quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Porque é negação e não revisionismo. Parte II: negadores e as valas de Marijampole

Porque é negação e não revisionismo. Parte II: negadores e as valas de Marijampole

Em 1 de setembro de 1941, o Einsatzkommando 3 assassinou mais de 5.000 seres humanos na cidade lituana de Marijampole. Mais tarde naquele ano o comandante da Polícia de Segurança e o SD friamente resumiu a contagem de mortos como se segue:

Mariampole
1,763 judeus, 1,812 judias
1,404 crianças judias,
109 mentalmente doente,
1 mulher. Nacionalidade alemã que era casada com um judeu,
1 mulher. Russa

Adiantando o tempo e pulando para o verão de 1996: a cidade de Marijampole decidiu eregir um memorial do Holocausto no local do massacre. De acordo com o jornal lituano Lietuvos Rytas (21.08.1996), o presumido local do massacre foi escavado. Não havia nenhum corpo.

Rapidamente os negadores do Holocausto começaram a atividade de usar a contagem do Lietuvos Rytas. Aqui estão algumas citações da literatura "revisionista":

Germar Rudolf na introdução de Dissecting the Holocaust(Dissecando o Holocausto):

No verão de 1996 a cidade de Marijampol, na Lituânia, decidiu eregir um memorial do Holocausto para dezenas de milhares de judeus do alegado assassínio, enterrados lá pelos alemães dos Einsatzgruppen. A fim de construir o memorial na exata localização, tentaram achar onde as valas comuns estavam. Escavaram o local descrito por testemunhas, mas não acharam nenhum rastro. Além de cavarem ao longo de um ano inteiro, tudo ao redor do alegado local do assassínio não revelou nada além de solo nunca antes mexido. Os alemães então fizeram um trabalho perfeito ao destruir todas as pistas e até mesmo restaurando a seqüência original das camadas do solo? Eles fizeram milagre? Ou estão as testemunhas erradas?

Quase a citação idêntica no "Partisan War and Reprisal Killings"(Guerra dos Partisan e a Reprise dos Assassinatos) de G. Rudolf e S. Schroeder.

Juergen Graf, "Raul Hilberg's Incurable Autism"(Autismo incurável de Raul Hilberg):

Finalmente, evidência material de um assassínio em massa de judeus dos números alegados é totalmente inexistente. Na cidade lituana de Marijampol em 1996, foi decidido eregir um monumento à dezenas de milhares de judeus que tinham sido alegadamente mortos pelos alemães. Eles começaram as escavações no local designado pelas testemunhas oculares a fim de localizar as valas comuns, mas pasmem, não havia nada lá. Mesmo se os alemães tivessem postumamente exumado e cremado aquelas dezenas de milhares de cadávares, como Hilberg e seus associados alegam, nenhuma vala comum seria ainda facilmente identificável em virtude das configurações alteradas do terreno.
Carlo Mattogno e Juergen Graf simplesmente citam Rudolf em seu livro sobre Treblinka.

E um 'não menos negador', Jonnie Hargis ("Hannover"), fez a mesma afirmação, confundindo o jornal lituano como se fosse um jornal da Letônia.

A conclusão dos negadores é simples - o relatório, mencionando este massacre, é duvidoso, e, por indução, todos os outros relatórios dos Einsatzgruppen são suspeitos.

Como de costume, um pouco mais de pesquisa ajudaria os negadores a não parecerem idiotas.

Um dos que destacados anti-negadores, Roberto Muehlenkamp, decidiu investigar o problema, e escreveu para o prefeito da Marijampole municipality, Sr. Vidmantas Brazys. E ele recebeu a seguinte resposta em 20.05.2003:
Caro Roberto Muehlenkamp,

Gostaria de informar a você, que na página da internet do município de Marijampole, na apresentação online de “Lugares para visitar” sob o item 10, contém a seguinte passagem: “No vale de rio Sesupe 5090 judeus e pessoas de outras nacionalidades foram assassindas em 1941 por forças nazistas.” Este fato é confirmado por documentos.

Em 1970 o cemitério foi incluído na lista de Monumentos Culturais. A área, onde se pensou que estavam as valas, oliveiras foram plantadas e abriga o monumento.

Em virtude da exata localização das valas não ser conhecida, em 1996 foram feitas escavações arqueológicas e o local do fuzilamento foi encontrado (acerca de 50m a oeste das valas apontadas).

Doutor de Ciência da Arqueologia da Universidade de Vilnius, o Sr. Algimantas Merkevicius fez escavações arqueológicas. Todos os documentos da escavação são mantidos pelo Especialista-chefe de Arquitetura e Divisão de urbanística do município de Marijampole, o Sr. Gedeminas Kuncaitis.

Os fatos no artigo de Germar Rudolf são primários e não resultados finais de escavações arqueológicas.

Sinceramente,

Prefeito Vidmantas Brazys
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Então Roberto escreveu para o Sr. Algimantas Merkevicius, e mais tarde foi respondido em 17.06.2003 como segue:

Caro Sr. Roberto Muehlankamp,

Desculpe-me pela demora na resposta, mas eu estava longe de meu escritório. Sim, escavei o território das valas comuns em Marijampole em 1996. O propósito era achar o lugar exato das valas. O suposto local do enterro estava vazio e achei as valas comuns cerca de 100m de distância desta suposta área. Pessoas foram assassinadas e enterradas numa grande dich. Mas depois de achar o lugar exato, meu trabalho encerrou. Não sei como muitas pessoas foram mortas e como grande é a área das valas comuns.

Cordialmente, saudações
Algimantas Merkevicius

Uma simples pergunta por e-mail foi o suficiente para constatar isso. Mas por que tentar e estragar o argumento conveniente, certo?
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A resposta dos negadores como sempre ao que foi exposto acima seria:

1) as valas estavam na localização errada;
2) o número de corpos não foi estabelecido;
3) a identificação dos corpos não foi estabelecida.

Isto capta a idéia pessimamente. 100 metros longe da área presumida não é absolutamente ruim, se a área presumida foi o local do massacre com base em testemunhos. Testemunhos podem conduzir, dentro de limites, para algum erro em certa medida. Especialmente se foram testemunhos tardios, tomados após meio século. Se as identidades dos cadávares foram encontradas não está claro no relatório, mas é até apontado que eles não eram judeus, e que não houve corpos suficientes, negadores simplesmente não têm uma base para argumentação: o argumento inteiro foi baseado na premissa de que não havia corpos seja o que for. Os corpos estão lá. Se os negadores desejam afirmar que aqueles são corpos errados, corram atrás para provar isso.

Então, uma vez mais, os negadores mostraram ser "pesquisadores" descuidados.

Oh! E o memorial para 5090 judeus e pessoas de outras nacionalidades que foram assassinadas em 1 de setembro de 1941 foi erguido, depois de tudo isso.









A seguir, mais. Permaneça atento.

Anterior: Parte I: negadores e o Sonderkommando 1005

Próximo: Parte III: negadores e o massacre de Babiy Yar (1)

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/thats-why-it-is-denial-not-revisionism_06.html
Tradução(português): Roberto Lucena

Ver também: Técnicas dos negadores do Holocausto

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O que os soviéticos sabiam sobre Auschwitz - e quando. Parte 3 - Relatórios da Liberação

Artigo de Sergey Romanov traduzido à partir do link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/what-soviets-knew-about-au_114495918775367271.html

Como os soldados do Exército Vermelho avançavam para Auschwitz, liberaram os sub-campos e também o próprio [campo] Auschwitz, os relatórios estavam sendo enviados para o Chefe do Departamento Político da 1ª Frente Ucraniana, Major-General Yashechkin, descrevendo as informações do Exército Vermelho a caminho de Auschwitz e também do campo em si. Como você verá, a informação é fragmentada, por vezes imprecisa (como era de se esperar), mas ainda assim muito lhe corresponde ao que se sabe sobre esse campo de extermínio. Os relatórios foram publicados no Dokumenty obvinyajut. Kholokost: svidetel'stva Krasnoj Armii (compilados pelo Dr. FD Sverdlov; Kholokost publicada pela fundação em 1996 em Moscou). As grafias erradas foram corrigdas na maioria das vezes:

Para o Chefe do Departamento Político da 1ª Frente Ucraniana, Major-General Yashechkin

26 de janeiro de 1945

Na estação de Libiaz, que fica a sudoeste de Chrzanow, descobrimos um ramo [NT: sub-campo] do Campo de concentração de Auschwitz onde os internos têm sobrevivido por acaso. Entre eles estão 30 judeus - Húngaros, franceses, tchecos, poloneses e russos - todos conseguiram se esconder nas minas de carvão, onde os internos trabalharam. O restante foi morto pelos alemães. No total, neste campo, Estação Libiaz, havia 920 detentos.

Um deles, o judeu Lever, nos contou o seguinte: antes de Libiaz ele estava em Auschwitz, de 25 a 30 mil judeus de vários países da Europa residiam lá. Eles foram trazidos para cá durante 4 anos. Todos os que não podiam trabalhar -- mulheres, idosos, crianças, doentes, eram separados do sexo masculino e saudáveis e exterminados imediatamente. Eles foram para barracas separadas na parte sul do acampamento, lá eles eram despidos, em seguida, em câmaras especiais eram mortas por gás, e os cadáveres eram queimados em crematórios. No total, haviam 12 fornos para isto, que estavam funcionando parcialmente em eletricidade e parcialmente com carvão. Ele acha que o número de mortos é de aproximadamente 400.000 judeus. Nos últimos dois anos, internos do sexo masculina também foram envolvidos no extermínio. Os internos eram alimentados muito mal: uma vez por dia 150-200 gramas de uma sopa aguada e pão. Com o trabalho insuportável e a má alimentação essas pessoas se esgotavam e morriam. Três vezes por semana um médico examinava os internos e os incapacitados para o trabalho eram enviados para as câmaras de gás.

Desde outubro de 1944 o campo de Auschwitz estava sendo evacuado para a Alemanha e os fornos crematórios estavam trabalhando principalmente na capacidade máxima. Em dezembro de 1944 od fornos foram destruídos pelos alemães.

