segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Livro: "O Longo caminho" de Henrique Van Biene, um relato do Holocausto
Sinopse:
'O Longo Caminho' narra a história de um menino que enfrentou fome, frio, pobreza, discriminação e perseguição devido à sua origem judia, mas conseguiu chegar à idade madura como um vencedor.
Cruzou o mundo sozinho, trabalhando em diversas profissões, fugindo da guerra e do nazismo, construindo e perdendo famílias, até se firmar no Brasil. Em nosso país, encontrou paz, amor, tranqüilidade, e finalmente um lugar para permanecer, criar os filhos e adotar como lar até a sua "passagem" para a eternidade.
Essa longa trajetória é contada de forma autobiográfica, permitindo que o leitor tenha uma visão sensível de fatos históricos, a partir dos medos, anseios, dúvidas e sonhos de um personagem real. Além das conhecidas histórias dos campos de concentração, Henrique Van Biene leva o leitor a refletir sobre a luta pela sobrevivência num cenário tão hostil.
Para mais informações confiram os links:
Site: http://www.olongocaminho.com.br/
Leia o 1º capítulo em PDF clique aqui
A Saga para publicar o livro clique aqui
A opinião de quem já leu o livro clique aqui
Recomende a um amigo clique aqui
Livro no Faustão - clique aqui
Para comprar na Livraria Cultura - clique aqui
Harry Hoving Jr
Mais informações sobre o livro e dúvidas de como adquiri-lo? Se você tiver twitter entre em contato com o Harry: http://twitter.com/olongocaminho
E-mail de contato: contato@olongocaminho.com.br
Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=65436197
sábado, 26 de fevereiro de 2011
A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 3
Ler antes o texto observação, sobre os erros desta série:
A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 4 (Observação)
Os crimes dos ustashi croatas (NDH)
RATOS EM FUGA. O VATICANO AO FINAL DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Soldado da Ustasha exibe orgulhoso seu macabro troféu, a cabeça decapitada de um chetnik sérvio. |
Quando ficou claro que Zagreb ia ser libertada pelas tropas aliadas, os ustashi tentaron salvar tudo o que puderam. Em fins de abril de 1945, Pavelic, com plena autorização de seu amigo Stepinac, ordenou que fossem levados ao Monastério franciscano de Zagreb trinta e seis cofres com a macabra pilhagem (jóias e dentes de ouro, principalmente) confiscada das vítimas da matança de sérvios, judeus e ciganos.1 Contudo, Pavelic reteve consigo outros treze cofres para assegurar sua fuga e um cômodo retiro.2
Os monjes esconderam o tesouro primeiro na cripta debaixo do altar maior e, mais tarde, num buraco escavado debaixo dos confessionários, onde permaneceu até que fosse recuperado pelas tropas do marechal Tito. Depois de enterrar sua pilhagem, Pavelic partiu sob comando de mil e quinhentos leais em direção à Áustria,3 esperando contar com o amparo dos britânicos e do Vaticano. Mas não contava com o fato de ser feito prisioneiro pelos estadunidenses, que lhe vinham seguindo a pista desde sua chegada à Áustria. Conseguiram prendê-lo próximo de Saizburgo.
Contudo, quando já se estavam ultimando os preparativos para o julgamento por crimes de guerra, Stepinac e o acerbispo de Saizburgo intercederam para que Pavelic fosse posto em liberdade. Finalmente, o criminoso de guerra encontrou abrigo entre os mesmíssimos muros do Vaticano, ainda que sua estada tenha sido curta. Para evitar o escândalo, Pio XII, consciente de que a vitória aliada havia dado um virada à política mundial, convidou Pavelic a ir embada da Santa Sé disfarçado de sacerdote num automóvel com placa diplomática. Pavelic manteve a identidade falsa durante um tempo sob a alcunha de padre Benares ou padre Gómez.4
1. Manhattan, Avro, The Vatican tíolocaust, op. cit.
2. Goñi, Uki, La auténtica Odessa. La fuga nazi a la Argentina de Perón, Paidós, Barcelona, 2002.
3. «Supreme Allied HQ to 6th and 12th Army Groups. Apprehension oí Croat Quislings», 5 de junio de 1945. Documento desclassificado do Exército estadunidense.
4. Aarons, Mark, op. cit.
Os estadunidenses seguiram ao escorregadio Pavelic, mas decidiram não agir por deferência da Santa Sé. Os agentes da contrainteligência militar encarregados do assunto assim esclareciam num relatório:
«Os atuais contatos de Pavelic são a tão alto nível, e sua presente situação tão comprometedora para o Vaticano, que sua extradição poderia supôr-se um problema para a Igreja católica».5Mais ou menos por aqueles fechas, o padre Krunoslav Draganovic, secretário da Confraternidad croata de São Girolamo, que formava parte da Pontifícia Obra de Assistência criada por Pio XII, uma instituição do Vaticano em Roma, recibia da Croácia mais de quatrocentos quilos de ouro6 que deviam ser empregados «na obra de assistência e cuidado pastoral dos prófugos da Croácia». (Quer dizer, para ajudar os antigos ustashi a escapar da Croácia autoridades aliadas em geral e dos partisanos de Tito en particular.) Em honra pela verdade, há que reconhecer que este ouro não era parte da pilhagem das vítimas sérvias e judias, como precisa monsenhor Simcic, atualmente especialista permanente da Comissão Pontifícia Ecciesia Dei, e então colaborador de Draganovic:
Para esta operação beneficente teve a sua disposição dois cajas de lingotes de ouro sacadas pelo Exército em retidada do fronte, ante o avanço dos partisans de Tito. Eram cajas do banco nacional croata, enquanto que os bens sequestrados dos judeus eram administrados pela Divisão do Ministério de Segurança Pública. Eram duas administrações bem distintas.7
5. U.S. Army Counter Intelligence Corps. Destacamento em Roma. 12 de setembro de 1947. Caso número 5650-A.
6. Dorril, Stephen, MI6; Inside the Covert Worid of Her Majesty's Secret Intelligence Service, Touchstone, Nueva York, 2000.
7. «Aonde foi parar o ouro dos croatas? Fontes vaticanas acusam os Estados Unidos de superficialidade histórica». Agência Zenit, 5 de junho de 1998.
