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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Os Black Blocs franceses (nova face da extrema-direita na França). Uma alerta para o caso brasileiro

A derrota política do "Jour de colère" (Dia de Fúria)

Com 17 mil participantes registrados pela polícia pelo período da tarde, a manifestação do "Dia da Raiva" (jour de colère), domingo, 26 de janeiro, em Paris, marcou os espíritos. Esta é a primeira vez em muitos anos que um grupo de extrema-direita estoura e mobiliza a todos. Esta é ainda a primeira vez em muitos anos que os slogans antissemitas e negacionistas são cantados de maneira totalmente explícita em um desfile dessa magnitude. Além das palavras de ordem violentas visando jornalistas e homossexuais.

Esta é a primeira vez, finalmente, que a ultradireita com seus elementos mais radicais e mais racistas, coabitam sem choque o mesmo cortejo (manifestação) com uma maioria de ativistas mistos, a partir da "Dieudosphère" (caso Dieudonné) sob a bandeira e palavra de ordem da "liberdade de expressão". No entanto, o que à primeira vista pode parecer como um sucesso desse movimento, assemelha-se mais a uma derrota política. O que é que essa mobilização? Devemos vê-la como uma mutação da extrema-direita?

A manifestação foi organizada pelo "Primavera Francesa", 'rótulo' sob o qual se reuniram, por quase um ano, os elementos anti-casamento (gay) mais radicais entre todos. O objetivo era "coagular a raiva" contra o poder, dizem eles: "que não escuta o povo, que bombardeia os contribuintes, que enterra nosso exército, libera delinquentes, desorientando nossos filhos, perverte nosso sistema escolar, reduz a nossa liberdade, assassina a nossa identidade, destruindo nossas famílias".

A "Primavera Francesa" é, de fato, estruturada pela Action Française (Ação Francesa) (AF, Maurrasianos), que garante toda a logística e cujas instalações são utilizadas como base de retaguarda. Antirrepublicana e antiparlamentarista assumida, a AF depois de ano de todas as ações, esta é a mais intensa/violenta e que vai de vento em popa.

O desfile foi apoiado por uma miríade de associações, por uma parte fantasmagórica ou diretamente ligada à Primavera francesa como o coletivo "Holanda liberta" de David van Helmerick, por um dos responsáveis da PF, o coletivo 'Advogados livres' de Frédéric Pichon ou o Acampamento para todos. Mas também formada por vários micro-grupos anti-impostos.

Um desfile politicamente marcado

"Quando há um incêndio em casa, você não chama pelo bombeiro?", disse Beatrice Bourges algum tempo antes do desfile, porta-voz do Primavera Francesa e figura central deste "dia de fúria". Na verdade, esta famosa manifestação tornou-se um ponto de encontro e de junção de todo movimento extremista. E só.

Poucas famílias, quase sem crianças, uma atmosfera agressiva, tensa e pesado. E o desejo desses ativistas, alguns dos quais não hesitaram em referir-se a Ucrânia, para a batalha, como fizeram em 2013 durante a procissão para o Palácio dos Inválidos (Place des Invalides).

Os católicos fundamentalistas (integristas) de Civitas trouxeram com eles, a partir de Lyon, ativistas do Gud Lyon (próximos do movimento "filo-nazista" 'Terra e Povo') e hooligans. A Renovação Francesa, o Gud Paris, os anciãos das Juventudes nacionalistas e o Ouvre Française (Trabalho francês) - duas organizações dissolvidas neste verão - também estavam presentes.

Se o FN (Front National) não fez parte deste evento e nenhum dos seus diretores esteve lá, alguém próximo de Marine Le Pen, Axel Loustau, fez parte, como foi observado pelo Mediapart.

Dieudonné conclamou seus apoiadores a participar do desfile. E é de se entender. Seu ajudante, o polemista Alain Soral, chefe do "Igualdade e reconciliação", que agora se afirma como "nacional-socialista", também fez a viagem com um grupo de cerca de 200 pessoas. Alguns deles acenaram com abacaxis - um sinal de apoio a Dieudonné e sua sua canção "Shoahnanas".

O nascimento de um "Black Brown" (Black Blocs)?

