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domingo, 12 de julho de 2015

Recriando campos de concentração nazistas em 3D

Recriar virtualmente os espaços do horror para que a memória não se perca

A recém-criada Future Memory Foundation quer reconstituir virtualmente 100 espaços marcados pelo terror nazi, para que as gerações futuras não esqueçam o passado.

Filhos de sobreviventes do Holocausto na instalação virtual do Memorial Bergen-Belsen, em 2012 DR
O polonês Felix Flicker, sobrevivente do Holocausto, está sentado num sofá e conta-nos como foi. Descreve aquele dia, em 1944, em que o campo de concentração onde se encontrava, em Majdanek, na Polônia, foi libertado. “O que vivemos lá é indescritível. A memória desse tempo faz-me sentir que não quero voltar lá. Até na memória”.

Felix revive os acontecimentos ao detalhe – os cheiros, os cadáveres, as pilhas de sapatos e ossos, os crematórios. É um dos mais de 50 mil sobreviventes que o realizador Steven Spielberg ouviu e gravou nos últimos 20 anos, num projeto que olha para a memória como um patrimônio valioso a deixar as gerações vindouras. É do mesmo princípio que partem dois investigadores que querem agora dar um passo definitivo para levar esta ideia mais longe. E se para além de ouvirmos relatos desses espaços, presos nos testemunhos dos sobreviventes, pudéssemos ir até lá?

“Sei que a memória precisa de lugares”, diz ao El País o investigador e psicólogo Paul Verschure. É diretor do laboratório SPECS (Synthetic Perceptive, Emotive and Cognitive Systems) que se dedica, desde 2005, ao estudo da percepção e da emoção dos seres humanos - entre elas a memória- na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.

Paul Verschure e Habbo Knoch, historiador da Universidade de Colônia e antigo diretor da Fundação de Memoriais da Baixa Saxônia, fundaram recentemente a Future Memory Foundation, uma iniciativa para preservar, apresentar e projetar a história dos crimes do regime Nazi e do Holocausto através dos lugares europeus do terror.

“Estamos a enfrentar o fim da idade das testemunhas”, escrevem no site da Fundação. “No decorrer dos últimos 70 anos, testemunhas e sobreviventes foram fundamentais na reconstituição dos crimes do Holocausto. Passaram às gerações seguintes um passado de terror e foram cruciais na formação de uma memória coletiva. Mas agora essas testemunhas estão a desaparecer.”

Recolhas como as de Spielberg ou de outras fundações são importantes, reconhecem os investigadores, mas não suficientes. É preciso, defendem, relacionar espacialmente os campos de concentração que existiam por toda a Europa com fontes históricas (fotografias, mapas, planos de construção, documentos oficiais, artefatos) e com descrições pessoais (testemunhos e diários). E para isso há que reconstituir a estrutura especial do terror nazi através da realidade virtual.

O primeiro passo foi dado no Memorial Bergen-Belsen em 2012. Pela primeira vez, foi criado um modelo tridimensional de um antigo campo de concentração, que foi totalmente destruído após a sua libertação. Alguns sobreviventes conseguiram identificar nas imagens o local onde viveram. Filhos e netos dos sobreviventes entraram em pequenos contentores transformados em espaços da memória: lá dentro, os relatos ganharam forma. Através de uma apresentação interativa e imersiva, com recurso a um tablet, foi possível visitar fisicamente o campo e experienciar o espaço, os edifícios. Os detalhes, por exemplo, das vedações. “O espaço como portal para a informação”, defendem os investigadores, incentivando a reflexão e a memória para as futuras gerações.

Para já, a Future Memory Foundation procura financiamento para recriar virtualmete 100 espaços. Cada um terá um custo de aproximadamente 50 mil euros e levará três a quatro meses a estar concluído. A ideia mais ambiciosa é, no entanto, conseguir "criar" virtualmente os 45 mil locais já identificados como estando ao serviço do regime Nazi em toda a Europa, incluindo, para além dos campos de concentração, outros centros de tortura, guetos e quartéis da Gestapo.