A OPERAÇÃO BENEFICENTE
Em 31 de julho de 1942. Os Ustashas matam na igreja ortodoxa em Sadilovac, Kordun, 314 adultos sérvios e 149 crianças sérvias abaixo dos 14 anos. Mataram as crianças em frente da parede da igreja. |
Houve um momento em que não menos de trinta antigos ustashi, incluindo o próprio Draganovic, congregaram-se no seminário de São Jerônimo (San Girolamo degli Illirici), cinco dos quais, incluindo um sacerdote, estavam na lista dos criminosos de guerra mais procurados." Outros se encontravam refugiados em diferentes instituições católicas, como o Instituto Oriental. Existem, de fato, relatórios confidenciais dos serviços de inteligência estadunidenses da época em que eles, sem rodeios, qualificava o seminário de São Jerônimo como quartel general do que restava dos ustashi.12 Os serviços secretos aliados não podiam fazer nada, já que San Girolamo, apesar de encontrar-se fora das muralhas do Vaticano, tinha status de território da Santa Sé.
8. Loftus, John e Aarons, Mark, The Secret War against the Jews: How Western Espionage Betrayed the jewish People, St. Martin's Griffin, Nova York, 1997.
9. Headden, Susan, Hawkins, Daña e Rest, Jason, «A vow oí silence», U. S. News and Worid Report, 30 de março de 1998.
10. Cockburn, Alexander e St. Clair, Jeffrey, Whiteout: The CIA, Drugs and the Press, Verso, Londres, 1998.
11. Phayer, John Michael, The Catholic Church and the Holocaust, 1930-1965, Indiana University Press, Bloomington, 2000.
12. «Rome Área Allied Command to the CIC», 8 de agosto de 1945. Documento desclassificado do Exército estadunidense.
O hóspede mais ilustre de São Jerônimo foi Klaus Barbie, O Carniceiro de Lyón, que lhe foi entregue a Draganovic na estação de trens de Gênova por oficiais de inteligência norte-americanos, que esperavam sacar partido de Barbie no futuro. Draganovic obteve documentos da Cruz Vermelha com o apelido falso para ele e sua família. Barbie e outros nazis embarcaram de Gênova, em março de 1951, com destino a Buenos Aires, para mais tarde transladar-se à Bolívia. E é que em começo de 1948, segundo iam tensando as relações com a União Soviética, britânicos e estadunidenses começaram a olhar com melhores olhos as operações de encubrimento do Vaticano, já que alguns dos fugitivos possuiam conhecimentos técnicos, científicos, militares e de inteligência que podiam ser de grande ajuda durante a guerra fria.
De fato, os estadunidenses estabeleceram sua própria operação de contrabando de criminosos de guerra - sob o nome de Operação Paperclip —, mediante a qual fizeram com os serviços de cientistas de primeira linha, como Werner von Braun, que deveria ter sentado no banco de Nuremberg por seus experimentos com seres humanos no centro de investigação aeronáutica de Peenemunde (Alemanha), ou o general Reinhard Gehien, que acabou ocupando um posto da máxima relevância na CIA antes de tomar posto nos serviços de inteligência da República Federal da Alemanha.
Soldados Ustasha ostentam cabeça decapitada do sérvio Jovan Blaženović. A prática brutal de cortar cabeças e ostentá-las como prêmio foi uma prática marcante da Ustasha. |
Draganovic também colaborou com o governo argentino para possibilitar a chegada nesse país dos técnicos que o diseñador alemão Kurt Tank necessitava para a fábrica de aviões de Córdoba. Estes também receberam passaportes da Cruz Vermelha e foram alojados no convento de monjas Centocelle até que tomassem um avião da Frota Aérea Mercante Argentina com destino à Buenos Aires. (A título de curiosidade, diremos que aqueles refugiados que estiveram se escondendo em conventos religiosos o fizeram, em sua maioria, disfarçados de monjas. Tanto é assim que em diversos conventos se pode comprovar um súbito aumento no número de irmãs, muitas delas com graves problemas hormonais a julgar pelo rudo de sua voz e suas ademanes, assim como por sua vello facial.) Contudo, este grupo levava consigo um regalo «surpresa»: nem mais nem menos que o criminoso de guerra Gerhard Bohne, encarregado do programa de eutanásia do Reich.
Assim, toda uma galeria de sinistros personagens, desde Pavelic a Adolf Eichmann, conseguiu suas passagens até a Argentina através da Santa Sé. No caso concreto de Pavelic, Draganovic fez uma exceção e, depois de proporciona-lhe um flamante passaporte da Cruz Vermelha, acompanhou-lhe pessoalmente até Buenos Aires junto a um nutrido grupo de antigos camaradas ustashi.
Entre os que escaparam também havia alguns - poucos - heróis de guerra genuínos que não foram perseguidos por seu extraordinário zelo no campo de batalha, como o coronel Hans Rudel, que nos comandos de seu bombardeiro Stuka destruiu mais de quinhentos tanques soviéticos e afundou vários barcos. Perdeu uma perna em combate, mas isso não foi impedimento para seguir lutando até o fim da guerra. Rudel era procurado pela União Soviética e apareceu em Bariloche, onde de imediato se fez conhecido por suas grandes qualidades como esquiador.
O MÉDICO HOMOFÓBICO
Outros não tinham um passado tão glorioso, como o doutor Kari Vaernet, famoso pelos «experimentos» que realizava com homossexuais no campo de concentração de Buchenwald, onde, entre outras coisas, dedicou-se durante uma temporada à castração de gaus para substituir seus testículos por bolas de metal. Chegando à Argentina, o homofóbico doutor passou a trabalhar para o Ministério da Saúde e manteve uma consulta na rua Uriarte em Buenos Aires. Os nazis de segundo escalão, sem os recursos nem os contatos necessários para desfrutar dos serviços da peculiar «agência de viagens» que extraoficialmente funcionava em São Jerônimo, tiveram que arreglárselas por sua conta e terminaram espalhados em países tão diversos como Espanha, Síria, Egito, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Brasil, Canadá e Austrália. Entre uns e outros, calcula-se que não menos que trinta mil fugitivos conseguiram evitar a ação da justiça.
Os serviços secretos estadunidenses sempre suspeitaram que os nazis obtinham os passaportes do Vaticano que lhes permitiam instalar-se em seu retiro de ouro sulamericano previamente pago por um montante não precisamente barato.13 Por outro lado, não todo este dinheiro acabava nos cofres da Igreja. Documentos do Departamento de Estado estadunidense desclassificados em 1998 assinalam que o padre Draganovic se enriqueceu pessoalmente com sua «operação beneficente», cobrando grandes quantidades a aqueles os quais eram fornecidos a documentação falsa.
