Observação: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi fornecem informação adicional acerca deste grupo vitimado, incluindo um fundo histórico e informação sobre Robert Ritter, um cientista racial nazista(1933-1945).
Entre 1933 e 1945 os Sinti e os Roma("Ciganos")sofreram extretamente como vítimas da perseguição nazista e genocídio. Reforçando(Construindo/Construção)um preconceito de longa data, o regime nazista via os Ciganos ambos como "anti-sociais"(fora dos padrões de uma sociedade "normal) e como "inferiores" racialmente--acreditavam que ameaçavam a pureza e a força biológica da raça "Superior Ariana". Durante a Segunda Guerra Mundial, os Nazis e seus colaboradores assassinaram dezenas de milhares de homens Sinti e Roma(romenos?), mulheres, e crianças através da ocupação alemã na Europa.
Por séculos os Europeus consideravam os Ciganos como párias sociais - pessoas de aparência estrangeira, lingua, e costumes. Na Alemanha moderna, a perseguição dos Sinti e dos Roma(romenos?) precedeu o regime nazista. Mesmo que os Ciganos possuíssem direitos completos e iguais como cidadãos sob o Artigo 109 da Constituição de Weimar, eles eram sujeitos a leis "especiais" e discriminatórias. Uma Lei bávara de 16 de Julho, de 1926, esboçou medidas para "Combater Ciganos, Vagabundos e trabalhos estranhos" e requeriu o registro sistemático de todos os Sinti e Roma. A lei proibia os Cifanos de "andar em bandos", e aqueles "(Ciganos)incapazes de provar que estavam empregados regularmente" eram arriscados a serem enviandos para trabalho forçado por até dois anos. Esta lei tornou-se uma norma nacional em 1929."
Quando Hitler chegou ao poder em 1933, leis anti-Ciganos continuaram tendo efeito. Logo que o regime introduziu outras leis afetando os Sinti e Roma alemães, como os Nazis imediatamente começaram a implementar sa visão de uma Nova Alemanha - um daquelas colocava "Arianos" no topo da hierárquia de raças e ranqueava Judeus, Ciganos, e negros como raças inferiores. Sob a "Lei para a Prevenção da Prole com Defeitos Hereditários", em Julho de 1933, médicos estelerizaram contra suas vontades um número desconhecido de Ciganos, meio-Ciganos(mestiços), e Ciganos de casamentos mistos. Similarmente, sob a "Lei contra os Criminosos Habituais Perigosos" de Novembro de 1933, a polícia prendeu muitos Ciganos junto com outros que os Nazis viam como "anti-sociais"--prostitutas, pedintes(mendigos), alcoólatras, e os desocupados desabrigados(sem casa)--e os aprisionou em campos de concentração.
As leis raciais de Nuremberg de 15 de Setembro, de 1935, ("Lei para a Proteção da Honra e do Sangue Alemão" e a "Lei dos Cidadãos do Reich)não mencionavam explicitamente os Ciganos, mas em comentários interpretando estas leis, Ciganos eram incluídos, juntos com os Judeus e "Negros", como minorias "racialmente distintas" com "sangue estrangeiro". Como resultado disto, seus casamentos com "Arianos" eram proibidos. Como os Judeus, os Ciganos também foram privados de seus direitos civis.
Em Junho de 1936, um Escritório Central para o "Combate ao Fastídio Cigano" abriu em Munique. Este escritório tornou-se o quartel-general de um bando de dados nacional sobre Ciganos. Também em Junho, parte das diretrizes do Ministério do Interior para o "Combate do Fastídio/Incômodo Cigano" autorizou a política de Berlim a conduzir batidas contra os Ciganos de modo que não estragassem a imagem da cidade, que era anfitriã dos Jogos Olímpicos de Verão(Olimpíadas). Naquele mês de Julho, a polícia prendeu 600 Ciganos e os trouxeram, em 130 caravanas, a um novo e especial campo de internamento Cigano(Zigeunerlager)estabelecido próximo a uma descarga de águas residuais(esgoto) e de um cemitério no subúrbio de Marzahan em Berlim. O campo tinha apenas três bombas d'água e dois banheiros; naquela superpopulação e falta de condições sanitárias, as infermidades contagiosas proliferaram. A polícia e seus cães de guardavam o campo. Similares campos para Ciganos apareceram também no ano de 1939, em iniciativa dos governos municipais e coordenados por um Conselho de Cidades(que reportavam ao Ministério do Interior), em Cologne, Düsseldorf, Essen, Frankfurt, Hamburgo, e outras cidades alemães.
Depois da Alemanha incorporar a Áustria ao Reich em março de 1938, o regime aplicou as leis de Nuremberg aos Ciganos da Áustria. Dois campos especiais de confinamento abriram, um para 80 a 400 ciganos, em Salzburgo, e Outubro de 1939, e um segundo, em Novembro de 1940 para 4 mil ciganos em Lackenback, no Burgerland, no estado austríaco oriental que faz fronteira com a Hungria. As condições em Lackenback, que durou até o fim da guerra, eram particularmente atrozes, e muitos indivíduos pereceram ali. Ambos os campos confinaram os ciganos austríacos para o registro policial e trabalhos forçados e serviram como campos de concentração do conjunto.
Um decreto de 1937 relativo a “prevenção de crimes” forneceu um pretexto para realização de mais detenções de ciganos. Em junho de 1938, mil ciganos alemães e austríacos foram deportados para campos de concentração em Buchenwald, Dachau, Sachsenhausen, e Lichtenburg (um campo para mulheres). Um ano mais tarde, outros milhares de ciganos da Alemanha e da Áustria foram internados nos campos de concentração de Mauthausen, Ravensbrück, Dachau, e Buchenwald. Nestes campos, os prisioneiros utilizavam identificações de várias cores e formas, que permitiam aos guardas e oficiais dos campos os classificarem por categorias. Os ciganos utilizavam um triângulo preto costurado ao uniforme, o símbolo para "associais", ou verdes, o símbolo para criminosos comuns, e algumas vezes a letra "Z".
Dr. Robert Ritter, um psiquiatra que coordenava pesquisas genéticas e genealógicas em ciganos, desempenhou um papel primordial na identificação de ciganos Sinti e Romani para serem detidos pela polícia. Em 1936, Ritter tornou-se o responsável por uma unidade de pesquisas dentro do Ministério da Saúde e mais tarde no Escritório Central da Polícia (Central Police Office). Ritter e seus assistentes, em colaboração com a Polícia Criminal (Unidade de Investigação) e a seção de “Combate à Moléstia Cigana”, mudaram-se para Berlim em maio de 1938, para localizar e classificar por grupo étnico todos os ciganos na Alemanha e Áustria.
Foi provavelmente à “pesquisa étnico-biológica” de Ritter que o líder das SS Heinrich Himmler fez referência em sua circular sobre o "Combate à Moléstia Cigana" de dezembro de 1938, recomendando "a resolução da questão cigana baseada na sua natureza essencialmente racial". Ele ordenou o registro de todos os ciganos no Reich com idade acima de seis anos e sua classificação em três grupos raciais: Ciganos, Meio-Ciganos ("Mischlinge"), e pessoas com comportamento nômade de ciganos. Himmler, que supervisionava o imenso império de segurança que incluía a Polícia Criminal (Gestapo), afirmou que “o objetivo das medidas adotadas pelo Estado é defender a homogeneidade da nação alemã”, incluindo a “separação física do grupo cigano da nação alemã”.
As crianças Sinti e Romani também eram vítimas, confinadas com suas famílias em campos municipais e examinadas e classificadas por cientistas raciais. Entre 1933 e 1939, autoridades retiraram crianças de suas famílias e levadas para casas especiais para crianças que funcionavam como internatos do Estado. Alunos ciganos que faltassem às aulas eram tidos como delinqüentes e mandados para escolas juvenis especiais; os que não conseguiam falar alemão eram considerados incapazes e enviados para “escolas especiais” para os deficientes mentais. Como as crianças judias, meninos e meninas ciganos eram vítimas de insultos e provocações de colegas de escola, até que, em março de 1941, o regime excluiu todos os ciganos das escolas públicas.
Como no caso dos judeus, o início da guerra em setembro de 1939 intensificou a política do regime nazista voltada para os ciganos. Em 21 de setembro de 1939, uma conferência sobre a política racial presidida por Reinhard Heydrich, chefe do Escritório Central de Segurança do Reich em Berlim, discutiu a remoção de trinta mil ciganos alemães e austríacos para a Polônia ocupada, junto com a deportação de judeus. A “recolonização para o Leste” seguida pelo extermínio em massa de ciganos sinti e romani foi correlata à deportação e assassinato em massa de judeus. As deportações de ciganos alemães – homens, mulheres e até crianças – começou em maio de 1940 quando 2.800 ciganos foram deportados para o gueto de Lodz e de lá para Chelmno, onde foram dentre os primeiros a serem mortos por gaseamento em unidades móveis de veículos utilitários em um período entre dezembro de 1941 e janeiro de 1942. De forma similar, no verão de 1942, ciganos alemães e poloneses do gueto de Varsóvia foram deportados para Treblinka, onde foram mortos nas câmaras de gás. Ciganos alemães também foram deportados para guetos em Bialystok, Cracóvia e Radom.
Durante a guerra, alguns pequenas diferenças de opinião surgiam dentro do alto escalão do governo em relação à “Solução Final da Questão Cigana”. Himmler acalentava a idéia de preservar um pequeno grupo de ciganos “puros” para estudos étnicos destes “inimigos do Estado” raciais, mas o regime rejeitou a idéia. Em um decreto datado de 16 de dezembro de 1942, Himmler ordenou a deportação de ciganos e meio-ciganos para Auschwitz-Birkenau. Pelo menos vinte e três mil ciganos foram mandados para lá, o primeiro grupo a chegar da Alemanha em fevereiro de 1943. A grande parte dos ciganos em Auschwitz-Birkenau eram da Alemanha e de territórios anexados ao Reich, tal como a Boêmia e Moravia. A Polícia também deportou pequenos contingentes de ciganos da Polônia, Hungria, Iugoslávia, França, Bélgica, dos Países Baixos e da Noruega.
Em Auschwitz-Birkenau, os oficiais destinaram um “Campo para Famílias Ciganas” para os ciganos da Seção B-IIe de Birkenau. Dos barracões de madeira, as câmaras de gás e os crematórios eram claramente visíveis. Durante os dezessete meses de existência do campo, a maioria dos ciganos levados a este campo morreram. Eles eram mortos nas câmaras e gás ou morriam de inanição, exaustão pelo trabalho pesado, e doenças (dentre as quais tifo, varíola e uma doença rara chamada Noma[http://www.ibemol.com.br/jaoc2003/59.asp]). Outros, inclusive muitas crianças, morreram como resultado de diversas experiências médicas cruéis feitas pelo Dr. Josef Mengele e outros médicos SS. O campo cigano foi liquidado na noite entre 02 e 03 de agosto de 1944, quando 2.897 ciganos sinti e romani foram mortos nas câmaras de gás. Os restantes 1.400 homens e mulheres foram transferidos para os campos de concentração de Buchenwald and Ravensbruck, destinados ao trabalho forçado.
Depois da Alemanha invadir a União Soviética em junho de 1941, esquadrões especiais da SS (Einsatzgruppen) e unidades regulares do Exército e Polícia começaram a fuzilar ciganos na Rússia, Polônia e nos Bálcãs, ao mesmo tempo que exterminavam judeus e líderes comunistas. Acredita-se que milhares de homens, mulheres e crianças ciganos tenham sido mortos nestas ações, geralmente executadas sob o pretexto de que as vítimas eram "espiãs".
Na Europa ocidental e do sul, o destino dos ciganos Sinti e Romani foi diferente em cada país, dependendo de circunstâncias locais. Por toda a Europa ocupada, ciganos, assim como judeus, foram detidos, mortos, deportados para campos na Alemanha e no Leste Europeu. O regime colaboracionista de Vichy, na França, internou trinta mil ciganos, muitos dos quais foram deportados posteriormente para Dachau, Ravensbruck, Buchenwald e outros campos. Na Croácia, membros locais do movimento facista Ustasha mataram milhares de ciganos, juntamente com sérvios e judeus. Na Romênia, em 1942, milhares de ciganos e judeus foram expulsos para Transnistria (oeste de Ucrânia) onde a grande parte dos deportados morreram de doença, desnutrição e tratamento cruel. Na Sérvia, no outono de 1941, destacamentos de atiradores do exército alemão exterminaram quase toda a população, ao lado de judeus predominantemente adultos, em retaliação a soldados mortos pelo movimento de resistência sérvio. Na Hungria, alemães e colaboradores húngaros começaram a deportação de ciganos em outubro de 1944.
A imprecisão quanto à quantidade pré-Holocausto de ciganos Sinti e Romani e a escassez de pesquisas, especialmente sobre o seu destino fora da Alemanha durante o holocausto, tornaram difícil estimar o número e porcentagem de mortos. Estimativas acadêmicas de mortes pelo genocídio Sinti e Romani variam entre 220.000 e 500.000.
Depois da guerra, a discriminação contra ciganos na Europa continuou. Na Alemanha Ocidental, os tribunais concordaram em indenizar o grupo Sinti e Romani pela perseguição racial apenas para deportações que ocorreram de 1943 até o fim da guerra. Eles não retroagiram a decisão para 1938 até a década de 1960. Hoje, com a ascensão de um nacionalismo estridente em muitos dos países do Leste Europeu e desemprego por toda a Europa, os ciganos Sinti e Romani continuam a enfrentar preconceito disseminado na população e discriminação oficial.
Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Marcelo H., Roberto Lucena
Com exceção dos quadros cinzas da página ("Who Were the "Gypsies?" e "Dr. Robert Ritter: Racial Science and "Gypsies"").
Quadros cinzas (canto direito da página original do texto):
Quem eram os "ciganos"?
Robert Ritter: ciência racial e "ciganos"
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sábado, 7 de janeiro de 2012
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Holocausto cigano: ontem e hoje
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Familia Aristich-Marcovich, Chile 1918 |
1710: século “das luzes e da razão”. Um edito ordena que os ciganos adultos de Praga sejam enforcados sem julgamento. Os jovens e as mulheres são mutilados. Na Bohemia, que lhes sejam cortada a orelha esquerda. Na Morávia, a orelha direita.
1899: clímax “da modernidade e do progresso”. A polícia da Baviera cria a Seção Especial de “assuntos ciganos”. Em 1929, a seção foi elevada à categoria de Central Nacional, e trasladada para Munique. Em 1937, se instala em Berlim. Quatro anos depois, meio milhão de ciganos morrem nos campos de concentração da Europa central e do leste.
2010: fim das “metanarrativas” e das “ideologias” (sic). Na Itália, (onde nasceu a “razão do Estado”), e na França (sede mundial da reunião intelectual), os gabinetes em exercício de ambos os governos (com forte apoio popular, ou seja, “democráticos”), ficham e deportam milhares de ciganos para a Bulgária e Romênia.
A tragédia dos Roma começou nos Balcãs. Qual drama europeu não começou nos Balcãs? Em meados do século XV, o príncipe Vlad Dracul (o Demônio, um dos heróis nacionais na resistência contra os turcos), regressou de uma batalha devedora na Bulgária com 12 mil escravos ciganos. Por certo... não era cigano o misterioso cocheiro do conde Drácula?
O doutor Hans Globke, um dos redatores das leis de Nuremberg sobre a classificação da população alemã (1935), declarou: os ciganos são de sangue estrangeiro. Estrangeiros de onde? Sem poder negar que “cientificamente” eram de origem ária, o professor Hans F. Guenther os classificou numa categoria à parte: Rassengemische (mistura indeterminada).
Em sua tese de doutorado, Eva Justin (assistente do doutor Robert Ritter, da seção de investigações raciais do Ministério da Saúde alemã), afirmava que o sangue cigano “era enormemente perigoso para a pureza da raça alemã”. E um tal doutor Portschy enviou um memorando a Hitler sugerindo-lhe que eles sejam submetidos a trabalhos forçados e a esterilização em massa, porque punham em perigo “o sangue puro do campesinato alemão”.
Qualificados como “criminosos inveterados”, os ciganos começaram a ser determinados em massa, e a partir de 1938 os internaram em blocos especiais nos campos de Buchenwald, Mauthausen, Gusen, Dautmergen, Natzweiler e Flossenburg.
Num campo em sua propriedade de Ravensbruck, Heinrich Himmler, chefe da Gestapo (SS), criou um espaço para sacrificar as mulheres ciganas que eram submetidas a experimentos médicos. Esterilizaram 120 crianças ciganas. No hospital Dusseldorf-Lierenfeld esterilizou-se as ciganas casadas com não ciganos.
Mais milhares de ciganos foram deportados da Bélgica, Holanda e França ao campo polonês de Auschwitz. Em suas Memórias, Rudolf Hoess (comandante de Auschwitz), conta que entre os deportados ciganos havia velhos quase centenários, mulheres grávidas e um grande número de crianças.
No gueto de Lödz (Polônia), as condições ficaram tão extremas, que nenhum dos 5 mil ciganos sobreviveu. Trinta mil mais morreram nos campos poloneses de Belzec, Treblinka, Sobibor e Majdanek.
Durante a invasão alemã à União Soviética (Ucrânia, Crimeia e os países bálticos) os nazis fuzilaram em Simferopol (Ucrânia) 800 homens, mulheres e crianças na noite de Natal de 1941. Na Iugoslávia, executava-se por igual a ciganos e judeus no bosque de Jajnice. Os campesinos recordam todavia dos gritos das crianças levadas aos lugares de execução.
Segundo consta nos arquivos dos Einsatzgruppen (patrulhas móveis de extermínio do exército alemão), haviam sido assassinados 300 mil ciganos na URSS, e a 28 mil na Iugoslávia. O historiador austríaco Raul Hilberg, estima que antes da guerra viviam na Alemanha cerca de 34 mil ciganos. Ignora-se o número de sobreviventes.