Na corrida contra uma memória que se vai apagando, há muito que dificilmente será reconstituído. “De muitos locais temos muito pouca informação”, explicou Verschure ao El País. “Sobibor – um dos seis campos de extermínio que os nazis construíram na Polônia – foi totalmente destruído e só agora é que os arqueólogos polacos e britânicos conseguiram localizar o local onde estavam as câmaras de gás e os crematórios”.

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/recriar-virtualmente-os-espacos-do-horror-para-que-a-memoria-nao-se-perca-1701725

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Documentário de Hitchcock sobre Holocausto é restaurado e deve ser projetado

Alfred Hitchcock
Londres, 8 jan (EFE).- Um documentário de Alfred Hitchcock sobre os campos de concentração nazistas, rodado em 1945, será projetado pela primeira integralmente após ser restaurado pelo Imperial War Museum de Londres.

Segundo informa nesta quarta-feira o jornal "The Independent", o lendário cineasta se envolveu no projeto em 1945 depois que seu amigo Sydney Bernstein pediu ajuda para editar um documentário sobre as atrocidades cometidas pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O conteúdo das imagens filmadas por operadores de câmera da Unidade de Cinema do Exército Britânico, ao mesmo tempo que as tropas aliadas libertavam os judeus dos campos de concentração, "horrorizaram" o criador de "Vertigem" e "Os Pássaros".

"Hitchcock, apelidado de "mestre do suspende" pelo brilho de seus filmes de terror, ficou tão "traumatizado" pelo duro conteúdo das gravações que permaneceu afastado dos estúdios "Pinewood" durante uma semana.

Um curador do Departamento de Pesquisas do Imperial War Museum (Museu de Guerra Imperial), Toby Haggith, afirmou que o documentário "ficou suprimido pela transformação da situação política, particularmente para os britânicos".

"Quando descobriram os campos (de concentração), americanos e britânicos tiveram pressa para divulgar uma gravação que mostrasse os campos e fizesse com que os alemães aceitassem sua responsabilidade pelas atrocidades", disse ao "Independent".

Além do horror que esse material provocou no cineasta, o desejo aliado de não irritar a Alemanha derrotada por sua culpa no Holocausto levou ao esquecimento cinco de seis rolos cinematográficos, que terminaram nos arquivos do museu.

Nos anos 80, as imagens foram descobertas por um pesquisador americano e, com o tempo, uma versão incompleta da fita foi projetada no Festival de Cinema de Berlim em 1984 para depois ser transmitida nos EUA, um ano depois, sob o título "Memória dos Campos", mas com má qualidade e sem incluir o sexto rolo.

Segundo o "The Independent", no final de 2014 o filme poderá ser projetado em uma versão restaurada pelo museu londrino, graças à tecnologia digital, como Hitchcock, Bernstein e outros colaboradores pretendiam.

A decisão de ressuscitar esse documentário gerará provavelmente um debate, pois inclui imagens realmente impactantes dos campos, em particular de Bergen-Belsen, aponta a publicação.

Segundo Haggith, o filme, que descreve como "brilhante" e "sofisticado", é "muito mais fiel" que outros documentários filmes rodados sobre o Holocausto.

O curador, apontou além disso, que o documentário "não só trata da morte", mas mostra também imagens de reconstrução e reconciliação, ao mesmo tempo em que elogiou a "brilho" e "originalidade" dos câmeras que fizeram as imagens.

Fonte: EFE/Yahoo!
http://br.noticias.yahoo.com/document%C3%A1rio-hitchcock-holocausto-%C3%A9-restaurado-deve-ser-projetado-173629445.html
_______________________________________

A quem quiser ver o que foi exibido do documentários (a versão incompleta) antes dessa restauração, link abaixo:
Documentário de Hitchcock sobre o Holocausto - Liberação dos campos de extermínio, série de I-IV
http://holocausto-doc.blogspot.com/2011/02/hitchcock-documentario-holocausto-i-iv.html


