A Negação do Holocausto não é piada
12 de Dezembro, 2006
A conferência iraniana do Holocausto é sórdida e cínica, mas nós devemos levar isto a sério.
Por Anne Applebaum
"Na segunda-feira, o Ministro do Exterior iraniano promoveu uma conferência internacional. Nada de estranho nisso. Ministros do Exterior promovem conferências, na maior parte chatas, o tempo todo. Mas esta era diferente. Primeiro, porque a Conferência Internacional para Rever a Visão Global do Holocausto era sobre história, e não sobre políticas atuais. Ao invés dos 'suspeitos' habituais — assistentes de ministérios e similares — os convidados pareciam incluir David Duke, um ex-líder da Ku Klux Klan; Georges Thiel, um francês que chamou o Holocausto de "uma enorme mentira"; e Fredrick Töben, um alemão naturalizado australiano cuja especialidade é negar a existência das câmaras de gás nazistas. A lista de convidados era seletiva: nenhuma eminência acadêmica, ou certamente com qualquer credencial acadêmica, foi convidada. Um acadêmico palestino, Khaled Ksab Mahamid, foi convidado a ir e posteriormente impedido porque possui um passaporte israelense — e talvez também porque ele, ao contrário dos outros convidados, acredita que o Holocausto realmente ocorreu.
Em resposta, os Estados Unidos, Europa, e Israel expressaram ultrage oficial. O governo alemão, que seu mérito seja reconhecido, organizou uma contra-conferência. Ainda assim, muitos se mantiveram distantes, negando-se a ficarem chocados ou mesmo particulamente interessados. Afinal, o Holocausto acabou há mais de seis décadas. Desde então, as vítimas do Holocausto escreveram centenas de livros, e a literatura acadêmica sobre o Holocausto é expressa em bilhões de palavras. Existem filmes, fotografias, documentos, de fato arquivos inteiros dedicados à história do regime Nazista: todos nós sabemos o que aconteceu. Evidente que a negação do Irã não pode ser algo a sério.
Infelizmente, o Irã leva isto a sério — ou mais precisamente o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, leva isto muito a sério. A negação do Holocausto é sua paixão pessoal, não é apenas uma maneira de provocar Israel , e é baseada em sua interpretação pessoal da história. No início deste ano, numa carta aberta particularmente estranha à Chanceler alemã Angela Merkel, ele elogiou os grandes feitos da cultura alemã e atacou "a máquina de propaganda pós Segunda Guerra Mundial, tão colossal que [isso] fez com que algumas pessoas acreditassem que eles eram a parte culpada." Aquelas visões nos remetem de volta aos anos 1930s, quando o então Xá do Irã era um admirador da noção de Hitler da "superioridade da raça ariana," à qual os persas deveriam pertencer. O próprio Ahmadinejad teve como mentor um antigo revolucionário que foi fortemente influenciado pela propaganda de guerra Nazista. Nota-se.
É claro, a negação do Holocausto também tem raízes mais profundas que isto e muitos outros partidários além de Ahmadinejad no Oriente Médio, o que podem ser parte da problema: questionar a realidade do Holocausto tem sido há muito uma das formas de questionar a legitimidade do Estado de Israel, que foi de fato criado pelas Nações Unidas em resposta ao Holocausto, e que defato incorporou a História do Holocausto na sua identidade nacional. Se os Xiitas iranianos estão a procura de amigos, particularmente entre os árabes sunitas, a negação do Holocausto não é um má idéia para encontrá-los.
E ainda assim — o evento desta semana tem alguns novos elementos, também. Isto é, afinal, uma conferência internacional, com participantes estrangeiros, temas 'formais' (" Como os sionistas colaboraram com Hitler?" por exemplo), e com um objetivo que vai muito além de uma mera denúncia contra Israel.
Porque alguns países que tiveram regimes Nazi(fascistas) têm no pós-guerra leis proibindo a negação do Holocausto, o Irã declarou que esta é "uma oportunidade para pensadores que não podem expressar seus pontos de vista livremente na Europa a respeito do Holocausto." Se o Ocidente vai dar abrigo a dissidentes iranianos, então o Irã também abrigará David Duke. Se o Ocidente vai fingir que apóia liberdade de expressão, então o Irã fará o mesmo. Vaiado pela primeira vez em muitos meses por ativistas numa passeata, Ahmadinejad respondeu chamando os críticos de agentes americanos pagos: "Hoje, o pior tipo de ditadura no mundo é a ditadura americana , disfarçada em defensora de direitos humanos." A ditadura americana , disfarçada em defensora de direitos humanos distribuindo história falsificada: é o tipo de argumento que você pode ouvir regularmente hoje em dia, no Irã assim como na Rússia e na Venezuela , para não falar nos Estados Unidos mesmo.
Tudo isto é uma forma enviesada de dizer que este tipo de revisionismo histórico não é piada, e que não deveríamos ficar tentados a tratá-lo dessa maneira. Sim, nós achamos que já conhecemos esta história; nós achamos que já institucionalizamos esta memória; nós achamos que este terror europeu em particular já está dominado, e que é tempo de seguir em frente. Eu mesma às vezes penso assim. Há tantas outras histórias para se aprender, afinal. O que não falta no século XX é tragédia.
E ainda assim — a quase-destruição dos judeus europeus num breve espaço de tempo por uma sofisticada nação européia usando a melhor tecnologia disponível era, ao que parece, um evento que exige uma constante re-explanação, não somento porque isso realmente modelou a subseqüente história do mundo e da Europa de formas incontáveis. Só por esta razão, os arquivos, as fotografias, e as infindáveis refutações continuarão sendo necessárias, muito depois que o último sobrevivente tiver morrido."
Anne Applebaum, colunista do Washington Post e do Slate, é atualmente membro da Academia Americana em Berlim. Seu mais recente livro é "Gulag: Uma História"(Gulag: A History).
Nas fotos:
1ª - David Duke(ex-líder da Ku-Klux-Klan e "revisionista") e o Presidente do Irã, M. Ahmadinejad
2ª - Anne Applebaum
Fonte: Slate
http://www.slate.com/id/2155328/
Tradução: Roberto Lucena
Artigo trazido por Lise Sedrez
sábado, 29 de setembro de 2007
A Negação do Holocausto não é piada
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sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Cerimônia em Westerbork atrai milhares de visitantes
(ANP)HOOGHALEN – A comemoração da libertação do campo de passagem Westerbork, ocorrido há 60 anos, atraiu milhares de visitantes nesta terça-feira. Entre eles estavam dois libertadores, 148 sobreviventes e trezentos familiares.
Dezenas de membros do alto escalão, entre os quais a princesa Margriet, e cerca de 2000 outras pessoas marcharam em silêncio.
Entre 1942 e 1945, durante a ocupação alemã, 107.000 judeus holandeses e outros refugiados foram deportados. Para isso, os nazistas utilizaram o campo Westerbork como uma estação intermediária. Também os ciganos das etnias Sinti e Roma e combatentes da resistência eram deportados desta estação para campos de extermínio tais como Auschwitz e Sobibor. Quase toda semana, às terças-feiras, partiam comboios dos três grupos para o Leste: 93 vezes no total.
Entre os participantes da cerimônia estavam dezenas de estudantes, os quais vieram assistir as palestras de dez sobreviventes. Eles tiveram a oportunidade, através de um local escolhido por eles mesmos no campo, para durante uma hora contar suas próprias experiências.
Jules Schelvis, 84, de Amsterdam, passou seis dias em Westerbork com sua esposa Rachel. Depois deste período, foram deportados para o campo de concentração de Sobibor no leste da Polônia. Das 3.000 pessoas neste comboio Schelvis e outros 79 homens foram selecionados para trabalhar em uma plantação de turfas. Ele não pôde se despedir de suas esposa: ela foi diretamente conduzida às câmaras de gás.
Schelvis ficou sabendo disso bem depois. Neste ínterim ele tornou-se tipógrafo e obteve emprego em outro lugar. Ele também sobreviveu a Auschwitz; e posteriormente ele foi enviado para uma fábrica da aviões em Stuttgart, onde foi libertado em 08 de abril de 1945.
Após o retorno ele teve um grande sentimento de abandono: quase todos seus estavam mortos e seus antigo empregador estava ‘muito pressionado’ para recontratá-lo. Seu pai também não sobrevivera à guerra. Por derrubar um tonel de excrementos, ele foi mandado para um campo de extermínio. Após dois meses de sua libertação, Schelvis reencontrou sua mãe e sua irmã. Uma lágrima cai ao lembrar o reencontro, assim como os visitantes utilizam-se discretamente de seus lenços.
Mais tarde foram lidos nomes dos 102.000 mortos, deportados via Westerbork. O tocar de sinos convidou os visitantes, espalhados por toda a área do campo, para um silenciosa marcha para o monumento nacional de dois trilhos retorcidos. Lá os sobreviventes Ruth Wallage-Binheim (tia do prefeito de Groningen Jacques Wallage) e Ed van Thijm (ex-ministro e ex-prefeito de Amsterdam) deram seus depoimentos. Ao som de música, houve a recitação de trechos religiosos por rabinos e entrevistas com os dois libertadores.
O poder desta narrativa pode se esvair ao longo das próximas cerimônias da Segunda Guerra Mundial. O poder da história permanece. Em livros, filmes e museus. Porém, ao mesmo tempo que o sobrevivente Schelvis comove, as gerações mais novas não dedicam tempo para refletir sobre a Segunda Guerra. “Infelizmente, para as novas gerações, haverá outras guerras para as quais se farão cerimônias”.
Fonte(alemão): http://www.volkskrant.nl/
Título: Libertação do Campo de Westerbork celebrada
Resenha(14 de Março de 2005): “Dezenas de pessoas se reuniram nesta tarde de terça-feira em uma marcha silenciosa para relembrar a libertação do campo de Westerbork, há exatamente sessenta anos...
Tradução(português): Marcelo Hiramatsu Azevedo
Publicado também no site: http://h-doc.vilabol.uol.com.br/Westerbork.htm
Dezenas de membros do alto escalão, entre os quais a princesa Margriet, e cerca de 2000 outras pessoas marcharam em silêncio.
Entre 1942 e 1945, durante a ocupação alemã, 107.000 judeus holandeses e outros refugiados foram deportados. Para isso, os nazistas utilizaram o campo Westerbork como uma estação intermediária. Também os ciganos das etnias Sinti e Roma e combatentes da resistência eram deportados desta estação para campos de extermínio tais como Auschwitz e Sobibor. Quase toda semana, às terças-feiras, partiam comboios dos três grupos para o Leste: 93 vezes no total.
Entre os participantes da cerimônia estavam dezenas de estudantes, os quais vieram assistir as palestras de dez sobreviventes. Eles tiveram a oportunidade, através de um local escolhido por eles mesmos no campo, para durante uma hora contar suas próprias experiências.
Jules Schelvis, 84, de Amsterdam, passou seis dias em Westerbork com sua esposa Rachel. Depois deste período, foram deportados para o campo de concentração de Sobibor no leste da Polônia. Das 3.000 pessoas neste comboio Schelvis e outros 79 homens foram selecionados para trabalhar em uma plantação de turfas. Ele não pôde se despedir de suas esposa: ela foi diretamente conduzida às câmaras de gás.
Schelvis ficou sabendo disso bem depois. Neste ínterim ele tornou-se tipógrafo e obteve emprego em outro lugar. Ele também sobreviveu a Auschwitz; e posteriormente ele foi enviado para uma fábrica da aviões em Stuttgart, onde foi libertado em 08 de abril de 1945.
Após o retorno ele teve um grande sentimento de abandono: quase todos seus estavam mortos e seus antigo empregador estava ‘muito pressionado’ para recontratá-lo. Seu pai também não sobrevivera à guerra. Por derrubar um tonel de excrementos, ele foi mandado para um campo de extermínio. Após dois meses de sua libertação, Schelvis reencontrou sua mãe e sua irmã. Uma lágrima cai ao lembrar o reencontro, assim como os visitantes utilizam-se discretamente de seus lenços.
Mais tarde foram lidos nomes dos 102.000 mortos, deportados via Westerbork. O tocar de sinos convidou os visitantes, espalhados por toda a área do campo, para um silenciosa marcha para o monumento nacional de dois trilhos retorcidos. Lá os sobreviventes Ruth Wallage-Binheim (tia do prefeito de Groningen Jacques Wallage) e Ed van Thijm (ex-ministro e ex-prefeito de Amsterdam) deram seus depoimentos. Ao som de música, houve a recitação de trechos religiosos por rabinos e entrevistas com os dois libertadores.
O poder desta narrativa pode se esvair ao longo das próximas cerimônias da Segunda Guerra Mundial. O poder da história permanece. Em livros, filmes e museus. Porém, ao mesmo tempo que o sobrevivente Schelvis comove, as gerações mais novas não dedicam tempo para refletir sobre a Segunda Guerra. “Infelizmente, para as novas gerações, haverá outras guerras para as quais se farão cerimônias”.
Fonte(alemão): http://www.volkskrant.nl/
Título: Libertação do Campo de Westerbork celebrada
Resenha(14 de Março de 2005): “Dezenas de pessoas se reuniram nesta tarde de terça-feira em uma marcha silenciosa para relembrar a libertação do campo de Westerbork, há exatamente sessenta anos...
Tradução(português): Marcelo Hiramatsu Azevedo
Publicado também no site: http://h-doc.vilabol.uol.com.br/Westerbork.htm
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Auschwitz, nosso lar
Tópico:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=295037&tid=2518492664035847399
Comentários na comunidade 'O Holocausto' no Orkut(site do Google):
interlocutor: Auschwitz - Literatura
Um excelente site em lingua inglesa sobre assuntos europeus...e muitos artigos interessantes sobre o Holocausto, entre eles:
"Auschwitz, our home
A new collection of stories by Tadeusz Borowski shows not the slightest empathy for the victims of Auschwitz. It is a milestone in Holocaust literature nonetheless."
Introdução por:
Arno Lustiger
http://www.signandsight.com/
Tradução:
Auschwitz, nosso lar
2007-02-15
"Uma nova coleção de história de Tadeusz Borowski mostra não the slightest empatia pelas vítimas de Auschwitz. Contudo é um marco na literatura do Holocausto. Por Arno Lustiger. Para mais informação clicar em "A vida de Tadeusz Borowksi", ler o esboço biográfico de Arno Lustiger aqui.
Memórias e livros escritos por sobreviventes de Auschwitz como Ruth Klüger, Simone
Veil e Wladyslaw Bartoszewski pertecem ao cânon da literatura da Shoah, mas os trabalhos de Hermann Langbein, Rudolf Vrba e Fritz Bauer também são importantes partes de qualquer intento para entender uma fenda da civilização que foi Auschwitz. Os livros dos ganhadores do prêmio Nobel Eli Wiesel e Imre Kertesz pertencem a literatura mundial, como aqueles escritos por Primo Levi. E o que mais tarde cometeu suicídio, como Jean Améry anterior a ele.
"Bei uns in Auschwitz" por Tadeusz Borowski, Schöffling Verlag 2007.
Mas o trabalho literário de Tadeusz Borowski, que em 29 também narrou sua própria vida, não pode ser comparada com qualquer outra. Ninguém é capaz de narrar toda a verdade sobre Auschwitz, mas Borowski relata a mais dolorosa parte desta verdade com a maior de todas auto-torturante honestidade.
Borowski está entre os importantes mas escritores menos conhecidos tem concedido uma dimensão quase metafísica a Auschwitz. Ainda que seu trabalho não ofereça nenhuma contribuição ao debate da "teologia após Auschwitz", ele ajuda o leitor a compreender o inacraditável e o mostruoso nas vidas e mortes do 'Homo auschwitziensis', até mesmo apenas para uma limitada extensão. As histórias de Borowski são caracterizadas pela grande precisão. Ele se absteve inteiramente de julgamentos de valor moral(juízo de valor), e não há o slightest indício de empatia, fazendo um livro brutal, com passagens terríveis que são uma tortura para se ler. Será esta a indiferença niilista, será este o vazio de empatia fingida? Estaria a literatura provocativa do autor querendo provocar o despertar de empatia no leitor?"
Seu livro "Bei uns in Auschwitz" contém seis novelas e 22 histórias curtas. Algumas delas foram filmadas, outras adaptadas para o teatro. Oito destas histórias descrevem a vida e acima tudo a morte em Auschwitz, as outras são sobre eventos em Varsóvia antes da prisão do autor, trabalho escravo em outros campos, sua libertação e seu tempo no Munich-Freimann substituindo pessoas do campo.
Na primeira história, da qual a coleção tirou o título, Borowski descreve o que ele presenciou no campo de concentração que, além de SS, era controlado principalmente por Kapos e outros internos especialmente alemães e polacos com números de prisioneiros, também conhecido como o "campo da nobreza" (conhecido no jargão eufemístico Nazi como "Funktionshäftlinge", 'prisioneiros com funções especiais'). Como um Polaco, Borowski foi treinado por médicos das SS e foi dado a ele um trabalho 'privilegiado' como um enfermeiro homem. Era permitido a ele oficialmente corresponder-se regularmente com seus familiares, freqüentemente recebia porções de comida deles, e se beneficiou de todas as vantagens apenas liberadas a estes prisioneiros disciplinados: ouvindo concertos de música clássica pela orquestra do campo e visitando o bordel onde quinze garotas eram forçadas a se prostituírem e tinham que satisfazer a centenas de Kapos todo dia. Os privilégios incluíam cuidados no caso de enfermidade, suficientes rações de comida, e acima de tudo trabalho fácil. Todo dia, um interno agia como um informante, trazendo cartas de volta e assim sucessivamente entre Tadeusz Borowski e sua noiva Maria Rundo, que foi presa brevemente antes dele e que também foi levada a Auschwitz, onde foi internada no campo de mulheres.
