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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Quem traiu Anne Frank? Caso em aberto

Anne Frank (segunda a partir da esquerda), com suas
amigas, em 1939.
Uma equipe reabre a investigação a partir do achado de uma lista com os informantes dos nazis em Amsterdã.

Quem traiu Anne Frank e sua família e amigos judeus durante a Segunda Guerra Mundial? A pergunta foi feita durante décadas por múltiplos historiadores, escritores e jornalistas, mas ninguém conseguiu encontrar uma resposta fiável. Um agente jubilado do FBI se pôs agora no comando de uma equipe internacional de especialistas para buscar, usando técnicas policiais, novas pistas que permitam identificar o traidor.

O ex-agente Vince Pankoke, de 59 anos, está tratando de resolver a história pergunta e a mais frequente entre os visitantes do Museu Casa de Anne Frank em Amsterdã: a fonte que informou e permitiu os nazis descobrirem em 1944 o esconderijo dos Frank na rua Prinsengracht da capital holandesa.

As tentativas anteriores não chegaram a grandes resultados, mas esta equipe, composta por especialistas procedentes de diferentes partes do mundo, utiliza sua experiência, múltiplas técnicas usadas em casos frios e informação privilegiada de arquivos históricos de outros países para encontrar as respostas.

Na equipe de 19 pessoas figuram criminólogos, historiadores, jornalistas e informáticos, assim como um ex-chefe da unidade de Ciências do Comportamento do FBI, Roger Depue. A Holanda também se voltou para colaborar neste estudo, permitindo o acesso ao Arquivo Nacional dos Países Baixos, o instituto de guerra, os relatórios sobre o Holocausto e o genocídio, a prefeitura de Amsterdã etc.

Os investigadores estão fazendo uso de um novo software que pode organizar e analisar grandes quantidades de dados. A companhia Xomnia de Amsterdã, especializada no processamento de informação, está proporcionando suporte e inteligência artificial para a investigação.

"Há tanta informação disponível, de arquivos e velhas pesquisas, que para um ser humano é difícil de vincular e analisar, mas com bons programas de ordenador é possível fazer isso, pode-se analisar e fazer conexões", afirmou Pankoke, segundo a imprensa holandesa.

A ideia de iniciar este novo estudo veio do cineasta holandês Thijs Bayens e do jornalista Van Twisk. Ambos se reuniram com o ex-agente do FBI, que se aposentou no ano passado, para lhe pedir que dirigisse esta investigação na qual há também um ex-oficial da polícia holandesa.

Depois da segunda guerra mundial, os soldados estadounidenses reuniram toda a informação disponível e a enviaram para os Estados Unidos. Todos esses documentos estão num arquivo com o qual Pankoke passou horas nos últimos meses em busca de pistas. Entre outras questões, descobriu uma lista de informantes dos alemães em Amsterdã. "Os especialistas com os quais falei depois não sabiam da existência desta lista", assegurou.

Em 4 de agosto de 1944, depois de dois anos na clandestinidade escondidos num anexo da rua Prinsengracht, 263, de Amsterdã, Anne Frank foi presa junto com sua família. A traição parecia ser a única conclusão lógica que desembocou nesta detenção, mas a fonte segue sendo uma incógnita até os dias de hoje.

Quando Otto Frank regressou de Auschwitz, descobriu que era o único sobrevivente das oito pessoas que haviam se escondido em Prinsengracht. Sua esposa, Edith, suas duas filhas Margot e Anne, o dentista Fritz Pfeffer e os demais amigos judeus haviam morrido nos campos de concentração da Alemanha e Polônia.

Imediatamente depois da guerra, Otto iniciou uma investigação sobre a traição. O principal suspeito por isso até então era um dos trabalhadores do armazém, Wilhem van Maaren. Contudo, dois investigações, uma em 1947 e outra em 1963 lhe exoneraram de culpa por falta de provas.

Pankoke lançou uma página na web para recolher toda a informação útil que já apareceu nessas décadas para sua investigação. Durante os últimos 73 anos, várias pessoas tentaram resolver o mistério da traição, o que resultou em cerca de trinta suspeitos: um vizinho? um antigo empregado? uma faxineira? Pankoke está no caso.

Fonte: El Mundo (Espanha)
http://www.elmundo.es/cultura/2017/10/03/59d3441e268e3e46328b457d.html
Título original: "¿Quién traicionó a Ana Frank? Caso abierto"
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 23 de março de 2014

Sobre o livro "...e a guerra continua", N. Toedter - parte 01

A quem quiser ler mais comentários sobre esse livro, conferir nesta tag os textos anteriores que o Leo escreveu. Mas como nunca havia parado pra ver esse livro com atenção, a primeira constatação negativa e óbvia em relação ao mesmo é que: não possui notas ou indicação de fontes, algo básico prum livro de História.

Todas as citações de fatos históricos etc não possuem fonte e contém pilhas de erros (conceituais, distorções) em virtude do posicionamento ideológico do autor do livro.

Mas, algum "revi" tentando desqualificar a afirmação acima pode chegar e dizer: "Ah, mas isto é um livro de memórias"... bem, as partes de memórias são uma coisa, e são enviesadas com a opinião política do autor, mas a parte que cita episódios/fatos pra se chegar a alguma conclusão não são "memórias", é a isso que me refiro. Faço questão de ressaltar o problema me antecipando antes que algum "revi" venha fazer esse sofisma pra desqualificar a constatação.

Mas prosseguindo, não vai dar pra citar o livro inteiro obviamente (por isso o destaque no título pra "parte 01" pois provavelmente poderá haver uma "parte 02", "03" etc), mas só pra dar uma ideia do tipo de erro que tem no livro a gente separa trechos.

Começamos primeiro por um erro conceitual do autor que mistura ou não distingue a questão da nacionalidade (algo não opcional exceto quando alguém se naturaliza) da questão de ideologia política (que é uma opção, escolha), pois são duas coisas distintas apesar do nazismo ter alimentado a ideia de que nazismo seria o equivalente à "Alemanha" e "alemão" por ser uma ideologia política ultranacionalista xenófoba, um tipo de fascismo com apego desmedido à questão de "etnia" ou como eles chamavam, "raça".

Ao contrário do que o Sr. Toedter afirma no livro, não foi a propaganda contra o nazismo quem "inventou" essa associação, eram os próprios nazis que intencionalmente faziam a "confusão", pois agiam de acordo com a ideologia ultranacionalista que defendiam fazendo essa deturpação e mistura dos conceitos de nacionalidade e ideologia.

Destaco o trecho sobre neonazis/skinheads, páginas 139-140 (da edição do PDF, na edição da página consta como tendo sendo uma página a menos, cada):
Outro elemento importante da campanha é a identidade que conseguiu estabelecer através dos anos entre "nazista" e "alemão"' Mesmo quando acusam algum croata ou ucraniano (eram aliados do Eixo) de alguma coisa que teria acontecido naqueles tempos nunca esquecem o qualificativo de "nazista", por conseguinte "alemão" para o grande público' Sempre existiram os inconformados, os rebeldes, os anarquistas. Sua associação em bandos, formando as temidas "gangues", também é comum. Sempre escolheram símbolos, tais como a caveira ou o diabo, capazes de aterrorizar as pessoas. Pelo mesmo motivo vestem-se ou caracterizam-se de forma diferente. A cabeça raspada lembra a imagem sombria do criminoso (que, quando preso, tinha os cabelos raspados para evitar os piolhos). É claro que estes skin heads hoje em dia se enfeitam com a suástica e dizem ser discípulos de Hitler. É mais do que lógico que busquem se identificar com o inimigo público número 1, e, consequentemente, são classificados e chamados de "neonazistas". Na verdade nada representam de ideológico ou de político, como o são ou foram os movimentos nacional-socialista, fascista, falangista, integralista ou comunista. Mas cada ação destes baderneiros e terroristas é bem vinda á campanha de difamação do alemão.
Vamos aos erros do trecho acima.

