segunda-feira, 20 de agosto de 2007

O AZUL DA PRÚSSIA: Porque se "equivocam" os negadores do Holocausto (ou "revisionistas")

por Brian Harmon e Mike Stein. (c) Agosto de 1994
Traduzido por Leo Gott
Desde que se tem encontrado pouca quantidade de HCN nas câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau, muitos negadores do Holocausto afirmam que nada foi gaseado ali.(1,2) Eles afirmam que se aconteceram gaseamentos com HCN nestas estruturas, deveriam haver grandes quantidades de HCN combinado com ferro em um composto chamado Azul da Prússia. Como “prova” , assinalam que existem grandes quantidades de Azul da Prússia nas pequenas câmaras de despiolhamento de Auschwitz, existem muitas manchas nas paredes exteriores destas estruturas. Em contrapartida, nas câmaras de gás existem manchas e traços relativamente baixos de HCN. Os negadores afirmam ainda que as manchas no exterior das câmaras de despiolhamento demonstram que o Azul da Prússia não foi afetado pela ação dos elementos, assim não se pode afirmar que havia muito menos manchas nas câmaras de gás pela ação do clima. Portanto dizem os negadores, a única explicação lógica para os pequenos traços de HCN nas câmaras de cãs é que elas nunca foram usadas para executar assassinatos em massa – os traços são uma simples contaminação procedente dos despiolhamentos que se realizaram hà várias metros de distância.
No Relatório Leuchter, um documento elaborado pelo "auto-proclamado Engenheiro Fred Leuchter"(3), descreve-se a tomada de amostras “científicas” que o mesmo realizou em Auschwitz e que “prova” que não era possível que os nazistas usaram HCN nos Kremas e nos Bunkers I e II, os lugares onde se gasearam as vítimas. Leuchter tergiversou sua formação e mentiu sobre sua experiência em dispositivos para execuções, muitos negadores dizem que o relatório é cientificamente válido. Isto parece plausível à primeira vista, mas quando se estuda química, a toxicologia e os mecanismos físicos envolvidos, se vê claramente que este raciocínio não é válido.
Como um ponto menor, têm-se que destacar que nem sequer é certo que o Azul da Prússia seja eternamente estável. Se foi afetado pelo clima, a um ritmo que depende muito do arredores. Sem dúvida, isto não é o mais importante. Os eixos cruciais são estes: Em primeiro lugar, as reações químicas que existem no Azul da Prússia são muito lentas, e têm-se que passar muitas horas para que se completem. Em segundo lugar, as pessoas morrem muito rápido com o HCN, e em quantidades muito pequenas. Os piolhos e outros insetos, por outro lado, têm de estarem expostos durante muito tempo e com grandes concentrações de HCN. Estes dois fatores explicam porque temos pouco Azul da Prússia nas câmaras de gás, e porque temos muito nas câmaras de despiolhamento. Este documento comparará os usos do HCN em Auschwitz: despiolhamento e assassinatos em massa. Também falará da formação do Azul da Prússia e sua solubilidade na água, além da análise do Relatório Leuchter e os métodos empregados por seu autor. Depois de tudo isto explicaremos porque é que haviam poucos traços de HCN nas câmaras de gás, e também porque os negadores dizem tudo ao contrário.
I. As Câmaras de Gás de Auschwitz
Haviam sete câmaras de gás em Auschwitz os Krema de I a V e os Bunkers I e II. Os Kremas II, III, IV e V foram todo o tempo câmras de gás industriais, situadas no complexo de Birkenau, dentro de Auschwitz. Foram destruídas pelos nazistas ao final da guerra, e só restaram suas ruínas.(4) Assim as ruínas e todos os compostos de HCN, estão expostos aos elementos durante os últimos anos (desde 1945). Os Bunkers I e II foram usados enquanto se contruíam os Kremas II a V, e tampouco restam suas ruínas. O Krema I era uma pequena câmara de gás e foi utilizada durante muito pouco tempo, antes de ser convertida em abrigo anti-aéreo em agosto de 1944.(5) Das sete câmras de gás empregadas para o extermínio em Auschwitz-Birkenau, somente a do Krema I está completa hoje. Temos que levar em conta que das sete câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau somente uma não foi destruída. As ruínas destas estão expostas à ação de chuvas e vento, que podem fazer desaparecer os trações de HCN por arrasto e erosão. Sem dúvida, também outra parte do Azul da Prússia haverá desaparecido ao dissolver-se, já que não é totalmente insolúvel na água. As câmaras de despiolhamento não foram destruídas, assim seria lógico encontrar mais traços de compostos de HCN.
II. O Relatório Leuchter: Encontrados traços de HCN nas câmaras de gás.
Tanto o Relatório do Instituto de Investigação Forense de Cracóvia como o Relatório Leuchter encontraram traços de HCN nas instalações de extermínio de Auschwitz.(6, 7) No Relatório Leuchter encontraram entre 1,9 e 6,7mg/Kg de HCN no Krema III, entre 1,1 e 7,9mg/Kg no Krema I, entre 1,4 e 2,3mg/Kg no Krema IV e entre 1,7 e 4,4mg/Kg no Krema V. Estes números baixos poderiam ser valores falsos produzidos erroneamente durante a medição e não valores reais. Para provar se era ou não, Leuchter pegou uma amostra de uma viga recolhida de um edifício do campo não relacionado com as câmaras de gás. Se os traços nas ruínas das câmaras de gás eram falsas, ou se todo o campo estava contaminado com HCN, esta também haveria dado valores similares. Mas a amostra registrou um valor certo. Baseando-se na amostra de controle de Leuchter, suas cifras são reais. Inclusive em lugares reduzidos a ruínas existem traços de HCN, mesmo que não esteja em uma viga situada no edifício aparte. Por desgraça para o pobre estudo de Leuchter, seus dados estão limitados por esta pobreza e falta de qualidade. Pegou somente duas amostras de controle: um controle negativo que não devia mostrar presença de HCN (a viga), e um controle positivo que devia gerar um valor muito alto (uma amostra que pegou em uma câmara de despiolhamento manchada de Azul da Prússia). Se tivesse pegado mais amostras de controle de lugares distintos do campo não relacionados com os gaseamentos, haveria tido uma idéia de quais eram os níveis normais de HCN e haveria podido compará-los com suas averiguações. Como não é isso, possivelmente não podemos interpretar seus resultados de maneira inteligente. Outro feito preocupamente é a falta de detalhe que Leuchter deu sobre sua técnica de coletar as amostras. Sem esta informação, não se poder rever seus métodos e ver se teve alguma inclinação na eleição das zonas dos edifícios de onde pegaram as amostras. Hà de perguntar se Leuchter seria tão pouco cuidadoso se fosse um verdadeiro Engenheiro. As conclusões de Leuchter são inclusive as mais suspeitas. Em primeiro lugar, afirma que a quantidade de HCN encontrada nas ruínas das câmaras de gás estão acerca do limite de detecção do equipamento de medida (1ppm) que também tem um valor efetivo zero. Não das razões desta conclusão. Também ignora o valor que tem que pegar como zerado da amostra de viga. Sim, seus resultados nas câmaras de gás são demasiados baixos como para medir-los, têm-se que perguntar se o controle negativo não deu um resultado similar. Seu maior erro, sem sombra de dúvida é assumir que deveriam usar mais Zyklon-B para matar pessoas que para o despiolhamento(8):

“Era de se esperar que se detectasse mais HCN nas amostras das supostas(sic)câmaras de gás (devido a que suspostamente foi o local onde se usou mais gás) do que na amostra[positiva] de controle. Como ocorreu o contrário, tenho que concluir que estas instalações nunca foram câmaras de gás destinadas a execuções, uma vez que se reúnem todas as provas recolhidas na inspeção.”>


Sua conclusão se embasa em assumir que usaram quantidades de Zyklon-B muito maiores nas câmaras de gás – algo que não foi verificado. Ignorou a informação disponível sobre a formação do Azul da Prússia, sua solubilidade e inclusive o método de real operação das câmaras de gás de Auschwitz. Suas erradas suposições e seu raciocínio confuso fazem que seu relatório e seus dados sejam inúteis. Apesar de todos os erros de Leuchter, o persistente problema de porque foram encontrados pequenos traços de HCN nas ruínas dos Kremas de Birkenau e que foram encontrados quantidades muito maiores nas câmaras de despiolhamento. Apesar de que possa parecer uma lógica sem sentido, estes pequenos traços é o que se podia esperar das câmaras, e concordam com o registro histórico. Queremos colocar ênfase em que se encontraram traços de HCN nas ruínas das instalações de extermínio de Birkenau que provam que foi utilizado HCN ali. Assim qualquer especulação sobre se se podia usar ou não Zyklon-B para o extermínio em massa é puramente acadêmica. Os traços estão ali, assim com toda segurança se usou HCN nestas salas.



III. O Azul da Prússia: O que é?
O Azul da Prússia é um sal moderadamente solúvel, formado por três moléculas de íon hexacianureto de ferro(II) e quatro moléculas de ferro(III)(9). Se pode produzir em um meio, ácido com uma dissolução de FeSO4 e o íon cianeto.

Fe+2 + 6CN-1 ----> [Fe(CN)6]-4 4Fe+3 + 3[Fe(CN)6]-4 ----> Fe4[Fe(CN)6]3 Azul da Prússia

O íon sulfato não interfere na reação. O íon cianeto pode ser conseguido através de um sal totalmente solúvel como o Cianeto de Potássio (KCN) ou o equilíbrio em sua forma ácida (HCN). Os cátions que acompanham o íon cianeto (K+ o H+) tampouco interferem na reação. O Azul da Prússia não é muito solúvel, tem uma constante solubilidade Ka que tem um valor de 10-84.5 (10). Sua solubilidade depende em grande parte do pH, e é menos solúvel em um meio moderadamente ácido (pH entre 2 e 6). Sua solubilidade vai aumentando acima do pH 4.(11)
IV. Química Cinética da formação do Hexacianureto de Ferro(II)
O hexacianureto de ferro(II) é um precursor da formação do Azul da Prússia, e este não de formará sem aquele. Se forma passo a passo, os íon de cianeto se combinam con o ferro um por um:

Fe+2 + CN-1 ---> FeCN+1 FeCN+1 + CN-1 ----> Fe(CN)2 Fe(CN)2 + CN-1 ---> [Fe(CN)3]-1 [Fe(CN)3]-1 + CN-1 -----> [Fe(CN)4]-2 [Fe(CN)4]-2 + CN-1 -----> [Fe(CN)5]-3 [Fe(CN)5]-3 + CN-1 -----> [Fe(CN)6]-4
O produto final desta eação não é o Azul da Prússia, é simplesmente o íon de cianeto de ferro solúvel em água que se combina com mais ferro para formá-lo. Este produto é absolutamente necessário para produzir o Azul da Prússia.
Este último passo é muito lento e determina o tempo de reação total.(12) É tão lento que a reação que produz o hexacianeto de ferro(II) pode levar umas 30 horas para se completar quando se misturam juntos o FeSO4, e água (7 partes de sulfato por cada parte de agua) e o KCN.(13) Desde que a formação do Azul da Prússia depende da do hexacianeto de ferro(II), esta formação será igualmente lenta. Isto qur dizer que uma breve exposição ao cianeto não produzira quase nada de Azul da Prússia.
Relacionando isto com as câmaras de gás de Auschwitz, pode-se explicar com facilidade a escassa presença de Azul da Prússia nas instalações de extermínio. De acordo com os testemunhos de Hans Stark(14), os do comandante de Auschwitz Rudolph Höss(15) e os de Marie-Claude Vaillant-Couturier, que foi prisioneira no campo(16), levava-se uma meia hora completar o processo de gaseamento e começar a ventilação da câmara. Baseando-se neste testemunho, parece razoável que somente se fixava uma quantidade muito pequena de Azul da Prússia nos muros da câmaras de gás, dado o lento processo de formação e o pouco tempo que levava o gaseamento em Auschwitz. Trinta minutos não são suficiente para produzir muito [Fe(CN)6]-4, dado que a reação leva horas.
As câmaras de despiolhamento são outro tema. É necessário empregar muito tempo e altas concentrações de cianeto para matar insetos como os piolhos. Podem ocorrer concentrações de até 4.600ppm, sendo que para os seres humanos bastam 300pmm(17). Mesmo assim, o manual de uso do fabricante do Zyklon-B, Degesch, fala de tempos de fumigação de 16 horas ou mais, e de um mínimo de seis horas se a temperatura ambiente é muito alta.(18) Devido às concentrações muito maiores de cianeto e os tempos muito maiores de exposição (até 32 vezes mais), havia tempo para se formarem quantidades significativas de [Fe(CN)6]-4 , produzindo-se assim grandes depósitos de azul da Prússia nas câmaras de despiolhamento. O processo de despiolhamento não é só muito maior, sendo que ademais se realizava com muito mais freqüência. O livro de Jean-Claude Pressac, Technique and Operation of the Auschwitz Gás Chambers, comparou os gaseamentos com o processo de despiolhamento(19). Uma concentração de 0.3 g/m3 de cianeto de hidrogênio (dose letal) seria fulminantemente fatal para um ser humana, sendo que para eliminar piolhos tem que se aplicar uma concentração de 5 g/m3 durante pelo menos duas horas. Se se mantem esta concentração durante seis horas, se mata todos os insetos.[Fonte: Degesch]. Em Birkenau, a quantidade que usava nas câmaras de gás era quarenta vezes a dose letal (12 g/m3) e matava 1.000 pessoas em 5 minutos sem deixar nenhum sobrevivente. O tempo de exposição do cianeto nunca superava os 10 minutos ao dia com uma temperatura de 30º C. Nas câmaras de despiolhamento se usava uma concentração mínima de 5 g/m3 durante várias vezes ao dia, variando a duração do ciclo segundo o tempo de contato escolhido. Esta saturação do cianeto de hidrogênio durante 12 e 18 horas ao dia era reforçada pelo caor das estufas da câmara de gás, que proporcionavam uma temperatura de 30º C. Os muros estavam impregnados de cianeto de hidrogênio, durante pelo menos 12 horas ao dia, o que provocou a formação do Azul da Prússia, o hexacianoferrato(II) de potássio de ferro(III), cuja composição variava segundo as condições de formação. Ainda que as câmaras de gás usavam uma concentração maior de Zyklon-B, o tempo maior de exposição e o calor levaram à formação do Azul da Prússia. Pressac segue dizendo que a cor azul não ficou visível imediatamente depois da guerra, mas agora é possível distinguir facilmente entre as câmaras de despiolhamento e as câmaras de gás. Apesar de aproveitar o desconhecimento das pessoas sobre as diferenças de tempo e concentrações de cianeto nas câmaras de despiolhamento e nas de extermínio, outro ponto que se apóiam os negadores para criar confusão é a natureza do “gaseamento em massa”. Levam a pensar em uma linha de montagem, gente introduzida nas câmaras de hora em hora. Sem dúvida isto não é a realidade. De cerca de 1 milhão de pessoas que morreram em Auschwitz-Birkenau, nem todas foram gaseadas. As doenças, o trabalho até à exaustão, as enfermidades produzidas pelas condições insalubres do campo poderiam ter matado mais pessoa do que o gás, ainda que a deliberada imposição destas condições converte estas mortes em assassinatos não menores que as mortes por tiro na nuca ou por cianeto que também tiveram lugar.
Alter Fajnzylberg era um menbro do Sonderkommando de Auschwitz-Birkenau e conseguiu sobreviver no campo, desde os primeiros gaseamento do Krema I até a liberação do campo. Declarou que os gaseamentos se realizavam “várias vezes na semana”, ainda em certo momento momento de 1944, durante a chegada de um grande número de judeus procedentes da Hungria, Fajnzylberg assinalou que “os gaseamentos realizavam-se diariamente, incluindo várias vezes ao dia”(20). Inclusive com este ritmo, sem dúvida, o tempo total de exposição e por tanto a quantidade de Azul da Prússia que seria de se esperar é muito menor que os negadores querem nos fazer crer. Somos conscientes que a química pode ser difícil para o leitor normal.
Os que negam o Holocausto contam com isto ao fazer suas afirmações para confundir os leitores. Sem dúvida, talvez uma analogia física comum à experiência de muitas pessoas pode servir para clarear as coisas. Imaginem dois panos brancos de algodão. Colocamos em cima de uma prancha a temperatura média de 4 segundos, e deixamos durante 10 segundos. Repetimos este processo duzentas vezes. Sobre o outro pano colocamos uma prancha muito quente durante 2 minutos seguidos. O primeiro pano, que ficou em contato com a prancha 800 segundos, está apenas queimado. O segundo pano, exposto durante 120 segundos não está. O primeiro pano corresponde às câmaras de gás, exposições breves ao gás em baixas concentrações separadas pelo tempo, e portanto dissipando-se, sendo que o segundo corresponde às câmaras de despiolhamento, altas exposições com altas concentrações.
V. Solubilidade do Azul da Prússia
Como mencionado antes, o Azul da Prússia é um sal, mas bem insolúvel – não se dissolve em qualquer condição. Sem dúvida, sua solubilidade depende em grande parte do pH na dissolução. É menos solúvel em meios ácidos, e se precipita sem o pH abaixo de 6. Se passar do 6, é mais solúvel, e se dissolve quase por completo(21). Inclusive com um pH superior a 4, o Azul da Prússia se dissolve o suficiente para disseminar-se pelo solo e as águas ao redor como um cianeto de ferro solúvel. Isto quer dizer que o Azul da Prússia pode ser arrastado pela ação dos elementos, ao contrário do que dizem os negadores do Holocausto. Teria a chuva o pH correto para derreter o Azul da Prússia? Baseando-se em um estudo sobre a chuva ácida (22) no norte da Europa, o pH da chuva caiu de 5,8 a 5 em um período de vinte anos que vai de 1955 a 1975. Se poderia assim estimar um pH médio para os últimos cinqüenta anos de 5,4. Dado que o Azul da Prússia começa a se dissolver com um pH de 4, e que qualquer Azul da Prússia que estiver nos Kremas II, III, IV e V têm estado exposto a esta chuva ácida durante quase cinqüenta anos, é surpreendente que caiam os traços. Em seu relatório sobre os traços de cianuto no complexo de Auschwitz-Birkenau, o Instituto Polonês de Investigação Forense de Cracóvia afirma erroneamente que o Azul da Prússia se dissolverá em meios de acidez débil(23) Ainda que com segurança se dissolverá em um ácido forte (pH<0).>
VI. Resumo e Conclusões
O Azul da Prússia é um sal moderadamente solúvel cuja fórmula é Fe4[Fe(CN6)]3.

Se forma através de um processo lento, e é muito insolúvel em meios ácidos.
Se dissolve com pH acima de 6.

Outros compostos relacionados com a formação do Azul da Prússia são solúveis e podem ser levados pela água em pouco tempo.
Devido ao escasso tempo de exposição ao cianeto as câmaras de gás e a que o Azul da Prússia se forma muito lentamente, é muito difícil de se formar ali Azul da Prússia em quantidades significativas. Em compensação, nas câmaras de despiolhamento, com suas altas concentrações de cianeto e seu alto tempo de exposição, se formaram quantidades significativas de Azul da Prússia.

Como o Azul da Prússia é suficientemente solúvel como para contaminar as águas freáticas com cianeto se encontra um pH acima de 4, e como é totalmente solúvel com pH 6, é de se esperar que haja inclusive menos traços de cianeto nas ruínas dos Kremas II, III, IV, e V depois de mais cinqüenta anos de exposição os elementos.
É lógico que a chuva tenha dissolvido o Azul da Prússia, ainda que lentamente. Tendo todos estes fatores em conta, é muito difícil que se encontrem traços significativos de cianeto nas ruínas dos Kremas II a V.

Surpreendentemente foram encontrados traços de cianeto nas câmaras de gás, provando-se assim que usaram HCN ali. Dado que os nazis destruiram estas instalações e deixaram intactas outras estruturas menos relacionadas com o extermínio, está claro que seus fins não eram bem intencionados. A única discrepância aparente é que se encontra muito mais cianeto nas salas usadas para o despiolhamento. Sem dúvida, com uma compreensão básica de química e toxicologia do cianeto, se pode explicar a escassez de Azul da Prússia nas câmaras de gás e sua presença nas câmaras de despiolhamento.
Apêndice
Copyright(c) Brian Harmon y Mike Stein, 1994.

Agradecimentos:
Queremos agradecer a Ken McVay sua ajuda pessoal e a liberação de seus arquivos, que tem sido de grande ajuda para todos nós. Ken McVay é o administrador de um grande arquivo de material sobre o Holocausto e vários aspectos da negação do Holocausto. Se pode acessar estes arquivos por ftp anônimo em ftp.almanac.bc.ca, e pela World Wide Web em http://nizkor.almanac.bc.ca/
Citação do Instituto Polonês de Investigação Forense Esta é a seção do relatório do Instituto Polonês onde foi feito referência à solubilidade do Azul da Prússia em meios ácidos:
INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO FORENSE
Prof. Dr. Jan Sehn,
Cracóvia Divisão de Toxicologia Forense Cracóvia,
24 Set. 1990 Westerplatte 9
Code 31-033 Tel. 505-44, 592-24, 287-50 Telex 0325213 eksad ...
O cianeto de hidrogênio (HCN) que é liberado do Zyklon-B é um líquido com ponto de ebuição em uns 27 ºC. Tem caráter ácido, e por tanto forma compostos com sais metálicos conhecidos como cianetos. Os sais de metais alcalinos (como o sódio e o potássio) são solúveis em água.
O cianeto de hidrogênio é um ácido muito débil, e por tanto se dissolve facilmente em ácidos mais fortes. Inclusive o ácido carbônico, que se forma por una reação do dióxido de carbono com água, dissolverá um cianeto de ferro.
Os ácidos mais fortes, como os ácidos sulfúricos, dissolverão facilmente os cianetos. Os compostos de íons cianeto com metais pesados são mais duradouros. Isto inclusive o mencionado Azul da Prússia, ainda que também se dissolverá lentamente em um meio ácido. Assim, é difícil assumir que ainda se pode detectar traços de compostos de cianeto nos materiais de construção (gesso, ladrilho) depois de 45 anos, e haver sofrido a ação dos elementos (chuva, óxidos ácidos, especialmente os óxidos de nitrogênio e enxofre). Daria mais resultados em análises de [amostras de] gesso de muros de salas fechadas que não sofrem ação dos elementos (inclusive a chuva ácida).
O descobrimento de compostos de cianeto nas amostras de materiais expostos aos elementos só pode ser acidental. Ainda que o Azul da Prússia se dissolve em meios moderadamente solúveis, aumentar a acidez diminui a solubilidade, ao contrário do que quer dizer o relatório polonês.
Notas:
(1)Leuchter, Fred, The Leuchter Report: The End of a Myth. Samisdat Publishers, (c) 1998. p 17. (2)Citado o Relatório do Instituto para Investigação Forense no número de verão de 1991 do Journal For Historical Review (Institute for Historical Review: Torrance, CA)
(3)Leuchter, p 1.
(4)Brugioni, Dino and Poirier, Robert. The Holocaust Revisited: A Retrospective Analysis of the Auschwitz-Birkenau Extermination Complex. (Washington D.C.: Central Intelligence Agency). (c) Feb. 1979, pp 13-14
(5)ibid, p 5.
(6)Relatório do Instituto para Investigação Forense, JHR, verão '91
(7)Leuchter, p 17.
(8)Leuchter, p 11.
(9)Sharpe, A. G. The Chemistry of Cyano Complexes of the Transition Metals. (Academic Press: New York, London, San Francisco) (c) 1976, p 122.
(10)Meeussen, Johannes C. L., Meindert Keizer G., van Riemsdijk, Willem H., and de Haan, Frans A. M. Dissolution Behavior of Iron Cyanide (Prussian Blue) in Contaminated Soils, Environmental Science and Technology, vol 26, no 9, 1992. p 1834 (figura).
(11)Meeussen, p 1832.
(12)Sharpe, 104.
(13)ibid, p 104.
(14)"The Good Old Days": The Holocaust as Seen by Its Perpetrators and Bystanders. ed. por Ernst Klee, Willi Dressen, y Volker Reiss. Traducción al inglés de "Die Scho"ne Zeit". (New York: The Free Press, div. of MacMillan, Inc.) (c) 1991., p 255.
(15)"The Good Old Days", p 272.
(16)Documents on the Holocaust: Selected Sources on the Destruction of the Jews of Germany and Austria, Poland, and the Soviet Union. ed. por Yitzhak Arad, Yisrael Gutman, y Abraham Margaliot. (Jerusalem: Yad Veshem) (c) 1981, p358.
(17)Hansen, James D., Hara, Arnold H., Chan, Harvey T., y Tenbrik, Victoria L. Efficacy of Hydrogen Cyanide Fumigation as a Treatment for Pests of Hawaiian Cut Flowers and Foliage After Harvest. Journal of Economic Entomology, vol 84, no 2, p 534.
(18)Documento de Nuremberg NI-9912, Manual Degesch sobre o uso apropriado do Zyklon. As versões alemã e inglesa foram obtidas de: Mendelsohn, John y Detwiler, Donald S. The Holocaust: Selected Documents in Eighteen Volumes. "Volume 12: The 'Final Solution' in the Extermination Camps and the Aftermath". (New York: Garland Publishing) c. 1982, p 137.
(19)Pressac, Jean-Claude. Auschwitz: Techniques and Operation of the Gas Chambers (Edição inglesa) (Nueva York: Beate Klarsfeld Foundation) c. 1989, p 53. [A tradução citada neste documento é de Michael Stein, diretamente do facsímile fotográfico do original francês. É ligeiramente mais literal que a tradução que aparece na edição inglesa de Pressac.]
(20)ibid., p 124-125. (21)Meeussen, p 1832, 1835. (22)Ode'n, Svante. "The Acidity Problem -- An Outline of Concepts"; Water, Air and Soil Pollution, vol 6, 1976. p 142. (23)Relatório do Instituto de Investigação Forense, JHR, verão '91 (24)Meeussen, p 1835. (25)ibid, p 1832.

sábado, 18 de agosto de 2007

Carrascos Voluntários de Hitler - críticas ao livro I

Carrascos Voluntários de Hitler - críticas ao livro (parte I)

Relatório de uma discussão do trabalho de Goldhagen realizado no Instituto de Pesqui-sas do Holocausto do Museu Memorial do Holocausto.