Ver mais:
Documentário sobre o Holocausto que horrorizou Hitchcock será finalmente projetado na íntegra (Euronews)
Alfred Hitchcock's unseen Holocaust documentary to be screened (The Independent, Reino Unido)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Documentário sobre o Holocausto é recuperado e restaurado (Bergen-Belsen)

quarta, 27 novembro 2013 13:23. Publicado por Jorge Pereira
Fonte: Screen Daily

Um documentário inédito sobre o Holocausto, em que Alfred Hitchcock serviu como consultor, está a ser restaurado com a ajuda do realizador Stephen Frears. O filme, executado em 1945 pelo exército britânico, mas nunca terminado, mostra a libertação dos detidos no campo de concentração de Bergen-Belsen, apresentando mesmo imagens bastante chocantes que tinham como objetivo impedir que os alemães negassem as atrocidades cometidas na 2ª Guerra Mundial.

O anúncio foi feito durante o Festival Internacional de Documentários de Amsterdã (IDFA), estando confirmada a chegada da produção aos cinemas (provavelmente em festivais) e à TV em 2015, data em que se assinalam os 70 anos da libertação da Europa.

A acompanhar este trabalho estará ainda uma outra longa-metragem documental, intitulada Night Will Fall. Nesta produção, realizada por André Singer, o produtor executivo de The Act of Killing, acompanha-se a elaboração do documentário e também a forma como ele foi abruptamente cancelado e «escondido» durante décadas. Consta que o Governo Britânico e o Departamento de Estado dos EUA impossibilitaram a finalização da produção devido a esta ser bastante penalizadora para a reconstrução da «nova» Alemanha.

No inicio dos anos 80, a fita foi «descoberta» no Imperial War Museum em Londres e em 1985 chegou mesmo a ser apresentada na TV americana (PBS) sob o titulo Memories Of War, com a narração do ator Trevor Howard.

O filme foi agora recuperado, restaurado e editado de forma cronológica pelo Dr Toby Haggith, que finalizou assim o projeto original.

Fonte: site C7nema
http://www.c7nema.net/producao/item/40580-documentario-sobre-o-holocausto-e-recuperado-e-restaurado.html

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ceija Stojka - sobrevivente do Holocausto, artista cigana morre aos 79 anos

Nascida na Áustria, Ceija Stojka passou por três campos de concentração. Com sua obra, ela ajudou a expor a perseguição nazista ao seu povo.

Da Reuters

A artista cigana Ceija Stojka
(Foto: Divulgação/The
Gypsy Chronicles)
A artista cigana Ceija Stojka, cujo trabalho ajudou a expor a perseguição nazista ao seu povo, morreu na segunda-feira (28) aos 79 anos em um hospital de Viena, disse sua agente à agência de notícias APA.

Sobrevivente do Holocausto, Stojka escreveu um dos primeiros relatos autobiográficos de ciganos (ou "romanis") sobre a perseguição nazista, em um livro intitulado "Vivemos em reclusão: as memórias de uma romani", de 1988. Além disso, ela passou décadas dedicando a falar do seu povo pela música e a arte.

Os ciganos, como os judeus, foram enviados para campos de concentração pelo regime nazista alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Até 1,5 milhão deles morreram.

Nascida na Áustria, Stojka sobreviveu a passagens pelos campos de Auschwitz, Bergen-Belsen e Ravensbrueck. Apenas cinco outros membros de sua família, que tinha mais de 200 pessoas, sobreviveram.

"Busquei a caneta porque precisava me abrir, gritar", disse a ativista numa exibição de 2004 no Museu Judaico de Viena.

Stojka começaria a pintar aos 56 anos, muitas vezes usando os dedos ou palitos em vez de pincéis. Muitas das suas obras aludem à experiência nos campos de concentração, e eram descritas como "assustadoras" e "infantis" por visitantes em exposições dela mundo afora.

Fonte: Reuters/Terra
http://diversao.terra.com.br/gente/artista-cigana-ceija-stojka-sobrevivente-do-holocausto-morre-aos-79,1376494267f7c310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

terça-feira, 30 de junho de 2009

Filme da liberação de Bergen Belsen

Bergen Belsen não era um campo de extermínio, mas pelas imagens deste filme eu imagino se fosse. Belsen, como também é conhecido este campo foi liberado pelas forças britânicas em 15 de abril de 1945. O que matava em Belsen era a fome, a exaustão pelos constantes trabalhos forçados e outras doenças como tifo, que matou Anne Frank e sua irmã neste mesmo campo.