Os serviços de inteligência estadunidenses batizaram o corredor de fuga que o Vaticano facilitou a nazis e antigos ustashi de "ratline", Linha de ratos,14 um termo náutico que se refere aos ratlines, «os barbantes horizontais que, ligados às mortalhas, como a meio metro de distância entre si e em toda a extensão de exárcias maiores de gávea, servem de degraus à marinharia para subir e executar as manobras no alto dos mastros».15
13. Aarons, Mark e Loftus, John, Ratlines, William Heinemann, Londres, 1991.
14. «The Fate of the Wartime Ustashi Treasure», relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Junho de 1988.
15. Dicionário da Real Academia Espanhola.
Quer dizer, a última parte do barco que afunda quando a embarcação naufraga. O uso deste termo para designar as operações que se realizaram e as redes que se estabeleceram para o resgate de alguns dos assassinos mais sanquinários da história europeia não poderia ter sido mais apropiado.
Existem documentos argentinos que mostram que, em 1946, o monsenhor Giovanni Battista Montini entrou em contato, pelo menos duas vezes, com o embaixador da Argentina, junto à Santa Sé. Na segunda ocasião, transmitiu-lhe a preocupação do Papa por "todos os católicos, impedidos de regressar às suas casas por causa da probabilidade de serem objeto de perseguições políticas", propondo a elaboração de um plano de ação conjunta entre a Argentina e a Santa Sé. Em nenhum destes documentos existem referências específicas sobre a exclusão do dito plano dos responsáveis por crimes de guerra.
Outro dos personagens importantes desta trama foi o bispo austríaco Alois Hudal bispo, que em 1948 escreveu a Juan Domingo Perón lhe pedindo cinco mil vistos para soldados alemães e austríacos. Se conta a anedota de que durante uma c elebração de Natal em 1947, Hudal disse a um grupo de cerca de duas centenas de fugitivos nazistas escondidos sob sua proteção no Vaticano: « Podem confiar que a polícia não lhes encontrará: não é a primeira vez que pessoas se escondem nas catacumbas de Roma ».
O mecanismo para obter vistos funcionava de maneira simples: a secretaria de migração argentina outorgava uma permissão de desembarque sob um suposto nome ao solicitante, com o qual o fugitivo obtinha da Cruz Vermelha um «documento de viagem». Logo, não tinha mais que solicitar um visto no consulado argentino e se submeter a uma «certificação de identidade» ao chegar à Buenos Aires. Em 1949, Juan Domingo Perón decidiu que nem ao menos haveria porque se preocupar com as aparências e aprovou uma anistia mediante a qual aqueles que ingressaram com nome falso no país poderiam recuperar sua identidade. Graças a ele, os fugitivos mais procurados do mundo conseguiram iniciar uma nova vida livre de preocupações. Entre estes criminosos de guerra estava Erich Priebke, membro dasa SS em Roma, acusado da matança de 335 pessoas das Fosas Ardeatinas, que escapou sob um nome falso, e recuperou sua identidade em 1949 e viveu como cidadão modelo em Bariloche, até que uma equipe da televisão norteamericana o descobriu em 1995, precipitando sua extradição para a Itália.
Foi durante este processo que entrou em cena Licio Gelli, um dos personagens chave dos manejos menos confessáveis do Vaticano na segunda metade do século XX. Gelli tinha o perfil ideal para participar da operação de exportação de nazis, já que não só havia sido oficial e intermediário junto à Divisão SS Hermann Goering, senão que além disso contava com múltiplos contatos na máfia, muito úteis na hora de tirar um homem da Itália burlando a curiosidade das autoridades ou lhe fornecer toda a sorte de documentação falsa.16 Há indícios de que Gelli pode atuar nessa época como intermediário entre os elementos italianos das ratlines e a ODESSA e a Die Spinne (A aranha), as duas organizações clandestinas dos antigos nazis que administravam a fuga e recolocação de criminosos de guerra.
16. Yailop, David, op. cit.
ESPERANDO A CAVALARIA
Enquanto isso, na Croácia, Stepinac havia convocado uma conferência de bispos em Zagreb que teve como resultado a proclamação de uma carta pastoral na qual os bispos incitavam a população a se levantar com as armas contra o novo governo do país. Os ustashi que não haviam sido executados ou que não haviam fugido do país se reuniram no campo formando uma organização terrorista com o eloquente nome de "Os Cruzados". A bandeira da organização foi consagrada na capela de Stepinac. Muitos sarcedotes e monjes formavam parte da organização, bem como militantes armados, bem desempenhando serviços de espionagem e comunicação. Muita da informação recolhida por estes clérigos espiões terminou em poder dos serviços secretos estadunidenses através do Vaticano.17
A colaboração entre os estadunidenses e os rebeldes ustashi não é de se estranhar se tivermos em conta que estes últimos esperavam uma intervenção norteamericana na Croácia. O próprio Stepinac estava convencido de que cedo ou tarde isto iria acontecer.18 Talvez Stepinac tinha motivos para pensar assim. No fim das contas, por aqueles dias, Pio XII mantinha uma relação mais fluída com a cúpula militar estadunidense estadunidense. Basta um exemplo: em um só dia de junho de 1949 o papa recibeu em audiências sucessivas a cinco generais estadunidenses de primeira linha.