Por Maria Mitchell e Peter Caldwell
Fonte:
http://www.h-net.org/~german/discuss/goldhagen/gold5.html

[...]

É importante notar que nós saímos depois da apresentação de Christopher Browning. Nenhum de nós ficou para ouvir o trabalho de Hans-Heinrich Wilhelm, a resposta de Daniel Goldhagen para Christopher Browning, ou os comentários conclusivos de Leon Wieseltier.

Berenbaum introduziu a conferência com um apelo por "discurso civilizado" e obser-vando que o Instituto de Pesquisas [USHMM, n. do t.] havia sido criticado por sediar um simpósio sobre o livro de Goldhagen. Ele então apresentou as seguintes questões: Quão essencial foi o anti-semitismo para a motivação dos perpetradores? Quão endêmico era o anti-semitismo para a cultura social e política alemã?

Para os propósitos de sua apresentação, Goldhagen organizou sua tese em três grandes pontos: (a) "anti-semitismo exterminacionista" era uma "norma cultural" na Alemanha já no final do século dezenove; (b)todos os perpetradores partilhavam de uma visão hitlerista dos judeus; (c) a maioria dos cidadãos alemães também partilhava dessa visão. Sua conclusão com base nesses três pontos era de que a maioria dos alemães comuns estava preparada para matar judeus. Ao afirmar que o "anti-semitismo exter-minacionista" era uma "norma cultural" pelo final do século dezenove na Alemanha, Goldhagen argumentou que "o anti-semitismo exterminacionista" tornou-se parte da cultura alemã devido a um certo conjunto de circunstâncias históricas as quais, afirmou ele, mudaram fundamentalmente depois da II Guerra Mundial. Os judeus tornaram-se um símbolo de tudo o que era mau na Alemanha do final do século dezenove à medida em que o anti-semitismo misturava-se com o "conceito de raça"; o objetivo deste tipo de anti-semitismo, bastante difundido em todas culturas e classes sociais na Alemanha do final do século dezenove, era exclusivamente eliminar os judeus. Esta versão do anti-semitismo se tornou, de acordo com Goldhagen, a ideologia pública oficial incontestável dentro da sociedade alemã.

Ela afirmava que os judeus eram racialmente diferentes dos alemães, nocivos à Alemanha, e portanto tinham que ser eliminados. Por não haver um ponto de vista alternativo apoiado institucionalmente na Alemanha antes de 1945, os alemães foram criados sobre o anti-semitismo eliminacionista tanto quanto eram sobre seu "leite materno". É por isto que, de acordo com Goldhagen, os perpetradores tiveram tão pouca dificuldade em assassinar os judeus.

Carreirismo, pressão dos colegas, "burocracia mióptica" (tudo o que ele rotulou como "não-histórico") não representaram papel algum; pelo fato de que alguns dos pressionados resistiram à "coerção governamental" para matar, era claro que não havia nenhuma "coerção real". O anti-semitismo exterminacionista era a única motivação e a colaboração dos alemães deve então ser atribuída - e exclusivamente atribuída - a virulento anti-semitismo. Isto explicava, nas palavras de Goldhagen, por que os alemães estavam não apenas entusiasmados em eliminar os judeus mas excepcionalmente cruéis em fazê-lo. Isto era verdadeiro, além disso, não apenas para a colaboração dos perpetradores, mas também para os cidadãos alemães, cuja recusa em intervir refletiu sua adesão ao anti-semitismo exterminacionista. Nos anos 30, concluiu Goldhagen, a grande maioria dos cidadãos alemães apoiava a Solução Final.

Kwiet começou acusando Goldhagen de ter escrito e promovido o livro a fim de ficar famoso, afirmando que - não importando qual o resultado deste debate - Goldhagen tinha-o "feito". Para exibir-se e atrair a atenção da mídia entre as numerosas publicações na Holocaust Studies, disse Kwiet, deve-se advogar uma tese espetacular; isto foi exatamente o que Goldhagen fez. Em particular, Kwiet criticou a embalagem do livro feita por Knopf, especialmente sua alegação de que a tese embasava-se em "material novo". A maioria do material, de acordo com Kwiet, foi emprestada do livro de Christopher Browning "Ordinary Men: Reserve Police Battalion 101" E a Solução Final na Polônia". Muito pouco além disso era realmente novo, de acordo com Kwiet; o grosso do livro baseava-se em fontes secundárias.

Não só era bem conhecido o material de Goldhagen, continuou Kwiet, como também nada sobre a tese de Goldhagen era original. A dependência em generalizações sobre o caráter nacional e a representação dos Alemães como "excepcionais" representava o coração da tese "Sonderweg", de acordo com Kwiet, que foi refutada há mais de uma década. Por esse motivo, Kwiet achou particularmente "irritante" o pedido de Goldhagen para entender completa e finalmente o Holocausto. Nenhum outro estudioso, disse Kwiet, jamais fez tal pedido arrogante. Neste contexto, ele citou Hilberg e Friedlaender, que disseram do livro (parafraseado): É inútil, apesar de toda a publicidade feita por Knopf. No nível mais específico, Kwiet desafiou a representação das mulheres feita por Goldhagen como igualmente envolvidas/anti-semitas e seu desprezo pelas vítimas não-judaicas do regime nazista. Como Goldhagen explica o assassinato de ciganos e outros grupos, perguntou ele, se o assassinato foi motivado exclusivamente pelo anti-semitismo exterminacionista? Kwiet também criticou a interpretação da sociedade alemã do pós-guerra feita por Goldhagen, particularmente sua alegação de que o anti-semitismo desapareceu depois de 1945. Kwiet citou Goldhagen, em resumo, que os alemães de hoje são "como nós". Se é assim, afirmou Kwiet, então nós não podemos esperar que os alemães demonstrem nenhum tipo de sensibilidade ou responsabilidade com relação ao Holocausto; ele poderia muito bem ser esquecido. Kwiet concluiu descrevendo a perspectiva de Goldhagen como "mais do que assustadora". Em contraste a Goldhagen, que havia recebido aplausos ruidosos da audiência, Kwiet recebeu quase o silêncio.

Kwiet foi seguido por Yehuda Bauer, que começou afirmando que a tese de Goldhagen é simplesmente um argumento "Sonderweg" requentado, que foi difundido pelas décadas depois da II Guerra Mundial. Esta interpretação, sustentou Bauer, foi de fato a mesma que ele, Bauer, havia debatido pelos últimos trinta anos, embora numa forma muito mais sofisticada.

Seu próprio trabalho, afirmou Bauer, explorava estruturas políticas e culturais assim como vozes e instituições contestadoras na sociedade alemã. Ele também dependia de trabalhos que estudiosos poloneses e israelenses haviam produzido pelas últimas décadas, trabalho ao qual Goldhagen, de acordo com Bauer, não teve acesso porque ele não lia naqueles idiomas. O fato de que o argumento de Goldhagen assentava-se sobre fontes de língua alemã e inglesa representava um sério problema, continuou Bauer; entre suas poucas fontes não-alemãs/inglesas havia uma em tcheco - "provavelmente copiada de mim", disse Bauer.*

*continua na parte abaixo.
http://holocausto-doc.blogspot.com/2007/08/carrascos-voluntrios-de-hitler-crticas.html

Carrascos Voluntários de Hitler - críticas ao livro II

Carrascos Voluntários de Hitler - críticas ao livro(parte II)
continuação da parte I:
http://holocausto-doc.blogspot.com/2007/08/carrascos-voluntrios-de-hitler-crticas_18.html

A falta de pesquisa comparativa por parte de Goldhagen foi problemática não somente em termos de outro material secundário, de acordo com Bauer, mas também em termos de sua própria tese. E quanto à Romênia, ele perguntou, e sua tradição de anti-semitismo exclusionista datado do século dezenove?

E quanto ao entusiasmo romeno pela captura e matança de homens, mulheres e crianças judias? Por que Goldhagen não lidou com nenhuma outra tradição de anti-semitismo, inclusive a polonesa, a russa, e a francesa? Nesse respeito, Bauer fez referência à afirmação de George Mosse de que, se você tivesse dito às pessoas em 1900 que haveria uma Solução Final, a resposta delas teria sido (parafraseado), "Oh, aqueles franceses maus, muito maus". Bauer então atacou o consultor de Goldhagen em Harvard. Goldhagen, disse ele, não deveria ser responsabilizado por este trabalho de mal feito, em particular por sua falta de foco comparativo.

Em vez disso, é seu consultor que deve ser culpado: Como este trabalho recebeu um PhD em Harvard quando ele não cobre as questões mais básicas? Bauer então criticou Goldhagen por ignorar as forças concorrentes da história alemã e, ao fazê-lo, por não ser capaz de responder às questões: se o anti-semitismo eliminacionista era dominante já no século dezenove, então por que o Holocausto não aconteceu antes do século vinte? Qual foi a diferença? Como foi que Hitler chegou ao poder? Bauer censurou Goldhagen por não lidar adequadamente com o colapso da República de Weimar.

A esse respeito, ele citou o fato de que, na última eleição livre da República de Weimar, 67% dos alemães não votaram em Hitler. Hitler foi votado, perguntou Bauer, somente porque as pessoas apoiavam seu anti-semitismo?

Bauer concluiu dizendo que, enquanto a resposta de Goldhagen estava "errada", sua questão continuava importante. Mas, continuou ele, ela precisa ser tratada com "humildade", e não arrogância. Ao afirmar que, "Eu estou certo e todos aqueles que vieram antes de mim estão errados", Goldhagen, de acordo com Bauer, mostrou uma surpreendente falta de sensibilidade com relação ao assunto. Goldhagen também correu o risco, continou Bauer, de se tornar um outro Arno Mayer depois de "Why Did the Heavens Not Darken?". Seguido por uma grande exposição da mídia e muita discussão, disse Bauer, o livro de Mayer foi completamente e justificadamente esquecido. O trabalho de Mayer se foi, disse ele, e com razão; ninguém mais o cita ou fala sobre ele. Você, disse ele, virando-se para Goldhagen, não quer terminar como Arno Mayer. Você iniciou sua carreira do jeito errado, concluiu ele; você não começa com Relações Públicas, você termina com elas.

Lawrence Langer então falou como moderador. Fazendo referência ao fato de Goldhagen ter excedido o tempo limite para sua apresentação inicial, Langer sugeriu que ele fosse "generoso" e abrisse mão de seu comentário para que a discussão pudesse começar. Goldhagen respondeu, entretanto, - com muito aplauso - começando a afirmar que seu livro era um produto de seu próprio trabalho, então não se deveria respon-sabilizar seu tutor. "Eu sou mais velho do que aparento", disse ele. "Eu posso me responsabilizar por mim mesmo". Sua tese, continuou Goldhagen, era nova, mesmo que sua documentação não o fosse. Kwiet, afirmou ele, compreendeu meu livro de forma totalmente errada, enquanto Bauer e eu concordamos mais do que discordamos. Despois de Goldhagen ter-se sentado, a discussão começou. Dentre as questões/comentários da audiência, perguntaram a Goldhagen sobre o marketing do livro.

Em resposta, ele disse que tudo o que Knopf havia feito para promover o livro havia sido autorizado por ele, e que ele aprovou o pedido do editor, de que ele "reescreveria completamente a história do Holocausto".

Kwiet então afirmou que não havia prova histórica de que os cidadãos alemães haviam aplaudido a Solução Final. Os alemães responderam com indiferença e silêncio, disse Kwiet, não com aplauso. Em sua resposta a Kwiet, Goldhagen contra-argumentou que indiferença era o mesmo que apoio. Pouco depois, numa pergunta, Jerry Muller da Universidade Católica disse que ele agora lamenta ter convidado seus estudantes graduados para o simpósio. Este era um exemplo excepcionalmente pobre de discussão acadêmica, disse ele, porque vocês, acadêmicos mais velhos, têm sido imensamente desrespeitosos para com este jovem. Vocês estão demonstrando desprezo e ciúmes sobre o fato de que ele se tornou importante, e traindo o propósito de nosso projeto. Em resposta ao comentário de Muller, a audiência irrompeu em calorosos aplausos. Lawrence Langer interrompeu em meio à confusão, [dizendo] que discordâncias acadêmicas honestas não tinham que ser caracterizadas como "desprezo". As luzes foram ligadas e o intervalo programado começou.

