o fez, como não, a sua maneira. Pintou uma Virgem e um menino Jesus rasgos inequivocamente ciganos, acompanhados por uns anjos negros de Machín que acabaram se convertendo em um apelo contra o regime.

O filho de Helios, Gabriel, passa anos trabalhando na associação cultural que leva o nome de seu pai para restituir a memória do ilustrador, grafista e poeta e de "todos os que, como ele, lutaram pela liberdade".

Outra figura cigana muito reivindica, também rebelde e anarquista, é Mariano Rodríguez Vázquez, 'Marianet'. Secretário Regional da Catalunha e da CNT entre novembro de 1936 e junho de 1939, "desempenhou um papel decisivo no futuro anarcosindicalista e na vida política e social da guerra civil espanhola", segundo a Wikipedia. Urge que as petições do coletivo de que se estude e documente a fundo sua história sejam escutadas para poder ir mais além da enciclopédia livre.

Fonte: El Periódico, Barcelona (Espanha)
http://www.elperiodico.com/es/noticias/barcelona/algunos-heroes-gitanos-5674253
Título original: Algunos héroes gitanos
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Filme: "Holocausto Brasileiro" mostra barbárie em hospital psiquiátrico em Minas Gerais

Baseado no livro homônimo de Daniela Arbex, novo documentário da HBO estreia neste domingo (20) e choca por realidade desconhecida

Depois de inspirar uma série de reportagens e um livro, a história do Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, é tema do documentário "Holocausto Brasileiro", que estreia neste domingo (20), às 21h, no canal MAX.
Divulgação/HBO: "Holocausto Brasileiro" mostra caso
do Hospital Colônia de Barbacena, onde 60 mil pessoas morreram
Baseado no livro homônimo de Daniela Arbex, "Holocausto Brasileiro" conta o que acontecia nos muros do Colônia, que tratava de pacientes com supostos problemas mentais. Cerca de 60 mil pessoas morreram no hospital durante seus 80 anos de funcionamento.

"Muita gente da minha geração não conhecia essa história, então achei importante contar", explicou a diretora em entrevista ao iG. Ela assina o documentário com Alessandro Arbex e a equipe da HBO Latin America.

O filme demorou dois anos para ser produzido, entre 2013 e 2015, e traz depoimentos emocionantes de sobreviventes do hospital. "Não dá para contar uma história dessas sem se tocar", confessou Daniela sobre a produção do documentário. Na época em que ela começou a série de reportagens sobre o Colônia para o jornal Tribuna de Minas, em 2011, a jornalista tinha acabado de ser mãe pela primeira vez. "Mexeu muito comigo ver as histórias daquelas mulheres que tiveram seus filhos tirados delas", admitiu.

O documentário mostra com detalhes as condições as quais as pessoas internadas no Colônia eram submetidas. Entrevistas com funcionários do hospital e jornalistas que acompanharam a situação de perto são a base para o filme, que faz revelações chocantes, como as de que centenas de pessoas morreram de fome na instituição e de que os pacientes chegaram a beber esgoto por não terem água limpa.

Reprodução: O Hospital Colônia de Barbacena,
em Minas Gerais, é o cenário de "Holocausto Brasileiro"
Para a jornalista, o filme serve para documentar a memória das pessoas que sofreram no hospital. Muitas das pessoas que seriam entrevistadas morreram durante a produção do documentário, enquanto outras que aparecem na tela nunca chegarão a assisti-lo. Um deles é o maquinista do trem que levava os internos até Barbacena. "Era o sonho dele estar em um filme", lamenta a diretora sobre o personagem da entrevista que abre "Holocausto Brasileiro", que morreu antes de conseguir ver o filme.

Mexendo no vespeiro

Quando começou a explorar a história do hospital, Daniela Arbex sabia que o tema poderia causar bastante barulho, mas não tinha ideia da grandeza que ele tomaria. "Eu sabia que era uma história grandiosa, mas o filme foi a grande surpresa", contou. Quando a série de reportagens foi publicada, a jornalista lembra de ter recebido milhares de e-mails de pessoas que tiveram parentes internados em Barbacena.

O crescimento da história também tornou o trabalho de Arbex mais difícil. Seu caminho foi se complicando à medida que o caso do Colônia ganhava mais atenção. "Fui muito bem recebida para fazer a matéria, o governo de Minas Gerais até me passou alguns contatos para as entrevistas. Mas quando fui retomar o caso para escrever o livro, passei a incomodar", disse. "O problema maior foi para fazer o filme", contou a diretora, que passou dois meses em Barbacena produzindo o documentário. "As pessoas da cidade não gostavam da gente lá."

Além do Brasil, "Holocausto Brasileiro" também será exibido pela HBO em toda a América Latina. Para Daniela Arbex, isso cumpre seu compromisso com a história. Além do livro ter sido adotado em cursos de ensino fundamental e médio, a jornalista levará o caso do Hospital Colônia de Barbacena para todo o País e o exterior. "O filme é incrível, a gente sabe o potencial dele, e espero que tenha um caminho lindo", disse a diretora.

"Holocausto Brasileiro" mostra barbárie em hospital psiquiátrico em Minas Gerais
Por Caio Menezes | 20/11/2016 09:00

Fonte: Portal IG
http://gente.ig.com.br/cultura/2016-11-20/holocausto-brasileiro.html
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Acréscimo:

Um pequeno adendo (pequena introdução) ao documentário e livro, lembro de uma matéria que tratava do assunto feita pelo Goulart de Andrade sobre um Hospital psiquiátrico em Juqueri (https://www.tvgazeta.com.br/videos/goulart-de-andrade-em-juqueri/). Mais sobre a matéria conferir aqui. Sempre que vejo algo sobre o livro ou documentário desse livro da Daniela Arbex lembro dessa matéria no Juqueri que me impactou profundamente (provocou um ódio profundo das classes dominantes deste país, do desprezo deles pela vida humana, do higienismo ideológico nazi-liberal dessa gente, gente bárbara, asquerosa, gente da pior espécie, sempre que olho as imagens me causa nojo da classe dominante deste país, da perversão pela qual são "fabricados"). Esses hospitais psiquiátricos parecem/pareciam campos de concentração, literalmente.

Eu ia divulgar o livro "Holocausto brasileiro" (Daniela Arbex) no ano em que saiu (acho que em 2013), mas devidos aos altos e baixos do país (com um golpe no meio, sabotagens etc, e um certo desânimo), foi ficando pra depois, depois... e acabou por não se mencionar antes o livro, e agora o documentário sobre o livro. Mas antes tarde que nunca.

O documentário "Holocausto brasileiro" (procurem pelo Youtube, se não tirarem do ar) mostra a outra face do Brasil, a que a "propaganda oficial" do país não mostra pro mundo, pois colocaria abaixo a imagem de "país cordial", "pacato", "diferente de todos os outros" que a propaganda oficial do país costuma vender, e que acaba por acobertar os inúmeros crimes, desrespeitos e brutalidade que ocorrem corriqueiramente no país pelas pessoas "cordiais" do país e aparato burocrático/privado.

Um país que trata doentes mentais desta forma como a relatada nesses documentários e livro, mostra na realidade um país não muito diferente de uma Alemanha nazi, o princípio de internamento dessas pessoas era o mesmo usado no nazismo, e por 80 longos anos (o regime nazi durou 12 anos). Até a escala de mortes é parecida.

A quem quiser ler mais: Doentes mentais e o Nazismo

Há alguns puristas ou fanáticos religiosos (cheios de melindre, serei sincero, não gosto de quem mistura crença religiosa com questões desse tipo, não gosto de fanático religioso) que não gostam que usem a palavra "Holocausto" pro livro e pro documentário.

Sinceramente, sacralizar uma palavra ou confinar a mesma a um episódio histórico é uma postura bem perigosa (e egoísta também) e que em nada ajuda no entendimento dessas questões, até porque o termo mais adequado pro que houve na segunda guerra é genocídio. Não vou entrar aqui na discussão do surgimento e adoção/uso do termo Holocausto pro genocídio nazista, no blog tem explicação pra isso em posts antigos (clique aqui). Também não tenho o menor interesse em que melindra com supostas "ofensas" sobre uso do nome, não acredito nessas ofensas e sim em uma postura fanática, autoritária e possessiva.

Não vou me alongar mais, leiam a matéria sobre o filme (esta introdução ficaria no começo do post mas resolvi pôr no fim pra não atrapalhar a leitura).

