Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta finkelstein. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta finkelstein. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Socialista britânico critica radicalismo de Norman Finkelstein

Finkelstein e o Holocausto
por Alex Callinicos

UMA TEMPESTADE rompeu-se acerca de A Indústria do Holocausto, o novo e provocativo livro do historiador de extrema-esquerda de Nova York Norman Finkelstein. Seu alvo é em cima de um vasto esforço refletido numa pletora de museus, institutos, cursos, conferências e de como é relembrado o assassinato nazista de 5.1 milhões de judeus.

Para Finkelstein o Holocausto é uma ideologia. Ele acredita que a representação dominante dos crimes nazistas, particularmente nos Estados Unidos, não tem uma maneira séria de intentar compreender ou relembrar isso. Na crítica desta representação, Finkelstein segue a condução dada pelo historiador liberal Peter Novick. Em seu recente livro The Holocaust and Collective Memory(O Holocausto e a Memória Coletiva), Novick argumenta que o Holocauso apenas tornou-se uma questão maior até para judeus americanos nos fins dos anos de 1960s e início dos anos de 1970s.

Para Novick, esta mudança veio como um resultado das guerras árabe-israelenses de 1967 e 1973. Os mais destacados judeus americanos acreditavam que o Estado de Israel encarava um perigo comparável a Hitler. A invocação do Holocausto permitiu que defensores de Israel representasse seus oponentes como cripto-nazistas. Finkelstein rechaça esta explanação, apontando que Israel era um perigo muito maior perigo na guerra de 1948 quando o estado foi fundado. Ele argumenta que foi a decisão de Washington depois de 1967 de tratar o Estado sionista como um maior ativo estratégico norte-americano no Oriente Médio que foi responsável pela mudança na atitude.

"Não foram as alegadas fraqueza e isolamento de Israel, não foi o medo de um 'segundo Holocausto'," ele escreve, "mas ao invés disso é a prova que a força e aliança estratégica com os Estados Unidos que conduziu elites judaicas a elaborar a indústria do Holocausto depois de junho de 1967.

Um segundo fator, Finkelstein argumenta, foi o aumento da prosperidade dos judeus norte-americanos e sua correspondente mudança política para a direita: "ao agir agressivamente para defender seus interesses corporativos e de classe, as elites judaicas marcaram toda oposição para suas novas políticas anti-semitas conservadoras."

Esta análise proporcionou a base para a mordacidade de Finkelstein em atacar a "indústria do Holocausto". Assim ele denuncia o ganhador do prêmio Nobel sobrevivente de Auschwitz Elie Wiesel por transformar o Holocausto "numa religião 'misteriosa'" que ele expõe para um recebimento de honorários de $25,000 por aparição. Igualmente dúbio, para ele, são os esforços das organizações judaicas para ganhar compensação de países como Alemanha e Suíça. Finkelstein alega aquilo do que ele chama de "a Redobrada Chantagem", as compensações reivindicadas são exageradas e pouco do dinheiro chega aos genuínos sobreviventes do Holocausto.

Não é nada surpreendente que Finkelstein venha a estar sob ataque feroz. Jonathan Freedland escreveu no The Guardian na sexta-feira da semana passada que ele estava "próximo das pessoas que fizeram o Holocausto do que daqueles que o sofreram". Levando em conta que ambos os pais de Finkelstein sobreviveram ao Gueto de Varsóvia e aos campos nazistas, esta é uma acusação odiosa.

Apesar de tud, em sua fúria à classe dirigente sionista norte-americana, Finkelstein faz uma oferta enorme aos reféns da fortuna. Como seria sua afirmação diferente daquela que "o campo de estudos do Holocausto está repleto de nonsense, senão de pura fraude" feita pelo "revisionista" do Holocausto D. Irving ao esculhambar durante seu recente caso de difamação?

Finkelstein põe-se a elogiar a "'indispensável' contribuição" de Irving como historiador. Pior ainda, ele acompanha Novick no rechaço da significância da negação do Holocausto: "Não há qualquer evidência que os negadores do Holocausto exerçam qualquer influência maior nos Estados Unidos do que a Sociedade da Terra Plana o faça."

Mas, pode ser verdade que ao contrário dos EUA, a negação do Holocausto seja uma questão política viva na Europa. Quando Jean-Marie Le Pen, que desqualificou o Holocausto como "um detalhe da história", pode receber 15 porcento dos votos na França, e o simpatizante das SS Jšrg Haider pode dominar o governo austríaco, fazendo pouco caso de que o "revisionismo" do Holocausto é um perigo de luxo.

Pior ainda, Finkelstein às vezes faz concessões para a idéia de que alguns judeus pelo menos são parcialmente responsáveis pelo anti-semitismo. Assim ele com aprovação quotes the claim que o Congresso Mundial Judaico, em pressionar por reparações dos governos do Leste europeu, é "culpado de promover...uma terrível ressurgência do anti-semitismo".

Isto parece ser inteiramente o lugar errado de partida. Para amplitude de que há uma ressurgência do anti-semitismo na Rússia e leste da Europa, e em sua maioria a causa mais óbvia é o transtorno econômico e político causado pelo colapso dos regimes stalinistas no fim dos anos de 1980s. Neste clima não é difícil de se surpreender de que racistas encontrariam nos judeus e outros - notavelmente os Roma(ciganos) - os bodes expiatórios, totalmente independente do caráter dessas vítimas.

Finkelstein, como Novick antes dele, levantou questões legítimas. Ele tem destacado que algumas formas com as quais a comemoração do Holocausto tornou-se uma ferramenta de poder. Mas de tão exagerada que é sua polêmica às vezes ele a torna, totalmente contrário às suas próprias intenções, perigosamente próximo a dar conforto para aqueles que sonham com novos holocaustos.

Fotos: Norman Finkelsten com bandeira palestina, Alex Callinicos(socialista britânico)
Texto original(em inglês): Alex Callinicos
http://www.socialistworker.co.uk/archive/1706/sw170609.htm
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Finkelstein e sua "Indústria do Holocausto"

Omer Bartov: uma história de dois Holocaustos
No The New York Times, Book Review Desk data de 6 de outubro de 2000. © Omer Bartov, 2000

NORMAN G. FINKELSTEIN primeiramente adquiriu uma reputação nacional com seu ensaio, "A 'louca' tese de Daniel Jonah Goldhagen," incluída no livro que ele escreveu com Ruth Bettina Birn, "Uma nação em julgamento." Muito deste ensaio era uma brilhante dissecação do livro de Goldhagen, "Os carrascos voluntários de Hitler." Sua última seção, entretanto, revelou que Finkelstein passou por uma bizarra metamorfose, na qual ele empregou a mesma retórica dúbia e lógica defeituosa que ele tinha identificado no trabalho de Goldhagen a fim de propôr a sua própria, até mais "insana," tese sobre forças obscuras à espreita, em sua mente, atrás do sucesso de seu adversário.

Agora Finkelstein retorna, com uma vingança, um cavaleiro solitário com uma santa missão - desmascarar uma conspiração judeu-sionista do mal. O principal argumento de "A Indústria do Holocausto" é baseada numa simples distinção entre dois fenômenos: o Holocausto nazista e "O Holocausto", que ele define como "uma representação ideológica do Holocausto nazista." O autor tem um pequeno interesse na forma, embora ele prontamente reconheça que isso acontece desde que seus pais sobreviveram a esses horrores e desde que alguns dos poucos historiadores que ele respeita, notavelmente Raul Hilberg, escreveram sobre o assunto.

Mas numa dessas inversões estranhas que caracteriza seu livro, Finkelstein fala do evento histórico com o mesmo tipo de temor, e demanda a mesma sorte de incompreensão silenciosa, que ele atribui a seu principal rival, Elie Wiesel. Para que "realmente se aprenda algo do Holocausto nazista," ele afirma que "sua dimensão física deve ser reduzida e sua dimensão moral expandida." Entretanto, o quer que isso signifique, não vem a ser nenhuma surpresa que suas visões sobre as origens, natureza e implicações do genocídio dos judeus não são nada além de uma série de afirmações vagas, não documentadas e contraditórias.

Assim, por exemplo, em algum lugar ele escreve que a "evidência histórica para um assassinato por impulso gentílico é zero," e rejeita a noção de que tenha ocorrido um "abandono dos judeus" pelo governo dos Estados Unidos. Mas em outro lugar ele acusa que os Museu Memorial do Holocausto dos EUA "silencia-se sobre o fundo cristão para o antissemitismo europeu" e "minimiza as cotas de imigração discriminatórias dos EUA antes da guerra," e então prossegue citando aprovativamente o livro de David S. Wyman, "O abandono dos judeus (The Abandonment of the Jews)."

Mas o que realmente interessa a Finkelstein é "O Holocausto." O essência de seu argumento é simples: os judeus já tinham o Holocausto e os sionistas não, então eles teriam que inventá-lo. Certamente, por todos os intentos e propósitos, isto é exatamente o que eles fizeram, na forma de "O Holocausto," apesar do fato perturbador de que tal evento aconteceu. E por que "O Holocausto" foi fabricado? Porque isso legitima "uma das mais formidáveis potências militares", Israel, permitindo que ele "se apresente como um estado 'vítima'," e porque isso fornece "ao mais bem sucedido grupo étnico nos Estados Unidos," os judeus, uma "imunidade ao criticismo," levando a uma "das maiores corrupções morais a qual tipicamente atende" tal imunidade.

Finkelstein vê ele mesmo como isento de qualquer desejo de explorar "O Holocausto" para seus próprios fins, ao contrário de seus aparentemente incontáveis inimigos. O fato de que suas "revelações" sensacionais e acusações chocantes atraiam atenção de um grande público e atenção da mídia não é culpa dele. Não é se veemente antissionismo e ódio seething do que ele percebe como uma liderança judaica corrupta nos EUA qualquer coisa além de uma reflecção de uma realidade que apenas ele pode perceber através das nuvéns da mistificação e demagogia que enganaram milhares de pessoas leigas, acadêmicos e intelectuais. Do seu Monte Sinai, tudo é claro e óbvio. Só que sua voz é muito fraca para ser ouvida no vale.

O principal culpado, no mundo de acordo com Finkelstein, é "a indústria do Holocausto", feita por autoridades israelenses e advogados gordos, agentes judaicos bem posicionados nos círculos da política americana e sionistas implacáveis determinados a subjugar os palestinos. Aqui ele combina uma visão antiga de Israel de 1960 como o posto avançado do imperialismo americano como uma novela variação sobre a falsificação antissemita, "Os Protocolos dos Sábios de Sião", que alerta sobre uma conspiração judaica para dominar o mundo. Agora, entretanto, a conspiração judaica intenta "chacoalhar" (sua frase favorita) entidades inocentes como os bancos suíços, corporações alemães e e os donos das propriedades judaicas saqueadas por europeus da Europa Oriental, todos em ordem a consolidar o poder judaico e influência sem dar aos sobreviventes reais do genocídio qualquer coisa além de retórica vazia.

Em nenhum lugar Finkelstein menciona que os principais beneficiários da compensação pelo trabalho forçado será sabiamente gentios, homens e mulheres, vivendo seus últimos dias na pobreza do leste europeu, ou que acadêmicos alemães como Ulrich Herbert, dificilmente um empregado dos "interesses judaicos", tem estado a frente na luta por indenizações para compensação das corporações, que por décadas recusaram a admitir seus enormes ganhos com trabalho escravo e forçado. Da perspectiva do autor, isto é simplesmente um caso da organizada judiaria americana "dominando aqueles menos capazes de se defender a si mesmos," tais como, presumivelmente, os bancos suíços que sofreram uma "conspiração" e foram boicotados, e conseguiram com isso "dos Estados Unidos e seus aliados" "outros $70 milhões."

