sexta-feira, 6 de junho de 2008

A mezuzá nos pés da Madona - a fantástica história dos gêmeos Samuel e Joel

Os irmãos Sequerra

A fantástica história dos gêmeos Samuel e Joel

Nelson Menda, presidente do Conselho Sefaradi

No dia 24 de agosto de 1913, nasciam na cidade litorânea do Faro, no Algarve, sul de Portugal, os irmãos gêmeos Samuel e Joel Sequerra, filhos de um próspero empresário do ramo pesqueiro. Seu pai comandava com pulso firme uma frota de barcos especializados na captura de sardinhas, que eram enlatadas na unidade fabril da própria família. Os Sequerra tinha chegado ao Algarve no século XIX, provenientes da Inglaterra, e se orgulhavam do seu passado judaico-português. Duzentos anos antes do retorno, um Sequeira havia sido queimado pela inquisição em Portugal e seus três filhos tiveram de se refugiar na Inglaterra, passando a utilizar o sobrenome Sequerra. Em 1928, uma tragédia se abateu sobre a família. O pai de Samuel e Joel sofreu um grave acidente ferroviário em Portugal, vindo a falecer pouco tempo depois. Com a morte do patriarca, e tendo de enfrentar a crise mundial de 1929, a empresa dos Sequerra foi à falência.

Em 1933, a viúva mudou-se para Lisboa com seus cinco filhos: Semtob, o mais velho, os gêmeos Samuel e Joel, então com 20 anos, Mazal, a única mulher e Jacob, o caçula. Quem me relatou esses fatos foi o Salomão Sequerra, um experiente consultor de Informática, sentado em uma confortável poltrona na sala de seu apartamento no Leme, Rio de Janeiro, em março deste ano. Salomão é um homem tranqüilo de fala pausada que ainda conserva um forte sotaque português. Nasceu em Lisboa em 1943 e mudou-se com os pais e os irmãos para o Brasil em 1958, aos 15 anos de idade. Ele é filho de Joel e sobrinho de Samuel, dois heróis anônimos do século XX que ajudaram a salvar um número significativo de refugiados do nazismo, judeus e não judeus. É uma história comovente que somente agora, em pleno século XXI, exatos 60 anos depois, começa a ser revelada.

"A Espanha representou, durante os anos sombrios da II Grande Guerra, uma tábua de salvação para os fugitivos do ódio nazista"

Tudo começou em Barcelona, capital da Catalunha, Espanha, em 1942. Era uma época conturbada em todo o território europeu, com a expansão militar da Alemanha nazista, que àquela altura já tinha invadido e ocupado a Áustria, Polônia, Tcheco-Eslováquia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica, Romênia, Bulgária, Iugoslávia, Grécia e, especialmente, a França, país limítrofe à Espanha. Legiões de refugiados vagavam de um país ocupado para o outro, em busca desesperada da única rota possível de fuga: a fronteira franco-espanhola.

A travessia dos Pirineus, a pé, levava alguns dias e era realizada sob as piores condições climáticas possíveis, debaixo de frio, vento e neve. Os refugiados, além disso, precisavam driblar a vigilância da polícia francesa de fronteiras, que colaborava abertamente com a gestapo na caça aos fugitivos judeus, sem falar nos ladrões e contrabandistas que perambulavam pela região em busca de dinheiro fácil. A Espanha não havia sido invadida pelas tropas de Hitler porque era considerada uma aliada fiel do regime nazista.

O país saíra, há poucos anos, de uma sangrenta insurreição armada que representara, na verdade, uma avant-première da II Guerra Mundial. O generalíssimo Franco tinha sido o vitorioso, com o apoio financeiro, militar e ideológico da Alemanha. Barcelona, importante reduto republicano e anti-fascista, foi uma das cidades mais castigadas pelas falanges franquistas. O dialeto catalão estava proibido e até mesmo a sardana, dança folclórica tradicional, era considerada subversiva e punida com prisão. Apesar de toda a simpatia e gratidão que Franco nutria por Adolf Hitler, a Espanha representou, durante os anos sombrios da II Grande Guerra, uma tábua de salvação para os fugitivos do ódio nazista. O governo espanhol fazia vista grossa para os refugiados judeus que entravam no país, recusando-se a devolvê-los à polícia francesa ou à gestapo.

Os irmãos Sequerra desempenharam um importante papel na criação desse ambiente favorável junto às autoridades espanholas, o que permitiu a salvação de um expressivo número de homens, mulheres e crianças. Samuel e Joel portavam credenciais de voluntários da Cruz Vermelha Portuguesa e eram também funcionários da JOINT, a American Jewish Joint Distribution Committee, uma entidade de assistência aos refugiados mantida por particulares e que havia sido fundada em 1914 pelo filantropo norte-americano Jacob Schiff.

Assim que desembarcaram em Barcelona, vindos de Lisboa, os dois irmãos se hospedaram no Hotel Bristol, em plena Plaza de la Cataluña, que se transformou, em muito pouco tempo, no ponto de encontro dos refugiados que conseguiam chegar à cidade. Samuel tinha se graduado em Economia e era um diplomata nato, com enorme capacidade de relacionamento. Sua missão era contatar e fazer amizade com ministros, embaixadores, cônsules, chefes de polícia, superintendentes penitenciários e até mesmo diretores de hospitais. Joel, um assistente social na completa acepção da palavra, executava o trabalho de bastidores, percorrendo com seu carro os postos de fronteira, as prisões, as delegacias de polícia e os diversos campos de prisioneiros onde pudesse encontrar e socorrer fugitivos da barbárie nazista.

"De 1942 a 1945 Samuel e Joel conseguiram salvar aproximadamente 1.000 pessoas, entre as quais o Barão de Rothschild"

Os dois trabalhavam em total sintonia e contavam com o apoio de um eficiente grupo de voluntários que tinham ajudado a organizar. Uma vez localizado um refugiado, era preciso retirá-lo da prisão e encontrar uma residência digna, roupas, alimentos, um emprego e, mais importante do que tudo, documentos e vistos para que pudesse sair do país em segurança.

De 1942 a 1945 Samuel e Joel conseguiram salvar aproximadamente 1.000 pessoas, entre as quais o Barão de Rothschild, que, no impressionante relato da escritora Trudy Alexi no livro "A Mezuzá nos Pés da Madona" editado no Brasil pela Imago, "chegou com as roupas esfarrapadas, depois de cruzar os Pirineus andando junto com a família".

Trudy, na época uma adolescente, conseguiu fugir do inferno hitlerista pela escarpada fronteira franco-espanhola na companhia de seus pais e um irmão, tendo se radicado, posteriormente, nos EUA. A escritora dedicou parte de sua vida a entrevistar sobreviventes do Holocausto que, como sua própria família, haviam utilizado a rota Pirineus-Barcelona para alcançar a liberdade. É ela quem menciona, pela primeira vez, o nome Seguerra, assim mesmo, com g, citado 14 vezes em sua obra. Um outro livro, de autoria do escritor Haim Avni, publicado em hebraico e inglês, Spain, the Jews, and Franco, também se refere ao trabalho heróico dos dois irmãos.

Cada refugiado necessitava de uma atenção específica, pois não havia dois casos iguais. Para os homens solteiros, a salvação estava, muitas vezes, nas "noivas" portuguesas e espanholas que os irmãos Sequerra, com ajuda da coletividade, tratavam de arranjar. Como "maridos", tinham o direito de conseguir os documentos necessários para a sonhada viagem do casal à América, destino preferido da maioria dos perseguidos. Muitos desses casamentos fictícios, por estranho que possa parecer, redundaram em uniões reais e duradouras. Para outros, a solução era menos complicada.

Bastava ir à respectiva legação diplomática e conseguir passaportes e vistos para um país que os aceitasse. Com a progressão da guerra, contudo, e a política dúbia de muitas nações, estava ficando cada dia mais difícil obter esses documentos, especialmente para os judeus poloneses, que não eram reconhecidos como cidadãos pelo consulado do seu país.

Em alguns casos, quando havia risco iminente de deportação, o refugiado era internado às pressas em um hospital, onde um cirurgião amigo constatava a necessidade urgente de uma cirurgia para retirada do apêndice. Extirpava-se, na maioria das vezes, um órgão saudável, mas em contrapartida salvava-se uma vida.

Quando se esgotavam as possibilidades de conseguir passaportes e salvo-condutos em território espanhol, os Sequerra encaminhavam os refugiados para Portugal, país que também ajudou muitos judeus a escapar do inferno nazista. Em Lisboa, a comunidade judaica havia montado uma estrutura para prestar-lhes auxílio médico e financeiro, além de assistência para a obtenção de passaporte português e um providencial visto para uma terra que os acolhesse. Além dos Estados Unidos, Marrocos, no norte da África, Cuba, México e Bolívia foram alguns dos poucos países que aceitaram receber refugiados, em um período em que as portas se fechavam para os judeus.

Essa intensa atividade dos irmãos Sequerra em Barcelona não passou despercebida da Gestapo, que mantinha numerosos agentes na cidade. O escritório da Joint já havia sido transferido do Hotel Bristol para uma sede maior, no Paseo de Grácia. Uma noite, Samuel e Joel foram salvos pela própria dedicação ao trabalho.

Com excesso de tarefas, tiveram de fazer serão, tendo sido surpreendidos pelo ruído de uma violenta explosão, que destruiu completamente seu carro, estacionado nas proximidades. Tivessem saído na hora habitual, provavelmente teriam sido mortos pela bomba-relógio que os nazis colocaram sob o veículo.

A esse atentado seguiram-se outros dois, mas Samuel e Joel não esmoreceram e levaram a cabo sua meritória atividade até que tivessem retirado do território espanhol todos os refugiados que assim o desejassem. Alguns decidiram, com o fim da guerra, permanecer na Espanha, dando origem a uma florescente comunidade judaica.

Samuel e Joel continuaram suas atividades comunitárias em Portugal, mudando-se para o Brasil nos final dos anos 50. Samuel, solteiro, foi para a iniciativa privada, sendo eleito e reeleito Presidente do Cemitério Comunal Israelita, no Rio, cargo que exerceu com enorme competência e dedicação até sua morte, em 1992.