Todo dia, os Kapos jogavam futebol num terreno cercado por flores dentro de uma visão da rampa de descarregar onde os Judeus estavam constantemente chegando em trens. Borowski, que jogou no gol, descreve: "Andei de volta com a bola e passei pelo canto. Entre os dois cantos, três mil pessoas foram gaseadas por detrás das minhas costas
Para ver sua noiva com freqüência, ele tinha que ele mesmo se designar a unidade de telhado, cujo membros eram aprovados a circularem livremente dentro de todo o campo, incluindo a secção das mulheres. Tadeusz Borowski e Maria Rundo viam-se todo dia, com freqüência até estarem juntos sozinhos. Como um telhador, ele também trabalhou na secção do campo conhecida como "Canada" onde artigos pegos dos judeus assassinados eram guardados, incluindo roupas, joalheria, e outros objetos de valor, incluindo 7.7 toneladas de cabelo humano. Aqui ele tinha contato com os prisioneiros que pertenciam aos Sonderkommandos ou Unidades Especiais, que tinha a horrenda tarefa de inclusive remover os mortos das câmaras de gás até os fornos crematórios. Ele desfrutou de privilégios que internos normais e insignificantes jamais 'poderiam sonhar'.
Borowski escreveu "Wir waren in Auschwitz"("Nós estivemos em Auschwitz")com seus amigos Siedlecki e Olszewski no Munich-Freimann displaced persons camp em 1945. Em abril de 1946, o magazine Tworczosc em Varsóvia publicou sua história "O Transporte de Sosnowiec-Bendzin," mais tarde rebatizada para "Este é o caminho para o gás, Senhoras e Senhores".
Este texto de 20 páginas se encontra entre a maioria profundamente angustiante dos documentos literários do Holocausto e tem sido publicada em muitas línguas. Com seu estilo escasso, Borowski tinha o dom de retratar personagens e situações trágicas tão originalmente que elas se tornaram quase indelevelmente gravadas na memória dos leitores. Até o 'Inferno de Dante' empalidece na comparação com este relato.
Em meados de Agosto de 1943, os transportes começaram a chegar em Auschwitz da Alta Silésia, uma região a apenas 40 km de distância que havia sido anexada pela Alemanha em meados de 1939 e que foi um lar para mais de 100 mil judeus, incluindo 23 mil em Sosnowiec e 25 mil em Bedzin, o povoado onde nasci. Apenas um pouco mais que mil homens e mulheres foram selecionados para o trabalho escravo, até aqui os que sobreviveram até o momento;
o resto foi gaseado imediatamente, incluindo muitos de meus parentes.
Minha mão é relutante a copiar excertos desta história, mas eu forçarei a mim mesmo a descrever um detalhe. Durante o processo de seleção, uma mãe renega a sua criança e tenta fugir para o grupo declarado apto para o trabalho. A criança esperneia/grita terrivelmente por sua mãe. Sob uma saudação de terríveis obscenidades, mãe e filho são conduzidos a câmara de gás juntos. Mas milhares dentre milhares de mulheres e homens judeus não abandonam suas crianças e familiares, preferindo partir com eles para as câmaras de gás numa demonstração de solidariedade, até que ainda que alguns deles poderiam terem se salvado.
E um exemplo de teologia, não depois mas em Auschwitz: um enfermo e ferido velho judeu do transporte de Bendzin está incomodando um jovem homem das SS com suas repetidas questões para falar com o comandante do campo. "Fique calmo, homem. Em meia hora você coneguirá falar com o comandante-em-chefe. Apenas não se esqueça de fazer direito o jesto e de dizer 'Heil Hitler' para ele."
Neste exato transporte também estava incluso meu querido polaco, o comunista do pré-guerra e poeta Stanislaw Wygodzki – nossos pais tinham sentado juntos no conselho da cidade em Bedzin. Depois de 1945, ele se tornou amigo próximo e mentor de Borowski, que dedicou um quinto-verso do poema a ele, o jovem escritor escrevendo para o sábio poeta: "Lar, poeta, você está retornando para a sua terra natal / Em Bedzin ou Sosnowiec / Você andará até o mercado judeu, até as grades / no carregado acampamento no gueto / Você estará muito sozinho lá, como um pedaço de casca / descacada da árvore, por você estar retornando ao lar, do lugar / Onde sua filha navega pelos céus como cinzas / Do crematório".
Até o final da história, nós lemos: "Por poucos dias, o campo falará sobre o transporte de 'Sosnowiec-Bedzin'. Era um bom carregamento, um rico carregamento."
Por quê? Porque os Judeus que estavam lá eram mais ricos que os do resto da Polônia e porque eles não tinham tido nenhum tempo para comer suprimentos que pudessem trazer com eles, tão logo que a jornada pela ferrovia levou não mais que uma hora. Talvez os internos trabalhando na rampa pegassem(burlassem)a torta de queijo da minha avó Mindel Lustiger, talvez as roupas de baixo de seda de sua meia-filha, minha tia Gisele de Paris, fossem guardadas por Borowski como um presente para sua noiva Maria?
Nos textos de Borowski, existem muitas passagens onde os prisineiros judeus são retratados como despiedosos sádicos. Borowski reconta todos estes incidentes não como uma testemunha ocular, mas de ouvir rumores. É parte da sensação de fome, a fofoca anti-Semita no campo. Aqui, Pan Tadeusz, um mimado e estropeado Kapo com elevada expectativa de vida, retrata-se a si mesmo sem um traço de simpatia ou empatia sobre os indefesos judeus que eram condenados a morte, o morituri("aqueles que vão morrer")de nossos tempos. Ele livremente admite que mesmo não prejudicando ninguém no campo, ele também não ajudou ninguém lá.
Apenas na história "O Homem com o Pacote" somos nós que encontramos algo sobre a dignidade e heroísmo dos judeus. No fim da sentença: "... como eles foram mandados para o gás(as câmaras), os judeus cantavam uma animada música em hebraico que ninguém entendia." Era uma música sionista "Hatikvah" (Esperança)que é agora o hino nacional de Israel.
Na história "Auschwitz, nosso lar" lemos este tema: "É a esperança que faz as pessoas andarem apaticamente até as câmaras de gás, faz-lhes se encolherem por detrás da revolta ... Esperança é aquilo que rompe laços de família, faz mães rejeitarem suas crianças, faz mulheres venderem-se por um pedaço de pão e transforma homens em assassinos. A esperança os faz brigarem uns contra outros a cada dia da vida, pra talvez o próximo dia trazer a libertação... Nós não aprendemos a renunciar a esperança, e isto é o porquê de nós morrermos no gás."
Sim, Borowski estava entre os prisioneiros privilegiados corrompidos pelo tratamento preferencial concedido a eles. Os Kapos asseguravam que uma revolta – referindo-se no jargão Nazi como 'der A-Fall', "o grande U" – não poderia ocorrer. Apesar disto, entretanto, houve uma revolta aos Sonderkommandos organizado exclusivamente por internos judeus em 7 de Outubro de 1944, em que quase todos aqueles involvidos foram fuzilados depiois de explodirem um dos cinco crematórios. Ao longo de um período de meses, os judeus poloneses Rozia Robota, Regina Safirsztajn, Ester Wajcblum e Ala Gertner, uma garota de Bedzin, roubaram dinamite da "Union", fábrica de armas, para explodir o crematório. Em 6 de Janeiro de 1945, os quatro heróis foram enforcados. Houve então as últimas execuções em Auschwitz. Os textos de Borowski não contém nenhuma menção destes sensacionais e trágicos eventos.
Borowski claramente também não sabia de nada do secreto "Kampfgruppe Auschwitz" ou grupo de resistência, cujos líderes incluiam não apenas Cyrankiewicz e Langbein, mas também Mink e Kirschenbaum, oficiais judeus das Brigadas Internacionais na Guerra Civil Espanhola.
A mais longa, e mais forte(magistral)novela escrita no livro é "A Batalha de Grunwald". Por medo da anarquia e de atos de vingança na Alemanha depois do país perder a guerra, os poloneses libertados POWs – trabalhadores de trabalhos forçados e internos do campo de concentração – foram transferidos para perto dos "DP" campos guardados por Americanos. Borowski viveu num desses campos, em ex-barracões das SS em Munich-Freimann. Aqui ele testemunhou uma celebração de aniversário da Batalha de Grunwald de 1410 quando tropas polonesas triunfaram sobre os exércitos da Ordem Teutônica. Nesta novela, Borowski retrata seu querido compatriota com uma impiedosa agudeza que beirava o rancor. A vida no campo(de concentração)é dominada pela corrupção, ressentimento, egoísmo e vandalismo.
Entrando neste mundo caótico, e entrando no meio da pomposa comemoração da Batalha de Grunwald com toda sua comida, bebida e fogos de artifício, aparece a judia Nina, que sobreviveu como uma criança cristã. Devido a seu namorado ser um comunista e um anti-semita, ela fugiu da Polônia. Sua afeição por Tadeusz desperta seu senso de respeito próprio. Ela dá significado a sua vida depois de Auschwitz e deseja emigrar para a Palestina ou iniciar uma nova vida com Tadeusz no Ocidente. Mas ela é baleada por um guarda americano na cerca. Ela é apenas um positivo e moralmente personagem intacto na história, que foi filmada por Andrzej Wajda em 1970.
Os contos de Borowski ainda chamarão atenção quando outros livros de campo de concentração forem esquecidos. Eu suspeito que seus poemas e histórias – que são ainda bastante desconhecidos na Alemanha – sobreviverá como uma importante parte do mundo literário. De todas as edições do período, de 1963 a 1999, esta nova versão, congenially traduzida por Friedrich Griese, é a melhor. Para mim, é um marco na literatura sobre Auschwitz.
"Observe tudo de muito perto e não perca a coragem quando as coisas estiverem indo muito mal para você. Em algum dia, nós poderemos ser necessários para contar a vida neste campo, deste tempo de decepção, e defender os mortos." Com estas palavras, Borowski postumamente me enderessa pessoalmente, a seu Auschwitz camarada de No. A 5592. Com esta sentença, Borowski formulou um 'axioma' que se tornou uma máxima da minha vida.
*Este artigo apareceu originalmente em alemão no 'Die Welt' em 20 de janeiro de 2007.
Tradução(pro inglês): Nicholas Grindell
"Bei uns in Auschwitz": uma nova coleção de histórias por Tadeusz Borowski. Traduzido para o alemão do polonês por Friedrich Griese. Schöffling, Frankfurt/M. 422 páginas, 24.90 eur.
Outros livros de Tadeusz Borowski publicados em inglês:
"Este é o Caminho para o Gás, Senhoras e Senhores"("This Way for the Gas, Ladies and Gentlemen")de Tadeusz Borowski, trad. Barbara Vedder, Penguin Classics reedição, 1992
"Nós estávamos em Auschwitz"("We Were in Auschwitz")uma coleção de histórias de Tadeusz Borowski, Janusz Nel Siedlecki e Krystyn Olszewski. trad. Alicia Nitecki. Welcome Rain editores, 2000
Arno Lustiger nasceu na Polônia, em Bedzin em 1924. Sobreviveu a internação nos campos de concentração de Auschwitz e Buchenwald e depois da guerra fundou uma comunidade judaica em Frankfurt/Main. Ele tem tratado o tema da resistência judaica em muitos livros. Lustiger foi premiado com o Prize da Fundação Galinski(2001, junto com Wolf Biermann), e com um doutorado honorário da Universidade de Potsdam (2003). Ele é Professor Visitante no Instituto Fritz Bauer da Universidade de Frankfurt e fala oito línguas.
Fonte: http://www.signandsight.com/features/1178.html
Tradução: Roberto Lucena
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=295037&tid=2518492664035847399
Comentários na comunidade 'O Holocausto' no Orkut(site do Google):
interlocutor: Auschwitz - Literatura
Um excelente site em lingua inglesa sobre assuntos europeus...e muitos artigos interessantes sobre o Holocausto, entre eles:
"Auschwitz, our home
A new collection of stories by Tadeusz Borowski shows not the slightest empathy for the victims of Auschwitz. It is a milestone in Holocaust literature nonetheless."
Introdução por:
Arno Lustiger
http://www.signandsight.com/
Tradução:
Auschwitz, nosso lar
2007-02-15
"Uma nova coleção de história de Tadeusz Borowski mostra não the slightest empatia pelas vítimas de Auschwitz. Contudo é um marco na literatura do Holocausto. Por Arno Lustiger. Para mais informação clicar em "A vida de Tadeusz Borowksi", ler o esboço biográfico de Arno Lustiger aqui.
Memórias e livros escritos por sobreviventes de Auschwitz como Ruth Klüger, Simone
Veil e Wladyslaw Bartoszewski pertecem ao cânon da literatura da Shoah, mas os trabalhos de Hermann Langbein, Rudolf Vrba e Fritz Bauer também são importantes partes de qualquer intento para entender uma fenda da civilização que foi Auschwitz. Os livros dos ganhadores do prêmio Nobel Eli Wiesel e Imre Kertesz pertencem a literatura mundial, como aqueles escritos por Primo Levi. E o que mais tarde cometeu suicídio, como Jean Améry anterior a ele.
"Bei uns in Auschwitz" por Tadeusz Borowski, Schöffling Verlag 2007.
Mas o trabalho literário de Tadeusz Borowski, que em 29 também narrou sua própria vida, não pode ser comparada com qualquer outra. Ninguém é capaz de narrar toda a verdade sobre Auschwitz, mas Borowski relata a mais dolorosa parte desta verdade com a maior de todas auto-torturante honestidade.
Borowski está entre os importantes mas escritores menos conhecidos tem concedido uma dimensão quase metafísica a Auschwitz. Ainda que seu trabalho não ofereça nenhuma contribuição ao debate da "teologia após Auschwitz", ele ajuda o leitor a compreender o inacraditável e o mostruoso nas vidas e mortes do 'Homo auschwitziensis', até mesmo apenas para uma limitada extensão. As histórias de Borowski são caracterizadas pela grande precisão. Ele se absteve inteiramente de julgamentos de valor moral(juízo de valor), e não há o slightest indício de empatia, fazendo um livro brutal, com passagens terríveis que são uma tortura para se ler. Será esta a indiferença niilista, será este o vazio de empatia fingida? Estaria a literatura provocativa do autor querendo provocar o despertar de empatia no leitor?"
Seu livro "Bei uns in Auschwitz" contém seis novelas e 22 histórias curtas. Algumas delas foram filmadas, outras adaptadas para o teatro. Oito destas histórias descrevem a vida e acima tudo a morte em Auschwitz, as outras são sobre eventos em Varsóvia antes da prisão do autor, trabalho escravo em outros campos, sua libertação e seu tempo no Munich-Freimann substituindo pessoas do campo.
Na primeira história, da qual a coleção tirou o título, Borowski descreve o que ele presenciou no campo de concentração que, além de SS, era controlado principalmente por Kapos e outros internos especialmente alemães e polacos com números de prisioneiros, também conhecido como o "campo da nobreza" (conhecido no jargão eufemístico Nazi como "Funktionshäftlinge", 'prisioneiros com funções especiais'). Como um Polaco, Borowski foi treinado por médicos das SS e foi dado a ele um trabalho 'privilegiado' como um enfermeiro homem. Era permitido a ele oficialmente corresponder-se regularmente com seus familiares, freqüentemente recebia porções de comida deles, e se beneficiou de todas as vantagens apenas liberadas a estes prisioneiros disciplinados: ouvindo concertos de música clássica pela orquestra do campo e visitando o bordel onde quinze garotas eram forçadas a se prostituírem e tinham que satisfazer a centenas de Kapos todo dia. Os privilégios incluíam cuidados no caso de enfermidade, suficientes rações de comida, e acima de tudo trabalho fácil. Todo dia, um interno agia como um informante, trazendo cartas de volta e assim sucessivamente entre Tadeusz Borowski e sua noiva Maria Rundo, que foi presa brevemente antes dele e que também foi levada a Auschwitz, onde foi internada no campo de mulheres.
Todo dia, os Kapos jogavam futebol num terreno cercado por flores dentro de uma visão da rampa de descarregar onde os Judeus estavam constantemente chegando em trens. Borowski, que jogou no gol, descreve: "Andei de volta com a bola e passei pelo canto. Entre os dois cantos, três mil pessoas foram gaseadas por detrás das minhas costas
Para ver sua noiva com freqüência, ele tinha que ele mesmo se designar a unidade de telhado, cujo membros eram aprovados a circularem livremente dentro de todo o campo, incluindo a secção das mulheres. Tadeusz Borowski e Maria Rundo viam-se todo dia, com freqüência até estarem juntos sozinhos. Como um telhador, ele também trabalhou na secção do campo conhecida como "Canada" onde artigos pegos dos judeus assassinados eram guardados, incluindo roupas, joalheria, e outros objetos de valor, incluindo 7.7 toneladas de cabelo humano. Aqui ele tinha contato com os prisioneiros que pertenciam aos Sonderkommandos ou Unidades Especiais, que tinha a horrenda tarefa de inclusive remover os mortos das câmaras de gás até os fornos crematórios. Ele desfrutou de privilégios que internos normais e insignificantes jamais 'poderiam sonhar'.
Borowski escreveu "Wir waren in Auschwitz"("Nós estivemos em Auschwitz")com seus amigos Siedlecki e Olszewski no Munich-Freimann displaced persons camp em 1945. Em abril de 1946, o magazine Tworczosc em Varsóvia publicou sua história "O Transporte de Sosnowiec-Bendzin," mais tarde rebatizada para "Este é o caminho para o gás, Senhoras e Senhores".
