sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O triângulo negro / Nenhum povo é ilegal

Violência, propaganda e deportação.
Um manifesto de escritores, artistas e intelectuais contra a violência contra os rom*, os romenos e as mulheres.

"Negócio ariano"
[A faísca surgiu num grupo de escritores e intelectuais fartos de observar a tendência racista que cruza toda a Itália, por desgraça agravada com a violenta morte de Giovanna Reggiani. Desta saturação, a necessidade de compartilhar uma tomada de posição firme. Assim nasceu "O triângulo negro", chamamento elaborado por Alessandro Bertante, Gianni Biondillo, Girolamo De Michele, Valerio Evangelisti, Giuseppe Genna, Helena Janeczek, Loredana Lipperini, Monica Mazzitelli, Marco Philopat, Marco Rovelli, Stefania Scateni, Antonio Scurati, Beppe Sebaste, Lello Voce e o coletivo Wu Ming. A este grupo logo se juntaram outros importantes nomes da cultura que decidiram aderir ao mesmo. Entre eles: Gad Lerner, Erri De Luca, Bernardo Bertolucci, Massimo Carlotto, Carlo Lucarelli, Moni Ovadia, Nanni Balestrini, Franca Rame, Stefano Tassinari, Marcello Flores, Andrea Bajani, Lisa Ginzburg, Lanfranco Caminiti, Ugo Riccarelli, Enrico Brizzi, Marco Mancassola, Simona Vinci, Raul Montanari, Giulio Mozzi, Andrea Porporati, Sandro Veronesi e muitos outros que se somam a cada minuto, para ratificar que os direitos individuais não justificam castigos coletivos. Clique Aqui, a possibilidade de aderir ao chamamento. Na continuação, o texto].

A história recente deste país é uma sequência de campanhas de alarme, cada vez mais próximas entre si e envoltas no escândalo. As campanhas soam o alarme, as palavras dos demagogos geram incêndios, uma nação com os nervos a flor da pele responde a cada estímulo criando "emergências" e escolhendo bodes expiatórios.

Uma mulher foi violada e assassinada em Roma. O homicida seguramente é um homem, talvez um romeno. Romena é a mulher que, atirando-se na rua para deter um ônibus que não freava, tentou salvar aquela vida. O horrendo crime sacode toda a Itália, o gesto de altruísmo cai no silêncio/esquecimento.

No dia anterior, sempre em Roma, uma mulher romena é violada e deixada quase sem vida por um homem. Duas vítimas com igual dignidade? Não: da segunda não se sabe nada, nada publicam os diários: da primeira se tem que saber que é italiana, e que o assassino é um homem, senão um romeno um rom.

Três dias depois, sempre em Roma, membros encapuzados de um grupo fascista atacam com porretes e navalhas a alguns romenos na saída de um supermercado, ferindo quatro. Não houve jornalistas junto ao leito desses feridos, que ficam sem nome, sem história, sem humanidade. Sobre seu estado, nada mais a dizer.

A partir desses sucesos se desencadeia uma alucinante criminalização massiva. Culpado um, culpado todos. As forças da ordem desalojam o povoado favelado em que vivia o suposto assassino. Duzentas pessoas, mulheres e crianças incluídas, foram colocados na rua.

E depois? Ódio e receio alimentam as generalizações: todos os romenos são rom, todos os rom são ladrões e assassinos, todos os ladrões e assassinos têm que ser expulsos da Itália. Políticos velhos e novos, de direita ou esquerda, competem para ver quem grita mais forte, denunciando a emergência. Emergência que, de acordo com os dados do Rapporto sulla criminalità (1993-2006), não existe: homicídios e delitos estão, hoje, com as cifras mais baixas dos últimos vinte anos, enquanto que estão com forte aumento os delitos cometidos entre paredes domésticas ou por razões passionais. O relatório Eures-Ansa 2005, L'omicidio volontario in Italia e o relatório Istat 2007 dizem que um homicídio em quatro ocorre no lar; sete entre dez vítimas é uma mulher; mais de um terço das mulheres entre os 16 e 70 anos padeceu com violência física ou sexual no curso de sua vida, e o responsável da agressão física ou violação é, sete em cada dez, seu marido ou companheiro: a família mata mais que a máfia, as ruas com frequência apresentam menor risco de violação que os dormitórios.

No verão de 2006, quando Jina, jovem de vinte anos paquistanesa, foi degolada por seu pai e seus parentes, políticos e meios de comunicação se embarcaram no paralelo entre culturas. Afirmavam que a ocidental, e a italiana em particular, havia evoluído felizmente em relação aos direitos das mulheres. Falso: a violência contra as mulheres não é um legado atroz em outras culturas, senão que cresce e floresce na nossa, cada dia, na construção e na multiplicação de um modelo feminino que privilegia o aspecto físico e a disponibilidade sexual fazendo-os passar como uma conquista. Pelo contrário, como testemunha o recente relatório do World Economic Forum on Gender Gap, sobre a igualdade feminina no trabalho, na saúde, nas expectativas de vida e na influência política, a Itália está no posto 84. Última na União Europeia. A Romênia está no posto 47.

Se esses são os fatos, o que é que está se passando?

O que se passa é que é mais fácil agitar um fantasma coletivo (hoje os romenos, ontem os muçulmanos, um pouco antes os albaneses) em vez de se comprometer com as verdadeiras causas do pânico e da insegurança social causados pelos processos de globalização.

O que se passa é que é mais fácil, e pega antes e melhor como consenso incondicional, gritar "perigo" e pedir expulsões em vez de cumprir as diretrizes europeias (como a 43/2000) sobre o direito à assistência sanitária, ao trabalho e a habitação dos migrantes; que é mais fácil mandar escavadoras para privar seres humanos de suas míseras casas, em vez de ir aos lugares de trabalho para combater o emprego ilegal.

O que se passa debaixo do tapete da equação romenos-deliquência é que se esconde a poeira da feroz exploração do povo romeno.

Exploração em obras, onde cada dia um trabalhador romeno é vítima de um acidente laboral mortal.

Exploração nas ruas, onde trinta mil mulheres romenas são obrigadas a se prostituir - a metade menores de idade - são cedidas pelo crime organizado a italianíssimos clientes (a cada ano nove milhões de homens italianos compram sexo de escravas estrangeiras, forma de violência sexual que está ante os olhos de todos mas poucos "querem ver").

Exploração na Romênia, onde empresários italianos - depois de terem "deslocalizado" (transferido) e gerado desemprego na Itália - pagam soldos de fome aos trabalhadores.

O que se passa é que ministros demais, prefeitos e menestréis convertidos em caudilhos jogam para serem aprendizes de bruxo para obter seus quinze minutos de popularidade. Não se perguntam o que se passará amanhã, quando os ódios que ficam no terreno seguirão fermentando, envenenando as raízes de nossa convivência e despertando esse micro-fascismo que está dentro de nós e nos faz desejar o poder e admirar os poderosos. Um micro-fascismo que se expressa com palavras e gestos rancorosos, enquanto já se sente, não muito longe, o sapateado de botas militares e a voz das armas de fogo.

O que se passa é que se está levando a cabo a construção do inimigo absoluto, como com os judeus e ciganos no nazifascismo, como com os armênios na Turquia em 1915, como com os sérvios, croatas e bósnios, reciprocamente, na ex-Iugoslávia dos anos noventa, em nome de uma política que promete segurança em troca de renunciar aos princípios de liberdade, dignidade e civilização; que se faz indistinguíveis a responsabilidade individual e coletiva, efeitos e causas, males e remédios; que invoca homens fortes no governo e pede aos cidadãos que sejam súditos obedientes.

Só falta que alguém recupere do desvão da intolerância o triângulo negro dos antissociais, marca da infâmia que os nazis faziam coser nas roupas dos ciganos.

E não parece ser mais que a última etapa, por agora, de uma propagada guerra contra os pobres.

Frente a todo isto não podemos permanecer indiferentes. Não nos reconhecemos no silêncio, na renúncia ao direito de crítica e no abandono da inteligência e da razão.

Delitos individuais não justificam castigos coletivos.

Ser romeno ou rom não é uma forma de "cumplicidade".

Não existem as raças, e muito menos raças culpáveis ou inocentes.

Nenhum povo é ilegal.

*A palavra "rom" é a forma mais usada na Itália para designar a um membro da comunidade cigana. Na tradução ao castelhano se manteve esta denominação quando era necessário indicar o equívoco que pode se produzir com membros da nacionalidade romena. [Ninguém em particular].

15 de Novembro de 2007

Fonte: Site Wumingfoundation.com
http://www.wumingfoundation.com/italiano/outtakes/triangulonegro.htm
Título original: El triángulo negro / Ningún pueblo es ilegal
Tradução: Roberto Lucena

Observação: eu cortei do texto acima as assinaturas, quem quiser ver basta acessar o link do texto original. Este texto é de 2007 (só fui ver depois) e o pior é que continua atual.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Sugestão de leitura ao Juan Arías do El País (Espanha), aquele que não entende o Brasil - Sobre as emrpeiteiras brasileiras e a ditadura (Livro)

Cartaz da Volks sobre a Transamazônica
A obra superfaturada e faraônica da ditadura
que nunca foi completada. Muitas empreiteiras
enriqueceram com esse monte de nada
(Cartaz da Volkswagen 1500) de 1971.
Créditos pra imagem no fim do post.
Se há uma coisa que me irrita profundamente é um indivíduo preconceituoso, com uma visão cheia de estereótipos, preconceitos e conhecimento raso sobre o Brasil, dando pitaco e escrevendo besteira sobre o país. Refiro-me a esse "jornalista" do jornal espanhol El País e suas publicações ridículas, quase sempre achincalhando o país em formato de "sugestões" ou "psicanálise" barata.

Aos ditos "coxinhas" que acham normal esculhambarem o Brasil, o aviso de sempre, não venham pedir ou "ordenar" que eu tolere esta postura ofensiva e preconceituosa contra o Brasil, pois sempre disse que não tolero e não tolerarei, quer seja de estrangeiro ou brasileiro. Eu não digo isso de "bravata", quando eu ironizo algo eu sempre comento que é uma ironia, mas isso é um aviso literal mesmo. E nem se iludam que vão me comover com esse coitadismo de vocês achando normal ser achincalhando por um estrangeiro xenófobo e ignorante sobre o Brasil por achar normal esse tipo de postura.

Digo isso porque já fui abordado desta forma (gente tentando defender quem faz isso) e o único efeito prático da abordagem foi me deixar mais linha dura. Eu já disse mais de uma vez em posts que essa postura imbecil de achincalhe do país ou de autodepreciação de vocês cria incidentes diplomáticos pro Brasil, e mantenho o que disse.

