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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Os Diários de Joseph Goebbels Online

O texto não iria tratar propriamente deste acesso online aos diários de Goebbels no site da Univ. de Oxford (Reino Unido), mas como o link pode servir de referência, colocarei a tradução do post de outro blog (da própria Oxford) abaixo (que facilitou a enumeração, pois já havia salvo textos sobre isso mas pra reler as informações de novo é complicado/ruim).

Há uma edição lançada em alemão com cinco volumes dos diários de Goebbels, sem tradução pra outro idioma. Confiram (tive que colocar o link pra Amazon mesmo porque não encontrei descrição no skoob ou Google Books):
Joseph Goebbels, Ralf G. Reuth ed., "Joseph Goebbels. Tagebücher 1924 - 1945. 5 Vol."

Fui atrás de um "review" (crítica/resenha) desta coleção pra colocar aqui e não achei (nada razoável), exceto isso (extenso demais pra traduzir), por isso estou colocando o texto de outra série abaixo, pois no site da Oxford apontam que o número de volumes do diário é muito superior a cinco volumes, mas pode ocorrer desses volumes a mais estarem condensados nesta edição de cinco volumes (hipótese), mas não tenho informação sobre isso (pra confirmar).

O fato é que não há tradução em editoras nacionais (brasileiras) de nenhuma parte lançada do Diário de Goebbels em outros idiomas (inclusive o espanhol), sendo que há edições conhecidas. Pelo menos não que eu lembre de alguma. Já vi edição lançada em Portugal de edições lançadas em inglês, e em espanhol, como esta. Mas são pedaços, fragmentos.

Num momento de "histeria" sobre o relançamento de "Mein Kampf" (Minha Luta) de Hitler, o post serve pra ilustrar como esta histeria é irracional e datada/anacrônica, pois é uma histeria seletiva: por que há uma grita com o livro de Hitler e não sobre as outras publicações de outros nazistas? Seriam os outros mais "leves" (menos antissemitas) que Hitler? A destruição do nazismo se deveu a uma única pessoa? Ainda há essa crença? Isto se deve à ignorância ou à cabeça de quem resume nazismo e III Reich a Hitler. Quem acompanha o blog já deve ter visto alguns comentários que ilustram bem isso que eu digo, com o diálogo travado por histeria.

Eu sou contra a proibição da edição do "Minha Luta" no Brasil, a proibição só serve pra carregar a pecha de censura e não serve pra absolutamente nada pois qualquer pessoa encontra esses livros fácil pela web. Deveriam se preocupar em tentar traduzir uma edição comentada (há duas lançadas em Portugal e Espanha, só pra constar, uma em cada país) em vez de ficar com essa postura anacrônica como se ninguém tivesse acesso ao livro com internet à disposição. Achar que livros ainda só são repassados pelo meio físico é ignorância pesada. Não se combate racismo e preconceito por decreto e sim com conhecimento (ou acesso a ele, como é feito em sites de Univ. dos EUA como este que tem o processo Lipstadt x Irving todo disponível, com muita informação de gente de peso), desmontando esse tipo de pregação.
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Novo: Os Diários de Joseph Goebbels Online
Publicado em 10 de janeiro de 2013 por iholowaty

Os usuários do site da Oxford agora têm acesso ao "Die Tagebücher von Joseph Goebbels Online" (The Diaries of Joseph Goebbels Online/ Diários de Joseph Goebbels Online).

Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler para o Reich entre 1933-45. Como membro destacado do Partido Nacional-Socialista Alemão e Ministro da Propaganda do governo de Hitler de 1933-1945, os diários de Joseph Goebbels são uma fonte chave para entender o Terceiro Reich e a história do Partido Nazista e até mesmo do próprio Hitler.

Esta edição em alemão é publicada pelo Institut für Zeitgeschichte (IFZ). Ela inclui a transcrição de todos as entradas manuscritas dos anos de 1923 até julho de 1941 e as subsequentes citações até 1945, e é baseada na reprodução dos diários completos em microficha – comissionada pelo próprio Goebbels - que foi descoberto por Elke Fröhlich no antigo arquivo especial em Moscou.

