domingo, 4 de maio de 2008

Estudantes brasileiros participam de marcha que lembra Holocausto

Milhares de pessoas devem refazer, nesta quinta-feira, o mesmo percurso feito por vítimas da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) entre o campo de concentração de Auschwitz e o campo de extermínio de Birkenau. Esta é a idéia da Marcha da Vida [idealizada por um sobrevivente para lembrar as vítimas do Holocausto] que, em 2008, completa 20 anos.

Neste ano --em que também serão comemorados os 60 anos da criação de Estado de Israel--, o evento dará origem a um livro-fotográfico e a um documentário. Cerca de 400 brasileiros participarão da marcha e, destes, 200 são jovens interessados em conhecer a história do Holocausto.

Uma delas é a estudante brasileira Joelle Hallak, 17, que embarcou para a Polônia ao lado de colegas da escola judaica em que estuda em São Paulo. "Estou ansiosa. Conheço bastante da história porque a escola nos ensina, mas ver as coisas de perto deve ser bem diferente", afirmou Hallak à Folha Online na última sexta-feira (25), dias antes de embarcar para a Polônia.

A marcha ocorre anualmente em Iom Hashoá (Dia do Holocausto), neste ano comemorado no dia 1º de maio. O evento faz parte de um programa educacional que tem como objetivo fazer com jovens judeus conheçam mais da história de seu povo, visitando os locais onde a vida comunitária judaica acontecia antes da Segunda Guerra, assim como campos de concentração e extermínio na Polônia ocupada.

Com bandeiras de Israel, participantes da marcha passam pelo portão de Auschwitz

A primeira etapa da viagem de aproximadamente 15 dias --que neste ano será realizada entre os dias 28 de abril e 11 de maio-- acontece na Polônia, onde os participantes visitam campos de concentração e extermínio usados durante o regime nazista.

A segunda etapa acontece em Israel, onde os participantes comemoram o Iom Hazicaron (Dia da Lembrança, em que são lembrados os soldados que morreram nas guerras em defesa de Israel) e o Iom Haatzmaut (Dia da Independência).

"Sei que vamos visitar crematórios, câmaras de gás e ver objetos que pertenceram aos judeus mortos na Segunda Guerra", diz Hallak, que afirmou ter conversado com pessoas que já participaram da marcha na tentativa de amenizar a ansiedade.

Choque

A estudante de direito Caroline Lerner Castro, 18, é uma das brasileiras que já participou da marcha. Ela fez a viagem no ano passado. "Pensei que era importante, mas não sabia que veria o que vi", disse. "Quando falamos sobre o Holocausto, as pessoas sabem o que e como aconteceu, mas ver é totalmente diferente".

Segundo ela, visitar os campos de concentração e de extermínio foi surpreendente e chocante. "Havia um campo de extermínio chamado Majdanek, que não foi destruído pelos alemães no final da guerra. Foi chocante. Entramos na câmara de gás, fomos ao crematório, vimos os fornos. Foi horrível", disse.

"Em Auschwitz tinha as malas das pessoas, uma pilha com cabelos, óculos. Em Majdanek tinha uma sala só com os sapatos usados pelas vítimas", afirmou a estudante judia.

Castro disse ainda que chorou em vários momentos da viagem --em especial quando viu as cinzas das vítimas. Para ela a marcha foi uma experiência "emocionante". Segundo a estudante, as pessoas fazem o percurso de 3 km entre Auschwitz e Birkenau à pé, cantando, carregando bandeiras e divididas em delegações dos países que estão participando.

Segundo a estudante, a viagem serviu para que suas raízes ficassem mais fortes. Ela sempre estudou em escola judaica e, neste ano, resolveu fazer o Pessach (Páscoa judaica), em que há alimentos obrigatórios e outros que não podem ser consumidos. "Você vê o que as pessoas passaram e agradece por ter sobrevivido".

Livro e documentário

As histórias de sobreviventes do Holocausto e da Marcha da Vida serão, neste ano, registradas em um documentário e em um livro-fotográfico idealizados pelo publicitário brasileiro Márcio Pitliuk.

"No ano passado, pensei em ir [à Marcha da Vida]. Mas, quando decidi, estava muito em cima da hora. Aí pensei: em vez de ir simplesmente, já que trabalho com comunicação, vou registrar a marcha", disse Pitliuk, que é judeu, à Folha Online.

Ele entrou, então, em contato com a organização mundial da Marcha da Vida --da qual participam cerca de 40 países--, pedindo autorização para registrar o evento, e descobriu que nesses 20 anos, ninguém nunca fez algo semelhante.

Com a obtenção da autorização, ele começou a organizar o projeto, que tem custo estimado de R$ 3 milhões. Segundo Pitliuk, o livro-fotográfico terá 200 páginas e será escrito em cinco línguas (inglês, português, francês, espanhol e hebraico). As fotos serão feitas pelo fotógrafo Márcio Scavone e o texto será do próprio Pitliuk.

Já o documentário terá aproximadamente uma hora e meia de duração e será dirigido pela americana Jéssica Sanders, indicada ao Oscar documentário em 2006.

História

Conhecido como um dos piores extermínios da história, o Holocausto --termo utilizado para descrever a tentativa nazista de exterminar os judeus durante na Europa nazista-- teve seu fim anunciado no dia 27 de janeiro de 1945.

Convencionalmente, ele é dividido em dois períodos: antes e depois de 1941. No primeiro período, várias medidas anti-semitas foram tomadas na Alemanha e, depois, na Áustria. No segundo período, as medidas se espalharam por toda a Europa ocupada pelo regime nazista.

Durante o Holocausto, aproximadamente 6 milhões de judeus morreram. Só nos campos de Auschwitz e Birkenau, localizados em Oswiecim (sul da Polônia), morreram entre 1,1 e 1,5 milhão de pessoas, em sua maioria judeus. As vítimas morriam de fome, doenças ou eram exterminadas em câmaras de gás.

MARIANA CAMPOS
da Folha Online

Fonte: Folha Online(Brasil, 01.05.2008)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u397545.shtml

'Marcha para Vida' traz histórias de sobreviventes do Holocausto

Documentário brasileiro retrata trajeto pelos campos de concentração de Varsóvia até Auschwitz-Birkenau

Flávia Guerra/AE

Campo de concentração de Majdanek, em Lublin, na Polônia

POLÔNIA - Os bisavós de Anna Ren morreram no campo de concentração de Auschwitz, no sul da Polônia. A avó foi prisioneira lá. O avô também. "Ela trabalhava na cozinha. Ele era bombeiro. Tinham bons trabalhos. Por isso sobreviveram. Mas se conheceram em campos de trabalho forçado da Alemanha", conta Anna, que hoje é guia do museu em que se transformou o mais sangrento campo de extermínio nazista da história. Anna, em vez de fazer como a grande maioria dos jovens poloneses, e passar o mais longe possível de uma das grandes feridas que a Segunda Guerra deixou em seu país, preferiu rememorar, e reconstruir, sua trajetória todos os dias. Sem mágoas ou rancores que acometem, compreensivelmente, tantos judeus sobreviventes do Holocausto. Sem a culpa que acomete tantos poloneses não judeus. Anna é a cara jovem de um drama que, terminada a guerra, ainda permaneceu soterrado sob a névoa da repressão ideológica do comunismo, regime que dominou a Polônia após os nazistas deixarem o território.

Por esses belos acasos, ou não, do destino, foi Anna quem guiou, em fevereiro, a equipe do documentário Marcha para Vida em sua visita de reconhecimento pelo complexo Auschwitz-Birkenau, centro de extermínio onde mais de 1,5 milhão de prisioneiros (a grande maioria judeus, além de outras minorias, como ciganos, homossexuais, presos políticos e até Testemunhas de Jeová) foram assassinados de 1940 a janeiro de 1945, quando o exército soviético libertou o complexo. "Minha avó falava o que viu. Foi ela quem quis voltar para Oswiecim (nome polonês da cidade, chamada de Auschwitz pelos alemães). Ela queria ficar perto do lugar onde seus pais tinham morrido. Meu avô virou guarda aqui quando o campo virou museu, em 1947. Gostaria de saber mais. Mas ele era muito calado."

Traumatizada, uma geração se calou. Com décadas de silêncio, muitos relatos se perderam. Hoje, com a abertura política da Polônia (que após a queda do comunismo, em 1989, tem se disposto a debater temas como o Holocausto), o resgate da história das milhões de vidas que se perderam para o nazismo, assim como o de milhares que sobreviveram, é tarefa desta nova geração. E o resgate começou há quase 20 anos, em 1988, quando sobreviventes do Holocausto resolveram pegar pela mão seus jovens descendentes e percorrer com eles a trilha da morte que vai de Varsóvia (capital, no norte da Polônia) até Auschwitz-Birkenau (na Cracóvia), passando por campos da morte como Treblinka, Majdanek, até chegar a Israel. Nascia a Marcha para Vida, que, desde então, ganha mais peregrinos a cada ano. Para este, estima-se que cerca de 15 mil pessoas farão o percurso e se encontrarão em uma cerimônia em Auschwitz em 1º de maio.