Nos campos de extermínio, só o amor dos ciganos pela música foi às vezes um consolo. Em Auschwitz, famintos e cheios de piolhos, juntavam-se para tocar e alentavam as crianças para dançar. Mas também era legendária a coragem dos guerrilheiros ciganos que militavam na resistência polonesa na região de Nieswiez.
“Também eu tinha / uma grande família / foi assassinada pela Legião Negra / homens e mulheres foram esquartejados / entre eles também pequenas crianças” [versos do hino Roma, Gelem, gelem (Caminhei, caminhei)].
As exigências de assimilação, expulsão ou eliminação (não necessariamente nessa ordem) justificariam a afeição dos povos Roma pelos talismãs. Os ciganos levam três nomes: um para os documentos de identidade do país onde vivem; outro para a comunidade, e um terceiro que a mãe canta durante meses ao ouvido do recém-nascido.
Esse nome, secreto, servirá como talismã para protegê-lo contra todo o mal.
DEPOIS DA GUERRA
Depois da guerra, os países aliados dissolveram o Estado nazi alemão e suas lideranças foram julgadas por crimes contra a humanidade (Nuremberg, 1945-1946). Em inícios de 1950, quando começou a negociação das indenizações pelo Holocausto, o novo Estado alemão estimou que só os judeus tinham direito a elas.
Sem organizações políticas que os defendessem, os povos Roma(ciganos) foram ignorados e excluídos. O governo democrata-cristão de Konrad Adenauer afirmou que as medidas de extermínio tomadas contra os ciganos antes de 1943, eram “políticas legítimas do Estado”. Mas os sobreviventes a este ano tampouco cobraram um centavo.
A polícia criminal da Bavária ficou como responsável dos arquivos do doutor Robert Ritter, o especialista nazi sobre os Roma que não foi condenado. Ritter retornou à atividade acadêmica e em 1951 se suicidou. Recentemente em 1982, o chanceler social-cristão Helmut Kohl reconheceu o genocídio dos Roma. Em tempo: a maioria que houvera tido direito à restituição já havia morrido.
Contudo, a ira da Suíça contra os yenishes (assim chamam os ciganos no país de Heidi) foi mais... discreto? Durante cerca de meio século (desde 1926), com ajuda da polícia e do clero, a Obra de Assistência às Crianças de Rua, da muito respeitável Fundação Pró-Juventude, arrancou de suas famílias mais de 600 crianças ciganas.
O doutor Alfred Siegfried (1890-1972), diretor e fundador da obra, foi um psicopata ferozmente decidido a “vencer o mal do nomadismo”. Num informe sobre suas atividades (1964), Siegfred afirmou que “...o nomadismo, como algumas enfermidades perigosas, é transmitido principalmente pelas mulheres... todos os ciganos são maus, mentem, roubam...”.
O financiamento oficial se manteve até 1967, e em 1973 a “obra” se dissolveu. Mas, de acordo com uma lei de 1987, tudo o que foi relativo a seus experimentos médicos com crianças ciganas poderia ser revisado dentro de... cem anos. Em 1996, a Confederação Helvética(Suíça) reconheceu sua responsabilidade moral, política e financeira acerca da Pró-Juventude encarregada de “proteger as crianças ameaçadas de abandono e vagabundagem”.
Mais de três quartos da população mundial de ciganos (12 a 14 milhões), vive nos países da Europa central e do leste. Mas só na Iugoslávia de Tito os Roma conseguiram ser reconhecidos como uma minoria com os mesmos direitos de croatas, albaneses e macedônios. Não obstante, depois do “reordenamento balcânico” que teve lugar no decênio de 1990, dez mil ciganos bósnios se refugiaram em Berlim.
Na Romênia os ciganos tiveram que sobreviver à ditadura de Ceausescu. O “socialismo real” reforçou os tenebrosos orfanatos que funcionavam desde a época da monarquia, e neles colocou a milhares de crianças Roma. Ceausescu caiu e o “livre mercado” foi mais duro ainda. As tendas de alguns ciganos, que tiveram sucessos econômicos com a liberalização da economia, foram saqueadas.
A deportação em massa de ciganos para Romênia e Bulgária, ordenada pelo governo do presidente francês, Nicolas Sarkozy, resulta particularmente perversa. Segundo país mais pobre da União Europeia, a população da Romênia é sumamente hostil aos 2 milhões de ciganos que ali vivem, e além disso mais de um governo que para cumprir com o FMI acaba de baixar 25 por cento o salário dos funcionários e subir o IVA a 24 por cento.
Em dias passados, o presidente romeno, Traian Basescu, chamou de “cigana asquerosa” a uma jornalista e o chanceler Teodor Baconschi declarou em fevereiro que “…algumas comunidades romenas têm problemas psicológicos (sic) relacionados com a delinquência, especialmente as comunidades ciganas”.
A situação dos ciganos na antiga Tchecoslováquia não levou à fúria como a romena. Até o momento da participação (1992), eram cidadãos. Depois, nem tchecos nem eslovacos os reconheceram como tais, apesar de haver vivido durante gerações no país.
Em julho de 1998, um cigano foi atacado e apunhalado por um skinhead(neonazi) em Pisek, pequena cidade ao sul da Boêmia checa. Pisek está situada a poucos quilômetros do campo de concentração de Lety, estabelecido pelos checos e só para ciganos, em tempos da ocupação alemã. E de Lety, eles eram enviados aos campos nazis de extermínio.
Por sua parte, os vizinhos da cidade eslovaca de Michalovce acabam de concluir um muro de 500 metros para evitar a passagem dos ciganos que habitam uma aldeia próxima. A obra recebeu o apoio das autoridades. Em finais de 2009, obras similares isolaram os ciganos nas cidades de Ostrovany, Secovec, Lomnicka e Trebisov.
E desta maneira o holocausto silencioso e consentido pelos cruzados da União Europeia, os meios de comunicação da “aldeia global” conseguem o que queriam. No 30 de agosto passado, a CNN informou de um assassino que matou oito pessoas, ferindo a mais 14 na Bratislava, capital de Eslováquia. Em parte alguma da notícia a CNN esclareceu que todas as vítimas eram ciganos.
Da civilização versus a barbárie, a barbárie da civilização.
Por José Steinsleger
Jornalista argentino-mexicano, colunista de La Jornada
Fonte: http://www.surysur.net/
Fotografia: Familia Aristich-Marcovich ao chegar ao Chile em 1918.
Mais informação sobre ciganos no Chile:
Ciganos: 1.000 anos de viagens no corpo
http://www.gitanoschile.cl/
gitanosdechile.blogspot.com
Ciganos do Chile
Fonte: La Jornada/El Ciudadano
http://www.elciudadano.cl/2010/09/09/el-holocausto-gitano-ayer-y-hoy/
Tradução: Roberto Lucena
Observação: quando fui traduzir o texto notei que já havia algumas traduções de parte do texto publicadas pela rede. Achei-as quando procurei pela tradução correta dos nomes de lugares que aparecem no texto(como "Simferopol"), por isso que esta tradução não é uma cópia de outras. Todas as traduções colocadas no blog, traduzidas pelos postantes, não são cópias. Sempre que houver ou há uma cópia de algum texto ou tradução será citada a fonte de origem, sendo que esta tradução é do texto completo. Eu o havia guardado pra traduzir depois e acabou não dando pra postar rápido, por isso que só o estou publicando agora.
Texto revisado em: 09.04.2014
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Racismo
domingo, 30 de dezembro de 2012
Ciganos em Auschwitz - Parte 1 (Holocausto)
Para a Alemanha nazista os ciganos tornaram-se um dilema racista. Os ciganos eram arianos, mas na mente nazista havia contradições entre o que eles consideravam como superioridade da raça ariana e a imagem dos ciganos...*
Em uma conferência realizada em Berlim em 30 de janeiro de 1940, foi tomada a decisão de expulsar 30 mil ciganos da Alemanha para os territórios da Polônia ocupada ...
Os relatórios dos SS Einsatzgruppen [forças-tarefa especiais] que operavam nos territórios ocupados da União Soviética mencionam o assassinato de milhares de ciganos, juntamente com o extermínio em massa dos judeus nessas áreas.
As deportações e execuções dos ciganos veio sob autoridade de Himmler. Em 16 de dezembro de 1942, Himmler emitiu uma ordem para enviar todos os ciganos para os campos de concentração, com algumas exceções ...
Os ciganos deportados foram enviados a Auschwitz-Birkenau, onde um acampamento especial cigano foi erguido. Mais de 20.000 ciganos da Alemanha e de outras partes da Europa foram enviados para este acampamento, e a maioria deles foram gaseados lá ...
Wiernik descreveu a chegada do maior grupo cigano trazido para Treblinka, na primavera de 1943:
Extraído de. Yitzhak Arad, BELZEC, SOBIBOR, TREBLINKA - the Operation Reinhard Death Camps Indiana University Press -, 1987.,--páginas150-153--
De acordo com o Institut Fuer Zeitgeschicthe, em Munique, pelo menos 4.000 ciganos foram assassinados por gás em Auschwitz-Birkenau. (Ver contagem das vítimas em Holocaust Almanac)
Fonte: Site da Universidade Fordham/Nizkor*
http://www.fordham.edu/halsall/mod/gypsy-holo.asp
Tradução: Roberto Lucena
*Observação: este texto foi publicado originalmente em grupos de discussão da Usenet ou da Undernet (mais provável que tenha sido no da Usenet no grupo alt.revisionism), nos primórdios da internet. O site Nizkor apresenta uma cópia do texto da discussão original de 1993, ou seja, o texto tem quase 20 anos na rede:
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.01
O interessante é ver no verbete da Wikipedia que a Undernet tombou devido as famosas Flame Wars provocadas por trolls, mesma causa do declínio do Orkut (do Google) e de várias redes/listas de discussão.
Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 2
Ciganos em Auschwitz - Parte 3
Em uma conferência realizada em Berlim em 30 de janeiro de 1940, foi tomada a decisão de expulsar 30 mil ciganos da Alemanha para os territórios da Polônia ocupada ...
Os relatórios dos SS Einsatzgruppen [forças-tarefa especiais] que operavam nos territórios ocupados da União Soviética mencionam o assassinato de milhares de ciganos, juntamente com o extermínio em massa dos judeus nessas áreas.
As deportações e execuções dos ciganos veio sob autoridade de Himmler. Em 16 de dezembro de 1942, Himmler emitiu uma ordem para enviar todos os ciganos para os campos de concentração, com algumas exceções ...
Os ciganos deportados foram enviados a Auschwitz-Birkenau, onde um acampamento especial cigano foi erguido. Mais de 20.000 ciganos da Alemanha e de outras partes da Europa foram enviados para este acampamento, e a maioria deles foram gaseados lá ...
Wiernik descreveu a chegada do maior grupo cigano trazido para Treblinka, na primavera de 1943:
"Um dia, enquanto eu estava trabalhando perto do portão, vi os alemães e ucranianos fazerem preparativos especiais ... enquanto isso, o portão se abriu e cerca de 1.000 ciganos foram trazidos (este foi o terceiro transporte de ciganos). Cerca de 200 deles eram homens, e o resto mulheres e crianças ... todos os ciganos foram levados para as câmaras de gás e depois cremados"Ciganos do Governo Geral [Polônia] que não foram enviados para Auschwitz e para os campos da Operação Reinhard foram baleados no local pela polícia local ou gendarms. Na região oriental do distrito de Cracóvia, nos municípios de Sanok, Jaslo, e Rzeszow, cerca de 1.000 ciganos foram mortos.
Extraído de. Yitzhak Arad, BELZEC, SOBIBOR, TREBLINKA - the Operation Reinhard Death Camps Indiana University Press -, 1987.,--páginas150-153--
De acordo com o Institut Fuer Zeitgeschicthe, em Munique, pelo menos 4.000 ciganos foram assassinados por gás em Auschwitz-Birkenau. (Ver contagem das vítimas em Holocaust Almanac)
Fonte: Site da Universidade Fordham/Nizkor*
http://www.fordham.edu/halsall/mod/gypsy-holo.asp
Tradução: Roberto Lucena
*Observação: este texto foi publicado originalmente em grupos de discussão da Usenet ou da Undernet (mais provável que tenha sido no da Usenet no grupo alt.revisionism), nos primórdios da internet. O site Nizkor apresenta uma cópia do texto da discussão original de 1993, ou seja, o texto tem quase 20 anos na rede:
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.01
O interessante é ver no verbete da Wikipedia que a Undernet tombou devido as famosas Flame Wars provocadas por trolls, mesma causa do declínio do Orkut (do Google) e de várias redes/listas de discussão.
Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 2
Ciganos em Auschwitz - Parte 3
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Um campo de concentração francês
Por: Marco Aurélio Barbai*
FILHOL, Emmanuel. Un camp de concentration français – Les Tsiganes alsaciens-lorains à Crest, 1915-1919. Presses Universitaires de Grenoble, 2004.
O livro de Emmanuel Filhol, Un camp de concentration français – Les Tsiganes alsaciens-lorains à Crest, 1915-1919, objeto desta resenha, aborda uma amnésia da sociedade francesa: o aprisionamento, o sofrimento, a exclusão e o apagamento dos ciganos durante a Primeira Guerra mundial. Este livro está dividido em cinco etapas: Introdução, em que o autor fala da presença dos ciganos na região da Alsácia-Lorena, apresenta os arquivos do campo de concentração e trata da hospitalidade e repressão aos ciganos; Capítulo I, Un camp d’internement pour les Tsiganes, espaço traçado pelo autor para discutir o modo de organização, administração e gestão da prisão em Crest; Capítulo II, Aspects d’ l’interment, em que o quotidiano dos campos de concentração é posto em discussão; Capítulo III, Subir, résister, que apresenta os testemunhos dos internos, por meio de cartas, e a (re)ação da sociedade em relação à existência dos ciganos; e, encerra as abordagens do texto na parte intitulada Conclusão.
É pelo difícil e criterioso levantamento de documentos em arquivos (Arquivos Nacionais, Municipais e Diocesanos), escassos ou quase nulos, consagrados aos campos de concentração da Primeira Guerra mundial, que o autor dá vida a histórias esquecidas pela memória administrativa e social.
Enquanto no front os homens se massacravam, por conta da guerra entre França e Alemanha, encarceravam-se os estrangeiros, os suspeitos e os indesejáveis. Assim, trabalhando com o Arquivo da região da Drôme, no sul da França, e com o material constituído pelo depósito de vigilância da cidade de Crest, um convento capuchinho transformado em prisão, criado especificamente para atender aos 150 ciganos Alsacianos-Lorenos de julho de 1915 a 1919, o autor dá existência legítima àqueles que foram tratados como um acidente humano, considerados diferentes, irregulares.
Inicialmente, na Introdução, Filhol fala da presença dos ciganos no sul da França, destacando que esse povo, que circulava pelo vale da Drôme e regiões vizinhas desde a Idade Média, instala-se ali a partir da metade do século XV. Em nota de rodapé, a de número 3 no texto, pode-se apreender que os diferentes nomes na língua francesa para designar o cigano (Bohémiens, Gitans, Tsiganes, Manouches) são provenientes dos itinerários migratórios realizados por estes. Assim, eles são chamados de Boêmios, porque seus ancestrais vieram da Boêmia no século V; Gitanos, porque eram originários do ‘Pequeno Egito’; depois foram designados Atsingani (que gerou a expressão Tsiganes – Ciganos) nome dado pelos gregos a uma seita que praticava as artes de prever o futuro e a música e, por fim, Manouches, que, originário da expressão Manus, significa homem.
Desde sua instalação, segundo o autor, o povo cigano, até então desconhecido, suscitou nas populações urbanas uma mistura de admiração e medo. O seu modo de vida nômade sempre foi visto com descrédito pela população sedentária das cidades. Nem o século XIX, o século das luzes, foi-lhes favorável. Uma lei redigida em 1980 e votada em 1912 vai instaurar uma carteira de identidade (uma ficha antropométrica) de modo a controlar a chegada e partida dos ambulantes, forasteiros e comunidades nômades.
Dois anos após o estabelecimento dessa lei, a guerra entre a França e a Alemanha explode. Os ciganos interceptados na reconquistada região da Alsácia e da Lorena serão, como acrescenta o autor, instantaneamente retirados do território e encarcerados a partir de março de 1915 para centros de triagem e depois para a internação em campos, principalmente os localizados no sul da França. Desse modo, colocou-se um peso sobre os ciganos que circulavam pela zona do front e pelo interior do país. Muitos ciganos da Alsacia-Lorena foram encarcerados por conta de sua nacionalidade, vivendo sob um regime de detenção e disciplina, em condições humanas e materiais precárias, sofrendo punições e a perda de sua liberdade.
Na segunda parte do trabalho, “Un Camp d’Internement pour Les Tsiganes” (Um campo de aprisionamento para os ciganos), o autor destaca o modelo penitenciário imposto a esse povo e o modo como os ciganos de Crest foram assimilados a pessoas suspeitas, resultando num tratamento disciplinar reforçado. O exame da situação administrativa dos internos demonstrou que uma grande parte possuía a ficha de identidade, estabelecida pela lei de 1912. Essa lei foi destinada a vigiar e reprimir vagabundos e amplamente aplicada na França aos nômades, obrigando as famílias ciganas a adquirirem o estatuto de estrangeiras, procedimento que, segundo o autor, sugere uma intolerância e racismo contra os ciganos.
Filhol mostra que uma incompreensão imperava sobre o modo de vida dos ciganos. Amantes do campo, da natureza, e pouco habituados a viver em casas; por conseguinte, eram vistos como separados daquilo que funda a sociedade humana e civilizada, ou seja, a cidade. O contato com esse povo era considerado como um risco de contaminação e fragmentos da imprensa da época, material com o qual o autor trabalha, revela o modo como os ciganos eram qualificados. Assim, em 3 de agosto de 1908, no jornal Le Petit Parisien, podia-se ler sobre os ciganos “‘peuple néfaste’, suggère qu’on sévisse contre ces ‘parasites outrecuidants’, ces ‘rongeurs’ qui ‘infectent notre territoire’. Ce peuple néfaste laisse ‘après lui la vermine et les maladies, les meubles fractués, les fermes incendiés’[1]’” (página 38).
