terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Em busca do 'gene vermelho' ("ciência" fascista) - Vallejo-Nágera

Antonio Vallejo-Nágera dirigiu em 1938 um estudo sobre prisioneiros de guerra para determinar que malformação levava ao marxismo
Rodolfo Serrano; Madrid, 7 de janeiro de 1996

Antonio Vallejo-Nágera
Imagem da web
Os vermelhos, nascem ou se formam? Que malformações, psíquicas ou físicas, levam a um homem ou a uma mulher ao marxismo? O professor Antonio Vallejo-Nágera, chefe dos Serviços Psiquiátricos do Exército de Franco, buscou a resposta a estes e outros interrogantes, estudando mediante testes psicológicos e medições antropomórficas a prisioneiros de guerra, fundamentalmente procedentes das Brigadas Internacionais. Durante dezembro de 1938 e outro de 1939, II e III Ano Triunfal, o famoso psiquiatra publicou - com outros colaboradores seus - até cinco relatórios na Revista Espanhola de Medicina e Cirurgia de Guerra, com o título genérico de Biopsiquismo do Fanatismo Marxista. Em suas páginas analisou "as relações que possam existir entre as qualidades biopsíquicas do sujeito e o fanatismo político-democrático-comunista". Não se limitou a estudar somente homens, também realizou um estudo em mulheres prisioneiras de guerra - cujo psiquismo "tem muitos pontos de contato com o infantil e o animal", escreve Vallejo - buscando uma explicação "à ativíssima participação do sexo feminino na revolução marxista". A conclusão do professor e seus colaboradores foi que o marxismo espanhol se nutre das pessoas menos inteligentes da sociedade.

Páginas obscuras

Pouco se sabe desses trabalhos que a comunidade científica preferiu manter em um piedoso esquecimento. Quase sessenta anos depois, os professores Javier Bandrés, da Universidade de Vigo, e Rafael Llavona, da Universidade Complutense, trouxeram à luz uma das páginas mais obscuras da psiquiatria espanhola. Seu trabalho - "A Psicologia nos campos de concentração de Franco" (La Psicología en los Campos de Concentración de Franco) -, que será publicado proximamente na revista especializada Psicothema, recolhe estudos e testemunhos de velhos brigadistas. San Pedro de Cardeña era em 1938 um velho monastério abandonado, a uns 13 quilômetros de Burgos. Para ali eram levados, à espera de sua execução, os brigadistas que foram feitos prisioneiros pelo exército de Franco. Conta-se que na entrada do campo havia uma estátua de El Cid com o braço levantado erguendo uma espada. A espada desapareceu um dia e o bom El Cid ficou só com o punho ao alto. Ao chegar, os brigadistas, levantavam seu punho respondendo àquele guerreiro que lhes recebia com a saudação revolucionária. As condições, tal como conta um dos que tiveram o amargo privilégio de passar por aquele campo, eram terríveis. "Ainda assim", conta Javier Bandrés, "os brigadistas tinham sorte se os comparassem com os prisioneiros espanhóis. Procurava-se manter os estrangeiros com vida para trocá-los por prisioneiros italianos nas mãos da República". Precisamente os que eram considerados piores eram os brigadistas italianos. Andreu Castells em seu livro "As Brigadas Internacionais na Guerra da Espanha" (Las Brigadas Internacionales en la Guerra de España) cita algo a este respeito e que é anotado no diário do genro de Benito Mussolini, o conde Ciano, em 22 de fevereiro de 1939. Conta que Franco está "limpando" a Catalunha. E aponta: "também foram detidos muitos italianos, anarquistas e comunistas: se digo ao Duce que me ordena que lhes fuzilem a todos. E acrescenta: os mortos não contam a história".

No campo de concentração de San Pedro de Cardeña, foi onde foram realizadas a maioria das pesquisas dirigidas por Vallejo-Nágera, através do Gabinete de Pesquisas Psicológicas da Inspeção de Campos de Concentração de Prisioneiros de Guerra. Bandrés e Llavona esclarecem que a ideia da criação do gabinete possivelmente não fora inteiramente de Vallejo. Alguns prisioneiros sobreviventes recordam que no campo estiveram membros da Gestapo "que tomavam medições antropométricas e interrogavam os prisioneiros". Também recordam que em San Pedro chegaram dois cientistas alemães que fizeram diversos testes nos reclusos.

Antonio Vallejo-Nágera, nascido em 1889 e falecido em 1960, pai do psiquiatra autor de numerosos livros de divulgação, Juan Antonio Vallejo-Nágera, ingressou no corpo de Saúde Militar em 1910. Durante a primeira guerra mundial esteve como agregado militar na embaixada espanhola em Berlim. E desde então teve oportunidade de trabalhar nos campos de prisioneiros de guerra. Ao estourar a guerra civil espanhola, ele era professor de psiquiatria na Academia de Saúde Militar. Foi nomeado chefe dos Serviços Psiquiátricos do Exército de Franco e criou em 1938 o já citado gabinete que dirigiu pessoalmente. Já no pós-guerra, tirou de sua cátedra o doutor López Ibor, que ele considerava "pouco afeito ao regime".

O próprio Vallejo explica os postulados de seu projeto de Biopsiquismo do fanatismo Marxista impulsionado do Gabinete de Pesquisas Psicológicas, "relação entre determinada personalidade biopsíquica e a predisposição constitucional ao marxismo", a "alta incidência do fanatismo marxista nos deficientes mentais" e a "presença de psicopatas antissociais nas massas marxistas".

Dividiu em cinco grupos as pessoas estudadas: prisioneiros das Brigadas Internacionais em San Pedro de Cardeña, presos espanhóis varões processados por atividades políticas, presas espanholas processadas pelas mesmas razões, separatistas bascos e marxistas catalães. Esses dois últimos grupos revestiam um especial interesse. Os bascos porque "se produz o curioso fenômeno do fanatismo político unido ao religioso" e os catalães porque "se une o fanatismo marxista e o anti-espanhol".

Bandrés e Llavona explicam que, utilizando suas próprias palavras, Vallejo "denomina revolucionários natos como esquizoides místicos políticos e sujeitos que induzidos por suas qualidades biopsíquicas constituintes e tendências instintivas, movidos por complexos de rancor e sentimento ou por fracasso em suas aspirações, possuem propensão, de certo modo congênito, a transtornar a ordem social.

Regenerar os prisioneiros

Vallejo-Nágera tentou inclusive regenerar os marxistas. Em seus trabalhos explica esses objetivos: "A reação social mais interessante ao objeto de nosso estudo é a transformação político-social do fanático marxista". É bem verdade que unicamente ensaiou seu programa de reeducação com os prisioneiros espanhóis. "Com os prisioneiros estrangeiros eu creio que as conclusões de Vallejo foram tão pessimistas que esse objetivo foi descartado", afirma Bandrés. Mas os marxistas espanhóis deviam ser duros de coração porque não parece que o projeto regenerador funcionou muito. Na realidade, a reeducação se limitava a lhes obrigar a desfilar, entoar gritos franquistas e a dar um curso religioso de seis semanas que ninguém conseguia superar e que, como consequência, repetia-se continuamente durante o período de cativeiro. Exemplo dos resultados de Vallejo são as conclusões sobre os prisioneiros norte-americanos, um grupo de 72 brigadistas, quase todos pertencentes à brigada Abraham Lincoln. Curiosamente, nenhum dos estudados deu uma inteligência alta no teste. E só um 19.44 mereceu a qualificação de boa. Ele leva ao psiquiatra afirmar que apesar de pertencer "a uma nação que se preza como inteligente e culta" - "sem sê-la", aclara Vallejo, as inteligências de grau inferior superam em muito as bem dotadas.

O professor Vallejo, contudo, reconhece surpreendido que a maioria dos brigadistas haviam vindo à Espanha para ajudar à democracia e que muitos dels confessavam com orgulho suas ideias antifascistas e democráticas e seu entusiasmo em defender a República. Mas inclusive este orgulho lhe fazia deduzir que "no fundo nos os temos como comunistóides, sem que falte uma elevada percentagem de reformadores idealistas e de revolucionários natos".

Antonio Vallejo-Nágera, que nos anos da guerra fria colaboraria num texto estadunidense sobre a psicopatologia das relações internacionais, não tem inibição alguma em afirmar ante o alto grau de revolucionários natos existe entre esses prisioneiros que "tampouco pode nos chocar o grande número de imbecis sociais, já que o meio ambiente cultural e social norte-americano favorece a formação de tal tipo de personalidade".

Alto grau de libertinagem

Também no estudo se tinha em conta fatores como o fracasso pessoal, o alcoolismo - no que encontra uma incidência altíssima entre os brigadistas -, simpatias pelo Exército e vida sexual. As conclusões de Vallejo neste sentido falam de que a frustração social levava ao marxismo, que tinha um esaso entusiasmo pelo Exército "típico de qualquer país democrático" - e que entre os marxistas havia um alto índice de temperamentos degenerativos e indivíduos oligofrênicos". Aos brigadistas hispanoamericanos ele os colocava contra a parede. São pouco inteligentes, incultos, bêbados e com uma religiosidade deprimente. E sim, reconhece que nenhum deles se sentia fracassado sexualmente.