E são os 20 anos desta peregrinação que Marcha para Vida (o documentário) vai contar. Engana-se quem pensa que será um filme restrito a uma comunidade. "Mais que uma bela história, Marcha faz uma leitura jovem da guerra. E revela o que pensa a juventude que herdou esta experiência, como assimila o que ocorreu e como celebra a vida, sem esquecer o passado terrível por que passaram seus avós. E este é um tema que interessa a todos pelo caráter histórico e humano", declara o produtor LG Tubaldini Jr.

A realidade a que se refere o produtor pode também parecer distante do brasileiro. Mas vale lembrar que a comunidade judaica no Brasil é de cerca de 120 mil pessoas e que todo ano cerca de 400 jovens brasileiros participam da Marcha. Este número vai aumentar em 2008, quando também são comemorados os 60 anos do Estado de Israel.

Marcha marca também um caso raro do cinema nacional. A produção de um documentário brasileiro e internacional ao mesmo tempo. O documentário foi idealizado pelo publicitário Márcio Pitliuk e tem produção da Latinamerica Internacional e da Conspiração Filmes. A direção, no entanto, fica a cargo de uma jovem americana, Jessica Sanders (que concorreu ao Oscar de melhor curta em 2002 por Sing e foi premiada em Sundance 2005 com o documentário After Innocence). Mas o filme não é só internacional por contar com diretora americana, equipe brasileira e ser rodado em vários países. A meta é também atingir o público pelo mundo. Esta é uma tendência forte que vem sendo firmada pela nova geração de produtores brasileiros.

Marcha tem orçamento de cerca de R$ 3 milhões, deve ficar pronto no fim do ano e participar de festivais de cinema no Brasil e no exterior. Previsões audaciosas, mas à altura de uma produção que será rodada em formato HD digital (e ser transferida para película 35 mm) e passar por quatro países: Brasil, EUA, Polônia e Israel. "A primeira fase começa agora em abril. Jessica chega e já começam as entrevistas com os participantes brasileiros da Marcha", conta Tubaldini. "Em seguida, volta para os EUA, onde realiza entrevistas com os americanos. Voltamos para a Polônia no fim de abril e percorremos a Marcha até chegar, em maio, a Auschwitz, onde haverá uma cerimônia com participantes e líderes políticos de todo o mundo", explica o produtor paulista. "A fase final será em Israel, onde a Marcha chega a seu objetivo que é não remoer com mágoa e rancor os horrores por que passaram os judeus, mas celebrar a vida. É transmitir para as novas gerações a história que foi terrível, mas sem esquecer que este é um caminho que celebra a reconstrução", completa Jessica.

"Sempre quis saber mais sobre a Marcha. Não havia informação. Resolvi contar esta vivência. E a parceria com o Tubaldini foi crucial", diz o publicitário, que conheceu o parceiro de projeto em 2006, quando o produtor montou sua peça Iidiche Mamma Mia. "Escrevi a comédia para falar das diferenças, e semelhanças, entre a comunidade judaica (já que eu sou judeu) e italiana (minha mulher é filha de italianos). E propus ao Tubaldini documentar a Marcha", conta Pitliuk, que, com o fotógrafo Márcio Scavone, vai editar também um livro fotográfico sobre a Marcha.

Superada a primeira fase, a dupla partiu para a Polônia. "Precisávamos conhecer o terreno em que queríamos semear. Descobrimos lugares incríveis e que ainda há histórias maravilhosas que precisam ser contadas", acrescenta o produtor, revelando-se, em uma comparação grosso modo, mas não equivocada, uma espécie de Oskar Schindler brasuca. Aderiu ao projeto por profissionalismo e acabou se apaixonando pela cultura judaica. "Achei que seria um grande desafio, mas, principalmente nesta última viagem, percorrendo todos os campos e conversando com tantos especialistas e pessoas comuns que viveram este drama, virei um entusiasta", confessa ele, que, com Pitliuk, Jessica, a produtora-executiva Valéria Amorim e Scavone refizeram, em fevereiro, os caminhos da Marcha em uma viagem não só de ‘pesquisa de locação’, mas de descobertas e encantamentos.

A repórter viajou a convite do governo polonês
Flávia Guerra, de O Estado de S. Paulo

Assista imagens do Holocausto

Fonte: Estadão
http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art137880,0.htm

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Holocausto na Letônia - Rumbula (Os letões da Ação de Rumbula)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.


Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml


Os letões da Ação de Rumbula


A participação dos letões, apesar de sempre ser reconhecida e destacada pelos alemães em depoimentos, é difícil de ser reduzida.

Nós sabemos mais ou menos as identificações das unidades participantes, mas as informações sobre suas atribuições e o desempenho é muito fragmentada. Mesmo estabelecendo que a participação do Commando Aråjs dependa mais das suposições informadas do que em documentos e depoimentos. Não houve qualquer investigação a respeito de crimes de Guerra cometidos por letões nesta ação. Numericamente, a maior composição da ação em Rumbula era de letões, e entre eles a polícia da circunscrição em Riga. Mas é provável que não inclua mais do que 2/3 do total. Ou seja, se o número estimado de participantes foi de 1.500 homens, e à partir de um ponto de vista teórico não estaria fora do intervalo pensar que 1.000 eram letões.

Haviam quatro grupos armados de letões em Riga, a saber: o SD, a polícia da circunscrição, a polícia distrital de Riga, e o batalhão de Polícia Anna Iela que foi treinado em ações militares na Rússia.

O pilar central, e do ponto de vista de Jeckeln e de parte dos letões, o mais valioso, era o Commando Aråjs e outras unidades do SD. Juntando tudo, Jeckeln poderia ter de 350 até 400 letões no SD. Outros com certeza eram os guarda letões do gueto liderados pelo Tenente Danskops. Entre oitenta e cem. Na polícia distrital de Riga em Jånis Veide podemos anotar outros 300 homens. O maior contingente de letões vieram da polícia da circunscrição: as treze circunscrições, a polícia do porto, e os homens sob controle direto de Ítiglics. Existiam cerca de 1.400 homens em serviço na polícia de Riga, e outros 1/3, estavam cumprindo ordens nos portões do gueto nas manhãs de 30 de Novembro e 8 de Dezembro. Outra potencial fonte de letões armados, o Recrutamento da Reserva, estava sob o controle de Annas Iela e na ocasião tinham entre 400 e 500 homens, mas Jeckeln parece ter deixado-os sozinhos. As unidades do Recrutamento da Reserva de Anna Iela indiretamente contribuíram para a ação no gueto através dos guardas do gueto liderados por Danskops, que originalmente vieram de Annas Iela.

Ao considerar as forçar letãs usadas na ação em Rumbula, deve-se lembrar que a vida na cidade continuava, e a cidade não poderia ficar desprotegida. Se ocorresse qualquer coisa, os guardas sobre as pontes foram reforçados, e devido a rumores de insurreição e à possibilidade de uma revolta judaica, um certo número de letões e alemães armados foram mantidos na reserva. É razoável supor que o Recrutamento da Reserva da Letônia ficaram retidos, somente para uma finalidade.

Várias testemunhas alemãs mencionaram a presença de oficiais letões na reunião preparatória. Embora o único nome mencionado é o do Osis, o líder do Latvian Schutzmannschaften, os nomes dos outros letões presentes nesses encontros podem ser facilmente identificados, para a escolha de forma muito restrita. Os únicos que poderiam ter ido lá, para além da Osis, seriam Aråjs, Ítiglics, e o chefe dos guardas letões no gueto, Danskops. Aråjs poderia ter levado seus intérpretes Harijs Liepiñß ou Boriss Kinslers. Era um grupo com 25 oficiais ao todo, não poderiam ter sido mais do que 5 letões. Para identificar os nomes dos policiais da polícia de circunscrição letã que participaram das ações em Rumbula é praticamente impossível, salvo poucas exceções. Todos os chefes de circunscrição foram responsáveis por transmitira ordem, e seus nomes estão disponíveis. Certamente todos os guardas do gueto estavam envolvidos, exceção de Danckops, mas não temos qualquer forma de identificação dos mesmos. Quase todos do Commando Aråjs estavam lá, e os seus nomes, em grande parte já foram identificados. Se os guardas do gueto tinha algumas funções especiais, ou não, não sabemos, mas podemos assumir que as suas posições na periferia foram reforçadas. Não podemos reconstruir com toda a certeza o tempo exato de quando letões em seu mais alto escalão tiveram conhecimento sobre os assassinatos em massa próximo de Rîga. Aråjs e Ítiglics devem ter tido conhecimento a partir de Lange. Uma dúvida seria se Osis sabia sobre o assunto há mais de três dias antes do evento. A primeira indicação de que os letões foram incluídos na operação aparece no diário de ordens de Annas iela em 18 e 19 de novembro, quando o Oficial Ernests Penaus e o soldado Péteris Leitåns foram mudados de comando para o Major Heise.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Historiadores alemães querem edição comentada do "Mein Kampf" de Hitler

Berlim, 24 Abr (Lusa) - Historiadores alemães voltaram a exigir a publicação de uma edição comentada do "Mein Kampf" (A Minha Luta), de Adolf Hitler, antes que expirem os direitos de autor, em 2015, e possa haver edições para fins propagandísticos.