Pela primeira vez, este banco de dados dá a pesquisadores a chance de acessar os diários de Joseph Goebbels eletronicamente (digitalmente) usando o valioso índice por assuntos que até então estava disponível apenas em edição impressa.

Séria publicada na Biblioteca Bodleian:

Die Tagebücher von Joseph Goebbels. Teil I, Aufzeichnungen 1923-1941. 9 vols.

Die Tagebücher von Joseph Goebbels. Teil II, Diktate 1941-1945. 15 vols.

Die Tagebücher von Joseph Goebbels : sämtliche Fragmente. Teil 1, Aufzeichnungen 1924-1941. 4 vols.

Die Tagebücher von Joseph Goebbels. Teil III, Register 1923-1945. 3 vols.

Fonte: blog da Bodleian History Faculty Library, Universidade de Oxford (Inglaterra)
http://blogs.bodleian.ox.ac.uk/history/2013/01/10/newgoebbelsdiaries/
Título original: New: The Diaries of Joseph Goebbels Online
Tradução: Roberto Lucena

Adendo: os "revisionistas" (negacionistas) tem uma neura com esses diários de Goebbels, tem ou tinham... eles alegam (pelo menos os de fora) que os diários são falsificações ou "cria" dos Aliados, por isso que você dificilmente encontrará cópias digitalizadas desses diários em sites "revis" ou neonazis. Eu nunca vi. Não sei em que pé anda essa "neura" deles atualmente com os diários, mas historicamente eles sempre manifestaram esta posição.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Sobre as traduções do blog e o Google tradutor

Nunca comentei o assunto pois achava que não tinha importância (e de fato, continuo achando que tem muito pouca), sobre o título do post.

Mas pra que ninguém pense que foi um caso isolado, pois só dá pra comentar quando alguém cita/critica, uma vez, há muito tempo atrás, olhando o termo Ustasha, achei a transcrição de um dos textos do blog (a primeira tradução sobre a Ustasha no blog, que já fiz um adendo criticando o próprio conteúdo do livro usado pois o texto é problemático) com uma crítica à tradução feita, que não era bem crítica, era um achincalhe, reclamação sem apontar os erros.

Quem quiser ler um texto sério (rigoroso) sobre a Ustasha, favor ler o ensaio do diplomata e historiador sérvio, Dusan Batakovic, começa aqui (o texto original estava em francês):
O genocídio do Estado Independente Croata 1941-1945 - Parte 1

Continuando... achei desrespeitoso e sem propósito a crítica sobre a tradução do texto do Ustasha, mas deixei pra lá. Não se deve responder toda crítica mesmo que seja grosseria (é desgaste sem propósito), pois quem critica ao menos deveria dizer o que está errado e não simplesmente dizer que "não presta". Mesmo porque, os textos são uma "cortesia". Ou alguém acha textos relevantes sobre Holocausto em abundância na web (em português)? Em inglês existem vários, em espanhol é relativo, mas em português a coisa é pífia. Só acho estranho que alguém ache a tradução ruim sem comparar/ler o texto original, mas tudo bem.

Também vi críticas a traduções sobre o blog do Daniel (Avidanofront) em algum site "revi" (faz tempo que vi o "piti", não salvei os links), como se fosse "pecado" alguém usar o tradutor do Google pra ajudar com textos em russo (ou outro idioma) e adaptar o texto corrigindo manualmente. Obviamente foi 'frescura' de algum "revi". Na ausência do que criticar (ausência de argumento pra negar o texto), malha-se a tradução.

Voltando ao assunto, este tema voltou à tona porque comentaram que a tradução de um post antigo sobre a Legião Azul (clique aqui) seria de "tradutor automático", mas não é. Até já respondi dizendo que não é. Mas aproveito o post pra esclarecer o assunto.

E não se trata de uma crítica a ninguém, apenas como tocaram no assunto, irei comentar sobre o mesmo (aproveitando a deixa).

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Todas as traduções do blog, principalmente as do espanhol pro português, não são de "tradutor automático", nunca foram. Nenhuma tradução do blog (em qualquer idioma) é de "tradutor automático", podem verificar, caso queiram, num "universo" de 1647 posts (não se assustem com o número, tem muito post antigo que é de matéria de jornais, mas tem muita tradução). Qualquer menção a textos de terceiros é indicada a fonte (origem).