A libertinagem sexual parece um elemento comum. Vallejo disse que "constitui a tônica dos marxistas norte-americanos" e assegura que os britânicos - nos que incluem escoceses, irlandeses, galeses e canadenses - superam em libertinagem sexual os demais grupos. Ao contrário dos ingleses.

Bandrés e Llavona concluem com uma amarga reflexão: "enquanto que um grupo de psicólogos norte-americanos mostravam sua solidariedade com a República, sobre a base de que o fascismo e a psicologia científica eram incompatíveis, Vallejo lançava a mensagem de que a psicologia científica podia se pôr ao serviço de qualquer ideologia, inclusive das totalitárias".

Fonte: El País (Espanha)
Título original: En busca del 'gen rojo'
http://elpais.com/diario/1996/01/07/espana/820969222_850215.html
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A crise da Ucrânia: fascistas (extrema-direita) perto do poder (Black Blocs atuam)

Eu iria tentar traduzir essa matéria da BBC "Ukraine's far-right Svoboda party hold torch-lit Kiev march" (Partido de extrema-direita Svoboda da Ucrânia segura tochas acesas em marcha em Kiev), mas vai que ela coloca a tradução em português (se bem que a matéria é de janeiro e até agora, nada), tornaria a tradução aqui desnecessária.

Em todo caso, não vou esperar pra que saia algo mais detalhado nesses sites de notícia até porque dá pra comentar o caso, e "sabe-se lá porque" estão evitando de comentar abertamente o que se passa naquele país (eu imagino o "porquê", mas como não há provas e sim impressões, não dá pra afirmar categoricamente o porquê do silêncio da imprensa brasileira com esse caso, mesmo suspeitando-se dos motivos).

Vou colocar abaixo a tradução de uma matéria de outubro de 2012, ou seja, matéria de quase 2 anos, por isso não tem influência no "calor do momento" atual, que mostrava o perfil desse partido de extrema-direita (fascista de fato) na Ucrânia, é ele quem está conduzindo os "protestos" na Ucrânia e ninguém sabe o que pode sair disso.
Ucrânia: Partido antissemita Svoboda de extrema-direita
31 outubro de 2012

O partido de extrema-direita Svoboda, obteve quase 12% dos votos nas recentes eleições parlamentares da Ucrânia, provocando preocupação entre os grupos judaicos da Europa.

Esta é a primeira vez na breve história da Ucrânia, país que se tornou independente em 1991, que uma facção de extrema-direita entra no parlamento. O partido obteve só 1 por cento dos votos emitidos nas eleições anteriores de 2007. Svoboda, que significa literalmente "Liberdade", obteve um importante apoio no oeste da Ucrânia, na fronteira com a União Europeia.

O membro do Parlamento Judaico Europeu, o rabino Levi Matusof, implorou as pessoas a "condenarem energicamente ao ostracismo e isolar sem ambiguidades, àqueles que buscam de maneira inequívoca o renascimento da ideologia mais obscura da história europeia".

A UE foi testemunha de um aumento geral do apoio a partidos de extrema-direita desde o início da crise econômica mundial em 2008, com partidos como o Jobbik na Hungria e o Golden Dawn (Aurora Dourada) na Grècia obtendo representação em seus respectivos parlamentos nacionais, apesar de proclamar posturas abertamente antissemitas.

Fonte: jewish news one
http://es.jn1.tv/video/news?media_id=68050
Tradução: Roberto Lucena
Black Bloc fascista do Svoboda na Ucrânia
Pra quem quiser ler mais, outra matéria de 2012 sobre o Svoboda narrando a mesma coisa (em espanhol):
Demostración de fuerza de los ultranacionalistas de Svoboda en Ucrania

E aqui um em português, observem nas fotos que um "militante" (Black Bloc) deste partido está escorado num muro/mureta com vários símbolos White Power pichados. Link:
Manifestantes Estão Morrendo nas Ruas de Kiev
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Pra quem não entendeu nada da "revolta", vou tentar citar eventos que tornará fácil entender o que está se passando naquele país.

1. A Ucrânia teve um movimento fascista forte, OUN, que despontou antes da segunda guerra chegando a proclamar a independência da Ucrânia em 1941 (tem até um fascista que é "herói nacional" por lá, Stepan Bandera), sendo suprimidos pelos nazis, pois estes tinham planos de extermínio e escravização de eslavos e expansão do Lebensraum, espaço vital do Reich nazista pra ser colonizado por alemães germanizando a região.

2. Vários ucranianos lutaram na Waffen-SS pela Alemanha nazi, ver [14th Divisão Waffen Grenadier da SS (1st Ukrainian)] e aqui, e alguns serviram como guardas em campos de concentração/extermínio. Inclusive há desfiles saudando essa unidade feitos por nacionalistas (fascistas) da Ucrânia tentando resgatar a "honra" deles. Pra ver as fotos: link1, link2, link3.

3. A Ucrânia tem um ranço histórico com a Rússia em virtude do Holodomor (A relação problemática da Ucrânia com o Holocausto. Ambos: vítimas e perpetradores - Parte 01) que ocorreu no regime stalinista, e esse evento se tornou parte da identidade nacional ucraniana desde sua independência de fato em 1991 depois da fragmentação da União Soviética.

4. Os herdeiros desses grupos fascistas ucranianos são fortes na política ucraniana desde a proclamação de independência deste país, até com a direita tradicional.

5. Como citei acima, qualquer movimento da Rússia em relação à Ucrânia, é visto como hostilidade e isso dá margem pros fascistas incitarem revoltas populares usando como pretexto a rixa histórica com a Rússia. Pra piorar a situação, há disputa de potências em relação à Ucrânia (Estados Unidos e União Europeia versus Rússia, que tinha parte da elite política da Ucrânia próxima a Moscou).

6. O reator de Chernobyl fica na Ucrânia, um dos maiores acidentes nucleares do século XX. Na época quem mandava nessas Repúblicas era Moscou, capital da União Soviética (e obviamente vista como ato russo aumentando o rancor histórico explorado pelos ultranacionalistas/fascistas da Ucrânia).

As marchas estavam comemorando o 105º aniversário
de Stepan Bandera, nazifascista ucraniano (retrato dele)
7. O ministro da Ucrânia assinalou um acordo com a Rússia que foi o estopim da revolta, em detrimento à aproximação com a União Europeia, e os fascistas tomaram as ruas com Black Blocs no meio causando baderna e mortes (curioso como há "mascarados" em toda zona de conflito e quando algo grave ocorre eles somem, Egito, Ucrânia, Brasil...).

8. Em suma, o que vocês estão vendo é um partido fascista, o Svoboda, aproveitando-se politicamente dessa querela que inflamou a população (a parte que fica ao redor de Kiev fala ucraniano, tem uma parte da Ucrânia próxima à Rússia que falam russo, mesmo dentro da Ucrânia) pra tentar chegar ao poder ou se aproveitar disso.

Eu diria que os dirigentes europeus novamente brincam com fogo, ou estão querendo apagar incêndio com gasolina, e todo mundo sabe das consequências disso no passado. Eles acham que as coisas não se repetem mas estão literalmente brincando com dinamite de forma que já beira a irresponsabilidade. Eles acham que têm controle sobre grupos fanáticos ultranacionalistas (que se comportam como "tribos"), mas historicamente esses mesmos grupos se mostram "indomáveis" uma vez chegando ao poder, e começam a se proliferar por outros países onde ainda não chegaram ao poder, como na França (que não é um país qualquer, é uma potência nuclear e militar).

Pelo visto estão à espera de outro Bonaparte (não precisa nem citar o cabo austríaco) pra tocar fogo na Europa inteira. Incrível (no sentido negativo) o papel desempenhado pela chanceler da Alemanha, Merkel, nessas questões já que ela tem papel de liderança na UE. Primeiro deixou a Grécia quebrar e todo mundo sabe o caos que tomou conta daquele país com neonazis se fortalecendo. Depois (ou antes) Espanha, Portugal, Itália, Bósnia e vai se alastrando, efeito dominó.

A continuar nesse ritmo em breve a União Europeia será só uma "barra" de vidro oca só esperando que alguém estilhace pra decretar seu fim. Novamente com os fascistas protagonizando.

Eu fiz esse resumo aqui porque acho difícil que saia algo mais detalhado (citando os episódios que citei acima) em sites de notícia, mas vai que... como eu sei que andam lendo esse blog (muita gente), já me deparei com matérias postadas aqui que saíram logo depois em alguns sites, um "súbito" interesse por esses assuntos, digo isso porque não acredito em coincidência e o povo lê em silêncio, sem comentar etc. Não acho ruim que isso ocorra pois é bom informar o povo pra que o mesmo não embarque em "aventuras" (Black Blocs, marchas forjadas radicais) pra depois se arrependerem de terem apoiado esse tipo de porcaria anti-democrática.
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Há outro ponto a destacar que já citei acima, e pra não precisar abrir outro post só pra comentar o caso brasileiro vai nesse mesmo, que é a presença novamente dos grupos Black Blocs, os mascarados que andam tocando o terror no Rio e o governo fluminense simplesmente não "consegue" desbaratar esses bandos.