Chefe do Departamento Político do 60º Exército Major-General Grishaev

TsAMO RF, 60th army's fond, opis 10597, delo 151, listy 70-73.

Para Chefe do Departamento Político da 1ª Frentre Ucraniana, Major-General Yashechkin

27 de janeiro de 1945

Na ocupada Jaworzno um campo de concentração foi descoberto, foi criado hà três anos. O território é cercado por 3 filas de arame eletrificadas. No campo maior, judeus de todos os países da Europa estavam sendo exterminados. Os internos que sobreviveram estavam com roupas listradas em Hesse. Calçado – sapatos de madeira. No braço esquerdo um número tatuado. Os internos trabalharam em minas, em centrais elétricas, em diversos trabalhos duros. Quem estava incapacitado para o trabalho era enviado para os campos de Birkenau e Aushvajs[Auschwitz], onde eram mortos, os cadáveres eram queimados no crematório.

Chefe do Departamento Político do 59º Exército, Coronel Korolyov

TsAMO RF, 59th army's fond, opis 10442, delo 284, list 34.

Para Chefe do Departamento Político da 1ª Frentre Ucraniana, Major-General Yashechkin

27 de janeiro de 1945

Na manhã de 27 de janeiro de 1945, nossas tropas liberaram Auschwitz e Birkenau, dois grandes campos de concentração. Os alemães fugiram. No momento da libertação haviam 10.000 internos nos campos.

O campo da morte de Auschwitz, de acordo com testemunhas locais, foi fundado no verão de 1940. Os internos eram queimados em 5 crematórios. Muitos foram enforcados. O campo é cercado com arame farpado e várias linhas de alta tensão. Era vigorosamente guardado por soldados SS. Comandante – Capitão SS Hoess. Em julho de 1940 chegou o primeiro transporte de Varsóvia com 5-6 mil internos judeus. No período de grande afluxo de detentos, estavam sendo exterminados cerca de 10-15 mil pessoas por semana nas câmaras de gás, e eram cremados nos crematórios. Quando os carros com os judeus entravam no campo, em ambos os lados ficavam soldados alemães, que batiam em muito em todos com chicotes e paus – para a morte. Os internos morriam de fome e sede. Por dia recebiam cerca de 200 gramas pão e um copo de sopa. Em 1942 seis poloneses escaparam do campo. Como vingança, os alemães atiraram em milhares de internos. A cada manhã, centenas de internos despidos eram conduzidos para as câmaras de gás. Os alemães se divertiam dos infelizes através das janelas. Imagem sinistra. O cheiro da fumaça se propagava por cerca de 10 quilômetros.

Até o início de 1945 todos os judeus do campo foram exterminados. Os alemães, ocultando os vestígios do crime, explodiram o campo e atiraram nas testemunhas.

Chefe do Departamento Político do 60º Exército Major-General Grishaev

TsAMO RF, 60th army's fond, opis 10597, delo 151, listy 82-83.

Para Chefe do Departamento Político da 1ª Frentre Ucraniana, Major-General Yashechkin

28 de janeiro de 1945

Reportando:

Campo de concentração de Auschwitz [“Osventsin” em russo], em alemão “Auschwitz”, consiste de 5 campos e uma prisão. Vários milhares de internos de várias lugares da Europa saíram daqui. Muitos internos estão na estrada adjacente. Todos estão extremamente exaustos, eles choram, eles agradecem ao Exército Vermelho. Pessoas – de muitas nacionalidades – mas eu não me encontrei com judeus. Os internos dizem que todos eles foram exterminados.

Cada campo é uma grande área com várias fileiras de arame farpado. Em cada um, muitas barracas, em cada uma 2 fileiras com beliches. A visão desta tragédia é terrível.

Chefe do Departamento Político do 60º Exército Major-General Grishaev

TsAMO RF, 60th army's fond, opis 10597, delo 151, list 85.

Para Chefe do Departamento Político da 1ª Frentre Ucraniana, Major-General Yashechkin

29 de janeiro de 1945

Foi criada uma comissão especial de amigos alemães, para apurar a vilania dos alemães no campo de Auschwitz, o que supera todas as atrocidades conhecidas por nós.

De acordo com as testemunhas na liberação, em cerca de 4,5 anos, cerca de 4,5 milhões de pessoas foram exterminadas. Havia dias em que 25-30 mil pessoas eram exterminadas, em primeiro lugar, os judeus de todos os países da Europa. Antes do Exército Vermelho chegar, cerca de 8 mil internos estavam indo para a Alemanha. Os alemães explodiram os fornos e as cinzas espalharam por todo o campo, valas com cadáveres queimados foram encontradas no mesmo nível.

Chefe do Departamento Político do 60º Exército Major-General Grishaev

TsAMO RF, 60th army's fond, opis 10597, delo 151, listy 201-202.

Para Chefe do Departamento Político da 1ª Frentre Ucraniana, Major-General Yashechkin

1o de fevereiro de 1945

Sobre o campo de concentração de Auschwitz

Em um raio de 20-30 km perto da região de carvão de Dombrow, existem 18 campos de concentração satélites. Cada um com 10km2. Em cada campo existem 8 barracas. Cada barraca abriga cerca de 200-300 internos. O objetivo principal do campo é o extermínio em massa de pessoas, em primeiro lugar, os judeus, trazidos de toda a Europa. Internos – força de trabalho em minas e de material sintético. Em 4,5 anos de funcionamento desses campos, 4,5 milhões de pessoas foram exterminadas. Registraram-se por dia 8-10 transportes chegando com internos. 5 a 10% de pessoas aptas para o trabalho foram poupadas, o resto exterminado. 4 crematórios com 10 câmaras cada, para sufocar as pessoas com gás e 30 fornos para incineração de cadáveres. Em cada câmara caberia até 600 pessoas. Os crematórios não conseguiam queimar todos os corpos, parte deles foram queimados em valas de 40mx40m, [com a ajuda de] combustível derramado.

Houve cerca de 25-30 mil pessoas simultaneamente no campo. Esse programa rapidamente levava as pessoas à exaustão e depois à desgraça de morrer. Eles trabalhavam cerca de 12 horas ou mais. Espancamentos, tortura, humilhações, tiros, em cada turno.No campo de Auschwitz 2 mil pessoas foram libertadas, em Birkenau cerca de 2,5 mil, entre 500-800 pessoas em outros. Os judeus foram exterminados completamente. 40% deles estavam tão esgotados que não podiam nem mexer. Eles estavam sem alimentação hà vários dias.

Chefe do Departamento Político do 60º Exército Major-General Grishaev

TsAMO RF, 60th army's fond, opis 10597, delo 151, listy 165-171.

Mensagem de Sovinformburo de 31.01.1945 contém a seguinte informação:

Recentemente nossas tropas chegaram à cidade de Oswiecim. Após a ocupação da Polônia, os fascistas alemães construíram aqui o maior dos campos de concentração. Este campo da morte consistia de 5 seções. Cada uma destas seções ocupavam uma área enorme, cercada por arames farpados. Avançando rapidamente as unidades do Exército Vermelho libertaram vários internos. O ex-prisioneiro de Auschwitz, Lukashev de Voronezhskaja disse: “O número de internos de Auschwitz varia de 15-30 mil pessoas. Crianças, doentes e homens e mulheres inaptos para fazer o trabalho dos Hitleristas eram mortos com gases, e os cadáveres eram queimados em fornos especiais. Existiam 12 desses fornos no campo. Os internos eram forçados a trabalhar nas minas. Aqueles enfraquecidos por causa da fome, espancamentos e trabalho duro, eram exterminados pelos alemães. Em quatro anos no campo dos vilões alemães-fascistas, muitos foram torturados e muitas milhares de pessoas foram mortas.

Lev Bezymenskij em "Informatsija po-sovetski" (Znamya, 1998, no. 5) cita ainda mais relatórios.

O primeiro documento oficial sobre Auschwitz foi emitido no dia da liberação do campo, em 27 de janeiro de 1945. Foi assinado pelos soviéticos Chelyadin, Tomov e Rossel, pelos ex-internos - Gordon Yakov médico de Vilnius, pelo Prof Steinberg de Paris, o médico Epstein de Praga. Suas conclusões:

Durante a existência deste campo, cerca de 4,5 a 5 milhões de pessoas foram exterminadas, os principais destruídos foram os judeus de todos os países ocupados, POW russos, outros que trabalharam para a Alemanha – poloneses, tchecoeslovacos, belgas e holandês.

No mesmo dia o Chefe do Departamento Político da 322a Divisão de Infantaria, Okhapkin informou ao coronel do 60º Exército:

Os campos e sub-campos da morte de Auschwitz... A tarefa - exterminar 6 milhões de poloneses e todos os judeus da Europa. Este era o plano de extermínio de inocentes que eles levaram a cabo.

Poder-se-ia citar vários documentos, mas isso já é mais do que suficiente para analisar as várias reivindicações feitas pelos ignorantes negadores [do Holocausto].


Anterior: Parte 2: Relatórios de alemães capturados, 1943-1944

Próximo: Parte 4: "Revisionistas" e o artigo de Boris Polevoi

O que os soviéticos sabiam sobre Auschwitz – e quando. Parte 2: Relatórios de alemães capturados, 1943-1944

Artigo de Sergey Romanov traduzido à partir do link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/what-soviets-knew-about-auschwitz-and_12.html

Mais "dados brutos": dois depoimentos sobre Auschwitz, de alemães capturados.

O primeiro vem do Julgamento de Kharkov em 1943. É citado pelo Negador do Holocausto "Samuel Crowell" no site de [David] Irving:


Promotor: Informe o tribunal sobre sua conversa com Somann.