Nenhuma tradução do blog (tem tradução do inglês, espanhol, francês, italiano e até do alemão) é ou foi de "tradutor automático".

Não há o menor sentido em colocar "tradução" de "tradutor automático". Se acaso isso acontecesse haveria um aviso, mas todas as traduções do blog não são de "tradutor automático".

O Google Tradutor ajuda sim em traduções do inglês, francês e italiano (ou outro idioma que a pessoa não domine), mas é tudo relido, corrigido etc, ou seja, a "ajuda" do "tradutor automático" jamais será o texto final, pois a a "tradução automática" contém muitos erros de concordância e de tradução de termos etc, seria fácil notar.

Traduções do espanhol eu sequer usei algum dia o Google Tradutor (nunca usei pro espanhol), só olho uma palavra ou outra no Wordreference pois traduzo direto o texto inteiro por já estar familiarizado com o idioma.

Uma forma correta de comentário crítico foi a que o Stéfano (acho que foi ele que comentou) fez uma vez corrigindo o termo "espalda" ("costas" em espanhol/castelhano, lembro disso) que eu havia traduzido errado porque não vi o erro ou passei direto pelo termo (lendo rápido a gente pode ignorar alguma palavra, esqueci de traduzir por não revisar o texto (isso pode acontecer também), não foi algo intencional.

Mas voltando ao tema de novo, seria fácil verificar se foi uma tradução automática, de cara: o tradutor automático não coloca "ênclise" na conjugação de verbos com artigos. Como por exemplo, no texto original está escrito assim:
"Nos referimos a La División Azul. Sangre española en Rusia, 1941-1945 (Barcelona, 2004); Hitler y Franco. Diplomacia en tiempos de guerra, 1936-1945 (Barcelona, 2007); y ahora ha publicado"
No traduzido a ênclise aparece, que não há no espanhol:
"Referimo-nos ao livro "La División Azul. Sangre española en Rusia, 1941-1945" (Barcelona, 2004) [A Divisão Azul. Sangue espanhol na Rússia, 1941-1945]; Hitler y Franco. Diplomacia en tiempos de guerra, 1936-1945" (Barcelona, 2007) [Hitler e Franco. Diplomacia em tempos de guerra, 1936-1945]; e agora se publica"
Fora que, havia palavras adicionadas à tradução no post que não estão no texto original, como "livro" que não consta no texto original do post da "Legião Azul". Mantive a estrutura do texto muito próxima (sempre faço isso).

Também deixei propositalmente o nome original em espanhol dos livros citados, caso alguém quisesse olhar os títulos sem precisar clicar no link do texto original (com a tradução livre do título ao lado). Isso é feito porque o grosso da publicação sobre segunda guerra (no teatro europeu, asiático e norte-americano) sai todo fora do Brasil, sai primeiramente fora, e não há divulgação disso de forma adequada em meios brasileiros (Universidades etc), embora tenha ocorrido avanços (a trilogia do Richard Evans foi lançada, bem como alguns livros do Ian Kershaw, uma das referências atuais sobre Hitler e nazismo). O material citado é de ponta, muitos nem traduzidos foram pro português enquanto se edita e se divulga muita besteira no Brasil.

Nenhum mecanismo de tradução automática "traduz" dessa forma. E seria formidável que fizessem.

Alguém não gostou da tradução? Paciência. Se há algum problema com o texto (é ruim?), pode ser o original, não a tradução. Mas cada um vê de uma forma, eu achei pertinente, por isso traduzi e publiquei, porque gosto de temas ligados à guerra civil espanhola.

'Gosto' cada um tem o seu, mas dá pra entender o texto inteiro (que não foi muito revisado, é de 2014 e ninguém havia reclamado).

O que afirmo, sem medo, é que eu não deixaria de ler algo que interessasse porque não gostei de tradução A ou B, a menos que fosse incompreensível (não é o caso). Se fosse esse o caso, procuraria ler o original (se conseguisse entender o idioma).