Mas voltando ao assunto, eu não sei como dão espaço a um cidadão desses comentar as asneiras que ele professa na mídia brasileira, asneiras já bem conhecidas. E não sou só eu que acho que ele só diz besteira. Mas talvez a explicação de sempre (que em 99% dos casos quase sempre está correta) explique o motivo: a mídia oligopolizada do Brasil usa este gringo, por assim dizer (gringo é como se chama estrangeiros no Brasil e também em outros países de língua espanhola, o termo não é propriamente brasileiro ou português) pra malhar o país com a simples "credencial" de "ser estrangeiro".

Essa imprensa espanhola de uns tempos pra cá enfiou na cabeça que o Brasil é "ex-colônia" da Espanha e vem repetindo o tratamento "carinhoso" com que tratam suas ex-colônias, o que obviamente vai acabar em atrito pois brasileiro não tem a mesma paciência ou tolerância dos países ex-colônias espanholas com o chilique "Marca Espanha", ainda mais depois dos casos de deportação de brasileiros em aeroportos daquele país por xenofobia. Pra não citar a xenofobia explícita quando perderam de 3x0 do Brasil na Copa das Confederações com direito a "urros" de "monos" (macacos) no twitter.

Mas como eu dizia, isso mesmo que você leu, este cidadão tem a "credencial de ser estrangeiro" e não a de escrever algo sério sobre o Brasil. A mídia explora aquele velho complexo de inferioridade (complexo de vira-latas) de parte da população, que é um ponto de vulnerabilidade nacional, que acaba por dar crédito a uma idiotice proferida por alguém de fora, mesmo dita por um idiota, quando 100% do que esse cara publica naquele diário anti-brasileiro espanhol (o El País) é senso comum rasteiro que a gente escuta ou lê vomitado a torto e a direito por uma direita radical extremamente ignorante e anticívica e antipatriótica. Eu costumo associar o termo civismo a patriotismo, pois dá um caráter humanista ao termo, já que muita gente tem medo (e com razão) de quando se utiliza esta palavra pois foi muito difamada e banalizada pelos fascistas.

A última dele foi essa asneira patética falando sobre o caso da Petrobras e a operação Lava-Jato, que trata de corrupção envolvendo empreiteiras (iniciativa privada) com a estatal, via contratos e propina pra se assinar contratos. Aqui o texto:
Apenas a indignação da sociedade brasileira acabará com a corrupção

Temos um "gênio" acima, um "filósofo" que entende com "profundidade" a "alma" do povo brasileiro, repetindo clichês e senso comum que a gente vê o "povão" dizer por estupidez e falta de senso crítico.

Francamente, como é que um jornal coloca uma coisa dessas pra comentar? Bem, vendo os lixos que publicam no Brasil dá pra entender a razão. Se é pra demonizar, alguém com um texto sério jamais seria chamado pra publicar neste jornal.

Mas qual a queixa? Este jornal espanhol tem uma política (agenda) clara de demonizar o Brasil, a política e partidos no país, repetindo o discurso da mídia oligopolizada brasileira. Insuflando o radicalismo no país. Isso é feito de caso pensado, não é uma simples "escolha editorial" do jornal.

Mas como costumo dizer, já temos quem faça esse papel de porco no Brasil (a mídia oligopolizada nativa, que faz esse papel até melhor que a espanholada), não é necessário que um jornal estrangeiro, arrogante, com tinturas xenofóbicas contra o Brasil venha dar lição de moral ou dizer aos brasileiros o que se deve ou não fazer, quando é cúmplice do desmantelo provocado pela elite tacanha e arcaica da Espanha.

Eu diria que é inaceitável uma coisa dessas estar acontecendo, mas quem mandou o governo dar boas-vindas a essa porcaria? Agora aguenta.

Eu já escrevi na página deste jornal que: não somos ex-colônia da Espanha, não falamos espanhol e só iremos falar este idioma como segunda língua, jamais como primeira (agora a briga é pessoal), nossos laços culturais, pro bem ou pro mal, são com Portugal e as outras nações que tiveram mais impacto na formação do país, e a Espanha não tem um papel relevante nisto, até porque é um país que sempre manifestou um ranço anti-português fora do comum que quando este ranço é sobreposto, ele é repassado pela Espanha e por espanhóis (generalizando, não são todos obviamente) contra o Brasil por considerá-lo "coisa de português". Isso existe, começando pela hostilidade como tratam quando alguém escreve em português, como se fosse uma língua muito distante do espanhol quando é o idioma mais próximo do espanhol.

Tanto que em muitos países vizinhos ainda hoje existe um ranço anti-brasileiro por conta desse ranço espanhol anti-português, que sofre metamorfose e se volta contra o Brasil. Apesar de que com a criação do Mercosul e integração da região, muito deste ranço tem sido superado, mas ainda está longe de uma integração total regional, mas chegaremos lá. E isto não se dará com "ajuda" da Espanha e sua postura arrogante e hostil com suas ex-colônias.

Esse jornal espanhol constantemente achincalha os países latinoamericanos de fala espanhola, achincalhe mesmo, 90% das matérias ou mais são depreciativas/negativas, não são matérias elucidativas, é algo que remonta um certo saudosismo da elite espanhola achando que ainda manda em suas ex-colônias, vulgo imperialismo cultural de ressentido, já que hoje este país não tem poder algum sobre a maioria desses países ex-colônias espanholas. E essa postura acaba criando uma animosidade do povo nativo desses países com os espanhóis comuns, que pagam o pato pela postura cretina deste jornal e da imprensa espanhola. Embora se o povo se cala e não critica a postura é porque uma parte dele não discorda desta mentalidade.

Quando me refiro à Espanha, falo em geral da elite e da mídia de lá.

Uma coisa é fato, o problema narrado acima existe, e não sei qual é a desse jornal pois só vai aprofundar um ranço brasileiro contra a Espanha com essa postura hostil. E é problema dele ou da Espanha, eles não deveriam subestimar a postura brasileira quando costuma revidar, não costuma ser algo ameno.

Se eles acham que esse tom grosseiro agrada ("ah, é o jeito deles"), eu e muitos brasileiros não gostamos. A maioria dos jornais de fora quando cobrem o Brasil não têm essa postura, eles estudam e avaliam o Brasil e a forma de dialogar com o povo. Não é o caso deste jornal espanhol que se comporta como se fosse "velho conhecido" nosso e não é. Confunde a proximidade idiomática com "irmandade", um erro pra lá de grosseiro que ignora a rixa entre Portugal e Espanha durante séculos.

Como eu disse, nem a imprensa dos EUA (que o Brasil tem um histórico de aversão, apesar da cultura norte-americana ser presente em peso no país) adota esse tom quando fala com o Brasil. Se nem a maior Superpotência do planeta faz isso, o que essa elite espanhola tem na cabeça achando que aqui é a "casa" deles ou que somos "hermanos"? Piada.

Mas indo ao ponto, como sugestão de leitura ao criador do arianismo , o "Bispo de Arías" (trocadilho, rsrsrsrs), pra ele ao invés de emitir discurso idiota sem entender nada de História do Brasil (o cara está há 15 anos no Brasil e pelo visto nunca leu nada sobre o país a não ser jornal) e emitir uma opinião mais embasada, deixo aqui um link que me foi repassado sobre o envolvimento de empreiteiras com o regime militar (1964-1985), e tem matéria que diz que a o envolvimento empreiteiras e governos (municipais, estaduais etc) começou pra valer ainda com JK na construção do Brasília (o que é muito provável, foi uma farra de dinheiro público e endividamento pra construção de Brasília), que é a origem do começo dessa propina privada vinda de empreiteiras pra licitar obras em estados (unidades da federação), prefeituras, Petrobras etc.

A quem acha que essa relação de empreiteiras (iniciativa privada) e Petrobras (e outras obras, como estradas, viadutos etc) é algo novo, isso é "mais velho que a fome" (como se diz no popular). E óbvio que sei que a maioria sabe ou tem ideia dessas coisas, é preciso ser muito ingênuo ou idiota pra nunca ter ouvido de roubo de empreiteira, ao contrário do que a mídia fica tentando desviar (direcionando o assunto só prum partido).

Só repete besteira quem quer ou quem não quer que se apure tudo, independente de partidos políticos (tem que se APURAR TUDO, e TODOS, doa a quem doer, igualitariamente, sem "regime de exceção" desse ou daquele partido), como é o caso do espanhol citado acima que pelo visto está horrorizado porque o "escândalo" chegará aos tucanos do PSDB que são seus irmãos ideológicos e amigos já que ele vive em um transe onde o PSOE (uma espécie de PSDB espanhol que levou a Espanha à crise econômica atual) é uma "coisa fora de série", pois este jornal é bem próximo do PSDB no Brasil e do PSOE na Espanha. Não sei o que o PSDB tem com a Espanha, quer dizer, tenho fortes suspeitas, pois é incrível a presença e entrada de multinacionais espanholas trazidas por esses caras (Santander, Iberdrola, Telefonica etc) e agora o El País do grupo Prisa.

O livro/tese sobre as empreiteiras e o regime militar é este:
Estranhas Catedrais. A ditadura dos empreiteiros: as empresas nacionais de construção pesada, suas formas associativas e o Estado ditatorial brasileiro, 1964-1985

539 páginas no PDF. Um resumo de 12 páginas pode ser lido aqui. E uma resenha aqui abaixo, link (Ed. da UFF)

Resenha: Um histórico sobre os “gigantes que nunca dormiram" é a inspiração e fio condutor da pesquisa, agora traduzida no livro Estranhas Catedrais, de Pedro Henrique Pedreira Campos. A análise crítica identifica na ditadura civil-militar brasileira do período 1964-1988 a origem da inserção, contaminação e subordinação do tecido orgânico de Estado aos interesses do segmento dos empreiteiros. Em foco, o crescimento e consolidação das principais empresas do setor de construção pesada no Brasil, numa articulação que, segundo Pedro Henrique, propiciou o desenvolvimento expressivo, a modernização capitalista e a internacionalização das “gigantes do setor”. Ao demonstrar as injunções políticas, estratégias e práticas que permeiam as relações da iniciativa privada e poder público e sua legitimação por “intelectuais orgânicos”, a publicação constata e fornece elementos de compreensão acerca de “Estado, Poder e Classes Sociais no Brasil”, conforme sugere o Prefácio, assinado pela historiadora Virgínia Fontes.

Pois é, Arías, da próxima vez que for falar merd* do Brasil, e você vai falar, ou melhor, escrever, dá uma lidinha na história do país antes pra pelo menos não soltar tanta pérola ridícula e imbecil sobre o país ou não escrever tanta besteira.

Não é porque uma parcela da população fica depreciando o país, e ele sabe disso, por sofrer de complexo de vira-latas crônico que a outra parte odeia ou não tem senso de pátria. Não queira tomar o todo por uma parte, isso é visão rasa e limitada. Não vai nessa de que todas as pessoas que repetem a ladainha de "Brasil é o pior país do mundo, o Brasil não presta", não são mal vistas pelo povo.