Desta vez, o pedido veio do centro de Documentação da História do Nacional-Socialismo, em Nuremberga, cujos responsáveis defendem que deve haver uma edição científica, crítica e comentada antes de expirarem, 70 anos após a morte do ditador nazi, os direitos de autor do livro, confiados ao governo regional da Baviera.

A Baviera, um dos 16 estados federados alemães, passou a ter, em 1946, os direitos sobre "Mein Kampf", concedidos pelas potências aliadas que derrotaram a Alemanha nazi (Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), com a condição expressa de não autorizar a respectiva publicação.

O livro, publicado por Hitler em duas partes, em 1925 e 1926, é uma espécie de "Bíblia" do nazismo, em que o ditador destila ódio contra os judeus e os considera responsáveis por todos os males da Alemanha de então, e expõe prematuramente a sua estratégia belicista, por exemplo.

A atribuição dos direitos de autor pelos aliados tem sido uma dor de cabeça para as autoridades alemãs, que nos últimos anos tem tentado impedir, quase sempre sem êxito, a publicação de "Mein Kampf" no estrangeiro.

Até em Israel, pátria dos judeus vítimas do Holocausto, há edições novas do livro, enquanto edições mais antigas podem também ser adquiridas com relativa facilidade nos antiquários.

Hoje em dia, quem não quiser gastar dinheiro poderá mesmo encontrar o texto integral de "Mein Kampf" na Internet.

Há anos que o Instituto de História Contemporânea de Munique (IfZ) vem pedindo autorização para publicar uma edição crítica do livro, cientificamente comentada.

Até agora, porém,os detentores dos direitos de autor têm hesitado, por respeito para com as vítimas do III Reich, embora compreendam os objectivos da ideia.

"Assim poderíamos dar a todos a possibilidade de reunir argumentos para a discusssão com os incorrigíveis", afirmou o director do IfZ, Udo Wengst, ao jornal Sueddeutsche Zeitung.

O IfZ tenciona publicar a referida edição comentada antes de 2015, e o tempo urge, porque tal exige, segundo Wengst, que um especialista em história do nazismo se ocupe da obra pelo menos durante três anos.

Segundo um dos historiadores do IfZ habilitado para fazer esse traballho, Dieter Pohl, será necessário "um enorme esforço", sobretudo porque no seu livro Hitler faz muitas afirmações não sustentadas por factos, e praticamente todas as linhas teriam de ser comentadas.

Para evitar uma edição de proporções desmedidas e inacessível ao grande público, o IfZ pretende, no entanto, limitar-se a descodificar as diversas versões existentes, e a explicar a origem dos pensamentos e afirmações de Hitler.

O reputado instituto já editou numerosas obras da época nazi, mas trata-se de publicações científicas, exaustivamente comentadas, e muito caras para serem adquiridas por neofascistas comuns.

Para a edição comentada do "Mein Kampf" atingir os fins pedagógicos em vista, teria de ser vendida, no entanto, por um preço razoável, ou mesmo colocada gratuitamente na Internet, propõe o IfZ.

Até agora, todas as tentativas para levar por diante o projecto científico esbarraram com a recusa do governo regional da Baviera, por respeito à memória das vítimas do Holocausto e para protecção dos judeus.

O professor Wengst considera este argumento "honroso", mas errado, e refere que, em recente conversa com um jornalista israelita, este lhe disse: "não precisamos dessa protecção".

FA

Fonte: LUSA - Agência de Notícias de Portugal
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=341931&visual=26

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Bombas Atômicas Nazis - Parte 2

Parte 2 de 2
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Em qualquer caso, a linha do interrogatório realizado pelo Sr. Jackson era: "Exageraram-se os relatórios sobre uma nova arma secreta para que o povo alemão seguisse decidido a continuar a guerra?"

Contudo, quando os negadores do Holocausto citam esta secção do sumário do julgamento de Nuremberg, sempre se omite este fato. Cita-se fora de contexto para tratar de fazer ver que Jackson estava acusando aos nazis de matar judeus com armas nucleares!

Por exemplo, uma página web que esteve tanto no website de Greg Raven como no de Bradley Smith até início de 1996 dizia a seus leitores que "muitas das afirmações documentadas em Nuremberg já não são aceitas por nenhum historiador razonable. Muitas destas 'atrocidades' simplesmente tem sido esquecidas". A continuação do juiz Jackson é citada da seguinte maneira:
E também se realizaram certos experimentos e pesquisas sobre a energia atômica... Um experimento... realizou-se próximo a Auschwitz... A finalidade do experimento era encontrar uma maneira rápida e total de eliminar pessoas sem as demoras e moléstias das execuções, os gaseamentos e as incinerações, como se fez, e este é o experimento segundo o qual foi descoberto. Construiu-se uma vila, uma pequena vila com estruturas temporárias, e se instalou nela uns 20.000 judeus. Por meio desta nova arma de destruição, estas 20.000 pessoas foram erradicadas quase que instantaneamente, e de uma maneira tal que não sobrou nenhum resto delas.

http://www.nizkor.org/ftp.cgi/orgs/american/oregon/banished.cpu/martin.exposed

"George Martin," princípios de 1992:

Uma citação do Sr. Juiz Jackson: "Tenho certa informação que chegou em minhas mãos sobre um experimento realizado próximo a Auschwitz, e queria lhe perguntar se você o conhecia ou ouviu falar dele. A finalidade do experimento era encontrar uma maneira rápida e total de eliminar pessoas sem as demoras e moléstias das execuções, os gaseamentos e as incinerações, como se fez, e este é o experimento segundo o qual foi descoberto. Construiu-se uma vila, uma pequena vila com estruturas temporárias, e se instalou nela uns 20.000 judeus. Por meio desta nova arma de destruição, estas 20.000 pessoas foram erradicas quase que instantaneamente, e de uma maneira tal que não sobrou nenhum resto delas; desenvolvido, o explosivo alcançou temperaturas entre 400 e 500 ºC e destruiu a todos sem deixar nenhum vestígio." Isto foi mencionado depois de falar dos experimentos nazis no campo da energia atômica. A intenção era fazer ver que os nazis os haviam mandado para eternidade com bombas atômicas. [7]

É interesante voltar à página anterior e ver que ocultam as omissões.
(Continuará...)

Engano e Tergiversação; Técnicas de Negação do Holocausto
Bombas Atômicas Nazis


Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena
http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/atomic-02-sp.html
http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/atomic-02.html

domingo, 27 de abril de 2008

Bombas Atômicas Nazis - Parte 1

Parte 1 de 2
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O juiz Robert H. Jackson, que dirigia a acusação americana do Tribunal de Nuremberg, interrogou Albert Speer em 21 de junho de 1946. O Sr. Jackson estava tratando de aclarar quem tomou e como a decisão de chegar à "guerra total", a decisão dos líderes nazis de combater até que a Alemanha fosse total e definitivamente derrotada. Isto se relacionava com uma das acusações contra os réus, o de "crimes contra a paz". (Speer, casualmente, foi absolvido desta acusação na sentença, três meses depois [1]).

Este contexto - tratar de establecer os fatos da "guerra total" - converte-se em algo muito importante na página 529 da transcrição do julgamento, assim que o leitor terá que desculpar várias citações ds páginas que tratam deste ponto.