17. Manhattan, Avro, The Vatican Holocaust, op. cit.
18. New Statesman & Nation. Londres, 26 de outubro de 1946.
Fonte(livro): Biografía no autorizada del Vaticano; capítulo 5
Autor(livro): Santiago Camacho
Tradução(do original em espanhol): Roberto Lucena
Fotos de atrocidades da Ustasha e de outros massacres nos Balcãs(atenção, as fotos são fortes):
http://sokolac.slavicnet.com/sokolac/sokolac_history2_forum.html
http://www.srpska-mreza.com/History/ww2/book/Lukajic/Father-Satan.html
Partes anteriores:
A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 1
A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 2
Sobre os erros do texto, observação:
A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 4 (Observação)
Destaque: texto mais detalhado sobre a Ustasha, do historiador Dusan Batakovic
Ver também:
1. A Ustasha (no blog avidanofront.blogspot.com do Daniel)
2. Holocausto na Croácia - parte 1
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Historiadores e “revisionistas”, por Richard J. Evans
"Historiadores respeitáveis e profissionais não suprimem partes de citações de documentos que vão contra o seu próprio caso, mas levam-nas em conta, e se necessário alteram o seu caso em conformidade. Eles não apresentam como verdadeiros o que sabem serem falsos só porque estas falsificações ocorreram para mostrar o que eles estão dizendo. Eles não inventam de forma engenhosa, mas implausível e totalmente incompatível com a razão, para desconfiar de documentos verdadeiros porque esses documentos são contrários aos seus argumentos, novamente, alteram seus argumentos se este for o caso, ou mesmo os abandona completamente. Eles conscientemente não atribuem suas próprias conclusões a livros e outras fontes, que de fato em uma inspeção mais próxima da verdade, diz o contrário. Eles não procuram avidamente os valores mais elevados possíveis em uma série de estatísticas, independentemente de sua fiabilidade ou não, simplesmente porque eles querem, por qualquer razão, maximizar o valor em causa, mas sim avaliar todos os dados disponíveis imparcialmente o quanto possível, afim de chegar a um número que irá suportar o exame crítico dos outros. Eles não traduzem mal fontes de línguas estrangeiras afim de torná-las mais úteis para eles próprios. Eles não inventam palavras, frases, citações, incidentes e eventos para os quais não há evidência histórica afim de apresentar os seus argumentos mais plausíveis."
Fonte: Holocaust Denial On Trial
Link: http://www.hdot.org/en/trial/defense/evans/6
Link (antigo): http://www.holocaustdenialontrial.org/en/trial/defense/evans/6
Tradução: Leo Gott
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Fotos do Leste Alemão
Der Weltanschauungskrieg in Photos und Texten, editada por Klaus-Michael Mallmann, Volker Rieß, Wilhelm Pyta, 2003 Wissenschaftliche Buchgesellschaft, Darmstadt) contem transcrições de numerosos documentos (cartas, relatórios, anotações em diários, actas de depoimentos), principalmente do lado alemão, relacionados com a guerra de extermínio que a Alemanha nacional-socialista travou na Europa do Leste. Também contém uma série de interessantes fotografias relacionadas com essa guerra.
Estas fotografias, algumas das quais serão mostradas a seguir, são notáveis porque os editores se deram ao trabalho de informar os seus leitores, num anexo à sua coleção de documentos, onde (geralmente em arquivos alemães) tinham encontrado cada foto e o que tinham conseguido apurar quanto à sua proveniência. Por este motivo, no que respeita as fotografias adiante reproduzidas, traduzi não apenas a legenda, mas também a referência e o comentário no referido anexo.
As fotos reproduzidas em baixo podem ser ampliadas clicando nelas. Algumas das fotos são bastante gráficas, e por tanto não recomendadas para pessoas sensíveis.
Legenda: "Foto 16: Dünaburg (Daugavpils/Dvinsk): Judeus com guardas letões a caminho de suas execuções, Julho/Agosto 1941."
Referência e comentário:
16. BAL[= Bundesarchiv-Außenstelle Ludwigsburg, Arquivos Federais Alemães, Dependência de Ludwigsburg], 319 AR-Z 10/70, Suplemento 1, Foto 2. Esta foto, junto com outras 15, foi deixada por Franz H. para reprodução à polícia, que fez um dossier com as fotos. H. deixou ainda as suas anotações no diário (vide acima, Vol. 1, folha 189, Suplemento 2 e Capítulo III.6 deste livro). A legenda é baseada na legenda no dossier, nas anotações no diário e no depoimento de H. em 17.10.1970 (vide acima, Vol. 1, folha 178-188).
Legenda: "Foto 18: Enforcamento em Staraya-Russa, início de Setembro de 1941."
Referência e comentário:
18. BAL, 319 AR-Z 10/70, Suplemento 1, Foto 4. Vide Nota 16. A descrição escrita à máquina na dossier de fotos feito pelo LKA [= Landeskriminalamt, Autoridade Federal de Investigação Criminal] Nordrhein-Westfalen, menciona vítimas judias; no entanto as anotações no diário de H. não confirmam esta informação.
Legenda: "Foto 20: Judeus polacos mortos, primavera de 1942."
Referência e comentário:
20. StAL[= Staatsarchiv Ludwigsburg, Arquivo Estatal Ludwigsburg], EL 48/2 I, Bü 1353. Esta foto, junto com 5 outras, foi enviada por Ferdinand Welz (1907-1945) aos seus pais da frente com uma carta datada de 9.5.1942 (vide acima; cf. BAL, 10 AR 1494/62), da qual se imprime um extrato.
[Extrato na página 31, minha tradução]
(extrato) Carta de Ferdinand Welz, membro de uma unidade anti-aérea da força aérea, aos seus pais, datada de 9.5.1942
"Junto para vocês algumas imagens, que espero não vos façam enjoar. Sim, aqueles são judeus. Para eles acabou o sonho de destruir a Alemanha. Se conseguirem olhem mais de perto para estas imagens, há muito para descobrir lá. Mas não as mostrem a toda a gente e mantenham-nas em bom estado para mim, porque já não tenho as películas. No entanto dá para ver nestas imagens que há muita coisa para se vista por aqui quando se tem a oportunidade."
Legenda: "Foto 36: 'Represália colectiva' em Rozanka, 28 de Junho de 1941."
Referência e comentário:
36. BAL 202 AR-Z 40/70, Vol. 1, folha 19; cf. depoimentos de três membros da 1ª Companhia da Secção Médica da 5ª Divisão de Infantaria, que chegou a Rozanka imediatamente após o fuzilamento (vide acima, folhas 2, 6, 37f.).
Legenda: "Foto 43: Gueto de Riga."
Referência e comentário:
43. Procuradoria de Hamburgo, Dossier de fotos 141 Js 534/60 contra Maywald e outros (Complexo Riga), LO[= Dossier Leitz] 1, Parte A, Foto 66. Contrariamente ao que consta no verso do LO falta um ordenamento contínuo das folhas. Trata-se de uma coleção alterada pela última vez em 1984 de fotos retiradas dos arquivos principais, às vezes sem referência exata. As fotos na Parte A são precedidas pelo depoimento datado de 16.5.1975 de Efraim J., um judeu que viveu em Riga até ao fim da guerra, quem identificou a Foto 66 como mostrando "o gueto de Riga com habitantes judeus do gueto".
