sábado, 9 de fevereiro de 2013

Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 02

2. Miragens fascistas: México e Brasil

Neste panorama se destacavam, contudo, alguns personagens e regimes de aspecto mais familiar. Num primeiro momento foi a Argentina que despertou algumas ilusões quando o general José Félix Uriburu estabeleceu uma ditadura com alguns traços "fascistas" [23]. Influenciado pelas ideias nacionalistas radicais de Leopoldo Lugones, Uriburu tentou estabelecer um regime nacional-corporativo ao desafiar a velha oligarquia liberal argentina. Apesar do apoio de uma intelectualidade que conseguiria moldar uma "esfera pública fascista" integrada com ligas e organizações militantes nacionalistas, o experimento não prosperou, e seria somente com a revolução militar de 1943 e com Perón que voltariam a se manifestar as tendências ante o fascismo em formas sui generis [24]. A atenção italiana recaiu então no regime nacional-corporativo de Vargas no Brasil, que deu inicialmente sinais positivos de aproximação com o fascismo. Também prestaram atenção ao regime nacionalista mexicano, com muitos caveat (avisos) de sua tendência demasiada esquerdista. Esses sucessos suscitaram finalmente esperanças de que pudesse surgir uma versão latinoamericana sui generis do fascismo com possíveis desenvolvimentos geopolíticos positivos.

O México foi uma realidade particular entre os experimentos políticos latinoamericanos. Produto de uma revolução nacional de massas (1910-1917) com tendências oscilantes entre o liberalismo democrático radical e um socialismo nacional ainda não influenciado pela experiência soviética. Concluído o processo revolucionário, durante os anos vinte o país foi considerado um laboratório de experimentos sociais (ejido), políticos (Estado social) e culturais (nacionalismo artístico, educação) avançados. No aspecto político, suscitou interesse o arranque - depois do assassinato de Obregón (1928) - do processo de institucionalização da revolução levado a cabo pelo "Chefe Máximo" Plutarco Elías Calles. Ele se orientou por um sistema corporativo de partido único - o Partido Nacional Revolucionário (1929) - que tinha diversos pontos em comum com o fascismo, fato que não passou desapercebido na Itália. [25] O PNR (mais tarde PRM e finalmente PRI) no transcurso dos anos trinta chegou a se parecer em certos aspectos com o Partido Nazionale Fascista (PNF) italiano, especialmente em sua estrutura dependente de uma liderança central forte, na ideologia corporativa e nacional-populista e em sua função de orgão de conexão entre a base popular e o establishment (classe dirigente) revolucionário [26].

As tendências fascistas no México - que incluíam uma inspiração não declarada aos modelos italianos - chegaram a seu apogeu durante os últimos anos do "Maximato" (o predomínio político de Elías Calles) e durante a presidência de Lázaro Cárdenas (1935-40), a quem compensava a índole de "fascismo de esquerda" de seu regime com uma retórica socialista e uma posição internacional antifascista [27]. Além da presença na pequena comunidade italiana [28], o fascismo em sentido completo, enfim, teve certa difusão entre os intelectuais, especialmente com dois: o escritor (e político) José Vasconcelos e o artista Gerardo Murillo.
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O "fascismo" de Vasconcelos é uma derivação coerente de sua tendência revolucionária cultural oposta ao mundo cosmopolita e materialista dominado pelos anglo-saxões. A conexão é a proposta fascista de acabar com este predomínio, ao buscar uma nova ordem mundial com os valores do espírito, a vontade e a excelência. Esta evolução intelectual de Vasconcelos se torna mais perceptível depois de 1929, quando a desilusão por sua derrota eleitoral (compete sem sucesso nas eleições nacionais) o empurra para posições mais críticas e mais pessimistas, e radicaliza suas ideias de palingenesia político-cultural. Em sua viagem à Italia (1924) havia observado com ceticismo a revolução fascista e o ressurgimento de Roma, em 1925 havia exaltado a "raça cósmica" com um marcado acento cosmopolita e nos anos trinta olhou com simpatia o fascismo. Em 1936 escreveu: "quem não se deixa inspirar com orgulho por esta nova Itália [fascista] não é digno de pertencer à civilização Latina" [29]. Durante a guerra, Vasconcelos será partidário do Chefe e diretor de uma revista pró-alemã. Murillo ("Dr. Atl"), por sua parte, também vê no fascismo italiano uma força espiritual e cultural capaz de derrubar a hegemonia anglo-saxã e fundar uma nova civilização humanista com um renovado brio vital. Seus artigos na imprensa expressam uma franca admiração por Mussolini - "verdadero condutor dos povos"- e, por sua vez, um desprezo visceral pelas finanças internacionais controladas pelos anglo-saxões e pelos judeus [30].

Os italianos, por seu lado, observavam com interesse a atração que exerce o fascismo entre os intelectuais, nos políticos e na classe média atemorizada pela deriva do Governo revolucionário ante o socialismo. Iludem-se sobre a possível força de pressão da opinião pública pró-fascista e detectam o armanezamento de informação sobre o fascismo que realiza com discrição o Governo mexicano, mas não têm nenhuma expectativa realista de que Elías Calles ou Cárdenas avancem abertamente para um modelo fascista [31].

