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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Polícia tcheca chega à organização neonazi Wotan Jugend

A polícia da República Tcheca desarticulou uma célula da organização neonazista Wotan Jugend que estava estabelecida no país. Cinco de seus membros, entre eles um cidadão russo, está sendo atualmente investigados por delitos contra a liberdade e os direitos humanos.

Baixar: MP3

Foto: ČTK
A célula tcheca da organização neonazi russa Wotan Jugend foi desarticulada esta segunda-feira pela Polícia. Ainda que não se tenha realizado detenções, cinco de seus membros estão sendo investigados, e se condenados podem enfrentar até cinco anos de prisão por apologia do nazismo.

A intervenção policial chegou a tempo de evitar maiores males. "Em nosso caso este grupo neonazi foi dissolvido quando se encontrava em fase de preparação de ações violentas e delitos mais graves", explicou o diretor do departamento policial contra movimentos extremistas, David Jand.

Foto: ČTK
A organização neonazi Wotan Jugend surgiu no terreno fértil e propagado pela banda russa de Black Metal nacional-socialista M8l8th (Moloth), que constitui não só um dos grandes promotores da ideologia neonazi em seu país, como além disso, contribui ativamente para seu estabelecimento. M8l8th conta com dezenas de milhares de membros na Rússia e agora tenta se expandir para outros países, incluindo a República Tcheca.

De fato, a ramificação da Wotan Jugend foi fundada pelo cidadão russo Serguei Busygin, de 21 anos, relacionado diretamente com a M8l8th e que agora pode perder a permissão de residência permanente. Outro dos fundadores foi detido antes dessa operação e se encontra agora em prisão preventiva.

Não é a primeira vez que membros da Wotan Jugend têm problemas com a lei. Na Grã-Bretanha um de seus membros foi condenado à prisão perpétua por assassinato e tentativa de pôr uma bomba em uma mesquita. Na Rússia vários componentes do M8l8th foram investigados por delitos de difusão do nazismo e violência contra estrangeiros.

Foto: ČTK
O nome do M8l8th contém em si mesmo uma referência ao nazismo, entendendo que os dois números oito aludem aos dois agás (HH), ou seja, sigla da expressão Heil Hitler. O nome da Wotan Jugend se conecta com o paganismo ao mencionar o deus germânico Wotan (Odin), e ao mesmo tempo se atrelar ao nazismo, já que Jugend (juventude) contém reminiscências das Hitlerjugend ou juventudes hitleristas. O símbolo da organização é a mesma runa nórdica a SS usava.

A Wotan Jugend se financia com a venda de artigos como bonés, cartazes ou camisetas, com lemas ou simbologia nazis ou do grupo M8l8th. Sua ideologia destaca pelo seu ultranacionalismo e suas teorias de superioridade racial branca, seu darwinismo social, fascismo, antiliberalismo e evocações à Europa pagã pré-cristã, assim como seu culto à violência.

06-05-2014 14:57 | Carlos Ferrer

Fonte: site da Radio Praha (República Tcheca, versão espanhola)
Título: La Policía checa para los pies a la organización neonazi Wotan Jugend
http://radio.cz/es/rubrica/notas/la-policia-checa-para-los-pies-a-la-organizacion-neonazi-wotan-jugend Link2
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 7 de abril de 2013

Prestam homenagem na República Tcheca às vítimas do Holocausto cigano (Samudaripen - Porrajmos)

Praga, 5 abr (PL) - O ministro de Relações Exteriores da República Tcheca, Karel Schwarzenberg, prestou homenagem hoje às vítimas do Holocausto cigano junto com várias organizações e dezenas de cidadãos dessa etnia.

Os participantes na cerimônia acenderam uma grande quantidade de velas no pátio do Palacio Lichtenstein na capital, por razão do Dia Internacional do Povo Cigano, que se celebra em 8 de abril, disse a Radio Praga.

Segundo a fonte, dos milhares de ciganos que viviam na antiga Tchecoslováquia na primeira metade do século XX, só uma décima parte sobreviveu à Segunda Guerra Mundial, e atualmente vivem na República Tcheca uns 250 mil.

A decisão de dedicar o 8 de abril aos ciganos se deve ao fato de que nesse dia, em 1971, foi instituído em Londres a bandeira e o hino que os identifica, durante a celebração do Primeiro Congresso Mundial dessa comunidade.