1. Como já disse lá acima, quem fazia a associação 'alemão = nazista' eram os próprios nazis tanto que a bandeira adotada na Alemanha nazista foi esta (link2) com a suástica do regime nazista. Então quem estabeleceu o quê, afinal? Querer acusar os outros de terem "criado" o que os próprios nazis fizeram é inversão (distorção), pura e simples.

É outra afirmação falsa quando afirma que quando pessoas acusam outros bandos ultranacionalistas xenófobos de serem nazistas estão associando isso a alemães. A maioria das pessoas sabe diferenciar ideologia política (opção, escolha) de nacionalidade. Curioso ler tanto vitimismo nesses livros "revis" já que é uma acusação recorrente entre "revis" de que judeus fazem uso de vitimismo pra angariar simpatias em torno do Holocausto. Os "revis" partem do pressuposto de que as pessoas não conseguem separar fatos como a segunda guerra, nacionalidade etc. Haja presunção e chute.

A Ucrânia foi "aliada", em termos, dos nazis, como já foi destacado aqui blog (checar a tag Ucrânia), havia grupos fascistas xenófobos na Ucrânia e esses além de declararem um Estado independente na Ucrânia em 1941, foram colaboracionistas dos nazis inclusive na limpeza étnica (genocídio) na Ucrânia exterminando judeus e outras minorias, mas a própria Ucrânia retornaria a ser uma das Repúblicas soviéticas quando os soviéticos retomaram seu controle.

A Ustasha (movimento fascista croata) é retratada aqui (checar todos os links relacionados à Ustasha nesta tag), e não há confusão alguma com alemães. Inclusive o fascismo da Ustasha (que há contestação se era um regime fascista de fato ou nacionalismo de direita) era muito semelhante ao nazismo nas ideias de limpeza étnica que praticou na Croácia independente contra as minorias da Croácia (sérvios, judeus, ciganos etc).

2. Sobre rotularem grupos como neonazistas e a afirmação de que "nada representam de ideológico ou de político", é outra afirmação falsa ou vazia pois sim, eles representam algo ideológico e político, mesmo que seja possível afirmar que vários deles são completamente débeis até pros padrões políticos daquilo que supostamente defendem.

Pegando o caso brasileiro já que é um dos mais bizarros, mas não o único caso bizarro, muitos neonazis brasileiros repetem ideias de "superioridade racial" e se dizem nazistas ignorando que o nazismo original era só pra alemães (ou alemães étnicos) sem fazer qualquer adaptação ao país, já que muitos destes nem descendentes de alemães são e usam essa simbologia do nazismo original (alemão) sendo que vários se encaixariam em grupos que os nazis originais sentiriam certo desprezo como descendentes de portugueses, espanhóis, italianos etc, apesar da aliança entre Alemanha nazi e Itália fascista, os nazis nunca nutriram simpatias abertas pela Itália. Destaco o grupo dos portugueses e italianos pois são os maiores grupos étnicos europeus no Brasil, e o português o maior e com presença desde a primeira colonização do país sem interrupção.

A ideia de "supremacia branca" não é original do nazismo, já era uma ideia disseminada na própria Europa pra justificar a ideia de "supremacia europeia" com seus colonialismos praticados por vários países (Portugal, Espanha, Inglaterra, França etc) em várias regiões (continente americano, asiático, oriente médio, África), só que essas ideias racistas que surgiram na Europa logo conseguiram criar outras subdivisões racistas ou classificações hierárquicas de "raças" mesmo entre povos europeus, por isso que muita gente cria confusão com essas ideias (furadas, por sinal) que eram tidas como algo absoluto em outros tempos quando surgiram e foram disseminadas pela imprensa, ciência etc.

Nessas subdivisões do racismo europeu surge uma corrente chamada "nordicismo" que é mais ou menos de onde vem a ideia de "supremacia ariana" que os nazis adotaram e defenderam como ideário/meta biológica a se atingir em relação ao tipo nórdico da Escandinávia (loiro, de olho azul etc). Isso não quer dizer que outros países europeus não fossem bastante racistas e que não tivessem seus próprios "conceitos racistas" adequados a seus biotipos ou estereótipos (é mais um dos absurdos das crenças racistas, elas conseguem ser destrutivas entre si). Um exemplo claro disso (puxando mais pro século XX, mas a ideia é bem anterior a esse século) é o do programa "racial" do Partido Fascista italiano pois há o mito de que os demais fascismos não eram racistas, confiram o link: Italian Fascism and racism.

3. Não entendo o porquê da cisma das pessoas com o termo "neo", parece que não sabem o que significa: "neo" nada mais é, ou quer dizer, "novo". Todo movimento com roupagem ou características políticas do nazismo no pós-segunda guerra é geralmente chamado de neonazista (que literalmente seria "novo nazismo"). Embora as diferenças entre neofascismo e neonazismo na Europa atual sejam cada vez mais tênues (e ambos são fascismos).

O autor faz uma mera confusão semântica pra negar a natureza desses bandos, que na maioria absoluta dos casos não se denominam neonazis ou nazis e sim "nacional-socialistas" pois nazistas em geral têm cisma com o termo "nazi" (acham-no que ofensivo) mas não têm cisma com o termo "nacional-socialista".

4. Mais um adendo à questão das gangues de skinheads de direita (neonazis) pois a afirmação acima do livro diz que "nada representam politicamente ou ideologicamente", pois bem, pelo visto o autor do livro não é muito informado sobre o próprio movimento nazista e seu início com suas SA (Sturmabteilung), milícia nazista comandada por Ernst Röhm, que era homossexual e que chegou a rivalizar com Hitler porque queria uma revolução nazi total e radical na Alemanha (fonte: livro Hitler, Joachim Fest) e como o 'cabo Adolfo' queria consolidar o poder com a elite alemã e as forças armadas, por esta razão Röhm foi assassinado no episódio que ficou conhecido como Noite dos Longos Punhais e as SA dissolvidas com a SS tomando seu lugar em definitivo como organização paramilitar (milícia) do partido nazi.

As SA hoje seria algo bem parecido com esses grupos de neonazis carecas tocando o terror (fazendo baderna) pois era exatamente isso que elas faziam na ascensão do partido nazista na Alemanha pra intimidar os partidos rivais. A diferença daquela época pros dias atuais é que hoje não possuem um líder ou partido político com força de aglutinar esse terrorismo intencional deles pra tirar dividendos políticos como Hitler fez, mas representam sim algo ideológico e político não muito diferente das SA originais.

Curioso é que a literatura "consumida" por essas gangues são justamente publicações de extrema-direita.
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Destaco mais outro trecho, página 139 (edição digital):
Hollywood produziu neste meio século um sem-número de filmes sobre a IIa Guerra Mundial, na maioria despretensiosos, mas sempre mostrando o alemão abobalhado, desengonçado, brutal, maldoso' Em síntese: o mau. É um filão que fascinou cineastas também de outros países. No Brasil o filme "Aleluia, Gretchen" deu aos nazistas tupiniquins o perfil e colorido ditado pela Meca do cinema mundial. Mas isto foi apenas "pára-quedismo". Embarcaram na onda. Foram outros os celulóides que formaram o poderoso núcleo desta campanha de pós-guerra.