Aparentemente, toda a audiência retornou no intervalo. Começando a segunda metade do processo, Richard Breitman introduziu Christopher Browning, que começou observando que ele havia escrito em "Ordinary Men" que outra pessoa cm uma perspectiva diferente poderia não ler os mesmos documentos de forma similar. Eu não esperava, continou ele, que isso acontecesse tão rapidamente e tão dramaticamente. Browning então afirmou que a tese de Goldhagen não era de forma alguma nova, "apesar dos apelos da promoção do livro". (Ele recebeu uma sonora desaprovação da platéia). O maior defeito da tese de Goldhagen, continuou ele, foi sua "monocausalidade" e foco sobre o "anti-semitismo demonológico". De acordo com Goldhagen, disse Browning, não houve relutância para os alemães superarem a fim de poderem matar. Eles mataram por prazer e porque eles pensaram estar fazendo a coisa certa; eles gostavam disso.

Browning continuou, dizendo que muito da tese de Goldhagen baseava-se em seu tratamento de fontes, muitas das quais ele mesmo usou em "Ordinary Men". Browning criticou a metodologia de Goldhagen da seguinte forma: Ao desprezar qualquer testemunho de julgamentos do pós-guerra nos quais os perpetradores alemães expressaram reservas ou remorso - com base no argumento de que isto era uma simples tentativa de receber clemência - Goldhagen garantiu que as fontes apoiariam sua conclusão pré-formulada.

O princípío exclusionista foi "determinístico", de acordo com Browning, e não conseguiu explicar exemplos de Schutzpolizei que ajudaram judeus ou outros que sofreram emocionalmente pelo que eles fizeram. A abordagem de Goldhagen também excluía a possibilidade de que alemães pudessem distinguir, como fizeram, entre anti-semitismo socialmente aceitável e planos inaceitáveis de extermínio em massa. O ponto seguinte de Browning relacionava-se à questão dos perpetradores não-alemães no Holocausto e particularmente o desprezo de Goldhagen por fontes que tratavam desta questão. Aqui, Browning confiou num estudo de caso de luxemburgueses que haviam sido integrados nas forças de extermínio alemãs. Esses homens, argumentou ele, presumivelmente não haviam sido imbuído com a "norma cultural" do anti-semitismo exclusionista, e entretanto eles participaram nos crimes no mesmo grau que os homens alemães. Isto mostrou o poder da pressão de grupo e outras forças sociais em ação, afirmou Browning. Tais pressões específicas de tempo e situacionais não encontraram lugar no trabalho de Goldhagen.

Goldhagen, concluiu Browning, escreveu um livro de história "buraco de fechadura", encon-trando na história alemã somente o que ele queria ver e ignorando essas forças poderosas e competidoras, como catolicismo, socialismo, etc. Goldhagen operou fora de um contexto histórico, de acordo com Browning; conseqüentemente, ele ofereceu uma análise unidimen-sional. Goldhagen deprezou, além disso, o grau de controle nazista da sociedade e as reais penalidades que existiam para se falar abertamente. Browning acusou Goldhagen de escrever história simplista, maniqueísta e "popular", e concluiu com uma citação de Primo Levi,em outras palavras, de que as coisas nunca são tão simples quanto as pessoas gostariam que elas fossem. Nada em história é muito fácil.

Nós saímos enquanto Hans-Heinrich Wilhelm da Universidade de Colônia começou a falar."

Maria D. Mitchell, m_mitchell@...
Professora Assistente de História, Franklin & Marshall College
American Institute for Contemporary German Studies, 1995-1996

Peter Caldwell, caldwell@...
Professor Assistente de História, Rice University
Fellow at the Center for German and European Studies,
Georgetown University, 1995-96

Tradução: Marcelo Oliveira
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6332

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Dinamite contra doentes mentais

Fonte: The Destruction of the European Jews, Raul Hilberg, pág. 219

"...After the speech Himmler, Nebe, von dem Bach, and the chief of Himmler's Personal Staff, Wolff, inspected an insane asylum. Himmler ordered Nebe to end the suffering of these people as soon as possible. At the same time Himmler asked Nebe to "turn over in his mind" various other killing methods more humane than shooting. Nebe asked for permission to try out dynamite on the mentally sick people. Von dem Bach and Wolff protested that the sick people after all were not guinea pigs, but Himmler decided in favor of the attempt. Much later, Nebe confided to von dem Bach that the dynamite had been tried on the inmates with woeful results 165... "
Tradução:

"...Depois do discurso, Himmler, Nebe, von dem Bach e o chefe do staff pessoal de Himmler, Wolff, inspecionaram um hospício. Himmler ordenou a Nebe que terminasse com o sofrimento dessas pessoas o mais rápido possível. Ao mesmo tempo, Himmler pediu a Nebe que "ponderasse com calma" vários outros métodos de matança mais humanos do que os fuzilamentos. Nebe pediu permissão para experimentar dinamite nos doentes mentais. Von dem Bach e Wolff protestaram, dizendo que os doentes mentais afinal não eram cobaias, mas Himmler decidiu em favor da tentativa. Muito depois, Nebe confidenciou a von dem Bach que a dinamite havia sido testada nos internos, com
resultados deploráveis 165 ...
"
165. A história da visita de Himmler, como contada por von dem Bach, foi impressa na Aufbau (Nova York), de 23 de agosto de 1946, pp 1-2.

A história acima, contada pelo major-general da SS, Erich von dem Bach-Zelewski, em 1946, também é citada pelo historiador Richard Overy, em Russia's War, Penguin Books 1998, páginas 125/126, conf. transcrito por Roberto Muehlenkamp:

"In August 1941 the commander of Einsatzgruppe B, Artur Nebe, called up experts from the Criminal Technical Institute to help him solve a problem. A short while before, Heinrich Himmler had visited the Belorussian capital of Minsk to witness the execution of a hundred `saboteurs'. It was the first time he had seen men killed, shot a dozen at a time face down in an open pit. He asked Nebe to test other methods that were less brutalizing to those who carried out the executions. The experts drove to Russia in trucks filled with explosives and gassing equipment. The morning after their arrival they drove out to a wood outside Minsk, where they packed two wooden bunkers with 250 kilograms of explosive and twenty mental patients from a Soviet asylum. The first attempt to blow them up failed, and the wounded and frightened victims were packed into the bunkers with a further 100 kilograms of explosive. This time they were blown to smithereens, and Jewish prisoners were forced to scour the area picking up the human remains. The group then tried a different method at an asylum in Mogilev. Here they herded mental patients into a bricked-up laboratory, into which they inserted a pipe connected to a car exhaust. Fumes from the car took too long to kill the victims, and the car was swapped for a truck, which could generate a larger volume of fumes. The victims died in eight minutes. Gas killing became the preferred option. Altogether an estimated 10,000 died in asylums across German-occupied territory: men, women and children.

These murderous experiments were part of a programme of ethnic cleansing and 'counterinsurgency' in the East that led to the deaths of millions of Jews, Soviet prisoners of war, captured Communists, partisans and ordinary people caught in the crossfire of ideological and racial war – a harvest of dead unparalleled in the history of modern war.
"
Tradução:

"Em agosto de 1941, o comandante da Einsatzgruppe B, Artur Nebe, convidou peritos do Instituto Técnico Criminal para ajudá-lo a resolver um problema. Pouco tempo antes, Heinrich Himmler havia visitado a capital bielo-russa de Minsk para testemunhar a execução de uma centena de "sabotadores". Foi a primeira vez que ele havia visto homens sendo mortos, fuzilados uma dúzia de uma vez, virados de frente para uma vala aberta. Ele pediu a Nebe que testasse outros métodos que fossem menos embrutecedores para aqueles que se encarregavam das execuções. Os peritos dirigiram-se para a Rússia com caminhões cheios de explosivos e equipamentos de gaseamento. Na manhã após a chegada deles, eles dirigiram-se para uma floresta do lado exterior de Minsk, onde eles encheram dois bunkers de madeira com 250 quilogramas de explosivo e vinte pacientes doentes mentais de um asilo soviético. A primeira tentativa de explodi-los falhou, e as vítimas feridas e atemorizadas foram aglomeradas dentro dos bunkers com mais 100 quilogramas de explosivo. Desta vez, eles foram explodidos em pedacinhos, e prisioneiros judeus foram forçados a vasculhar a área recolhendo os restos humanos. O grupo então tentou um método diferente num asilo em Mogilev. Nesse local, eles conduziram pacientes mentais para um laboratório fechado com tijolos, dentro do qual eles inseriram um cano conectado a um escapamento de carro. A fumaça do carro levou muito tempo para matar as vítimas, e o carro foi substituído por um caminhão, o qual poderia gerar um volume maior de gases. As vítimas morreram em oito minutos. Matanças por gás tornaram-se a opção preferida. No total, um número estimado de 10.000 morreram em asilos de um lado ao outro dos territórios ocupados por alemães: homens, mulheres e crianças.

Esses experimentos assassinos eram parte de um programa de limpeza étnica e "contra-insurgência" no Leste, que levou às mortes de milhões de judeus, prisioneiros soviéticos de guerra, comunistas capturados, partisans e pessoas comuns pegas no fogo cruzado de guerra ideológica e racial - uma colheita de morte sem paralelos na história da guerra moderna.
"
O seguinte documento mostra que, em 1967, o Dr. Albert Widmann foi julgado e condenado a seis anos e meio de prisão, por crimes cometidos em Mogilev:

Fonte: http://www1.jur.uva.nl/junsv/brd/brdengfiles/brdeng658.htm

"Case Nr.658
Crime Category: Euthanasia, Other Mass Extermination Crimes
Accused: Widmann, Dr. Albert 6½ Years
Court: LG Stuttgart 670915
Country where the crime was committed: Germany, GUS
Crime Location: Minsk, Mogilew, Berlin
Crime Date: 4109, 42
Victims: Mentally Disabled, Jews
Nationality: Soviet
Office: RSHA Kriminaltechnisches Institut
Subject of the proceeding: Blowing up of a bunker near Minsk in which mentally disabled patients had been locked up, as well as gassing of mentally disabled patients in Mogilew. Technical screening of 'gas vans' built by the RSHA (Berlin, 1942)
"
Tradução:

"Caso Nr.658
Categoria do Crime: Eutanásia, Outros Crimes de Extermínio em Massa
Acusado: Widmann, Dr. Albert 6½ anos
Tribunal: LG Stuttgart 670915
País onde o crime foi cometido: Alemanha, GUS
Local do Crime: Minsk, Mogilew, Berlim
Data do Crime: 4109, 42
Vítimas: Deficientes mentais, judeus
Nacionalidade: Soviética
Escritório: RSHA Kriminaltechnisches Institut
Assunto do processo: Explosão de um bunker próximo a Minks no qual pacientes mentais haviam sido trancados, assim como gaseamento de pacientes deficientes mentais em Mogilew. Exames técnicos de "vans de gaseamento" construídas pela RSHA (Berlim, 1942)
"
Tradução: Marcelo Oliveira, Roberto Muehlenkamp
Fonte: Lista holocausto-doc Yahoo!
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6233

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Testemunho do Prof. Wilhelm Pfannenstiel (Waffen-SS) - Gaseamento em Belzec

"Professor Wilhelm Pfannenstiel, higienista da Waffen-SS, sobre um gaseamento em Belzec.
Citado em "The Good Old Days" - Ernest Klee, Willy Dressen, V. Riess, The Free Press, NY, 1988., p. 238-244:

Clique na imagem pra vê-la ampliada.
Quando me perguntam sobre as execuções de judeus, eu devo confirmar que em 19 de agosto de 1942 eu testemunhei uma execução de judeus no campo de extermínio de Belzec. Eu gostaria de descrever como aconteceu de eu estar lá. Durante minhas conversações com o SS-Brigadeführer Globocnik, ele me contou sobre as grandes fiações que ele havia instalado em Belzec.

Ele também mencionou que o trabalho nesse campo ultrapassaria consideravelmente a produção alemã. Quando eu lhe perguntei de onde vinham os materiais de fiação, ele me disse orgulhosamente que eles tinham vindo dos judeus. Nesse momento, ele também mencionou as ações de extermínio contra os judeus, que em sua maior parte foram mortos no campo de Belzec...

Durante esta visita, eu fui levado para dar uma volta por um certo Polizeihauptmann chamado Wirth, que também mostrou e me explicou as instalações de extermínio no campo. Ele me contou que na manhã seguinte um novo carregamento de cerca de 500 judeus estaria chegando no campo, que seria direcionado para essas câmaras de
extermínio. Ele me perguntou se eu gostaria de assistir a uma dessas ações de extermínio, ao que, depois de uma grande dose de reflexão, eu consenti. Eu planejei enviar um relatório ao Reichsarzt-SS sobre as ações de extermínio. A fim de escrever um relatório eu tinha, entretanto, que observar primeiro uma ação com meus próprios olhos. Eu continuei no campo, passei a noite lá e fui testemunha dos seguintes eventos na manhã seguinte.

Um trem de mercadorias viajou diretamente para dentro do campo de Belzec, os vagões foram abertos e os judeus os quais eu acreditava serem da região da Romênia ou Hungria foram desembarcados. Os vagões estavam bem lotados. Havia homens, mulheres e crianças de todas as idades. Eles receberam ordens de formar fila e então tiveram que se dirigir a uma área de reunião e tirar os sapatos...