Até finais dos anos trinta o país mais promissor para a Itália foi, certamente, o Brasil. O golpe de Getúlio Vargas em 1937, com a fundação do "Estado Novo", um regime nacional-corporativo com acentos fascistizantes, suscitou um grande interesse fortalecido pelas "simpatias" que o ditador tinha desde antes com a Itália fascista [32]. Este giro na política brasileira produziu um alvoroço de esperanças na Itália e, por sua vez, temores internacionais de que se estava assistindo ao primeiro experimento fascista na América Latina [33]. O novo Brasil autoritário foi apresentado por Mussolini como exemplo de capacidade de propagação do fascismo no mundo [34]. Muito rápido, contudo, Vargas esfriou os entusiasmos ao não se comprometer no aspecto ideológico e político com o fascismo e com a Itália. Esta, para o Brasil, era um sócio por demais débil para substituir o importante vínculo com Washington [35]. Vargas, de fato, freou a transformação em sentido fascista do Estado brasileiro e não quis fundar um partido nacional de massas: omissão especialmente criticada pelos observadores italianos [36]. O afastamento em relação ao fascismo por parte de Vargas culminou com a repressão da Ação Integralista Brasileira, AIB, que tinha traços fascistas [37].

A AIB é importante porque foi o único movimento político de massas autenticamente fascista em todo o Continente. O integralismo (como é conhecida a AIB) nasce no início dos anos trinta em São Paulo, capital da região cafeeira do sul do país e florescente centro cultural. Aqui com os sólidos laços econômicos transatlânticos e a forte imigração europeia (especialmente italiana) se desenvolve entre as elites intelectuais uma tendência vanguardista, modernista e nacionalista, na qual, mesclam-se motivos futuristas, vitalistas e decadentistas com uma forte influência italiana. Os intelectuais paulistas dessa época expressam sua fascinação pelos mitos de D'Annunzio e de Mussolini. Ronald de Carvalho rende homenagem à "indisciplina bárbara" e à força da fé do novo heroísmo italiano. Graça Aranha define o Duce da Itália como "a figura da lei, viril na concepção da ordem" [38]. Os intelectuais modernistas se expressam de forma parecida em suas publicações, evocando "o governo forte de um ditador [...] que represente a concentração de poder e consiga a estabilidade nacional" [39], mas não chegam a elaborar um verdadeiro projeto político. Há uma exceção: um poeta - membro da Academia Paulista de Letras -, a quem já em 1919 se expressa em formas "dannunzianas", filho de um "coronel" (caudilho) provinciano e de uma maestrina. Seu nome, Plínio Salgado, tornará-se famoso mais tarde como fundador e líder do integralismo brasileiro.

Salgado adquire pela primeira vez notoriedade com a publicação de duas novelas: O Estrangeiro (1926) e O Esperado (1931). Nestas obras expressa um nacionalismo ingênuo e rústico, inspirado num passado brasileiro idealizado ao redor das raízes indígenas, as tradições e a coesão espiritual da nação, como contraponto à moderna influência estrangeira e cosmopolita [40]. A segunda em particular se enfurece contra o mundo corrompido, submetido às finanças anglo-saxãs, e prega a figura de um salvador, que é "desejado" por um povo que se mobiliza e espera ansiosamente por uma direção. Salgado visita a Itália em 1930, antes de concluir o manuscrito, e é transformado por esta experiência. De Roma escreve a um amigo:
"Estudei atentamente o fascismo: não é exatamente o regime que necessitamos, mas é algo que se parece próximo disto. O fascismo chegou aqui no momento oportuno e mudou o centro da gravidade política da metafísica jurídica de instituições que descansam nas realidades determinantes [...] o fascismo não é propiamente uma ditadura, é um regime. Acredito que o Ministério das Corporações é o mecanismo mais útil. O trabalho está perfeitamente organizado e o capital estupendamente controlado" [41].
Salgado resolve mudar na direção do fascismo ao regressar ao Brasil, "ágil para organizar as forças intelectuais dispersas para coordená-las, dar-lhes uma direção, iniciando um apostolado". Sua determinação é fortificada depois de um encontro pessoal com Mussolini, a quem aprova suas ideias e seus planos, e lhe sugere que "antes de um partido, é necessário um movimento de ideias" que reforce o nacionalismo e imponha a supremacia do Brasil na América do Sul [42].

Fiel a seus propósitos e seguindo as recomendações de Mussolini, Salgado se dedica à elaboração ideológica para estabelecer uma base doutrinária ao movimento em formação. Em seus artigos louva o Estado fascista que "contém em si todas as fisionomias nacionais" [43]. A nova revista Hierarquia - inspirada na fascista "Gerarchia"- consegue em pouco tempo atrair um grande número de intelectuais e propagar as novas ideias. O salto para a formação de uma verdadeira organização política ocorre em outubro de 1933, quando Salgado anuncia a fundação da Ação Integralista Brasileira. Logo se incorporam várias organizações regionais com inspiração similar. Em dois anos a AIB ascende a 400.000 militantes inscritos, e em 1937 alcançará a assombrosa cifra de um milhão de membros, convertendo-se assim no primeiro "partido nacional e popular não proíbido no Brasil" [44] e um dos maiores partidos de massas de toda América Latina.