Portanto, as grandes potências do mundo capitularem no que o The Times de Londres chamou de campanha do "Holoconto" nos Estados Unidos, de acordo com Finkelstein. Ele reserva um especial desprezo pela Conferência das Reivindicações, uma reserva das organizações judaicas que distribuem fundos de reparação a sobreviventes, e menciona com aprovação um membro do parlamento da extrema-direita israelense Michael Kleiner, que chamou a conferência de uma "Judenrat, fazendo o trabalho dos nazis de maneiras diferentes". Certamente, como Finkelstein diz em outro contexto, les extrmes se touchent(os extremos se tocam): ao denunciar a "extorsão" das corporações alemães, este extremista de esquerda antissionista usa precisamente o tipo de retórica que Menachem Begin empregou quando falou contra o recebimento do "dinheiro de sangue" durante os motins da extrema-direita contra o acordo de restituição com a Alemanha Ocidental no início dos anos de 1950, que quase derrubou o governo israelense.

Há outra coisa a dizer desta deformação de inteligência e desta perveção da indignação moral. Há também algo indecente sobre isso, algo juvenil, hipócrita, arrogante e estúpido. Como foi mostrado no livro mais equilibrado de Peter Novick (embora não totalmente satisfatório), "O Holocausto na vida americana (The Holocaust in American Life)," a mudança de percepção sobre o genocídio nazista dos judeus também abriu caminhos para uma variedade de exploradores e oportunistas sem valor. Já fazer disto uma conspiração internacional judaica beira a paranóia e serve a antissemitas ao redor do mundo muito melhor que qualquer advogado cobraria para "extorquir" um industrial alemão.

Finkelstein fala da "indústria do Holocausto" como se isto "cobrisse num manto sagrado as 'pobres vítimas do Holocausto.' "Já ele se cobre nesse mesmo manto, enquanto ao mesmo tempo mostra pouca simpatia pelos sentimentos dos sobreviventes e enorme zelo em expôr o "abandono negligente e cruel" da "indústria do Holocausto", que ele chama de "o principal fomentador de antissemitismo na Europa". Por isto a "chantagem aos banqueiros suíços e industriais alemães", como também da "fome dos camponeses poloneses," a "indústria do Holocausto" procura incessantemente aumentar a pilhagem de ouro, ou a "pilhagem holocáustica," na qual lideranças judaicas e sionistas estão agora alegadamente sentadas. "O Holocausto", Finkelstein conclui, é possivelmente "o maior roubo da história da humanidade."

O que eu acho tão marcante em "A Indústria do Holocausto" é que é quase uma cópia exata dos argumentos que pretende expôr. É livro está cheio exatamente do mesmo tipo de hipérbole estridente que Finkelstein justamente deplora na campanha de grande parte da mídia atual sobre o Holocausto; ele está cheio da mesma indiferença em relação aos fatos históricos, contradições internas, políticas estridentes e contextualizações dúbias; e isso escorre com um sentido presunçoso de superioridade moral e intelectual.

Este livro é, em uma palavra, a visão de um fanático ideológico sobre o oportunismo de outras pessoas, feito por um escritor tão imprudente e implacável em seus ataques que ele está preparado para defender seus próprios inimigos, os bastiões do capitalismo ocidental, para alertar que "O Holocausto" provocará um antissemitismo cuja significância ele, entretando, dá um desconto. Como qualquer teoria da conspiração, contém várias meias verdades; e como qualquer teoria desse tipo, é um tanto irracional e insidiosa. Finkelstein pode agora dizer que ele mesmo criou sua própria indústria do Holocausto.

Fonte: Site anti-rev.org, The New York Times, Book Review Desk
http://www.anti-rev.org/textes/Bartov00a/
Tradução: Roberto Lucena
Fotos: 1) N. Finkelstein, 2) Omer Bartov

Ler mais: Finkelstein e o Holocausto
Socialista britânico critica radicalismo de Finkelstein
http://holocausto-doc.blogspot.com/2008/08/socialista-britanico-critica.html
por Alex Callinicos

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

A demissão de Finkelstein

Professor norte-americano que diz que os judeus usam o Holocausto para reprimir críticos demite-se
pela Associated Press

Um professor da Universidade de Chicago que provocou críticas ao acusar alguns judeus de incorretamente usar a 'herança'(legado)do Holocausto aceitou na quarta-feita imediatamente demitir-se para surpresa de todos.

Funcionário e cientista político da Universidade DePaul o professor Norman Finkelstein emitiu uma declaração coletiva anunciando a demissão, que veio junto com uma centena de manifestantes que reuniram-se fora do escritório do decano para apoiá-lo.

Finkelstein, que é filho de sobreviventes do Holocausto, teve negada sua permanência em Junho depois de passar seis anos na faculdade de DePaul. Sua classe restante foi cortada pela DePaul no último mês.

Seu mais recente livro, "Beyond Chutzpah: On the Misuse of Anti-Semitism and the Abuse of History(Além de Chutzpah: o mau uso do anti-semitismo e o abuso da história)", é em grande parte um ataque ao livro "The Case For Israel(Em defesa de Israel)" do professor de direito de Harvard, Alan Dershowitz.

Em seu livro, Finkelstein sustenta que Israel usa o observado anti-semitismo como uma arma para sufocar/abafar a crítica.

Dershowitz, que ameaçou processar o editor de Finkelstein por difamação, instou a direção da DePaul a rejeitar o pedido de permanência de Finkelstein.

Finkelstein disse na declaração que acredita que a decisão de permanência foi contaminada por pressões externas, mas elogiou o papel honorável da universidade
de proporcionar um "paraíso da erudição"(local de grande aprendizado acadêmico)para ele nos últimos seis anos.

A universidade negou que partidos de fora influenciaram na decisão de negar a permanência de Finkelstein. A parte da declaração feita pela Universidade chamou Finkelstein de prolífico acadêmico e um destacado professor.

Finkelstein mencionou o reconhecimento da Universidade como a parte mais importante da declaração.

"Eu senti que definitivamente tinha conseguido o que era meu limite e que talvez era hora, para surpresa de todos, de seguir adiante," disse ele nas a news conference que se seguiram na manhã da manifestação organizada por estudantes na faculdade que carregavam faixas e reivindicações como "parem com a caça às bruxas."

Finkelstein adicionou: "os estudantes da DePaul demonstraram um estupendo espírito elevado em minha defesa que deveria ser invejado e servir de exemplo para cada universidade dos Estados Unidos."

O professor não discutiria termos financeiros do acordo de demissão, que ele disse era confidencial, mas apontou que não faz cerimônia em falar sobre questões que concernem a ele, incluindo a injustiça do processo de permanência.

Ele também disse que não sabe o que ele irá fazer a seguir, mas chegou a se dar conta antes da Quarta-feira de que "a atmosfera tinha ficado tão envenenada que era virtualmente impossível para mim, continuar na DePaul. O mínimo que eu poderia esperar era deixar a DePaul com minha cabeça erguida e minha reputação intacta."

Dershowitz era crítico da universidade. "A DePaul parece que cedeu a pressão," disse ele numa entrevista por telefone. "A idéia dele é se descrever como acadêmico que negocia a verdade, por conveniência. Ele é um propagandista e não um acadêmico."

Ainda, Dershowitz disse, "Estou feliz por ele estar fora da academia. Deixe-o fazer sua ostentação nas esquinas."

Fonte: AP/Haaretz
http://www.haaretz.com/hasen/spages/901583.html
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Entrevista com Norman Finkelstein, autor de "A Indústria do Holocausto"

Por Ricardo Besen (ricardobesen@ig.com)

iG Ler - Você rejeita a idéia da singularidade do holocausto. Não acha que esse é um assunto bastante complexo que é discutido de forma muito simplista em seu livro? Você poderia ter levado em consideração que historiadores e filósofos alemães discutiram o tema a sério e sem motivações políticas, como Theodor Adorno, por exemplo.

Finkelstein - Eu discuto o dogma de que o holocausto é CATEGORICAMENTE único. Como todos os temas de investigação histórica, ele deveria estar sujeito aos procedimentos fundamentais de contraste e comparação. Não há dúvida que alguns aspectos do holocausto nazista são significativamente únicos - cito inclusive o historiador Raul Hilberg quanto a esse ponto.

Aspectos da bomba atômica lançada sobre Hiroshima também são significativamente únicos. Mas será que um historiador japonês diria que não pode compará-la com o bombardeio convencional de Tóquio (onde provavelmente mais gente morreu)? O ponto de partida da indústria do holocausto é: "Não compare". O que quer que isso seja, não é história.

iG Ler - Você não exagera ao dizer que as pessoas eram indiferentes ao holocausto durante sua infância? Você menciona que seus pais sofreram privadamente. Deve-se admitir que o tema era de difícil tratamento, e não só por parte dos sobreviventes. Vários anos se passaram até que o livro de Primo Levi, "É isso um homem?" fosse publicado na Itália. Uma biógrafa de Levi, Sylvie Braibant, notou: "O mundo não estava preparado para isso". Não lhe parece que a hesitação em lidar com o assunto possa ter tido outras motivações que não as políticas?

Finkelstein - Em geral é difícil lidar com o sofrimento. Ainda ontem à noite assisti a um excelente - pois honesto - documentário sobre o Vietnã, "Regret to Inform....", ("Sinto informar..."). Foi terrivelmente doloroso rever o horror colossal infligido pelos EUA ao Vietnã.

A questão interessante é por que certos horrores são lembrados, enquanto outros são esquecidos. Essa é uma questão política e não "humana".

iG Ler - Uma das principais críticas a seu livro é que ele é movido por vingança pessoal pelos problemas que sua mãe teve para receber a indenização de guerra. De fato, você parece estar com pressa de chegar ao que considero a parte principal de seu livro, ou seja, a crítica à elite judaica americana. Você afirma que a posição dessa elite com relação a Israel mudou por razões políticas após a Guerra dos Seis Dias em 1967, mas trata o tema muito brevemente. Não lhe parece que o livro trata de questões complexas de forma muito rápida, tornando-o um alvo fácil para críticas (que, dado o tema, viriam mesmo que o livro fosse perfeito)?

Finkelstein - O subtítulo do livro é "Reflexões sobre a exploração do sofrimento dos judeus". É uma intervenção modesta. No entanto, acho que o livro levanta questões importantes. Raul Hilberg considerou minhas teses basicamente corretas. Ele sugere que talvez eu devesse expandi-las em um outro livro. É pouco provável que eu vá fazê-lo.

Considero o livro um acerto de contas com os "publicitários" do holocausto que corromperam e rebaixaram a memória do sofrimento do povo judeu. É uma desgraça, um crime até. A indústria do holocausto é uma das maiores fomentadoras do anti-semitismo e da negação do holocausto no mundo hoje. Ela deve ser exposta, repudiada e banida da vida pública.

Se - como Hilberg tem reiterado - esses "camelôs" do holocausto estiverem implicados em chantagem e extorsão contra a Suíça, eles devem ser processados criminalmente.

iG Ler - Você afirma que a maior parte das críticas que seu livro tem recebido nos EUA é composta de ataques pessoais e não às suas idéias. Houve alguma crítica preocupada em debater apenas idéias? Qual foi a reação do público norte-americano ao livro?

Finkelstein - A única resenha séria de meu livro nos EUA foi feita por William Rubinstein em "First Things" (que pode ser lida no site de Finkelstein). O "New York Times" liderou o ataque pessoal, logo seguido pelo "Washington Post".

O propósito desses ataques dos principais jornais foi impedir a discussão pública do livro e alertar as bibliotecas para que não o comprassem. Parece que a campanha de vilanização deu resultado. Não fui convidado a participar de nenhum programa importante no rádio ou na televisão. O número total de resenhas escritas pode ser contado nos dedos.