Este texto de 20 páginas se encontra entre a maioria profundamente angustiante dos documentos literários do Holocausto e tem sido publicada em muitas línguas. Com seu estilo escasso, Borowski tinha o dom de retratar personagens e situações trágicas tão originalmente que elas se tornaram quase indelevelmente gravadas na memória dos leitores. Até o 'Inferno de Dante' empalidece na comparação com este relato.
Em meados de Agosto de 1943, os transportes começaram a chegar em Auschwitz da Alta Silésia, uma região a apenas 40 km de distância que havia sido anexada pela Alemanha em meados de 1939 e que foi um lar para mais de 100 mil judeus, incluindo 23 mil em Sosnowiec e 25 mil em Bedzin, o povoado onde nasci. Apenas um pouco mais que mil homens e mulheres foram selecionados para o trabalho escravo, até aqui os que sobreviveram até o momento;
o resto foi gaseado imediatamente, incluindo muitos de meus parentes.
Minha mão é relutante a copiar excertos desta história, mas eu forçarei a mim mesmo a descrever um detalhe. Durante o processo de seleção, uma mãe renega a sua criança e tenta fugir para o grupo declarado apto para o trabalho. A criança esperneia/grita terrivelmente por sua mãe. Sob uma saudação de terríveis obscenidades, mãe e filho são conduzidos a câmara de gás juntos. Mas milhares dentre milhares de mulheres e homens judeus não abandonam suas crianças e familiares, preferindo partir com eles para as câmaras de gás numa demonstração de solidariedade, até que ainda que alguns deles poderiam terem se salvado.
E um exemplo de teologia, não depois mas em Auschwitz: um enfermo e ferido velho judeu do transporte de Bendzin está incomodando um jovem homem das SS com suas repetidas questões para falar com o comandante do campo. "Fique calmo, homem. Em meia hora você coneguirá falar com o comandante-em-chefe. Apenas não se esqueça de fazer direito o jesto e de dizer 'Heil Hitler' para ele."
Neste exato transporte também estava incluso meu querido polaco, o comunista do pré-guerra e poeta Stanislaw Wygodzki – nossos pais tinham sentado juntos no conselho da cidade em Bedzin. Depois de 1945, ele se tornou amigo próximo e mentor de Borowski, que dedicou um quinto-verso do poema a ele, o jovem escritor escrevendo para o sábio poeta: "Lar, poeta, você está retornando para a sua terra natal / Em Bedzin ou Sosnowiec / Você andará até o mercado judeu, até as grades / no carregado acampamento no gueto / Você estará muito sozinho lá, como um pedaço de casca / descacada da árvore, por você estar retornando ao lar, do lugar / Onde sua filha navega pelos céus como cinzas / Do crematório".
Até o final da história, nós lemos: "Por poucos dias, o campo falará sobre o transporte de 'Sosnowiec-Bedzin'. Era um bom carregamento, um rico carregamento."
Por quê? Porque os Judeus que estavam lá eram mais ricos que os do resto da Polônia e porque eles não tinham tido nenhum tempo para comer suprimentos que pudessem trazer com eles, tão logo que a jornada pela ferrovia levou não mais que uma hora. Talvez os internos trabalhando na rampa pegassem(burlassem)a torta de queijo da minha avó Mindel Lustiger, talvez as roupas de baixo de seda de sua meia-filha, minha tia Gisele de Paris, fossem guardadas por Borowski como um presente para sua noiva Maria?
Nos textos de Borowski, existem muitas passagens onde os prisineiros judeus são retratados como despiedosos sádicos. Borowski reconta todos estes incidentes não como uma testemunha ocular, mas de ouvir rumores. É parte da sensação de fome, a fofoca anti-Semita no campo. Aqui, Pan Tadeusz, um mimado e estropeado Kapo com elevada expectativa de vida, retrata-se a si mesmo sem um traço de simpatia ou empatia sobre os indefesos judeus que eram condenados a morte, o morituri("aqueles que vão morrer")de nossos tempos. Ele livremente admite que mesmo não prejudicando ninguém no campo, ele também não ajudou ninguém lá.
Apenas na história "O Homem com o Pacote" somos nós que encontramos algo sobre a dignidade e heroísmo dos judeus. No fim da sentença: "... como eles foram mandados para o gás(as câmaras), os judeus cantavam uma animada música em hebraico que ninguém entendia." Era uma música sionista "Hatikvah" (Esperança)que é agora o hino nacional de Israel.
Na história "Auschwitz, nosso lar" lemos este tema: "É a esperança que faz as pessoas andarem apaticamente até as câmaras de gás, faz-lhes se encolherem por detrás da revolta ... Esperança é aquilo que rompe laços de família, faz mães rejeitarem suas crianças, faz mulheres venderem-se por um pedaço de pão e transforma homens em assassinos. A esperança os faz brigarem uns contra outros a cada dia da vida, pra talvez o próximo dia trazer a libertação... Nós não aprendemos a renunciar a esperança, e isto é o porquê de nós morrermos no gás."
Sim, Borowski estava entre os prisioneiros privilegiados corrompidos pelo tratamento preferencial concedido a eles. Os Kapos asseguravam que uma revolta – referindo-se no jargão Nazi como 'der A-Fall', "o grande U" – não poderia ocorrer. Apesar disto, entretanto, houve uma revolta aos Sonderkommandos organizado exclusivamente por internos judeus em 7 de Outubro de 1944, em que quase todos aqueles involvidos foram fuzilados depiois de explodirem um dos cinco crematórios. Ao longo de um período de meses, os judeus poloneses Rozia Robota, Regina Safirsztajn, Ester Wajcblum e Ala Gertner, uma garota de Bedzin, roubaram dinamite da "Union", fábrica de armas, para explodir o crematório. Em 6 de Janeiro de 1945, os quatro heróis foram enforcados. Houve então as últimas execuções em Auschwitz. Os textos de Borowski não contém nenhuma menção destes sensacionais e trágicos eventos.
Borowski claramente também não sabia de nada do secreto "Kampfgruppe Auschwitz" ou grupo de resistência, cujos líderes incluiam não apenas Cyrankiewicz e Langbein, mas também Mink e Kirschenbaum, oficiais judeus das Brigadas Internacionais na Guerra Civil Espanhola.
A mais longa, e mais forte(magistral)novela escrita no livro é "A Batalha de Grunwald". Por medo da anarquia e de atos de vingança na Alemanha depois do país perder a guerra, os poloneses libertados POWs – trabalhadores de trabalhos forçados e internos do campo de concentração – foram transferidos para perto dos "DP" campos guardados por Americanos. Borowski viveu num desses campos, em ex-barracões das SS em Munich-Freimann. Aqui ele testemunhou uma celebração de aniversário da Batalha de Grunwald de 1410 quando tropas polonesas triunfaram sobre os exércitos da Ordem Teutônica. Nesta novela, Borowski retrata seu querido compatriota com uma impiedosa agudeza que beirava o rancor. A vida no campo(de concentração)é dominada pela corrupção, ressentimento, egoísmo e vandalismo.
Entrando neste mundo caótico, e entrando no meio da pomposa comemoração da Batalha de Grunwald com toda sua comida, bebida e fogos de artifício, aparece a judia Nina, que sobreviveu como uma criança cristã. Devido a seu namorado ser um comunista e um anti-semita, ela fugiu da Polônia. Sua afeição por Tadeusz desperta seu senso de respeito próprio. Ela dá significado a sua vida depois de Auschwitz e deseja emigrar para a Palestina ou iniciar uma nova vida com Tadeusz no Ocidente. Mas ela é baleada por um guarda americano na cerca. Ela é apenas um positivo e moralmente personagem intacto na história, que foi filmada por Andrzej Wajda em 1970.
Os contos de Borowski ainda chamarão atenção quando outros livros de campo de concentração forem esquecidos. Eu suspeito que seus poemas e histórias – que são ainda bastante desconhecidos na Alemanha – sobreviverá como uma importante parte do mundo literário. De todas as edições do período, de 1963 a 1999, esta nova versão, congenially traduzida por Friedrich Griese, é a melhor. Para mim, é um marco na literatura sobre Auschwitz.
"Observe tudo de muito perto e não perca a coragem quando as coisas estiverem indo muito mal para você. Em algum dia, nós poderemos ser necessários para contar a vida neste campo, deste tempo de decepção, e defender os mortos." Com estas palavras, Borowski postumamente me enderessa pessoalmente, a seu Auschwitz camarada de No. A 5592. Com esta sentença, Borowski formulou um 'axioma' que se tornou uma máxima da minha vida.
*Este artigo apareceu originalmente em alemão no 'Die Welt' em 20 de janeiro de 2007.
Tradução(pro inglês): Nicholas Grindell
"Bei uns in Auschwitz": uma nova coleção de histórias por Tadeusz Borowski. Traduzido para o alemão do polonês por Friedrich Griese. Schöffling, Frankfurt/M. 422 páginas, 24.90 eur.
Outros livros de Tadeusz Borowski publicados em inglês:
"Este é o Caminho para o Gás, Senhoras e Senhores"("This Way for the Gas, Ladies and Gentlemen")de Tadeusz Borowski, trad. Barbara Vedder, Penguin Classics reedição, 1992
"Nós estávamos em Auschwitz"("We Were in Auschwitz")uma coleção de histórias de Tadeusz Borowski, Janusz Nel Siedlecki e Krystyn Olszewski. trad. Alicia Nitecki. Welcome Rain editores, 2000
Arno Lustiger nasceu na Polônia, em Bedzin em 1924. Sobreviveu a internação nos campos de concentração de Auschwitz e Buchenwald e depois da guerra fundou uma comunidade judaica em Frankfurt/Main. Ele tem tratado o tema da resistência judaica em muitos livros. Lustiger foi premiado com o Prize da Fundação Galinski(2001, junto com Wolf Biermann), e com um doutorado honorário da Universidade de Potsdam (2003). Ele é Professor Visitante no Instituto Fritz Bauer da Universidade de Frankfurt e fala oito línguas.
Fonte: http://www.signandsight.com/features/1178.html
Tradução: Roberto Lucena
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segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Salvadores Alemães 6 - Harald Poelchau e Frieda Rung
Harald Poelchau
O Dr. Harald Poelchau era filho de um pastor conservador e se criou num pequeno povoado na Silésia. Terminados os estudos de teologia, ocupou no outono de 1932 o posto de pastor numa prisão de Berlim. Devido a natureza de seu trabalho tinha contato permanente com muitas pessoas da resistência e utilizava seu posto para passar-lhes mensagens, oferecer-lhes ajuda material e estimulá-los espiritualmente.
Harald Poelchau pertencia ao grupo de resistência "Círculo de Kreisau", organização democrática e cristã que procurava estabelecer contatos com as forças aliadas.
Assim mesmo, Poelchau apoiava a um grupo conhecido pela alcunha de "tio Emil" que havia proposto a tarefa de ajudar a judeus que viviam na clandestinidade. Teve êxito em alojar a judia Margarethe Latte, a qual havia fugido de Breslau, onde uma viúva de um pastor, a senhora Schneider, conseguiu-lhe trabalho, alojamento e documentação falsificada para ela, seu marido Manfred e seu filho Konrad.
Entre fevereiro e novembro de 1943 Harald Poelchau e sua esposa Dorothea esconderam em seu próprio apartamento, Leontine Cohn e sua filha Rita. Harald Poelchau também exerceu um papel importante no resgate de Charlotte Holzer, uma das acusadas de pertencer a um grupo de resistência judaica comunista de Herbert Baum, havia escapado da prisão durante um bombardeio aliado no verão de 1944. Poelchau alojou Holzer na casa da Sra. Schneider e lhe conseguiu trabalho e documentação. Em fevereiro de 1945 o casal Poelchau acolheu os irmãos Ralph e Rita Neumann, os quais haviam escapado pouco antes de serem deportados para um campo de concentração. Juntos presenciaram a liberação de Berlim em maio de 1945.
Bibliografia:
"Saving Konrad Latte" by Peter Schneider, New York Times Archives Aritcle, 13.2.2000.
Lexikon des deutschen Widerstandes, Hrsg.v. Wolfgang Benz und Walther H. Pehle, Frankfurt a.M. 1999, S.248, 383.
Ruth Andreas-Friedrich, Der Schattenmann, Frankfurt a.M. 1986.
Frieda Rung
Frieda Rung, nascida em 1880, vivia num bairro burguês de Berlim e trabalhava como vendedora. Em 1918 conheceu Hellmuth Cohn, nascido em 1895, e manteve contato com ele, sua mãe e sua esposa.
No início da era nacional-socialista Hellmut Cohn não foi perseguido graças ao fato de que sua esposa não ser judia. Ao se agravar a repressão, esta, contudo, separou-se de seu marido e em 1939 o denunciou por "delito contra a raça", ofensa que segundo as leis de Nüremberg era passível de sanção e, em muitas ocasiões, até castigada com a deportação para um campo de concentração. Desde a denúncia Hellmut Cohn fugia da Gestapo. Seus três filhos se afastaram dele e romperam todos os contatos.
Frieda Rung ofereceu refúgio a Hellmut Cohn em sua casa, apesar de que a polícia a havia citado e interrogado, já que a senhora Cohn declarou que seu marido também havia cometido delito contra a raça com Frieda. Contudo, neste último caso o sumário foi fechado. Por não ter documentação falsa, Hellmut Cohn nunca saiu do pequeno apartamento. Ao perder seu trabalho em 1939, Frieda Rung teve que vender parte de suas jóias e móveis para poder comprar alimentos suficientes para ambos. Em 1940 encontrou trabalho numa pastelaria.
A partir de 1943 os bombardeios sobre Berlín se intensificaram. Frieda e Hellmut se atreveram a se refugiar nos bunkers anti-aéreos públicos naqueles que não eram necessário apresentar documentação. Hellmut Cohn permaneceu até o final da guerra no apartamento de Frieda Rung e logo que finalizadas as hostilidades o casal seguiu compartilhando o apartamento por muito tempo.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Harald Poelchau
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/harald-poelchau.504013.htm
Frieda Rung
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/frieda-rung.504014.htm
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 7 - Karl Schörghofer e Paul Seele
O Dr. Harald Poelchau era filho de um pastor conservador e se criou num pequeno povoado na Silésia. Terminados os estudos de teologia, ocupou no outono de 1932 o posto de pastor numa prisão de Berlim. Devido a natureza de seu trabalho tinha contato permanente com muitas pessoas da resistência e utilizava seu posto para passar-lhes mensagens, oferecer-lhes ajuda material e estimulá-los espiritualmente.
Harald Poelchau pertencia ao grupo de resistência "Círculo de Kreisau", organização democrática e cristã que procurava estabelecer contatos com as forças aliadas.
Assim mesmo, Poelchau apoiava a um grupo conhecido pela alcunha de "tio Emil" que havia proposto a tarefa de ajudar a judeus que viviam na clandestinidade. Teve êxito em alojar a judia Margarethe Latte, a qual havia fugido de Breslau, onde uma viúva de um pastor, a senhora Schneider, conseguiu-lhe trabalho, alojamento e documentação falsificada para ela, seu marido Manfred e seu filho Konrad.
Entre fevereiro e novembro de 1943 Harald Poelchau e sua esposa Dorothea esconderam em seu próprio apartamento, Leontine Cohn e sua filha Rita. Harald Poelchau também exerceu um papel importante no resgate de Charlotte Holzer, uma das acusadas de pertencer a um grupo de resistência judaica comunista de Herbert Baum, havia escapado da prisão durante um bombardeio aliado no verão de 1944. Poelchau alojou Holzer na casa da Sra. Schneider e lhe conseguiu trabalho e documentação. Em fevereiro de 1945 o casal Poelchau acolheu os irmãos Ralph e Rita Neumann, os quais haviam escapado pouco antes de serem deportados para um campo de concentração. Juntos presenciaram a liberação de Berlim em maio de 1945.
Bibliografia:
"Saving Konrad Latte" by Peter Schneider, New York Times Archives Aritcle, 13.2.2000.
Lexikon des deutschen Widerstandes, Hrsg.v. Wolfgang Benz und Walther H. Pehle, Frankfurt a.M. 1999, S.248, 383.
Ruth Andreas-Friedrich, Der Schattenmann, Frankfurt a.M. 1986.
Frieda Rung
Frieda Rung, nascida em 1880, vivia num bairro burguês de Berlim e trabalhava como vendedora. Em 1918 conheceu Hellmuth Cohn, nascido em 1895, e manteve contato com ele, sua mãe e sua esposa.
No início da era nacional-socialista Hellmut Cohn não foi perseguido graças ao fato de que sua esposa não ser judia. Ao se agravar a repressão, esta, contudo, separou-se de seu marido e em 1939 o denunciou por "delito contra a raça", ofensa que segundo as leis de Nüremberg era passível de sanção e, em muitas ocasiões, até castigada com a deportação para um campo de concentração. Desde a denúncia Hellmut Cohn fugia da Gestapo. Seus três filhos se afastaram dele e romperam todos os contatos.
Frieda Rung ofereceu refúgio a Hellmut Cohn em sua casa, apesar de que a polícia a havia citado e interrogado, já que a senhora Cohn declarou que seu marido também havia cometido delito contra a raça com Frieda. Contudo, neste último caso o sumário foi fechado. Por não ter documentação falsa, Hellmut Cohn nunca saiu do pequeno apartamento. Ao perder seu trabalho em 1939, Frieda Rung teve que vender parte de suas jóias e móveis para poder comprar alimentos suficientes para ambos. Em 1940 encontrou trabalho numa pastelaria.
