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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Restos humanos vistos por jornalistas norte-americanos em Klooga e Babi Yar

Em 6 de outubro de 1944, o New York Times publicou este relatório de Klooga, que havia sido arquivado por WH Lawrence quatro dias antes. O relatório começa assim:
Klooga, Estônia, 02 de out. (atrasado) Foi mostrada a correspondentes estrangeiros hoje o cenário das execuções alemãs em 19 de setembro - um ato que demonstrou conclusivamente que os alemães estão em uma retira de grande escala e são capazes de matar a sangue frio, mesmo quando isto não servirá para muita coisa, em caso de objetivos militares.

Aqui no campo de trabalho nazista de Klooga, construído originalmente para abrigar os últimos sobreviventes do Gueto de Vilna, vi e contei partes reconhecíveis de 438 corpos completos e parcialmente queimados de homens, mulheres e crianças, incluindo uma criança que não poderia ter mais de três meses de idade, mas cujo crânio havia sido quebrado por uma bala e que estava nos braços de sua mãe morta no frio, um país desolado no meio de uma floresta de pinheiros. Vi três enormes piras funerárias que primeiro foram construídos com troncos de pinheiro por prisioneiros, cujos captores, em seguida, atiraram neles e queimaram seus corpos. Perto dessas pilhas, agora quase completamente reduzidas a cinzas, contei partes reconhecíveis de pelo menos 215 corpos, e um número desconhecido de outros esqueletos que foram reduzidos a cinzas de ossos por um grande incêndio ocorrido pela queima de toras de pinheiros e corpos embebidos em gasolina. Num campo próximo... estavam os corpos de uma dúzia de outras pessoas que tentaram fugir mas foram abatidas por balas.

Prisioneiros queimados em Barracões

Vi os restos de barracões com oito quartos dos quais os alemães colocavam cerca de 700 pessoas, que foram baleadas. Os barracões depois foram incendiados e destruídos, cremando os corpos que permaneceram dentro. Paralelamente a esta construção havia uma fila de pelo menos 150 corpos, algumas das pessoas que obviamente haviam sido alvejadas durante a tentativa de escapar da construção.

Alguns tinham pequenas marcas de fogo, mas outros eram apenas esqueletos carbonizados e encolhidos de homens e mulheres. Dentro dos barracões, grandes montes de cinzas de ossos misturados com cinzas de madeira testemunham o grande número de outras pessoas que morreram naquele prédio. Na parte central do próprio acampamento havia uma outra cena medonha. Em um pátio eu contei os corpos de sessenta e quatro pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças, e foi lá que eu vi um jovem bebê, vestido com um suéter vermelho, cueca de lã branca e uma camisa azul.

Esses foram os corpos de pessoas que haviam sido metralhadas até a morte dentro de um dos barracões centrais, mas que os alemães, em sua ansiedade para fugir antes que o Exército Vermelho se aproximar, não tiveram tempo de queimar.
O chefe da Associated Press na URSS, Eddy Gilmore, arquivou este relatório, que da mesma forma descrevia os corpos de crianças com buracos de bala atrás de suas cabeças. Gilmore tinha previamente arquivo este relatório sobre Babi Yar. As fotografias tiradas em Klooga foram publicadas na revista Life em 30 de outubro de 1944, e podem ser vistas aqui.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/01/bodies-seen-by-american-journalists-at.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Human Remains Seen By American Journalists at Klooga and Babi Yar
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Como converteram Hitler numa celebridade com a ajuda do New York Times (e imprensa dos EUA)

Muito se falou do poder de propaganda nazi e muito pouco de seu maior êxito: converter um homem feio, rancoroso, homicida e baixinho num carismático sedutor de massas.
Marta Peirano

Adolf Hitler nos abre as portas de sua casa nos Alpes
Capa do livro
"Hitler at Home"
Quem nos conta é Despina Stratigakos, historiadora da Universidade de Buffalo, em seu recente livro Hitler at Home, (Yale University Press), a devastadora história como converteram um sociopata gafotas de pelo raro e ambições artísticas num irresistível homem de Estado que deslumbrou metade das belas irmãs Mitford e a uma geração de Miss Brodires, antes de desencadear o capítulo mais negro de nossa história moderna.

