terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Babi Yar ou Babij Jar (o filme), massacre nazi na Ucrânia
Nos dois primeiros dias de massacres, cerca de 33.771 judeus ucranianos foram mortos nesta ravina, e no total da guerra, entre (estimativa) 110-150 mil pessoas (incluso o número de judeus mortos, Romanis/ciganos, cidadãos ucranianos e prisioneiros soviéticos) perderam a vida nesta ravina vitimados pelas forças de ocupação nazista (Einsatzgruppen).
Ficha do filme, com ajuda da Wikipedia (tradução):
Título: Babiy Yar ou Babij Jar
Dirigido por Jeff Kanew
Estrelando: Michael Degen
Lançado em 3 de julho, 2003
Duração: 112 min.
País: EUA; Idioma: inglês
Filmado na Europa e com lançamento limitado nos cinemas, o filme narra os assassinatos em massa de setembro de 1941, de milhares de judeus, prisioneiros soviéticos (POWs), comunistas, ciganos (Romanis), nacionalistas ucranianos e outros civis por Divisões da SS alemã neste local, uma ravina de Kiev (capital da Ucrânia).
Sinopse do filme (em inglês): Babij Jar (2003), NYTimes
Cena do massacre (reconstituição do filme), caso tenha sensibilidade com imagens fortes ou cenas desse tipo, não assista:
Atualização de link (01.10.2018):
https://www.youtube.com/watch?v=g_gttjKFJDo
https://youtu.be/g_gttjKFJDo
terça-feira, 17 de julho de 2012
França - Arquivos sobre o holocausto são exibidos pela 1º vez
A mostra, que começa nesta terça-feira, coincide com o 70º aniversário da batida policial em Paris que mandou mais de 13 mil judeus para o campo de extermínio de Auschwitz. Fotos, assinaturas e registros de bens pessoais de muitas vítimas entregues em 16 e 17 de julho de 1942 estão em exibição na prefeitura de Paris.
O presidente François Hollande vai fazer um discurso em memória à deportação no antigo velódromo de inverno, no domingo, o primeiro evento em lembrança do acontecimento em 17 anos. As informações são da Associated Press.
Fonte: AP
http://www.dgabc.com.br/News/5969375/arquivos-sobre-o-holocausto-sao-exibidos-pela-1-vez.aspx
Homenaje al holocausto de judíos franceses cerca de Paris (Televisa, México)
terça-feira, 20 de março de 2012
A Coluna Henneicke (Holanda)
Entre março e outubro de 1943 o grupo, liderado por Wim Henneicke e Willem Briedé, foi responsável pelo rastreamento de judeus na clandestinidade e a prisão deles. O grupo prendeu e "entregou" às autoridades nazistas entre 8.000-9.000 judeus. A maioria deles foi deportada para o campo de concentração de Westerbork e mais tarde enviados para serem mortos em Sobibor e outros campos de extermínio alemães.
A quantia paga aos membros da Coluna Henneicke por cada judeu capturado era de 7,50 florins (equivalente a cerca de US$47.50 dólares). O grupo, com cerca de um núclero de 18 membros, terminou seu trabalho e foi dissolvido em 01 de outubro de 1943. Entretanto, os líderes da Coluna continuaram trabalhando para o Bureau Central para a Emigração Judaica rastreando a propriedades judaicas escondidas.
Antes da Alemanha sair da Holanda (em maio de 1945), Wim Henneicke foi assassinado pela Resistência Holandesa em dezembro de 1944 em Amsterdã. Willem Briedé escapou do país e se alojou na Alemanha. Em 1949 ele foi julgado por uma corte holandesa in absentia(em ausência) e condenado à pena de morte. A sentença nunca foi executada; Briedé morreu de causas naturais na Alemanha em janeiro de 1962.
A história da Coluna Henneicke foi pesquisada pelo jornalista holandês Ad van Liempt, que em 2002 publicou na Holanda o livro A Price on Their Heads, Kopgeld, Dutch bounty hunters in search of Jews, 1943 (em tradução livre O preço por suas cabeças, Kopgeld, os holandeses caçadores por recompensa na perseguição aos judeus, 1943).
Fonte: verbete da Wikipedia com referência do livro Hitler’s Bounty Hunters: the Betrayal of the Jews de Ad van Liempt, edição de 2005.
http://en.wikipedia.org/wiki/Henneicke_Column
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Ad van Liempt, A Price on Their Heads, Kopgeld, Dutch bounty hunters in search of Jews, 1943, NLPVF, 2002.
sábado, 17 de setembro de 2011
Fotos da Guerra no Front Leste
Zoya foi considerada(e uma das mais veneradas) postumamente como uma heroína na União Soviética.
Antes de morrer, Zoya sofreu tortura e tiraram parte da roupa dela que aparece na foto em destaque à direita. Preferi colocar as imagens em um print só.
Ela aparece pendurada semi-morta com uma placa dizendo que era partisan. Este foi o "crime" que a levou à forca.
Em virtude da violência da foto e de partes impróprias eu só publicarei o link(de onde está hospedada as imagens) que irá direcionar para o print com as imagens, não postarei as fotos abertas no post:
http://img511.imageshack.us/img511/7051/zoyarussiatorturenaziid1.jpg
Esta imagem(com tres fotos) foi publicada no Orkut a partir de uma discussão sobre a reação de extrema brutalidade da URSS contra a Alemanha quando ocorre a reversão do ataque nazista em território soviético e a União Soviética parte em marcha para derrubar o regime nazista em território alemão.
As fotos foram tiradas do seguinte livro:
Fonte: Hitler vs Stalin - The Eastern Front in Photographs
Autores: John Erickson, Ljubica Erickson
Carlton Books, 2002 - 256 páginas
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Corte francesa confirma pena contra ultradireitista(fascista) francês que defendeu nazismo
O Tribunal de Apelação de Paris confirmou hoje a pena de três meses de prisão livre de cumprimento e dez mil euros de multa ao líder ultradireitista Jean-Marie Le Pen por ter dito, em entrevista em 2005, que a ocupação nazista da França "não foi particularmente desumana".
Em 8 de fevereiro, Le Pen recebeu a mesma pena em primeira instância pelo Tribunal Correcional de Paris, que o considerou culpado de "cumplicidade de apologia de crimes de guerra" e "negação de crime contra a humanidade".
Os advogados de Le Pen anunciaram que recorrerão da sentença na Suprema Corte.
O político foi condenado com base nas seguintes declarações reproduzidas no semanário ultradireitista "Rivarol": "Na França, a ocupação alemã não foi particularmente desumana, apesar de ter havido alguns atropelos, inevitáveis em um país de 550 mil quilômetros quadrados".
Para os juízes, essa declaração "busca criar dúvidas" sobre os crimes contra a humanidade cometidos pelos nazistas na França, "como a deportação de judeus ou a perseguição de resistentes".
Na mesma entrevista, Le Pen afirmou que a Gestapo (Polícia secreta do regime nazista) desempenhou em algumas ocasiões um papel positivo.
Ele citou como exemplo o caso de quando, de acordo com ele, os agentes impediram o massacre de Villeneuve d''Ascq, cometido na noite de 1º de abril de 1944 por um oficial alemão que estava furioso porque um de seus esquadrões tinha sofrido um atentado.
Segundo a Corte, com essas palavras o líder ultradireitista cometeu "uma falsificação histórica deliberada" que dá à Gestapo "uma imagem positiva", a qual "esconde" os crimes que cometeu.
Não é a primeira vez que Le Pen é condenado por suas polêmicas declarações.
Em 2005, foi obrigado a pagar uma multa de dez mil euros por declarações contra os imigrantes e, em 1998, recebeu uma pena similar por defender a desigualdade de raças.
Já em 1997 ele foi condenado por dizer que as câmaras de gás foram "um detalhe da história", enquanto oito anos antes tinha sido punido por negar a existência deste instrumento de extermínio nazista.
Fonte: EFE
http://noticias.terra.com.br/interna/0,,OI3463140-EI188,00-Corte+confirma+pena+contra+ultradireitista+frances+que+defendeu+nazismo.html
O julgamento do fascista Jean-Marie Le Pen por apologia ao regime nazista, matéria do Telegraph(Inglaterra) de 2007:
http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/1572656/Jean-Marie-Le-Pen-Nazi-trial-begins.html
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Nesta segunda parte tentarei fazer uma compilação, país por país, dos não judeus que sucumbiram à violência criminal da Alemanha nazi e dos seus aliados durante a Segunda Guerra Mundial, i.e. dos não judeus que morreram às mãos da "maquinaria assassina" nazi conforme definida na 1ª Parte .
Esta compilação, que não pretende ser científica e está aberta a qualquer crítica construtiva que possa melhorar a suas exactidão, e baseada em dados obtidos de várias fontes, bem como as minhas próprias estimativas. Onde não tenho dados de outras fontes ao meu dispor, utilizo a página detalhada da Wikipedia sobre as perdas humanas na Segunda Guerra Mundial, e outra informação fornecida pela Wikipedia.
1. União Soviética
Entre 2,53 e 3,3 milhões de prisioneiros de guerra soviéticos pereceram no cativeiro alemão devido a brutal tratamento a que foram submetidos, incluindo chacina em massa a tiro ou através da fome. Vide o meu artigo One might think that … (versão portuguesa: Até parece que ...) e o tópico do fórum RODOH The Fate of Soviet prisoners of War.
O sítio de Leninegrado, mencionado no mesmo artigo como um empreendimento criminal porque o seu objectivo era não a rendição da cidade mas sim a sua despopularização (i.e. um genocídio, em vez de um objectivo militar), cobrou cerca de um milhão de vidas civis (vide o artigo atrás referido e o tópico The Siege of Leningrad do fórum RODOH).
No que respeita aos cidadãos soviéticos abatidos a tiro, gaseados, enforcados ou queimados vivos pelas forças de ocupação alemãs e romenas, a Comissão Extraordinária soviética (vide a mensagem de Nick Terry de 26 Feb 2006 22:42 no Axis History Fórum) indicou um número de cerca de 6 milhões, dos quais cerca de 2,8 milhões de judeus e 3,2 milhões de não judeus. Enquanto o número de judeus parece mais ou menos acertado se comparado com dados mais recentes (vide a mensagem após o meu artigo acima referido), considero demasiado alto o número de não judeus. Este número provavelmente inclui também vítimas civis colaterais de operações militares, e não apenas civis deliberadamente executados a tiro, gaseados, enforcados ou queimados vivos. O número destes últimos no decurso das operações contra-guerrilha (a brutalidade das quais é descrita em detalhe, no que respeita ao território da Belorússia, no livro Kalkulierte Morde ("Assassinatos Calculados") de Christian Gerlach, vide os extractos traduzidos para inglês no tópico Major Antipartisan Operations in Belorussia do fórum RODOH) tem sido estimado em cerca de um milhão (Richard Overy, Russia’s War, página 151). Um milhão de civis mortos pela Wehrmacht na luta contra-guerrilha são referidos numa entrevista do magazine de notícias alemão SPIEGEL com o historiador alemão Rolf-Dieter Müller, feita em 1999. O USHMM fornece a seguinte informação no que respeita à luta contra as guerrilhas nos territórios soviéticos ocupados pelos nazis (minha tradução):
Algumas das chamadas operações contra-guerrilha, especialmente nos territórios ocupados da União Soviética, eram de facto esforços por despopularizar as áreas rurais soviéticas. Os alemães massacraram centenas de milhares, talvez milhões, de civis soviéticos nas suas aldeias. A vasta maioria destas vítimas tinha pouca uma nenhuma ligação com os guerrilheiros.