Na parte “Aspects de L’Internement” (Aspectos do Aprisionamento), a terceira do livro, o autor sublinha que a vida dos ciganos internos no convento dos capuchinhos em Crest é uma existência sob a vigilância. Isso se dá para além do caráter de prisão a que foram submetidos e do qual só se podia sair em momentos precisos ou por motivos determinados. A existência sob vigilância é contrária ao modo de vida cigana, pois obriga pessoas a habitar um lugar, a viver sob uma sedentarização forçada, totalmente estranha à prática dos itinerários que inspira e estabelece uma vida na mobilidade.
Filhol afirma que o encarceramento dos ciganos obedecia a uma lógica do controle que repousa sob a privação da liberdade. Esse internamento, além de estabelecer um ordenamento da vida, isto é, com os afazeres do quotidiano, alimentação, saídas, correspondência, higiene, penas disciplinares, produzia um conjunto de fatores: sofrimentos, doenças, conflitos entre pessoas e familiares presos, expondo a dificuldade de se viver junto, pois a prisão altera o modo de vida das famílias ciganas e suas relações com o quotidiano. Essas famílias, diz o autor, “habitués à circuler, à se déplacer, dont l’identité tsigane repose sur mobilité[2]’ são obrigadas a viver uma “cohabitation forcée[3]”, produzindo o conflito entre alguns indivíduos e famílias (página 88). Nascimentos, doenças, mortalidade (principalmente de crianças), relações conflituosas, educação religiosa e pequenos trabalhos compunham o dia-a-dia no aprisionamento.
Na quartaparte, “Subir, résister” (Suportar, resistir), Filhol apresenta análises primorosas com um material que compõe o corpus de trabalho. Pelas cartas que os ciganos enviavam para autoridades administrativas e políticas do Estado, solicitando a liberação do cárcere, e de fragmentos dos jornais locais, o autor finamente “traduz” o sofrimento de habitar na prisão e mostra como ser cigano produz uma identidade desfavorável ao ser humano e como a opinião pública, hostil aos ciganos, concebe estes ‘hóspedes indesejáveis’ que não devem mais circular fora do limites da prisão. Sobre esse viés, convém salientar o comentário do autor sobre as marcas que o confinamento inscreveu na identidade cigana: “Pour les Romanichels regroupés au camp de Crest, l’internement équivaut à une prison, qui brise les repères identitaires, économiques, sociaux, culturels, des familles[4]” (página 121).
Ao ler as cartas produzidas pelos ciganos, Filhol acrescenta que as práticas de escrita entre os ciganos estão fortemente ligadas à oralidade presente nesse grupo. Ele mostra uma preocupação das formas do texto adaptadas ao código e ao estilo admitido pelo destinatário. Esse processo, segundo o autor, pode ser visto em muitas cartas. No entanto, há uma delas que merece destaque, escrita por Angelina Hofer – uma cigana alemã – que chegou ao convento de Crest em 23 de julho de 1915 com quatro filhos. Eles foram transferidos do depósito humano de Saint-Maximin, em Var.
Angelina se dirige à autoridade civil de Crest solicitando a transferência dela para um depósito alemão em que se encontra seu marido. Dessa carta, o autor reconstrói com algumas palavras o sofrimento e a dor de uma separação imposta por anos entre campos de concentração: ‘Eu sou uma Alemã separada do Marido sozinha aqui’ – “‘Allemande’, ‘séparé’, ‘Mari’, ‘seul’ ‘issi’” (sic), (páginas 134 e 135).
Organizando sua reflexão na quinta e última parte, a Conclusão, o autor aponta que os campos de concentração começariam a se esvaziar a partir de outubro de 1919, porém os cento e cinqüenta ciganos mantidos no depósito de Crest esperariam ainda nove meses para serem liberados. A partida desse povo foi vista pela população como alívio já que os ciganos representavam “un danger pour la vie publique [...] se comportaient en ‘parasites’ au sein de la société, bref étaient des personnes nuisibles, comparables à la vermine ou à des insects malfaisantes qui endommagent les récoltes[5]”, proferia a imprensa local (:172).
Há que se ressaltar uma afirmação do autor, ou seja, de que a reclusão dos ciganos Alsacianos-Lorenos no depósito de Crest evidencia uma etapa de um processo de aprisionamento que marca profundamente o século XIX. Todavia, esse fenômeno da reclusão de seres humanos vai ressurgir vinte anos mais tarde, de forma violenta e feroz, no contexto da Segunda Guerra Mundial. Para Filhol, há uma amnésia da sociedade francesa quanto aos ciganos e uma dívida material e simbólica do Estado para com esse povo. Considerados como marginais e qualificados como anti-sociais, os nômades foram privados de direitos civis e políticos sinônimos de pertencimento a uma cidadania nacional.
_____________________________________________________________________________
* Doutor em Lingüística pelo IEL/DL-Unicamp.
[1] “‘Povo nefasto’, que sejamos rigorosos contra esses ‘parasitas impertinentes’, esses ‘ratos’ que ‘infectam nosso território’. Esse povo nefasto deixa ‘por onde passa as pragas e as doenças, os bens despedaçados, as fazendas incendiadas’”.
[2] “Habituadas a circular, a se locomover, já que a mobilidade estabelece a identidade cigana”.
[3] “Coabitação forçada”.
[4] “Para os ciganos reagrupados no campo de Crest, o internamento equivale a uma prisão, que destrói as marcas identitárias, econômicas, sociais, culturais, familiares”.
[5] “Um perigo para a vida pública [...] se comportavam como ‘parasitas’ no seio da sociedade, em resumo eram pessoas nocivas, comparáveis a vermes ou a insetos malfeitores que deterioram as colheitas”.
Fonte: Revista Rua, do Laboratório de Estudos Urbanos do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade, Unicamp(Universidade Estadual de Campinas)
http://www.labeurb.unicamp.br/rua/pages/home/lerPagina.rua?id=8
FILHOL, Emmanuel. Un camp de concentration français – Les Tsiganes alsaciens-lorains à Crest, 1915-1919. Presses Universitaires de Grenoble, 2004.

É pelo difícil e criterioso levantamento de documentos em arquivos (Arquivos Nacionais, Municipais e Diocesanos), escassos ou quase nulos, consagrados aos campos de concentração da Primeira Guerra mundial, que o autor dá vida a histórias esquecidas pela memória administrativa e social.
Enquanto no front os homens se massacravam, por conta da guerra entre França e Alemanha, encarceravam-se os estrangeiros, os suspeitos e os indesejáveis. Assim, trabalhando com o Arquivo da região da Drôme, no sul da França, e com o material constituído pelo depósito de vigilância da cidade de Crest, um convento capuchinho transformado em prisão, criado especificamente para atender aos 150 ciganos Alsacianos-Lorenos de julho de 1915 a 1919, o autor dá existência legítima àqueles que foram tratados como um acidente humano, considerados diferentes, irregulares.
Inicialmente, na Introdução, Filhol fala da presença dos ciganos no sul da França, destacando que esse povo, que circulava pelo vale da Drôme e regiões vizinhas desde a Idade Média, instala-se ali a partir da metade do século XV. Em nota de rodapé, a de número 3 no texto, pode-se apreender que os diferentes nomes na língua francesa para designar o cigano (Bohémiens, Gitans, Tsiganes, Manouches) são provenientes dos itinerários migratórios realizados por estes. Assim, eles são chamados de Boêmios, porque seus ancestrais vieram da Boêmia no século V; Gitanos, porque eram originários do ‘Pequeno Egito’; depois foram designados Atsingani (que gerou a expressão Tsiganes – Ciganos) nome dado pelos gregos a uma seita que praticava as artes de prever o futuro e a música e, por fim, Manouches, que, originário da expressão Manus, significa homem.
Desde sua instalação, segundo o autor, o povo cigano, até então desconhecido, suscitou nas populações urbanas uma mistura de admiração e medo. O seu modo de vida nômade sempre foi visto com descrédito pela população sedentária das cidades. Nem o século XIX, o século das luzes, foi-lhes favorável. Uma lei redigida em 1980 e votada em 1912 vai instaurar uma carteira de identidade (uma ficha antropométrica) de modo a controlar a chegada e partida dos ambulantes, forasteiros e comunidades nômades.
Dois anos após o estabelecimento dessa lei, a guerra entre a França e a Alemanha explode. Os ciganos interceptados na reconquistada região da Alsácia e da Lorena serão, como acrescenta o autor, instantaneamente retirados do território e encarcerados a partir de março de 1915 para centros de triagem e depois para a internação em campos, principalmente os localizados no sul da França. Desse modo, colocou-se um peso sobre os ciganos que circulavam pela zona do front e pelo interior do país. Muitos ciganos da Alsacia-Lorena foram encarcerados por conta de sua nacionalidade, vivendo sob um regime de detenção e disciplina, em condições humanas e materiais precárias, sofrendo punições e a perda de sua liberdade.
Na segunda parte do trabalho, “Un Camp d’Internement pour Les Tsiganes” (Um campo de aprisionamento para os ciganos), o autor destaca o modelo penitenciário imposto a esse povo e o modo como os ciganos de Crest foram assimilados a pessoas suspeitas, resultando num tratamento disciplinar reforçado. O exame da situação administrativa dos internos demonstrou que uma grande parte possuía a ficha de identidade, estabelecida pela lei de 1912. Essa lei foi destinada a vigiar e reprimir vagabundos e amplamente aplicada na França aos nômades, obrigando as famílias ciganas a adquirirem o estatuto de estrangeiras, procedimento que, segundo o autor, sugere uma intolerância e racismo contra os ciganos.
Filhol mostra que uma incompreensão imperava sobre o modo de vida dos ciganos. Amantes do campo, da natureza, e pouco habituados a viver em casas; por conseguinte, eram vistos como separados daquilo que funda a sociedade humana e civilizada, ou seja, a cidade. O contato com esse povo era considerado como um risco de contaminação e fragmentos da imprensa da época, material com o qual o autor trabalha, revela o modo como os ciganos eram qualificados. Assim, em 3 de agosto de 1908, no jornal Le Petit Parisien, podia-se ler sobre os ciganos “‘peuple néfaste’, suggère qu’on sévisse contre ces ‘parasites outrecuidants’, ces ‘rongeurs’ qui ‘infectent notre territoire’. Ce peuple néfaste laisse ‘après lui la vermine et les maladies, les meubles fractués, les fermes incendiés’[1]’” (página 38).
Na parte “Aspects de L’Internement” (Aspectos do Aprisionamento), a terceira do livro, o autor sublinha que a vida dos ciganos internos no convento dos capuchinhos em Crest é uma existência sob a vigilância. Isso se dá para além do caráter de prisão a que foram submetidos e do qual só se podia sair em momentos precisos ou por motivos determinados. A existência sob vigilância é contrária ao modo de vida cigana, pois obriga pessoas a habitar um lugar, a viver sob uma sedentarização forçada, totalmente estranha à prática dos itinerários que inspira e estabelece uma vida na mobilidade.
Filhol afirma que o encarceramento dos ciganos obedecia a uma lógica do controle que repousa sob a privação da liberdade. Esse internamento, além de estabelecer um ordenamento da vida, isto é, com os afazeres do quotidiano, alimentação, saídas, correspondência, higiene, penas disciplinares, produzia um conjunto de fatores: sofrimentos, doenças, conflitos entre pessoas e familiares presos, expondo a dificuldade de se viver junto, pois a prisão altera o modo de vida das famílias ciganas e suas relações com o quotidiano. Essas famílias, diz o autor, “habitués à circuler, à se déplacer, dont l’identité tsigane repose sur mobilité[2]’ são obrigadas a viver uma “cohabitation forcée[3]”, produzindo o conflito entre alguns indivíduos e famílias (página 88). Nascimentos, doenças, mortalidade (principalmente de crianças), relações conflituosas, educação religiosa e pequenos trabalhos compunham o dia-a-dia no aprisionamento.
Na quartaparte, “Subir, résister” (Suportar, resistir), Filhol apresenta análises primorosas com um material que compõe o corpus de trabalho. Pelas cartas que os ciganos enviavam para autoridades administrativas e políticas do Estado, solicitando a liberação do cárcere, e de fragmentos dos jornais locais, o autor finamente “traduz” o sofrimento de habitar na prisão e mostra como ser cigano produz uma identidade desfavorável ao ser humano e como a opinião pública, hostil aos ciganos, concebe estes ‘hóspedes indesejáveis’ que não devem mais circular fora do limites da prisão. Sobre esse viés, convém salientar o comentário do autor sobre as marcas que o confinamento inscreveu na identidade cigana: “Pour les Romanichels regroupés au camp de Crest, l’internement équivaut à une prison, qui brise les repères identitaires, économiques, sociaux, culturels, des familles[4]” (página 121).
Ao ler as cartas produzidas pelos ciganos, Filhol acrescenta que as práticas de escrita entre os ciganos estão fortemente ligadas à oralidade presente nesse grupo. Ele mostra uma preocupação das formas do texto adaptadas ao código e ao estilo admitido pelo destinatário. Esse processo, segundo o autor, pode ser visto em muitas cartas. No entanto, há uma delas que merece destaque, escrita por Angelina Hofer – uma cigana alemã – que chegou ao convento de Crest em 23 de julho de 1915 com quatro filhos. Eles foram transferidos do depósito humano de Saint-Maximin, em Var.
Angelina se dirige à autoridade civil de Crest solicitando a transferência dela para um depósito alemão em que se encontra seu marido. Dessa carta, o autor reconstrói com algumas palavras o sofrimento e a dor de uma separação imposta por anos entre campos de concentração: ‘Eu sou uma Alemã separada do Marido sozinha aqui’ – “‘Allemande’, ‘séparé’, ‘Mari’, ‘seul’ ‘issi’” (sic), (páginas 134 e 135).
Organizando sua reflexão na quinta e última parte, a Conclusão, o autor aponta que os campos de concentração começariam a se esvaziar a partir de outubro de 1919, porém os cento e cinqüenta ciganos mantidos no depósito de Crest esperariam ainda nove meses para serem liberados. A partida desse povo foi vista pela população como alívio já que os ciganos representavam “un danger pour la vie publique [...] se comportaient en ‘parasites’ au sein de la société, bref étaient des personnes nuisibles, comparables à la vermine ou à des insects malfaisantes qui endommagent les récoltes[5]”, proferia a imprensa local (:172).
Há que se ressaltar uma afirmação do autor, ou seja, de que a reclusão dos ciganos Alsacianos-Lorenos no depósito de Crest evidencia uma etapa de um processo de aprisionamento que marca profundamente o século XIX. Todavia, esse fenômeno da reclusão de seres humanos vai ressurgir vinte anos mais tarde, de forma violenta e feroz, no contexto da Segunda Guerra Mundial. Para Filhol, há uma amnésia da sociedade francesa quanto aos ciganos e uma dívida material e simbólica do Estado para com esse povo. Considerados como marginais e qualificados como anti-sociais, os nômades foram privados de direitos civis e políticos sinônimos de pertencimento a uma cidadania nacional.
_____________________________________________________________________________
* Doutor em Lingüística pelo IEL/DL-Unicamp.
[1] “‘Povo nefasto’, que sejamos rigorosos contra esses ‘parasitas impertinentes’, esses ‘ratos’ que ‘infectam nosso território’. Esse povo nefasto deixa ‘por onde passa as pragas e as doenças, os bens despedaçados, as fazendas incendiadas’”.
[2] “Habituadas a circular, a se locomover, já que a mobilidade estabelece a identidade cigana”.
[3] “Coabitação forçada”.
[4] “Para os ciganos reagrupados no campo de Crest, o internamento equivale a uma prisão, que destrói as marcas identitárias, econômicas, sociais, culturais, familiares”.
[5] “Um perigo para a vida pública [...] se comportavam como ‘parasitas’ no seio da sociedade, em resumo eram pessoas nocivas, comparáveis a vermes ou a insetos malfeitores que deterioram as colheitas”.
Fonte: Revista Rua, do Laboratório de Estudos Urbanos do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade, Unicamp(Universidade Estadual de Campinas)
http://www.labeurb.unicamp.br/rua/pages/home/lerPagina.rua?id=8
domingo, 13 de janeiro de 2013
Ciganos em Auschwitz - Parte 2 (Holocausto)
Como os judeus, os ciganos foram destacados pelos nazistas na perseguição racial e aniquilação. Eles eram 'nonpersons', de 'sangue estrangeiro', 'aversos ao trabalho', e como tal, foram denominados antissociais. Até certo ponto eles compartilharam o mesmo destino dos judeus nos guetos, nos campos de extermínio, na mira dos pelotões de fuzilamento, como cobaias humanas, recebendo injeção com substâncias letais.