Em sua edição de 23 de janeiro, o semana de extrema-direita 'Minuto', previu para este "dia de fúria" a formação de um "Block Bloc de direita", composto "de hooligan, de patriotas e de conservadores chateados" que têm em comum "a idéia de que não podem ser ouvidos por serem sábios e criticarem a política 'rosa' do 'Movimento para todos". Aparentemente, o Minuto estava bem informado porque no final da procissão havia várias dezenas de pessoas, com capuz, rosto coberto com lenços e formando um bloco. Devo dizer que os nacionalistas autônomos chamaram suas tropas para participar do desfile.

Vídeo difundido em redes sociais

Na Praça Vauban, após a dispersão, eles entraram em confronto com forças de segurança com o apoio de jovens pró-Dieudonné. Ao todo, cerca de trezentas pessoas. Algo inédito pois ambos os grupos não eram sociologicamente ou politicamente similares. Havia poucos pontos de concordância entre eles: a "luta" e o ódio aos judeus.

A fuga dos "moderados", o resultado (e fracasso) político do "dia de fúria"

À face deste acontecimento, a violência da noite após o fato teve um efeito relevante. Quem em 2013 criticou a "repressão" no final do "Manifestação para todos", hoje não tem palavras para condenar o "dia da ira". Isto é bem dito por Ivan Rioufol, colunista do 'Figaro' (jornal francês), que resume bem este estado de espírito. O "Dia da Ira" revelou a cara feia de uma França fascista. Ele é um exemplo a não ser seguido", escreve notavelmente o jornalista em uma nota.

Pois não é bem a derrota política do "dia de fúria". Ele apareceu para o que sempre foi: um desfile barato da extrema-direita radical e não o chamado movimento apolítico e independente que ele alegava encarnar.

***
Nota: Cerca de 250 detenções.
Cerca de 250 pessoas foram presas na noite de domingo após a dispersão, 224 por "participação de grupo armado" e "violência contra agentes depositários da polícia." A Ação francesa (Action Française) disse em um comunicado que teve 15 militantes presos.


Fonte: Droite(s) extrême(s) (Blog do Le Monde, França)
http://droites-extremes.blog.lemonde.fr/2014/01/27/la-defaite-politique-de-jour-de-colere/#xtor=RSS-32280322
Título original: La défaite politique de « Jour de colère »
Tradução: Roberto Lucena

Observação: o post não foi publicado com o título original que consta logo no início do post (a tradução, obviamente) pra ressaltar a conotação autoritária, antidemocrática e fascista desses grupos denominados Black Blocs que ainda ficam com essa conversa mole de dizerem que são "táticas" querendo dissuadir a crítica sobre o componente autoritário e sem rumo do grupo.

A observação é referente aos grupos no Brasil, traduzi o post pra mostrar o tipo de ligação que vários deles possuem em outros países e no Brasil não é diferente, o quebra-quebra intencional "niilista" é um componente da extrema-direita, o discurso deles é falacioso e com objetivo claro de ataque à democracia não consolidada do país por conta da profunda ignorância (mentalidade) e comportamento autoritário da cultura ibérica que sempre norteou o país, apesar de que as manifestações mais significativas desses bandos sempre ocorrem em duas cidades praticamente pra mídia usar como "espetáculo" e passar a ideia de "caos" manipulando imagens, Rio (capital) e São Paulo.

Na maioria dos estados e cidades do país esse "movimento" é inexpressivo ou insignificante, ou seja, não se trata de um "movimento nacional" como a grande mídia anda matraqueando e sim local/regional que a mídia está tratando como "fenômeno nacional" pra tentar 'inflar' ânimos em todo o país. Politicagem em seu mais baixo nível e grau de fanatismo.

Há outra bandeira reclamada por esses "Black Blocs" (até o nome é ridículo) no Brasil que é o de se dizerem "anarquista", basicamente debochando da inteligência alheia. Um grupo aparece do nada pegando carona nas manifestações de junho de 2013, sem pauta política clara, sem formação anterior, e querem que acredite que não se trata de algo armado com interesses escusos e duvidosos? ...