Postura que acho estranha pois não é difícil desbaratar isso. Em PE, depois da primeira destruição que fizeram, e não foi pequena, esses grupos foram dispersos muito rapidamente pela ação da polícia e não apareceram mais (não foi muito noticiado isso, "curiosamente"...), fora que a população do Estado (ao contrário de outros) não é muito passiva quando a confrontam (os Black Blocs não representam o povo), podendo partir pra agressão física contra eles, sendo que a população, por estar em maior número, o estrago que ela fizer pode ser feio (pra eles). Daí fica a pergunta do porquê da inação contra esses bandos mascarados em outros estados. Qual o propósito disso (da inação)?

Última declaração deles é uma ameaça a delegações na Copa do Mundo (link), depois de causarem a morte de um inocente (o cinegrafista) por motivo banal. Já deveriam ter tirado do ar essas páginas deles e identificado os autores/responsáveis. Não é necessário, por oportunismo e inconsequência, a proposta de leis esdrúxulas "anti-terroristas", pois ao proporem isso estão fazendo o "jogo" desses bandos.

P.S.1 ao pessoal radicalzinho que está em campanha contra governos, caso queiram comentar, favor deixar as paranoias de lado e sectarismos e tratar o assunto de forma séria. Se vierem com teoria da conspiração de sites/revistas/jornais de (extrema) direita pra fazer panfletagem ordinária, eu corto. O problema do fascismo é coisa séria, não é pra ser tratado com esse tipo de infantilidade sectária como alguns (ou muitos) vem tratando achando que autoritarismo se resume a "revis".

P.S.2 Caso alguém queira ler, eu não li o texto todo, só passei a vista (está em inglês), aqui tem um resumo basicamente com o que listei acima (e mais coisas) sobre as origens dessa "revolta" na Ucrânia. Link: Nazi and Fascist Roots of the Ukrainian Pro-EU Protest Movement (As raízes nazi e fascista do movimento de protesto pró-UE ucraniano)

Atualização 1: 19:00, dia 17.02.2014. Acréscimo dos links sobre a divisão ucraniana da Waffen-SS e desfiles neofascistas na Ucrânia louvando essa unidade.

Atualização 2: 08:25, dia 02.03.2014. A crise na Ucrânia, os desdobramentos (um resumo)

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Oficiais da Waffen-SS que também serviram em campos de concentração, extermínio e Einsatzgruppen

Belzec - SS guardas
Entre os aficionados da história militar, em ocasiões existe certa confusão sobre se os membros da SS armadas (SS-Verfügungstruppe, mais adianta a Waffen-SS) eram simplesmente soldados profissionais, e que não tinham nada a ver com o pessoal dos campos de concentração (SS-Totenkopfverbände) ou da SS "normal" (SS Allgemeine). Ou seja, se as siglas comuns era algo assim como uma simples coincidência, e que o pessoal de uma organização não tinha nada a ver com as outras. Que Theodor Eicke, primeiro inspetor do Konzentrationslager havia morrido como comandante da divisão Totenkopf foi apenas uma coincidência. Que Joaquim Peiper houvera servido entre janeiro e março de 1936 em Dachau, e que como ajudante administrativo da oficina de Himmler, participasse na planificação da administração da Polônia, e visitasse com ele os campos de concentração, guetos etc, não elimina o fato de que fora um destacado oficial de combate.

Na continuação reproduzo duas tabelas com os oficiais da Waffen-SS que por sua vez serviram em campos de concentração, inclusive de extermínio, assim como nos Einsatzgruppen. O serviço nessas unidades se dava tanto antes como depois de estarem destinados a unidades de combate, e os motivos podiam ser muito diversos: pessoal destinado à frente oriental como castigo, feridos incapacitados para o serviço no front, ou simples necessidade de suas capacidades profissionais, segundo as circunstâncias de cada um. Por exemplo, Josef Mengele, o famoso médico de Auschwitz desde 1943, foi recrutado em 1940 pela Wehrmacht, e foi voluntário da Waffen-SS, servindo na 5ª Divisão SS "Wiking", onde ganhou a cruz de ferro de 2ª e 1ª classe. Uma ferida numa perna fez com que em 1942 ele se declarasse não apto para o front.

Evidentemente esta tabela conta apenas os oficiais, não suboficiais e tropa, que também serviram na execução do genocídio. O Einsatzgruppen A, por exemplo, adscrito ao grupo de exércitos Norte, de 990 integrantes, 340 pertenciam a Waffen-SS. Outro terço era das distintas polícias do Reich, e o restante do pessoal de serviço (condutores, intérpretes, operadores de comunicações...) fornecidos pela Wehrmacht.

Terá que recordar que um dos objetivos declarados da Waffen-SS era proporcionar às forças policiais o prestígio que implicava ao participar do combate, e que ninguém pudesse lhes repreender que haviam se dedicado a trabalhos de retaguarda enquanto a nação lutava na frente de guerra. Enquanto as unidades estrangeiras, em sua imensa maioria oficiais e suboficiais eram alemães ou Volksdeutsche (alemão étnico). No final da guerra muitos batalhões de polícia auxiliar ou serviços uniformizados de populações deste (estonianos, letões, ucranianos, e em menor proporção lituanos) passaram como batalhões inteiros a servir em campos de concentração ou trabalhos antipartisans da Waffen-SS. Isto não significava que se converteram em membros da mesma de pleno direito, só que serviam nelas; em muitas ocasiões não levavam no pescoço as runas da SS, senão símbolos nacionais. Seus membros condecorados, inclusive os escassos oficiais e suboficiais, não foram inscritos no livro de honra da Waffen-SS.

Número
Divisão
Oficiais que serviram em Kz/ Ks / campos de  extermínio
Oficiais que
serviram nos Einsatzgruppen
«Leibstandarte Adolf Hitler»
16
3
«Das Reich»
39
1
«Totenkopf»
159
1
«Polizei»
29
3
«Wiking»
45
-
«Nord»
57
-
«Prinz Eugen»
23
-
«Florian Geyer»
28
1
«Hohenstaufen»
22
2
10ª
«Frundsberg»
20
-
11ª
«Nordland»
12
-
12ª
«Hitlerjugend»
6
1
13ª
«Handschar» (Kroatische Nº 1)
9
-
14ª
«Galizische» o Galicia (Ukrainische Nº 1)
5
1
15ª
Lettische Nº12
5
-
16ª
«Reichsführer-SS»
17
1
17ª
«Götz von Berlichingen»
15
-
18ª
«Horst Wessel»
7
1
19ª
Lettische Nº2
3
1
20ª
Estnische Nº1
7
1
21ª
«Skanderbeg»
4
-
22ª
«Maria Theresia»
3
-
23ª
«Kama» (Kroatische Nº 2) Foi dissolvida em fins de 1944. Os restos se trasladaram para a Nederland, com o mesmo número 23.
5
-
23ª
Nederland, formada depois da dissolução da divisão 23ª “Kama”.
-
24ª
«Karstjäger»
1
-
25ª
«Hunyadi» (Ungarische Nº 1)
2
-
26ª
«Hungaria» (Ungarische Nº 2)
3
-
27ª
«Langemarck» (Flämische Nº 1)
5
-
28ª
«Wallonien»
0
-
29ª
(anteriormente «Brigada Kaminski», Russische Nº 1)
3
1
29ª
Italienische Nº 1
30ª
Russische Nr. 2
2
-
30ª
Weißruthenische Nº 1
2
-
31ª
31ª SS-Freiwilligen Grenadier Division
2
-
32ª
«30 Januar»
-
33ª
Ungarische Nº 3
-
33ª
«Charlemagne»
1
-
34ª
«Landstorm Nederland»
6
-
35ª
35ª SS-Polizei Grenadier Division
1
-
36ª
36ª Waffen Grenadier Division der SS
7
1
37ª
«Lützow»
0

38ª
«Nibelungen»
0
1

Glodsworthy, Terry: Valhalla’s Warriors: A history of the Waffen SS. Dog Ear Publishing. Indianapolis, Indiana, 2007 (mostra duas tabelas separadas). Sua fonte são os livros de French L. MacLean: The Camp Men: The SS Officers Who Ran the Nazi Concentration Camp System y The Field Men: The SS Officers Who Led the Einsatzkommandos – the Nazi Mobile Killing Units, Schiffer Military History, 1999 y 2001. De uns mil e cem oficiais da SS estudados por MacLean com responsabilidades no sistema concentracionário, uns quinhentos haviam servido na frente, na Waffen-SS. As cifras não são definitivas, por exemplo. Recentemente Trang ampliou o número de oficiais da Totenkopf implicados, de 159 para mais de duzentos.