Em compensação, a maior autoridade mundial no holocausto nazista, Raul Hilberg, tem continuamente elogiado meu livro em entrevistas.

iG Ler - Qual é a dificuldade de debater nos EUA um tema como o holocausto, quando se vai contra a corrente?

Finkelstein - Os EUA são o quartel-general da indústria do holocausto. Não surpreende, portanto, que qualquer crítica a essa indústria, ou seja, à exploração do sofrimento dos judeus para obtenção de ganhos políticos e financeiros, seja suprimida. Um livro documentando que chocolate dá câncer provavelmente seria banido na Suíça.

iG Ler - Qual foi a recepção do livro na Alemanha e em Israel? Houve uma diferença muito grande com relação à recepção nos EUA?

Finkelstein - Na Alemanha o livro provocou um debate nacional. 130 mil cópias do livro foram vendidas em duas semanas. Ele está em primeiro ou segundo lugar na lista de best sellers lá, bem como na Suíça e na Áustria.

A reação oficial da mídia alemã foi quase que completamente negativa. Já há dois livros em processo de impressão denunciando o meu livro. Outras obras, que me atacam menos que essas duas, mas são também bastante críticas, serão publicadas pela minha editora alemã, a Piper.

A reação do público, pelo que posso julgar pelos e-mails que recebo, é mais positiva. A Alemanha está sufocada pelo "politicamente correto" no que se refere ao tema holocausto.

Acho que muitos alemães estão gratos que um judeu finalmente tenha publicado o que quase todo mundo pensa privadamente: o negócio do holocausto fugiu do controle.

Em Israel houve pouca repercussão.

iG Ler - Você cita múltiplas fontes em seu livro. Considerando que o assunto atrai um grande número de pessoas fora do ambiente acadêmico e que não terão acesso a essas fontes, a leitura não fica prejudicada? Que tipo de público você pretendeu atingir?

Finkelstein - Minha intenção foi escrever o livro para o grande público, daí sua brevidade e aparato acadêmico modesto. Escrevi muitos livros nos quais o espaço reservado às notas é maior que o corpo do texto. Evitei conscientemente fazer isso nesse livro.

As linhas gerais de meu argumento são claras e as fontes em que me apoio suficientes para meus propósitos. Aliás, ainda não li nenhuma resenha que tenha discutido realmente meus argumentos e fontes. Em vez disso, tudo que ouço são conversas sobre "teorias conspiratórias", "judeu que se odeia", "negador do holocausto" e por aí vai.

A primeira regra de um bom advogado é: se você não pode responder a uma questão, mude de assunto.

iG Ler - Embora não seja o tema direto do livro "A Indústria do Holocausto", tem-se afirmado que você compara a situação do povo palestino hoje com a dos judeus na Alemanha nazista. É verdade? Em caso positivo, como você justifica essa posição?

Finkelstein - Como notei acima, há alguns aspectos que são comparáveis, outros não. Algumas semelhanças são bastante significativas, como, por exemplo, a meta de criar em Israel um país etnicamente puro, o uso extensivo de prisões administrativas, tortura e assim por diante.

Por outro lado, não há câmaras de gás ou assassinatos em série. Nesse caso as duas situações contrastam significativamente.

Em um nível moral eu não comparo sofrimentos: sofrimento é sofrimento. Essa é a herança que meus pais me deixaram. É o que eu mais admirava neles. Não pretendo abandonar esse nobre princípio moral.

iG Ler - Você está a par da polêmica criada na Alemanha pelo discurso (veja matéria ao lado) proferido pelo escritor Martin Walser ao receber o "Prêmio da Paz dos Livreiros Alemães" em 1998, no qual ele externa uma opinião semelhante à sua sobre a instrumentalização do holocausto? Concorda com o ponto de vista dele?

Finkelstein - Sim, acho que ele está correto. De fato, acabei de receber um e-mail de um jovem alemão que afirma que aquilo que eu disse em minha recente visita à Alemanha ecoava o que Walser afirmou. A diferença é que eu sou judeu, de forma que posso me "livrar" do sentimento (da instrumentalização do holocausto).

A exploração do holocausto nazista e a coerção moral da Alemanha, são, francamente, um espetáculo nauseante. É tempo de todos os moralizadores "desses alemães" olharem para o espelho. A imagem não é bonita, se formos honestos conosco enquanto, digamos, norte-americanos.

iG Ler - Você afirma que há poucos historiadores do holocausto -Raul Hilberg seria um deles - com credibilidade. Você acredita que a polêmica gerada por seu livro possa mudar isso?

Finkelstein - Meu livro não pretende ser uma contribuição para o entendimento do holocausto nazista. Há excelentes historiadores trabalhando nesse campo. O propósito de meu livro é expor todas as bobagens que a "educação do holocausto" vem promovendo, que são, na verdade, propaganda pura - uma arma ideológica em uma ação política corrupta.

Fonte: IG
http://www.ig.com.br/paginas/igler/especiais/finkel/entrevista.html

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Norman Finkelstein sobre o "identitarismo" (em inglês: "Wokeism")

Andei lendo o verbete do N. Finkelstein na Wikipedia (em inglês), que sofria preconceito forte de uma camada da "academia" aqui no Brasil (os caras querem combater tecnologia em vez de assimilar e aprender/entender como a coisa funciona e usar, por pura preguiça, desleixo, falta de interesse), principalmente a versão em português (que é problemática justamente por essa falta de empenho, motivação que esse meio acadêmico deveria insuflar nos alunos/estudantes pra melhorarem esse tipo de site enciclopédia), e como dizia, fui ver outra coisa no verbete (sobre um livro dele ou tese), como acabo lendo o restante, havia uma citação sobre "wokeism" (que é como chamam nos EUA o que no Brasil se "popularizou" como "identitarismo").

Fui ver o verbete em português e só conseguiram achar um "termo" sobre isso em 2012 (de um texto obscuro pra poder citar pra negar o que afirmo de que a coisa tomou vulto num finado grupo de esquerda do Facebook, há problemas de registro das discussões, e é um problema sério essa questão da "memória" em tempos "digitais"), o resto das citações é sempre depois de 2016, principalmente no Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_identit%C3%A1ria). Em inglês o termo (https://en.wikipedia.org/wiki/Woke).

Como o Finkelstein não costuma ser contestado como o pessoal "não-celebrity" o é (o Finkelstein já foi citado nas "mídias alternativas" recentemente, em algumas como se fosse uma "novidade", o que é bizarro, mas tudo bem, antes tarde que nunca...), eu ia mencionar esse trecho há mais de semana e não deu, sobre o que ele comenta sobre "identitarismo", que como disse acima, nos EUA recebeu o nome de "wokeism", "movimento Woke", ou mais precisamente acabou se popularizando com esse termo já que "identitarian" significa outra coisa em inglês (termo ligado a movimentos/grupos supremacistas brancos).

Verbete do Norman Finkelstein em inglês: (https://en.wikipedia.org/wiki/Norman_Finkelstein). E o link original do trecho num vídeo do Youtube (de entrevista), pra quem fizer "beicinho" pra Wikipedia (é só checar direto a fonte, até isso eu tou repassando de "mão beijada"): (https://www.youtube.com/watch?v=0rvxnmIJ7yQ&t=2732s)

Vou colocar o texto original em inglês e a tradução mais abaixo:

""Wokeism"

In May 2023, on Glenn Loury's podcast The Glenn Show, Finkelstein called wokeness a "lucrative scam" and "intellectually worthless", criticizing Ibram X. Kendi's and Angela Davis's speaking engagements as "rich white folks using woke people as protective cover".[134]

In an interview with Imran Garda, Finkelstein expanded on this:

I didn't have a problem with it, it seemed to be another "college fad"... but then it became painfully obvious that it was politically a very pernicious phenomenon... the big difference between political correctness and woke politics is political correctness was really marginal, a few campus radicals, but the Democratic Party has instrumentalized identity politics to displace what was once its base, namely the trade union movement... identity politics has infiltrated most of what you would call liberal culture and so its impact, the dangers it poses are much more significant... identity politics has appropriated those causes, the women's question, the African-American question, but lopped off the class element.[135]"

 

Tradução (português):

"Identitarismo"

Em maio de 2023, no podcast de Glenn Loury, o "The Glenn Show", Finkelstein chamou o "wakeness" ("identitarismo") de uma "fraude lucrativa" e "intelectualmente sem valor", criticando as palestras de Ibram X. Kendi e Angela Davis como "pessoas brancas ricas usando identitários/minorias como cobertura de proteção".[ 134]

Numa entrevista com Imran Garda, Finkelstein expandiu a crítica:

"Eu não tive nenhum problema com isso, parecia ser mais uma "moda universitária"... mas então ficou dolorosamente óbvio que era politicamente um fenômeno muito pernicioso... a grande diferença entre o politicamente correto e a política identitária é que o politicamente correto era realmente marginal, de alguns radicais de campus (Universidade), mas o Partido Democrata instrumentalizou a "política de identidade" para deslocar o que já foi sua base, ou seja, o movimento sindical... a política de identidade se infiltrou na maior parte do que você chamaria de cultura liberal e, portanto, seu impacto , os perigos que representa são muito mais significativos... a política de identidade apropriou-se dessas causas, a questão das mulheres, a questão afro-americana, mas eliminou o elemento de classe.[135]"

 

Quando a gente tentava dizer a mesma coisa (há muitos anos), muito tempo atrás, vinha uma leva refratária negando, atenuando, "passando pano", "mas não, vocês exageram, isso não é tudo isso que alegam etc". Taí o estrago político, econômico e o que esses grupos apresentam na prática de discurso de melhoria pra população nesses países?

Se alguém tiver algum ponto disso (melhorias pro povo, pras minorias por parte dessa claque que ruge como leão nessas bolhas, e afina com a extrema-direita) pode vir aqui e apresentar.

Estou destacando o trecho do Norman Finkelstein aqui porque a apropriação de comentários, citações e discussões é tão constante (pro meu lado e de outras pessoas), sem se dar os créditos etc ("ah, mas por que isso é relevante?", comento pro fim), que é bom sempre deixar registrado pra depois não virem se apropriar e lançar (por terceiros) como se "soltassem uma bomba", se mencionarem (quem ler o post vai saber de onde saiu quando ouvir/ler em outro canto, porque são sempre os mesmos redutos). Por que é relevante citar fonte e cia? Porque isso é um debate público, ou deveria ser, não é "propriedade" de patotinha A ou B, fora que se apropriar de discurso político, comentários etc de terceiros e apresentar como sendo seu é de uma desonestidade intelectual miserável, e eu começo a perder respeito quando fazem isso.

Porque eu poderia simplesmente ficar em silêncio, só que como eu sei que o nível de discussão nesse país é um lixo há muito tempo, e a gente (eu incluso) precisa desse país pra viver e sobreviver, eu não posso simplesmente adotar uma posição "linha dura", "egoísta" (mas justa, se eu eu fizesse estaria no meu direito, e não abusem, não tenho muita paciência mais com esse tipo de babaquice de internet) de silenciar, lavar as mãos e deixar o barril de pólvora explodir (mesmo que eu me lasque junto), mas não sou irresponsável e inconsequente pra isso, mesmo com a atitude pueril de uma parte.

Eu sei que a ideia bem colocada, correta, verdadeira, trazida a público, em algum momento se dissemina (se houver quem consiga fazer isso), se espalha, e se servir pra população ela é assumida como valor cultural de um povo etc.