Entrevista com a autora: Livros 63: Holocausto Brasileiro - Daniela Arbex

quarta-feira, 16 de março de 2016

Sonderbehandlung 14f13 em Gross Rosen

Em 3 de abril de 1942, Arthur Rodl, comandante de Gross-Rosen, escreveu que "o tratamento especial de 127 prisioneiros foi concluído em 2 de abril de 1942." A prova de que isso significava 'mortos' pode ter vindo da mensagem do mesmo autor de 26 de Março de 1942, coletada em 1234-PS. Ela observa que 214 prisões foram "executadas" entre 19-20 de janeiro, e desses 36 haviam morrido em 17 de março e 51 haviam sido declarados aptos para o trabalho. Os 127 restantes foram mortos em Bernburg em grupos de 70 e 57: a transferência dos primeiros 70 é mostrada aqui.

O processo de seleção para Sonderbehandlung 14f13 está documentado em 1151-PS [scans], resumido na análise do grupo de evidências aqui. Liebehenschel escreveu em 10 de dezembro de 1941, que a Comissão Médicos iria visitar nove campos para fazer seleções. As seleções em Gross Rosen 19-20 de janeiro foram discutidos numa carta de Mennecke para sua esposa (NO-907). O centro de eutanásia Bernburg escreveu para Gross Rosen em 3 de março para organizar as transferências, observando que "os presos de outros campos de concentração iriam chegar" e, assim, "um interino é necessário para a gente, a fim de ser capaz de realizar todo este trabalho."

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2016/03/sonderbehandlung-14f13-at-gross-rosen.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Sonderbehandlung 14f13 at Gross Rosen
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Restos humanos vistos por jornalistas norte-americanos em Klooga e Babi Yar

Em 6 de outubro de 1944, o New York Times publicou este relatório de Klooga, que havia sido arquivado por WH Lawrence quatro dias antes. O relatório começa assim:
Klooga, Estônia, 02 de out. (atrasado) Foi mostrada a correspondentes estrangeiros hoje o cenário das execuções alemãs em 19 de setembro - um ato que demonstrou conclusivamente que os alemães estão em uma retira de grande escala e são capazes de matar a sangue frio, mesmo quando isto não servirá para muita coisa, em caso de objetivos militares.

Aqui no campo de trabalho nazista de Klooga, construído originalmente para abrigar os últimos sobreviventes do Gueto de Vilna, vi e contei partes reconhecíveis de 438 corpos completos e parcialmente queimados de homens, mulheres e crianças, incluindo uma criança que não poderia ter mais de três meses de idade, mas cujo crânio havia sido quebrado por uma bala e que estava nos braços de sua mãe morta no frio, um país desolado no meio de uma floresta de pinheiros. Vi três enormes piras funerárias que primeiro foram construídos com troncos de pinheiro por prisioneiros, cujos captores, em seguida, atiraram neles e queimaram seus corpos. Perto dessas pilhas, agora quase completamente reduzidas a cinzas, contei partes reconhecíveis de pelo menos 215 corpos, e um número desconhecido de outros esqueletos que foram reduzidos a cinzas de ossos por um grande incêndio ocorrido pela queima de toras de pinheiros e corpos embebidos em gasolina. Num campo próximo... estavam os corpos de uma dúzia de outras pessoas que tentaram fugir mas foram abatidas por balas.

Prisioneiros queimados em Barracões

Vi os restos de barracões com oito quartos dos quais os alemães colocavam cerca de 700 pessoas, que foram baleadas. Os barracões depois foram incendiados e destruídos, cremando os corpos que permaneceram dentro. Paralelamente a esta construção havia uma fila de pelo menos 150 corpos, algumas das pessoas que obviamente haviam sido alvejadas durante a tentativa de escapar da construção.

Alguns tinham pequenas marcas de fogo, mas outros eram apenas esqueletos carbonizados e encolhidos de homens e mulheres. Dentro dos barracões, grandes montes de cinzas de ossos misturados com cinzas de madeira testemunham o grande número de outras pessoas que morreram naquele prédio. Na parte central do próprio acampamento havia uma outra cena medonha. Em um pátio eu contei os corpos de sessenta e quatro pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças, e foi lá que eu vi um jovem bebê, vestido com um suéter vermelho, cueca de lã branca e uma camisa azul.

Esses foram os corpos de pessoas que haviam sido metralhadas até a morte dentro de um dos barracões centrais, mas que os alemães, em sua ansiedade para fugir antes que o Exército Vermelho se aproximar, não tiveram tempo de queimar.
O chefe da Associated Press na URSS, Eddy Gilmore, arquivou este relatório, que da mesma forma descrevia os corpos de crianças com buracos de bala atrás de suas cabeças. Gilmore tinha previamente arquivo este relatório sobre Babi Yar. As fotografias tiradas em Klooga foram publicadas na revista Life em 30 de outubro de 1944, e podem ser vistas aqui.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/01/bodies-seen-by-american-journalists-at.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Human Remains Seen By American Journalists at Klooga and Babi Yar
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 15 de novembro de 2015

Hilmar Wäckerle, primeiro comandante de Dachau

Hilmar Wäckerle na batalha de
Grebbeberg, Países Baixos. Original
de waroverholland.nl
Hilmar Wäckerle nasceu em 24 de novembro de 1899 em Forchheim, no norte da Baviera. Aos catorze anos, já começava a Grande Guerra, entrou na escola de oficiais do exército bávaro. Depois de três anos, antes de completar os 18, foi destinado ao regimento de infantaria da Bavária nº2, "Príncipe herdeiro" em agosto de 1917, um dos regimentos mais prestigiados (e com maior índice de baixas) do antigo Reino da Bavária.

Em setembro de 1918, o alferes (Fähnrich) Wäckerle foi ferido gravemente. Recuperou-se do armistício no hospital, longe do front, compartilhando desta forma a mesma experiência de Hitler. No pós-guerra, depois de ingressar no Freikorps Oberland, de 1921 a 1924, estudou engenharia agrícola na Universidade Técnica de Munique, ainda que não consta se se relacionou com quem fora seu condiscípulo de 1919 a 1922, Heinrich Himmler, um ano mais jovem. Hilmar também ingressou no NSDAP um ano antes que Himmler, mas deixou de pagar as cotas e se distanciou da política ao terminar seus estudos. Não solicitou ingressar na SS até 1929, quando Heinrich já era seu Reichsführer. Depois de dois anos de teste, foi admitido como SS-Mann com o número 9.729. Também voltou a ingressar no NSDAP em 1 de maio de 1931, com o número de 500.715. Hilmar nesses momentos era administrador de uma propriedade agrícola em Kempten. Seu irmão, Emil, também era membro da SS.

Em fevereiro de 1933, com Hitler recém nomeado chanceler em 30 de janeiro, Wäckerle chega a SS-Hauptsturmführer (capitão). Em março, Freidrich Jeckeln, chefe da SS do sul da Alemanha, nomeia-o comandante do primeiro campo de concentração da SS, em Dachau. Desde 30 de janeiro, por toda a Alemanha proliferou todo tipo de cárceres "selvagens", casas ou prisões onde Gauleiters (chefes do partido) e grupos da SA detinham e torturaram seus inimigos políticos. Nesses momentos o cargo oficial de Himmler é o de chefe da polícia da Bavária, e decide criar um grande campo centralizado para "reeducar" esquerdistas e inimigos do Estado. A desculpa é o incêndio do Reichstag, que se supõe a um chamamento de um levante comunista. Na realidade quem se levanta são os homens do NSDAP, com o apoio de outros grupos de extrema-direita, como o Stahlhelm.

A primeira denúncia contra Hilmar Wäckerle, como comandante de Dachau, foi feita por Sophie Handschuch pela morte de seu filho. Outros prisioneiros que morreram nesses primeiros dias foram o doutor Rudolf Benario, Fritz Dressel, Sepp Götz, Ernest Goldmann, Arthur Kahn e Erwin Kahn, além de Karl Lehrburger e Wilhelm Aron, judeus. A promotoria também determinou que Herbert Hunglinge havia se suicidado por não poder aguentar as condições de sua reclusão. Em maio, as investigações do promotor se ampliaram para as mortes de Sbastian Nefzger, Leonard Hausmann, o doutor Alfred Strauss e Louis Schloss, esses dois últimos, judeus.

Supõe-se que Himmler destituiu Hilmar Wäckerle de seu cargo em Dachau por todas essas mortes, ainda que só o fez pra manter as aparências. Também é possível que influíra que se conseguisse fugir um deputado comunista, que publicou em agosto o primeiro escrito sobre a vida e morte nos campos de concentração da Alemanha. De todas as formas, Wäckerle foi elevado a SS-Sturmbannführer (comandante) em 01 de março de 1934, menos de um ano depois de sua destituição em Dachau.

Desenvolveu o resto de sua carreira na Waffen-SS, e teve seu momento de glória na invasão dos Países Baixos, em maio de 1940, ao comando do III batalhão do regimento Der F6uhrer. Disfarçou seus homens com uniformes holandeses para tomar pontes de surpresa, e utilizou prisioneiros de guerra como escudos humanos. Estima-se que uns cinquenta prisioneiros holandeses morreram por este tipo de tática. Foi ferido duas vezes, e ainda que fora indicado para a cruz de cavalheiro da cruz de ferro, teve que se conformar com a cruz de ferro de 1ª classe.