A partir de 1943 os bombardeios sobre Berlín se intensificaram. Frieda e Hellmut se atreveram a se refugiar nos bunkers anti-aéreos públicos naqueles que não eram necessário apresentar documentação. Hellmut Cohn permaneceu até o final da guerra no apartamento de Frieda Rung e logo que finalizadas as hostilidades o casal seguiu compartilhando o apartamento por muito tempo.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Harald Poelchau
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/harald-poelchau.504013.htm
Frieda Rung
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/frieda-rung.504014.htm
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 7 - Karl Schörghofer e Paul Seele
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
Fotos inéditas do Holocausto
Museu dos EUA recebe fotos inéditas do holocausto
Imagens foram encontradas na Alemanha e doadas por um anônimo.
Estas seriam as primeiras fotos autênticas de Mengele, o médico de Auschwitz.
Neil A. Lewis
Do New York Times
Em dezembro, Rebecca Erbelding, uma jovem arquivista do Museu do Holocausto em Washington, nos Estados Unidos, recebeu a carta de um oficial das Forças Armadas na qual ele doava fotografias de Auschwitz encontradas há mais de 60 anos na Alemanha. O fato chamou a atenção do museu, já que apesar de Auschwitz ser um notório campo de concentração nazista, há poucas fotos do local antes de sua liberação, em 1945.
Oficiais nazistas se reúnem perto do campo de concentração de Auschwitz. (Foto: NYT)
Após avaliarem o material recebido, a equipe percebeu que tinha em mãos parte da vida de oficial Karl Hocker, ajudante do comandante do campo de concentração Richard Baer. Em meio as 116 fotos, há uma de 21 de junho de 1944 na qual ambos aparecem com as insígnias da SS, a força de elite de Hitler.
Oficiais nazistas brincam com as tigelas vazias em Auschwitz. (Foto: New York Times)
O álbum também contém oito fotos de Josef Mengele, o médico conhecido por realizar experimentos cruéis com prisioneiros que chegavam aos campos de concentração. De acordo com o Museu do Holocausto, estas são as primeiras fotos autênticas de Mengele de Auschwitz.
As imagens doadas foram comparadas às do acervo do Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Jerusalém, que reúne imagens de um fotógrafo da SS, na primavera de 1944, descobertas pelo sobrevivente de um outro acampamento nazista.
Os dois álbuns mostram o confortável dia-a-dia dos guardas em meio a terrível realidade dentro dos acampamentos, onde mais de 1 milhão de judeus perderam suas vidas. Uma das fotos, por exemplo, tirada em 22 de julho de 1944, mostra um grupo de mulheres jovens e alegres que trabalharam na área de comunicações da SS brincando com tigelas vazias após comerem arandos, um fruto silvestre, enquanto milhares de famintos morriam nos campos de concentração.
Auschwitz foi abandonada e evacuada em 18 de janeiro de 1945 e liberadas pelos forças soviéticas dias depois, em 27 de janeiro. Apesar do museu de Washington não ter planos de exibir o álbum de fotos de Hocker, curadores criaram o site (www.ushmm.org), onde parte da colação pode ser vista.
Sarah J. O Bloomfield, diretora do museu, acredita que ainda há outros álbuns e documentos do holocausto desconhecidos em porões e que se perderam na história.
Hocker fugiu Auschwitz antes da liberação do acampamento. Só depois do julgamento de Adolf Eichmann em Israel, em 1961, autoridades da Alemanha Ocidental o localizaram em Engershausen, sua cidade natal. O ajudante do comandante, então, foi condenado pelos crimes de guerra e ficou preso por sete anos, sendo solto em 1970. Hocker morreu em 2000, aos 89 anos.
Fonte: G1/New York Times
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL106710-5602-2322,00.html
Para conferir o álbum de fotos completo:
Auschwitz through the lens of the SS: Photos of Nazi leadership at the camp
http://www.ushmm.org/museum/exhibit/online/ssalbum/auschwitz_album/
Site do Museu do Holocausto nos Estados Unidos(USHMM)
http://www.ushmm.org/research/collections/highlights/auschwitz/auschwitz_album/
Ver também:
El otro Auschwitz: postales de ocio y vida cotidiana de los nazis (Clarín, Argentina)
Outras séries de fotos:
Fotos do Holocausto
Fotos do Leste Alemão
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 1
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 2
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 3
Imagens foram encontradas na Alemanha e doadas por um anônimo.
Estas seriam as primeiras fotos autênticas de Mengele, o médico de Auschwitz.
Neil A. Lewis
Do New York Times
Em dezembro, Rebecca Erbelding, uma jovem arquivista do Museu do Holocausto em Washington, nos Estados Unidos, recebeu a carta de um oficial das Forças Armadas na qual ele doava fotografias de Auschwitz encontradas há mais de 60 anos na Alemanha. O fato chamou a atenção do museu, já que apesar de Auschwitz ser um notório campo de concentração nazista, há poucas fotos do local antes de sua liberação, em 1945.
Oficiais nazistas se reúnem perto do campo de concentração de Auschwitz. (Foto: NYT)
Após avaliarem o material recebido, a equipe percebeu que tinha em mãos parte da vida de oficial Karl Hocker, ajudante do comandante do campo de concentração Richard Baer. Em meio as 116 fotos, há uma de 21 de junho de 1944 na qual ambos aparecem com as insígnias da SS, a força de elite de Hitler.
Oficiais nazistas brincam com as tigelas vazias em Auschwitz. (Foto: New York Times)
O álbum também contém oito fotos de Josef Mengele, o médico conhecido por realizar experimentos cruéis com prisioneiros que chegavam aos campos de concentração. De acordo com o Museu do Holocausto, estas são as primeiras fotos autênticas de Mengele de Auschwitz.
As imagens doadas foram comparadas às do acervo do Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Jerusalém, que reúne imagens de um fotógrafo da SS, na primavera de 1944, descobertas pelo sobrevivente de um outro acampamento nazista.
Os dois álbuns mostram o confortável dia-a-dia dos guardas em meio a terrível realidade dentro dos acampamentos, onde mais de 1 milhão de judeus perderam suas vidas. Uma das fotos, por exemplo, tirada em 22 de julho de 1944, mostra um grupo de mulheres jovens e alegres que trabalharam na área de comunicações da SS brincando com tigelas vazias após comerem arandos, um fruto silvestre, enquanto milhares de famintos morriam nos campos de concentração.
Auschwitz foi abandonada e evacuada em 18 de janeiro de 1945 e liberadas pelos forças soviéticas dias depois, em 27 de janeiro. Apesar do museu de Washington não ter planos de exibir o álbum de fotos de Hocker, curadores criaram o site (www.ushmm.org), onde parte da colação pode ser vista.
Sarah J. O Bloomfield, diretora do museu, acredita que ainda há outros álbuns e documentos do holocausto desconhecidos em porões e que se perderam na história.
Hocker fugiu Auschwitz antes da liberação do acampamento. Só depois do julgamento de Adolf Eichmann em Israel, em 1961, autoridades da Alemanha Ocidental o localizaram em Engershausen, sua cidade natal. O ajudante do comandante, então, foi condenado pelos crimes de guerra e ficou preso por sete anos, sendo solto em 1970. Hocker morreu em 2000, aos 89 anos.
Fonte: G1/New York Times
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL106710-5602-2322,00.html
Para conferir o álbum de fotos completo:
Auschwitz through the lens of the SS: Photos of Nazi leadership at the camp
http://www.ushmm.org/museum/exhibit/online/ssalbum/auschwitz_album/
Site do Museu do Holocausto nos Estados Unidos(USHMM)
http://www.ushmm.org/research/collections/highlights/auschwitz/auschwitz_album/
Ver também:
El otro Auschwitz: postales de ocio y vida cotidiana de los nazis (Clarín, Argentina)
Outras séries de fotos:
Fotos do Holocausto
Fotos do Leste Alemão
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 1
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 2
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 3
Salvadores Alemães 5 - Sigurd Larsen, Gertrud Luckner e os Marcuse
Sigurd Larsen
Sigurd Larsen criou-se em Berlim, filho de pai dinamarquês e mãe alemã. Participou como soldado alemão na primeira guerra mundial onde ficou gravemente ferido.
Joachim Marcuse (nascido em 1917), perseguido por ser judeu, conheceu Sigurd no ambiente dos negócios de madeira no qual ambos desenvolviam suas profissões. Sabia que Larsen havia ajudado a emigrar alguns amigos de negócios. Marcuse, que durante a guerra foi obrigado a trabalhos forçados, decidiu pedir ajuda a Larsen para que o ajudasse a escapar da Alemanha junto com sua esposa Gerda e seu amigo íntimo Kurt Levin. Depois de estudar o plano a fundo, Larsen se comprometeu a ajudar-lhe na fuga. Contudo, desaconselhou-lhe a Dinamarca como destino já que as tropas nazis a haviam ocupado. Como alternativa organizou uma exportação de madeira para a Suécia. Dentro de um dos vagões de carga habilitou um esconderijo. Em 24 de dezembro de 1942 Larsen fechou o vagão e durante quatro longos dias o contêiner com os três jovens a bordo ficou detido na estação de mercadorias de Berlim. Em 31 de dezembro de 1942 Joachim e Gerda Marcuse e Levin chegaram a Suécia onde foram reconhecidos como refugiados políticos.
Temeroso de que se descobrissem seu apoio ilegal, Larsen transladou pouco tempo depois seu comércio de madeira para a Dinamarca e se radicou com sua família em Copenhague.
Gertrud Luckner
Desde o começo do Terceiro Reich, Gertrud Luckner, nascida em 1900 em Liverpool, tomou consciência da magnitude da ameaça antissemita exercida pela ditadura nacional-socialista. Desde 1938 era empregada da Associação Alemã da Cáritas, depois de haver-se convertido dos Quackers para o catolicismo. Isso foi uma condição importante para sua ajuda, já que o acordo entre a Santa Sé e o Reich Alemão de 1933 protegia a atividade dos Cáritas. A partir de 1940 Gertrud Luckner enviava pacotes aos judeus de Stettin deportados a Lublin e, mais tarde, aos judeus do sul da Alemanha deportados para Gurs.
Em 1941 o arcebispo de Friburgo, Conrad Gröber, encarregou-lhe da "realização das tarefas especiais para a cura da alma", com a qual sua atividade ficava sob a proteção do bispo. Isto lhe outorgava possibilidades financeiras e de viagem que usava intensamente em suas atividades clandestinas. Gertrud Luckner transmitiu mensagens, encarregou a falsificação de passaportes e ajudou refugiados a fugirem da Alemanha. Utilizou a ampla rede de Cáritas para estabelecer contatos com pessoas de outras confissões dispostas a ajudar. Desde o início das deportações dos judeus intentou ajudar estes a se esconder e a sobreviver na clandestinidade. Em suas atividades foi apoiada, entre outros, por um grupo de católicos de Friburgo.
Não passou muito tempo antes sem que a Gestapo suspeitasse da atividade incansável de Gertrud Luckner. Foi vigiada e, por causa de uma denúncia contra sua pessoa, foi presa em 24 de março de 1943 sob as acusações de "atividade em favor dos judeus" e por manter "contatos com grupos contrários aos interesses do Estado". Depois de numerosos interrogatórios foi deportada no verão de 1943 para o campo de concentração de Ravensbruck, onde permaneceu encarcerada até o final da guerra.
Depois da guerra trabalhou em favor do diálogo entre cristãos e judeus.
Bibliografia:
1. Anton Maria Keim (Hrsg.), Yad Vashem, Die Judenretter aus Deutschland, Mainz/München 1983, S.92.
2. Hans-Josef Wollasch, "Betrifft: Nachrichtenzentrale des Erzbischofs Gröber in Freiburg". Die Ermittlungsakten der Geheimen Staatspolizei gegen Gertrud Luckner 1942-1944, Konstanz 1999.
3. Michael Kißener (Hrsg.), Widerstand gegen die Judenverfolgung, Konstanz 1996, S.227f.
Joachim e Gerda Marcuse
Gerda Berlowitz e Joachim Marcuse se conheceram ainda adolescentes em atividades da associação cultural judaica em Berlim. Ambos tinham simpatias pelo movimento socialista, foram perseguidos por serem judeus e foram obrigados a trabalhos forçados. Em janeiro de 1942 se casaram.
A jovem judia Hilma Ludomer trabalhava como capataz na mesma empresa na qual estava empregada Gerda Marcuse. Certo dia, ao Hilma derramar um balde de água enquanto limpava, um vigilante a acusou de cometer um ato de sabotagem e a ameaçou de avisar a Gestapo.
Gerda Marcuse, que presenciou o incidente, aparcebeu-se de imediato do perigo que corria sua colega. Instou seu esposo a esconder Hilma em seu apartamento. Nessa mesma noite Joachim foi buscar Hilma em sua casa e, depois de uma longa discussão com o pai, que acreditava que sua filha estava protegida por seus méritos como combatente na frente durante a Primeira Guerra Mundial, Marcuse pode levar a jovem. Quando, no dia seguinte, Hilma passou pela frente de seu domicílio, viu seus pais serem presos pela Gestapo. Hilma ficou duas semanas na casa de Gerda e Joachim, mas logo estes se viram obrigados a pedir-lhe que buscasse outro refúgio já que Joachim viu perigo em seu próprio plano de fuga, que estava preparando.
Hilma Ludomer sobreviveu em um esconderijo conseguido por um amigo que não era judeu, cujo nome ainda é desconhecido. Gerda e Joachim Marcuse conseguiram fugir para a Suécia graças a ajuda de Sigurd Larsen.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Sigurd Larsen http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/sigurd-larsen/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?504010
Gertrud Luckner http://www.raoulwallenberg.net/?p=504011
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?504011
Joachim e Gerda Marcuse http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/irene-kleber/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?504012
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 6 - Harald Poelchau e Frieda Rung
Sigurd Larsen criou-se em Berlim, filho de pai dinamarquês e mãe alemã. Participou como soldado alemão na primeira guerra mundial onde ficou gravemente ferido.
Joachim Marcuse (nascido em 1917), perseguido por ser judeu, conheceu Sigurd no ambiente dos negócios de madeira no qual ambos desenvolviam suas profissões. Sabia que Larsen havia ajudado a emigrar alguns amigos de negócios. Marcuse, que durante a guerra foi obrigado a trabalhos forçados, decidiu pedir ajuda a Larsen para que o ajudasse a escapar da Alemanha junto com sua esposa Gerda e seu amigo íntimo Kurt Levin. Depois de estudar o plano a fundo, Larsen se comprometeu a ajudar-lhe na fuga. Contudo, desaconselhou-lhe a Dinamarca como destino já que as tropas nazis a haviam ocupado. Como alternativa organizou uma exportação de madeira para a Suécia. Dentro de um dos vagões de carga habilitou um esconderijo. Em 24 de dezembro de 1942 Larsen fechou o vagão e durante quatro longos dias o contêiner com os três jovens a bordo ficou detido na estação de mercadorias de Berlim. Em 31 de dezembro de 1942 Joachim e Gerda Marcuse e Levin chegaram a Suécia onde foram reconhecidos como refugiados políticos.
Temeroso de que se descobrissem seu apoio ilegal, Larsen transladou pouco tempo depois seu comércio de madeira para a Dinamarca e se radicou com sua família em Copenhague.
Gertrud Luckner
Desde o começo do Terceiro Reich, Gertrud Luckner, nascida em 1900 em Liverpool, tomou consciência da magnitude da ameaça antissemita exercida pela ditadura nacional-socialista. Desde 1938 era empregada da Associação Alemã da Cáritas, depois de haver-se convertido dos Quackers para o catolicismo. Isso foi uma condição importante para sua ajuda, já que o acordo entre a Santa Sé e o Reich Alemão de 1933 protegia a atividade dos Cáritas. A partir de 1940 Gertrud Luckner enviava pacotes aos judeus de Stettin deportados a Lublin e, mais tarde, aos judeus do sul da Alemanha deportados para Gurs.
Em 1941 o arcebispo de Friburgo, Conrad Gröber, encarregou-lhe da "realização das tarefas especiais para a cura da alma", com a qual sua atividade ficava sob a proteção do bispo. Isto lhe outorgava possibilidades financeiras e de viagem que usava intensamente em suas atividades clandestinas. Gertrud Luckner transmitiu mensagens, encarregou a falsificação de passaportes e ajudou refugiados a fugirem da Alemanha. Utilizou a ampla rede de Cáritas para estabelecer contatos com pessoas de outras confissões dispostas a ajudar. Desde o início das deportações dos judeus intentou ajudar estes a se esconder e a sobreviver na clandestinidade. Em suas atividades foi apoiada, entre outros, por um grupo de católicos de Friburgo.
Não passou muito tempo antes sem que a Gestapo suspeitasse da atividade incansável de Gertrud Luckner. Foi vigiada e, por causa de uma denúncia contra sua pessoa, foi presa em 24 de março de 1943 sob as acusações de "atividade em favor dos judeus" e por manter "contatos com grupos contrários aos interesses do Estado". Depois de numerosos interrogatórios foi deportada no verão de 1943 para o campo de concentração de Ravensbruck, onde permaneceu encarcerada até o final da guerra.
Depois da guerra trabalhou em favor do diálogo entre cristãos e judeus.
Bibliografia:
1. Anton Maria Keim (Hrsg.), Yad Vashem, Die Judenretter aus Deutschland, Mainz/München 1983, S.92.
2. Hans-Josef Wollasch, "Betrifft: Nachrichtenzentrale des Erzbischofs Gröber in Freiburg". Die Ermittlungsakten der Geheimen Staatspolizei gegen Gertrud Luckner 1942-1944, Konstanz 1999.