Acho até engraçado uma parte da esquerda do país viver falando em Gramsci e não entender nada do que o cara disse sobre hegemonia cultural (o astrólogo "Olavinho" deu um nó na "intelectualidade" das Universidades brasileiras nisso, tendo só a quarta série do primário, o que é uma vergonha completam, tudo por preguiça/desleixo do meio universitário e despreparo pra lidar com o problema), aí quando a gente "adere" ao "gramcismo" os caras não entendem ou vão a "reboque". O termo "identitário" foi propagado à revelia da "vontade" dssas mídias alternativas, de forma até marginal (via grupo de Facebook, anos de 2015/2016, e como disse acima, de difícil registro, porque ninguém deu muita atenção à época disso e é difícil vasculhar arquivos velhos nessas redes fechadas, há um problema de estudo da memória do que foi propagado nessas redes fechadas das Big Techs, elas podem fazer um "1984" a todo instante apagando coisas, a memória histórica recente, e fica por isso se ninguém catalogar).

O discurso "identitário" infestou as siglas de esquerda do país (Brasil) também, implode tudo por onde passa. Mas tem gente que quer que sejamos tolerantes com a coisa, a troco de quê? De algo que não presta? De algo que não melhora vida de minoria (mas as usa pra fins políticos escusos)? Ponham a mão na cabeça e reflitam sobre isso, e parem de querer "ir na onda" pra agradar meia dúzia, a pancadaria come mais adiante (contra todos), Bolsonaro cresceu e emergiu em cima dessa palhaçada toda parida na última década.

Depois chiam quando a extrema-direita "woke" (a turma "neurótica" com "identitarismo" são os identitários de direita, pra fazer "tabelinha" com os "à esquerda"), discutindo besteira. Esses de direita são os famosos fiscais de "traseiro", como a gente chamava gente moralista e reaça que dava piti com essas questões comportamentais e similares. Ficam de tabelinha discutindo besteira com os "chiliquentos" de sinal trocado e rebaixando o nível da discussão pública do país por onde passam.

Larguem essa turma enquanto é tempo, porque quando o povo explodir dizendo "chega", vão passar um trator em cima de quem ainda estiver agarrado a esse pessoal. E não se trata de discriminar minorias, isso é afirmação falsa de meia dúzia de bocós, as causas em questão (de grupos discriminados) já existiam antes dessa baboseira "mande in USA" (norte-americana) aportar no país e ser reproduzida, tem que se retomar a discussão antiga e não bobagem (moda, artimanha) importada dos EUA.

A questão sobre racismo na Constituição de 1988 foi elaborada antes dessa baboseira tomar corpo no país (muito antes), só pra mostrar o quanto esses bandos que surfam em cima dessas "ondas" são um "paiol" de "nada" (de 'inutilidade' a serviço da classe dominante do Brasil alinhada a dos EUA). Porque somos uma colônia, um país dominado, e essas patotas também negam esse status do Brasil (mas tá cada vez mais difícil de negar o problema/a questão).

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Resenha do livro "A Indústria do Holocausto"

Por Maria Luiza Tucci Carneiro*, especial para o iG Ler (igler@ig.com)

O livro "A Indústria do Holocausto", do norte-americano Norman Finkelstein, é um verdadeiro convite ao anti-semitismo, além de ser (ele mesmo) uma indústria captadora de recursos: a primeira tiragem é de 50 mil exemplares. Se para o autor o Holocausto "provou ser uma indispensável bomba ideológica", para nós ele continua a ser um fenômeno humanamente inexplicável.

A obra - que vem causando polêmica em todos os países onde foi publicada - abre trincheiras para os grupos revisionistas, representantes do pensamento da extrema-direita e que negam as câmaras de gás.

O texto se apresenta como uma faca de dois gumes, possibilitando uma leitura dúbia: de um lado, por tratar a questão judaica sobre um viés acusatório, anti-sionista e recuperar (sob nova maquiagem) o mito da conspiração judaica. Tais maquinações anti-semitas causam ainda maior estranheza por expressarem o pensamento de alguém cujos pais sobreviveram ao Gueto de Varsóvia e aos campos de concentração nazista.

Segundo o próprio autor, com exceção de seus pais, todos os membros de ambas as famílias foram exterminados pelos nazistas. Este é, por assim dizer, o outro lado da faca: o que atribui aos sobreviventes do Holocausto um "status de vítima". Mas é como vítima (sem status) que o autor faz jus à tradição americana da denúncia moral.

Em alguns momentos, o autor dá um tom de revolta à sua voz protestando contra a elite judaica americana que "explora" economicamente o Holocausto: daí a dubiedade da narrativa. Para Finkelstein existem duas fases distintas:

1) desde a Segunda Guerra Mundial até 1967: fase delineada por atitudes de menosprezo pelo tema. Nesta época, a elite judaica teria se alinhado à política americana priorizando a Guerra Fria, fazendo vistas grossas à entrada de nazistas no país, além de apoiar o rearmamento de uma Alemanha mal desnazificada.

2) após a guerra de 1967: quando o Holocausto tornou-se uma fixação na vida dos judeus americanos. Diante do "isolamento e vulnerabilidade de Israel" (p.28), a elite judaica teria começado a explorar o Holocausto visando lucros.

O raciocínio de Finkelstein baseia-se na existência de dois grupos distintos de judeus norte-americanos: os que foram "apenas" vítimas do Holocausto e aqueles que conquistaram status explorando a idéia de terem sido vítimas.

Estes seriam os responsáveis pela grosseira exploração do martírio judeu e pela transformação do Holocausto em O Holocausto, definido como uma verdadeira indústria da corrupção.

A idéia é de que esta catástrofe teve desdobramentos possibilitando ao Estado de Israel (definido pelo autor como "um dos maiores poderes militares do mundo, com uma horrenda reputação em direitos humanos") projetar-se como um Estado "vítima", além de oferecer facilidades aos judeus bem-sucedidos dos Estados Unidos, anti-comunistas, por excelência (p. 13).

A plataforma de defesa sustentada pelo autor finca-se no tom de "denúncia" atribuído à sua tese: a de que os judeus americanos estariam explorando a memória do Holocausto transformando-a em um "negócio".

Tanto a dedicatória como a epígrafe que abrem o livro - está última assinada pelo Rabino Arnold Jacob Wolf, da Universidade de Yale - reafirmam a identidade judaica do autor, ao mesmo tempo em que sintetizam a sua proposta: "A mim parece que o Holocausto está sendo vendido - não ensinado".

Tal "denúncia" é tendenciosa ao possibilitar uma "outra" leitura, perigosa no momento em que grupos neonazistas negam as câmaras de gás e os noticiários televisivos sobre a paz no Oriente Médio enfatizam uma abordagem anti-Israel.

Se a idéia de Finkelstein foi de retratar o legado de seus pais, certamente ele não foi feliz. Ademais, não é preciso ter sobrevivido a uma catástrofe (Shoah) para alcançar o grau de tirania praticado pelos nazistas.

"A Indústria do Holocausto" é uma obra rica em estereótipos recuperados dos mais exacerbados libelos anti-semitas, muitos dos quais se prestaram para sustentar uma outra indústria: a da "morte em série" nos campos de extermínio. No rol desta literatura panfletária está os "Protocolos dos Sábios de Sião", leitura de cabeceira de Adolf Hitler e dos neonazistas.

Como documento anti-semita, os Protocolos tentam provar que os judeus conspiram, há séculos, com o objetivo de controlar o mundo. Daí o texto (de origem russa, 1905) enfatizar os "interesses ocultos", conceito parafraseado por Finkelstein, noventa e seis anos depois. O autor (re)administra acusações anti-semitas ao afirmar que a memória do Holocausto está sendo modelada por "interesses investidos" e sendo utilizada para "extorquir dinheiro da Europa" (p.18).

Esta imagem estereotipada dos judeus enquanto "exploradores" e "aproveitadores" de situações trágicas pode ser identificada na maioria dos textos anti-semitas, alguns seculares. Aliás, por coincidência, um dos mais virulentos libelos anti-semitas produzidos no Brasil nos anos 30, leva o título "Indústria de Judeus".

Valendo-se de metáforas extraídas do mundo da industrialização, um diplomata brasileiro apela para a tese dos "agentes judeus" (comparados a força-motriz) que - através de sua astúcia, engenhosidade, destreza e criatividade - conjugavam o seu trabalho ao capital, objetivando o lucro ilícito.

Há também um livro anti-semita "Os judeus do cinema", de Oswaldo Gouvêa (Rio de Janeiro, 1935) que acusa empresas americanas de explorar a indústria cinematográfica. Valendo-se dos "capitalistas judeus da Broadway" teriam se tornado poderosas empresas, com domínio universal. Foi aí que "o Leão da Metro alvoroçou sua juba e deu o primeiro rugido de alarme entre os judeus" (p.74).

Mera coincidência ou não, o mito da conspiração foi retomado por Finkelstein e atualizado no espaço e no tempo histórico.

(*) Maria Luiza Tucci Carneiro é historiadora da Universidade de São Paulo, autora de "Holocausto. Crime contra a Humanidade" (Ática, 2000) e "O Anti-semitismo na Era Vargas" (Brasiliense, 1995, 2a. edição), entre outros.

OBS: Este texto, inédito, será ampliado pela autora para publicação em uma revista da comunidade judaica, para a qual foi originalmente concebido.

Fonte: IG
http://www.ig.com.br/paginas/igler/especiais/finkel/tucci.html

sábado, 2 de agosto de 2014

Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Parte 1

Conforme prometido, segue abaixo uma lista de alguns livros (vou dar ênfase aos títulos em português e/ou espanhol primeiro, ênfase nos títulos em espanhol caso não tenha em português, e os demais em inglês que considero relevantes, mas estes ficam pro final), não são muitos, para entender o conflito árabe-israelense, do começo até os dias de hoje.

Se você quiser entender este conflito, precisa ler algo sério e não propaganda, principalmente os três títulos listados primeiro (em português) abaixo, destacadamente o primeiro livro da lista. E o problema é justamente este, 90% das pessoas no Brasil (sendo otimista pois acho que o número é muito pior que esse) passa longe desses livros (e de livros em geral a não ser bobagens/perfumaria que são lançadas por editoras e livrarias) e aparece um monte de gente arrotando besteira (a arrogância ignorante) nessas redes sociais repetindo textos, discursos enviesados e toscos, quando não partem logo pra agressão. Se a pessoa conseguir ler um desses, já é um avanço.

Por que digo isso? O que mais notava no Orkut (que foi onde pipocou as discussões pra valer sobre esse conflito na web no Brasil, passando pela ofensiva no Líbano de 2006 até o bombardeio de Gaza em 2009) era gente que não lia nada a não ser propaganda oficial de país X, e não saia disso. Quando discutiam não iam além da repetição de argumentos batidos e argumentos rasteiros, que não conseguiam mantê-los. Todo o discurso do grupo pró-Israel (da maioria, exceção de um ou outro que lia) girava em torno dessa propaganda e nada além disso. Não assistiam documentários, filmes, livros etc. Por isso que levavam muito toco da parte pró-palestina na discussão já que esta parte (não todos, mas um pequeno grupo considerável) lia esses livros ou outros e era bastante informada, politizada. E era algo que causava constrangimento pois nas comunidades em que eu e mais gente ficava, nas de segunda guerra e afins, aparentemente esse pessoal pró-Israel acabavam nos usando como "escudos" porque ficavam acuados quando algum antissemita/"revi" ia pra cima deles discutir sobre esses temas ou contra algum militante pró-palestino. E obviamente essa impostura deles sobrava pra gente, e sem atenuar, isto é uma atitude imbecil (e covarde) dessas pessoas. Não deu pra desabafar lá, irritei-me pra valer com esses grupos, mas fica aqui o desabafo como registro. A gente percebia a coisa, mas por educação ou por considerar algo alheio a questões internas do Brasil, tentávamos não nos envolver com o tema, mas mesmo assim sobrava pra gente por conta da postura inconsequente desse grupo pró-Israel na rede.

