segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Salvadores Alemães 6 - Harald Poelchau e Frieda Rung

Harald Poelchau

O Dr. Harald Poelchau era filho de um pastor conservador e se criou num pequeno povoado na Silésia. Terminados os estudos de teologia, ocupou no outono de 1932 o posto de pastor numa prisão de Berlim. Devido a natureza de seu trabalho tinha contato permanente com muitas pessoas da resistência e utilizava seu posto para passar-lhes mensagens, oferecer-lhes ajuda material e estimulá-los espiritualmente.

Harald Poelchau pertencia ao grupo de resistência "Círculo de Kreisau", organização democrática e cristã que procurava estabelecer contatos com as forças aliadas.

Assim mesmo, Poelchau apoiava a um grupo conhecido pela alcunha de "tio Emil" que havia proposto a tarefa de ajudar a judeus que viviam na clandestinidade. Teve êxito em alojar a judia Margarethe Latte, a qual havia fugido de Breslau, onde uma viúva de um pastor, a senhora Schneider, conseguiu-lhe trabalho, alojamento e documentação falsificada para ela, seu marido Manfred e seu filho Konrad.

Entre fevereiro e novembro de 1943 Harald Poelchau e sua esposa Dorothea esconderam em seu próprio apartamento, Leontine Cohn e sua filha Rita. Harald Poelchau também exerceu um papel importante no resgate de Charlotte Holzer, uma das acusadas de pertencer a um grupo de resistência judaica comunista de Herbert Baum, havia escapado da prisão durante um bombardeio aliado no verão de 1944. Poelchau alojou Holzer na casa da Sra. Schneider e lhe conseguiu trabalho e documentação. Em fevereiro de 1945 o casal Poelchau acolheu os irmãos Ralph e Rita Neumann, os quais haviam escapado pouco antes de serem deportados para um campo de concentração. Juntos presenciaram a liberação de Berlim em maio de 1945.

Bibliografia:
"Saving Konrad Latte" by Peter Schneider, New York Times Archives Aritcle, 13.2.2000.
Lexikon des deutschen Widerstandes, Hrsg.v. Wolfgang Benz und Walther H. Pehle, Frankfurt a.M. 1999, S.248, 383.
Ruth Andreas-Friedrich, Der Schattenmann, Frankfurt a.M. 1986.


Frieda Rung

Frieda Rung, nascida em 1880, vivia num bairro burguês de Berlim e trabalhava como vendedora. Em 1918 conheceu Hellmuth Cohn, nascido em 1895, e manteve contato com ele, sua mãe e sua esposa.

No início da era nacional-socialista Hellmut Cohn não foi perseguido graças ao fato de que sua esposa não ser judia. Ao se agravar a repressão, esta, contudo, separou-se de seu marido e em 1939 o denunciou por "delito contra a raça", ofensa que segundo as leis de Nüremberg era passível de sanção e, em muitas ocasiões, até castigada com a deportação para um campo de concentração. Desde a denúncia Hellmut Cohn fugia da Gestapo. Seus três filhos se afastaram dele e romperam todos os contatos.

Frieda Rung ofereceu refúgio a Hellmut Cohn em sua casa, apesar de que a polícia a havia citado e interrogado, já que a senhora Cohn declarou que seu marido também havia cometido delito contra a raça com Frieda. Contudo, neste último caso o sumário foi fechado. Por não ter documentação falsa, Hellmut Cohn nunca saiu do pequeno apartamento. Ao perder seu trabalho em 1939, Frieda Rung teve que vender parte de suas jóias e móveis para poder comprar alimentos suficientes para ambos. Em 1940 encontrou trabalho numa pastelaria.

A partir de 1943 os bombardeios sobre Berlín se intensificaram. Frieda e Hellmut se atreveram a se refugiar nos bunkers anti-aéreos públicos naqueles que não eram necessário apresentar documentação. Hellmut Cohn permaneceu até o final da guerra no apartamento de Frieda Rung e logo que finalizadas as hostilidades o casal seguiu compartilhando o apartamento por muito tempo.

Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Harald Poelchau
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/harald-poelchau.504013.htm
Frieda Rung
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/frieda-rung.504014.htm
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Salvadores Alemães 7 - Karl Schörghofer e Paul Seele

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Fotos inéditas do Holocausto

Museu dos EUA recebe fotos inéditas do holocausto
Imagens foram encontradas na Alemanha e doadas por um anônimo.
Estas seriam as primeiras fotos autênticas de Mengele, o médico de Auschwitz.
Neil A. Lewis
Do New York Times

Em dezembro, Rebecca Erbelding, uma jovem arquivista do Museu do Holocausto em Washington, nos Estados Unidos, recebeu a carta de um oficial das Forças Armadas na qual ele doava fotografias de Auschwitz encontradas há mais de 60 anos na Alemanha. O fato chamou a atenção do museu, já que apesar de Auschwitz ser um notório campo de concentração nazista, há poucas fotos do local antes de sua liberação, em 1945.


Oficiais nazistas se reúnem perto do campo de concentração de Auschwitz. (Foto: NYT)

Após avaliarem o material recebido, a equipe percebeu que tinha em mãos parte da vida de oficial Karl Hocker, ajudante do comandante do campo de concentração Richard Baer. Em meio as 116 fotos, há uma de 21 de junho de 1944 na qual ambos aparecem com as insígnias da SS, a força de elite de Hitler.


Oficiais nazistas brincam com as tigelas vazias em Auschwitz. (Foto: New York Times)

O álbum também contém oito fotos de Josef Mengele, o médico conhecido por realizar experimentos cruéis com prisioneiros que chegavam aos campos de concentração. De acordo com o Museu do Holocausto, estas são as primeiras fotos autênticas de Mengele de Auschwitz.

As imagens doadas foram comparadas às do acervo do Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Jerusalém, que reúne imagens de um fotógrafo da SS, na primavera de 1944, descobertas pelo sobrevivente de um outro acampamento nazista.

Os dois álbuns mostram o confortável dia-a-dia dos guardas em meio a terrível realidade dentro dos acampamentos, onde mais de 1 milhão de judeus perderam suas vidas. Uma das fotos, por exemplo, tirada em 22 de julho de 1944, mostra um grupo de mulheres jovens e alegres que trabalharam na área de comunicações da SS brincando com tigelas vazias após comerem arandos, um fruto silvestre, enquanto milhares de famintos morriam nos campos de concentração.

Auschwitz foi abandonada e evacuada em 18 de janeiro de 1945 e liberadas pelos forças soviéticas dias depois, em 27 de janeiro. Apesar do museu de Washington não ter planos de exibir o álbum de fotos de Hocker, curadores criaram o site (www.ushmm.org), onde parte da colação pode ser vista.

Sarah J. O Bloomfield, diretora do museu, acredita que ainda há outros álbuns e documentos do holocausto desconhecidos em porões e que se perderam na história.

Hocker fugiu Auschwitz antes da liberação do acampamento. Só depois do julgamento de Adolf Eichmann em Israel, em 1961, autoridades da Alemanha Ocidental o localizaram em Engershausen, sua cidade natal. O ajudante do comandante, então, foi condenado pelos crimes de guerra e ficou preso por sete anos, sendo solto em 1970. Hocker morreu em 2000, aos 89 anos.

Fonte: G1/New York Times
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL106710-5602-2322,00.html

Para conferir o álbum de fotos completo:

Auschwitz through the lens of the SS: Photos of Nazi leadership at the camp
http://www.ushmm.org/museum/exhibit/online/ssalbum/auschwitz_album/
Site do Museu do Holocausto nos Estados Unidos(USHMM)
http://www.ushmm.org/research/collections/highlights/auschwitz/auschwitz_album/

Ver também:
El otro Auschwitz: postales de ocio y vida cotidiana de los nazis (Clarín, Argentina)

Outras séries de fotos:

Fotos do Holocausto
Fotos do Leste Alemão
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 1
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 2
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 3

Salvadores Alemães 5 - Sigurd Larsen, Gertrud Luckner e os Marcuse

Sigurd Larsen

Sigurd Larsen criou-se em Berlim, filho de pai dinamarquês e mãe alemã. Participou como soldado alemão na primeira guerra mundial onde ficou gravemente ferido.

Joachim Marcuse (nascido em 1917), perseguido por ser judeu, conheceu Sigurd no ambiente dos negócios de madeira no qual ambos desenvolviam suas profissões. Sabia que Larsen havia ajudado a emigrar alguns amigos de negócios. Marcuse, que durante a guerra foi obrigado a trabalhos forçados, decidiu pedir ajuda a Larsen para que o ajudasse a escapar da Alemanha junto com sua esposa Gerda e seu amigo íntimo Kurt Levin. Depois de estudar o plano a fundo, Larsen se comprometeu a ajudar-lhe na fuga. Contudo, desaconselhou-lhe a Dinamarca como destino já que as tropas nazis a haviam ocupado. Como alternativa organizou uma exportação de madeira para a Suécia. Dentro de um dos vagões de carga habilitou um esconderijo. Em 24 de dezembro de 1942 Larsen fechou o vagão e durante quatro longos dias o contêiner com os três jovens a bordo ficou detido na estação de mercadorias de Berlim. Em 31 de dezembro de 1942 Joachim e Gerda Marcuse e Levin chegaram a Suécia onde foram reconhecidos como refugiados políticos.

Temeroso de que se descobrissem seu apoio ilegal, Larsen transladou pouco tempo depois seu comércio de madeira para a Dinamarca e se radicou com sua família em Copenhague.