O anarquismo praticado por esses bandos, se de fato há algum, é de um "niilismo" (sem sentido) atroz. Querem derrubar o Estado e pôr o que no lugar? Acham que vão derrubar o estado com máscaras e ações de teatro pra mídia pautar politicamente? É algo tão primitivo e infantil que espanta o grau de estupidez desses bandos (se de fato pensam isso, eu particularmente não acredito). O que pode acontecer é provocarem o acionamento do aparato de repressão do Estado que, além de força pra conter isso, vai agir com brutalidade. Ou seja ,no fundo o que esses caras querem é provocar uma situação grotesca no país tentando empurrar a população pras ruas. Atitude canalha e repulsiva.

Já fiz um post aqui antes sobre o problema das manifestações quando grupos de extrema-direita com "slogan" nacionalista (com um discurso vazio e ufanista herdeiro da ditadura civil-militar brasileira) de ódio quebrando e tocando o terror no Rio, as coisas só vão confirmando o que muita gente suspeitava, que há interesses obscuros desses bandos que podem ter uma articulação estrangeira pra desestabilizar a democracia no país, como fizeram no período anterior a 1964. E quem costuma fazer isso são serviços de inteligência de potências mais as elites sorrateiras locais que nunca deram a mínima pra democracia até porque não gostam disso apesar de dizerem que "gostam".

Porque afirmo que a mídia está incitando isso: porque não consigo conceber que emissoras de TV, jornais e portais de notícias não tenham análise crítica (ou conhecimento) suficiente pra saber do que se passa, se não possuem é atestado cabal de que são um bando de ignorantes, mas não acredito nessa hipótese, a omissão ou vista grossa aos detalhes por trás desses bandos é um ato político calculado (que pode degringolar), intencional. Se se deforma a informação é porque está ocorrendo manipulação de informação.

Com a internet hoje é muito difícil, e com boa informação (trouxe o texto pra isso, embora a tradução não seja fácil pois não domino o idioma do texto, mas consigo traduzir como mais línguas neolatinas), mas muito difícil mesmo distorcer a realidade e os fatos.

Não se trata de Teoria da Conspiração o assunto aqui citado pois isso não é algo incomum, nunca foi, antecipo-me a qualquer distorção e manipulação de "revis" sobre o comentário pois eles têm o costume de fazer isso como já vi algumas vezes. O fato descrito já ocorreu em outros períodos e muitos países, infiltração de "baderneiros" pra estimular o caos, só que muitas vezes os ditos "revis" (revimanés) delirando no antissemitismo comum deles e crentes em teorias esdrúxulas e racistas, ficam falando de coisas absurdas e conspirações surreais (Illuminati, Nova Ordem Mundial, ETs, OVNIS, reptlianos, rs), movidos por crenças e pensamentos turvos, obviamente sempre pondo "judeus" em tudo (porque é o objeto da obsessão racista e doente deles) e um pensamento mágico atroz.

Isso acaba tornando o assunto delicado quando não deveria ser. Inflar grupos opositores em países com regimes democráticos não sólidos/consolidados é um gesto não incomum de superpotências, que operam com elites golpistas locais pra colocar governos alinhados a suas políticas contra a população do país (a maioria). E há uma certa omissão do Estado brasileiro em desbaratar esses bandos, expor quem está por trás deles, pois deveriam fazê-lo e não estão agindo como deveria (se antecipando aos atos que acabam por provocar terrorismo psicológico na população ou "sensação de caos", mesmo que seja só um "espetáculo" sem rumo).

Meios pra isso o governo federal possui, então está na hora de agir e dar o nome aos bois (checar e dizer quem está por trás disso e enquadrá-los criminalmente por atentado).

A quem achar que o assunto não é tema do blog, o blog é sobre Holocausto mas também sobre extrema-direita, basta ler os posts, portanto o assunto está totalmente no escopo do blog, e mais ainda pelo fato de que como cidadão não deixarei que um bando de imbecis ou de udenistas salafrários (com interesses obscuros) destruam o que foi conquistado a duras penas, a democracia brasileira, que mesmo imperfeita é melhor que não ter nenhuma. Não há diálogo com fascistas e golpistas.