Nem se iluda que a maioria do povo irá ficar contra o país porque meia dúzia de imbecis (uma parte) estão fazendo comentários depreciativos por politicagem ordinária e burrice. Se você conhecesse de fato o Brasil não diria esse arsenal de esterco que esse jornal espanhol publica. E não é o primeiro texto relatando o problema, já fiz este outro post aqui citando o problema e farei quantos mais forem necessários, no famoso bateu-leva:
O viés anti-Brasil da imprensa espanhola escancarado na Copa. Destaque para o jornal El País
Jornal El País retira artigo on-line que compara Merkel a Hitler

Ao Juan Arías, nunca ouviu falar das obras faraônicas da ditadura com as empreiteiras brasileiras? Como você pode falar do Brasil se desconhece essas coisas? Se não tem conhecimento mínimo sobre a ditadura militar no Brasil e os impactos disso até hoje? Onde vários grupos empresariais (empreiteiras, emissoras de TV) de hoje se consolidaram nesse período, até fazendo coisa alguma como a Transamazônica, um gasto de dinheiro fora do comum pra nada. Ou a Ponte Rio-Niterói, ou Itaipu e outras obras da época.

Não critico a construção de Itaipu e algumas dessas construções, critico o gasto faraônico feito pelo regime militar e omitido atualmente pela mídia por politicagem e motivos não-nobres/obscuros, o que é discutido aqui é como há gente cara de pau que alega que o fato de propina e enriquecimento de empreiteiras seja algo novo. Que se "choquem" com isso quando todo mundo sempre teve ideia de que isso existia, não só na com a Petrobras como em obras em todos os estados (UFs, Unidades Federativas), municípios etc.

É preciso o sujeito ser cara de pau, ou ter muita audácia pra afirmar que essa corrupção de empreiteiras é algo novo. Das três uma: ou é ignorante (na melhor hipótese, mas um ignorante é sempre uma praga), estúpido ou está agindo com má fé (ou os três juntos). O terceiro caso é sempre o mais provável.

No caso dele os textos da figura são um misto de má fé com senso comum vejista versão "Marca Espanha", ignorância misturada com um ranço xenofóbico eurocêntrico.

Créditos pra foto do cartaz da Volkswagen que faz propaganda do Fusca que supostamente iria percorrer a Transamazônica quando fosse finalizada, sendo que nunca foi e dificilmente será, pra este blog com várias propagandas e matérias da época:
Ditadura Militar: propaganda, terrorismo e manifestações populares

Atualização do post (revisão de texto): 25.11.2014

sábado, 22 de novembro de 2014

A moeda nazicomunista da Veja... que não era moeda... e que não era comunista

A quem perdeu o começo desse post, favor ler este:
O separatismo dos magoados

Lá no post lerão o seguinte (transcrevo praqui):
Eu me segurei pra não criticar este cidadão da Veja antes (o Constantino), porque haviam me passado um texto dele. Pra adiantar, o texto era uma cópia de blog estrangeiro (ele não cita a fonte de onde relatam uma suposta "moeda nazicomunista", mas acha-se fácil na web), que vou tratar em outro post.

Evitei retrucar o texto da "moeda" pois iria parecer pirraça e ataque pessoal quando não é. Apenas não deveriam passar esse tipo de conteúdo sem antes perguntar o que a pessoa pensa de revista "x", mas o povo (em geral) não enxerga a coisa dessa forma e acaba passando sem refletir, sem avaliar o conteúdo, porque partem do princípio equivocado de que por A ou B ser contra o negacionismo que automaticamente "gostará" ou "endossará" revista/jornal A ou B como a Veja (e publicações afins) e não é por aí.
Feita a apresentação, vamos ao post que saiu no panfleto, ops, Revista Veja que quando se mete a falar de nazismo e segunda guerra é algo que causa constrangimento.

Aliás, a Veja causa constrangimento comentando qualquer coisa. O "post bombástico" é este aqui abaixo tentando negar que o nazismo era/seja um movimento de direita ou "provando" que era/é de "esquerda", que é mais do mesmo da panfletagem liberal mais extremada:
"A moeda nazicomunista que prova que o nazismo era de esquerda"

Primeiro problema (de vários): a moeda não é moeda, é um broche comemorativo do dia trabalho lançado em 1934: Tag Der Arbeit (Dia do Trabalho)
http://www.coinpeople.com/index.php/topic/20376-tag-der-arbeit-1934/


Agora, pra efeito de comparação (eu havia achado um site que tinha vários desses broches, mas pra localizar no meio rascunho tá complicado, eu acho que pode ser este aqui mas não dá pra cravar), segue o broche de 1937:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1937 Tag der Arbeit
De 1935:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1935 Tag der Arbeit
De 1938:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1938 Tag der Arbeit

E mais uns cliques do broche de 1934 mostrando aquele alfinete pra colocar na camisa, mostrando que não é uma moeda:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1934 Tag der Arbeit
Imagem 2 (o alfinete do broche)

Tem fotos melhores desse broche. Você encontra mais informações sobre isso colocando na busca do Google por: Tag der Arbeit+1934

Pra terem uma ideia do "nível" de "discussão" sobre isso, deem uma lida (torturante): Link.

É assim que esses hoaxs se espalham.

Só que teve um pessoal que foi retrucar apontando um emblema da Áustria antigo, anterior ao broche, que mostra uma águia segurando uma foice e um martelo em cada pata, segue a imagem abaixo:
Brasão de Armas da Áustria de 1919 a 1934

Aqui a história (em inglês):
Coat of arms of Austria

A primeira águia não apresenta correntes nas patas (a que apresenta corrente partida simboliza a libertação do nazismo), a escolha do martelo foi feita pra representar a indústria e a foice a agricultura (ou agricultores), porque na época essa simbologia era popular e as classes abastadas (dominantes) tentavam com essas manobras usar uma simbologia para parecerem mais "amigáveis" para o povo (para parecerem mais próximas ao povo). Na época a revolução russa de 1917 era bastante popular e teve um impacto pesado na Europa.

Só que por mais bem intencionada seja esta citação da água austríaca, deveriam explicar a diferença dos regimes (segue abaixo uma explicação rápida, resumida e repetida) apesar do brasão austríaco mostrar o quanto é tola a citação da moeda (isso já bastaria). Porque se só o 'deboche' não serve como resposta a tudo.

Vejam como é fácil usar a mesma retórica do cara da Veja pra outras comparações (passando essa ideia) agora com o sionismo, "a moeda nazi-sionista" (essa também é manjada, é sobre o acordo de transferência):


Tirado do site do David Irving (negacionista britânico).

Viram como é fácil fazer esse tipo de associação extremamente infantil? E vejam que a ideia sempre parte de sites extremistas, geralmente de direita.

Eu presumo que esse ideia da "moeda nazicomunista" tenha sido espalhada no Orkut a partir deste blog anti-esquerda, pró-Israel (tem o símbolo lá) e adulador de Pinochet, em inglês. Eu prometi que iria mostrar o blog de origem, presumo que seja este embora não tenha localizado nos rascunhos o conteúdo que eu havia salvo, o post é de 2008:
An original Nazi Labor day medal from 1934

E se acharem qualquer broche ou moeda do tipo com os EUA dá pra fazer a mesma associação provando que os EUA são uma "República Nacional-Socialista Bolivariana" (rsrsrsrs).

Falando sério, qualquer um que se interesse por segunda guerra sabe ou deveria saber dessas divisões básicas sobre segunda guerra, refiro-me aos que não queiram manipular informação também.

Prosseguindo, o broche do dia do trabalho de 1934 na Alemanha, com aqueles símbolos só teve esta edição daquele ano.

O nazismo também tentou aproximar gente da esquerda radical pras fileiras da revolução nacionalista que empreendera. Dar uma lida em:
O Movimento Revolucionário Conservador alemão, precursor do nazismo
Strasserism
National Bolshevism
Third Position

Continuando a parte acima. O primeiro de maio de 1934 antecedeu a Noite das Facas Longas (ou Noite dos Longos Punhais) em que a ala radical (mais revolucionária) do Partido Nazista liderada por Ernest Röhm foi incorporada (os membros) na SS a partir da extinção da SA de Ernert Höhm com o assassinato do mesmo a mando de Hitler.

Röhm vinha se desentendo com Hitler porque queria uma revolução nacionalista mais radical, que colocaria a SA como a Força Militar nacional e Hitler se aproximara das Forças Armadas alemãs e dos industriais (capitalistas) que pediam "moderação" ao partido. Entre um e outro, o Bigodinho Raivoso ficou com os industriais e os militares.

Há mais exemplos de distorções com cartazes nazistas que alguns blogs de extrema-direita liberais usam pra "provar" que o nazismo era/é de esquerda porque os cartazes eram cópias (ou eram inspirados) em cartazes da União Soviética stalinista.

Estou adiantando essa baboseira dos cartazes caso alguém queira vir contemplar com esse "achado" como se ninguém "soubesse de nada", eu já vi essas idiotices, isso circulou bastante pelo Orkut até chegar na "Veja", incluindo essa "moeda nazicomunista".

Eu não retruquei antes pelo motivo citado lá no começo em destaque. Um texto desses é do nível de um texto "revi" só que tentando demonizar a esquerda com o nazismo quando muitos (a maioria) "revis" são simpáticos ao nazismo e conservadores. Tenham em mente que quem repassa isso adiante por fanatismo ideológico também está reabilitando em termos o nazismo. Em termos pois os simpatizantes do fascismo, neste posto, costumam ser mais "honestos" que essa turma liberal radical.

Como podem ver, o indivíduo querer provar que nazismo é de esquerda por uma "moeda" (que não é moeda) ignorando a História ou omitindo/negando o que cada parte defendia ideologicamente (o nazismo como quase todos os fascismos teve toda a classe industrial capitalista ao seu lado, enquanto na URSS a economia era de fato estatal, controlada pelo Estado, o Fascismo italiano inclusive adotou programa liberal) é um atestado de desonestidade intelectual puro (ou de ignorância também junta).

Fora as privatizações do nazismo. Já viu isso Constantã? O Bigodinho era chegado a uma privatização, vai ver ele gostava de Mises também (rs):
Against the mainstream: Nazi privatization in 1930s Germany (de Germà Bel, Barcelona)
Link2

Ao contrário do que muita gente pensa, pois isso é disseminado errado e propositalmente, e até simpatizantes do fascismo acham que o fascismo era "estatal" (rs), a indústria privada/capitalista nesses países transcorreu sem problemas, pelo menos os maiores grupos, como podem ver neste post sobre trabalho escravo/forçado no Terceiro Reich com bibliografia sobre o tema e os grupos que usaram mão de obra escrava no nazismo (a indústria alemã em peso):
Trabalho escravo/forçado no nazismo - bibliografia

Vai ver o Hugo Boss, a BMW, a Mercedes, o Deutsche Bank, o IG Farben (complexo industrial químico que quando dissolvido deu origem a Bosch, Basf, Bayer etc) eram todas estatais socialistas marxistas bolivarianas e ninguém avisou o mundo disto, rsrsrsrs.