Essa observação que descrevi acima não foi nem eu que fiz, estou repetindo-a porque concordo integralmente com ela, eu via a mesma coisa que a pessoa que fez a observação acima descreveu (o comentário foi feito por uma pessoa numa comunidade que ele havia reaberto, sobre Oriente Médio, que fora aberta por outra pessoa) que fez um comentário em "off" criticando o lado pró-israelense no Brasil (nessa comunidade do Orkut) por ser muito, por assim dizer, 'ignorante' em relação ao conflito (ou distorcerem e serem radicais demais) por só repetir propaganda de site. A maioria não lê nada além de textos de determinados sites ou livros enviesados, com discurso pronto sem nem entender o que se passa naquela região enquanto o outro lado tinha interesse e lia livros inteiros. E isso é irônico pois se demonstram ter tanto interesse no que se passa lá, deveriam ler. Quando algum lia, pela postura radical, distorcia a discussão e tentava ganhar discussão "na marra" (a força). E como eu já disse, havia algumas exceções mas não o suficiente pra conter este tipo de impostura dos demais ou porque se enchiam e deixavam pra lá (algo plenamente natural de ocorrer).

Isso quando não aparecia uma pessoa ou outra enviesada até a medula desqualificando autores que as pessoas mais alinhadas com a questão palestina citavam, uma atitude imprudente e apelativa (desonesta), pois ao mesmo tempo que faziam isso, repassavam textos 'floridos' retratando o problema. Hoje dá pra ver com clareza o tamanho da manipulação da coisa, por isso o desabafo. Essa postura acabou por acentuar a imagem negativa de Israel. Não se discute nesses moldes, não se discute com histeria, chilique ou pânico, são coisas que a gente critica o tempo todo nos "revis" então ninguém irá tolerar comportamento similar só porque A ou B acha que é "justo" ou está impulsionado a agir por emocionalismo/fanatismo e não pela razão.

Quero deixar claro, ou mais precisamente, passar na cara dos "revis" que sempre insinuam que "blog" A ou B "fazem jogo dos sionistas", é bom terem vergonha na cara de vez em quando. Eu sempre disse que a questão dos conflitos humanos (nazismo, Holocausto etc) não possuem mais peso sobre o conflito do Oriente Médio, pelo menos pro público na Europa e Américas etc, a maioria das pessoas sabe distinguir uma coisa da outra e eu já comentei outras vezes que a memória do Holocausto inclusive reforça a crítica a Israel e não o oposto como os "revis" alegam. Pelo menos é como vejo. Mas os "revis" não são movidos por valores humanistas e sim antissemitismo, por isso que não os levo em consideração nessa questão, quem quiser levá-los a sério, problema de quem levar.

O N. Finkelstein, se não me engano (citando de memória) já citou isso que comentei acima, de que a questão do Holocausto abre margem pra críticas a Israel porque moralmente é algo que pesa contra aquele país a questão da perseguição de judeus na Europa, embora se eu fosse tentar entender Israel hoje, eu olharia mais pra África do Sul do apartheid que pra essa questão da segunda guerra. E pra passar na cara novamente dos "revis", nenhum desses textos críticos do blog deve estar sendo recebido com "festa" por quem é parcial ao extremo com Israel. Seria incoerente, como bem um de vocês citou em um post antigo, alguém ler sobre Holocausto etc e simplesmente fazer vista grossa com a política de Israel em relação aos palestinos e aquele conflito. O comentário feito procede totalmente.

E como já comentei a questão em outros posts, ninguém precisa apelar pra antissemitismo pra criticar algo que está errado, quem o faz ou é tosco, imbecil ou burro (fora outros adjetivos não muito bons). Não é uma situação fácil criticar isso com muita gente extremada que se rotula ou se enquadra como pró-Israel não aceitando/tolerando críticas, mesmo mínimas, quaisquer que sejam, e que tampouco leem esses livros. Discutir com essas pessoas na maioria dos casos é como discutir com portas (não muito diferente de um "revi" discutindo, só que com outro enfoque).
_________________________________________________

Livro 1, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

A Muralha de ferro: Israel e o mundo Árabe; Autor: Avi Shlaim. Link

Avi Shlaim, nasceu no Iraque (judeus árabes) e tem nacionalidade britânica e israelense. Professor Emérito de Relações Internacionais da famosa Universidade de Oxford, Londres (Inglaterra) e membro da Academia Britânica. Shlaim é considerado um dos Novos Historiadores de Israel, um grupo de acadêmicos israelenses que apresentam interpretações críticas da história do Sionismo e de Israel.

Comentário: o livro é grande e é um dos mais completos, se você que está lendo este post conseguir ler o livro, entenderá melhor (amplamente) o conflito ao invés de só repetir abobrinhas propagandísticas em redes sociais. A algum desavisado mal intencionado que quiser vir malhar, o Shlaim por ter posições políticas de justiça em prol dos palestinos e resolução do conflito, é altamente criticado e atacado pela direita israelense e a pró-Israel fora de Israel. Já vi virem atacar ele no Orkut de forma ridícula, com a famosa desqualificação, sem querer apelar pro argumento da autoridade, mas... um professor emérito de Oxford não entender do problema que narra em mais de 700 páginas e outros livros e textos, é no mínimo um argumento estúpido mesmo.

Eu ia fazer uma tradução de um texto resumo crítico ao livro, mas fica pruma próxima. Se fizer coloco o link depois aqui. A quem não associou de cara o termo Muralha de Ferro, é referente aquela cerca grande que divide hoje as áreas de Israel passando por dentro das áreas que sobraram dos palestinos. A ideia é antiga. Eu uma vez soltei um tópico no Orkut, que não houve comentários (pois o povo estava mais preocupado em bater boca e futrica ordinária), sobre essa questão perguntando: "Jabotinsky venceu?", mais ou menos assim, pois o que se vê em Israel hoje é a vitória política dessa direita fascistóide de Jabotinsky que era ironicamente chamada de revisionista.

Sinopse: Os numeroso e prolongados conflitos de Israel com os árabes, em especial com o povo palestino, lançam uma grande sombra em sua história, marcada pela guerra e pela paz instável. A estratégia da "muralha de ferro", proposta na década de 1920 por Ze'ev Jabotinsky, pressuponha o trato com os árabes de uma posição de incontestável superioridade, porém almejava igualmente ulterior e que o estado israelense, consolidado e poderoso, estaria apto a negociar acordos de paz e prosperidade com os povos da região.

Livro 2, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

Imagem E Realidade Do Conflito Israel-palestina; Autor: Norman G. Finkelstein

Norman Finkelstein, nascido em Nova York (EUA), é um cientista político norte-americano. Graduado pela Universidade do Estado de Nova Iorque (State University of New York) em Binghamton (SUNY Binghamton), estudou posteriormente na École Pratique des Hautes Études, em Paris, e obteve seu doutorado em Ciência Política na Universidade Princeton. Ensinou no Brooklyn College e no Hunter College, ambos da Universidade da Cidade de Nova Iorque. Também lecionou na Universidade de Nova Iorque e, finalmente, na Universidade DePaul, em Chicago, até setembro de 2007.

Suas ideias já lhe custaram o emprego de professor universitário, entre outros problemas. Em 23 de maio de 2008, Finkelstein foi impedido de entrar em Israel por suspeitas de que tivesse contato com "elementos hostis a Israel". Na sua chegada ao Aeroporto Internacional Ben Gurion, perto de Tel Aviv, Finkelstein foi interrogado e mandado de volta a Amsterdã, seu ponto de origem. Segundo funcionários da imigração, a decisão de deportar Finkelstein estava relacionada com suas "opiniões antissionistas" e críticas ao governo israelense. Ele foi proibido de entrar em Israel nos próximos 10 anos.

Comentário: eu diria que se você ler um dos dois livros acima, principalmente o do Avi Shlaim, entenderá perfeitamente o que se passa naquele conflito. Os dois livros que eu coloquei não são, obviamente, "queridos" do público pró-Israel, que em vez de lê-los pra pelo menos criticar sabendo o que está escrito, só faz malhar pura e simplesmente. Atitude irracional e ignorante. O Finkelstein é aquele mesmo do livro "A Indústria do Holocausto", outro livro que a maioria ler por "osmose" só o título do livro (rs) e retrata como um livro antissemita ou algo parecido, e muitos "revis" e ignorantes com viés antissemita também citam este livro menor (o livro sobre o conflito no Oriente Médio dele é bem maior, o Indústria do Holocausto é fino) como se explicasse o Holocausto, e não explica, a crítica do livro é outra (pelo visto quem afirma isso também não leu nada além do título do livro e a orelha dele, e olhe lá). O mais engraçado é que no Orkut alguns indivíduos de extrema-direita com um ódio visceral dissimulado em relação a "sionistas" vinham me agredir sem nem saber o que penso e minhas posições políticas, isso é o que é mais cretino nessas pessoas, malham na internet de forma agressiva quando duvido que saem na rua xingando os outros e querendo brigar, até porque sabem que se fizerem isso um dia apanham (literalmente). Li os livros do Finkelstein por curiosidade, já emiti comentários críticos com ele sobre o posicionamento dele sobre a memória do Holocausto (não concordo com alguns pontos ou vários), mas o livro dele sobre o conflito árabe-israelense deveria ser lido.

Sinopse: ler o link do Google Books.

Livro 3, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

Seis Dias de Guerra; Autor: Michael B. Oren

Michael B. Oren, é um diplomata, historiador, escritor e militar israelense de nascimento norte-americano. Autor de livros, artigos e ensaios, inclusive o best-seller Seis Dias de Guerra: Junho de 1967 e a Formação do Moderno Oriente Médio. Combateu pelo exército israelense no Líbano e na Faixa de Gaza e serviu também como porta-voz do mesmo. Obteve o bacharelado da Universidade Colúmbia e o doutorado da Princeton. Lecionou nas universidades Harvard, Yale e Georgetown nos EUA e nas universidades Hebraica e de Tel Aviv em Israel. Abriu mão da cidadania norte-americana para poder exercer o cargo de embaixador de Israel.

Comentário: já tem um post sobre este livro aqui. Esse livro é contestado e bastante criticado no livro do Finkelstein (acima), de forma concisa, mesmo assim discordo dele sobre a questão de ler este livro que tem enfoque mais militar. Pra entender o conflito amplamente deve-se ler este livro também, só que a abordagem (mais militar) é só sobre a guerra dos seis dias, não discute muito questões políticas como a ocupação que seguiu a esta guerra e a conquista de terras da Cisjordânia (em inglês West Bank), Faixa de Gaza, Península do Sinai, parte oriental de Jerusalém e as Colinas de Golã.

O conflito atual, pra não estender até a origem, tem mais o contorno do desfecho da guerra dos seis dias e essa expansão territorial de Israel naquela época, embora não se resuma a isso e sim a questões anteriores a este conflito, mas é um conflito crucial pra entender a questão atual já que uma das reivindicações palestinas é o fim da ocupação israelense nessas áreas e definição de fronteiras nos limites de 1967, incluindo a questão de Jerusalém.

Sinopse: aborda os aspectos políticos e militares da Guerra dos Seis Dias, e da interação de suas dimensões internacional, regional e nacional. Descreve e analisa o processo de eclosão da guerra e os seus desdobramentos. Reconstitui os contextos regional e internacional que, em fins da década de 1960, conduziram à conflagração árabe-israelense, analisando a situação interna de cada um dos estados beligerantes.

Livro 4, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

Filho do Hamas; Mosab Hassan Yousef (farei a resenha depois)

Mosab Hassan Yousef, nascido em Ramallah, Cisjordânia, 1978, é um palestino, filho mais velho de Hassan Yousef, um dos sete membros fundadores do Hamas. Mosab foi um informante do Shin Bet, o serviço secreto de Israel, de 1997 a 2007, especialmente no período da Segunda Intifada (2000-2005). Segundo o Shin Bet, Mosab Yousef como a mais confiável fonte infiltrada na liderança do Hamas. As informações fornecidas por ele colaboraram para evitar dezenas de ataques suicidas, assassinatos de israelenses e expôs numerosos grupos terroristas. Desde então, Yousef tornou-se cristão, mudando-se para os Estados Unidos. Em março de 2010, ele publicou sua autobiografia, Filho do Hamas: Um relato Impressionante Sobre Terrorismo, Traição, Intrigas Políticas e Escolhas Impensáveis.