Quantos civis morreram de inanição, doenças relacionadas e exposição aos elementos em território ocupado pelos nazis, devido as políticas de exploração nazi incluindo a requisição sem contemplações de géneros alimentícios, expulsão/deportação e trabalho forçado? Na nota de rodapé 21 do seu artigo Soviet Deaths in the Great Patriotic War: A Note ("Mortes soviéticas na Grande Guerra Patriótica: Anotação"), Michael Ellman e S. Maksudov referem "cálculos preliminares" feitos por um deles, segundo os quais (minha tradução) "as mortes devidas à ocupação alemã (matança de judeus, mortes no sítio de Leninegrado, mortes em combate, mortes em excesso nos territórios ocupados devido à deterioração das condições de vida) foram cerca de 7 milhões. Destes, cerca de um 1 milhão morreram no sítio de Leninegrado e 3 milhões eram judeus. Dos últimos, cerca de 2 milhões eram judeus dos territórios novamente anexados e 1 milhão eram judeus do antigo território soviético". Estas "grossas estimativas preliminares sobre um tópico que ainda aguarda pesquisa séria" incluem, portanto, 3 milhões de civis não judeus em território ocupado pelos nazis que morreram como vítimas colaterais dos combates, foram massacrados em operações contra-guerrilha ou morreram devido à deterioração das condições de vida. Se for atribuída igual probabilidade a cada uma destas 3 possibilidades (perdas colaterais, vítimas de operações contra – guerrilha, mortes por deterioração das condições de vida), obtêm-se um milhão de mortes civis colaterais (não incluídas nesta compilação), um milhão de vítimas de operações contra – guerrilha e um milhão de vítimas da deterioração das condições de vida. As mortes nestas duas últimas categorias podem ser principalmente atribuídas às políticas e acções dos ocupadores nazis e dos seus aliados, incluindo a implementação do mortífero "Plano de Fome" abordado neste artigo (versão portuguesa). No entanto, estimarei conservadoramente que apenas metade das cerca de 3 milhões de mortes civis soviéticas não judias em território ocupado pelos nazis foi directamente atribuível à implementação das políticas criminais de ocupação e exploração dos nazis, sendo o resto vítimas colaterais dos combates na frente, mortes por inanição devido a política soviética de terra queimada durante as retiradas em 1941/42 (que já por razões de tempo não pode ter causados tantos estragos e tanta mortandade como as políticas de exploração nazis e a devastação de terra queimada provocada pelas forças alemãs em retirada) e vítimas civis mortas por forças irregulares que combatiam as forças de ocupação.
A soma total de não combatentes não judeus soviéticos mortos pela violência criminal dos nazis situar-se-ia, portanto, entre 5,03 milhões e 5,8 milhões, que se subdividem como segue:
2,53 milhões a 3,3 milhões de prisioneiros de guerra
1 milhão de vítimas civis do sítio de Leninegrado
1,5 milhões de vítimas civis de operações contra-guerrilha e outras brutalidades nazis em território ocupado, incluindo exploração de trabalho forçado e inanição induzida por políticas de exploração nazis.
Só o número de soviéticos não judeus vítimas de crimes nazis iguala ou excede o total de cinco milhões de vítimas não judias "inventado" por Wiesenthal. Também se aproxima do total de vítimas judias de perseguição e chacina em massa pelos nazis em toda a Europa. Relativamente aos últimos vide o tópico de referência de Nick Terry no Axis History Fórum, Number of Victims of the Holocaust.
2. Polónia
O artigo do USHMM Poles: Victims of the Nazi Era ("Polacos: Vítimas da era nazi") contém a seguinte informação sobre o número de vítimas não judias da ocupação nazi na Polónia (minha tradução):
No passado, muitas estimativas de perdas foram baseadas num relatório polaco de 1947 solicitando reparações dos alemães; este documento, frequentemente citado, computou perdas populacionais de 6 milhões para todos os "nacionais" da Polónia (polacos, judeus e outras minorias). Subtraindo 3 milhões de vítimas judias polacas, o relatório alegava 3 milhões de vítimas não judias do terror nazi, incluindo vítimas civis e militares da guerra.
A documentação continua fragmentária, mas hoje em dia estudiosos da Polónia independente acreditam que 1,8 a 1,9 milhões de civis polacos (não judeus) foram vítimas das políticas de ocupação alemãs e da guerra. Este total aproximado inclui polacos mortos em execuções ou que morreram em prisões, trabalho forçado, e campos de concentração. Inclui também cerca de 225.000 vítimas civis da Revolta de Varsóvia em 1944, mas de 50.000 civis que morreram durante a invasão em 1939 e o sítio de Varsóvia, e um número relativamente pequeno mas desconhecido de civis mortos durante a campanha militar dos aliados em 1944—45 para libertar a Polónia.
É portanto claramente incorrecta a alegação, que desafortunadamente continua sendo repetida em sites como os referidos na 1ª Parte deste artigo, de que 3 milhões de polacos não judeus foram mortos naquilo que estes sites designam como o "Holocausto".
As actuais estimativas de estudiosos polacos também incluem vítimas civis colaterais da guerra, pelo que o número de civis polacos que foram vítima das políticas de ocupação nazis deve ser algo inferior do que 1,8 a 1,9 milhões. Estimando um total de 300,000 vítimas civis da invasão nazi em 1939, da Revolta de Varsóvia e da campanha militar de 1944/45, e partindo do princípio de que dois terços destas foram vítimas colaterais dos combates e não vítimas de execuções e massacres nazis, o número de polacos não judeus que pereceram devido às políticas de ocupação nazis seria de 1,6 a 1,7 milhões, sendo o número inferior próximo de uma estimativa de 1,55 milhões pelo historiador polaco Bogdan Musial, mencionada numa mensagem de Steve Paulsson no fórum H-Holocaust. Não se indica nesta mensagem se a estimativa de Musial inclui ou não vítimas colaterais da guerra, ou se é relativa ao território da Polónia em 1939 (incluindo áreas que posteriormente passaram a ser parte da União Soviética) ou ao território polaco depois da guerra. No primeiro caso, e partindo do princípio de que Musial contou não apenas pessoas de etnia polaca mas também bielorussos e ucranianos étnicos, existe uma sobreposição parcial entre o número de Musial e as estimativas sobre vítimas civis soviéticas no ponto 1 supra. Para estar do lado seguro considerando estas incertezas, reduzo o número de Musial em um terço (o que é, desde logo, uma mera conjectura) e presumo que o número de civis polacos não judeus mortos pela ocupação nazi no território da presente República Polaca foi de cerca de um milhão.
Se acrescentarmos este milhão aos 5,03 a 5,8 milhões de não combatentes soviéticos mortos pela violência criminal nazi, temos 6,03 a 6,8 milhões de vítimas não judias desta violência só na União Soviética e na Polónia, i.e. uma ordem de grandeza que está próxima de ou até excede mesmo as estimativas mais elevadas sobre o número de vítimas judias da perseguição e chacina em massa nazis em toda a Europa.
3. Checoslováquia
A página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial refere 43.000 civis não judeus mortos da Checoslováquia. A nota de rodapé 11 refere 26.500 vítimas não judias da represálias nazis, 10.000 civis mortos em operações militares e 7.500 vítimas do genocídio dos romani. Estes números somam um total de 44.000. Para os efeitos da minha contagem considero 33.000 vítimas não judias de repressão ou extermínio pelos nazis na Checoslováquia.
4. Jugoslávia
O defunto economista e especialista da Nações Unidas croata, Vladimir Žerjavić, publicou um estudo detalhado sobre as perdas da Jugoslávia durante a Segunda Guerra Mundial. Alguns dos seus números se encontram disponíveis neste site. Do total de 1.027.000 mortes, segundo Žerjavić, 947.000 ocorreram em território jugoslavo e 80.000 no estrangeiro (Tabela 3). O primeiro número inclui 237.000 combatentes da resistência, 209.000 "colaboracionistas e quislings" e 501.000 "vítimas", das quais 216.000 em campos e 285.000 "em locais" (Tabela 5). Presumo que a categoria "colaboracionistas e quislings" se refere a étnicos croatas, eslovenos, alemães e outros mortos em combate ou de outra forma por forças do Exército da Libertação do Povo, enquanto as 501.000 "vítimas" incluem pessoas mortas ou pelos ocupadores alemães, italianos ou húngaros, os chetniks monarquistas ou as forças do Estado Independente da Croácia (NDH), aliado da Alemanha nazi. As perdas civis sérvias no território do NDH, segundo Žerjavić, somaram 197.000; destes 45.000 foram mortos por forças alemãs, 15.000 por forças italianas, 28.000 em "prisões, valas e outros campos", e 50.000 foram mortos no campo Jasenovac-Gradina, enquanto 25.000 morreram de tifo e 34.000 foram mortos "em batalhas entre ustashas, chetniks e guerrilheiros". O total de civis sérvios vítimas de matanças criminais por forças do eixo, portanto, seria de 138.000, de um total de vítimas civis de 197.000, ou seja cerca de 70 %. Aplicando esta relação ao total acima referido de 501.000 vítimas civis em território jugoslavo, temos cerca de 350.000 vítimas de matanças criminais contra 150.000 mortes por doença ou vítimas colaterais dos combates. Chacinas em massa não as houve apenas no território do NDH, mas também em outras partes da antiga Jugoslávia. Acções de represália por forças alemãs na Sérvia até 1 de Dezembro de 1941 mataram 15.000 pessoas, das quais aproximadamente 4.500 a 5.000 eram judeus e ciganos. Na região sérvia da Vojvodina, reporta-se que as forças do eixo mataram um total de 55.285 pessoas entre 1941 e 1944. Estes números parciais, bem como o facto de que as forças do Eixo (principalmente alemães, italianos, húngaros e croatas) eram mais numerosas e melhor organizadas do que os chetniks, também no que respeita às suas operações de matança, faz com que seja razoável presumir que pelo menos três em quatro mortes criminais em território jugoslavo, i.e. cerca de 260.000 de 350.000, foram causadas pelas forças do eixo. Incluem-se neste número cerca de 33.000 judeus mortos em território jugoslavo segundo a Tabela 3 de Žerjavić, sendo os restantes 227.000 vítimas não judeus incluindo sérvios, ciganos romani e membros de outras etnias.
Žerjavić também menciona um total de 80.000 habitantes da Jugoslávia que foram mortos fora do país, dos quais 24.000 judeus, 33.000 sérvios, 14.000 croatas, 6.000 eslovenos e 3.000 muçulmanos. Os sérvios provavelmente eram prisioneiros de guerra da campanha dos Balcãs ou trabalhadores forçados civis. Segundo um artigo sobre prisioneiros de guerra no site do Museu da História alemã, que eu uma vez traduzi para inglês (vide a mensagem de "witness" de 24 Sep 2003 00:26 no Axis History Fórum), cerca de 100.000 prisioneiros sérvios capturados durante a Campanha dos Balcãs alemã, chamados "Südostgefangene" (prisioneiros do sudeste) foram utilizados como mão de obra na economia alemã sob as piores condições. O historiador alemão Hellmuth Auerbach, num artigo sobre as vítimas da violência nacional-socialista e a Segunda Guerra Mundial incluído no livro de Wolfgang Benz e outros, Legenden, Lügen, Vorurteile - "Lendas, mentiras e preconceitos" (o artigo também está disponível online), mencionou (minha tradução) "pelo menos 500.000 jugoslavos que morreram em campos de trabalho e campos de concentração alemães". Enquanto este número (incompatível com os cálculos de Žerjavić) parece-me ser demasiado alto, é provável que as condições para prisioneiros de guerra e prisioneiros civis sérvios em campos de concentração e de trabalho nazis não fossem muito melhores do que no campo de concentração de Sajmište perto de Belgrado. Considero justificado, portanto, acrescentar as 33.000 mortes sérvias fora da Jugoslávia, referidas por Žerjavić, à estimativa de 227.000 não judeus mortos por forças do Eixo em território jugoslavo, obtendo assim um total de 260.000 vítimas jugoslavas não judias dos crimes do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial.
5. Finlândia
No conheço dados sobre vítimas não combatentes devido à actuação de forças do Eixo.