Olha só o lucro dessas empresas com o trabalho escravo:
Revealed: How the Nazis helped German companies Bosch, Mercedes, Deutsche Bank and VW get VERY rich using 300,000 concentration camp slaves

Pra que coisa mais capitalista que isto? Hugo Boss, seu bolivariano, rs.

Isso é algo manjado, batido. Quem fala que essas empresas privadas (conhecidas mundialmente) eram estatais ou que o nazismo era estatal (daí a minha crítica ao termo "totalitarismo", que mais distorce do que explica), ignora coisas tão primárias sobre isso que não dá nem pra discutir a sério com quem insiste neste tipo de negação ridícula.

Dito isto, por favor, só me mostrem esse tipo de idiotice em caso de dúvida real ou como mostra de manipulação ideológica (de várias espalhadas pela web), do contrário eu ignorarei totalmente (se for pra fazer panfletagem). Não é prepotência o gesto, é que quem acha que uma coisa dessas é sério pra crer que o homem não foi à Lua e em qualquer bobagem (que vá de acordo com sua linha de pensamento ideológico) é um passo ou então estão achando que vão "convencer" A ou B aqui com isso, e não vão, vão é irritar porque é sacanagem. De "maluquice" (coisa exótica) já basta o "revisionismo".

Seguir cegamente esse tipo de revista/publicação é falta de critério. O povo quer aprender algo sobre segunda guerra pela revista Veja? Com um radical de direita (liberal) distorcendo, parecendo um "PSTU de sinal trocado"? Desista. Não paguem esse mico. É constrangedor.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

"O negócio da revolução" - Gene Sharp - Como os EUA desestabilizam países "pacificamente"

A quem quiser assistir o documentário vou colocar o vídeo no final do post, porque se eu colocar logo abaixo do parágrafo dificultará a leitura do texto. Mas pra situar o documentário no contexto brasileiro: lembram das marchas "difusas" de 2013?

Achou que aquilo foi um movimento espontâneo? Pois tem todos os indícios de que não foi. E como tem...

Foi tanta coisa "estranha" que ocorreu naquelas marchas que em um post só não dá pra comentar tudo, por isso colocarei esses posts numa tag chamada Marchas de 2013 pra ficar como uma série, pra quem quiser ler post a post ir compreendendo o que se passou à medida que forem surgindo mais textos/posts.

O documentário "O negócio da revolução", que não sei se está completo eu achei esta cópia no Youtube que é suficiente pra ser assistida, descreve como um grupo mercenário (o mercenário eu rotulei pois agem por dinheiro) situado na Sérvia treina "grupos" a usarem o método Gene Sharp de "revolução pacífica" (entre aspas, pois isso não existe), pra desestabilizar "ditaduras" mundo afora.

Mas aí que reside o nó da questão: não são só ditaduras os alvos, quaisquer países podem ser alvo disso, mesmo democracias, dependendo do interesse geopolítico dos Estados Unidos (caso algum país represente uma ameaça a expansão de sua influência e empresas), pois países fragilizados por turbulências tornam-se alvos de países militarmente e economicamente mais organizados com uma política externa agressiva (imperialismo) que é o caso dos Estados Unidos.

O vídeo descreve o método e como os grupos treinados por esta organização da Sérvia agem mundo afora. Agiram primeiramente na própria Sérvia e nas ex-repúblicas soviéticas pra desestabilizarem seus governos e contribuindo com a ascensão de governos fantoches (de oligarcas) dos EUA pra cercar a Rússia, politicamente e militarmente.

Os EUA veem a Rússia como um rival geopolítico, mesmo com o colapso da União Soviética. E por extensão, quem estiver dentro dos BRICS (o Brasil está), tornará-se alvo também. Mas o Brasil sempre foi alvo dos EUA, antes mesmo dos BRICS.

Começam a entender que o "surto" de "revolta" de 2013 não foi algo tão espontâneo assim, apesar do povo ter saído às ruas como manada por mimetismo (imitação, efeito manada)?

Começam a entender que Black Blocs não "caem do céu"? De onde vieram? Para onde foram? Por que a polícia não interferiu nesses grupos quando podia e os deixou atacar livremente?

Qualquer pessoa podia/pode ser um "Black Bloc", desde um idealista estúpido (Maria vai com as outras) achando que iria "derrubar o Estado" com aquelas ações pueris sem nem compreender o que é o Estado, e muito provavelmente provocadores treinados com objetivos claros: de desestabilização e criar um clima de caos midiático (pra mídia aumentar dando a impressão de um caos nacional), e conseguiram o intento por algum tempo, o suficiente pra fazer estragos e até começarem a ser rechaçados pela opinião pública.

O Ministro da Justiça, José Cardozo, deve explicações sobre a não apuração de toda essa arruaça organizada que estimulou as pessoas a saírem às ruas "protestando", sem pauta definida, de forma difusa e que deu força à extrema-direita, força esta que se refletiu na eleição do congresso nacional dos próximos 4 anos. Se há uma ascensão de uma extrema-direita destas marchas, então fica claro qual o grupo beneficiado disto. Não é uma extrema-direita tradicional do tipo fascista, como muita gente chama, são mais udenistas/larcedistas aos moldes do neoliberalismo defendendo pela Veja e pelo resto da mídia oligopolizada, são grupos que defendem o alinhamento do Brasil com os EUA (submissão), saída dos BRICS, entrega do pré-Sal e por aí vai, todo receituário neoliberal.

Começam a entender como é estranha a quantidade de PDFs ou páginas de extrema-esquerda (e algumas de extrema-direita liberaloide) difundindo o manual deste Gene Sharp? O "velhinho pacifista idealista" onde pairam suspeitas de ser gente ligado à CIA. Algo não incomum, ao contrário do que muita gente pensa.

Uma parte da esquerda radical foi "útil" (costuma ser útil pelo idealismo infantil ou ingenuidade, ou mesmo raiva) a esse tipo de desestabilização visando demonizar o governo federal pra fazer uma "revolução colorida", porque eles achavam que iria "brotar uma revolução" sem entender a conjuntura política e o contexto social do país. Só veio a cair a ficha pra eles na disputa eleitoral do segundo turno este ano. Espero. O estrago já está feito, vide o congresso eleito (o pior desde 1964):
Congresso eleito é o mais conservador desde 1964, diz Diap

Ao pessoal 'nacionalista', relaxem, o fato do congresso ser o mais conservador desde 1964 não quer dizer que ele seja nacionalista, este conservadorismo neocon tem aversão a nacionalismo e é profundamente neoliberal e conservador (pra inglês ver) nos "costumes".

Eu não sei como este senhor, Sharp, dorme em paz sabendo que muita gente morreu por conta desse experimento cretino dele, pois não se modifica uma realidade somente derrubando um regime sem haver nada organizado e enraizado democraticamente no seio do povo, pra ficar no lugar daquilo que é derrubado. Não são "revoluções coloridas" fabricadas que trarão paz ao povo, vide o que se transformou os países onde essas coisas ocorreram. Viraram terra de máfias e oligarquias, com miséria e desigualdade crescentes. É essa a ideia de "liberdade" de Gene Sharp? A liberdade da "miséria e da desigualdade"? Que sujeito "nobre".

A quem não sabe o que é uma revolução colorida, só um breve trecho do verbete da Wikipedia. Eu estou utilizando o trecho, embora saiba que muita gente critica a Wikipedia, porque sei que o trecho está correto, pra agilizar (aliás, eu só utilizo isto nessas condições):

Revoluções Coloridas
O alcance e o significado dessas "revoluções" ainda estão em discussão, bem como o papel desempenhado por agentes externos, principalmente por norte-americanos - CIA, Fundação Soros, USAID e o National Endowment for Democracy. Apesar de apoiar esses movimentos e de apresentá-los como puramente nativos ou nacionalistas, críticos os acusam de serem manipulados e maximizam a importância desses agentes externos.
Pois é bom assistirem o documentário pra entenderem como começou a "Primavera Árabe" (que já virou Outono Sangrento) com esses grupos de desestabilização e o que surgiu no lugar: mais ditaduras, regimes sangrentos como o EI (Estado Islâmico), guerra civil e todo tipo de aberração que o estado de anarquia causado por este tipo de grupo provoca com o vácuo deixado por regimes que antes governavam um Estado, em locais onde o povo tem pouca ideia do que seja Estado ou haja uma sociedade civil organizada e politizada (nacionalmente).

Curiosamente outro documentário sobre Sharp foi exibido no canal GNT da Globosat (das Organizações Globo). Não seria pra "esclarecer" o povo a exibição deste tipo de documentário, obviamente.

Este assunto será tratado em outros posts à medida que eu for lembrando dos detalhes das marchas, pois tem coisas como o vídeo daquela garota contra a Copa do Mundo, e mais coisas do tipo que "apareceram do nada", que fizeram parte dessa mixórdia de "supostos idealistas".

Mixórdia de "gente bem intencionada" "preocupada com o país" (pausa para o riso, rs), tudo no fundo para criar um clima de mau estar generalizado propício pra extremistas ditarem o caos, as regras do jogo e atacarem a democracia, o mesmo clima que abriu espaço, mesmo após as eleições desse ano, pra grupos pedirem volta da ditadura e bizarrices do tipo.

Não adianta esses "supostos idealistas" agora quererem tirar o deles da reta ou fazer mea culpa. Os fatos falam por si (as consequências dos atos de vocês também).

Mas há que deixar claro uma coisa: isso só tomou vulto e foi adiante porque o povo brasileiro (ou parte dele) não soube ser sábio e cético diante daquele voluntarismo que se avolumou com as tais marchas.

Havia sim muita gente que achou a princípio que aquilo era algo bom, sem ter a dimensão do que estava se passando (faltou um pouco de ceticismo), só que acabaram sendo usados como massa de manobra da extrema-direita liberal e midiática (que é quem vem tentando desestabilizar o país há muito tempo) pra outros fins políticos.

O governo federal também errou e erra ao não discutir essas questões políticas e a questão dos BRICS mais abertamente e detalhadamente com a população. Discussão de política externa no Brasil parece algo "exótico", "distante" quando não é.

O governo deixa que a mídia dite a "versão dos fatos" e acaba gerando essa balbúrdia informativa distorcida. Ficar em silêncio não vai ajudar muito na contenção desse tipo de golpismo calculado pelos EUA e por setores capachos da elite interna (a mídia oligopolizada é o principal deles).

Assistam o documentário e tirem suas conclusões. O documentário choca a quem acha que todos esses movimentos mais recentes mundo afora e no Brasil são movimentos espontâneos ou genuínos e populares como foram as Diretas Já! e o movimento de democratização do Brasil (que tinham lideranças políticas de fato e eram organizados, tinham meta definida e apoio popular forte), como a Revolução dos Cravos e vários outros movimentos legítimos e realmente autênticos do passado, que por serem legítimos, possuem raízes fortes no seio do povo e da sociedade civil ao contrário dessa desestabilização artificial bancada por Washington (governo norte-americano) propagada por mercenários também bancados pelos EUA de forma não-oficial.