Bem à entrada dessa necrópole, no bairro do Caju, uma placa em bronze presta uma merecida homenagem ao herói anônimo que nunca aceitou, em vida, qualquer tipo de honraria e que se encontra sepultado na própria entidade que dirigiu com extremo zelo.

Seu irmão Joel, que veio com a esposa e os quatro filhos para o Rio de Janeiro em 1958, continuou desenvolvendo seu trabalho em entidades de auxílio aos refugiados, participando de projetos em prol dos judeus da Hungria, Egito, Romênia e Bulgária. Depois dessas campanhas, Joel atuou de forma decidida na colocação de bônus de Israel junto à coletividade judaica no Brasil, papéis destinados a financiar o desenvolvimento econômico daquele país.

Em 1979, aos 66 anos, Joel Sequerra se aposentou, transferindo-se para Haifa com a esposa Simy. Naquela aprazível cidade israelense já vivia, há vários anos, seu filho Arão, um brilhante arquiteto com Mestrado e Doutorado no Technion. Arão precisava de alguém com coragem suficiente para enfrentar o caótico trânsito israelense e transportar em segurança até a escola seus filhos pequenos e ninguém melhor do que o vovô Joel para tão arriscada tarefa.

Depois de ter ajudado a salvar a vida de milhares de refugiados judeus nas perigosas estradas da fronteira espanhola, Joel Sequerra curtiu seus últimos anos como motorista particular dos seus dois netos, vindo a falecer em Haifa, onde está enterrado, aos 74 anos, em 1988.

Além do internauta Salomão, que me relatou, emocionado, a maior parte dessa comovente história e do arquiteto Arão, Joel e Simy Sequerra tiveram mais dois filhos: Moisés, um virtuose do violino radicado em Lyon, França e Thea, uma jornalista que residia em Lisboa e faleceu em um acidente automobilístico em 1976.

Simy Sequerra, a viúva de Joel, mora com o filho Arão e os netos em Haifa, Israel. Os gêmeos Samuel e Joel Sequerra nunca gostaram de conversar com a família e os amigos sobre o que presenciaram durante os anos de chumbo da II Guerra e sempre recusaram receber qualquer tipo de homenagem, alegando, modestamente, que não haviam feito mais do que sua obrigação.

Uma frase de Joel, todavia, merece ficar registrada para a posteridade, pois resume em poucas palavras o misto de esperança e amargura que o acompanhou por toda a vida: "eu gostaria de acreditar que esse tenha sido o último Holocausto".

Texto publicado por Jorge Magalhães, em 09/05/2007:
http://hebreu.blogspot.com/2007/09/os-irmos-sequera.html

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Memória da guerra não tem ponto final, diz Köhler - parte 2

Dia da libertação

As solenidades deste domingo pelos 60 anos do fim da guerra foram abertas com um culto ecumênico na igreja Kaiser-Wilhelm-Gedächniskirche, na avenida Kurfürstendam, no centro de Berlim. Na presença de representantes dos três poderes, o presidente da Conferência dos Bispos Alemães, cardeal Karl Lehmann, e o presidente do Conselho da Igreja Evangélica Luterana da Alemanha, Wolfgang Huber, lembraram o 8 de maio de 1945 como "dia da libertação".

"Fomos libertados para respeitar a inviolabilidade da dignidade humana e, por isso, para a dedicação aos que são desprezados e maltratados. Somente a memória nos dá a confiança de que a guerra e a violência não têm a última palavra", disse Huber.

(Foto)Cardeal Lehmann: '8 de maio de 1945 foi também um reinício'

Lehmann disse em seu sermão que o 8 de maio de 1945 "não só foi o fim de um terrível regime, mas também a data de um reinício. A história, no entanto, privilegiou bem mais os alemães ocidentais, enquanto as pessoas no Leste carregaram muito mais o pesado fardo da catástrofe".

Em seguida, o chanceler federal Gerhard Schöder, e os presidentes do Bundestag (câmara baixa do Parlamento), Wolfgang Thierse, do Bundesrat (câmara alta do Legislativo), Matthias Platzeck, e o presidente do Tribunal Federal Constitucional Hans-Jürgen Papier, depositaram coroas de flores pelas vítimas da guerra e da tirania no memorial nacional Neue Wache, em Berlim.

Neonazistas desistem de passeata

(Foto)Polícia e manifestantes impediram passeata de neonazistas

Cerca de 15 mil pessoas bloquearam, com o apoio da polícia, uma passeata de cerca de três mil neonazistas que estava iniciando no centro de Berlim. Os neonazistas protestavam contra o que chamam de "culto à culpa alemã" em contraposição aos pedidos de perdão que o país tem feito às vítimas da guerra desencadeada pela Alemanha.

Na noite de sábado, cerca de 25 mil pessoas, portando velas, lâmpadas e lanternas, já haviam formado uma corrente de 31 quilômetros, na capital alemã, numa vigília contra o fortalecimento da extrema direita no país.

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, arquivo, 08.05.2005)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1577458_page_2,00.html

terça-feira, 3 de junho de 2008

Memória da guerra não tem ponto final, diz Köhler - parte 1

(Foto)Público acompanhou discurso do presidente no telão em Berlim

Presidente alemão conclama compatriotas a manter viva a lembrança do sofrimento e da violência que partiu da Alemanha nazista e a lutar contra a repetição de crimes semelhantes. Passeata de neonazistas é barrada em Berlim na comemoração dos 60 anos do fim da II Guerra.

"Nós temos a responsabilidade de manter viva a memória do sofrimento e da violência que partiu da Alemanha nazista e de garantir que isso nunca se repita. Não há um ponto final", disse o presidente alemão Horst Köhler, em discurso no Parlamento, neste domingo (08/05), durante a principal cerimônia na Alemanha pelo 60º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.

A tragédia que a Alemanha provocou ao mundo têm efeitos até hoje, acrescentou. "Nós alemães recordamos com horror e vergonha a Segunda Guerra desencadeada pela Alemanha e o Holocausto cometido pelos alemães. Rememoramos os seis milhões de judeus que foram mortos com energia diabólica", afirmou Köhler. Ele manifestou "repulsa e desprezo por aqueles que cometeram esse crime contra a humanidade e destruíram a honra de nosso país".

(Foto)Presidente alemão Horst Koehler discursa no Bundestg (Parlamento alemão)

Köhler disse que a "a maioria dos alemães sentiu-se aliviada" com o fim da guerra. Ele lembrou os milhões de judeus, grupos ciganos sinti e roma, homossexuais e deficientes, as vítimas da fúria alemã, sobretudo, na Polônia e União Soviética, mas também os civis mortos nos bombardeios contra a Alemanha, os perseguidos e as mulheres violentadas em massa. "Estamos de luto por todas as vítimas, porque queremos ser justos com todos os povos, inclusive com o nosso próprio povo", afirmou.

Ao mesmo tempo, o presidente avaliou como "motivo para alegria e gratidão", a transformação externa e interna pela qual passou a Alemanha nos últimos 60 anos. "Essa gratidão devemos, em primeiro lugar, aos povos que derrotaram a Alemanha e a libertaram do nazismo. Eles deram uma chance ao nosso país no pós-guerra", ressaltou.

(Foto)Cerimônia no Bundestag pelos 60 anos do fim da II Guerra

No mesmo tom das críticas feitas pelo presidente norte-americano George W. Busch em sua viagem aos países bálticos, Köhler lembrou que na zona de ocupação soviética o sofrimento de muitas pessoas continuou depois da Segunda Guerra. "Só numa parte da Europa foi possível construir sem obstáculos sociedades livres".

Referindo-se à revolução pacífica de 1989, o presidente disse: "Os alemães orientais escreveram um dos melhores capítulos da história alemã". Hoje – continuou Köhler – a Alemanha é uma democracia estável. "Hoje a Europa é caracterizada pela liberdade, democracia e o respeito aos direitos humanos e a Alemanha está cercada de amigo e parceiros".

Infelizmente, observou ainda, "na Alemanha também há incorrigíveis, que querem voltar ao racismo e extremismo de direita. Mas eles não têm qualquer chance contra a absoluta maioria de alemães conscientes que mantêm nossa democracia vigilante e resistente", disse sob forte aplauso das lideranças políticas do país.

Köhler fez questão de ressaltar as relações de amizade que hoje unem a Alemanha e Israel e destacou ainda a importância da parceria transatlântica com os Estados Unidos. "Hoje a guerra na Europa se tornou impossível", disse.

Fonte: Deutsche Welle(arquivo, 08.05.2005)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1577458,00.html

sábado, 31 de maio de 2008

Colunas de Zyklon - coluna Kula

Uma das peças de propaganda "revisionistas" mais difundidas é a idéia de que não havia buracos nas câmaras de gás nazistas. No seguinte texto do Holocaust History Project, todas as distorções "revisionistas" são desmitificadas e é apresentada uma explicação detalhada das colunas de Zyklon, que fizeram parte de todo aparato de assassinato em massa nos campos de extermínio nazi.

Colunas de Zyklon - coluna Kula

Introdução

Em Auschwitz-Birkenau, nas câmaras de gás dos crematórios II e III, o Zyklon-B era colocado através de buracos no teto. Depois dos recentes experimentos com este veneno, a equipe do campo tinha aprendido que era importante deixar as pastilhas de Zyklon para serem removidos depois da morte das vítimas, e também para provocar um aumento da velocidade de evaporação do gás.

A solução para estes problemas era o uso de uma coluna de malha de arame, que percorria todo o chão acima do teto pelo telhado. Um homem das SS, usando uma máscara de gás e em pé no telhado, colocaria as pastilhas no topo da coluna e poria uma cobertura de madeira sobre isso. As pastilhas caiam dentro de uma cesta interna de malha de arame, que as recebia e então liberavam seu veneno dentro da câmara de gás.

Depois que o assassinato em massa estivesse completo, a cobertura era aberta, a cesta era retirada, e o Zyklon que restava expelia seu veneno de um modo inofensivo ao ar livre. Enquanto isso, a ventilação da câmara de gás e a cremação de cadáveres podiam ter início.

Estas colunas são relatadas no inventário do crematório II, 31 de março de 1943, como "mecanismo de introdução de malha de arame" (Drahtnetzeinschiebvorrichtung) com "coberturas de madeira" (Holzblenden).