Morreu numa emboscada no começo da Barbarossa, no comando da SS-Infanterie-Regiment Westland, da SS-Division (mot) Wiking próximo da atual Lviv, Ucrânia (Lemberg para os alemães, Lvov para os poloneses), em 2 de julho de 1941. Sua morte desencadeou um pogrom em 9 de julho na zona, no qual soldados de sua unidade mataram a uns 600 judeus.

Notas:

1. Tom Segev: Soldiers of Evil, Berkley Books, 1991, pg. 64-68
2. George H. Stein, Las Waffen-SS, pg. 272
3. Richard Rhodes, Los amos de la muerte. Los Einsatzgruppen y la solución final, Seix Barral pg. 109-111
4. A descrição mais detalhada do massacre para vingar sua morte, em Pontolillo, pg. 162
5. Site: http://www.waroverholland.nl/index.php?page=chapter-11---myth-and-reality

Fonte: Blog Antirrevisionismo (Espanha)
https://antirrevisionismo.wordpress.com/2015/11/14/hilmar-wackerle-primer-comandante-de-dachau/
Título original: Hilmar Wäckerle, primer comandante de Dachau
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Sobre a UGIF (Union générale des israélites de France) e o filme "Amor e ódio" (La Rafle)

A quem perdeu a discussão, confiram na parte de comentários do post:
Filme: La Rafle (Amor e Ódio), com Mélanie Laurent e Jean Reno. França de Vichy

A discussão que o João Lima traz à tona é sobre a UGIF (Union générale des israélites de France, em tradução livre: União Geral dos Judeus da França), que não é citada no filme "La Rafle" que saiu com o título no Brasil de "Amor e ódio" (bem distante do título original que é mais próximo de "A prisão", algo assim) e o livro do Maurice Rajsfus, historiador francês, com o nome de "Des Juifs dans la collaboration, L'U.G.I.F. 1941-1944" (Ebook aqui, em PDF e outros formatos), com prefácio de Pierre Vidal-Naquet, prestigiado historiador francês.

Este filme, "La Rafle" (Amor e ódio) só saiu em DVD/Blu Ray e não foi lançado nos cinemas, não sei por qual razão.

A discussão se dá porque eu comento que, mesmo com a omissão da UGIF no filme, quem quiser ter uma ideia sobre a perseguição e deportação dos judeus na França, o filme é um dos mais recentes sobre o assunto e há versão dele dublado em português, com legenda em português etc (pra todos os gostos). O filme não é muito conhecido, justamente porque não foi exibido nos cinemas com divulgação.

Outro filme lançado recentemente (e já se vão quase 4 anos...) foi o "A chave de Sarah" feito em cima do livro homônimo (com mesmo nome), também sobre a França e judeus na segunda guerra, só que esse segundo filme eu não assisti. Não faço ideia do conteúdo do filme exceto esse comentário superficial.

Mas como dizia, eu ia fazer um post melhor sobre a UGIF (União Geral dos Judeus da França), mas ela já foi citada no blog pelo menos duas vezes. Acabei resgatando esses posts abaixo que a citam:
Judeus: questões sobre Vichy (Livro de Laurent Joly)
Casa Izieu. Memorial das crianças assassinadas na França pelo Carniceiro de Lyon, Klaus Barbie

O segundo post, dos dois acima, foi uma indicação que traduzi "meio" a contragosto porque não há menção bibliográfica no texto, e é um texto genérico. Mas ambos citam a UGIF.

Pra situar a coisa, a UGIF foi um órgão criado em 1941 pelo regime de Vichy, a pedido e em concordância com as políticas nazistas de perseguição a judeus. Foi um órgão coordenado por judeus que ajudou na espoliação e colaboracionismo com o regime fantoche de Vichy, algo próximo de um "Judenrat"(uma espécie de Conselho judeu dos guetos pra colaborar com os nazistas e organizar os judeus nos guetos seguindo as diretrizes nazis).

O João Lima cita o historiador Maurice Rajsfus (já mencionado acima), que de fato escreveu um livro sobre esses judeus colaboracionistas da UGIF, como também um livro sobre a prisão do Velódromo de Inverno (Link2) que é o tema do filme "La Rafle". E há mais livros dele (fico devendo colocar os links aqui). A razão da demora pra elaborar o post é justamente o fato deu não lembrar de memória da UGIF, tanto que não citei os posts que citam ela no comentário que fiz meses atrás. E o livro dele só se encontra em francês, sem tradução pro espanhol ou inglês, o que dificulta a leitura pois eu consigo traduzir texto em francês com ajuda do tradutor do Google, mas não leio com facilidade em francês (está melhorando, mas longe de ser algo fluente, chegaremos lá um dia...).

Só que como havia comentado na caixa de comentários do post do filme, temendo ser repetitivo (estou escrevendo o post rápido, senão acabaria não saindo mais), apesar da não citação do episódio da UGIF (União Geral dos Judeus da França), continua válido assistir o filme "Amor e ódio" (La Rafle), que é estrelado pela Mélanie Laurent (a protagonista francesa do filme "Bastardos Inglórios") e pelo Jean Reno, ator famoso da França, que vendo agora, o cara nasceu no Marrocos (Casablanca) e é filho de pais espanhóis, Jean Reno é nome artístico.

O Jean Reno ficou conhecido, mundialmente eu acho, com o filme "O Profissional" (Léon), que contracena com a Natalie Portman ainda criança, e também com a participação no filme "Missão Impossível" (o primeiro).

Só complementando: na verdade a "curiosidade" sobre esses temas 'desconhecidos' da maioria das pessoas ocorre porque entidades e alguns grupos ligados à memória desses eventos, continuam com uma postura datada que adotavam durante a Guerra Fria com o tema Holocausto, tratando esse tipo de assunto (dos colaboracionistas) como "tabu", porque se aborda um lado não "muito glorioso" de grupos judeus colaborando com o inimigo a perseguir outros judeus. Quando você cria um tabu por não querer tocar no assunto, dá margem pra terceiros propagandearem a coisa como "olhem só, eles escondem o assunto", o que acaba dando margem pra propaganda "revisionista" (negacionista) de citar esses episódios com ares de "descoberta" porque acabam os grupos de memória empurram o assunto pra debaixo do tapete em vez de citá-los normalmente (que é o correto), vide a não tradução do livro citado pra outros idiomas. Essa postura "melindre" já deveria estar superada neste século, mas a postura datada continua, mesmo com a internet escancarando tudo. Digo isso porque já veio gente encher o saco com discurso moralista sobre essas questões "cabeludas" e não tenho a menor pretensão em esconder esse tipo de assunto. Não se combate "revisionismo" empurrando essas questões pra debaixo do tapete.

domingo, 12 de julho de 2015

Recriando campos de concentração nazistas em 3D

Recriar virtualmente os espaços do horror para que a memória não se perca

A recém-criada Future Memory Foundation quer reconstituir virtualmente 100 espaços marcados pelo terror nazi, para que as gerações futuras não esqueçam o passado.

Filhos de sobreviventes do Holocausto na instalação virtual do Memorial Bergen-Belsen, em 2012 DR
O polonês Felix Flicker, sobrevivente do Holocausto, está sentado num sofá e conta-nos como foi. Descreve aquele dia, em 1944, em que o campo de concentração onde se encontrava, em Majdanek, na Polônia, foi libertado. “O que vivemos lá é indescritível. A memória desse tempo faz-me sentir que não quero voltar lá. Até na memória”.

Felix revive os acontecimentos ao detalhe – os cheiros, os cadáveres, as pilhas de sapatos e ossos, os crematórios. É um dos mais de 50 mil sobreviventes que o realizador Steven Spielberg ouviu e gravou nos últimos 20 anos, num projeto que olha para a memória como um patrimônio valioso a deixar as gerações vindouras. É do mesmo princípio que partem dois investigadores que querem agora dar um passo definitivo para levar esta ideia mais longe. E se para além de ouvirmos relatos desses espaços, presos nos testemunhos dos sobreviventes, pudéssemos ir até lá?

“Sei que a memória precisa de lugares”, diz ao El País o investigador e psicólogo Paul Verschure. É diretor do laboratório SPECS (Synthetic Perceptive, Emotive and Cognitive Systems) que se dedica, desde 2005, ao estudo da percepção e da emoção dos seres humanos - entre elas a memória- na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.

Paul Verschure e Habbo Knoch, historiador da Universidade de Colônia e antigo diretor da Fundação de Memoriais da Baixa Saxônia, fundaram recentemente a Future Memory Foundation, uma iniciativa para preservar, apresentar e projetar a história dos crimes do regime Nazi e do Holocausto através dos lugares europeus do terror.