Uma rede de televisão brasileira vem repetindo ano a ano a apresentação da série "Holocausto". Outro cavalo de batalha é a "Lista
de Schindler".
1. Novamente a "confusão" entre nacionalidade (no caso a nacionalidade alemã) com ideologia política (nazismo), causada pelo próprio nazismo. E pra variar, mais vitimismo, como se as pessoas não soubessem distinguir uma coisa da outra. Pode ser (ou muito provável que tenha ocorrido) que no pós-segunda guerra, pela memória fresca da guerra e as feridas abertas recentes, o povo de fato não fizesse questão de diferenciar uma coisa da outra pois a imagem do nazismo com a Alemanha ficou muito marcada, mas afirmar isso hoje em dia depois da reunificação da Alemanha e um monte de mudanças no mundo (queda da União Soviética, do Muro de Berlim etc) é uma bobagem sem tamanho.

2. Eu nunca assisti essa minissérie "Holocausto" na TV aberta, não lembro que rede de TV do Brasil exibiu isso, se exibiu. Não estou duvidando que possam ter exibido, mas exibir ano após ano? Fatalmente eu e muita gente teria assistido e simplesmente não lembro dessa série (e tenho boa memória), que só assisti (pulando partes, pois não gosto desse tipo de produção) graças à internet pois ela está fora de catálogo. Lembro que ela chegou a ser exibida em algum canal por assinatura, mas eu não cheguei a assistir aí também.

Por ironia pura, pois acho engraçado quando fazem essas afirmações vitimistas sobre filmes, eu demorei pra assistir o filme "A Lista de Schindler", e não lembro de ter visto mais que duas vezes. Também não vejo a TV brasileira (canais abertos) passando mais filmes de segunda guerra ou sobre o Holocausto (será que "nazistificaram" as TVs do Brasil? rs). Como também não passam mais muitos filmes sobre a Guerra Fria ou documentários sobre as ditaduras brasileiras ou mesmo políticos e históricos.

Por sinal, eu tenho certa cisma com esse filme do Spielberg e há várias críticas (link1, link2, link3) sobre como o Schindler é retratado no filme (em detrimento do Schindler real). Não gosto do Spielberg fazendo filme de drama, o melhor filme sobre o Holocausto que eu vi se chama O Pianista, do Roman Polanski, que é um filme europeu (com uma visão mais europeia da guerra) e não norte-americano. Há um documentário não novo sobre o Schindler que aponta as distorções feitas no filme (sobre o caráter dele), não sei se é este, mas vale a pena assistir (não se trata de documentário "revisionista").
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Mais outro trecho (página 141, edição digital):
Há que se perguntar: filmes como "Holocausto', não incitam à discriminação e ao preconceito de etnias? Quanto não sofrem crianças até hoje no seu cotidiano nas escolas brasileiras só porque tem cara ou nome de alemão?
1. Filme "Holocausto" não existe, fiz até post sobre isso. Mas não vou ser chato (pegar "tanto" no pé) e posso admitir que ele queria se referir à minissérie "Holocausto".

2. Não, minisséries como "Holocausto" não incitam discriminação e preconceito a etnias, afirmar isso é choradeira. Essa é uma afirmação que beira a idiotice. Eu queria entender o que se passa na cabeça de uma pessoa pra achar que uma pessoa só por ter sobrenome alemão hoje em dia seria discriminado por isso no Brasil. A afirmação é decorrente de algum trauma de guerra? É bastante provável, mas até trauma tem cura, já faz décadas da guerra e muita gente que passou por ela não ostenta esse pensamento paranoico.

Há sim relatos de perseguição a descendentes de alemães (italianos e japoneses) no Brasil no período varguista, alguns foram presos em campos de concentração do Estado Novo como inimigos do Estado (brasileiro) pois o governo getulista considerava que alguns poderiam ser quinta-coluna operando pra Estados inimigos (da trinca do Eixo, Japão, Itália e Alemanha), principalmente quando o Brasil rompeu relações diplomáticas com o eixo em 1942. O resto da afirmativa (até porque não entra em detalhes, quem detalhou fui eu) é vitimismo e retórica que carece de fundamento.
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Outro trecho, página 143 (edição digital):
Toda boa campanha tem que ter símbolos, bandeiras. Uma destas bandeiras é o "Diário de Anne Frank". É, certamente, e apesar de ter sua autenticidade contestada, um dos livros mais promovidos do mundo, senão o mais promovido, considerando os cinquenta anos que é mantido nas prateleiras. Não o li, nem pretendo fazê-lo, mas pergunto: Não existiram centenas de milhares de crianças vítimas de tragédias? Por que não há um livro duma Marianne Müller, que tenha sobrevivido ao horror dum bombardeio, assistindo seus pais sucumbirem no fogo qual tochas humanas? Ou duma Annemarie qualquer relatando os sofrimentos de quem viu a família dizimada em outra cena de terror na qual o causador não tenha sido exatamente um alemão? Se tivessem sido escritos, talvez não teriam sido editados. se editados, teriam sido esquecidos no fundo das prateleiras.
1. Eis o primeiro trecho de fato abertamente negacionista (dos retratados acima). O autor não leu o diário, conforme cita. Mas pior que isso, não leu ou se leu não citou que tipo de "contestação" (e quem a faz) que é feita diário, bem como as críticas a este grupo que "contesta" e as refutações aos mesmos. Podem ler os links relativos a essa discussão aqui e aqui (já publicado no blog, clicar na tag do diário).

2. O resto do trecho é uma tentativa de inversão ridícula ignorando quem foi a parte agressora do evento segunda guerra (o regime nazista e sua ideologia de expansão territorial, genocídio etc) como se a Alemanha tivesse sido vítima dessa guerra e não a parte agressora. Ao afirmar isso não estou afirmando que há santos em guerra, só que agressores existem sim (responsáveis), é como alguém negar que os Estados Unidos tenham sido agressores na invasão do Iraque em 2003 que dura até hoje (2014), 11 anos praticamente.

Civis são vítimas de uma guerra, mas a parte agressora costuma ser responsabilizada pelo conflito, não é "privilégio" (entre aspas) da Alemanha vide a Guerra do Paraguai e a quem recai a culpa pelas mazelas do conflito (o Brasil). Eu não vejo nenhum brasileiro por aí ficar de choro com isso.

Por que não se tem diários de "Marianne Müller"? Será que por que nenhuma Marianne Müller escreveu um diário? (rs). E supondo que alguma tivesse escrito, vai ver ela não possui essa ideia vitimista que o autor do livro acima repassa, além da posição dele no livro ser uma posição pessoal e não coletiva, calcada num forte apego étnico?

Mas vem uma pergunta disso: por que tem que haver um diário de uma garota alemã por que existe um diário conhecido de uma garota judia holandesa morta em campos de concentração decorrente da política racista dos nazis? Qual a lógica dessa afirmação afinal? Não se sabia que um diário de uma garota judia holandesa iria fazer tanto sucesso editorial como esse diário fez. O Sr. Toedter parte de um pressuposto determinista como se as coisas tivessem sido preconcebidas de forma "mágica" (algo fantasioso e crendice pura) como se se pudesse determinar o que fará ou não sucesso, deve ter alguma bola de cristal. O acaso não existe mais, tudo está "determinado", a gente já "sabe" até o que fará sucesso amanhã, hoje e sempre (conteúdo irônico, mas a ironia é em cima desse determinismo fantasioso que critiquei acima).