Ironicamente o escritor alemão Christof Wagenseil afirmou em 1697 que os ciganos eram da mesma árvore genealógica que os judeus alemães. Um teórico nazi mais contemporâneo acreditava que "os ciganos não poderiam, por sua composição interna e externa (Konstruktion), ser membros úteis de uma comunidade humana." [70]
As Leis de Nuremberg de 1935 visando os judeus foram logo alteradas para incluir também os ciganos. Em 1937, eles foram classificados como antissociais, cidadãos de segunda-classe e sujeitos à prisão em campo de concentração. [71] No início de 1936, alguns haviam sido enviados para os campos. Depois de 1939 os ciganos da Alemanha e dos territórios ocupados alemães foram foram enviados aos milhares primeiramente para guetos judaicos na Polônia, em Varsóvia, Lublin, Kielce, Rabka, Zary, Sedlce e outros. [72]
Não se sabe quantos foram mortos pelos Einsatzgruppen, responsáveis pelo rápido extermínio por fuzilamentos. Por uma questão de eficiência os ciganos também foram fuzilados nus, de frente para suas covas cavadas anteriormente. De acordo com especialistas nazis, o assassinato de judeus era mais fácil, eles ficavam parados 'enquanto os ciganos gritavam, uivavam e se mexiam constantemente, até quando eles já estavam no chão por conta dos disparos. Alguns deles até pulavam dentro da cova antes dos disparos e fingiam estarem mortos.' [73] Os primeiros a ir foram os ciganos alemães; 30.000 foram deportados para o Leste em três levas, em 1939, 1941 e 1943. Aqueles casados com alemães foram dispensados mas foram esterilizados, como também foram suas crianças depois da idade de doze anos. [74]
Sendo assim, como os ciganos foram 'despachados' da Europa? Adolf Eichmann, estrategista-chefe destas logísticas diabólicas, forneceu uma resposta no telegrama de Viena para a Gestapo:
Os ciganos morreram em Dachau, Mauthasusen, Ravensbruck e outros campos. Em Sachsenhausen eles foram submetidos a experimentos especiais para provar cientificamente que seu sangue era diferente dos alemães. Os médicos responsáveis pela 'pesquisa' eram os memos que haviam feito isto anteriormente em prisioneiros negros de guerra. No entanto, por 'motivos raciais', eles foram considerados inadequados para experimentos com água do mar. [77] Os ciganos foram muitas vezes acusados de atrocidades cometidas por outros, foram responsabilizados, por exemplo, do saque de dentes de ouro de cem judeus mortos abandonados numa estrada da Romênia. [78]
Mulheres ciganas foram forçadas a se tornarem cobaias humanas nas mãos de médicos nazistas. Entre outros, eles foram esterilizados como "indignos de reprodução humana" (fortpflanzungsunwuerdig), apenas para ser definitivamente aniquilados por não serem dignos de viver. ... Com tudo isso, alguns ciganos foram mais afortunados; na Bulgária, Grécia, Dinamarca e Finlândia eles foram poupados. [80]
Por um tempo, houve um acampamento de famílias ciganas em Auschwitz, mas em 6 de agosto de 1944, isto foi liquidado. Alguns homens e mulheres foram enviadas para fábricas alemãs para o trabalho escravo, e o resto, cerca de 3.000 mulheres, crianças e idosos, foi gaseados. [81]
Não existem estatísticas precisas sobre o extermínio dos ciganos europeus. Algumas estimativas colocam o número entre 500.000 e 600.000, a maioria deles gaseados em Auschwitz. [82] Outros indicam um número mais conservador, em torno de 200.000 vítimas ciganas no Holocausto. [83] (Laska)
Notas:
[70] Raul Hilberg, "The Destruction of the European Jews" (Chicago: Quadrangle Books, 1961), p.641; quotation by Staatsrat Turner, chief of the civil administration in Serbia, October 26, 1941, in ibid., p.438
[71] Donald Kenrick and Grattan Puxon, "Destiny of Europe's Gypsies" (New York: Basic Books, 1972), p.72
[72] Jan Yoors, "Crossing, A Journal of Survival and Resistance in World War II" (New York: Simon & Schuster, 1971), pp. 33-34
[73] Hilberg, p. 439
[74] Ruzena Bubenickova, et al., "Tabory utrpeni a smrti" (Camps of Martyrdom and Death)(Prague: Svoboda, 1969), pp. 189-190
[75] Simon Wiesenthal, "The Murderers Among Us" (New York: Bantam, 1967) pp. 237-238
[76] Kendrick, pp. 88-90
[77] Hilberg, pp. 602, 608; the doctors were Hornbeck and Werner Fischer
[78] ibid., p.489
[79] Julian E. Kulski, "Dying We Live" (New York: Holt, Rinehart & Winston, 1979), p.200
[80] Kenrick, p.100
[81] Ota Kraus and Erich Kulka, "Tovarna na smrt" (Death Factory) (Prague: Nase vojsko, 1957), p.200
[82] Yoors, p.34; Bubenickova, p. 190
[83] Gilbert, Martin. "The Holocaust, Maps and Photographs" (New York: Mayflower Books, 1978. p.22; Kendrick, p. 184
Laska, Vera, Ed. Women in the Resistance and in the Holocaust: The Voices of Eyewitnesses. Wesport & London: Greenwood Press, 1983. LOC 82-12018, ISBN 0-313-23457-4
Newsgroups: alt.revisionism
Subject: Holocaust Almanac: The Fate of the Gypsy
Reply-To: kmcvay@nizkor.almanac.bc.ca
Followup-To: alt.revisionism
Organization: The Nizkor Project, Vancouver Island, CANADA
Keywords: gypsy
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.02
Last-Modified: 1992/10/17
Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.02
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 1
Ciganos em Auschwitz - Parte 3
Ironicamente o escritor alemão Christof Wagenseil afirmou em 1697 que os ciganos eram da mesma árvore genealógica que os judeus alemães. Um teórico nazi mais contemporâneo acreditava que "os ciganos não poderiam, por sua composição interna e externa (Konstruktion), ser membros úteis de uma comunidade humana." [70]
As Leis de Nuremberg de 1935 visando os judeus foram logo alteradas para incluir também os ciganos. Em 1937, eles foram classificados como antissociais, cidadãos de segunda-classe e sujeitos à prisão em campo de concentração. [71] No início de 1936, alguns haviam sido enviados para os campos. Depois de 1939 os ciganos da Alemanha e dos territórios ocupados alemães foram foram enviados aos milhares primeiramente para guetos judaicos na Polônia, em Varsóvia, Lublin, Kielce, Rabka, Zary, Sedlce e outros. [72]
Não se sabe quantos foram mortos pelos Einsatzgruppen, responsáveis pelo rápido extermínio por fuzilamentos. Por uma questão de eficiência os ciganos também foram fuzilados nus, de frente para suas covas cavadas anteriormente. De acordo com especialistas nazis, o assassinato de judeus era mais fácil, eles ficavam parados 'enquanto os ciganos gritavam, uivavam e se mexiam constantemente, até quando eles já estavam no chão por conta dos disparos. Alguns deles até pulavam dentro da cova antes dos disparos e fingiam estarem mortos.' [73] Os primeiros a ir foram os ciganos alemães; 30.000 foram deportados para o Leste em três levas, em 1939, 1941 e 1943. Aqueles casados com alemães foram dispensados mas foram esterilizados, como também foram suas crianças depois da idade de doze anos. [74]
Sendo assim, como os ciganos foram 'despachados' da Europa? Adolf Eichmann, estrategista-chefe destas logísticas diabólicas, forneceu uma resposta no telegrama de Viena para a Gestapo:
Referente ao transporte dos Ciganos, foi informado de que na sexta-feira, 20 outubro, 1939, o primeiro transporte de judeus partirá de Viena. Para este transporte, de 3 a 4 carros de ciganos devem ser anexados. Trens subseqüentes partirão de Viena, Mährisch-Ostrau e Katowice [Polônia]. O método mais simples é atracar alguns vagões cheios de ciganos para cada transporte. Porque estes transportes devem seguir a programação, e uma execução tranquila deste problema é esperada. Quanto ao início da remoção no Altreich [das partes anexadas à Alemanha] é informado que isto acontecerá em 3-4 semanas. Eichmann. [75]A Temporada Aberta de Caça foi declarada para os ciganos, também. Por um momento Himmler quis poupar duas tribos e 'apenas' esterilizá-las, mas por volta de 1942 ele assinou o decreto para todos os ciganos serem enviados para Auschwitz. [76] Onde estavam sujeitos a tudo o que Auschwitz significava, incluindo experimentos médicos antes de serem exterminados.
Os ciganos morreram em Dachau, Mauthasusen, Ravensbruck e outros campos. Em Sachsenhausen eles foram submetidos a experimentos especiais para provar cientificamente que seu sangue era diferente dos alemães. Os médicos responsáveis pela 'pesquisa' eram os memos que haviam feito isto anteriormente em prisioneiros negros de guerra. No entanto, por 'motivos raciais', eles foram considerados inadequados para experimentos com água do mar. [77] Os ciganos foram muitas vezes acusados de atrocidades cometidas por outros, foram responsabilizados, por exemplo, do saque de dentes de ouro de cem judeus mortos abandonados numa estrada da Romênia. [78]
Mulheres ciganas foram forçadas a se tornarem cobaias humanas nas mãos de médicos nazistas. Entre outros, eles foram esterilizados como "indignos de reprodução humana" (fortpflanzungsunwuerdig), apenas para ser definitivamente aniquilados por não serem dignos de viver. ... Com tudo isso, alguns ciganos foram mais afortunados; na Bulgária, Grécia, Dinamarca e Finlândia eles foram poupados. [80]
Por um tempo, houve um acampamento de famílias ciganas em Auschwitz, mas em 6 de agosto de 1944, isto foi liquidado. Alguns homens e mulheres foram enviadas para fábricas alemãs para o trabalho escravo, e o resto, cerca de 3.000 mulheres, crianças e idosos, foi gaseados. [81]
Não existem estatísticas precisas sobre o extermínio dos ciganos europeus. Algumas estimativas colocam o número entre 500.000 e 600.000, a maioria deles gaseados em Auschwitz. [82] Outros indicam um número mais conservador, em torno de 200.000 vítimas ciganas no Holocausto. [83] (Laska)
Notas:
[70] Raul Hilberg, "The Destruction of the European Jews" (Chicago: Quadrangle Books, 1961), p.641; quotation by Staatsrat Turner, chief of the civil administration in Serbia, October 26, 1941, in ibid., p.438
[71] Donald Kenrick and Grattan Puxon, "Destiny of Europe's Gypsies" (New York: Basic Books, 1972), p.72
[72] Jan Yoors, "Crossing, A Journal of Survival and Resistance in World War II" (New York: Simon & Schuster, 1971), pp. 33-34
[73] Hilberg, p. 439
[74] Ruzena Bubenickova, et al., "Tabory utrpeni a smrti" (Camps of Martyrdom and Death)(Prague: Svoboda, 1969), pp. 189-190
[75] Simon Wiesenthal, "The Murderers Among Us" (New York: Bantam, 1967) pp. 237-238
[76] Kendrick, pp. 88-90
[77] Hilberg, pp. 602, 608; the doctors were Hornbeck and Werner Fischer
[78] ibid., p.489
[79] Julian E. Kulski, "Dying We Live" (New York: Holt, Rinehart & Winston, 1979), p.200
[80] Kenrick, p.100
[81] Ota Kraus and Erich Kulka, "Tovarna na smrt" (Death Factory) (Prague: Nase vojsko, 1957), p.200
[82] Yoors, p.34; Bubenickova, p. 190
[83] Gilbert, Martin. "The Holocaust, Maps and Photographs" (New York: Mayflower Books, 1978. p.22; Kendrick, p. 184
Laska, Vera, Ed. Women in the Resistance and in the Holocaust: The Voices of Eyewitnesses. Wesport & London: Greenwood Press, 1983. LOC 82-12018, ISBN 0-313-23457-4
Newsgroups: alt.revisionism
Subject: Holocaust Almanac: The Fate of the Gypsy
Reply-To: kmcvay@nizkor.almanac.bc.ca
Followup-To: alt.revisionism
Organization: The Nizkor Project, Vancouver Island, CANADA
Keywords: gypsy
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.02
Last-Modified: 1992/10/17
Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.02
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 1
Ciganos em Auschwitz - Parte 3
Labels:
Auschwitz,
Ciganos,
cobaias humanas,
Einsatzgruppen,
esterilização,
experimentos médicos,
Extermínio,
Genocídio,
Mengele,
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Sinti
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
A "Solução Final" Cigana
A "Solução Final" Cigana
Não houve, alguns dizem, apenas uma Solução Final. Cinquenta anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a atenção volta-se para o bem ignorado sofrimento dos não-judeus atingidos pelos nazistas.
--------------------------------------------------------------------------------
Muitos ciganos estão satisfeitos que seu sofrimento durante a Segunda Guerra Mundial recebeu um reconhecimento tardio, mas estão contrariados de como suas perdas nas mãos
dos nazistas estão sendo reconhecidas, diz um líder da comunidade cigana americana. "Temos sido consistentemente colocados em 'outras' categorias, juntos com Testemunhas de Jeová, homossexuais, poloneses e católicos, como se não fôssemos parte da Solução Final," diz Ian Hancock.
Roma e Sinti são os nomes corretos para os descendentes dos grupos não-arianos do norte da Índia que migraram pro sudeste da Europa no 13º século e tornaram-se artesãos intinerantes; europeus pensaram que os recém-chegados vieram do Egito, daí o nome de ciganos.
"Roma ... era a única outra população ao lado dos judeus que era alvo para a exterminação nas bases raciais da Solução Final, " Hancock escreveu na Encyclopedia of Genocide(Enciclopédia do Genocídio) ...
Suas palavras ecoam daqueles muitos portas-vozes ciganos. Judeus e ciganos compartilham um status não invejável como vítimas principais dos nazistas. Na hierarquia racial nazista, ciganos, que ameaçavam a pureza biológica da "superior" raça ariana, situavam-se entre os "subumanos" eslavos e os "anti-humanos" judeus.
As medidas "legais" que marginalizaram a comunidade cigana na Grande Alemanha, as batidas a ciganos perambulando em outras partes na Europa oculpada e suas mortes nas mãos dos Einsatzgruppen, esquadrões móveis do extermínio, parecem uma inquietante similaridade à campanha anti-judaica dos nazis. Uma diferença, a taxa de sobrevivência cigana durante o Holocausto foi mais alta.
Cerca de dois terços da população judaica no pré-guerra da Europa pereceram durante o Holocausto. Do estimado de 2.5 milhões de ciganos que viviam na Europa em 1939, de 250.000 a 1.5 milhão morreram sob o Terceiro Reich, dependendo das estimativas dos historiadores, a maior parte diz que uma estimativa acurada estaria em algo em torno da metade, significanto que certca de um quarto dos ciganos europeus foram vítimas de Hitler.
Entretanto o número, a taxa de morte era certamente maior entre ciganos na própria Alemanha, enquanto que a comunidade por todo o continente era "completamente dizimada, completamente destroçada," Hancock disse. "Os efeitos psicológicos estão ainda sendo sentidos" pelos 2 milhões dos 4.5 milhões de ciganos da Europa.
"Determinar a porcentagem ou números de Roma que morreram no Holocausto (chamado de Porrajmos, 'paw-RYE-mos,' em Romani, uma palavra que significa 'o Devoramento') não é fácil," de acordo com o artigo de Hancock da enciclopédia. "Muita da documentação nazi ainda precisa ser analizada, e muitos assassinatos não foram registrados, desde que eles tomaram lugar em campos e florestas onde os Roma estavam retidos."
"É possível que os nazis eram mais concentrados em eliminar os judeus e que uma vez que a população judaica da Europa fosse aniquilada, os ciganos seriam os próximos alvos principais," marido e esposa, James e Brenda Davis Lutz da Universidade de Indiana escreveram no inverno de 1995 sobre a questão no Holocaust and Genocide Studies. "Os ciganos como um povo sobreviveram as campanhas dirigidas contra eles em maior medida em virtude de que estavam localizados em áreas sob o controle de governos aliados com a Alemanha. Estes governos geralmente recusavam participar no extermínio de ciganos (como apenas alguns não participaram da destruição dos judeus europeus)."
A campanha anti-cigana na Alemanha, que era baseada nos preconceitos populares e leis discriminatórias que eram anteriores a curta vida da República de Weimar, tiveram início rapidamente depois que Hitler assumiu o poder em janeiro de 1933. Ciganos eram castrados e esterelizados, enviados cedo para os campos de concentração e proibidos de casar com alemães. Uma Central para "Combate à Moléstia Cigana" foi aberta em Munique em junho de 1936.
Muitos ciganos sofreram com blitz na Alemanha na semana de 12-18 de junho de 1938, "Semana de limpeza cigana," uma precursora para Kristallnacht(Noite dos Cristais)cinco meses depois.
Em dezembro daquele ano, a primeira referência conhecida para a "Solução Final da questão cigana" apareceu num documento assinado pelo Chefe da SS Heinrich Himmler. Em janeiro de 1940, 250 crianças ciganas foram assassinadas em Buchenwald, usada como cobaias humanas num teste de cristais de Zyklon-B.
Ao contrário dos judeus na Alemanha e outros países da Europa, as vítimas ciganas dos nazis e suas famílias não receberam nenhuma pagamento reparatório, diz Hancock. Ele diz que advogados estão trabalhando para recuperar ativos ciganos totalizando "muitos milhões de dólares" que foram depositados em bancos suíços antes da guerra e nunca retornaram a seus donos de direito. "Temos a documentação," ele diz.
Sem nenhuma data especial ou cerimônias para celebrar as perdas de sua comunidade nos tempos de guerra, representantes de organizações ciganas participaram das atividades do anual Yom HaShoah do Museu Memorial do Holocausto dos EUA em Washington.
Uma estátua de madeira homenageando ciganos mortos durante a guerra foi dedicada em 1991 numa cidade no sudoeste da Hungria; acredita-se que seja o primeiro memorial do tipo no leste europeu. Grupos ciganos na Alemanha tem protestado contra os planos do senado de Berlim em levantar um monumento nacional do Holocausto que omite as vítimas de sua comunidade. Ignatz Bubis, presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, participou de sua petição.
"Sobreviventes ciganos ... que foram sistematicamente perseguidos por razões raciais não estão interessados em competir por status de vítima," Toby Sonneman, editor do Informativo Aliança Romani-Judaica, escreveu na edição de maio de 1994. "Eles apenas querem que suas vozes sejam escutadas e seu sofrimento seja reconhecido."
--------------------------------------------------------------------------------
Excerto do livro "Hitler's Other Victims: There wasn't, some say, just one Final Solution"(As outras vítimas de Hitler: Não houve, alguns dizem, apenas uma Solução Final). de Steve Lipman, Staff Writer. The Jewish Week, 02 de maio de 1997.
Copyright © The Jewish Week, 1997.