3. Michael Kißener (Hrsg.), Widerstand gegen die Judenverfolgung, Konstanz 1996, S.227f.
Joachim e Gerda Marcuse
Gerda Berlowitz e Joachim Marcuse se conheceram ainda adolescentes em atividades da associação cultural judaica em Berlim. Ambos tinham simpatias pelo movimento socialista, foram perseguidos por serem judeus e foram obrigados a trabalhos forçados. Em janeiro de 1942 se casaram.
A jovem judia Hilma Ludomer trabalhava como capataz na mesma empresa na qual estava empregada Gerda Marcuse. Certo dia, ao Hilma derramar um balde de água enquanto limpava, um vigilante a acusou de cometer um ato de sabotagem e a ameaçou de avisar a Gestapo.
Gerda Marcuse, que presenciou o incidente, aparcebeu-se de imediato do perigo que corria sua colega. Instou seu esposo a esconder Hilma em seu apartamento. Nessa mesma noite Joachim foi buscar Hilma em sua casa e, depois de uma longa discussão com o pai, que acreditava que sua filha estava protegida por seus méritos como combatente na frente durante a Primeira Guerra Mundial, Marcuse pode levar a jovem. Quando, no dia seguinte, Hilma passou pela frente de seu domicílio, viu seus pais serem presos pela Gestapo. Hilma ficou duas semanas na casa de Gerda e Joachim, mas logo estes se viram obrigados a pedir-lhe que buscasse outro refúgio já que Joachim viu perigo em seu próprio plano de fuga, que estava preparando.
Hilma Ludomer sobreviveu em um esconderijo conseguido por um amigo que não era judeu, cujo nome ainda é desconhecido. Gerda e Joachim Marcuse conseguiram fugir para a Suécia graças a ajuda de Sigurd Larsen.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Sigurd Larsen http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/sigurd-larsen/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?504010
Gertrud Luckner http://www.raoulwallenberg.net/?p=504011
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?504011
Joachim e Gerda Marcuse http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/irene-kleber/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?504012
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 6 - Harald Poelchau e Frieda Rung
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Salvadores Alemães 4 - Eva Hermann, Klara Klaus e Irene Kleber
Eva Hermann
Nascida em 1900, Eva Hermann foi criada na casa de um pastor protestante. Foi professora e em 1924 se casou com o físico Carl Hermann. Os dois eram de ideias pacifistas. Em 1933 se uniram a uma comunidade Quaker de Mannheim. Eva Hermann dirigia ali uma assessoria para os "não-arianos" sem confissão e lhes ajudava a emigrar da Alemanha.
Em 1940, depois da deportação dos judeus de Mannheim para Gurs, ela lhes enviava ajuda no campo de concentração francês. Para outros judeus que ficaram em Mannheim ela os ajudava com cartões de alimentação.
Em 1941 ela entrou em conato com sua companheira judia de escola, Hilde Rosenthal, que vivia então em Berlim e lhe ofereceu sua ajuda em caso de deportação. Para Hilde e seu esposo Fritz lhes enviava cartões de alimentação e documentação da agência dos correios, e estes por sua vez passaram a uma amiga judia. Em janeiro de 1943 Eva alojou em sua casa por um mês o casal Rosenthal que já tinha dois filhos adotivos pequenos.
Os dois casais tinham contato com o grupo de apoio de Gertrud Luckner. Em março de 1943 os Rosenthal, que haviam se mudado para Saarbruck, foram presos. Fritz Rosenthal se suicidou com cianureto de potássio, enquanto que Hilde foi submetida a um interrogatório antes de ser deportada. Por causa dele também foram presos Eva e Carl Hermann. Eles foram acusados de ter escutado "emissoras inimigas", o que era estritamente proibido. Na acusação, o apoio aos Rosenthal passou para um segundo plano. Carl Hermann foi condenado a oito anos de prisão, Eva Hermann a três.
Depois da guerra Eva e Carl Hermann trabalharam em favor do diálogo entre cristãos e judeus.
Bibliografia:
Anton Maria Keim (Hrsg.), Yad Vashem, Die Judenretter aus Deutschland, Mainz/München 1983, S.71.
Angela Borgstedt, Widerstand gegen die Judenverfolgung, in: Portraits des Widerstands, Hrsg.v. Michael Kißener, Konstanz 1996, S. 227-259.
Klara Klaus
Klara Klaus nasceu em 1903 em um lar de ideias democráticas no sul da Alemanha. Ela, seus pais e seu marido condenavam a perseguição dos judeus pelos nacional-socialistas (nazistas).
Em 1943 uma conhecida judia lhe perguntou se estava disposta a ajudar a judeus perseguidos. Assim foi como estabeleceu contatos com o casal Sophie e Adolf Loebel e suas filhas Hannelore e Ellen. Klara visitou a família na cidade de Karlsruhe e se ofereceu ao casal para proteger as jovens da deportação iminente, escondendo-as em sua casa. Dado que a senhora Loebel já havia organizado um esconderijo para ela mesma e sua filha menor Hannelore, pediu a Klara Klaus ajuda para sua filha Ellen.
Em fins de junho de 1943, Ellen, de 16 anos, sem papéis (documentos) nem dinheiro, chegou à casa da família Klaus em Mannheim. Ali a esconderam e a protegeram. Logo que o senhor Klaus foi chamado ao serviço militar, sua esposa continuou sozinha com a responsabilidade.
Klara Klaus cuidou da jovem até o fim do conflito bélico. Quando a guerra aérea se agravou transladou a Ellen - que entretanto havia conseguido a certidão de nascimento de uma jovem não-judia - temporalmente para a casa de sua mãe e sua irmã que sobreviviam numa cidade pequena. Ellen Loebel e Klara Klaus passaram o fim da guerra em sua casa em Mannheim. O pai de Ellen também sobreviveu escondido num estábulo.
Irene Kleber
Irene Kleber, nascida em 1893 , vivia só num apartamento grande localizado num setor burguês de Berlim. Trabalhava como empregada de uma agência dos correios. Para poder solver os gastos de moradia sublocava duas habitações. Contudo, durante os anos da guerra, seus inquilinos estavam quase sempre ausentes.
Em março de 1943, uma conhecida se aproximou de Irene Kleber e lhe pediu que arrendasse uma habitação a Charlotte e Waldemar Wagner e a filha deste casamento, Lissi. Ainda que primeiramente estivesse insegura de tomar esse risco, finalmente lhes arrendou uma habitação.
Durante as primeiras semanas a família permanecia sempre em seu quarto, mas no verão, de vez em quando, saíam do esconderijo. Um dia alguém os reconheceu na rua e os denunciou. Em 23 de agosto de 1943 dois policiais da Gestapo foram a casa de Irene Kleber e lhe perguntaram por Waldemar Wagner. Irene negou conhecê-lo mas os agentes não acreditaram nela. Procederam em revistar o apartamento e o encontraram junto a sua esposa e filha. Os três foram presos, deportados para Auschwitz e assassinados.
Apesar de que se tratava de um caso claro de ajuda a judeus perseguidos, Irene Kleber não foi perseguida pelos órgãos de justiça ou policiais nazistas.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Eva Hermann http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/eva-hermann/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50407
Klara Klaus http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/klara-kaus/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50408
Irene Kleber http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/irene-kleber/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50407
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 5 - Sigurd Larsen, Gertrud Luckner e os Marcuse
Nascida em 1900, Eva Hermann foi criada na casa de um pastor protestante. Foi professora e em 1924 se casou com o físico Carl Hermann. Os dois eram de ideias pacifistas. Em 1933 se uniram a uma comunidade Quaker de Mannheim. Eva Hermann dirigia ali uma assessoria para os "não-arianos" sem confissão e lhes ajudava a emigrar da Alemanha.
Em 1940, depois da deportação dos judeus de Mannheim para Gurs, ela lhes enviava ajuda no campo de concentração francês. Para outros judeus que ficaram em Mannheim ela os ajudava com cartões de alimentação.
Em 1941 ela entrou em conato com sua companheira judia de escola, Hilde Rosenthal, que vivia então em Berlim e lhe ofereceu sua ajuda em caso de deportação. Para Hilde e seu esposo Fritz lhes enviava cartões de alimentação e documentação da agência dos correios, e estes por sua vez passaram a uma amiga judia. Em janeiro de 1943 Eva alojou em sua casa por um mês o casal Rosenthal que já tinha dois filhos adotivos pequenos.
Os dois casais tinham contato com o grupo de apoio de Gertrud Luckner. Em março de 1943 os Rosenthal, que haviam se mudado para Saarbruck, foram presos. Fritz Rosenthal se suicidou com cianureto de potássio, enquanto que Hilde foi submetida a um interrogatório antes de ser deportada. Por causa dele também foram presos Eva e Carl Hermann. Eles foram acusados de ter escutado "emissoras inimigas", o que era estritamente proibido. Na acusação, o apoio aos Rosenthal passou para um segundo plano. Carl Hermann foi condenado a oito anos de prisão, Eva Hermann a três.
Depois da guerra Eva e Carl Hermann trabalharam em favor do diálogo entre cristãos e judeus.
Bibliografia:
Anton Maria Keim (Hrsg.), Yad Vashem, Die Judenretter aus Deutschland, Mainz/München 1983, S.71.
Angela Borgstedt, Widerstand gegen die Judenverfolgung, in: Portraits des Widerstands, Hrsg.v. Michael Kißener, Konstanz 1996, S. 227-259.
Klara Klaus
Klara Klaus nasceu em 1903 em um lar de ideias democráticas no sul da Alemanha. Ela, seus pais e seu marido condenavam a perseguição dos judeus pelos nacional-socialistas (nazistas).
Em 1943 uma conhecida judia lhe perguntou se estava disposta a ajudar a judeus perseguidos. Assim foi como estabeleceu contatos com o casal Sophie e Adolf Loebel e suas filhas Hannelore e Ellen. Klara visitou a família na cidade de Karlsruhe e se ofereceu ao casal para proteger as jovens da deportação iminente, escondendo-as em sua casa. Dado que a senhora Loebel já havia organizado um esconderijo para ela mesma e sua filha menor Hannelore, pediu a Klara Klaus ajuda para sua filha Ellen.
Em fins de junho de 1943, Ellen, de 16 anos, sem papéis (documentos) nem dinheiro, chegou à casa da família Klaus em Mannheim. Ali a esconderam e a protegeram. Logo que o senhor Klaus foi chamado ao serviço militar, sua esposa continuou sozinha com a responsabilidade.
Klara Klaus cuidou da jovem até o fim do conflito bélico. Quando a guerra aérea se agravou transladou a Ellen - que entretanto havia conseguido a certidão de nascimento de uma jovem não-judia - temporalmente para a casa de sua mãe e sua irmã que sobreviviam numa cidade pequena. Ellen Loebel e Klara Klaus passaram o fim da guerra em sua casa em Mannheim. O pai de Ellen também sobreviveu escondido num estábulo.
Irene Kleber
Irene Kleber, nascida em 1893 , vivia só num apartamento grande localizado num setor burguês de Berlim. Trabalhava como empregada de uma agência dos correios. Para poder solver os gastos de moradia sublocava duas habitações. Contudo, durante os anos da guerra, seus inquilinos estavam quase sempre ausentes.
Em março de 1943, uma conhecida se aproximou de Irene Kleber e lhe pediu que arrendasse uma habitação a Charlotte e Waldemar Wagner e a filha deste casamento, Lissi. Ainda que primeiramente estivesse insegura de tomar esse risco, finalmente lhes arrendou uma habitação.
Durante as primeiras semanas a família permanecia sempre em seu quarto, mas no verão, de vez em quando, saíam do esconderijo. Um dia alguém os reconheceu na rua e os denunciou. Em 23 de agosto de 1943 dois policiais da Gestapo foram a casa de Irene Kleber e lhe perguntaram por Waldemar Wagner. Irene negou conhecê-lo mas os agentes não acreditaram nela. Procederam em revistar o apartamento e o encontraram junto a sua esposa e filha. Os três foram presos, deportados para Auschwitz e assassinados.
Apesar de que se tratava de um caso claro de ajuda a judeus perseguidos, Irene Kleber não foi perseguida pelos órgãos de justiça ou policiais nazistas.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Eva Hermann http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/eva-hermann/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50407
Klara Klaus http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/klara-kaus/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50408
Irene Kleber http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/irene-kleber/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50407
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 5 - Sigurd Larsen, Gertrud Luckner e os Marcuse
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Salvadores Alemães 3 - Os Daene e os Heller
Wilhelm e Margarete Daene
"Wilhelm Daene era trabalhador metalúrgico em Berlim. Depois de 1933 foi preso várias vezes pela Gestapo por sua militância social-democrata e sindicalista. Durante a guerra trabahava numa fábrica de armamento em Berlim-Wittennau onde era responsável pelas operárias judias obrigadas a trabalhos forçados. Ajudou-as proporcionando-lhes alimentos e medicamentos. Se ocupou das trabalhadoras judias enfermas procurando um local para elas dormirem na fábrica evitando deste modo que elas fossem presas. Quando já não foi possível impedir as deportações, Daene e sua esposa Margarete esconderam as três mulheres judias: Gerda L., Lola A. e Ursula F. Se sabe que ajudou a fugir para Bélgica a outra trabalhadora judia.
A ponto de ser presa pela Gestapo em 1943, Daene encontrou outro esconderijo para as três mulheres. Ursula F. foi denunciada na calle. Resultou de ser gravemente ferida na detenção e sobreviveu no hospital da polícia. Lola A. estava com Margerete Daene no momento da libertação, Gerda L. foi presa em detida em agosto de 1944 e deportada para Auschwitz onde foi assassinada.
Assim mesmo, outra mulher chamada Margot W. considera Daene como sua salvadora. Conta que logo que foi presa pelos nazis junto com seus pais, Daene conseguiu tirá-la do campo de concentração. Margot W. viveu na clandestinidade até a libertação, em maio de 1945.
Wilhelm Daene sobreviveu ao cárcere. Foi apelidado como "O Justo entre os Nacionais" pelo Yad Vashem e homenajeado pelo Senado de Berlim como "Herói sem fama"."
Bibliografia
Kurt R. Grossmann, Die unbesungenen Helden, Berlin 1957, S. 32ff.
Hans-Rainer Sandvoß, Widerstand in Pankow und Reinickendorf (Hrsg. Gedenkstädte Deutscher Widerstand), Berlin 1994, S. 217, 249f.
Ursel Hochmuth: Illegale KPD und Bewegung "Freies Deutschland" in Berlin und Brandenburg 1942, Berlin 1998, S. 125.
Benno e Irmgard Heller
"Em fins da década de ´30, o ginecólogo judeu Dr. Benno Heller vivia no bairro operário de Neukölln, em Berlim, junto con sua esposa Irmgard, que não era judia. Atendia no consultório médico em sua própia casa.
Ambos eram comunistas convencidos de seus ideais. Sem dúvida, depois de uma visita a União Soviética abandonaram as fileiras do partido. Devido a ter realizado abortos ilegais Benno Heller havia sido preso antes de 1933. Irmgard vinha de uma família burguesa, mas se separou de seus vínculos familiares e se comprometeu com os interesses e necessidades dos habitantes da classe trabalhadora de seu vizinhança.
Durante o pogrom de novembro de 1938 os Heller foram afetados pela violência anti-semita. Na placa da consulta médica fixada na porta de sua casa foi pintada a palavra "judeu".
Quando começaram as deportações dos judeus de Berlim em outubro de 1941, os Heller instavam a seus clientes judeus a não se deixar levar e a permanecer na clandestinidade. Até esse momento Benno Heller estava protegido por sua esposa "aria". Contactou suas ex-pacientes não judias para para lhes pedir que acolhessem as mulheres que estavam em perigo. Muitas delas se sentiam comprometidas com Heller por seus tratamentos médicos anteriores, que em alguns casos haviam sido gratuitos. Seu consultório servia então como refúgio para os "ilegais" assim como lugar de coordenação para seu futuro alojamento.
O objetivo do casal Heller era ajudar a quantos perseguidos fosse possível. Mas quando surgiu um conflito entre uma paciente judia a qual Heller havia ajudado a passar para a clandestinidade e uma mulher nã judia a qual ele havia solicitado sua ajuda, Heller foi denunciado pela perseguida.
Em 23 de fevereiro de 1943 foi preso. A princípio foi deportado para um campo externo de Auschwitz. O último rastro de Heller ainda com vida data de 1944, numa instação auxiliar do campo de concentração de Sachsenhausen. Logo não se supôs mais nada sobre ele.
Depois da prisão de seu marido, o estado de saúde de Irmgard Heller, já enferma do coração, se deteriorou dramaticamente. Em 15 de setembro de 1943 faleceu no hospital municipal de Leipzig. Alguns dos pacientes não judeus de Bruno Heller continuaram com suas atividades de ajuda ainda depois de sua prisão e da morte de sua esposa."
Fonte(espanhol): Wilhelm e Margarete Daene
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/wilhelm-margarete-daene.50404.htm
Benno e Irmgard Heller
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/benno-irmgard-heller.50406.htm
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 4 - Eva Hermann, Klara Klaus e Irene Kleber
"Wilhelm Daene era trabalhador metalúrgico em Berlim. Depois de 1933 foi preso várias vezes pela Gestapo por sua militância social-democrata e sindicalista. Durante a guerra trabahava numa fábrica de armamento em Berlim-Wittennau onde era responsável pelas operárias judias obrigadas a trabalhos forçados. Ajudou-as proporcionando-lhes alimentos e medicamentos. Se ocupou das trabalhadoras judias enfermas procurando um local para elas dormirem na fábrica evitando deste modo que elas fossem presas. Quando já não foi possível impedir as deportações, Daene e sua esposa Margarete esconderam as três mulheres judias: Gerda L., Lola A. e Ursula F. Se sabe que ajudou a fugir para Bélgica a outra trabalhadora judia.