O diário citado poderia ter ficado obscuro e sem sucesso algum, nunca pensou nessa possibilidade? Não existe uma explicação ou fórmula pra saber porque livro "x" faz mais sucesso e outros não, por que Paulo Coelho vende muito e Servantes não?

É provável que por ser uma garota com idade "x", com certo carisma, tenha causado uma empatia com o público geral com este fato. E não só existe esse diário, caso recente também de repercussão é esse diário da garota paquistanesa Malala ("Eu sou Malala"). Não é o tipo de leitura que me agrada, mas esse fatalismo do trecho acima é tétrico. "Teriam sido esquecidos", "não tenham sido editados", quanto drama, quanto achismo, quanto chute. Opinião não é História (é o caso desse livro "revisionista" citado no post pra análise), opinião é só opinião mesmo, não quer dizer que algo por ser opinião seja algo correto.
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Vou ficando por aqui nessa primeira parte, mas já deu pra ver o 'nível' do texto... é tanto erro, é tanta coisa que é visivelmente banal, é tanta coisa citada sem fonte alguma que eu ia começar falando das partes sobre a Áustria (da rivalidade que havia entre Áustria católica e Alemanha de maioria protestante, fora outras questões da Unificação da Alemanha no século XIX) mas acabei começando pelas partes acima só pra mostrar o "tipo" de texto do livro.

Como sempre faço, eu sempre leio depois o texto do post, pois não fiz correção. Por isso costumo acrescentar links se achar que faltou algo ou mesmo corrigir alguma parte. Gostaria de fazer algo mais elaborado, mas paciência, escrever em cima de coisas (afirmações) nitidamente tolas é dose (algo bem chato). É isso que os ditos "revisionistas" repassam como "grande contestação" do genocídio da Segunda Guerra, sobre o nazismo etc em português.

P.S. importante, mas já comentei antes mas faço questão de repetir: eu não uso fakes pra comentar em blogs "revis". Por que digo isso? Porque há vários fakes comentando em blogs "revis" e que alguns desses "revis" os deixam comentando pra ter com quem "discutir". Algo bem óbvio que qualquer pessoa nota logo de cara, além das insinuações que os fakes possam ser das pessoas que têm posição contrária a deles. A questão é que não uso fake pra discutir, é só ver o post acima. Inclusive já indiquei o RODOH (fórum) como local de discussão se quisessem e nada. Além deu achar imbecis os comentários de vários desses fakes e uma atitude idiota da parte dessas pessoas pois demonstram ter um medo profundo desses "revis", senão não usariam fakes pra discutir (quando não, xingar). E digo isso porque parte desses blogs têm moderação de comentários, ou seja, o moderador do blog tem como aprovar ou rejeitar um comentário, se deixa passar é porque quis. Mas não deixa de ser engraçado eles deixarem passar isso, pois se de fato se sentissem tão "irritados", como alegam, com esses comentários, por que deixam os comentários passarem já que são de fakes? Patético.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Minúcias do Holocausto (Arnost Tauber; Dov Paisikovic)

O documento de Nuremberg NI-4829 é o depoimento de um certo Arnost Tauber, que afirma (ênfase minha):
Fui preso em duas ocasiões. A primeira vez em maio de 1939 pela distribuição de illegal leaflets. Fui preso por 77 dias. Em setembro de 1939 fui preso pela segunda vez no in the course of the hostage actions and levado a Dachau por meio da prisão em Pankratz, e de lá para Buchenwald. De Buchenwald fui transferido para o campo principal de Auschwitz em outubro de 1942, e uma semana mais tarde fui enviado de lá para Monowitz com o primeiro transporte. Permaneci em Monowitz até agosto de 1944, quando fui transferido para Treblinka.
E durante o interrogatório:
Pergunta: Então você foi enviado para Treblinka em 4 de agosto de 1944, correto?

Resp. Sim.
Mas o que se passa aqui? Treblinka está claramente fora de lugar neste testemunho.

Mas tente lembrar de um campo diretamente relacionado a Auschwitz com um nome semelhante. Se você pensou em Trzebinia, você acertou. Permitam-me citar o livro 'Auschwitz Chronicle' de D. Czech (pág. 787):
Os prisioneiros são evacuados do campo auxiliar de Trzebinia e aqueles capazes de marchar são conduzidos a Auschwitz. [...] Arnost Tauber, Abraham Piasecki e Karl Broszio escaparam durante a marcha a pé.
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Às vezes, os "revisionistas" podem ser úteis. Assim, um "revi" de nick "polardude" encontrou uma discrepância entre uma lista de transporte de Westerbork e o livro 'Auschwitz Chronicle' de Czech. A lista na pág. 51 da edição crítica revisada do Diário de Anne Frank, 453 judeus partem para Auschwitz em 19 de maio de 1944, entre eles 199 homens, 220 mulheres e 34 crianças.

Por outro lado, Czech lista 453 judeus que chegam de Westerbork em 21 de maio de 1944, assim: 250 homens receberam numeração A-2846-A-3095, 100 mulheres recebem numeração A-5242-A5341. 103 judeus não registrados foram gaseados. Como esse negacionista aponta, mesmo com todas as crianças do sexo masculino, haveria apenas 233 homens sobre este transporte. Agora, obviamente, Czech está errado.

Mas essa correção também nos permite endereçar uma suspeita a Carlo Mattogno sobre Dov Paisikovic, que ele citou em seus livros sobre os Bunkers e as incinerações ao ar livre:
Em 17 de outubro de 1963, em Viena, Dov Paisikovic escreveu um relatório sobre sua experiência como membro da então chamada unidade especial de Auschwitz. Como ele afirma com freqüência, Paisikovic (nascido em Rakowec, então na Tchecoslováquia, em 1 de abril de 1924) foi deportado para Auschwitz do gueto em Munkacs (Hungria) em Maio de 1944 e foi registrado com a ID de número A-3076. No entanto, de acordo com a o livro de Danuta Czech, os números de identificação de A-2846 até A-3095 foram atribuídos a 250 judeus holandeses vindos do campo de Westerbork.
Agora que sabemos que Czech estava errado, não há nenhum mistério - o número de Paisikovic é de fato legítimo.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2006/08/holocaust-minutiae-arnost-tauber-dov.html
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"Revisionismo"(negação do Holocausto): Não ignorar, e sim esclarecer!

Não ignorar, e sim esclarecer!

O impacto causado pelos revisionistas é difícil de se avaliar e certamente não pode ser medido. Entretanto, uma coisa fica clara quando nos ocupamos mais de perto desses autores. Seus objetivos não são genuinamente histórico-científícos, como querer saber e averiguar o que realmente ocorreu. Seus objetivos são políticos, porque eles querem provar que não foi assim.

Através do questionamento, da negação, da colocação em dúvida, eles querem reabilitar Hitler e o nacional-socialismo. Ou seja, o que eles querem é a volta do totalitarismo. Porque se Auschwitz não foi assim como acreditamos que foi, o que restaria então da condenação do nazismo, da culpa da Alemanha, da autocompreensão da democracia depois da guerra? Tudo isto teria sido construído sobre areia e a História teria que ser fundamentalmente rescrita e revisada. Por isso, eles se chamam, coerentemente, de revisionistas. O que eles querem é causar insegurança e - é o que supomos - é o que eles fazem.