Esquema

Abaixo há um esquema de uma seção transversal da introdução da coluna, vista de lado. Cada um das medidas foram coletadas de várias fontes de depoimentos de testemunhas oculares; eles foram sintetizados dentro deste desenho. As medidas mostradas são as melhores aproximações daquelas fontes, mas não devem ser consideradas exatas para medida em centrímetros.(clique na imagem para vê-la ampliada)

Fontes: Gutman, Yisrael, and Michael Berenbaum, Anatomy of the Auschwitz Death Camp, 1994; Pressac, Jean-Claude, Auschwitz: Technique and Operation of the Gas Chambers, Beate Klarsfeld Foundation, New York, 1989.

Esboço

Michal Kula, um ex-prisioneiro que trabalhou num local de confecção de esquadrias metálicas do campo de Auschwitz-Birkenau, deu um depoimento descrevendo a introdução das colunas em junho de 1945. Abaixo há um esboço ilustrando o que ele descreveu naquele depoimento. As imagens são do livro de Jean-Claude Pressac "Auschwitz: Technique and Operation of the Gas Chambers"(Auschwitz: Técnica e Operação das Câmaras de Gás), que foi originalmente publicado em francês; as traduções estão abaixo.

Este esboço mostra a menor "cesta de arame" abaixo a coluna dentro da qual isto foi inserido. Esta "parte móvel" é o que realmente carrega as pastilhas de Zyklon para elas liberarem o gás venenoso, e é o que era retirado uma vez que a operação de gaseamento era completada.(clique na imagem para vê-la ampliada)

Traduções:

PARTIE MOBILE - PARTE MÓVEL

Coiffe en tôle - Tampa de Metal

Intervalle separant le tube en tôle du 3ème tamis: 25 mm - Espaço entre os tubos de metal e a terceira estrutura: 25 mm

Troisième tamis intérieur à maille de 1 mm de côté - Terceira, interna, estrutura de 1 mm de malha

Tube en fine tôle zinguée de 15 cm de côté - Tubo de metal galvanizado interno, 15 cm²

PARTIE FIXE - PARTE FIXA

Pièce de métal reliant les 1er et 2ème tamis - Pedaço de metal unindo a primeira e segunda estruturas

Premier tamis extérieur en fil de 3 mm de diamètre et de maille de 45 mm de côté - Primeira, externa, estrutura de 3 mm de diâmetro de arame, 45 mm de malha

Deuxième tamis intérieur à maille de 25 mm de côté - Segunda, interior, estrutura de 25 mm de malha

3 m environ - Aproximadamente 3 m

Cornières de 50 x 50 x 10 mm - Calhas de 50 x 50 x 10 mm

Fonte: Pressac, Jean-Claude, Auschwitz: Technique and Operation of the Gas Chambers, Beate Klarsfeld Foundation, New York, 1989, p. 487.

Testemunho de Erber

Em 1981, o historiador Gerald Fleming conversou com o ex SS-Sergeant Major Josef Houstek, que havia mudado seu nome para Josef Erber depois de servir em Auschwitz. Erber descreveu as colunas parecendo ligeiramente diferentes:
Em cada uma destas áreas de gaseamento [dos crematórios [II and III] em Birkenau] estavam dois dutos: em cada duto, quatro tubos de ferro percorriam do chão até o teto. Estes estavam recobertos com malha de arame de aço e dentro havia um recipiente de estanho com uma borda baixa. Anexo a este estanho havia um arame pelo qual isto poderia ser retirado pelo telhado. Quando as tampas eram levantadas, alguém poderia retirar o recipiente de estanho e remexer os cristais do gás dentro dele. Então o recipiente foi baixado, e a tampa fechada. 6

6. Prisioneiro Josef Erber ao autor, 14 de setembro de 1981.

Os "quatro tubos de ferro" são supostamente as quatro calhas ao redor dos quais a malha do lado externo fora envolvida. O recipiente de estanho baixado por um arame deveria ser, mais cedo ou mais tarde, a versão do lado de dentro da "cesta de arame" descrita por Kula.

Fonte: Fleming, Gerald, Hitler and the Final Solution, 1984, p. 188.

A descrição de Tauber

Henryk Tauber deu um depoimento em maio de 1945 que incluiu uma descrição das colunas:
A lateral destes pilares, que iam até o telhado, eram de malha de arame pesado. Dentro desta grade, havia outra de malha mais fina e dentro daquela uma terceira de malha mais fina ainda. Dentro da jaula desta última malha havia uma lata removível que era retirada com um arame para recuperar as pastilhas das quais o gás havia evaporado.

[...]

A sala de despir e a câmara de gás eram cobertas primeiro com um bloco de concreto e então com uma capa de de solo coberto com grama. Existiam quatro pequenas chaminés, as aberturas através das quais o gás era expelido naquelas saídas acima da câmara de gás.
Fonte: Pressac, Jean-Claude, op.cit., p. 484.

Vista Aérea

As aeronaves de reconhecimento dos Aliados adquiriram a capacidade militar para sobrevoar a área de Auschwitz em meados de 1944. A fábrica da IG Farben próxima produzia borracha sintética e óleo, e era de interesse militar por esta razão, mas várias fotografias foram também tiradas do campo de Birkenau. Em 25 de agosto de 1944, um aeroplano capturou esta vista de Birkenau, incluindo as câmaras de gás dos crematórios II e III.

Nesta fotografia, o crematório II está no retângulo central à direita, e o crematório III está abaixo à direita. O Norte está ao fundo(parte inferior).

Abaixo, uma ampliação da mesma fotografia mostra a edificação do crematório II. Ao fundo, a chaminé do crematório faz uma extensa sombra. Extendendo-se pra cima(sul) da edificação está o subsolo da câmara de gás, Leichenkeller 1. Quatro manchas escuras são visíveis, correspondendo às quatro "pequenas chaminés" da introdução das colunas.

Fonte: U.S. National Archives, Record Group 317 - Auschwitz Box Envelope 17 / Security Set - CIA Annotated Negative #17, photograph of August 25, 1944.

Vista Terrestre

Abaixo está uma vista do terreno do mesmo crematório, olhando ao norte de seu Sul. Na direita está a edificação do crematório com sua chaminé visível. Jean-Claude Pressac situa a data desta fotografia entre 9 e 11 de fevereiro de 1943. A edificação está ainda sendo construída e não será terminada até fim de março de 1943.

A câmara de gás Leichenkeller 1, justo à direita da fumaça do trem, extende-se na direção da câmara e ligeiramente para direita.

Abaixo, uma ampliação da mesma fotografia mostra a câmara de gás. Como o resto da edificação, está em construção. Não tinha sido ainda coberta com terra, fazendo as "pequenas chaminés" parecerem mais altas que elas seriam.

Uma cuidadosa análise fotográfica mostrou que as duas sombras escuras curtas e verticais, sob o centro da janela nesta foto, estão "pequenas chaminés" ao sul. (O retângulo escuro à sua direita parece estar contra a parede da edificação, atrás da câmara de gás. É desconhecido o que está mais curto, e a sombra cinza mais clara está à sua esquerda. As linhas de luzes verticais em frente à câmara de gás são postes da cerca.) A terceira "pequena chaminé" está atrás da fumaça do trem, e no canto superior da quarta pode apenas ser vista, justo à esquerda da fumaça do trem, e mais escurecida pelo monte de cobertura de neve da terra. Deste ângulo, sua colocação está oscilando devido a alternância leste-oeste.

Fonte: Pressac, Jean-Claude, Auschwitz: Technique and Operation of the Gas Chambers, Beate Klarsfeld Foundation, New York, 1989, p. 340. Cited by Pressac as PMO neg. no. 20995/494, Kamann series. And Keren, Daniel, Jamie McCarthy, and Harry W. Mazal, Holocaust and Genocide Studies, Oxford University Press, Vol. 18, No. 1, Spring 2004, pp. 68ff.: "The Ruins of the Gas Chambers: A Forensic Investigation of Crematoriums at Auschwitz I and Auschwitz-Birkenau."

Um Respiradouro Similar

Uma rara fotografia de uma introdução de respiradouro similar de Majdanek, não de Auschwitz, foi preservada. Majdanek foi também um campo onde gaseamentos em massa foram realizados.

Quando o Exército Vermelho chegou em julho de 1944 os soldados acharam enormes depósito transbordado de bens. Eles descobriram cadáveres e mais evidências de uma enorme série de atrocidades, as quais noticiaram imediatamente para a imprensa mundial.

(Feig, Konnilyn, Hitler's Death Camps, 1979, p. 330.)

Um homem do exército soviético posou para esta fotografia, pegando a cobertura do aparelho, em pé próximo ao aparelho. Foi publicada pela London press em outubro de 1944. É desconhecido como similar a isto pareciam às "pequenas chaminés" de Auschwitz-Birkenau.

Fonte: The Illustrated London News, October 14, 1944, p. 442.

Negadores do Holocausto

Negadores do Holocausto rejeitam que estas colunas também existiram. A convergência desta evidência, incluindo os testemunhos convincentes que deram detalhes antes de corroborar evidências que foram desenterradas é ignorada.

Os depoimentos de Kula e Tauber descrevendo as inserções de "aparelhos de malha de arame", décadas antes corroborando a evidência foram descobertos nos arquivos, não podem ser descartados. O depoimento de Houstek/Erber dos mesmos aparelhos, também antes desta evidência ser descoberta, é também uma forte corroboração.

Negadores provavelmente sustentarão que uma menor diferença em suas descrições significa que devamos ignorá-los. Mas realmente devemos esperar achar narrativas idênticas? Os prisioneiros deram suas descrições meses depois do fato; o perpetrador, 35 anos mais tarde. Que devem contar para alguns como diferença. Justamente como em grande medida, não sabemos se os nazis em fulga da operação de gaseamento tentaram usar ligeiramente diferentes tipos do equipamento de hora em hora.

Certamente, se todas as três descrições eram exatamente semelhantes, devemos suspeitar que a narrativa mais recente foi copiada das mais antigas. Por elas não serem, sabemos que aqui estão três testemunhas oculares separadas por estes itens.