Gertrud Luckner

Desde o começo do Terceiro Reich, Gertrud Luckner, nascida em 1900 em Liverpool, tomou consciência da magnitude da ameaça antissemita exercida pela ditadura nacional-socialista. Desde 1938 era empregada da Associação Alemã da Cáritas, depois de haver-se convertido dos Quackers para o catolicismo. Isso foi uma condição importante para sua ajuda, já que o acordo entre a Santa Sé e o Reich Alemão de 1933 protegia a atividade dos Cáritas. A partir de 1940 Gertrud Luckner enviava pacotes aos judeus de Stettin deportados a Lublin e, mais tarde, aos judeus do sul da Alemanha deportados para Gurs.

Em 1941 o arcebispo de Friburgo, Conrad Gröber, encarregou-lhe da "realização das tarefas especiais para a cura da alma", com a qual sua atividade ficava sob a proteção do bispo. Isto lhe outorgava possibilidades financeiras e de viagem que usava intensamente em suas atividades clandestinas. Gertrud Luckner transmitiu mensagens, encarregou a falsificação de passaportes e ajudou refugiados a fugirem da Alemanha. Utilizou a ampla rede de Cáritas para estabelecer contatos com pessoas de outras confissões dispostas a ajudar. Desde o início das deportações dos judeus intentou ajudar estes a se esconder e a sobreviver na clandestinidade. Em suas atividades foi apoiada, entre outros, por um grupo de católicos de Friburgo.

Não passou muito tempo antes sem que a Gestapo suspeitasse da atividade incansável de Gertrud Luckner. Foi vigiada e, por causa de uma denúncia contra sua pessoa, foi presa em 24 de março de 1943 sob as acusações de "atividade em favor dos judeus" e por manter "contatos com grupos contrários aos interesses do Estado". Depois de numerosos interrogatórios foi deportada no verão de 1943 para o campo de concentração de Ravensbruck, onde permaneceu encarcerada até o final da guerra.

Depois da guerra trabalhou em favor do diálogo entre cristãos e judeus.

Bibliografia:
1. Anton Maria Keim (Hrsg.), Yad Vashem, Die Judenretter aus Deutschland, Mainz/München 1983, S.92.
2. Hans-Josef Wollasch, "Betrifft: Nachrichtenzentrale des Erzbischofs Gröber in Freiburg". Die Ermittlungsakten der Geheimen Staatspolizei gegen Gertrud Luckner 1942-1944, Konstanz 1999.
3. Michael Kißener (Hrsg.), Widerstand gegen die Judenverfolgung, Konstanz 1996, S.227f.

Joachim e Gerda Marcuse

Gerda Berlowitz e Joachim Marcuse se conheceram ainda adolescentes em atividades da associação cultural judaica em Berlim. Ambos tinham simpatias pelo movimento socialista, foram perseguidos por serem judeus e foram obrigados a trabalhos forçados. Em janeiro de 1942 se casaram.

A jovem judia Hilma Ludomer trabalhava como capataz na mesma empresa na qual estava empregada Gerda Marcuse. Certo dia, ao Hilma derramar um balde de água enquanto limpava, um vigilante a acusou de cometer um ato de sabotagem e a ameaçou de avisar a Gestapo.

Gerda Marcuse, que presenciou o incidente, aparcebeu-se de imediato do perigo que corria sua colega. Instou seu esposo a esconder Hilma em seu apartamento. Nessa mesma noite Joachim foi buscar Hilma em sua casa e, depois de uma longa discussão com o pai, que acreditava que sua filha estava protegida por seus méritos como combatente na frente durante a Primeira Guerra Mundial, Marcuse pode levar a jovem. Quando, no dia seguinte, Hilma passou pela frente de seu domicílio, viu seus pais serem presos pela Gestapo. Hilma ficou duas semanas na casa de Gerda e Joachim, mas logo estes se viram obrigados a pedir-lhe que buscasse outro refúgio já que Joachim viu perigo em seu próprio plano de fuga, que estava preparando.

Hilma Ludomer sobreviveu em um esconderijo conseguido por um amigo que não era judeu, cujo nome ainda é desconhecido. Gerda e Joachim Marcuse conseguiram fugir para a Suécia graças a ajuda de Sigurd Larsen.

Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Sigurd Larsen http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/sigurd-larsen/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?504010
Gertrud Luckner http://www.raoulwallenberg.net/?p=504011
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?504011
Joachim e Gerda Marcuse http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/irene-kleber/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?504012
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Salvadores Alemães 6 - Harald Poelchau e Frieda Rung

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Salvadores Alemães 4 - Eva Hermann, Klara Klaus e Irene Kleber

Eva Hermann

Nascida em 1900, Eva Hermann foi criada na casa de um pastor protestante. Foi professora e em 1924 se casou com o físico Carl Hermann. Os dois eram de ideias pacifistas. Em 1933 se uniram a uma comunidade Quaker de Mannheim. Eva Hermann dirigia ali uma assessoria para os "não-arianos" sem confissão e lhes ajudava a emigrar da Alemanha.

Em 1940, depois da deportação dos judeus de Mannheim para Gurs, ela lhes enviava ajuda no campo de concentração francês. Para outros judeus que ficaram em Mannheim ela os ajudava com cartões de alimentação.

Em 1941 ela entrou em conato com sua companheira judia de escola, Hilde Rosenthal, que vivia então em Berlim e lhe ofereceu sua ajuda em caso de deportação. Para Hilde e seu esposo Fritz lhes enviava cartões de alimentação e documentação da agência dos correios, e estes por sua vez passaram a uma amiga judia. Em janeiro de 1943 Eva alojou em sua casa por um mês o casal Rosenthal que já tinha dois filhos adotivos pequenos.

Os dois casais tinham contato com o grupo de apoio de Gertrud Luckner. Em março de 1943 os Rosenthal, que haviam se mudado para Saarbruck, foram presos. Fritz Rosenthal se suicidou com cianureto de potássio, enquanto que Hilde foi submetida a um interrogatório antes de ser deportada. Por causa dele também foram presos Eva e Carl Hermann. Eles foram acusados de ter escutado "emissoras inimigas", o que era estritamente proibido. Na acusação, o apoio aos Rosenthal passou para um segundo plano. Carl Hermann foi condenado a oito anos de prisão, Eva Hermann a três.

Depois da guerra Eva e Carl Hermann trabalharam em favor do diálogo entre cristãos e judeus.

Bibliografia:
Anton Maria Keim (Hrsg.), Yad Vashem, Die Judenretter aus Deutschland, Mainz/München 1983, S.71.
Angela Borgstedt, Widerstand gegen die Judenverfolgung, in: Portraits des Widerstands, Hrsg.v. Michael Kißener, Konstanz 1996, S. 227-259.

Klara Klaus

Klara Klaus nasceu em 1903 em um lar de ideias democráticas no sul da Alemanha. Ela, seus pais e seu marido condenavam a perseguição dos judeus pelos nacional-socialistas (nazistas).

Em 1943 uma conhecida judia lhe perguntou se estava disposta a ajudar a judeus perseguidos. Assim foi como estabeleceu contatos com o casal Sophie e Adolf Loebel e suas filhas Hannelore e Ellen. Klara visitou a família na cidade de Karlsruhe e se ofereceu ao casal para proteger as jovens da deportação iminente, escondendo-as em sua casa. Dado que a senhora Loebel já havia organizado um esconderijo para ela mesma e sua filha menor Hannelore, pediu a Klara Klaus ajuda para sua filha Ellen.

Em fins de junho de 1943, Ellen, de 16 anos, sem papéis (documentos) nem dinheiro, chegou à casa da família Klaus em Mannheim. Ali a esconderam e a protegeram. Logo que o senhor Klaus foi chamado ao serviço militar, sua esposa continuou sozinha com a responsabilidade.

Klara Klaus cuidou da jovem até o fim do conflito bélico. Quando a guerra aérea se agravou transladou a Ellen - que entretanto havia conseguido a certidão de nascimento de uma jovem não-judia - temporalmente para a casa de sua mãe e sua irmã que sobreviviam numa cidade pequena. Ellen Loebel e Klara Klaus passaram o fim da guerra em sua casa em Mannheim. O pai de Ellen também sobreviveu escondido num estábulo.

Irene Kleber

Irene Kleber, nascida em 1893 , vivia só num apartamento grande localizado num setor burguês de Berlim. Trabalhava como empregada de uma agência dos correios. Para poder solver os gastos de moradia sublocava duas habitações. Contudo, durante os anos da guerra, seus inquilinos estavam quase sempre ausentes.

Em março de 1943, uma conhecida se aproximou de Irene Kleber e lhe pediu que arrendasse uma habitação a Charlotte e Waldemar Wagner e a filha deste casamento, Lissi. Ainda que primeiramente estivesse insegura de tomar esse risco, finalmente lhes arrendou uma habitação.

Durante as primeiras semanas a família permanecia sempre em seu quarto, mas no verão, de vez em quando, saíam do esconderijo. Um dia alguém os reconheceu na rua e os denunciou. Em 23 de agosto de 1943 dois policiais da Gestapo foram a casa de Irene Kleber e lhe perguntaram por Waldemar Wagner. Irene negou conhecê-lo mas os agentes não acreditaram nela. Procederam em revistar o apartamento e o encontraram junto a sua esposa e filha. Os três foram presos, deportados para Auschwitz e assassinados.

Apesar de que se tratava de um caso claro de ajuda a judeus perseguidos, Irene Kleber não foi perseguida pelos órgãos de justiça ou policiais nazistas.

Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Eva Hermann http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/eva-hermann/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50407
Klara Klaus http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/klara-kaus/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50408
Irene Kleber http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/irene-kleber/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50407
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Salvadores Alemães 5 - Sigurd Larsen, Gertrud Luckner e os Marcuse

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Salvadores Alemães 3 - Os Daene e os Heller

Wilhelm e Margarete Daene
"Wilhelm Daene era trabalhador metalúrgico em Berlim. Depois de 1933 foi preso várias vezes pela Gestapo por sua militância social-democrata e sindicalista. Durante a guerra trabahava numa fábrica de armamento em Berlim-Wittennau onde era responsável pelas operárias judias obrigadas a trabalhos forçados. Ajudou-as proporcionando-lhes alimentos e medicamentos. Se ocupou das trabalhadoras judias enfermas procurando um local para elas dormirem na fábrica evitando deste modo que elas fossem presas. Quando já não foi possível impedir as deportações, Daene e sua esposa Margarete esconderam as três mulheres judias: Gerda L., Lola A. e Ursula F. Se sabe que ajudou a fugir para Bélgica a outra trabalhadora judia.

A ponto de ser presa pela Gestapo em 1943, Daene encontrou outro esconderijo para as três mulheres. Ursula F. foi denunciada na calle. Resultou de ser gravemente ferida na detenção e sobreviveu no hospital da polícia. Lola A. estava com Margerete Daene no momento da libertação, Gerda L. foi presa em detida em agosto de 1944 e deportada para Auschwitz onde foi assassinada.

Assim mesmo, outra mulher chamada Margot W. considera Daene como sua salvadora. Conta que logo que foi presa pelos nazis junto com seus pais, Daene conseguiu tirá-la do campo de concentração. Margot W. viveu na clandestinidade até a libertação, em maio de 1945.

Wilhelm Daene sobreviveu ao cárcere. Foi apelidado como "O Justo entre os Nacionais" pelo Yad Vashem e homenajeado pelo Senado de Berlim como "Herói sem fama"."

Bibliografia
Kurt R. Grossmann, Die unbesungenen Helden, Berlin 1957, S. 32ff.
Hans-Rainer Sandvoß, Widerstand in Pankow und Reinickendorf (Hrsg. Gedenkstädte Deutscher Widerstand), Berlin 1994, S. 217, 249f.
Ursel Hochmuth: Illegale KPD und Bewegung "Freies Deutschland" in Berlin und Brandenburg 1942, Berlin 1998, S. 125.

Benno e Irmgard Heller
"Em fins da década de ´30, o ginecólogo judeu Dr. Benno Heller vivia no bairro operário de Neukölln, em Berlim, junto con sua esposa Irmgard, que não era judia. Atendia no consultório médico em sua própia casa.

Ambos eram comunistas convencidos de seus ideais. Sem dúvida, depois de uma visita a União Soviética abandonaram as fileiras do partido. Devido a ter realizado abortos ilegais Benno Heller havia sido preso antes de 1933. Irmgard vinha de uma família burguesa, mas se separou de seus vínculos familiares e se comprometeu com os interesses e necessidades dos habitantes da classe trabalhadora de seu vizinhança.

Durante o pogrom de novembro de 1938 os Heller foram afetados pela violência anti-semita. Na placa da consulta médica fixada na porta de sua casa foi pintada a palavra "judeu".

Quando começaram as deportações dos judeus de Berlim em outubro de 1941, os Heller instavam a seus clientes judeus a não se deixar levar e a permanecer na clandestinidade. Até esse momento Benno Heller estava protegido por sua esposa "aria". Contactou suas ex-pacientes não judias para para lhes pedir que acolhessem as mulheres que estavam em perigo. Muitas delas se sentiam comprometidas com Heller por seus tratamentos médicos anteriores, que em alguns casos haviam sido gratuitos. Seu consultório servia então como refúgio para os "ilegais" assim como lugar de coordenação para seu futuro alojamento.

O objetivo do casal Heller era ajudar a quantos perseguidos fosse possível. Mas quando surgiu um conflito entre uma paciente judia a qual Heller havia ajudado a passar para a clandestinidade e uma mulher nã judia a qual ele havia solicitado sua ajuda, Heller foi denunciado pela perseguida.

Em 23 de fevereiro de 1943 foi preso. A princípio foi deportado para um campo externo de Auschwitz. O último rastro de Heller ainda com vida data de 1944, numa instação auxiliar do campo de concentração de Sachsenhausen. Logo não se supôs mais nada sobre ele.

Depois da prisão de seu marido, o estado de saúde de Irmgard Heller, já enferma do coração, se deteriorou dramaticamente. Em 15 de setembro de 1943 faleceu no hospital municipal de Leipzig. Alguns dos pacientes não judeus de Bruno Heller continuaram com suas atividades de ajuda ainda depois de sua prisão e da morte de sua esposa."

Fonte(espanhol): Wilhelm e Margarete Daene
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/wilhelm-margarete-daene.50404.htm
Benno e Irmgard Heller
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/benno-irmgard-heller.50406.htm
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Salvadores Alemães 4 - Eva Hermann, Klara Klaus e Irene Kleber

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 34

Traduzido por Leo Gott

34. Como se poderia manter um programa tão massivo em segredo, sem que os judeus que iriam ser exterminados soubessem?

O IHR diz (edição original):

Não se poderia ter mantido em segredo. O fato é que nunca foram realizados gaseamentos em massa em lugar algum. Os rumores sobre o extermínio são provenientes unicamente de fontes judaicas.

O IHR diz (edição revisada):

Não se poderia ter mantido em segredo. O fato é que nunca foram realizados gaseamentos em massa em lugar algum. As histórias sobre extermínios se originaram como propaganda sobre atrocidades cometidas na guerra.

Nizkor responde:

Os nazistas dedicaram um grande esforço para manter em segredo o processo de extermínio, ainda que no final foi revelado. Por exemplo, ver o testemunho do Dr. Hans Münch, que disse que fez público os gaseamentos e o processo de extermínio:


...haveria sido algo completamente inútil que em pouco tempo haveria causado que
minha família e eu tivéssemos sido liquidados, já que a Gestapo estava tão
organizada e as ameaças por não respeitar o sigilo que rodeava os extermínios de
Auschwitz eram tão claramente expressos que todos evitavam contar inclusive a
seus melhores amigos. A experiência nos ensinou que qualquer pessoa que falasse
sobre o tema era rapidamente caçado, já que a Gestapo seguia o rastro de
qualquer rumor que se difundisse sobre Auschwitz.

Ver também o veredito de um tribunal alemão em 1943 contra o SS-Untersturmführer Max Taubner, que além de revelar a existência do processo de extermínio, também deixa claro que o acusado deveria ser castigado por tirar fotografias do processo:


Por tirar fotografias dos incidentes ou deixar fazer fotos, por levar a
revelar as origens das fotografias e por mostrá-las a sua mulher e amigos,
o acusado é culpado de um delito de desobediência. Estas fotos poderiam supor um
dos maiores perigos para a segurança do Reich se cairem em mãos erradas...

Os poloneses que viviam perto dos campos sabiam que estava tendo lugar um extermínio, já que viam chegar em trens centenas de milhares de judeus aos campos que não podiam alojar nem a décima parte deles, e porque a quantidade de comida que se levava aos campos era muito menor que a necessária para alimentar a tanta gente. Viam que os trens saíam do campo carregados com roupas e pertences das vítimas, além de sentir os cheiros de carne queimada. Sabiam que isto estava ocorrendo e não contaram ao mundo.

Finalmente, observe-se a eliminação da frase "unicamente de fontes judaicas". Quando o revisionismo começava sua caminhada, não lhe importava jogar ao público seus pré-juizos. Hoje em dia, trata de dirigir-se ao público em geral e está mais cuidadoso. Este fenômeno é observado com frequência.

domingo, 16 de setembro de 2007

Salvadores Alemães 2 - Else Blochwitz e Elisabeth Bussian

Else Blochwitz

"Else Blochwitz (nascida em 1899) vivia junto com sua amiga Margarete Dietrich num apartamento grande na rua Kürfürstendamm em Berlim. Já desde meados dos anos '20 era uma conhecida opositora ao regime nazi e manifestava seu protesto nas atividades públicas do NSDAP (Partido Nacional-Socialista Alemão). Ao ministério de propaganda nazi, chamou-lhe atenção a sua facilidade de se expressar e tratou de capturá-la para suas fileiras. Else recusou a proposta e por causa disso foi posta sob vigilância especial da Gestapo.

Depois das leis de Nuremberg (1935) se propôs a ajudar judeus: deu assistência a muitos para que emigrassem da Alemanha. Entre 1938 e 1941 acolheu temporariamente refugiados em sua casa. Ao se negar a expulsar de seu apartamento a sua inquilina e amiga judia Herta Arndt foi obrigada a pôr a estrela de David na porta de sua casa. A partir desse momento começou a receber "cartões de alimentação para judias", que correspondiam a uma dieta alimentar reduzida.

Finalmente não pode evitar que sua amiga Herta Arndt fosse deportada a Minsk em novembro de 1941.

O alcance total da atividade de apoio e das ações de resgate de Elsa Blochwitz e Margarete Dietrich é difícil de reconstituir. Muitos dos refugiados a quem elas lhes deram refúgio em suas casas, ou aos quem provinham com cartões de alimentação ou roupa, não sabiam os nomes reais destas mulheres duas mulheres, já que elas se apresentavam unicamente com o codinome de "Black". Por sua função de responsável dos refúgios contra os bombardeios aéreos, Elsa Blochwitz tinha conhecimento sobre sótãos sem uso que serviram de esconderijo. Além disso redigiu volantes opositores ao regime nazi que distribuía durante os ataques aéreos.