P.S. eu lerei mais tarde o texto da observação e posso editar e reduzir o texto (aliás, já fiz isso mas posso fazer novamente). É que de fato fico irritado com essa passividade da sociedade civil em relação a este tipo de ataque por conta do sectarismo e fanatismo fomentado por parte da mídia do país, e a gente acaba desabafando e aumentando o texto com xingamentos a esses grupos. Não costumo colocar ou citar discussões sobre polarização política no país, mas sinceramente não dá pra simplesmente fazer "vista grossa" ao fato ou se omitir, ultrapassaram a "linha vermelha" (da tolerância) nesse último "protesto" (com o mote de "Copa do Mundo", sendo que o alvo não é esse, esse discurso moralista treslouco e jeca já passou dos limites) com violência contra cidadãos comuns nas ruas. Ou seja, basta.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Questão indígena brasileira. Ato público em defesa da comunidade Guarani-kaiowá (vídeo)

Repassando adiante pra quem quiser também repassar o vídeo pra mais gente, vídeo com a fala de uma mulher índia em um ato de defesa da comunidade indígena dos Guarani-Kaiowá, no Rio.

Como eu sei que muita gente é impaciente e pode não querer ouvir a fala por conta do começo em algum idioma tupi-guarani, a parte em português começa a partir de 1:37 segundos. Vídeo abaixo:



Vídeo repassado pela Rox aqui.

Pra quem está por fora do que se passa, pode ler a matéria da Deutsche Welle no mesmo post sobre o problema:
Apelo dos Guarani-Kaiowá ecoa na comunidade internacional

domingo, 28 de outubro de 2012

Apelo dos Guarani-Kaiowá ecoa na comunidade internacional

Brasil
Apelo dos Guarani-Kaiowá ecoa na comunidade internacional

Em cartas públicas, populações indígenas pedem que seja decretada sua "morte coletiva" em vez de emitida ordem de despejo. Problema de demarcação de terras que existe desde os anos 1970 ganhou atenção internacional.

Nas últimas semanas, documentos assinados por integrantes do povo indígena Guarani-Kaiowá que vive no estado de Mato Grosso do Sul, região Centro-Oeste do país, circularam na imprensa e nas mídias sociais. O mais comovente deles foi divulgado no início do mês, em resposta a uma ordem judicial de reintegração de posse de uma fazenda no município de Iguatemi. A carta assinada por indígenas Guarani-Kaiowá da comunidade de Pyelito Kue pede que a justiça decrete a "morte coletiva" dos indígenas em vez da expulsão de seu território tradicional.

Assim como esse grupo, outros também procuram formas de tornar público o longo processo de demarcação de terras. O grupo Guarani-Kaiowá de Passo Piraju, por exemplo, divulgou uma carta na última semana em que detalha a situação do assentamento que existe há 12 anos nas margens do rio Dourados, no Mato Grosso do Sul.

"É para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Passo Piraju e para enterrar-nos todos aqui, somente assim, não reivindicaremos os nossos direitos de sobreviver. Esta é a nossa última decisão conjunta diante da decisão da Justiça Federal do Tribunal Regional da 3ª Região (TRF-3) São Paulo-SP", diz trecho da carta.

Nesta quinta-feira (25/10), a organização de defesa dos direitos indígenas Survival International divulgou um comunicado pedindo "que seja permitido aos Guarani permanecer em sua terra, e que todos os territórios Guarani sejam demarcados urgentemente, antes que mais vidas sejam perdidas".

Pixação no Museu do Índio,
em Brasília, marca protesto
A imprensa chegou a falar de um possível suicídio coletivo, mas nota divulgada na noite desta terça-feira pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) alerta para a interpretação equivocada da posição dos indígenas. “Os Kaiowá e Guarani falam em morte coletiva (o que é diferente de suicídio coletivo) no contexto da luta pela terra, ou seja, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirá-los de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrerem todos nelas, sem jamais abandoná-las”, diz o documento, que reflete preocupação da entidade com uma possível onda de alarmismo que pode ser mais prejudicial para os grupos indígenas.

Em entrevista à DW, Cleber Buzatto, secretário-executivo do Cimi, diz que o manifesto reflete o desejo daquela população indígena de defender seu direito à terra. “No nosso entendimento, a carta reafirma a decisão coletiva da comunidade de não sair mais uma vez da terra tradicional pela qual eles vêm lutando nas últimas décadas”, disse.

Segundo dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), até 2010, 43 mil Guarani-Kaiowá haviam sido registrados. Eduardo Backer, advogado da ONG de direitos humanos Justiça Global, disse à DW que o caso dos Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue representa a retomada de território e "é um processo de resistência na tentativa de implementar uma política pública de demarcação que não está sendo feita pelo Estado".