Por exemplo, Jackson perguntou acerca da proposta de retirar-se da Convenção de Genebra quando se aproximava o final da guerra. Speer comentou:

Speer: Esta proposta, como já declarei ontem, foi feita pelo Dr. Goebbels. Feita depois do bombardeio de Dresden [15 de fevereiro de 1945], mas antes disto, desde o outono de 1944, Goebbels e Ley falaram com freqüência de itensificar o esforço de guerra em todo o possível, já que me restou a impressão de que Goebbels estava tratando de usar o ataque à Dresden e a irritação que ele causou como uma desculpa para sair da Convenção de Genebra. [2]

A seguinte pergunta do Sr. Jackson tratava do desejo dos nazis de usar gás nervoso no campo de batalha:

Jackson: Bem, fez-se então uma proposta para empregar armamento químico?

Speer: não me foi possível, através de minha observação direta, saber se estava sendo preparando o emprego de armas químicas, mas soube através de pessoas que trabalhavam com Ley e Goebbels que estavam discutindo o uso dos novos gases de combate, o tabun e o sarín.[3]

As seguintes perguntas trataram da campanha de bombardeios com foguetes contra a Inglaterra, que não foi eficiente desde uma perspectiva militar, mas (se supõe) manteve a moral alemã, e então o Sr. Jackson voltou a fazer algumas perguntas sobre os gases nervosos.

Na página 529 da transcrição, o Sr. Jackson perguntou por uma história da propaganda nazi destinada a elevar a moral do povo alemão. Começamos citando uma pergunta e sua resposta anterior à história de propaganda, para que o leitor veja que não foi tirada de contexto a citação:
Jackson: Quem se encarregava dos experimentos com gases?

Speer: Pelo que eu sei, o departamento de pesquisa da O.K.H. no laboratório do Exército. Não posso dizer com segurança.

Jackson: E também se realizaram certos experimentos e pesquisas sobre a energia atômica, não?

Speer: Não haviamos chegado tão longe, por infortúnio, porque nossos melhores especialistas em pesquisa atômica haviam emigrado para América, fazendo-nos retroceder em nossas pesquisas, pelo que ainda necessitaríamos de um ou dois anos para alcançar algum resultado na fissão atômica.

O Sr. Jackson faz um comentário irônico:
Jackson: A política de expulsar da Alemanha todo aquele que não estivessem de acordo com vocês não produziu bons resultados, verdade?

Speer: Especialmente nesta área se supôs uma grande desvantagem para nós.

Então voltou à linha seguida no interrogatório:
Jackson: Tenho certa informação que chegou em minhas mãos sobre um experimento realizado próximo a Auschwitz, e queria lhe perguntar se você o conhecia ou ouviu falar dele. A finalidade do experimento era encontrar uma maneira rápida e total de eliminar pessoas sem as demoras e moléstias das execuções, os gaseamentos e as incinerações, como se fez, e este é o experimento segundo o qual foi descoberto. Construiu-se uma vila, uma pequena vila com estruturas temporárias, e se instalou nela uns 20.000 judeus. Por meio desta nova arma de destruição, estas 20.000 pessoas foram erradicas quase que instantaneamente, e de uma maneira tal que não sobrou nenhum resto delas; desenvolvido, o explosivo alcançou temperaturas entre 400 e 500 ºC e destruiu a todos sem deixar nenhum vestígio.

Você sabe algo deste experimento?

Speer: Não, e o considero improvável. Se houvêssemos estado preparando uma arma assim, eu teria sabido. Mas não tínhamos uma arma assim. Está claro que no campo da guerra química, ambos os grupos realizaram pesquisas sobre todas as armas que se possa imaginar, porque não se sabia que grupo poderia começar a empregar armamento químico.

Com sua pergunta seguinte, o Sr. Jackson aclarou porque havia perguntado por esta história, esta "informação que havia chegado em suas mãos".
Jackson: Assim, pois, exageraram os relatórios sobre uma nova arma secreta com a finalidade de que o povo alemão seguisse apoiando a guerra?

Speer: Isso foi o que foi feito, sobretudo durante a última fase da guerra. Desde agosto, ou mais ou menos junho ou julho de 1944, visitei com freqüência a frente. Visitei umas 40 divisões de primeira linha em seus setores, e não fiz mais que ver que as tropas, em igual com o povo alemão, depositavam suas esperanças em uma nova arma, armas novas e superarmas que, sem requerer o uso de soldados, sem forças armadas, outorgariam a vitória. Esta crença é o segredo que conseguiu que tanta gente da Alemanha oferecesse suas vidas, ainda que um sentimento em comum lhes dissesse que a guerra não tinha solução. Acreditavam que em um futuro próximo, essa arma iria aparecer.

Neste ponto, está claro que Jackson e Speer estavam de acordo no que os "relatórios... sobre uma nova arma secreta" tinham fins propagandísticos. Contudo, de novo para que o leitor esteja seguro das intenções de Jackson, aqui está o testemunho por completo. Speer segue dizendo:
Escrevi a Hitler sobre isto, e também intentei em vários discursos, inclusive ante os líderes de propaganda de Goebbels, combater esta crença. Tanto Hitler como Goebbels me disseram, contudo, que isto não era propaganda deles, senão que era um sentimento que estava crescendo entre as pessoas. Só aqui, quando é chegado ao banco dos réus em Nuremberg, Fritzsche me diz que esta propaganda era distribuída sistematicamente entra as pessoas através de diversos canais, e que o SS Standartenführer (Coronel das SS) Berg era o responsável. Ficaram claras muitas coisas desde então, porque este homem, Berg, era um representante do Ministério de Propaganda e com freqüência comparecia a encontros, grandes sessões de meu Ministério, dado que estava escrevendo artigos sobre estas sessões. Ali se ouviu nossos planos futuros, e se usou estes conhecimento para falar às pessoas com mais imaginação(credulidade)que verdade.

Jackson: Quando se observou que a guerra estava perdida? Tenho a impressão que você sentia que em parte era sua responsabilidade tirar o povo alemão da guerra sofrendo a menor destruição possível. Isto descreve bem sua atitude?

Speer: Sim, mas não só tinha este sentimento em face do povo alemão. Sabia de sobra que igualmente tinha que evitar a destruição que estava ocorrendo nos países ocupados. Isto era tão importante para mim desde o ponto de vista realista, que disse a mim mesmo que depois da guerra, a responsabilidade desta destruição não recairia em nós, senão no seguinte governo alemão, e nas futuras gerações alemãs.

Jackson: Você começou a ser contra as pessoas que queriam continuar a guerra até as últimas conseqüências, porque você queria que a Alemanha tivesse a oportunidade de regenerar sua vida. Não é isso? Enquanto que Hitler adotou a postura de que se ele não podia sobreviver, não lhe importava que a Alemanha sobrevivesse ou não.

Speer: É correto, e nunca antes tive a coragem de dizer isto, até que se chegou neste Tribunal não me havia sido possível prová-lo com a ajuda de alguns documentos, porque essa frase de Hitler é monstruosa. Mas a carta que lhe escrevi em 29 de março, na que confirmo isto, demonstra que ele disse isso.

Jackson: Bem, se me permite o comentário, não é novidade para nós que esse fora seu ponto de vista. Creio que se viu na maioria dos países que esse era seu ponto de vista.

Sigamos. Estava você com Hitler no momento em que ele recebeu o telegrama de Göring, no que este o sugeria que se lhe cedesse o poder? [4]

Neste momento, Jackson havia conseguido o que buscava: deixar claro que Hitler e os outros líderes nazis estavam decididos a levar adiante a guerra total.

Uma página mais adiante, Jackson descreveria a situação assim: "Você tem 80 milhões de pessoas lúcidas e sensatas que se enfrentam até a destruição; e tem uma dezena de pessoas que as levam até a destruição, e você é incapaz de lhes deter". E na página seguinte: "Bem, agora- Hitler está morto; Eu assumo que você aceita isso- já que agora só resta ao Diabo fazer seu trabalho. [...] Passemos ao Número 2, que nos é dito que estava a favor de lutar até o final". [5]

Hitler, por estar morto, não estava presente para responder as acusações pelos crimes contra a paz e por provocar uma guerra de agressão destrutiva. Mas o Número 2, Göring, sim estava. Göring foi declarado culpado de todas as acusações. [6]

Autor: Jamie McCarthy

Engano e Tergiversaçao; Técnicas de Negação do Holocausto
Bombas Atômicas Nazis


Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena
http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/atomic-01-sp.html
http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/atomic-01.html

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Holocausto na Letônia - Rumbula (Alemães Participantes das Ações)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml


Os Alemães Participantes da Ação


Apenas uma parte da lista de participantes alemães é conhecida por nós. Ao topo da lista está o Gruppenführer Jeckeln. Ele está acompanhado do Obersturmbannführer Degenhart, que não acompanhou Jeckeln durante o planejamento da ação, mas nos dias cruciais, antes da ação explicou e comunicou as ordens de Jeckeln para outros participantes.
Do staff de Jeckeln temos o Untersturmführer Ernst Hemicker, o designer das valas de Rumbula; o Sturmbannführer Bruns, que coletou os bens valorosos nas valas; Sturmbannführer Zimmermann, o Chefe do transporte; Johannes Zingler, um dos atiradores nas valas; and Endl, Lüschen, and Wedekind. Estes segundo Degenhart eram guardas de Jeckeln que trabalharam nas valas.