Fonte: The Patrin Web Jornal - Romani Culture and History
http://www.geocities.com/~patrin/othervictims2.htm (link morto)
Novo link:
http://www.reocities.com/~patrin/othervictims2.htm
Excerto(inglês): Steve Lipman
Tradução(português): Roberto Lucena
Foto: Jewish Library, Ciganos no Campo de Concentração de Belzec
http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/images/Holocaust/belzecgyp.jpg
http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Holocaust/gypsies.html
Não houve, alguns dizem, apenas uma Solução Final. Cinquenta anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a atenção volta-se para o bem ignorado sofrimento dos não-judeus atingidos pelos nazistas.
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Muitos ciganos estão satisfeitos que seu sofrimento durante a Segunda Guerra Mundial recebeu um reconhecimento tardio, mas estão contrariados de como suas perdas nas mãos

Roma e Sinti são os nomes corretos para os descendentes dos grupos não-arianos do norte da Índia que migraram pro sudeste da Europa no 13º século e tornaram-se artesãos intinerantes; europeus pensaram que os recém-chegados vieram do Egito, daí o nome de ciganos.
"Roma ... era a única outra população ao lado dos judeus que era alvo para a exterminação nas bases raciais da Solução Final, " Hancock escreveu na Encyclopedia of Genocide(Enciclopédia do Genocídio) ...
Suas palavras ecoam daqueles muitos portas-vozes ciganos. Judeus e ciganos compartilham um status não invejável como vítimas principais dos nazistas. Na hierarquia racial nazista, ciganos, que ameaçavam a pureza biológica da "superior" raça ariana, situavam-se entre os "subumanos" eslavos e os "anti-humanos" judeus.
As medidas "legais" que marginalizaram a comunidade cigana na Grande Alemanha, as batidas a ciganos perambulando em outras partes na Europa oculpada e suas mortes nas mãos dos Einsatzgruppen, esquadrões móveis do extermínio, parecem uma inquietante similaridade à campanha anti-judaica dos nazis. Uma diferença, a taxa de sobrevivência cigana durante o Holocausto foi mais alta.
Cerca de dois terços da população judaica no pré-guerra da Europa pereceram durante o Holocausto. Do estimado de 2.5 milhões de ciganos que viviam na Europa em 1939, de 250.000 a 1.5 milhão morreram sob o Terceiro Reich, dependendo das estimativas dos historiadores, a maior parte diz que uma estimativa acurada estaria em algo em torno da metade, significanto que certca de um quarto dos ciganos europeus foram vítimas de Hitler.
Entretanto o número, a taxa de morte era certamente maior entre ciganos na própria Alemanha, enquanto que a comunidade por todo o continente era "completamente dizimada, completamente destroçada," Hancock disse. "Os efeitos psicológicos estão ainda sendo sentidos" pelos 2 milhões dos 4.5 milhões de ciganos da Europa.
"Determinar a porcentagem ou números de Roma que morreram no Holocausto (chamado de Porrajmos, 'paw-RYE-mos,' em Romani, uma palavra que significa 'o Devoramento') não é fácil," de acordo com o artigo de Hancock da enciclopédia. "Muita da documentação nazi ainda precisa ser analizada, e muitos assassinatos não foram registrados, desde que eles tomaram lugar em campos e florestas onde os Roma estavam retidos."
"É possível que os nazis eram mais concentrados em eliminar os judeus e que uma vez que a população judaica da Europa fosse aniquilada, os ciganos seriam os próximos alvos principais," marido e esposa, James e Brenda Davis Lutz da Universidade de Indiana escreveram no inverno de 1995 sobre a questão no Holocaust and Genocide Studies. "Os ciganos como um povo sobreviveram as campanhas dirigidas contra eles em maior medida em virtude de que estavam localizados em áreas sob o controle de governos aliados com a Alemanha. Estes governos geralmente recusavam participar no extermínio de ciganos (como apenas alguns não participaram da destruição dos judeus europeus)."
A campanha anti-cigana na Alemanha, que era baseada nos preconceitos populares e leis discriminatórias que eram anteriores a curta vida da República de Weimar, tiveram início rapidamente depois que Hitler assumiu o poder em janeiro de 1933. Ciganos eram castrados e esterelizados, enviados cedo para os campos de concentração e proibidos de casar com alemães. Uma Central para "Combate à Moléstia Cigana" foi aberta em Munique em junho de 1936.
Muitos ciganos sofreram com blitz na Alemanha na semana de 12-18 de junho de 1938, "Semana de limpeza cigana," uma precursora para Kristallnacht(Noite dos Cristais)cinco meses depois.
Em dezembro daquele ano, a primeira referência conhecida para a "Solução Final da questão cigana" apareceu num documento assinado pelo Chefe da SS Heinrich Himmler. Em janeiro de 1940, 250 crianças ciganas foram assassinadas em Buchenwald, usada como cobaias humanas num teste de cristais de Zyklon-B.
Ao contrário dos judeus na Alemanha e outros países da Europa, as vítimas ciganas dos nazis e suas famílias não receberam nenhuma pagamento reparatório, diz Hancock. Ele diz que advogados estão trabalhando para recuperar ativos ciganos totalizando "muitos milhões de dólares" que foram depositados em bancos suíços antes da guerra e nunca retornaram a seus donos de direito. "Temos a documentação," ele diz.
Sem nenhuma data especial ou cerimônias para celebrar as perdas de sua comunidade nos tempos de guerra, representantes de organizações ciganas participaram das atividades do anual Yom HaShoah do Museu Memorial do Holocausto dos EUA em Washington.
Uma estátua de madeira homenageando ciganos mortos durante a guerra foi dedicada em 1991 numa cidade no sudoeste da Hungria; acredita-se que seja o primeiro memorial do tipo no leste europeu. Grupos ciganos na Alemanha tem protestado contra os planos do senado de Berlim em levantar um monumento nacional do Holocausto que omite as vítimas de sua comunidade. Ignatz Bubis, presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, participou de sua petição.
"Sobreviventes ciganos ... que foram sistematicamente perseguidos por razões raciais não estão interessados em competir por status de vítima," Toby Sonneman, editor do Informativo Aliança Romani-Judaica, escreveu na edição de maio de 1994. "Eles apenas querem que suas vozes sejam escutadas e seu sofrimento seja reconhecido."
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Excerto do livro "Hitler's Other Victims: There wasn't, some say, just one Final Solution"(As outras vítimas de Hitler: Não houve, alguns dizem, apenas uma Solução Final). de Steve Lipman, Staff Writer. The Jewish Week, 02 de maio de 1997.
Copyright © The Jewish Week, 1997.
Fonte: The Patrin Web Jornal - Romani Culture and History
http://www.geocities.com/~patrin/othervictims2.htm (link morto)
Novo link:
http://www.reocities.com/~patrin/othervictims2.htm
Excerto(inglês): Steve Lipman
Tradução(português): Roberto Lucena
Foto: Jewish Library, Ciganos no Campo de Concentração de Belzec
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http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Holocaust/gypsies.html
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Ciganos em Auschwitz - Parte 3 (Holocausto)
Os ciganos foram oficialmente definidos como não-arianos pelas leis de Nuremberg de 1935, que primeiramente havia definido os judeus; os dois grupos foram proibidos de casar com alemães. Os ciganos foram posteriormente rotulados como antissociais pelas Leis 1937 contra o crime, independentemente de terem sido acusados de atos ilegais.
Duzentos homens ciganos foram selecionados através de quotas e encarcerados no campo de concentração de Buchenwald. Em maio de 1938, o SS Reichsfuehrer Himmler criou o Escritório Central de Combate à Ameaça Cigana, que definiu a questão como 'uma questão de raça', discriminando os ciganos por serem ciganos assim como os judeus também eram discriminados, e ordenando os registrassem. Em 1939, o reassentamento dos ciganos foi colocado sob a jurisdição de Eichmann, juntamente com a dos judeus. Os ciganos foram proibidos de circular livremente e estavam confinados em acampamentos na Alemanha, em 1939, transformados mais tarde (1941) em guetos cercados, do qual eles seriam apreendidos para o transporte pela polícia criminal (auxiliada por cães) e enviados para Auschwitz em Fevereiro de 1943.
Durante maio de 1940, cerca de 3.100 foram enviados para guetos judaicos na Governo-Geral (Polônia): os outros podem ter sido adicionados aos transportes judeus de Berlim, Viena e Praga para Nisko, Polônia (à vista de uma reserva abortada pra receber os judeus deportados). Estas medidas foram tomadas contra os ciganos, que não tinham direito à isenção em virtude de ter um cônjuge ariano ou ter sido regularmente contratado por cinco anos.
Alguns evitaram a rede primeiramente. Apesar das leis de 1937 excluindo ciganos do serviço militar, muitos serviram nas forças armadas, até serem desmobilizados por ordens especiais entre 1940 e 1942. Crianças ciganas também foram expulsas de escolas a partir de março de 1941. Assim, aqueles que eram nominalmente livres e que ainda não estavam confinados, perderam sitematicamente o status de cidadãos e foram segregados. O status jurídico dos ciganos e judeus, irrevogavelmente determinados pelo acordo entre o ministro da Justiça Thierack e o SS Reichsfuehrer Himmler em 18 de setembro de 1942, removia os dois grupos da jurisdição de qualquer tribunal alemão, confirmando assim seus destinos. Thierack escreveu: "Eu quis transferir todos os procedimentos penais relativos [essas pessoas] a Himmler. Faço isso porque percebo que os tribunais só podem debilmente contribuir para o extermínio dessas pessoas."
A Lei de Cidadania de 1943 omitia qualquer referência a ciganos, uma vez que não se esperava que fossem existir por muito tempo. Himmler decretou o transporte de ciganos para Auschwitz em 16 de dezembro de 1942, mas ele não autorizou o seu extermínio até 1944. A maioria morreu ali e em outros campos: de fome, doenças e torturas dos abusos como serem cobais vivas de experimentos. Até o final da guerra, 15.000 dos 20.000 ciganos que tinham vivido na Alemanha, em 1939 já teriam morrido.
Newsgroups: alt.revisionism,soc.history
Subject: Holocaust Almanac: 15,000 German Gypsies Die at Nazi Hands
Followup-To: alt.revisionism
Organization: The Nizkor Project, Vancouver Island, CANADA
Keywords: gypsy,gypsies,nisko
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.03
Last-Modified: 1993/12/12
Extraído de: "Accounting for Genocide: Victims - and Survivors - of the Holocaust" (New York: Free Press, 1979) Helen Fein
Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.03
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 1
Ciganos em Auschwitz - Parte 2
Duzentos homens ciganos foram selecionados através de quotas e encarcerados no campo de concentração de Buchenwald. Em maio de 1938, o SS Reichsfuehrer Himmler criou o Escritório Central de Combate à Ameaça Cigana, que definiu a questão como 'uma questão de raça', discriminando os ciganos por serem ciganos assim como os judeus também eram discriminados, e ordenando os registrassem. Em 1939, o reassentamento dos ciganos foi colocado sob a jurisdição de Eichmann, juntamente com a dos judeus. Os ciganos foram proibidos de circular livremente e estavam confinados em acampamentos na Alemanha, em 1939, transformados mais tarde (1941) em guetos cercados, do qual eles seriam apreendidos para o transporte pela polícia criminal (auxiliada por cães) e enviados para Auschwitz em Fevereiro de 1943.
Durante maio de 1940, cerca de 3.100 foram enviados para guetos judaicos na Governo-Geral (Polônia): os outros podem ter sido adicionados aos transportes judeus de Berlim, Viena e Praga para Nisko, Polônia (à vista de uma reserva abortada pra receber os judeus deportados). Estas medidas foram tomadas contra os ciganos, que não tinham direito à isenção em virtude de ter um cônjuge ariano ou ter sido regularmente contratado por cinco anos.
Alguns evitaram a rede primeiramente. Apesar das leis de 1937 excluindo ciganos do serviço militar, muitos serviram nas forças armadas, até serem desmobilizados por ordens especiais entre 1940 e 1942. Crianças ciganas também foram expulsas de escolas a partir de março de 1941. Assim, aqueles que eram nominalmente livres e que ainda não estavam confinados, perderam sitematicamente o status de cidadãos e foram segregados. O status jurídico dos ciganos e judeus, irrevogavelmente determinados pelo acordo entre o ministro da Justiça Thierack e o SS Reichsfuehrer Himmler em 18 de setembro de 1942, removia os dois grupos da jurisdição de qualquer tribunal alemão, confirmando assim seus destinos. Thierack escreveu: "Eu quis transferir todos os procedimentos penais relativos [essas pessoas] a Himmler. Faço isso porque percebo que os tribunais só podem debilmente contribuir para o extermínio dessas pessoas."
A Lei de Cidadania de 1943 omitia qualquer referência a ciganos, uma vez que não se esperava que fossem existir por muito tempo. Himmler decretou o transporte de ciganos para Auschwitz em 16 de dezembro de 1942, mas ele não autorizou o seu extermínio até 1944. A maioria morreu ali e em outros campos: de fome, doenças e torturas dos abusos como serem cobais vivas de experimentos. Até o final da guerra, 15.000 dos 20.000 ciganos que tinham vivido na Alemanha, em 1939 já teriam morrido.
Newsgroups: alt.revisionism,soc.history
Subject: Holocaust Almanac: 15,000 German Gypsies Die at Nazi Hands
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Organization: The Nizkor Project, Vancouver Island, CANADA
Keywords: gypsy,gypsies,nisko
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.03
Last-Modified: 1993/12/12
Extraído de: "Accounting for Genocide: Victims - and Survivors - of the Holocaust" (New York: Free Press, 1979) Helen Fein
Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.03
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 1
Ciganos em Auschwitz - Parte 2
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Ciganos,
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Einsatzgruppen,
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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Dr. Robert Ritter: ciência racial e "ciganos" (Holocausto)
Dr. Robert Ritter: Ciência Racial e "Ciganos"
A pesquisa do cientista racial Dr. Robert Ritter e seus associados serviram ambos como instrumento e justificação para o regime Nazista isolar e eventualmente destruir a população Cigana Alemã.
Estudando os Ciganos, Ritter, que era um psiquiatra, esperava determinar as ligações entre a hereditariedade e a criminalidade. Com financiamento da 'Associação Alemã para Pesquisa Científica' e com acesso a registros da polícia, Ritter começou em 1937 a sistematicamente entrevistar todos os Ciganos residindo na Alemanha. Para fazer isso, ele viajou a acampamentos Ciganos e, depois a deportação e internamento de Ciganos começaram, para os campos de concentração.
Ritter desenvolveu genealogias detalhadas--históricos de família--para distingüir os Ciganos "puros" daqueles de "sangue misto/misturado" e desenraizar os Ciganos assimilados da população geral alemã. A polícia de estado ajudou Ritter em seu requerimento de registros genealógicos de todos os Ciganos movidos a força para campos especiais municipais depois de 1935. Acreditando que qualquer um com sangue Cigano podia ser um perigo a sociedade, Ritter classificou um "meio-Cigano" como alguém com um ou dois avós Ciganos ou dois ou mais avós meio-Ciganos, isto é, alguém com um pouco de um quarto de sangue cigano.
Aos associados a Ritter incluíam o antropólogo Dr. Adolf Wurth e, até 1942, e o zoologista e antropólogo Dr. Sophie Ehrhardt. O associado mais próximo a Ritter era Eva Justin, uma enfermeira que recebeu seu doutorado em antropologia em 1944 baseado na sua pesquisa com crianças Ciganas afastadas de suas famílias. Na conclusão de seu estudo, estas crianças eram deportadas a Auschwitz, onde todos com exceção de alguns eram mortos.
"Num relatório dos resultados de sua pesquisa em 1940, Ritter concluiu que 90 porcento dos Ciganos nativos da Alemanha eram "de sangue misto/misturado". Ele descreveu aqueles Ciganos como "os produtos de relacionamentos com criminosos anti-sociais alemães do subproletariado." Ele caracterizou os Ciganos como povos "primitivos" "incapazes de uma real adaptação social."
Do final de 1944 entrando em 1946, Ritter ensinou biologia criminal na Universidade de Turbingen; em 1947 ele entrou no Centro de Saúde de Frankfurt como um médico de crianças. Enquanto esteve lá, ele empregou Eva Justin como uma psicóloga. Seu colaborador Dra. Sophie Ehrhardt entrou na faculdade de antropologia na Universidade de Tubingen em 1942 e continuou a usar os dados de Ritter em sua pesquisa pós-guerra. Dr. Adolph Wurth serviu no Bureau de Estatística Baden-Wurttemberg até 1970.
Os esforços para trazer provas contra Ritter e seus associados como assessores nas mortes dos Ciganos Alemães foram interrompidos. O julgamento do Dr. Robert Ritter chegou ao fim com seu suicídio em 1950.
Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena
Página principal: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945
A pesquisa do cientista racial Dr. Robert Ritter e seus associados serviram ambos como instrumento e justificação para o regime Nazista isolar e eventualmente destruir a população Cigana Alemã.
Estudando os Ciganos, Ritter, que era um psiquiatra, esperava determinar as ligações entre a hereditariedade e a criminalidade. Com financiamento da 'Associação Alemã para Pesquisa Científica' e com acesso a registros da polícia, Ritter começou em 1937 a sistematicamente entrevistar todos os Ciganos residindo na Alemanha. Para fazer isso, ele viajou a acampamentos Ciganos e, depois a deportação e internamento de Ciganos começaram, para os campos de concentração.
Ritter desenvolveu genealogias detalhadas--históricos de família--para distingüir os Ciganos "puros" daqueles de "sangue misto/misturado" e desenraizar os Ciganos assimilados da população geral alemã. A polícia de estado ajudou Ritter em seu requerimento de registros genealógicos de todos os Ciganos movidos a força para campos especiais municipais depois de 1935. Acreditando que qualquer um com sangue Cigano podia ser um perigo a sociedade, Ritter classificou um "meio-Cigano" como alguém com um ou dois avós Ciganos ou dois ou mais avós meio-Ciganos, isto é, alguém com um pouco de um quarto de sangue cigano.