"Os anos 30 marcam o princípio da cultura das celebridades (celebrities), quando chega o cinema com som, o rádio e as revistas aspiracionais" (de "Novos Ricos"), explica a acadêmica. E o gabinete de propaganda nazi aproveitou a oportunidade para transformá-lo no que não era, um homem interessante e refinado com uma grande categoria moral e gosto pela arquitetura. "Conseguiram isto enfatizando sua vida privada, mostrando-lhe como um homem que brinca com seus cachorros e o qual as crianças gostam, fazendo coisas domésticas em entorno desenhados para evocar uma sensação de calidez. Em fins dos anos 30, a mídia de todo o mundo descrevia-o como um indivíduo delicado e carinhoso, com bom gosto para a decoração de interiores".

Adolf Hitler nos abre as portas de sua casa

"Depois de ler aquelas histórias - continua Stratigakos - a gente começou a pensar que conhecia o 'verdadeiro' Hitler, o homem por trás da máscara do Führer, e que esta pessoa pudesse não ser tão diabólica como as notícias que vinham da Europa pareciam sugerir".

Em 20 de agosto de 1939, o New York Times sacava um fotogênico reportagem em seu bonito chalé de madeira nos Alpes Bávaros próximo à Berchtesgaden que foi comprado em 1927 com fundos do partido e que o chamavam de Haus Wachenfeld. Hitler, seu próprio arquiteto, dizia o titular. As fotos lhe mostram desfrutando de momentos de intimidade, lendo o jornal numa mesa adornada com flores, 12 dias antes de invadir a Polônia.

A casa, "adornada com harmonia, segundo a melhor tradição alemã" e carregada com cortinas limpas e almofadas feitas à mão para "criar uma atmosfera de silenciosa alegria", havia sido decorada por seua desenhadora favorita, Gerdy Troosts, que lhe foi fiel até o último minuto. Literalmente: poucas semanas antes de Adolf Hitler descer ao bunker pela última vez, Troost lhe propôs refrescar o Grand Hall da chancelaria com uma capa de pintura para animar o ambiente, "um trabalho pequeno que só duraria um par de dias".

O seguimento do Times das andanças do nervoso austríaco começou uma década antes. Nos anos do auge e do estabelecimento do regime nazi, o jornal publicou notas frequentes sobre o líder nazi, incluindo entrevistas para seu barbeiro ("escreveu ao Führer sobre sua mecha rebelde e se tomaram medidas"), comparações com Jesus Cristo (ou simplesmente "um enviado divino") e outras estampas como sua assistência ao funeral da irmã de Nietszche (cujas obras completas ele presenteou a seu amigo, o Duce, por seus 60 anos), ou suas declarações contra a violência contra os judeus.

Hitler, o anfitrião encantador

Não foram os únicos nem tampouco os primeiros. O número de novembro de 1938 da edição britânica de Casa & Jardim coincidiu com a Noite dos Cristais Rotos, quando a SA queimou mil sinagogas, destruíram mais de 7.000 negócios judeus e mataram a uma centena de pessoas, além de prender outras 30.000 e as mandar para Buchenwald, Dachau e Sachsenhausen. A revista, contudo, oferecia um passeio pela casa Wachenfeld, assinado por um tal de William George Fitzgerald, pseudônimo de Ignatius Phayre. Isto é o que diz de seu cômodo mas modesto retiro:

"Originalmente uma cabana de caça, "Haus Wachenfeld" cresceu até se converter no atrativo chalé bávaro que é hoje, a 2.000 pés no Obersalzburg, rodeado de bosques de pinheiros e árvores frutíferas.

O lugar tem a melhor vista de toda a Europa. Isto é dizer, eu sei. Mas nesses Alpes bávaros há uma classe especial de suave folhagem, com cascatas de branco da neve e cumes cobertos do bosque. O efeito da luz e do ar na casa se vê intensificado pelo canto e o trino dos canários Harzer que há na maioria das habitações, pendurados em jaulas douradas.