Negadores do Holocausto rejeitam a validade das fotografias aéreas, alegando que aqueles quatro postes escuros no telhado de cada câmara de gás foram retoques adicionados pela CIA ou alguma outra conspiração. John Ball, que não é nenhum perito em interpretar fotografias aéreas, sugere uma destas hipóteses ou, alternativamente, que os postes escuros eram vasos em repouso em cada câmara de gás.

Os objetos mostrados no telhado na foto terrestre, dizem alguns negadores, são caixas comuns de material de construção.

Negadores também alegam que não há nenhuma evidência dos quatro buracos no telhado de cada câmara de gás. Porque as câmaras foram dinamitadas numa tentativa de esconder evidência de assassinatos em massa da chegada do Exército Soviético, os telhados desmoronaram e é difícil dizer nos escombros o que é um buraco e o que não é. Mais tarde neste ano, um ensaio no website direcionará esta questão em detalhe.

Finalmente, negadores do Holocausto intencionalmente confundem o sólido apoio no telhado das colunas das câmaras de gás com as colunas de malha de arame. Como óbvia evidência de seus crimes, as últimas seriam removidas pelos nazis das câmaras de gás antes delas serem destruídas. De forma absurda, negadores mostram fotos de sólidas colunas como prova de que as colunas de malha de arame nunca existiram.

Esta débil intenção em reescrever a história não se sustenta.
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Agradecimentos ao voluntário Harry Mazal do Holocaust History Project pela assistência de pesquisa.

Última alteração: 30 de outubro de 2005
Contato técnico/administrativo: webmaster@holocaust-history.org

Texto: Jamie McCarthy e Mark Van Alstine
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/intro-columns/
Tradução: Roberto Lucena

Documentário debate relação entre homossexualidade e nazismo


(Foto)'Homens, heróis, gays nazistas' e a cultura da masculinidade

No documentário "Homens, heróis, gays nazistas", o diretor alemão Rosa von Praunheim aborda a relação entre homossexualidade e nazismo, cujo ideário e estética estão cada vez mais presentes na cena gay atual.

Em uma série de documentários realizada recentemente, o célebre diretor gay alemão Rosa von Praunheim (Eu sou minha própria mulher, 1992 e O Einstein do Sexo, 1999) relata sobre testemunhas gays sobreviventes da era nazista.

Em Schwein gehabt – Joe Luga (Joe Luga teve sorte), por exemplo, Von Praunheim conta a história do cantor Joe Luga, que fazia shows travestido de mulher para os soldados alemães da frente russa. Somente após a guerra, nos anos de 1950 e 1960, sua homossexualidade o levou às prisões da antiga Alemanha Ocidental.

Mas é no longo documentário Männer, Helden, Schwule Nazis (Homens, heróis, gays nazistas), disponível desde o ano passado em DVD, que o diretor aborda a paradoxal relação entre a homossexualidade e as idéias do radicalismo de direita, cuja estética está cada vez mais presente na cena gay atual.

Homossexualidade e nazismo: é possível?

(Foto)Alexander Schlesinger posa em frente ao aeroporto de Tempelhof

Andre, ex-ativista skinhead, fala sobre a "cultura da masculinidade" em grupos de extrema direita. Botinas, cabeças raspadas e suspensórios são símbolos de virilidade e radicalismo.

Bernd Ewald Althaus, preso nos anos de 1990 por propagar "a mentira de Auschwitz", explica suas convicções, enquanto é mostrado distribuindo panfletos para festas gays em Berlim.

Alexander Schlesinger pertence a um partido de extrema direita, cujo nome não foi citado. Ele explica que seu chefe está informado de sua homossexualidade.

Os três são gays assumidos e estão ou estiveram ligados ao movimento de extrema direita. Em seu documentário, Von Praunheim tenta não somente mostrar o paradoxo entre a homossexualidade e o neonazismo, mas também que a sexualidade está presente em todos, até mesmo em nazistas.

Nazistas de ontem e de hoje

(Foto)A homossexualidade de Ernst Röhm (c) foi tolerada durante anos por Hitler

Entre os casos mais famosos, trazidos por Von Praunheim à tela, estão Ernst Röhm, chefe da SA (Seção de Assalto), a tropa de segurança do partido de Hitler, e Michael Kühnen, líder do proibido FAP (Partido Liberal dos Trabalhadores Alemães).

Ernst Röhm vivia sua homossexualidade de forma relativamente aberta. Ele quis abolir o parágrafo 175 do Código penal, que até os anos de 1970 considerava a homossexualidade crime na Alemanha.

Sua homossexualidade era motivo de chacota da oposição social-democrata. Por uma ameaça de golpe de Estado e por sua homossexualidade, Hitler o mandou fuzilar, em 1934, juntamente com seus aliados. Cerca de 40 anos mais tarde surgia Michael Kühnen, chefe do FAP e um dos mais importantes neonazistas da Alemanha.

(Foto)Michael Kühnen (c) morreu de aids

Em 1986, Kühnen publicou o manifesto Nacional-socialismo e Homossexualidade, onde explicava, entre outros, que os homossexuais eram mais aptos a assumir funções de chefia, já que não tinham família, podendo assim se dedicar completamente à sua causa. Nas teorias de Kühnen, a mulher assumia uma função biológica. Michael Kühnen morreu de aids em 1991, fato negado, assim como sua homossexualidade, pela maioria dos seus seguidores.

Nem Hitler nem Hess escaparam

Em Homens, heróis, gays nazistas, nem o ditador Adolf Hitler e seu vice, Rudolph Hess, escaparam da homossexualidade. Por sua feminilidade, Hess era chamado de "senhorita Hess" por alguns companheiros de partido e só se casou porque Hitler o obrigou, explica o documentário de Rosa von Praunheim.

No livro O Segredo de Hitler, o historiador e professor da Universidade de Bremen Lothar Machtan tenta provar que o ditador era homossexual, usando como argumentos, entre outros, depoimentos de antigos camaradas e o fato de Hitler só ter tido relações com mulheres aos 48 anos.

Esquerda passiva, direita ativa

(Foto)Para Von Praunheim, a sexualidade está em todos

Quanto ao avanço do neonazismo entre os homossexuais da atualidade, que muitas vezes adotam a estética do radicalismo de extrema direita sem mesmo ter convicções políticas neonazistas, o diretor de 65 anos explica, no final de seu filme, sua visão atual dos movimentos de emancipação gays.

"Os tempos de uma esquerda ativa já passaram, vivemos agora uma época de um engajamento de direita."

Sempre houve gays ligados a movimentos de extrema direita, por mais paradoxal que seja esta posição, explica o diretor. Já que, a partir de 1935, os nazistas acirraram ainda mais a perseguição aos homossexuais. Através da fome e trabalhos forçados em campos de concentração, gays eram "reeducados" como heterossexuais.

Perguntado por Rosa von Praunheim sobre o que achava de homossexuais nazistas, o prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, cujo lema eleitoral foi "Sou gay e é bom assim", declarou no documentário: "Nazistas, sejam eles homossexuais ou heterossexuais, eu desconsidero".

Carlos Albuquerque

Fonte: Deutsche Welle(15.01.2007)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2310990,00.html

Parlamento alemão reabilita homossexuais e desertores

(Foto)O desertor Albert Laucke chora na inauguração de um memorial aos desertores da Wehrmacht

Quase 60 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, os homossexuais e desertores condenados pela Justiça nazista serão plenamente reabilitados.

A reabilitação legal está assegurada com uma reforma da lei que anulou as injustiças judiciais dos nazistas, aprovada pelo Parlamento da Alemanha (Bundestag)nesta sexta-feira (17).

Os partidos Social Democrático (SPD) e Verde – da coalizão governamental – e o Partido do Socialismo Democrático, o PDS neocomunista, votaram a favor. Os partidos oposicionistas de centro-direita - União Democrata-Cristã (CDU), Social-Cristã (CSU) e o Partido Liberal (FDP) - votaram contra a reabilitação dos homosssexuais e desertores. A lei não precisa mais de aprovação da câmara alta do Legislativo alemão (Bundesrat).

Assim estão anuladas as sentenças contra 50 mil homossexuais e 22 mil penas de morte contra desertores das Forças Armadas (Wehrmacht), pronunciadas pelo regime de Hitler. Até então, a reabilitação dependia do exame individual dos casos. Todos as outras sentenças dos nazistas já haviam sido anuladas por uma lei de 1998.

A ministra alemã da Justiça, Herta Däubler-Gmelin (SPD), admitiu que "já estava mais do que na hora" para uma tal lei. Contudo, mesmo chegando tão tarde, ela é essencial, pois "devemos isto às vítimas da injustiça nazista".

Fonte: Deutsche Welle(17.05.2002)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,522676,00.html

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Homossexuais vítimas do nazismo ganham memorial em Berlim

Como através de uma janela, observador vê filme com dois homens se beijando

Em torno de 54 mil homossexuais foram condenados durante o regime nazista. Sete mil foram mortos em campos de concentração. Próximo ao Memorial do Holocausto, um monumento é inaugurado em memória às vitimas.

O amor que não ousa dizer o nome. Como se estivesse olhando através de uma janela, o observador vê uma cena de filme em preto-e-branco: dois homens se beijando projetados no interior de um bloco retangular de concreto de cerca de quatro metros de altura.

Num misto de instalação e escultura, o duo de artistas Michael Elmgreen e Ingar Dragset projetou o memorial dos homossexuais perseguidos pelo regime nacional-socialista, que o ministro alemão da Cultura, Bernd Neumann, inaugura nesta terça-feira (27/05) em Berlim.

Localizado em frente ao Memorial do Holocausto, a forma retangular do novo monumento dialoga com as colunas cinza retangulares do memorial aos judeus assassinados pelo regime de Hitler.

Além de honrar as vítimas perseguidas e mortas pelos nazistas, a Alemanha deseja, com este monumento, manter acordada a lembrança da injustiça e estabelecer um sinal duradouro contra a intolerância, a hostilidade e a exclusão de gays e lésbicas, explicam os dizeres ao lado do novo memorial.

Beijo gay, beijo lésbico

Ingar Dragset e Michael Elmgreen

Em 12 de dezembro de 2003, o Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, decidiu a construção do monumento aos homossexuais – contra os votos dos partidos da União (CDU/CSU), à qual pertence a atual chanceler federal alemã Angela Merkel.