A ponto de ser presa pela Gestapo em 1943, Daene encontrou outro esconderijo para as três mulheres. Ursula F. foi denunciada na calle. Resultou de ser gravemente ferida na detenção e sobreviveu no hospital da polícia. Lola A. estava com Margerete Daene no momento da libertação, Gerda L. foi presa em detida em agosto de 1944 e deportada para Auschwitz onde foi assassinada.
Assim mesmo, outra mulher chamada Margot W. considera Daene como sua salvadora. Conta que logo que foi presa pelos nazis junto com seus pais, Daene conseguiu tirá-la do campo de concentração. Margot W. viveu na clandestinidade até a libertação, em maio de 1945.
Wilhelm Daene sobreviveu ao cárcere. Foi apelidado como "O Justo entre os Nacionais" pelo Yad Vashem e homenajeado pelo Senado de Berlim como "Herói sem fama"."
Bibliografia
Kurt R. Grossmann, Die unbesungenen Helden, Berlin 1957, S. 32ff.
Hans-Rainer Sandvoß, Widerstand in Pankow und Reinickendorf (Hrsg. Gedenkstädte Deutscher Widerstand), Berlin 1994, S. 217, 249f.
Ursel Hochmuth: Illegale KPD und Bewegung "Freies Deutschland" in Berlin und Brandenburg 1942, Berlin 1998, S. 125.
Benno e Irmgard Heller
"Em fins da década de ´30, o ginecólogo judeu Dr. Benno Heller vivia no bairro operário de Neukölln, em Berlim, junto con sua esposa Irmgard, que não era judia. Atendia no consultório médico em sua própia casa.
Ambos eram comunistas convencidos de seus ideais. Sem dúvida, depois de uma visita a União Soviética abandonaram as fileiras do partido. Devido a ter realizado abortos ilegais Benno Heller havia sido preso antes de 1933. Irmgard vinha de uma família burguesa, mas se separou de seus vínculos familiares e se comprometeu com os interesses e necessidades dos habitantes da classe trabalhadora de seu vizinhança.
Durante o pogrom de novembro de 1938 os Heller foram afetados pela violência anti-semita. Na placa da consulta médica fixada na porta de sua casa foi pintada a palavra "judeu".
Quando começaram as deportações dos judeus de Berlim em outubro de 1941, os Heller instavam a seus clientes judeus a não se deixar levar e a permanecer na clandestinidade. Até esse momento Benno Heller estava protegido por sua esposa "aria". Contactou suas ex-pacientes não judias para para lhes pedir que acolhessem as mulheres que estavam em perigo. Muitas delas se sentiam comprometidas com Heller por seus tratamentos médicos anteriores, que em alguns casos haviam sido gratuitos. Seu consultório servia então como refúgio para os "ilegais" assim como lugar de coordenação para seu futuro alojamento.
O objetivo do casal Heller era ajudar a quantos perseguidos fosse possível. Mas quando surgiu um conflito entre uma paciente judia a qual Heller havia ajudado a passar para a clandestinidade e uma mulher nã judia a qual ele havia solicitado sua ajuda, Heller foi denunciado pela perseguida.
Em 23 de fevereiro de 1943 foi preso. A princípio foi deportado para um campo externo de Auschwitz. O último rastro de Heller ainda com vida data de 1944, numa instação auxiliar do campo de concentração de Sachsenhausen. Logo não se supôs mais nada sobre ele.
Depois da prisão de seu marido, o estado de saúde de Irmgard Heller, já enferma do coração, se deteriorou dramaticamente. Em 15 de setembro de 1943 faleceu no hospital municipal de Leipzig. Alguns dos pacientes não judeus de Bruno Heller continuaram com suas atividades de ajuda ainda depois de sua prisão e da morte de sua esposa."
Fonte(espanhol): Wilhelm e Margarete Daene
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/wilhelm-margarete-daene.50404.htm
Benno e Irmgard Heller
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/benno-irmgard-heller.50406.htm
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 4 - Eva Hermann, Klara Klaus e Irene Kleber
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 34
Traduzido por Leo Gott
34. Como se poderia manter um programa tão massivo em segredo, sem que os judeus que iriam ser exterminados soubessem?
O IHR diz (edição original):
Não se poderia ter mantido em segredo. O fato é que nunca foram realizados gaseamentos em massa em lugar algum. Os rumores sobre o extermínio são provenientes unicamente de fontes judaicas.
O IHR diz (edição revisada):
Não se poderia ter mantido em segredo. O fato é que nunca foram realizados gaseamentos em massa em lugar algum. As histórias sobre extermínios se originaram como propaganda sobre atrocidades cometidas na guerra.
Nizkor responde:
Os nazistas dedicaram um grande esforço para manter em segredo o processo de extermínio, ainda que no final foi revelado. Por exemplo, ver o testemunho do Dr. Hans Münch, que disse que fez público os gaseamentos e o processo de extermínio:
Ver também o veredito de um tribunal alemão em 1943 contra o SS-Untersturmführer Max Taubner, que além de revelar a existência do processo de extermínio, também deixa claro que o acusado deveria ser castigado por tirar fotografias do processo:
Os poloneses que viviam perto dos campos sabiam que estava tendo lugar um extermínio, já que viam chegar em trens centenas de milhares de judeus aos campos que não podiam alojar nem a décima parte deles, e porque a quantidade de comida que se levava aos campos era muito menor que a necessária para alimentar a tanta gente. Viam que os trens saíam do campo carregados com roupas e pertences das vítimas, além de sentir os cheiros de carne queimada. Sabiam que isto estava ocorrendo e não contaram ao mundo.
Finalmente, observe-se a eliminação da frase "unicamente de fontes judaicas". Quando o revisionismo começava sua caminhada, não lhe importava jogar ao público seus pré-juizos. Hoje em dia, trata de dirigir-se ao público em geral e está mais cuidadoso. Este fenômeno é observado com frequência.
34. Como se poderia manter um programa tão massivo em segredo, sem que os judeus que iriam ser exterminados soubessem?
O IHR diz (edição original):
Não se poderia ter mantido em segredo. O fato é que nunca foram realizados gaseamentos em massa em lugar algum. Os rumores sobre o extermínio são provenientes unicamente de fontes judaicas.
O IHR diz (edição revisada):
Não se poderia ter mantido em segredo. O fato é que nunca foram realizados gaseamentos em massa em lugar algum. As histórias sobre extermínios se originaram como propaganda sobre atrocidades cometidas na guerra.
Nizkor responde:
Os nazistas dedicaram um grande esforço para manter em segredo o processo de extermínio, ainda que no final foi revelado. Por exemplo, ver o testemunho do Dr. Hans Münch, que disse que fez público os gaseamentos e o processo de extermínio:
...haveria sido algo completamente inútil que em pouco tempo haveria causado que
minha família e eu tivéssemos sido liquidados, já que a Gestapo estava tão
organizada e as ameaças por não respeitar o sigilo que rodeava os extermínios de
Auschwitz eram tão claramente expressos que todos evitavam contar inclusive a
seus melhores amigos. A experiência nos ensinou que qualquer pessoa que falasse
sobre o tema era rapidamente caçado, já que a Gestapo seguia o rastro de
qualquer rumor que se difundisse sobre Auschwitz.
Ver também o veredito de um tribunal alemão em 1943 contra o SS-Untersturmführer Max Taubner, que além de revelar a existência do processo de extermínio, também deixa claro que o acusado deveria ser castigado por tirar fotografias do processo:
Por tirar fotografias dos incidentes ou deixar fazer fotos, por levar a
revelar as origens das fotografias e por mostrá-las a sua mulher e amigos,
o acusado é culpado de um delito de desobediência. Estas fotos poderiam supor um
dos maiores perigos para a segurança do Reich se cairem em mãos erradas...
Os poloneses que viviam perto dos campos sabiam que estava tendo lugar um extermínio, já que viam chegar em trens centenas de milhares de judeus aos campos que não podiam alojar nem a décima parte deles, e porque a quantidade de comida que se levava aos campos era muito menor que a necessária para alimentar a tanta gente. Viam que os trens saíam do campo carregados com roupas e pertences das vítimas, além de sentir os cheiros de carne queimada. Sabiam que isto estava ocorrendo e não contaram ao mundo.
Finalmente, observe-se a eliminação da frase "unicamente de fontes judaicas". Quando o revisionismo começava sua caminhada, não lhe importava jogar ao público seus pré-juizos. Hoje em dia, trata de dirigir-se ao público em geral e está mais cuidadoso. Este fenômeno é observado com frequência.
domingo, 16 de setembro de 2007
Salvadores Alemães 2 - Else Blochwitz e Elisabeth Bussian
Else Blochwitz
"Else Blochwitz (nascida em 1899) vivia junto com sua amiga Margarete Dietrich num apartamento grande na rua Kürfürstendamm em Berlim. Já desde meados dos anos '20 era uma conhecida opositora ao regime nazi e manifestava seu protesto nas atividades públicas do NSDAP (Partido Nacional-Socialista Alemão). Ao ministério de propaganda nazi, chamou-lhe atenção a sua facilidade de se expressar e tratou de capturá-la para suas fileiras. Else recusou a proposta e por causa disso foi posta sob vigilância especial da Gestapo.
Depois das leis de Nuremberg (1935) se propôs a ajudar judeus: deu assistência a muitos para que emigrassem da Alemanha. Entre 1938 e 1941 acolheu temporariamente refugiados em sua casa. Ao se negar a expulsar de seu apartamento a sua inquilina e amiga judia Herta Arndt foi obrigada a pôr a estrela de David na porta de sua casa. A partir desse momento começou a receber "cartões de alimentação para judias", que correspondiam a uma dieta alimentar reduzida.
Finalmente não pode evitar que sua amiga Herta Arndt fosse deportada a Minsk em novembro de 1941.
O alcance total da atividade de apoio e das ações de resgate de Elsa Blochwitz e Margarete Dietrich é difícil de reconstituir. Muitos dos refugiados a quem elas lhes deram refúgio em suas casas, ou aos quem provinham com cartões de alimentação ou roupa, não sabiam os nomes reais destas mulheres duas mulheres, já que elas se apresentavam unicamente com o codinome de "Black". Por sua função de responsável dos refúgios contra os bombardeios aéreos, Elsa Blochwitz tinha conhecimento sobre sótãos sem uso que serviram de esconderijo. Além disso redigiu volantes opositores ao regime nazi que distribuía durante os ataques aéreos.
Finalizada a guerra Elsa Blochwitz sofreu, de acordo com seu próprio testemunho, uma "decaída pessoal e total". Logo depois da liberação, continuou compartilhando seu apartamento com Rita Grabowski, uma judia a quem alojava clandestinamente desde 1944."
Elisabeth Bussian
"Nascida em 1907, era filha de um lar social-democrata. Em 1930 se casou com o professor Walter Bussian. Com sua filha Renate viviam num bairro burguês de Berlim. Ao se agravar a discriminação e privação de direitos aos judeus, os Bussian apoiavam tanto a seus vizinhos judeus Martha Pietrowski com sua filha Käthe, assim como ao casal Amalie e Paul Ballo, facilitando-lhes alimentos e outras ajudas.
Em agosto de 1942 Martha Pietrowski foi deportada ao campo de concentração de Theresienstadt. Nos meses seguintes a filha dos Pietrowski e o casal Ballo também foram deportados, com o qual Elisabeth e Walter Bussian foram encontrar a advogada Anita Eisner - uma amiga de Käthe Pietrowski - e lhe manifestaram seu desejo de salvá-la da deportação iminente. Na noite de 3 de março de 1943 os Bussian foram a casa de Anita Eisner para ajudá-la a abandonar seu apartamento. Apenas haviam entrado, e a Gestapo golpeou a porta de Anita Eisner. O casal e a advogada conseguiram escapar pela escada traseira. Anita Eisner encontrou abrigo na casa dos Bussian, que continuaram a apoiá-la posteriormente em outros esconderijos.
Através de Anita Eisner, os Bussian conheceram Richard e Vally Wiener, que viviam em "Mischehe" (Casamento misto). Dado que seu matrimônio havia sido dissolvido forçosamente, Richard Wiener estava ameaçado de deportação imediata. Os Bussian o escondiam durante o dia e na casa deles ele podia se encontrar com sua esposa não judia.
Depois de um bombardeio em novembro de 1943, durante o qual seu apartamento foi destruído, Elisabeth Bussian foi viver no campo com sua filha. Walter Bussian - chamado às fileiras desde 1939 - esteve estacionado em Berlim entre 1942 e 1944.
Graças a ajuda dos Bussian, Richard Wiener e Anita Eisner conseguiram sobreviver."
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Else Blochwitz http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/else-blochwitz/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50402
Elisabeth Bussian http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/elisabeth-bussian/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50403
Título original: Salvadores Alemanes - Else Blochwitz y Elisabeth Bussian
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 3 - Os Daene e os Heller
"Else Blochwitz (nascida em 1899) vivia junto com sua amiga Margarete Dietrich num apartamento grande na rua Kürfürstendamm em Berlim. Já desde meados dos anos '20 era uma conhecida opositora ao regime nazi e manifestava seu protesto nas atividades públicas do NSDAP (Partido Nacional-Socialista Alemão). Ao ministério de propaganda nazi, chamou-lhe atenção a sua facilidade de se expressar e tratou de capturá-la para suas fileiras. Else recusou a proposta e por causa disso foi posta sob vigilância especial da Gestapo.
Depois das leis de Nuremberg (1935) se propôs a ajudar judeus: deu assistência a muitos para que emigrassem da Alemanha. Entre 1938 e 1941 acolheu temporariamente refugiados em sua casa. Ao se negar a expulsar de seu apartamento a sua inquilina e amiga judia Herta Arndt foi obrigada a pôr a estrela de David na porta de sua casa. A partir desse momento começou a receber "cartões de alimentação para judias", que correspondiam a uma dieta alimentar reduzida.
Finalmente não pode evitar que sua amiga Herta Arndt fosse deportada a Minsk em novembro de 1941.
O alcance total da atividade de apoio e das ações de resgate de Elsa Blochwitz e Margarete Dietrich é difícil de reconstituir. Muitos dos refugiados a quem elas lhes deram refúgio em suas casas, ou aos quem provinham com cartões de alimentação ou roupa, não sabiam os nomes reais destas mulheres duas mulheres, já que elas se apresentavam unicamente com o codinome de "Black". Por sua função de responsável dos refúgios contra os bombardeios aéreos, Elsa Blochwitz tinha conhecimento sobre sótãos sem uso que serviram de esconderijo. Além disso redigiu volantes opositores ao regime nazi que distribuía durante os ataques aéreos.
Finalizada a guerra Elsa Blochwitz sofreu, de acordo com seu próprio testemunho, uma "decaída pessoal e total". Logo depois da liberação, continuou compartilhando seu apartamento com Rita Grabowski, uma judia a quem alojava clandestinamente desde 1944."
Elisabeth Bussian
"Nascida em 1907, era filha de um lar social-democrata. Em 1930 se casou com o professor Walter Bussian. Com sua filha Renate viviam num bairro burguês de Berlim. Ao se agravar a discriminação e privação de direitos aos judeus, os Bussian apoiavam tanto a seus vizinhos judeus Martha Pietrowski com sua filha Käthe, assim como ao casal Amalie e Paul Ballo, facilitando-lhes alimentos e outras ajudas.
Em agosto de 1942 Martha Pietrowski foi deportada ao campo de concentração de Theresienstadt. Nos meses seguintes a filha dos Pietrowski e o casal Ballo também foram deportados, com o qual Elisabeth e Walter Bussian foram encontrar a advogada Anita Eisner - uma amiga de Käthe Pietrowski - e lhe manifestaram seu desejo de salvá-la da deportação iminente. Na noite de 3 de março de 1943 os Bussian foram a casa de Anita Eisner para ajudá-la a abandonar seu apartamento. Apenas haviam entrado, e a Gestapo golpeou a porta de Anita Eisner. O casal e a advogada conseguiram escapar pela escada traseira. Anita Eisner encontrou abrigo na casa dos Bussian, que continuaram a apoiá-la posteriormente em outros esconderijos.
Através de Anita Eisner, os Bussian conheceram Richard e Vally Wiener, que viviam em "Mischehe" (Casamento misto). Dado que seu matrimônio havia sido dissolvido forçosamente, Richard Wiener estava ameaçado de deportação imediata. Os Bussian o escondiam durante o dia e na casa deles ele podia se encontrar com sua esposa não judia.
Depois de um bombardeio em novembro de 1943, durante o qual seu apartamento foi destruído, Elisabeth Bussian foi viver no campo com sua filha. Walter Bussian - chamado às fileiras desde 1939 - esteve estacionado em Berlim entre 1942 e 1944.
Graças a ajuda dos Bussian, Richard Wiener e Anita Eisner conseguiram sobreviver."
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Else Blochwitz http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/else-blochwitz/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50402
Elisabeth Bussian http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/elisabeth-bussian/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50403
Título original: Salvadores Alemanes - Else Blochwitz y Elisabeth Bussian
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 3 - Os Daene e os Heller
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Salvadores Alemães 1 - Franziska Bereit
Resgate de judeus na Alemanha Nacional-Socialista
A FIRW e o Centro para a Investigação do Antissemitismo da Universidade Tecnológica de Berlim, dirigido pelo Dr. Wolfgang Benz, começaram a difusão mundial do registro de salvadores alemães cujos resgates tiveram lugar entre os anos 1933 a 1945 na Alemanha. O objetivo do projeto é proporcionar uma nova definição em relação término da resistência, para muitos alemães ajudar os judeus era o único modo de expressar sua desobediência ao Nacional-Socialismo.