Este sucesso surpreendente se destaca especialmente nas classes medias, no exército, entre os jovens e entre os imigrantes de primeira e segunda generação. A AIB fez inclusive concorrência com os fasci entre os italianos e os filhos de italianos, muitos destes preferiram a camisa verde (cor do movimento) à camisa negra [45]. A AIB, de fato, adquire um grande número de elementos simbólicos diretamente do fascismo italiano: as camisas de estilo militar, a saudação romana, a divisão da Milícia integralista em Legiões, o agrupamento das mais pequenas unidades de "pliniananos" (similares aos balilla italianos), as marchas em formação militar, a invocação aos caídos ("appello ai caduti" na Itália), o grito de guerra (no lugar do italiano "eja, eja, alalá" se inventa um novo, "anauê, anauê, anauê", inspirado no suposto grito de guerra dos índios tupi), o lema "Deus, Pátria e Família". O emblema do movimento é a letra grega Sigma maiúscula no lugar do Fáscio littorio, e quer dizer, como aquele, união e "soma" de forças e valores. Há também cerimoniais e liturgias completamente novas, como, por exemplo, os "amanheceres de abril": a saudação ao sol a cada ano no dia 23 de abril pelos camisas verdes, com o braço estendido com a saudação romana para glorificar a vitória do Sigma. Um conjunto de ritos, signos e mitos em soma que cabe perfeitamente no perfil dessa "sacralização da política" que qualifica o fascismo italiano [46].

As analogias e as emulações do fascismo não se limitaram aos aspectos simbólicos e organizacionais, implicaram também em uma considerável proximidade teórica (isto, de passagem, distingue-se a AIB entre todos os movimentos semi-fascistas latinoamericanos, pois possuem uma "densidade" ideológica notavelmente inferior). O núcleo ideológico da AIB inclue o conceito de Brasilianidade (equivalente à "Italianità" e "Romanità" na Itália) e um radicalismo político-antropológico que "leva a marca inconfundível do mito ultranacionalista palingenésico" [47[. Os intelectuais integralistas - em primeiro lugar Plínio Salgado e Gustavo Barroso - buscam inspiração no corporativismo nacional-sindicalista, nas variantes do fascismo italiano, no salazarismo, no falangismo espanhol e no rexismo belga. Gustavo Barroso, inclusive, proclama que o integralismo é uma forma mais perfeita do fascismo:
"Entre todos os movimentos de caráter fascista, o integralismo é o que contém a maior dose de espiritualidade e o corpo doutrinário mais perfeito, desde a concepção do mundo e do homem à formação de grupos naturais e a solução dos grandes problemas materiais" [48].
o enorme sucesso do integralismo é também, paradoxalmente, a primeira causa de seu fracasso. Getúlio Vargas não provém de suas fileiras e temia sua influência popular no exército. Além disso, seu pragmatismo lhe impedia de olhar para a Itália ou Alemanha como possíveis 'partners' e referentes geopolíticos para o pais (é o mesmo cálculo de realpolitik que no México induziu Cárdenas e Ávila Camacho, por cima de toda consideração ideológica, a preferir finalmente o velho zorro, os Estados Unidos, no lugar do Eixo). Depois do golpe de 10 de novembro de 1937, Vargas num primeiro momento faz crer que está disposto a negociar e alimenta as esperanças de Salgado de que a AIB se converterá na coluna vertebral do novo regime e que o mesmo seria nomeado Ministro da Educação. A nova constituição do Estado Novo, que contém fortes elementos nacional-corporativos, suscita o entusiasmo dos militantes integralistas. A ilusão, contudo, dura pouco: em dezembro deste ano a AIB é dissolvida por decreto. Alguns meses depois, com o pretexto de um falido intento de golpe integralista, muitos dirigentes são presos ou obrigados a se exilar, entre eles o próprio Salgado (que ficará em Portugal até a anistia de 1946).