O que ocorre, como citei acima, é que tento manter ao extremo a estrutura do texto original, principalmente numa língua próxima ao português (o espanhol/castelhano), por isso os textos ficam muito parecidos se passarem a vista rápido, mas é só aparência, os textos estão em idiomas distintos (se lerem com calma os dois).

E explico o motivo dessa preferência.

Eu não tenho qualquer simpatia com essa 'neurose' que alguns têm com a língua portuguesa de querer fazer "poesia" com traduções (alterar o texto pra ficar mais "bonito", "rebuscado", "enfeitado"), existe essa mania insuportável no Brasil e em outros países, o de olhar a forma e só depois prestar atenção ao conteúdo. Considero isso dispensável, tolice. Quando pilho alguém com isso, pode ter certeza que é sacanagem (proposital, provocação).

Tenho uma visão "meio" 'britânica' (utilitarista) sobre esse tipo de questão: a de que quanto mais prático for, melhor.

Caso alguém se sinta ofendido ao ler este comentário, não foi um desabafo ou algo ofensivo e sim explicativo, apenas só poderia comentar o fato quando alguém o cita. Como não comentei antes veio a calhar de comentar agora.

Se o povo interagisse na caixa de comentários apontando algum erro seria até desnecessário o post.

Mas reforçando, eu tenho essa visão/postura "britânica" (utilitarista), e não tenho a mínima pretensão em mudar essa visão sobre traduções (que eu diria que não é uma visão só sobre traduções, é algo geral).

Não gosto de coisas espalhafatosas, rebuscadas demais, vejo isso como frescura, afetação e na maioria dos casos como algo desnecessário, que só impressiona "trouxa" (gente que se impressiona fácil com tudo). Um preciosismo desnecessário que persiste na mentalidade brasileira/portuguesa.

O que chateia é que esse tipo de comentário que fiz acima, muitas vezes é interpretado como "grosseria" ou "patada" por gente mais "sensível" ou que se ofende muito fácil. Mas não se trata de uma grosseira e tampouco de uma "patada". O povo no Brasil (e em outros países) anda muito "sensível" com qualquer colocação, comentário.

Não levem tão pro lado pessoal alguma colocação feita de forma séria, exceto se for mesmo uma agressão (todo mundo sabe que o tom de uma agressão é muito mais acima, elevado, que esse tipo de comentário).

Só finalizando, a escolha por traduzir textos foi intencional, há muito material de qualidade publicado fora que não tem publicação no Brasil (ou em qualquer país de língua portuguesa), que a maioria das pessoas não leria se estivesse no idioma original.

É uma vergonha a disponibilidade de material de História online proveniente de Universidades no país na web (vou me ater ao Brasil pra evitar atrito com outros países). Sobre qualquer tema, não só sobre segunda guerra. Persiste a mentalidade de "clube privê" nas Universidades do país, de que só quem tem que ter acesso é quem está "dentro", "patotinha". Agora sim estou fazendo um desabafo, pois quando comentei uma coisa sobre um assunto no Orkut que não lembro mais, com uma historiadora, recebi uma resposta seca (com má vontade), como se achassem que alguns comentários são uma "intrusão" com eles, como se fossem uma "casta". Saiam dessa, saiam desse devaneio. Tem texto de historiador de peso estrangeiro sobre segunda guerra no blog e não os vejo (em entrevista) com esse "surto de pavão" que alguns historiadores ficam no Brasil, principalmente depois do advento do Orkut que popularizou a disciplina de História.

Só vejo esse comportamento no Brasil (não creio que seja o único país com isso, mas aqui é o país que interessa mais). Se esse pessoal se preocupasse com divulgação de material online como ocorre nos EUA (eu não nutro simpatia alguma pela política externa daquele país, pra não dizer que odeio, mas dou a mão à palmatória com o que eles têm de bom, como esse acesso público a material de qualidade em Universidades que é algo fora de série e sites online como o "The Holocaust History Project"), não haveria tanta proliferação de porcaria (extremismo) na rede pelo descaso das Universidades do país (descaso e má vontade). Não haveria fenômeno de "astrólogos" posando de "filósofos" porque os de verdade se escondem, não haveria tanto analfabetismo científico e político no país.