“Estamos a enfrentar o fim da idade das testemunhas”, escrevem no site da Fundação. “No decorrer dos últimos 70 anos, testemunhas e sobreviventes foram fundamentais na reconstituição dos crimes do Holocausto. Passaram às gerações seguintes um passado de terror e foram cruciais na formação de uma memória coletiva. Mas agora essas testemunhas estão a desaparecer.”

Recolhas como as de Spielberg ou de outras fundações são importantes, reconhecem os investigadores, mas não suficientes. É preciso, defendem, relacionar espacialmente os campos de concentração que existiam por toda a Europa com fontes históricas (fotografias, mapas, planos de construção, documentos oficiais, artefatos) e com descrições pessoais (testemunhos e diários). E para isso há que reconstituir a estrutura especial do terror nazi através da realidade virtual.

O primeiro passo foi dado no Memorial Bergen-Belsen em 2012. Pela primeira vez, foi criado um modelo tridimensional de um antigo campo de concentração, que foi totalmente destruído após a sua libertação. Alguns sobreviventes conseguiram identificar nas imagens o local onde viveram. Filhos e netos dos sobreviventes entraram em pequenos contentores transformados em espaços da memória: lá dentro, os relatos ganharam forma. Através de uma apresentação interativa e imersiva, com recurso a um tablet, foi possível visitar fisicamente o campo e experienciar o espaço, os edifícios. Os detalhes, por exemplo, das vedações. “O espaço como portal para a informação”, defendem os investigadores, incentivando a reflexão e a memória para as futuras gerações.

Para já, a Future Memory Foundation procura financiamento para recriar virtualmete 100 espaços. Cada um terá um custo de aproximadamente 50 mil euros e levará três a quatro meses a estar concluído. A ideia mais ambiciosa é, no entanto, conseguir "criar" virtualmente os 45 mil locais já identificados como estando ao serviço do regime Nazi em toda a Europa, incluindo, para além dos campos de concentração, outros centros de tortura, guetos e quartéis da Gestapo.

Na corrida contra uma memória que se vai apagando, há muito que dificilmente será reconstituído. “De muitos locais temos muito pouca informação”, explicou Verschure ao El País. “Sobibor – um dos seis campos de extermínio que os nazis construíram na Polônia – foi totalmente destruído e só agora é que os arqueólogos polacos e britânicos conseguiram localizar o local onde estavam as câmaras de gás e os crematórios”.

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/recriar-virtualmente-os-espacos-do-horror-para-que-a-memoria-nao-se-perca-1701725

quinta-feira, 21 de maio de 2015

O negro catalão que os nazis utilizaram como criado em Mauthausen

Carlos Greykey, catalão de pele negra,
foi utilizado como criado pelos
nazis (Wikimedia commons)
Chamava-se José Carlos Grey-Molay (ainda que anos depois mudou seu nome para Carlos Greykey) nasceu em 4 de julho de 1913 e vivia em Barcelona junto de seus pais, de origem africana e procedentes da Ilha de Fernando Poo, uma das colônias que a Espanha teve na África.

Isto lhe conferia ter todos os documentos como qualquer outro espanhol, já que os pais não eram considerados imigrantes, e o único fato que o diferenciava das demais crianças na escola, vizinhos ou companheiros (quando teve idade suficiente para trabalhar) foi sua cor de pele. Por demais, era um jovem esperto, inteligente, com um grande engenho e capacidade para aprender idiomas, dominando entre eles o alemão.

Também tinha um marcado compromisso político (catalanista, republicano e de esquerda), daí até o estouro da Guerra Civil (que o impediu de terminar seus estudos de medicina) decidisse combater no grupo republicano e ao finalizar o conflito bélico preferir se exilar e não viver sob a ditadura de Franco.

Mas sua chegada à França veio acompanhada do início de outra guerra: a II Guerra Mundial, pela qual seu espírito aventureiro o levou a se alistar no exército galo para combater a invasão nazi, mas em junho de 1941 foi preso e levado para o campo de concentração de Mauthausen.

Tudo parecia indicar que o final de Carlos seria trágico e que pouco tardaria para ir até as duchas com as quais os nazis gaseavam negros, ciganos, homossexuais e judeus, mas não foi assim, já que sua aberta forma de ser o levou a saber se relacionar com os oficiais de campo, que viam nele a alguém divertido, engenhoso e muito diferente do resto da gente de pele negra.

Por ter nacionalidade espanhola e ser republicano, classificaram-no como preso político, motivo pelo qual ele levava cosido em suas roupas um triângulo invertido de cor vermelha com o número 5124.

O domínio do idioma alemão, assim como o inglês e francês, fizeram que vissem em Carlos Greykey a alguém que podia ser muito útil como servente e camareiro dos oficiais, que se divertiam e davam umas boas risadas depois das engenhosas ideias que lhes dizia de forma divertida.

Em certa ocasião, um oficial que havia bebido demais e havia ficado embriagado, perguntou-lhe porque era negro, ao que Carlos respondeu "é que minha mãe esqueceu de me lavar". Como estas, eram muitas das respostas que dava, ganhando a simpatia e confiança dos alemães. Sabia que se não fizesse isso seria enviado para fazer trabalhos forçados e, muito possivelmente, acabaria gaseado. Preferia ser humilhado, que o tratassem como um "macaco" de feira e se comportar como tal a não ter um trágico final.

E sua tática lhe serviu para salvar a pele e sair dali são e salvo quando terminou a guerra. Depois de sua libertação de Mauthausen, sabia que sua condição de republicano lhe impediria de poder voltar à Barcelona, motivo pelo qual decidiu se instalar e viver na França, onde contraiu matrimônio, formou uma família e passou o resto de seus dias, até seu falecimento em 1982 aos 71 anos.

Fonte: Yahoo! (em espanhol), usando como referências o blog Holocausto en español e o El País
https://es.noticias.yahoo.com/blogs/cuaderno-historias/negro-catalan-nazis-utilizaron-como-criado-mauthausen-143406201.html
Título original: El negro catalán que los nazis utilizaron como criado en Mauthausen
Tradução: Roberto Lucena

Observação: há textos melhores que esse, mais completos (com mais informações), tanto que o texto do Yahoo! foi feito em cima do texto contido no blog "Holocausto en español". Caso alguém se interesse, fica a dica.
É curioso ver a diferença do padrão do Yahoo! em outro idioma pro entulho que é esse portal em português. Colocam de forma proposital (baixam o nível).

domingo, 29 de março de 2015

Werner Heyde. A psiquiatria nos campos de concentração, os Totenkopf e a Aktion T4

Werner Heyde figura nos livros de história do III Reich por dois motivos. Nas histórias militares, ou das SS, é o jovem psiquiatra que sanou as dúvidas de Himmler sobre a cordura (tolerância) e sanidade de de Theodor Eicke. A raíz de seus relatórios, Eicke deixou de estar recluso em uma clínica psiquiátrica, para ser nomeado comandante do maior campo de concentração (KZ) da Alemanha, Dachau, a partir de junho de 1933.

A partir daí, Eicke desenvolveu uma singular carreira como organizador de todo o sistema de campos de concentração do III Reich, previu o assassinato de Ernst Röhm na chamada Noite dos longos punhais. Em 1940, abandonou essas responsabilidades para liderar uma divisão com o pessoal de seus campos. Terminou morrendo no front, quando seu Storch foi derrubado em 26 de fevereiro de 1943. Talvez devido a essa morte prematura, todo o pessoal dos KZ, nos julgamentos pós-guerra, atribuíram a sua formação, a crueldade e dureza do sistema. Eles só seguiam as ordens de Eicke. Nada além disso.

Mas regressemos a Werner Heyde.

Werner Heyde ingressa no NSDAP em 01-05-1933 pela recomendação de Eicke, e participou no desenho e na realização prática dos programas de esterilização e eugenia. Começou trabalhando dois dias na semana nas SS-Totenkopfverbände, como chefe das unidades psiquiátricas dos KZ, ao mesmo tempo que era professor associado da Universidade de Würzburg. SS-Hauptsturmführer (capitão) em 1936, de 1939 a dezembro de 1941 foi o diretor médico da Aktion T4. A Aktion T4 consistiu em matar, segundo suas próprias cifras, a 70.273 doentes mentais alemães entre 1939 e 1941, sem incluir outras mortes e seleções no KZ. Heyde também trabalhou nas esterilizações forçadas.

Heyde perdeu seu cargo a frente da T4 ao ser acusado pelo SD de atividades homossexuais, que pelo visto reconheceu, alegando traumas infantis. Himmler considerou que era valioso demais para as SS e não o expulsou da organização. Tendo em conta seu enfoque prático nessas questões, sem dúvida pesou a favor de Heyde o fato de que estava casado desde 1927, de forma que sua homossexualidade não o impedia de ter filhos para o Reich. Heyde chegou a SS-Obersturmbannführer (tenente coronel), e no pós-guerra seguiu trabalhando como médico e perito judicial sob nome falso. Descoberto e acusado, suicidou-se na prisão de Butzbach em 13-02-1964.