Fonte: Blog antirrevisionismo (Espanha)
Título original: Oficiales de las Waffen SS que también sirvieron en campos de concentración, exterminio, y Einsatzgruppen
http://antirrevisionismo.wordpress.com/2013/04/15/oficiales-de-las-waffen-ss-que-tambien-sirvieron-en-campos-de-concentracion-exterminio-y-einsatzgruppen/
Trecho do livro: Glodsworthy, Terry: Valhalla’s Warriors: A history of the Waffen SS.
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Caso racista no Rio e falas de apresentadora chegam (e chocam) a jornais de fora

Não deu pra comentar esse caso na semana passada, pois o ritmo frenético que esses episódios adquiriram (agravado com a morte do cinegrafista de uma emissora de TV essa semana, vítima do grupo Black Bloc no Rio), aumentou a dimensão da gravidade dessa pregação de ódio que vem rolando há tempo, e ela não começou em 2013 nas manifestações de junho. Há muito se fala da proliferação de discurso de ódio na internet, a incubadora disso foi o Orkut, e as autoridades brasileiras tratam a coisa como se não fosse algo grave ou sério, só quando acontece uma desgraça, com comoção pública, muda-se a postura. Mas deveriam refletir sobre o ocorrido e prevenir pra que não se chegue ao extremo que é a morte de alguém por conta de inconsequentes agindo fora da lei com motivações obscuras ou no mínimo estúpidas.

No caso dos Black Blocs a coisa é ainda mais grave pois pode haver envolvimento político (de partido) por trás desse tipo de grupo.

O caso racista foi esse do adolescente negro amarrado a um poste no Rio por "justiceiros" com ficha criminal extensa. Aos que admiram "justiceiros", em vários países a figura do justiceiro é rotulada facilmente como bandido, por isso é prudente separar ficção de cinema como Batman, o justiceiro de Gotham, da vida real. Burrice e cretinice têm limites e podem ser fatais (custar a vida de alguma pessoa):
Imagem de menino negro amarrado a um poste expõe barbárie
Rapaz é agredido e acorrentado nu a poste no Rio

Aqui a prisão dos agressores:
'Justiceiros' acusados de torturar jovem no Flamengo são presos pela polícia
Suspeitos de integrarem grupo de "justiceiros" têm longa ficha criminal
Polícia identifica dois suspeitos de amarrar menor a poste no Flamengo

Um dos justiceiros tem acusação de estupro. Olha só o perfil dos "justiceiros", "heróis" da extrema-direita brasileira:

Dois dos suspeitos de terem torturado e prendido um adolescente de 15 anos nu a um poste no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, foram identificados pela Polícia Civil nesta terça-feira (11/2). Os suspeitos João Victor Andrade de Moraes e Raphael Silva dos Santos Fernandes possuem antecedentes criminais por acusações como furto, ameaça, estupro e uso de drogas.

O caso por si já é bizarro e lembra imagens do tempo da escravidão no Brasil, do pelourinho do período colonial. Depois acham que é exagero quando digo que o povo conheça a história do próprio país como já comentei aqui e segue a tag, um povo ignorante é porta de entrada pra barbárie), e a coisa adquiriu dimensões ainda mais trágicas e grotescas com a declaração cretina de uma apresentadora do SBT, uma emissora de TV brasileira.

Assista dois vídeos abaixo onde a matéria do link mostra vídeos com comentários sobre a delinquência do canadense Justin Bieber (biotipo que a classe fascista no Brasil idolatra, antes havia só adoração com biotipos europeus de qualquer tipo, agora a coisa se "aperfeiçoou" e até o biotipo ibérico, predominante, acho que vai sofrer preconceito por essas pessoas, conteúdo irônico), e veja a diferença de tratamento dado aos casos, imagens transmitidas pra todo país. Disso surgem perguntas pertinentes pois é impossível não observar a diferença de tratamento dado aos dois. Será que se o rapaz preso ao poste fosse loiro, de olho azuis, biotipo idolatrado por setores retrógrados e racistas do país, ele teria recebido o mesmo comentário grotesco que recebeu o rapaz negro? Pra que um apresentador de TV tem que ficar falando besteira em "forma de opinião" achando que diz algo que preste (com conteúdo)? Assistam e tirem suas conclusões:
Rachel Sheherazade detonou jovem em poste, mas defendeu Bieber

O caso dos comentários da apresentadora do SBT foi citado no jornal El País da Espanha* e na revista Deutsche Welle da Alemanha (de memória eu lembro de ter visto a matéria do El País na versão em espanhol, depois eu procuro) como algo grotesco ao extremo e chocante. Só os "revis" não devem ter achado os comentários anormais pois é bem próximo ao que eles pregam ideologicamente. Pra quem acha que os "revis" estão inseridos num "contexto à parte" do país por conta da simbologia esdrúxula e exótica nazi que alguns adotam, mesmo a maioria deles nem sequer serem alemães ou descendentes de alemães (na verdade eles são fascistas, se se dizem nazistas ou não, pouco importa, o fascismo não é menos perigoso que o nazismo, que é uma forma de fascismo), eles são a fratura exposta, ou o "filho feio" que ninguém quer assumir, de setores grandes da classe média e classe rica brasileira que cultuam esses preconceitos.

Em outro país um apresentador que fizesse isso seria afastado no ato, ou nem mesmo teria sido chamado pra apresentar telejornal, pois visivelmente os comentários feitos são extremamente ignorantes e rasos, parece aquelas asneiras que se ouve na rua de gente raivosa (que só repete senso comum, futilidades e crendices). Eu iria citar este caso aqui mas esse outro blog foi mais rápido em publicar lembrando do caso de uma executiva sulafricana com mensagem racista no twitter que acabou sendo dispensada nos EUA por isso. Link:
Barbie heroína? Só com a nossa mídia. Nos EUA, mesmo com desculpas, dá demissão para executiva

O site do link acima pegou leve na repreensão, no caso brasileiro, pois acho que é caso de afastamento da emissora de TV, que sendo uma concessão pública (como todas as demais), precisa respeitar códigos de ética jornalística sob pena de terem a concessão cassada, embora eu duvide muito que com um governo frouxo com a mídia irá fazer isso, mas pelo menos deveria rolar punição à emissora caso não se retrate devidamente e exclua esse tipo de apresentador dos telejornais.

Se forem abrindo brechas a coisas bizarras assim com a conversa furada de "liberdade de expressão" absoluta e se dane o bom senso e ética, ponham logo um discurso de Hitler traduzido pra "educar" o povo.

Vou destacar o que é concessão pública do link que coloquei (só um trecho): "Concessão pública é o contrato entre a Administração Pública e uma empresa particular, pelo qual o governo transfere ao segundo a execução de um serviço público, para que este o exerça em seu próprio nome e por sua conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário, em regime de monopólio ou não."

Há mais outro caso que acabou sendo lembrado que é a de um morador de rua no Paraná com "biotipo europeu" (tem tanta "Europa" que o termo é confuso, digamos que o cara não tem biotipo da Europa ibérica), confiram a matéria do link. Que ao contrário de ser hostilizado por "populares" (já que odeiam pobres e gente fragilizada), este recebeu várias declarações de 'amor' da mulherada em geral por conta da aparência física, pra mostrar o quanto estereótipos racistas estão entranhados no imaginário brasileiro. E quem cita/critica a postura racista do povo ainda passa por "chato" pra essas pessoas pois eles querem perpetuar a barbárie sem serem incomodados, como se tivessem mais direito que o país inteiro mesmo defendendo coisas repulsivas, como se ignorassem totalmente questões de ética e costumes.

Voltando ao caso dos EUA e da executiva afastada por comentário racista no twitter, será que vão dizer que há uma "ditadura chavista contra liberdade de expressão" nos Estados Unidos também? Só falta a direita paranóide do país embarca numa dessas. O fato é que lá, ao contrário daqui, colocaram pra fora a executiva que escreveu besteira (racismo).

Digo isso porque a turma que defende esse tipo de cretinice sempre costuma citar os EUA como exemplo do uso da liberdade de expressão, quando o que está sendo discutido é sobre algo civilizatório de não se tolerar barbáries e incitação de barbárie. Esses desvios de discussão via retórica, além de desonestos, só "convence" quem tem pouca noção do que se passa.

Mas você pode dizer, "chega!", certo? Errado, não parou por aí (acredite), isso mesmo, é um ato bizarro atrás do outro e sinceramente, dá desgosto comentar isso. Pra agravar o que já estava ruim, a apresentadora não tendo dimensão da fala (da cretinice dita) em TV aberta, ainda soltou essa pérola aqui afirmando que o "Brasil não é um país civilizado", matéria pra malhar o país já que desconsidera/ignora a gravidade das asneiras proferidas pela "entrevistada". Típica coisa armada e ideologizada ao extremo já que adotaram um discurso contra o país, o "vale tudo" fanático devido ao país ter herdado culturalmente esse fanatismo religioso sectário e truculento da Península Ibérica.