Heinisch: Somann me disse que a morte causada por intoxicação por gás era indolor e mais humana. Ele disse que a ação do gás na van da morte era muito rápida, mas, na verdade, a morte não ocorreu em doze segundos, mas muito mais lenta e foi acompanhada por grande dor. Somann me contou sobre o campo de Auschwitz, na Alemanha, onde o gaseamento dos presos foi realizado. As pessoas disseram que estavam sendo transferidas de outros lugares, e os trabalhadores estrangeiros foram avisados de que seriam repatriados e foram enviados sob este pretexto para as casas de banho. Aqueles que iriam ser executados, primeiro entraram em um lugar com uma tabuleta escrito "Desinfecção" sobre ela, e lá eles estavam sem roupa -- os homens separados das mulheres e das crianças. Em seguida eles foram ordenados a entrar em outro lugar, com uma tabuleta “Banho”. Enquanto as pessoas se lavavam, válvulas especiais foram abertas para a entrada de gás que lhes causou a morte. Então as pessoas mortas eram cremadas em fornos especiais, cerca de 200 corpos poderiam ser queimados simultaneamente.

Este testemunho está essencialmente correto. As imprecisões estancadas do fato são boatos [NT: a quantidade de corpos].

O segundo testemunho foi dado pelo desertor da 4 ª companhia do 3º regimento de infantaria, Obergefreiter Heinrich Annis (grafia incerta). Ele desertou em 1º de Março de 1944 na região de Shtavin. Sua descrição: “Nascido em 1908, marceneiro, solteiro, serviu na guarda do Batalhão SS do Campo de Concentração de Auschwitz (Alta Saxônia [deve ser Silésia])”. Isto foi publicado em Dokumenty obvinyajut. Kholokost: svidetel'stva Krasnoj Armii (compilado pelo Dr. F. D. Sverdlov; publicado por Fundação Kholokost, 1996 em Moscou; referência de arquivo: TsAMO RF, 50th army's fond, opis 9783, delo 110, list 289):

No campo hà principalmente judeus, ciganos e também um pequeno número de POW russos, e um pequeno número de prisioneiros políticos alemães. O número de internos é de mais de 100.000. O campo de Auschwitz consiste de 2 seções cercadas por 3 fileiras de arame farpado. Os detidos são utilizados na terraplenagem, na construção de estradas, e de uma fábrica de Essen que foi evacuada do Oeste. Não sei como os produtos chegam a eles, mas, naturalmente, menos do que o necessário para um suporte. Quando cheguei lá com um amigo, tinha um fedor horrível. O fedor vinha do crematório, onde os corpos dos internos mortos eram cremados.

Na estação a cada dia chegavam 4 transportes, com 40 vagões e 50 pessoas em cada. Eu presenciei em sua maioria a chegada de judeus romenos e judeus de outros países. Todos eles foram divididos em 3 grupos: 1) doentes; 2) mães com crianças até 12 anos; 3) homens e mulheres fisicamente capazes. Os doentes eram enviados imediatamente para as câmaras de gás, onde eram intoxicados com um gás especial. As pessoas do terceiro grupo arrastavam os corpos para o crematório, onde eles eram cremados.Então os judeus do segundo grupo eram enviados para as câmaras de gás onde eram intoxicados. O restante dos judeus do terceiro grupo eram usados para trabalho até a exaustão e depois eram exterminados.Os corpos eram arrastados pelos judeus do terceiro grupo que chegava em outros transportes.

Os pertences dos judeus eram separados: roupas quentes eram transferidas para os depósitos do exército, o restante para o interior da Alemanha.

Nenhum detento judeu estava retornando.

Não sei muito porque estava na tropa da guarda apenas hà três semanas e em seguida fui enviado para o front. Os homens da SS nos diziam pouco, talvez porque temessem responsabilidade nos crimes.

16.3.1944

Interrogatório conduzido pelo chefe-adjunto da Seção de Inteligência no quartel-general do 50º Exército.

Tenente-Coronel Blinov

De novo a descrição do processo de extermínio está essencialmente correta. Há um erro neste testemunho - os judeus do território romeno anexado pela Hungria começaram a chegar durante a ação húngara que começou em Maio de 1944, e portanto, Annis se enganou quanto a nacionalidade dos judeus. Mas ele passou apenas algumas semanas em Auschwitz, e muito não foi dito pela SS, de modo que este engano não pode desqualificar seu depoimento.


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domingo, 7 de dezembro de 2008

A respeito da punição ao réu Rudolf Hess

Traduzido à partir do link: http://www.derechos.org/nizkor/nuremberg/judgment/cap14.html

O Julgamento do Tribunal retrata de forma correta e adequada a posição proeminente que Rudolf Hess ocupava na liderança do partido nazista e no Estado. Ele era na verdade o confidente pessoal mais próximo de Adolf Hitler e sua autoridade era enorme. Neste contexto, é suficiente para citar o decreto de Hitler que nomeia Hess como seu adjunto: “Venho por este nomear Hess como meu adjunto e dou-lhe plenos poderes para tomar decisões em meu nome e em todas as questões da liderança do partido". (Transcrito [da sessão] da tarde do dia 7 de fevereiro de 1946)

Mas a autoridade de Hess não era confiada somente à liderança do partido:

Na publicação oficial do NSDAP "Livro do Partido para o ano 1941", o qual foi admitido como prova documental E.U.A. No. 255, PS 3163, afirma que: “...para além das funções de liderança do Partido, o adjunto do Führer tem grande alcance nos poderes do Estado. Estes são, primeiro: a participação na legislação nacional, incluindo a participação de ordens do Führer. O adjunto do Führer desta forma valida a concepção do Partido...segundo, Aprovação do adjunto do Führer em propostas de nomeações para os serviços oficial e de líderes de trabalho. Terceiro, que assegura a influência do Partido durante as unidades municipais do governo. "(Doc. E.U.A.-255, PS-3163.)

Hess era um suporte ativo na política agressiva de Hitler. Os crimes contra a paz cometidos por ele são tratados em detalhes no Julgamento. A missão empreendida por Hess em voar para a Inglaterra deve ser considerada como o último destes crimes, como o foi empreendido na esperança de facilitar a realização de agressão contra a União Soviética por imobilizar temporariamente a Inglaterra de lutar. O fracasso dessa missão levou Hess ao isolamento e ele não tomou parte direta no planejamento e posterior crimes cometidos pelo regime de Hitler. Não existem dúvidas, porém, que Hess fez todo o possível para a preparação destes crimes.

Hess, juntamente com Himmler, ocupava o papel de criador da organização policial fascismo alemão SS, que mais tarde cometeu o mais cruel dos crimes contra a Humanidade. O réu apontou claramente a “missão especial” que as formações das SS enfrentaram nos territórios ocupados.

Quando as Waffen SS estavam sendo formadas, Hess emitiu uma ordem especial através do qual fez parte a Chancelaria, auxiliando a conscrição dos membros do Partido e dos membros dessas organizações em todos os meios como parte obrigatória para os órgãos. Ele delineou as funções estabelecidas antes da Waffen-SS como segue:

"As unidades da Waffen-SS compostas por nacionais-socialistas são mais adequadas do que outras unidades armadas para as tarefas específicas a serem resolvidas nos territórios ocupados do Leste, devido ao treinamento intensivo no que se refere às questões de raça e nacionalidade." (GB-267, 3245-PS).

Logo em 1934 o réu iniciou uma proposta de que as chamadas SD do Reichsfuehrer SS (Serviço de Segurança) onde eram dados poderes extraordinários para assim tornar-se a força motriz na Alemanha nazista.

No dia 9 de junho de 1934, Hess emitiu um decreto, de acordo com o qual o "Serviço de Segurança do Reichsfuehrer SS", era declarado ser o "único órgão de notícias políticas e serviço de defesa do Partido". (GB-257.)

Assim, o réu teve um papel direto no âmbito da criação e consolidação do sistema de órgãos especiais da polícia que estavam sendo preparadas para o cometimento de crimes nos territórios ocupados.

Achamos que Hess sempre foi defensor da teoria da “raça superior”. Em um discurso proferido em 16 de janeiro de 1937, dizendo sobre o ensino da língua do povo alemão, Hess assinalou:

“assim, estão sendo instruídos a colocar os assuntos alemães acima de uma nação estrangeira, independentemente das suas posições ou sua origem. “ (GB-253, 3124-PS).

Hess assinou a chamada "Lei de Proteção do Sangue e Honra" em 15 de setembro de 1935. (E.U.A.-300, 3179-PS). O corpo desta lei dispõe que o “adjunto do Führer está autorizado a emitir todos os decretos e as diretivas necessárias” para a realização prática dos "decretos de Nuremberg."

Em 14 de novembro de 1935, uma portaria emitida por Hess sobre a cidadania do Reich, em conformidade com a lei que era negado aos judeus o direito de voto nas eleições ou que os mesmos ocupassem cargos públicos. (GB-258; 1417-PS). No dia 20 de maio de 1938, um decreto assinado pelo Hess extendeu as Leis de Nuremberg para a Áustria. (GB-259, 224-PS).

Em 12 outubro de 1939, Hess assinou um decreto criando a administração dos territórios poloneses ocupados (Reichsgesetzblatt N-210, 1939, p. 2077). O Artigo 2 deste decreto concedia ao réu [Hans] Frank poderes de ditador. Não há provas suficientemente convincentes que demonstrem que esse réu não limitou esta diretiva geral que introduzidas no território polonês ocupado, criou um regime de terror desenfreado. Tal como é mostrado na carta do Reichsminister da Justiça para o Chefe da Chancelaria do Reich datada de 17 de abril de 1941, Hess iniciou em especial a formação das "leis penais" para os poloneses e os judeus nos territórios ocupados do Leste. O papel deste réu na elaboração destas "leis" é caracterizado pelo Ministro da Justiça, nos seguintes termos:

“De acordo com o parecer do adjunto do Führer eu comecei a partir do ponto de vista de que o pólo é menos suscetível à imposição de castigo normal (...) Sob estas novas formas de punição os prisioneiros estão sendo alojados e aprisionados em campos de refugiados e estão fazendo trabalhos forçados pesados e mais pesados ( ...) A introdução dos castigos corporais que o adjunto do Führer trouxe à discussão não foi incluída no projeto. Não posso concordar com este tipo de punição (...)O processo para fazer cumprir a perseguição foi revogado, para ele parecia intolerável que os judeus ou os poloneses deveriam ser capazes de instigar uma acusação pública. Poloneses e judeus também estão privados do direito de processar em seus próprios nomes ou aderir a uma no Ministério Público(...)Desde o início era destinado a intensificar um tratamento especial, em caso de necessidade: Quando essa necessidade se tornou um decreto verdadeiro emitido, para que o adjunto do Führer refira na sua carta ...."( GB-268, R-96.)

