Conforme prometido, segue abaixo uma lista de alguns livros (vou dar ênfase aos títulos em português e/ou espanhol primeiro, ênfase nos títulos em espanhol caso não tenha em português, e os demais em inglês que considero relevantes, mas estes ficam pro final), não são muitos, para entender o conflito árabe-israelense, do começo até os dias de hoje.
Se você quiser entender este conflito, precisa ler algo sério e não propaganda, principalmente os três títulos listados primeiro (em português) abaixo, destacadamente o primeiro livro da lista. E o problema é justamente este, 90% das pessoas no Brasil (sendo otimista pois acho que o número é muito pior que esse) passa longe desses livros (e de livros em geral a não ser bobagens/perfumaria que são lançadas por editoras e livrarias) e aparece um monte de gente arrotando besteira (a arrogância ignorante) nessas redes sociais repetindo textos, discursos enviesados e toscos, quando não partem logo pra agressão. Se a pessoa conseguir ler um desses, já é um avanço.
Por que digo isso? O que mais notava no Orkut (
que foi onde pipocou as discussões pra valer sobre esse conflito na web no Brasil, passando pela ofensiva no Líbano de 2006 até o bombardeio de Gaza em 2009) era gente que não lia nada a não ser propaganda oficial de país X, e não saia disso. Quando discutiam não iam além da repetição de argumentos batidos e argumentos rasteiros, que não conseguiam mantê-los. Todo o discurso do grupo pró-Israel (da maioria, exceção de um ou outro que lia) girava em torno dessa propaganda e nada além disso. Não assistiam documentários, filmes, livros etc. Por isso que levavam muito toco da parte pró-palestina na discussão já que esta parte (não todos, mas um pequeno grupo considerável) lia esses livros ou outros e era bastante informada, politizada. E era algo que causava constrangimento pois nas comunidades em que eu e mais gente ficava, nas de segunda guerra e afins, aparentemente esse pessoal pró-Israel acabavam nos usando como "escudos" porque ficavam acuados quando algum antissemita/"revi" ia pra cima deles discutir sobre esses temas ou contra algum militante pró-palestino. E obviamente essa impostura deles sobrava pra gente, e sem atenuar, isto é uma atitude imbecil (e covarde) dessas pessoas. Não deu pra desabafar lá, irritei-me pra valer com esses grupos, mas fica aqui o desabafo como registro. A gente percebia a coisa, mas por educação ou por considerar algo alheio a questões internas do Brasil, tentávamos não nos envolver com o tema, mas mesmo assim sobrava pra gente por conta da postura inconsequente desse grupo pró-Israel na rede.
Essa observação que descrevi acima não foi nem eu que fiz, estou repetindo-a porque concordo integralmente com ela, eu via a mesma coisa que a pessoa que fez a observação acima descreveu (o comentário foi feito por uma pessoa numa comunidade que ele havia reaberto, sobre Oriente Médio, que fora aberta por outra pessoa) que fez um comentário em "off" criticando o lado pró-israelense no Brasil (nessa comunidade do Orkut) por ser muito, por assim dizer, 'ignorante' em relação ao conflito (ou distorcerem e serem radicais demais) por só repetir propaganda de site. A maioria não lê nada além de textos de determinados sites ou livros enviesados, com discurso pronto sem nem entender o que se passa naquela região enquanto o outro lado tinha interesse e lia livros inteiros. E isso é irônico pois se demonstram ter tanto interesse no que se passa lá, deveriam ler. Quando algum lia, pela postura radical, distorcia a discussão e tentava ganhar discussão "na marra" (a força). E como eu já disse, havia algumas exceções mas não o suficiente pra conter este tipo de impostura dos demais ou porque se enchiam e deixavam pra lá (algo plenamente natural de ocorrer).
Isso quando não aparecia uma pessoa ou outra enviesada até a medula desqualificando autores que as pessoas mais alinhadas com a questão palestina citavam, uma atitude imprudente e apelativa (desonesta), pois ao mesmo tempo que faziam isso, repassavam textos 'floridos' retratando o problema. Hoje dá pra ver com clareza o tamanho da manipulação da coisa, por isso o desabafo. Essa postura acabou por acentuar a imagem negativa de Israel. Não se discute nesses moldes, não se discute com histeria, chilique ou pânico, são coisas que a gente critica o tempo todo nos "revis" então ninguém irá tolerar comportamento similar só porque A ou B acha que é "justo" ou está impulsionado a agir por emocionalismo/fanatismo e não pela razão.