Legenda: "Fotos 44-45: Vala em massa na Floresta Bikernieki Forest perto de Riga."
Referência e comentário:
44. Vide acima, Parte C., folha 37. Não existe mais informação neste sítio; cf. Nota 43.
Legenda: "Foto 45"
Referência e comentário:
45. Vide acima, folha 38. Anteriormente publicada por Bernd Schmalhausen: Dr. Rolf Bischofswerder, Leben und Sterben eines jüdischen Arztes aus Dortmund, Bottrop-Essen, 1998, página 81, com a legenda "Vala em massa com judeus assassinados na Floresta Bikerniki".
Legenda: "Foto 46: Gomel: Prisioneiros de guerra soviéticos numa vala em massa, inverno de 1941/42."
Referência e comentário:
46. BAL, Secção de Documentação, dossier de fotos do LKA Baden-Württemberg (sem mais designação), folhas não ordenadas, bem como 10 AR 783/62 (com originais). Cf. StAL, EL 48/2, Bü 64. As fotos, 15 em total, foram encontradas por acaso durante uma ação de busca. Provêm da viúva de um membro do Landesschützenbataillon 432, que vigiou o Dulag [= Durchgangslager, campo de trânsito para prisioneiros de guerra] 121 em Gomel de 10.11.1941 até ao verão de 1944 (cf. BAL, 319 AR-Z 86/70, Vol. 2, folha 38). A foto provavelmente mostra uma cena da grande mortandade em massa dos prisioneiros de guerra.
Legenda: "Foto 47: Removendo um prisioneiro de guerra morto, inverno de 1941/42."
Referência e comentário:
47. Vide acima.
Legenda: "Foto 64: Execução em massa na área do Destacamento Especial 8."
Referência e comentário:
64. BAL, 202 AR-Z 81/59 b, Vol. 2, folha 495, carta do Escritório Central de Dortmund à ZStL [= Autoridade Central das Administrações Judiciais dos Estados Federais em Ludwigsburg] datada de 2.1.1964 com envelope afixado. Segundo esta carta, a foto tinha sido entregue por Werner Schönemann, Subcomandante do EK [= Einsatzkommando, Destacamento Especial] 8.
Legenda: "Foto 71: Regimento de Cavalaria 2 das SS: Judeus abatidos perto de Pinsk, inícios de Agosto de 1941."
Referência e comentário:
71. Propriedade particular de Werner Müller (Colônia). Cf. Erich Mirek: Enthüllung faschistischer Grausamkeiten, em: In den Wäldern Belorußlands. Erinnerungen sowjetischer Partisanen und deutscher Antifaschisten, Berlin (RDA) 1984, pp. 175-179.
Legenda: "Foto 81: Durchgangslager 150: os papéis de prisioneiros recém chegados são queimados."
Referência e comentário:
81. BAL, 319 AR-Z 10/70, Suplemento 1, Foto 15; vide Nota 16 para mais detalhes.
Legenda: "Foto 82: Prisioneiros de guerra mortos no Durchgangslager 150 em Dubovitsi, Novembro de 1941."
Referência e comentário:
82. Vide acima, Foto 16; vide Nota 16 para mais detalhes.
Fotos de atrocidades alemãs eram frequentemente tiradas por membros das forças alemãs como recordações privadas. Soldados alemães na Frente Leste também às vezes fizeram filmes amadores, alguns dos quais são apresentados na exposição permanente do Deutsch-Russisches Museum em Berlim-Karlshorst. Tais filmes principalmente mostram a luta contra a lama e o inverno na Rússia, companheiros sorridentes e cenas inócuas da vida diária do soldado, mas também contêm as imagens visíveis nas seguintes captações das gravações de vídeo que fiz no museu em Fevereiro de 2009:
O cartaz na captação do meio diz o seguinte: "Diese Juden haben gegen die deutsche Wehrmacht gehetzt", o que traduz "Estes judeus agitaram contra a Wehrmacht alemã".
A série de captações a seguir, também gravadas no museu de Berlim-Karlshorst, não está necessariamente relacionada com uma atrocidade cometida pelas forças alemãs. No entanto, estas imagens de mulheres russas, bielorussas ou ucranianas arrastando um cadáver pela lama são uma viva ilustração das terríveis condições sob as quais a população civil soviética vivia e morria nos territórios ocupados pela Alemanha nazi.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Documentário de Hitchcock sobre o Holocausto - Liberação dos campos de extermínio, série de I-IV
Parte I | Parte II |
Parte III | Parte IV |
Com uma ajuda do site The Holocaust History Project que organizou os vídeos do Youtube em uma página só:
http://www.holocaust-history.org/multimedia/liberation/
Morreu Raymond D'Addario, o fotógrafo do julgamento de Nuremberg
Fotografia dos banco dos réus no Julgamento de Nuremberg (Reuters) |
Raymond D’Addario, foi membro da equipa do serviço de imagens militares que em 1945 documentou o Tribunal Internacional de Nuremberg e viu as suas fotografias serem disponibilizadas de forma gratuita, em todo o mundo, aos diários e revistas da época. As imagens figuram foram ainda utilizadas em vários livros de história.
Entre os seus trabalhos mais famosos encontram-se o do palanque do tribunal de Nuremberg com os réus, membros do partido nazi acusados de crimes contra a paz, contra a humanidade e crimes de guerra, cercados pela polícia militar, devidamente uniformizada com os seus capacetes brancos e as mãos nas costas em posição firme.
Do portefólio do fotógrafo destacam-se ainda as fotografias dos principais responsáveis do Holocausto. Hermann Goering, braço direito de Hitler, Rudolf Hess, secretário particular de Rusolf Hess, Joachim von Ribbentrop, ministro dos Negócios Estrangeiros, e Albert Speer, ministro do Armamento, que constam na lista dos condenados no histórico julgamento fotografado por Raymond D'Addario, pelos crimes cometidos durante a Segunda Guerra Mundial.