O principal objetivo daquele evento era manter vivo a recordação das vítimas de Samudaripen, o holocausto contra los gitanos executado pelo regime nazi, no qual perderam a vida mais de 500 mil pessoas.

rc/mar

Fonte: Prensa Latina
http://www.prensa-latina.cu/index.php?option=com_content&task=view&idioma=1&id=1281131&Itemid=1
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 14 de julho de 2012

Aparece degolado um juiz tcheco que condenou neonazis

O falecido enviou à prisão quatro extremistas que atacaram a casa de uma família cigana com bombas incendiárias
11.07.12 - 02:29 - PACO SOTO | VARSÓVIA.

A extrema-direita hostiliza
os ciganos tchecos. :: EFE
A Policía da República de Tcheca investiga a morte do juiz Miloslav Studnicka, que há dois anos condenou a penas de 20 e 22 anos de prisão a quatro neonazis que haviam atacado uma família cigana. O magistrado, de 64 anos, foi encontrado degolado em sua casa de campo na segunda-feira. Os investigadores não descartam nenhuma hipótese e buscam alguma relação direta entre aquela condenação, ou julgamentos contra o crime organizado dos quais participou o falecido, e sua morte.

Os quatro neonazis condenados por Studnicka foram acusados de haver atacado a casa de uma família cigana com bombas incendiárias, o que fez com que uma criança de dois anos ficassem gravemente ferida, com queimaduras em 80% do corpo e sequelas para toda a vida. Em declarações à emissora Rádio Praga, o ministro da Justiça, Pavel Blazek, ressaltou que "caso seja demonstrado que a morte do juiz está vinculada com o trabalho realizado e as sentenças ditadas, devo dizer que isto representaria uma tragédia para a justiça tcheca".

Alertados pelos companheiros de Miloslav Studnicka, porque este não retornou ao seu lugar de trabalho no Tribunal Provincial de Ostrava, a polícia e um grupo de socorristas se dirigiram à casa de campo do magistrado e o encontraram morto em seu interior, com o pescoço cortado e várias feridas visíveis em outras partes do corpo. A notícia do assassinato do juiz comoveu à sociedade tcheca, que vê com preocupação a ascensão da extrema-direita, sobretudo de grupos neonazis violentos.

No ano passado estouraram no norte da Boêmia violentos enfrentamentos entre grupos de cidadãos partidários da extrema-direita e membros da comunidade cigana. A polícia avisou há alguns meses que a extrema-direita tcheca, que está se fortalecendo através das redes sociais, participa de mobilizações contra os ciganos.

Homenagem boicotada

Por outra parte, uma homenagem oficial aos ciganos tchecos exterminados pelos nazis durante à Segunda Guerra Mundial, que ocorreu na segunda-feira na localidade onde fora levantado o campo de concentração de Lety (Boêmia do Sul), foi boicotado por várias associações defensoras desta coletividade. O protesto desencadeou a negativa do governo de centro-direita de Petr Necas a desmantelar uma pocilga industrial para cerdos que ocupa agora o lugar onde os nazis construíram a sinistra instalação.

A justificativa da falta de meios manifestada por Necas não convence o presidente do Comitê para Indenização do Holocausto Cigano e vice-presidente do Partido Cigano para a Igualdade de Oportunidades, Cenek Ruzicka. "Se o governo assegura que quer honrar à memória das vítimas, o primeiro que teria que ser feito é desmantelar a pocilga", resume.

As instalações industriais foram construídas nos anos 70 do século XX, durante o regime comunista tchecoslovaco, e desde então vários governos prometeram desmantelá-las. Em 2010 abriram no antigo emplazamiento do campo de concentração um lugar de oração e uma exposição permanente sobre o Holocausto. Em Lety morreram 90% dos 5.000 ciganos pegos pelos nazis.

Fonte: elcorreo.com (Espanha)
http://www.elcorreo.com/vizcaya/v/20120711/mundo/aparece-degollado-juez-checo-20120711.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Encuentran degollado al juez checo que condenó a neonazis por atacar a una familia gitana (20minutos.es, Espanha)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O Holocausto tcheco chega ao leitor espanhol pela mão de Arnošt Lustig

05-06-2012 14:17 | Daniel Ordóñez

Arnošt Lustig (Arnost Lustig) refletiu em 'Uma Oração por Kateřina Horovitzová’ a ânsia de sobrevivência do ser humano ante uma situação extrema como os campos de concentração nazis, que o próprio autor sofreu. O livro, recém publicado em espanhol, também mostra os sentimentos de culpa que acompanharam àqueles que viveram para contá-lo, além de como transcorreu na Tchecoslováquia o extermínio da população judaica.