Finalizada a guerra Elsa Blochwitz sofreu, de acordo com seu próprio testemunho, uma "decaída pessoal e total". Logo depois da liberação, continuou compartilhando seu apartamento com Rita Grabowski, uma judia a quem alojava clandestinamente desde 1944."

Elisabeth Bussian

"Nascida em 1907, era filha de um lar social-democrata. Em 1930 se casou com o professor Walter Bussian. Com sua filha Renate viviam num bairro burguês de Berlim. Ao se agravar a discriminação e privação de direitos aos judeus, os Bussian apoiavam tanto a seus vizinhos judeus Martha Pietrowski com sua filha Käthe, assim como ao casal Amalie e Paul Ballo, facilitando-lhes alimentos e outras ajudas.

Em agosto de 1942 Martha Pietrowski foi deportada ao campo de concentração de Theresienstadt. Nos meses seguintes a filha dos Pietrowski e o casal Ballo também foram deportados, com o qual Elisabeth e Walter Bussian foram encontrar a advogada Anita Eisner - uma amiga de Käthe Pietrowski - e lhe manifestaram seu desejo de salvá-la da deportação iminente. Na noite de 3 de março de 1943 os Bussian foram a casa de Anita Eisner para ajudá-la a abandonar seu apartamento. Apenas haviam entrado, e a Gestapo golpeou a porta de Anita Eisner. O casal e a advogada conseguiram escapar pela escada traseira. Anita Eisner encontrou abrigo na casa dos Bussian, que continuaram a apoiá-la posteriormente em outros esconderijos.

Através de Anita Eisner, os Bussian conheceram Richard e Vally Wiener, que viviam em "Mischehe" (Casamento misto). Dado que seu matrimônio havia sido dissolvido forçosamente, Richard Wiener estava ameaçado de deportação imediata. Os Bussian o escondiam durante o dia e na casa deles ele podia se encontrar com sua esposa não judia.

Depois de um bombardeio em novembro de 1943, durante o qual seu apartamento foi destruído, Elisabeth Bussian foi viver no campo com sua filha. Walter Bussian - chamado às fileiras desde 1939 - esteve estacionado em Berlim entre 1942 e 1944.

Graças a ajuda dos Bussian, Richard Wiener e Anita Eisner conseguiram sobreviver."

Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Else Blochwitz http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/else-blochwitz/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50402
Elisabeth Bussian http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/elisabeth-bussian/
Link morto: http://www.raoulwallenberg.net/go/?50403
Título original: Salvadores Alemanes - Else Blochwitz y Elisabeth Bussian
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Salvadores Alemães 3 - Os Daene e os Heller

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Salvadores Alemães 1 - Franziska Bereit

Resgate de judeus na Alemanha Nacional-Socialista

A FIRW e o Centro para a Investigação do Antissemitismo da Universidade Tecnológica de Berlim, dirigido pelo Dr. Wolfgang Benz, começaram a difusão mundial do registro de salvadores alemães cujos resgates tiveram lugar entre os anos 1933 a 1945 na Alemanha. O objetivo do projeto é proporcionar uma nova definição em relação término da resistência, para muitos alemães ajudar os judeus era o único modo de expressar sua desobediência ao Nacional-Socialismo.

Franziska Bereit

Placa recordativa de Franziska Bereit
em Berlim
"A viúva Franziska Bereit criou as filhas Adelheid e Therese, da família judia Silbermann, em Wedding, um bairro operário de Berlim. Ainda no período da repressão mantinha um contato permanente com a família, proporcionando-lhes cartão de alimentação e intentando proteger-lhes na medida de suas possibilidades.

Quando em 1943 Adelheid conseguiu escapar da grande blitz contra todos os judeus que todavia viviam em Berlim, buscou refúgio com Franziska Bereit, que tinha o apoio de suas duas filhas e seu filho. Ofereceu que Adelheid Silbermann escondesse em seu apartamento, onde vivia junto com seu neto de doze anos.

Depois de um ataque aéreo que destruiu o esconderijo da irmã de Adelheid, Therese, que se refugiava ali junto a seu marido, Francisca Bereit os acolheu também em seu pequeno apartamento. Adelheid, Therese e seu esposo sobreviveriam aí enquanto que seus pais foram deportados e assassinados.
A placa recordativa de Fraziska Bereit em Berlim diz: "Por detrás daqueles rastros de mulheres valentes, FRANZISKA BEREIT resgatou da perseguição a família Silberman durante os anos de 1939-42, arriscando sua própria vida."

É uma iniciativa do Grupo Juvenil de Mulheres do bairro de Wedding.
Bibliografia

1.
Kurt R. Grossmann, Die unbesungenen Helden, Berlin 1957, S. 88ff.
2. Hans-Rainer Sandvoß, Widerstand in einem Arbeiterbezirk (Wedding), (Hrsg. Gedenkstädte Deutscher Widerstand), Berlin 1987, S. 90.

Lista com o nome de todos os alemães que ajudaram judeus na segunda guerra:
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/504022.htm
Links alternativos 1 e 2:
http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/listado-completo-salvadores/
http://www.raoulwallenberg.net/es/category/salvadores/alemanes/

Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Link atual do texto: http://www.raoulwallenberg.net/es/salvadores/alemanes/rescate/franziska-bereit/
Link morto (antigo): http://www.raoulwallenberg.net/go/?50401
Título original: Salvadores Alemanes - Franziska Bereit
Tradução Roberto Lucena

Ver também:
Salvadores Alemães 2 - Else Blochwitz e Elisabeth Bussian

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Os Ciganos e o Holocausto: Sinti e Roma

Sinti e Roma
Um grupo de prisioneiros romani, à espera de instruções de seus captores alemães, sentados em um espaço aberto próximo à cerca do Campo de Concentração de Belzec.

Foto: Archives of Mechanical Documentation, apud USHMM Photo Archives http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/victroma.htm

Romanis(genericamente mas incorretamente chamados de Ciganos) eram considerados pelos nazistas párias da sociedade. Durante a República de Weimar – o denominado governo alemão de 1918 a 1933 – leis anti-romani foram amplamente disseminadas. Estas leis exigiam que se reportassem às autoridades, proibiam a livre locomoção, e os enviaram para campos de trabalho forçado. Quando os nazistas assumiram o poder, estas leis permaneceram em vigor e foram aprofundadas. Sob as diretrizes da lei de esterilização de julho de 1933, muitos romanis foram esterilizados contra a vontade.

Em novembro de 1944, a “Lei contra Criminosos Perigosos Habituais” (Law Against Dangerous Habitual Criminals) foi aprovada. Cumprindo a lei, a polícia começou a prender romanis juntamente com outros considerados “associais”. Mendigos, errantes, os sem-teto, e alcoólatras foram presos e mandados para campos de concentração.

As leis raciais de Nuremberg, aprovadas em 15 de setembro de 1935, não mencionavam especificamente romanis, mas eles foram considerados, ao lado de judeus e “negros”, como parte de minorias “racialmente distintas” de “sangue estrangeiro”. Desta forma, foram-lhes proibidos casamentos com “Arianos”. Eles também foram destituídos de seus direitos civis.

No verão de 1938, um grande contingente romani proveniente da Alemanha e da Áustria foi detido e enviado para campos de concentração. Utilizavam como sinal de identificação triângulos pretos (destinados aos “associais”) e eventualmente a letra “Z”.

Da mesma forma que ocorrera com os judeus, o início da guerra em setembro de 1939 conflito encrudeceu a política nazista em relação grupo romani. Sua “recolonização para o Leste” e seu extermínio em massa encontraram seu paralelo na deportação e assassinato sistemático de judeus. É difícil estimar quantos romanis foram assassinados. A estimativa varia em torno de 220.000 a 500.000.

Fonte: Dr. William L. Shulman, A State of Terror: Germany 1933-1939. Bayside, New York: Holocaust Resource Center and Archives.
Site: http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/victroma.htm
Tradução: Marcelo Hiramatsu Azevedo

sábado, 8 de setembro de 2007

Crônicas de um Pe. francês sobre o Holocausto na Ucrânia

As Crônicas de um Pe. francês sobre o Holocausto na Ucrânia
13.11.2006 // Digest //
por Sarah Wildman,”The Christian Science Monitor,” 9 de Novembro de 2006

"História de fundo: A cruzada de um padre no Holocausto
Patrick Desbois é uma consciência e cronista de um massacre pouco conhecido de Judeus na Ucrânia.

PARIS – As confissões que o Pe. Patrick Desbois recebe não vêm de seus paroquianos. Não são feitas em confessionários fechados. Nem mesmo vêm de seus compatriotas. As palavras que o padre francês ouve são de confissões de aldeões da Ucrânia - as últimas testemunhas do assassínio em massa de judeus numa parte pouco conhecida do Holocausto há mais de 60 anos atrás.

Ele reconta uma história - apenas uma das milhares que ouviu - de uma mulher ucraniana que recebeu ordens dos soldados nazis para cozinhar-lhes o jantar. Enquanto jantavam, os 25 alemães saíram em duplas para assassinar judeus. Quanto todos terminaram de jantar, eles haviam acertado 1,200. Era a primeira vez que a mulher tinha contado a história. "Estas pessoas queriam absolutamente falar antes de morrerem," disse o Padre Desbois das testemunhas. "Eles queriam dizer a verdade."

Pe. Patrick Desbois tornou-se um dos principais cronistas do mundo do que os franceses chamam de 'Shoah par Balles' - 'O Holocausto de balas'. Embora não sendo judeu ou ucraniano, ele gasta metade de seu ano percorrendo a paisagem ucraniana assolada pela pobreza para documentar a aniquilação de dezenas de milhares de judeus nas mãos de grupos volants de Nazis chamados de Einsatzgruppen.