As ações de Vargas decepcionaram os italianos, a quem lhe tinham cultivado num primeiro momento sérias esperanças de poder exercer influências no Estado Novo e, devido ao peso geopolítico do Brasil em toda a América meridional. Em uma publicação oficial (1937) se lê:
"A Itália tem a honra de haver proporcionado ao novo Brasil, além do magnífico aporte de energias humanas no século passado, também de algumas ideias fundamentais sobre as quais descansa a nova ordem. Pois se o regime brasileiro atual não é "fascista" - como o próprio presidente Vargas declarou explicitamente - ele está inspirado, sem dúvidas, em grande medida no nosso ordenamento estatal e social" [49].
O entusiasmo italiano desaparece rapidamente, conforme se torna mais evidente que a orientação "fascista" do novo regime é mais de fachada que substancial e cheia de ambiguidades. A proscrição da AIB, em particular, é lamentada amargamente por ser o único movimento latinoamericano de importância que tivera um autêntico caráter fascista e, portanto, um "interlocutor" privilegiado para extender a influência fascista na região. [50] Um relatório secreto do MAE em 1937 descreve o "Partido Integralista" como:
"Inspirado nos ideais do Fascismo com a guia de um homem e um Diretório de grande valor intelectual e moral, mas desgraçadamente com falta do dom de decisão e do sentido de oportunidade, e esperteza para se atrever [a atuar] quando já não era o caso e incapazes de ousar por pouco que fosse o caso" [51].
O conde Ciano, por seu lado, considerava o integralismo brasileiro como "a primeira expressão séria no Continente americano de um movimiento inspirado nos princípios do fascismo", ainda que também criticasse a falta de maturidade e a incapacidade política do mesmo. [52] Fora do Brasil, o panorama é ainda menos alentador. Os movimentos semi-fascistas ou reputados como tais, que surgem em muitos países no transcurso dos anos trinta, tais como o Partido Fascista Argentino (1932), o Movimento Nacional Socialista de Chile (1932) e a Acción Revolucionaria Mexicanista (1934) suscitaram mais pessimismo que esperanças nos observadores italianos [53]. A dissolução dos "Camisas douradas" mexicanos na metade de 1936 é inclusive saudada com alívio num relatório diplomático. [54] Acontece o mesmo em todas as partes. Na Argentina, por exemplo, não existe nem um só partido ou movimento que obtenha um bom olhar de Roma, nem sequer julgamentos positivos ou palavras esperançosas. Isto não é só por razões de oportunidade, senão por um julgamento negativo do conjunto sobre sua força numérica, sua coordenação, seu uso da violência e sua consistência ideológica. Assim, os supostos "partidos irmãos" como são a Legião Cívica Argentina e o Partido Nacional Fascista nunca obtiveram um reconhecimento oficial italiano. [55] No México o panorama é ainda mais desolador: os movimentos supostamente fascistas locais (a ARM, a Confederação da Classe Média e o Partido Social Democrático Mexicano) resultaram em ser más imitações ou meros disfarces de interesses ou de facções, e o sinarquismo - movimento nacionalista católico de massas inspirado no falangismo - nem sequer é levado em consideração. [56] Mais confusa a situação no Chile, onde o Movimiento Nacional Socialista ("nacista"**) parece se encaminhar "para o comunismo!".
"O 'nacismo' que com a proclamação dos princípios fascistas havia conseguido atrair um número considerável de adeptos, especialmente entre os jovens, foi se comprometendo nas alianças mais híbridas com a extrema-esquerda e com a maçonaria. Fundamentando sua ação na mais desenfreada demagogia, este partido se proclama hoje fiel aos princípios sagrados da democracia e renega suas origens. Seus chefes afirmam que seguem esta via com um propósito tático. Mas sua pouca seriedade não inspira confiança e é provável que não possam impedir que seus seguidores migrem para o comunismo que é para onde os empurra" [57].
Resumindo, os grupos, movimentos e partidos supostamente "fascistas" ou inspirados no fascismo resultaram ser uma completa decepção e deixaram desconcertados os observadores italianos. Não era possível confiar de nenhuma forma nesses sujeitos políticos precários, aproximativos ou toscamente miméticos, para extender o raio de ação da política fascista na região.

**Aparece muito raramente em alguns textos em espanhol a grafia "nacismo/nacista" para nazismo/nazista. A grafia mais usada é a com a letra "z".

Notas:

23 Sobre las manifestaciones ultranacionalistas y fascistas en Argentina (y especialmente durante el régimen de Uriburu, que generó toda una mitología en los nacionalistas argentinos) véase Christhian Buchrucker, Nacionalismo y peronismo. La Argentina en la crisis ideológica mundial (1927-1955) (Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1987); Fernando Devoto, Nacionalismo, fascismo y tradicionalismo en la Argentina moderna. Una historia (Buenos Aires: Siglo XXI, 2002); Federico Finchelstein, Fascismo, liturgia e imaginario: El mito del general Uriburu y la Argentina nacionalista (Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2002); y del mismo autor La Argentina fascista (Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 2008). Sobre el fascismo entre las comunidades italianas véase Ronald C. Newton, "Ducini, Prominenti, Antifascisti: Italian Fascism and the Italo-Argentine Collectivity, 1922-1945", The Americas 51:1 (Julio 1994): 41-66.

24 Cfr. Alberto Spektorowski, The Origins of Argentina's Revolution of the Right (Notre Dame: University of Notre Dame Press, 2003). Sobre las ideas y los debates políticos e ideológicos de la época véase también Tulio Halperin Donghi, Argentina y la tormenta del mundo (Buenos Aires: Siglo XXI, 2003).

25 Varios periodistas y escritores italianos que visitaron México en esa época -especialmente Mario Appelius (en 1928)- dejaron manifesta su admiración por el país y su atormentada revolución nacional.

26 "Messico", en Enciclopedia Italiana (Roma: Istituto dell'Enciclopedia Italiana, 1933 - supplemento 1938), 836. Aquí se califica al PNR -con indudable exageración- como "idéntico" al PNF italiano y al NSDAP alemán.