E não vão pensar que seus convidados de fim de semana são todos, ou a maioria, de altos cargos do Estado. Para Hitler, agrada-lhe a companhia de brilhantes estrangeiros, especialmente pintores, cantores e músicos. Como anfitrião, é um divertido contador de histórias.

Um chefe bávaro, Herr Dannenberg, prepara um impressionante banquete de pratos vegetarianos, salgados e saborosos, tão agradáveis à vista como o são ao paladar, tudo de acordo com o padrão alimentício que Hitler exige. Mas na casa Wachenfeld também há uma generosa mesa para convidados de outros gostos. Aqui os 'bons viveurs' como o marechal de campo Goering e Joachim von Ribbentrop se reúnem para cear.

Menos de um ano depois, a Alemanha invadiu a Polônia. Inglaterra e França lhe declararam a guerra.

Digitalização da matéria original:



Fonte: El Diario (Espanha)
http://www.eldiario.es/cultura/historia/Hitler-asesor-imagen-genio_0_426257675.html
Título original: Cómo convirtieron a Hitler en una celebrity con ayuda del New York Times
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Descendentes de sobreviventes vítimas do genocídio nazista condenam ofensiva de Israel a Gaza

327 descendentes e sobreviventes judeus das vítimas do genocídio nazista assinaram uma carta escrita em resposta ao que eles consideram ser uma manipulação de Elie Wiesel do genocídio nazi para justificar os ataques israelenses contra Gaza.

Para mais informação desta carta e o sobre o comunicado que saiu na imprensa, ver aqui e aqui.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2014/08/descendants-of-survivors-of-victims-of.html
Texto: Roberto Muehlenkamp
Título original: Descendants of Survivors of Victims of the Nazi Genocide Condemn Israel’s Assault on Gaza
Tradução: Roberto Lucena

Acréscimo: quem quiser ler mais matérias em português sobre a carta ao New York Times, podem conferir as matérias que saíram na BBC edição brasileira e na DW Brasil.

A quem quiser ler mais sobre o conflito no Oriente Médio no blog e o posicionamento sobre o conflito, cliquem na tag Oriente Médio que aparecem todos os posts com esta tag (marcador).


quinta-feira, 14 de março de 2013

Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas

Segue abaixo um texto da DW, em português, mais completo sobre a matéria que saiu no NY Times (publicado aqui). Na falta da tradução da matéria do NY Times, esses dois textos (este e o do link anterior) dão pro gasto. Pra quem quiser ler um texto em inglês sobre o assunto, confiram o texto 42,500 Camps and Ghettos do Roberto Muehlenkamp no blog Holocaust Controversies.

Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas

Segundo pesquisas, existiam 42.500 campos durante o período nazista na Europa – número sete vezes maior do que se supunha até hoje. A afirmação de que os alemães "de nada sabiam" torna-se, assim, mais absurda que nunca.

"Acho surpreendente que, 70 anos depois do fim da Guerra, continuem sendo encontrados novos tipos de campos, assim como novos testemunhos pessoais sobre o Holocausto", diz o historiador norte-americano Martin Dean, do Museu Memorial do Holocausto, em Washington. Há 13 anos, ele coleta dados sobre o tema, pesquisados por historiadores de toda a Europa, Israel e EUA, em trabalhos individuais e divulgados em suas respectivas localidades e regiões, mas que não haviam sido reunidos numa abordagem geral até agora.

O interesse de Dean é reunir todo esse material. E é exatamente isso que faz os resultados de suas pesquisas serem tão peculiares: a equipe de estudiosos do Museu em Washington constatou que a densidade de campos nazistas era muito maior do que se supunha até agora. Segundo as novas estimativas, havia na Europa em torno de 42.500 campos. Até então, as pesquisas apontavam um total de 7 mil campos.

30 mil campos de trabalho forçado
Sobreviventes de Auschwitz, com números tatuados no braço

As pesquisas de Dean causaram furor. Depois de um relato do New York Times a respeito, veio uma verdadeira avalanche de reportagens em outros jornais. E de súbito foi ficando claro que, em toda a Europa, muita gente esteve confinada pelo regime nazista, com frequência em condições sub-humanas. Tortura e fome eram quotidiano para os 20 milhões de prisioneiros de muitos campos.