Franziska Bereit
"A viúva Franziska Bereit criou as filhas Adelheid e Therese, da família judia Silbermann, em Wedding, um bairro operário de Berlim. Ainda no período da repressão mantinha um contato permanente com a família, proporcionando-lhes cartão de alimentação e intentando proteger-lhes na medida de suas possibilidades.
Quando em 1943 Adelheid conseguiu escapar da grande blitz contra todos os judeus que todavia viviam em Berlim, buscou refúgio com Franziska Bereit, que tinha o apoio de suas duas filhas e seu filho. Ofereceu que Adelheid Silbermann escondesse em seu apartamento, onde vivia junto com seu neto de doze anos.
Depois de um ataque aéreo que destruiu o esconderijo da irmã de Adelheid, Therese, que se refugiava ali junto a seu marido, Francisca Bereit os acolheu também em seu pequeno apartamento. Adelheid, Therese e seu esposo sobreviveriam aí enquanto que seus pais foram deportados e assassinados.
1. Kurt R. Grossmann, Die unbesungenen Helden, Berlin 1957, S. 88ff.
2. Hans-Rainer Sandvoß, Widerstand in einem Arbeiterbezirk (Wedding), (Hrsg. Gedenkstädte Deutscher Widerstand), Berlin 1987, S. 90.
Lista com o nome de todos os alemães que ajudaram judeus na segunda guerra:
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/504022.htm
Links alternativos 1 e 2:
http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/listado-completo-salvadores/
http://www.raoulwallenberg.net/es/category/salvadores/alemanes/
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Link atual do texto: http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/franziska-bereit/
Link morto (antigo): http://www.raoulwallenberg.net/go/?50401
Título original: Salvadores Alemanes - Franziska Bereit
Tradução Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 2 - Else Blochwitz e Elisabeth Bussian
A FIRW e o Centro para a Investigação do Antissemitismo da Universidade Tecnológica de Berlim, dirigido pelo Dr. Wolfgang Benz, começaram a difusão mundial do registro de salvadores alemães cujos resgates tiveram lugar entre os anos 1933 a 1945 na Alemanha. O objetivo do projeto é proporcionar uma nova definição em relação término da resistência, para muitos alemães ajudar os judeus era o único modo de expressar sua desobediência ao Nacional-Socialismo.
Franziska Bereit
Placa recordativa de Franziska Bereit em Berlim |
Quando em 1943 Adelheid conseguiu escapar da grande blitz contra todos os judeus que todavia viviam em Berlim, buscou refúgio com Franziska Bereit, que tinha o apoio de suas duas filhas e seu filho. Ofereceu que Adelheid Silbermann escondesse em seu apartamento, onde vivia junto com seu neto de doze anos.
Depois de um ataque aéreo que destruiu o esconderijo da irmã de Adelheid, Therese, que se refugiava ali junto a seu marido, Francisca Bereit os acolheu também em seu pequeno apartamento. Adelheid, Therese e seu esposo sobreviveriam aí enquanto que seus pais foram deportados e assassinados.
A placa recordativa de Fraziska Bereit em Berlim diz: "Por detrás daqueles rastros de mulheres valentes, FRANZISKA BEREIT resgatou da perseguição a família Silberman durante os anos de 1939-42, arriscando sua própria vida."Bibliografia
É uma iniciativa do Grupo Juvenil de Mulheres do bairro de Wedding.
1. Kurt R. Grossmann, Die unbesungenen Helden, Berlin 1957, S. 88ff.
2. Hans-Rainer Sandvoß, Widerstand in einem Arbeiterbezirk (Wedding), (Hrsg. Gedenkstädte Deutscher Widerstand), Berlin 1987, S. 90.
Lista com o nome de todos os alemães que ajudaram judeus na segunda guerra:
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/504022.htm
Links alternativos 1 e 2:
http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/listado-completo-salvadores/
http://www.raoulwallenberg.net/es/category/salvadores/alemanes/
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Link atual do texto: http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/franziska-bereit/
Link morto (antigo): http://www.raoulwallenberg.net/go/?50401
Título original: Salvadores Alemanes - Franziska Bereit
Tradução Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 2 - Else Blochwitz e Elisabeth Bussian
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Os Ciganos e o Holocausto: Sinti e Roma
Sinti e Roma
Um grupo de prisioneiros romani, à espera de instruções de seus captores alemães, sentados em um espaço aberto próximo à cerca do Campo de Concentração de Belzec.
Foto: Archives of Mechanical Documentation, apud USHMM Photo Archives http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/victroma.htm
Romanis(genericamente mas incorretamente chamados de Ciganos) eram considerados pelos nazistas párias da sociedade. Durante a República de Weimar – o denominado governo alemão de 1918 a 1933 – leis anti-romani foram amplamente disseminadas. Estas leis exigiam que se reportassem às autoridades, proibiam a livre locomoção, e os enviaram para campos de trabalho forçado. Quando os nazistas assumiram o poder, estas leis permaneceram em vigor e foram aprofundadas. Sob as diretrizes da lei de esterilização de julho de 1933, muitos romanis foram esterilizados contra a vontade.
Em novembro de 1944, a “Lei contra Criminosos Perigosos Habituais” (Law Against Dangerous Habitual Criminals) foi aprovada. Cumprindo a lei, a polícia começou a prender romanis juntamente com outros considerados “associais”. Mendigos, errantes, os sem-teto, e alcoólatras foram presos e mandados para campos de concentração.
As leis raciais de Nuremberg, aprovadas em 15 de setembro de 1935, não mencionavam especificamente romanis, mas eles foram considerados, ao lado de judeus e “negros”, como parte de minorias “racialmente distintas” de “sangue estrangeiro”. Desta forma, foram-lhes proibidos casamentos com “Arianos”. Eles também foram destituídos de seus direitos civis.
No verão de 1938, um grande contingente romani proveniente da Alemanha e da Áustria foi detido e enviado para campos de concentração. Utilizavam como sinal de identificação triângulos pretos (destinados aos “associais”) e eventualmente a letra “Z”.
Da mesma forma que ocorrera com os judeus, o início da guerra em setembro de 1939 conflito encrudeceu a política nazista em relação grupo romani. Sua “recolonização para o Leste” e seu extermínio em massa encontraram seu paralelo na deportação e assassinato sistemático de judeus. É difícil estimar quantos romanis foram assassinados. A estimativa varia em torno de 220.000 a 500.000.
Fonte: Dr. William L. Shulman, A State of Terror: Germany 1933-1939. Bayside, New York: Holocaust Resource Center and Archives.
Site: http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/victroma.htm
Tradução: Marcelo Hiramatsu Azevedo
Um grupo de prisioneiros romani, à espera de instruções de seus captores alemães, sentados em um espaço aberto próximo à cerca do Campo de Concentração de Belzec.
Foto: Archives of Mechanical Documentation, apud USHMM Photo Archives http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/victroma.htm
Romanis(genericamente mas incorretamente chamados de Ciganos) eram considerados pelos nazistas párias da sociedade. Durante a República de Weimar – o denominado governo alemão de 1918 a 1933 – leis anti-romani foram amplamente disseminadas. Estas leis exigiam que se reportassem às autoridades, proibiam a livre locomoção, e os enviaram para campos de trabalho forçado. Quando os nazistas assumiram o poder, estas leis permaneceram em vigor e foram aprofundadas. Sob as diretrizes da lei de esterilização de julho de 1933, muitos romanis foram esterilizados contra a vontade.
Em novembro de 1944, a “Lei contra Criminosos Perigosos Habituais” (Law Against Dangerous Habitual Criminals) foi aprovada. Cumprindo a lei, a polícia começou a prender romanis juntamente com outros considerados “associais”. Mendigos, errantes, os sem-teto, e alcoólatras foram presos e mandados para campos de concentração.
As leis raciais de Nuremberg, aprovadas em 15 de setembro de 1935, não mencionavam especificamente romanis, mas eles foram considerados, ao lado de judeus e “negros”, como parte de minorias “racialmente distintas” de “sangue estrangeiro”. Desta forma, foram-lhes proibidos casamentos com “Arianos”. Eles também foram destituídos de seus direitos civis.
No verão de 1938, um grande contingente romani proveniente da Alemanha e da Áustria foi detido e enviado para campos de concentração. Utilizavam como sinal de identificação triângulos pretos (destinados aos “associais”) e eventualmente a letra “Z”.
Da mesma forma que ocorrera com os judeus, o início da guerra em setembro de 1939 conflito encrudeceu a política nazista em relação grupo romani. Sua “recolonização para o Leste” e seu extermínio em massa encontraram seu paralelo na deportação e assassinato sistemático de judeus. É difícil estimar quantos romanis foram assassinados. A estimativa varia em torno de 220.000 a 500.000.
Fonte: Dr. William L. Shulman, A State of Terror: Germany 1933-1939. Bayside, New York: Holocaust Resource Center and Archives.
Site: http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/victroma.htm
Tradução: Marcelo Hiramatsu Azevedo
sábado, 8 de setembro de 2007
Crônicas de um Pe. francês sobre o Holocausto na Ucrânia
As Crônicas de um Pe. francês sobre o Holocausto na Ucrânia
13.11.2006 // Digest //
por Sarah Wildman,”The Christian Science Monitor,” 9 de Novembro de 2006
"História de fundo: A cruzada de um padre no Holocausto
Patrick Desbois é uma consciência e cronista de um massacre pouco conhecido de Judeus na Ucrânia.
PARIS – As confissões que o Pe. Patrick Desbois recebe não vêm de seus paroquianos. Não são feitas em confessionários fechados. Nem mesmo vêm de seus compatriotas. As palavras que o padre francês ouve são de confissões de aldeões da Ucrânia - as últimas testemunhas do assassínio em massa de judeus numa parte pouco conhecida do Holocausto há mais de 60 anos atrás.
Ele reconta uma história - apenas uma das milhares que ouviu - de uma mulher ucraniana que recebeu ordens dos soldados nazis para cozinhar-lhes o jantar. Enquanto jantavam, os 25 alemães saíram em duplas para assassinar judeus. Quanto todos terminaram de jantar, eles haviam acertado 1,200. Era a primeira vez que a mulher tinha contado a história. "Estas pessoas queriam absolutamente falar antes de morrerem," disse o Padre Desbois das testemunhas. "Eles queriam dizer a verdade."
Pe. Patrick Desbois tornou-se um dos principais cronistas do mundo do que os franceses chamam de 'Shoah par Balles' - 'O Holocausto de balas'. Embora não sendo judeu ou ucraniano, ele gasta metade de seu ano percorrendo a paisagem ucraniana assolada pela pobreza para documentar a aniquilação de dezenas de milhares de judeus nas mãos de grupos volants de Nazis chamados de Einsatzgruppen.
É um trabalho que ele mesmo escolheu,e que levou o jornal israelense Haaretz a descrevê-lo como "Patrick o Santo." Embaraçado, Desbois chama a caracterização de 'midrash' - expressão hebraica para exagero.
O padre, que tem devotado sua vida clerical ao combate do anti-semitismo, está descobrindo, aldeia por aldeia, valas comuns não identificadas da era do Holocausto. Aqui os judeus foram abatidos, um a um, mãe em frente ao filho, filho em frente ao pai.
O "Holocausto das balas" era tão brutal quanto o extermínio de judeus em câmaras de gás, inanição, e de outras maneiras em Auschwitz e outros lugares da Europa. No entanto a profundidade e detalhes da tragédia na Ucrânia apenas recentemente vieram à tona.
Em aldeias locais, adolescentes e crianças foram forçados a ajudar a cavar as covas, arrancar dentes de ouro de vizinhos, e tiravam pilhas de roupas enquanto seus amigos tremiam, aguardando a morte. Estas crianças, agora homens e mulheres idosos, nunca haviam sido questionados sobre o que eles viram, o que eles foram forçados a presenciar. Nunca, isto é, até eles encontrarem um humilde padre andando pelos seus bosques em sua batina.
"Isto é muito, muito importante," diz Edouard Husson, um historiador da Sorbonne em Paris e um consultor de projeto. A originalidade do trabalho de Desbois é que "ele foi o primeiro a ter a idéia de ir até as testemunhas ucranianas - os espectadores."
***
Aos vinte e poucos anos, quando iniciava seu caminho para uma vida de fé, Desbois era perseguido por uma pergunta: "O que Deus quer que eu faça?" Pouco sabia ele então, em meados dos anos de 1970s, que eventualmente ele mesmo responderia à pergunta, ao se tornar uma ponte humana entre o mundo judaico moderno e a Igreja Católica e um principal conduto através do qual o Holocausto seria relembrado.
A jornada de Desbois até os bosques da Ucrânia é enraizada numa rara fé, numa expansiva humanidade, e num vínculo pessoal. Ele nasceu em Burgundy, França, em 1955 numa família profundamente afetada pela ocupação alemã. Dois de seus primos foram deportados pelos Nazistas. Seu avô, como outros 25,000 soldados franceses, foi mantido num campo nas fronteiras da Polônia, Ucrânia e Rússia. "Nós nos sentimos como fazendo parte na mesma história que os judeus," diz Desbois. E ainda assim seu avô sempre dissera que seu internamento não fora nem de longe tão terrível quanto fora para "os outros."
Desbois estudou matemática e passou vários anos anos lecionando em Burkina Faso no oeste da África. Aos 21 anos, ele se uniu ao grupo de Madre Teresa por três meses em Calcutá, cuidando dos moribundos. Quando decidiu dedicar sua vida à Igreja, sua família - não particularmente religiosa - ficou horrorizada.
Depois do seminário, ele seguiu por um breve período a vida de um padre "normal" - realizando batismos e fazendo sermões semanais. Logo foi indicado pelo Cardeal de Lyon para ajudar nas relações entre a Igreja e a comunidade judaica. Desbois já estava estudando judaismo, e começara a aprender hebraico.
Até hoje, ele ajuda a organizar conferências entre católicos e judeus, e lidera jornadas de estudo do Holocausto para jovens católicos e outros estudantes. Numa destas viagens ao fim da década de '90, ele visitou o campo de aprisionamento de seu avô. Um memorial que havia lá estava quase totalmente destruído.
Ao longo de anos, enquanto ele trabalhava para reparar o memorial, ele continuava perguntando sobre "os outros." O prefeito da aldeia mostrou-lhe onde os prisioneiros soviéticos do campo estavam enterrados. "Eu disse, 'OK, [e] onde está as sepulturas em massa dos judeus?' " Desbois recorda. "Ele me disse, 'Eu não sei. Nós nunca as encontramos.' E eu disse, 'Como pode ser que mais de 10,000 judeus tenham sido assassinados na aldeia... e você não sabe?' "
Um prefeito recém-eleito lembrou-se da pergunta de Desbois. Na próxima vez que o padre retornou, 110 fazendeiros estavam a sua espera. "Em um dia, descobri que nós não só podíamos achar as valas comuns com precisão, como podíamos também achar testemunhas que ... estiveram presentes na execução." O prefeito disse que ele ajudaria Desbois a achar as valas comuns nas 100 próximas aldeias. Em 2004, com fundos iniciais da Fundação para a Memória da Shoah, um grupo francês, o projeto Ucrânia nasceu. A equipe de Desbois mapeou 500 sepulturas não identificadas até agora. Ele acredita que outras 1,700 existam.
"Temos o dever de perguntar, 'Onde estão as sepulturas?' " Disse ele simplesmente.
***
O escritório de Desbois é um tanto quanto modesto para um homem. Entrando na parte operária de Paris, em um edifício modernista sombrio, um frágil elevador abre para uma suíte periclitante do escritório. As paredes estão cobertas de images de Jerusalém e um calendário de 2006 de feriados judaicos. Sobre uma mesa repousa uma menorá de bronze maciço com a qual a B'nai B'rith Internacional recentemente o premiou por seu trabalho pelos direitos humanos.
Desbois atende ele mesmo a campanhia. Ele tem cabelos escuros, e suas mãos movem-se continuamente enquanto ele explica seu projeto. Ele está atarefado e cansado. Quarta-feita ele esteva em Londres em um encontro com nove rabinos. Um deles irá supervisionar a pesquisa na Ucrânia. Desbois é cauteloso para que seu trabalho siga a halacha, ou lei judaica.
Desbois conta com uma equipe enxuta. Um estudante na Alemanha vasculha arquivos da polícia, que são então comparados referências nos arquivos soviéticos no Distrito de Colúmbia em Washington(EUA), para contextualizar o período. Então Desbois procura por três testemunhas oculares não relacionadas. Ele se aproxima delas como um padre, em sua batina, com sua maneira gentil. Ele reconstrói os massacres através de seus relatos - onde os judeus andaram, onde os assassinos estavam. Especialistas em balística analisam os cartuchos vazios encontrados nas sepulturas. Cada testemunha é entrevistada, fotografada, e filmada.
"Ele nunca fez ninguém sentir-se culpado," diz Anne-Marie Revcolevschi, diretora da Fundação Francesa da Shoah, que viajou com Desbois. "Ele está apenas tentando entender o que aconteceu."
Desbois tira uma série de álbuns negros cheios de fotografias que poderiam passar por imagens do século XIX. Numa Ucrânia rural, as estradas não são asfaltadas, os rostos das pessoas profundamente marcados por rugas.