Assim, não pode haver dúvida de que Hess, juntamente com os outras grandes criminosos de guerra é culpado de crimes contra humanidade.

Levando em consideração que entre os dirigentes políticos da Alemanha hitlerista, Hess foi a terceira em importância e desempenhou um papel decisivo nos crimes do regime nazistas.

Eu considero justificada a sentença e no seu caso poderia ser a morte.

Neonazista alemão é julgado por cumprimentar judeu com saudação a Hitler

O advogado e ideólogo neonazista Horst Mahler, "freqüentador" da Justiça alemã por negar o Holocausto, começou a responder nesta segunda-feira perante um tribunal por fazer a saudação hitlerista a um representante da comunidade judaica.

Mahler, 72, foi membro da organização terrorista Fração do Exército Vermelho (RAF) antes de se tornar neonazista. Ele é acusado de incitação à violência por saudar com um "Heil, Hitler!" o ex-vice-presidente do Conselho Central dos Judeus da Alemanha, Michel Friedman.

Trata-se do segundo julgamento por este mesmo caso, já que ele apresentou recurso contra a sentença de dez meses de prisão imposta na primeira instância, em abril.

Concretamente, Mahler é acusado de incitação ao ódio racial pela saudação a Friedman, quem lhe entrevistava para a edição alemã da revista "Vanity Fair", e pelas declarações vertidas na conversa, nas quais qualificou a Adolf Hitler de "redentor do povo alemão".

O ideólogo neonazista, ex-advogado e membro do Partido Nacional Democrático (NPD), foi processado em numerosas ocasiões por crimes de caráter racista e uso de símbolos anticonstitucionais.

Mahler foi membro de fundação da socialista RAF na época em que ela era dirigida por Andreas Baader e Ulrike Meinhof e passou vários anos na prisão durante os anos 70.

Nos anos 90, ele deu uma reviravolta ideológica rumo à extrema direita e, em 2000, filiou-se ao NPD, que reúne os neonazistas alemães.

Fonte: EFE/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL874037-5602,00-NEONAZISTA+ALEMAO+E+JULGADO+POR+CUMPRIMENTAR+JUDEU+COM+SAUDACAO+A+HITLER.html
Foto: Hiram7 Review
http://hiram7.wordpress.com/2007/11/09/michel-friedman-under-pressure-after-interviewing-leading-neo-nazi-horst-mahler/

Comentário: o ex-membro da facção terrorista de extrema-esquerda na Alemanha Ocidental, o Baader-Meinhof, e agora neonazista, Horst Mahler teve um artigo publicado, assinado pelo mesmo, no site de negação do Holocausto entitulado por Grupo Dirlip, uma vez mencionado neste blog:
Grupo Dirlip e o terrorista e neonazista Horst Mahler
http://holocausto-doc.blogspot.com/2007/08/grupo-dirlip-e-o-terrorista-horst.html

Cinicamente, grupos neonazistas e afins no Brasil, que costumam utilizar principalmente o site de relacionamentos Orkut para difusão de material anti-semita, de apologia ao nazismo e de negação do Holocausto, usam o rótulo de "revisionistas" da História para confundir as pessoas que não têm idéia a princípio do que se trata a tal "revisão" do Holocausto(revisão no caso entre aspas pois não há revisão alguma).

Os mesmos costumam negar o caráter anti-semita e de apologia ao nazi-fascismo da nomeada "revisão"(negação)do Holocausto que eles professam quando são confrontados com essas questões. Como todos podem ver, a proximidade e afinidade ideológica de um grupo("revisionistas") e outro(neonazistas) é bem mais tênue, próxima e íntima do que costuma serem negadas pelos próprios "revisionistas"(negadores)do Holocausto.

Central de esclarecimento investiga crimes do regime nazista

Processo em Ludwigsburg: identidade do criminoso é desconhecida

Em 1958, foi criada na Alemanha uma central de esclarecimento de crimes nazistas. O departamento já investigou mais de 7 mil casos até hoje.

Num momento em que a então Alemanha Ocidental vivia o chamado "milagre econômico" e que a sociedade do pós-guerra pretendia passar uma borracha no passado nazista do país, a investigação do assassinato de judeus na Lituânia redespertou o interesse público pelo genocídio cometido pelo regime de Hitler.

No dia 1° de dezembro de 1958, era fundada a Central do Judiciário para Esclarecimento de Crimes do Regime Nazista (Zentrale Stelle der Landesjustizverwaltungen zur Aufklärung von NS-Verbrechen), em Ludwigsburg. Somente em seus 12 primeiros meses de existência, o departamento conduziu 400 investigações. Hoje, 50 anos depois, estão registrados 7.367 casos.

Os processos de esclarecimento dos assassinatos cometidos nos campos de concentração de Auschwitz, Treblinka ou Buchenwald não teriam sido possíveis sem a participação da Central de Ludwigsburg, onde estão arquivados meio milhão de documentos, bem como 1,6 milhão de fichas.

Caso Demjanjuk

John Demjanjuk, em 2005: crimes de guerra em campos nazistas de extermínio na Ucrânia

A maior parte das investigações foi realizada há mais de 30 anos. Entre 1967 e 1971, foram conduzidos mais de 600 processos simultaneamente. Mas mesmo hoje, 50 anos após sua fundação, a Central ainda é uma valiosa fonte de informação sobre o período nazista, como mostra o caso de Iwan (John) Demjanjuk, um ucraniano que pertenceu à força de segurança do campo de extermínio de Sobibor.

Demjanjuk emigrou depois do fim da Segunda Guerra para os EUA. Quando sua verdadeira identidade foi desmascarada, ele foi deportado para Israel, onde foi julgado e condenado à morte por seus crimes sob o regime nazista. O veredicto teve que ser anulado por falta de provas e Demjanjuk acabou retornando aos EUA.

Enquanto isso, em Ludwigsburg, na central de esclarecimento, o promotor e diretor da instituição, Kurt Schrimm, deu continuidade às suas investigações: "Estamos hoje convencidos de que podemos provar que Demjanjuk esteve envolvido na morte de pelo menos 29 mil pessoas", diz Schrimm.

Cooperação com a América Latina

Procurador Kurt Schrimm, diretor da Central do Judiciário para Esclarecimento de Crimes do Regime Nazista

A Central de Ludwigsburg não conduz ela própria os processos, mas repassa-os às devidas procuradorias. É pouco provável que Demjanjuk venha, hoje com 88 anos, a ser deportado dos EUA para ser julgado na Alemanha. Para Schrimm, as chances de que o criminoso de guerra seja julgado na Alemanha diminuem a cada ano.

"Isso não significa que não possamos mais esclarecer o que acontecia, que não possamos mais encontrar os suspeitos. Mas nosso grande problema é provar a culpa destes. Acabamos quase sempre sem provas, porque não só os acusados estão envelhecendo, como também as testemunhas, quando ainda podem ser encontradas", explica o promotor.

Schrimm e seus colegas contam hoje com as vantagens da tecnologia, podendo fazer uso da internet e de material digital em suas buscas. A cooperação internacional, porém, continua sendo um fator essencial: "Procuramos, por exemplo, documentos em arquivos russos, em arquivos da antiga União Soviética. Procuramos lá atas de processos dos anos 1945/46, a fim de obter dados sobre os envolvimentos em assassinatos em massa e carnificinas. Ou procuramos, por exemplo, na América do Sul, nos departamentos de imigração locais, por pessoas que poderiam estar envolvidas com crimes cometidos durante o nazismo. Há também uma cooperação estreita com os EUA e com as autoridades canadenses, polonesas e principalmente tchecas", diz Schrimm.

Interesse do Estado

Funcionária do arquivo em Ludwigsburg: cooperação com outros países é primordial

Como a busca, separação e avaliação de material costuma ser muito demorada, foram levantadas na Alemanha várias discussões sobre a prescrição de determinados crimes. Protestos dos juristas ligados à Central de Ludwigsburg fizeram com que, no país, crimes como homicídio e auxílio a homicídio não prescrevam. Ou seja, mesmo anos mais tarde, os culpados ainda podem ser julgados pelos crimes cometidos durante o nazismo.

"Até o dia de hoje, devemos às vítimas uma prova de que não somos indiferentes ao que aconteceu no passado, que não passamos simplesmente uma borracha em cima do que aconteceu. Em conversas com diversas vítimas do regime nazista, ouvi delas que nem tanto importa que os culpados sejam hoje realmente punidos, mas sim que os representantes do Estado alemão se interessem pelo que aconteceu no passado e por aquilo que sucedeu a elas", declara Schrimm.

Cornelia Rabitz (sv)

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 01.12.2008)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3836418,00.html

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O que os soviéticos sabiam sobre Auschwitz - e quando. Parte 1: Relatórios do NKGB da Ucrânia 1944


Artigo de Sergey Romanov traduzido à partir do link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/what-soviets-knew-about-auschwitz-and.html

Este artigo contém “dados crus” para uma futura análise do tema. Abaixo vocês encontrarão 3 relatórios soviéticos datados do verão e princípio do outono de 1944, referentes ao campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau.

Estes importantes documentos, aparentemente, não foram utilizados por qualquer pesquisador do Holocausto.

O Professor John Zimmermann amavelmente me ajudou a chegar a eles através do USHMM. As referências de arquivo do USHMM são:RG-06,025 * 45, RG-06,025 * 46, RG-06,025 * 47. Os arquivos originais estão no Arquivo Central do FSB.

A qualidade das cópias que eu recebi não estão muito boas, (conforme imagem) em especial as palavras escritas com letras maiúsculas são mais difíceis de enxergar, mas eu consegui reconstruir alguns textos (com garantia de precisão) à partir das peças danificadas. (que felizmente, são poucas).