Esses campos na Europa desempenhavam funções distintas: 30 mil deles eram destinados a trabalhos forçados. Existiam ainda 1.150 guetos de judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra e 500 bordéis de prostituição forçada.

Além desses, havia diversos campos voltados para a "germanização" dos prisioneiros, ou seja, sua "educação ariana". Neles, as mulheres eram forçadas a abortar, doentes psíquicos eram mortos como forma de "eutanásia", e prisioneiros reunidos para serem transportados para os campos de extermínio.

Campo multifuncional

Dean e sua equipe dedicam-se sobretudo no momento à pesquisa dos campos de prisioneiros de guerra e trabalho forçado. Trata-se de um trabalho árduo, pois o material permanece, mesmo 70 anos depois do fim da Guerra, de difícil compilação. Em vários casos, os campos foram usados durante alguns meses com determinados objetivos e depois mudavam de função.

Segundo os pesquisadores, esse era o caso, por exemplo, do "campo de educação para o trabalho", liderado pela Gestapo. Em primeira linha, esses locais tinham por meta "disciplinar" as forças de trabalho. No entanto, eram muitas vezes usados para outros fins, como, por exemplo, como campos de punição para civis poloneses. Ou como estação transitória para judeus italianos, a caminho dos campos de concentração.
Campo de concentração Auschwitz-Monowitz

"Quando, como pesquisador, se descreve apenas uma função do campo, isso não é bem exato", explica Dean em entrevista à DW. Todo campo tem sua própria história. Generalizações são praticamente impossíveis. Com a existência de 42.500 campos, essa é uma área de pesquisa de amplíssimas proporções para os historiadores.

Mas nem só acadêmicos e pesquisadores devem se colocar frente a essas perguntas. Muitos alemães poderão, diante dessas informações, questionar as gerações anteriores a respeito: como pode ter sido possível os antepassados não terem sabido nada a respeito de quase 43 mil campos espalhados pela Europa? Era possível simplesmente ignorar 30 mil campos de trabalho forçado? Uma premissa que o historiador Dean aponta como muito improvável.

Parte do dia a dia durante a guerra

Os cientistas alemães não estão surpresos com os resultados das pesquisas de Dean. O historiador Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, situado em Frankfurt, apoiou a equipe norte-americana nesse projeto de pesquisa. Há pouco, ele recebeu o Prêmio Internacional do Livro do Memorial Yad-Vashem, por seu trabalho sobre o Holocausto.

"As pesquisas dos EUA confirmam que a existência dos campos fazia parte do dia a dia da guerra", diz Dieckmann. "E se perguntarmos a nossos avós, todas eles com certeza conheciam trabalhadores forçados", afirma o historiador. Entre 1943 e 1944, os trabalhadores forçados perfaziam entre 20% e 30% de toda a força de trabalho do Reich alemão, e a maioria deles vivia confinada.

Dieckmann não se surpreende que esse capítulo da história alemã seja raramente tratado em público. Como apontam os pesquisadores norte-americanos, havia também mais de 500 bordéis da Wehrmacht, as Forças Armadas nazistas, nos quais jovens eram forçadas à prostituição. "A Wehrmacht era formada pelos nossos avôs", diz o historiador. "E por acaso os nossos avôs contaram algo a respeito dos bordéis? Não!"

Entender a trajetória do Holocausto
Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, Frankfurt

Dieckmann é especialsita em pesquisas sobre a Lituânia durante o período nazista. Ele constatou que no país havia mais de 100 guetos de judeus, muito mais do que o estimado até agora. Os alemães amontoaram mais de 100 mil pessoas ali, sem qualquer plano do que fazer com elas, ou seja, sem saber como alimentá-las ou vigiá-las.

As administrações alemã e lituana estavam sobrecarregadas, afirma Dieckmann. E os efeitos disso eram fatais: os ocupadores definiram que os judeus seriam considerados "inimigos do Reich alemão" e ignoravam seu direito à vida. Até outubro de 1941, aqueles que viviam no interior da Lituânia eram mortos nas cidades onde se encontravam. Em seguida, começou a deportação planejada dos judeus de toda a Europa para os campos de extermínio.