Download da mp3 (podcast) (em espanhol)

Arnošt Lustig
Durante o recente festival fechado Nueve Puertas, das culturas tcheca, alemã e judaica, que este ano pela primeira vez foi celebrado além de Praga também em cidades espanholas, foi apresentada em Madrid uma das obras mais conhecidas de Arnošt Lustig, falecido em 2011.

‘Una Oración por Kateřina Horovitzová’ é lançada em espanhol quase 50 anos depois de ser lançada em tcheco. A tradutora para o espanhol do livro, Patricia Gonzalo de Jesús, nos apresenta a trama.

Num grupo de homens de negócios judeus-americanos que estavam na Itália a negócios, o chefe deles, em troca de dinheiro, salva a vida de uma das judias que estavam nas estações dos trens que iam para os campos de concentração, aquela que se chama Kateřina Horovitzová. Aqui surge um dilema moral porque Kateřina obviamente não quer morrer e decide aceitar esta oferta de ser resgatada, mas por sua vez pesa em sua consciência o fato de ter deixado pra trás sua família. Ela tenta justificar esta decisão mas adiante como mera questão de sobrevivência, como uma forma de ter mais possibilidades de resgatar sua família mais pra frente”.

Arnošt Lustig assegurava que esboçou todo o livro em uma só noite a luz de vela. A complexidade da realidade dos personagens está presente em uma obra que não permite visões simplistas com as quais se retrata com frequência capítulos trágicos da Segunda Guerra Mundial.

Ao longo de todo o livro há uma ambiguidade moral. Nunca sabemosse o que fazem os personagens, e sobretudo a protagonista, é correto ou incorreto, branco no preto. Sempre ao longo do livro nos movemos melhor pelas grises, e só ao final podemos fazer nosso juízo. Planta um dilema moral interesante, ou seja, o que um considera que é correto ou incorreto desde a ética individual de cada um, e o que se vê obrigado fazer para sobreviver em uma circunstância determinada que um consegue superá-la".

Patricia Gonzalo de Jesús

Patricia Gonzalo
de Jesús
Patricia Gonzalo de Jesús destaca também o que levou a Lustig escrever o livro. Uma história que contou e o próprio autor em uma de suas últimas viagens, a que ele fez à Madrid para falar com seus leitores, meses antes de morrer.

Eu creio que o mais interessante do livro, à parte do livro em si, é como ele surgiu. É uma história que Arnost Lustig nos contou em sua visita à Madrid, tanto ao editor Enrique Redel como para mim, e creio que foi um pouco o que motivou a Enrique publicar o livro. Quando lhe perguntavam como pode alguém seguir vivendo depois de uma experiência nos campos de concentração, ele sempre dizia que para continuar vivendo com certa normalidade tinha várias motivações. Uma era que ao contrário de seus companheiros, sua mãe também havia regressado dos campos de concentração”.

‘Una Oración por Kateřina Horovitzová’ foi uma espécie de regalo a sua mãe, prossegue a tradutora.

O filme ‘Una Oración por Kateřina Horovitzová’

Em relação a sua mãe precisamente surge o livro. Ao que parece, uma vez estabelicido o regime da Alemanha do pós-guerra começaram a levar a cabo questões para devolver aos judeus parte de seus objetos pessoais, tanto os confiscados em geral, mas também os requisados nos campos de concentração. Uma das coisas que se pretendia devolver eram as alianças de matrimônio. O caso é que para que isso fosse devolvido havia que apresentar não só a certidão de casamento, como também o cerificado de defunción ou a garantia de que essa pessoa havia morrido nesse campo de concentração e esse objeto lhe pertencia, algo que pelo sistema que havia nos nos campos de concentração era absolutamente impossível demonstrar."

Depois da alegria inicial de pensar que ia recuperar estes objetos de tanto valor sentimental, sua mãe estava desconsoloda, contava Lustig.