6. Roménia
A página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial menciona 15.000 romenos que morreram em cativeiro alemão e 36.000 vítimas do genocídio do povo romani. Não conheço detalhes sobre o tratamento de prisioneiros de guerra romenos pelos alemães, i.e. se foram tratados tão brutalmente como os prisioneiros de guerra soviéticos, sérvios ou italianos (vide os pontos 1 e 4 supra e 10 em baixo), mas uma vez que estas mortes devem ter ocorrido no período entre Agosto de 1944, quando a Roménia passou para o lado dos aliados, e o fim da guerra, e dado que o número de prisioneiros de guerra capturados pelos alemães de entre os 538.000 soldados romanos que combateram contra o Eixo em 1944-45 não pode ter sido muito alto, parece justificado partir do princípio de que os prisioneiros de guerra romenos não foram tratados de forma diferente do que os soviéticos, também face aos prováveis ressentimentos alemães pelo facto de a Roménia ter mudado para o lado inimigo. Portanto, acrescento os prisioneiros de guerra romenos que pereceram em cativeiro alemão às vítimas do genocídio dos romani na Roménia, o que dá um total de 51,000 vítimas romenas não judias de crimes do Eixo.
7. Hungria
Segundo a página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial , houve 28.000 vítimas do genocídio do povo romani na Hungria.
8. Bulgária
Os dados disponíveis mencionam um "número desconhecido" de civis incluídos nas cerca de 10.000 mortes da guerrilha anti-fascista. Uma vez que desconheço as particularidades da luta contra-guerrilha do Eixo na Bulgária, abstenho-me de conjecturas sobre qual poderá ter sido o número de civis mortos em operações contra-guerrilha.
9. Grécia
A página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial refere (minha tradução) "60.000 civis não judeus, 20.000 deportados não judeus, e 140.000 mortes por fome durante a ocupação da Grécia pelo Eixo na Segunda Guerra Mundial". O total destes números é 220.000. No entanto, a fome não pode ser inteiramente atribuída às forças do Eixo que, segundo parece, não implementaram aqui uma política deliberada de inanição como fizeram na União Soviética (vide o ponto 1 supra). Segundo a página Wikipedia sobre a ocupação da Grécia pelo Eixo durante a Segunda Guerra Mundial (minha tradução), "requisições, junto com o bloqueio aliado da Grécia, o estado arruinado da infra-estrutura do país e o surgimento de um mercado negro poderoso e bem conectado, resultaram na Grande Fome durante o Inverno de 1941-42 (em grego: Μεγάλος Λιμός), em que cerca de 300.000 pessoas pereceram.". Tomo o número mais baixo de mortes por inanição (140.000) e considero que as políticas de requisição do Eixo causaram metade destas mortes. O número total de vítimas gregas não judias de crimes do Eixo seria, portanto, de 60.000 + 20.000 + 70.000 = 150.000.
10. Itália
No seu artigo sobre crimes de guerra alemães contra italianos, o historiador alemão Gerhard Schreiber escreve o seguinte (minha tradução):
Não existe crime de guerra ou crime contra a humanidade que não tenha sido cometido por membros da Wehrmacht, das SS e da polícia alemãs contra homens, mulheres e crianças italianos depois de a Itália ter saído da guerra em 8 de Setembro de 1943.(1) No seguinte, contudo, apenas são tidas em conta as matanças legitimadas pelo estado, i.e. ordenadas pela liderança política e militar nacional-socialista. Tais malfeitorias cobraram 16.600 vítimas civis, das quais cerca de 7.400 judeus. Juntam-se 37.000 deportados políticos e milhares de membros das forças armadas italianas abatidos enquanto depunham as armas ou depois de as terem deposto, bem como muitos do 46.000 internados militares que pereceram em campos de prisioneiros e de trabalho, durante o transporte ou o trabalho forçado. De facto estes eram soldados leais ao rei capturados depois do armistício entre a Itália e os Aliados, a quem o lado alemão negou os direitos estipulados na Convenção de Genebra sobre o tratamento de prisioneiros de guerra datado de 27 de Julho de 1929.(2)
Uma vez que Schreiber não atribui todas as mortes entre os internados militares a "malfeitorias", considero que 30.000 dos internados militares foram vítimas de comportamento criminal por parte dos seus captores. Este número condiz com o indicado na página Wikipedia sobre as perdas humanas na Segunda Guerra Mundial . Não é claro se este último número inclui os "milhares de membros das forças armadas italianas abatidos enquanto depunham as armas ou depois de as terem deposto", que são mencionados por Schreiber. Considero que estão incluídos e somo 30.000 prisioneiros de guerra, 37.000 deportados políticos e 16.600 menos 7.400 = 9.200 vítimas civis não judias de "malfeitorias" alemãs para um total de 76.200 vítimas italianas não judias de crimes do Eixo.
11. Albânia
Não conheço dados sobre vítimas não combatentes.
12. França
A página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial menciona 40.000 prisioneiros de guerra franceses que morreram na Alemanha. Este número deve ser visto em relação ao total de prisioneiros de guerra franceses capturados pelos alemães – 1,9 milhões só durante a campanha de 1940 (vide a minha tradução para inglês de um extracto do livro Krieg, Ernährung, Völkermord ("Guerra, alimentação, genocídio") de Christian Gerlach, em que Gerlach compara o tratamento dos prisioneiros de guerra soviéticos com o que receberam os prisioneiros franceses da campanha de 1940). Uma cifra menor de mortes é dada por Christian Streit na página 244 do seu livro Keine Kameraden. Die Wehrmacht und die sowjetischen Kriegsgefangenen 1941-1945 ("Não eram camaradas. A Wehrmacht e os prisioneiros de guerra soviéticos 1941-1945"), 2ª edição 1997, da qual traduzi o seguinte extracto:
Deduzindo do número total de prisioneiros soviéticos que caíram nas mãos dos alemães os que ainda se encontravam em cativeiro em 1 de Janeiro de 1945 – 930.287 –, o número estimado de libertados – 1.000.000 – e o número estimado de prisioneiros que voltaram para o lado soviético mediante fuga ou durante as retiradas – 500.000 –, resulta um número de cerca de 3.300.000 prisioneiros que pereceram no cativeiro alemão ou foram assassinados pelos Einsatzkommandos, i.e. 57,8 por cento do número total de prisioneiros.
O significado completo deste número resulta claro quando se lhe compara com a mortalidade de outros prisioneiros em cativeiro alemão. Até 31 de Janeiro de 1945 tinham morrido 14.147 dos prisioneiros franceses, 1.851 dos britânicos e 136 dos americanos. Em relação ao respectivo número total estas mortes montam a 1,58 % para os franceses, 1,15 % para os britânicos e 0,3 por cento para os americanos. [Nota de rodapé: Baseado no número de prisioneiros existentes em 1.11.1944, segundo uma listagem da Escritório de Informação da Wehrmacht: franceses 893.672, britânicos 161.386, americanos 45.576. O número de prisioneiros franceses tinha sido muito mais alto originalmente, mas muitos tinham sido libertos. Dos prisioneiros polacos 67.055 ainda se encontravam registados em 1.11.1944, pelo que a mortalidade (com 3.299 mortes) seria de 4,92 por cento. Deve ser tido em contra a este respeito que também no caso destes prisioneiros a grande maioria tinha sido liberta, embora tivessem sido tratados consideravelmente pior do que os prisioneiros de guerra franceses libertos. Se no caso dos franceses forem também tidos em conta os prisioneiros libertos, a distância em relação à mortalidade dos prisioneiros de guerra soviéticos seria ainda maior.]
Considerando a taxa de mortalidade comparativamente baixa (seja qual for a contagem) dos prisioneiros de guerra franceses, e o facto de que as convenções relativas ao tratamento de prisioneiros de guerra foram amplamente obedecidas pelos alemães nas frentes de guerra ocidentais (vide a mensagem de "witness" de 24 Sep 2003 00:26 no Axis History Fórum), não parece justificado contar os prisioneiros de guerra franceses que morreram no cativeiro alemão como vítimas de crimes do Eixo.
No que respeita às vítimas civis na França, a página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial refere (minha tradução) "230.000 vitimas de represálias e genocídio nazis (incluindo 83.000 judeus)". Nas 147.000 vítimas não judias incluem-se 15.000 vítimas do genocídio do povo romani e (minha tradução) "20.000 refugiados anti-fascistas espanhóis residentes em França que foram deportados para campos nazis".
13. Bélgica
A página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial menciona (minha tradução) "16.900 vítimas não judias de represálias e repressão nazis". Não estão incluídas neste número 500 vítimas do genocídio do povo romani na Bélgica, que elevam o total de vítimas belgas não judias de crimes do eixo para 17.400.
14. Holanda
A página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial menciona 58.050 vítimas não judias de represálias e repressão nazis e 16.000 mortes na fome de 1944 na Holanda, mais 500 vítimas do genocídio nazi do povo romani não incluídas nestes números. Considero a fome de 1944 na Holanda como tendo sido inteiramente da responsabilidade dos ocupadores alemães, na medida em que foi causada por um embargo de alimentos retaliatório decretado pelos ocupadores e piorado por, entre outros factores, a destruição de barragens e pontes pelos alemães em retirada para inundar o país e impedir o avanço aliado. O total de vítimas holandesas não judias de crimes nazis seria, portanto, de 74.550.
15. Luxemburgo
As únicas vítimas não judias de crimes do Eixo mencionadas na página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial são 200 vítimas do genocídio do povo romani. Informação nesta página mostra que também houve vítimas não combatentes da ocupação entre os Luxemburgueses que não eram nem judeus nem ciganos, mas não conheço fonte que permita a sua quantificação.
16. Noruega
A página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial menciona 658 prisioneiros políticos e membros da resistência que morreram dentro do país e 1.433 que morreram fora, um total de 2.091 mortes. Parece que não estão incluídos neste número combatentes armados da resistência, uma vez que estes se encontram listados junto com membros das forças regulares como perdas militares (considero vítimas de crimes do Eixo os membros não violentos da resistência que foram mortos pelos alemães ou morreram em cativeiro alemão, mas não os guerrilheiros armados uma vez que é controverso se e em que condições estes eram combatentes legais. As perdas das forças guerrilheiras armadas são, portanto, tratadas como perdas militares em combate para efeitos da minha contagem, i.e. não são incluídas nesta, mesmo onde se trata de guerrilheiros executados após a sua captura.)
17. Dinamarca
A página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial menciona 628 vítimas civis não judias de represálias alemãs.
18. Áustria
A página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial menciona 10.000 vítimas de perseguição política pelos nazis entre 1939 e 1945 e 6.500 vítimas do genocídio do povo romani. O número total de vítimas austríacas não judias de crimes do Eixo seria, portanto, de 16.500.
19. Alemanha
Segundo a página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial , a repressão e o genocídio nazis na própria Alemanha cobraram 762.000 vítimas, incluindo (minha tradução) "300.000 prisioneiros políticos, vítimas do programa de eutanásia Acção T4, homens homossexuais e 160.000 judeus alemães". Enquanto a cifra para judeus alemães é correcta, o remanescente de 602.000 vítimas não judias parece ser grandemente exagerado, especialmente dado que 302.000 destes supostamente eram outros do que prisioneiros políticos, vítimas do programa de eutanásia Acção T4 e homossexuais. Refere-se que o genocídio do povo romani cobrou 15.000 vítimas na Alemanha. Ora, quem se supõe que eram os restantes 287.000?
A adição dos números de vítimas das várias categorias conduz a um total bastante inferior:
"Eutanásia": segundo o USHMM, o programa de eutanásia Acção T4 e as suas sequelas não oficiais cobraram um total de 200.000 vítimas, incluindo (minha tradução) "pacientes idosos, vítimas de bombardeamentos, e trabalhadores forçados estrangeiros". No seu artigo referido no ponto 4 supra, Hellmuth Auerbach mencionou (minha tradução) "cerca de 100.000 pacientes mentais e pessoas deficientes, principalmente de nacionalidade alemã (chamadas vítimas da eutanásia)". Opto pelo número inferior, também considerando que o superior é indicado como incluindo não alemães, os quais já teriam sido contados sob os pontos referentes aos seus países de origem.