Problema histórico

"A demarcação de terras é um problema histórico no Brasil, mas especificamente no Mato Grosso do Sul é um problema muito grande e acaba gerando uma série de outros problemas: confinamento, aumento dos índices de suicídio e violência", explica Eduardo Backer, ao lembrar que alguns processos de demarcação já duram 20 ou 30 anos.

Um artigo do Guarani-Kaiowá Tonico Benites, mestre e doutorando em Antropologia Social do Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado nesta segunda-feira no site da Justiça Global no Brasil, faz um levantamento dos aspectos históricos ligados à demarcação. "Iniciativas de articulação e luta de várias lideranças Guarani e Kaiowá para retornar aos antigos territórios começaram a despontar no final da década de 1970", diz o texto.

Crianças da etnia Guarani-Kaiowá brincam em
torno da escola cuja obra foi interrompida por
falta de verbas
O advogado Eduardo Backer ressalta o poder dos grupos políticos e do agronegócio, predominantes no Estado, e atribui a demora na resolução dos impasses à ação dessas forças. "A proximidade do poder político e de grupos econômicos interessados na preservação de uma determinada estrutura fundiária que favorece a perpetuação de seu poder econômico e político acaba impossibilitando a demarcação desse território sob o argumento falso de que se perderia a capacidade econômica do estado", alerta.

Violência e morte

Para Cleber Buzatto, a demora nos procedimentos de demarcação potencializa situações de violência entre integrantes de um mesmo grupo, suicídio entre jovens e violência por parte de grupos armados comandados, segundo ele, por fazendeiros. "Os Guarani, cansados de aguardar pela ação do Estado, promovem eles próprios ações que chamam de retomada como uma estratégia de tentar fazer com que o Estado se movimente de uma forma um pouco mais ágil", afirmou Buzatto.

Informações repassadas à DW pelo Cimi revelam uma situação tensa no Estado, que já registra centenas de processos de conflitos entre indígenas e latifundiários. Em todo o país, mais da metade dos registros de morte violenta de indígenas ocorre entre o grupo Guarani-Kaiowá. O Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas 2011 registra 503 assassinatos de indígenas entre 2003 e 2011 no país. Desses, 279 são de Guarani-Kaiowá. Dados do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, dão conta de 555 casos de suicídio desse grupo entre 2000 e 2011.

Outro tipo de violência, dessa vez contra lideranças indígenas, também causa preocupação, segundo Eduardo Backer. "Já há vários mortos, principalmente pela atuação de pistoleiros e fazendeiros", disse, ao lembrar que muitas lideranças estão hoje em programas de proteção da Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

Preconceito e conservadorismo

Apesar de ser uma garantia constitucional, a preservação de território indígena ainda não recebe apoio amplo da sociedade brasileira. "É importante que a comunidade tenha ciência desses fatos e apoie os Guarani-Kaiowá no sentido de sensibilizar o governo brasileiro para agilizar os procedimentos de demarcação das terras", ressalta Cleber Buzatto.

Para Eduardo Backer, além das forças políticas e econômicas regionais, há o que classificou de conservadorismo e preconceito de parcela da sociedade brasileira que, segundo sua visão, defende um processo de aculturação que "impede que esses povos vivam de acordo com seus modos de vida tradicionais".

Autora: Ericka de Sá
Revisão: Francis França

Fonte: Deutsche Welle/Terra
http://www.dw.de/apelo-dos-guarani-kaiow%C3%A1-ecoa-na-comunidade-internacional/a-16329642
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI6253564-EI306,00-Apelo+dos+GuaraniKaiowa+ecoa+na+comunidade+internacional.html

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Meio século depois Hollande admite matança de argelinos em Paris

Meio século depois Hollande admite
matança de argelinos em Paris
Há 51 anos, a polícia francesa massacrou em Paris centenas de imigrantes argelinos que se preparavam para participar numa manifestação a favor da independência do seu país. Oficialmente, apenas reconheceu três mortos e 64 feridos. Durante mais de meio século, todos os governos franceses negaram o massacre. François Hollande veio agora admiti-lo.