Aos associados a Ritter incluíam o antropólogo Dr. Adolf Wurth e, até 1942, e o zoologista e antropólogo Dr. Sophie Ehrhardt. O associado mais próximo a Ritter era Eva Justin, uma enfermeira que recebeu seu doutorado em antropologia em 1944 baseado na sua pesquisa com crianças Ciganas afastadas de suas famílias. Na conclusão de seu estudo, estas crianças eram deportadas a Auschwitz, onde todos com exceção de alguns eram mortos.
"Num relatório dos resultados de sua pesquisa em 1940, Ritter concluiu que 90 porcento dos Ciganos nativos da Alemanha eram "de sangue misto/misturado". Ele descreveu aqueles Ciganos como "os produtos de relacionamentos com criminosos anti-sociais alemães do subproletariado." Ele caracterizou os Ciganos como povos "primitivos" "incapazes de uma real adaptação social."
Do final de 1944 entrando em 1946, Ritter ensinou biologia criminal na Universidade de Turbingen; em 1947 ele entrou no Centro de Saúde de Frankfurt como um médico de crianças. Enquanto esteve lá, ele empregou Eva Justin como uma psicóloga. Seu colaborador Dra. Sophie Ehrhardt entrou na faculdade de antropologia na Universidade de Tubingen em 1942 e continuou a usar os dados de Ritter em sua pesquisa pós-guerra. Dr. Adolph Wurth serviu no Bureau de Estatística Baden-Wurttemberg até 1970.
Os esforços para trazer provas contra Ritter e seus associados como assessores nas mortes dos Ciganos Alemães foram interrompidos. O julgamento do Dr. Robert Ritter chegou ao fim com seu suicídio em 1950.
Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena
Página principal: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945
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domingo, 30 de março de 2014
Suécia admite que durante 100 anos marginalizou e esterilizou o povo cigano
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Dois ciganos desalojados de um acampamento em Estocolmo em 14 de março. / Rikard Stadler (Cordon Press) |
Ana Carbajosa / Miguel Mora Madri / Paris 29 MAR 2014 - 15:20 BRT
Ao longo do último século, a Suécia esterilizou, perseguiu, retirou crianças de suas famílias e proibiu a entrada no país dos ciganos; e as pessoas dessa minoria étnica foram tratadas durante décadas pelo Estado como “incapacitados sociais”. Estes anúncios não foram feitos por uma ONG militante. Eles fazem parte do relato do Governo conservador sueco, que em um gesto inédito na Europa, tanto por sua honestidade intelectual como pela amplitude do respeito à verdade, decidiu olhar para o passado e a revirar seus arquivos mais obscuros.
A ideia é saldar as dívidas com o passado para procurar melhorar o presente: “A situação que vivem os ciganos hoje se devem à discriminação histórica a que ele foram submetidos”, afirma o chamado Livro Branco, que foi apresentado nesta semana em Estocolmo, e no qual se detalham os abusos cometidos com os ciganos a partir de 1900.
A coalizão de centro-direita vigia a ascensão da extrema direita
O ministro de Integração,Erik Ullenhag, definiu essas décadas de impunidade e racismo de Estado como “um período escuro e vergonhoso da história sueca”. Suas palavras coincidiram com um episódio que ilustra a situação atual: na quarta-feira, uma das mulheres ciganas convidadas a dar seu depoimento foi proibida pelos funcionários do hotel Sheraton de entrar na área do café da manhã.
Os abusos históricos, assinala o Livro Branco, seguiram um padrão criado há séculos pelas monarquias europeias: começaram com os censos que elaboraram organismos oficiais como o Instituto para Biologia Racial ou a Comissão para a Saúde e o Bem-estar, que identificaram os ciganos que viviam no país. Os primeiros documentos oficiais descreviam os ciganos como “grupos indesejáveis para a sociedade” e como “uma carga”. Entre 1934 e 1974, o Estado prescreveu às mulheres ciganas a esterilização apelando ao “interesse das políticas de população”, como fez Austrália com os aborígenes. Não há cifras de vítimas, mas no Ministério de Integração explicam que uma em cada quatro famílias consultadas conhece algum caso de abortos forçados e esterilização. Os órgãos oficiais ficaram com a custódia de crianças ciganas que foram arrancadas de suas famílias. O estudo também não oferece dados sobre este costume, mas Sophia Metelius, assessora política do ministério, explica que se tratava de “uma prática sistemática”, sobretudo no inverno.
Estocolmo admite que proibiu a entrada de ciganos na Suécia até 1964, apesar de se saber o destino que tinham as minorias em um cenários de expansão nazista: os especialistas calculam que ao menos 600.000 romas e sintis foram exterminados no Porrajmos (como é conhecido o holocausto cigano), nas mãos do regime hitlerista e outros similares.
O Livro Branco detalha as prefeituras suecas que proibiram que os ciganos se assentassem de forma permanente, e lembra que as crianças eram segregadas em sala de aulas especiais e que não podiam ser atendidas pelos serviços sociais. “A ideia era tornar a vida deles impossível para que fossem embora do país”, resume Metelius.
Algumas destas práticas acontecem ainda em diversos países europeus, e a ciganofobia permanece com força na França , Grã-Bretanha e Alemanha. Paris desalojou em 2013 mais de 20.000 ciganos. Berlim planeja uma lei para evitar que os migrantes romenos e búlgaros —a maioria, roma— sem trabalho fiquem mais de seis meses no país.
Na próxima semana, a União Europeia celebrará uma cúpula especial para avaliar o caminho das políticas de integração da minoria roma. O panorama geral é desolador, com mostras de ódio racial na Hungria, Eslováquia e a República Tcheca.
Na Suécia, um país de cerca de nove milhões e meio de habitantes, vivem hoje mais de 50.000 ciganos. Por enquanto, as autoridades não contemplam a compensação aos familiares das vítimas de abusos, embora o Livro Branco abra porta para as demandas. O Governo estabeleceu a verdade histórica cruzando entrevistas pessoais de dúzias de ciganos com os arquivos oficiais. “Não são revelações novas. Os ciganos estão há anos contando estas histórias, mas ninguém dava atenção. Agora, simplesmente, reunimos os documentos oficiais e os cruzamos com depoimentos”, diz Sophia Metelius.
A coalizão de centro-direita enfrenta um forte crescimento nas pesquisas da extrema direita (10% das intenções de voto) e se propôs combater as mensagens xenófobas com uma firme defesa da tradição progressista sueca.
A aceitação em massa de refugiados sírios é uma das políticas com as quais liberais e conservadores querem demonstrar que o catastrofismo populista não deve irremediavelmente se converter em profecia autocumprida. O reconhecimento das selvagerias cometidas com os ciganos caminha nessa mesma direção. A ironia é que o civilizado e tolerante norte da Europa, ao final, não era tudo isso. A esperança se propaga com esse infrequente exercício de memória e respeito.
Fonte: El País (edição brasileira)
http://brasil.elpais.com/brasil/2014/03/28/internacional/1396032026_384483.html
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Ciganos lembram início de seu Holocausto há 70 anos
EFE – ter, 26 de fev de 2013. Nacho Temiño.
Varsóvia, 26 fev (EFE).- Grupos ciganos lembram nesta terça-feira o aniversário da sua chegada, há 70 anos, ao campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, no sul da Polônia, dos primeiros deportados dessa etnia, cuja maioria das 23 mil pessoas morreu ou foi assassinada.
Em dezembro de 1942, as autoridades nazistas decidiram pela prisão de todos os ciganos do Reich e dos territórios ocupados e, dias depois, ordenou o seu confinamento em campos de concentração, começando oficialmente o extermínio dos ciganos europeus.
Algumas semanas depois, a primeira "carga" dos sinti e dos roma - os dois grandes grupos de ciganos da Europa central - chegaram até Auschwitz-Birkenau, localizado na cidade polonesa de Oswiecim, onde ciganos de 14 nações diferentes sofreram a barbárie nazista até a libertação do campo.
Estima-se que mais de um milhão de pessoas perderam a vida em Auschwitz, a maioria judeus, mas também eslavos, insurgentes poloneses, sacerdotes católicos e homossexuais, assim como ciganos, dos quais se calculam que 21 mil morreram.
O certo é que o povo cigano esteve no centro dos olhares do Terceiro Reich desde a chegada dos nazistas ao poder, com um grande número de regras que inicialmente os obrigava a se registrarem e limitava o direito de ir e vir de uma minoria tradicionalmente nômade, e que acabou em confinamentos, assassinatos maciços e deportações.
Na Polônia, milhares de ciganos foram enviados aos campos de concentração, apesar de muitos terem sido mortos entre os muros de guetos como o da cidade polonesa de Lódz (centro do país), onde chegaram a ficar até 5 mil romas.
Desde o dia 26 de fevereiro de 1943 até 21 de julho 1944, chegaram a Auschwitz-Birkenau cerca de 21 mil ciganos, entre eles muitas mulheres e crianças. Este número não inclui os mais de 1.700 vindos de Bialystok (leste da Polônia), que não ficaram no campo, pois foram imediatamente transferidos às câmaras de gás devido a suspeita de um surto de tifo.
A maioria dos ciganos morreu por consequência das doenças, como o próprio tifo e outras provocadas pela fome extrema e pela falta de higiene, especialmente as crianças. Outros sofreram com os experimentos médicos nazistas, como aqueles para comprovar os efeitos da ingestão de água salgada em organismos debilitados.
O extermínio final da população cigana estava previsto para meados de maio de 1944, embora uma rebelião de prisioneiros na noite do dia 16 de maio tenha atrasado a "solução final" até o dia 3 de agosto daquele ano.
Por ordem de Heinrich Himmler, o chefe da temida SS nazista, o acampamento cigano foi liquidado, e dezenas de caminhões carregados com presos realizaram o trajeto mortal rumo às câmaras de gás. Milhares de corpos seriam queimados e enterrados em valas comuns nesse dia obscuro.
Acredita-se que 21 mil ciganos morreram entre os alambrados de Auschwitz-Birkenau, milhares de nomes esquecidos que se somam ao de milhões de vítimas daquele que foi o campo de concentração nazista mais mortal.
No dia 27 janeiro de 1945 o exército soviético chegou ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde, após a fuga, os nazistas deixaram pouco mais de sete mil prisioneiros em um estado moribundo, tremendo de frio, que presenciaram como os soldados de Stalin traziam, paradoxalmente, a liberdade.
Apesar de comumente só se falar do Holocausto em referência aos judeus na Europa, o certo é que cerca de metade da população cigana da Alemanha e do resto das regiões ocupadas morreu por causa da Segunda Guerra Mundial e da perseguição do Terceiro Reich. EFE
Fonte: EFE
http://br.noticias.yahoo.com/ciganos-lembram-in%C3%ADcio-holocausto-h%C3%A1-70-anos-090620691.html
Varsóvia, 26 fev (EFE).- Grupos ciganos lembram nesta terça-feira o aniversário da sua chegada, há 70 anos, ao campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, no sul da Polônia, dos primeiros deportados dessa etnia, cuja maioria das 23 mil pessoas morreu ou foi assassinada.
Em dezembro de 1942, as autoridades nazistas decidiram pela prisão de todos os ciganos do Reich e dos territórios ocupados e, dias depois, ordenou o seu confinamento em campos de concentração, começando oficialmente o extermínio dos ciganos europeus.
Algumas semanas depois, a primeira "carga" dos sinti e dos roma - os dois grandes grupos de ciganos da Europa central - chegaram até Auschwitz-Birkenau, localizado na cidade polonesa de Oswiecim, onde ciganos de 14 nações diferentes sofreram a barbárie nazista até a libertação do campo.
Estima-se que mais de um milhão de pessoas perderam a vida em Auschwitz, a maioria judeus, mas também eslavos, insurgentes poloneses, sacerdotes católicos e homossexuais, assim como ciganos, dos quais se calculam que 21 mil morreram.
O certo é que o povo cigano esteve no centro dos olhares do Terceiro Reich desde a chegada dos nazistas ao poder, com um grande número de regras que inicialmente os obrigava a se registrarem e limitava o direito de ir e vir de uma minoria tradicionalmente nômade, e que acabou em confinamentos, assassinatos maciços e deportações.
Na Polônia, milhares de ciganos foram enviados aos campos de concentração, apesar de muitos terem sido mortos entre os muros de guetos como o da cidade polonesa de Lódz (centro do país), onde chegaram a ficar até 5 mil romas.
Desde o dia 26 de fevereiro de 1943 até 21 de julho 1944, chegaram a Auschwitz-Birkenau cerca de 21 mil ciganos, entre eles muitas mulheres e crianças. Este número não inclui os mais de 1.700 vindos de Bialystok (leste da Polônia), que não ficaram no campo, pois foram imediatamente transferidos às câmaras de gás devido a suspeita de um surto de tifo.
A maioria dos ciganos morreu por consequência das doenças, como o próprio tifo e outras provocadas pela fome extrema e pela falta de higiene, especialmente as crianças. Outros sofreram com os experimentos médicos nazistas, como aqueles para comprovar os efeitos da ingestão de água salgada em organismos debilitados.
O extermínio final da população cigana estava previsto para meados de maio de 1944, embora uma rebelião de prisioneiros na noite do dia 16 de maio tenha atrasado a "solução final" até o dia 3 de agosto daquele ano.
Por ordem de Heinrich Himmler, o chefe da temida SS nazista, o acampamento cigano foi liquidado, e dezenas de caminhões carregados com presos realizaram o trajeto mortal rumo às câmaras de gás. Milhares de corpos seriam queimados e enterrados em valas comuns nesse dia obscuro.
Acredita-se que 21 mil ciganos morreram entre os alambrados de Auschwitz-Birkenau, milhares de nomes esquecidos que se somam ao de milhões de vítimas daquele que foi o campo de concentração nazista mais mortal.
No dia 27 janeiro de 1945 o exército soviético chegou ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde, após a fuga, os nazistas deixaram pouco mais de sete mil prisioneiros em um estado moribundo, tremendo de frio, que presenciaram como os soldados de Stalin traziam, paradoxalmente, a liberdade.
Apesar de comumente só se falar do Holocausto em referência aos judeus na Europa, o certo é que cerca de metade da população cigana da Alemanha e do resto das regiões ocupadas morreu por causa da Segunda Guerra Mundial e da perseguição do Terceiro Reich. EFE
Fonte: EFE
http://br.noticias.yahoo.com/ciganos-lembram-in%C3%ADcio-holocausto-h%C3%A1-70-anos-090620691.html
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Ciganos têm história marcada pelo preconceito
Grupo faz parte de uma das minorias étnicas mais marginalizadas na Europa
Foto: Crianças ciganas do grupo Rom sorriem em acampamento na periferia de Sofia, capital da Bulgária
Nikolay Doychinov/19.08.2010/AFP
Muitos, quando ouvem a palavra “cigano”, pensam em povos nômades que prevêem o futuro. Há diversas teorias sobre a origem destes povos, pois não existem muitos registros sobre sua história inicial.
Somente a partir de meados do século 18, os primeiros livros sobre os ciganos europeus foram publicados, e quase todos os autores reforçaram ainda mais os estereótipos negativos. Muitos acreditam que sua origem vem do Egito, outros da Índia ou do Paquistão.
Hoje, eles vivem espalhados pelo mundo, e grande parte deles se concentra na Europa, continente no qual sofreram o maior massacre de sua história.
No período da Alemanha nazista, eles foram um dos principais alvos do massacre contra minorias. Além dos judeus, os ciganos foram exterminados durante o Holocausto (1939-1945) e alguns historiadores apontam que 25% de tal população desapareceu. Os ciganos foram também reprimidos e perseguidos em outros locais na Europa como Itália e Espanha.
Os ciganos fazem parte de uma das minorias étnicas mais marginalizadas da Europa. A Suíça foi um dos primeiros países a instituir leis contra os ciganos em seu território, por volta de 1470.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), grande parte da população cigana migrou para os Estados Unidos, onde aglomera cerca de 1 milhão de ciganos. Aproximadamente 8 milhões vivem na Europa e, hoje, formam a maior minoria sem um país.
Atualmente uma das maiores ameaças contra o grupo está no movimento neonazista e em outros de caráter nacionalista. A rede CNN veiculou recentemente um programa especial sobre a minoria. As crianças ciganas desacompanhadas são o principal alvo de grupos nacionalistas violentos, de acordo com a série.
Segundo o jornal The New York times, a crise econômica mundial de 2008 intensificou as discriminação contra os ciganos, pelo velho estereótipo dos ciganos de praticar pequenos crimes.
O relatório do Banco Mundial (BM) de 2008 afirma que em alguns casos os ciganos são até dez vezes mais pobres que o resto da população europeia. Sua expectativa de vida é entre 10 e 15 anos menor que a média e sofrem altos níveis de discriminação nos setores de educação, trabalho, casa e saúde.
Em 2006, o Conselho da Europa iniciou uma campanha para tentar combater a questão.
Confira também
França inicia deportação de ciganos
Fonte: AFP/R7(Brasil)
http://noticias.r7.com/internacional/noticias/ciganos-tem-historia-marcada-pelo-preconceito-20100819.html

Nikolay Doychinov/19.08.2010/AFP
Muitos, quando ouvem a palavra “cigano”, pensam em povos nômades que prevêem o futuro. Há diversas teorias sobre a origem destes povos, pois não existem muitos registros sobre sua história inicial.
Somente a partir de meados do século 18, os primeiros livros sobre os ciganos europeus foram publicados, e quase todos os autores reforçaram ainda mais os estereótipos negativos. Muitos acreditam que sua origem vem do Egito, outros da Índia ou do Paquistão.
Hoje, eles vivem espalhados pelo mundo, e grande parte deles se concentra na Europa, continente no qual sofreram o maior massacre de sua história.
No período da Alemanha nazista, eles foram um dos principais alvos do massacre contra minorias. Além dos judeus, os ciganos foram exterminados durante o Holocausto (1939-1945) e alguns historiadores apontam que 25% de tal população desapareceu. Os ciganos foram também reprimidos e perseguidos em outros locais na Europa como Itália e Espanha.