O primeiro relatório, 23/08/1944:

CONFIDENCIAL

PARA O VICE-COMISSÁRIO DE SEGURANÇA DO POVO DA URSS – 2 POSTO DE COMISSARIA DE SEGURANÇA

Com.
KOBULOV

Moscou

MENSAGEM ESPECIAL sobre o campo de extermínio de “BERKENAU”[sic]

O Chefe de inteligência do grupo-operacional do 4 º departamento da NKGB UkrSSR "SHTURM, ativo em "LVOVSKIJ" região da cidade de Cracóvia informa que no território da Polônia, 40km a sudeste, na floresta atrás da cidade de Oswiecin/Auschwitz, está localizado o campo de concentração de “BERKENAU”[sic].

O campo ocupa 5[?] quilômetros quadrados, e tem 4 fornos especiais para a incineração de corpos.

Nos crematórios, judeus são selecionados para trabalhos forçados na equipe “Sonder”, sob orientação do alto chefe das SS, Major SS [nome pouco claro].

Em 1941 em “BERKENAU”[sic], 12.000 prisioneiros de guerra soviéticos foram aprisionados, torturados e exterminados, salvo 50-60 pessoas que trabalhavam para os alemães.Os prisioneiros soviéticos foram mortos a pauladas, asfixiados e em seguida cremados.

Em junho de 1944 haviam cerca de 80.000 civis de diferentes nacionalidades no campo, como russos, poloneses, tchecos, franceses, belas, ciganos e judeus.

No início de maio de 1944 [texto não claro], começou o incineração em massa dos judeus húngaros, foram exterminados mais de 12.000 por dia.

Devido aos fornos crematórios não conseguirem tratar o montante total de vítimas, foram abertos 4 grandes valas onde as pessoas também eram cremadas.

Transportes de famílias judias inteiras, juntamente com seus pertences chegavam ao campo.

As pessoas que chegavam ao campo eram ordenadas, crianças e idosos eram mantidos separados de homens e mulheres.

Sob o pretexto de irem para uma sala de banho, as pessoas que chegavam eram despidas, dado o sabão eram encaminhadas para a "seção de banho", onde as portas eram fechadas hermeticamente, após ampolas de um líquido desconhecido eram lançadas à partir do teto, quebravam e emitiam gás, e como resultado desta, depois de cinco a dez minutos [termo incerto] acontecia o sufocamento.


Depois disto, a sala é ventilada, os cadáveres são carregados em carrinhos e são levados para os fornos crematórios.

Antes da incineração os cadáveres são examinados, dentes de ouro e coroas são extraídos.

A uma distância de 200 metros dos fornos crematórios uma orquestra toca para
silenciar os gritos.


Os alemães removem os bens roubados todos os dias através de um avião sanitário.

De acordo com o testemunho de antigos prisioneiros de guerra no campo de “BERKENAU”[sic], foi cremado o corpo do Tenente-Coronel do estado Maior do Exército Vermelho, doutor em ciência técnica [nome não claro].


COMISSÁRIO DE SEGURANÇA DO POVO DA UkrRSS – 2 POSTO DE COMISSARIA DE SEGURANÇA

/SAVCHENKO/
23 August 1944
Kiev

Alguns detalhes são exagerados ou enganados, mas a breve descrição do processo de extermínio é confirmada por outras provas.

O segundo relatório, 31/08/1944:

CONFIDENCIAL

RELATÓRIO

[of] PET’KO Ananij Silovich, nascido em 1918 na vila de
Gorbachevo-Mikhajlovka,
região de Makeevskij Stalinskaja oblast, Ucrânia, educação: Sétimo grau, candidato a membro do VKP/b/ e


PEGOV Vladimir Jakovlevich, nascido em 1919 na vila de Raznezhje, região de Voratynskij, Gor'kovskaja oblast, Rússia, educação: oitavo grau, membro do VLKSM - que [i.e. ambos] escaparam em Novembro de 1943 do campo de concentração de "Auschwitz", localizado a 3 km a oeste da cidade de Oswiecim /Poland/.

I – INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O CAMPO DE AUSCHWITZ

O campo de concentração de “Auschwitz” está localizado a 3km a oeste da cidade de Oswiecim no lado oriental do Rio Vístula. A aparência externa do campo lembra um campo militar, com barracas regulares de madeira, pintadas de verde. O território é densamente construído de barracas em cerca 2 x 3km.

O acampamento é rodeado a uma distância 3 a 4 metros com postes de concreto reforçado de 4 metros. Entre o lado de fora e de dentro destes postes hà uma densa rede de arame-farpado. Sob a cerca de arame, hà uma fundação feita de concreto armado de 1,5m de profundidade. Seguindo a cerca de arame, a cada 75-100m existem guaritas de 20-25m de altura. Em cada guarita hà um guarda com um rifle e uma metralhadora.

A cada dois postes da cerca de arame, hà lâmpadas elétricas que iluminam o acampamento a noite inteira.

A cerca elétrica está sempre sob alta tensão, de 3 a 5 mil volts.

O campo todo é dividido em 2 partes, homens e mulheres. A parte dos homens é dividida em:

[a, b, v, ... – letras do alfabeto russo]

a/ seção de quarentena;

b/ para Russos, Poloneses, Alemães e outros;

v/ para Italianos e Franceses;

g/ para Tchecos;d/ para ciganos;e/ enfermaria.

A seção de quarentena tem 18 barracas, a enfermaria tem 16 barracas. O restante das 4 seções tem 40 barracas cada.

O campo das mulheres consiste em 2 seções com 36 barracas cada. Crianças de todas as idades ficam no campo das mulheres.

As barracas de madeira, dos homens e das mulheres, são do tipo que acomodam entre 700-800 pessoas.

Entre o campo dos homens e das mulheres / a distância entre eles é de 50 m / passa uma ferrovia e uma rodovia, que liga a cidade de Oswiecim para os crematórios, que estão localizados 50 metros de distância do campo na direção oeste. Hà também uma estrada em volta do campo.

O campo de “Auschwitz” já existia na Polônia, mas não havia crematórios e existiam prisioneiros políticos poloneses. Com a chegada dos alemães o campo foi ampliado e melhorado.

No início de 1940 todos os prisioneiros de guerra e civis de todos os países ocupados pela Alemanha chegavam a este campo sem interrupções. Em média o campo de “Auschwitz” acomodava entre 150-200 mil pessoas.

O campo de Auschwitz também é conhecido como “campo da morte”, porque só os destinados ao extermínio são enviados para lá. De russos, chegam nesse campo somente aqueles que cometeram alguma infração, fugas, assassinato e etc...


2 – ROTINA E SEGURANÇA

Todos aqueles que chegam ao “campo da morte”, imediatamente são completamente despidos, entregam todos os seus pertences pessoais, e então recebem roupas especiais do campo.

Exceto os prisioneiros de guerra russos, todos têm o mesmo tipo de vestuário, constituído de calça e jaqueta de tecido listrado bruto / listras brancas e pretas ou azul escuro / os sapatos são de madeira. O chapéu / boné pontiagudo / é feito do mesmo tecido.

Os prisioneiros de guerra do Exército Vermelho usam um uniforme com uma grande cruz vermelha sobre a blusa / nas costas / e as calças pintadas em vermelho nas laterais.

A administração e os guardas têm direitos ilimitados. Qualquer um pode matar prisioneiros o quanto quiser e sem motivo algum. Esses assassinos são os mais incentivados pela administração. As guardas consistem apenas de SS e policiais. Todo mundo vai com um chicote ou um pedaço de pau, e mesmo sem qualquer razão aparente ataques às vezes não são o suficiente, acham agradável batê-los até a inconsciência ou morte - como eles desejam.

Em cada seção do campo o principal superior é chamado de “Rapportfuehrer”, a que estão subordinados os “Blockfuehrers”, que mantém em ordem os blocos/barracas/.

A cada semana, a seleção para extermínio dos fracos é realizada. Para este propósito todos os detentos ficam alinhados, todos completamente despidos, SS e funcionários dão as ordens para que eles consideram necessárias para destruí-los, e os que lideram ficam de lado. Aqueles que foram selecionados para o extermínio ficam alojados em barracas especiais, e não são alimentados por vários dias, então eles são trazidos ao crematório e depois cremados.

Fugas do campo são absolutamente impossíveis, apenas acontecem são realizados quando as pessoas estão trabalhando fora do acampamento. Se um guarda descobre a fuga de uma única pessoa, é soado um alarme de uma poderosa sirene. Então todas as obras são pausadas, as pessoas se alinham em colunas e continuam de pé no lugar até que a procura do fugitivo tenha acabado. A procura leva um dia, se o fugitivo não for encontrado as buscas são interrompidas. Todos os guardas utilizam cachorros nas buscas.

3 – CREMATÓRIO

A 50m de distância do campo de “Auschwitz” estão localizados 4 crematórios, então ali cremavam as pessoas, não somente deste campo, mas também de outros campos que estavam localizados na região próxima a Auschwitz. Aqui também eram cremados os detentos que residiam perto de Oswiecim.

O campo de Oswiecim é uma fortaleza que abriga prisioneiros políticos de todas as nacionalidades. Os mais horríveis atos de violência contra os prisioneiros são feitos pela Gestapo e eles [os corpos dos prisioneiros] eventualmente vão para o crematório.

Externamente o crematório parece uma fábrica ou uma pequena usina, cercado com cercas e com uma chaminé de 20-25m.

Na parte subterrânea do crematório existem 2 seções: a sala de despir e a sala de gaseamentos. Na parte acima do solo está o crematório propriamente dito com os fornos que funcionam a coque. Cada crematório tem 5 fornos e em cada forno 3 retortas. Em cada retorta são introduzidos 3-4 corpos simultaneamente. A duração da cremação dos corpos é de cerca de 5 a 10 minutos, depois o tempo de cremação é encurtado. Os crematórios trabalham na capacidade plena, 24 horas por dia, e mesmo assim não conseguem cremar todos os corpos.