As imagens são muito fortes, este filme não é recomendado para pessoas sensíveis, recomendado e muito para aqueles que não acreditam que isso aconteceu.




segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Fotos da Life sobre o Holocausto no Google Images

Foi recentemente disponibilizado no Google Images as fotos que saíram na revista Life quando da libertação dos campos de concentração nazistas pelas tropas aliadas.

As 194 fotos são impressionantes. Disponíveis em:
http://images.google.com/images?hl=pt-BR&q=concentration+camp+source%3Alife&btnG=Pesquisar+imagens

Pequena amostra da tenda de horrores nazista:

Foto 1: corpos caídos ao chão no campo de concentração de Bergen-Belsen.
Local: Belsen Bergen, Alemanha
Data da foto: maio de 1945
Fotógrafo: George Rodger

Foto 2: corpos de 3.000 prisioneiros que trabalharam no campo de concentração dee Nordhausen no porão da fábrica, depois deles serem espancados e passarem fome até a morte por seus capturadores nazistas, momentos antes da liberação na chegada das tropas Aliadas.
Local: Nordhausen, Alemanha
Data da foto: julho de 1945
Fotógrafo: John Florea






Link foto 1: Bergen-Belsen, maio de 1945

Link foto 2: campo de concentração de Nordhausen, julho de 1945

Créditos e contribuição de José(postado na comunidade Holocausto x "Revisionismo" no Orkut).

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 55

55. O que provocou a morte de Anne Frank algumas semanas antes do fim da guerra?

O IHR diz (edição original):

O tifo.

Na edição revisada:

Depois de sobreviver ao internamento em Auschwitz, morreu de tifo no campo de Bergen-Belsen, poucas semanas antes que a guerra terminasse. Não foi gaseada.

Nizkor responde:

Anne era uma das pessoas de um grupo de oito judeus holandeses que se refugiaram num esconderijo durante dois anos e trinta dias até que foram descobertos e presos pelos nazis, sendo deportados de Amsterdã para os campos da morte da Alemanha.

Herman Van Pels, um sócio comercial do pai de Anne, foi gaseado justo depois da chegada do grupo a Auschwitz-Birkenau, em 6 de setembro de 1944 (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 103586). Sua esposa morreu "entre 9 de abril e 8 de maio de 1945, na Alemanha ou na Tchecoslováquia" (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 103586). Seu filho Peter morreu em 5 de maio de 1945 no campo de concentração de Mauthausen, en Austria, depois de ser transladado de Auschwitz (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 135177).

O Dr. Friedrich Pfeffer, amigo da família, morreu em 20 de dezembro de 1944 no campo de concentração de Neuengamme (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 7500).

A mãe de Anne morreu em 6 de janeiro de 1945, em Auschwitz-Birkenau (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 117265). Anne e sua irmã mais velha Margot morreram de tifo em 31 de março de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen (Cruz Vermelha Holandesa, dossiês 117266 e 117267). Dos oito, só o pai de Anne, Otto Frank, sobreviveu.

Dois não-judeus, Johannes Kleiman e Victor Gustav Kugler, sócios comerciais de Otto Frank, foram presos por ajudar a família Frank. Ambos foram sentenciados a realizar um Arbeitseinsatz (trabalho forçado) na Alemanha, e ambos sobreviveram à guerra.

Todas as referências à Cruz Vermelha Holandesa são citadas em Frank, Anne, The Diary of Anne Frank: The Critical Edition, 1989, pp. 49-58 (citação completa).

Leitura recomendada:

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition por Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (tapa blanda)

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition por Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (capa dura)

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition por Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (audiobook)

[Em espanhol: Diário, por Ana Frank, Plaza y Janés]

Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 37

37. Como morreram?

O IHR diz:

Principalmente pelas contínuas epidemias de tifo que assolaram a Europa da guerra. Também por fome e por falta de cuidados médicos até o final da guerra quando quase todas as estradas e linhas de trem foram arrasadas pelos Aliados.