Bibliografia:

Michael Burleigh: Death and Deliverance. Euthanasia in Germany 1900-1945. Pan Books, Londres 2002, pg. 116-120. (1º ed. 1994 Cambridge University Press).

French MacLean: The Camp Men, Schiffer Militay History, Atglen, PA, 1999. Pg. 108.

Verbete da Wikipedia alemã (a Wikipedia inglesa, consultada em 16-02-15 contém muitos erros).


Werner Heyde no momento de sua detenção em 1959. Fonte: http://historyofmentalhealth.com/

Fonte: blog Antirrevisionismo (Espanha)
Título original: Werner Heyde. La psiquiatría en los campos de concentración, los Totenkopf y la Aktion T4
https://antirrevisionismo.wordpress.com/2015/02/16/werner-heyde-la-psiquiatria-en-los-campos-de-concentracion-los-totenkopf-y-la-aktion-t4/
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Brasil separou 40 mil bebês de pais com lepra. 'Parecia campo de concentração'

Internamento de portadores de hanseníase em colônias era lei até os anos 80. Filhos eram enviados em cestos a educandários

Como uma espécie de caça às bruxas, o Brasil viveu entre as décadas de 30 e 80 um período de controle da hanseníase, doença popularmente conhecida como lepra, e obrigava todos os seus portadores a viverem em um dos 37 hospitais-colônias, longe das famílias. O contato com filhos e futuros filhos também era proibido por uma lei federal de 1949. Periodicamente, novas “ninhadas de filhos de leprosos” eram enviadas em cestos aos educandários ou preventórios, espécie de creche aos órfãos de pais vivos.

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência (SDH/PR) estima que pelo menos 40 mil bebês foram separados dos pais no século passado. Entre as crianças, estava José Irineu Ferreira que – hoje aos 65 anos – ainda carrega marcas psicológicas do que enfrentou. O aposentado nasceu no hospital-colônia Dr. Pedro Fontes, na cidade de Cariacica (ES).

'Ninhadas de filhos de leprosos' em asilo de Santa Terezinha do Menino Jesus,
em Carapicuíba (1945)
José é fruto do relacionamento de Osvaldo e Terezinha, diagnosticados com hanseníase e internados desde os 15 anos. O casal viveu sob o regime da lei federal (lei nº 610) de 13 de janeiro de 1949, que determinava “que todo recém-nascido, filho de doente de lepra, será compulsória e imediatamente afastado da convivência dos pais”. O isolamento das pessoas portadoras da doença seguiu até o ano de 1986.

Ferreira foi separado de sua mãe imediatamente após o parto e levado ao educandário Alzira Bley. Ali passou toda sua adolescência, entre uma “surra e outra” e trabalho forçado nas áreas rurais. Ele deixou o local com 19 anos, sem laços sociais e sem os dois irmãos, que não sobreviveram sem leite materno.

Arquivo pessoal
Jovem José Irineu Ferreira, com 22 anos
Duas vezes por ano, Ferreira visitava os pais por “rápidos minutos”. O parlatório, espaço destinado aos encontros, separava pais e filhos por um vidro grosso. Havia temor de contágio. Com o avanço da medicina e esclarecimento sobre a hanseníase, o local sofreu modificações e passou a separar os internos e filhos por uma grade de proteção. “Parecia um campo de concentração. No colo de uma das guardas, fui apresentado aos meus pais. Elas falavam: ‘Ó, esse é seu pai. Aquela é sua mãe’. Mas a gente virava a cara porque não entendia o significado dessa palavra."

Ferreira conseguiu encontrar a mãe Terezinha, hoje com 85 anos, que ainda mora na colônia Dr. Pedro Fontes. Desde 1986, os portões já não são trancados com cadeados. Mas a idosa não quer deixar a colônia, explica o filho. “Ela foi praticamente criada lá. Não consegue sair. Quando posso, visito. Mas a gente não tem nenhum vínculo amoroso. Eu a conheço como minha mãe, mas não fui criado por ela."

Referência biológica

A assistente social Maria Teresa da Silva Oliveira, de 58 anos, também foi colocada nos cestos das novas ninhadas após nascer na colônia Santo Ângelo, em Mogi das Cruzes (SP). A passagem pelo educandário foi breve, após quatro meses ela foi adotada por uma família. Na adolescência recebeu dos pais afetivos a notícia de que havia sido adotada quando pequena. Apenas em 2002, porém, descobriu os detalhes da adoção e sua história com a hanseníase.

Maria é a idealizadora da Hansenpontocom, que integra o iGual, espaço do iG destinado a comunidades e a dar voz aos cidadãos. Há ainda a REDHansen, que incentiva o debate sobre a doença no mundo virtual.

“Fui adotada após um anúncio na TV, em um programa de Natal. Era um anúncio de crianças abandonadas. Quase enlouqueci com a notícia e o peso do preconceito da doença. Sou sadia, mas levei três anos para aceitar a minha história”, conta a assistente social, que lutou para compreender sua origem e encontrar outros “filhos separados” pelo País.

Batizada originalmente como Maura Regina, Teresa conseguiu encontrar a ficha da mãe Maria José Amélia, descobriu a existência de duas irmãs, e teve acesso às cartas, que indicavam a incessante busca da mãe por informação das filhas, adotadas por diferentes famílias. A história de Teresa motivou o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) a criar um banco de dados nacional com as vítimas.

Brasil separou 40 mil bebês de pais com lepra. 'Parecia campo de concentração'
Por Carolina Garcia - iG São Paulo | 09/12/2014 15:41 - Atualizada às 09/12/2014 16:47

Fonte: Último Segundo (IG)
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-12-09/brasil-separou-40-mil-bebes-de-pais-com-lepra-parecia-campo-de-concentracao.html

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Testemunhas de Jeová são homenageadas no memorial do campo de concentração de Gusen

SELTERS, Alemanha — No domingo, 13 de abril de 2014, uma placa comemorativa foi inaugurada no memorial do campo de concentração de Gusen. Ela foi feita em homenagem às 450 Testemunhas de Jeová que foram aprisionadas pelos nazistas nos campos de concentração de Mauthausen e Gusen. Mais de 130 convidados estiveram presentes para a cerimônia.

Placa comemorativa inaugurada durante cerimônia pública no memorial do campo de concentração de Gusen, em 13 de abril de 2014.

Quando as Testemunhas de Jeová chegaram ao campo de concentração de Mauthausen, o comandante as ameaçou, dizendo: “Nenhum Estudante da Bíblia sairá daqui vivo.” Martin Poetzinger sobreviveu a nove anos de prisão em Dachau, Mauthausen e Gusen. Mais tarde, ele também serviu como membro do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová em Brooklyn, Nova York. Ele falou o seguinte sobre o tempo que passou em Mauthausen: “A Gestapo [polícia secreta alemã] tentou de todas as maneiras fazer com que renunciássemos à nossa fé.”

Maio de 1945: campo de concentração de Gusen. Martin Poetzinger (sentado na primeira fileira, o segundo da esquerda para direita) com outros 23 sobreviventes, logo após serem libertos.

Algumas das Testemunhas de Jeová em Mauthausen foram transferidas para o campo secundário em Gusen. O objetivo principal de Gusen era ser um “campo de extermínio”, onde assassinatos intencionais e planejados eram parte do dia a dia. Para manter forte a fé, as Testemunhas de Jeová se reuniam à noite em pequenos grupos para conversar sobre textos bíblicos que lembravam de cor. Certa vez, elas conseguiram uma Bíblia, que foi repartida para que cada Testemunha de Jeová pudesse ter algumas páginas para ler e compartilhar. Elas usavam o pouco tempo livre que tinham para se esconder embaixo da cama e ler.

As Testemunhas de Jeová também falavam discretamente da mensagem da Bíblia com outros. Elas estudaram a Bíblia com cinco prisioneiros poloneses que foram batizados secretamente em um tanque de madeira improvisado. Uma Testemunha de Jeová chamada Franz Desch falou da mensagem da Bíblia a um oficial nazista, que acabou sendo batizado mais tarde.

O porta-voz das Testemunhas de Jeová na Áustria, Wolfram Slupina, diz: “Ficamos felizes por se lembrarem da fé e da coragem que as Testemunhas de Jeová mostraram nos campos de Mauthausen e Gusen. A determinação delas em tratar a todos com bondade e empatia cristã foi uma vitória sobre o mal que merece ser celebrada e imitada.”