Homossexuais: A página Wikipedia History of gay men in Nazi Germany and the Holocaust ("História dos homens homossexuais na Alemanha e o Holocausto") menciona uma estimativa de "5.000 a 15.000" que foram presos em campos de concentração, e informa que um dos principais estudiosos da matéria (minha tradução) "acredita que a taxa de mortalidade nos campos de concentração de prisioneiros homossexuais poderá ter chegado aos 60%". Tomando como base o número mais baixo de prisioneiros nos campos de concentração, esta taxa significaria 3.000 mortes.
Testemunhas de Jeová: Segundo o USHMM (minha tradução),
O número de Testemunhas de Jeová que morreram em campos de concentração e prisões durante a era nazi é estimado em 1.000 alemães e 400 de outros países, incluindo 90 austríacos e 120 holandeses. (…) Adicionalmente, cerca de 250 Testemunhas de Jeová alemães foram executados – na maior parte dos casos depois de terem sido julgados e sentenciados por tribunais militares – por terem-se recusado a prestar o serviço militar alemão..
Isto significa que cerca de 1.250 Testemunhas de Jeová alemães foram vítimas mortais da repressão nazi.
Prisioneiros políticos: Auerbach mencionou (minha tradução) "cerca de 130.000 pessoas não judias de nacionalidade alemã que activamente ou passivamente opuseram resistência ao regime por motivos políticos ou religiosos". Deduzindo 1.250 Testemunhas de Jeová, restam 128.750 alemães que teriam sido executados ou perecido em campos de concentração devido à sua oposição política. Este número parece-me alto, considerando que apenas uma minoria dos prisioneiros dos campos de concentração e dos mortos nestes campos eram cidadãos alemães, como salientou Richard Overy nas páginas 611 e seguintes do seu livro The Dictators (minha tradução):
Os campos de concentração alemães foram predominantemente povoados por não alemães durante mais do que metade da sua existência. Durante os anos da guerra cerca de 90-95 por cento dos prisioneiros dos campos provinham do resto da Europa. A grande maioria dos que morreram ou foram mortos em todos os campos provinha das populações não alemãs. Os sub-campos das SS em Gusen continham apenas 4,9 por cento de alemães étnicos em 1942 (metade dos prisioneiros eram espanhóis republicanos, mas do que um quarto russos). Em Natzweiler apenas 4 por cento dos prisioneiros políticos em 1944 eram alemães; em Buchenwald só 11 por cento eram alemães em Maio de 1944. Em 1944 havia mais cidadãos soviéticos em cativeiro na Alemanha do que na União Soviética.
Por outro lado, o terror nazi contra a população alemã era exercido não apenas através do aprisionamento em campos de concentração, mas também através do sistema judicial e, no que respeita às forças armadas, das cortes marciais militares. No seu estudo Furchtbare Juristen ("Juristas terríveis"), sobre o sistema judicial alemão antes, durante e depois da era nazi, o jurista alemão Ingo Müller estima um total de 80.000 vítimas da brutalidade judicial nazi, incluindo os tribunais nos territórios ocupados que emitiam sentenças de morte "de uma forma inflacionária" contra nacionais não alemães. Uma parte significativa destas vítimas da assassínio judicial eram alemães, incluindo soldados condenados à morte por cortes marciais improvisadas sob fundamento de deserção ou suspeita de deserção (cerca de 15.000 soldados alemães foram executados por deserção durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto apenas 48 sentenças de morte foram executadas pelo exército alemão entre 1914 e 1918) e civis executados por ofensas tão insignificantes como fazer comentários desfavoráveis sobre o regime nazi ou ficar com uma salsicha e uma garrafa de perfume enquanto ajudavam a remover grandes quantidades destes bens de um prédio em chamas depois de um bombardeamento (entre outros casos descritos no livro de Müller).
Tendo em conta os assassínios judiciais, e também por falta de uma alternativa suportada por fontes, aceito o número de 130.000 de Auerbach como sendo o total de todas as vítimas não judias alemãs de crimes nazis além das vítimas do genocídio dos romani e dos deficientes que foram vítimas do programa de "eutanásia", incluindo opositores por motivos políticos e religiosos bem como "associais" e criminosos detidos em campos de concentração, soldados executados por deserção e vítimas civis de assassínio judicial, e também pessoas mortas por nazis fanáticos nos últimos meses da guerra porque penduraram uma bandeira branca, desarmaram membros adolescentes da Juventude Hitleriana e lhes disseram que fossem para casa ou simplesmente não se juntaram ao Volkssturm em esforços de defesa de última instância.
O número total de vítimas não judias alemãs de repressão e genocídio nazis seria, portanto, de 245.000 (15.000 romani alemães, 100.000 deficientes e 130.000 outros).
20. Soma total
Segundo as estimativas supra (arredondadas para cima ou para baixo até ao milhar mais próximo), o número total de não judeus que pereceram devido à violência criminal da Alemanha nazi e dos seus aliados durante a Segunda Guerra Mundial, i.e. de não judeus que morreram às mãos da "maquinaria assassina" nazi conforme definida na 1ª Parte deste artigo, é o seguinte:
União Soviética: 5.030.000 a 5.800.000
Polónia: 1.000.000
Checoslováquia: 33.000
Jugoslávia: 260.000
Roménia: 51.000
Hungria: 28.000
Grécia: 150.000
Itália: 76.000
França: 147.000
Bélgica: 17.000
Holanda 75.000
Noruega 2.000
Dinamarca 1.000
Áustria 16.000
Alemanha 245.000
Total 7.131.000 a 7.901.000
Até o mais baixo destes totais (7.131.000) excede largamente não só o número de 5 milhões de vítimas não judias "inventado" por Simon Wiesenthal, mas também as estimativas mais altas (à volta de 6 milhões) do número de judeus que morreram às mãos da "maquinaria assassina" nazi. Se tivermos em conta a estimativa mínima de Nick Terry , de cerca de 5.364.000 vítimas judias da perseguição nazi, o número total mínimo de pessoas que morreram às mãos da "maquinaria assassina" nazi seria de 5.364.000 + 7.131.000 = 12.495.000, dos quais 43 % judeus e 57 % não judeus.
Apenas uma minoria das vítimas não judias dos crimes do Eixo pertence às categorias incluídas nos "Five Milion Forgotten" da Sra. Schwartz (vide a 1ª Parte). Segundo o ponto 2 supra, o número por ela apresentado de 3 milhões de "cristãos e católicos polacos" tem que se dividido por dois ou por três, dependendo de se abrange ou não o território da Polónia nas suas fronteiras anteriores à guerra, i.e. incluindo áreas que posteriormente passaram a fazer parte da União Soviética. O seu número de mortos romani na secção "Who Were the Five Million Non-Jewish Holocaust Victims?" do seu site (meio milhão) corresponde à banda alta de estimativas sobre as vítimas do genocídio dos romani; estimativas mais conservadoras (incluindo, segundo este artigo, as de Donald Kendrick e Grattan Puxon, em cujo livro se baseiam os números por cada país mencionados na página Wikipedia sobre perdas humanas na Segunda Guerra Mundial) indicam à volta de 200.000 ciganos assassinados pelos nazis. No que respeita aos deficientes, a estimativa mais elevada referida no ponto 19 supra é a do USHMM (cerca de 200.000), que inclui vítimas não alemãs. Os números da Sra. Schwartz relativos a homossexuais mortos em campos de concentração nazis (5.000 a 15.000) referem-se de facto ao número estimado de homossexuais detidos em campos de concentração; se 60 % destes morreram, conforme um dos principais estudiosos desta matéria considera possível (vide o ponto 19 supra), o número de mortos seria entre 3.000 e 9.000. O número total de Testemunhas de Jeová alemães e não alemães que morreram às mãos dos nazis, segundo o USHMM, é de 1.650. No que respeita às outras categorias da Sra. Schwartz, "homens e mulheres corajosos de todas as nações" e "padres e pastores", o triste facto é que comparativamente poucas das vítimas civis da repressão do Eixo se tinham virado contra os nazis escondendo judeus, ajudando aos guerrilheiros, dando sermões na sua paróquia ou de qualquer outra forma não violenta (combatentes de resistência armados não são incluídos na minha contagem, vide o ponto 16 supra). A maior parte das vítimas foram apanhadas em represálias ou operações contra guerrilha independentemente de qualquer acção própria.
Conclusão
Segundo o acima exposto, o número de vítimas não judias da "maquinaria assassina nazi", conforme definida na 1ª Parte deste artigo, é consideravelmente mais elevado do que as 5 milhões de vítimas não judias "inventadas" por Simon Wiesenthal, enquanto por outro lado o número combinado de cristãos polacos, ciganos, deficientes, homossexuais, Testemunhas de Jeová e opositores dos nazis por motivos políticos ou religiosos, i.e. as categorias salientadas no site "Five Million Forgotten", perfazem apenas cerca de 20 % do meu total inferior de mais de 7 milhões de vítimas de violência criminal pelos nazis e os seus aliados (a grosso modo 1 ½ milhões).
Ora, qual é o objectivo deste exercício, que alguns poderão considerar uma rude e despropositada redução de incomensurável sofrimento humano a números frios e crus?
Penso ser importante, dada a ampla falta de conhecimento sobre as vítimas não judias dos crimes nazis, as noções falsas que a este respeito são transmitidas por sites como "Five Million Forgotten" e a incidental, embora provavelmente não intencional, ofuscação do sofrimento e morte de não judeus às mãos da "maquinaria assassina nazi", com a falta de conteúdo dos "cinco milhões" de Wiesenthal com argumento chave, que é praticada por Michael Berenbaum , Walter Reich e outros, fornecer uma ideia tão detalhada e exacta quanto possível da magnitude total das matanças criminais de não judeus pelos nazis.
O presente artigo não pretende ser mais do que uma primeira tentativa neste sentido, que espero encorajará pesquisadores com um acesso a fontes mais amplo do que o meu a estudar e desenvolver mais profundamente esta matéria.
[Tradução adaptada do meu artigo 5 million non-Jewish victims? (Part 2) no blog Holocaust Controversies.]
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Até parece que …
… os crimes dos nazis durante a Segunda Guerra Mundial se limitaram essencialmente à matança de judeus nas câmaras de gás de alguns campos de extermínio, uma vez que é esta a matéria em que se foca a atenção dos chamados "Revisionistas", aqueles malucos geralmente motivados pela admiração do regime nazi e/ou o ódio aos judeus.
No entanto, as câmaras de gás dos campos de extermínio de Chelmno, Belzec, Sobibor e Treblinka e dos campos de dupla finalidade de Auschwitz-Birkenau e Majdanek foram apenas um aspecto do genocídio dos judeus pelos nazis. Segundo The Destruction of the European Jews ("A Destruição dos Judeus Europeus") de Raul Hilberg, Tabela B-1 na página 1219, cerca de 800.000 judeus morreram em resultado de "guetização e ocupação em geral" em guetos na Europa de Leste ocupada pela Alemanha, em Theresienstadt e nas colônias da Transnístria do aliado romeno da Alemanha, ou devido a privações fora dos guetos. Cerca de 1,3 milhões foram mortos em fuzilamentos a céu aberto pelas Einsatzgruppen, unidades da SS e da polícia e unidades da Wehrmacht ou do exército romeno, e cerca de 300.000 pereceram em campos de concentração, de trabalho ou de trânsito ou sucumbiram à chacinas em massa pelos aliados croatas da Alemanha ou a outras causas. Portanto um total de 2,4 milhões das 5,1 milhões de vítimas judias do genocídio nazi estimadas por Hilberg, ou 47 % do total, não foram mortas por gaseamento em massa em campos com instalações dedicadas a esta finalidade. Pesquisas mais recentes, incluindo sem limitação os estudos país por país publicados por Wolfgang Benz e outros, Dimensionen des Völkermords (“Dimensões do Genocídio”), apontam para uma mortandade total judaica acima dos 6 milhões e para uma proporção ainda mais alta de mortes fora de tais campos, especialmente fuzilamentos a céu aberto por unidades assassinas móveis. No entanto, a preocupação dos "Revisionistas" com as operações de unidades assassinas móveis é insignificante ao lado da sua obsessão com as câmaras de gás (especialmente as de Auschwitz-Birkenau), e a mortandade em massa dos judeus devido a privações em guetos e campos quase nem é abordada por eles. Em conformidade com a natureza populista do "Revisionismo", esta fixação nas câmaras de gás é, desde logo, o espelho do conhecimento público dos vários aspectos do genocídio dos judeus pelos nazis.