Eu disse que iria elucidar (ou tentar) mostra a escrotidão que fizeram contra o país, mas também cabe ao povo também ter ciência/consciência disso, do que se passa e não ficar só como espectador.

O Brasil não está alheio ao mundo, há muita potência com o olho bem arregalado querendo os recursos do país. Há não, sempre houve.

Nenhum país com a dimensão territorial do Brasil, com recursos imensos e uma reserva de petróleo do tamanho do pré-Sal é "ignorando" pelo mundo, potências fazem guerra por isso, ao contrário do que muito brasileiro cretino com complexa de vira-lata pensa que o Brasil seja (um "país qualquer").

Seja cético com "movimentos contestatórios" inflados e caóticos surgidos do nada, sem liderança ou organização, como se fossem teatro e espetacularização que se formam nos mesmos, com Black Blocs, grupos anônimos e cia. Esses grupos não são movimentos espontâneos, parem de romantização e idealização dessas coisas, isto é sério, traz consequências reais pro país.

É preciso haver um determinado grau de organização desses grupos arruaceiros de forma antecipada para pôr isso em prática quando estoura algum rebuliço com multidão. Lembro que começou o corre-corre nas ruas após um confronto da polícia em SP, mas mesmo antes já havia grupos mascarados "tocando terror" na rua inflando os ânimos, o resto acabou sendo decorrência disto, mais os que foram aparecendo no decorrer da coisa, justamente no período da Copa das Confederações quando a imprensa estrangeira estava toda de olho no Brasil. Sinto, mas isto não foi espontâneo, exceto o voluntarismo de parte da população que foi conduzida ao erro pelo emocionalismo que esses grupos provocam em quem não tem algum grau de ceticismo para ver que quando as convulsões sociais são muito estranhas é porque há algo de errado nelas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O separatismo dos magoados

O título é provocativo até porque se fosse citar todo idiota que propôs idiotices após o término das eleições (isso está se tornando uma "tradição"... no pior sentido do termo), iria chover prints e mais prints de idiotas dando seus espetáculos de crianças mimadas.

Mas quando a coisa ocorre em jornais ou revistas de maior alcance, a coisa sai do "anedótico" do anônimo inconsequente pro chamado "formador de opinião" (ou 'deformador de opinião', conforme sua visão) pregando crimes, pois separatismo é ilegal no Brasil conforme está escrito na Constituição, com previsão de punição. Isso mesmo que você leu, quem prega, com grande alcance a ponto de incitar multidões, está cometendo crime, podem ler direto na fonte mas vou copiar as partes que interessam pra cá:
LEI Nº 7.170, DE 14 DE DEZEMBRO DE 1983.
Define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, estabelece seu processo e julgamento e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 1º - Esta Lei prevê os crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão:

I - a integridade territorial e a soberania nacional;

Il - o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito;

Ill - a pessoa dos chefes dos Poderes da União.

TíTULO II

Dos Crimes e das Penas

Art. 8º - Entrar em entendimento ou negociação com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, para provocar guerra ou atos de hostilidade contra o Brasil.

Pena: reclusão, de 3 a 15 anos.

Parágrafo único - Ocorrendo a guerra ou sendo desencadeados os atos de hostilidade, a pena aumenta-se até o dobro.

Art. 9º - Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país.

Pena: reclusão, de 4 a 20 anos.

Art. 11 - Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente.

Pena: reclusão, de 4 a 12 anos.
E prossegue: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
CAPÍTULO VI. DA INTERVENÇÃO

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
Após mostrar o conteúdo acima, o que dizer disto abaixo?


Eu tinha salvo esse print de outro link, mas pra achar de novo acabei encontrando no Viomundo, então segue com esse mesmo.

E teve mais aqui:
Deputado do PSDB pede independência do Sul e do Sudeste
Mais um aqui e aqui.

Eu só iria comentar o caso do Constantino, mas pra não ser injusto com ele, citei os outros dois pra mostrar que não foi um caso de idiotice isolada. Andei vendo que uma parte da "turma extremada" anda desconversando sobre a ideia de "separação" pregada no dia do resultado da eleição ou logo após (devem ter sido alertados do 'tranco' da coisa). Mas sem essa, quem pregou assuma que o fez ou se retrate, sem conversa mole.

O mais grave disso é um militar pregar separatismo pois se há uma coisa que é consenso no Brasil entre direita, esquerda, centro etc, após o período de turbulência do século XIX onde houve vários movimentos de desmembramento que surgiram provocados pela presença da Coroa Portuguesa no Brasil, e que são movimentos separatistas dependendo do ângulo por qual você trata pois se separar de Portugal (o território do país ainda pertencia à Coroa Portuguesa e seus descendentes) não seria propriamente separatismo como no caso da Guerra de Secessão nos EUA ou recentemente a Escória querendo retomar sua soberania pois é uma nação, com língua própria etc. Mas como dizia, se há uma coisa que é compartilhada em comum entre os mais variados setores políticos do país é a da não divisão do território do país. Isso é um consenso, pelo menos da grande maioria (pra não dizer maioria absoluta). Talvez por isso que alguns extremistas, sabendo do eco negativo no país e nas Forças Armadas, pararam com o discurso de criança birrenta/mimada.

Quem tentar enveredar por este caminho da separação seria/será reprimido duramente, não só por civis mas principalmente pelas Forças Armadas, que boa parte desses "revoltosos" de ocasião adoram exaltar ignorando o histórico da mesma sobre o separatismo no Brasil.

O mais ridículo é esse mesmo grupo acusar quem é contrário a eles de estar fomentando "separatismos" e o discursinho chantagista emocional e apelativo de "nós contra eles". Ou seja, vejam a "lógica" bizarra dessas figuras, os caras pregam separação, fazem agressões verbais à regiões e depois não assumem o que pregam e ficam acusando os outros de fomentarem isso. É muita cara de pau e covardia prum grupo só.

A consequência disso desembocou nisso aqui, essa foi a mais recente do último dia 15 de novembro:
Marcha golpista volta a pedir intervenção militar

Estou tendo que colocar links dos blogs pois não quero colocar link de jornal golpista (a não ser que seja necessário) e não tá fácil de achar o conteúdo semanas após o ocorrido pois fica misturado pela web com as outras 'marchinhas' inconsequentes desses extremistas. Essa foi a terceira este ano, todas um completo fiasco e um espetáculo de gente visivelmente perturbada e surfando em delírios incitados pela mídia irresponsável e inconsequente do país.

Quando falo de jornal golpista, alguém acha normal que um dono de jornal mande um país "se foder" por extremismo? Pois bem, deem uma olhada:
Cartaz

Mas deixemos a consideração do que ocorreria em caso extremo (em caso dessas figuras pararem com o lero-lero e partirem pruma separação de fato, que dificilmente eles irão fazer), pra se ater na motivação da manifestação idiota.

Um dos motivos é o rancor já discutido aqui abaixo (no link), com o post sobre o bovino Mainardi e sua "ideia de Nordeste", que não é comum dele, apenas ele (há de reconhecer) foi mais sincero que os outros:
A mídia brasileira expele preconceito abertamente sem regulação ou punição. O caso Mainardi

Eu me segurei pra não criticar este cidadão da Veja antes (o Constantino), porque haviam me passado um texto dele, pra adiantar, o texto era uma cópia de blog estrangeiro (ele não cita a fonte de onde relatam uma suposta "moeda nazi-comunista", mas acha-se fácil na web), que vou tratar em outro post.

Evitei retrucar o texto da "moeda" pois iria parecer pirraça e ataque pessoal quando não é. Apenas não deveriam passar esse tipo de conteúdo sem antes perguntar o que a pessoa pensa de revista "x", mas o povo (em geral) não enxerga a coisa dessa forma e acaba passando sem refletir, sem avaliar o conteúdo, porque partem do princípio equivocado de que por A ou B ser contra o negacionismo que automaticamente "gostará" de revista/jornal A ou B como a Veja (e publicações afins) e não é por aí.

Quando eu digo que a Revista Veja (da Ed. Abril) e esses jornais de maior tiragem do país são de extrema-direita, é porque são de extrema-direita, alguém consegue conceber um colunista de um jornal ou revista estrangeira (BBC, Spiegel, New York Times etc) pregando separatismo sem ser dispensado por esses jornais e revistas logo após? Creio que não.

A não ser que o jornal/revista endosse essa visão. Só no Brasil que pessoas publicam esse tipo de asneira e não são rechaçadas pela tal "grande mídia" (mídia oligopolizada) do país, que faz vista grossa a esses ataques e casos graves e que aparentemente envereda por um caminho sem volta (pra ela) do radicalismo, que jogará essa mídia no descrédito.

Mas aí vem uma questão: qual o sentido do povo ser contrário a "revis" ficar repetindo panfletagem desse tipo de revista, jornal?

No mínimo é incoerência.

Mas não vou entrar no mérito disso, lê esses panfletos quem quer, só que obviamente não irei repetir as baboseiras desses panfletos aqui a não ser pra apontar os erros desse tipo de publicação, como é feito com textos "revisionistas".

Mas voltando o assunto, depois da declaração separatista do 'Constantã', a objeção que eu fiz sobre não comentar nada sobre ele, já era. Paciência tem limite.

Eu já vi as baboseiras que esse cara prega desde o Orkut, onde havia até comunidade em "homenagem" a ele ironizando as "maluquices" que ele pregava/prega. Agora, vir uma revista e amplificar o alcance desse arsenal de esgoto/detrito, é demais.

A proposição de separação desse pessoal é tão esdrúxula que a primeira coisa a se perguntar é: como iriam fazer isso sem uma guerra?

Só inconsequente acha que irá propor uma maluquice dessas ignorando o histórico de repressão e represálias a movimentos do passado, que ao contrário dos atuais, uma parte tinha legitimidade de defender certas posições como por exemplo o de não se submeter a uma potência estrangeira, no caso, Portugal representado pela Coroa Portuguesa. Não é o caso atual.

Essas terras pertencem ao país, então aos "separatistas magoados" vão pedir auxílio externo pra separação, pois interno não há.

E por falar em pedir auxílio externo, agentes externos já operam neste sentido no país pra desestabilizar o Brasil, o surgimento de Black Blocs e demais arruaceiros (virtuais ou não) das marchas de 2013 etc precisa ser esclarecido, como também a atuação de ONGs estrangeiras de olho na Amazônia brasileira e apoiando candidatos entreguistas nas eleições do país como a Marina Silva que se valem de um discurso "ecológico" despolitizado se valendo do culto à figura "santa" dela, uma mitificação e construção política.