Este foi um belo presente de aniversário para o deputado federal do Partido Verde Volker Beck, ativista homossexual e um dos principais incentivadores do monumento.

Para Beck, a importância do memorial está no fato de ter sido negada, durante muito tempo, a injustiça feita a gays e lésbicas. O mesmo Parágrafo 175 do Código Penal Alemão que permitiu aos nazistas a perseguição e o assassinato de homossexuais foi válido na República Federal da Alemanha até 1969.

Quanto à resolução artística do monumento, o deputado não demonstra preocupação. Após críticas, principalmente de mulheres, a obra foi remodelada. No primeiro projeto, serão vistos dois homens se beijando. Mais tarde, serão duas mulheres.

Responsabilidade especial

Monumento do respeito aos homossexuais

A partir de 1935, os nazistas acirraram o Parágrafo 175. Um beijo entre pessoas do mesmo sexo já bastava para a perseguição judicial. Houve mais de 50 mil julgamentos. Os nazistas conseguiram impor, algumas vezes, até mesmo a castração das vítimas.

O Parágrafo 175 significava prisão em campos de concentração. Muitos não sobreviveram. Eles morriam de fome, doenças ou foram vítimas dos assassinatos sistemáticos.

Com exceção da Áustria anexada, a homossexualidade feminina não sofreu perseguição. Lesbianismo não era considerado perigoso ao regime. Se lésbicas, no entanto, entrassem em conflito com os nazistas, também se tornavam vítimas das repressões.

Direitos humanos de gays e lésbicas

O governo alemão observa a importância do novo monumento também pelo fato de pessoas serem, em várias partes do mundo, ainda hoje vítimas de hostilidade devido à sua identidade sexual.

"Devido a sua história, a República Federal da Alemanha tem a especial responsabilidade de se posicionar, decididamente, contra as agressões aos direitos humanos de gays e lésbicas", lê-se na placa do memorial.

Segundo o deputado Volker Beck, existem hoje mais de 80 países onde a homossexualidade entre pessoas adultas é passível de punição, que pode chegar até mesmo à pena de morte em 12 desses países – o que faz lembrar os nazistas e a importância do atual monumento.

Fonte: Deutsche Welle/Agências(27.05.2008)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3362743,00.html

terça-feira, 27 de maio de 2008

Holocausto na Letônia - Rumbula (8 de Dezembro de 1941)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.


Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml



8 de Dezembro de 1941


O segundo dia dos assassinatos tem atraído menos atenção nas memórias, histórias, e depoimentos do que o primeiro. Na realidade, foi ainda mais terrível, porque todos sabiam o que ia acontecer, apesar de os judeus do gueto esperar uma contra esperança. A ação do dia 30 de novembro havia destruído todos as trapaças e auto-decepções, tanto para as vítimas como para os algozes. Estava nevando naquela segunda-feira. O gerente da estação de Rumbula, apesar de ter ouvido os tiros, não saiu de casa por causa da neve. Quantos policiais alemães e letões recusaram o trabalho no segundo dia, não sabemos. Mas foram poucos. Sabemos que o Tenente Zimmermann, depois de regressar a partir do primeiro dia de ação, disse a seu amigo Jahnke "Dez cavalos não vão voltar de novo."
O Tenente Vilnis foi para o QG da Anna Ielas e implorou para ser transferido para um batalhão. Com lágrimas nos seus olhos, ele disse a Pårups o que ele tinha visto. Os judeus do gueto, os homens do SD, e certamente Jeckeln, ele próprio tinham outra alternativa senão a de seguir por meio do curso que começou em 30 de novembro.

A organização e procedimentos do segundo dia dos assassinatos foi similar, senão idêntico ao do primeiro. O sistema parece ter sido um pouco mais apertado. As mesmas unidades que foram contratadas no primeiro dia foram orientadas a fazê-lo novamente. Os mesmo 12 atiradores foram para as valas. Saber se os mesmos policiais de Rîga foram novamente ou se outros foram contratados, não sabemos.

As informações sobre a polícia de Rîga, enquanto se aguarda a recuperação de dois arquivos pela prefeitura de Riga destes dois meses, é tão fragmentada que nenhuma resposta com certeza pode ser dada. Mais de um sobrevivente, incluindo Frîda Michelson, testemunharam que os judeus no segundo dia de ação estavam mais dóceis. Eles achavam que a atrocidade não poderia ser repetida e começaram falsos rumores começaram de que os judeus foram movidos para fora [do gueto] em 30 de novembro estavam vivos, em um campo de concentração. Desta vez, os 20kg de bagagens foram permitidos e recolhidos no gueto, e os proprietários foram informados de que seriam levadas por um caminhão para o seu destino. O número de judeus mortos dentro do gueto foi de "apenas" em torno de 300.

O segundo dia de Rumbula é notável pela milagrosa sobrevivência de três almas que foram salvas a partir do funil das valas, e que viveram para contar suas histórias: Frîda Michelson, Ella Meda¬e e Matîss Lutriñß.
Seus depoimentos vividamente retratam os acontecimentos da segunda ação e detalhadamente com mérito.

Holocausto na Letônia - Rumbula (30 de Novembro de 1941)




Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.

Traduzido por Leo Gott à partir do link:

http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml

30 de Novembro de 1941 (Segunda Parte)

Nesse momento as vítimas foram retomadas por uma equipe de homens formando uma gauntlet, como um funil alimentando as covas. De acordo com Péteris Stankéviçs, sua coluna de judeus foi conduzida ao longo do prado, onde ficaram esperando sua vez. Os tiros nas covas eram audíveis e o despimento dos judeus era visível. Os alemães permitiam a Stankéviçs que ele olhasse as covas, mas ele espiava através dos arbustos. A partir do local de espera, de acordo com a Stankéviçs, os judeus eram soltos e enviados para o gauntlet em grupos de cinqüenta pessoas.


Costumava-se pensar que os homens destacados para o afunilamento os judeus para o gauntlet eram homens do SD. Pelo menos no primeiro dia da operação, era um grupo misto que incluía uma companhia da Rîga Ordnungspolizei. Mais longe do gauntlet assumiu o SD, e existem todas as razões para pensar que os homens de Aråjs trabalharam bem na formação de filas[colunas]. As atribuições para o exterior era para oberservar as fugas. Várias metralhadoras foram colocadas na periferia, prontas para parar qualquer fuga em massa.
No primeiro dia a 3a Ordnungspolizei tinha colocado muito perto das valas. Jeckeln mandou Degenhart reposicioná-las para obter uma melhor visibilidade para tiro a distância, afim de conter um motim. A aproximação das valas do gauntlet tornaram-se mais exigentes e mais restritas, a cerca de cinquenta metros da cova, os homens se situaram a cerca de seis a oito metros umas das outras e o funil tinha diminuído de quatro a cinco metros de largura. A horripilante marcha para Rumbula terminou em um inferno de horror. Assim que os judeus entraram no gauntlet, eles foram apressados juntos com gritos e agressões físicas. Antes da floresta tinha um pequeno pasto, e no ponto em que as pastagens terminavam o SD letão SD coletava as bagagens que os judeus tinham trazido ao longo do gueto. Em ambos os lados da trilha haviam caixas de madeira para receber os bens que os judeus ainda não tinha jogado fora, em valas e underbrush. Progredindo ainda mais no gauntlet, eles foram forçados a retirar os seus casacos e, em seguida, a despir-se completamente. Algumas testemunhas disseram que os judeus eram obrigados a despir-se até a pele, outros dizem que até à roupa de baixo. Com a progressão do dia, as pilhas de roupas cresceram imensamente. Uma equipe de Aråjs de motoristas e mecânicos carregaram a roupa em seus caminhões e levaram-nas para a cidade. Os alemães ficaram especialmente nervosos no ponto de despir, porque o fluxo era interrompido por ali. Eles estavam receosos porque um motim poderia acontecer. Sapatos iam para outra pilha. Os judeus entraram nas covas por uma rampa de terra, alguns rezando, alguns recitando a Torah, outros choramingando, gemendo e chorando. Entes queridos abraçados em conjunto, as mães agarradas a seus filhos. Neste momento a vontade de resistir haviam deixado os judeus. As vítimas eram colocadas com a face virada para baixo por cima daqueles que já tinham sido baleados e ainda se controcendo e forçando, sangue escorrendo, cérebros e excrementos apodrecendo.
Com suas armas automáticas russas em disparos conjuntos e únicos, os atiradores matou os judeus a partir de uma distância de cerca de dois metros com um tiro na parte de trás de suas cabeças. Uma bala por pessoa foi destinado pelo sistema de Jeckeln.


Jeckeln se situava no topo do aterro com muitos outros graduados SS, SD, e autoridades policiais. O chefe letão do Annas Iela, Osis, esteve lá por uma boa parte do tempo. Aråjs, fortemente embriagado, teve um papel mais ativo, trabalhando mais perto das valas, supervisionando seus homens. Jeckeln convidou convidados de todos os níveis na hierarquia alemã: o Reichskomissar de Ostland, Lohse, esteve lá por um tempo, talvez esteve o Gebietskomissar da Letônia, Drechsler. Jeckeln ordenou o seu próprio pessoal para estar no tiroteio, e testemunhar, bem como dividir parte do crime. Ele também chamou os comandantes de polícia de Pskov e outras cidades da região a fim de testemunhar o assassinato. Stahlecker foi chamado do front de Leningrado para estar presente, talvez uma referência ao trabalho que ele não tinha terminado e mostrar a forma como ele deveria ser feito.

Do ponto de vista dos homens fazendo o assassinato no fundo das valas, Jeckeln e seus visitantes e olhavam aturdidos e perplexos. Embora os oficiais da polícia tenham vindo de distância longa, Jeckeln não convidou ninguém da Wehrmacht.