O reconhecimento veio no 51º aniversário da manifestação de 17 de Outubro de 1961 e a pouco tempo de uma visita oficial à Argélia que o presidente francês tem agendada para o início de Dezembro. A manifestação brutalmente reprimida em 1961 fora convocada por organizações afectas ao movimento de libertação argelino FLN e dirigia-se contra o reclher obrigatório que apenas se aplicava aos argeilinos.

A manifestação terá reunido entre 20.000 e 50.000 pessoas e a maior parte dos mortos não foram vítimas de violência na rua, e sim nas esquadras, após a detenção. Um grande número foi lançado ao rio Sena, tendo os cadáveres continuado a aparecer nos dias seguintes, como denunciaram contra os desmentidos oficiais principalmente os jornais Le Monde, Libération e L'Humanité.

No lacónico comunicado do presidente Hollande, o balanço da repressão policial daquele dia é descrito como uma "tragédia" e refere-se a necessidade "não de vingança ou arrependimento, mas de do direito, por meio da verdade". O embaixador argelino em Paris, Missoum Sbih, comentou favoravelmente esta admissão do facto em si, que há muito era reivindicada pelo Governo argelino. Segundo Sbih, há no comunicado "vários sinais positivos e encorajadores".

Direita francesa furiosa com Hollande

Embora o comunicado em momento algum admita a existência de culpas da polícia francesa ou peça perdão às famílias das vítimas, os "sinais positivos" nele lidos pelo embaixador argelino já foram suficientes para desencadear um vendaval de protestos da direita francesa.

Assim, o líder parlamentar da UMP, Christian Jacob, considerou "intolerável" que o comportamento da polícia e o conjunto da República fossem postos em causa pelo comunicado. O dirigente histórico da Frente Nacional (extrema-direita) Jean-Marie Le Pen, conhecido por ter praticado a tortura em larga escala durante a Guerra da Argélia, afirmou que Hollande não tem o direito de se pronunciar sobre alegadas culpas da França.

E o ex-primeiro-ministro Fraçois Fillon, segundo citação do diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, interrogou-se retoricamente: "E o que é feito dos crimes que foram cometidos na Argélia após a independência, com os massacres contra os Harkis [soldados argelinos que serviram o exército francês], o que é feito dos arquivos argelinos, que nunca foram abertos?" E logo sugeriu: "Ou bem que tudo se revela à luz do dia, ou então o melhor é esquecer todo o assunto".

Papon: primeiro genocida anti-judeu, depois anti-árabe

Seja como for, os arquivos franceses ficarão abertos e permitirão conferir os cálculos dos historiadores - geralmente entre os 50 e os 200 mortos. Um dos mais conhecidos, da autoria do historiador francês Jean-Luc Einaudi, aponta para as duas centenas.

O balanço de Einaudi, que utilizava já o termo "massacre", deu na altura origem a um processo por difamação intentado por aquele que fora o prefeito da Polícia de Paris à data da manifestação: Maurice Papon. Este viria, por sua vez, a sentar-se depois no banco dos réus, não pela repressão de 17 de Outubro, mas pela sua colaboração com os nazis com vista a organizar a deportação de judeus para os campos de extermínio.

Papon viria a ser despojado de todas as suas condecorações e condenado a dez anos de prisão em 1998, por crimes contra a humanidade cometidos ao serviço do regime colaboracionista de Vichy. Mas acabou por cumprir apenas um ano de prisão, vindo a ser libertado por razões de saúde em 2000 e morrendo em 2002.

António Louçã, RTP 18 Out, 2012, 18:15 / atualizado em 18 Out, 2012, 18:30
DR

Fonte: RTP (Portugal)
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=596337&tm=7&layout=121&visual=49

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Grupo skinhead ataca 3 gays na avenida Paulista, diz polícia

Rapaz foi medicado em hospital da capital após ser atacado na Avenida Paulista

Foto: Werther Santana/
Agência Estado
Reduzir Normal Aumentar Imprimir Três homossexuais foram agredidos na manhã do domingo por um grupo de skinheads na avenida Paulista, em São Paulo, segundo a Polícia Militar. Um dos homens foi encontrado desmaiado na altura do número 459 da Paulista, após a agressão, por volta das 6h30.

A PM recebeu uma chamada e, ao chegar ao local, testemunhas informaram que um grupo de jovens havia corrido em direção à estação Brigadeiro do Metrô. A polícia conseguiu alcançar o grupo e deteve os cinco suspeitos de agressão. Segundo a Polícia Civil, quatro deles são menores.