O blog não conta com ajuda de ninguém, entidades etc, exceto o pessoal do blog e o pessoal do Holocaust Controversies (blog em inglês) do qual o Roberto Muehlenkamp faz parte e já contribuiu com textos fora de série, até em português (publicados aqui). Há muitos posts com tradução de posts do Holocaust Controversies aqui no blog, e o blog Holocaust Controversies vale a pena ser acompanhado (caso alguém tenha facilidade com o inglês e se interesse pelo tema segunda guerra).

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

El Holocausto En Documentos - Yad Vashem - Livro

Agradecendo tardiamente pois este post sairia em 2013 e acabou não dando pra colocar. Gostaria de agradecer publicamente ao Daniel (do blog Avidanofront) pelo envio de cópia desse livro El Holocausto en Documentos (link2) além de um exemplar do livro O Crime Metódico que citei aqui no final do ano passado, acrescidos de mais 3 livros raros sobre o Holocausto (pois estão fora de catálogo): O Nono Círculo (do jornalista francês Christian Bernadac), Dias Sem Fim (do mesmo autor) e Triângulo Vermelho (de Catherine Roux).

O livro Holocausto en Documentos tem edição em inglês também, título: Documents on the Holocaust: Selected Sources on the Destruction of the Jews of Germany and Austria, Poland, and the Soviet Union (clique aqui) e é uma publicação do Yad Vashem, cheio de documentos sobre o extermínio nazi na segunda guerra (fontes primárias).

Pra quem "ainda" tem dúvidas sobre o que seja um livro de História (pois não acredito que alguém interessado no assunto não saiba distinguir uma coisa da outra), o livro citado acima, El Holocausto en Documentos é um livro de História, já isso aqui é um panfleto "revisionista" (negacionista): Professor Robert Faurisson - As vitórias do revisionismo, hospedado num site de apologia do nazismo e antissemita com os seguintes dizeres: "Os judeus são nossa desgraça!".

Pelo menos, se é que dá pra dizer isso, esses "revis" do "Der Stürmer" são sinceros, não ficam negando que sejam antissemitas e viúvas de Hitler como a maioria dos "revis" quando são indagados sobre essas questões.

O título do site neonazi com suástica e tudo, no caso o termo "Der Stürmer", é alusivo a uma publicação nazista (de mesmo nome)que circulava no III Reich, de Julius Streicher, um notório nazista fanático que foi condenado no julgamento de Nuremberg à pena capital. Mais sobre o Streicher você pode ver aqui: Der Giftpilz (O Cogumelo Venenoso) - propaganda nazi para criancas no III Reich.

Mas voltando ao teor inicial do tópico, torço pra que saiam mais livros como este do Yad Vashem, em espanhol (por conta da proximidade dos idiomas, pra quem fala português consegue entender com certa facilidade o que é escrito em espanhol), já que esperar pela publicação deste tipo de livro em português beira a tolice (dificilmente lançam algo relevante, e quando o fazem, sai com preço elevado). O curioso é ver como antigamente no Brasil eram publicados vários livros interessantes sobre segunda guerra e Holocausto e hoje em dia só lançam perfumaria (romances e essas coisas).

sábado, 7 de abril de 2012

Livro: "Soldaten" em espanhol, de Sönke Neitzel e Harald Welzer

Saiu em espanhol esse livro Soldaten, lançado em alemão e agora com a tradução pro espanhol com o título Soldados del Tercer Reich (Testimonios de lucha, muerte y crimen), de Sönke Neitzel e Harald Welzer. Para quem quiser ler um livro bom sobre o período do nazismo e sobre os crimes do regime, eis uma dica (pela proximidade do idioma) já que o título não foi traduzido para o português e é difícil que saia no Brasil.