27 Ludovico Incisa di Camerana, I caudillos, 191. Sobre México véase Franco Savarino, "The Sentinel of the Bravo: Italian Fascism in Mexico, 1922-35", en International Fascism, eds. G. Sorensen y R. Mallet (London-Portland: Frank Cass, 2002), 97-120; y Franco Savarino, México e Italia. Política y diplomacia en la época del fascismo 1922-1942 (México: Secretaría de Relaciones Exteriores, 2003). La política mexicana aun con las reconocidas similitudes con el fascismo (corporativismo, nacional-populismo, "espíritu latino", etc.) era sin embargo criticada por la infuencia de la masonería, por las tendencias a un socialismo con tintes "bolcheviques" y por el característico nacionalismo "indigenista" con implicaciones antieuropeas. Los "hombres fuertes", mexicanos en fn, que se movían en un medio institucional de matriz aún esencialmente liberal, no se podían considerar dictadores en el sentido completo de la palabra.

28 Cfr. Franco Savarino, "Bajo el signo del "Littorio". La comunidad italiana en México y el fascismo (1924-1941)", Revista Mexicana de Sociología, LXIV: 2 (abril-junio 2002): 113-139.

29 José Vasconcelos, ¿Qué es el Comunismo? (México: Ediciones Botas, 1936), 91.

30 "Mussolini tiene tres cualidades que lo elevan sobre todos los hombres de públicos de nuestros tiempos: su poder de reconcentración mental, su audacia y la extraordinaria frmeza de carácter [...]. El dictador romano es un verdadero conductor de pueblos y el primero, desde Napoleón, que sobrepasa las fronteras de su propio país para llevar al exterior los principios de su política". Gerardo Murillo, "Benito Mussolini", Excélsior, Ciudad de México, 21 de septiembre 1935, en La defensa de Italia en México por el Dr. Atl (México: Edición de la Colonia Italiana, 1936), 43-44.

31 Franco Savarino, México e Italia, 95-121.

32 Ya en 1936 en un informe de la Embajada se señalaban las "simpatías de Vargas por Italia y su solidaridad moral [...] con el régimen fascista". Cantalupo a Ciano, Río de Janeiro,12 de junio 1936, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 4, doc. 720, 792. Para contextualizar el varguismo es imprescindible la lectura de Daryle Williams, Culture Wars in Brazil: The First Vargas Regime, 1930-1945 (Durham: Duke University Press, 2001).

33 Mario Da Silva, "Il nuovo regime brasiliano", Critica Fascista, XVI: 4 (diciembre 1937): 58-60. En los Estados Unidos además "la prensa [...] se puso a gritar histéricamente que Brasil se había vuelto fascista". Suvich a Ciano, Washington, 12 de noviembre 1937, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 7, doc. 557, 658-660.

34 Benito Mussolini, "Europa e fascismo", Il Popolo d'Italia, Roma, 6 de octubre, 1937.

35 Ciano llegó a calificar Brasil como "una especie de longa manus de los Estados Unidos" en Sudamérica. Ciano a Lojacono, Roma, 26 de abril 1937, en Gianluca André comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 6, doc. 515, 650-651.

36 Véase por ejemplo la entrada "Brasil" en la "Enciclopedia Italiana" (supplemento 1938), 315, donde es criticada la renuencia de Vargas a formar un partido político, condición esencial para concretar un "parentesco formal" de su régimen con el fascismo. Cfr. también Vinicio Araldi, Il Brasile sotto la presidenza di Getulio Vargas (Rio de Janeiro: s. e., 1937); André Carrazzoni, Getulio Vargas (Padova: CEDAM, 1941); y Roberto Cantalupo, Brasile Euro-americano (Milano: ISPI, 1941).

37 Las esperanzas iniciales de Ciano después del golpe de noviembre disminuyeron rápidamente en cuanto se vio que Vargas se mostraba cauteloso y falto de "coraje fascista" en la construcción del Estado Novo: Galeazzo Ciano, Diario 1937-1943 (Milano: Rizzoli, 1999), 56, 59 y 120. Las relaciones brasileñas con la Italia fascista, siempre matizadas por dudas e incertidumbres y por el dilema de apoyar o no a Vargas o a Salgado, comenzaron a enfriase entre marzo y mayo de 1938, en consecuencia de la represión desencadenada contra la AIB y la vigilancia puesta a las colonias italianas sospechosas de simpatías con ella. Sobre este tema véase Mario Toscano, "Il fascismo e l'Estado Novo", en L'emigrazione italiana in Brasile, 1800-1978, ed. Renzo De Felice (Torino: Fondazione G. Agnelli, 1980), 235-270; Marco Mugnaini, L'Italia, 222-227; y Amado Luíz Cervo, Le relazioni diplomatiche fra Italia e Brasile dal 1861 ad oggi (Torino: Fondazione G. Agnelli, 1994), 129-154.

38 Antonio Aroni Prado, 1922 -Itinerário de una falsa vanguarda. Os disidentes, a Semana e o Integralismo (San Pablo: Brasiliense, 1983), 46-47.