É um trabalho que ele mesmo escolheu,e que levou o jornal israelense Haaretz a descrevê-lo como "Patrick o Santo." Embaraçado, Desbois chama a caracterização de 'midrash' - expressão hebraica para exagero.

O padre, que tem devotado sua vida clerical ao combate do anti-semitismo, está descobrindo, aldeia por aldeia, valas comuns não identificadas da era do Holocausto. Aqui os judeus foram abatidos, um a um, mãe em frente ao filho, filho em frente ao pai.

O "Holocausto das balas" era tão brutal quanto o extermínio de judeus em câmaras de gás, inanição, e de outras maneiras em Auschwitz e outros lugares da Europa. No entanto a profundidade e detalhes da tragédia na Ucrânia apenas recentemente vieram à tona.

Em aldeias locais, adolescentes e crianças foram forçados a ajudar a cavar as covas, arrancar dentes de ouro de vizinhos, e tiravam pilhas de roupas enquanto seus amigos tremiam, aguardando a morte. Estas crianças, agora homens e mulheres idosos, nunca haviam sido questionados sobre o que eles viram, o que eles foram forçados a presenciar. Nunca, isto é, até eles encontrarem um humilde padre andando pelos seus bosques em sua batina.

"Isto é muito, muito importante," diz Edouard Husson, um historiador da Sorbonne em Paris e um consultor de projeto. A originalidade do trabalho de Desbois é que "ele foi o primeiro a ter a idéia de ir até as testemunhas ucranianas - os espectadores."
***

Aos vinte e poucos anos, quando iniciava seu caminho para uma vida de fé, Desbois era perseguido por uma pergunta: "O que Deus quer que eu faça?" Pouco sabia ele então, em meados dos anos de 1970s, que eventualmente ele mesmo responderia à pergunta, ao se tornar uma ponte humana entre o mundo judaico moderno e a Igreja Católica e um principal conduto através do qual o Holocausto seria relembrado.

A jornada de Desbois até os bosques da Ucrânia é enraizada numa rara fé, numa expansiva humanidade, e num vínculo pessoal. Ele nasceu em Burgundy, França, em 1955 numa família profundamente afetada pela ocupação alemã. Dois de seus primos foram deportados pelos Nazistas. Seu avô, como outros 25,000 soldados franceses, foi mantido num campo nas fronteiras da Polônia, Ucrânia e Rússia. "Nós nos sentimos como fazendo parte na mesma história que os judeus," diz Desbois. E ainda assim seu avô sempre dissera que seu internamento não fora nem de longe tão terrível quanto fora para "os outros."

Desbois estudou matemática e passou vários anos anos lecionando em Burkina Faso no oeste da África. Aos 21 anos, ele se uniu ao grupo de Madre Teresa por três meses em Calcutá, cuidando dos moribundos. Quando decidiu dedicar sua vida à Igreja, sua família - não particularmente religiosa - ficou horrorizada.

Depois do seminário, ele seguiu por um breve período a vida de um padre "normal" - realizando batismos e fazendo sermões semanais. Logo foi indicado pelo Cardeal de Lyon para ajudar nas relações entre a Igreja e a comunidade judaica. Desbois já estava estudando judaismo, e começara a aprender hebraico.

Até hoje, ele ajuda a organizar conferências entre católicos e judeus, e lidera jornadas de estudo do Holocausto para jovens católicos e outros estudantes. Numa destas viagens ao fim da década de '90, ele visitou o campo de aprisionamento de seu avô. Um memorial que havia lá estava quase totalmente destruído.

Ao longo de anos, enquanto ele trabalhava para reparar o memorial, ele continuava perguntando sobre "os outros." O prefeito da aldeia mostrou-lhe onde os prisioneiros soviéticos do campo estavam enterrados. "Eu disse, 'OK, [e] onde está as sepulturas em massa dos judeus?' " Desbois recorda. "Ele me disse, 'Eu não sei. Nós nunca as encontramos.' E eu disse, 'Como pode ser que mais de 10,000 judeus tenham sido assassinados na aldeia... e você não sabe?' "

Um prefeito recém-eleito lembrou-se da pergunta de Desbois. Na próxima vez que o padre retornou, 110 fazendeiros estavam a sua espera. "Em um dia, descobri que nós não só podíamos achar as valas comuns com precisão, como podíamos também achar testemunhas que ... estiveram presentes na execução." O prefeito disse que ele ajudaria Desbois a achar as valas comuns nas 100 próximas aldeias. Em 2004, com fundos iniciais da Fundação para a Memória da Shoah, um grupo francês, o projeto Ucrânia nasceu. A equipe de Desbois mapeou 500 sepulturas não identificadas até agora. Ele acredita que outras 1,700 existam.

"Temos o dever de perguntar, 'Onde estão as sepulturas?' " Disse ele simplesmente.
***

O escritório de Desbois é um tanto quanto modesto para um homem. Entrando na parte operária de Paris, em um edifício modernista sombrio, um frágil elevador abre para uma suíte periclitante do escritório. As paredes estão cobertas de images de Jerusalém e um calendário de 2006 de feriados judaicos. Sobre uma mesa repousa uma menorá de bronze maciço com a qual a B'nai B'rith Internacional recentemente o premiou por seu trabalho pelos direitos humanos.

Desbois atende ele mesmo a campanhia. Ele tem cabelos escuros, e suas mãos movem-se continuamente enquanto ele explica seu projeto. Ele está atarefado e cansado. Quarta-feita ele esteva em Londres em um encontro com nove rabinos. Um deles irá supervisionar a pesquisa na Ucrânia. Desbois é cauteloso para que seu trabalho siga a halacha, ou lei judaica.

Desbois conta com uma equipe enxuta. Um estudante na Alemanha vasculha arquivos da polícia, que são então comparados referências nos arquivos soviéticos no Distrito de Colúmbia em Washington(EUA), para contextualizar o período. Então Desbois procura por três testemunhas oculares não relacionadas. Ele se aproxima delas como um padre, em sua batina, com sua maneira gentil. Ele reconstrói os massacres através de seus relatos - onde os judeus andaram, onde os assassinos estavam. Especialistas em balística analisam os cartuchos vazios encontrados nas sepulturas. Cada testemunha é entrevistada, fotografada, e filmada.

"Ele nunca fez ninguém sentir-se culpado," diz Anne-Marie Revcolevschi, diretora da Fundação Francesa da Shoah, que viajou com Desbois. "Ele está apenas tentando entender o que aconteceu."

Desbois tira uma série de álbuns negros cheios de fotografias que poderiam passar por imagens do século XIX. Numa Ucrânia rural, as estradas não são asfaltadas, os rostos das pessoas profundamente marcados por rugas.

Quando a equipe de Desbois chega nas áreas mais remotas, isoladas por estradas cheias de buracos, as pessoas dizem a ele: os Nazistas fizeram o mesmo trajeto, simplesmente para matar. Ele mostra uma foto de um homem idoso chorando. Como outras testemunhas de massacres, este homem viu uma cova "ainda se mexendo" depois de três dias: em todas as aldeias, muitos foram enterrados ainda vivos.

"Não é sempre fácil," diz Desbois de seu trabalho. "E quando é difícil demais, eu sempre penso [no] meu avô [que] esteve aqui por três anos num campo e viu tudo. Eu, eu sou livre." Ele suspira. "O que eu quero é que cada lugar seja respeitado como lugares humanos," diz ele. " Eu quero recuperar a memória porque ninguém foi testemunha [disto] exceto aquelas pessoas que eu encontrei. E elas estão muito idosas. Então nós temos que nos apressar para salvar a memória."

Fonte: The Christian Science Monitor/RISU - Religious Information Service of Ukraine
http://www.risu.org.ua/eng/religion.and.society/digest/article;12790/
http://www.csmonitor.com/2006/1109/p20s01-lire.html
Tradução: Roberto Lucena

Para mais informações(fotos), contribuição de Lise:
http://www.yahadinunum.org/recherches.en.html
Em francês: TF1
http://tf1.lci.fr/infos/monde/europe/0,,3379523,00-enquete-sur-shoah-par-balles-.html

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

A demissão de Finkelstein

Professor norte-americano que diz que os judeus usam o Holocausto para reprimir críticos demite-se
pela Associated Press

Um professor da Universidade de Chicago que provocou críticas ao acusar alguns judeus de incorretamente usar a 'herança'(legado)do Holocausto aceitou na quarta-feita imediatamente demitir-se para surpresa de todos.

Funcionário e cientista político da Universidade DePaul o professor Norman Finkelstein emitiu uma declaração coletiva anunciando a demissão, que veio junto com uma centena de manifestantes que reuniram-se fora do escritório do decano para apoiá-lo.

Finkelstein, que é filho de sobreviventes do Holocausto, teve negada sua permanência em Junho depois de passar seis anos na faculdade de DePaul. Sua classe restante foi cortada pela DePaul no último mês.

Seu mais recente livro, "Beyond Chutzpah: On the Misuse of Anti-Semitism and the Abuse of History(Além de Chutzpah: o mau uso do anti-semitismo e o abuso da história)", é em grande parte um ataque ao livro "The Case For Israel(Em defesa de Israel)" do professor de direito de Harvard, Alan Dershowitz.

Em seu livro, Finkelstein sustenta que Israel usa o observado anti-semitismo como uma arma para sufocar/abafar a crítica.