De fato, se o conceito de civilização for o de gente com esse tipo de mentalidade esdrúxula e que ainda sente orgulho da própria ignorância e atraso, o país não é civilizado. Pessoas ignorantes quando se metem a falar sobre o que não dominam e acham que são "iluminadas", fora a defesa ridícula de justiceiros (com acusação de estupro), comentam uma besteira atrás da outra e só agravam as besteiras ditas a medida que acham que estão "abafando" quando estão cometendo um ato ridículo e grotesco que as deixarão marcadas pra sempre.

Mas você pode dizer, "Ufa! Agora chega, né?!". Vou decepcionar mais uma vez mas não vou me prolongar mais, é barbárie em cima de barbárie, e nem discorri sobre o caso dos Black Blocs. Esses casos surgiram depois da histeria em prol de justiceiros e comentários como "marginalzinho" ditos em TV aberta (ver os links acima), como esse no Crato (Ceará) onde um cidadão com distúrbios mentais, caboclo/negro, é amarrado a um poste em vez de ser chamado o serviço público de saúde:
Francisco do Nascimento sofre de distúrbios mentais e, para contê-lo, em vez de chamar o serviço público de saúde, ‘justiceiros’ de plantão optaram por prendê-lo

Qualquer pessoa, você, eu, qualquer um, caso seja confundida por algum "justiceiro" (que são marginais) na rua, pode vir a ser agredido e seriamente lesionado. Não é brincadeira a questão, portanto a quem estiver brincando com coisa séria, é bom parar. Digo isso pros que ouvindo o urro da manada, "vai na onda" e ficam defendendo esse tipo de barbárie.

Pros idiotas que toda vez chegam com o discurso 'coitadístico' de "tá com pena de ladrão pra casa e bla bla bla", entenda uma coisa, filho: quem age fora da lei é bandido, se você defende justiceiro, você é cúmplice de bandido, então se você aprova barbárie não reclame quando uma guerra civil for instalada na sua frente ou for vítima de barbárie, pois foi com esse comportamento cretino, de gente burra, que a violência no país aumentou exponencialmente, e os caras ainda se acham no direito de relinchar como se tivessem razão.

É ridículo alguém que prega barbárie criticar ou condenar bandidos pois pensam da mesma forma, se tivessem nascido em situação adversa estariam fazendo o mesmo daqueles que eles condenam. Nunca param pra refletir nas consequências do que pregam e qualquer um aqui, eu, você etc, pode vir a ser vítima na rua por conta das asneiras desse "zé povinho"** elitista com discurso moralista raso, histérico e raivoso, que acha que "justiceiro" é herói e que se acha portador de uma "verdade iluminada".

Tá na hora de pararem de assistir muito Rambo e tomarem um choque de realidade, pois em filme ninguém morre quando leva tiro, a bala é de festim, na vida real o estrago é real e bem diferente (o 'Rambo' do filme não duraria muito tempo numa troca de tiros de verdade).

A quem já viu fotos da Segunda Guerra notará as semelhanças das fotos dos casos acima com os linchamentos étnicos promovidos por nazistas. Vergonhoso e nada mais a comentar.
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Atualização de 14.02.2014

*conforme mencionei, consegui achar a matéria original em espanhol sobre o caso aberrante citado no post. Eu havia salvo o link mas geralmente se perde fácil, pois faz dias que saiu a matéria, pois atualizam freneticamente essas matérias (ficam perdidos nos rascunhos e depois é ruim de localizar):
Brasil se retuerce a golpe de imagen. Link no Facebook.

O trecho da matéria: "La presentadora de la cadena de televisión SBT Rachel Sheherazade apoyó en horario de máxima audiencia lo que para ese bando sería una tentativa de imponer el orden en el barrio. Sheherazade dijo que la actitud es “hasta comprensible” debido a la ola de violencia que se vive en Brasil y que, frente a la omisión del Estado, es responsabilidad del “ciudadano de bien” defenderse. Su discurso fue elogiado en las redes sociales junto a mensajes de amor incondicional, mientras otros la criticaron. Esos mismos grupos de justicieros tendrían también la misión de limpiar la región de gais y de negros, según el relato de un vecino del Aterro del Flamengo que fue blanco de los ataques de la banda."

**o termo "zé povinho" não carrega propriamente o sentido original dele, vale a pena ler esse texto sobre o termo, passando a ser usado como sinônimo de ralé, gentalha, e é pejorativo. O uso termo nesse caso, invertendo o mesmo pras classes que costumam usá-lo pra depreciar quem eles julgam gentalha, foi proposital. Estou comentando isso pois nem todo mundo entende ironia e algum mala sem alça qualquer pode querer distorcer o que foi escrito mesmo que o termo "elitista" usado após o termo deixe claro o sentido ao qual foi usado. O termo é comum tanto no Brasil como em Portugal.

P.S. a quem leu o P.S., não se preocupe, colocarei ele num próximo post pra não saturar o texto deste post e desviar o assunto.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

As últimas horas do monstro nazista (Mengele)

Edição Brasil. el país. Política: As últimas horas do monstro nazista
Ex-cabo da Polícia Militar brasileira revela, 35 anos depois, detalhes da morte de Josef Mengele no litoral de São Paulo

Frederico Rosas Bertioga 7 FEV 2014 - 08:41 BRST

À esquerda, Josef Mengele (1911-1979). / Universal History Archive/Getty Images
Auschwitz Album
Na pequena cidade de Bertioga, no litoral do estado brasileiro de São Paulo, um monstro nazista vivia seus últimos momentos há 35 anos. De forma bem diferente da que muitos imaginariam após a descoberta de suas atrocidades, ele morreu em um banho de mar, possivelmente devido a um ataque cardíaco. Talvez o nome Josef Mengele, ou mesmo o seu apelido, Anjo da Morte, possam soar desconhecidos para as novas gerações. Mas o seu trabalho como médico do regime de Adolf Hitler simbolizou como poucos os horrores dos campos de concentração.

Um homem em particular jamais esquecerá o dia 7 de fevereiro de 1979. O brasileiro Espedito Dias Romão, então com pouco mais de 30 anos, era cabo da Polícia Militar do Estado de São Paulo e chegou ao local da ocorrência na praia da Enseada, próxima ao centro comercial de Bertioga, logo depois. No fim de uma tarde de sol, ele diz ter recebido uma chamada informando sobre um corpo na praia. Ao chegar ao local em uma viatura, ele afirma ter visto uma pequena aglomeração em volta de um senhor na areia.

Tratava-se do austríaco Wolfgang Gerhard, segundo constava na modelo 19, um documento antigo de identificação de estrangeiros no Brasil. “Quando cheguei, o corpo estava estirado na faixa de areia. Tudo indicava que ele foi retirado do mar já sem vida. Era um senhor bem branco e de bigode, e que não apresentava sinais de afogamento comuns, como vômitos e água expelida pelas laterais e pela boca. Fui levado a pensar que se tratava de um caso de mal súbito”, conta.

No boletim de ocorrência lavrado logo após a morte, e que apontava como naturezas do óbito um mal súbito e afogamento, informava-se que Wolfgang tinha 54 anos, era viúvo, trabalhava como técnico mecânico e residia no bairro do Brooklin Novo, em São Paulo. “Segundo apurado entre as testemunhas, a vítima banhava-se no mar, sentiu-se mal, vindo a perecer afogada, embora socorrida por populares”, afirma uma cópia do documento mostrada por Dias ao EL PAÍS.

Wolfgang era, na verdade, Mengele, segundo revelaria um intenso trabalho de pesquisa científica anos depois, mas que, ainda hoje, levanta polêmicas e suscita teorias de que o médico nazista teria como destino outros países, inclusive os Estados Unidos. Aquele homem encontrado morto na pequena Bertioga era um dos criminosos mais procurados do mundo desde o fim da Segunda Guerra, e teria passado por outros países da América Latina, como a Argentina, antes de aportar no Brasil.

Como médico em Auschwitz, além de capitão da força nazista SS, Mengele foi um dos responsáveis pela seleção dos prisioneiros que seguiriam para o trabalho forçado e os que morreriam nas câmaras de gás. Suas experiências em seres humanos, sobretudo crianças gêmeas judias e ciganas, foram responsáveis por alguns dos capítulos mais desumanos do século XX.

A morte de Mengele não foi presenciada por muitas pessoas no Brasil, ainda de acordo com o ex-cabo da PM. Não havia quase ninguém na praia no momento da ocorrência. Bertioga, que era um distrito da cidade de Santos até obter sua emancipação em 1991, possui atualmente cerca de 50 mil habitantes. Na época, Dias estima que o número de moradores se aproximasse de seis mil. “Estava tudo praticamente deserto e o mar, calmo. Parecia que só havia os três na Enseada”, recorda.

O ex-cabo da PM se refere, assim, ao casal de austríacos que acompanhava Mengele no passeio, Wolfram e Liselotte Bossert. Os três dividiam uma casa de temporada localizada a cerca de quatro quadras da praia, em uma área não asfaltada, ainda de acordo com Dias. Liselotte acabaria sendo processada em 1985 por falsidade ideológica no Brasil, após apresentar o documento falso de identidade de Mengeleno dia do óbito. Wolfram, por sua vez, é apontado como um ex-oficial do Exército nazista que morava no Brasil desde a década de 1950.