Quero deixar claro, ou mais precisamente, passar na cara dos "revis" que sempre insinuam que "blog" A ou B "fazem jogo dos sionistas", é bom terem vergonha na cara de vez em quando. Eu sempre disse que a questão dos conflitos humanos (nazismo, Holocausto etc) não possuem mais peso sobre o conflito do Oriente Médio, pelo menos pro público na Europa e Américas etc, a maioria das pessoas sabe distinguir uma coisa da outra e eu já comentei outras vezes que a memória do Holocausto inclusive reforça a crítica a Israel e não o oposto como os "revis" alegam. Pelo menos é como vejo. Mas os "revis" não são movidos por valores humanistas e sim antissemitismo, por isso que não os levo em consideração nessa questão, quem quiser levá-los a sério, problema de quem levar.
O N. Finkelstein, se não me engano (citando de memória) já citou isso que comentei acima, de que a questão do Holocausto abre margem pra críticas a Israel porque moralmente é algo que pesa contra aquele país a questão da perseguição de judeus na Europa, embora se eu fosse tentar entender Israel hoje, eu olharia mais pra África do Sul do apartheid que pra essa questão da segunda guerra. E pra passar na cara novamente dos "revis", nenhum desses textos críticos do blog deve estar sendo recebido com "festa" por quem é parcial ao extremo com Israel. Seria incoerente, como bem um de vocês citou em um post antigo, alguém ler sobre Holocausto etc e simplesmente fazer vista grossa com a política de Israel em relação aos palestinos e aquele conflito. O comentário feito procede totalmente.
E como já comentei a questão em outros posts, ninguém precisa apelar pra antissemitismo pra criticar algo que está errado, quem o faz ou é tosco, imbecil ou burro (fora outros adjetivos não muito bons). Não é uma situação fácil criticar isso com muita gente extremada que se rotula ou se enquadra como pró-Israel não aceitando/tolerando críticas, mesmo mínimas, quaisquer que sejam, e que tampouco leem esses livros. Discutir com essas pessoas na maioria dos casos é como discutir com portas (não muito diferente de um "revi" discutindo, só que com outro enfoque).
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Livro 1, em português (encontra-se no mercado brasileiro):
A Muralha de ferro: Israel e o mundo Árabe; Autor: Avi Shlaim. Link
Avi Shlaim,
nasceu no Iraque (judeus árabes) e tem nacionalidade britânica e israelense. Professor Emérito de Relações Internacionais da famosa Universidade de Oxford, Londres (Inglaterra) e membro da Academia Britânica. Shlaim é considerado um dos Novos Historiadores de Israel, um grupo de acadêmicos israelenses que apresentam interpretações críticas da história do Sionismo e de Israel.
Comentário: o livro é grande e é um dos mais completos, se você que está lendo este post conseguir ler o livro, entenderá melhor (amplamente) o conflito ao invés de só repetir abobrinhas propagandísticas em redes sociais. A algum desavisado mal intencionado que quiser vir malhar, o Shlaim por ter posições políticas de justiça em prol dos palestinos e resolução do conflito, é altamente criticado e atacado pela direita israelense e a pró-Israel fora de Israel. Já vi virem atacar ele no Orkut de forma ridícula, com a famosa desqualificação, sem querer apelar pro argumento da autoridade, mas... um professor emérito de Oxford não entender do problema que narra em mais de 700 páginas e outros livros e textos, é no mínimo um argumento estúpido mesmo.
Eu ia fazer uma tradução de um texto resumo crítico ao livro, mas fica pruma próxima. Se fizer coloco o link depois aqui. A quem não associou de cara o termo Muralha de Ferro, é referente aquela cerca grande que divide hoje as áreas de Israel passando por dentro das áreas que sobraram dos palestinos. A ideia é antiga. Eu uma vez soltei um tópico no Orkut, que não houve comentários (pois o povo estava mais preocupado em bater boca e futrica ordinária), sobre essa questão perguntando: "Jabotinsky venceu?", mais ou menos assim, pois o que se vê em Israel hoje é a vitória política dessa direita fascistóide de Jabotinsky que era ironicamente chamada de revisionista.