Os atiradores trabalhavam com 50 balas (número de munições em pentes russos) turno. Quando um pente ficava vazio, o atirador retirava e recarregava. Três covas operaram simultaneamente. De acordo com os depoimentos as três valas variavam de tamanho. De qualquer forma os assassinatos foram realizados por 12 homens. Schnnaps estavam disponíveis, também para os visitantes, mas os assassinos, nas valas, tinham pouco tempo para isto. Como é de conhecimento os 12 homens não tinham reservas para aliviá-los. Zingler tinha bebido antes do trabalho e um pouco mais depois, mas não bebeu nada durante o dia. Uma vez que as valas eram em forma de uma pirâmide invertida, já que os cadáveres haviam preenchido as valas com as vítimas, os assassinos tinham que subir sobre os mortos e também sobre os que estavam morrendo. Depois do por-do-sol os tiros passaram a ficar menos precisos. No crepúsculo o Schutzpolizei Heise foi atingido no olho por uma bala que ricocheteou. Tinham várias evidências quando o tiroteio parou.
É difícil imaginar que eles poderiam ter continuado na escuridão total, muito além 5:00 horas, ou até uma hora e vinte minutos além do por-do-sol. Muitas testemunhas alemãs disseram que eles foram até escurecer. Stankéviçs testemunhou que foi para casa às 20:00hs, mas ele foi por uma rua da circunscrição, talvez parando para consumir e compartihar schnnaps com seus colegas policiais. O gerente da estação de Rumbula, que ouviu à partir de sua casa, testemunhou que o tiroteio parou somente às 19:45hs.


A última coluna de judeus saiu do gueto às 12:00hs. Outra procura foi feita ao longo de todo os apartamentos vazios para ver se algum judeu tinham iludido a evacuação. Às 13:00hs Heise estava de volta ao gueto, quando Hesfer informou-lhe que cerca de vinte judeus ficaram doentes e acamados e não poderiam ser transportados para Rumbula, em vez seriam levados para o hospital do gueto. Na parte da tarde, após a última coluna ter deixado o gueto, Heise reuniu os membros da Schutzpolizei, Hesfer, Tuchel, Neumann e outros, alguns dos que tiveram de regressar dos assassinatos em Rumbula por vários motivos, e ordenou que os doentes deveriam ser retirados do hospital, colocados em colchões de palha ao longo do lado da rua, e lhes dessem um tiro na cabeça. A limpeza dos cadáveres nas ruas do gueto começou às 14:00hs. Os judeus que trabalhavam no gueto pegaram e carregaram os corpos para o antigo cemitério judaico. Alguns judeus que estavam nas ruas fingiam que não respiravam, e de acordo com o depoimento de Robert Levi, homendo Kommando Aråjs mataram eles.
Na parte da tarde, quando a calma regressou ao grande gueto, Aron Prell à partir do pequeno gueto correu para sua casa na Rua Maskavas número 67. Sua família já não estava lá. O apartamento foi demolido, o mobiliário e os bens estavam por todas as partes do piso. Ele viu corpos nos pátios da Rua Ludzas. Ele procurou os corpos de sua família e não os encontrou. A cerca de quarenta metros de distância, ele viu Tuchel matar seu conhecido Kugel, que tal como ele tinha vindo procurar por seus parentes. Escondendo de Tuchel, na Rua Ludzas Prell correu de Hesfer, Neuman, Cukurs e Burtnieks. Cukurs sacou sua pistola. Hesfer ordenou que Prell transportasse os corpos para o cemitério. Trenós, carrinhos de mão e carroças foram utilizados no transporte. Os alemães dinamitaram uma cratera a noroeste do muro do cemitério, onde eles jogavam os mortos. Em uma rua perto do cemitério Prell localizou sua mãe, e levou seu corpo para a cratera. O corpo foi jogado na vala comum, sem ritos ou orações. Não era permitido aos judeus do gueto visitar o cemitério. Apesar de pegarem os corpos rapidamente, no gueto manteve-se uma confusão, e para os dias seguintes ele suportaram a prova de um pogrom.
Malas quebradas, móveis, brinquedos, carrinhos de bebês estavam ao longo das ruas e pátios.

As casas estavam desoladas, havia sangue respingado pelos muros e escadarias. Dias depois da ação, havia sangue congelado sobre as calçadas e sarjetas. Mesmo dois meses mais tarde, com a chegada dos judeus alemães, cadáveres foram encontrados em porões e sótãos.

Após o assassinato dos doentes em frente ao hospital, Tuchel foi para Rumbula e olhou o local dos assassinatos, embora ele não tinha qualquer função lá. Ele passou cerca de dez minutos, caminhou até o lixo de schnapps, pegou duas garrafas, e retornou para Rîga. Na parte da tarde Paul Botor voltava do campo de Rumbula em seu caminhão e na estrada viu um SS alemão sem cinto e de boné caminhar no sentido a Rîga. Ele parou afim de lhe levantar, mas o homem disse a ele que um graduado comandante de polícia das SS tinha lhe ordenado a caminhar de volta para Rîga.


Alemães e letões parece que consumiram todo o que foi atribuído de schnapps e muito mais. Os participantes da polícias de Rîga receberam metade de uma garrafa de álcool, oficiais receberam um litro. Então com doze anos de idade Juris Legzdiñß entrou na 11 ª Circunscrição em Pårdaugava na parte da tarde. Ele encontrou as instalações em desordem, uma grande tristeza se abateu sobre ele. Os homens caminhavam em estado de embriaguez. Mais tarde Juris soube através de sua mãe, uma escriturária da circunscrição, o que tinha acontecido.

O escritório de Jahnke funcionava como um centro comunicações ao longo do dia, recebendo mensagens de seus homens no gueto e em Rumbula. O Tenente-Coronel Osis pediu a Jahnke para salvar uma enfermeira letã tinha sido levada para as valas à partir do hospital judeu. O ferimento no olho de Heise havia causado um alvoroço. O Coronel Rehberg, da Gerdarmerie, foi apontado para substituir Heise. Flick and Jahnke vivitaram Heise no hospital. À noite, Jahnke recebeu uma mensagem que era necessário guardas adicionais em Rumbula. Ele enviou uma unidade letã para lá.

A ação ao redor das valas e nas vizinhanças não pararam com o tiroteio. As valas pareciam ter vidas: hemorragias e corpos se contorcendo em dor tentando readquirir consciência. A pontaria, no melhor dos casos, não poderia ter sido perfeita, com a chegada da escuridão, ela piorou. Gemidos e choros foram ouvidos durante a noite. Havia pessoas que tinham sido apenas ligeiramente feridas, ou ainda que não atingidas completamente, pois eles rastrearam para fora das valas. Centenas devem ter-se sufocado com o peso das carnes humanas. Sentries [sentinelas] foram destacadas para as valas, e uma unidade da Latvian Schutzmannschaften foi enviada para a guarda da área. As ordens eram para liquidar todos os sobreviventes no local. Mas tarde, às 11:00hs do dia seguinte, dois homens sangrando e uma mulher nua apareceram no estaleiro da estação ferroviária de Rumbula. Uma bala tinha trespassado pescoço de um, e o outro foi ferido na bochecha, sua língua estava rasgada. Mesmo antes que pudesse dizer uma palavra, os guardas letões os pegaram para poder matá-los direito, se a mulher era uma trabalhadora da ferrovia poderia ter suplicado a eles porque as suas crianças estavam em casa. Os guardas lançara a meio-morta mulher em um trenó e voltaram para as valas.

Em 1º de dezembro os homens que trabalhavam no gueto começaram a deixar seus postos de trabalho. A metade oriental do gueto estava em estado de choque, ninguém se atrevia a sair de casa. Em 3 de dezembro a vida começou a voltar ao normal. Foi anunciado que precisariam de mais costureiras na cidade. Frîda Michelsons foi para o lugar indicado e se inscreveu. Entre 3 e 4 centenas de mulheres já estavam lá. Elas foram orientadas a obter alimentos suficientes para dois dias e, depois, voltar às 16:00hs. Quando as mulheres retornaram com as parcelas de alimentação, os policiais dispuseram-nas em cinco colunas e marcharam para fora do gueto. Elas atravessaram a cidade para a Term Prison; (também conhecida como .i.Rîga Erzatzgefängnis) e ficaram mantidas lá por 2 dias sem alguma explicação. Frida Michelson escreveu:

“Eu notei um comportamento incomum ao passar pelas calçadas. Alguns seguiram nossa coluna com os olhos cheios de tristeza, alguns limpando seus olhos, alguuns atravessados a si mesmos, eles sabiam mais do que isso…”
As mulheres judias do grupo de Frîda na Term Prison foram selecionadas em 29 de novembro. Por volta do dia 5 de dezembro as mulheres foram selecionados por um oficial alemão, alguns tiveram de ir para a direita, outras para a esquerda. Os certificados de especialização de Frida Michelson de nada serviram; para ela ou para o seu grupo, elas voltaram para o gueto. Elas iriam fazer parte da ação do dia 8 de Dezembro.


Não é certo que o segundo dia de assassinatos foi originalmente previsto. E é possível que Jeckeln considerou a continuação no dia dia seguinte, 1º de Dezembro. Mas as dificuldades dos processos e, talvez, a tensão sobre os homens, foram suficientes para adiar a ação. O adiamento acabou por ser de 8 dias.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A ideologia nacional-socialista (nazista)

Prof. Abraham Zylberman
As origens do Nacional-Socialismo.

"Origens da ideologia, síntese "Nação-social", racismo e anti-semitismo arraigados no povo, a política exterior, o conceito chave de "luta", Hitler como personificação do espírito do Povo. Sua habilidade para dar uma forma coerente a idéias díspares, e uma expressão política de massas.

O nacional-socialismo alemão tem suas raízes numa tradição intelectual e política nacional poderosa, que não se limita a simples herança científica ou filosófica de fins do século XIX(Darwin, Gobineau, Chamberlain, Nietzsche, Wagner). Numerosos temas que ressurgem no nacional-socialismo, animavam a vida política social alemã faz-se desde décadas.

A síntese "Nacional-social" se apóia sobre as duas correntes políticas principais do século XIX, o nacionalismo e o socialismo, que foram por muito tempo antagonistas. A idéia desta síntese foi formulada na Alemanha em fins de século por Adolf Stöcker e Friedrich Naumann. Sua influência política foi reduzida, mas a idéia se difundiu tanto entra a esquerda como na direita. A derrota e a crise alemã posterior a 1918 não fizeram mais que reforçar esta corrente. Levada esta idéia à prática, implicou numa mistificação pois nada teve a ver com o nacionalismo ou socialismo, tal como estes termos são entendidos. E sim parte das promessas não cumpridas do primitivo programa do Partido, redatado em 1920, que foram socialistas, e só tiveram valor como meio para ganhar o apoio das massas.