As alegações dos revisionistas também não podem ser recusadas apressadamente, porque se desconsiderarmos, por um momento, o conteúdo do que eles defendem, veremos que eles utilizam uma certa metodologia e o grau com que eles o fazem deve ser examinado com rigor. Pode-se dizer que tais métodos, cuja aplicação é preciso analisar caso a caso obviamente, possuem níveis de eficácia, à primeira vista. Isto porque o questionamento, a dúvida, a objeção racional, a exigência de documentações inequívocas de fatos e de testemunhos parecem depor em seu favor. Qual é o cientista que, em princípio, não gosta de ouvir este tipo de linguagem?

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Os revisionistas também se fazem passar por perseguidos pelos meios de comunicação cooptados e manipulados pelos "políticos". Eles gostam de referir-se a si próprios como pessoas cuja voz estaria sendo silenciada, como mártires da verdade e do direito, paladinos do preceito jurídico que diz "que seja ouvida também a outra parte". Provavelmente o impacto causado por esses autores é considerável. Assim, é preciso fazer frente a eles e isto deve ser feito com argumentos. O que ocorre é que não se pode fazer frente às pessoas que negam a existência de câmaras de gás e do extermínio em massa, ignorando-os ou simplesmente manifestando indignação.

Faz-se necessário um esclarecimento dos fatos ocorridos nos campos de extermínio. Em muitos casos, coisas que já foram há muito tempo esclarecidas, devem ser mais uma vez tornadas acessíveis à opinião pública. Na conclusão de Denying the Holocaust, Deborah Lipstadt afirma:

Antigamente eu era uma defensora declarada da atitude de ignorar. Quando comecei a trabalhar neste livro, o que me perseguiu foi antes o temor de que eu iria consolidar a credibilidade dos revisionistas, se eu me ocupasse com as fantasias que eles produzem. Entretanto, depois de ter me aprofundado nas maquinações dessas pessoas, estou convicta de que a mera desconsideração não representa uma alternativa. A época na qual se poderia esperar que eles se dissipariam por si mesmos como poeira já passou. Muitos de meus alunos já me dirigiram as seguintes perguntas: de onde nós sabemos que houve realmente câmaras de gás? Os diários de Anne Frank são uma invenção? Existem documentos dos quais se pode concluir que os nazistas planejaram o extermínio dos judeus? Alguns desses alunos sabem que perguntas deste tipo são colocadas em circulação pelas pessoas que negam o Holocausto. Outros, porém, não estão conscientes disto. Eles ouviram tais objeções em algum lugar e se sentem inseguros. (Lipstadt, 1994: 453)
Dificilmente teremos condições de discutir com os próprios defensores da negação, dado o ponto ao qual eles chegaram, enterrando a si próprios numa atitude de isolamento e encapsulamento. Tendo em vista essa atitude, pouco temos a dizer aos revisionistas; e, certamente, pelas razões que já expus, pouco ou quase nada eles têm a dizer-nos, pesquisadores do tema do Holocausto e do nacional-socialismo.

Entretanto, visto que a dúvida e a insegurança são disseminadas pelas perguntas que eles formulam, mesmo que tais perguntas não sejam reconhecidas, faz-se necessário, no contexto da formação política e histórica, acionar uma argumentação clara em contraposição a esses defensores da negação.

É perfeitamente concebível que, no futuro, os neonazistas venham a escolher outros campos para o seu trabalho de agitação. As sentenças emitidas pelos tribunais por causa da negação de Auschwitz, têm-lhes infringido penas de prisão consideráveis. Por isso, é de se esperar que, num futuro breve, o fantasma da mentira da culpa pela guerra, segundo o qual a II Guerra Mundial teria sido imposta ao Reich alemão pelos aliados ou por Stalin, venha a ser reabilitado. Publicações que apontam nessa direção já estão disponíveis no mercado. (19)

Embora essa tese seja, a partir das fontes, aparentemente mais simples de ser defendida, também nesse caso, temos a obrigação de refutar tal tolice, caso a mesma venha a obter alguma repercussão junto ao público; e devemos fazê-lo, sempre com base em argumentos.

Texto destacado e selecionado por Leo Gott (25/06/07)

Fonte: Neonazismo, negacionismo e extremismo político (Livro)
(Coord. Luis Milman e Paulo Fagundes Vizentini)
http://www.derechos.org/nizkor/brazil/libros/neonazis/cap8.html
Texto completo de: Díetfrid Krause-Vilmar
Universidade de Kassel, Alemanha

sexta-feira, 25 de março de 2011

Partes do diário de Anne Frank foram escritos com esferográfica?

Partes do diário de Anne Frank foram escritos com esferográfica?

Negadores do Holocausto dizem:

Partes do diário de Anne Frank foram escritos com esferográfica, as quais não se encontravam disponíveis antes do fim da guerra.

Negadores do Holocausto argumentam:

David Irving, cuja a Alta Corte em Londres declarou ser um negador do Holocausto, racista e antissemita, afirmou que partes do diário de Anne Frank tinham sido escritos com "caneta esferográfica", sendo que essas canetas não eram disponíveis pro uso até início dos anos de 1950s.[1]

A verdade sobre se algumas partes do diário foram escritas de caneta esferográfica.

Anne escreveu o corpo de seu diário com uma caneta tinteiro - que é uma caneta que utiliza tinta molhada. Os unicos traços significantes de caneta esferográfica caneta estão restritos a dois pedaços de papel soltos colocados junto com os materiais do diário mais tarde (provavelmente por Otto Frank). Eles estão distintamente com uma mão diferente da de Anne. Quando Otto Frank organizou os livros e papeis depois da guerra, ele numerou as páginas, em parte, com esferográfica e, em parte, com lápis colorido.[2]

Conclusão

Anne escreveu o corpo de seu diário com uma caneta tinteiro. Os únicos traços de esferográfica são duas notas soltas escritas por outra pessoa e postas com os papéis mais tarde e alguns números de páginas escritos sobre as folhas durante o processo de compilação.

Notas

1. "David Irving answers a student asking for his views on the Anne Frank Diary."
http://www.fpp.co.uk/Auschwitz/docs/controversies/AnneFrank/Jules150286.html
2. Netherlands State Institute for War Documentation, The Diary of Anne Frank: The Critical Edition (New York: Doubleday, 1988): pp. 160-165.

Fonte: Holocaust Denial on Trial
http://www.hdot.org/en/learning/myth-fact/annefrank2
Tradução: Roberto Lucena

Também ler:
66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto
55. O que provocou a morte de Anne Frank algumas semanas antes do fim da guerra?
56. É autêntico o Diário de Anne Frank?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Partiu-se a árvore da casa de Anne Frank

Partiu-se o castanheiro centenário da casa de Anne Frank

(Foto)A árvore tinha sido atacada por fungos MARCEL ANTONISSE/AFP

Tinha 150 anos e foi um consolo para a adolescente judia que se escondeu durante dois anos num sótão de Amsterdã. Uma tempestade deitou-o abaixo

Era grande e imponente e foi um consolo para a jovem judia Anne Frank, quando ela viveu durante mais de dois anos escondida dos nazis num sótão de Amesterdão, na Segunda Guerra Mundial. Ontem, o castanheiro com mais de 150 anos que ainda estava à entrada da Casa-Museu Anne Frank quebrou-se como um pau de fósforo, sob a força de uma tempestade de vento e chuva.

"Partiu-se completamente, a cerca de um metro do chão", disse um porta-voz da Casa de Anne Frank - que, na altura, estava cheia de turistas, diz a agência Reuters.

O castanheiro era um dos poucos vestígios da natureza que eram visíveis à adolescente judia enquanto ela esteve escondida naquele sótão. Ela fala da árvore no seu diário, que se tornou num best-seller mundial, depois da sua morte, num campo de concentração nazi, em 1945.