O genocídio nazi dos judeus, por sua vez, foi apenas uma aspecto da chacina deliberada de não combatentes fora de ações de combate pelos nazis em toda a Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Embora este fato seja sobejamente conhecido por quem fez alguma pesquisa sobre o regime nazi e os seus horrores, parece até ser menos conhecido ao público em geral do que as mortes judias fora dos campos inteira ou parcialmente dedicados ao extermínio em massa, e em consonância ocupa um espaço ainda menor nas tentativas dos "Revisionistas" de falsificar a história. Mesmo estudiosos sérios dos crimes nazis às vezes parecem estar bastante mal informados sobre os crimes contra os não-judeus, como se vê, por exemplo, no artigo Are The Jews Central To The Holocaust de Gord McFee (Link de backup, de 04.12.2011; Link original, passar o mouse), membro de The Holocaust History Project, em que o autor escreve o seguinte (minha tradução):
O Holocausto, desde a sua concepção até à sua implementação, tinha um aspecto distintamente judeu, sendo sustentável afirmar que, sem este aspecto judeu, não teria havido Holocausto. A maior parte dos não-judeus não teria sido morta porque a maquinaria assassina não teria sido posta em operação.
De fato a sequência foi mais bem ao contrário. A maquinaria assassina foi posta em movimento visando judeus entre outros segmentos da população, é só posteriormente se focou principalmente nos judeus. Na página 10 do seu livro Krieg, Ernährung, Völkermord ("Guerra, Alimentação, Genocídio"), o historiador alemão Christian Gerlach escreve o seguinte (minha tradução, ênfases acrescentadas por mim):
Há muito que a ciência histórica se preocupa com a política de extermínio alemã nos primeiros meses da guerra contra a União Soviética. Foi de certo modo o preâmbulo de chacinas em massa em dimensões até então desconhecidas. A fim de esclarecer este desenvolvimento, parece útil distinguir entre duas fases: se o regime nacional-socialista tivesse repentinamente chegado ao fim em Maio de 1941, teria ficado na infâmia principalmente pelo assassinato de 70.000 pessoas doentes e inválidas na chamada ação de "eutanásia", de várias dezenas de milhares de polacos judeus e não-judeus e de muitos milhares de presos dos campos de concentração no Reich alemão. Perto do fim do ano 1941, o número de vítimas da política alemã de violência tinha aumentado em mais de três milhões de pessoas (sem contar as tropas do Exército Vermelho mortas em combate) – das quais cerca de 900,000 judeus, nove em cada dez destes nos territórios soviéticos ocupados, e cerca de dois milhões de prisioneiros de guerra soviéticos. [Nota de rodapé: Outros números elevados de vítimas tinham até então resultado da política alemã de combate a alegados guerrilheiros (um mínimo de 100,000 pessoas, principalmente na Bielorrússia, na Rússia Central e na Sérvia) e do bloqueio de fome contra Leningrado com centenas de milhares de mortos.] Somente no decurso do ano 1942 a população judaica da Europa se tornou o maior grupo de vítimas da política alemã de extermínio.
Quais foram as razões por trás deste salto quantitativo da chacina em massa nazi, que Gerlach salienta?
Um dos principais fatores que conduziram a este incremento, segundo Gerlach, foi o chamado Plano de Fome dos nazis. No seu artigo The Fate of Soviet Prisoners of War ("O Destino dos Prisioneiros de Guerra Soviéticos") (Link backup, de 06.10.2011, Link original, passar o mouse) outro historiador alemão, Christian Streit refere o seguinte (minha tradução):
A obtenção de alimentos do Leste era um dos principais objetivos do Reich alemão na guerra contra a Rússia Soviética. O colapso da Alemanha em 1918 tinha sido uma experiência traumática para os líderes alemães, e era ainda lembrado por Hitler e os seus generais. A exploração sem piedade de recursos alimentícios no Leste visava possibilitar que a população alemã desfrutasse de consumo alimentício como em tempos de paz, estabilizando assim a moral de guerra.
Os burocratas envolvidos no planejamento desta exploração, segundo Streit (minha tradução),
estavam perfeitamente conscientes do fato de que isto implicava "sem dúvida na morte por fome de muitos milhões de pessoas."
O que estes burocratas tinham em mente resulta claro de dois documentos parcialmente transcritos e traduzidos para inglês no tópico The Nazi Hunger Plan for Occupied Soviet Territories ("O Plano de Fome Nazi para os Territórios Soviéticos Ocupados") (Link backup, de 18.07.2011; Link original, passar o mouse) do fórum RODOH (Link backup, de 18.07.2011, Link original, passar o mouse): o protocolo de uma reunião dos secretários de estado em 02.05.1941 e as "Diretivas de Política Econômica para a Organização Econômica Leste, preparadas pelo Grupo [de Trabalho] Agricultura". No primeiro destes documentos lê-se o seguinte (minha tradução):
1.) A guerra só pode ser continuada se a Wehrmacht inteira for alimentada a partir da Rússia no 3º ano da guerra.
2.) Devido a isto muitos milhões de pessoas sem dúvida morrerão de fome quando retirarmos do país aquilo que é preciso para nós.
O segundo documento é mais detalhado a este respeito (minha tradução, ênfases acrescentadas por mim):
Não há interesse alemão em manter a capacidade produtiva destas regiões, também no que respeita ao abastecimento das tropas lá estacionadas. […] A população destas regiões, especialmente a população das cidades, deverá antecipar uma fome das maiores dimensões. O problema será redirecionar a população para as áreas da Sibéria. Estando fora de questão o transporte por via férrea, este problema também será extremamente difícil de resolver. […]
Do acima exposto conclui-se que a administração alemã nestas regiões podia bem tentar minguar as conseqüências da fome que sem dúvida ocorrerá e acelerará o processo de naturalização. Poder-se-á tentar cultivar lá áreas de forma mais extensiva, no sentido de expandir a área para cultivo de batatas e outros frutos de rendimento elevado para consumo. Isto não deterá a fome, contudo. Muitas dezenas de milhões de pessoas tornar-se-ão supérfluas nesta área e morrerão à fome ou terão que emigrar para a Sibéria. Tentativas de salvar a população da morte por fome utilizando excessos da zona de terra negra apenas podem ser feitas a custas do abastecimento da Europa. Tais tentativas impedem a capacidade da Alemanha de agüentar a guerra, impedem a resistência ao bloqueio da Alemanha e da Europa. Isto tem que ficar absolutamente claro.[…]
Estas considerações mostram quais são os pontos essenciais. O objetivo mínimo deverá ser o de libertar completamente a Alemanha de ter que alimentar a sua própria Wehrmacht no 3º ano da guerra, a fim de dar à economia alimentar alemã a possibilidade de, por um lado, manter as rações emitidas até agora e, por outro, criar certas reservas para o futuro. Será ainda necessário disponibilizar abastecimentos para a Alemanha na maior medida possível nos três campos chave da alimentação – sementes oleaginosas, trigo e carne – a fim de garantir a alimentação não apenas da Alemanha, mas também das áreas ocupadas ao norte e ao oeste. […]
Finalmente, cumpre salientar de novo os aspectos básicos. A Rússia, sob o sistema bolchevique, afastou-se da Europa por meras razões de poder e perturbou assim o balanço europeu de divisão de trabalhos. A nossa tarefa de reintegrar a Rússia neste balanço implica necessariamente destroçar o atual balanço econômico da URSS. Está fora de questão manter o que lá há, mas estamos conscientemente a nos afastar daquilo e a integrar a economia alimentar da Rússia na área européia. Isto conduzirá necessariamente à extinção da indústria e de uma grande parte das pessoas nas áreas até agora importadoras de alimentos.
Cumpre salientar esta alternativa da forma mais clara e dura possível.
Este monstruoso plano de chacina em massa através da fome não foi de forma alguma apenas a idéia de alguns burocratas malucos, contrariamente ao que Hermann Göring afirmou perante o Tribunal Internacional Militar no Julgamento dos Principais Criminosos de Guerra em Nuremberg. Conforme referido nas "Diretivas", a "situação" lá descrita tinha sido "aprovada pelas mais altas entidades", e de fato as afirmações dos mais altos líderes nazis neste sentido mostram que estes consideravam a inanição massiva nos territórios ocupados da União Soviética como um dos seus objetivos, ou como uma das conseqüências inevitáveis da sua política. Gerlach cita algumas das afirmações neste sentido nas páginas 51 e seguintes do seu livro Kalkulierte Morde ("Assassinatos Calculados"), das quais traduzi o extrato seguinte (vide a minha mensagem no fórum RODOH de 30-Jul-2005 16:05):
O Plano de Fome também aparecia em outras ocasiões. Era um dos temas preferidos de Göring. Em Novembro de 1941 este disse ao ministro dos negócios estrangeiros italiano, Conde Ciano, que no espaço de um ano, de 20 a 30 milhões de pessoas morreriam de fome na Rússia. Talvez isto fosse uma coisa boa, acrescentou, uma vez que certos povos precisavam de ser reduzidos. Hitler falou de uma "catástrofe populacional" dos "moscovitas" e declarou que devido à falta ou destruição de alimentos "milhões teriam de morrer". Segundo Goebbels, os líderes alemães declararam "publicamente que a Rússia não tem nada a esperar de nós e que a deixaremos morrer de fome." O Plenipotenciário Geral para Procura de Mão de Obra, Fritz Sauckel, afirmou em 4 de Agosto de 1942, durante uma visita aos territórios soviéticos ocupados, que quando lá tinha estado no Outono de 1941 "todas as autoridades alemãs tinham persistido na convicção de que no Inverno seguinte, i.e. no Inverno passado, pelo menos dez a vinte milhões destas pessoas simplesmente morreriam de fome." Ao menos algumas autoridades de ocupação no local cingiram-se, portanto, às diretivas repetidamente formuladas de forma similar à seguinte: "Não podemos alimentar o país inteiro. A inteligência tem sido morta, os comissários desapareceram. Grandes áreas ficarão entregues a si próprias (morrerão de fome)." Também o Ministro do Leste Rosenberg repetidamente afirmou que a morte por inanição de milhões era "uma dura necessidade que se situa fora de qualquer sentimento."
Afortunadamente para a maioria das 20 a 30 milhões de vítimas preconizadas – essencialmente os habitantes da zona florestal do norte da Rússia e das grandes cidades – este programa assassino sem precedentes não era tão fácil de executar, entre outras razões porque as forças de ocupação alemãs mal tinham os recursos humanos necessários para vedar cidades e regiões inteiras contra a entrada de alimentos e impedir os habitantes de se defender da morte por inanição que lhes era destinada (conforme o expressou um especialista alemão citado na página 32 do livro Krieg, Ernährung, Völkermord de Gerlach, Peter-Heinz Seraphim) procurando alimentos no campo e mediante transações no mercado negro. A constatação deste fato, segundo Gerlach, levou os nazis a sistematicamente visar grupos específicos de "comedores inúteis", que podiam ser alvo de programas de matança exeqüíveis.