Comentário: Pra adiantar já que algum "desavisado" pode vir dar sermão sobre a listagem desse livro sem entender porque o fiz, em virtude desse livro ser muito divulgado em meios evangélicos e afins (pró-Israel), adianto: eu realmente não entendo porque os grupos radicais que apoiam Israel divulgam esse livro, pelo visto não leram o conteúdo dele e só se ateram ao fim do livro ou ao processo de conversão da pessoa a uma das vertentes do cristianismo (pois há várias vertentes/denominações e cristão não é nem nunca foi sinônimo de evangélico, que é uma das vertentes do cristianismo). O autor descreve no livro o processo de fundação do Hamas (que foi visto positivamente e incentivado por Israel para enfraquecer o Fatah, movimento nacionalista palestino e laico) e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), torturas e as cadeias israelenses. Sempre fique perplexo com isso pois ele descreve com precisão esses detalhes mesmo sem se ater muito à questão sistêmica da coisa que é o uso desse grupo islâmico pra enfraquecer politicamente o outro que hoje se concentra na Cisjordânia enquanto o Hamas controla Gaza e este grupo (o Hamas) se perpetua junto com a direita israelense, resumindo: o Hamas e a direita israelense truculenta precisam um do outro pra seguir existindo ou piorando o conflito e dividindo os palestinos por sectarismo religioso.

Depois quando eu digo que esses fanáticos religiosos são toscos, tem gente que acha que é radicalismo ou cisma porque qualquer crítica a fanático religioso no Brasil, hoje, pode ser acusado de intolerância. Mas não é, infelizmente é uma constatação, além de toscos, acabam fomentando conflitos políticos e religiosos em todo canto incluindo o Brasil. Só leram o título do livro ou se leram só se ateram à questão religiosa da conversão e ignoraram o resto, a coisa menos importante no livro uma vez que ignoram a origem do conflito e desdobramentos que são por questões políticas e étnicas e a formação do Hamas (parte mais relevante do livro) e como os serviços de inteligência de Israel se infiltram facilmente nesse grupo.

*o breve anúncio sobre os autores foram tirados do link da Wikipedia, pra facilitar, já que é só para apresentá-los mesmo. Algumas descrições foram traduzidas aqui no blog dos verbetes em inglês.

Livro 5, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

A Guerra dos Seis Dias; A.J. Barker (resenha a ser feita depois, existe o título em português)

Caso alguém queira ler o livro pelo Scribd, em espanhol, eis o link: [A.J. Barker] La Guerra de Los Seis Dias

Livros do autor: Link. Como não achei muita referência dele (ou quase nenhuma), fico devendo isso. Mas ele lançou vários livros sobre guerra.

Comentário: a escolha do exemplar se deu porque é um livro popular que saiu numa coleção que se tornou bem conhecida no Brasil, nos anos 70 (eu acho), lançada pela Editora Renes (catálogo inteiro), a coleção se chama "História Ilustrada da 2ª Guerra Mundial e do Século de Violência", tradução da coleção em inglês da Editora Ballantine, Ballantine's Illustrated History of World War II, aqui você encontra o catálogo completo desta coleção no original em inglês, lista.

Esta coleção também se encontra em espanhol lançada pela Editora San Martín, quem quiser conferir o catálogo dela em espanhol, confira este link. Muita gente pergunta sobre onde encontrar exemplares desta coleção pois estava fora de catálogo no Brasil e falta exemplares para completá-la (não sei a situação atual), mas pode adquirir os exemplares em espanhol e inglês que continuam vendendo normalmente. É uma coleção antiga, e portanto defasada, mas serve como algo introdutório.

Há um exemplar nesta coleção sobre a guerra do Yom Kipur (fica a dica).


Livro 6, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

A Questao Da Palestina; Autor: Edward W. Said

Edward W. Said, nasceu em Jerusalém, 1 de Novembro de 1935, já falecido, foi um dos mais importantes intelectuais palestinos, crítico literário e ativista da causa palestina. Sua obra mais importante é Orientalismo, publicada em 1978 e traduzida em 36 línguas, que é considerada como um dos textos fundadores dos estudos pós-coloniais.

Comentário: coloquei o texto pela referência do autor e por ser talvez o intelectual palestino mais conhecido no mundo. E também porque o livro se encontra em português.

Sinopse: Obra escrita entre 1977 e 1978 e publicada originalmente em 1979, atualizada pelo autor no prefácio à edição de 1992. Nesse texto, Said lembra que entre 1978 e 1992, quando considerava a questão palestina 'a última grande causa do século 20', um mundo novo havia surgido, moldado por inúmeros fatos. No Oriente Médio, a invasão do Líbano por Israel, em 1982, o início da longa intifada, em 1987, a crise e a Guerra do Golfo, de 1990 a 1991, e a conferência de paz de 1991, além da revolução iraniana. No Leste Europeu, a dissolução da União Soviética, na África, a libertação de Nelson Mandela e a independência da Namíbia e, na Ásia, o fim da guerra do Afeganistão. No prefácio à edição brasileira, Salem H. Nasser sugere que basta atualizar mentalmente os números da tragédia palestina desde o fim dos anos 1970, para se ter uma ideia precisa da dimensão deste texto. Nasser, em sua apresentação, fala das mudanças ocorridas no Oriente Médio, como o fortalecimento militar do Irã/Síria e a eclosão da chamada Primavera Árabe. E sugere que tais questões conectam-se a Israel e suas atitudes em relação à Palestina, embora não existam respostas, por enquanto, para esse processo ainda em curso. Lembra que também o Brasil se transformou nos últimos anos.

Livro 7, em espanhol:

La ocupación. Israel y los territorios palestinos ocupados; Ahron Bregman (a sair pela Editora Crítica, 16 de setembro de 2014, Espanha)

Ahron Bregman, nascido em Israel, 1958, é um cientista político israelense-britânico, como também escritor e jornalista especializado no conflito árabe-israelense. Ele serviu nas Forças de Defesa de Israel (FDI, em inglês IDF) e como um oficial de artilharia participou da campanha de Litani em 1978 e da guerra do Líbano em 1982. Depois da guerra deixou o exército para estudar relações internacionais e ciência política na Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele também trabalhou como assistente parlamentar no Knesset. Depois de dar uma entrevista em 1988 ao jornal Haaretz declarando que ele se recusaria a servir nos Territórios Ocupados, ele deixou Israel e se fixou na Inglaterra. Lá ele entrou para o Departamento de Estudos de Guerra do King's College de Londres, chegando ao PHD em 1994. Bregman é um escritor de vários livros e artigos do conflito árabe-israelense e de assuntos sobre o Oriente Médio. Desde 1994 ele escreve os obituários para o Daily Telegraphy, cobrindo o mundo judaico e Israel. Como professor associado ao Departamento de Estudos de Guerra e jornalista, Bregman vive em Londres. Ele tem três crianças, Daniel, Maya e Adam.

Comentário: soube desse autor através de uma entrevista (infelizmente não achei o vídeo dela, a emissora que a fez, a maior do país, tirou-a do ar no Youtube pois remove muito conteúdo jornalístico do Youtube ao contrário de redes/jornais estrangeiros que disponibilizam) e gostei da explanação dele do conflito, de forma bem crítica, além das credenciais. Curiosamente ele não é conhecido no Brasil. Não tem nenhum livro traduzido pro português, o que mostra a pobreza de informação no idioma sobre o conflito. O grosso do mercado editorial em português é lançado pelo Brasil, não lembro a cifra de cabeça mas é algo em torno de uns 75% ou mais, os lançamentos vindos de outros países que falam o idioma, desse tipo de livro, acaba se tornando inexpressivo (infelizmente). Houve avanços nos lançamentos, mas muito pouco, a maioria das principais publicações sobre isso acabam só sendo lançadas em inglês e por sorte em espanhol.

Sinopse: O conflito entre Israel e os palestinos deu lugar a uma extensa literatura. O que não havia até hoje era um estudo sério, objetivo e bem informado sobre a história dos territórios ocupados por Israel desde 1967. Ninguém poderia escrever com mais autoridade que Ahron Bregman, que combateu pelo exército israelense até alcançar a patente de capitão, e resolveu se exilar depois de ter criticado uma política de ocupação que demonstrava "que quem sofreu terríveis tragédias pode atuar da mesma forma quando possuem poder para isso". Seu livro se baseia em uma ampla documentação e entrevistas com numerosos personagens; mas acrescenta além disso, enquanto se refere às frustradas negociações de paz realizadas entre 1995 e 2007, uma série de documentos e relatórios secretos de maior valor, incluindo as transcrições das conversações telefônicas de Clinton com o presidente da Síria, Hafez al-Assad, interceptadas pelos serviços secretos israelenses. Um livro que joga uma nova luz sobre um tema sistematicamente silenciado.

Livro 8, em espanhol:

La limpieza étnica de Palestina; Autor: Ilan Pappé

Ilan Pappé, é um historiador israelense, professor de história na Universidade de Exeter, no Reino Unido. Foi docente em Ciências Políticas em sua cidade natal, na Universidade de Haifa (1984-2007).

É um dos chamados Novos Historiadores, que reexaminaram criticamente a História de Israel e do sionismo. Pappé faz uma análise profunda sobre os acontecimentos de 1948 (criação do Estado de Israel) e seus antecedentes. Em particular, ele defende em seu livro mais importante, Ethnic Cleansing in Palestine (A limpeza étnica da Palestina), que houve uma limpeza étnica, ou seja, a expulsão deliberada da população civil árabe da Palestina - operada pela Haganah, pelo Irgun e outras milícias sionistas, que formariam a base do Tzahal (exército israelense) - segundo um plano elaborado bem antes de 1948. Pappé considera a criação de Israel como a principal razão para a instabilidade e a impossibilidade de paz no Oriente Médio. Segundo ele, o sionismo tem sido historicamente mais perigoso do que o islamismo extremista.

Comentário: não li o livro mas gostaria de ler, mas tem sido bem divulgado e recebe críticas também. A escolha de listar este livro é porque não gostei de comentários contrários ao livro, proferidos no Orkut, desqualificando por completo a coisa sem emitir uma opinião sequer sobre o conteúdo do mesmo, sinal claro de quem fez isso não leu o livro ou se leu queria impedir que mais gente lesse. Pesa também (eu levei isso em consideração pois não aprovo a conduta) a perseguição sofrida pelo autor que é acadêmico também na Inglaterra.

Livro 9, em espanhol:

Israel: Teorías De La Expansión Territorial; Autor: Nur Masalha

Nur Masalha ou Nur-eldeen Masalha, árabe-israelense, nascido na Galileia, é um escritor palestino e acadêmico. Ele é historiador e professor de Religião e Política e Diretor do Centro de Religião e História e do Projeto de Pesquisa da Terra Santa no St. Mary's University College, Universidade de Surrey. Ele é também diretor do Programa de Mestrado em Religião, Política e Resolução de Conflitos na St Mary's. Atualmente, ele é também professor associado de pesquisa no Departamento de História na School of Oriental and African Studies (Universidade de Londres). Ele é também membro do Programa do Kuwait, Departamento do Governo, da London School of Economics (monografia com Stephanie Cronin, sobre ‘The Islamic Republic of Iran and the GCC States: From Revolution to Realpolitik?).