Sinopse: Os numeroso e prolongados conflitos de Israel com os árabes, em especial com o povo palestino, lançam uma grande sombra em sua história, marcada pela guerra e pela paz instável. A estratégia da "muralha de ferro", proposta na década de 1920 por Ze'ev Jabotinsky, pressuponha o trato com os árabes de uma posição de incontestável superioridade, porém almejava igualmente ulterior e que o estado israelense, consolidado e poderoso, estaria apto a negociar acordos de paz e prosperidade com os povos da região.
Livro 2, em português (encontra-se no mercado brasileiro):
Imagem E Realidade Do Conflito Israel-palestina; Autor: Norman G. Finkelstein
Norman Finkelstein,
nascido em Nova York (EUA), é um cientista político norte-americano. Graduado pela Universidade do Estado de Nova Iorque (State University of New York) em Binghamton (SUNY Binghamton), estudou posteriormente na École Pratique des Hautes Études, em Paris, e obteve seu doutorado em Ciência Política na Universidade Princeton. Ensinou no Brooklyn College e no Hunter College, ambos da Universidade da Cidade de Nova Iorque. Também lecionou na Universidade de Nova Iorque e, finalmente, na Universidade DePaul, em Chicago, até setembro de 2007.
Suas ideias já lhe custaram o emprego de professor universitário, entre outros problemas. Em 23 de maio de 2008, Finkelstein foi impedido de entrar em Israel por suspeitas de que tivesse contato com "elementos hostis a Israel". Na sua chegada ao Aeroporto Internacional Ben Gurion, perto de Tel Aviv, Finkelstein foi interrogado e mandado de volta a Amsterdã, seu ponto de origem. Segundo funcionários da imigração, a decisão de deportar Finkelstein estava relacionada com suas "opiniões antissionistas" e críticas ao governo israelense. Ele foi proibido de entrar em Israel nos próximos 10 anos.
Comentário: eu diria que se você ler um dos dois livros acima, principalmente o do Avi Shlaim, entenderá perfeitamente o que se passa naquele conflito. Os dois livros que eu coloquei não são, obviamente, "queridos" do público pró-Israel, que em vez de lê-los pra pelo menos criticar sabendo o que está escrito, só faz malhar pura e simplesmente. Atitude irracional e ignorante. O Finkelstein é aquele mesmo do livro "A Indústria do Holocausto", outro livro que a maioria ler por "osmose" só o título do livro (rs) e retrata como um livro antissemita ou algo parecido, e muitos "revis" e ignorantes com viés antissemita também citam este livro menor (o livro sobre o conflito no Oriente Médio dele é bem maior, o Indústria do Holocausto é fino) como se explicasse o Holocausto, e não explica, a crítica do livro é outra (pelo visto quem afirma isso também não leu nada além do título do livro e a orelha dele, e olhe lá). O mais engraçado é que no Orkut alguns indivíduos de extrema-direita com um ódio visceral dissimulado em relação a "sionistas" vinham me agredir sem nem saber o que penso e minhas posições políticas, isso é o que é mais cretino nessas pessoas, malham na internet de forma agressiva quando duvido que saem na rua xingando os outros e querendo brigar, até porque sabem que se fizerem isso um dia apanham (literalmente). Li os livros do Finkelstein por curiosidade, já emiti comentários críticos com ele sobre o posicionamento dele sobre a memória do Holocausto (não concordo com alguns pontos ou vários), mas o livro dele sobre o conflito árabe-israelense deveria ser lido.
Sinopse: ler o link do Google Books.