Entre outros alemães do SD e funcionários da Ordnungspolizei, estavam envolvidos Rudolf Lange e Arnold Kirste. Entre os comandantes da Ordnungspolizei que foram envolvidos na ação estavam Generalleutnent Jedicke, comandante da Ordnungspolizei em Ostland, e o Oberstleutnant Flick, comandante da Ordnungspolizei na Letônia.
Na tarde de 30 de Novembro, antes que terminasse os assassinatos, Heise foi ferido por um estilhaço de bala no olho e e não pode participar da segunda ação. Flick deu ordens a Rehberg da Gendarmerie para substituir Heise.

Alguns nomes da Ordnungspolizei, que participaram da liquidação do gueto por uma variedade de indiciamentos, veredictos, e depoimentos:

Hauptmann Heinrich Oberwinder, organizador dos policias letões e alemães para a ação em Rumbula. Na preparação para a liquidação do gueto, ele forneceu instruções detalhadas para a Latvian Precinct Police.

Lieutenant Friedrich Jahnke realizou e atribuiu muitas ordens de Heise – da “guetorização” dos judeus em Setembro até a organização dos guardas no gueto em Outubro. Foi um ativo organizador e supervisor da Latvian Schutzmannschaften. Participou da primeira ação em Rumbula como organizador no QG de Heise, na segunda ação supervisonou a limpeza do gueto e também levou-os [os judeus] às valas de Rumbula.

Polizeihauptwachtmeister Otto Tuchel participou do estabelecimento do gueto e foi supervisor dos guardas letões no gueto. Talvez foi o mais brutal dos guardas do gueto. Mesmo antes da ação em Rumbula, matou diversos judeus dentro do gueto. Entre 30 de Novembro e 8 de Dezembro cuidou em detalhes das limpezas das casas dos judeus. Tuchel participou da organização das colunas e assassinou os judeus que estavam como dificuldades de locomover em frente ao hospital do gueto.

Oberwachtmeister Max Neuman; esteve envolvido em diversos assuntos judaicos desde sua chegada em Setembro a Rîga. Foi um dos supervisores dos guardas letões. Liderou a primeira coluna de judeus do gueto em 30 de Novembro, foi considerado responsável pelos assassinatos antes e depois da ação.

Precinct Lieutenant Hesfer foi apontado por Heise para liderar o grupo dos alemães para a limpeza das casas do gueto na manhã de 30 de Novembro e 8 de Dezembro, e supervisionou os policiais letões e judeus. Participou da organização das e assassinou os judeus que estavam como dificuldades de locomover em frente ao hospital do gueto.

Oberwachtmeister der Gendarmerie Paul Draeger foi um motorista e representante do comandante Rehberg da Gendarmerie. Desempenhou papel na evacuação do gueto na ação de 8 de Dezembro.

Emil Diedrich comandante da 3ª Companhia do 22º Batalhão da Schutzpolizei. Recebeu ordens de Jelgava para ir para Rumbula, onde posicionou sua metralhadora na periferia do local dos assassinatos.

Sturmbannführer Bruns foi o encarregado dos valores.

Polizeihauptmeister Müller organizou o transporte nos dois dias de ação.

Holocausto na Letônia - Rumbula (Ordens Finais)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.


Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml



Ordens Finais


Alguns dias antes da ação, talvez em 27 de Novembro, um encontro entre a cúpula da Ordnungspolizei e dos comandantes do SD que foram chamados ao QG da Schutzpolizei. Este encontro serviu para coordenar as atividades de todos os participantes das unidades: a SD de Jeckeln, a Ordnungspolizei, e a Latvian Schutzmannschaften. Ao todo, cerca de 20 a 25 pessoas estiveram presentes. Osis, Ítiglics, e Aråjs devem ter representados os contingentes letões. Esta reunião final estabeleceu o calendário da operação. Como representante de Jeckeln, Degenhart estava especialmente preocupado com o tempo e organização das colunas de judeus saindo do gueto e às tarefas dos homens no local dos assassinatos. A reunião durou pelo menos meia-hora.

Na tarde de 29 de Novembro, um dia antes da matança, Jeckeln chamou para uma reunião os oficiais comandantes na sala de conferências de Ritterhaus, onde ele falou sobre a vindoura liquidação do gueto. Ele salientou que a participação nos assassinatos era uma obrigação patriótica e salientou também que a recusa de participar era igual à recusa de participar de uma guerra, como se fosse uma deserção. Para aqueles membros do staff HSSPF que não tinham atribuição específica, Jeckeln ordenou a ida às valas como observadores, para que todo mundo soubesse e testemunhasse o evento. (“machte er zur Pflicht, den Exekutionen als Zuschauer beizuwohnen, um niemandem Mitwisserschaft und Mitzeugenschaft zu ersparen”).

Na conclusão da sessão de Ritterhaus, o comandante da Ordnungspolizei, Flick, tomou a palavras e em um breve discurso deu as últimas informações para seus funcionários. Nenhum letão importante estava presente na reunião.

Na noite do dia 29 por volta das 19:00 Degenhart coordenou uma sessão no quartel da Schutzpolizei em Rîga. O Major Heise ordenou que seus homens estivessem prontos às 4:00 da manhã no gueto para o “reassentamento” dos judeus. Ele disse que os judeus seriam movidos para uma estação ferroviária. A maioria dos homens já havia entendido que “reassentamento” era um eufemismo para assassinato. Compreendendo Heise adicionou: “Mas homens, não sujem os seus dedos!” (Aber Männer, macht Euch die Finger nicht schmutzig!). Ele disse que os judeus seriam entregues para outra pessoas na estação. Esta reunião demorou cerca de 50 minutos.

Os oficiais da Schutzpolizei foram chamados ao escritório de Heise e deram os detalhes da operação. Degenhart ainda estava atendendo. Os membros da polícia da Letônia ficaram à cargo de supervisionar os letos no circunscrição e certificar se os judeus estavam saindo de suas casas organizados em colunas de 1000. Heise disse-lhes que a ação levaria pelo menos dois dias, e que a limpeza do gueto iria começar pela parte ocidental. Heise ordenou ao Tenente da polícia Hesfer e a 12 membros da Schutzpolizei que supervisionassem a limpeza das habitações dos judeus. Os letões e os policiais do gueto judeu foram ordenados para ajudar Hesfer. Alguns membros manifestaram o receio de que poderia surgir pânico entre os judeus, mas Degenhart acalmou-os, dizendo que isso já tinha sido feito antes.

A transmissão das ordens para os letões foi um pouco mais complicada, porque eles tinham três diferentes unidades envolvidas: A guarda letã do gueto, o SD e a polícia da circunscrição. Para os guardas do gueto as ordens foram dadas diretamente a Danckop pelo supervisor alemão. A transmissão das ordens para os letões do SD foram dadas de Lange para Aråjs. Uma complicação surgiu para a polícia do perímetro porque as suas linhas de autoridade não eram claras. É provável que a ordem chegou de duas fontes, Osis e os alemães. Peters Stankéviçs, o único policial da cidade que tivemos acesso ao depoimento, testemunhou que o Capitão Riks de sua circunscrição, ordenou a todos na noite do dia 29 de Novembro, exceto aquele que estariam na circunscrição, deveriam apresentar-se às 7:00 na circunscrição. Riks disse-lhes que todos os judeus seriam “reassentados” em outro campo. Além da circunscrição de polícia de Rîga, o distrito policial de Riga sob o comando de Jånis Veide também receberam ordens para participar da ação.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Holocausto na Letônia - Rumbula (SD e Ordnungspolizei)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.


Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml


O pessoal do SD


Dentro de seus primeiros três dias em Rîga, Jeckeln quase certamente falou com o SD e os comandantes da Ordnungspolizei, incluindo Lange, o mais alto funcionário da Gestapo SD na Letônia, e seu associado Kirste, que foi o link de Lange para o Commando Aråjs. Lange estava em melhor posição para avaliar as forças disponíveis alemãs e letãs em Rîga e nas imediações. Lange poderia colocar à disposição de Jeckeln, talvez todos os 300 homens do Commando Aråjs, talvez metade dos cinqüenta homens da guarda letã da unidade de Reimerss Iela QG do SD , talvez mais 4 dúzias de homens do SD em Rîga, remanescentes do EK2.
No total, Lange poderia entregar cerca de 400 homens com experiência no SD, o que quer dizer que a grande parte delas tinha participado dos assassinatos ocorridos antes em Novembro. Eles poderiam ser colocados em posições difíceis dentro e fora do gueto, e perto das covas, onde o uso de uma arma contra os "recalcitrantes" e "não-cooperativos" judeus, era mais provável que fosse necessário. A ordem básica de Himmler para o SD era que o pessoal do SD deveria assumir a responsabilidade deste trabalho. Nós podemos presumir que os homens letos e alemães do SD foram mobilizados para o gueto e para Rumbula.