Várias são as explicações que se faz acerca do nacional-socialismo.

1. A crítica à democracia parlamentarista e a aspiração a um governo forte são produto da evolução econômica e política moderna. O liberalismo aparece como superado. Para fazer frente as novas tarefas interiores e exteriores, o Estado deve dispôr de meios mais amplos. O parlamentarismo não foi jamais aceito totalmente na Alemanha, nem sequer depois de 1918, e o vêem como produto da Revolução Francesa, imposto pelo estrangeiro vitorioso. Weimar é o regime da derrota, anti-nacional por essência e nascimento.

2. A idéia do «völkisch», o racismo e o anti-semitismo em fins do século XIX, a idéia da especificidade dos povos e das raças, e a de um laço estreito entre o povo(natureza) e sua civilização(cultura) conheceu uma grande expansão e não somente na Alemanha. A situação geopolítica da Alemanha na Europa, suas fronteiras móveis e sua recente unidade, contribuíram para necessidade de afirmar sua superioridade.

3. O anti-semitismo não é uma exclusividade da Rússia ou França. No plano político é na Áustria onde alcança seu desenvolvimento mais brilhante com Karl Lueger, intendente de Viena entre 1897 e 1919. Na Alemanha, apesar de que o intento de Stöcker fracassara rapidamente e de que os deputados anti-semitas no Reichstag não fossem mais que 16, a idéia impregnou a setores cada vez mais amplos da população (exército, professores, classes-médias rurais e urbanas). Uma poderosa imigração judaica em começos do século XX proveniente da Europa do leste e a concentração dos judeus em certos setores da vida nacional (bancos, comércio, profissões liberais, imprensa) não fizeram mais que exacerbar, em ocasião da crise, sentimentos já arraigados no povo alemão.

4. A política exterior: desde o tombo de Bismarck (1890), a Alemanha não cessou de reclamar seu «lugar ao sol», ou seja, terras para povoamento, fontes de matérias-primas, mercados para sua indústria, colônias em relação com seu dinanismo demográfico. A amputação de 10% de seu território e a perda das colônias em 1918 provocaram um profundo sentimento de frustração. O nacional-socialismo não será neste aspecto senão o eco sonoro de uma reivindicação comum a imensa maioria dos alemães.

A manifestação de todas estas aspirações será projetada quando o nacional-socialismo se expressar através de Adolf Hitler e seu partido, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães(NSDAP).

Em 1925 o NSDAP que não era mais que um grupo pequeno minado por divergências e rivalidades, reconstruiu-se. Se implanta primeiro na Alemanha média e setentrional, e sua fisionomia mudava por completo: o pequeno partido fascista bávaro se converte num movimento de massas alemão, que pronto abarca todas as regiões e todas as camadas sociais do país. Com freqüência deve conquistar pela força a liberdade de expressar-se nos bastiões ocupados pela esquerda. Sua propaganda, as demonstrações de poderio das SA, a novidade de seu programa e de seu estilo, os erros de seus adversários e o cansaço da opinião pública, asseguram êxito após êxito. Em julho de 1932 o NSDAP se torna o primeiro partido no Reichstag. Com os comunistas, tem a maioria absoluta. Os chanceleres Papen e Schleicher devem governar sem parlamento. O sistema político weimariano está morto. De agora em diante, nenhum governo será possível sem os nacional-socialistas. Em 30 de janeiro, Adolf Hitler se torna Chanceler do Reich.

O nazismo não estava baseado num conjunto de normas razoadas e coerentes como ocorre em outras ideologias. E tampoco as opiniões dos líderes nazis ofereceram um programa detalhado da política a seguir uma vez no poder. A Weltanshauung de Hitler, a atitude frente à vida, se move num contexto de conflito. Sua obra escrita, Mein Kampf, significa Minha Luta, e luta é uma palavra a qual se recorre uma e outra vez nos discursos do líder nazi: “Toda a obra da natureza é como uma luta entre a força e a debilidade. Os Estados que violam esta lei elementar, sucumbem”. Hitler considerava esta luta como a base de tudo o que fora alcançado pelo homem e sem ela, os indivíduos nunca conseguiriam nada”.

O aspecto mais característico da Weltanschauung era sua insistência na raça e na interpretação histórica de Rosenberg, o ideólogo do partido, que estava estruturada a partir de categorias de luta interracial. A luta que Rosenberg havia acreditado perceber ao longo da história, havia tido lugar entre a super-raça nórdica ou ária e outras raças menores da humanidade. A palavra “raça” utilizada sem um significado biológico preciso, e a pretensão de descender de uma pretendida raça superior ária, tem talvez origem no conde Gobineau. O conde Gobineau em seu “Ensaio da Desigualdade das raças humanas” havia sustentado a idéia, em meados do século XIX, para dar suporte a aristrocracia contra a democracia. Em princípios do século XX, Chamberlain, um inglês casado com a filha de Richard Wagner e que adotou a nacionalidade alemã, popularizou o mito ário numa obra pseudo-científica, “Os fundamentos do século XIX”. A vital contribuição de Chamberlain consistiu em elevar o existente culto ao germanismo a reivindicações de superioridade nacional. Gobineau havia afirmado a superioridade de uma classe social; Chamberlain a superioridade de um povo sobre o resto do gênero humano.

Rosenberg sustentava que a raça ária provinha do norte da Europa, de onde se havia expandido ao Egito, Pérsia, Índia, Grécia e Roma. Esta raça, a única apta para criar cultura, havia remodelado as antigas civilizações que floresciam naquelas áreas. O colapso destas civilizações, sustentava, havia obedecido a degeneração provocada pela mescla de ários com raças inferiores. A filosofia na qual se baseava esta compreensão da história torna-lhe a estar inatacável desde a visão do autor. Para ele, todas as faculdades morais e mentais eram raciais, pelo o que os ários conheciam intuitivamente qual era sua verdade essencial.

“Pensamos com nosso sangue” era a resposta a qualquer argumento convincente de crítica analítica. Rosenberg caracterizava “sua” raça ária como loira, de olhos azuis, alta e de crânio alongado. Entre suas características pessoais incluía a honra, o valor, o amor à liberdade e seu espírito de investigação científica. A anti-raça e grande parte da causa do que, para Rosenberg, era “degenerado”, era a raça judia. A inumana perseguição dos judeus por parte dos nazis estava firmemente baseada em sua atitude ante à vida. O fato de que foram capazes de pregar um anti-semitismo tão aberto antes de sua ascensão ao poder, indica quão arraigado estava este prejuízo social na Europa central. Nesta concepção racial, os ários constituíam uma parte da nação alemã e sua missão estava em formar uma elite com uma função de fazer extensiva sua weltanschauung à nação, dando-lhe assim um caráter ário. Este mítico conceito justificava o direito dos nazis em dirigir os alemães e o dos alemães em dirigirem os eslavos. Isto implicava, assim mesmo, que não houvesse igualdade de raças ou indivíduos humanos, que para Hitler era uma norma natural inquebrantável.

De aceitar a compreensão da história como uma luta entre raças à exaltação do Volk, só havia um passo. Este mito constituía o núcleo da ideologia de Hitler. Era de importância essencial, para ele, “localizar adequadamente o Volk; o estado era um organismo artificial, destinado a preservar o Volk mais que a nenhuma outra coisa”. Assim foi como se justificaram os primeiros ataques nazis à República de Weimar, que foi acusada de não proteger o Volk. Esta situação axial do Volk, determinava assim mesmo a função principal do Partido e justificava a subordinação dos desejos e liberdades individuais a seu serviço. Hitler sustentava que os verdadeiros interesses do Volk não podiam ser alcançados através de formas democráticas de governo.

As votações secretas, as decisões da maioria e outros procesos semelhantes, debilitavam as responsabilidades do indivíduo frente ao Volk, destruindo as heróicas qualidades da raça ária.

Hitler tomou como modelo a organização militar tradicional. Daí ele desenvolveu do seu Führerprinzip, “princípio da liderança”, que foi aplicado pela primeira vez à organização do Partido e depois de 1933, ao governo do Estado. Dizia a respeito que “o funcionário no cargo escuta as distintas expressões de opinião e logo, por sua parte, outorga sua decisão. Não cabe decisão possível na qual um homem não assuma responsabilidade. Este é um princípio que guia nosso movimento”. Nos termos do estudo clássico da fonte da autoridade feito por Max Weber, Hitler teria sido descrito como um líder “carismático”. Esta qualidade consiste em que possui aparentemente qualidades “sobrenaturais ou sobre-humanas ou pelo menos, especificamente fora do comum”, que o façam aparecer como um emissário de Deus, ou um Líder predestinado. Mas apesar dele, Hitler não pode haver chegado jamais ao poder sem seus seguidores que fizeram o trabalho preparatório, “de manipulação”, quando os opositores foram aterrorizados e silenciados, as decisões tomadas antes das reuniões que supostamente deviam adotá-las e se simulava a uninamidade pela combinação de terror, intriga e teatralidade, onde o Líder surge gradualmente como infalível e invencível.

Teoricamente o Führer era a personificação do espírito do Volk, espírito que podia estar adormecido ou ser ignorado durante séculos, mas que ocasionalmente podia se manifestar na pessoa de seu líder. O Führerprinzip pegava a idéia de Hitler de que os grandes acontecimentos e realizações da história eram obra de grandes homens, ainda que em determinadas circunstâncias cabia atribui-las além disso, a um grupo aristocrático ou elite.

No contexto nazi, o papel da elite correspondia ao Partido, um organismo eleito, disciplinado e com funções específicas. Servia de vínculo entre o Führer e o Volk, o que permitiu a Hitler negar, ao menos para sua própria satisfação, que fôra um ditador. Mas uma vez feito com o poder, o Partido é transformado de uma instituição hierárquica dotada de vida política, em um bando de seguidores obedientes e incondicionais. O Estado estava subordinado ao Partido, ainda que ambos existiam para executar a vontade do Volk. Em virtude de que o Führer não era só o chefe do Partido senão também a voz mística do Volk alemão, para Hitler lhe resultou fácil ascender a condição de Líder único, por sobre o Partido e o Estado. Hitler assumiu o título de Führer e chanceler do Reich depois da morte de Hindenburg em 1934, indicando assim que sua autoridade derivava de uma fonte distinta da Constituição. Na prática, isto significava mostrar que a autoridade do Führer derivava da “vontade unida do povo” e não provinha do Estado nem do Partido.