17.02.2011 - Por Andreia Montez
Fonte: Público(Portugal)
http://www.publico.pt/Cultura/morreu-raymond-daddario-o-fotografo-do-julgamento-de-nuremberga_1480797
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Descendentes de nazis e do Holocausto reunidos no mesmo filme
Maria Luiza Rolim(http://www.expresso.pt/), com agências
Quinta feira, 10 de Fevereiro de 2011
Em Crianças de Hitler, Monika Goth diz que perguntou à mãe quantos judeus o pai, Amon Goth, matou |
Pela primeira vez, num mesmo filme, as gerações pós-guerra encontram-se. O palco dos confrontos é Auschwitz. O filme "Crianças de Hitler" estará concluído até ao final deste ano. Os interessados poderão participar na sua produção, bastando para isso comprar, por antecipação, uma cópia do documentário, em suporte DVD, que será enviada posteriormente pela Maya Productions.
"Fascinantes familiaridades"
Chanoch Zeevi, realizador também de "Nadia's Friends", confessa ter encontrado "fascinantes familiaridades" entre os filhos da segunda geração do Holocausto. Ou seja, entre os descendentes dos líderes nazis - um pequeno grupo de homens e mulheres alemães que aceitaram falar sobre a vergonha pelos crimes cometidos pelos seus pais, tios e avós, e sobre como descobriram a verdade sobre o Holocausto -, e os que descendem das vítimas do genocídio.
Chanooch Zeevi, cujos avós morreram num campo de concentração nazi, diz que quando teve a ideia do filme "nessa noite não consegui pregar o olho. Sentia-me como uma criança que levou uma tareia. Primeiro, tentamos fazer algo para minorar a dor, mas depois tomamos consciência de que é preciso ir atrás de quem nos bateu. Entendemos que devemos sempre ouvir o outro lado. Os sobreviventes podem não ter forças para o fazer. mas os descendentes têm. E esses encontros ajudam-nos a seguir em frente".
O realizador Chanoch Zeevi prevê que o seu filme vá ser duramente criticado em Israel. "Muitas pessoas defendem que nos devemos concentrar apenas nas vítimas. Nunca ouvi nenhuma história do lado nazi, qual era o papel exato de cada líder, quais eram as sua responsabilidades e quanta influência Hitler tinha sobre eles, Na minha ótica, é impossível entender o Holocausto sem tentar ver de onde vieram as raízes do mal e como elas cresceram".
Zeevi confessa que não foi fácil conseguir pessoas dispostas a dar a cara. "Muitas, simplesmente desligaram o telefone. Ainda há quem se orgulhe desse passado e defenda a ideia nazi".
Descendente nazi casa com judeu
Mais de 60 anos depois da II Guerra Mundial, outro dos protagonistas do documentário, Ricardo, filho de Adolf Eichmann, disse que simplesmente não consegue compreender porque o seu pai se tornou o "arquiteto" do Holocausto.
O passado também dominou a vida de Niklas Frank, que também dá o seu depoimento. O afilhado de Hitler e filho de Hans Frank - que foi chefe do governo na parte ocupada da Polónia e responsável pelos campos de extermínio no país -, dedicou boa parte do seu tempo a pesquisar e a escrever sobre o seu pai, e hoje faz conferências e palestras sobre o tema para jovens alemães.
"Sinto-me responsável pelas ações do meu pai, envergonho-me delas. Não posso amar um pai que fez o que ele fez. Existem duas maneiras de sobreviver como filho de um criminoso de guerra: defendê-lo até ao fim como o fazem os meus irmãos mais velhos, ou confrontar as suas ações e admitir: sim, o nosso pai foi um assassino", diz Niklas Frank no documentário.
O filme mostra, ainda, o confronto de Monika Hertwig, filha de Amon Goeth -chefe de Plaszów, campo de concentração, imortalizado no filme "Lista de Schindler", de Ralf Fiennes -, com um homem que lhe diz que o seu pai matou mulheres e crianças "por desporto". Durante muito tempo, ela acreditava que o pai tinha sido um soldado comum, que morrera no front russo. Amon Goeth foi julgado em 1946 e condenado à forca. Monika conta, ainda, como conheceu, aos 13 anos, o primeiro judeu.
Muitas outras histórias de vida são mostradas no documentário de Zeevi. Como a de Katrin Himmler, sobrinha-neta de Heirich Himmler, o segundo na lista abaixo de Hitler no Terceiro Reich.
Katrin casou-se com um judeu, israelita, filho de sobreviventes polacos, e confessa que isso ainda hoje provoca admiração.
Betina Goering, que laqueou as trompas aos 30 anos por não desejar ter filhos que perpetuassem o sangue nazi, disse que o seu pai, falecido em 1981, nunca conversou com ela sobre o Holocausto. Nem sobre o seu tio, Hermann Goering, condenado à morte em 1946 junto com outros 11 pelo Tribunal de Nuremberga, mas que acabou por se suicidar.
Já a sua avó, Edda Goering, afilhada de Hitler, adorava o pai. "Recordo-me de estarmos a assistir a um documentário na televisão sobre o Holocausto e de ela ter dito que (o genocídio) não passava de uma mentira, que nada daquilo tinha acontecido", acrescentou Betina, que vive atualmente em Santa Fé, Novo México, onde é naturopata.
Fonte: Expresso(Portugal)
http://aeiou.expresso.pt/descendentes-de-nazis-e-do-holocausto-reunidos-no-mesmo-filme=f631127
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Fotos do Holocausto
Atualização dos posts antigos:
Documentação fotográfica de crimes nazis (2ª edição)
Posts originais:
Documentação fotográfica de crimes nazis (1ª parte)
Documentação fotográfica de crimes nazis (2ª Parte)
Projeto Google/Yad Vashem, milhares de fotos online do Holocausto
http://holocausto-doc.blogspot.com/2011/02/holocausto-google-yad-vashem-fotos.html
Fotos da Life sobre o Holocausto no Google Images
http://holocausto-doc.blogspot.com/2009/01/fotos-da-life-sobre-o-holocausto-no.html
Fotos inéditas do Holocausto no USHMM
http://holocausto-doc.blogspot.com/2007/09/fotos-inditas-do-holocausto.html
Outras séries de fotos:
Fotos do Leste Alemão
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 1
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 2
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 3
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Holocausto na Eslováquia - Monsenhor Josef Tiso
Em três meses o presidente da Eslováquia, Monsenhor Tiso enviou 60% dos judeus do país à morte na Alemanha.
Este artigo faz parte de uma série que segue o título: A Shoá em perspectiva.