Livro 3, em português (encontra-se no mercado brasileiro):
Seis Dias de Guerra; Autor: Michael B. Oren
Michael B. Oren,
é um diplomata, historiador, escritor e militar israelense de nascimento norte-americano. Autor de livros, artigos e ensaios, inclusive o best-seller Seis Dias de Guerra: Junho de 1967 e a Formação do Moderno Oriente Médio. Combateu pelo exército israelense no Líbano e na Faixa de Gaza e serviu também como porta-voz do mesmo. Obteve o bacharelado da Universidade Colúmbia e o doutorado da Princeton. Lecionou nas universidades Harvard, Yale e Georgetown nos EUA e nas universidades Hebraica e de Tel Aviv em Israel. Abriu mão da cidadania norte-americana para poder exercer o cargo de embaixador de Israel.
Comentário: já tem um post sobre este livro
aqui. Esse livro é contestado e bastante criticado no livro do Finkelstein (acima), de forma concisa, mesmo assim discordo dele sobre a questão de ler este livro que tem enfoque mais militar. Pra entender o conflito amplamente deve-se ler este livro também, só que a abordagem (mais militar) é só sobre a
guerra dos seis dias, não discute muito questões políticas como a ocupação que seguiu a esta guerra e a conquista de terras da
Cisjordânia (em inglês
West Bank), Faixa de Gaza,
Península do Sinai, parte oriental de Jerusalém e as
Colinas de Golã.
O conflito atual, pra não estender até a origem, tem mais o contorno do desfecho da guerra dos seis dias e essa expansão territorial de Israel naquela época, embora não se resuma a isso e sim a questões anteriores a este conflito, mas é um conflito crucial pra entender a questão atual já que uma das reivindicações palestinas é o fim da ocupação israelense nessas áreas e definição de fronteiras nos limites de 1967, incluindo a questão de Jerusalém.
Sinopse: aborda os aspectos políticos e militares da Guerra dos Seis Dias, e da interação de suas dimensões internacional, regional e nacional. Descreve e analisa o processo de eclosão da guerra e os seus desdobramentos. Reconstitui os contextos regional e internacional que, em fins da década de 1960, conduziram à conflagração árabe-israelense, analisando a situação interna de cada um dos estados beligerantes.
Livro 4, em português (encontra-se no mercado brasileiro):
Filho do Hamas; Mosab Hassan Yousef (farei a resenha depois)
Mosab Hassan Yousef,
nascido em Ramallah, Cisjordânia, 1978, é um palestino, filho mais velho de Hassan Yousef, um dos sete membros fundadores do Hamas. Mosab foi um informante do Shin Bet, o serviço secreto de Israel, de 1997 a 2007, especialmente no período da Segunda Intifada (2000-2005). Segundo o Shin Bet, Mosab Yousef como a mais confiável fonte infiltrada na liderança do Hamas. As informações fornecidas por ele colaboraram para evitar dezenas de ataques suicidas, assassinatos de israelenses e expôs numerosos grupos terroristas. Desde então, Yousef tornou-se cristão, mudando-se para os Estados Unidos. Em março de 2010, ele publicou sua autobiografia, Filho do Hamas: Um relato Impressionante Sobre Terrorismo, Traição, Intrigas Políticas e Escolhas Impensáveis.
Comentário: Pra adiantar já que algum "desavisado" pode vir dar sermão sobre a listagem desse livro sem entender porque o fiz, em virtude desse livro ser muito divulgado em meios evangélicos e afins (pró-Israel), adianto: eu realmente não entendo porque os grupos radicais que apoiam Israel divulgam esse livro, pelo visto não leram o conteúdo dele e só se ateram ao fim do livro ou ao processo de conversão da pessoa a uma das vertentes do cristianismo (pois há várias vertentes/denominações e cristão não é nem nunca foi sinônimo de evangélico, que é uma das vertentes do cristianismo). O autor descreve no livro o processo de fundação do Hamas (que foi visto positivamente e incentivado por Israel para enfraquecer o
Fatah, movimento nacionalista palestino e laico) e a
OLP (Organização para a Libertação da Palestina), torturas e as cadeias israelenses. Sempre fique perplexo com isso pois ele descreve com precisão esses detalhes mesmo sem se ater muito à questão sistêmica da coisa que é o uso desse grupo islâmico pra enfraquecer politicamente o outro que hoje se concentra na Cisjordânia enquanto o Hamas controla Gaza e este grupo (o Hamas) se perpetua junto com a direita israelense, resumindo: o Hamas e a direita israelense truculenta precisam um do outro pra seguir existindo ou piorando o conflito e dividindo os palestinos por sectarismo religioso.