Autora: Clara Walther (sv)
Revisão: Augusto Valente

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/estudos-provam-exist%C3%AAncia-de-sete-vezes-mais-campos-nazistas/a-16655865

domingo, 3 de março de 2013

O Holocausto ainda mais chocante: catalogaram 42.500 campos nazis na Europa (Matéria do New York Times)

Matéria original saiu no NY Times com duas páginas The Holocaust Just Got More Shocking (http://www.nytimes.com/2013/03/03/sunday-review/the-holocaust-just-got-more-shocking.html). Segue abaixo uma tradução de uma matéria menor em outro jornal destacando o mesmo assunto.

O Holocausto ainda mais "chocante": catalogaram 42.500 campos nazis na Europa
Publicado: 2 mar 2013 | 22:33 GMT Última atualização: 2 mar 2013 | 22:33 GMT. ushmm.org

Um estudo dos pesquisadores do Museu Memorial do Holocausto dos EUA revela que a escala de extensão do Holocausto vai muito mais além dos marcos que os historiadores haviam traçado.

No total os autores do projeto documentaram e assinalaram no mapa 42.500 locais de tortura nazi onde, segundo estimativas, de 15 a 20 milhões de pessoas morreram ou foram presas.

Durante os últimos treze anos os pesquisadores, segundo escreve o jornal 'The New York Times', dedicaram-se à tarefa de contar e catalogar todos os guetos, campos de concentração, campos de trabalhos forçados e campos de prisioneiros de guerra que os nazis estabeleceram na Europa desde 1933 até 1945. Também na lista foram incluídos prostíbulos para militares alemães e centros de "cuidado" onde se realizavam abortos forçados e matavam as crianças recém-nascidas.
ushmm.org

"O número é muito mais alto do que se pensava originalmente", disse o diretor do Instituto de História Alemã em Washington, Hartmut Berghoff, em uma entrevista ao jornal. “Antes sabíamos o quão horrível que eram os campos e guetos", disse Berghoff, “mas esta cifra é incrível”.
ushmm.org

Geoffrey Megargee e Martin Dean, principais redatores do projeto, fizeram inventário de milhares de locais em uma enciclopédia de vários volumes cujas páginas se apresenta a história detalhada "das condições de trabalho e vida, a atitude dos conselhos judeus, a resposta judaica à perseguição, as mudanças demográficas e os detalhes da liquidação dos guetos".

O estudo do Museu Memorial do Holocausto além de ter grande valor histórico pode ajudar as pessoas que sobreviveram e agora lutam pela recompensa. "Quantas demandas foram rechaçadas tão somente porque as vítimas se encontravam em um acampamento que nem sequer conhecemos?", disse ao jornal estadunidense Sam Dubbin, advogado que representa os interesses dos sobreviventes.

Fonte: RT.com (Rússia)
http://actualidad.rt.com/actualidad/view/87987-holocausto-escala-increible-campos-nazi-europa
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 21 de junho de 2011

Misterioso álbum com fotografias inéditas de Hitler é encontrado em Nova York

Um misterioso álbum que contém dezenas de fotografias inéditas da Segunda Guerra Mundial, nas quais aparecem desde Adolf Hitler a prisioneiros de um campo de concentração na Bielorrúsia, foi descoberto em Nova York.
O jornal "The New York Times" teve acesso ao livro fotográfico, do qual se desconhece tanto o autor das imagens como seu proprietário - sabe-se apenas que este último é um "homem da indústria da moda que trabalha em Manhattan" e que preferiu ficar no anonimato, segundo matéria publicada nesta terça-feira pelo jornal nova-iorquino.

As fotos em preto e branco não apresentam nenhuma referência de quando ou onde foram tiradas, o que levou o jornal a pedir a seus leitores que ajudem a resolver o mistério de quem estava por trás da câmera.

A particularidade deste álbum não é apenas o fato de ter permanecido em segredo durante vários anos, mas por reunir tanto soldados nazistas como as vítimas do extermínio em massa, todas elas registradas de perto, o que demonstra que o fotógrafo tinha acesso tanto às tropas de Hitler como aos campos de concentração.