Nizkor responde:

Alguns morreram de tifo. Numericamente falando, a primeira causa da morte da maioria dos judeus foram os gaseamentos, seguida das execuções com armas de fogo.

Nos campos do "Altreich" (ver pergunta 1), a morte sobreveio principalmente por fome e enfermidades. Quanto aos prisioneiros lhes eram dada comida escassa e eles eram submetidos a um duro trabalho, as diferenças com o resto do campo são poucas. Em Auschwitz, que era na ocasião um campo de trabalho e um campo de extermínio, "selecionava-se" os prisioneiros com freqüência, gaseando os mais débeis. Assim, poucos chegavam a morrer de esgotamento, e em troca terminavam nas câmaras de gás.

Quando os Aliados chegaram aos campos da morte nazis da Alemanha, viram que o pessoal das SS estava bem alimentado e vestido, e a população local raras vezes estavam passando graves dificuldades relativamente. (Por outro lado, a população alemã das grandes cidades estavam sim sofrendo). Tudo isto pode se comprovar nas filmagens da libertação dos campos, onde se pode ver a população das cidades e povos vizinhos que os soldados americanos levaram aos campos para que fossem testemunhas do que ali ocorreu. Nenhuma das pessoas que se vê tinha aspecto de ter passado fome.

Existe além disso uma famosa fotografia de umas mulheres gordas das SS capturadas em Bergen-Belsen. Dezenas de milhares de prisioneiros morreram de fome em Belsen. Se você tivesse visto um filme de cadáveres esqueléticos introduzidos com escavadeiras em valas comuns, provavelmente é de Belsen. O contraste com as mulheres das SS é claro. Várias cenas da liberação de Bergen-Belsen demonstram esta questão.

Assim mesmo, quase nenhum prisioneiro aliado morreu de fome; simplesmente, havia pessoas as quais os nazis queriam manter vivas, e havia outras pessoas as quais os nazis queriam matar. Um grande número de prisioneiros de guerra soviéticos - uns três milhões - morreram por esta razão.

Fonte: Nizkor
Tradução: C. Roberto Lucena

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

As Testemunhas de Jeová e o Holocausto

Testemunhas de Jeová: Vítimas da Era Nazista

As testemunhas de Jeová enfrentaram perseguição intensa sob o regime nazista. Ações contra o grupo religioso e seus membros individuais duraram entre os anos nazistas de 1933 a 1945. Diferentemente dos judeus e dos sinti e roma ("ciganos"), perse-guidos e mortos em virtude de seu nascimento, as testemunhas de Jeová tiveram a oportunidade de escapar da perseguição e dano pessoal renunciando às suas crenças religiosas. A coragem da vasta maioria, mostrada ao se recusarem a fazer isso, apesar da tortura, maus tratos em campos de concentração, e às vezes execução, ganhou o respeito de muitos contemporâneos.

Fundada nos Estados Unidos na década de 1870, a organização das Testemunhas de Jeová enviou missionários à Alemanha à procura de convertidos na década de 1890. No início dos anos 30, somente 20.000 alemães (de uma população total de 65 milhões) eram testemunhas de Jeová, normalmente conhecidos à época como "Estudantes da Bíblia
Internacionais".

Mesmo antes de 1933, apesar de seu pequeno número, a pregação de porta em porta e a identificação das testemunhas de Jeová como hereges pelas igrejas dominantes protestante e católica renderam-lhes poucos amigos. Estados alemães e autoridades locais com freqüência procuraram limitar as atividades de proselitismo do grupo com acusações de comércio ilegal. Havia também proibições totais à literatura religiosa das testemunhas de Jeová, que incluíam os folhetos Torre de Vigia e A Era Dourada. Os tribunais, em contraste, muitas vezes decidiam em favor da minoria religiosa. Enquanto isso, no início dos anos 30, tropas de assalto camisas-marrons nazistas, agindo fora da lei, terminavam encontros de estudos bíblicos e espancavam as próprias testemunhas.