Depois de os judeus terem removido seus sapatos, eles foram separados por sexo. As mulheres iam junto com as crianças para dentro de uma cabana. Lá, seus cabelos eram tosados e eles tinham que se despir... Os homens iam para outra cabana, onde eles recebiam o mesmo tratamento. Eu vi o que aconteceu na cabana das mulheres com meus próprios olhos. Depois de elas terem se despido, o processo todo acontecia muito rapidamente. Elas corriam nuas da cabana através de uma sebe para o centro de extermínio real. O centro de extermínio inteiro parecia como uma instituição normal de despiolhamento. Em frente ao prédio, havia vasos de gerânios e uma placa dizendo "Fundação Hackenholt", acima da qual havia uma estrela de David. O prédio era brilhante e agradavelmente pintado, de modo a sugerir que as pessoas não seriam mortas ali...

Dentro dos prédios, os judeus tinham que entrar em câmaras para dentro das quais era conduzido o escapamento de um motor de [100(?)] HP, localizado no mesmo prédio. Dentro dele havia seis das tais câmaras de extermínio. Elas não tinham janelas, tinham luzes elétricas e duas portas. Uma porta levava para fora para que os corpos pudessem ser removidos. As pessoas eram conduzidas de um corredor para dentro das câmaras através de uma porta vedada comum com parafusos. Havia um "olho mágico" de vidro, segundo me recordo, próximo à porta, na parede. Através dessa janela, podia-se assistir o que estava acontecendo dentro da sala, mas somente quando a sala não estava tão cheia de pessoas. Depois de um curto período, o vidro ficava embaçado. Quando as pessoas tinham sido trancadas na sala, o motor era ligado e então eu suponho que eram abertas as válvulas ou aberturas para as câmaras. Se eram válvulas ou aberturas, eu não gostaria de dizer. É possível que o cano levasse diretamente para as câmaras. Uma vez que o motor era ligado, a luz nas câmaras era desligado. Isso era seguido por uma inquietação dentro da câmara facilmente perceptível. A meu ver, era só então que as pessoas sentiam que alguma coisa iria lhes acontecer. Parecia-me que por detrás das grossas paredes e da porta elas estavam rezando e gritando por socorro."

Fonte: A Teacher's Guide to the Holocaust (do Florida Center for Instructional Technology)
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/resource/document/DocBelz.htm
Traduzido em: Holocausto-doc lista (Yahoo!)
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6322
Tradução: Marcelo Oliveira

Mais deturpações de Jurgen Graf: Lituânia

Quando Jürgen Graf, o conhecido negador suiço, não está chamando Filip Müller, Rudolf Vrba e Elie Wiesel de "mentirosos deslavados e defraudadores",está ocupado deturpando o trabalho do pioneiro historiador do Holocausto, Raul Hilberg.Não contentando-se em dedicar um livro inteiro ao ataque contra Hilberg, que representa menos de 10% da extensão de The Destruction of European Jews, Graf decidiu também atacar o mais recente trabalho metodológico de Hilberg, Sources of Holocaust Research.Graf se refere a Hilberg como 'um autista incurável' - a questão é, ele está entrando em uma auto-projeção ou simplesmente criando contos de fadas novamente? Vejamos.

Um claro exemplo: a discussão de Graf sobre o relatório do infame Einsatzgruppe A sobre a Solução Final nos Países Bálticos e,particularmente,o Relatório de Jäger sobre a Lituânia. Segue a consideração de Graf sobre a utilização do relatório do Einsatzgruppe A por Hilberg:
Na página 145, Hilberg reproduz o esboço de um cartão que, juntamente com outras evidências, serviria como embasamento para suas alegações acerca das execuções no Oeste. Nesse cartão,o número de judeus fuzilados pelo Grupo Einsatz A, em várias regiões, são representados por caixões. O maior índice de fuzilamentos aparece na Lituânia, onde, segundo ele, não menos de 136.421 judeus teriam sido assassinados até 1942. Este dado realmente consta em um dos relatórios do Einsatz,onde encontramos: "Quando ocorreu a invasão dos Bolcheviques, de acordo com um censo realizado em 1923, 153.743 judeus residiam na Lituânia. Eles representavam 7.58% da população...Durante várias operações individuais, um total de 136.421 judeus foram liquidados...Judeus em guetos:em Kauen,cerca de 15.000 judeus;em Wilno,cerca de 15.000 judeus;em Schaulen,cerca de 4.500 judeus."

Simples adição mostra que o número total dos judeus supostamente liquidados, quando agregado ao número de judeus que estavam nos guetos, é muito maior do que o número de judeus ali presentes antes da invasão alemã.
Pare imediatamente.

Graf evidentemente é estúpido demais para lembrar-se, ou deliberadamente não deseja lembrar-se, que a Lituânia incorporou o distrito de Wilno em 1941,habitado por 110.000 judeus em 1931, e inchado por muitos refugiados provenientes da região ocidental da Polônia,entre 1939 e 1941. Wilno (Vilnius,atualmente) era habitado por aproximadamente 80.000 judeus quando a guerra explodiu. Melhor, adicionaremos os números determinados só para a cidade de Wilno, entre 12 de agosto e 25 de novembro de 1941: 21.169 execuções. Além disso, vamos adicionar a quantidade executada pelo mesmo Kommando nas cidades vizinhas: 13.484 execuções.
Sem mencionar o Teilkommando,enviado a Minsk: 3.050 execuções. Então, temos os judeus alemães, deportados para Kovno em novembro de 1941, que claramente não viviam na Lituânia antes da guerra: 4.934 execuções. Já temos 42.637 execuções entre habitantes de um território diferente do que era o lituano em 1923.

Obviamente, Graf não se dá ao trabalho de fazer algo tão elementar como checar as estatísticas, não é? Então,ele segue enterrando-se em um buraco cada vez mais fundo:
Isto é apenas uma parte das estatísticas confusas, de qualquer forma:

O mesmo relatório operacional sobre o país fronteiriço, a Letônia, afirma que cerca de 25% da população judaica havia fugido com os bolcheviques. Nenhum êxodo semelhante é mencionado para a Lituânia.
Porque o território da Lituânia foi ocupado em menos de uma semana,enquanto a Letônia estava mais distante da fronteira.
Isso é muito confuso porque os judeus lituanos tinham poucas razões para esperar benevolência dos alemães, como os judeus letonianos. A colaboração da comunidade judaica com o terror bolchevique foi proporcionalmente muito maior ali do que na Letônia, revoltando a população local.
Aqui, naturalmente, Graf demonstra seu padrão dois pesos duas medidas, quando deixa de mencionar qualquer fonte corroborando esta conspiração judaico-bolchevique. Mas torna-se pior: além de simplesmente não compreender que a Lituânia situava-se mais próxima à fronteira alemã em 1941 do que a Letônia, Graf tampouco consegue reconhecer quais territórios estavam localizados na Lituânia:
Uma granda parcela dos judeus lituanos viviam em regiões que haviam sido anexadas ao Reich após a conquista da Lituânia. Quando o relatório do Einsatz foi elaborado, esses judeus ainda estavam vivos. De acordo com Gerald Reitlinger, havia então,na área de Grodno, 40.000 desses judeus .[17] De acordo com o relatório de Korherr,[18] 18.435 judeus ainda residiam na região de Königsberg no final de 1942.
Será que alguém pode ser mais estúpido? Grodno jamais esteve situado na Lituânia,nem mesmo durante a era dos Czars. Pertenceu ao distrito (Voivodship) de Bialystok, sob a Polônia,e ao distrito (oblast) de Bialystok durante o domínio soviético. Com relação a citação do relatório Korherr sobre os trabalhadores judeus que ainda se encontravam na Prussia Oriental, também é uma clara referência ao distrito de Bialystok, na Polônia/Belorussia,e não na Lituânia.Um total de 18.435 trabalhadores judeus de nacionalidade soviética são reportados aí,e apenas 96 "outros".

Mas divirtamo-nos com Jürgen, o suiço alemão, e vejamos o que ocorreu em uma estilha de território, um pouco além de Memelgebiet (que foi anexado pela Alemanha em 1939).Infelizmente para Graf, é bem provável, ao contrário, que ali não residissem judeus de origem lituana, porque haviam sido assassinados pela Staatspolizeistelle de Tilsit em junho e julho de 1941. Segue a citação de um documento que Graf evidentemente desconsiderou durante sua visita ao Arquivo Osobyi, em Moscou:
In Zusammenwirken mit dem SD-Abschnitt in Tilsit wurden drei Grosssaeuberungsaktionen durchgefuehert, und zwar wurdenam 24. Juni 1941 in Garsden 201 Personen (einschl. 1 Frau)am 25. Juni 1941 in Krottingen 214 Personen (einschl. 1 Frau)am 27. Juni 1941 in Polangen 111 Personen erschossenStapostelle Tilsit, Betr.: Saeuberungsaktionen jenseits der ehemaligen sowjet-litauischen Grenze, RGVA 500-1-758, p.2
Até 18 de julho, o renomeado Einsatzkommando de Tilsit havia executado 3.302 vítimas.

A seguir, em uma tentativa bem sucedida de *escorregar na maionese*, Graf tenta o método 'vot-on-earth-are-ze-unfit-doing-alive!!!!' *(what on earth are the unfit doing alive/o que nesta terra os incapacitados ainda fazem vivos)* tão utilizado pelos negadores, sem perceber que isso os faz soarem tão semelhantes aos oficiais da SS que, evidentemente,f antasiam ser:

De acordo com as estatísticas preparadas na Lituânia, e baseadas em documentos originais dos anos de guerra, haviam 3.693 crianças além de um grande número de idosos (de até 90 anos) que estavam vivendo no gueto de Vilnius no final de maio de 1942. Como eram incapacitados para o trabalho, supõe-se que esses judeus deveriam ter sido as primeiras vítimas de qualquer política de extermínio em massa. Em um relatório sobre as escolas em Vilnius,o autor judeu-americano Abraham Foxman nota que,em outubro de 1942, entre 1500 e 1800 crianças estavam sendo educadas ali.
Uma vez mais,Graf expõe sua completa ignorância sobre a história do gueto de Vilnius. Uma citação de uma das páginas do website da ARC:

Em 23 de outubro de 1941, Murer distribuiu 3.000 "Scheine" amarelos (certificados/ permissões), entre os judeus do gueto 1. Um "Gelbschein" permitia ao seu titular registrar três familiares adicionais que carregariam permissões de cor azul.
Os dependentes sobreviventes foram deportados para Sobibor e gaseados em setembro de 1943. Porque tanto tempo depois? Há inúmeros fatores locais, inclusive a intervenção dos corajosos oficiais da Wehrmacht, visando proteger as famílias dos principais funcionários nos postos de manutenção. E porque Graf supõe que o código de conduta alemão foi sempre o mesmo,em todas as partes? Finalmente, nenhum brado de um negador, obviamente, poderia chegar sem uma referência a evidência física.

Finalmente, evidência física do assassinato em massa de judeus na quantidade alegada é inexistente. Em 1996, na cidade lituana de Marijampol, houve uma iniciativa para erigir um monumento em homenagem as dezenas de milhares de judeus que teriam sido fuzilados pelos alemães. Exacavações foram iniciadas no local designado por testemunhas oculares para que a vala comum pudesse ser localizada, mas, adivinhem só ,nada puderam encontrar ali.[21] Mesmo se os alemães houvessem exumado e cremado as dezenas de milhares de cadáveres postumamente, como Hilberg e seus associados alegam, qualquer vala comum ainda seria facilmente identificável pelas alterações nas disposições do solo.
Infelizmente para o idiólatra Graf, esta conspiração foi provada conclusivamente como uma falácia (link) e desmontada:

Sob essas circunstâncias, um historiador consciente não aceitaria, sem questionamentos, relatórios de campo como fontes infalíveis.

Sob essas circunstâncias, um historiador consciente assugurar-se-ia de ter lido o documento corretamente e que seus conceitos geográficos não estivessem equivocados, antes de encontrar outros documentos confirmando as fontes, e lembrar-se-ia de não pontificar sobre a ausência de evidência física que existiu em realidade.

Parece-me que o único sofrendo de "autismo incurável" aqui é Jürgen Graf.

Texto postado originalmente em inglês:
Tradução:

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Clarinada: uma porta-voz anti-semita na Argentina

Tópico: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=295037&tid=2541344265148107335
Uma porta-voz anti-semita em Buenos Aires: a revista Clarinada (1937 -1945)
Prof. Daniel Lvovich

"Embora o anti-semitismo fosse comum nas publicações nacionalistas que apareceram em Buenos Aires na década de 1930 e primeira metade da de 1940, a revista Clarinada se destacou entre todas elas pela radicalidade de seu ódio aos judeus.

A Clarinada publicou seu primeiro número em maio de 1937, e continuou aparecendo até fevereiro de 1945. Tratava-se de uma revista de tiragem mensal, prolixamente editada, com umas oitenta páginas e capas em cores. Desde seu início, Clarinada levou como subtítulo 'Revista Mensal de propaganda argentina e contra propaganda vermelha', que a partir de 1940 se modificaria por outro que refletiria de maneira mais exata seus conteúdos: o de Revista anti-comunista e anti-semita.