Contato(s) para a mídia:

Internacional: J. R. Brown, Departamento de Informações ao Público, tel. +1 718 560 5000

Áustria: Wolfram Slupina, tel. +49 6483 41 3110
21 DE JULHO DE 2014 | ÁUSTRIA

Fonte: jw.org (site das TJ); link indicado por M. Jorge Caetano no FB
http://www.jw.org/pt/noticias/noticias-2/por-regiao/austria/campos-de-concentracao-mauthausen-gusen/

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Morre aos 102 anos Richard Rudolph, sobrevivente de campo de concentração

Morre aos 102 anos Richard Rudolph, sobrevivente do campo de concentração

SELTERS, Alemanha — Richard Rudolph, que era Testemunha de Jeová, morreu em 31 de janeiro de 2014, aos 102 anos. Richard havia sobrevivido a cinco campos de concentração nazistas e ao encarceramento debaixo do regime comunista.

Os nazistas assumiram o poder em 1933, e as atividades das Testemunhas de Jeová foram proscritas em boa parte da Alemanha. Por causa disso, 11.300 Testemunhas de Jeová foram presas pelos nazistas, e mais de 4 mil, incluindo Richard Rudolph, foram enviadas a campos de concentração. Cerca de 1.500 delas perderam a vida. Debaixo do regime nazista, Richard Rudolph passou nove anos na prisão e sobreviveu a cinco campos de concentração, incluindo os temíveis campos de Sachsenhausen e Neuengamme, onde mais de 300 mil pessoas foram encarceradas e cerca de 140 mil morreram.

Em 1944, Richard foi transferido para Salzgitter-Watenstedt, um campo satélite de Neuengamme. Suas convicções religiosas não lhe permitiam fazer nenhum trabalho associado à produção de armamentos. Por isso, ele foi ameaçado de ser executado. Mas Richard conseguiu escapar da morte porque um oficial da SS ficou tão impressionado com as convicções religiosas dele que o escondeu em um caminhão de suprimentos.

Richard Rudolph (no telhado, à direita) foi um dos prisioneiros forçados a construir o campo de concentração de Neuengamme em 1940.

Depois da Segunda Guerra Mundial, Richard continuou suas atividades religiosas como Testemunha de Jeová na zona de ocupação soviética, mais tarde chamada República Democrática Alemã (RDA). Em 1950, ele foi novamente detido e sentenciado. Ao todo, Richard passou mais de 19 anos na prisão por causa de suas crenças religiosas.

Com Ann-Jacqueline Frieser, que em 2009 ganhou
dois prêmios pelo trabalho biográfico sobre ele.
Por décadas, Richard Rudolph se dedicou a transmitir a outros a mensagem da Bíblia e o que ele aprendeu sobre o que a discriminação pode fazer com as pessoas. Em 2009, uma jovem estudante da Alemanha, Ann-Jacqueline Frieser, ganhou dois prêmios num concurso nacional intitulado “Heróis: honrados, incompreendidos e esquecidos”, apresentando a biografia e a entrevista que fez com Richard Rudolph. Ela ficou em primeiro lugar no Estado de Rheinland-Palatinate e ficou entre os três melhores alunos que ganharam o prêmio nacional.

Wolfram Slupina, porta-voz das Testemunhas de Jeová na Alemanha, disse: “Richard Rudolph, além de ter sido um querido amigo e um irmão espiritual, foi uma fonte inestimável de informação histórica. Sua vida de notável fé e coragem é um exemplo para todos nós.”

Contato(s) para a mídia:
Internacional: J. R. Brown, Departamento de Informações ao Público, tel. +1 718 560 5000
Alemanha: Wolfram Slupina, tel. +49 6483 41 3110

Fonte: jw.org (site das TJ); link indicado por M. Jorge Caetano no FB
http://www.jw.org/pt/noticias/noticias-2/por-regiao/alemanha/richard-rudolph-morre/

sábado, 19 de abril de 2014

"Há países onde os ciganos vivem pior que na II Guerra Mundial"

O Instituto de Cultura Cigana lhe homenageou por reivindicar a memória romani
José Marcos 11 ABR 2014 - 18:27 CET

A mãe de Sarguerá ajudou judeus a
escaparem para a Espanha
. / Álvaro García
Jean Sarguerá nasceu no pior dos mundos. Sua mãe, uma cigana espanhola, pariu-o em 1942, com a II Guerra Mundial no seu apogeu, no campo de internamento de Rivesaltes (Link2) (França). Ali, próximo de Perpignan, os párias da Europa compartilharam o confinamento durante três anos: republicanos que haviam cruzado a fronteira em 1939 fugindo de Franco, judeus e romanis. Até 20.000 se apertavam num recinto para menos da metade disto.

“Quando a guerra estourou pegou minha família em suas caravanas, fiéis ao princípio de 'hoje aqui' e 'amanhã no outro lado'. As autoridades lhes tiraram os cavalos, meteram meus pais e meus seis irmãos em vagões para gado e lhes enviaram para o campo de concentração", narra Sarguerá enquanto dá conta de um café expresso com um par de goles. Também conhecido como Tio Pipo, o filho de María e Baptiste foi homenageado esta semana pelo Instituto de Cultura Cigana, coincidindo com o Dia Internacional dos Roma, por toda uma vida dedicada à recuperação de sua memória histórica. Com um empenho especial: a recordação das vítimas no Holocausto.

"Desgraçadamente, há países na UE (União Europeia) onde vivemos pior que durante a II Guerra Mundial”, aponta Tio Pipo. Mostra-se especialmente crítico com a Eslováquia, onde "segregam" sua gente nas escolas. "Em muitos países do Leste nos tratam como se fôssemos retardados. Discriminam-nos na Romênia e na Bulgária... Dificultam que tenhamos acesso a um ensino decente", insiste Sarguerá. Ao par de que se mostra inquieto pelo auge na Hungria do Jobbik: anticigana e antissemita, foi a terceira força mais votada nas recentes eleições parlamentares.

"Em muitos países do Leste nos tratam como se fôssemos retardados"

“Hitler é culpado do assassinato de seis milhões de judeus, mas também da morte de meio milhão de ciganos", denuncia Sarquerá. A cifra exata de vítimas do Porrajmos ou "A Devoração", o equivalente cigano da Shoá, é desconhecido. Sim, está documentada, com detalhes, a obsessão do Terceiro Reich com a questão cigana ou Zigeunerfrage frente à pureza do sangue dos "arianos". "A esterilização de ciganos começou pouco após Hitler ganhar as eleições de 1933. Já nesses anos nos proibiram de nos casar com "arianos" na Alemanha, e inclusive se estabeleceu a Semana de Limpeza Cigana, nossa versão da Noite dos Cristais... Por fortuna, pouco a pouco estamos deixando de ser os grandes esquecidos daquele horror", mostra-se esperançoso Sarguerá, que se emociona quando conta como sua mãe ajudou vários judeus a escapar para a Espanha.

“Também conseguia alimentos trocando as mantas que colhia em Rivesaltes. Fugia-se constantemente”, acrescenta o Tio Pipo. Depois de outras peripécias, mãe e filhos fugiram quando, pouco tempo depois do nascimento de Sarquerá, Rivesaltes foi fechado e seus prisioneiros repassados para outros complexos da barbárie nazista. "Até o fim da guerra fugimos de um lado para o outro, evitando o front, dormindo debaixo de pontes... Nascer no inferno marca qualquer um", insiste Sarquerá. Enquanto parte, alguém cantoria o Gelem gelem, o hino internacional cigano. Ou o mesmo que: "Andei, andei".

Fonte: El País (ed. espanhola)
Título original: “Hay países donde los gitanos viven peor que en la II Guerra Mundial” ciganos
http://sociedad.elpais.com/sociedad/2014/04/11/actualidad/1397233656_151339.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 25 de março de 2014

Prisioneiros da guerra: os súditos do Eixo dos campos de concentração (1942-1945)

PRISIONEIROS DA GUERRA: OS SÚDITOS DO EIXO DOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO (1942 - 1945)
Autor: Priscila Ferreira Perazzo
Editora: Humanitas: Fapesp
ISBN: ISBN (Humanitas) 978-85-7732-008-0 e ISBN (Imprensa Oficial) 978-85-7060-519-1
Ano: 2009

Prefácio:
Este é um livro que perturba. Ele segue a trilha aberta pela nova historiografia brasileira sobre a participação do país na Segunda Guerra Mundial, contrapondo-se à visão apologética que construiu uma mitologia no imediato pós-guerra. Durante várias décadas, o envolvimento brasileiro permaneceu encoberto por espesso véu de ignorância e de condescendência.

Concomitantemente ao vazio na historiografia brasileira, os estudos históricos sobre o episódio multiplicaram-se através de departamentos, institutos e centros de pesquisas em muitos países, partícipes ou não, da terrível hecatombe. Uma dupla obrigação sustenta estes esforços: por um lado o direito e o dever de memória. Todo povo detém o direito fundamental e inalienável de saber o que foi feito em seu nome. Por outro lado, a capacidade de lembrança constitui importante instrumento para tentar evitar os erros e renovar os acertos do passado.