Depois quando eu digo que esses fanáticos religiosos são toscos, tem gente que acha que é radicalismo ou cisma porque qualquer crítica a fanático religioso no Brasil, hoje, pode ser acusado de intolerância. Mas não é, infelizmente é uma constatação, além de toscos, acabam fomentando conflitos políticos e religiosos em todo canto incluindo o Brasil. Só leram o título do livro ou se leram só se ateram à questão religiosa da conversão e ignoraram o resto, a coisa menos importante no livro uma vez que ignoram a origem do conflito e desdobramentos que são por questões políticas e étnicas e a formação do Hamas (parte mais relevante do livro) e como os serviços de inteligência de Israel se infiltram facilmente nesse grupo.
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o breve anúncio sobre os autores foram tirados do link da Wikipedia, pra facilitar, já que é só para apresentá-los mesmo. Algumas descrições foram traduzidas aqui no blog dos verbetes em inglês.
Livro 5, em português (encontra-se no mercado brasileiro):
A Guerra dos Seis Dias; A.J. Barker (resenha a ser feita depois, existe o título em português)
Caso alguém queira ler o livro pelo Scribd, em espanhol, eis o link: [A.J. Barker] La Guerra de Los Seis Dias
Livros do autor: Link. Como não achei muita referência dele (ou quase nenhuma), fico devendo isso. Mas ele lançou vários livros sobre guerra.
Comentário: a escolha do exemplar se deu porque é um livro popular que saiu numa coleção que se tornou bem conhecida no Brasil, nos anos 70 (eu acho), lançada pela Editora Renes (
catálogo inteiro), a coleção se chama "
História Ilustrada da 2ª Guerra Mundial e do Século de Violência", tradução da coleção em inglês da Editora Ballantine,
Ballantine's Illustrated History of World War II, aqui você encontra o catálogo completo desta coleção no original em inglês,
lista.
Esta coleção também se encontra em espanhol lançada pela Editora San Martín, quem quiser conferir o catálogo dela em espanhol, confira
este link. Muita gente pergunta sobre onde encontrar exemplares desta coleção pois estava fora de catálogo no Brasil e falta exemplares para completá-la (não sei a situação atual), mas pode adquirir os exemplares em espanhol e inglês que continuam vendendo normalmente. É uma coleção antiga, e portanto defasada, mas serve como algo introdutório.
Há um exemplar nesta coleção sobre a
guerra do Yom Kipur (fica a dica).
Livro 6, em português (encontra-se no mercado brasileiro):
A Questao Da Palestina; Autor: Edward W. Said
Edward W. Said,
nasceu em Jerusalém, 1 de Novembro de 1935, já falecido, foi um dos mais importantes intelectuais palestinos, crítico literário e ativista da causa palestina. Sua obra mais importante é Orientalismo, publicada em 1978 e traduzida em 36 línguas, que é considerada como um dos textos fundadores dos estudos pós-coloniais.
Comentário: coloquei o texto pela referência do autor e por ser talvez o intelectual palestino mais conhecido no mundo. E também porque o livro se encontra em português.
Sinopse: Obra escrita entre 1977 e 1978 e publicada originalmente em 1979, atualizada pelo autor no prefácio à edição de 1992. Nesse texto, Said lembra que entre 1978 e 1992, quando considerava a questão palestina 'a última grande causa do século 20', um mundo novo havia surgido, moldado por inúmeros fatos. No Oriente Médio, a invasão do Líbano por Israel, em 1982, o início da longa intifada, em 1987, a crise e a Guerra do Golfo, de 1990 a 1991, e a conferência de paz de 1991, além da revolução iraniana. No Leste Europeu, a dissolução da União Soviética, na África, a libertação de Nelson Mandela e a independência da Namíbia e, na Ásia, o fim da guerra do Afeganistão. No prefácio à edição brasileira, Salem H. Nasser sugere que basta atualizar mentalmente os números da tragédia palestina desde o fim dos anos 1970, para se ter uma ideia precisa da dimensão deste texto. Nasser, em sua apresentação, fala das mudanças ocorridas no Oriente Médio, como o fortalecimento militar do Irã/Síria e a eclosão da chamada Primavera Árabe. E sugere que tais questões conectam-se a Israel e suas atitudes em relação à Palestina, embora não existam respostas, por enquanto, para esse processo ainda em curso. Lembra que também o Brasil se transformou nos últimos anos.