Arnošt Lustig llhe disse que aquilo era o que esperava por parte das pessoas que haviam sido capazes de fazer o que haviam feito. Mas por respeito a sua mãe e a outras mulheres fortes que haviam sobrevivido aos campos de concentração, e que com seu comportamento haviam sido um exemplo para os demais, decidiu escrever um livro no qual a protagonista era uma mulher, uma mulher justa".

Retornando à obra, Patricia Gonzalo de Jesús acrescenta também seu valor histórico, ao abordar uma nova visão sobre o Holocausto. Um termo, por certo, que o próprio Lustig detestava para se referir à Solução Final nazi, já que considerava que isso havia sido sencillamente um genocídio, em contraposição ao sacrifício religioso que aparece na Bíblia como 'holocausto'.

Talvez o tema do Holocausto de outros países seja mais conhecido, mas o que aconteceu na Tchecoslováquia não é um tema de algo que tenha sido traduzido muito para o castelhano, no que é bom que comecem a serem lançados autores na Espanha sobre a questão judaica da República Tcheca."

Outro atrativo do livro é a estrutura não cronológica da história, assim como os múltiplos personagens nos quais sucessivamente se vai centrando a novela. Um prazer para o leitor, e mais que um quebra-cabeças para a tradutora, conta Patricia Gonzalo.

O livro tem um estilo muito complicado, porque há contínuos flashforward e flashback (avanços e retornos ao passado). Ou seja, continuamente nos movimentos de frente para trás e de trás para frente. Ainda que siga uma estrutura de narração linear, de certo modo estamos recordando coisas que ocorreram antes e também se adiantam algumas coisas que ocorrerão depois. Com o qual encontrar uma forma de unir tudo isso e que o leitor não se perca resulta em algo um pouco complicado. Também porque essas recordações e impressões que adiantamos que acontecerão depois, não são adiantadas pelo narrador senão a partir das recordações dos personagens individuais, da forma que é como se fôssemos saltando da mente de um personagem até a mente de outro continuamente, tanto dos prisioneiros, como dos soldados e os oficiais da SS. E bem, o estilo do próprio Lustig em si é muito elaborado, com o qual se requer tempo."

‘Una Oración por Kateřina Horovitzová’, lançada pela Editora Impedimenta, é a terceira obra publicada em espanhol de Arnošt Lustig, depois de ‘Ojos Verdes’(Olhos Verdes) e ‘Sueños Impúdicos’(Sonhos Impúdicos).

Fonte: Radio Praha
http://www.radio.cz/es/rubrica/cultura/el-holocausto-checo-llega-al-lector-espanol-de-la-mano-de-arnost-lustig
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 17 de dezembro de 2011

Discurso de Himmler no mesmo dia do massacre de Lídice

Como o Dr. Lindtner aponta [1], Himmler afirmou em 09.06.42: "Die Völkerwanderung der Juden werden wir in einem Jahr bestimmt fertig haben, dann wandert keiner mehr."(Sobre a migração dos judeus, devemos terminá-la dentro de um ano e então não haverá mais migrações). Deve ser ressaltado que isto ocorreu um dia depois do funeral de Heydrich e no mesmo dia do massacre em Lídice(em português); em 10 de junho, 1.000 judeus foram deportados de Praga para Majdanek. Assim, não há dúvidas quanto ao significado do que Himmler disse quando usou a frase "dann wandert keiner mehr"(e então não haverá mais migrações).

Fonte: Holocaust Controversies
Título original: Himmler's Speech on the same day as Lidice
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/12/himmlers-speech-on-same-day-as-lidice.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

[1] Complemento: comentário do Dr. Lindtner na caixa de comentários do blog Holocaust Controversies, que consta do texto acima como link, sobre o discurso de Himmler. Comentário traduzido pro português. Link:
Holocaust Denial is Chutzpah(Dr. Lindtner) disse...

"...dann wandert keiner mehr"

A fim de defender a desesperada afirmação de que a Judenpolitik(política judaica) de Hitler/Himmler eram campos de "trânsito", e não destruição/extermínio físico(Vernichtung), Faurisson, em seu blog, em 20 de junho de 2011, cita esta sentença do discurso dado por Himmler na Haus der Flieger(Câmara dos Pilotos), em 09 de junho de 1942 (Geheimreden..., 1974, p.159): "Die Völkerwanderung der Juden werden wir in einem Jahr bestimmt fertig haben, dann wandert keiner mehr" (Sobre a migração dos judeus, devemos terminá-la dentro de um ano e então não haverá mais migrações).