A Ordnungspolizei



Em seguida a disponibilidade da Ordnungspolizei foi explorada. Ainda sobre o nível organizacional da Ordnungspolizei, eram autônomos, sobre o nível prático estavam na mesma rede da SD. Antes do Commando Aråjs ser treinado, foi o 9º Batalhão da Ordnungspolizei que realizou a maior parte dos assassinatos para Stahlecker. As unidades do 9º Batalhão estiveram na Letônia entre Julho e Agosto e foram movidas, seguindo Stahlecker, para as cercanias de Leningrado. No final de Novembro existiam pelo menos dois tipos de unidades Ordnungspolizei em Rîga sob o comando do Tenente-Coronel Flick: a Schutzpolizei, liderada pelo Major Heise e a Gendarmerie do Capitão Rehberg. Pelo menos várias centenas foram destacadas para garantir a ordem (“obter e manter a característica alemã”) em Rîga, como em grande parte da Letônia. Além de supervisionar os recintos policiais, a Ordnungspolizei também foi responsável pela guetorização dos judeus, e após 25 de Outubro de guardá-los no gueto. Durante a fase inicial no gueto o SD não esteve envolvido. As atribuições e o envolvimento da Ordnungspolizei com o gueto foram pré-determinadas na liquidação do gueto.


A 2ª Companhia do 22º Batalhão da Reserva de Rîga ofereceram cerca de 70 homens, e a 3ª Companhia do 22º Batalhão da Reserva de Jelgava ofereceu outros setenta homens. A 2ª Companhia ficou encarregada de supervisionar a limpeza dos cômodos dos judeus, organizando a marcha dos judeus em colunas, e acompanhando as colunas até Rumbula. A 3ª Companhia foi usada para guardar a periferia de Rumbula. O chefe ativo da Ordnungspolizei era o Major Heise, e parece que ele foi o elo de ligação com o Latvian Schutzmannschaffen.


Além dos 22º Batalhão de Rîga e Jelgava e os homens da Gendarmerie, Jeckeln tinha à disposição outros cinco regimentos da Ordnungspolizei, mas não sabemos se ele usou, e se usou qual foi. Em geral Jeckeln não queria o envolvimento da Whermacht.

Holocausto na Letônia - Rumbula (Transporte)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.


Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml
Transporte
O pool de veículos de Jeckeln tinha apenas de dez a doze automóveis de passageiros e de seis a oito motocicletas. Jeckeln procurou em Rîga por caminhões e ônibus para o transporte dos guardas e outros participantes, os idosos e os judeus doentes, e os judeus que morressem no caminho para Rumbula. Existiam um número suficiente de carros de passageiros para o transporte dos dignatários e dos 12 atiradores para as valas. O problema era o transporte pesado: cerca de 1.000 a 1.500 policiais e guardas que deveriam ser levados para seus postos. Isso por si só, requereria no mínimo 25 caminhões. O responsável de transportes era o Sturmbandführer Zimmermann, e o Polizeihauptmeister Müller da Schutzpolizei de Rîga ordenou a procura dos veículos.


Quando os veículos pesados para a operação foram encontrados, as evidências disponíveis não nos dizem. A polícia letã tinha 2 ônibus, alguns caminhões, e 12 cavalos com carroças. Alguns veículos estavam à disposição do Ordnungspolizei, e o Comando Aråjs tinha 2 ou 3 caminhões. A companhia Schutzpolizei de Jelgava, que transportou as metralhadoras, chegou com transporte próprio. Ainda assim, não foi o suficiente. Jeckeln talvez foi à Wehrmacht pedir caminhões, mas ainda não há provas de que ele o fez.

Holocausto na Letônia - Rumbula (A Organização da Ação)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml
A Organização da Ação
A reconstrução das unidades e dos homens utilizadas na operação deve começar à partir do olhar de Jeckeln, da sua maneira de pensar e do seu estilo de trabalho. Jeckeln recebeu a ordem de Himmler para matar os judeus do gueto de Riga em 12 de novembro. Ele chegou a Rîga em 14 de novembro, com a maior brevidade.

Para limpar as objeções “civilizadas” do seu caminho, ele falou com Lohse sobre as altas ordens recebidas de Berlim. O nome de Hitler foi invocado, Lohse não tinha outra opção a não ser aceitá-la. Então Jeckeln compartilhou o segredo com o seu staff. Durante os primeiros dias em Rîga acompanhado de Paul Degenhart, ele fez o reconhecimento da margem direita do Daugava e da paisagem rural a leste de Rîga para escolher o local dos assassinatos. Uma vez que o gueto estava localizado na parte oriental de Rîga, perto dos limites da cidade, a pesquisa de Jeckeln foi limitada para essa direção. No caminho para Salaspils ele localizou Rumbula. Nós podemos assumir que ele escolheu o local entre os dias 18 e 19 de novembro, depois ele iniciou o seu planejamento detalhado e atribuiu seus homens para funções específicas. Nos primeiros dias ele manteve seus esforços organizacionais entre o seu staff.

Jeckeln atribuiu ao SS-Untersturmführer Ernst Hemicker, um especialista em construção, a organização da escavação das valas. Hemicker dirigiu-se para Rumbula, acompanhado por Degenhart, Neurath, e Esser, e foi informado sobre o número de pessoas a serem mortas. Hemicker mais tarde testemunhou que ficou chocado com o número apresentado, mas não protestou. Em 20 ou 21 de novembro, 300 prisioneiros de guerra russos foram para Rumbula, onde sob a supervisão de alemães e letos eles cavaram seis grandes covas. Hemicker supervisionou a escavação. Cada cova tinha dez metros de cada lado e de dois e meio a três metros de profundidade, do tamanho de uma pequena casa. Os prisioneiros russos cavaram as valas sob a forma de uma pirâmide invertida, retirando a terra por etapas para cima, a partir da plataforma e para plataforma. O caminho para a rampa era de um lado. As seis covas poderiam acomodar todos os 25.000 corpos. O trabalho foi concluído em aproximadamente três dias e foi preparado uma semana antes dos assassinatos, talvez em 23 de novembro.

Embora o SD local alemão e as forças Ordnungspolizei estavam envolvidos na operação, Jeckeln destacou seu próprio pessoal de staff como organizadores e supervisores das situações importantes, à partir do gueto para as valas. Ele próprio supervisionou a operação no local dos assassinatos. Na maior parte dos dois dias ele se situava no topo da pilha de terra e olhava para baixo no poço. Jeckeln ordenou aos seus guarda-costas, que consistiam entre 10 e 12 homens para atirarem nas valas. Entre eles Endl, Lüschen, e Wedekind tinham feito isso antes de Jeckeln. Para aumentar o grupo de assassinos e obter algumas reservas, ele falou ao líder do Driver Commando, Oberführer Johannes Zingler, para participar das execuções. Jeckeln lembrou Zingler de seu recente rebaixamento e disse que era dele se colocar em prova participando dos assassinatos. Zingler respondeu que preferiria ir para o front para provar o seu valor. Jeckeln respondeu a Zingler que se ele quisesse rever sua família era melhor ele obedecer a ordem. "Eu sabia o que ele poderia fazer para mim" (Ich würde ihn ja kennen), Zingler testemunhou em 1961. "Ele também referiu-se a mim dizendo que eu não era um soldado regular com ele, mas sim um que teria algo a provar." Zingler topou participar.

Na esperança de encontrar algumas reservas para o grupo de assassinos, Jeckeln convocou seus doze homens a se dirigirem para o quartel-general em Rîga Ritterhaus e revelou a eles que ele precisava de um commando execução (Erschiessungskommando). "Ele fez-lhes compreender que havia algumas pessoas que já tinham feito algo parecido, mas ele necessitava de homens adicionais para aliviar a carga dos outros. Ele pediu voluntários, imediatamente acrescentando, que ele não iria pensar mal deles se eles não topassem porque o trabalho era desagradável." Nenhum dos Drivers Commando se voluntariaram.