Eles foram levados para o 5º DP (Aclimação). Duas das vítima da agressão foram levadas ao pronto-socorro Vergueiro e um delas foi logo liberada. A outra, menos ferida, foi à delegacia prestar depoimento.

Fonte: Terra
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4791105-EI5030,00-Homem+e+agredido+por+suposto+grupo+de+skinheads+na+Paulista.html

domingo, 27 de dezembro de 2009

Alemanha: Êxitos eleitorais da extrema-direita catalizam violência neonazi, avisa chefe da polícia judiciária

Internacional
Lusa

Os sucessos eleitorais do Partido Nacional-Democrático da Alemanha (NPD), principal força da extrema-direita alemã 'podem ter efeitos catalizadores' para os neonazis dispostos à violência, advertiu hoje em Berlim o presidente da Polícia Judiciária federal (BKA).

Joerg Ziercke sublinhou que, apesar de não haver uma 'ligação institucional” entre o NPD e os delinquentes neonazis, “há militantes deste partido envolvidos em actos de violência extremista, e que se destacam como delinquentes”.

“As pessoas em questão têm em média 24 anos, um baixo nível de qualificação, provêm de famílias pouco harmoniosas e, em regra, praticam delitos violentos”, disse o chefe da BKA.

De acordo com Joerg Ziercke, um estudo da Universidade de Dresden revelou que três quartos dos delitos violentos foram praticados em locais públicos, com especial incidência nas proximidades de estações ferroviárias, paragens de autocarros ou ruas com cervejarias.

Segundo dados da BKA, em 2009 registaram-se cerca de 20 mil delitos praticados por elementos da extrema-direita, entre os quais mil actos violentos.

Cerca de dois terços foram delitos de propaganda fascista ou neonazi, muitos dos quais com recurso á internet, através de servidores localizados no estrangeiro.

Desde a reunificação alemã, em 1990, a violência da extrema-direita fez 47 vítimas mortais, de acordo com as estatísticas oficiais.

Levantamentos efectuados pela imprensa alemã e por organizações anti-fascistas apontam, no entanto, para mais de 100 mortos às mãos de caceteiros neonazis na Alemanha, porque a polícia nem sempre atribui aos crimes carácter político.

A primeira vítima da violência nazi já na Alemanha reunificada foi o angolano Amadeu António Kiowa, espancado até à morte com bastões de basebol por neonazis em Dezembro de 1990 em Eberswalde, no leste do país.

Outro caso tristemente célebre foi a agressão neonazi que provocou a morte do moçambicano Alberto Adriano, em Junho de 2000, em Dessau, (leste).

Em Junho de 1998, o operário português Nuno Fontinha foi também espancado por um grupo de “hooligans” alemães, vindo a falecer meses depois, já em Portugal, em consequência dos graves ferimentos sofridos.

Fonte: Lusa/Correio do Minho(Portugal)
http://www.correiodominho.com/noticias.php?id=19689

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 63

63. O que tem ocorrido aos historiadores que tem questionado o "Holocausto"?

O IHR diz:

Eles têm sido objeto de campanhas de calúnias, têm perdido seus postos acadêmicos, têm perdido pensões, e têm sofrido destruição de suas propriedades e até violência física.

Nizkor responde:

A violência é uma deplorável resposta à expressão, evidentemente, há que se condená-la.

Mas mais uma vez, de que historiadores estamos falando? Não há nem um só Doutor em História entre a comunidade revisionista. Faurisson era professor de literatura, Zündel se dedicava à fotografia, Butz é professor de Engenharia Elétrica, Stäglich é juiz, O'Keefe não terminou seus estudos em Harvard, e Cole não terminou o secundário. Raven era anteriormente escritor de anedotas para contadores de piada de palco(stand-up comics) e colaborador em revistas de automóveis.

Irving é periodista e escritor especializado em História, e Weber tem um Mestrado em História. Isto é o mais próximo que se pode estar um "revisionista" de ser um historiador.

Ironicamente, um dos outros poucos "revisionistas" que tem uma graduação acadêmica em História é Leuchter, que se apresenta como um engenheiro especialista(expert)! (Tem o grau de Licenciado).

Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena

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