"O nosso castanheiro está cheio de flor. Está coberto de folhas e ainda mais bonito do que no ano passado", escreveu ela em Maio de 1944, pouco antes de ser denunciada aos nazis.

A árvore tinha sido atacada por um fungo e, em 2007, esteve para ser derrubada, pois temia-se que pudesse cair e tornar-se um perigo para o milhão de visitantes que o museu de Amesterdão recebe todos os anos.

Mas os responsáveis do museu e especialistas em conservação da natureza desenvolveram um método para segurar o castanheiro com uma grade de aço. A árvore poderia ainda viver algumas dezenas de anos, estimou uma fundação holandesa.

Foram retirados alguns caules do castanheiro que foram plantados num parque de Amsterdã e noutras cidades, para além da Holanda, para fazer castanheiros semelhantes, usando a técnica da germinação por estacas. Mas não há planos para plantar um castanheiro semelhante no mesmo local, ou preservar os restos da árvore, disse à Reuters Arnold Heertje, membro do grupo Support Anne Frank Tree.

"Temos de nos render aos factos. A árvore caiu. Será cortada e vai desaparecer. A intenção não era mantê-la viva para sempre. Viveu 150 anos, agora acabou-se", disse Heertje.

Mas bocados da árvore apareceram logo à venda no site de leilões holandês marktplaats.nl. A maior oferta era de 10 milhões de euros, diz a Reuters.

Fonte: Público20(Portugal)
http://jornal.publico.pt/noticia/24-08-2010/partiuse-o-castanheiro-centenario-da-casa-de-anne-frank-20072282.htm

sábado, 17 de julho de 2010

Marrocos começa a conhecer Anne Frank

Em que pese a fama mundial de seu diário, muitos marroquinos não têm ideia de quem é Anne Frank. Esta semana se inaugura, pela primeira vez no mundo árabe, uma exposição sobre a jovem vítima do Holocausto.


A inauguração ocorre com um fundo de raiva e frustração pelo conflito que não cessa no Oriente Médio. 'Anne Frank: uma história da atualidade’, abrirá-se esta semana em Fez, depois de dois dias de entre treinamento de um grupo de jovens marroquinos que serviram como guias. Muitos deles haviam ouvido falar do Holocausto mas, para uma grande maioria, a história da família de Anne Frank e seu refúgio em um anexo de uma casa em Amsterdã são algo novo. O diário de Anne Frank, no qual a garota judia relata sua vida durante a ocupação nazi, foi só recentemente publicado em língua árabe.

Hafsa Aloui Lamrani, de 19 anos, reconhece que estava , reconhece que estava a par de que os nazis mataram milhões de judeus, mas que até os dias de seu treinamento como guia se pergunta se havia sido correto.

“Aqui no Marracos sempre nos comove o que vemos na televisão, os palestinos, Iraque, Afeganistão. Estamos acostumados a receber notícias chocantes. Mas, esta história de Anne Frank... na qual não há ninguém no mundo que te possa ajudar, onde estás sozinha e atacada de maneira permanente. Tua origem(etnia) se converte em algo terrível,” lamenta a jovem marroquina.

Crimes
A exibição se compõe de 36 painéis sobre Anne Frank e sua família, e fotografias das deportações de judeus. Também se oferece informação sobre outros crimes de lesa humanidade como o genocídio em Ruanda e as chamadas limpezas étnicas na ex-Iugoslávia. Durante o treinamento, os participantes assistiram um vídeo sobre manifestações antissemitas em Berlim, seguido de um violento filme antimuçulmano; logo lhes foram convidados a discutir sobre a liberdade de expressão em um caso e outro.

Para estes jovens marroquinos, está é uma maneira nova de aprender, de enfrentar temas delicados que sem dúvida provocam reações emocionais. Por una parte, expressaram seu ceticismo sobre os propósitos dos organizadores e sua preocupação sobre a propaganda pró-judaica. Também se perguntaram porque Anne Frank foi escolhida entre tantas outras vítimas da discriminação.

Ministério da Educação
Segundo o professor Hassan Moussaoui, nas lições marroquinas de historia se presta escassa atenção à Segunda Guerra Mundial, e no passado a tendência era deixar de lado o tema do Holocausto.

“A razão principal é política, e logo também religiosa. Os árabes consideram o conflito árabe-israelense injusto, e se sentem maltratados, excluídos. Portanto, é natural que se produzam reações negativas. Não ensinamos esta parte da história porque o ministério da Educação não a inclui no programa, e não é que não a queiram incluir, é que preferem evitar conflitos nas ruas, protestos dos pais”.

O Museu Anne Frank, em Amsterdã, levou esta exposição para mais de 60 países e, quando foi necessário, colaborou com instâncias locais para adaptá-la ao lugar que a acolhia. Neste caso foi o Centro Marroquino de Direitos Humanos, com sede em Fez. Seu diretor, Jamal Chadhi, reconhece que tomar a decisão não foi fácil. Depois do fatal ataque israelense contra um barco que levava ajuda humanitária a Gaza, levantaram-se vozes pedindo o cancelamento do projeto.

Chadhi crê que a imprensa nacional será crítica, no caso da exibição atrair muita atenção pública. Mas, em sua opinião, graças as mudanças dos últimos anos no clima político, hoje no Marracos se pode dialogar sobre esses temas.

“É necessário trabalhar de maneira paralela a esta mostra,” opina Chadhi. “Educar, aumentar o conhecimento sobre os Direitos Humanos. Temos que eliminar as imagens estereotipadas que existem na cultura tradicional. Há extremistas que utilizam técnicas bastante sofisticadas para difundir uma cultura contrária aos Direitos Humanos, uma cultura da discriminação”.

Tema delicado
Embora tenha recebido convites de outros países árabes, esta é a primeira vez que o Museu Anne Frank decide fazer uma exposição em uma região tão sensível. Nas palavras da organizadora Karen Polak, “se do grupo de 16 jovens marroquinos 3 deles se mostrarem mais abertos e quiserem saber mais sobre o Holocausto e sua complexidade, já teremos conseguido algo. E um tem a esperança de que se convertam de alguma maneira em embaixadores”.

Os jovens que serão guias durante a mostra dizem que aprenderam muito de Anne Frank. Mas o mais importante, comenta Hafsa, é assinalar que a história de Anne Frank é só uma das tantas que devem ser contadas. “Há muitos outros garotos que não escreveram sua história... sempre há casos como o de Anne Frank... no passado, no presente. Espero que não haja nenhum no futuro”.

Por Marijke Peters (http://www.rnw.nl/)

Fonte: RNW(Radio Netherlands Worldwide)
http://www.rnw.nl/espanol/article/marruecos-comienza-a-conocer-a-ana-frank
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Morre austríaca que salvou diários de Anne Frank

Morre austríaca que salvou diários de Anne Frank

Miep Gies
"Só fiz o que achava necessário", costumava dizer Miep Gies quando indagada sobre a ajuda que prestou à família Frank em Amsterdã, durante o nazismo. Salvadora dos diários de Anne Frank morre aos 100 anos.

A mulher que salvou o famoso diário de Anne Frank quando jovem faleceu aos 100 anos. Miep Gies, austríaca residente há tempos na Holanda, morreu na noite de segunda-feira (11/01) em Hoorn, no norte do país. A Fundação Anne Frank, em Amsterdã, recebeu cartas de condolência do mundo inteiro. Até o fim da vida, Gies – nascida em 1909 em Viena – mantinha correspondência com quem lhe escrevesse para perguntar sobre sua relação com Anne Frank.