Depois que os Nazistas chegaram ao poder, a perseguição às testemunhas de Jeová intensificou-se. O movimento, pequeno como era, oferecia uma "ideologia rival" e um "centro rival de lealdade" ao movimento nazista, nas palavras da estudiosa Christine King. Embora honestos e obedientes à lei tanto quanto suas crenças reli-giosas permitiam, as testemunhas de Jeová viam a si mesmos como cidadãos do Reino de Jeová; eles recusaram-se a jurar fidelidade a qualquer governo temporal. Eles não eram pacifistas, mas como soldados do exército de Jeová, eles não lutariam por nenhuma nação.

As testemunhas de Jeová, tanto na Alemanha quanto nos Estados Unidos, recusaram-se a lutar na Primeira Guerra Mundial. Esta posição contribuiu para a hostilidade contra eles numa Alemanha ainda ferida pela derrota naquela guerra e fervorosamente nacionalista, tentando reclamar seu status mundial anterior. Na Alemanha nazista, as testemunhas de Jeová recusaram-se a erguer seus braços na saudação "Heil, Hitler!"; eles não votaram nas eleições; eles não entrariam no exército ou na Frente de Trabalho Alemã (uma afiliada nazista, na qual todos os empregados assalariados deveriam entrar depois de 1934).

As testemunhas de Jeová foram denunciadas por seus laços internacionais e com os Estados Unidos, pelo tom aparentemente revolucionário de seu milenialismo (crença no governo celestial pacífico de 1000 anos de Cristo sobre a Terra, precedido pela batalha do Armageddon), e suas supostas conexões com o judaísmo, além de uma dependência em partes da Bíblia que compreendiam escrituras judaicas (o "Velho Testa-mento" cristão). Muitas dessas acusações foram feitas contra mais de 40 outros grupos religiosos, mas nenhum desses foi perseguido na mesma intensidade. A dife-rença crucial era a intensidade que as testemunhas demonstravam em recusar a dar lealdade ou obediência final ao estado.

Em abril de 1933, quatro meses depois de Hitler se tornar chanceler, as testemunhas de Jeová foram banidas na Bavária e, no verão, na maior parte da Alemanha. Por duas vezes em 1933, os policiais ocuparam os escritórios das testemunhas e sua gráfica em Magdeburg, e confiscaram literatura religiosa. Testemunhas desafiaram as proibições nazistas, continuando a se encontrar e distribuir sua literatura, muitas vezes às escondidas. Foram feitas cópias de folhetos, trazidos clandestinamente, principal-mente da Suíça.

Inicialmente, as testesmunhas de Jeová tentaram defender-se dos ataques nazistas emitindo uma carta ao governo em outubro de 1934, explicando suas crenças religiosas e neutralidade política. Esta declaração não conseguiu convencer o regime nazista quanto ao caráter inofensivo do grupo. Por desafiar a proibição às suas atividades, muitas testemunhas foram presas e enviadas para prisões e campos de concentração. Eles perderam seus empregos como funcionários públicos ou empregados em indústrias particulares, e seus benefícios contra desemprego, bem-estar social e pensão.

De 1935 em diante, as testemunhas de Jeová enfrentaram uma campanha de quase total perseguição. Em 1º de abril de 1935, o grupo foi banido nacionalmente por lei. Naquele mesmo ano, a Alemanha reintroduziu o serviço militar compulsório. Por se recusarem a se alistar ou realizar trabalho relativo à guerra, e por continuarem a se encontrar, as testemunhas de Jeová eram presas e encarceradas em prisões e campos de concentração. Em 1936, cerca de 400 testemunhas de Jeová foram presas no campo de concentração de Sachsenhausen.

Em 1936, uma unidade especial da Gestapo (Polícia Secreta do Estado)começou a compilar um registro de todas as pessoas que se acreditava serem testemunhas de Jeová, e agentes infiltraram-se nos encontros de estudos bíblicos. Em 1939, apro-ximadamente 6.000 testemunhas (incluindo os da Áustria e Tchecoslováqua incor-poradas) foram detidas em prisões ou campos. Algumas testemunhas foram torturadas pela polícia na tentativa de fazê-las assinar uma declaração renunciando à sua fé, mas poucas se renderam.