Cada geração tem a obrigação de reconstruir a memória sobre a trajetória das gerações que a antecederam. Neste sentido, reveste-se de fundamental importância o papel do historiador na renovação temática, instrumental, metodológica e, sobretudo, na luta para ter acesso a novas fontes documentais. Esta é, certamente, a maior contribuição do livro que tenho o prazer de apresentar. A presente tese atinge plenamente o objetivo que deveria ser de toda tese: uma contribuição original sobre um tema obscuro ou desconhecido. Ressalte-se que as fontes utilizadas são inéditas e a trabalhosa pesquisa de campo fornece resultados extraordinários.

No final da década de 1970, começou a surgir uma série de estudos que renovaram a historiografia brasileira. Alguns orientados informalmente por José Honório Rodrigues como os de Stanley Hilton (1) e os meus, outros como do sempre lembrado Gerson Moura (2) e posteriormente Tullo Vigevani (3), todos eles tratando essencialmente das relações exteriores do país. A memória sobre o Brasil, partícipe marginal do conflito, começava a ser construída.

Muitos outros estudos se seguiram sobre essa área que desperta, ainda hoje, um grande interesse junto a parte ponderável da opinião publica.

Todavia, os aspectos internos decorrentes do conflito internacional ainda permaneciam à sombra. Foi novamente Stanley Hilton, num texto provocativo que causou grande impacto (4), o iniciador de uma reflexão sobre temas considerados secundários do conflito. O livro de Priscila Ferreira Perazzo inscreve-se nessa perspectiva. Ele decorre de um trabalho consistente e abrangente desenvolvido no Programa de História Social da FFLCH da Universidade de São Paulo e do Projeto Integrado Arquivo do Estado/Universidade de São Paulo, que resultou na preparação e publicação de um conjunto de trabalhos fundamentais sobre a política das autoridades brasileiras com relação às supostas minorias vinculadas de alguma maneira ao Eixo (5).

O tratamento dispensado aos prisioneiros de guerra capturados junto ao inimigo e sobretudo aos que poderíamos denominar reféns das circunstâncias (supostos membros de quinta-coluna ou simplesmente detentores de vínculos com o inimigo, sejam eles de nacionalidade, de descendência ou de simpatia por sua causa), denominados neste trabalho de «prisioneiros da guerra», constitui um dos temas historiográficos de maior aridez e que impõem uma série de dificuldades de abordagem.

Em primeiro lugar, trata-se de um tema que é marginal no conjunto da historiografia dos conflitos. Se tomarmos como exemplo as centenas de obras escritas sobre a Segunda Guerra Mundial veremos que são escassos os trabalhos dedicados a estes reféns das circunstâncias. Assim, durante décadas permaneceu escondido, em razão de um misto de indiferença e de pruridos mal avaliados, o tratamento imposto, durante os anos de conflito, às minorias oriundas do Eixo estabelecidas nos Estados Unidos.

Convidado pela Professora Maria Luiza Tucci Carneiro, orientadora, participei da banca de defesa da tese de doutoramento de Priscila que resultou no presente livro. Constatada a importância da pesquisa, a metodologia, o tratamento das fontes e inovação – bases de uma boa tese – a banca discutiu longamente a natureza e, por conseguinte, a caracterização dos espaços destinados pelo Estado brasileiro para reunir os prisioneiros de guerra. Este é o segundo grande desafio da obra. Ora, a autora designa estes espaços como sendo «campos de concentração», contrariando outros especialistas que os consideram como simples prisões onde as regras eram de tal modo elásticas, a ponto de ser identificadas como verdadeiras «colônias de férias» (6).

De fato, o debate deve orientar-se pela definição da expressão «campo de concentração». Considero que, etimologicamente, trata-se de um espaço físico delimitado por barreiras (físicas, normativas e de autoridade) que separam os internos do restante da população. Não é necessária a constatação de maus tratos para caracterizar a existência de um campo de concentração. Nesse caso, muitas prisões e delegacias policiais brasileiras deveriam mudar de denominação … Por outro lado, não deve haver confusão de gênero entre os campos de concentração e os famigerados campos de extermínio. Neste sentido, o auxílio de que se vale Priscila junto aos trabalhos de Hannah Arendt são muito úteis pois o sistema concentracionário brasileiro pode ser efetivamente considerado como integrante do «limbo» cujas formas são «relativamente benignas, que já foram populares mesmo em países não-totalitários, destinados a afastar da sociedade todo tipo de elementos indesejáveis» (7).

A ocorrência de dois fenômenos contraditórios nos campos de concentração brasileiros torna mais complexa a escolha correta de sua denominação. Priscila constata que os internos de certos campos eram autorizados a manter uma vida social fora dele. Portanto, estamos diante de situações nas quais os internos gozavam de uma semi-liberdade. De outra parte, as condições de higiene, a falta de qualidade e de regularidade do atendimento médico, bem como a própria localização do campo, muitas vezes situado em lugares insalubres, fez com que muitos internos padecessem de moléstias evitáveis e viessem a falecer.

O presente livro, ao contestar uma visão idílica da história, desperta consciências e provoca desconforto. Redigido em uma linguagem coloquial, na primeira pessoa do plural, ele aborda um tema pungente. Trata-se, sem sombra de dúvida, de uma tentativa de resgate dos marginais da história e da construção de uma visão dos vencidos. Mas não unicamente isso, pois a autora opera a historia através do homem e sua condição, extraindo dela lições sobre sua natureza. Surge então o homem em sua (des)humanidade, pouco importando o que o Estado tente fazer com ele através das normas da nacionalidade que separam e opõem os humanos.

Outra importante contribuição de Priscila advém do enfoque metodológico. Uma primeira lição deve ser retida e conservada pelos leitores, especialmente aqueles que se dedicam à pesquisa. Por trás de um excelente livro como este, esta (e sempre estará em todas as grandes obras), muita dedicação, trabalho, sacrifício e espírito de equipe. Não se constrói uma obra científica somente com inspiração e ideias, mesmo que sejam pertinentes. A autora não somente percorre uma trajetória intelectual através da qual ela renova, contesta e afina seus pressupostos, mas também percorre um trajetória física que a conduz aos quatro cantos do país. A fazê-lo, demonstra que as fontes constituem a matéria-prima imprescindível do bom historiador. Mas sobretudo aproxima a História da vida e do homem. Para avaliar de maneira adequada a contribuição de Priscila, é indispensável imaginar que em cada etapa da pesquisa de campo e dos arquivos, a autora organizava as ideias, as fichas e as informações acumuladas para tentar tirar o maior proveito possível da investida. Ora, a sempre possível incompreensão dos guardiões dos arquivos paira como uma espada de Dâmocles sobre os pesquisadores, assim como a precária preparação para o trabalho de campo pode torná-lo inútil.

Apesar de ser tratado marginalmente nos estudos sobre a repressão ao comunismo e sobre o controle social no Brasil, objetos de vários estudos recentes(8), o tema da repressão às minorias originárias do Eixo constitui um vasto campo ainda a ser explorado. Trabalhos pontuais foram publicados enfocando a realidade estadual ou a micro-realidade municipal (9). Todavia falta uma sistematização e uma abrangência que somente trabalhos que se espelhem no exemplo da tese de Priscila poderão responder. Certamente se trata de uma história dolorosa mas indispensável para a construção da memória nacional.

A tese acadêmica ora apresentada ao grande público reúne grande valor para a historiografia brasileira. Posso não concordar com a utilização de um vocabulário por vezes pouco científico e com conclusões apressadas como, por exemplo, a que identifica a existência de um projeto étnico-político marcado pela xenofobia da política governamental brasileira. Todavia, o mérito do livro consiste em nos fazer entender como o governo autoritário de um pais povoado essencialmente por imigrantes enfrenta o desafio que poderia ter mudado a face das relações internacionais. Imaginando que a distância dos principais palcos de operações militares pudesse também nos manter afastados dos dramas da guerra, as nossas riquezas naturais e a forte presença de contingentes populacionais oriundos do Eixo, jogaram por terra qualquer esperança de neutralidade. O tributo que pagamos para reconquistar a paz deve ser compensado pela construção da memória. As páginas que seguem constituem inconteste contribuição.

(1). Conforme O Brasil e a as grandes potências. Aspectos políticos da rivalidade comercial (1930-1939 e O Brasil e a crise internacional (1930-1945), ambos publicados pela Civilização Brasileira em 1977.

(2). in Autonomia na dependência : a política externa brasileira de 1935 à 1942, Nova Fronteira, 1980.