Sinopse: Em "Imperial Israel and the Palestinians" (Israel: Teorías De La Expansión Territorial), Nur Masalha fornece um histórico das políticas expansionistas de Israel, com foco no período da guerra de junho de 1967 até os dias atuais. Ele demonstra que as tendências imperialistas em Israel conduzem a gama política, da Esquerda à Direita. Masalha argumenta que o coração do conflito entre imigrantes sionistas/colonos e os palestinos nativos sempre foi sobre terra, território, demografia e água. Ele documenta como a política de Israel fez de uma prioridade expulsar os palestinos, seja por guerra ou medidas pacíficas. Mas essas tendências imperialistas não se restringem a fanáticos extremistas. O autor revela as políticas expansionistas encontradas no sionismo trabalhista e na ideologia Kookist. Capítulos cobrem todo o terreno do Movimento Israel, do Revisionismo Sionista e do Partido Likud, Gush Emunim e os fundamentalistas religiosos, partidos e movimentos de extrema-direita e da evolução das atitudes públicas judeus israelenses desde 1967.
___________________________________________

Eu terminarei este post depois por dois problemas: o comentário no início do post ficou muito grande. E falta listar mais três autores (ou mais), só que esses estão em inglês mas é importante listá-los. Pra adiantar os autores (e pra eu não esquecer depois), lá vai: Tom SegevAhron Bregman, e vários outros, e tem mais outros dois que lembrei agora (pode ser que eu lembre de outros depois, mas esses estão todos em inglês, pra ver a pobreza de títulos sobre isso em português e espanhol) que é o Walter Laqueur e esse aqui Jacob Shavit sobre o movimento revisionista sionista que era a direita radical e que molda a política de Israel atual e há décadas. Ou é esse livro ou outro, depois eu confiro.

Aviso: Acabarei colocando a seção da parte em inglês em um post à parte pois são muitos livros e o post ficaria muito extenso (mais do que já é).

Atualização: 05.08.2014

Segunda parte, em inglês:
Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Parte 2

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Entrevista com Raul Hilberg

Existe um novo anti-semitismo? Entrevista com Raul Hilberg à Revista Logos

LOGOS: Há um argumento seu bastante famoso de que havia três soluções para o problema judeu: conversão, expulsão e finalmente extermínio. Pode explicar o que queria dizer com isto?

RH: Este é um padrão recorrente que encontrei bem cedo em minha pesquisa. Olhando ao longo da história fica claro que conversão era um elemento do mundo cristão. As expulsões começam na baixa Idade Média quando parecia que os judeus não estavam dispostos a se tornarem cristãos. Este padrão existiu por vários séculos. Pode-se localizá-lo no início em Oxford, e depois até a Espanha de 1492 e Portugal alguns anos mais tarde. Então estamos realmente falando do final da Idade Média e do início dos tempos modernos para as expulsões.

Agora, para a questão de uma solução final, aquela solução permanente, esta é uma idéia nazista. Você pode ir até o início do partido nazista e descobrir que eles ainda estavam pensando em termos de emigração dos judeus – havia um plano chamado Plano Madagascar, que também tinha sido considerado na Polônia e mesmo na França (Madagascar era uma possessão francesa), e talvez todos os judeus pudessem ser enviados para lá. Então esta idéia ainda estava circulando no departamento de relações exteriores alemão e toda a burocracia até Hitler até pelo menos 1940, especialmente em 1940 quando a França se rendeu. No entanto, quando a guerra ainda não havia terminado (como os alemães esperavam que terminaria) com o ocidente (eles já estavam fazendo preparativos para atacar a União Soviética), considerações mais sérias de aniquilar os judeus emergiram. A primeira indicação que temos destas considerações é um encontro que Hitler teve com um grupo de membros do partido no início de fevereiro de 1941. Ele ainda não tinha completamente formulado a decisão, mas estava em processo de fazê-lo.

LOGOS: Houve uma conferência revisionista no Irã alguns meses atrás. Qual a preocupação que devem ter os estudiosos e o público em geral sobre a capacidade deste tipo de revisionismo de gerar anti-semitismo?

RH: Este revisionismo começou nos anos 60. Não é novo. Boicotei a Alemanha por bastante tempo, mas quando passei por Munique há um bom tempo atrás fui a uma banca e comprei um jornal local de extrema-direita, um jornal alemão, e para meu enorme espanto descobri que eu era mencionado na primeira página como um líder sionista. Agora, isto era uma grande novidade para mim, mas a manchete era: “A Mentira do Holocausto”. Então, na Alemanha nos anos 60 havia seguidores para esta crença, mesmo que eles lá devessem estar mais bem informados que em qualquer outro lugar. Havia um francês que já publicava sobre isto nos anos 60. Metade do seu livro era devotado a mim. Era uma publicação neo-nazista. Assim que o meu livro, 'A destruição dos judeus europeus', saiu em 1961, me tornei um alvo destes grupos.

Para mim, os desenvolvimentos seguintes em negação do Holocausto foram apenas uma lenta expansão, nem mesmo um crescimento, mas uma expansão da França e Alemanha para os EUA e para o Canadá, e finalmente chegou ao mundo árabe. O mundo árabe é bastante desorientado quando se trata da Europa, de qualquer maneira. Eles são tão confusos sobre o Ocidente como nós somos em relação a eles. Mesmo assim, a conferência no Irã não foi bem sucedida nem mesmo no Irã – era um problema e dificuldade sem necessidade. Havia iranianos que denunciavam publicamente esta conferência. Então, eu não estou terrivelmente preocupado sobre isto mesmo que no período desta conferência em dezembro último, eu houvesse sido convidado pelo governo alemão para tomar parte em uma contra-conferência que ocorreu ao mesmo tempo em Berlim, como o palestrante de honra.

Normalmente não me envolvo em debates com revisionistas do Holocausto. E continuei não fazendo isto em Berlim, mas a essência da minha fala era que, sim, houve um Holocausto, o que é, por sinal, mais fácil de dizer que de demonstrar. Demonstrei isto e houve um bom público naquela conferência. Ainda assim, os jornais alemães não deram publicidade à contra-conferência em Berlim porque eles não podiam resistir a publicar as caras dos rabinos que tinham ido ao Irã.

Cheguei à conclusão, não apenas uma vez, mas várias vezes, que, no que me concerne, não concordo com a legislação que torna ilegal fazer pronunciamentos declarando que não houve o Holocausto. Não quero criar amordaças para nada disto porque é um sinal de fraqueza e não de força quando você tenta calar alguém. Sim, tem sempre um risco. Nada na vida é sem risco, mas temos que tomar decisões racionais sobre todas as coisas.

LOGOS: Muitos dos recentes incidentes anti-semitas na Europa levaram as pessoas a falar de um novo anti-semitismo. Isto é algo que realmente deveríamos considerar seriamente ou se trata apenas da continuação de um anti-semitismo anterior?

RH: Não é nem isto. É como se alguém pegasse uns pedregulhos do passado e os jogasse nas janelas. Tenho idade o suficiente para lembrar os efeitos reais de atitudes anti-judaicas. Aqui, na Universidade de Vermont era impensável, mesmo neste estado bem liberal, ter um judeu como Decano até os anos 70, imagine como presidente. Em outras palavras, havia muita segregação nos EUA. Se você olhar para trás e pegar qualquer New York Times dos anos 30 ou mesmo dos anos 40, vai ver anúncios de apartamentos na cidade de New York e a palavra “restrito”. É um jornal cujo proprietário é judeu e eles publicam anúncios que excluem judeus. E isto era um regime anti-judaico entranhado na sociedade, que a sociedade mesmo apoiava e agora se foi. Simplesmente não mais existe.

Não se pode nem mesmo falar de restrições contra judeus no mundo islâmico porque judeus deixaram o mundo islâmico. Eles não estão mais lá exceto em Marrocos e talvez algumas dezenas de milhares aqui e ali, mas isto é o remanescente de duzentos mil que ainda estavam lá quando o estado de Israel foi criado. Então o anti-semitismo do passado pertence ao passado, e particularmente a palavra “anti-semitismo”. Havia um partido anti-semita na Alemanha e havia um partido anti-semita na Áustria. O lider do regime húngaro, Almirante Horthy, quando alguns caras de extrema-direita estavam tentando se apossar de negócios judaicos, acabou com a festa (os calou). Ele disse, mais ou menos com estas palavras, “vocês não vão tomar estas empresas/companhias/negócios porque os judeus ao menos sabem como dirigí-los e vocês, vocês quem são? E não me respondam porque eu já era anti-semita antes de vocês terem nascido”.

Adolf Hitler mesmo, e ninguém lê de fato o 'Mein Kampf', afirma que seu pai não seria um anti-semita porque isto o degradaria socialmente. A irmã de Nietzsche casou com um líder anti-semita e Nietzsche se referia ao cunhado, em todas as cartas para sua irmã, como “o seu marido anti-semita”. Agora, você pode ver que o anti-semitismo era de alguma forma relacionado a uma característica de atraso. Pertencia ao século 19 com todos os seus “ismos”, com o imperialismo, o colonialismo, com o racismo. Parece bizarro que eu diga que os Nazistas não se chamavam de anti-semitas. Você não consegue nem encontrar a palavra.

LOGOS: Mesmo?

RH: Sim, havia uma sensação de que Nazismo era algo novo. O anti-semita tinha parado num certo ponto; o anti-semita podia falar em eliminar judeus, mas não sabia como fazê-lo. O anti-semita não tinha o poder, o anti-semita era um propagandista. Os Nazistas eram sérios sobre o assunto e isto era uma proposição muito diferente. Quando vocês virem a atual legislação na Alemanha, Áustria e em outros lugares que declara que é um crime negar que houve um holocausto, é porque estes governos têm que se distanciar do Nazismo. Hoje em dia obviamente Nazismo e anti-semitismo confluíram em um tipo comum de ideologia, mas é um fenômeno diferente. Havia um jornal extremamente anti-semita na Alemanha, Der Stürmer, que era publicado por Julius Streicher. Não lembro se foi Höss, o comandante de Auschwitz, ou outra pessoa, a quem perguntaram se lia o Der Stürmer. Ele respondeu basicamente o seguinte, “Olha, eu sou um tenente-coronel das SS, nem morto me pegariam lendo Der Stürmer”. Era como ler o mais baixo dos mais baixos tablóides de fofocas dos EUA. Havia uma questão de status, de posição social.


LOGOS: O que você acha do uso retórico e simbólico da palavra “Holocausto”?

RH: Eu resisti ao uso da palavra “Holocausto”, primeiro por causa das suas implicações religiosas. No fim, é como tudo que se torna de uso comum; não dá para escapar. Mas “Holocausto” se torna problemático de várias formas, e uma delas é a que é menos discutida, porque é politicamente incorreto dizer isto, é que tudo se torna um Holocausto. Vou dar um exemplo: eu estava andando em Berlim um dia e vi uma placa “Holocausto” e vi alguns manifestantes nas ruas com cartazes que diziam “Holocausto, Holocausto, Holocausto”. Eu não conseguia entender sobre o que era a manifestação até que eu vi uma gaiola/jaula e entendi que estavam falando de crueldade contra animais. A palavra “genocídio” é também usada em muitas situações, e é claro que a Convenção de Genocídio tem uma definição que vai muito além do que eles chamam de “Holocausto”. Então se você sequestra crianças para forçá-los a fazer algo isto é genocídio, se você usar ópio, isto é genocídio, etc. Porque é uma convenção internacional, os gregos incluíram algo, os chineses incluíram outra coisa, e por aí vai.