Dershowitz, que ameaçou processar o editor de Finkelstein por difamação, instou a direção da DePaul a rejeitar o pedido de permanência de Finkelstein.

Finkelstein disse na declaração que acredita que a decisão de permanência foi contaminada por pressões externas, mas elogiou o papel honorável da universidade
de proporcionar um "paraíso da erudição"(local de grande aprendizado acadêmico)para ele nos últimos seis anos.

A universidade negou que partidos de fora influenciaram na decisão de negar a permanência de Finkelstein. A parte da declaração feita pela Universidade chamou Finkelstein de prolífico acadêmico e um destacado professor.

Finkelstein mencionou o reconhecimento da Universidade como a parte mais importante da declaração.

"Eu senti que definitivamente tinha conseguido o que era meu limite e que talvez era hora, para surpresa de todos, de seguir adiante," disse ele nas a news conference que se seguiram na manhã da manifestação organizada por estudantes na faculdade que carregavam faixas e reivindicações como "parem com a caça às bruxas."

Finkelstein adicionou: "os estudantes da DePaul demonstraram um estupendo espírito elevado em minha defesa que deveria ser invejado e servir de exemplo para cada universidade dos Estados Unidos."

O professor não discutiria termos financeiros do acordo de demissão, que ele disse era confidencial, mas apontou que não faz cerimônia em falar sobre questões que concernem a ele, incluindo a injustiça do processo de permanência.

Ele também disse que não sabe o que ele irá fazer a seguir, mas chegou a se dar conta antes da Quarta-feira de que "a atmosfera tinha ficado tão envenenada que era virtualmente impossível para mim, continuar na DePaul. O mínimo que eu poderia esperar era deixar a DePaul com minha cabeça erguida e minha reputação intacta."

Dershowitz era crítico da universidade. "A DePaul parece que cedeu a pressão," disse ele numa entrevista por telefone. "A idéia dele é se descrever como acadêmico que negocia a verdade, por conveniência. Ele é um propagandista e não um acadêmico."

Ainda, Dershowitz disse, "Estou feliz por ele estar fora da academia. Deixe-o fazer sua ostentação nas esquinas."

Fonte: AP/Haaretz
http://www.haaretz.com/hasen/spages/901583.html
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Poloneses: Vítimas da Era Nazista, 1933-1945

Poloneses: Vítimas da Era Nazista

Durante a II Guerra Mundial, a Polônia sofreu muito sob cinco anos de ocupação alemã. A ideologia nazista via os "poloneses" - a maioria étnica predominantemente católica romana - como "sub-humanos", ocupando terras vitais à Alemanha. Como parte da política de destruir a resistência polonesa, os alemães mataram muitos dos líderes políticos, religiosos e intelectuais nacionais. Eles também sequestraram crianças julgadas racialmente adequadas para adoção por alemães e confinaram poloneses em dúzias de prisões e campos de concentração e trabalhos forçados, onde muitos pereceram.

A INVASÃO E OCUPAÇÃO DA POLÔNIA

As forças alemãs invadiram a Polônia em 1º de setembro de 1939. Soldados poloneses lutaram bravamente apesar, de diante de forças muito melhor equipadas, com violentos combates ao redor de Varsóvia. Sem comida e água, a capital assediada rendeu-se em 27 de setembro, e a luta do exército regular polonês terminou no início de outubro.

O pretexto de Hitler para expansão militar no sentido leste era a "necessidade" de mais Lebensraum, "espaço vital", para a nação alemã. Na véspera da invasão, diz-se que ele afirmou numa reunião de altos oficiais:
"Eu dei a ordem, e eu mandarei executar por pelotão de fuzilamento qualquer um que disser uma só palavra de crítica, que nosso propósito na guerra não consiste em alcançar certas linhas, mas na destruição do inimigo. Por essa razão, eu posicionei minhas formações Totenkopf em prontidão - por enquanto só no leste - com ordens para mandar para a morte sem piedade e sem compaixão, homens, mulheres e crianças de origem e língua polonesa. Só assim nós ganharemos o espaço vital de que necessitamos."
Em 1939, a Alemanha anexou diretamente a região fronteiriça oeste e norte da Polônia, terras disputadas onde muitos alemães étnicos (Volksdeutsche) residiam. Em contraste, as áreas mais amplas, central e sul, foram dispostas num "Governo Geral" separado, que era governado pelo administrador civil alemão Hans Frank. Cracóvia tornou-se a capital do Governo Geral, enquanto os alemães planejavam transformar a capital polonesa de Varsóvia numa cidade atrasada. Depois que a Alemanha invadiu a União Soviética em 1941, a Alemanha também capturou a parte oriental da Polônia. (Este território havia sido invadido e ocupado pelos soviéticos em setembro de 1939, de acordo com o Pacto Germano-Soviético de Não-Agressão de Agosto de 1939, que dividiu a Polônia entre a Alemanha e a União Soviética.)

Um aspecto da política alemã na Polônia conquistada propunha-se a prevenir que sua população etnicamente diversa se unisse contra a Alemanha. "Nós precisamos dividir [os muitos grupos étnicos diferentes da Polônia] em tantas partes e grupos menores quanto possível", escreveu Heinrich Himmler, chefe da SS, em um memorando altamente confidencial, "O Tratamento de Estranhos Raciais no Leste", datado de 25 de maio de 1940. De acordo com o censo de 1931 por língua, 69% da população que totalizava 35 milhões de habitantes falavam polonês como sua língua materna. (A maioria deles eram católicos romanos). Quinze por cento eram ucranianos, 8,5% judeus, 4,7% bielo-russos, e 2,2% Alemães. Cerca de três quartos da população eram camponeses ou trabalhadores agrícolas, e outro quinto, trabalhadores industriais. A Polônia tinha uma pequena classe média e alta de profissionais, empreendedores e proprietários
rurais bem instruída.

Em contraste com a política genocida nazista que se dirigia a todos os 3,3 milhões de homens, mulheres e crianças judias da Polônia, os planos nazistas para a maioria católica polonesa apontava no assassinato ou supressão de líderes políticos, religiosos e intelectuais. Esta política tinha dois objetivos: primeiro, evitar que as elites polonesas organizassem resistência ou mesmo reagrupassem numa classe governante; segundo, explorar a falta de líderes da Polônia, a maioria de camponeses e operários menos instruídos como trabalhadores não especializados na agricultura e
indústria.

TERROR CONTRA A INTELIGÊNCIA E O CLERO

Durante a invasão alemã de 1939 contra a Polônia, esquadrões de ações especiais da SS e da polícia (os Einsatzgruppen) foram posicionados na retaguarda, prendendo ou matando os civis que eram pegos resistindo aos alemães ou considerados capazes de fazê-lo conforme determinado pela sua posição ou status social. Dezenas de milhares de proprietários ricos, clérigos, e membros das inteligências das autoridades governamentais, professores, médicos, dentistas, oficiais, jornalistas, e outros (tanto poloneses quanto judeus) - eram ou assassinados em execuções em massa ou enviados para prisões e campos de concentração. Unidades do exército alemão e forças de "autodefesa" compostas de Volksdeutsche também participavam nas execuções de civis. Em muitos casos, essas execuções eram ações de represália que consideravam comunidades inteiras coletivamente responsáveis pela morte de alemães.

Durante o verão de 1940, a SS capturou membros da inteligência no Governo Geral. Nessa chamada Ação A-B (Operação Extraordinária de Pacificação), vários milhares de professores universitários, professores, padres, e outros foram fuzilados. Os assassinatos em massa ocorreram do lado de fora de Varsóvia, na floresta Kampinos próxima a Palmiry, e dentro da cidade na prisão Pawiak.

Como parte de esforços mais amplos para destruir a cultura polonesas, os alemães fecharam e destruíram universidades, escolas, museus, bibliotecas, e laboratórios científicos. Eles demoliram centenas de monumentos a heróis nacionais. Para prevenir o nascimento e uma nova geração de poloneses educados, funcionários alemães decretaram que o sistema escolar para crianças polonesas terminasse alguns anos após o curso primário. "O único objetivo desse sistema escolar é ensiná-los aritmética simples, nada acima do número 500; escrever o próprio nome; e a doutrina de que é lei
divina obedecer aos alemães. . . . Eu não acho que ler é desejável", escreveu Himmler em seu memorando de maio de 1940.

Nas terras anexadas, o objetivo dos nazistas era a completa "germanização" para assimilar os territórios política, cultural, social e economicamente dentro do Reich alemão. Eles aplicaram esta política mais rigorosamente nos territórios ocidentais incorporados - o chamado Warthegau. Lá, os alemães fecharam até mesmo escolas primárias onde o polonês era a linguagem de ensino. Eles renomearam ruas e cidades de tal forma que Lodz tornara-se Litzmannstadt, por exemplo. Eles também capturaram dezenas de milhares de empresas polonesas, de grandes firmas industriais a pequenas lojas, sem pagamento aos proprietários. Avisos postados em locais públicos alertavam "Entrada proibida para poloneses, judeus e cães."

A Igreja Católica Romana foi suprimida em toda a Polônia porque, historicamente, ela havia levado forças nacionalistas polonesas a lutar pela independência da Polônia contra o domínio externo. Os alemães tratavam a Igreja mais duramente nas regiões anexadas, enquanto fechavam sistematicamente igrejas nesses locais; a maioria dos padres foram mortos, presos ou deportados para o Governo Geral. Os alemães também fecharam seminários e conventos, perseguindo monges e freiras. Entre 1939 e 1945, calcula-se que 3.000 membros do clero polonês foram mortos; destes, 1.992 morreram em campos de concentração, 787 deles em Dachau.