Em resposta aos esforços nazistas para destruí-los, a organização mundial das testemunhas de Jeová tornou-se um centro de resistência espiritual contra os nazistas. Uma convenção internacional de testemunhas, ocorrida em Lucerna, Suíça, em setembro de 1936, emitiu uma resolução condenando todo o regime nazista. Nesse texto e em outra literatura trazida para a Alemanha, escritores acusavam amplamente o Terceiro Reich. Artigos denunciavam com veemência a perseguição dos judeus alemães, a "selvageria" nazista com relação aos comunistas, a remilitarização da Alemanha, a nazificação das escolas e universidades, a propaganda nazista, e o assalto do regime às igrejas dominantes.

Os filhos das testemunhas de Jeová também sofreram. Em salas de aula, professores ridicularizavam crianças que se recusavam a fazer a saudação "Heil, Hilter!" ou cantar canções patrióticas. Colegas de classe evitavam e batiam em jovens teste-munhas. Diretores os expulsavam das escolas. Famílias foram destruídas quando as autoridades tomavam filhos de seus pais e os enviavam para reformatórios, orfanatos, ou casas particulares, para que crescessem como nazistas.

Depois de 1939, a maioria das testemunhas de Jeová ativas foram encarceradas em prisões ou campos de concentração. Alguns haviam fugido da Alemanha. Nos campos, todos os prisioneiros usavam marcações de vários formatos e cores, para que os guardas e oficiais dos campos pudessem identificá-los por categoria. As testemunhas de Jeová eram marcados por distintivos triangulares roxos. Mesmo nos campos, eles continuavam a se encontrar, orar, e fazer conversões. No campo de concentração de Buchenwald, eles criaram uma gráfica clandestina e distribuíram panfletos religiosos.

As condições nos campos nazistas eram geralmente duras para todos os prisioneiros, muitos dos quais morriam de fome, doença, exaustão, exposição ao frio, e tratamento brutal. Mas, como o psicanalista Bruno Bettelheim e outros notaram, as testemunhas de Jeová foram sustentadas singularmente nos campos pelo apoio que davam uns aos outros e pela sua crença de que seu sofrimento era parte de seu trabalho para Deus. Testemunhas individuais surpreendiam seus guardas com sua recusa em obedecer às rotinas do tipo militar, como chamadas ou enrolar bandagens para soldados do front. Ao mesmo tempo, as testemunhas, de maneira incomum, eram consideradas confiáveis, porque elas se recusavam a escapar dos campos ou resistir aos seus guardas. Por esta razão, as testemunhas eram muitas vezes usadas como serventes domésticos por oficiais e guardas nazistas.

De acordo com Rudolf Höss, comandante de Auschwitz, o chefe da SS, Heinrich Himmler, freqüentemente usava a "fé fanática" das testemunhas de Jeová como um exemplo para suas próprias tropas SS. Em sua visão, os homens da SS tinham que ter a mesma "fé inabalável" no ideal nacional-socialista e em Adolf Hitler que as testemunhas tinham em Jeová. Somente quando todos os homens da SS acreditassem tão fanaticamente em sua própria filosofia é que o estado de Adolf Hitler estaria permanentemente assegurado.

Nos anos do nazismo, cerca de de 10.000 testemunhas de Jeová, a maioria delas de nacionalidade alemã, forma aprisionados em campos de concentração. Depois de 1939, pequenos números de testemunhas da Áustria, Bélgica, Tchecoslováquia, Países Baixos, Noruega e Polônia (alguns dos quais refugiados da Alemanha) foram presos e deportados
para Dachau, Bergen-Belsen, Buchenwald, Sachsenhausen, Ravensbrück, Auschwitz, Mauthausen, e outros campos de concentração.

Cerca de 2.500 a 5.000 testemunhas morreram em campos ou prisões. Mais de 200 homens foram julgados pelo Tribunal de Guerra Alemão e executados por renegarem o serviço militar.

Fonte: USHMM
http://www.ushmm.org/education/resource/jehovahs/jehovahsw.php?menu=/export/home/www/doc_root/education/foreducators/include/menu.txt&bgcolor=CD9544
Tradução: Marcelo Oliveira (na lista holocausto-doc)
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6288

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