4 – PROCESSO DE ENVENENAMENTO E INCINERAÇÃO

Grupos de pessoas fadadas são levadas ao território do crematório de automóvel, eles ficam alinhados em uma linha no chão e é realizado um exame – para verificar se alguém tem dente de ouro ou outros objetos de valor. Aqueles em que verificaram que tinham dentes de ouro, ou ouro em outras partes, são encaminhados para a “sala de cirurgia”, onde o ouro ou outros compostos é extraído.

Após o exame levam as pessoas para um porão, uma sala de despir, similar a uma sala de despir de um banheiro. Tendo despidos vão para outra sala, a do banho, onde existem torneiras e chuveiros, mas nunca teve água. Nesta sala hà 4/quatro/ colunas que atravessam o telhado. Após o “banho” a sala está cheia de pessoas/em pé ao lado dos outros/ e as portas são fechadas hermeticamente. Através das aberturas, que estão no topo das colunas, uma espécie de pó é derramado, que exala um gás venenoso, e as pessoas começam a sentir falta de ar. O processo de sufocamento dura de 10-15 minutos.

Então os cadáveres são levados em carrinhos especiais para a parte de cima e incinerados.

Diariamente, vários transportes chegam com pessoas trazidas para o campo, o crematório não consegue lidar com todas as pessoas assassinadas a gás, portanto, perto dos crematórios foram criadas valas, onde a queima é realizada, como se fosse uma pira.

As pessoas que trabalham no crematório consistem inteiramente de judeus e têm mudado a cada mês. Alguma pessoas que trabalharam lá já foram incineradas.

O sufocamento e cremação acontecem simultaneamente para homens, mulheres e crianças.

Houve ocasiões em que os bebês estavam vivos após o gaseamento e, em seguida, eles foram mortos pela SS com paus ou simplesmente pelo [batendo contra ele], o muro.

Durante os trabalhos no crematório as chamas das chaminés aparentemente alcançam 15m de altura.

O cheiro dos corpos [cremando] se espalha por muitos quilômetros deste lugar horrível.

Após a fuga, já longe do campo, ouvimos da população local que os jornais alemães publicaram que haviam sido construídas quatro fábricas de tijolos em Oswiecim.

Em 1943 em um dos crematórios, ocorreu o seguinte incidente: uma judia americana foi atacada pelo Rapportfuehrer SCHILLINGER, ela chutou a arma que estava em sua mão, pegou a arma e em seguida atirou em um assistente seu e feriu um outro SS.

Tudo o que diz respeito à arrumação dos crematórios, envenenamento e a cremação de internos, nós conhecemos parcialmente à partir de observações pessoais, parcialmente do pessoal que trabalha nos crematórios, embora eles vivam em barracas separadas, no entanto, suas histórias sobre arrumação do crematório e processo de matança e cremação de internos, ficaram conhecidos por
todos os detentos que residem em “Auschwitz”.

No que diz respeito ao fato da existência de crematórios, este não é segredo para os internos, porque qualquer um pode chegar perto deles até a distância de 10-15 m. Nós vimos pessoalmente, indo a uma distância curta, quando as portas dos crematórios foram abertas e perto dos fornos haviam pilhas de cadáveres.

Além disso, dois crematórios estavam sendo construídos no outono de 1943 [obviamente um erro de tipografia para 1942], quando nós tínhamos saído desse campo. As obras foram realizadas por prisioneiros de guerra russos, que viviam nas mesmas barracas que nós. Várias vezes fomos ao interior dos crematórios e vimos suas estruturas estruturas internas incompletas.


5 – SOBRE O NOVO CAMPO


Já no verão de 1941 a construção do novo campo tinha começado, estava na mesma escala do campo que residíamos, i.e. “Auschwitz”. O território do novo campo adjunto ao lado norte de “Auschwitz” era separado somente por uma estrada rodoviária.

A construção foi feita pelos internos de “Auschwitz”.

Além disso, de acordo com as histórias dos detentos que chegaram de outros campos, a uma distância de 20-30 km do campo de "Auschwitz" existe um pequeno número de campos de concentração, a partir do qual as pessoas também são levadas para incineração.


6 – SOBRE ALGUNS COMANDANTES DO RKKA E PESSOAS CONHECIDAS DE NÓS QUE RESIDIRAM NO CAMPO “AUSCHWITZ”


De generais do Exército Vermelho no campo de Auschwitz que eu saiba não havia nenhum. Se algum general do RKKA foi cremado nos crematórios, eu também não sei.

No campo havia prisioneiros de guerra entre médios e altos oficiais. Nós conhecemos o Tenente-Coronel ANTIPOV, 35-38 anos, da Sibéria, até a sua captura ele tinha servido na Divisão de Tanques Pushkin, e participou ativamente da nossa fuga. Major OSIPOV Sergej, 40-45 anos, de Moscou. Professor MIRONOV Andrej Pavlovich, 40-45 anos, que escreveu muitos tratados históricos. ZLOTIN Mikhail, nascido em 1916, engenheiro da indústria de moagem de farinha, Tenente Jr do RKKA, fugiu do campo em outubro de 1943. Nós fomos envolvidos na fuga de ZLOTIN.

Todas as pessoas acima mencionadas, tiveram grande participação com os internos do campo, organizando fugas individuais e em grupo.

Do número de traidores entre os prisioneiros de guerra nós conhecemos: [nome não claro] serve ao comandante do campo e traiu o povo soviético.

[nome não claro] da Ucrânia Ocidental, não somente denunciou pessoas soviéticas como também estrangulou muitas pessoas.

BARANOV Jakov, 26-27 anos, trabalhou na dispensa de pães, provocava os russos, em muitos aspectos, como diminuir a escassa ração de pão que eles estavam recebendo.

"VAN'KA" - / "SPITZMAUS" /, 2[?] anos, baixo, russo, que também denunciou pessoas soviéticas honestas.

"[nome não claro]" - 27-28 anos, da Ucrânia Ocidental, sargento-ajudante de acordo com a classificação, ativo assistente da Gestapo.

Todos eles eram de muita confiança dos alemães.

RELATÓRIO RECEBIDO POR:


COMISSÁRIO OPERACIONAL SÊNIOR DO 4º.DEPARTAMENTO DA NKGB
UkrSSR
Tenente Sênior de Segurança do Estado
[nome não claro, possivelmente “Gubin”]

31 de
Agosto de 1944
Kiev



O mais importante documento é o terceiro. Apesar de várias imprecisões (como o tempo de cremação e a altura das chamas nas chaminés) os autores dos relatórios descreveram com precisão o essencial do processo de extermínio nos crematórios II e III(informações sobre o que faziam os judeus dos Sonderkommandos).

A descrição da máquina de extermínio foi confirmado pelos documentos recuperados após a guerra, que os soviéticos, obviamente, não tinham acesso em 1944. Notar a correta descrição da divisão dos morgues dos crematórios II&III através da sala de despir(Auskleidekeller na documentação alemã) e a sala de gaseamento (Vergasungskeller and Gaskeller na documentação alemã). Observar também a menção às 4 colunas wire-mesh para introdução do Zyklon-B.

(Nota: ver este artigo para mais comentários.)

O terceiro relatório, 06.09.1944


CONFIDENCIAL

PARA O VICE-COMISSÁRIO DE SEGURANÇA DO POVO DA URSS – 3 POSTO DE COMISSARIA DE SEGURANÇA


[nota manuscrita: Para arquivo do campo de “Auschwitz” [assinatura não clara]]
com. SUDOPLATOV

Moscou

MENSAGEM ESPECIAL


Informação do chefe de inteligência operacional, grupo de "LVOVSKIJ" acerca do campo de"Berkenau" [sic] enviada em 23.7.1944 [não claro] 4/4/4609 é corroborada a maior parte das informações recebidas recentemente do chefe de outro grupo-inteligência operacional "[não claro]", recebido por ele do antigo prisioneiro de guerra, capitão JAKOVLEV Grigorij [não claro nome] e outras pessoas que escaparam do campo de “BERKENAU”[sic] no fim de julho de 1944.

De acordo com o testemunho dessas pessoas, no campo de “BERKENAU”[sic] em 1941-42 mais de [?]0.000 de prisioneiros de guerra Russos e também 150.000 judeus e prisioneiros políticos foram torturados e cremados em piras.

De 16 de Maio a 20 de Julho de 1944 1.200.000 judeus Húngaros e Romenos foram
exterminados no campo.

Desde o final de julho deste ano todo transporte com os judeus da França, Iugoslávia e Grécia, ocupada pelos alemães, começaram a chegar no campo.

Os adultos estão sendo sufocados em especial nas câmaras de gás, os idosos e crianças estão sendo lançados no fogo vivo.

Informações sobre general [sobrenome pouco claro] está sendo verificada após a recepção dos novos dados sobre ele a partir de nossa grupos de inteligência operacional, vamos informá-lo.


CHEFE DO 4o. DEPARTMENTO DA NKGB DA UkrSSRTENENTE CORONEL DA SEGURANÇA DO ESTADO

/SIDOROV/

6 de Setembro, 1944Kiev



Este relatório fala por si. Apenas um comentário sobre a exagerada estimativa de judeus húngaros mortos (os judeus de parte da Romênia anexada também são contados como judeus húngaros). A maioria dos observadores não têm acesso a uma informação exata sobre os transportes húngaros, portanto, haviam várias estimativas, muitas delas exageradas, e este relatório é baseado na estimativa de 18.000 pessoas por dia (atualmente sabemos que houveram pausas no extermínio). A estimativa do campo é confirmada por uma testemunha bem conhecida, Sonderkommando Alter Feinsilber (Stanislaw Jankowski) que testemunhou sobre este número em 16.04.1945 (Ver J. Bezwinska, D. Czech, Amidst a Nightmare of Crime, New York, Fertig, 1992, p. 56).

Próximo: Parte 2: Relatórios de alemães capturados, 1943-1944

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

As investigações polacas do local da matança em Treblinka foram um fracasso completo …

… em termos de evidência à chacina em massa de centos de milhares de pessoas.

Ou então, é isto o que o guru "revisionista" Carlo Mattogno gostaria que os seus leitores acreditassem.