Esse tipo de ação de desestabilização política "não vem do nada", isso costuma ter dedo externo (dedo, mão, braço etc) com os lacaios internos históricos.

Armando Boito: Marina representa o casamento do Itaú com a WWF
A história de Marina Silva, as ONGs da Amazônia e os EUA

A segunda é sobre os recursos do país, uma vez que a entrada de empresas multinacionais em determinados estados tiveram dedo do governo federal, em caso extremo desses bocós quererem fazer levante separatista, muitas dessas empresas de determinados estados ese espalhariam pelos outros por segurança e não voltariam mais a esses estados. Ou seja, a demência deles custaria caro pros próprios estados deles que empobreceriam com as retaliações da União que não seriam poucas começando pelo corte ou taxação do fornecimento de gás e petróleo que estrangularia a economia desse "novo país", que venderia seus produtos pra quem? E como se chamaria como? Sudeste? República Federativa do Sudeste? Só rindo, rs.

Fora o problema militar da coisa. Se em 1932, no último confronto civil aberto do país, São Paulo foi trucidado pela União com o armamento da época, imagina com o armamento atual o que aconteceria a um levante desses. Fora que nem todos os cidadãos desses estados são a favor disso, haveria um racha nesses estados e consequente desmembramento em um ou dois estados como represália.

Pernambuco perdeu metade do território ainda no século XIX por represália da Coroa Portuguesa e isso pesa economicamente até hoje passados mais de 150 anos do ocorrido. Cito este caso pois foi o único desmembramento de Estado por represália da História do país, e justamente por ser parte disso que a gente sabe (mais do que o resto do país) o quanto pesa um conflito desse tipo ao contrário desses energúmenos citados que ficam delirando em "lutas imaginárias" sem avaliar o peso do que pregam.

Quem quiser seguir os erros ou infortúnios do passado, fiquem à vontade, mas depois não vale chorar e ficar se lamuriando (se houver "depois").

O pessoal de fora do Brasil que lê o blog vai achar estranho ver chamar de extremista de direita alguns separatistas de ocasião quando na maior parte dos países a extrema-direita adota o discurso nacional extremado de exaltação do país (França, Alemanha, Suécia etc), mas no Brasil existe esse ranço cultivado no eixo econômico do país, incutido pela mídia oligopolizada que incita essas ideias, principalmente através do futebol, que aflora mais no Estado de São Paulo onde existe uma apropriação distorcida daquela revolta de 1932. E há uma mania desse mesmo povo ficar achincalhando o próprio país. Só deixam de lado o achincalhe pra esses espetáculos caricatos de "amor a pátria" como aquela babaquice que rolou na Copa do Mundo com a torcida abastada nos estádios cantando hino nacional pra "mostrar" que "ama" o país quando é tudo balela, aquele pessoal é o que mais achincalha o Brasil (a maioria), malharam a Copa e ainda pagaram ingresso caro pra ver jogo e o lastimável 7x1. Deve ter sido castigo mesmo aquele jogo pois vendo por esse ângulo, esses caras mereceram, não o povo, mas essa casta que achincalha o país e fica protagonizando esses espetáculos teatrais "patrióticos ufanistas" vazios pois não têm a mínima noção do que é gostar do país, que não é algo forçado, caricatural, você simplesmente gosta e pronto.

A postura dessas pessoas é um misto de ignorância e prepotência de gente visivelmente descontrolada, radical, e que ignora a História do país.

Quando eu disse que uma das fontes pra proliferação do "revisionismo" era a ignorância sobre a História do Brasil, eu não errei, e disse isso antes mesmo desses surtos coletivos pipocarem em junho de 2013 (post de 14.03.2013):
História do Brasil e "revisionismo" (negacionismo) do Holocausto

Mantenho a afirmação anterior do post acima, a ignorância sobre o país leva a proliferação desse tipo de grupelhos.

Alguém acha normal que um indivíduo no Brasil fique exaltando a Alemanha hitlerista ignorando o racismo do nazismo (que não era só direcionado a judeus) ignorando o próprio país que nasceu? Quando falo de ignorar o racismo hitlerista é que boa parte desses que defendem isso nem sequer são descendentes de alemães, como já tentaram generalizar a coisa.

Por que friso a questão de ser descendente de alemão? Porque o nazismo original era voltado para alemães ou quem se enquadrava naquele biotipo "ariano" (nórdico) cultuado/idealizado pelos nazis. Ou seja, boa parte desses "revis" brasileiros não se encaixariam nas definições "raciais" do nazismo. E não só o nazismo era racista, os outros fascismos também manifestavam racismos, só que em menor escala, talvez por isso que o nazismo chame mais atenção, principalmente pela destruição que a Alemanha nazi provocou, mas houve legislação racista na Itália com aquelas mitomanias típicas de fascistas.

Antes da 'mídia crítica' ficar só apontando o fenômeno do extremismo, deveria também informar mais o povo sobre História do Brasil, pois o povo precisa ser educado já que o ensino do país apresenta falhas nessa questão que geram esse tipo de aberração.

Eu iria fazer esse post na mesma semana que estourou isso mas esse pessoal enche a paciência, é tanta cretinice e estupidez juntas que enchem o saco e assustam pela quantidade de gente repetindo essas idiotices. Mas fica pra outro post o rebate ao texto da "moeda nazi" do Constantã, e a origem desse outro extremismo de direita no Brasil que já vem sendo citado aqui:
Murray Rothbard, Lew Rockwell e o "Racismo científico" (Libertários/Liberais)
As divisões da Direita Norte-americana: Direita Anticomunista, Racista, Cristã e Neoconservadora

Importaram esse discurso "neocon" (abreviação de neoconservador liberal) dos EUA pro Brasil e adaptaram as peculiaridades locais e deformações políticas desses grupelhos. Em geral esses grupos não se dão com grupos nacionalistas nativos, teoricamente, a única coisa que os une ou faz um usar o outro como bucha de canhão é a propaganda de "comunismo" da Guerra Fria, que adaptam pro governo federal.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Murray Rothbard, Lew Rockwell e o "Racismo científico" (Complemento)

Comentário do post:
Murray Rothbard, Lew Rockwell e o "Racismo científico" (Libertários/Liberais)

Como o comentário do outro post ficou longo, então segue num post à parte (texto abaixo).
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Observação: a quem não está familiarizado com termos como "libertários" (que são na prática liberais radicais, ou a extrema-direita liberal-conservadora, apesar deles negarem tudo que é dito deles como já vi no Orkut, portavam-se como "acima do bem e do mal" e com um pedantismo e petulância insuportáveis), é bom se acostumar.

Muito se tem dito de "revisionistas"/negacionistas em relação ao fenômeno do extremismo de direita no Brasil, que no caso se refere mais a fascistas (grupos tradicionais ultranacionalistas etc), mas esta outra facção com mais poder (poder de fato, pois eles têm espaço aberto em revistas, TV pra propagar essas ideias evitando citar os autores) acaba passando ao largo da discussão quando nos EUA as coisas são mais claras em relação à ligação política entre esses grupos radicais de direita (fascistas e liberais radicais, os ditos "libertários"), em que pese algumas divergências entre eles e os falseamentos como quando esses liberais radicais (e desonestos) tentam empurrar o nazismo (fascismo alemão) como sendo um "movimento de esquerda", algo panfletário e distorção ideológica visando demonização de quem se opõe a eles ou "santificarem-se" como "posição política acima do bem e do mal". A demonização deles atinge à esquerda ou mesmo democratas (centristas) que combatem esses extremistas já que eles generalizam a todos.

A quem ainda não notou a ligação entre os fenômenos do extremismo, o que ocorre no Brasil (e isto será mais detalhado num post parte 2 sobre a extrema-direita brasileira) é que esses grupos, mais ideologicamente organizados ultraliberais (se organizam como Think Tanks) formulam/traduzem a agenda/repertório ideológico desse liberalismo radical e discurso radical antiesquerda no Brasil (que ocasionaram marchas pedindo volta da ditadura como esta do link), repertório/agenda que depois é metralhada/passada adiante pelos meios de comunicação (revistas como a Veja, jornalões conhecidos, TVs como a Globo e a Bandeirantes) pro grande público e defendidos com fervor por reacionários que não se assumem como tal pela internet, com defesas de Estado mínimo, com teorias da conspiração de todo tipo e chamando quem se opõe a eles de "bolivarianos" e outras mitomanias que 'venham a calhar'. Muitos que pregam isso só são papagaios sem compreensão do fenômeno, mas a petulância entre eles é característica.

Por que me oponho a esses grupos? E porque todas as pessoas que se identificam como democratas (centristas, nacionalistas democratas e afins) deveriam se posicionar contra eles?

Pelo simples fato de que eles projetam pro Brasil um projeto neocolonialista (econômico, cultural e ideológico) através de um liberalismo radical (neoliberalismo) que colocou o país de joelhos no desgoverno FHC (1994-2002), sucateando o Brasil e toda a América Latina e outras partes do mundo, incompatível com o Bem-estar dos países pois só produz desestruturação e desigualdade social aguda podendo provocar crises políticas profundas e a própria ruptura da democracia. Em 2002 a crise no Brasil foi tão profunda que aniquilou o poder desses grupos com a mídia e possibilitou finalmente a vitória da coligação PT/PL (Lula e José Alencar) resgatando o país da destruição que esses liberais causaram ao Brasil.

Foi graças a este tipo de ideologia liberal radical e a degradação social que o liberalismo radical provoca através do aumento da desigualdade e arrocho econômico, que o nazismo triunfou na Alemanha em 1933 como "solução nacionalista" à degradação social econômica provocada pelos liberais. Ao contrário do que muita gente pensa, o maior cabo eleitoral do nazismo na Alemanha foram as políticas liberais dos capitalistas e a crise social que isto gerou abrindo espaço pra partidos aventureiros como o de Hitler.

Até hoje o país ainda enfrenta problemas provocados nos 8 anos de FHC porque há uma direita udenista liberal forte que apoia a manutenção da desigualdade extrema no país, social, regional e é contra quase todo projeto de cunho social e nacional dos governos ou mesmo que a população proponha/defenda isso. De forma democrática. Esses grupos liberais, que são representados pela mídia oligopolizada, atacam qualquer projeto nacional democrático, popular e de soberania do Brasil.

Esses grupos liberais procuram demonizar a política e partidos com um discurso moralista e de "superioridade moral", "salvacionista", principalmente demonizando os grupos de esquerda (democráticos) ou de centro-esquerda que foram e são importantes pra consolidação da democracia no país.

Não se iludam com o discurso de "liberdade" desse pessoal, isso é falso, a única liberdade desse extremismo liberalóide é a defesa das corporações estrangeiras (e algumas nacionais como a mídia) e grande capital, posando de "salvadores". Esses "libertários" do Brasil são os antigos udenistas, Lacerdistas, que jogaram o país em 1964 numa ditadura de 21 anos, a mesma ditadura que entregou o país com inflação recorde, dívida externa recorde por endividamento, desemprego etc e toda a estrutura social do país comprometida como a saúde e educação públicas destruídas que conta com forte oposição de grupos privados pra haver uma universalização pública desses serviços com qualidade.