Como Graf et.al.(e outros), Faurisson esquece de nos dizer onde e como esta Völkerwanderungs(migração forçada) iria acabar. O que Himmler quis dizer em suas quatro últimas palavras, "dann wandert keiner mehr"(e então não haverá mais migrações)?- A resposta foi dada pelo próprio RFSS(Reichsfuehrer SS), por exemplo, em Posen, em 06 de outubro de 1943 (ibid. pág. 169): "Es musste der schwere Entschluss gefasst werden, dieses Volk von der Erde verschwinden zu lassen" (Se faz necessário tomar uma decisão séria pra fazer este povo desaparecer da face da Terra).

Claramente, Faurisson, Graf e outros, não estão interessados em descobrir "o que realmente aconteceu". Do contrário eles não poderiam ter ignorado isto e várias outras passagens claras com o mesmo efeito.

Mortos dificilmente levantam de seus túmulos.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Menina cigana queimada em ataque neonazista deixa o hospital

PRAGA — A menina tcheca de 2 anos de idade, de origem cigana, que sofreu queimaduras graves durante um ataque neonazista em abril, recebeu alta do hospital nesta quarta-feira, segundo a agência de notícias local CTK.

"O tratamento foi muito duro. Nenhuma criança da idade dela com ferimentos tão graves havia sobrevivido antes neste país", indicou Michal Kadlcick, chefe da unidade de queimados do hospital onde a pequena ficou internada, na cidade de Ostrava, leste da República Tcheca.

Natalka Sivakova, de dois anos, teve mais de 80% do corpo queimado no dia 19 de abril, quando um grupo de neonazistas atirou três coquetéis Molotov dentro da casa onde ela morava com os pais, na cidade de Vitkov.

A polícia indiciou quatro suspeitos da extrema-direita, acusados de tentativa de homicídio. Se condenados, podem passar de 12 a 15 anos na prisão.

A garota, que superou três crises de septicemia no hospital, agora precisa de transplantes de pele para 60% do corpo. Ela também precisará frequentar uma clínica duas vezes por semana para trocar os curativos.

"Dizer 'obrigada' (para os médicos) não é suficiente. É uma recompensa insignificante por terem salvo a vida dela. Gostaria de abraçar todos eles", disse Anna Sivakova, mãe de Natalka, antes de levar a filha para casa depois de oito meses de internação entre a vida e a morte.

A família comprou uma nova casa com a ajuda de um fundo público, em uma vila a cerca de 10 quilômetros de sua antiga residência.

A República Tcheca registrou 11.746 ciganos em seu censo oficial de 2001, mas especialistas calculam que o número atual pode chegar a 300.000.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jIU9rXmgfkDOupLX-q7daFScBiTQ

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Neonazistas lembram bombardeios dos aliados na República Tcheca

Neonazistas lembram bombardeios dos aliados na República Tcheca

USTI NAD LABEM, República Tcheca (AFP) — Cerca de 500 manifestantes de extrema direita tchecos e alemães desfilaram sob uma rígida vigilância policial neste sábado, em Usti Nad Labem (noroeste), para recordar o 64º aniversário dos bombardeios nesta cidade pelas forças aliadas em 1945.

Segundo seus adversários, esta comemoração foi um pretexto para comemorar o nascimento do líder nazista Adolf Hitler, em 20 de abril.

Cerca de 1.250 policiais foram mobilizados e armas, facas e bastões de beisebol foram ampreendidos entre os manifestantes.

Em fevereiro passado, cerca de 6.000 neonazistas desfilaram em Dresden (leste da Alemanha) para homenagear as vítimas dos bombardeios das forças aliladas nessa cidade, em 13 e 14 de fevereiro de 1945.

Segundo os historiadores, os bombardeios aliados de abril de 1945 tinham como objetivo a estação ferroviária de Usti Nad Labem, sítio estratégico para os nazistas depois da destruição de Dresden.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gfSIULXxyyVCfkCfYWpRtQbFXCYQ

domingo, 16 de novembro de 2008

Theresienstadt

O Lager(Campo de Concentração)do horror encoberto

O campo de Terezin, que não escondia menos horrores que os outros, era apresentado ao mundo como uma comunidade judia autoadministrada. Os motivos desta fachada e da liberação de 1200 prisioneiros, na autobiografia de Fritzi Spitzer.