Em uma das páginas do álbum pode ser visto um prisioneiro do que parece ser um campo em Minsk (Bielorrúsia) por volta de 1941, muito magro e coberto por uma manta enegrecida, ao lado de outra imagem na qual aparece um grupo de prisioneiros com a Estrela de Davi pintada sobre a roupa.

Adolf Hitler aparece em quatro páginas do livro, rodeado de militares, esperando em uma estação de trem a chegada do então regente da Hungria, Miklós Horthy, segundo as averiguações do "The New York Times".

O autor das imagens também documentou o trajeto pelo Leste Europeu de um ônibus do Partido Nazista, um grupo de enfermeiras saudando Hitler em uma estação de trem, uma família com seis filhos imersa na pobreza e as ruínas de uma cidade destruída após bombardeios.

"Este álbum se diferença da maioria dos demais pela qualidade de suas fotografias", disse ao jornal a diretora da coleção de fotografia do Museu do Holocausto dos Estados Unidos, Judith Cohen.

A especialista garantiu também que o autor das imagens "era claramente um profissional e sabia o que fazia", por isso "provavelmente" integrava o comitê de propaganda do Partido Nazista.

"Eu sabia que tinha um pedaço de História", reconheceu o proprietário do álbum, que agora quer vendê-lo para sair de uma situação econômica desfavorável.

"Estava muito preocupado que caísse nas mãos erradas. Mas agora minha necessidade é grande demais", disse o misterioso proprietário ao jornal.

Fonte: EFE
http://noticias.terra.com.br/noticias/0,,OI5198524-EI188,00-Misterioso+album+com+fotografias+ineditas+de+Hitler+e+encontrado+em+Nova+York.html

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

EUA ofereceram refúgio a nazistas após 2ª Guerra Mundial, segundo relatório

Washington, 13 nov (EFE).- Um relatório até agora secreto sobre a operação de caça de nazistas por parte do Governo dos Estados Unidos conclui que funcionários de inteligência ofereceram refúgio no país a nazistas e seus colaboradores após a Segunda Guerra Mundial.

"Os EUA, que se vangloriavam de ser um refúgio seguro para os perseguidos, se transformou em pequena escala em um refúgio seguro também para os perseguidores", afirma o relatório de 600 páginas vazado para a imprensa.

O jornal "The New York Times" foi o primeiro a obter uma cópia do relatório que o Departamento de Justiça tinha tentado manter em segredo durante os últimos anos.

O relatório aparece publicado também no site do National Security Archive, um grupo de investigação independente situado na Universidade George Washington da capital americana.

A análise avalia tanto os sucessos como os fracassos dos advogados, historiadores e investigadores do Escritório de Pesquisas Especiais do Departamento de Justiça (OSI, na sigla em inglês), criado no ano de 1979 para deportar nazistas.

O relatório documenta como funcionários americanos que receberam a incumbência de recrutar cientistas após a Segunda Guerra Mundial fizeram caso omisso da ordem do presidente Harry Truman que não se recrutasse nazistas ou pessoas filiadas a eles.

Os pesquisadores do OSI assinalam no relatório que a alguns nazistas "foi garantida certamente a entrada nos EUA" apesar de os funcionários do Governo conhecerem seu passado.

Arthur Rudolph, um das centenas de cientistas estrangeiros recrutados para trabalhar nos EUA após a guerra disse aos pesquisadores em 1947 ser o diretor de uma unidade que fabricava foguetes na qual se utilizava trabalhos forçados.

O relatório assegura que os funcionários de imigração sabiam que Rudolph tinha sido membro do partido Nazista, mas mesmo assim o deixaram entrar nos EUA por causa de seu conhecimento sobre foguetes.

Outro dos casos que se menciona é o de Otto Von Bolschwing, que trabalhou com Adolf Eichmann, um dos arquitetos do Holocausto, e que trabalhou como agente da CIA nos EUA após a Segunda Guerra Mundial.

O documento detalha como a agência de espionagem debateu em uma série de relatórios internos o que fazer se o passado de Bolschwing fosse descoberto.