Os ciganos fazem parte de uma das minorias étnicas mais marginalizadas da Europa. A Suíça foi um dos primeiros países a instituir leis contra os ciganos em seu território, por volta de 1470.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), grande parte da população cigana migrou para os Estados Unidos, onde aglomera cerca de 1 milhão de ciganos. Aproximadamente 8 milhões vivem na Europa e, hoje, formam a maior minoria sem um país.
Atualmente uma das maiores ameaças contra o grupo está no movimento neonazista e em outros de caráter nacionalista. A rede CNN veiculou recentemente um programa especial sobre a minoria. As crianças ciganas desacompanhadas são o principal alvo de grupos nacionalistas violentos, de acordo com a série.
Segundo o jornal The New York times, a crise econômica mundial de 2008 intensificou as discriminação contra os ciganos, pelo velho estereótipo dos ciganos de praticar pequenos crimes.
O relatório do Banco Mundial (BM) de 2008 afirma que em alguns casos os ciganos são até dez vezes mais pobres que o resto da população europeia. Sua expectativa de vida é entre 10 e 15 anos menor que a média e sofrem altos níveis de discriminação nos setores de educação, trabalho, casa e saúde.
Em 2006, o Conselho da Europa iniciou uma campanha para tentar combater a questão.
Confira também
França inicia deportação de ciganos
Fonte: AFP/R7(Brasil)
http://noticias.r7.com/internacional/noticias/ciganos-tem-historia-marcada-pelo-preconceito-20100819.html
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Genocídio dos Roma no Holocausto (Holocausto cigano)
GENOCÍDIO DOS ROMA NO HOLOCAUSTO
por Ian Hancock
Os Roma, muito comumente, mas de forma equivocada, chamados de ciganos, foram a outra única população, ao lado dos judeus, que foram atingidos pelo extermínio racial na Solução Final. Chegaram à Europa por volta do ano 1300, vindos da Índia, região a qual eles haviam deixado cerca de três séculos antes como uma população militar de origem mestiça, não-ariana, reunidos para lutar contra os invasores muçulmanos. Sua entrada na Europa, via Império Bizantino, foi também resultado direto da expansão islâmica.

Como um povo asiático não-cristão, não-branco, e sem possuir nenhum território na Europa, os Roma eram forasteiros em todos os países. A cultura Romani também forçava - como ainda faz - que houvesse uma distância social entre os Roma e os gadjé (não-Romas), e assim sua segregação era reforçada.
O povo Romani na Alemanha chamava-se a si mesmo de Sinti, enquanto zigeuner é o equivalente alemão de "cigano". Quando os nazistas chegaram ao poder em 1933, as leis alemãs contra eles já estavam em vigor há centenas de anos. A perseguição do povo Romani começou quase tão cedo quando o primeiro Roma chegou pela primeira vez em terras de língua alemã, pois como estrangeiros, estavam quebrando muitas das leis Hanseáticas que tornava crime punível por lei alguém não ter um domicílio fixo ou emprego, e não ser cadastrado como contribuinte de impostos. Eles também foram acusados de serem espiões para os muçulmanos, a quem poucos alemães conheciam, mas de quem haviam ouvido muitas histórias assustadoras. A tez escura e o comportamento não-cristão e a aparência dos Roma simplesmente se adicionavam ao preconceito que se tornou crescente. Em 1721 o Imperador Carlos VI ordenou o extermínio de todos os Roma em qualquer lugar, não era ilegal matar um Rom, e houve algumas vezes "caçadas de ciganos", nas quais os Roma foram perseguidos e mortos como animais selvagens. Florestas foram incendiadas para expulsar qualquer Roma que poderia ter se escondido lá.
Pelo século 19, estudiosos na Alemanha e no resto da Europa estavam escrevendo sobre os Roma e os judeus como sendo seres inferiores e "o excremento da humanidade". Isto se cristalizou especificamente em atitudes racistas nos escritos de Knox, Tetzner, Gobineau e outros. Pelos anos de 1880, o chanceler von Bismarck reforçou algumas das leis discriminatórias, afirmando que os Roma fossem tratados "com especial severidade" se detidos. Por volta de 1890, uma conferência sobre "a escória cigana" foi realizada na Suábia, na qual os militares adquiriram o poder de manter os Roma em circulação. Na obra publicada em 1899 de Houston Chamberlaine, "Os Fundamentos do Século 19", ele defendia a construção de uma "recém formada ... e ... especialmente destacada raça ariana". Isto usado para justificar a promoção de ideias sobre a superioridade racial alemã e para qualquer ação opressora tomadas contra membros de populações "inferiores". Naquele mesmo ano, a "Agência de Informação Cigana" foi criado em Munique sob a direção de Alfred Dillmann, que começou a catalogação de informações sobre todos os Roma em todas as terras alemãs. Os resultados disto foram publicados em 1905 no Zigeuner-Buch de Dillmann, que lançou as bases para o que viria a acontecer com os Roma no Holocausto, 35 anos depois.
O Zigeuner-Buch, com cerca de 350 páginas, era composto de três partes: primeiro, uma introdução afirmando que os Roma eram uma "praga" e uma "ameaça" a qual a população alemã tinha que se defender contra o uso de "castigos cruéis", e que advertia sobre os perigos da mistura de genes Romani e alemães. A segunda parte foi um registro dos Romas conhecidos, dando detalhes genealógicos e registros criminais caso houvesse. E a terceira parte era uma coleção de fotografias dessas mesmas pessoas. A "Mistura de raças" de Dillmann, mais tarde, tornou-se uma parte central das Leis de Nuremberg na Alemanha nazista.
Em 1920, Karl Binding e Alfred Hoche publicaram seu livro "A erradicação das vidas dos indignos da vida", usando uma frase primeiramente cunhada por Richard Liebich com específica referência aos Roma quase 60 anos antes. Entre os grupos que eles consideravam "indignos de viver" estavam os "doentes mentais sem cura", e foi este grupo que eles consideravam que pertenciam os ciganos. A perceptível "criminalidade" Romani era vista como uma doença genética hereditária, embora não fosse levado em conta os séculos de exclusão dos ciganos da sociedade alemã, que fizeram do roubo de subsistência uma necessidade para sobrevivência. Uma lei incorporando a mesma frase foi posta em prática apenas quatro meses depois de Hitler se tornar chanceler do Terceiro Reich.
Durante a década de 1920, a opressão legal aos Roma na Alemanha intensificou-se consideravelmente, apesar dos estatutos de igualdade da República de Weimar. Em 1920 eles foram proibidos de entrar em parques e banheiros públicos; em 1925 uma conferência sobre "A Questão Cigana" foi realizado, e resultou em leis que pediam que os desempregados Roma fossem enviados para campos de trabalho "por razões de segurança pública", e que todos os Roma fossem registrados na polícia. Depois de 1927, todos os ciganos, mesmo as crianças, tinha que carregar cartões de identificação, tendo impressões digitais e fotografias. Em 1929, um Escritório Central de Luta Contra a ciganos na Alemanha foi criado em Munique, e em 1933, apenas dez dias antes dos nazistas chegarem ao poder, funcionários do governo em Burgenland pediram a retirada de todos os direitos civis do povo Romani.
Em setembro de 1935, os Roma tornaram-se sujeitos às restrições da Lei de Nuremberg para a Proteção do Sangue Alemão e Honra, que proibia o casamento entre alemães e "não-arianos", especificamente judeus, ciganos e pessoas de ascendência africana(negras). Em 1937, a Lei de Cidadania Nacional relegava os Roma e judeus à condição de cidadãos de segunda classe, privando-os de seus direitos civis. Também em 1937, Heinrich Himmler emitiu um decreto intitulado "A luta contra a praga cigana", que reiterava que os ciganos de sangue misturado eram os mais propensos a se envolver em atividades criminosas, e que solicitava que todas as informações sobre os Roma fossem enviadas, dos departamentos da polícia regional, para o Escritório Central Reich.
Entre 12 de junho e 18 de junho de 1938, a semana de "limpeza" dos ciganos ocorreu em toda a Alemanha que, como Kristallnacht(Noite dos Cristais) para o povo judeu no mesmo ano, marcou o começo do fim. Também em 1938, a primeira referência à "Solução Final da Questão Cigana" apareceu, em um documento assinado por Himmler em 08 de dezembro daquele ano.
Em janeiro de 1940, a primeira ação do genocídio em massa do Holocausto ocorreu quando 250 crianças ciganas foram assassinadas em Buchenwald, onde foram usadas como cobaias para testar a eficácia dos cristais de Zyklon-B, usado mais tarde nas câmaras de gás. Em junho de 1940, Hitler ordenou a liquidação de "todos os judeus, ciganos e comunistas funcionários políticos em toda a União Soviética."
Em julho, 31 de 1941, Heydrich, arquiteto-chefe dos detalhes da Solução Final, emitiu sua ordem para o Einsatzkommandos, para "matar todos os judeus, ciganos e doentes mentais." Poucos dias depois, Himmler emitiu seus critérios de avaliação biológica e racial, que determinavam que histórico familiar dos Roma deveriam ser investigados por três gerações. Em 16 de dezembro desse mesmo ano, Himmler emitiu uma ordem para que todos os Roma restantes Roma na Europa fossem deportados para Auschwitz-Birkenau para o extermínio. Em 24 de dezembro, Lohse deu a ordem adicional para que "aos ciganos deva ser dado o mesmo tratamento dos judeus". Em uma reunião do partido em 14 de setembro de 1942, o ministro da Justiça Otto Thierack anunciou que "judeus e ciganos devem ser incondicionalmente exterminados." Em 01 de agosto de 1944, quatro mil ciganos foram gaseados e cremados em uma única ação em Auschwitz-Birkenau, o que é lembrado como Zigeunernacht.
Determinar a percentagem ou número de Roma que morreram no Holocausto (chamado de Porrajmos, "paw-RYE-mos" em Romani, uma palavra que significa "Devorando a") não é fácil. Grande parte da documentação nazi ainda precisa ser analisada, e muitos assassinatos não foram registrados, uma vez que ocorreram nos campos e florestas onde os Roma foram apreendidos. Não há estimativa precisa nem para a população Romani pré-guerra na Europa, embora o censo oficial do Partido Nazista de 1939 estimava em cerca de dois milhões, que é sem dúvida, uma sub-representação. A estimativa mais recente (1997) a partir do Instituto de Pesquisa do Museu Memorial do Holocausto dos EUA, em Washington, coloca o número de vidas perdidas pelos Romanis em 1945, "entre meio milhão e um milhão e meio." Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o registro da Alemanha em relação ao povo Romani foi menos que exemplar. Ninguém foi chamado para testemunhar em favor das vítimas Romanis nos Julgamentos de Nuremberg, e nenhuma reparação dos crimes de guerra foi pagas aos ciganos como um povo. Hoje, a atividade neonazista na Alemanha faz dos Roma o seu principal alvo de violência racial.
Os Estados Unidos também não fez nada para ajudar os Roma durante ou após o Holocausto. Apenas dez por cento das centenas de milhões de dólares disponibilizados pela Organização das Nações Unidas(ONU) para os sobreviventes, os quais foram dadas a responsabilidade ao governo dos EUA de desembolso, foi reservada para não-judeus, e nada disto foi direcionado aos sobreviventes Romanis, cujo número hoje é de cerca de 5.000. Roma que não foram mencionados em qualquer documentação do Conselho de Refugiados de Guerra dos EUA, o qual foi capaz de salvar a vida de mais de 200.000 judeus. Quando o Conselho do Museu Memorial do Holocausto dos EUA (USHMM) foi criado em 1980, nenhum Roma foi convidado a participar, e ele tem hoje apenas um membro hoje Romani. Os Roma são apenas uma parte deste Museu até o momento, estando localizados em um canto no terceiro andar reservado para as "outras vítimas".
Leitura adicional
Hancock, Ian, 1989. "Gypsy history in Germany and neighboring lands: A chronology leading to the Holocaust and beyond," in David Crowe and John Kolsti, eds., The Gypsies of Eastern Europe , Armonk: EC Sharpe, pp. 11-30.
Kenrick, Donald, and Grattan Puxon, 1972. The Destiny of Europe's Gypsies . London: Sussex University Press.
Excerto da Encyclopedia of Genocide (1997) de Israel W. Charny (ed.)
Reproduzido por Patrin Web Journal com permissão do autor, Ian Hancock.
Publicado em 01 de março de 1997.
Fonte: The Patrin Web Journal (trecho do livro Encyclopedia of Genocide; editor: Israel Charny)
http://reocities.com/paris/5121/genocide.htm
Texto: Ian Hancock
Tradução: Roberto Lucena
por Ian Hancock
Os Roma, muito comumente, mas de forma equivocada, chamados de ciganos, foram a outra única população, ao lado dos judeus, que foram atingidos pelo extermínio racial na Solução Final. Chegaram à Europa por volta do ano 1300, vindos da Índia, região a qual eles haviam deixado cerca de três séculos antes como uma população militar de origem mestiça, não-ariana, reunidos para lutar contra os invasores muçulmanos. Sua entrada na Europa, via Império Bizantino, foi também resultado direto da expansão islâmica.

Como um povo asiático não-cristão, não-branco, e sem possuir nenhum território na Europa, os Roma eram forasteiros em todos os países. A cultura Romani também forçava - como ainda faz - que houvesse uma distância social entre os Roma e os gadjé (não-Romas), e assim sua segregação era reforçada.
O povo Romani na Alemanha chamava-se a si mesmo de Sinti, enquanto zigeuner é o equivalente alemão de "cigano". Quando os nazistas chegaram ao poder em 1933, as leis alemãs contra eles já estavam em vigor há centenas de anos. A perseguição do povo Romani começou quase tão cedo quando o primeiro Roma chegou pela primeira vez em terras de língua alemã, pois como estrangeiros, estavam quebrando muitas das leis Hanseáticas que tornava crime punível por lei alguém não ter um domicílio fixo ou emprego, e não ser cadastrado como contribuinte de impostos. Eles também foram acusados de serem espiões para os muçulmanos, a quem poucos alemães conheciam, mas de quem haviam ouvido muitas histórias assustadoras. A tez escura e o comportamento não-cristão e a aparência dos Roma simplesmente se adicionavam ao preconceito que se tornou crescente. Em 1721 o Imperador Carlos VI ordenou o extermínio de todos os Roma em qualquer lugar, não era ilegal matar um Rom, e houve algumas vezes "caçadas de ciganos", nas quais os Roma foram perseguidos e mortos como animais selvagens. Florestas foram incendiadas para expulsar qualquer Roma que poderia ter se escondido lá.
Pelo século 19, estudiosos na Alemanha e no resto da Europa estavam escrevendo sobre os Roma e os judeus como sendo seres inferiores e "o excremento da humanidade". Isto se cristalizou especificamente em atitudes racistas nos escritos de Knox, Tetzner, Gobineau e outros. Pelos anos de 1880, o chanceler von Bismarck reforçou algumas das leis discriminatórias, afirmando que os Roma fossem tratados "com especial severidade" se detidos. Por volta de 1890, uma conferência sobre "a escória cigana" foi realizada na Suábia, na qual os militares adquiriram o poder de manter os Roma em circulação. Na obra publicada em 1899 de Houston Chamberlaine, "Os Fundamentos do Século 19", ele defendia a construção de uma "recém formada ... e ... especialmente destacada raça ariana". Isto usado para justificar a promoção de ideias sobre a superioridade racial alemã e para qualquer ação opressora tomadas contra membros de populações "inferiores". Naquele mesmo ano, a "Agência de Informação Cigana" foi criado em Munique sob a direção de Alfred Dillmann, que começou a catalogação de informações sobre todos os Roma em todas as terras alemãs. Os resultados disto foram publicados em 1905 no Zigeuner-Buch de Dillmann, que lançou as bases para o que viria a acontecer com os Roma no Holocausto, 35 anos depois.
O Zigeuner-Buch, com cerca de 350 páginas, era composto de três partes: primeiro, uma introdução afirmando que os Roma eram uma "praga" e uma "ameaça" a qual a população alemã tinha que se defender contra o uso de "castigos cruéis", e que advertia sobre os perigos da mistura de genes Romani e alemães. A segunda parte foi um registro dos Romas conhecidos, dando detalhes genealógicos e registros criminais caso houvesse. E a terceira parte era uma coleção de fotografias dessas mesmas pessoas. A "Mistura de raças" de Dillmann, mais tarde, tornou-se uma parte central das Leis de Nuremberg na Alemanha nazista.
Em 1920, Karl Binding e Alfred Hoche publicaram seu livro "A erradicação das vidas dos indignos da vida", usando uma frase primeiramente cunhada por Richard Liebich com específica referência aos Roma quase 60 anos antes. Entre os grupos que eles consideravam "indignos de viver" estavam os "doentes mentais sem cura", e foi este grupo que eles consideravam que pertenciam os ciganos. A perceptível "criminalidade" Romani era vista como uma doença genética hereditária, embora não fosse levado em conta os séculos de exclusão dos ciganos da sociedade alemã, que fizeram do roubo de subsistência uma necessidade para sobrevivência. Uma lei incorporando a mesma frase foi posta em prática apenas quatro meses depois de Hitler se tornar chanceler do Terceiro Reich.
Durante a década de 1920, a opressão legal aos Roma na Alemanha intensificou-se consideravelmente, apesar dos estatutos de igualdade da República de Weimar. Em 1920 eles foram proibidos de entrar em parques e banheiros públicos; em 1925 uma conferência sobre "A Questão Cigana" foi realizado, e resultou em leis que pediam que os desempregados Roma fossem enviados para campos de trabalho "por razões de segurança pública", e que todos os Roma fossem registrados na polícia. Depois de 1927, todos os ciganos, mesmo as crianças, tinha que carregar cartões de identificação, tendo impressões digitais e fotografias. Em 1929, um Escritório Central de Luta Contra a ciganos na Alemanha foi criado em Munique, e em 1933, apenas dez dias antes dos nazistas chegarem ao poder, funcionários do governo em Burgenland pediram a retirada de todos os direitos civis do povo Romani.