“O (Wolfram) Bossert acabou sendo levado para o Pronto Socorro por conta do esforço para tirar o Wolfgang da água. E ele tinha uma estrutura óssea bastante forte”, comenta Dias. O corpo de Wolfgang, por sua vez, foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Santos para a realização de exames complementares. A causa oficial da morte segue um mistério.

Wolfgang acabaria enterrado no dia seguinte no cemitério do Rosário, na cidade de Embu, na região metropolitana de São Paulo.

Reviravolta

Em 1985, no entanto, uma reviravolta marcou o caso registrado por Dias naquela tarde ensolarada de fevereiro. A dimensão do fato assumiu contornos históricos e atraiu a atenção de diversos meios de comunicação brasileiros e internacionais. “Um repórter me ligou e começou a perguntar se havia sido eu quem tinha atendido uma ocorrência em 1979. Daí para frente tudo começou a vir à tona.”

Ele conta que teve início uma grande busca de informações a respeito do caso, inclusive por parte dos peritos, que acabariam exumando os ossos de Mengele - análises feitas através de exames de DNA confirmariam, em 1992, que os restos mortais seriam mesmo do monstro nazista. Entre inúmeras entrevistas concedidas, Dias foi convocado para relatar a ocorrência à Polícia Federal em São Paulo. O ex-cabo da PM lembra que, com a enorme repercussão do caso no Brasil e no exterior, Bertioga alterou sua rotina na época.

“A cidade, que era mais tranquila, pacata, sofreu um impacto muito grande”, diz. “Eu ficava pensando depois quantas vezes ele (Mengele) pode ter passado por mim ainda em vida”, acrescenta. Isso porque Dias havia trabalhado também em uma base da PM em um dos pontos de entrada da cidade, a balsa que a liga ao município do Guarujá.

Hoje, o ex-cabo é chefe de fiscalização do setor de trânsito e transporte do município de Bertioga, após entrar na reserva da PM como primeiro-sargento. Aos 68 anos, o mineiro que chegou à cidade ainda no fim da década de 1960 como policial rodoviário, se dedica aos desafios da ocupação do sistema viário. E, de forma singela, mas ao mesmo tempo muito objetiva, resume o seu sentimento em torno do caso Mengele, antes de retornar à sua ocupação pública.

“Fica o sentimento de compaixão das pessoas que perderam a vida de forma tão trágica. Hoje o mundo é um lugar melhor.”

Fonte: El País (Edição Brasil)
http://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/07/politica/1391769715_190054.html

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Manifestações anti-Brasil em comentários de fakes

Eu ia colocar esse comentário neste post Suíços decidem impor limites à imigração (SVP) mas achei melhor colocar em um post pois às vezes esses comentários no final do post passam batidos.

Infelizmente não consegui localizar o comentário cretino feito anos atrás (eu costumo liberar os comentários pois ficam marcados no email quando são publicados, mas esse eu não achei, posso ter cortado sem publicar, quando não há algo que preste eu depois corto após deixar marcado) de um brasileiro rindo e zombando daquele caso na Suíça de um suposto ataque neonazi como se eles concordassem, caso fosse concreto o ataque, com ataques de neonazis europeus contra brasileiros. Se eu achasse o comentário eu iria colar aqui (era a ideia original do post), mas lembro do teor do comentário e do nick que comentou.

Obviamente o sujeito não usava o nome e sim um nick/fake, e aparenta ser gente que circulava em comunas "revis" do Orkut. Ou seja, por saber que o que comenta é repulsivo e por ter medo de sofrer represálias ou comentários negativos à cretinice que manifesta, não tem coragem tem em assumir o que pensa até porque muitos desses comentários são criminosos. Mas não deixa de ser curioso a "coragem" desses caras.

Esse comportamento é tão 'esquizoide' (esquizoide voluntário) e esdrúxulo que por vezes não merece nem comentário/resposta, mas como não se trata de um caso isolado, a coisa muda de figura. Como já dito em outros posts sobre rixas regionais, fascismo e História do Brasil, há seguimentos sociais em alguns estados que compartilham dessas crenças racistas (de "supremacia" étnica) e estas pessoas fomentam divisões e conflitos no Brasil com esta postura. Tem gente que evita tocar no assunto, como se fosse "tabu", mas sempre fiz questão de fincar pé contra este tipo de "brasileiro" (entre aspas).

Eu diria que a quem compartilha dessa "forma de visão" de mundo esdrúxula, que sente nojo em ser brasileiro porque é descendente de imigração do século XIX pra cá (fica com essa obsessão com sobrenome "de país tal", típico complexo de vira-latas), que se sente "parte" de outro país (embora esses países costumam não dar a mínima a essas tristes pessoas) e fica usando a web pra achincalhar o país (não confundir crítica pertinente com ódio ao país, são coisas distintas, não são sinônimos) porque não queria estar no Brasil, minha sugestão é que procurem o primeiro porto ou aeroporto e sumam do Brasil, e esqueçam que um dia nasceram ou viveram no país.

É isso que uma pessoa que odeia o país deveria fazer, é a atitude mínima coerente com pensa dessa forma. Não confundir o comentário com os episódios da ditadura civil-militar com os dizeres "Brasil ame-o ou deixe-o", um slogan cínico pois muitos brasileiros eram expulsos por questões políticas e não por sentirem ódio de serem brasileiros. Hoje as pessoas são livres pra partir, então seria coerente a esse pessoal (que manifesta essas características) que emigrassem e esquecessem que são brasileiros em outro país. Meu recaso a esses é simples: não se iludam, ninguém sentirá saudades desse tipo de pessoa no Brasil, só na cabeça de vocês é que alguém dá a mínima pra esse tipo de pessoa escrota no país.

Um aspecto curioso desse comportamento, é que boa parte desses "brasileiros" acaba se segregando em "guetos" fora do Brasil, por se sentirem à margem ou mesmo não serem tratados de forma amistosa em outros países, daí que não quebram esse vínculo que têm com o Brasil. É um seguimento social difícil de se conviver e aturar pois são cheios de preconceito sobre tudo e todos.

Por que comento isso? Porque muitas vezes chegam pessoas com esse tipo de comportamento esdrúxulo, não necessariamente "revis" (os "revis" são só o efeito colateral desse pensamento ridículo), dirigindo a palavra a mim achando que eu "compartilho" dessa visão esquizoide deles, sinto lhes desapontar mas não compartilho desse "sofrimento" de vocês, pelo contrário, eu tenho ódio visceral de gente que tem ódio do Brasil por motivos racistas e com esse complexo de vira-latas.

Esse discurso "anti-Brasil" é coisa de imbecil. Uma das vertentes desse discurso descamba pro tal preconceito regional vigente no país que mascara a raiz do problema (o ódio dessas pessoas é porque se sentem parte de algum grupo étnico europeu especial e que não pertencem ao Brasil ou que o Brasil se resume ao "quintal" deles, cidade ou Estado, não algo mais amplo e antigo que a presença deles no Brasil).

Eu não aconselho a essas pessoas virem discutir nesses termos aqui, ou comigo (muitos "revis" manifestam essa postura, tanto que eu os chamo de "fascistas sem pátria") pois vão acabar recebendo algum comentário bem pesado como resposta. Quando não recebem eu simplesmente me distancio pois não consigo conviver com gente assim.

Não sou só eu que pensa dessa forma sobre esse assunto no país, o que ocorre é que a maioria das pessoas acaba por vezes não deixando explícito que sente repúdio desse tipo de pessoa e como eu sou chato nesse ponto, eu escancaro a questão pois acho que não se deve criar tabus com coisas que todo mundo sabe que existe e simplesmente se omitem de enfatizar o problema (algumas vezes por não associarem de onde vem essa raiva insana desse pessoal que odeia ser 'brasileiro').

Como disse antes, não confundir o problema relatado acima com o ato de criticar coisas que consideram erradas no país, crítica é uma coisa, ódio por ser brasileiro e achar que tudo no Brasil não presta por se sentir "europeu" (sem ser) ou sabe-se lá o quê, por conta de um sobrenome é coisa de imbecil, complexo de vira-latas, gente com problema identitário grave (identidade nacional/cultural).

Curioso que muitos "revis" acusam judeus disso (e de pilhas de outras coisas com o ódio antissemita deles) quando o que mais vejo é cultuadores do nazifascismo ter essa postura em relação ao país. São contraditórios, parece que projetam em terceiros o que eles sentem. Engraçado ainda quererem se dizer "nacionalistas" com esse tipo de postura.

E uma observação final: também reprovo o comportamento extremo-oposto a esse, que é o ufanismo "nacionalista" tosco, vazio, fomentando em ditaduras, que em geral é coisa de gente burra querendo aparecer ou encher o saco.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Suíços decidem impor limites à imigração (SVP)

por Lusa e AFP, editado por Patrícia Viegas

Cartaz do partido suíço SVP, que conseguiu o número de
assinaturas necessárias para convocar o referendo de hoje.
Este pretendia impor limites à imigração
Fotografia © D.R. - Site do partido suíço SVP
Os suíços acabaram de aprovar hoje em referendo a ideia de impor quotas à imigração e à mão-de-obra estrangeira no país. Segundo os primeiros resultados oficiais, citados pela AFP, o "Sim" venceu com 50,3% dos votos expressos.O referendo conseguiu a dupla maioria necessária, quer seja a maioria dos cantões, quer seja a maioria dos eleitores, acrescenta a mesma agência noticiosa.