Um destes grupos era o dos prisioneiros de guerra soviéticos em mãos dos alemães. No último lugar da lista de prioridades desde o início da guerra contra a União Soviética, e sujeitos à matança seletiva de certos elementos entre eles (especialmente comissários políticos bem como prisioneiros judeus e "asiáticos"), considerados particularmente indesejáveis sob aspectos políticos e/ou raciais, os prisioneiros de guerra soviéticos tornaram-se alvo de uma política sistemática de inanição em massa no Outono de 1941, conforme descrito por Gerlach nas páginas 30 a 56 de Krieg, Ernährung, Völkermord , a minha tradução para inglês das quais se encontra na minha mensagem no fórum RODOH de 30-Jul-2005 16:21.
Para o fim do Inverno de 1941/42, cerca de 2 milhões de um total de cerca de 3,3 milhões de prisioneiros de guerra soviéticos capturados tinham sido abatidos ou – na maioria dos casos – morrido de inanição, exposição aos elementos ou (mais raramente) doença em campos de passagem ou de base ou a caminho dos mesmos. O tratamento dos prisioneiros de guerra soviéticos começou a melhorar na Primavera de 1942, mas a matança seletiva de certas categorias de prisioneiros continuou, e a mortalidade devida à subnutrição e a causas relacionadas com esta (especialmente tuberculose) foi enorme até ao fim da guerra. O número total de vítimas é referido como segue por Streit, no seu artigo acima referido (minha tradução):
Um total de aproximadamente 5,7 milhões de soldados do Exército Vermelho foram feitos prisioneiros entre 22 de Junho de 1941 e o fim da guerra. Em Janeiro de 1945, restavam cerca de 930.000 prisioneiros de guerra soviéticos nos campos de prisão da Wehrmacht. Cerca de 1 milhão tinham sido libertados do cativeiro, a maioria como chamados "Hilfswillige", isto é, auxiliares da Wehrmacht. Segundo estimativas do Estado-maior do Exército Alemão, outros 500.000 prisioneiros tinham escapado ou sido libertados pelo Exército Vermelho.
Os restantes 3.300.000 ou cerca de 57 por cento do número total, tinham perecido até 1945. Para tornar estas cifras mais significativas, cabe compará-las com as estatísticas relativas aos prisioneiros de guerra britânicos e americanos. Do total de 231.000 destes prisioneiros em mãos dos alemães, 8.348 ou 3,6 por cento morreram até o fim da guerra.
Algo mais baixo do que a estimativa de Streit é a de Alfred Streim, quem calculou 2,53 milhões de mortes entre os prisioneiros de guerra soviéticos, de um total de 5,2 milhões capturados. Quanto as diferenças entre os cálculos de Streit e de Streim, vide a mensagem do Dr. Nick Terry de 26 Feb 2006 22:42 no tópico Soviet Death Toll in WWII As A Whole ("Mortes Totais da União Soviética na Segunda Guerra Mundial") do Axis History Fórum.
Outro grupo destinado à inanição em massa segundo o Plano de Fome era a população da cidade de Leningrado, que foi sitiada pela Wehrmacht durante cerca de 900 dias e perdeu por volta de um milhão de habitantes, principalmente vítimas da fome e do frio, durante este período. Como resulta dos documentos contemporâneos citados e traduzidos para inglês na minha mensagem no fórum RODOH de 25-Jul-2005 10:48 e de um estudo recente pelo historiador alemão Jörg Ganzenmüller, não se tratava de um sítio convencional, com o objetivo de obter a rendição de uma praça inimiga e portanto permitido segundo o Direito Internacional da época. Isto porque os exércitos alemães sitiantes estavam proibidos de aceitar a rendição da cidade mesmo que fosse oferecida , e o propósito declarado do sítio era não a rendição da cidade, mas sim a sua obliteração e a remoção da sua população, que os sitiadores não queriam ter nas suas mãos como bocas famintas a alimentar. Num artigo no semanário alemão Die Zeit, traduzido para inglês na minha mensagem no fórum RODOH de 28-Nov-2005 21:32, Ganzenmüller escreveu o seguinte (minha tradução):
Hitler e o comando da Wehrmacht não queriam conquistar Leningrado, mas sim destrui-la. Já no início da campanha da Rússia, o chefe do Estado-maior do exército, Franz Halder, tinha escrito o seguinte no seu diário de guerra: »É a firme decisão do Führer destruir completamente Moscou e Leningrado a fim de evitar que lá fiquem pessoas, as quais teríamos que alimentar no Inverno.«
Nessa altura ninguém estava ainda seriamente pensando no que aconteceria aos habitantes de Leningrado. Ainda não se planejava um genocídio naquela altura, mas foi aqui que as primeiras fantasias de extermínio tiveram o seu início. Assim, Goebbels pôs o seguinte oráculo no seu diário em 12 de Julho de 1941: »Também não se pode dizer o que será dessa gigantesca massa de milhões num futuro próximo. Vejo aproximar-se uma catástrofe cujas dimensões são ainda completamente imprevisíveis.«
Várias semanas depois começava a vislumbrar-se o fracasso da estratégia alemã de blitzkrieg. Não tinha sido possível derrotar uma grande parte do Exército Vermelho junta à fronteira soviética e depois ocupar amplas extensões do país num »avanço por comboio« sem combate. Em vez disso o atraso no calendário previsto colocava em questão a totalidade da Operação Barbarossa. Os líderes alemães começaram a fazer reduções em relação aos seus objetivos originais. Em primeiro lugar renunciaram à conquista completa do norte da Rússia, uma vez que estas áreas não eram de importância decisiva para a guerra. Mas havia ainda indecisão quanto ao tratamento de Leningrado.
Já no fim de Abril de 1941, dois meses antes da invasão da União Soviética, o Ministério de Alimentação do Reich tinha declarado »que o problema de abastecer Leningrado não pode ser resolvido de forma alguma em termos de alimentação caso a cidade caia nas nossas mãos«. Quando no fim do Verão e no Outono de 1941 a Operação Barbarossa ficou atascada, e a exploração das áreas conquistadas também não dava os resultados esperados, a população civil tornou-se um »problema de alimentação« aos olhos da Wehrmacht. Isto deu ao Marechal do Reich Göring, quem coordenava a exploração econômica nas áreas ocupadas, a ideia de não capturar grandes cidades soviéticas de todo »devido a considerações econômicas«. Em vez disso considerava o seu cerco como sendo mais »vantajoso«.
Assim, o cerco de Leningrado virou uma tentativa de asfixiar mesmo a cidade. Considerações temporárias de comandantes locais sobre uma »deportação« dos habitantes para trás das linhas soviéticas rapidamente perderam o seu significado, uma vez que os soldados alemães não deveriam ser expostos à »pesada carga psicológica« que resultaria de presenciarem tal »marcha de fome«. Os responsáveis na retaguarda do exército também não estavam dispostos, contudo, a acolher e alimentar as pessoas. Assim, apenas restava ao Alto Mando do 18º Exército, como »última possibilidade« a seguinte: »Deverão todos morrer de fome.«
Esta decisão de genocídio, aparentemente motivada »por necessidade« ou por »política alimentícia« estava no entanto em completa consonância com o programa de germanização dos nacional-socialistas. Isto porque Leningrado pertencia a uma área da União Soviética que no futuro deveria ser colonizada por alemães sob o nome de »Ingermanland«. O Plano Geral Leste, um gigantesco programa de realojamento elaborado sob a supervisão do Reichsführer SS Heinrich Himmler, ainda em 1942, previa que a população urbana daquela região teria diminuído de 3,2 milhões em 1939 para 200.000 depois da guerra. A diferença de três milhões de pessoas que assim »desapareceu« no papel correspondia ao número de habitantes de Leningrado naquela altura.
Embora Leningrado foi de longe o mais mortífero caso de aplicação do Plano de Fome, o mesmo também foi aplicado – embora em escala reduzida se comparada com o alcance originalmente pretendido – em relação às cidades nos territórios soviéticos ocupados, tais como Kiev. Segunda a Tabela I na página 317 do estudo Harvest of Despair. Life and Death in Ukraine under Nazi Rule ("Colheita do Desespero. Vida e Morte na Ucránia sob o Domínio Nazi"), do historiador holandês Karel C. Berkhoff, a população de Kiev diminui de um número estimado de 400.000 em Outubro de 1941 para 352.139 em 1 de Abril de 1942, 305.366 em 1 de Outubro de 1942 e 295.639 em 1 de Julho de 1943. Na página 186 Berkhoff escreve (minha tradução):
A morte por inanição não foi a única razão para o rápido declínio da população: as deportações para a Alemanha e os fuzilamentos pelos nazis também tiveram o seu papel. No entanto, a política de fome foi um fator importante, assemelhando-se em muito às considerações de Hitler e Erich Koch em 1941 sobre o despovoamento da cidade.
Pior do que em Kiev, segundo Berkhoff (página 164), foi a fome em Kharkov, na área sob administração do Grupo de Exércitos do Sul alemão. No seu clássico relato Russia at War 1941-1945 ("A Rússia em Guerra 1941-1945"), o extrato pertinente do qual se encontra citado na minha mensagem no fórum RODOH de 25-Jul-2005 11:04, o jornalista britânico Alexander Werth escreveu que, segunda as autoridades russas, umas 70.000 ou 80.000 pessoas tinham morrido em Kharkov durante a ocupação nazi e que várias verificações feitas por ele tinham revelado que este número estava "ligeiramente, mas não muito, exagerado".
Quantos civis sucumbiram à inanição induzida pela ocupação nos territórios da União Soviética ocupados pelos nazis ainda não foi estabelecido, embora haja algumas estimativas, tais como as seguintes, referidas no livro Democide: Nazi Genocide and Mass Murder de R.J. Rummel, que não merece recomendação:
• Gil Elliot, Twentieth Century Book of the Dead, 1972 Allen Lane The Penguin Press, Londres, páginas 54-58: 6.500.000 a 7.500.000 ("de fome, doença, exposição aos elementos; 0,5 milhões que se presume morreram depois da guerra não estão incluídos");
• Roy Medvedev, Let History Judge: The Origins and Consequences of Stalinism, traduzido por Colleen Taylor, 1972 Alfred A. Knopf, Nova Iorque, página 140: 5.000.000 ("fome/doença; segundo o demógrafo soviético M. Maksudov").
Na sua tese recentemente aprovada com o título The German Army Group Centre and the Soviet Civilian Population, 1942-1944 ("O Grupo de Exércitos do Centro Alemão e a População Civil Soviética, 1942-1944"), o Dr. Nick Terry escreveu o seguinte (página 260):
Embora a inanição em massa dos prisioneiros de guerra soviéticos fosse extensivamente documentada pelos investigadores de crimes de guerra, as mortes por fome entre os civis eram reconhecidas com menos frequência pelas comissões acerca de Rayon e Óblast. No entanto, as estatísticas remanescentes indicam um nível de mortalidade escondido assustador devido a estas causas. Em muitos distritos na linha da frente, o número de mortos por fome, doença e exaustão pode ter excedido o número de mortos em matanças cara-a-cara. No Óblast de Kalinin, uma das poucas províncias a fornecer tais dados, pelo menos 34.000 civis morreram de fome e doença entre 1941 e 1943, a maioria destes dentro e em volta da cidade de Rzhev.3 Rzhev não foi a única localidade na linha da frente que sofreu desta forma, conforme o comprovam os dados apurados pela comissão do rayon de Baturino, Óblast de Smolensk. Esta registou 1.544 mortes por fuzilamento ou enforcamento, mas 2.616 mortes por fome e exaustão provocada por trabalho forçado. Esta mortalidade não foi levada em conta pelas autoridades do Óblast de Smolensk quando calcularam em 87.026 o número total de vidas civis perdidas em toda a província.4 A evidência retirada de fontes alemãs e apresentada nesta dissertação indica que as mortes por fome eram muito numerosas entre a população civil, não apenas nas zonas de guerra em território russo, mas também na Bielorrússia oriental. A mortandade ainda aumentou devido às três grandes epidemias de tifo que assolaram a zona de guerra durante os três anos de ocupação, surtos estes que infectaram várias centenas de milhares de civis (capítulos 7 e 9). Uma estimativa conservadora da mortandade induzida pela fome na zona de operações de Grupo de Exércitos do Centro aponta para 200.000 mortes por fome e doença.