Em setembro de 1935, os Roma tornaram-se sujeitos às restrições da Lei de Nuremberg para a Proteção do Sangue Alemão e Honra, que proibia o casamento entre alemães e "não-arianos", especificamente judeus, ciganos e pessoas de ascendência africana(negras). Em 1937, a Lei de Cidadania Nacional relegava os Roma e judeus à condição de cidadãos de segunda classe, privando-os de seus direitos civis. Também em 1937, Heinrich Himmler emitiu um decreto intitulado "A luta contra a praga cigana", que reiterava que os ciganos de sangue misturado eram os mais propensos a se envolver em atividades criminosas, e que solicitava que todas as informações sobre os Roma fossem enviadas, dos departamentos da polícia regional, para o Escritório Central Reich.
Entre 12 de junho e 18 de junho de 1938, a semana de "limpeza" dos ciganos ocorreu em toda a Alemanha que, como Kristallnacht(Noite dos Cristais) para o povo judeu no mesmo ano, marcou o começo do fim. Também em 1938, a primeira referência à "Solução Final da Questão Cigana" apareceu, em um documento assinado por Himmler em 08 de dezembro daquele ano.
Em janeiro de 1940, a primeira ação do genocídio em massa do Holocausto ocorreu quando 250 crianças ciganas foram assassinadas em Buchenwald, onde foram usadas como cobaias para testar a eficácia dos cristais de Zyklon-B, usado mais tarde nas câmaras de gás. Em junho de 1940, Hitler ordenou a liquidação de "todos os judeus, ciganos e comunistas funcionários políticos em toda a União Soviética."
Em julho, 31 de 1941, Heydrich, arquiteto-chefe dos detalhes da Solução Final, emitiu sua ordem para o Einsatzkommandos, para "matar todos os judeus, ciganos e doentes mentais." Poucos dias depois, Himmler emitiu seus critérios de avaliação biológica e racial, que determinavam que histórico familiar dos Roma deveriam ser investigados por três gerações. Em 16 de dezembro desse mesmo ano, Himmler emitiu uma ordem para que todos os Roma restantes Roma na Europa fossem deportados para Auschwitz-Birkenau para o extermínio. Em 24 de dezembro, Lohse deu a ordem adicional para que "aos ciganos deva ser dado o mesmo tratamento dos judeus". Em uma reunião do partido em 14 de setembro de 1942, o ministro da Justiça Otto Thierack anunciou que "judeus e ciganos devem ser incondicionalmente exterminados." Em 01 de agosto de 1944, quatro mil ciganos foram gaseados e cremados em uma única ação em Auschwitz-Birkenau, o que é lembrado como Zigeunernacht.
Determinar a percentagem ou número de Roma que morreram no Holocausto (chamado de Porrajmos, "paw-RYE-mos" em Romani, uma palavra que significa "Devorando a") não é fácil. Grande parte da documentação nazi ainda precisa ser analisada, e muitos assassinatos não foram registrados, uma vez que ocorreram nos campos e florestas onde os Roma foram apreendidos. Não há estimativa precisa nem para a população Romani pré-guerra na Europa, embora o censo oficial do Partido Nazista de 1939 estimava em cerca de dois milhões, que é sem dúvida, uma sub-representação. A estimativa mais recente (1997) a partir do Instituto de Pesquisa do Museu Memorial do Holocausto dos EUA, em Washington, coloca o número de vidas perdidas pelos Romanis em 1945, "entre meio milhão e um milhão e meio." Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o registro da Alemanha em relação ao povo Romani foi menos que exemplar. Ninguém foi chamado para testemunhar em favor das vítimas Romanis nos Julgamentos de Nuremberg, e nenhuma reparação dos crimes de guerra foi pagas aos ciganos como um povo. Hoje, a atividade neonazista na Alemanha faz dos Roma o seu principal alvo de violência racial.
Os Estados Unidos também não fez nada para ajudar os Roma durante ou após o Holocausto. Apenas dez por cento das centenas de milhões de dólares disponibilizados pela Organização das Nações Unidas(ONU) para os sobreviventes, os quais foram dadas a responsabilidade ao governo dos EUA de desembolso, foi reservada para não-judeus, e nada disto foi direcionado aos sobreviventes Romanis, cujo número hoje é de cerca de 5.000. Roma que não foram mencionados em qualquer documentação do Conselho de Refugiados de Guerra dos EUA, o qual foi capaz de salvar a vida de mais de 200.000 judeus. Quando o Conselho do Museu Memorial do Holocausto dos EUA (USHMM) foi criado em 1980, nenhum Roma foi convidado a participar, e ele tem hoje apenas um membro hoje Romani. Os Roma são apenas uma parte deste Museu até o momento, estando localizados em um canto no terceiro andar reservado para as "outras vítimas".
Leitura adicional
Hancock, Ian, 1989. "Gypsy history in Germany and neighboring lands: A chronology leading to the Holocaust and beyond," in David Crowe and John Kolsti, eds., The Gypsies of Eastern Europe , Armonk: EC Sharpe, pp. 11-30.
Kenrick, Donald, and Grattan Puxon, 1972. The Destiny of Europe's Gypsies . London: Sussex University Press.
Excerto da Encyclopedia of Genocide (1997) de Israel W. Charny (ed.)
Reproduzido por Patrin Web Journal com permissão do autor, Ian Hancock.
Publicado em 01 de março de 1997.
Fonte: The Patrin Web Journal (trecho do livro Encyclopedia of Genocide; editor: Israel Charny)
http://reocities.com/paris/5121/genocide.htm
Texto: Ian Hancock
Tradução: Roberto Lucena
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Quem eram os "ciganos"? (Holocausto)
Primeiro quadro cinza da página(canto direito).
Quem eram os "ciganos"?
Em 1939, entre 30.000-35.000 pessoas conhecidas como "Ciganos" viviam na Alemanha e Áustria, que foi incorporada a Alemanha em Março de 1939. A população total de Ciganos vivendo na 'Grande Alemanha' e em todos os países ocupados pela Alemanha durante a guerra é desconhecido; os 'acadêmicos' Donald Kenrick e Grattan Puxon forneceram uma estimativa aproximada de 942 mil.
Acredita-se que os Ciganos tenham chegado a Europa do norte da India em meados de 1400. Eram chamados de Ciganos porque na mentalidade dos europeus eles teriam vindo do Egito. Esta minoria étnica é composta de grupos distintos chamados "tribos" ou "nações". A maior parte dos Ciganos na Europa ocupada pela Alemanha pertencia as tribos Sinti e Roma. Na Alemanha e na Europa ocidental geralmente predominavam os Sinti, e os Roma na Áustria, leste europeu, e os Balcãs. Os Sinti e os Roma falavm dialetos de uma linguagem comum chamada Romani, baseado no sânscrito, a língua clássica da Índia.
Por séculos, os Sinti e os Roma foram depreciados e perseguidos na Europa. Zigeuner, a palavra alemã para Cigano, deriva da raiz grega que significa "intocável". Nos principados balcânicos da Moldávia e da Valáquia, Ciganos eram escravos trazidos e vendidos pelos monastérios e grande latifundiários(boyars)atré 1864, quando a nova nação formada da Romênia os emancipou.
Muitos Sinti e Roma tradicionalmente trabalhavam como artesãos, também como ferreiros, sapateiros, funileiros, negociantes de cavalos, e modeladores. Outros se apresentavam como músicos, adestradores de animais de circo, e dançarinos. Por volta dos anos de 1920, havia també um pequena, classe média-baixa de comerciantes e alguns funcionários, como os Sinti empregados no serviço postal alemão. O número de verdadeiros ciganos nômades estava em declínio em muitos lugares por volta de meados de 1900, entretanto os conhecidos ciganos sedentários freqüentemente moviam-se sazonalmente, dependendo de suas ocupações.
Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena
Página principal: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945
Quem eram os "ciganos"?
Em 1939, entre 30.000-35.000 pessoas conhecidas como "Ciganos" viviam na Alemanha e Áustria, que foi incorporada a Alemanha em Março de 1939. A população total de Ciganos vivendo na 'Grande Alemanha' e em todos os países ocupados pela Alemanha durante a guerra é desconhecido; os 'acadêmicos' Donald Kenrick e Grattan Puxon forneceram uma estimativa aproximada de 942 mil.
Acredita-se que os Ciganos tenham chegado a Europa do norte da India em meados de 1400. Eram chamados de Ciganos porque na mentalidade dos europeus eles teriam vindo do Egito. Esta minoria étnica é composta de grupos distintos chamados "tribos" ou "nações". A maior parte dos Ciganos na Europa ocupada pela Alemanha pertencia as tribos Sinti e Roma. Na Alemanha e na Europa ocidental geralmente predominavam os Sinti, e os Roma na Áustria, leste europeu, e os Balcãs. Os Sinti e os Roma falavm dialetos de uma linguagem comum chamada Romani, baseado no sânscrito, a língua clássica da Índia.
Por séculos, os Sinti e os Roma foram depreciados e perseguidos na Europa. Zigeuner, a palavra alemã para Cigano, deriva da raiz grega que significa "intocável". Nos principados balcânicos da Moldávia e da Valáquia, Ciganos eram escravos trazidos e vendidos pelos monastérios e grande latifundiários(boyars)atré 1864, quando a nova nação formada da Romênia os emancipou.
Muitos Sinti e Roma tradicionalmente trabalhavam como artesãos, também como ferreiros, sapateiros, funileiros, negociantes de cavalos, e modeladores. Outros se apresentavam como músicos, adestradores de animais de circo, e dançarinos. Por volta dos anos de 1920, havia també um pequena, classe média-baixa de comerciantes e alguns funcionários, como os Sinti empregados no serviço postal alemão. O número de verdadeiros ciganos nômades estava em declínio em muitos lugares por volta de meados de 1900, entretanto os conhecidos ciganos sedentários freqüentemente moviam-se sazonalmente, dependendo de suas ocupações.
Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena
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terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Iniciada construção de monumento por ciganos mortos pelo nazismo
Iniciada construção de monumento por ciganos mortos pelo nazismo
(Foto)Sinto e rom: indesejados em toda a Europa
Somente quatro décadas após o final da Segunda Guerra eles foram reconhecidos como vítimas, ao lado dos judeus e homossexuais. Mais 20 anos passados, e os sinto e rom receberão um memorial. Apenas um (bom) começo.
Somente quatro décadas após o final da Segunda Guerra eles foram reconhecidos como vítimas, ao lado dos judeus e homossexuais. Mais 20 anos passados, e os sintos e rom receberão um memorial: apenas um primeiro gesto.
O ministro alemão da Cultura, Bernd Neumann, iniciou simbolicamente nesta sexta-feira (19/12), em Berlim, a construção do memorial para os representantes das etnias sinto e rom ("ciganos") assassinados pelo nacional-socialismo. Sob chuva torrencial, ele louvou o futuro monumento como sinal de lembrança e de consternação por este grupo de vítimas, esquecido durante tão longo tempo.
Nomes, uma fonte, uma placa, uma poesia
A menos de 100 passos do Reichstag, o prédio do Parlamento alemão, e à vista do Portão de Brandemburgo encontra-se um gramado. Lá se construirá, nos próximos meses, o memorial para os sintos e rom – etnias popularmente designadas como ciganos – vítimas do nazismo. O projeto é do arquiteto israelense Dani Karavan.
Os nomes dos campos de concentração e extermínio Auschwitz, Treblinka e Buchenwald serão gravados no pavimento. Eles levam a uma fonte, em cuja borda se lê um fragmento da poesia Auschwitz, do músico italiano Santino Spinelli.
faces encovadas
olhos apagados
lábios frios
silêncio
um coração arrancado
sem palavras
nenhuma lágrima
De uma placa consta a epígrafe: "Recordamos todos os rom que tombaram vítimas do genocídio planejado, na Europa ocupada pelos nacional-socialistas". Uma cronologia histórica descreve o processo de exclusão, perseguição e assassínio dos sinto, rom e outros grupos nômades.
Termo controverso
(Foto)Bernd Neumann (e) e prefeito Klaus Wowereit na cerimônia em Berlim
Uma versão anterior da inscrição incluía o termo "ciganos". Este é, contudo, rejeitado pelo Conselho Central dos Sinto e Rom Alemães, sendo considerado por Romani Rose, seu presidente há vários anos, como discriminatório e depreciativo. Rose insiste que se use o termo "sinto e rom", supostamente politicamente correto.
Nem todas as associações são da mesma opinião. Os membros da Aliança Sinto da Alemanha fazem questão de se denominar altivamente "ciganos". Segundo sua presidente, Natascha Winter, o memorial não é apenas para as duas etnias citadas, mas sim para todos os ciganos.
"Defino-me com orgulho como cigana, por que minha gente, meus pais, avós, todos os meus parentes foram perseguidos como ciganos. Portamos esta palavra, "cigano", com orgulho", afirmou.
"Rom" significa simplesmente "homem" ou "ser humano" no idioma romani. Os sintos constituem o grupo étnico mais numeroso nos países germanófonos. Porém há outros que não se sentem absolutamente incluídos pela expressão "sinto e rom", como, por exemplo, os lovari ou os manuche.
Reconhecimento tardio
Transcorreu longo tempo, até esses grupos serem sequer admitidos como vítimas do nacional-socialismo na Alemanha. No tocante ao governo federal, isto só se deu no início dos anos 80. Seguiu-se, em meados da década seguinte, seu reconhecimento como "minoria nacional".
Desde então, a mostra permanente do Memorial Resistência Alemã reverencia o papel dos sinto e rom no nazismo, assim como – somente em 2004 – também o Memorial Sachsenhausen. Desde que foi criada a iniciativa para o memorial dos judeus assassinados da Europa, ficou cada vez mais claro que outros grupos de vítimas – sobretudo os homossexuais e os ciganos – também têm o direito à memória e ao tributo pela nação e pela sociedade.
Porém monumentos de concreto ou pedra não esgotam a questão: a memória cultural deve ser prática social e não um ritual.
Michael Schornstheimer (av)
Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.org/dw/article/0,,3890213,00.html

Somente quatro décadas após o final da Segunda Guerra eles foram reconhecidos como vítimas, ao lado dos judeus e homossexuais. Mais 20 anos passados, e os sinto e rom receberão um memorial. Apenas um (bom) começo.
Somente quatro décadas após o final da Segunda Guerra eles foram reconhecidos como vítimas, ao lado dos judeus e homossexuais. Mais 20 anos passados, e os sintos e rom receberão um memorial: apenas um primeiro gesto.
O ministro alemão da Cultura, Bernd Neumann, iniciou simbolicamente nesta sexta-feira (19/12), em Berlim, a construção do memorial para os representantes das etnias sinto e rom ("ciganos") assassinados pelo nacional-socialismo. Sob chuva torrencial, ele louvou o futuro monumento como sinal de lembrança e de consternação por este grupo de vítimas, esquecido durante tão longo tempo.
Nomes, uma fonte, uma placa, uma poesia
A menos de 100 passos do Reichstag, o prédio do Parlamento alemão, e à vista do Portão de Brandemburgo encontra-se um gramado. Lá se construirá, nos próximos meses, o memorial para os sintos e rom – etnias popularmente designadas como ciganos – vítimas do nazismo. O projeto é do arquiteto israelense Dani Karavan.
Os nomes dos campos de concentração e extermínio Auschwitz, Treblinka e Buchenwald serão gravados no pavimento. Eles levam a uma fonte, em cuja borda se lê um fragmento da poesia Auschwitz, do músico italiano Santino Spinelli.
faces encovadas
olhos apagados
lábios frios
silêncio
um coração arrancado
sem palavras
nenhuma lágrima
De uma placa consta a epígrafe: "Recordamos todos os rom que tombaram vítimas do genocídio planejado, na Europa ocupada pelos nacional-socialistas". Uma cronologia histórica descreve o processo de exclusão, perseguição e assassínio dos sinto, rom e outros grupos nômades.
Termo controverso

Uma versão anterior da inscrição incluía o termo "ciganos". Este é, contudo, rejeitado pelo Conselho Central dos Sinto e Rom Alemães, sendo considerado por Romani Rose, seu presidente há vários anos, como discriminatório e depreciativo. Rose insiste que se use o termo "sinto e rom", supostamente politicamente correto.
Nem todas as associações são da mesma opinião. Os membros da Aliança Sinto da Alemanha fazem questão de se denominar altivamente "ciganos". Segundo sua presidente, Natascha Winter, o memorial não é apenas para as duas etnias citadas, mas sim para todos os ciganos.
"Defino-me com orgulho como cigana, por que minha gente, meus pais, avós, todos os meus parentes foram perseguidos como ciganos. Portamos esta palavra, "cigano", com orgulho", afirmou.
"Rom" significa simplesmente "homem" ou "ser humano" no idioma romani. Os sintos constituem o grupo étnico mais numeroso nos países germanófonos. Porém há outros que não se sentem absolutamente incluídos pela expressão "sinto e rom", como, por exemplo, os lovari ou os manuche.
Reconhecimento tardio
Transcorreu longo tempo, até esses grupos serem sequer admitidos como vítimas do nacional-socialismo na Alemanha. No tocante ao governo federal, isto só se deu no início dos anos 80. Seguiu-se, em meados da década seguinte, seu reconhecimento como "minoria nacional".
Desde então, a mostra permanente do Memorial Resistência Alemã reverencia o papel dos sinto e rom no nazismo, assim como – somente em 2004 – também o Memorial Sachsenhausen. Desde que foi criada a iniciativa para o memorial dos judeus assassinados da Europa, ficou cada vez mais claro que outros grupos de vítimas – sobretudo os homossexuais e os ciganos – também têm o direito à memória e ao tributo pela nação e pela sociedade.
Porém monumentos de concreto ou pedra não esgotam a questão: a memória cultural deve ser prática social e não um ritual.
Michael Schornstheimer (av)
Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.org/dw/article/0,,3890213,00.html
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