Esses grupos que matracam seu arsenal através da mídia partidarizada do país (a do oligopólio) apostam na despolitização do país e na demonização dos partidos como se viu na recente eleição do país com uma radicalização imbecilizada protagonizada pela direita do país e pelos despolitizados raivosos guiados pela mídia oligopolizada (que não são poucos), aproveitando-se do fator irracional desencadeado pela morte de Eduardo Campos durante a eleição e a ascensão da figura obscura e rancorosa chamada Marina Silva, a candidata das ONGs estrangeiras no Brasil, do Itaú e de George Soros, testa de ferro do governo dos EUA. Você verá alguns desses liberais radicais atacarem esses mesmos grupos ligados à Marina Silva, por repetirem o discurso radical Republicano sobre ONGs e verdes propagado nos EUA, mas são tudo farinha do mesmo saco, um de cariz norte-americano e outro europeu (Greenpeace, WWF), ou no caso os verdes também são próximos dos Democratas dos EUA como o Al Gore e o lobbysmo da internacionalização dos recursos do Brasil, outro nome pra "saque" (roubo).

Não me alongarei mais aqui pois tem muita coisa a ser dita desses bandos e as ideias estéreis que pregam no país, e este comentário extra pode vir a ser colocado num post pra não desviar a atenção do texto traduzido, mas o assunto mencionado fica pra outro post, mas quem quiser ler todos os textos sobre a extrema-direita liberal basta clicar (provisoriamente, vou arrumar um nome definitivo pra essa série) na tag liberalismo que aparecerão todos os textos sobre eles.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tão liberal e tão amigo de Salazar (Complemento)

Vou colocar em um post à parte, como comentei, o comentário/observação de alguns posts se ficarem muito longos, pois acabam dispersando a atenção do post original.

Este post reproduz o comentário feito ao texto do post:
Tão liberal e tão amigo de Salazar. O lado obscuro e "oculto" da relação entre Fascismo e Liberalismo

Que trata da ligação "curiosa" (ou nem tanto assim) de liberais e fascistas (ou nacionalistas de direita), que costuma ser omitido com frequência na mídia. No caso, o post original tratava do contato de Salazar (ditador de Portugal) com o liberal, idolatrado por essa extrema-direita liberal do Brasil e nos EUA, Hayek.

Fiz uns comentários sobre darwinismo social, da mutação do liberalismo pro fascismo (na Itália) e coisas afins que comentei que serão colocadas em outros posts quando e se for possível traduzir.

Existe um texto de um professor israelense que trata desse assunto e não tem tradução por português, como também existem livros sobre o liberalismo e fascismo na Itália (do programa liberal dos fascistas) como das privatizações no nazismo, já que existe uma mitificação de que esses regimes de extrema-direita 'totalitários' eram a favor da estatização quando não é propriamente verdade, vide o caso alemão no nazismo onde a maior parte das empresas/indústrias eram todas privadas.

Frequentemente há essa associação feita por má fé ou ignorância de que a economia nesses países de maior destaque onde o fascismo reinou era "estatal" e não era bem assim. Muito disso por conta do termo "liberal" que remete à palavra "liberdade", só que liberal quando é usado no sentido político é mais restrito à economia, apesar de existir o "liberalismo político" mais destacado no século XX, como haviam regimes liberais autoritários com restrições a liberdades e economia capitalista liberal.

Essa mitificação de que o nazifascismo era "estatal" cria justamente um prejuízo ao entendimento de como esses regimes se formaram ou ascenderam.

Segue abaixo a reprodução do comentário.
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Atualização e revisão: 04.09.2014

Sobre o texto: alguns ou muitos poderão chiar com o texto (já que por conta da quase ausência de feedback/retorno nos comentários eu não sei o perfil exato/médio da maioria que lê o blog, exceto quando trazem briga com "revis" em outros sites/fóruns tentando envolver o pessoal do blog nisto, algo que já disse que dispenso, além de não gostar do que leio nessas brigas), porque a parcela majoritária da direita brasileira (que é neoliberal) se identifica com nomes citados como o Hayek acima, Mises e outros. Mas não se deve ocultar fatos só porque esse pessoal que não gosta, e é truculento discutindo, simplesmente quer que se oculte ou omita, isso quando eles sabem.

Encontra-se fácil textos em português dessas figuras citadas acima espalhados na web em sites brasileiros de grupos ligados a figuras que foram parte do governo do PSDB na década de 90 (governo FHC), como Armínio Fraga, governo este que quebrou o estado brasileiro e o sucateou com esse ideário econômico e político (neoliberalismo) que até hoje tem sequelas no país, apesar do pessoal "cabeça de vento" de agora achar que o país está no caos por não ter interesse em saber como era o país décadas atrás.

Esses mesmos sites nunca comentam as ligações dos liberais ou liberalismo com o racismo nazista e grupos radicais de direita dos EUA e Europa. Fazem de conta que não possuem nada em comum com os fascistas e nazistas, mas defendem o "pai do nazismo" (entre tantos pais este é o principal) através do liberalismo que é o darwinismo social. Darwinismo social é uma ideologia/teoria que apareceu no século XIX e que persiste até hoje.

A quem não está familiarizado com o termo, e já que o verbete em português da Wikipedia está incompleto e cheio de falhas, segue abaixo uma tradução rápida minha do começo do verbete em inglês:
O darwinismo social é um nome moderno dado a várias teorias da sociedade que surgiram nos Estados Unidos e na Europa na década de 1870, e que procurou aplicar os conceitos biológicos da seleção natural e sobrevivência do mais apto para a sociologia e política. Darwinistas sociais defendem geralmente que o mais forte deve ter sua riqueza e poder aumentados enquanto o mais fraco deve ter menos riqueza e menos poder. Diferentes darwinistas sociais têm opiniões diferentes sobre quais grupos de pessoas são os fortes e os fracos, e eles também têm diferentes opiniões sobre o mecanismo exato que deve ser usado para promover a força e punir a fraqueza. Muitas dessas visões salientam a competição entre os indivíduos no laissez-faire capitalista, enquanto outros motivam ideias de eugenia, racismo, imperialismo, fascismo, nazismo e luta entre grupos nacionais ou raciais.
Social Darwinism

Eu coloquei os links nos nomes de termos políticos brasileiros no texto (partidos políticos), pra quem for de fora entender o significado deles, já que isso só costuma ter significado pra brasileiros, ou pra quem estuda o Brasil fora ou quem tem interesse pelo país.

E um adendo político pois não tenho paciência pra discutir com tucanos. Quem desconhece, eu sinceramente não morro de amores por tucanos (quem é de fora do Brasil, tucano é o bicho adotado como mascote pelo PSDB e é como são formalmente chamados e conhecidos os membros e apoiadores deste partido), pra não dizer de imediato que detesto tucanos e o PSDB. Não é algo retórico, eu detesto mesmo, até mais que os "revisionistas".

Sempre procurei evitar trazer discussões políticas deste tipo pra cá, mas como vieram trazer estes assuntos sem perguntar ao pessoal aqui o que acha disso, é melhor deixar a coisa aberta. Portanto, a quem quiser vir aqui doutrinar com baboseira tucana e não discutir assuntos sobre segunda guerra, favor evitar ou pensar duas vezes, eu posso não gostar, e sim, eu irei rebater. Sou tolerante, só que, quando eu fico intolerante (quando as pessoas passam dos limites), não costumo ser amistoso. E pra coisa chegar a este ponto é porque as pessoas extrapolaram pra valer, por não respeitarem a opinião dos outros. E não me refiro a "revisionistas".

Numa democracia, é normal a convivência entre correntes políticas diferentes, no Brasil isso também era comum, até a mídia começar um radicalismo paranoide. O nível de radicalismo e agressividade reproduzidos pela grande mídia brasileira desde 2002 (eu citei o assunto no texto da Copa do Mundo), satanizando partidos e quem pensa diferente deles, levou-nos a uma situação de polarização e radicalização pesada, por isso que fiz estas considerações sobre o cenário brasileiro, que numa situação normal não seria necessária.

Acho curioso que muita gente que critica os "revis" não tenha se dado conta do que é que tem impulsionado esses grupos no Brasil: são justamente essas publicações radicais de direita, liberais ou não, e a postura da mídia que têm incentivado esta escalada do ódio no país, como uma certa revista bem conhecida de uma editora de São Paulo. Por isso chega a ser curioso quando a mídia faz alarde de "grupos neonazistas" no país (na verdade a maioria disso são imitações ridículas de gangues neonazi europeias) e nunca tocam em certos grupos radicais que ficam em alguns estados do país ou mesmo fazem uma crítica a estes grupos ultraliberais radicais que ressuscitam discurso de ódio anticomunista da Guerra Fria, que é um dos pilares dessas gangues. "Chavismo, bolivarianismo", são os novos nomes pra termos velhos, pra requentar o ódio paranoide do passado pra justificar radicalismo contra inimigos fantasmas no país e distorcer a realidade pra fins políticos com a massa de manobra que assiste bovinamente a TV aberta e sites de notícia.

E com todo respeito ao Lula, eu não sou adepto dessa postura "paz e amor" que ele vem adotando há tempo diante dessa escalada de ódio político, eu prefiro mais esta postura aqui do Requião (link do vídeo), político paranaense ou a deste gaúcho aqui. Educação é uma coisa, aturar desacato e besteira de imbecis e gente cínica se achando "esperta" é outra coisa completamente diferente, e eu não aturo.

O "jeitinho português" conciliador (que o Brasil em grande parte herdou) comigo não funciona. Pelo contrário, se você vier com este tipo de conduta pra mim a única coisa que você conseguirá é que eu te deteste/odeie profundamente. Talvez seja por isso que eu entre tão facilmente em atrito com as pessoas que são adeptas desse "jeitinho luso-brasileiro", e não são poucas. E não estou nem um pouco comovido a mudar de postura sobre este tipo de conduta.

Não se deve ser tolerante com intolerantes sob risco dos intolerantes destruírem tudo (a democracia, a soberania econômica do país, por exemplo) e levar todo mundo pro buraco.

Na América Latina* a direita, principalmente e historicamente, é aversa à democracia, por sua origem ibérica e católica (estas elites e parte da classe média são chegadas a um governo autoritário), além de sua falta de patriotismo (de grande parte dela) e estupidez histórica também, não conseguem ver o Brasil como nação. Apesar de que na Argentina existia/existe uma direita nacionalista (peronista). A maioria das democracias que surgiram na região (este é o período mais longo democrático no país) foram fruto da maturidade das sociedades civis desses países combatendo ditaduras, e isto está sendo minado e corroído pela mídia, historicamente oligárquica e alinhada com os Estados Unidos, na América Latina. Os EUA sempre tiveram um papel preponderante de desestabilização política e econômica da região, e não mudaram de postura, principalmente em governos Democratas.