A zona de operações do Grupo de Exércitos do Centro, objeto da dissertação de Nick Terry, abrangia apenas uma parte dos territórios da União Soviética ocupados pela Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial, e até uma parte relativamente pequena, como se pode ver neste mapa da Europa em 1942, que mostra também as zonas de operações do Grupo de Exércitos do Norte e do Grupo de Exércitos do Sul bem como as áreas sob administração civil, os Comissariados do Reich de Ostland e Ucrânia. No entanto, a estimativa de Nick Terry para o que no mapa parece corresponder a pelo menos 15 % do território soviético sob ocupação nazi sugere que as cifras acima referidas de Elliot e Medvedev são demasiado altas, mesmo se presumirmos que incluem as vítimas do sítio de Leningrado, cujo número é de cerca de um milhão.
Além do risco de morrer de fome e doença, os civis soviéticos não-judeus nos territórios ocupados pela Alemanha nazi também corriam um grande risco de serem mortos diretamente, embora as suas hipóteses de sobrevivência fossem maiores do que as dos judeus, alvo de extermínio. O risco de ser brutalmente morto pelas forças de ocupação era particularmente elevado para civis, que os ocupadores viam como estando de alguma forma ligados à resistência guerrilheira, nem que fosse apenas porque as suas aldeias se encontravam nas chamadas áreas infestadas de guerrilheiros.
Uma particularidade da guerra livrada pelos guerrilheiros soviéticos contra o invasor alemão consiste em que Hitler, ao ter conhecimento da ordem correspondente de Stalin, de fato ficou satisfeito com a notícia. De acordo com as notas de Martin Bormann sobre uma reunião no quartel geral do Führer com Rosenberg, o Ministro do Reich Lammers, o Marechal de Campo Keitel e o Marechal do Reich Göring em 16.07.1941, parcialmente transcritas em Ernst Klee / Willi Dreßen, "Gott mit uns": Der deutsche Vernichtungskrieg im Osten 1941-1945 («"Deus está Connosco": A Guerra de Extermínio Alemã no Leste 1941-1945»), páginas 22-24, segundo o Documento de Nuremberg 221-L, Hitler afirmou o seguinte (minha tradução):
[…]Os russos deram agora uma ordem para se fazer guerra de guerrilha atrás da nossa linha da frente. Esta guerra de guerrilha também tem as suas vantagens: dá-nos a oportunidade de exterminar o que se virar contra nós. […] Aquela área gigantesca deve ser pacificada o mais rápido possível, o que melhor se consegue abatendo mesmo quem só olhe de forma torta.[…] Os habitantes devem saber que se fuzila a qualquer um que não funciona, e que serão responsabilizados por qualquer infração.[…]
De acordo com este princípio, a luta contra os guerrilheiros soviéticos (inicialmente bem mais fracos e desorganizados) foi utilizada como pretexto para eliminar todo tipo de indesejáveis na retaguarda alemã, com o foco predominante de tais ações de extermínio mudando gradualmente dos judeus à população não-judia camponesa local, a medida que os primeiros desapareciam e a segunda ia sendo mais influenciada pelo movimento guerrilheiro, para cuja força e efetividade crescentes a política de fome nazi e – especialmente na Ucrânia – as deportações de trabalhadores forçados para o Reich eram fatores essenciais. As operações contra a guerrilha efetuadas por divisões de segurança da Wehrmacht, forças das SS e da polícia e auxiliares locais eram matanças indiscriminadas, em que a população de aldeias inteiras era abatida a tiro ou queimada viva dentro de celeiros e igrejas, e depois das quais tractos inteiros de terra, especialmente na Bielorrússia, às vezes ficavam sem um único habitante vivo. Estas ações eram dirigidas não tanto contra os guerrilheiros como contra a população camponesa local "infectada", e tal como as políticas de fome contra prisioneiros de guerra e populações urbanas eram largamente guiados por considerações econômicas. Isto é explicado nos extratos do livro Kalkulierte Morde de Christian Gerlach que traduzi para o inglês no tópico do fórum RODOH Major Antipartisan Operations in Belorussia ("Grandes Operações Contra a Guerrilha na Bielorrússia"), do qual é retirado o texto seguinte (minha tradução, ênfases acrescentadas por mim):
Por que os alemães mal atacavam os guerrilheiros diretamente, como teria sido possível, e até conseqüente, com a tática de cerco? Por que preferiam "combater" os guerrilheiros nas redondezas? Conforme demonstrado, o terreno pouco acessível, e o melhor conhecimento da área pelos guerrilheiros, a covardia e a idade excessiva das tropas alemãs eram algumas das razões. Os guerrilheiros propriamente ditos também conseguiam habitualmente escapar ao cerco alemão – que chamavam de "bloqueio" – retirando, deslizando ou rompendo o cerco, o que os camponeses não faziam. A razão principal, no entanto, era a seguinte: tal como no caso de outros movimentos guerrilheiros os ataques militares dos guerrilheiros e as perdas próprias não eram o aspecto mais perigoso do ponto de vista das autoridades de ocupação alemãs (vide o capítulo 9.1). O que as preocupava mais era a influência crescente dos guerrilheiros sobre a população local. Os guerrilheiros deviam assim ser isolados dos camponeses a todo custo. Quanto mais a resistência armada atraía os camponeses para o seu lado, menor era a quantidade de produtos agrícolas que estes entregavam aos alemães. O principal interesse dos ocupantes, contudo, residia em ter uma população tão leal e disposta a entregar o quanto possível. Onde a população se punha do lado dos guerrilheiros, tornava-se uma ameaça ao regime alemão através da sua desobediência, e como era mais fácil de atingir, os ocupadores concentravam-se em erradicar as aldeias "infestadas por guerrilheiros" (um termo freqüentemente utilizado) de forma a evitar que a "infecção" política se propagasse.
Concretamente esta situação era vista da parte alemã como segue: os acampamentos de guerrilheiros estavam habitualmente localizados em grandes áreas florestais. A partir destas os guerrilheiros tentavam paralisar o sistema administrativo e agrícola nas redondezas. Desde o início de 1942 os camponeses eram gradualmente convencidos ou obrigados a abster-se de entregar produtos agrícolas aos alemães. Os starosts, presidentes da câmara, polícias e empregados administrativos locais eram intimidados ou atacados. Assim, os alemães deixavam, a longo prazo, de receber produtos agrícolas destas áreas. Isto significa que do seu próprio ponto de vista o poder de ocupação não precisava "de ter em consideração se a produção agrícola destas áreas seria danificada [por estas ações] ou se cessaria completamente, uma vez que estas áreas infestadas de bandidos não tinham de qualquer forma feito entregas anteriormente mas apenas beneficiavam os bandos de forma direta ou indireta", conforme o expressou Göring em Outubro de 1942. Por outras palavras: a Alemanha não perdia nada com a morte destes camponeses. Isto aplicava-se pelo menos "àquelas áreas que não se espera serem pacificadas mesmo depois de terem sido sujeitas a rastreio" (vide o capítulo 9.4 quanto aos detalhes). A devastação até beneficiava o poder de ocupação uma vez que se previa evitar, desta forma, que a faísca política atingisse outras regiões, mais importantes em termos de agricultura. Os habitantes das áreas de influência dos guerrilheiros eram – às vezes corretamente – suspeitos de fornecerem alimentação, outras necessidades e informação ao movimento de resistência, voluntária ou involuntariamente. A chacina ou o realojamento destas pessoas pelos alemães não tinha como objetivo estabelecer os alegados culpados, contudo; conforme foi demonstrado, isto era freqüentemente impossível sob aspectos organizacionais durante as grandes operações. O objetivo consistia em privar os guerrilheiros de apoio, alojamento e alimentos. Um antigo participante testemunhou como segue:
"Nós membros do EK[Einsatzkommando - Destacamento Especial] VIII reagimos a isto destruindo aldeias inteiras nesta área, cujos habitantes abatemos a tiro. O nosso objetivo era privar os guerrilheiros nas florestas da possibilidade de obterem alimentos, roupa, etc. destas localidades. Em um ou dois casos nós membros do EK VIII revistamos a floresta nesta área de forma a encontrar os guerrilheiros nos seus esconderijos. No entanto, rapidamente desistimos de tais métodos. Considerávamo-lhes demasiado perigosos para nós, uma vez que podíamos nós próprios ser atacados e destruídos pelos guerrilheiros."
O que resulta claro quando se reconstrói o desenvolvimento de quase todas as ações de combate à guerrilha no mapa também se vê diretamente em muitas fontes: estas ações eram dirigidas contra áreas no limiar de grandes florestas ou aldeias na floresta. Testemunhas e autores individuais posteriormente lembraram esta tática de forma muito exata. Por exemplo, o antigo comandante do regimento de polícia 26 das SS, Georg Weisig, referiu o seguinte em sobre a operação "Otto" por volta do fim de 1943/inícios de 1944:
"Cerca de duzentos e cinquenta habitantes das aldeias localizadas fora da floresta foram deportados para campos. As pessoas que se encontravam nas aldeias dentro da floresta, contudo, foram todas mortas. […] Em toda a área entre Sebesh e o Lago Osweskoje – onde se tinha efetuado a operação – não restava um único ser humano vivo depois do nosso regimento ter passado."[…]
São especialmente reveladoras sobre o caráter desta guerra contra os civis as fontes que mostram que durante as "grandes operações" as unidades alemãs e os seus auxiliares marchavam exclusivamente nas estradas e "reparavam" aldeias, conforme já se mostrou em relação à Operação "Bamberg". É claro que não era expectável desde o início que fossem encontrados guerrilheiros. O já citado SS-Hauptsturmführer Wilke do comando da polícia de segurança e do SD [Sicherheitsdienst - Serviço de Segurança] de Minsk escreveu o seguinte sobre o comandante de um batalhão de polícia para o qual tinha sido destacado:
"Tenho a impressão de que o comandante quer muito poupar as suas tropas ou não as considera capazes de muita coisa. Tem sempre a tendência de se aproximar das áreas de operação tanto quanto possível com veículos motorizados." O seu superior, o comandante da polícia de segurança e do SD Strauch, em Abril de 1943 criticou abertamente, perante um grande público, que as formações alemãs eram "muito torpes [schwerfällig] como tropas", pelo que devido às más comunicações não se atingia as bases dos guerrilheiros. No relatório sobre a Operação "Waldwinter" da 286ª Divisão de Segurança constou o seguinte: "Como alvos de ataque escolhiam-se quase exclusivamente estradas com aldeias adjacentes, a fim de possibilitar boas comunicações à direita e à esquerda apesar das difíceis condições da estrada."
No seu livro The Phantom War, Matthew Cooper chamou estas operações contra a guerrilha de "uma matança dos inocentes, da qual até alguns dos autores ficariam fartos". Dois que pelo menos estavam preocupados se era "apropriado" o que estava a ser feito eram o Comissário Geral Kube e o Comissário do Reich Lohse, que são mencionados neste sentido nos extratos acima referidos do livro Kalkulierte Morde de Gerlach (minha tradução):
Esta vista geral mostra claramente quem eram as vítimas das grandes operações alemãs entre 1942 e 1944. A relação entre o número de chamados inimigos mortos ou "liquidados" ou "abatidos" – termos que não carecem de explicação – por um lado e o número de espingardas, pistolas-metralhadoras e metralhadoras pelo outro era habitualmente entre 6:1 e 10:1. Uma vez que desde o fim de 1942 a mais tardar cada guerrilheiro possuía uma destas armas – os membros novos eram obrigados a trazer a sua – isto significa que cerca de 10 a 15 por cento das vítimas das ações alemãs eram guerrilheiros. Os restantes 85 a 90 por cento eram principalmente camponeses das redondezas bem como refugiados. Isto é confirmado pelas perdas alemãs extremamente baixas, sendo a relação entre as mortes alemãs e as do outro lado entre 1:30 e 1:300, em média 1:100.