(Foto)Entre os prisioneros havia músicos e artistas de grande fama.
Desenho de Federica Spitzer.

Na grande literatura sobre o genocídio judeu, as memórias autobiográficas representam em conjunto uma modesta porcentagem. Muitos não tiveram a coragem de pôr por escrito suas recordações. Outros devem ter pensado que todo livro de memórias se transforma em literatura, e corre, portanto, o risco de ofender aos mortos, diminuindo ou apequenando a trágica enormidade do fato. Finalmente alguns que observam os preceitos religiososo sustentam que o mal é necessariamente inenarrável. Não basta. Para recordar o horror faz-se a condição de conseguir se impedir que desapareça a memória, protegê-la com uma sorte de couraça e assumir, frente a certos acontecimentos, uma atitude não só de distanciada imperturbabilidade, senão inclusive de ironia. Só assim as recordações assumem a credibilidade de um documento histórico.

Federica Spitzer, autora de um livro breve lançado em Berlim em 1997 e mais recentemente na editorial Dadò de Locarno (Anos perdidos. Do Lager à liberdade) se encontra entre aqueles que melhor tiveram êxito em contar a própria tragédia com o menor número possível de lágrimas e invectivas. Devemos lhe ser duas vezes agradecidos: pela extraordinária qualidade do livro e pela importância de um testemunho histórico que permite compreender melhor alguns dos aspectos menos conhecidos do genocídio judeu.

O primeiro deles é o campo de Terezin ou Theresienstadt, uma pequena cidade fortificada a 50 km de Praga, edificada em 1780 por José II e chamada assim em memória de sua mãe, Maria Teresa. Fritzi Spitzer foi recolhida ali com seus pais durante dois anos e meio, até início de fevereiro de 1945. Quando desde Viena chegou ali, no verão de 1942, fazia um ano que a fortaleza era campo de concentração. Mas não foi um campo como os outros.

Por razões muito discutidas mas até agora não totalmente aclaradas, o regime nazi decidiu fazer dele, aos olhos do mundo, uma “comunidade judia autoadministrada”. Theresienstadt teve um local de vendas, uma moeda, um serviço postal, um cabaré, uma orquestra, um hospital, uma padaria, uma grande manufatura artesanal, um conselho judeu presidido por Jacob Edelstein, uma espécie de centro cultural no que alguns rabinos traduziam e comentavam o Talmud; e até foi reacondicionado e pintado na ocasião de uma visita dos inspectores da Cruz Vermelha em janeiro de 1944. Por trás desta atraente fachada os prisioneros viviam em condições humilhantes, trabalhavam como escravos, sobreviviam com 800 calorias ao dia, eram duramente castigados pelas SS pela mínima transgressão, morriam de Tifo exantemático e finalmente eram enviados aos fornos crematórios de Auschwitz ou Treblinka.

Mas a ficção deixou aos internados pequenas margens de liberdade que haviam sido impossíveis em outros campos de concentração, e permitiu a Fritzi Spitzer exercitar o engenho, a fantasia e a iniciativa de que era dotada. Os pequenos furtos, o tráfego cotidiano, as astúcias e as aventuras picarescas da protagonista são outras tantas revanches da natureza humana contra a vida inumana do Lager.

Falta compreender porque o regime nazi havia montado uma ficção tão colossal. Para enganar, com uma operação de propaganda, a opinião pública mundial? Para “hospedar” as figuras principais da comunidade judia e os intelectuais que gozavam de notoriedade internacional? Para satisfazer àquele setor do regime que buscava talvez mitigar o furor persecutório de Hitler? Para dispôr de um bom número de reféns para trocar num momento oportuno?