Correndo risco de vida, Miep Gies, sua irmã e seus pais ajudaram inúmeros judeus fugidos da Alemanha para a Holanda durante o nazismo. Sua corajosa atuação na Amsterdã sob ocupação alemã começou em julho de 1942. Gies trabalhava como secretária do pai de Anne, Otto Frank, dono de uma loja de produtos alimentícios.

"Quando ele perguntou se ela podia ajudá-lo e à sua família, ela não hesitou um instante", confirma a Fundação Anne Frank. Gies costumava dizer que não se sentia nenhuma heroína: "Nunca quis estar no centro das atenções. Só fiz o que achava necessário".

Após as oito pessoas escondidas terem sido denunciadas e presas no dia 4 de agosto de 1944, Gies entrou mais uma vez no esconderijo no fundo da casa e salvou os diários de Anne da Gestapo. Anne Frank morreu de tifo no campo de concentração de Bergen-Belsen, antes de completar 16 anos. Isso foi no início de março de 1945, ou seja, poucas semanas antes de terminar a Segunda Guerra.

Após a guerra, Gies entregou os diários de Anne ao pai, único sobrevivente da família Frank. Em 1947, ele publicou os diários da filha, que vieram a se tornar um dos livros mais lidos do mundo, traduzido para mais de 60 línguas.

SL/dpa/afp
Revisão: Rodrigo Rimon

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 12.01.2010)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5118053,00.html

Ler mais:
iInformação(Portugal); EFE; Jornal Digital; BBC Brasil/Último Segundo

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Único filme em que Anne Frank aparece é divulgado

As cenas são de 1941 e mostram a menina na janela da casa onde vivia antes da ocupação nazista

AMSTERDÃ - O canal oficial de Anne Frank no YouTube, lançado recentemente, divulgou a única filmagem em que a garota aparece. O filme em preto e branco é de julho de 1941 e mostra Anne na janela da casa em que vivia em Amsterdã. Nas imagens, a menina observa um casal de vizinhos, que estava prestes a casar. O diário que a garota judia escreveu durante a Segunda Guerra foi incluído na lista de "Memórias do Mundo" da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que inclui arquivos e documentos de valor excepcional, conforme o órgão anunciou recentemente. O livro se tornou um dos livros mais lidos do mundo e narra a vida cotidiana na Holanda durante a Segunda Guerra Mundial, mostrando a repercussão da ocupação nazista.



Antes de serem disponibilizadas na internet, as cenas só podiam ser assistidas pelos visitantes da Casa Anne Frank, na capital holandesa. O museu fica no edifício onde a família de Anne e outras quatro pessoas judias permaneceram escondidas nos anos da ocupação nazista, durante a Segunda Guerra Mundial.

Anne Frank tornou-se famosa postumamente pelos diários que deixou enquanto se escondia dos nazistas com sua família judia em Amsterdã durante a 2ª Guerra Mundial. Eles acabaram presos em 1944. Ela morreu aos 15 anos em um campo de concentração. Das oito pessoas que viviam no esconderijo, apenas o pai de Anne, Otto H. Frank, sobreviveu ao holocausto.

Anne e sua família foram forçados a trabalhar em um campo de concentração holandês, Westerbork, desmantelando pilhas num abrigo para reciclagem.

O diário de Anne Frank, que primeiro foi publicado em 1947 e agora traduzido em mais de 70 línguas, continua como um dos livros mais vendidos do mundo.

Fonte: Estadão
http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,unico-filme-em-que-anne-frank-aparece-e-divulgado,446284,0.htm

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 56

56. É autêntico o Diário de Anne Frank?

Texto já publicado no blog no dia 14 de Janeiro de 2008(link abaixo):
http://holocausto-doc.blogspot.com/2008/01/o-dirio-de-anne-frank-autntico.html

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 55

55. O que provocou a morte de Anne Frank algumas semanas antes do fim da guerra?

O IHR diz (edição original):

O tifo.

Na edição revisada:

Depois de sobreviver ao internamento em Auschwitz, morreu de tifo no campo de Bergen-Belsen, poucas semanas antes que a guerra terminasse. Não foi gaseada.

Nizkor responde:

Anne era uma das pessoas de um grupo de oito judeus holandeses que se refugiaram num esconderijo durante dois anos e trinta dias até que foram descobertos e presos pelos nazis, sendo deportados de Amsterdã para os campos da morte da Alemanha.

Herman Van Pels, um sócio comercial do pai de Anne, foi gaseado justo depois da chegada do grupo a Auschwitz-Birkenau, em 6 de setembro de 1944 (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 103586). Sua esposa morreu "entre 9 de abril e 8 de maio de 1945, na Alemanha ou na Tchecoslováquia" (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 103586). Seu filho Peter morreu em 5 de maio de 1945 no campo de concentração de Mauthausen, en Austria, depois de ser transladado de Auschwitz (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 135177).

O Dr. Friedrich Pfeffer, amigo da família, morreu em 20 de dezembro de 1944 no campo de concentração de Neuengamme (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 7500).

A mãe de Anne morreu em 6 de janeiro de 1945, em Auschwitz-Birkenau (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 117265). Anne e sua irmã mais velha Margot morreram de tifo em 31 de março de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen (Cruz Vermelha Holandesa, dossiês 117266 e 117267). Dos oito, só o pai de Anne, Otto Frank, sobreviveu.

Dois não-judeus, Johannes Kleiman e Victor Gustav Kugler, sócios comerciais de Otto Frank, foram presos por ajudar a família Frank. Ambos foram sentenciados a realizar um Arbeitseinsatz (trabalho forçado) na Alemanha, e ambos sobreviveram à guerra.

Todas as referências à Cruz Vermelha Holandesa são citadas em Frank, Anne, The Diary of Anne Frank: The Critical Edition, 1989, pp. 49-58 (citação completa).

Leitura recomendada:

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition por Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (tapa blanda)

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition por Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (capa dura)

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition por Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (audiobook)

[Em espanhol: Diário, por Ana Frank, Plaza y Janés]

Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Escolas alemãs adotam revista em quadrinhos sobre Holocausto

Por Ruy Jobim Neto
04/02/2008

Escolas alemãs irão adotar uma revista em Quadrinhos holandesa para ensinar crianças sobre a era nazista e o Holocausto. A nova publicação é uma seqüência de outra revista chamada A descoberta, também voltada para crianças, baseada na história dos judeus na Europa entre 1933 e 1940. Intitulada A Busca, a revista - criada pelo cartunista holandês Eric Heuvel (foto) - conta a história de Esther, uma sobrevivente fictícia do Holocausto, e já está à venda na Holanda.

O centro Anne Frank, em Berlim, que apóia o projeto, acredita que a proposta serve para a Alemanha. "Não há uma grande diferença em relação à história que a Alemanha ensina sobre a era nazista, mas é uma abordagem nova", disse a porta-voz do centro, Melina Feingold.

A revista, de 61 páginas, já está disponível em várias línguas e será usada em escolas de Berlim durante os próximos seis meses. Depois, poderá ser adotada em todo o país. A publicação descreve como os judeus na Alemanha e na Holanda ocupada pelos nazistas vivenciaram o genocídio e a perseguição nazista, que matou mais de 6 milhões na Europa.