Quando a equipe de Desbois chega nas áreas mais remotas, isoladas por estradas cheias de buracos, as pessoas dizem a ele: os Nazistas fizeram o mesmo trajeto, simplesmente para matar. Ele mostra uma foto de um homem idoso chorando. Como outras testemunhas de massacres, este homem viu uma cova "ainda se mexendo" depois de três dias: em todas as aldeias, muitos foram enterrados ainda vivos.
"Não é sempre fácil," diz Desbois de seu trabalho. "E quando é difícil demais, eu sempre penso [no] meu avô [que] esteve aqui por três anos num campo e viu tudo. Eu, eu sou livre." Ele suspira. "O que eu quero é que cada lugar seja respeitado como lugares humanos," diz ele. " Eu quero recuperar a memória porque ninguém foi testemunha [disto] exceto aquelas pessoas que eu encontrei. E elas estão muito idosas. Então nós temos que nos apressar para salvar a memória."
Fonte: The Christian Science Monitor/RISU - Religious Information Service of Ukraine
http://www.risu.org.ua/eng/religion.and.society/digest/article;12790/
http://www.csmonitor.com/2006/1109/p20s01-lire.html
Tradução: Roberto Lucena
Para mais informações(fotos), contribuição de Lise:
http://www.yahadinunum.org/recherches.en.html
Em francês: TF1
http://tf1.lci.fr/infos/monde/europe/0,,3379523,00-enquete-sur-shoah-par-balles-.html
13.11.2006 // Digest //
por Sarah Wildman,”The Christian Science Monitor,” 9 de Novembro de 2006
"História de fundo: A cruzada de um padre no Holocausto
Patrick Desbois é uma consciência e cronista de um massacre pouco conhecido de Judeus na Ucrânia.
PARIS – As confissões que o Pe. Patrick Desbois recebe não vêm de seus paroquianos. Não são feitas em confessionários fechados. Nem mesmo vêm de seus compatriotas. As palavras que o padre francês ouve são de confissões de aldeões da Ucrânia - as últimas testemunhas do assassínio em massa de judeus numa parte pouco conhecida do Holocausto há mais de 60 anos atrás.
Ele reconta uma história - apenas uma das milhares que ouviu - de uma mulher ucraniana que recebeu ordens dos soldados nazis para cozinhar-lhes o jantar. Enquanto jantavam, os 25 alemães saíram em duplas para assassinar judeus. Quanto todos terminaram de jantar, eles haviam acertado 1,200. Era a primeira vez que a mulher tinha contado a história. "Estas pessoas queriam absolutamente falar antes de morrerem," disse o Padre Desbois das testemunhas. "Eles queriam dizer a verdade."
Pe. Patrick Desbois tornou-se um dos principais cronistas do mundo do que os franceses chamam de 'Shoah par Balles' - 'O Holocausto de balas'. Embora não sendo judeu ou ucraniano, ele gasta metade de seu ano percorrendo a paisagem ucraniana assolada pela pobreza para documentar a aniquilação de dezenas de milhares de judeus nas mãos de grupos volants de Nazis chamados de Einsatzgruppen.
É um trabalho que ele mesmo escolheu,e que levou o jornal israelense Haaretz a descrevê-lo como "Patrick o Santo." Embaraçado, Desbois chama a caracterização de 'midrash' - expressão hebraica para exagero.
O padre, que tem devotado sua vida clerical ao combate do anti-semitismo, está descobrindo, aldeia por aldeia, valas comuns não identificadas da era do Holocausto. Aqui os judeus foram abatidos, um a um, mãe em frente ao filho, filho em frente ao pai.
O "Holocausto das balas" era tão brutal quanto o extermínio de judeus em câmaras de gás, inanição, e de outras maneiras em Auschwitz e outros lugares da Europa. No entanto a profundidade e detalhes da tragédia na Ucrânia apenas recentemente vieram à tona.
Em aldeias locais, adolescentes e crianças foram forçados a ajudar a cavar as covas, arrancar dentes de ouro de vizinhos, e tiravam pilhas de roupas enquanto seus amigos tremiam, aguardando a morte. Estas crianças, agora homens e mulheres idosos, nunca haviam sido questionados sobre o que eles viram, o que eles foram forçados a presenciar. Nunca, isto é, até eles encontrarem um humilde padre andando pelos seus bosques em sua batina.
"Isto é muito, muito importante," diz Edouard Husson, um historiador da Sorbonne em Paris e um consultor de projeto. A originalidade do trabalho de Desbois é que "ele foi o primeiro a ter a idéia de ir até as testemunhas ucranianas - os espectadores."
***
Aos vinte e poucos anos, quando iniciava seu caminho para uma vida de fé, Desbois era perseguido por uma pergunta: "O que Deus quer que eu faça?" Pouco sabia ele então, em meados dos anos de 1970s, que eventualmente ele mesmo responderia à pergunta, ao se tornar uma ponte humana entre o mundo judaico moderno e a Igreja Católica e um principal conduto através do qual o Holocausto seria relembrado.
A jornada de Desbois até os bosques da Ucrânia é enraizada numa rara fé, numa expansiva humanidade, e num vínculo pessoal. Ele nasceu em Burgundy, França, em 1955 numa família profundamente afetada pela ocupação alemã. Dois de seus primos foram deportados pelos Nazistas. Seu avô, como outros 25,000 soldados franceses, foi mantido num campo nas fronteiras da Polônia, Ucrânia e Rússia. "Nós nos sentimos como fazendo parte na mesma história que os judeus," diz Desbois. E ainda assim seu avô sempre dissera que seu internamento não fora nem de longe tão terrível quanto fora para "os outros."
Desbois estudou matemática e passou vários anos anos lecionando em Burkina Faso no oeste da África. Aos 21 anos, ele se uniu ao grupo de Madre Teresa por três meses em Calcutá, cuidando dos moribundos. Quando decidiu dedicar sua vida à Igreja, sua família - não particularmente religiosa - ficou horrorizada.
Depois do seminário, ele seguiu por um breve período a vida de um padre "normal" - realizando batismos e fazendo sermões semanais. Logo foi indicado pelo Cardeal de Lyon para ajudar nas relações entre a Igreja e a comunidade judaica. Desbois já estava estudando judaismo, e começara a aprender hebraico.
Até hoje, ele ajuda a organizar conferências entre católicos e judeus, e lidera jornadas de estudo do Holocausto para jovens católicos e outros estudantes. Numa destas viagens ao fim da década de '90, ele visitou o campo de aprisionamento de seu avô. Um memorial que havia lá estava quase totalmente destruído.
Ao longo de anos, enquanto ele trabalhava para reparar o memorial, ele continuava perguntando sobre "os outros." O prefeito da aldeia mostrou-lhe onde os prisioneiros soviéticos do campo estavam enterrados. "Eu disse, 'OK, [e] onde está as sepulturas em massa dos judeus?' " Desbois recorda. "Ele me disse, 'Eu não sei. Nós nunca as encontramos.' E eu disse, 'Como pode ser que mais de 10,000 judeus tenham sido assassinados na aldeia... e você não sabe?' "
Um prefeito recém-eleito lembrou-se da pergunta de Desbois. Na próxima vez que o padre retornou, 110 fazendeiros estavam a sua espera. "Em um dia, descobri que nós não só podíamos achar as valas comuns com precisão, como podíamos também achar testemunhas que ... estiveram presentes na execução." O prefeito disse que ele ajudaria Desbois a achar as valas comuns nas 100 próximas aldeias. Em 2004, com fundos iniciais da Fundação para a Memória da Shoah, um grupo francês, o projeto Ucrânia nasceu. A equipe de Desbois mapeou 500 sepulturas não identificadas até agora. Ele acredita que outras 1,700 existam.
"Temos o dever de perguntar, 'Onde estão as sepulturas?' " Disse ele simplesmente.
***
O escritório de Desbois é um tanto quanto modesto para um homem. Entrando na parte operária de Paris, em um edifício modernista sombrio, um frágil elevador abre para uma suíte periclitante do escritório. As paredes estão cobertas de images de Jerusalém e um calendário de 2006 de feriados judaicos. Sobre uma mesa repousa uma menorá de bronze maciço com a qual a B'nai B'rith Internacional recentemente o premiou por seu trabalho pelos direitos humanos.
Desbois atende ele mesmo a campanhia. Ele tem cabelos escuros, e suas mãos movem-se continuamente enquanto ele explica seu projeto. Ele está atarefado e cansado. Quarta-feita ele esteva em Londres em um encontro com nove rabinos. Um deles irá supervisionar a pesquisa na Ucrânia. Desbois é cauteloso para que seu trabalho siga a halacha, ou lei judaica.
Desbois conta com uma equipe enxuta. Um estudante na Alemanha vasculha arquivos da polícia, que são então comparados referências nos arquivos soviéticos no Distrito de Colúmbia em Washington(EUA), para contextualizar o período. Então Desbois procura por três testemunhas oculares não relacionadas. Ele se aproxima delas como um padre, em sua batina, com sua maneira gentil. Ele reconstrói os massacres através de seus relatos - onde os judeus andaram, onde os assassinos estavam. Especialistas em balística analisam os cartuchos vazios encontrados nas sepulturas. Cada testemunha é entrevistada, fotografada, e filmada.
"Ele nunca fez ninguém sentir-se culpado," diz Anne-Marie Revcolevschi, diretora da Fundação Francesa da Shoah, que viajou com Desbois. "Ele está apenas tentando entender o que aconteceu."
Desbois tira uma série de álbuns negros cheios de fotografias que poderiam passar por imagens do século XIX. Numa Ucrânia rural, as estradas não são asfaltadas, os rostos das pessoas profundamente marcados por rugas.
Quando a equipe de Desbois chega nas áreas mais remotas, isoladas por estradas cheias de buracos, as pessoas dizem a ele: os Nazistas fizeram o mesmo trajeto, simplesmente para matar. Ele mostra uma foto de um homem idoso chorando. Como outras testemunhas de massacres, este homem viu uma cova "ainda se mexendo" depois de três dias: em todas as aldeias, muitos foram enterrados ainda vivos.
"Não é sempre fácil," diz Desbois de seu trabalho. "E quando é difícil demais, eu sempre penso [no] meu avô [que] esteve aqui por três anos num campo e viu tudo. Eu, eu sou livre." Ele suspira. "O que eu quero é que cada lugar seja respeitado como lugares humanos," diz ele. " Eu quero recuperar a memória porque ninguém foi testemunha [disto] exceto aquelas pessoas que eu encontrei. E elas estão muito idosas. Então nós temos que nos apressar para salvar a memória."
Fonte: The Christian Science Monitor/RISU - Religious Information Service of Ukraine
http://www.risu.org.ua/eng/religion.and.society/digest/article;12790/
http://www.csmonitor.com/2006/1109/p20s01-lire.html
Tradução: Roberto Lucena
Para mais informações(fotos), contribuição de Lise:
http://www.yahadinunum.org/recherches.en.html
Em francês: TF1
http://tf1.lci.fr/infos/monde/europe/0,,3379523,00-enquete-sur-shoah-par-balles-.html
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
A demissão de Finkelstein
Professor norte-americano que diz que os judeus usam o Holocausto para reprimir críticos demite-se
pela Associated Press
Um professor da Universidade de Chicago que provocou críticas ao acusar alguns judeus de incorretamente usar a 'herança'(legado)do Holocausto aceitou na quarta-feita imediatamente demitir-se para surpresa de todos.
Funcionário e cientista político da Universidade DePaul o professor Norman Finkelstein emitiu uma declaração coletiva anunciando a demissão, que veio junto com uma centena de manifestantes que reuniram-se fora do escritório do decano para apoiá-lo.
Finkelstein, que é filho de sobreviventes do Holocausto, teve negada sua permanência em Junho depois de passar seis anos na faculdade de DePaul. Sua classe restante foi cortada pela DePaul no último mês.
Seu mais recente livro, "Beyond Chutzpah: On the Misuse of Anti-Semitism and the Abuse of History(Além de Chutzpah: o mau uso do anti-semitismo e o abuso da história)", é em grande parte um ataque ao livro "The Case For Israel(Em defesa de Israel)" do professor de direito de Harvard, Alan Dershowitz.
Em seu livro, Finkelstein sustenta que Israel usa o observado anti-semitismo como uma arma para sufocar/abafar a crítica.
Dershowitz, que ameaçou processar o editor de Finkelstein por difamação, instou a direção da DePaul a rejeitar o pedido de permanência de Finkelstein.
Finkelstein disse na declaração que acredita que a decisão de permanência foi contaminada por pressões externas, mas elogiou o papel honorável da universidade
de proporcionar um "paraíso da erudição"(local de grande aprendizado acadêmico)para ele nos últimos seis anos.
A universidade negou que partidos de fora influenciaram na decisão de negar a permanência de Finkelstein. A parte da declaração feita pela Universidade chamou Finkelstein de prolífico acadêmico e um destacado professor.
Finkelstein mencionou o reconhecimento da Universidade como a parte mais importante da declaração.
"Eu senti que definitivamente tinha conseguido o que era meu limite e que talvez era hora, para surpresa de todos, de seguir adiante," disse ele nas a news conference que se seguiram na manhã da manifestação organizada por estudantes na faculdade que carregavam faixas e reivindicações como "parem com a caça às bruxas."
Finkelstein adicionou: "os estudantes da DePaul demonstraram um estupendo espírito elevado em minha defesa que deveria ser invejado e servir de exemplo para cada universidade dos Estados Unidos."
O professor não discutiria termos financeiros do acordo de demissão, que ele disse era confidencial, mas apontou que não faz cerimônia em falar sobre questões que concernem a ele, incluindo a injustiça do processo de permanência.
Ele também disse que não sabe o que ele irá fazer a seguir, mas chegou a se dar conta antes da Quarta-feira de que "a atmosfera tinha ficado tão envenenada que era virtualmente impossível para mim, continuar na DePaul. O mínimo que eu poderia esperar era deixar a DePaul com minha cabeça erguida e minha reputação intacta."
Dershowitz era crítico da universidade. "A DePaul parece que cedeu a pressão," disse ele numa entrevista por telefone. "A idéia dele é se descrever como acadêmico que negocia a verdade, por conveniência. Ele é um propagandista e não um acadêmico."
Ainda, Dershowitz disse, "Estou feliz por ele estar fora da academia. Deixe-o fazer sua ostentação nas esquinas."
Fonte: AP/Haaretz
http://www.haaretz.com/hasen/spages/901583.html
Tradução: Roberto Lucena
pela Associated Press
Um professor da Universidade de Chicago que provocou críticas ao acusar alguns judeus de incorretamente usar a 'herança'(legado)do Holocausto aceitou na quarta-feita imediatamente demitir-se para surpresa de todos.
Funcionário e cientista político da Universidade DePaul o professor Norman Finkelstein emitiu uma declaração coletiva anunciando a demissão, que veio junto com uma centena de manifestantes que reuniram-se fora do escritório do decano para apoiá-lo.
Finkelstein, que é filho de sobreviventes do Holocausto, teve negada sua permanência em Junho depois de passar seis anos na faculdade de DePaul. Sua classe restante foi cortada pela DePaul no último mês.
Seu mais recente livro, "Beyond Chutzpah: On the Misuse of Anti-Semitism and the Abuse of History(Além de Chutzpah: o mau uso do anti-semitismo e o abuso da história)", é em grande parte um ataque ao livro "The Case For Israel(Em defesa de Israel)" do professor de direito de Harvard, Alan Dershowitz.
Em seu livro, Finkelstein sustenta que Israel usa o observado anti-semitismo como uma arma para sufocar/abafar a crítica.
Dershowitz, que ameaçou processar o editor de Finkelstein por difamação, instou a direção da DePaul a rejeitar o pedido de permanência de Finkelstein.
Finkelstein disse na declaração que acredita que a decisão de permanência foi contaminada por pressões externas, mas elogiou o papel honorável da universidade
de proporcionar um "paraíso da erudição"(local de grande aprendizado acadêmico)para ele nos últimos seis anos.
A universidade negou que partidos de fora influenciaram na decisão de negar a permanência de Finkelstein. A parte da declaração feita pela Universidade chamou Finkelstein de prolífico acadêmico e um destacado professor.
Finkelstein mencionou o reconhecimento da Universidade como a parte mais importante da declaração.
"Eu senti que definitivamente tinha conseguido o que era meu limite e que talvez era hora, para surpresa de todos, de seguir adiante," disse ele nas a news conference que se seguiram na manhã da manifestação organizada por estudantes na faculdade que carregavam faixas e reivindicações como "parem com a caça às bruxas."
Finkelstein adicionou: "os estudantes da DePaul demonstraram um estupendo espírito elevado em minha defesa que deveria ser invejado e servir de exemplo para cada universidade dos Estados Unidos."
O professor não discutiria termos financeiros do acordo de demissão, que ele disse era confidencial, mas apontou que não faz cerimônia em falar sobre questões que concernem a ele, incluindo a injustiça do processo de permanência.
Ele também disse que não sabe o que ele irá fazer a seguir, mas chegou a se dar conta antes da Quarta-feira de que "a atmosfera tinha ficado tão envenenada que era virtualmente impossível para mim, continuar na DePaul. O mínimo que eu poderia esperar era deixar a DePaul com minha cabeça erguida e minha reputação intacta."
Dershowitz era crítico da universidade. "A DePaul parece que cedeu a pressão," disse ele numa entrevista por telefone. "A idéia dele é se descrever como acadêmico que negocia a verdade, por conveniência. Ele é um propagandista e não um acadêmico."
Ainda, Dershowitz disse, "Estou feliz por ele estar fora da academia. Deixe-o fazer sua ostentação nas esquinas."
Fonte: AP/Haaretz
http://www.haaretz.com/hasen/spages/901583.html
Tradução: Roberto Lucena
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