O livro não responde a esta pergunta, mas a aventura de Fritz Spitzer sugere algumas hipóteses. Em 2 de fevereiro Fritzi supôs que 1200 prisioneiros partiriam à Suíça nos dias seguintes e compreendeu que poderia fazer parte do grupo com seu pai e sua mãe. Temeu que o comboio, como os que o haviam precedido, estivesse destinado a um campo de extermínio e duvidou. Mas apenas consultou aos pais e tomou uma decisão, lançou-se de cabeça à jornada e conseguiu se inscrever com eles na lista dos escolhidos. A partir desse momento começou um dos episódios mais singulares da segunda guerra mundial. Três dias depois cada um dos que iam partir receberam, com grande surpresa, um vaso de marmelada, um pacote de vitaminas, dois pãezinhos e a foi feito sentar em um trem que era composto por vagões-leitos e não por vagões de gado. A bordo daquele trem os 1200 atravessaram a Boêmia, dobraram ao sudoeste, face à Karlsbad, passaram a fronteira alemã em direção à Bayreuth, viram pela janela as ruínas de Ausgburgo, Friedrichshafen, Nürnberg e finalmente, do outro lado do lago de Constanza, às costas iluminadas da Suíça. Quando o trem entrou freiando e rangendo na estação de Kreuzlingen, o andar estava cheio de gente que observava em silêncio e cada tanto esboçava algum sorriso. Eram os habitantes da pequena cidade que havia acudido com presentes de todo tipo. Era o rosto hospitaleiro de um país que hoje se senta, a miúde injustamente, no banco dos acusados.

Por trás da liberação dos 1200 prisioneiros de Theresienstadt estava um político suíço que tinha boas relações com alguns representantes alemães. Chamava-se Jean-Marie Musy, havia sido conselheiro federal e havia fundado em 1936 uma associação nacional suíça contra o bolchevismo.

Quando alguns rabinos ortodoxos norte-americanos lhe pediram qe intercedesse para a liberação de um grupo de judeus, Musy esperou talvez que uma iniciativa humanitária havia allanado o caminho a seu projeto, acariciado desde há muito tempo: um pacto entre os aliados e a Alemanha contra a União Soviética. Pôs-se a trabalhar e se acercou de das pessoas que o ajudaram com motivações diversas: Heinrich Himmler, chefe das SS e da Gestapo, Walter Schellenberg, chefe da contraespionagem alemã. O primeiro queria aproveitar a operação para obter dinheiro e meios de transporte; o segundo, melhorar, dentro do possível, a imagem da Alemanha e abrir as tratativas com os aliados. Como o demonstram outros acontecimentos daqueles meses, o mais provável é que Himmler tivesse um objetivo predominantemente venal, enquanto Schellenberg persseguia um fim político. O acordo teve êxito quando Himmler renunciou aos meios de transporte (que nenhum estava disposto a proporcionar) e se “conformou” com cinco milhões de francos. Moreno Bernasconi, em seu prefácio, escreve que Adolf Eichmann havia intentado uma operação semelhante na Hungria: a liberação de um milhão de judeus e a clausura das câmaras de gás em troca de 10.000 caminhões e bens de primeira necessidade. Destas tratativas, levadas a cabo por homens que buscavam abrir uma saída de emergência para si mesmos, provavelmente Hitler nunca se enteró. Enquanto que o Führer, recluso no bunker da chancelaria, não tinha outra solução para seu país exceto um gigantesco “crepúsculo dos deuses”, nos muros da grande prisão nazi começavam a se abrir as primeiras grietas. Fritzi Spitzer esteve entre os poucos que conseguiram deslizar-se através de uma fisura para conquistar a liberdade.

O livro sugere uma última observação. Com algumas excepções (entre elas os livros de Primo Levi), a melhor literatura sobre os Lager alemães é feminina.

De agora e mais adiante recordaremos o nome de Fritzi Spitzer junto aos de Margarethe Buber-Neumann (que pode confrontar os campos de Hitler com os de Stalin), de Ruth Schwertfeger, autora de "Mulheres de Theresienstadt", de Ruth Krueger, autora de "Viver todavia" (outro livro sobre Theresienstadt, publicado em 1995 por Einaudi) e de Fey von Hassel, autora de memórias encontradas recentemente: quatro mulheres inteligentes, obstinadas e capazes de combater o nazismo com as armas de sua humanidade feminina. Diz-se que o Führer tinha uma relação difícil com as mulheres e que a miúde se detinha num umbral de inconstante galanteio. Começou-se a entender as razões.

Sergio Romano

O presente artigo foi publicado no Corriere della Sera
em 7 de março de 2001.
Tradução de Ana María Cartolano.

Foto 2: US Holocaust Memorial Museum
http://www.ushmm.org/wlc/article.php?lang=en&ModuleId=10005424
http://www.ushmm.org/wlc/media_ph.php?lang=en&ModuleId=10005424&MediaId=1609

Fonte(espanhol): Fundación Memoria del Holocausto
http://www.fmh.org.ar/revista/19/theres.htm
Tradução: Roberto Lucena

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