Livro 7, em espanhol:
La ocupación. Israel y los territorios palestinos ocupados; Ahron Bregman (a sair pela Editora Crítica, 16 de setembro de 2014, Espanha)
Ahron Bregman,
nascido em Israel, 1958, é um cientista político israelense-britânico, como também escritor e jornalista especializado no conflito árabe-israelense. Ele serviu nas Forças de Defesa de Israel (FDI, em inglês IDF) e como um oficial de artilharia participou da campanha de Litani em 1978 e da guerra do Líbano em 1982. Depois da guerra deixou o exército para estudar relações internacionais e ciência política na Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele também trabalhou como assistente parlamentar no Knesset. Depois de dar uma entrevista em 1988 ao jornal Haaretz declarando que ele se recusaria a servir nos Territórios Ocupados, ele deixou Israel e se fixou na Inglaterra. Lá ele entrou para o Departamento de Estudos de Guerra do King's College de Londres, chegando ao PHD em 1994. Bregman é um escritor de vários livros e artigos do conflito árabe-israelense e de assuntos sobre o Oriente Médio. Desde 1994 ele escreve os obituários para o Daily Telegraphy, cobrindo o mundo judaico e Israel. Como professor associado ao Departamento de Estudos de Guerra e jornalista, Bregman vive em Londres. Ele tem três crianças, Daniel, Maya e Adam.
Comentário: soube desse autor através de uma entrevista (infelizmente não achei o vídeo dela, a emissora que a fez, a maior do país, tirou-a do ar no Youtube pois remove muito conteúdo jornalístico do Youtube ao contrário de redes/jornais estrangeiros que disponibilizam) e gostei da explanação dele do conflito, de forma bem crítica, além das credenciais. Curiosamente ele não é conhecido no Brasil. Não tem nenhum livro traduzido pro português, o que mostra a pobreza de informação no idioma sobre o conflito. O grosso do mercado editorial em português é lançado pelo Brasil, não lembro a cifra de cabeça mas é algo em torno de uns 75% ou mais, os lançamentos vindos de outros países que falam o idioma, desse tipo de livro, acaba se tornando inexpressivo (infelizmente). Houve avanços nos lançamentos, mas muito pouco, a maioria das principais publicações sobre isso acabam só sendo lançadas em inglês e por sorte em espanhol.
Sinopse: O conflito entre Israel e os palestinos deu lugar a uma extensa literatura. O que não havia até hoje era um estudo sério, objetivo e bem informado sobre a história dos territórios ocupados por Israel desde 1967. Ninguém poderia escrever com mais autoridade que Ahron Bregman, que combateu pelo exército israelense até alcançar a patente de capitão, e resolveu se exilar depois de ter criticado uma política de ocupação que demonstrava "que quem sofreu terríveis tragédias pode atuar da mesma forma quando possuem poder para isso". Seu livro se baseia em uma ampla documentação e entrevistas com numerosos personagens; mas acrescenta além disso, enquanto se refere às frustradas negociações de paz realizadas entre 1995 e 2007, uma série de documentos e relatórios secretos de maior valor, incluindo as transcrições das conversações telefônicas de Clinton com o presidente da Síria, Hafez al-Assad, interceptadas pelos serviços secretos israelenses. Um livro que joga uma nova luz sobre um tema sistematicamente silenciado.
Livro 8, em espanhol:
La limpieza étnica de Palestina; Autor: Ilan Pappé
Ilan Pappé,
é um historiador israelense, professor de história na Universidade de Exeter, no Reino Unido. Foi docente em Ciências Políticas em sua cidade natal, na Universidade de Haifa (1984-2007).