Os suíços eram chamados hoje a pronunciar-se sobre uma "iniciativa popular" do partido União Democrática do Centro (SVP, na língua origonal - direita populista) para limitar a imigração e que defende o restabelecimento de quotas de mão-de-obra estrangeira no país, que em parte foram suprimidas com os acordos de livre circulação entre a União Europeia (UE) e a Suíça assinado em 2009.

Na Suíça residem, aproximadamente, 250 mil portugueses em situação legal.

No país, com mais de oito milhões de habitantes, vivem cerca de 1,88 milhões de estrangeiros, dos quais 1,25 milhões originários do espaço comunitário, mas também da Islândia, Liechtenstein e Noruega.

Em janeiro, as autoridades federais suíças decidiram acabar com os apoios sociais aos cidadãos da UE que procurem trabalho no país.Também deliberaram na mesma altura que os cidadãos de países da UE que vivam há cinco anos na Suíça, mas que estejam no desemprego há um ano, não terão direito a receber uma autorização de residência naquele país. Em 2013, as autoridades helvéticas limitaram o número máximo de entradas dos imigrantes da UE.

A Suíça, em 2010, aprovou ainda em referendo a expulsão automática dos estrangeiros condenados, independentemente da gravidade dos delitos.

Hoje ainda, os suíços votaram noutros referendos. Um deles era sobre o aborto. O resultado foi que a maioria, 70%, quer que o aborto continue a ser comparticipado pelo seguro básico de saúde, rejeitando a proposta de que esta intervenção médica passe a ser financiada de forma privada.

Fonte: Diário de Notícias (Portugal)
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3677172

Le Pen quer seguir exemplo suíço contra imigração (Diário de Notícias)
UE critica limites à imigração e diz que vai rever relação com a Suíça (DW, Alemanha)
Suíços viram as costas à livre circulação e à Europa (Público, Portugal)
Suíços não podem querer "chuva no nabal e sol na eira" (Diário de Notícias, Portugal)

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Extrema-direita francesa promete bloquear UE se vencer eleições em maio

Eleições/Parlamento UE - Artigo publicado em 27 de Janeiro de 2014 - Atualizado em 27 de Janeiro de 2014.

Florian Philippot, vice-presidente da Frente Nacional. RFI
O vice-presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN), Florian Philippot, disse nesta segunda-feira (27) que a legenda vai "bloquear o funcionamento da União Europeia", se sair vencedora das eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para o mês de maio. "Será uma crise salutar", declarou o número 2 do partido de Marine Le Pen, após a divulgação de uma pesquisa apontando a extrema-direita em primeiro lugar nas intenções de voto entre os eleitores franceses.

Uma pesquisa do instituto Ifop divulgada no domingo (26), no jornal francês JDD, revela que as listas dos partidários da FN têm 23% de intenções de voto, contra 21% para o partido de direita UMP e 18% do Partido Socialista (PS) e do Partido Radical de Esquerda (PRE).

"Na noite de 25 de maio [dia da votação], os patriotas serão o primeiro partido da França", festejou Philippot. O político de 32 anos é uma das "caras novas" do partido de extrema-direita "reformulado" por Marine Le Pen, filha de Jean-Marie Le Pen, fundador da legenda xenófoba e isolacionista que a nova geração tenta transformar num partido frequentável.

Historicamente, a Frente Nacional é identificada como um partido de extrema-direita xenófobo, antissemita e anti-imigração, particularmente com a proveniente de países muçulmanos do norte da África.

"Somos o único partido que encarna uma outra via. Todos os demais partidos, da UMP ao PS e seus satélites, seguem uma linha euro-fanática", disse Philippot. Ele acrescentou que o "patriotismo está crescendo em vários países da Europa, como Áustria, Dinamarca, Suécia, Grã-Bretanha, Holanda e Bélgica". "Nossa intenção é de bloquear a Europa e faremos isso sem nenhum peso na consciência", declarou Philippot.

"Se houver uma crise na União Europeia, ela será salutar", concluiu o número 2 da FN.

Fonte: RFI
http://www.portugues.rfi.fr/europa/20140127-extrema-direita-francesa-promete-bloquear-ue-se-vencer-eleicoes-em-maio

Ver mais:
Extrema-direita à frente para as europeias em França (Expresso, Portugal)
Vitória da extrema-direita em eleição local na França é advertência para socialistas e conservadores (RFI)

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Suíça vota cotas para imigração e ameaça fechar portas para europeus

Carolina Montenegro. De Genebra, para a BBC Brasil.
Atualizado em 8 de fevereiro, 2014 - 18:34 (Brasília) 20:34 GMT

Tendência de “portas fechadas” à imigração na Europa
é vista com preocupação por especialistas
Os suíços decidem neste domingo se aprovam ou não uma iniciativa "contra a imigração em massa". A proposta polêmica foi feita pelo Partido Popular Suíço (SVP, em alemão), de direita, e prevê cotas anuais de vistos para os vizinhos de países europeus viverem na Suíça.

Apesar de não ser parte da União Europeia desde 1999, a Suíça possui acordo de livre movimento de pessoas com os países do bloco. O que significa que europeus podem viver de três a seis meses na Suíça sem visto e, se tiverem um emprego, tem direito à residência no país sem restrições. Para cidadãos de outras nações do mundo já existem cotas de imigração em vigor.

Até 2015, outros dois referendos sobre imigração devem acontecer no país. O grupo verde Ecopop planeja limitar a imigração a 0,2% do crescimento populacional do país e os suíços também deverão votar pela inclusão da Croácia no acordo de livre movimento assinado com a União Europeia.

A tendência crescente de "portas fechadas" à imigração é vista com preocupação por especialistas e suíços ouvidos pela BBC Brasil.

Cerca de 1,87 milhão de pessoas ou 23% da população total da Suíça hoje é composta por imigrantes, segundo dados oficiais do governo. É a maior porcentagem entre os países da Europa e corresponde à entrada de aproximadamente 63 mil estrangeiros em território suíço por ano. Italianos, alemães e portugueses são os maiores grupos.

Tensão

Para o professor de políticas migratórias da Universidade de Neuchâtel, Etienne Piguet, o debate sobre imigração reflete crescente mal-estar sobre o assunto e a tensão com a UE.

Segundo ele, nos últimos 40 anos, estes referendos têm acontecido a cada cinco ou dez anos e estão relacionados ao sistema de democracia direta e ao fato de a Suíça ser um país que acolhe muitos imigrantes.

"Mas o mal-estar da população suíça em relação à imigração está crescendo. A situação há cinco anos era mais aberta", afirmou Piguet.

Para o especialista, se a iniciativa for aprovada, as consequências seriam grandes para a Suíça, mas a maior parte não impactaria diretamente a imigração.

"A iniciativa prevê cotas, mas não o nível delas, então, elas podem ser altas e a imigração continuar aumentando. Mas o fim da imigração livre com a Europa significa provavelmente o fim de muitos outros acordos com a União Europeia, como parcerias científicas comerciais, acadêmicas. E isso é extremamente delicado", disse.

Segundo ele, a imigração tem atingido níveis altos nos últimos anos e a Suíça tem sido um país afortunado em meio à crise econômica europeia.

"Mas é cada vez mais difícil encontrar moradia e os transportes públicos estão superlotados. Algumas pessoas atribuem isso à imigração. Está longe de ser verdade, porque tem mais a ver com a economia do país do que com a imigração", afirmou Piguet.

Crise e expansão

A crise econômica e a expansão da União Europeia (em 2014 a Romênia e a Bulgária ganharam direito de livre acesso ao mercado de trabalho do bloco) são vistas como ameaças.

"Os suíços têm medo de que, se a situação piorar em outros países da Europa, mais pessoas venham para cá em busca de emprego. Ninguém quer perder o alto padrão de vida daqui", disse a brasileira-suíça Maria da Graça Almeida Costa, moradora de Genebra há 16 anos desde seu casamento com um suíço de origem portuguesa.

Em 2012, o desemprego na Suíça girava em torno de 3,1%, contra 11% na União Europeia. Altos salários e benefícios sociais generosos também contribuem para atrair imigrantes.

Pesquisa publicada em 29 de janeiro pela consultoria gfs.bern indicava que 50% dos eleitores votariam "não" às cotas e 43% "sim" – um aumento, porém, frente aos 37% de sondagem anterior veiculada em 10 de janeiro.

O governo e as empresas fazem coro contra a iniciativa. Nesta semana, a Câmara Internacional de Comércio da Suíça divulgou um comunicado alertando que as cotas "enviariam um sinal claro contra o livre mercado e prejudicariam as companhias suíças, que contribuem muito para a economia do país".