39 Antonio Aroni Prado, 1922, 41.

40 Cit. en Hélgio Trinidade, Integralismo. O fascismo brasileiro na década de 30 (San Pablo-Río de Janeiro: Difel, 1979), 5 y ss.

41 Hélgio Trinidade, Integralismo, 75.

42 Hélgio Trinidade, Integralismo, 75.

43 Plinio Salgado, "A Federaçao e o Sufragio", A Razao, San Pablo, 3 de febrero, 1931.

44 Sandra McGee Deutsch, Las derechas, 248.

45 Cfr. Joao Fábio Bertonha, O Fascismo e os inmigrantes italianos no Brasil (Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001).

46 Cfr. Emilio Gentile, Il culto del littorio. La sacralizzazione Della politica nell'Italia fascista (Roma-Bari: Laterza, 1993).

47 Roger Grifn, The Nature, 151.

48 Gustavo Barroso, O Integralismo e o Mundo (Río de Janeiro: Civilizaçao Brasileira, 1936), 15.

49 "Mutamento di regime in Brasile", en Autores Varios, Annuario di Politica Internazionale (1937) (Milano, ISPI, 1938), 354-358, aquí 357.

50 Joao Fábio Bertonha, O Fascismo, 69.

51 Archivio Storico del Ministero degli Afari Esteri (ASMAE), Afari Politici (AP) 1937-40, Situazione Paesi, Quaderni Segreti, Quaderno 9 (Brasile). Situazione politica nel 1937, 2.

52 Ciano a Lojacono, Roma, 26 de abril 1937, en Gianluca André comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, Vol. 6, doc. 515, 649-654. Ciano esperó inicialmente que la AIB serviría "para la labor de divulgación y difusión de las ideas del Fascismo entre los diversos estratos de la población" (654). Sin embargo prevaleció la cautela y el programa de la AIB fue considerado "una copia mal hecha del Fascismo italiano". Relazione riservata del MAE, "Movimenti fascisti esteri" (1934), cit. en Renzo Santinon, I fasci italiani all'estero (Roma: Settimo Sigillo, 1991), 135. Sobre las relaciones Italia-AIB véase también Angelo Trento, "Relaçoes entre fascismo e integralismo: o ponto de vista do Ministério dos Negocios Estrangeiros italiano", Ciencia e Cultura XXXIV: 12 (1982): 1601-1613; y Ricardo Seitenfus, "Ideology and Diplomacy: Italian Fascism and Brazil (1935-1938)", Hispanic American Historical Review LXIV: 3 (1984): 503-534. Joao Fábio Bertonha señala que la AIB era también vista como un centro de reclutamiento político de los descendientes de italianos en función pro-fascista y proItalia. En Joao Fábio Bertonha, "O Brasil, os inmigrantes italianos e a política externa fascista, 1922-1943", Revista Brasileira de Política Internacional 40: 2 (1997): 106-130, pero la integración, por su lado, contrastaba con el objetivo de mantener la italianidad (Amado Luíz Cervo, Le relazioni, 147).

53 Renzo Santinon, I fasci, 129-197. En este largo documento, preparado en 1934 por encargo del MAE, son descritos los diferentes grupos de Argentina, Brasil, Chile, Cuba, Panamá y Perú (sin embargo, falta México). Ninguno de estos se merece el calificativo de "fascista" y peor, son descritos como faltos de programas, de espíritu, de liderazgo y de capacidad política. Con la excepción de la AIB y del pequeño Partido Fascista de Chile, todos estos grupos supuestamente fascistas son criticados duramente o simplemente ignorados. Consideraciones idénticas se merecen los movimientos mexicanos (la ARM o "Camisas doradas" y el Partido Social Democrático de México) en otros documentos oficiales: cfr. Franco Savarino, México e Italia; y Franco Savarino, "Apuntes sobre el fascismo", 108. Véase también Stanley Payne, Il Fascismo, 345-354 y Mario Da Silva (ya mencionado anteriormente) quien encuentra "en estos "fascismos" una gran confusión de ideas [...] y, en general, muy poca visión verdaderamente fascista, romana, de la realidad" (Mario Da Silva, "'Fascismi' latino-americani", 46).

54 "Cuando en el mes de agosto los llamados 'Camisas Doradas' [...] que alguien estúpidamente creía incluso poder defnir como los Fascistas de México [...] volvió a llamar la atención [...] el Gobierno procedió tranquilamente a su disolución [...]. Los 'Camisas Doradas' desaparecieron sin gloria de la escena política, como sin gloria habían vivido". ASMAE, AP 1937-40, Situazione Paesi, Quaderni Segreti, Quaderno segreto No 43 (Messico), Situazione politica nel 1935-36, 9.