Se possível, essa matéria do El País (Espanha) sobre o livro será colocada depois aqui (traduzida): Así mataban los soldados de Hitler

A ideia é de futuramente fazer um ranking de livros (listando uns 10 ou 20 apenas) sobre o Holocausto lançados em português (e possivelmente em espanhol e inglês) para servir de consulta para quem for procurar livros sobre o tema, indicando os que a gente considera como principais sobre o assunto (pelo menos os que se encontram em catálago). Embora haja no blog a parte de bibliografias, com uma lista muito maior, caso alguém tenha interesse em consultar.

sábado, 29 de agosto de 2009

Shlomo Venezia relembra as memórias de prisioneiro no Holocausto no livro "Sonderkommando"

Shlomo Venezia relembra as memórias de prisioneiro no Holocausto no livro "Sonderkommando"

"Na luta contra o esquecimento, o judeu Shlomo Venezia - hoje com 84 anos - lembra-se dos comboios da morte, das regras dos campos de concentração, mas sobretudo, dos trabalhos nas câmaras de gás. Recentemente esteve em Portugal para apresentar o livro "Sonderkommando", que significa Comando Especial. O jornalista José Manuel Rosendo, esteve à conversa com o autor sobre esta obra que retrata um episódio negro da História."



Escutar o áudio da entrevista abaixo, narrador comenta em português, Shlomo Venezia comenta em espanhol.



Pra quem quiser acessar diretamente na página: site da RTP

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

"Ninguém pode imaginar o que é um campo de concentração"

David Moyano: no lenço, as cores da bandeira republicana espanhola

David Moyano lutou contra Franco na Guerra Civil Espanhola, combateu os nazistas com o exército francês na Segunda Guerra e sobreviveu a um campo de concentração alemão. Aos 86 anos, ele recebeu DW-WORLD.DE em Bruxelas.

"Vou usar um distintivo para que você saiba que sou espanhol", dissera David Moyano ao telefone, quando combinávamos um ponto de encontro na estação de trem de Bruxelas. "Não se preocupe, você vai logo ver que sou espanhol", assegurou, quando tentei obter mais detalhes.

Eis que me encontrava na abarrotada estação de Bruxelas, tentando identificar um espanhol no meio da massa de gente. O que distingue um espanhol dos outros? Nos campos de concentração nazistas, era o triângulo azul com um "S" que portavam sobre a camisa do uniforme. "S" de "Spanier", "espanhol" em alemão.

O espanhol ainda tem o lenço azul com o 'S' que indicava sua nacionalidade no campo de concentração de Mauthausen

No campo de concentração de Mauthausen, na Áustria, onde Moyano ficou entre 1941 e 1945, o emblema salvou sua vida. Acusado de um furto tão insignificante quanto improvável, ele foi espancado pelos SS alemães até ser dado por morto. Inconsciente, foi largado às portas do crematório, um corpo na neve. Alguém viu o "S" em seu uniforme e, percebendo que estava vivo, avisou outros espanhóis. Os compatriotas o resgataram.

David Moyano sobreviveu a Mauthausen. Eu o encontrei, andando pela estação central de Bruxelas, com um lenço no pescoço. Era um triângulo azul com um "S" estampado. Reconheci-o imediatamente.

"Não sou um desertor"

Hoje, David Moyano tem 86 anos e vive em um residência belga para idosos que lhe custa toda a sua pensão, comenta indignado. Da França, ele ainda recebe uma pequena renda pelos tempos que lutou ao lado do Exército na Segunda Guerra Mundial, "e esta é toda para mim". Ele tira do bolso um saquinho de plástico para mostrar seu documento de ex-combatente e sua identidade de deportado político, herança de sua militância durante a Guerra Civil Espanhola. "Não preciso de passaporte. Quando vou à França, mostro isso e basta. Não me fazem mais perguntas", diz, orgulhoso.

Moyano sempre carrega seu documento francês de ex-combatente e deportado político

Moyano e os demais republicanos espanhóis são curiosos heróis que perderam todas as batalhas. Eles foram derrotados na Guerra Civil. Na Segunda Guerra Mundial, ainda que os melhores tenham vencido, a permanência do ditador Francisco Franco no poder fez o gosto de fracasso prevalecer. A Espanha de Franco os despiu de sua nacionalidade por terem lutado contra as tropas nacionalistas. E, no entanto, a convicção de haver arriscado a vida pelo justo e o correto lhes concede a aura de quem triunfou em cada batalha.