EXPULSÕES E SEQUESTRO DE CRIANÇAS

A germanização das terras anexadas também incluía um programa ambicioso para reassentar alemães do Báltico e outras regiões em fazendas e outras moradias antes ocupadas por poloneses e judeus. Desde outubro de 1939, a SS começou a expulsar poloneses e judeus do Warthegau e do corredor de Dantzig e transportá-los para o Governo Geral. Pelo final de 1940, a SS havia expulsado 325.000 pessoas sem aviso e saqueado suas propriedades e pertences. Muitos idosos e crianças morreram durante a viagem ou em campos de passagem provisórios, tais como os das cidades de Potulice, Smukal e Torun. Em 1941, os alemães expulsaram mais 45.000 pessoas, mas eles reduziram o programa depois da invasão da União Soviética no final de junho de 1941. Trens usados para o reassentamento foram necessitados com urgência para o transporte de soldados e suprimentos para o front.

No final de 1942 e em 1943, a SS também executou expulsões maciças no Governo Geral, arrancando 110.000 poloneses de 300 vilarejos na região de Zamosc-Lublin. Famílias foram destruídas enquanto adolescentes e adultos fisicamente sadios eram levados para trabalhos forçados e velhos, jovens e pessoas incapacitadas eram movidos para outras localidades. Dezenas de milhares também eram aprisionados nos campos de concentração de Auschwitz ou Majdanek.

Durante as expulsões de Zamosc, os alemães tiraram muitas crianças de seus pais para serem racialmente avaliados para possível adoção por pais alemães no programa SS Lebensborn ("Fonte de Vida"). Nada menos que 4.454 crianças escolhidas para germanização receberam nomes alemães, foram proibidas de falar polonês, e reeducadas em outras instituições SS ou nazistas, onde muitas morreram de fome e doenças. Poucas viram seus pais novamente. Um número maior de crianças foram rejeitadas como inadequadas para germanização depois de não passarem nos critérios dos cientistas raciais para estabelecer uma ancestralidade "ariana"; elas foram mandados para lares infantis ou mortas, algumas delas em Auschwitz, através de injeções de fenol. Um total calculado em 50.000 crianças foram sequestradas na Polônia, a maioria levadas de orfanatos e lares adotivos nos territórios anexados. Crianças nascidas de mães polonesas deportadas para Alemanha como trabalhadoras rurais e industriais também eram normalmente tiradas de suas mães e submetidas à germanização. (Se um exame do pai e da mãe sugerisse que uma criança "racialmente valiosa" não poderia resultar da união, o aborto era compulsório.)

As expulsões de Zamosc motivaram intensa resistência enquanto os poloneses começavam a temer que eles fossem sofrer o mesmo destino dos judeus - deportação sistemática para campos de extermínio. Ataques contra colonos alemães étnicos por membros da resistência polonesa, cujas fileiras estavam cheias de camponeses ameaçados, por sua vez, provocaram execuções em massa ou outras formas de terror alemão.

Através da ocupação, os alemães aplicaram uma política de retaliação dura, numa tentativa de destruir a resistência. Enquanto a resistência polonesa tornava-se mais forte em 1943 depois da derrota alemã em Stalingrado, esforços de represália alemã degringolavam-se. Os alemães destruíram dezenas de vilarejos, matando homens, mulheres e crianças. Execuções públicas por enforcamento ou fuzilamento em Varsóvia e outras cidades ocorriam diariamente. Durante a guerra, os alemães destruíram no mínimo 300 vilarejos na Polônia.

TRABALHO FORÇADO E O TERROR DOS CAMPOS

Entre 1939 e 1945, pelo menos 1,5 milhões de cidadãos poloneses foram transportados para o Reich para trabalhar, a maioria deles contra a própria vontade. Muitos eram garotos e garotas adolescentes. Embora a Alemanha também usasse trabalhadores forçados da Europa Ocidental, os poloneses, junto com outros europeus orientais vistos como inferiores, eram submetidos a medidas discriminatórias especialmente brutais. Eles eram forçados a usar a letra "P" púrpura identificadora em suas roupas, eram submetidos a um toque de recolher, e proibidos no transporte público. Enquanto o real tratamento combinado a trabalhadores braçais de fábricas ou fazendas muitas vezes variasse dependendo de cada empregador, trabalhadores poloneses como via de regra eram forçados a trabalhar mais tempo por menores salários que os trabalhadores europeus, e em muitas cidades eles viviam em alojamentos segregados atrás de arame farpado. Relações sociais com alemães fora do trabalho eram proibidas, e relações sexuais com eles eram considerados como "profanação racial", punível com morte. Durante a guerra, centenas de homens poloneses foram executados por suas relações com mulheres alemãs.

Poloneses foram prisioneiros em quase todos os campos no amplo sistema de campos na Polônia ocupada pelos alemães e no Reich. Um importante complexo de campos em Stutthof, a leste de Dantzig, existiu de 2 de setembro de 1939 até o final da guerra, e estima-se que 20.000 poloneses lá morreram como resultado de execuções, trabalhos pesados, e condições duras. Auschwitz (Oswiecim) tornou-se o principal campo de concentração para poloneses depois da chegada naquele local, em 14 de junho de 1940, de 728 homens transportados de uma prisão superlotada em Tarnow. Em março de 1941, 10.900 prisioneiros foram registrados no campo, a maioria deles poloneses.
Em setembro de 1941, 200 prisioneiros doentes, a maioria deles poloneses, junto com 650 prisioneiros soviéticos de guerra, foram mortos nos primeiros experimentos com gás em Auschwitz. A partir de 1942, a população carcerária de Auschwitz tornou-se muito mais diversificada, enquanto judeus e outros "inimigos de estado" de todas as regiões da Europa ocupada eram deportados para o campo.

O estudioso polonês Franciszek Piper, historiador chefe de Auschwitz, estima que de 140.000 a 150.000 poloneses foram trazidos para aquele campo entre 1940 e 1945, e que de 70.000 a 75.000 lá morreram como vítimas de execuções, de experimentos médicos cruéis, e de fome e doenças. Cerca de 100.000 poloneses foram deportados para Majdanek, e dezenas de milhares deles morreram naquele local. Estima-se que 20.000 poloneses morreram em Sachsenhausen, 20.000 em Gross-Rosen, 30.000 em Mauthausen, 17.000 em Neuengamme, 10.000 em Dachau, e 17.000 em Ravensbrück. Além disso, vítimas totalizando dezenas de milhares foram executadas ou morreram nos milhares de outros campos - incluindo-se os campos especiais para crianças, tais como Lodz e seu subcampo, Dzierzazn - e em prisões e outros locais de detenção dentro e fora da Polônia.

RESISTÊNCIA POLONESA

Em resposta à ocupação alemã, os poloneses organizaram um dos maiores movimentos de resistência na Europa, com mais de 300 grupos e subgrupos políticos e militares amplamente apoiados. Apesar da derrota militar, o próprio governo polonês nunca se rendera. Em 1940, um governo polonês no exílio passou a basear-se em Londres. Grupos de resistência dentro da Polônia estabeleceram tribunais clandestinos para julgar colaboradores e outros e escolas clandestinas em resposta ao fechamento pelos alemães de muitas instituições educacionais. As universidades de Varsóvia, Cracóvia e Lvov operavam todas clandestinamente. Oficiais do exército regular polonês lideraram uma força armada clandestina, o "Exército Nacional" (Armia Krajowa-AK). Depois de atividades organizacionais preliminares, incluindo o treinamento de combatentes e esconderijo de armamentos, o AK ativou unidades guerrilheiras em muitas partes da Polônia em 1943. Um movimento clandestino comunista, a "Guarda do Povo" (Gwardia Ludowa), também foi formada em 1942, mas sua força militar e influência eram comparativamente fracas.

Com a aproximação iminente do exército soviético, o AK lançou uma revolta em Varsóvia contra o exército alemão em 1º de agosto de 1944. Depois de 63 dias de luta encarniçada, os alemães debelaram a insurreição. O exército soviético forneceu pouca assistência aos poloneses. Cerca de 250.000 poloneses, a maioria deles civis, perderam suas vidas. Os alemães deportaram centenas de milhares de homens, mulheres e crianças para campos de concentração. Muitos outros foram transportados para o Reich para trabalhos forçados. Agindo sob ordens de Hitler, as forças alemãs reduziram a cidade a escombros, ampliando em muito a destruição iniciada durante a supressão da revolta armada anterior dos combatentes judeus, que resistiram à deportação do Gueto de Varsóvia em abril de 1943.

CONCLUSÃO

O terror nazista foi, nas palavras do estudioso Norman Davie, "muito mais agressivo e mais duradouro na Polônia do que em qualquer outro lugar na Europa". Estatísticas confiáveis sobre o total de poloneses que morreram como resultado das políticas nazistas alemãs não existem. Muitos outros foram vítimas da ocupação soviética de 1939-1941 na Polônia oriental e de deportações para a Ásia Central e Sibéria. Os registros estão incompletos, e o controle soviético da Polônia por 50 anos depois da guerra impediram pesquisas independentes.

As mudanças de fronteiras e composição étnica da Polônia, assim como as vastas movimentações populacionais durante e depois da guerra, também complicaram a tarefa de calcular perdas.

No passado, muitas estimativas de perdas foram baseadas num relatório polonês de 1947 demandando reparações dos alemães; este documento citado com frequência conferia perdas populacionais de 6 milhões para todos os "nacionais" poloneses (Poloneses, judeus e outras minorias). Subtraindo-se 3 milhões de vítimas judaicas, o relatório alegava 3 milhões de não-judeus vítimas do terror nazista, incluindo perdas civis e militares da guerra.