55 Cfr. Eugenia Scarzanella, "Il fascismo italiano in Argentina: al servizio degli afari", en Eugenia Scarzanella (ed.) Fascisti in Sud America, 113-174, aquí 133. Un informe diplomático señala (1937) que "los grupos nacionalistas de tendencia fascista son: la 'Legión Cívica Argentina' [...]; el 'Partido Fascista Argentino', organización que cuenta pocos inscritos y es dirigida por personas de buena fe pero de escaso nivel y sin prestigio; la 'Federación Fascista de la Provincia de Santa Fe' [...]; la 'Defensa Social Argentina', compuesta en su mayoría por funcionarios de policía jubilados, altos oficiales y jueces jubilados [...]; la 'Acción Nacionalista Argentina' que tiene su sede en Buenos Aires y Mendoza y un periodiquillo (Aduna) pero entre todo cuenta con menos de mil adherentes y de 'acción' solo tiene el nombre. 'Restauración' es un nuevo grupo formado en 1937 con muchos buenos propósitos pero ninguna posibilidad de confar en las personas que lo integran para realizarlos. La agrupación 'Nacionalismo argentino' que es un nombre sin sustancia [...]. [...Todas estas organizaciones adolecen] de unidad de acción, de coordinación, de desinterés y capacidad organizativa de los jefes, de espíritu de sacrificio y de voluntad de acción de los militantes": ASMAE, AP 1937-40, Situazione Paesi, Quaderni Segreti, Quaderno No 5 (Argentina), Situazione politica nel 1937, 9-10. Opiniones negativas italianas sobre la Legión Cívica son también señaladas por Marcus Klein, "The Legión Cívica Argentina and the Radicalization of Argentine Nacionalismo during the Década Infame", Estudios Interdisciplinarios de América Latina y el Caribe 13: 2 (julio-diciembre 2002), http://www.tau.ac.il/eial/XIII_2/klein.html (fecha de consulta: mayo 2008).

56 Franco Savarino, México e Italia, 116-118 y passim.

57 ASMAE, AP 1937-40, Situazione Paesi, Quaderni Segreti, Quaderno No 12 (Cile), Situazione politica nel 1937, 11. Este movimiento hacia la izquierda es analizado por Mario Sznajder en "El Movimiento Nacional Socialista: Nacismo a la chilena", Estudios Interdisciplinarios de América Latina y el Caribe 1: 1 (enero-junio 1990), http://www.tau.ac.il/eial/I_1/sznajder.htm (fecha de consulta: mayo 2008).

Fonte: Scielo
Texto: JOGO DE ILUSÕES: BRASIL, MÉXICO E OS "FASCISMOS" LATINOAMERICANOS FRENTE AO FASCISMO ITALIANO*
Autor: Franco Savarino
http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0121-16172009000100009&script=sci_arttext
Tradução: Roberto Lucena
Post do dia: 1 de mar de 2013

Ver:
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 01
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 03

Ver também:
O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 1
O Partido Alemão Nacional-Socialista na Argentina, Brasil e Chile frente às comunidades alemãs: 1933-1939 - parte 01

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

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Post de: 7 de fev de 2013 (atualizado em 13.03.13)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Entre a suástica e a palmatória - Fazenda nazi

Nos anos 1930, órfãos eram escravizados em fazenda no interior de São Paulo por simpatizantes do nazismo

Alice Melo
1/1/2012

Boi premiado e ficha de documentação de gado da Fazenda Cruzeiro do Sul na década de 1930.Uma briga de porcos derrubou a primeira barreira que encobria uma história existente apenas nas lembranças de velhos personagens. O obstáculo rompido nos idos da década de 1990 era a parede gasta de um chiqueiro imundo que outrora fora habitado por empregados de uma fazenda localizada no município de Paranapanema, interior de São Paulo. A Cruzeiro do Sul, que hoje beira os 72 hectares de terra. Na ocasião, quem tentava conter os suínos em sua disparada era Tatão, então proprietário das terras, e seu empregado, Aparecido. A dupla falhou ao apartar a rixa; os bichos abriram um buraco na parede e escaparam rumo ao capinzal numa corrida ensurdecedora. Aparecido seguiu os porcos para evitar prejuízo, mas Tatão permaneceu atônito no chiqueiro destruído. Os tijolos maciços caídos no chão, antes encobertos pela argamassa, revelaram ao homem a marca inconfundível, cravada no centro de um losango: a suástica nazista.

“Eu chamei: hômi, volta aqui, hômi, vem ver isso”, lembra Tatão – apelido de José Ricardo Rosa – fixando os olhos verdes no horizonte, entre uma e outra baforada no seu tradicional cigarro de palha. “Quando ele chegou, eu mostrei a marca pra ele. Ele me disse que era a marca do tijolo. Eu falei: como assim? É a marca da Alemanha! E ele disse que não, era a marca do tijolo. Por anos, eu fui ridicularizado na cidade. Ninguém desconfiava que aquele tijolo, com aquela marca, era a prova de que existiu, naquela fazenda, uma filosofia nazista no passado.”