"Eu tinha acabado de completar 14 anos quando me alistei no exército republicano. Foi na 118ª bateria, e nos mandaram para o Campo da Bota." Lá deveriam estar forças da União Soviética, que havia se engajado no apoio às tropas republicanas no combate às forças nacionalistas de Franco. Mas os soviéticos já haviam recuado, e a bateria de Moyano foi substituí-los. Os aviões que vinham bombardeá-los tampouco eram espanhóis: eram alemães ou italianos, aliados da guerra de Franco.

A Guerra Civil Espanhola durou três anos, de 1936 a 1939. O apoio que o chamado "Movimiento Nacional" obteve dos regimes fascistas da Alemanha e da Itália era o dobro do apoio oferecido aos republicanos pela União Soviética. Este não foi o único nem o principal motivo, mas os republicanos não puderam defender suas posições. "Eu tinha um tio no governo, e um dia ele me disse que naquela noite eles fugiriam, que eu não deveria voltar à bateria porque os falangistas estavam chegando. Mas eu não sou um desertor."

Da pátria perdida para a luta contra Hitler

O encontro com ex-companheiros na luta republicana foi registrado nesta foto

Mas a guerra estava perdida. David Moyano acabou atravessando a fronteira e se refugiando na França, como tantos outros. "Na França nos disseram: 'os que quiserem juntar-se a Franco, fiquem à direita; os que quiserem ficar aqui, à esquerda.' Os que foram para a direita foram mandados para a Espanha. Já nós ficamos, com a República."

A Segunda Guerra Mundial acabara de começar e o exército francês pediu voluntários para lutar contra a Alemanha nazista. Moyano e seus companheiros ingressaram no Batalhão Alpino. "Fomos para a montanha construir uma estrada militar e tínhamos que ir até a fronteira com a Itália. Ha ha ha! Aquilo era o máximo! Éramos todos jovens e valia a pena fazer tudo aquilo."

Após a queda da Linha Maginot, os nazistas ocuparam a França

"Mas então nos mandaram para a Linha Maginot." A Linha Maginot deveria proteger as fronteiras francesas, mas quando foi quebrada pelos nazistas, em 1940, o caminho para Paris ficou escancarado. "Estávamos rodeados. Nosso capitão disse 'salve-se quem puder', e nós, que éramos só algumas dúzias, fugimos para a montanha. Acho que eu me tremia dos pés à cabeça de medo dos alemães."

Na Linha Maginot, Moyano e seus companheiros foram aprisionados. No dia 25 de janeiro de 1941, eles foram deportados para o campo de concentração Mauthausen, perto da cidade de Linz, na Áustria. "Eu me lembro bem, porque o dia que nos fizeram ir à estação e disseram que não tínhamos que levar nada porque nos dariam roupas no lugar para onde iríamos, era meu aniversário."

Em casa, o passado do campo de concentração nas paredes

David Moyano entre as recordações do passado que guarda em casa

"Rendezvous", escreveu Moyano no calendário, marcando o dia para o qual nosso encontro estava marcado. O "rendezvous" era eu. Custa-lhe lembrar as coisas atuais; a memória, ele a guarda para não se esquecer do passado. No presente, Moyano vive com sua mulher num asilo, num pequeno apartamento. Um banheiro, uma pequena cozinha, uma sala e um quarto de dormir. A porta que dá para o corredor está sempre aberta, e por lá circula sem cessar um exército de enfermeiras.

A casa de Moyano parece um museu de Mauthausen. Em cada canto há uma foto, um recorte de jornal, um livro sobre o campo de concentração. Ele passou quatro anos em Mauthausen, que ficou conhecido como "o campo dos espanhóis". Sete mil de seus compatriotas foram deportados para lá. Mais de 4.300 morreram. "Ninguém pode imaginar o que é isso", diz, e conta histórias que mostram o quão dramáticos podem se tornar o frio e a fome.

A escada da morte: os prisioneiros carregavam blocos de pedra por seus 186 degraus e 31 metros

Os nazistas escolheram aquela região para construir Mauthausen, conta ele, porque "a pedra lá era boa". Os presos extraíam granito de uma pedreira, e a rocha era então usada para recobrir ruas de Viena e de cidades alemãs. Com os blocos de pedra nas costas, eles subiam a escada da morte: 31 metros e 186 degraus. Os SS se divertiam ao fazê-los cair.