A CIA contratou Bolschwing durante a Guerra Fria por suas conexões com alemães e romenos.

O Departamento de Justiça tentou deportar Bolschwing em 1981, após averiguar seu passado, mas o ex-nazista morreu esse mesmo ano.

Desde a criação da OSI, os EUA deportaram mais de 300 nazistas.

"The New York Times" lembra que o relatório sobre a caça de nazistas é obra de Mark Richard, um advogado do Departamento de Justiça.

Em 1999, Richard convenceu a procuradora-geral dos EUA Janet Reno para que começasse uma apuração detalhada do que ele considerava uma peça crucial da história e encarregou o trabalho à promotora Judith Feigin.

Após editar a versão final no ano 2006, pediu a altos funcionários do Departamento de Justiça que publicassem o relatório, mas sua solicitação foi negada.

O "Times" assegura que quando descobriu que tinha câncer, Richard disse a um grupo de amigos que um de seus desejos antes de morrer era ver o relatório publicado.

O advogado morreu em 2009 sem ver seu sonho realizado.

Fonte: EFE/Yahoo!
http://br.noticias.yahoo.com/s/14112010/40/mundo-eua-ofereceram-refugio-nazistas-apos.html

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Wladyslaw Bartoszewski - Figura histórica da Polônia

Figura histórica da Polônia agora também é a sua voz diplomática
Ele não parece um sobrevivente de Auschwitz ou ou combatente no levante de Varsóvia.

Wladyslaw Bartoszewski, ex-chanceler e hoje consultor do premiê, é isso e ainda mais.
NICOLAS KULISH
Do New York Times, em Gdansk

Uma presença inteligente e espirituosa, o cavalheiro alto e mais velho usando bengala não parece logo de cara um sobrevivente de Auschwitz, ou combatente no levante de Varsóvia, ou dissidente prisioneiro sob o comunismo.

Na verdade, Wladyslaw Bartoszewski é tudo isso e ainda mais. Ele ainda é o tipo de homem que, mesmo num dia atarefado, pára para conversar com as empregadas do hotel e certifica-se de fazê-las rir antes de retomar seu rumo.

*Wladyslaw Bartoszewski em Berlim em 19 de junho de 2008 (Foto: The New York Times)

O mundo não tem muitas probabilidades de produzir mais Wladyslaw Bartoszewski, e isso é provavelmente uma coisa boa, dados os eventos que ele atravessou e testemunhou desde muito novo. Mas enquanto sua vida parece ter sido forjada sob intenso sofrimento, isso nunca chegou a definir sua visão de mundo.

“Os otimistas e pessimistas têm vidas igualmente longas, mas os otimistas são consideravelmente mais felizes”, diz ele quando questionado sobre seu famoso bom humor.

Bartoszewski, 86, sustenta uma história pesadíssima com um toque de leveza. É um presente que permitiu a ele, numa idade em que sua geração já se aposentou ou morreu há tempos, ser um diplomata de sucesso pela Polônia, assim como uma fonte de autoridade moral.

“Não sei por quanto tempo mais viverei”, diz ele, bastante sincero numa entrevista. “Ninguém sabe. Posso dizer que meu plano é ajudar o governo pelo tanto que eu possa dizer que é necessário. Minha idéia é morrer em serviço, e não pela esclerose.”

Ele foi por duas vezes o ministro do Exterior de seu país e está trabalhando de novo como consultor do premiê, Donald Tusk.

Sua responsabilidade especial é por duas das mais complicadas relações de seu país, com a Alemanha e com Israel. Ele foi elogiado pelos dois países repetidamente por seu trabalho para melhorar os laços.

Mesmo assim ele permanece elegante e acessível em um grau impressionante. Ele usa sua história pessoal não como um bastão, mas como uma oportunidade para demonstrar seu carisma e compreensão.

“Estou mais ao lado das pessoas no meio do que dos extremistas,” diz ele. “A humanidade sofreu enormemente devido a ideologias extremistas, na Europa e por todo o mundo.”