(3). in Questão nacional e política exterior. Um estudo de caso: formulação da política internacional do Brasil e motivações da FEB, FFLCH-USP, 1989.

(4). Conforme A guerra secreta de Hitler no Brasil : a espionagem alemã e a contra-espionagem aliada no Brasil (1939-1945), Nova Fronteira, 1983.

(5). A primeira publicação da Coleção Teses e Monografias resultante do programa é justamente a dissertação de Mestrado de Priscila sob o titulo O perigo alemão e a repressão policial no Estado Novo, Arquivo do Estado de São Paulo, 1999.

(6). Consultar, por exemplo,CYTRYNOWICZ, R., Guerra sem guerra : a mobilização e o cotidiano em São Paulo durante a Segunda Guerra Mundial, Edusp, 2000.

(7). Cf. Origens do totalitarismo : anti-semitismo, imperialismo e totalitarismo, Cia das Letras, 1989, p. 496.

(8). As obras de Paulo Sérgio Pinheiro e mais recentemente o livro de R. S. Rose, Uma das coisas esquecidas : Getúlio Vargas e controle social no Brasil/ 1930-1954, Cia. das Letras, 2001.

(9) Cf. a obra pioneira de René Gertz no Rio Grande do Sul e as mais recentes de Maria Hoppe Kipper sobre o impacto da política de nacionalização em Santa Cruz do Sul e o interessante livro de SGANZERLA, C., A lei do silêncio : repressão e nacionalização no Estado Novo em Guaporé (1937-1945), Ed. UPF, 2001.

Ricardo Seitenfus

Doutor em Relações Internacionais pelo Institut Universitaire des Hautes Etudes Internationales (Genebra) e autor, entre outras, da obra O Brasil vai à Guerra, São Paulo, Editora Manole, 2003, 3a. edição, 365 p.

Fonte: site da USP
http://www.usp.br/proin/publicacoes/detalhes_publicacoes.php?idLivro=32&idCategoriaLivro=5

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Oficiais da Waffen-SS que também serviram em campos de concentração, extermínio e Einsatzgruppen

Belzec - SS guardas
Entre os aficionados da história militar, em ocasiões existe certa confusão sobre se os membros da SS armadas (SS-Verfügungstruppe, mais adianta a Waffen-SS) eram simplesmente soldados profissionais, e que não tinham nada a ver com o pessoal dos campos de concentração (SS-Totenkopfverbände) ou da SS "normal" (SS Allgemeine). Ou seja, se as siglas comuns era algo assim como uma simples coincidência, e que o pessoal de uma organização não tinha nada a ver com as outras. Que Theodor Eicke, primeiro inspetor do Konzentrationslager havia morrido como comandante da divisão Totenkopf foi apenas uma coincidência. Que Joaquim Peiper houvera servido entre janeiro e março de 1936 em Dachau, e que como ajudante administrativo da oficina de Himmler, participasse na planificação da administração da Polônia, e visitasse com ele os campos de concentração, guetos etc, não elimina o fato de que fora um destacado oficial de combate.

Na continuação reproduzo duas tabelas com os oficiais da Waffen-SS que por sua vez serviram em campos de concentração, inclusive de extermínio, assim como nos Einsatzgruppen. O serviço nessas unidades se dava tanto antes como depois de estarem destinados a unidades de combate, e os motivos podiam ser muito diversos: pessoal destinado à frente oriental como castigo, feridos incapacitados para o serviço no front, ou simples necessidade de suas capacidades profissionais, segundo as circunstâncias de cada um. Por exemplo, Josef Mengele, o famoso médico de Auschwitz desde 1943, foi recrutado em 1940 pela Wehrmacht, e foi voluntário da Waffen-SS, servindo na 5ª Divisão SS "Wiking", onde ganhou a cruz de ferro de 2ª e 1ª classe. Uma ferida numa perna fez com que em 1942 ele se declarasse não apto para o front.

Evidentemente esta tabela conta apenas os oficiais, não suboficiais e tropa, que também serviram na execução do genocídio. O Einsatzgruppen A, por exemplo, adscrito ao grupo de exércitos Norte, de 990 integrantes, 340 pertenciam a Waffen-SS. Outro terço era das distintas polícias do Reich, e o restante do pessoal de serviço (condutores, intérpretes, operadores de comunicações...) fornecidos pela Wehrmacht.

Terá que recordar que um dos objetivos declarados da Waffen-SS era proporcionar às forças policiais o prestígio que implicava ao participar do combate, e que ninguém pudesse lhes repreender que haviam se dedicado a trabalhos de retaguarda enquanto a nação lutava na frente de guerra. Enquanto as unidades estrangeiras, em sua imensa maioria oficiais e suboficiais eram alemães ou Volksdeutsche (alemão étnico). No final da guerra muitos batalhões de polícia auxiliar ou serviços uniformizados de populações deste (estonianos, letões, ucranianos, e em menor proporção lituanos) passaram como batalhões inteiros a servir em campos de concentração ou trabalhos antipartisans da Waffen-SS. Isto não significava que se converteram em membros da mesma de pleno direito, só que serviam nelas; em muitas ocasiões não levavam no pescoço as runas da SS, senão símbolos nacionais. Seus membros condecorados, inclusive os escassos oficiais e suboficiais, não foram inscritos no livro de honra da Waffen-SS.

Número
Divisão
Oficiais que serviram em Kz/ Ks / campos de  extermínio
Oficiais que
serviram nos Einsatzgruppen
«Leibstandarte Adolf Hitler»
16
3
«Das Reich»
39
1
«Totenkopf»
159
1
«Polizei»
29
3
«Wiking»
45
-
«Nord»
57
-
«Prinz Eugen»
23
-
«Florian Geyer»
28
1
«Hohenstaufen»
22
2
10ª
«Frundsberg»
20
-
11ª
«Nordland»
12
-
12ª
«Hitlerjugend»
6
1
13ª
«Handschar» (Kroatische Nº 1)
9
-
14ª
«Galizische» o Galicia (Ukrainische Nº 1)
5
1
15ª
Lettische Nº12
5
-
16ª
«Reichsführer-SS»
17
1
17ª
«Götz von Berlichingen»
15
-
18ª
«Horst Wessel»
7
1
19ª
Lettische Nº2
3
1
20ª
Estnische Nº1
7
1
21ª
«Skanderbeg»
4
-
22ª
«Maria Theresia»
3
-
23ª
«Kama» (Kroatische Nº 2) Foi dissolvida em fins de 1944. Os restos se trasladaram para a Nederland, com o mesmo número 23.
5
-
23ª
Nederland, formada depois da dissolução da divisão 23ª “Kama”.
-
24ª
«Karstjäger»
1
-
25ª
«Hunyadi» (Ungarische Nº 1)
2
-
26ª
«Hungaria» (Ungarische Nº 2)
3
-
27ª
«Langemarck» (Flämische Nº 1)
5
-
28ª
«Wallonien»
0
-
29ª
(anteriormente «Brigada Kaminski», Russische Nº 1)
3
1
29ª
Italienische Nº 1
30ª
Russische Nr. 2
2
-
30ª
Weißruthenische Nº 1
2
-
31ª
31ª SS-Freiwilligen Grenadier Division
2
-
32ª
«30 Januar»
-
33ª
Ungarische Nº 3
-
33ª
«Charlemagne»
1
-
34ª
«Landstorm Nederland»
6
-
35ª
35ª SS-Polizei Grenadier Division
1
-
36ª
36ª Waffen Grenadier Division der SS
7
1
37ª
«Lützow»
0

38ª
«Nibelungen»
0
1

Glodsworthy, Terry: Valhalla’s Warriors: A history of the Waffen SS. Dog Ear Publishing. Indianapolis, Indiana, 2007 (mostra duas tabelas separadas). Sua fonte são os livros de French L. MacLean: The Camp Men: The SS Officers Who Ran the Nazi Concentration Camp System y The Field Men: The SS Officers Who Led the Einsatzkommandos – the Nazi Mobile Killing Units, Schiffer Military History, 1999 y 2001. De uns mil e cem oficiais da SS estudados por MacLean com responsabilidades no sistema concentracionário, uns quinhentos haviam servido na frente, na Waffen-SS. As cifras não são definitivas, por exemplo. Recentemente Trang ampliou o número de oficiais da Totenkopf implicados, de 159 para mais de duzentos.

Fonte: Blog antirrevisionismo (Espanha)
Título original: Oficiales de las Waffen SS que también sirvieron en campos de concentración, exterminio, y Einsatzgruppen
http://antirrevisionismo.wordpress.com/2013/04/15/oficiales-de-las-waffen-ss-que-tambien-sirvieron-en-campos-de-concentracion-exterminio-y-einsatzgruppen/
Trecho do livro: Glodsworthy, Terry: Valhalla’s Warriors: A history of the Waffen SS.
Tradução: Roberto Lucena

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