Texto de Marc-André Charguéraud
Idées reçues, paradoxes, polémiques, pages oubliées
Cordialmente, Marc-André Charguéraud
Encontre também no meu blog os artigos recentemente publicados.
A Shoah revisitada (http://la.shoah.revisitee.org/)
Hitler e Monsenhor Tiso |
As testemunhas não tinham nenhuma ilusão sobre o destino dos judeus. Mgr. Guiseppe Burzio, o agente diplomático do Vaticano na Bratislava, telegrafou à Roma em 9 de março de 1942, o primeiro-ministro Vojtekh Tuka confirmou-lhe « a deportação de 80.000 pessoas na Polônia a mercê dos alemães e uma condenação de grande parte a uma morte certa ».[3] Simultaneamente Mgr. Angelo Rotta, núncio em Budapeste, escreveu a Pio XII : (os deportados) estão condenados « a uma destruição certa e à morte. Eles colocam suas esperanças e confiança em Sua Santidade. »[4] Logo após o início das deportações, o Vaticano reagiu. Ele não se comprometeu e só enviou duas notas de âmbito limitado para Tuka. Roma explicou que é um erro pensar que os judeus foram enviados ao governo central para o Departamento de trabalho: eles estão sendo exterminados.[5]
O governo eslovaco não pode alegar ignorância. Os alemães lhe pediram 20.000 trabalhadores robustos e ele ofereceu 20.000 judeus e insistiram para que suas famílias os acompanhassem. E os trabalhadores, as crianças e os idosos que parem? As autoridades eslovacas querem ter certeza de que esses judeus jamais retornem à Eslováquia. Para obter o acordo com os alemães, eles vão pagar 500 Reichsmark por cada judeu deportado.[6] É a única vez na Europa que um país paga aos nazis para que eles se livrem permanentemente de seus judeus.
A Eslováquia era profundamente antissemita. Em 9 de setembro de 1941, seu Parlamento adota um « Código judaico » que incorporava todas as medidas antijudaicas alemãs. Ele excluia a maioria dos judeus da vida econômica, política e social do país. Os alemães aplaudiram, sublinhando que este código foi publicado por « um Estado dirigido por um padre católico ».[7]
Em 26 de abril de 1942, uma carta pastoral publicada por bispos da Eslováquia repetia as velhas acusações: « A influência judia é perniciosa (…) não somente economicamente mas também nas esferas culturais e morais, eles prejudicam nossos fiéis. »[8] Em consequência os bispos não se opõem « aos atos legais do governo na tomada de medidas visando eliminar a influência nefasta dos judeus »[9] Isso encorajou o governo a avançar.
O primeiro-ministro Tuka é a imagem do país. Suas declarações antissemitas rivalizavam com a dos nazis. « Minha missão é de livrar a Eslováquia desta praga... os judeus são uma raça insociável, inassimilável; são elementos perniciosos e nocivos que devem ser eliminados sem serem levados em conta... para liberar a Eslováquia da peste hebraica, Pour libérer la Slovaquie de la peste hébraïque, não existem outros meios que não a deportação forçada em massa ».[10]
Monsenhor Tiso está na mesma onda. Em um discurso, em 15 de agosto de 1942, ele acrescenta uma referência cristã aberrante: « que o elemento judeu tem prejudicado a vida dos eslovacos, acho que ninguém mais precisa ser convencido disso... e as coisas seriam bem piores se não fôssemos nos livrar deles. E fazemos isso de acordo com uma ordem de Deus: Eslováquia, vá, livre-se de seu parasita...»[11]
« O problema é que o presidente da Eslováquia é um sacerdote. Que a Santa Sé não pôde colocar Hitler, todos entendem. Mas manter um padre, que lhe inclui? » escreveu Mons. Domenico Tardini num memorando interno do Vaticano. Ele acrescentou: « Há dois tolos: Tuka que atua sobre Tiso, um padre que deixa fazer! »[12] Na verdade o presidente Tiso está encantado que o outro fará o « trabalho sujo ».
Em junho de 1942 Mons. Tiso decide pôr fim às deportações sem que os alemães reagissem. Assim ele poderia, portanto, resistir às pressões de seus próprios ministros e evitar deportações em massa na primavera de 1942.[13] Especialmente desde que, conforme descrito por um historiador, « a deportação não foi um fruto de pressões alemães mas uma demanda dos eslovacos ».[14]
Em 26 de junho de 1942, desapontado com esta decisão sobre as deportações, o embaixador alemão na Bratislava, Hans Ludin, elaborou feliz uma nota com a descoberta para Berlim: « A evacuação dos judeus da Eslováquia está sob um impasse. Devido a influência do clero e a corrupção de alguns funcionários, 35.000 judeus Juifs se beneficiaram de uma consideração especial com base na qual eles não devem ser evacuados... »[15]
O Vaticano protestou sem estardalhaço, e a população não reagiu antes à brutalidade das milícias eslovacas durante as detenções e embarque dos judeus nos vagões. Para o governo, deve-se manter alguns « bons judeus » e suas famílias. Os funcionários, os empresários, os financiadores que são essenciais à vida econômica e administrativa do país.
Durante dois anos, o Presidente Tiso resistiu às ofensivas de seus ministros e dos alemães para que a « solução final » fosse retomada. « Este é o primeiro país satélite onde os alemães enfrentam uma resistência suficientemente forte para que eles interrompam seus planos para uma solução final », escreveu um historiador.[16]
Quando o exército vermelho se aproximava, a resistência eslovaca se levantou em 29 de agosto de 1942. A Wehrmacht ocupou o país e reprimiu a insurreição. A Gestapo chegou, e de 13 a 14.000 judeus são deportados sob o pretexto de que eles estariam ajudando os insurgentes. Em 29 de outubro de 1944, Mons. Burzio recebeu uma mensagem urgente de Pio XII : « Encontre-se imediatamente com o presidente Tiso e lhe informe que Sua Santidade sente uma profunda tristeza de que tantas pessoas, em contrário aos princípios de justiça e de humanidade, sofram neste país devido à sua nacionalidade e raça. » Mensagem que o Papa reitera de forma análoga em 21 de novembro.[17]
Sem resultado. Tiso não é capaz mais de agir. Ele, no entanto, continua a repetir seu ódio aos judeus. Em 8 de novembro de 1944, ele escreveu a Pio XII : « O governo da República eslovaca que é acusado sobre as ações que executou contra os ciganos e judeus, não as fez por razão de nacionalidade ou de origem étnica, mas em nome do dever de defender a nação contra os inimigos que trabalham a vários séculos para a sua destruição. »[18]
Cerca de 70.000 judeus foram deportados da Eslováquia, 65.000 não retornaram.[19] O pior é que não estamos falando insuficientemente, são 52.000 judeus que foram entregues voluntariamente aos alemães pelo Presidente Tiso e seu Primeiro-Ministro Tuka. Tiso é um padre. Pio XII, portanto, poderia tê-lo convocado em Roma, e porque não destitui-lo, ameaçar-lhe de excomunhão e de tomar outras medidas, se necessário.[20] O Papa se contentou apenas em lhe chamar à ordem para lhe retirar o título de Monsenhor.[21]
Copyrigth Marc-André Charguéraud. Genebra. 2010
Encontre em meu blog: A Shoah revisitada (http://la.shoah.revisitee.org/) outros artigos recentemente publicados.