*Isto é um assunto pra outro post, mas América Latina é outra expressão problemática como o "Nordeste" (região), é uma generalização e ideia que só existe como retórica, não na realidade (não existe América "Latina" unida alguma como propagam, tampouco culturalmente homogênea).

Voltando à discussão, eu evitava entrar nestes assuntos aqui porque o blog era pra ser só sobre segunda guerra, embora o assunto em questão acima (liberalismo e darwinismo social) tem a ver e muito com a própria segunda guerra já que foi o liberalismo radical que levou o mundo ao caos na grande depressão e crise na Alemanha (e mesmo antes disso o mundo vivia em miséria e concentração de renda de ricos na parte mais industrializada que era a Europa e depois os EUA) e influenciou ideologicamente todos os grupos racistas do século XIX, XX e atualidade, ao contrário do que liberais atualmente pregam, omitindo ou negando que liberalismo antigamente convivia muito bem com e em estados autoritários.Além de estar levando o mundo de novo a uma crise histórica que pode culminar em guerras.

Eu evitava trazer o assunto porque não queria e não quero me desgastar com gente que geralmente é intelectualmente desonesta ou ignorante nesses assuntos, mas que são petulantes o suficiente pra vir te desacatar xingando, pior que "revis". É o tipo de discussão que você não ganha nada além de aborrecimento já que não está discutindo com quem quer aprender algo e sim com gente que quer doutrinar repetindo bobagens, subestimando o conhecimento de cada um. Mas já que quiseram cutucar a onça com vara curta, agora vão ter que aguentar.

Eu não costumo pegar "muito leve" quando sou provocado, até porque, considero bastante ofensivo esse tipo de panfletagem cínica, como se ninguém soubesse aqui que 99% do que é propagado nestes sites e na grande mídia do país sobre "liberalismo", ou é distorção ou conteúdo raso, fruto do sectarismo e fanatismo político que se alojou na direita brasileira (se é que alguma vez esta direita quis de fato democracia e soberania, já que não são muito afeitos à democracia, ou toca nas sequelas do neoliberalismo no Brasil e no mundo). A maioria dos que se proclamam "liberais" do Brasil na verdade não são liberais e democratas, no sentido moderno do termo, são em sua maioria proto-fascistas e gente autoritária com uma psicose e ignorância fora do comum, apesar de se declararem "democratas". Já passou da hora de mistificar fatos como esse (da conduta autoritária da direita) e dizer abertamente o que se passa no país.

Este texto pode abrir uma série de posts pra mostrar como o liberalismo e o fascismo (nazismo) estão mais ligados historicamente do que o que os liberais negam e que muita gente acha que não tem ligação por conta do discurso "anticapitalista" do fascismo e do nazismo e ocultamento por parte dos liberais e imprensa.

É comum as pessoas citarem a comparação Stalinismo x Alemanha nazi e omitir a questão do liberalismo com o nazifascismo. O liberalismo antigo e radical é muito mais ligado ao nazifascismo que aquela comparação clássica que fazem entre União Soviética e Alemanha nazi, mas muita gente nega estes detalhes, ou por desconhecimento ou por panfletagem política, como já ocorreu aqui em que uma pessoa veio fazer pregação liberal num post sobre a crise na Ucrânia e ao invés de comentar o texto começou a fazer pregação de "liberalismo" com um monte de citações confusas e sem lastro. Fui rebater e apontar os erros e tomei como resposta o termo "burro", por falta de educação do interlocutor e também porque não tinham mais o que dizer. Não me senti ofendido, mas acho um desaforo ler uma porcaria dessas.

Como disse lá no começo, o darwinismo social (cliquem no link pra ler a definição, mas aviso novamente que o verbete em português é falho e incompleto) é o pai ideológico de fato da "biologia" nazista, que é o pilar central da doutrina nazi junto do ultranacionalismo, um racismo eugênico levado às últimas consequências. É esta obsessão no racismo que distingue facilmente o fascismo alemão (nazismo) dos demais fascismos, embora os outros fascismos também fossem chegados numa "teoria racial".

Pra adiantar, o darwinismo social surge e cresce com o liberalismo inglês com destaque pro teórico Herbert Spencer, sendo que o liberalismo inglês era atrelado ao nacionalismo com o partido Whigs. Pra mostrar que estes sites ultraliberais distorcem tudo no país, vejam a propaganda que lançam negando que o Spencer era o pai do Darwinismo Social e quase "canonizando" a figura.

Não vejo muitas diferenças entre darwinismo social/racismo do liberalismo pro que foi aplicado no fascismo principalmente, a diferença consiste em que aplicam a coisa noutro formato e matam ou destroem de forma mais lenta (de fome, miséria), destruindo o Estado e suas instituições sucateando por crise econômica, de forma "legal" sob a vista grossa dos agentes que defendem e propagam este tipo de doutrina que abunda na imprensa brasileira, embora a mesma costuma evitar de se rotular de (neo) liberal, mesmo sendo.

O fascismo e o nazismo são frutos diretos do colapso econômico na Europa e demais países do mundo com o liberalismo radical propagado e pregado por esses grupos ultraliberais. Se você que está lendo este texto (longo) quer atacar "revisionistas" defendendo este ideário, é como apagar incêndio com gasolina. Uma coisa está atrelada a outra, não adianta criar um mundo "paralelo" pra se esconer e isolar isto porque simpatiza com este tipo de liberalismo radical.

O fascismo italiano veio de liberais, ou foi apoiado por eles, sem problema de "consciência" algum, por isso acho engraçado quando alguém que se diz de direita "liberal" no Brasil falar que nazismo é de esquerda sem nem saber os conceitos e históricos dessas doutrinas, e ficarem irritados quando a gente mostra historiadores de direita da Europa dizerem que nazismo e fascismo são de direita, de que há direita na Europa que defende intervenção estatal ou Estado forte, porque pra esses historiadores europeus não é um problema assumir isso por serem intelectualmente honestos e democratas de fato, uma vez que há direita democrática na Europa ou direitistas/liberais democráticos por lá e liberais sérios nos EUA.

Fico admirado que ninguém no Brasil (pois nunca li texto fazendo essa conexão no país, se houver e alguém souber, eu agradeço a quem achar e passar) tenha tido a curiosidade de observar estas questões e ligações ideológica, principalmente o pessoal de esquerda que quase todas as vezes ficam à deriva sem saber responder/rebater afirmações como "nazismo de esquerda". E não adianta vir algum dizer que sabem porque já vi vários ficarem girando em círculos sem saber rebater a afirmação.

Eu não quero ser chato, e isso é uma generalização (pois há muita coisa boa em pesquisa de História sobre integralismo sendo feita no país), mas... quando o assunto é nazismo, francamente, o que eu leio no país é de dar desgosto, principalmente quando saem em revistas e com sensacionalismo barato, basta o povo ver uma suástica na capa de algo assim que já fica "delirando" em cima do assunto porque só formam opinião sobre isto através de filmes, muitos deles de ficção como "Bastardos Inglórios".

Pelo fato da gente ler muita coisa de fora, fatalmente compara o nível do que lê com o que a gente lê sobre o assunto no país, e a diferença de nível é considerável. É triste dizer isso. Vendo mais a fundo esses assuntos, a gente nota o quanto rola de clichê em textos sobre nazismo no Brasil. Há uma recorrência quase frequente e insuportável à Hannah Arendt, como se ela fosse a maior referência em nazismo quando nunca foi, e o termo totalitarismo que ela usa é problemático (é mais rótulo).

No Brasil, graças a pocilga que virou o Orkut (que está pra acabar em 30 de setembro, ainda bem), que foi o berço/laboratório de tudo quanto é porcaria de extremismo de direita no país (que agora se propaga no Facebook, só que em menor escala ou mais dispersa), propagou-se todo tipo de porcaria intelectual possível na rede e essas ideias difusas e distorções já se espalharam pelas ruas com um público com senso crítico pra lá de questionável.

A gente ficava assustado com a quantidade de brasileiros bitolados, fanáticos, que não gostam de ler nada ou não têm critério ao ler (procuram só reforçar suas crenças e preconceitos e não aprender de fato, lendo besteira), repetindo essas asneiras radicais de jornais, revistas e sites neoliberais radicais (ou conservadores) como verdades absolutas. E o pior, quando eram/são rebatidos, ao invés de agradecer a correção, os caras ficam irados por conta do grau de fanatismo, alienação e recalque, e falta de compromisso com a verdade.

A negação de que o nazismo seja de direita é uma panfletagem  comumente usada pela direita radical liberal dos Estados Unidos.E a mesma direita liberal radical dos EUA anda próxima a grupos racistas como a Klan e ideias de darwinismo social. Todo fanático mente pra parecer "bonzinho".

A questão do darwinismo social, liberalismo e fascismo serão tratados posteriormente (espero postar, mas não prometo, pois como disse acima, o feedback/retorno deste blog é muito baixo e não gosto da postura de alguns comentários que leio). O assunto em questão a ser tratado são: a outra extrema-direita norte-americana, a origem do darwinismo social com o liberalismo, a incorporação disso ao nazifascismo, a Nova Direita, a direita radical neoliberal e suas ligações com grupos de extrema-direita racistas, negacionistas e darwinismo social.

Fica prum próximo post mais detalhes, mas tem muito material separado com coisa que nem em sonho sairá no país na chamada imprensa ou mídia brasileira. Vai que leem aqui e resolvem passar a investigar o assunto, embora duvido que deem créditos que leram aqui. Também espero que alguém que se interesse por esses assuntos e tenha lido isso aqui primeiro, tenha a hombridade/dignidade de citar o blog em algum texto mais aprofundado ou mais detalhado que venham a fazer, pois é o mínimo que se espera. Nós sempre citamos a origem/fonte dos textos publicados no blog porque eles têm autores que merecem todo o crédito de serem citados.

Pra finalizar este complemento (infelizmente longo, não sei se muita gente lerá) ao texto do jornal português que aborda esta questão do liberalismo não ver problemas em se aproximar de regimes ditatoriais, apesar de negar que o faça, a diferença de tratamento em cada país com blogs chama atenção. Nos EUA já citaram o blog do pessoal do Holocaust Controversies (do Roberto Muehlenkamp, J. Harrison e demais) em sites de universidades, em sites com o The Holocaust History Project, e citaram porque os caras realmente publicam coisas excepcionais, e também porque o povo não têm preconceito com blogs. No Brasil até no verbete da Wikipedia já apagaram coisas que coloquei link do blog em virtude da tradução estar aqui. Quem perde com isto? Quem lê um verbete ruim em português, obviamente. A cabeça estreita/fechada do povo no Brasil com isso realmente me espanta (estou generalizando, não é todo mundo obviamente que pensa desta forma, mas muita gente pensa assim a ponto de chamar atenção).

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