Efetivamente, desde o primeiro número da revista deixou claro que por trás do anti-comunismo de seu diretor, Carlos M. Silveyra - a quem anteriormente havia se destacado por suas iniciativas destinadas a combater o suposto perigo vermelho, como a publicação do livro 'O Comunismo na Argentina' ou a partida da Comissão Popular Argentina contra o Comunismo - desenhava-se um anti-semitismo obsessivo, que encontrava nas teses da conspiração universal judaica um argumento que se repetiria até a saturação. De tal modo, que a partir de sua declaração de princípios, a revista se apresentava como uma ferramenta de luta contra uma série de inimigos que, em que pese as suas diferenças, haviam atuado de acordo com as ordens dos israelitas, com o propósito de destruir a civilização cristã:

“Programa de luta sem quartel contra esse exército de animálias, integrados por forças aparentemente heterogéneas : materialismo, liberalismo, marxismo, comunismo, socialismo, anarquismo, ateísmo, massonaria, etc., mas que estão unidas na mesma finalidade: a destruição da civilização cristã e que obedecem ao mesmo comando que as dirige desde as trevas: o judaísmo.”(1)

O anti-semitismo da Clarinada combinava uns tópicos e uma virulência que a aproximavam do nazismo, com uma apelação constante a uma identidade católica que a distanciava deste, sem advertir nisto contradição alguma. De tal modo, a revista podia apelar a autoridade de alguns padres da Igreja para respaldar seu anti-judaísmo, sem que isso lhe impedisse recorrer a metáforas de tipo biologicista de clara inspiração nacional-socialista, entre elas uma recorrente: “No inverno tem que se precaver da gripe, mas em toda estação tem que se precaver da pior peste: o judaísmo.”

Em que pese ela se identificar de maneira completa com o regime de Hitler, a quem auguravam “…o triunfo da nova Alemanha, porque será o triunfo da justiça social e o aniquilamento do judaísmo”(2) , Clarinada afirmava não compartilhar da ideologia racista. Em cada número se repetia, a manera de afirmação de sua pertença nos âmbitos católicos, uma explicação sobre os motivos que animavam a publicação:

“Clarinada não combate os judeus porque são judeus, nem pretende agitar lutas religiosas ou raciais. Clarinada combate os judeus, porque eles são os inventores, organizadores, diretores e apoiadores do comunismo em todo o mundo. Clarinada combate os judeus, porque os judeus, cumprindo as diretivas dos ‘Sábios de Sião’ corrompem a moral cristã, estimulam os vícios e os defeitos humanos, para aniquilar a conquista espiritual da humanidade feita por Jesus, primeira vítima dos Judeus deicidas”

A dupla identificação da Clarinada lhe permitia receber respaldos provenientes tanto do campo católico quanto do nacional-socialista. De tal modo, o porta-voz oficioso do Arcebispado de Buenos Aires cumprimentou a aparição da Clarinada assinalando que merecia “… o apoio mais decidido de quantos abrigam a preocupação cristã e patriótica de defender-se do inimigo implacável que é o comunismo”(3) e o Bispo de Santiago del Estero, Monseñor Rodriguez Olmos, enviou sua bênção aos leitores católicos da revista.(4) Paralelamente, o exacerbado anti-semitismo da revista lhe valeu em 1938 os elogios da publicação nazi Der Stürmer, que lamentava “… que se está enterrando vivos a todos os judeus sem distinção, de modo que por fim possa reinar a paz entre a grande família argentina”.(5)

Clarinada reproduzia de maneira persistente alguns dos mais importantes textos anti-semitas, como os Protocolos dos Sábios de Sião e as obras de Hugo Wast, Julio Menvielle ou Virgilio Filippo, além disso os discursos de Hitler e outros hierarcas do nazismo. Na revista se identificava de maneira permanente o judaísmo com o comunismo, sustentava-se que os republicanos espanhóis não eram outra coisa senão títeres dos judeus, afirmava-se - em consonância com os postulados do nazismo - que os israelitas eram os responsáveis pelo estouro da Segunda Guerra Mundial e se manifestava de maneira repetida o desejo de que o fim da disputa significaria seu total extermínio.

Enquanto isso uma secção permanente entitulada “Atividades do Gueto” se dedicava a injuriar de modo permanente as pessoas e instituições israelitas da Argentina, as representações do judeu que - tanto na capa quanto nas caricaturas assinadas com o pseudônimo de Matajacós(Matajacoibos) - reproduziam-se de modo contínuo, participavam dos rasgos que os estereótipos do anti-semitismo alemão atribuíam aos israelitas.

Em cada número, a revista demandavam ao governo nacional uma série de medidas: o fechamento de diários como Crítica ou o La Vanguardia, a declaração da ilegalidade do comunismo e a expulsão ou encarceiramento de seus dirigentes, a proibição do uso do ídisch(yiddish)em diários, revistas e audições de rádio e a expulsão do país de todos os judeus, sem exceção.

Contudo, em reiteradas ocasiões a revista manifestava propósitos ainda mais sinistros ante os judeus da Argentina, para quem previa a aniquilação(6) , posição que não abandonou mesmo sequer quando as notícias sobre o extermínio dos judeus europeus começaram a ter uma ampla circulação na Argentina.

A identificação da Clarinada com o regime e os propósitos do nacional-socialismo não se derivava somente de uma solidariedade de tipo ideológico, já que a revista era subsidiada de maneira encoberta pelas agências de propaganda do governo alemão.(7) Contudo, a principal fonte de financiamento da revista se encontrava na publicidade de agências e empresas do Estado, como a Y.P.F., o Censo Nacional Agro-pecuário, a Caja de Ahorro Postal(Casa de Poupança)e os Bancos da Nação Argentina, Municipal, da Província de Buenos Aires e o Hipotecário Nacional. Que pese as reiteradas chamadas que as organizações que combatiam o anti-semitismo levaram aos sucessivos governos da Nación, e mesmo assim a propaganda oficial continuou aparecendo nas páginas de Clarinada até que, quando a derrota alemã era iminente, a revista deixou de publicar."

1 Clarinada, año I, N°1, mayo de 1937, p.3, «Nuestros propósitos»
2 Clarinada, año III, N°45, enero de 1941, p.27
3 El Pueblo, 8 de mayo de 1937, p.8.
4 Clarinada, año II, N°24, 31 de marzo de 1939, p.5
5 Citado en: Norman Cohn, El mito de la conspiración judía mundial, Buenos Aires, Milá-Editor,1988, pp. 266.
6 Clarinada, año III, N°44, 31 de diciembre de 1940; año III, N°45, enero de 1941, p.29; año VI, N°83, marzo de 1944, pp 14.
7 Ronald Newton, El cuarto lado del triángulo. La “amenaza nazi” en la Argentina (1931 - 1947), Buenos Aires, Sudamericana, 1995, pp. 158.

O Prof. Daniel Lvovich, da Universidad Nacional de General Sarmiento, integrou o grupo de 11 acadêmicos participantes do Seminário em Yad Vashem - Janeiro de 2000, patrocinado pela FMH, com o auspício de Claims Conference
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Texto(espanhol): Prof. Daniel Lvovich
Tradução: Roberto Lucena

Hans Krueger e o assassinato dos Judeus em Stanislawow - Parte 01

Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow

Shoah Resource Center,
The International School for Holocaust Studies
Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow (Galícia)
Dieter Pohl


Traduzido para o Inglês por William Temple
Yad Vashem Studies, Vol. 26, 1998, pp. 239- 265

O assassinato dos judeus nas áreas ocupadas da Polônia e da União Soviética está sendo pesquisado atualmente com novo e intensificado interesse. Embora anteriormente investigado principalmente por estudiosos poloneses, israelenses e americanos, agora os historiadores na Alemanha também estão investigando facetas deste capítulo mais sóbrio da história alemã. A abordagem geral é aquela desbravada por Hilberg, Browning e Scheffer, que concentra-se nos meios através dos quais estes crimes foram organizados e executados. Este trabalho segue uma linha semelhante de investigação.

Ao examinar-se a implementação concreta da "Solução Final" na Polônia ocupada e na União Soviética, uma questão central refere-se ao papel da rede de ocupação e do perpetrador individual. Embora Christopher Browning tenha inaugurado esses estudos, analisando as políticas seguidas por autoridades individuais e as operações de extermínio executadas por um batalhão de polícia, nosso conhecimento sobre esses fatores cruciais continua ainda inadequado. Uma pesquisa mais antiga de Helmut Krausnick e Hans-Heinrich Wilhelm já havia apontado nesta direção, mas eles exploraram a "Solução Final" no contexto de áreas muito grandes e só podiam investigar tangencialmente o papel encenado pelo perpetrador individual 1.

Este trabalho procura investigar estas questões à luz de um exemplo específico: as operações de extermínio em massa executadas pelo Quartel General da Polícia de Fronteira (Grenzpolizei-Kommissariat) em Stanislawow (hoje chamada Irano-Frankovsk) no sudeste da Galícia sob o Capitão SS Hans Krueger, de 1941 a 1943. No período de dezesseis meses, este pequeno posto policial - seu quadro de pessoal às vezes era de vinte e cinco - organizou e implementou a morte por tiro de cerca de 70.000 judeus e a deportação de outros 12.000 para campos de extermínio. Atos de tais proporções monstruosas são geralmente associados somente com os grandes grupos de extermínio da SS que overavam na União Soviética ocupada. Na literatura de pesquisa,m há pouca menção do que se transpirava em Stanislawow. Hoje, os massacres de lá têm sido tratados em maior extensão por Tatiana Berenstein; infelizmente, entretanto, há pouca resposta aos seus valiosos artigos em iídiche e em polonês sobre a destruição de comunidades judaicas na Galícia 2. As reconstruções detalhadas da jornalista austríaca Elisabeth Freundlich também mantiveram viva a memória destes eventos. 3

Em 20 de Julho de 1941, quase um mês após o ataque alemão à União Soviética, um destacamento avançado da Gestapo chegou à cidade de Stanislawow, ao pé das Montanhas Carpáticas 4. Stanislawow, rebatizada como Stanislav depois da invasão soviética da Polônia e chamada Stanislau pelos ocupantes alemães, estava localizada cerca de 120 quilômetros a sudeste de Lvov (Lemberg), a capital da Galícia Oriental. No início de Julho de 1941, a área havia sido tomada e conquistada pelo sul pelas unidades carpáticas do Exército Húngaro. Durante todo aquele mês, a região de Stanislawow-Kolomea (Kolomyja) - Horodenka estava sob administração militar húngara, conforme havia sido tratado pela Alemanha e Hungria antes do ataque.

O destacamento da Gestapo que chegou em 20 de Julho entrou no prédio antes inicialmente ocupado pelos Habsburgos e então pelo Tribunal Distrital Polonês, premissas que tinham sido usadas por último pela NKVD soviética. Os policiais da Gestapo eram membros do chamado destacamento para propósitos especiais (Einsatzkommando Z.B.V 0 zu Besonderer Verwendung) que havia chegado em Lvov em 2 de Julho, bem nos calcanhares do Einsatzgruppe C; suas instruções eram para continuar o trabalho do esquadrão de extermínio, especialmente execuções em massa.

O comandante do destacamento, Dr. Eberhard Schoengarth, perdeu pouco tempo, despachando subunidades para Rawa Ruska, Drohobycz, e Tarnopol já durante as primeiras duas semanas de Julho. Cerca de seis homens vieram para Stanislawow; eles eram comandados por Oskar Brandt, um oficial da Gestapo brutal que havia antes servido como "oficial especial para assuntos judaicos" (Judenreferent) com a Polícia de Segurança (Sicherheitspolizei, Sipo) no distrito de Cracóvia. Ele aderiu uma semana depois através de Hans Krueger. Depois de decidido que a Galícia Oriental deveria ser incorporada ao Governo Geral como um quinto distrito, Schngarth instruiu seu subordinado Krueger para estabelecer uma subdivisão do KdS (Kommandateur der Sicherheitspolizei und des SD)—O Comando Regional da Sipo e SD (Sicherheitsdienst, a divisão de inteligência da SS) em Stanislawow. A Sipo consistia na Gestapo e na Polícia Criminal (KriminalPolizei, Kripo).

Para seu superior, Krueger era sem dúvida o homem certo para o trabalho: ele havia aderido à SA em 1929 à idade de vinte anos e era assim chamado "alter Kaempfer." Enquanto crescia em sua cidade natal de Posen (Poznan), ele havia visto a "luta cultural" alemã-polonesa; junto com seus pais, ele havia sido expulso pelos poloneses em 1918. Krueger ascendeu rapidamente nos quadros da SA. Em vez de trabalhar na agricultura, para o que ele teve treinamento específico, ele assumiu como um líder de uma "unidade de assalto" SA. Pouco depois de os nazistas tomarem o poder em Janeiro de 1933, Krueger logo era ativo no "combate aos adversários", indicado chefe da Seção Política do campo de concentração de Oranienburg. Depois do Expurgo de Roehm de 1934, e do armamento subsequente da SA, ele também foi demovido, acabando como chefe de seção de um escritório.