A documentação continua fragmentada, mas hoje estudiosos da Polônia independente acreditam que de 1,8 a 1,9 milhão de civis poloneses(não-judeus) foram vítimas das políticas de ocupação alemã e da guerra. Este total aproximado inclui poloneses mortos em execuções ou que morreram em prisões, trabalhos forçados e campos de concentração. Também inclui um número estimado de 225.000 vítimas civis da revolta de Varsóvia de 1944, mais de 50.000 civis que morreram durante a invasão de 1939 e do cerco a Varsóvia, e um número relativamente pequeno mas desconhecido de civis mortos durante a campanha militar aliada de 1944-45 para libertar a Polônia.

Fonte: site do USHMM
Link novo: http://www.ushmm.org/learn/students/learning-materials-and-resources/poles-victims-of-the-nazi-era
Link alternativo: https://fcit.usf.edu/holocaust/PEOPLE/USHMMPOL.HTM
Link velho: http://www.ushmm.org/education/resource/poles/poles.php?menu=/export/home/www/doc_root/education/foreducators/include/menu.txt&bgcolor=CD9544
Título original: Poles: Victims of the Nazi Era, 1933-1945
Tradução: Marcelo Oliveira
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6256

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Aktion 1005

Fonte: http://www.deathcamps.org/occupation/1005.html
Aktion 1005

Sob o codinome "Aktion 1005", os alemães tentaram encobrir todos os traços da política de extermínio nazista no leste, abrindo sepulturas em massa e cremando centenas de milhares de corpos.

O codinome teve sua origem no arquivo número 1005, usado na correspondência relacionada entre o chefe SS-Gruppenführer Heinrich Müller da Gestapo e Martin Luther, membro do escritório de assuntos estrangeiros. Todas as unidades envolvidas receberam o nome "Sonderkommando 1005" (comando especial 1005).

A ação foi planejada no início de 1942 por três razões:

1. Os aliados haviam obtido conhecimento do extermínio em massa alemão.

2. As vítimas de fuzilamentos e gaseamentos rapidamente enterradas tornaram-se um problema de saúde. Em Chelmno, Auschwitz Birkenau, nos campos Aktion Reinhard e outros sítios de extermínios (Einsatzgruppen), os corpos eram enterrados em sepulturas comunais.

Muito rapidamente, as autoridades questionaram este método de descarte dos corpos. Próximo das duas câmaras de gás em Auschwitz-Birkenau (Bunkers I e II), o sol do verão fez com que os cadáveres inchassem. A superfície estourasse, e uma substância negra e mal-cheirosa apareceu, contaminando o lençol de água. O fedor horrível atraiu milhões de moscas, e a região inteira sofreu em conseqüência.

O mesmo aconteceu em vários outros sítios, uma vez que o verão de 1942 foi extremamente quente.

3. Os nazistas pensaram que as futuras gerações pudessem não compreender os extermínios em massa.

Na fase experimental, entre 1942 e 1943, aconteceram as primeiras cremações nos campos de extermínio, supervisionadas pelo SS-Standartenführer Paul Blobel, diretamente subordinado a Müller.

Blobel desenvolveu diferentes métodos de cremação: por exemplo, camadas alternadas de corpos e lenha, ou o uso de trilhos como grelhas.

Durante a segunda fase, de junho de 1943 até meados de 1944, as unidades do "Sonderkommando 1005" receberam ordens para abrir as sepulturas em massa na Polônia, nos estados bálticos e no território ocupado da ex-URSS.

Cada Sonderkommando consistia de vários oficiais SD e membros da Sipo e Orpo. Cem judeus, às vezes mais, eram forçados a abrir as sepulturas em massa, exumar e queimar os corpos, e examinar as cinzas em busca de objetos de valor. Os trabalhadores judeus eram mortos quando o processo de cremação era completado.

No começo, o Sonderkommando abriu sepulturas em massa próximas ao campo de Janowska em Lviv (Lwow). Em agosto de 1943, duas unidade foram criadas em Kyiv (Kiev) (Ucrânia): "Sonderkommando 1005-A" e "Sonderkommando 1005-B".

O "1005-A" operou na Ucrânia (entre Dnipropetrovsk (Dnjepropetrowsk) e Berditchiv (Berditschew)), por exemplo em Babi Yar. Lá, o "Einsatzgruppe 4a" de Blobel havia fuzilado 33.771 judeus de Kyiv em 29 e 30 de setembro de 1941. De 18 de agosto até 19 de setembro de 1943, cerca de 44 homens da SS e SD forçaram 327 internos do campo de
Syrets a exumar e queimar os corpos. Depois, o "1005-A" foi ordenado a Berditchiv, Belaja Zerkov, Uman e Kamenets-Podolski. Como o Exército Vermelho estava se aproximando, esta unidade foi então enviada para Zamosc (distrito de Lublin), e finalmente para Lodz para a guarda dos transportes de derportação do Gueto de Lodz para Auschwitz.

O "1005-B" limpou as sepulturas em massa em Dnipropetrovsk, Kriwoi Rog e Nikolaiev. Depois, a unidade foi enviada para Riga, e foi estacionada no campo Salaspils.

Na Bielorrússia oriental (distrito militar), duas unidades foram criadas: "Sonderkommando 7a" e "7b". Elas abriram sepulturas em massa próximas a Gomel, Mogiljow, Bobruisk e Vitebsk. Na Bielorrússia ocidental, o "Sonderkommando 1005-Mitte" (liderado por Max Krahner) estava ativo. Ele estava estacionado no campo de extermínio Maly Trostinec próximo a Minsk, onde exumou e cremou de 40.000 a 50.000 corpos de judeus de Minsk e do Reich. Depois, a unidade esteve ativa na região Molodetschno, Brest-Litowsk, Pinsk, Kobrin e Lomza. Em 16 de agosto de 1944, a unidade foi mandada para Lodz, onde montou guarda para as deportações de judeus do gueto para Auschwitz.

Sonderkommandos locais foram estabelecidos em várias outras cidades e regiões, dos estados bálticos à Iugoslávia (68.000 corpos).

Por fim, os homens do Sonderkommando serviram em Kärnten (Caríntia) na unidade anti-partisan "Einsatzgruppe Iltis" até o final da IIGM.

Julgamentos do "Sonderkommando 1005":

Heilbronn, 1962-63:
Theimer, Rudolf - 4 anos
Ofensas criminais de uma seção do "Sonderkommando 1005" que foi responsável pela destruição de sepulturas em massa. Fuzilamento em massa de no mínimo 45 prisioneiros judeus do comando de trabalho.
Fuzilamentos individuais de 10 prisioneiros, que haviam sido levados para o KL Borek para execução.

Koblenz, 1963-1965:
Dalheimer, Karl Robert - 4 anos
Harder, Arthur Alexander - julgamento anulado; nenhum julgamento subseqüente pôde ser verificado.
Heuser, Georg Albert Wilhelm - 15 anos
Merbach, Friedrich - 7 anos
Schlegel, Rudolf - 8 anos
Stark, Franz - prisão perpétua
Wilke, Artur Fritz - 10 anos
Feder, Johannes Hugo Otto - 4,5 anos
Kaul, Wilhelm - 4,5 anos
Oswald, Jakob Herbert - 4 anos
Toll, Eberhard Richard Ernst von - 4,5 anos
(Polizei Sipo Minsk, Sonderkommando 1005)
Crimes cometidos em Minsk, HS KL Gut Trostinez, Koidanow, Rakow, Slonim, Sluck.

Fuzilamentos, gaseamentos em "caminhonetes de gaseamento", assim como por queimar vivos milhares de judeus soviéticos e da Europa ocidental, que haviam sido deportados para Minsk, ciganos, mentalmente incapacitados e outros civis soviétocs e agentes soviéticos, durante os anos de 1941-1944, dentro do território sob jurisdição do KdS/BdS Minsk. Fuzilamentos de represália: entre eles, a execução de 300 homens, mulheres e crianças de Minsk, depois de um atentado contra a vida do Generalkommissar Kube.

Hamburg, 1968:
Drews, Otto Erich - prisão perpétua
Goldapp, Otto Hugo - prisão perpétua
Krahner, Max Hermann - prisão perpétua
(Sonderkommando 1005)

Extermínio de judeus e outros prisioneiros, colocados para trabalhar na exumação das sepulturas em massa na Polônia e Bielorrússia (em Minsk, KL Gut Trostinez, Pinsk, Smolewitsche, Kobryn, Slonim, Lomza), por fuzilar, gasear e pela explosão de um bunker de prisioneiros.

Stuttgart, 1969:
Helfsgott, Walter Ernst - absolvição
Kir., Fritz Karl - absolvição
Soh., Hans Friedrich - 4 anos
Zie., Fritz Otto Karl - 2,5 anos
(Sonderkommando 1005A, Sonderkommando 1005B)
Fuzilamento ilegal de judeus (principalmente) e outros prisioneiros
próximo à exumação de sepulturas em massa na ravina de Babi-Yar
próxima a Kiev, Uman, Kamieniec-Podolski, Nikolajew, Samocz, Belaja-
Zerkow, Woskresenskoje, e ao redor de Riga.

Fotos: USHMM* (foto da esquerda: SS-Gruppenführer Heinrich Müller da Gestapo e da esquerda SS-Standartenführer Paul Blobel)

Fonte: Encyclopedia of the Holocaust
Justiz und NS-Verbrechen, Vol XXVII

© ARC 2005

(Tradução Marcelo Oliveira)

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