Unida à idéia de comunidade racial indo até a do Lebensraum ou espaço vital. Essa idéia foi elaborada a partir de idéias conhecidas na Europa há muito tempo e fundamentalmente pretendia uma Alemanha poderosa na Europa central e oriental, que se extenderia tanto o quanto permitisse o poder militar. Esta teoria estava baseada em grande parte no conceito de luta. Se mantinha a idéia de um processo natural de seleção que permitiria destruir o Estado débil ou não expansivo. Os Estados vigorosos realizariam sua expansão de um modo natural, pelo qual as fronteiras estáticas apenas teriam algum significado. Contudo, estes conceitos seriam usados, principalmente, como propaganda, para provocar nos alemães uma “consciência espacial”.

O razoamento mais eficaz presente na concepção do espaço vital, descansava na primazia do poder político sobre o econômico. O desenvolvimento econômico, sustentava Hitler, está baseado num controle político e ambos dependiam do poder militar. O espaço como tal carecia de importância, mas as amplas áreas contíguas à Alemanha, uma vez conquistadas e controladas eficazmente, proveriam as materias-primas e outras exigências econômicas em quantidades suficientes para converter a Alemania em auto-suficiente, fator vital para um estado de guerra ou de trégua armada. Os povos subjugados das regiões conquistadas estavam destinados a servir de meio à raça alemã para manter um alto standard(padrão)de vida, enquanto os seus próprios povos permaneceriam perpetuamente abaixo.

Onde reside a originalidade do nacional-socialismo? Na reivindicação do Lebensraum, já presente nos pangermanistas? Na organização dirigista da economia e da sociedade, preconizada pelos socialistas e ainda por certos conservadores? Na eliminação da luta de classes, que a maioria das forças políticas não marxistas consideravam almejável? Nas concepções raciais sobre a superioridade dos ários(arianos)sobre as outras raças? A originalidade reside em haver sabido dar-lhe uma forma coerente e dinâmica a todas essas idéias e no marco de uma crise geral, uma expressão política de massas.

BIBLIOGRAFIA
Drioton-Vandier. Los Fascismos. Fondo de Cultura Económica
Neumann Franz. Behemot. Fondo de Cultura Económica
Payne Stanley. El Fascismo. Alianza
Saborido, Jorge. Interpretaciones del fascismo. Nueva Visión.

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/16/laideo.htm
Texto original(espanhol): Prof. Abraham Zylberman
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 20 de maio de 2008

Retratação ao Blog dos filhos de Herberts Cukurs

Conforme eu publiquei em meu último post sobre o Blog dos filhos de Herberts Cukurs e após a explicação do mesmo, sobre o que seria a "citação de Ezergailis a Cukurs", venho pedir desculpas por ter dito que eles estavam distorcendo e postando mentiras acerca dos textos por nós traduzidos. Conforme postado no Blog deles (posteriormente ao que postei):

"Quando me refiro que o nome de Herberts Cukurs não é citado,quero me referir que nem no livro de Ezergailes,nem no livro de Frank Gordon,nem no livro de Max Kauffmann,Herberts Cukurs é citado,como participante, executor, mandante de qualquer crime contra o povo judeus,assim como foi feito em relação a todos os outros envolvidos."
[grifos meus]


Como isto não estava postado antes, quando fiz o meu post, eu não poderia adivinhar que era neste sentido, mesmo assim, ficam aqui as minhas sinceras desculpas pelo que considero como mal entendido.
A função deste Blog é de informar, em momento algum desejamos atrito com envolvidos na História.

domingo, 18 de maio de 2008

Comentários sobre o Blog dos filhos de Herberts Cukurs à respeito de Rumbula


No Blog dos filhos de Herberts Cukurs: http://herbertscukurs.blogspot.com/ estão sendo usadas as traduções que estamos fazendo do Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do historiador letão Andrew(Andrievs) Ezergailis sobre o massacre dos judeus em Rumbula na Letônia, não temos nada contra a utilização dos textos de nosso blog, mas gostaria de solicitar aos filhos de Cukurs e também a quem queira utilizar nossos textos/traduções que quando os utilizarem, pelo menos dêem o crédito a este blog.
Mas não autorizamos utilizar os nossos textos para efeito de distorção, como o Blog dos filhos de Cukrs estão fazendo.

Vamos ver o que está ocorrendo:

A primeira parte do texto sobre o dia 30 de Novembro de 1941 (1º dia do massacre de Rumbula), foi publicada no nosso blog através do link: http://holocausto-doc.blogspot.com/2008/05/holocausto-na-letonia-30-de-novembro-de.html em 14 de Maio de 2008, esta parte e outras também foram copiadas pelos filhos de Cukurs, mas como dissemos, não ligamos, desde que se façam as devidas referências, assim como fazemos com o Blog dos pesquisadores do The Holocaust History Project (http://www.holocaustcontroversies.blogspot.com/) .

Só que uma coisa é copiar o que está no blog, outra é copiar e distorcer os textos, abaixo texto no blog dos filhos de Cukurs:

"Este texto foi retirado do livro do historiador judeu nascido na Letônia e hoje residente em Israel,Frank Gordon.Em seu livro de quase 500 folhas,escrito em leto,e posteriormente traduzido a outros idiomas, descreve os horrores pelos quais os judeus passaram,e detalhadamente conta todos os pormenores.Em todo o seu livro,o nome de Cukurs é mencionado três vezes,na mesma pagina,como se segue:"

Não sei se Frank Gordon copiou Andrievs Ezergailis ou vice-versa, mas o texto reproduzido no Blog dos filhos de Cukurs, foi copiado do nosso, e com certeza é de Andrievs Ezergailis, abaixo texto do blog dos filhos de Cukurs:

"O esvaziamento do gueto começou pelas casas ocidentais das ruas Låçpléßa e Jékabpils. Os judeus estavam despertos e disseram que estariam prontos em meia hora na rua Sadovñikova. Na outra extermidade do gueto, onde a rua Ludzas se encontrava coma rua Lauvas e a rua Lieknas se encontrava com a rua Ûîdu, uma equipe de homens estavam cortando as cercas para fazer saídas especiais para encurtar o caminho para sair do gueto pela rua Maskavas e sobre a auto-estrada para Rumbula. As equipes do despertar iam de casa em casa, de quarteirão a quarteirão, desferindo murros nas portas. Após meia hora, as equipes voltaram novamente para o ponto de partida para assegurar que nenhum judeu permaneceu nos apartamentos. Os homens de Aråjs, talvez uns cem, foram conduzidos por Herberts Cukurs."
Comentário da pessoa que publicou:
(Interessante é que nos arquivos militares Letonianos encontrados não consta que Herberts Cukurs tivesse tido algum posto de comando,Andriev Ezergailes em seu livro Holocausto na Letônia,descreve detalhadamente quem foram os responsáveis pelas mortes de judeus tanto do lado alemão quanto dos letões, e o nome de Cukurs também não aparece.
[os grifos acima são meus]

E É mencionado o nome de Herberts Cukurs no livro de Ezergailis SIM. Abaixo as fontes das citações:

Citação 52:
The documentation of Cukurs and Aråjs men in the ghetto is manifold (Landgericht Hamburg: deposition of Joseph Berman, 18 January 1952).
Este julgamento ocorreu em Hamburgo em 1952 e Joseph Berman testemunhou que Herberts Cukurs era um dos líderes de uma das colunas de transporte do gueto para Rumbula, portanto as colocações feitas pelos filhos de Cukurs (sublinhadas no texto acima) não procedem (não estamos dizendo que Berman está correto!)

Outra citação no livro de Ezergailis, nota 55:

Very credible on Cukurs is Aron Prell's statement taken in Rîga June, 197? (date illegible) (Aråjs Trial Records, pp. 7188-92). Cukurs had the most recognizable face of all of the Latvian SD men.

O julgamento do Kommando Arajs (onde supostamente Herberts Cukurs foi subordinado de Arajs) e de Victor Arajs estará disponível em breve pela Universidade de Amsterdã, que já traduziu e publicou 36 julgamentos de criminosos de guerra no perído da Segunda Guerra, abaixo uma pequena consulta que fiz PELO LINK: http://www1.jur.uva.nl/junsv/brd/Tatortfr.htm (é só escrever Rîga na procura)

Minha tradução (livre):

Processo nº sequencial 856
Tipo de crime: Outros crimes de extermínio em massa
Acusados: Arajs, Viktor Bernhard, condenado a prisão perpétua
Sentenças judiciais:
LG Hamburg 791221
Pais do crime: Letônia
Local do crime: Riga
Data do crime: 411208
Vítimas: Judeus
Nacionalidade: Letônia
Entidade: Polícia, Polícia Auxiliar da Letônia, Riga ('Kommando Arajs')
Objeto do processo: Fuzilamento em massa dos judeus habitantes do Grande Ghetto de Riga na floresta de Rumbula.

Publicação em preparação

A publicação ainda está em preparação, depois de publicado pode-se comprar por 25 Euros.

Como vimos é uma mentira muito grande dizer que Ezergailis não citou Cukurs em seu livro (é bom saber ainda que, a parte do dia 30 de Novembro de 1941 não foi totamente traduzida) além do mesmo ter sido citado no julgamento de Hamburgo em 1952, talvez por isso a perseguição ao mesmo.

Gostaria de dizer que eu não sei nada sobre Cukurs, ainda estou traduzindo e estudando o material disponível sobre o mesmo, não tenho opinião formada se o mesmo foi criminoso ou não. À princípio pelo livro de Ezergailis ele foi citado no julgamento de Hamburgo, e ainda não temos este material, todo o material sobre Cukurs após a publicação do livro de Ezergailis que puderem nos enviar, por favor, enviem através do e-mail do nosso blog.

Após a tradução de todo o capítulo irei editar e postar as citações do capítulo.
Obrigado,
LeoGott

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