O que estas relações significavam era geralmente sabido pelos funcionários da ocupação alemã na Bielorrússia. Por exemplo, o Comissário Geral Kube escreveu, sobre um relatório preliminar recebido do comandante da SS e da polícia v. Gottberg sobre a operação "Cottbus", segundo o qual tinha havido "4.500 mortes inimigas" e "5.000 suspeitos de banditismo mortos." Kube comentou o seguinte:
"Se apenas são capturadas 492 espingardas em 4.500 mortos do inimigo, esta discrepância indica que entre os mortos do inimigo há muitos camponeses da região. O Batalhão Dirlewanger, especialmente, tem a reputação de destruir muitas vidas humanas. Entre as 5,000 pessoas suspeitas de fazerem parte de bandos, havia muitas mulheres e crianças."
O Comissário do Reich Hinrich Lohse encaminhou o relatório de Kube com as seguinte nota:
"Como se compara Katyn a isto? […] Encerrar homens, mulheres e crianças em celeiros e lhes atear fogo não parece ser um método adequado de combater os bandos, mesmo que se deseje exterminar a população."
Mais tarde Kube novamente criticou as grandes operações, "durante as quais, principalmente como ‘suspeitos de banditismo’, são abatidos homens, mulheres e crianças". O antigo comandante da polícia de ordem de Minsk Eberhard Herf, agora chefe do estado maior do "Comandante das Unidades Contra Bandidos" do Reichsführer SS, também recebeu o relatório de Kube
"de que cerca de 480 espingardas foram encontradas em 6,000 'guerrilheiros' mortos. Posto claramente, estes homens tinham sido abatidos a fim de inflacionar o número de baixas do inimigo a salientar os nossos 'feitos heróicos'.[…]
Ontem à noite abordei este problema de <6> atrás referido. A resposta foi: 'O senhor parece não saber que estes bandidos destróem as suas armas para fazer de inocentes e assim evitar a morte.' Como deve então ser fácil suprimir estas guerrilhas – se elas destroem as suas armas!"6>
Em total os ocupadores mataram cerca de 345.000 pessoas no combate rural aos guerrilheiros na Bielorrússia, segundo as estimativas de Gerlach (vide a minha mensagem no fórum RODOH de 25-Jul-2005 10:58). Publicações soviéticas citadas por Gerlach apontam para um total de 26.800 mortos e 11.800 desaparecidos entre as formações guerrilheiras na Bielorrússia, o que significa que as vítimas restantes, cerca de 300.000, eram civis desarmados, e que mal uma em cada dez pessoas mortas em operações "contra – guerrilha" alemãs na Bielorrússia era de fato um guerrilheiro.
O números total de pessoas na Bielorrússia que sucumbiram à violência dos ocupadores fora do âmbito das ações de combate, i.e. foram chacinados de uma forma ou outra, é estimado por Gerlach (Kalkulierte Morde, página 1158) em 1,6 a 1,7 milhões das cerca de nove milhões de pessoas que estiveram sujeitas ao regime alemão na Bielorrússia, entre estes cerca de 700.000 prisioneiros de guerra, 500.000 a 550.000 judeus, 345.000 vítimas do chamado combate à guerrilha e cerca de 100.000 vítimas de outros grupos da população (ciganos, membros de grupos de resistência urbanos, chamados "Ostmenschen" ["pessoas do leste"], i.e. imigrantes dos territórios russos, membros da inteligência polaca local, deficientes físicos ou mentais e civis mantidos em campos de detenção perto da linha da frente para cobrir a retirada alemã em 1943/44). Um estudo equivalente para todos os territórios soviéticos ocupados pela Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial ainda não foi feito, por quanto eu sei. Na sua dissertação acima mencionada, cuja área inclui a parte da Bielorrússia sobre administração militar e portanto coincide parcialmente com a área abrangida pelo estudo de Gerlach, Nick Terry chegou às seguintes conclusões quanto à mortandade provocada pela ocupação alemã na área de operações do Grupo de Exércitos do Centro (página 260):
Na zona de operações do Grupo de Exércitos do Centro, cerca de 700.000 civis foram chacinados pelos ocupadores alemães, incluindo pelo menos 250.000 judeus; além disso 400.000 prisioneiros de guerra haviam morrido de fome ou sido executados. Uma estimativa conservadora da mortalidade induzida pela fome na zona de operações do Grupo de Exércitos do Centro aponta para 200.000 mortes por fome e doença. Isto indica que a perda de vidas mínima na zona de operações entre a população civil e os prisioneiros de guerra soviéticos por todas as causas remonta a 1,3 milhões de homens, mulheres e crianças.
Só o combate à guerrilha cobrou cerca de um milhão de vítimas nos territórios ocupados da União Soviética, segundo o historiador britânico Richard Overy (Russia´s War, página 151, minha tradução):
Centenas de aldeias destruídas e uma mortandade estimada que excedia um milhão testemunharam de forma terrível o preço pago pelo 'tipo de terror' de Hitler.
O terror não era o único tipo de violência a que estavam expostos os civis soviéticos não-judeus por parte dos ocupadores alemães. Outra forma de violência, não menos hedionda, é descrita por Antony Beevor na página 45 da edição Penguin Books de 1998 do seu livro Stalingrad, onde o autor discute a completa falta de consideração pela população civil demonstrada por ambos os beligerantes no conflito nazi – soviético (minha tradução):
Um oficial alemão descreveu como ele e os seus soldados tinham ficado chocados quando os civis russos alegremente despiam os cadáveres dos seus compatriotas. No entanto, soldados alemães estavam tirando roupas e botas de civis vivos para usá-las eles próprios, logo expelindo estes civis para os vastos espaços gelados, onde na maioria dos casos morriam de frio e fome. Os oficiais de alta patente queixavam-se de que os seus soldados pareciam camponeses russos, mas não mostravam qualquer simpatia pelas vítimas a quem tinha sido roubada a sua única esperança de sobreviver em tais condições. Uma bala teria sido menos cruel.
Adicionando aos cerca de 1 milhão de vítimas do combate à guerrilha o número de vítimas mais ou menos igual ao do sítio de Leningrado e uma estimativa conservadora de mais um milhão de vítimas civis de inanição e outras violências da ocupação, chega-se a cerca de três milhões de civis soviéticos, não incluindo os judeus, que foram de uma ou outra forma chacinados pelas forças de ocupação nazis. Adicionando a estes os prisioneiros de guerra soviéticos que pereceram no cativeiro alemão, a mortandade de não-judeus devida a violência exterminadora ou repressiva dos nazis contra não combatentes iguala-se, talvez até excede, ao número total de vítimas judias do genocídio nazi em toda a Europa. O número de vítimas civis não-judias considerado por mim pode até ser demasiado baixo. Conforme mencionado na mensagem atrás citada de Nick Terry no Axis History Fórum, o número de civis soviéticos abatidos a tiro, gaseados, enforcados ou queimados vivos pelas forças de ocupação alemãs e romenas foi estimado em cerca de 6 milhões em resultado das Investigações da Comissão Extraordinária soviética; destes, segundo a mesma fonte, cerca de 2,8 milhões eram judeus e 3,2 milhões eram não-judeus. A estimativa de Nick sobre o número total de civis soviéticos que morreram de fome e doença sob a ocupação alemã é de cerca de 3 milhões. Na tabela na página 259 do seu livro Kleine Geschichte Rußlands, o historiador alemão Hans-Heinrich Nolte refere-se a 7 milhões de civis soviéticos "chacinados pelos alemães", 7 milhões que morreram de fome e 3 milhões que "não regressaram", para um total de 17 milhões de perdas civis. A categoria "chacinados pelos alemães" é definida como incluindo judeus, comunistas, pessoas abatidas em "ações punitivas" e pessoas que morreram de fome na área da linha da frente (por exemplo em Rzhev, mas também em Leningrado). Quanto às 7 milhões de pessoas que morreram atrás da linha da frente, Nolte indica que este número se refere principalmente às mortes por fome e condições de vida insuportáveis devido a evacuações em massa perante o avanço da frente de guerra. Os 3 milhões que não regressaram incluem trabalhadores forçados que morreram, mas também pessoas que preferiram ficar no estrangeiro depois da guerra. Como baixas militares Nolte lista 8,1 milhões de "caídos", 14,7 milhões de feridos desmobilizados e 14,5 milhões de feridos temporariamente incapacitados. Não indica se os "caídos" incluem prisioneiros de guerra que morreram no cativeiro alemão ou se os civis "chacinados pelos alemães" incluem baixas colaterais de combate. No fim das notas sobre esta tabela, na página 260, Nolte aponta que cifras muito maiores são indicadas por Koslov num artigo de Ellmann/Maksudov. Na página 254 Nolte menciona as cifras de Streit sobre os prisioneiros de guerra soviéticos: 5,7 milhões de prisioneiros capturados, dos quais 3,3 milhões morreram. Nas páginas 262/263 aponta uma "lista" soviética de 1946 (que presumo ser da Comissão Extraordinária), que indica 6,1 milhões de pessoas abatidas a tiro, queimadas vivas etc. nas áreas ocupadas pelos alemães e 3,9 milhões de prisioneiros de guerra que morreram na custódia da Wehrmacht.
O acima exposto sobre vítimas não-judias da violência nazi abrange apenas a União Soviética, que viu o maior número e as maiores matanças de prisioneiros de guerra e civis não-judeus entre os países ocupados pela Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial, mas não as únicas. Ainda não olhamos para a Polônia, em relação à qual Steve Paulsson refere uma estimativa do historiador polaco Bogdan Musial na ordem de 1,55 milhões de vítimas não-judias da guerra e da ocupação alemã. Ou para a Sérvia, onde os ocupadores nazis inauguraram uma política de matanças de represália extremamente brutal no Outono de 1941, descrita no artigo Germans and Serbs: The Emergence of Nazi Antipartisan Policies in 1941 ("Alemães e Sérvios: O Início das Políticas Contra-Guerrilhas Nazis em 1941") de Christopher Browning. Ou para a Itália, onde as forças de ocupação alemãs, embora em escala muito menor, cometeram atrocidades semelhantes às que eram o pão de cada dia durante a ocupação nazi no Leste. Ou para a Grécia, que também foi palco de numerosos massacres e da inanição em massa de civis sobre as ocupações italiana e alemã. Ou para outros países sob influência ou domínio nazi.
Os crimes nazis contra não combatentes não-judeus em toda a Europa poderão ser o tema de futuros artigos detalhando um ou outro destes eventos. Por agora, espero ter transmitido a informação de que os judeus, embora sendo o maior e mais intensamente perseguido dos vários grupos sujeitos a violência repressiva ou exterminadora pelos nazis, não foram as únicas vítimas de chacina em massa pelos nazis e nem sequer constituíram a maior proporção dessas vítimas; a proporção de vítimas não-judias foi de fato superior. E espero ter também demonstrado que a violência nazi contra não-judeus não foi um fenômeno que surgiu a partir da perseguição e do extermínio dos judeus, como mantém Gord McFee . O genocídio nazi dos judeus, que é e continuará a ser o principal tópico de artigos neste blog, pode ser considerado o aspecto mais terrível dos horrores cometidos contra pessoas indefesas pela ocupação nazi na Europa – mas foi apenas um entre muitos aspectos.
[Tradução adaptada do meu artigo "One might think that …" no blog Holocaust Controversies]