"Eu sobrevivi ao campo porque era jovem, e porque não passei todo aquele tempo na pedreira", diz Moyano. Quando as tropas norte-americanas libertaram Mauthausen, em 5 de maio de 1945, ele já não trabalhava no campo. Alguns presos eram enviados a fábricas vizinhas para servir de mão-de-obra gratuita.

"Estou morto para a Espanha"

Heinrich Himmler, comandante-chefe das SS, em visita a Mauthausen

"Depois da guerra, fomos obrigados a ir para a França", lembra Moyano. "Lá nos trataram bem, fomos atendidos por médicos. Eu tinha perdido alguns dentes nas derrotas e tinha sido operado de uma úlcera em Mauthausen. O médico me perguntou onde eu tinha sido operado, e eu respondi que no campo de concentração. Ele já não disse mais nada."

O médico certamente terá pensado no mau hábito nazista de fazer experimentos médicos com presos no campo de concentração. Mauthausen ficou especialmente conhecido por esta prática.

Moyano guarda livros e fotos sobre Mauthausen; na foto, um preso sendo levado para a execução

Depois da Segunda Guerra Mundial, a França se encarregou da maior parte das vítimas espanholas do nazismo. A Espanha, que não havia feito nada para impedir o envio de seus cidadãos para campos nazistas, aprovou, em 1951, um decreto que os despia definitivamente de sua nacionalidade espanhola. Os afetados foram todos aqueles que haviam sido deportados, ou os que haviam lutado com os exércitos aliados na Segunda Guerra e as chamadas "crianças da guerra" – os menores que a República havia mandado para fora do país durante a Guerra Civil Espanhola para que permanecessem a salvo.

Recuperado de seus anos no campo de concentração, Moyano se mudou para a Bélgica, onde enfim teve tempo para aprender a ler e a escrever. Hoje, é eletricista aposentado e cidadão belga. Na Espanha, as leis que anularam sua nacionalidade permanecem vigentes. "Da Espanha, não espero nada", diz. "Estou morto para eles."

Luna Bolívar Manaut (jc)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3649025,00.html

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Lola, a 'schindler' galega, salvou 500 judeus

Patrícia Viegas
Espanha. Galiza abrigou rede de fuga entre 1941 e 1945

Lola Touza Domínguez seria hoje lembrada como a mãe solteira que geria o bar da estação de comboios de Ribadavia, na Galiza, não fosse o facto de ter liderado uma rede clandestina que, entre 1941 e 1945, ajudou perto de cinco centenas de judeus a escapar às chamas do Holocausto. A história desta "Schindler" galega era tão secreta que nem os seus filhos tiveram conhecimento dela, escreveu ontem o jornal espanhol El Mundo, que lhe dedicou três páginas.

O segredo de La Madre, nome de código que ela usou na altura, foi apenas desvendado, em 1964, por um dos judeus que ela ajudou a fugir para os Estados Unidos da América. Isaac Retzmann pediu naquela altura a um galego seu conhecido que procurasse notícias da mulher. Lola estava então com 70 anos (acabaria por morrer dois anos depois). O enviado galego chegou até ao alfarrabista Antón Patiño Regueira e com ele começou a desvendar o segredo.

Antes de morrer, em 2005, Antón deixou escrita a verdadeira história dos heróis de Ribadavia. Não só de Lola, mas de toda a rede, que incluía, entre outros, as suas irmãs, dois taxistas, um marinheiro, um emigrante retornado. Os judeus que fugiam pelos Pirenéus chegavam de comboio à localidade de Ribadavia, nas margens do rio Minho, sendo depois transferidos para Portugal. A maioria partia em seguida, de barco, para os EUA, Brasil, Argentina, Venezuela, Marrocos ou Argélia.

Foi também só agora que o neto de Lola, Julio, de 57 anos, pôde começar a reconstituir a história. No mês passado foi plantada na Ala dos Justos entre as Nações uma árvore em homenagem de Lola. Este título é atribuído pela Fundação Yad Vashem, em Jerusalém Ocidental, a todos os que salvaram judeus.

Fonte: Diário de Notícias(Portugal)
http://dn.sapo.pt/2008/10/13/internacional/lola_a_schindler_galega_salvou_judeu.html

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