Nas páginas 89 e seguintes do livro "Treblinka. Extermination Camp or Transit Camp?" ("Treblinka. Campo de Extermínio ou Campo de Passagem?"), de Carlo Mattogno e Jürgen Graf, lê-se o seguinte (minha tradução):

Mesmo as investigações conduzidas por Lukaszkiewicz provaram ser um fracasso completo em termos desta questão central. Organizou escavações num determinado lugar do campo onde, segundo a testemunha S. Rajzman, se encontrava uma sepultura em massa, mas não encontrou nada disto. Mandou escavar trincheiras, de 10-15 metros de cumprimento e 1.5 metros de profundidade, nos locais onde, segundo testemunhas, tinham estado as duas alegadas construções que continham as câmaras de gás, mas apenas descobriu "camadas de terra não perturbadas ." Certamente encontrou caveiras, mas sem feridas de bala. Toda a evidência por ele examinada (moedas, documentos, farrapos, restos de vários objectos) meramente mostra que houve um campo naquele lugar, e os restos humanos bem como as cinzas apenas provam que foram enterrados ou cremados corpos no campo. Nada produziu sequer um vestígio de evidência de chacina em massa, por não falar num crime deste tipo cometido contra várias centenas de milhares de pessoas.


Ora, vamos ver os relatórios destas investigações supostamente fracassadas, que Mattogno nos fez o favor de mandar traduzir do polaco e transcrever nas páginas 84 e seguintes do seu livro:

Para fazer uma investigação oficial no local do crime, o juiz Lukaszkiewicz tinha-se deslocado a Treblinka. Como explicou posteriormente, agiu "[…] a pedido do Procurador do Tribunal Distrital de Siedlce datado de 24 de Setembro de 1945, induzido por uma carta datada de 18 de Setembro de 1945 da Comissão Principal para Investigação dos Homicídios Alemães na Polónia."
Depois de despedir-se dos visitantes, Lukaszkiewicz começou o trabalho com um grupo de trabalhadores. Entre os dias 9 e 13 de Novembro, fez um exame pormenorizado dos terrenos bem como uma série de escavações. Depois compôs um relatório oficial, que aqui reproduzimos na íntegra dada a sua significância:
"Relatório das tarefas executadas nos terrenos do campo da morte de Treblinka, que constitui o objecto da investigação judicial.
Entre 9 e 13 de Novembro de 1945, o magistrado investigador de Siedlce, Z. Łukaszkiewicz, junto com o Procurador para o Tribunal Distrital de Siedlce, J. Maciejewski, efectuaram as seguintes tarefas nos terrenos do campo:
9 de Novembro de 1945
Foram iniciadas as escavações nos terrenos utilizando os serviços de 20 trabalhadores que tinham sido destacados pela administração da vila para trabalhar em estradas. As escavações começaram no local descrito pela testemunha Rajzman em 6 de Novembro, onde o chamado 'hospital do campo' se tinha situado e onde, segundo a testemunha, deveria existir uma sepultura em massa.
Havendo uma cratera de bomba de 4 a 5 metros de profundidade na dita localidade – duas bombas se encontram ainda a uma ligeira distância da cratera – iniciou-se a escavação nesta cratera. No decurso deste trabalho foram encontradas numerosas moedas polacas bem como russas, alemãs, austríacas e checas, e também pedaços partidos de vários tipos de contentores. No final dos trabalhos aproximadamente às 3 da tarde, a uma profundidade de 6 metros, encontramos uma camada que não tinha sido atingida anteriormente. Não foram encontrados restos humanos.
10 de Novembro de 1945
O trabalho continuou, com 36 trabalhadores que tinham sido destacados para trabalhar em estradas. A uma profundidade de 6 metros começa uma camada que não tinha sido anteriormente aberta por ninguém. Esta consiste parcialmente de todo tipo de utensílios de cozinha e diversos tipos de artigos domésticos; também há pedaços de roupa. A uma profundidade de 7 metros, atingimos o fundo da fossa – uma camada de areia amarela não misturada com gravilha. Mediante expansão da escavação conseguimos determinar a forma da fossa. Tem paredes inclinadas, e o fundo mede cerca de 1,5 metros [sic!]. A fossa foi provavelmente escavada com uma escavadora. No decurso das escavações, foram descobertos numerosos documentos polacos mais ou menos danificados, bem como um cartão de identificação pessoal muito danificado de um judeu alemão, e ainda algumas outras moedas: polacas, alemãs, russas, belgas, e até americanas. Depois de termos estabelecido que esta fossa, cheia de pedaços partidos de contentores, vai de norte a sul nos terrenos do campo – mais 2 metros [na direcção norte] tinham sido escavados – os trabalhadores começaram a trabalhar neste local.
11 de Novembro de 1945
Foi feita uma série de escavações no local onde deveriam ter estado as câmaras [de gás], a fim de encontrar os muros dos fundamentos se possível. Foram cavadas fossas de 10 – 15 metros de comprimento e 1,5 metros de profundidade. Atingiram-se camadas de solo não perturbadas.
A maior das crateras produzidas pelas explosões (numerosos fragmentos atestam o facto de que estas explosões foram causadas por bombas), que tem uma profundidade máxima de 6 metros e um diâmetro de cerca de 25 metros – as suas paredes dão evidência reconhecível da presença de grandes quantidades de cinzas bem como restos humanos – foi escavada mais fundo a fim de determinar a profundidade da vala nesta parte do campo. Foram encontrados numerosos restos humanos nestas escavações, parcialmente ainda em estado de decomposição. O solo consiste de cinzas misturadas com areia, tem uma cor castanha escura e é de forma granulosa. Durante as escavações, o solo emitia um forte cheiro a queimado e decomposição. À profundidade de 7,5 metros foi atingido o fundo, composto por camadas de areia não misturada. Neste ponto foi parada a escavação.
13 de Novembro de 1945
Com a ajuda de 30 trabalhadores utilizados para trabalhos de estrada, foi iniciada a abertura de uma vala – um local onde tinha sido depositado lixo na parte nordeste do campo. Neste local, conforme foi explicado por trabalhadores dos povoados circundantes, foram até agora encontradas grandes quantidades de documentos. Começou-se a trabalhas neste local onde as pessoas [daquela área] tinham cavado uma vala de três metros de profundidade à procura de ouro. Durante a escavação foram continuamente encontrados pedaços partidos de tudo tipo de contentores de cozinha bem como um grande número de farrapos. Além das moedas até lá descobertas, foram encontradas moedas gregas, eslovacas e francesas, bem como documentos em hebreu e polaco e restos de um passaporte soviético. A uma profundidade de 5 metros o trabalho foi parado devido às condições do tempo, cada vez piores.
O Juiz – Investigador O Procurador
Lukaszkiewicz Maciejewski
Decisão:
O Juiz Investigador de Siedlce, em 13 de Novembro de 1945, determina que, dado o facto de que muito provavelmente já não podem ser encontradas sepulturas em massa hoje em dia nos terrenos do campo, conforme é de concluir dos depoimentos das testemunhas até agora examinadas bem como dos resultados do trabalhos executados no local, e tendo em consideração a vinda do Outono, as actuais chuvas e a necessidade de concluir rapidamente as investigações judiciais preliminares, face a todos estes factos, seja posto termo aos trabalhos no território do antigo campo da morte de Treblinka.
O Juiz - Investigador
Lukaszkiewicz."

Em 29 de Dezembro de 1945, depois de concluídas as suas investigações preliminares, Lukaszkiewicz emitiu um relatório de 14 parágrafos que – conforme já referido – foi apresentado pelos soviéticos no Julgamento de Nuremberga como Documento USSR-344. No terceiro parágrafo, que tem o título "Condições actuais do terreno do campo", consta o seguinte:
"Com a ajuda de um perito agrimensor e de testemunhas, fiz uma inspecção exacta do terreno. Segundo as medições, a área do campo é de cerca de 13,45 hectares e tem a forma de um quadrilátero irregular. Já não existem restos de instalações do antigo campo da morte. Os únicos objectos que restam das estruturas são: uma trincheira com restos de postes de madeira queimados protuberantes, que conduzem à cave, tijolos de muro das fundações do edifício da economia doméstica do campo e o local do poço. Cá e lá se encontram restos de postes queimados da vedação e restos de arame farpado. Também há secções dos caminhos pavimentados que permanecem. No entanto, também há outros rastos que apontam para a existência e as funções do campo. No sector noroeste da área, a superfície está coberta numa extensão de cerca de 2 hectares por uma mistura de cinzas e areia. Nesta mistura encontram-se incontáveis ossos humanos, muitas vezes ainda cobertos com restos de tecido, que se encontram em estado de decomposição. Durante a inspecção, que fiz com a ajuda de um perito em medicina forense, foi determinado que as cinzas são sem qualquer dúvida de origem humana (restos de ossos humanos cremados). O exame de crânios humanos não revelou rastos de ferimento. A uma distância de várias centenas de metros, há agora um cheiro desagradável a queimado e decomposição. Na direcção sudoeste, uma parte do terreno do campo ainda está coberta por loiça de alumínio, esmalte, vidro ou porcelana, utensílios de cozinha, bagagem de mão, mochilas, pedaços de roupa etc. Existem inúmeros buracos e crateras na propriedade."
Lukaszkiewicz resumiu as investigações conduzidas no mês anterior naquele local como segue:
"Durante o trabalho no terreno não encontrei sepulturas em massa, o que, em conjunto com os depoimentos feitos pelas testemunhas Romanowski e Wiernik, leva a concluir que quase todos os corpos das vítimas foram queimados, tanto mas que o campo foi liquidado cedo e os assassinos dispunham de muito tempo. O solo do campo foi arado e plantado. Foram lá assentados ucranianos, que fugiram perante a chegada do Exército Vermelho (testemunhas Kucharek and Lopuszyński)."