Krueger não retornou ao aparato de repressão nazista até 1939, entrando para a Gestapo como um oficial em sua nativa Posen e então em Cracóvia. Aí, também, seu fanatismo nazista e sua crueldade brutal não passaram desapercebidas, e o KdS de Cracóvia o nomeou diretor da Academia Sipo na cidade de Zakopane. Lá ele treinou os ucranianos e outros como futuros funcionários da Sipo, homens que ele depois comandaria em Stanislawow. A grande chance de Krueger veio com o ataque da União Soviética em 22 de Junho de 1941. Schoengarth, chefe da Polícia de Segurança do Governo Geral [Polônia], baseada em Cracóvia, não montou seu Einsatzkommando até uma semana depois, por volta de 29 de Junho. Quase 150 membros da KdS de Cracóvia foram recrutados para essa tarefa, e Krueger era um dos oficiais mais graduados entre eles. Por volta de 4 horas da tarde de 2 de Julho, a primeira coluna de destacamento motorizado entrou em seu destino - Lvov. Ela imediatamente começou a executar sua missão, inclusive confiscando documentos e objetos de arte, mas, mais particularmente, localizando e liquidando "adversários". Um grande pogrom anti-judaico estava estourando em Lvov naquele mesmo tempo, que tirou as vidas de muitos milhares de judeus, mas parece improvável que Krueger estivesse implicado nessa matança.

Logo depois de se estabelecerem em Lvov, Krueger e seus subordinados começaram a procurar e prender membros da inteligência polonesa na cidade, usando oitenta e oito listas preparadas que eles traziam consigo. A primeira vítima, apanhada em 2 de julho, foi Kazimierz Bartel, o ex-primeiro ministro polonês. Durante a noite de 3 de julho, e as primeiras horas de 4 de julho, um total de 23 professores das duas universidades em Lvov foram também apanhados. Todos, menos um, foram subsequentemente levados e fuzilados naquela mesma manhã em um parque de Lvov 5. Não há evidência a ligar Krueger diretamente a estes fuzilamentos, mas ele com certeza estava envolvido na organização do assassinato dos professores de Lvov 6.

Enquanto isso, o "destacamento para propósitos especiais" estava a serviço, fazendo prisões em massa de judeus em Lvov; os apanhados eram detidos por vários dias num campo de lazer na cidade. Em 5 de julho, a maioria foi removida para uma área arborizada nos limites da cidade e foram fuzilados pelos membros dos Einsazkommandos 5 e 6.

Assim, na época em que Krueger chegou em Stanislawow, ele já tinha participado num monte de assassinatos. Mas agora seu oficial comandante, Schoengarth, confiou a ele tarefas muito mais abrangentes. Os detalhes destas ordens, confiando-se no testemunho de Krueger após a guerra, podem apenas ser parcialmente compreendidos, e suas declarações são repletas de mentiras e meias-verdades. Mas é provável que Schoengarth deu a Krueger ordens para liquidar os judeus e a inteligência polonesa em Stanislawow. Além disso, o comandante da Sipo certamente instruiu Krueger para tomar medidas severas contra todos os judeus. Entretanto, é bem certo que, antes do final de agosto de 1941, não havia até o momento nenhuma conversa sobre assassinar a população judaica inteira, incluindo homens, mulheres e crianças:

"Entre outras coisas... Eu recebi a ordem para limpar a área de judeus. Inicialmente, isso significava deportar a população judaica ou concentrá-la em guetos. Um pouco depois, uma diretiva da RSHA deu à <> uma nova interpretação: sua liquidação 7."

No caso do próprio Heinrich Himmler, não foi até 14 de agosto de 1941, que ele emitiu uma diretiva aos líderes superiores da SS e da Polícia (HSSPF) na União Soviética, ordenando-os que matassem todos os judeus, independente de sexo e idade 8.

No início de agosto de 1941, entretanto, a região estava ainda sob soberania húngara. Os húngaros haviam ordenado que os judeus usassem uma braçadeira identificadora com a estrela de davi 9. Mas os militares húngaros não aprovaram nenhum pogrom contra judeus ou mesmo execuções em massa na área sob seu controle e até mesmo evitaram algumas destas ações: "operações isoladas contra os judeus executadas pela milícia. O resultado foi a intervenção imediata dos militares húngaros 10."

Por essa razão, Krueger organizou um fulizamento em massa em Stanislawow em 2 de agosto de 1941, sob o disfarce de "registro da classe mais abastada." Oitocentos poloneses e judeus deram informação à polícia. Destes, 200 trabalhadores bem capacitados foram mandados de volta para casa. O resto foi transportado no dia seguinte para a floresta próxima a Pawelce e foram então secretamente executados pela Polícia de Segurança 11.

Preparações para a "Solução Final da Questão Judaica" no Distrito de Galícia foram iniciadas em Setembro de 1941. De acordo com declarações de Krueger, as ordens correspondentes haviam sido emitidas por Schoengarth antes de ele deixar Lvov em Agosto de 1941. O escritório do KdS, que evoluira do inicial Einsatzkommando para propósitos especiais, esteve operacional na capital do distrito a partir de 1º de Setembro 12. Foi liderado pelo SS-Major [Sturmbannführer] Helmut Tanzmann, que anteriormente havia dirigido a seção de pessoal de Schoengarth. O oficial de comando de Tanzmann era o SS e líder da Polícia na Galícia, SSPF Friedrich Katzmann, designado para Lvov já no final de julho de 1941.

Ainda não ficou claro quem precisamente - Schoengarth, Tanzmann, ou Katzmann - emitiu as ordens exatas para os assassinatos em massa executados na Galícia oriental iniciados em outubro de 1941. Decisões sobre a "Solução Final" por toda a Europa estavam sendo feitas na época em Berlim, tal como aquela para deportações de judeus para o Leste, que chegou em 18 de setembro de 1941 13, e o acordo supostamente concluído em 13 de outubro de 1941 entre Himmler e Odilo Globocnik, o SSPF no distrito de Lublin, para estabelecer os primeiros campos de extermínio 14. Mas a questão permanece: por que eles começaram imediatamente com o assassínio em massa de homens, mulheres e crianças judeus no distrito da Galícia, enquanto nos outros distritos do Governo Geral [N. do T.-Polônia] as autoridades esperaram até que os campos de extermínio estivessem concluídos? Parece que os desejos de Hitler e Himmler estiveram consoantes aqui com as iniciativas em Cracóvia e Lvov, que poderiam ter partido tanto de Schoengarth quanto de Katzmann 15.

Naquele mesmo setembro de 1941, houve discussões extensivas com Katzman e Tanzmann em Lvov, referente à "Questão Judaica".16 Foi decidido que naquela época os chefes dos escritórios na seção sul do distrito - Krueger em Stanislawow, Hans Block em Drohobycz, e em Kolomea, Peter Leideritz, que lá havia expandido a Sipo desde o início de setembro - deveriam começar com a liquidação geral de todos os judeus. Havia várias razões-chave para selecionar estas regiões específicas. Primeiro, elas estavam localizadas na fronteira com a Rutênia (Ucrânia Carpática), anexada pela Hungria às custas da Tchecoslováquia em novembro de 1938 e Março de 1939. Desde julho, os húngaros estavam deportando milhares de judeus não-residentes de seu território através da fronteira para a Galícia Oriental. Aqueles deportados da Rutênia ocupada pela Hungria tornaram-se as vítimas do maior massacre da "Solução Final" até àquela época, perpetrado em Kamenets-Podolsk em 27/28 de agosto de 1941. Tanzmann também ordenou que todos os judeus galicianos que haviam sido capturados pelos guardas de fronteira húngaros enquanto tentavam fugir e fossem enviados de volta para a fronteira fossem fuzilados. Em segundo lugar, um gueto deveria ser estabelecido em Stanislawow, para ser mantido tão pequeno quanto possível. Várias testemunhas, incluindo Kruger, concordaram ao citar este motivo para o assassinato em massa:

"Quando os líderes de vários escritórios foram instalados pelo novo comandante em Lvov, Sturmbannführer Tanzmann, áreas específicas foram designadas, e então foram escritas as regras para o trabalho... Judeus não adequados para envio como trabalhadores tinham que ser fuzilados. Como eles perceberam que tais fuzilamentos não podiam ser organizados repentinamente, o plano era que a área residencial deixada para os judeus deveria ser reduzida progressivamente. O resultado era que um certo número de judeus tinham que ser fuzilados regularmente, porque não havia mais espaço disponível 17."

Com um efetido de apenas vinte e cinco homens à sua disposição, como poderia Hans Krueger ter possivelmente executado essa ordem? O escritório do KdS era responsável pelos condados de Stanislawow, Kalusz 18 e, até a primavera de 1942, a região em torno de Rohatyn. Inicialmente, isto incluía cerca de 9.300 km², e depois 8.800 km², uma região com mais de 700.000 residentes 19. Por esta única razão, o escritório de Krueger achou impossível satisfazer todas as funções variadas e diversas executadas pelo KdS em Lvov, que era auxiliada por um grande efetivo de 400 oficiais de polícia e oficiais.

Em Stanislawow, também, havia a costumeira divisão em administração, Gestapo, Kripo (Polícia Criminal), e SD. Entretanto, a única vez em que as coisas funcionaram de maneira harmoniosa foi quando não havia "operações de larga escala". Mas de outubro de 1941 até o final de 1942, tais Grossaktionen [grandes ações] estavam no topo da agenda. Assim, o escritório basicamente tinha somente duas tarefas com as quais lidar: até o outono de 1942, a liquidação dos judeus; mais tarde, a luta contra a resistência polonesa e ucraniana. Assim, Krueger e seus homens foram muito bem sucedidos em esmagar a Armia Krajowa, a principal resistência armada polonesa, na área de Stanislawow em Novembro-Dezembro de 1942. 20

Krueger agiu com brutalidade relativamente cedo contra as organização de nacionalistas ucranianos; entretanto, isto não desencadeou uma guerra civil até o outono de 1943, depois da formação do Exército Ucraniano de Rebelião (UPA) 21. Durante esta fase, o controle da área gradualmente escorregou das mãos dos ocupantes alemães. Embora a resistência comunista fosse de marginal importância na região em torno de Stanislawow, Krueger mandara matar muitos indivíduos suspeitos de atividade
comunista anterior 22.

Uma tarefa especial do Grenzpolizei-Kommissariat de Krueger, como fora logo designado o escritório de Stanislawow, era assegurar as fronteiras com a Rutênia anexada pela Hungria. Para este propósito, Krueger mandara estabelecer estações de polícia de fronteira em Tatarow e no Desfiladeiro de Wyszkow sob seu comando. O pessoal consistia de um ou dois alemães, junto com vários oficiais poloneses ou ucranianos da Kripo. Eles, também, tiveram parte ativa na matança de judeus em suas áreeas. Como seu comandante Krueger, Rudolf Mueller no Desfiladeiro Wyszkow e Ernst Varchmin em Tatarow eram antissemitas radicais 23. Havia as chamadas estações da Kripo em Kalusz, Dolina, Nadworna, e Tlumacz, mas nestas trabalhavam somente policiais poloneses e ucranianos 24.

Na própria Stanislawow, Krueger comandou um grupo heterogêneo. Foi possível determinar que, no período inteiro de ocupação, um total de cerca de cinqüenta Sipo e SD alemães serviram lá; em qualquer dado momento, havia sempre cerca de vinte e cinco em trabalho ativo. Homens da Gestapo, como Krueger e os chefes Brandt e Erwin Linauer, já experientes em "combater adversários," estavam lá somente para lidar com as funções centrais. Krueger havia trazido consigo Heinrich Schott (ex-Judenreferent) e os etnicamente alemães irmãos Mauer, da Academia Sipo em Zakopane 25. Josef Daus, Kurt Giese, Hans Greve, Wilhelm Hehemann, Walter Lange, Otto Rueckerich, e Kurt Wulkau haviam servido antes na Polícia de Segurança no Distrito de Cracóvia 27. Werner Sankowsky foi transferido para lá depois, na primavera de 1942, do KdS da Galícia. Exceto pelos líderes da Gestapo, estes homens eram todos oficiais não-comissionados, com a patente de "Scharführer" (sargento), não obstante na Galícia Oriental eles tinham o poder de vida e morte sobre dezenas de milhares de pessoas.

Já no verão de 1941, a fim de aumentar seu pessoal, Krueger havia criado uma unidade de romenos e húngaros de etnia alemã, dedicados à Polícia de Segurança. Alguns desses homens depois alçaram ao nível de Scharführer e foram naturalizados como cidadãos do Reich 28. Estas forças auxiliares da Sipo participaram regularmente dos assassinatos em massa.

Mas mesmo essa reserva de pessoal era insuficiente para executar o tipo de "Judenaktionen" em larga escala que havia sido prevista de setembro de 1941 em diante. Para montar tal "operação em larga escala", todos as outras agências alemãs na área de Stanislawow também tinham que ser envolvidas na ação. O mais alto nível de administração civil na região era a Superintendência do Condado ((Kreishauptmannschaft), chefiado em Stanislawow, a partir de setembro de 1941, pelo Kreishauptmann Heinz Albrecht, um oficial da administração de assuntos internos que havia antes ocupado um posto similar em Konskie.