----------------------------------------------------
[1] MORLEY John, Vatican Diplomacy and the Jews during the Holocaust, 1939-1943, New York, 1980, p. 84.
[2] FRIEDLANDER, Saul, Les années d’extermination, l’Allemagne nazie et les Juifs, 1939-1945, Seuil, Paris, 2008, p. 301.
[3] BLET Pierre, Pie XII et la Seconde Guerre Mondiale, Perrin, Paris, 1997, p. 193.
[4] FABRE Henri, L’Eglise catholique face au fascisme et au nazisme, Editions Espaces de Liberté, Bruxelles, 1994, p. 330.
[5] HILBERG Raul, La destruction des Juifs d’Europe, Fayard, Paris, 1988, p. 637.
[6] GUTMAN Ysrael, ed. Encyclopedia of the Holocaust. Macmillan Publishing, New York-London, 1990, p. 1365.
[7] FABRE, op. cit. p. 327. PHAYER John Michael, The Catholic Church and the Holocaust, 1930-1965, Indiana University Press, Bloomington, Indiana, 2000, p. 87
[8] Morley, op. cit. p. 85.
[9] VAGO, Bela et MOSSE, George, Ed. Jews and non Jews in Eastern Europe, 1918-1945, John Wiley, New York, 1974, p. 226.
[10] FABRE, op. cit. p. 336.
[11] MICCOLI Giovanni, Les dilemmes et les silences de Pie XII, Editions Complexes, Bruxelles, 2000, p. 361.
[12] FABRE, op. cit. p. 332. Mgr. Tardini est Secrétaire de la Congrégation des Affaires ecclésiastiques.
[13] 4 000 Juifs seront encore déportés entre juin et novembre 1942.
[14] FRIEDLANDER, op. cit. p. 468.
[15] FRIEDLANDER, op. cit. p. 469.
[16] VAGO et MOSSE, op. cit. p. 237. Citant Léon Poliakov.
[17] GRAHAM Robert, Pius XII and the Holocaust, Catholic League for Religious Civil Rights, Milwaukee, Wisconsin, 1988, p. 65 et 67.
[18] MICCOLI, op. cit. p. 336.
[19] FRIEDLANDER, op. cit. p. 642.
[20] FABRE, op. cit. p. 353.
[21] PHAYER, op. cit. p. 14.
Categorias: Tags: allemagne, bratislava, budapest, camps de la mort, destruction, gouvernement central, Juif, juifs, juin 1942, nazis, Premier Ministre Tuka, reich, reichsmark, slovaque, Slovaquie, tiso, Vatican, Wehrmacht
Fonte: La Shoah Revitée/Sefarad.org (Suíça/França)
http://www.revisitee.org/art-13.html
http://sefarad.org/?p=2262
Tradução: Roberto Lucena
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Negação do Holocausto em declínio, diz historiador
7 de outubro, 2010
David Irving: com menos apoio |
Dr. Nicholas Terry, fundador de blog anti-negacionista Holocaust Controversies, disse em uma conferência na Universidade de Leicester que o negacionismo nesses dias tem "um grande reconhecimento como marca, mas quase zero de clientes".
Dr. Terry, um historiador da Universidade de Exeter, disse: "Minha avaliação é de que houve cerca de 100 autores desde os anos de 1940s que escreveram o que pode ser considerado livros de negação autêntica ou panfletos.
"A maior parte desses especialistas estão agora ou mortos ou inativos. Por baixo, há apenas três ou quatro autores que são capazes de escrever tais livros."
Ele disse que há outros 100 animadores de torcida ou propagandistas que falam de forma convincente sobre o Holocausto mas sem contribuir com ideias originais. Entre estes se inclui o Presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad e 500 "soldados de infantaria" que são ativos online.
A razão para o declínio em especialistas é "geracional", ele disse.
"Os grandes nomes dos anos oitenta e noventa têm em sua maioria mais de 60 anos. Muitos poucos abaixo dos 60 anos estão se esforçando para substituí-los.
Ele disse que o caso Irving-Lipstadt em 2000, quando David Irving perdeu um processo de difamação contra a autora Deborah Lipstadt por ela chamá-lo de negacionista, "reduziu severamente" o movimento.
Ele disse que a audiência levou a suspensão do Journal of Historical Review(Jornal de Revisão Histórica), o ex-cabeça do movimento, e a retirada de atividade de muitos especialistas.
Ele também disse que o tráfico na web para fóruns de negação está pequeno. Outras teorias da conspiração se tornaram mais predominantes nos últimos 10 anos, particularmente desde o 11 de setembro.
Mas Dr. James Smith, presidente do Beth Shalom Holocaust Centre(Centro do Holocausto Beth Shalom), alertou sobre o perigo contínuo.
"O problema é, até depois de negadores profissionais do Holocausto terem morrido, seu material publicado permanece em circulação, e está disponível na internet e continuará tão pernicioso e perigoso desde sempre," ele adicionou.
Mark Gardner, da Community Security Trust, disse que as ações legais em muitos países reduziu o crescimento da negação do Holocausto, "como um problema global", e ele adiciona: "Nós precisamos ter uma atenção séria para o pensamento negacionista no mundo muçulmano; e formas de negacionismo no ex-bloco soviético."
Fonte: TheJC.com (Reino Unido)
http://www.thejc.com/news/uk-news/39171/holocaust-denial-decline-says-historian
Tradução: Roberto Lucena