Após várias décadas em que possuía apenas poucas centenas de judeus, a Alemanha conta hoje em dia com a mais crescente população judaica do mundo, depois da chegada de mais de 220 mil judeus vindos da ex-União Soviética, desde a década de 1990. No entanto, o anti-semitismo também cresce no país. No mês passado, cinco adolescentes judeus foram atacados por um grupo de punks. (com Reuters)

Fonte: Reuters/Bigorna.net
http://www.bigorna.net/index.php?secao=hqeuropeia&id=1202089311
Imagens dos quadrinhos(em alemão):
http://www.welt.de/berlin/article1610682/Holocaust-Comic_wird_an_Berliner_Schulen_getestet.html
Daily News(em inglês):
http://www.nydailynews.com/news/us_world/2008/02/01/2008-02-01_comic_book_teaches_german_students_about.html

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

É autêntico o Diário de Anne Frank?

56. É autêntico o Diário de Anne Frank?

O IHR disse (edição original):

Não, as provas recompiladas pelo sueco Ditlieb Felderer e o Dr. Robert Faurisson, da França, levam a concluir que o famoso diário é uma invenção literária.

Na edição revisada:

Não. As provas recompiladas pelo Dr. Robert Faurisson, da França, levam a concluir que o famoso diário é uma invenção literária.

Nizkor responde:

Ditlieb Felderer é um notório neonazi, que passou um tempo na prisão na Suécia por difundir propaganda racista. É famoso por enviar por correio mechas de cabelo a judeus da Europa, perguntando-lhes sarcasticamente se se pode provar que é cabelo de um judeu gaseado. Também tem escrito um grande número de repugnantes tratados sobre sexo e assassinatos nazis. Um que é demasiadamente repulsivo como para transcrevê-lo aqui descreve (sarcasticamente) como influi o cianuro de hidrogênio nas genitais femininas.

Parte das "provas" que "recompilou" Felderer é o seguinte texto, no que argumenta com ironia que o diário não pôde ser falsificado totalmente porque parece haver sido escrito por um judeu:

O COMPLEXO ANAL

Acreditamos que outra poderosa razão pela qual o Diário de Ana Frank não pode ser de todo escartado por tratar-se de uma história fictícia é sua preocupação pelo ânus e os excrementos, um traço típico em muitos judeus. Sempre lhes tem fascinado a pornografia e as fantasias relacionadas com excrementos... Os escritos judeus estão repletos de história sobre as funções reprodutivas e de excreçao...

...Ainda que não possamos descartar o argumento segundo o qual estas preocupações sobre os excrementos são meras fantasías do autor ou dos autores, havia boas razões pra crer que as histórias são autênticas e que refletem em parte alguns dos principais pensamentos dos inquilinos. Inclusive ainda que fossem inventadas, mostrariam a perfeição do complexo anal de um povo antigo.

Observa-se que o IHR omite a referência a Felderer na edição revisada. De novo, a medida que o revisionismo trata de safar-se dos extremismos anti-semitas para chegar ao grande público, devem negar ou ao menos disfarçar suas conexões com gente como esta.

O Dr. Robert Faurisson ao menos não está tão crente como Felderer. Mas não é nenhum historiador, nem um expert(especialista)forense, nem um grafólogo. Era um professor de Literatura da Universidade de Lyon. O testemunho desta "importante autoridade sobre o Holocausto" sobre a autenticidade dos escritos de Anne Frank foi rechaçado pelo Oberlandesgericht (Alto Tribunal Regional) de Frankfurt em 1979.

Em 1981, Faurisson foi chamado a declarar ante um juiz francês para que demonstrasse suas afirmações na rádio e em várias publicações segundo as quais nunca existiram as câmaras de gás. Foi condenado a uma pena suspendida de três meses, e a pagar diversas multas por difamação, incitação à discriminação, ódio racial e violência racial. A sentença foi confirmada depois de um recurso.

O extranho conceito que tem Faurisson do que é uma prova é muito bem descrito por Michael Shermer numa carta aberta aos revisionistas.

Em 1981, o Instituto Estatal de Documentos de Guerra da Holanda enviou o manuscrito dos diários de Anne Frank ao Laboratório Estatal de Medicina Legal do Ministério de Justiça da Holanda para que determinassem sua autenticidade. O Laboratório examinou os materiais usados - tinta, papel, cola, etc. - e a letra, e emitiu um informe de umas 270 páginas:

O informe do Laboratório Estatal de Medicina Legal tem demonstrado convincentemente que ambas as versões do diário de Anne Frank foram escritas por ela de 1942 a 1944. As alegações segundo as quais o diário era o trabalho de outra pessoa (realizado depois da guerra) são assim refutadas definitivamente.

Mas ainda que se possa afirmar que pese as correções e omissões... o Diário de Anne Frank [quer dizer, a versão publicada dos diários] contém "a essência" dos escritos de Anne, e não há nenhuma base para aplicar o termo "falsificação" ao trabalho dos escritores do livro.

O argumento mais comum contra o diário é que contém escritos realizados com uma esferográfica, e as esferográficas não começaram a ser comuns até depois da morte de Anne. Este é um mito falso, ainda que persistente. A única tinta de esferográfica do diário está em pedaços de papel adicionados por outra pessoa que não era Anne. Os escritos de Anne não foram realizados com uma esferográfica.

Ver Frank, Anne, The Diary of Anne Frank: The Critical Edition, 1989, pp. 96, 166 (citação completa).

Leitura recomendada:
The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition por Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (brochura)

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition by Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (capa dura)

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition by Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (audiobook)

[Em espanhol: Diario, por Ana Frank, Plaza y Janés]


Complemento ao texto sobre a autenticidade do Diário de Anne Frank

Trecho do livro "The Revised Critical Edition of the Diary of Anne Frank" (2003), através das descobertas do "Gerechtelijk Laboratorium" (Laboratório Estatal de Ciência Forense) da Holanda:

"The only ballpoint writing was found on two loose scraps of paper included among the loose sheets. Figures VI-I-I and 3 show the way in which these scraps of paper had been inserted into the relevant plastic folders. As far as the factual contents of the diary are concerned the ballpoint writings have no significance whatsoever. Morever, the handwriting on the scraps of paper and in the diary differs strikingly.(p.167)

Footnote:

The Hamburg psychologist and court-appointed handwriting expert Hans Ockleman stated in a letter to the Anne Frank Fonds dated September 27 1987 that his mother, Mrs Dorothea Ockleman wrote the ballpoint texts in question when she collaborated with Mrs Minna Becker in investigating the diaries."

Tradução:

"A única escrita esferográfica foi encontrada em dois pedaços soltos de papel incluídos entre folhas soltas. Figuras VI-I-I e 3 mostram o jeito que estes pedaços de papel foram inseridos nas pastas de plástico pertinentes. Enquanto o conteúdo factual do diário estiver envolvido, as escritas esferográficas não têm importância, de qualquer forma. Além do mais, a caligrafia nos pedaços de papel e no diário diferem-se de forma impressionante.

Nota de rodapé:

O psicólogo de Hamburgo e perito em caligrafia nomeado pela corte judicial Hans Ockleman declarou em uma carta para o Fundo Anne Frank datada em 27 de Setembro de 1987 que sua mãe, Sra. Dorothea Ockleman escreveu os textos esferográficos em questão quando ela colaborou com a Sra. Minna Becker na investigação dos diários."

Texto original do Nizkor(espanhol): http://www.nizkor.org/ftp.cgi/people/f/felderer.ditlieb
Tradução: Roberto Lucena

Complemento ao texto sobre a autenticidade do Diário de Anne Frank, trecho do livro(inglês):
"The Revised Critical Edition of the Diary of Anne Frank"
Tradução: Roberto Alves

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