O Superintendente Albrecht era um nacional-socialista comprometido e um anti-semita dedicado, como refletido em seu discurso inaugural entregue na cidade de Rohatyn em 28 de setembro de 1941 29, e reconfirmado em testemunho dado em 1962: "Como um nacional-socialista, eu acreditava então que os judeus eram a causa de todas as nossas desgraças 30."

Emil Beau, o comissário municipal responsável pela área urbana de Stanislawow, foi feito do mesmo tecido que Albrecht em caráter e convicção. Mas bem mair importante para Krueger era a chamada Orpo, a Polícia Regular (Ordnungspolizei): ela era a única corporação que tinha pessoal suficiente à sua disposição. Já em agosto, um contingente da polícia municipal (Schutzpolizei, Schupo), uma subdivisão da Orpo, havia sido despachada para Stanislawow a partir de Viena. Esses oficiais de polícia municipais, investidos da chamada "tarefa especial" (Einzeldienst), eram responsáveis pela área urbana de Stanislawow 31 e supervisionavam a polícia auxiliar ucraniana que tinha sido estabelecidaq por Krueger já em julho 32. A Schupo era liderada por Paul Kleesattel, cujos maus tratos aos poloneses haviam se tornado objeto de um julgamento na SS 33. Maiores que o contingente da Schupo na tarefa especial era o Batalhão de Polícia de Reserva 133 (PRB 133), cujas primeira e segunda companhias estavam estacionadas em Stanislawow.

Subseqüente às discussões de setembro em Lvov, Krueger começou a fazer preparativos para os massacres de judeus em larga escala em Stanislawow. A fim de condicionar seus policiais de segurança para a tarefa que os aguardava, ele primeiro organizou um assassinato em massa em 6 de outubro de 1941, na cidade próxima de Nadworna, como uma forma de "ensaio." Ele também envolveu reforços para Nadworna a partir da estação da Polícia de Fronteira em Tatarow. Todos os judeus receberam ordens para se reunirem no mercado municipal. Membros do Judenrat da cidade e suas famílias foram separados do resto. A polícia moveu todos os outros para uma área arborizada próxima e lá os fuzilou 34. Este massacre em Nadworna, que tirou as vidas e 2.000 homens, mulheres e crianças, marcou o início real da "Solução Final" no Governo Geral 35.

Fonte: Lista Holocausto-Doc
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/4521
Tradução: Marcelo Oliveira


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terça-feira, 14 de agosto de 2007

Como ser um "estudioso" "revisionista"

1. Nunca forneça evidência para suas afirmações. Na verdade, responda a pedidos de evidência do jeito que Drácula responde a crucifixos. Faça tudo o que puder para evitar isso. Lance insultos. Mude de assunto. Ofusque. Ria debochadamente. Alegue que você já deu as evidências ou que outra pessoa já o fez. Mas nunca forneça qualquer evidência você mesmo (a menos que você forneça uma citação incompleta ou incompreensível junto).

2. Cara-Eu-Ganho-Coroa-Você-Perde -- Exija que todas as evidências para o Holocausto sejam provadas genuínas (esquivando-se de qualquer discussão sobre do que aquela prova é constituída), e também exija que todas as suas afirmações não-substanciadas sejam provadas falsas. Desse jeito, você nunca carrega o ônus da prova. (Originalmente postado por Mike Stein)

3. Olá, eu sou um expert em cremação -- Alegue que os 52 fornos de Auschwitz não poderiam ter tido a capacidade de queimar 4.756 cadáveres por dia, porque os crematórios comerciais atuais não têm tal capacidade. Quando for demonstrado a você que não há comparação entre crematórios comerciais comuns e aqueles construídos nos campos, por uma variedade de razões -- ex.: caixões não eram usados, podiam-se queimar mais de um cadáver numa única retorta, etc. -- ignore isto e repita a alegação.

4. E eu também sou químico! -- Expresse uma série de dúvidas e alegações sobre as propriedades do Zyklon-B, o gás usado para matar pessoas nas câmaras de gás de Auschwitz. Por exemplo, alegue que o Zyklon-B não é um agente ideal para gaseamento em massa, e portanto os nazistas não deveriam tê-lo usado e portanto eles *não* o usaram. Melhor ainda, alegue que eles *não poderiam* tê-lo usado porque o gás restante na câmara após os assassinatos teriam matado qualquer um que tentasse entrar nas câmaras para remover os corpos. Quando alguém explicar a você (inúmeras vezes) que algumas das câmaras de gás tinham sistemas potentes de ventilação para remover o gás e em outros casos as pessoas que entravam usavam máscaras de gás, discuta que apesar da ventilação, ainda haveria de alguma forma gás residual suficiente nas câmaras para matar pessoas. Continue exibindo seu manual DuPont por aí, numa tentativa de proteger-se daqueles que sabem mais de química do que você. Também alegue que ventilar o gás teria causado problemas para indivíduos que estivessem na direção do vento. Quando alguém explicar a você que o gás é mais leve que o ar, vá embora silenciosamente ou mude de assunto ou reclame de alguma palavra rude que eles tenham usado contra você.

5. Paus e pedras -- se você está sendo demolido com evidências e raciocínio que você não pode refutar, você pode sempre buscar refúgio reclamando sobra a linguagem sendo usada por seus adversários. Por exemplo, se eles dizem "Eu já expliquei que é necessário menos gás para matar pessoas do que piolhos, e que portanto há menos resíduos de cianureto restantes nas paredes das câmaras de gás [homicidas] que nas paredes das câmaras de despiolhamento, seu idiota", você pode responder reclamando sobre o uso da palavra "idiota". Você pode na verdade sair um pouco da discussão séria gastando um monte de tempo dando palestras ao grupo sobre a linguagem pobre deles. Mas esta abordagem não funciona muito bem na construção de credibilidade. Você pode ver a si mesmo como um árbitro do discurso social, mas você na verdade irá ser dar bem como uma mãe dando bronca para que as crianças se comportem.

6. Oh, desculpe, eu comi o último -- alegue que os judeus e outros prisioneiros não morreram de fome intencionalmente, que eles foram vítimas de escassez como todos os outros. Quando for mostrado a você que nem os guardas do campo nem as pessoas morando na vizinhança dos campos morreram de fome, apenas alegue que isto não prova que havia uma política intencional para matá-los de fome, e que se não há nenhum pedaço de papel com uma ordem assinada para fazer as pessoas morrerem de fome, então nenhuma pessoa morreu de fome.

7. A espiral de infinidade "O Que Isso Significa"? -- Tente manter seus oponentes fora do sério ao mudar ou questionar as definições das palavras constantemente. Por exemplo, se seu oponente declara que historiadores geralmente concordam que 1 milhão de judeus foram mortos nas câmaras de gás de Auschwitz durante o Holocausto, você pode perguntar, o que você quer dizer com "historiador" ou o que você quer dizer com "judeu", ou o que você quer dizer com "concordam"? Numa outra alternativa, quando confrontado com a evidência de que Himmler pediu pela "ausrotten" dos judeus, diga que "ausrotten" não significa realmente extermínio. Quando a prova dessa definição for fornecida por dicionários alemães e falantes da língua alemã do grupo, apenas ignore.

8. Agora você vê, agora você não vê -- Diga que as câmaras de gás nunca existiram porque elas não estão mais de pé. Claro, pela lógica, o Mayflower, Cartago, Zumbi dos Palmares, e grande parte da Muralha da China nunca existiram. Quando isto for mostrado a você, ignore.

9. Kafka Esteve Aqui -- Diga que as câmaras de gás nunca existiram porque não há fotos ou desenhos delas. Quando forem apresentado a você fotos e desenhos, declare que eles não poderiam ser possivelmente fotos/desenhos reais das câmaras de gás porque as câmaras de gás nunca existiram, porque não há fotos/desenhos delas porque elas nunca existiram porque...

10. Diversão Com Números -- Ataque os anti-revisionistas com jogos de números enquanto os convida para entrar no jogo. Por exemplo, diga que a "Indú$tria do Holocau$to" mudou o número estimado de judeus mortos em Auschwitz de 4 milhões para 1 milhão. Quando for mostrado a você que o número de 4 milhões foi dado pelos soviéticos e refere-se ao número total de vítimas, não apenas judeus, e que sempre foi considerado absurdamente inflacionado por historiadores não-soviéticos que nunca saíram do número de 1 milhão para os judeus, apenas repita que a "Indú$tria do Holocau$to" mudou o número de judeus mortos em Auschwitz de 4 milhões para 1 milhão, e que portanto o Holocausto é uma farsa. O objetivo desta tática, é claro, é tentar tornar TODAS as estatísticas questionáveis. Se 4 milhões não é confiável, e você apenas continua revisando os números para baixo até que você chega a zero, e então - puf! - nenhum Holocausto!

11. O Grande Salto -- Esta tática funciona assim: se uma peça de testemunho sobre o Holocausto parece não confiável, então NENHUM testemunho sobre o Holocausto é confiável. Se uma testemunha do Holocausto pode ter mudado de opinião sobre alguma coisa, então TODAS as outras testemunhas são mentirosas. Se alguns prisioneiros dos campos não morreram de fome, então NENHUM deles morreu de fome, etc. Mas seja cuidadoso. Isto é uma faca de dois gumes -- alguém pode usar as mentiras bem-documentadas de outros revisionistas para concluir que VOCÊ também é um mentiroso.

12. Mas Eu Não Sou Anti-Semita -- Tente encontrar exemplos de vícios de algum judeu, e então implique que isto faz com que todos os judeus pareçam maus. Quando lhe for perguntado por que você acha que um judeu representa todos os judeus mas que um cristão não representa todos os cristãos, ignore a pergunta.

13. Coletânea de Idiotices -- Aqui estão algumas alegações rápidas que você pode fazer facilmente, embora lhe seja alertado de antemão que elas o farão parecer um imbecil:
a) Alegue que "os judeus" declararam guerra contra Hilter (seja lá o que isso queira dizer), e que qualquer coisa que ele tenha feito foi um ato de auto-defesa;
b) Sem base em absolutamente nenhuma evidência, alegue que os cadáveres nos fornos de Auschwitz teriam explodido, avariando os fornos e portanto tornando os números de cremação de corpos questionáveis.
c) Diga que por que o Museu do Holocausto em Washington tem um pequeno modelo de uma câmara de gás e não um modelo em tamanho real, isto de alguma forma prova que as câmaras de gás não existiram durante a IIGM;
d) Diga que a existência de um bordel em Auschwitz significa que não poderia haver câmaras de gás lá.

14. Se você não quiser parecer como um palhaço total, há sempre a abordagem pseudo-acadêmica e acima do bem e do mal. Com uma dose enorme de arrogância e superioridade, explique que você não é nem um revisionista nem nenhum outro "rótulo", apenas alguém com um ceticismo sadio sobre tudo, inclusive sobre a história do Holocausto (TODA ela), e que você está conduzindo sua própria pesquisa para determinar por você mesmo se certos incidentes do Holocausto realmente aconteceram. Finja ser totalmente imparcial (apesar da avalanche de evidências do Holocausto que você encontraria a hora em que realmente começasse qualquer pesquisa autêntica), mas nas suas mensagens apenas questione as declarações dos historiadores do Holocausto, e não as dos revisionistas.

15. Como alternativa, alegue que:
a) os judeus nos campos morreram como resultado de bombardeio aliado;
b) os judeus não foram mortos nos campos, mas enviados para a Rússia;
e
c) os judeus nunca nem mesmo foram para os campos, porque a capacidade ferroviária era insuficiente. Quando alguém lhe mostrar que essas alegações são mutuamente exclusivas, e que seria um truque incrível que as bombas aliadas em 1944 resultassem na morte de judeus em 1942, ignore.

16. Quanto ao motivo por trás da "farsa" do Holocausto, alegue que o Holocausto foi inventado próximo do final da IIGM por pessoas que anteviam o estabelecimento do Estado de Israel, e também anteviam que Israel enfrentaria andos de conflito com seus vizinhos, e também anteviam a conseqüente necessidade de ajuda militar e financeira a Israel, e também anteviam a possível oposição pública a tal ajuda, e então eles inventaram uma farsa gigante com milhares de testemunhas fraudulentas e documentos para que aqueles que pudessem se opor à ajuda a Israel se sentissem pesarosos pelos judeus e não se opusessem à ajuda. Quando alguém lhe mostrar que isto é uma total idiotice e que atos de genocídio não abrem automaticamente a "torneira" da ajuda às vítimas, ignore.

17. Embora todos os seus argumentos sejam sistematicamente feitos em pedaços, apenas espere por alguns dias e então poste-os novamente.

18. Lembre-se de que a comunidade revisionista é povoada principalmente por racistas, supremacistas brancos, anti-semitas e nazistas. Isto significa que todos exceto esses tipos de pessoas irão ignorar você. Mas não deixe que isso o intimide. Não deixe que suas distorções e mentiras inconsistentes e hipócritas proibam você de continuar a postar mensagens. Afinal, você está lutando pela verdade (como você gostaria que ela fosse).

Tradução e adaptação: Marcelo Oliveira
Fonte: http://h-doc.vilabol.uol.com.br/howtobe.htm

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