As partes destacadas a negrito na citação supra suscitam a questão se Mattogno não terá, por dize-lo de forma simpática, esquecido alguns resultados muito importantes destas investigações ao proclama-las um fracasso. Isto porque os investigadores polacos encontraram uma área de cerca de 2 hectares = 20.000 metros quadrados coberta por "uma mistura de cinzas e areia", contendo esta mistura "incontáveis ossos humanos, muitas vezes ainda cobertos com restos de tecido, que se encontram em estado de decomposição".

Fora as descabidas especulações de Mattogno sobre manipulações da evidência pelos soviéticos, de onde poderão ter vindo estas cinzas e ossos humanos cobrindo uma área de 20.000 metros quadrados, se não do subsolo daquela área, de onde foram trazidos à superfície pela actividade de escavadores saqueadores procurando objectos de valor deixados atrás pelos judeus assassinados?

E o que é que estes rastos cobrindo a referida área nos dizem, especialmente em conjunto como o facto de que – conforme se refere na anotação de 11 de Novembro de 1945 do Relatório das tarefas executadas nos terrenos do campo da morte de Treblinka, que constitui o objecto da investigação judicial, assinado pelo Juiz – Investigador Lukaszkiewicz e o Procurador Maciejewski – restos humanos foram encontrados nessa área até uma profundidade de 7,5 metros?

A conclusão mais provável é que esta área de 20.000 metros quadrados era a área das sepulturas em massa, ou uma das áreas de sepulturas em massa, da secção "campo da morte" do campo de extermínio de Treblinka, e que 7,5 metros era a profundidade, ou a profundidade mínima (há depoimentos de testemunhas que mencionam valas com uma profundidade de 10 metros, e as modificações da superfície da área primeiro pelas tentativas dos assassinos de esconder os vestígios dos seus crimes e logo por escavações de saque sugerem a possibilidade de haver alguma dificuldade em determinar exactamente a profundidade original) das valas de sepultura naquela área.

Porque é que Mattogno não aborda estes dados? A razão aparente é que estes dados sugerem que, ao contrário do que Mattogno tenta vender aos seus leitores, havia espaço suficiente nas áreas de matança do campo de extermínio de Treblinka para enterrar os corpos de, pelo menos, os 713.555 judeus que, segundo o relatório enviado pelo SS-Sturmbannführer Höfle em Lublin em 11 de Janeiro de 1943 ao Obersturmbannführer Heim em Cracóvia, foram entregues em Treblinka até 31.12.1942. Isto porque se nesta área de cerca 20.000 metros quadrados

• Havia apenas dez valas medindo 50 x 25 metros, ou um número menor de valas maiores cobrindo uma área equivalente, deixando ainda 7.500 metros quadrados para possibilitar o movimento entre as valas,

• Cada uma destas valas tinha apenas 7,5 metros de profundidade, e

• Não mais do que 8 corpos por metro cúbico (uma densidade considerada possível por Mattogno, que parece bastante conservadora considerando os cálculos de Alex Bay e o experimento de Charles Provan, mencionado no meu artigo sobre os episódios 11 e 12 do vídeo de "Ugly Voice Productions") foram enterrados nestas valas,

a capacidade das ditas valas era de 50 x 25 x 10 x 7,5 = 93.750 metros cúbicos ou 93.750 x 8 = 750.000 corpos humanos.

Trata-se, desde logo, de um cálculo simplificado, que não considera, por um lado, a presumível inclinação das valas e as finas camadas de areia ou cal viva que eram espalhadas entre os corpos ou por cima destes, e, por outro lado, a redução do volume dos corpos nas camadas inferiores devido ao efeito da decomposição e da cal viva (os corpos não foram atirados às valas todos ao mesmo tempo, e o volume dos que se encontravam nas camadas inferiores deve ter diminuído consideravelmente, devido à decomposição e/ou ao efeito da cal viva, até serem acrescentados os corpos nas camadas superiores, conforme foi também salientado na Secção 4.1 do meu artigo Carlo Mattogno on Belzec Archaeological Research ).

No entanto, este cálculo simplificado basta para mostrar que Mattogno, embora menos relutante do que outros "revisionistas" em mostrar evidência que contraria os seus artigos de fé, apenas vê ou aborda aquelas partes dessa evidência que os ditos artigos de fé lhe permitem ver ou abordar.

Corresponde a esta tendência o interesse de Mattogno nas crateras de bomba mencionadas pelo Juiz – Investigador Lukaszkiewicz, à volta das quais Mattogno constrói uma engraçada teoria de conspiração (páginas 92/93, minha tradução):

Mas não terminam aqui os aspectos curiosos. Lukaszkiewicz encontrou duas crateras de bombas nos terrenos do campo e até duas bombas não explodidas. A maior cratera tinha uma profundidade de 6 metros e um diâmetro de cerca de 25 metros. Portanto, o campo deve ter sido bombardeado, e com certeza que não o foi por engano. Os alemães, que segundo a historiografia oficial tinham apagado todos os traços dos seus crimes desmantelando as barracas, demolindo as estruturas murais, aplanando e arando o terreno e plantando lupinos, não teriam tido interesse em bombardear o campo, porque em primeiro lugar não havia nada para destruir, e em segundo as bombas teriam tornado visíveis os rastos das alegadas chacinas em massa.
Uma imagem aérea do campo Treblinka II, captada em Novembro de 1944, revela ainda que o campo naquela altura – ou seja, depois de a área ter sido capturada pelo Exército Vermelho – ainda não tinha sido bombardeado.
Portanto, o bombardeamento deve ter sido causado pelos soviéticos. Mas o campo de Treblinka já tinha sido liquidado em Novembro de 1943, e não havia alvos militares na sua vizinhança imediata. O campo de Treblinka I, que ainda estava em operação em Maio de 1944, não foi bombardeado. Portanto, porque é que os soviéticos largaram bombas em Treblinka II? Talvez para obliterar os muitos rastos que de forma alguma podiam ser feitos compatíveis com a tese de extermínio em massa, e para colocar falsas pistas que pareciam confirmar esta tese?


Coloca-se a questão quais seriam as "falsas pistas" que os manipuladores soviéticos das fantasias de Mattogno poderiam possivelmente ter esperado colocar bombardeando uma área em que as SS tinham feito todos os esforços para lhe dar a aparência de inócuo terreno agrícola ou florestal, e de que forma poderiam possivelmente ter esperado colocar tais "falsas pistas" através do bombardeio da área, a não ser que os restos humanos posteriormente encontrados por Lukaszkiewicz, numa área de 20.000 metros quadrados e até uma profundidade de 7,5 metros (tendo o trabalho de escavação sido feito muito mais fácil pela presença de uma cratera de bomba com 6 metros de profundidade, na qual os investigadores polacos apenas tiveram que cavar mais um pouco «a fim de determinar a profundidade da vala nesta parte do campo», vide a anotação acima referida de 11 de Novembro de 1945 no Relatório das tarefas executadas nos terrenos do campo da morte de Treblinka, que constitui o objecto da investigação judicial ) já estivessem lá quando as bombas caíram. Espero por Mattogno que não esteja tentando contar-nos que o bombardeamento poderia ter projectado restos humanos (especialmente em tais quantidades que fossem cobrir uma área de 20.000 metros quadrados e saturar uma vala com 7,5 metros de profundidade) das comparativamente minúsculas campas do campo de trabalho de Treblinka I, que estava algo afastado do campo de extermínio de Treblinka II, até qualquer parte desse campo de extermínio.

Também cabe questionar porque Mattogno não considerou a possibilidade de que estas crateras de bomba resultaram da actividade de escavadores saqueadores, os quais poderiam, por exemplo, ter obtido tais dispositivos do arsenal de um comandante soviético corrupto ou até ter incluído membros de unidades de artilharia ou de engenheiros soviéticos, que participaram eles próprios na "febre do ouro de Treblinka" equipados com o necessário equipamento para abrir grandes buracos e assim facilitar a busca dos objectos de valor que presumiam ter sido deixados atrás pelas vítimas de Treblinka. A utilização de bombas por escavadores saqueadores foi de facto mencionada expressamente por Rachel Auerbach, quem é citada neste sentido nas páginas 379/380 do livro de Yitzhak Arad Belzec, Sobibor, Treblinka. The Operation Reinhard Death Camps (minha tradução):

Rachel Auerbach, quem visitou Treblinka em 7 de Novembro de 1945, como parte de uma delegação do Comité Estatal Polaco para a Investigação de Crimes de Guerra Nazis em Solo Polaco, descreveu o que viu:

Massas de todo tipo de saqueadores e ladrões com pás e picaretas nas suas mãos estavam escavando e procurando e vasculhando e esforçando-se na areia. Retiravam pernas em decomposição do pó, [dos] ossos e do lixo que tinham sido lá atirados. Não encontrariam por acaso sequer uma única moeda ou um último dente de ouro? Até arrastavam obuses e bombas não explodidas para lá, aquelas hienas e chacais disfarçadas de humanos. Juntavam várias, faziam-nas rebentar [minha ênfase – RM], e valas gigantescas eram cavadas no solo profanado, saturado com o sangue e as cinzas de judeus queimados ...

Cenas deste tipo também se verificaram nos campos de Belzec e Sobibor. A busca de tesouros continuou. A área era escavada uma e outra vez, e cada secção do terreno era meticulosamente vasculhada por habitantes locais e pessoas que vinham de longe para tentar a sua sorte. Estes actos apenas cessaram quanto o governo polaco decidiu converter as áreas dos campos em monumentos nacionais.


Nas páginas 83/84 do seu livro, Mattogno cita, do relatório de Rachel Auerbach traduzido para inglês sob o título In the Fields of Treblinka ("Nos campos de Treblinka"), extractos que contêm a descrição por Auerbach do sítio de Treblinka no estado em que se encontrava durante uma inspecção efectuada em 6 de Novembro de 1945. No entanto, Mattogno omite a referência ao uso de bombas por escavadores saqueadores, acima citada. É provável que esta omissão seja deliberada, uma vez que a parte omitida contradiz a teoria predilecta de Mattogno sobre o bombardeio soviético. Seria este mais um exemplo da desonestidade intelectual "revisionista".

[Tradução adaptada do meu artigo Polish investigations of the Treblinka killing site were a complete failure … no blog Holocaust Controversies.]

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