Representantes de 12 setores empresariais, incluindo tecnologia, relógios e turismo também reclamaram em nota pública sobre a possível perda de mão-de-obra qualificada.

"As consequências seriam devastadoras para nosso mercado de trabalho, que depende de especialistas", afirmou Heinz Karrer, presidente da companhia Economiesuisse.

O ministro da Economia suíço, Johann Chneider-Ammann disse em entrevista ao jornal local Tribune de Geneve que se os suíços votarem "sim", empregos serão perdidos.

"Os suíços devem votar com suas cabeças, não com seu estômago", disse o ministro.

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140206_suica_imigracao_cm_lk.shtml

Observação: pergunta pertinente já que este partido fascistoide suíço tem uma neurose com "imigração". O SVP vai também limitar a "imigração" de dinheiro sujo pra contas de bancos na Suíça (Paraíso fiscal) ou a "neura" é só com imigração de pessoas? Dinheiro sujo e lavanderia de dinheiro são bem-vindos, SVP? É o que dá a entender. Essa "moral" fascista é sempre "edificante" (conteúdo irônico na última frase).

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Hungria vai ter Centro de Documentação do Holocausto Cigano

Ciganos roma e sinti à espera de serem deportados pelos nazis na cidade
alemã de Asperg, 22 de Maio de 1940. Foto cortesia dos Arquivos
da Alemanha Federal, usada com licença 3.0 Creative Commons
Um Centro de Documentação do Holocausto Cigano (Romani) será inaugurado [en] na cidade de Pécs, no sul da Hungria, em finais de 2014. O Centro de Documentação é um projeto conjunto do Município de Pécs e da minoria cigana da Hungria. Haverá também colaboração com a Universidade de Pécs, visando o ensino aos estudantes desta parte esquecida da História da Europa do século XX.

O Holocausto Cigano, conhecido também como Porajmos no idioma romani, foi uma tentativa dos nazis alemães de exterminar o povo cigano na Europa. Aproximadamente entre 1933 e 1945, cidadãos ciganos de diversos países europeus foram perseguidos, presos, destituídos da sua nacionalidade, frequentemente transportados para países ocupados ou colaboradores dos nazis, onde muitos deles foram assassinados. Os números foram, de modo geral, minimizados pelos colaboradores nazis, mas se estima que o número de ciganos assassinados durante este período na Europa se situe entre 220 mil a 1.5 milhões.

A Alemanha Ocidental reconheceu o Holocausto Cigano em 1982, contudo o reconhecimento oficial e a referência a este acontecimento tem-se revelado difícil devido à falta de memória colectiva registada e documentada do Porajmos entre o povo cigano. Consequência tanto das suas tradições orais, como do analfabetismo agudizado pela pobreza generalizada e discriminação, fazendo com que a abertura deste centro em Pécs seja primordial para lembrar esta parte trágica da História cigana e europeia.

Fonte: Global Voices (site)
http://pt.globalvoicesonline.org/2014/02/05/hungria-vai-ter-centro-de-documentacao-do-holocausto-cigano/

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Algumas fotos de Robert Capa da guerra - Parte 01

Robert Capa, pseudônimo" de Endre Friedmann (nome verdadeiro dele), de origem húngara (nasceu ainda no Império Austro-Húngaro), foi um dos maiores fotógrafos de guerra do século XX. Chegou a cobrir cinco guerras: a guerra civil espanhola, a segunda guerra sino-japonesa (China-Japão), a segunda guerra mundial (na Europa), a guerra árabe-israelense (1948) e a primeira guerra da Indochina (que viria a se tornar o Vietnã), local onde ele morreu depois de pisar em uma mina terrestre. Embora, pra ser exato, tanto a segunda guerra sino-japonesa e a guerra civil espanhola são parte da Segunda Guerra Mundial.

Há pouco foi lançada uma exposição, "Capa in Color", com fotos coloridas dele nunca antes expostas, em Nova York (EUA): link1, link2.

Leia mais sobre essas fotos coloridas desta exposição nesses links: link3, link4, link5, link6, link7.

Segue abaixo algumas fotos dele sobre esses conflitos (em preto e branco). Particularmente, não gosto de fotos em preto e branco, prefiro fotos coloridas.

Irei inverter a ordem original dos posts de onde as fotos têm origem pois a última parte tem uma foto engraçada que faz muito tempo que vi, que é a de um piloto com o número de aviões nazis abatidos representados por suásticas na fuselagem do avião, achei essa foto emblemática. O outro blog (acho que deve ser da França) dividiu as fotos em 4 partes mas vou colocar somente em duas, embora tenha mais fotos no livro autobiográfico dele de nome "Slightly Out of Focus" (Ligeiramente fora de foco) lançado em português, link do livro no Google Books em inglês.

As fotos dele sobre a guerra civil espanhola principalmente e as do Dia D são muito conhecidas, incluindo fotos da França liberta (dos fascistas) onde aconteceu o episódio de represália a mulheres que se relacionaram com nazistas na ocupação da França junto com os colaboracionistas homens.

Usaram estas fotos (como esta aqui), com manipulação política (porque a maioria desconhece esses fatos) disseminando posts com as várias fotos deste episódio, na "web brasileira" (no Facebook principalmente, que está se revelando um estrupício fora do comum entupido de porcaria e estupidez de todo tipo, nunca mais critico o Orkut), pra relativizar o papel dos nazis na ocupação da França junto com os fascistas franceses.

De memória, não lembro deste outro fato ter sido citado nos posts espalhados (espalharam as fotos de mulheres com cabelo raspado, inclusive há um filme, com Charlize Theron e Penélope Cruz, sobre a ocupação que acho que menciona isso no fim), mas os colaboracionistas homens, a maioria, foram fuzilados por membros da Resistência Francesa, pois na libertação da França, pela ausência óbvia de Estado (ordem) e governo no meio do tumulto do fim do conflito, só a força militar poderia conter excessos e nem sempre é possível conter linchamentos de colaboracionistas sem julgamento, depende e muito da fúria da população no momento, o mesmo ocorreu na Itália liberta dos fascistas. Os nazis costumavam fuzilar (torturar também) os membros da Resistência Francesa e mesmo quem colaborava com a mesma (cidadãos franceses comuns, judeus franceses etc) porque estes queriam livrar seu país dos nazis.

Vem disso a fúria do povo contra os colaboracionistas. É extremamente fácil, de uma situação confortável, condenar as imagens (de revanche) mais de 70 anos depois sem nem saber do que se passou, o curioso é que boa parte dos que condenam são os primeiros a vibrar com linchamentos de pobres no Brasil ignorando o que seja um Estado de Direito ("Estado de Direito" pra essas pessoas só existe pra eles, o resto do país não faz parte disso, eis uma deturpação monstra causada pela cultura autoritária e tosca do país), essa "moral relativa e distorcida" (de acordo com as circunstâncias e com simpatias por regimes fascistas) dessas pessoas é simplesmente tibieza de caráter e cinismo por não assumirem publicamente que são fascistas e que gostam desse tipo de regime. Não vou nem listar as inúmeras parvoíces que a gente lê ditas por essa (extrema) 'direita patropi' do país e seu orgasmo com a barbárie.

Acho "curioso" os fáscios (força de expressão, é habitual da parte deles fazer isso) nunca mencionarem as coisas dentro do contexto que ocorreram (pra variar), só que o mais grotesco deste episódio citado acima não foi nem o uso político por parte da extrema-direita, e sim que essas fotos foram disseminadas por vários sites/Páginas de matizes ideológicos variados, o que torna a coisa mais bizarra e banal ainda. Tudo isso (provavelmente, é uma hipótese razoável já que não dá pra cravar cabalmente o intuito de cada pessoa, nem ler mentes, mas... dá pra deduzir racionalmente e de forma lógica o porquê de certas coisas ocorrerem) pra atrair cliques e míseros acessos, uma espécie de vale-tudo dos cliques.

A que ponto chega a banalização da guerra e a forma banal e idiotizada/ignorante (e muitas vezes cínica e vazia) com a qual o povo lida com assuntos sérios. Postura altamente condenável.

Clique nas descrições para ver as fotos.. Parte 4

Fotos tiradas do blog: Nikohk

Levi R. Chase, piloto norte-americano (Robert Capa)

1ª tropa de assalto à praia de Omaha, Normandia, Dia D (Robert Capa, 1944)

"Slightly out of focus" (Ligeiramente fora de foco, livro), a foto mais famosa de Capa, Dia D (Robert Capa, 1944)

Fazendeiro siciliano indicando o caminho a um soldado norte-americano (Robert Capa, 1943)

Robert Capa

Parte 3

Robert Capa com norte-americano da Primeira Divisão Airborne (1945)

Madrid, guerra civil espanhola (Robert Capa, 1936)

Barcelona, guerra civil espanhola (Robert Capa, 1939)

Alemanha, provavelmente um suicida ou alguém alvejado na janela (Robert Capa, 1939)

Prisioneiros alemães (Robert Capa)

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