Jeckeln não considerou os letos para a missão. Primeiro como um homem das SS ele teria que considerar os alemães innere Schweinehund e, depois os alemães residentes do SD e ele não considerou os letos. Paul Botor, oficial de transportes dos KdS em Rîga, lembrou de um rumor que circulava em ter os SD, que os letos estavam matando suavemente. “O problema,” testemunhou Botor, “foi comunicado para as SS e ao Líder da Polícia de Jackeln. Jeckeln procurou mostrar para seus atiradores que eles poderiam fazer melhor.”

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Holocausto na Letônia - Rumbula (O Sistema Jeckeln)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.


Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml


Jeckeln dirigiu-se para as redondezas de Rîga procurando um local. O lençol freático em torno de Rîga era próximo à superfície e, por conseguinte, um local com elevação teve de ser encontrado. No caminho para o campo de Salaspils, que estava sendo construído na época, ele chegou aos pinheiros de Rumbula, entre a estrada e a ferrovia. Critérios de Jeckeln para a localização: a distância de Rîga, a proximidade com a estrada de ferro (primeiramente, foi considerado transporte ferroviário), o solo arenoso que torna fácil a escavação de buracos, e a situação acima do lençol freático.
O inconveniente é que o local era relativamente exposto, a menos de cem metros de uma importante rodovia. No seu planejamento do massacre, Jeckeln adaptou o sistema concebido na Ucrânia para as condições específicas de Rîga. O sistema envolvia planeamento pormenorizado, subdividindo a designação em partes gerenciáveis e, em seguida, selecionando um especialista em cada área. Como o ajudante de Jeckeln, Paul Degenhart testemunhou, eram 9 os aspectos do sistema:

1) Homens do SD no interior do gueto conduziram as pessoas para fora das casas.
2) os judeus foram organizados em colunas de 500 pessoas e foram de trem para o local dos assassinatos(na verdade eles foram conduzidos a pé em colunas de 1000);
3) A Polícia de Ordem (Order Police) levou as colunas para Rumbula
4) Os assassinatos ocorreram simultaneamente em 3 valas
5) as vítimas eram despidas e seus pertences eram recolhidos no caminho para a vala
6) corredores internos e externos foram criados para conduzir as pessoas às valas
7) as vítimas eram conduzidas diretamente às valas, poupando o trabalho de deslocamento dos corpos.
8) foram utilizadas sub-metralhadoras russas, que utilizavam rate de 50 balas e poderiam ser disparadas por um único disparo
9) as vítimas tinham as faces viradas para baixo, após as rajadas recebiam uma bala na parte de trás da cabeça. Este método foi referido como Sardinenpackung ("embalagem de sardinha"), e até mesmo alguns dos soldados dos EG (EinsatzGruppen) ficaram horrorizados pela sua crueldade.

A maior conta do plano de Jeckeln, a de transportar e matar 25.000 judeus do gueto é encontrado em 1973 no Landgericht Hamburg, processo do julgamento de Lt.Friedrich Jahnke e documentos relacionados. Os procuradores de Hamburgo estavam principalmente interessados no papel dos alemães do Ordnungspolizei e, consequentemente, eles ficaram aquém detalhando sobre o papel que o SD e as forças policiais letãs desenvolveram nesta operação.

Jeckeln necessitava dos cinco fatores mais importantes da operação planejada por ele:

1) o local dos assassinatos era a cerca de dez quilômetros a partir do gueto, um percurso que poderia demorar até 3 horas para uma infantaria percorrer em até 3 horas em ritmo regular;
2) havia apenas oito horas de luz, e mesmo tendo algumas horas do crepúsculo, o tempo de matança não poderia ser superior a nove horas;
3) a última coluna, foi enviada para fora às 12:00 h e a última deveria chegar em Rumbula em torno de 15:00;
4) cerca de 12.000 pessoas deveriam ser transportadas e assassinadas;
5) os judeus eram transportados em colunas de 1.000 com guardas em ambos os lados.

Nós não temos uma contagem completa das pessoas que Jeckeln mobilizou para a ação, nem um plano de implantação das tropas utilizadas. Quem eram esses homens? Embora as fontes históricas até agora disponíveis, não nos permitem reconstruir a identidade das tropas utilizadas na operação final, com certeza é de pouco mais de significado histórico para nós a tentativa de o fazer. A resposta está longe de ser simples.Os procuradores no julgamento de Jahnke não conseguiram chegar a uma conclusão clara a respeito da mobilização para executar a ação.

Holocausto na Letônia - Rumbula (A chegada de Jeckeln)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml


A chegada de Jeckeln

Em outubro de 1941 Stahlecker tinha sido capaz de matar cerca de 30.000 dos 66.000 judeus que os alemães tinham aprisionado na Letônia. As razões para o fracasso de Stahlecker de forma a satisfazer as ordens são fundamentais e complexas, mas certamente incluirão sua preocupação com Leningrado, o fracasso dos letões para matar rápido e suficiente, e a chegada de Heinrich Lohse ao governo civil na Letónia.

Lohse não era obrigado a executar o Führer Befehl; as ordens de Alfred Rosenberg foram para elevar a produtividade do Ostland e para abastecer o exército com as necessidades diárias e com equipamentos. O programa de Lohse para os judeus era o de conduzi-los aos guetos, a expropriar os seus bens, e explorar o seu trabalho. Também Hans-Adolf Prützman, o alto comandante da SS e da Polícia (HSSPF) no Báltico e na Bielorrússia, que, esteve a cargo dos judeus após a saída de Stahlecker para a frente leste, desempenhou um papel passivo.[1]

Durante Setembro e Outubro a política de Lohse prevaleceu no Báltico. O gueto foi fechado em 25 de Outubro. A livre saída e entrada já não era mais possível. O SD parecia ser o “cheque-mate” para o Báltico. Mas não por muito tempo. Himmler estava impaciente e uma decisão logo foi tomada em Berlim para revigorar as ordens fundamentais no Báltico. Assim que o gueto de Rîga fechou, foi ordenada a troca de lugares entre Prützman e Jeckeln. Em 31 de Outubro Prützman foi ordenado o sul. Jeckeln, que já tinha assassinado dezenas de milhares de judeus na Ucrânia, Berdichov,Krivoi-Rog, Kiev, Kremenchug, e tinha concebido o "sistema Jeckeln" para execuções em, foi ordenado para o Norte. Em 5 de Novembro o staff de Jeckeln e cerca de 50 homens chegaram a Riga.

O próprio general foi convocado para ir a Berlim, onde em 12 de Novembro Himmler disse-lhe sobre os problemas no Báltico, e ordenou-lhe especificamente, ao contrário do Lohse do plano, para matar os judeus no gueto de Rîga. Himmler disse a Jeckeln sobre as possíveis objeções de Lohse: "Disse a Lohse que era minha ordem, e que também era um desejo expresso do Führer." [1] Após sua chegada a Rîga, Jeckeln se encontrou com Lohse e explanou as ordens de Himmler para ele.
Para Jeckeln, como ele apresentou o argumento, os judeus eram um problema de segurança. Ele estava preocupado com os militares alemães, o SD, e dos civis alemães utilizarem a mão-de-obra dos judeus. Empregando os judeus, disse ele, aumentava a possibilidade de sabotagem. Ele chegou na Letônia com ordens para liquidar o gueto, e ele não desperdiçou tempo. A primeira ação no gueto aconteceu no dia 30 de novembro, ou seja, duas semanas semana após sua chegada. Jeckeln tinha a mentalidade de um chefe-tribal, tratava todos os forasteiros com desconfiança. Stahlecker e o contingente do SD em Rîga culpou os letões por terem ido por trás para matar judeus, mas parece que Jeckeln foi até mesmo contra os alemães "locais" do SD, e desconfiou deles. Nenhum letão foi consultado para o planejamento das ações. Toda a organização básica do assassinato foi feita por Jeckeln e sua equipe.
(Foto acima: General SS Friedrich Jeckeln)

Holocausto na Letônia - Rumbula (Introdução)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.
Agradecimento especial à Jonathan Harrison (do blog http://www.holocaustcontroversies.blogspot.com/) que nos enviou o link sobre este massacre.
Traduzido por Leo Gott à partir do link:
Introdução
Os assassinatos em Rumbula aconteceram entre 30 de Novembro e 8 de Dezembro de 1941. Em apenas 2 dias cerca de 25.000 judeus foram assassinados. Foi a maior atrocidade em 2 dias exceto por Babi Yar e antes dos campos de extermínio entrarem em operação. O evento ficou conhecido por vários nomes: A Grande Ação, a Ação Jeckeln e a Ação de Rumbula. Na Letônia é conhecido simplesmente como Rumbula. O nome deriva de uma pequena estação ferroviária sobre a linha Rîga Daugavpils, no décimo segundo quilômetro à partir de Rîga onde comboios locais utilizavam para parar.