E ele fez essa observação do alto de sua – infeliz - experiência. Nascido em Varsóvia em 1922, ele tinha apenas 17 anos quando participou na fracassada defesa de sua cidade natal quando os nazistas conquistaram a Polônia em 1939. Um ano depois, Bartoszewski estava entre muitos jovens católicos cercados e enviados a Auschwitz, e entre os poucos sortudos o suficiente para sobreviverem.

Libertado em 1941, foi trabalhar com a resistência. Ajudou a fundar a clandestina Zegota, ou Conselho de Apoio a Judeus, que oferecia dinheiro, esconderijos e identidades falsas para judeus poloneses tentando fugir do Holocausto. Tal assistência era punível com a morte sob a ocupação nazista. Em 1965, Bartoszewski foi nomeado um dos Justos Entre as Nações pelo Yad Vashem, o museu e memorial oficial de Israel sobre o Holocausto.

Depois da Guerra, a Polônia caiu na esfera soviética. Bartoszewski foi recompensado por seu trabalho para libertar seu país e impedir que outros cidadãos judeus fossem jogados novamente em prisões.

“Com 32 anos, eu havia passado oito em prisões e campos,” diz Bartoszewski.

Depois de sua libertação em 1954 – e no próximo ano reabilitado pelo regime – ele se tornou um jornalista de um jornal católico em Cracóvia, e posteriormente um professor na Universidade Católica e Lublin.

Ele novamente se viu envolvido em um movimento subversivo, desta vez uma rede de ensino chamada Universidade Voadora operando fora do sistema educacional sancionado oficialmente.

Quando o último líder comunista da Polônia, o Ggneral Wojciech Jaruzelski, declarou lei marcial em dezembro de 1981 como parte de um esforço para suprimir o movimento Solidariedade, Bartoszewski foi mais uma vez para a prisão, até sua soltura em abril seguinte.

Na época das eleições em 1989, que foram apenas parcialmente livres mas mesmo assim vistas como uma vitória do Solidariedade, Bartoszewski tinha 67, já passado da idade de se aposentar. Mas ele estava apenas começando, embarcando em sua nova carreira como diplomata — primeiro como embaixador na Áustria e depois como o ministro do exterior sob dois diferentes governos poloneses, em 1995 e novamente de 2000 a 2001.

Ele havia conseguido uma aposentadoria bem movimentada, escrevendo livros e participando de comissões, como o Conselho Internacional de Auschwitz, do qual é presidente. Mas o governo nacionalista do premiê Jaroslaw Kaczynski, e de seu irmão gêmeo, o atual presidente, Lech Kaczynski, o trouxe de volta à briga.

Ele se tornou um violento crítico e expressou-se contra eles antes das eleições em outubro passado. Mais tarde, o novo primeiro ministro ofereceu tornar Bartoszewski ministro do exterior novamente. Ele recusou em favor de seu ex-representante, Radek Sikorski, mas concordou em assumir um papel especial de consultoria.

“Decidi voltar apesar de minha idade por estar convencido de que algo poderia ser feito”, diz ele.

Fale com especialistas e observadores nas relações Polônia-Alemanha, e seu nome é invariavelmente o primeiro a aparecer nas discussões sobre o degelo no relacionamento surgido desde que o novo governo assumiu o posto no ano passado.

“É uma política pessoal completamente nova”, diz Gesine Schwan, seu colega e coordenador de relações alemãs-polonesas pelo governo alemão, e agora candidato à presidência pelos social-democratas.

Bartoszewski não mostra sinais de desacelerar, dizendo que planeja publicar cinco livros nos próximos anos, um dos quais contendo 100 biografias curtas de pessoas famosas que ele conheceu. Ele diz que seus muitos projetos o motivam a continuar trabalhando enquanto pode.

“O que mais alguém poderia pedir?” diz ele, antes de pegar sua bengala e se dirigir a uma reunião com o embaixador polonês na Alemanha e, depois nesta mesma tarde, com o chanceler da Alemanha, a própria Angela Merkel.

Fonte: New York Times/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL634368-5602,00-FIGURA+HISTORICA+DA+POLONIA+AGORA+TAMBEM+E+A+SUA+VOZ+DIPLOMATICA.html

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