Holocausto é uma palavra que é frequentemente utilizada erroneamente porque significa, especialmente quando em letra maiúscula, a catástrofe judaica e quando você a usa em todo o tipo de contexto ela perde sua eficácia. Agora há livros sendo escritos dizendo que os armênios não foram realmente sujeitos a um genocídio ou que os ciganos não foram realmente sujeitos ao genocídio – ainda que na minha opinião ambos foram – mas acaba nestas disputas e é uma situação inevitável. Assim que a Comissão Presidencial sobre o Holocausto foi criada –e foi este mesmo presidente Carter que hoje está sendo chamado de anti-semita quem criou a comissão – todos apareceram: os armênios, claro, compareceram, os poloneses apareceram, os ucranianos apareceram, os tchecos apareceram. Há todos estes problemas de definição e disputas que emergem quando se usa palavras como “Holocausto” ou “genocídio”.

LOGOS:Além da forma como estas palavras são empregadas simbólica e retoricamente, qual a relação que você vê entre o Holocausto e outros genocídios históricos e contemporâneos? Como podemos usar as lições [do Holocausto] para confrontar o tipo de violência e perseguição de grupos que ocorre hoje, considerando-os ou não genocídios sociologicamente?

RH: Eu não sabia o que fazer com o Camboja ou outros eventos como aquele, mas Ruanda me convenceu. Por isto que na terceira edição do meu livro eu incluí Ruanda. O que eu escrevi lá é a resposta à sua questão . Em Buchenwald e possivelmente em outros campos quando a guerra terminou, os prisioneiros colocaram grandes sinais que diziam “nunca mais”. Eu acho que foram os comunistas que organizaram aquilo, mas não tenho certeza. Os sinais diziam “nunca mais” em várias línguas porque era uma Babel de línguas naqueles campos. Milhões de pessoas, homens, mulheres e crianças mortos apenas porque eram classificados como judeus. Agora, aquilo não deveria acontecer de novo e isto era responsabilidade do mundo. O resultado foi, de fato, a Convenção de Genocídio. A palavra genocídio foi criada por Raphael Lemkin, um advogado judeu da Polônia cuja prévia especialidade era terrorismo. Quando o Holocausto acontecia, ele publicou um livro em 1944, 'O comando do Eixo na Europa ocupada'. Neste livro ele inventou a palavra genocídio porque ele dizia que a lei devia ter este conceito como um crime. É claro que os EUA não queriam assinar a Convenção de Genocídio porque o Departamento de Estado e outros políticos tinham suas dúvidas. A dúvida maior era que se tivéssemos uma Convenção de Genocídio, então os negros neste país poderiam questionar legalmente as leis de segregação. A Convenção de Genocídio é um tratado, e se é um tratado sob o Artigo 6 da Constituição nós não podemos assinar esta convenção porque seria superior às nossas sagradas leis estaduais que discriminavam contra negros. Este era o argumento deles. No final este argumento desabou.

O que permanece hoje, contudo, é que o “Nunca mais” é implícito. E no entanto, chega Ruanda e o Presidente Clinton se recusa a chamar de genocídio quando de fato era! Dizemos que nunca mais vamos tolerar este tipo de coisa, mas permitimos mais de meio milhão de pessoas serem mortas em três ou quatro meses em Ruanda. Depois que dez belgas foram mortos, as forças de paz internacionais começaram a se retirar. Foi a mesma coisa como na Alemanha, os Hutu decidiram que agora 'nós vamos resolver o problema Tutsi como os alemães fizeram com os judeus'. Era óbvio que eles tinham decidido isto meses antes de começarem a matar porque eles importaram machetes e fizeram preparações como os alemães. Então aqui estamos, o mundo inteiro, não há Segunda Guerra Mundial acontecendo, não há desculpas de que nós precisamos de todos os aviões que temos, portanto não podemos bombardear Auschwitz porque precisamos deles na Frente Ocidental, e não se faz nada. É tempo de paz, são os anos 90, e não se faz nada. Grandes coisas para o “Nunca Mais”. Então o problema obviamente não desapareceu.

Você tem que tomar decisões. Quando você está sentado no Departamento de Defesa ou no Departamento de Estado na Casa Branca você nunca pode predizer exatamente quais as configurações que algum evento vai mostrar. Você tem que pensar todas as possibilidades e esta gente não tem tempo nenhum para pensar. Eles tem que fazer todas as considerações antes de assumir os cargos. Este é um problema crucial. Mesmo assim, esta é a primeira vez na história que a assumimos um tipo de responsabilidade global. Eu não estou dizendo que estamos sozinhos, temos parceiros fazendo isto e a noção de responsabilidade global é realmente muito nova, é de depois da Segunda Guerra Mundial.

LOGOS: O que você acha dos atuais debates sobre como interpretar o Holocausto e seu legado, pelo trabalho de pessoas como Norman Finkelstein ou Daniel Goldhagen?

RH: Bom, Finkelstein hoje é difamado por toda a parte. Há obviamente lobbies que tentam removê-lo de sua posição. Finkelstein é um cientista político. Acredito que tenha um doutorado por Princeton e, o que quer que se pense de Princeton, é um treinamento bem rigoroso para ser um cientista político profissional. Ele escreveu para mim algumas vezes. Ele foi o primeiro a enfrentar Goldhagen seriamente. Ele atacou Goldhagen em um longuíssimo ensaio que eu nunca teria escrito porque eu nunca teria tido a paciência. Goldhagen é parte de um grupo acadêmico que é um desastre no meu tipo de pesquisa…

LOGOS: Por que isto?

RH: Porque [Goldhagen] estava completamente errado sobre tudo. Completamente errado. Excepcionalmente errado. Em outras palavras, toda esta fúria do seu anti-semitismo que era, na raiz, anti-semitismo especialmente aniquilador, era totalmente absurdo. Ele fala sobre anti-semitismo entre os alemães, estonianos, ucranianos, letões, e lituanos, mas de onde este anti-semitismo aniquilador único veio? É simplesmente absurdo, totalmente absurdo. Quer dizer, completamente fora de parâmetros, vocês sabe, e factualmente sem qualquer base. Finkelstein leveu isto a sério. Eu levei um pouco menos a sério, mas só vim a atacar este Goldhagen bem mais tarde.

Agora, Finkelstein tem um segundo ponto, que, na minha opinião, estava cem por cento correto, e este é que a resposta ao caso dos bancos suíços e a indústria alemã, que tinha coincidido durante a guerra, foi coercitivo não só quanto aos judeus que se mobilizaram, mas também quanto a todas comissões de seguro, ao Senado, a Câmara, e aos comitês críticos. O único que eles não conseguiram dominar foram os tribunais, que ainda tem alguma independência. Então eles perderam nos tribunais, mas ameaçaram pessoas como Alan Hevesi em Nova York. Eles podiam fazer ameaças porque os bancos suícos queriam se expandir ali. Para Finkelstein, isto era pura extorção e não tenho certeza de quem concorda com ele exceto por eu mesmo e eu disse isto abertamente. De fato, disse isto para a imprensa em talvez sete países.

A imprensa não esperava esta minha resposta. O Congresso Judaico Mundial era liderado por um homem que parecia ser, concluindo isso em cima de suas próprias declarações autobiográficas, totalmente, nem mesmo mediano, mas infantil mesmo. O que este magnata, que assumiu o Congresso Judaico Mundial, estava dizendo era completamente absurdo. Os advogados das causas, mais o Congresso Judaico Mundial, deram uma mostra inacreditável de um comportamento totalmente inapropriado.

Agora quando ele [Finkelstein] fala sobre os árabes, alguns judeus sentem que ele é também anti-sionista, que ele é anti-Israel; que ele parece sempre enfatizar o sofrimento dos árabes. Eu não o apoio nesta área em particular porque eu tenho minha própria visão a respeito, mas também não dá para dizer que ele esteja completamente errado. Você gostaria de ser um cidadão árabe em Israel? Pense nas portas que estão fechadas [para estes]. Você pode até comer melhor e ter uma renda melhor do que se você morasse numa favela do Cairo. A grande ironia é que as condições econômicas dos árabes-israelenses são consideravelmente melhores que o proletariado de alguns países árabes, mas uma pessoa precisa de algo mais. Uma pessoa precisa de um sentimento de dignidade. Pense nas barreiras de checagem de segurança. É uma vida sobre a qual certamente alguma coisa tem que ser feita de um jeito ou de outro. Esta batalha em particular não pode durar para sempre. Não dá. Os israelenses vão cansar disto. Os israelenses vão simplesmente cansar de desconfiar das pessoas. Não é possível continuar deste jeito para sempre. Finkelstein está essencialmente na posição correta sobre estas coisas porque ele é extremamente perspicaz. Na maioria das vezes, especialmente nestes outros casos como Goldhagen e os bancos suícos, ele está certo.

LOGOS: Uma última questão, na medida que avançamos no século XXI que direção devem tomar os estudos do Holocausto?

RH: Bom, se você tivesse feito esta pergunta no início, isto já tomaria pelo menos meia hora. Corretamente, a pesquisa hoje está orientada no sentido de descobrir detalhes e principalmente o que aconteceu em nível local. Esta pesquisa já começou. Não está muito desenvolvida neste país (EUA), mas tem havido muitos avanços na Europa. Os principais pesquisadores do Holocausto hoje são alemães e austríacos. Há também alguns franceses e italianos. Não há muitos pesquisadores do Holocausto de renome neste país.

A segunda coisa que deveríamos e precisamos verificar são aqueles aspectos do que aconteceu que ainda são tabu. O que é tabu é a vida de uma comunidade judia terminal em algum gueto e a noção que algumas pessoas morriam primeiro, então outras pessoas morriam depois, e ainda outras morriam por último, e então, melhor ainda, algumas sobreviviam. O que explica estes desenvolvimentos bastante perceptíveis? Exemplo: os primeiros a morrer eram os mais probres entre os pobres. Nós temos que enfrentar este fato. Nós temos que entender que não se pode no mundo acadêmico simplesmente chamar a todos os judeus que morreram – como eu ouvi um Rabino dizendo uma vez, Kedoshim, que significa povo santo. Esta não é a minha linguagem. Nós não podemos fazer isto. Nos temos que vê-lo como eles eram e nós não temos feitos isto. Nós temos tido um roteiro estabelecido. Este é um aspecto em que eu discordo de Elie Wiesel não obstante conhecê-lo há muito tempo. Ele diz “ouçam os sobreviventes e ouçam mesmo seus filhos”. Eu digo, sim, temos que ouvir os sobreviventes. Temos escutado os sobreviventes já por bastante tempo, mas não é suficiente. Eles não vão nos dizer o que aconteceu às pessoas que não sobreviveram. Você não é uma amostragem aleatória. Isto requer muita pesquisa assídua em muitos registros que foram soterrados e que nunca foram examinados.

A terceira coisa que precisa ser feita é isto: temos que identificar mais claramente quem eram os vizinhos dos judeus. Que tipo de impacto sofreram, se sofreram? Como suas reações eram motivadas, seja para colaborar com o algoz ou para ajudar a vítima ou, na maioria dos casos, para permanecer neutro. Neutralidade não significa ignorar algo. Significa uma decisão de não fazer nada. Nós temos que examinar isto também. Então nós temos que examinar o Holocausto de todas as maneiras, e isto no fim implica fazer muita pesquisa local porque é no nível local que estão os documentos que nos dizem alguma coisa. Por exemplo, se eu leio nos registros locais que os bielorussos não estão entregando trigo o suficiente para os alemães porque eles roubam isto secretamente para fazer vodka e em enormes quantidades durante a ocupação alemã, você precisa começar a se perguntar qual o percentual daquela população que estava bêbada o tempo inteiro? Agora estas são questões muito, muito importantes e esta é a direção em que a pesquisa precisa avançar. E não é para diletantes, não é para pessoas sem treinamento, não é para filósofos, é para pessoas que sabem línguas, que sabem história, que sabem ciência política, que sabem economia, etc. Basicamente eles têm que ser bem preparados. O Holocausto hoje não é, como pode ter sido no início, um tema para leigos.

Link original da entrevista: https://logosjournal.com/issue_6.1-2/hilberg.htm

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...