O local da matança foi a cerca de dez quilômetros a partir do portão do gueto, a 250 metros da estação, bem perto dos ouvidos, e, para pessoas maiores, dava pra ver à distância. O terreno era arenoso e desnivelado. Cavar buracos era fácil. Situado na margem norte do Rio Daugava, o local da matança estava aninhado em uma estreita faixa de terra entre os trilhos e uma importante rodovia que ligava Rîga com Daugavpils. Para o leste e ao norte do campo de abate estava um campo de treinamento do exército da Letônia, que antigamente era usado pelo Exército Czarista. Neste vasto e desabitado território, parte de florestas, pântanos ao lado, uma parte arenosa cobrindo o solo, unidades de infantaria treinavam no verão. A floresta próxima a Rumbula era conhecida como Vårnu meΩs (Floresta do Corvo) primeiramente para alguns letos, antes da matança, o terreno era conhecido como Rumbula, e depois da matança chamado de Vårnu meΩs.


A margem norte do Rio Daugava seguindo no sentido de Rumbula foi manchado como lugar de atrocidades. Somente para fora do gueto à esquerda era Centrålcietums, onde durante Julho e Agosto os judeus de Riga foram amontoados e transportados para Bi˚ernieki.

Í˚irotava, a estação de triagem da ferrovia de Riga, foi também o ponto de desembarque dos judeus europeus enviados para a Letônia e tornou-se palco de atrocidades cometidas durante o Inverno de 1941-42. JumpravmuiΩuma, o menor e mais cruel dos KZ na Letónia, ia pela estrada à direita. Mais distante, à esquerda, é Drei¬¬u Forest, outro local de matança. Além de Rumbula teve o famigerado KZL Salaspils, e mais longe, um enorme POW ao ar-livre. Hoje, o local da matança em Rumbula é densamente coberto por pinheiros, cuja dimensão, devido ao solo pobre, desmente a sua idade[1].

terça-feira, 22 de abril de 2008

O Primeiro Holocausto do século XX: Genocídio Armênio

Genocídio armênio,("Hayoc' c'ejaspanut'iwn" em armênio), Holocausto armênio ou ainda o Massacre dos armênios é como é chamada a matança e deportação forçada de centenas de milhares ou até mais de um milhão de pessoas de origem armênia que viviam no Império Otomano, com a firme, irreversivel e cruel intenção de arruinar sua vida cultural, econômica e seu ambiente familiar, durante o governo dos chamados Jovens turcos, de 1915 a 1917.

Está firmemente estabelecido que foi o primeiro genocídio, e há evidências do plano organizado e intentado de eliminar sistematicamente os armênios. É o segundo mais estudado evento desse tipo, depois do Holocausto dos judeus na Segunda Guerra, e vários estudiosos afirmam ter Hitler pronunciado a frase Afinal quem fala hoje do extermínio dos armênios ? em 1939, nas vésperas da invasão da Polônia. . Adota-se a data de 24 de abril de 1915 como início do massacre, por ser a data em que dezenas de lideranças armênias foram presas e massacradas em Istambul.

O governo turco atual rejeita o termo genocídio organizado e que as mortes tenham sido intencionais.

Cenário

Embora as reformas de 8 de fevereiro de 1914 não satisfizessem as exigências do povo armênio, pelo menos abriam o caminho para realizar o ideal pelo que havia lutado durante gerações, com sacrifico de inúmeros mártires.

"Uma Armênia autônoma dentro das fronteiras do Império Otomano", era o anseio do povo armênio. Um mês mais tarde, em 28 de julho, começava a Primeira Guerra Mundial.

Esse conflito resultou trágico, pois deu oportunidade ao movimento político dos Jovens Turcos de realizar seu premeditado projeto de aniquilação o povo armênio. Na noite de 24 de abril de 1915 foram aprisionados em Constantinopla mais de seiscentos intelectuais, políticos, escritores, religiosos e profissionais armênios, que foram levados a força ao interior do país e selvagemente assassinados.

Depois de privar o povo de seus dirigentes, começou a deportação e o massacre dos armênios que habitavam os territórios asiáticos do Império. Mewlazada Rifar, membro do Comitê de União e Progresso, em seu livro Bastidores obscuros da Revolução Turca, disse:


Em princípios de 1915 o Comitê de União e Progresso, em sessão secreta presidiada por Talat, decide o extermínio dos armênios. Participaram da reunião Talat, Enver, o Dr. Behaeddin Shakir, Kara Kemal, o Dr. Nazim Shavid, Hassan Fehmi e Agha Oghlu Amed. Designou-se uma comissão executora do programa de extermínio integrada pelo Dr. Nazim, o Ministro da Educação Shukri e o Dr. Behaeddin Shakir. Esta comissão resolveu libertar da prisão os 12.000 criminosos que cumpriam diversas condenações e aos quais se encarregava o massacre dos armênios.
Mewlazada Rifar


O Dr. Nazim Bei escreve:
Se não existissem os armênios, com uma só indicação do Comitê de União e Progresso poderíamos colocar a Turquia no caminho requerido. O Comitê decidiu liberar a pátria desta raça maldita e assumir ante a história otomana a responsabilidade a que este fato implica. Resolver exterminar todos os armênios residentes na Turquia, sem deixar vivo a um só deles; nesse sentido foram outorgados amplos poderes ao governo.
Nazim Bei
A cidade de Alepo caiu na mão dos ingleses e foram encontrados muitos documentos que confirmavam que o extermínio dos armênios teria sido organizado pelos turcos. Um destes documentos é um telegrama circular dirigido a todos os governadores:

À Prefeitura de Alepo: Já foi comunicado que o governo decidiu exterminar totalmente os armênios habitantes da Turquia. Os que se opuserem a esta ordem não poderão pertencer então à administração. Sem considerações pelas mulheres, as crianças e os enfermos, por mais trágicos que possam ser os meios de extermínio, sem executar os sentimentos da conseqüência, é necessário por fim à sua existência. 13 de setembro de 1915.

O ministro do Interior, Talat.

Execuções em Aleppo - 1915

Testemunhos

«Em geral, as caravanas de armênios deportados não chegavam muito longe. À medida em que avançavam, seu numero diminuía com conseqüência da ação dos fuzis, dos sabres, da fome e do esgotamento... Os mais repulsivos instintos animais eram despertados nos soldados por essas desgraçadas criaturas. Torturavam e matavam. Se alguns chegavam a Mesopotâmia, eram abandonados sem defesa, sem viveres, em lugares pantanosos do deserto: o calor , a umidade e as enfermidades acabavam, sem dúvida, com a vida deles.» (René Pineau)

Uma viajante alemã escutou o seguinte de uma armênia, em uma das estações do padecimento de um grupo de montanheses armênios:

«Por que não nos matam logo? De dia não temos água e nossos filhos choram de sede; e pela noite os maometanos vêm a nossos leitos e roubam roupas nossas, violam a nossas filhas e mulheres. Quando já não podemos mais caminhar, os soldados nos espancam. Para não serem violentadas, as mulheres se lançam à água, muitas abraçando a crianças de peito

O governo cometeria ainda outra vileza: a maioria dos jovem armênios mobilizados ao começar a guerra não foram enviados à frente, mas integraram brigadas para construção de caminhos. Ao terminar o trabalho todos eles foram fuzilados por soldados turcos.
Jacques de Morgan assim se refere às deportações, aos massacres e aos sofrimento padecidos pelos armênios:

«Não há no mundo um idioma tão rico, tão colorido, que possa descrever os horrores armênios, para expressar os padecimentos físicos e morais de tão inocentes mártires. Os restos dos terríveis massacres, todos testemunhos da morte seus entes queridos, foram concentrados em determinados lugares a submetido a torturas indescritíveis e a humilhações que os faziam preferir a morte
(Jacques de Morgan)

O povo armênio não desapareceu quando estava nos desertos da Mesopotâmia: as mães armênias ensinavam a ler aos seus filhos desenhando as letras do alfabeto armênio na areia.

Fonte: http://www.cineguerra.com/bbs/viewtopic.php?p=1367&sid=e07ce091dbb0986a7b33630e36cd58f6
Texto compilado na Wikipedia em português, fontes de referência:
Sokatch,Daniel - É preciso condenar o genocídio armênio, OESP, pg 22, 6 de Maio de 2007.
Akçam, Taner, From Empire to Republic: Turkish Nationalism and the Armenian Genocide, Zed Books, 2004
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Fotos do genocídio, tiradas por Armin Wegner
http://www.armenian-genocide.org/photo_wegner.html#photo_collection

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