É um dos chamados Novos Historiadores, que reexaminaram criticamente a História de Israel e do sionismo. Pappé faz uma análise profunda sobre os acontecimentos de 1948 (criação do Estado de Israel) e seus antecedentes. Em particular, ele defende em seu livro mais importante, Ethnic Cleansing in Palestine (A limpeza étnica da Palestina), que houve uma limpeza étnica, ou seja, a expulsão deliberada da população civil árabe da Palestina - operada pela Haganah, pelo Irgun e outras milícias sionistas, que formariam a base do Tzahal (exército israelense) - segundo um plano elaborado bem antes de 1948. Pappé considera a criação de Israel como a principal razão para a instabilidade e a impossibilidade de paz no Oriente Médio. Segundo ele, o sionismo tem sido historicamente mais perigoso do que o islamismo extremista.
Comentário: não li o livro mas gostaria de ler, mas tem sido bem divulgado e recebe críticas também. A escolha de listar este livro é porque não gostei de comentários contrários ao livro, proferidos no Orkut, desqualificando por completo a coisa sem emitir uma opinião sequer sobre o conteúdo do mesmo, sinal claro de quem fez isso não leu o livro ou se leu queria impedir que mais gente lesse. Pesa também (eu levei isso em consideração pois não aprovo a conduta) a perseguição sofrida pelo autor que é acadêmico também na Inglaterra.
Livro 9, em espanhol:
Israel: Teorías De La Expansión Territorial; Autor: Nur Masalha
Nur Masalha ou Nur-eldeen Masalha,
árabe-israelense, nascido na Galileia, é um escritor palestino e acadêmico. Ele é historiador e professor de Religião e Política e Diretor do Centro de Religião e História e do Projeto de Pesquisa da Terra Santa no St. Mary's University College, Universidade de Surrey. Ele é também diretor do Programa de Mestrado em Religião, Política e Resolução de Conflitos na St Mary's. Atualmente, ele é também professor associado de pesquisa no Departamento de História na School of Oriental and African Studies (Universidade de Londres). Ele é também membro do Programa do Kuwait, Departamento do Governo, da London School of Economics (monografia com Stephanie Cronin, sobre ‘The Islamic Republic of Iran and the GCC States: From Revolution to Realpolitik?).
Sinopse: Em "Imperial Israel and the Palestinians" (Israel: Teorías De La Expansión Territorial), Nur Masalha fornece um histórico das políticas expansionistas de Israel, com foco no período da guerra de junho de 1967 até os dias atuais. Ele demonstra que as tendências imperialistas em Israel conduzem a gama política, da Esquerda à Direita. Masalha argumenta que o coração do conflito entre imigrantes sionistas/colonos e os palestinos nativos sempre foi sobre terra, território, demografia e água. Ele documenta como a política de Israel fez de uma prioridade expulsar os palestinos, seja por guerra ou medidas pacíficas. Mas essas tendências imperialistas não se restringem a fanáticos extremistas. O autor revela as políticas expansionistas encontradas no sionismo trabalhista e na ideologia Kookist. Capítulos cobrem todo o terreno do Movimento Israel, do Revisionismo Sionista e do Partido Likud, Gush Emunim e os fundamentalistas religiosos, partidos e movimentos de extrema-direita e da evolução das atitudes públicas judeus israelenses desde 1967.
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Eu terminarei este post depois por dois problemas: o comentário no início do post ficou muito grande. E falta listar mais três autores (ou mais), só que esses estão em inglês mas é importante listá-los. Pra adiantar os autores (e pra eu não esquecer depois), lá vai:
Tom Segev,
Ahron Bregman, e vários outros, e tem mais outros dois que lembrei agora (pode ser que eu lembre de outros depois, mas esses estão todos em inglês, pra ver a pobreza de títulos sobre isso em português e espanhol) que é o Walter Laqueur e esse aqui
Jacob Shavit sobre o movimento revisionista sionista que era a direita radical e que molda a política de Israel atual e há décadas. Ou é esse livro ou outro, depois eu confiro.
Aviso: Acabarei colocando a seção da parte em inglês em um post à parte pois são muitos livros e o post ficaria muito extenso (mais do que já é).
Atualização: 05.08.2014
Segunda parte, em inglês:
Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Parte 2