A descoberta do tropeiro permaneceu como peça solta de um quebra-cabeça complexo até 1998, quando a enteada de Tatão, Suzane, durante uma aula sobre a Segunda Guerra Mundial, reconheceu, nas imagens do livro didático, a marca encontrada nos tijolos de sua fazenda, e avisou ao professor. O historiador Sidney Aguilar Filho, que trabalhava na cidade de São Roque, a 160 quilômetros da fazenda, não acreditou na história da menina. Foi preciso que ela levasse o material na aula seguinte para que ele iniciasse uma investigação. Esta durou dez anos e culminou na tese de doutorado “Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945)”, defendida na Unicamp em 2011. Com aquele objeto em mãos, o pesquisador rumou à região e se instalou no município vizinho, Campina do Monte Alegre, ou Campininha – cidade hoje com 5 mil habitantes. Lá, teceu os primeiros fios de uma teia tortuosa de significados. Em meio a polêmicas, a teia liga a simbologia nazista presente na propriedade rural a um contexto de simpatia a ideais de racismo e autoritarismo no Brasil das décadas de 1930 e 1940.

Entrevistando moradores antigos da cidade e revirando arquivos Brasil adentro, Aguilar Filho se deparou com um caso tão curioso quanto o dos tijolos marcados com a suástica: a escravização de 50 garotos órfãos, na maioria negros, numa propriedade rural vizinha. A Fazenda Santa Albertina, com extensão estimada em quase 4 mil hectares de terra. Para sua surpresa, descobriu que tanto a Santa Albertina quanto a Cruzeiro do Sul pertenciam à mesma família no passado: Rocha Miranda. Família tradicional, cujos membros viviam no Rio de Janeiro há gerações, mas mantinham quatro propriedades rurais no interior de São Paulo. Osvaldo, Otávio, Sérgio e Renato Rocha Miranda repartiram as terras do pai, Luís, depois que ele faleceu, em 1915. O caso ilustra, na prática, o ideário eugênico relacionado principalmente à educação por meio do trabalho que permeava o país naquele momento [ver artigo...página XX]. 59 alqueires

Ao que tudo indica, Osvaldo Rocha Miranda, ex-proprietário da Santa Albertina, um dos “benfeitores” do orfanato masculino carioca Romão de Mattos Duarte, que pertence até hoje à Irmandade de Misericórdia, no Rio de Janeiro, escolhia as crianças pessoalmente e as retirava para trabalhar em suas terras sob um contrato de tutelato. O documento tinha o aval tanto do juiz de menores da época quanto da madre superiora da instituição. Os meninos que não fugiram ou morreram permaneceram na localidade entre 1933 e 1945. Nunca receberam salário e, por vezes, eram submetidos a castigos corporais. Trabalhavam na lavoura junto aos adultos. Não tinham nomes, eram chamados por números, e permaneciam sob vigilância constante de um capataz. Este levava consigo instrumentos para castigar fisicamente os meninos e andava sempre acompanhado de dois cães pastores-alemães adestrados: Fiança e Veneno.

A ligação entre as fazendas Cruzeiro do Sul e Santa Albertina, além de familiar, é ideológica. Por mais que as histórias sejam distintas, elas se cruzam em determinados pontos. Os irmãos eram simpáticos à ideologia autoritária: Sérgio Rocha Miranda marcava com a suástica tijolos da estrutura de todas as construções da fazenda, o lombo do gado de exposição, a bandeira da propriedade, que era erguida no mastro, ao lado das bandeiras do Estado de São Paulo e do Brasil. Já o irmão Osvaldo era membro da Câmara dos Quarenta da Ação Integralista Brasileira, com outros dois irmãos, também proprietários de terras na mesma região. Em sua fazenda, os órfãos, mesmo sem ter sapatos, recebiam uniforme de cor verde, engomado, contendo o sigma integralista na braçadeira e no chapéu, para ir a festas nos fins de semana na cocheira da fazenda Cruzeiro do Sul. Os moradores da Santa Albertina, segundo relatos de pessoas que viveram ali, se cumprimentavam gritando “Anauê”, com a mão erguida acima da cabeça.

A história, além de aparecer em vestígios deixados em documentação da época, como o livro de entrada e saída de órfãos no educandário, está ativa na memória de seu Aloísio Silva. Durante décadas, ele foi chamado de “Vinte e Três”. Seu Aloísio tem 89 anos, mora em Campininha. Nesta cidade, morou a maior parte dos órfãos que, de um dia para o outro, foram “liberados”, de acordo com o termo usado por seu Aloísio. Com a doença e posterior morte de Osvaldo Rocha Miranda, em 1945 – período que coincide com a derrocada dos ideários autoritários no Brasil e, principalmente, na Alemanha nazista, país com o qual os Rocha Miranda mantinham relações comerciais estreitas –, o jovem herdeiro, Renato Rocha Miranda Filho (sobrinho de Osvaldo e Sérgio, que morreram solteiros, sem deixar filhos) liberou o grupo, agora já adulto. Sem rumo ou qualquer dinheiro, alguns ficaram pela região e voltaram a trabalhar para a família, como Aloísio e os falecidos José Alves de Almeida, o “Dois”, e Roque. Outros tentaram a sorte longe dali, muitos morreram no caminho.

Em um primeiro encontro, seu Aloísio pode parecer um homem de poucas palavras. As rugas profundas na face e as mãos ainda calejadas mostram o passado de muito trabalho debaixo de sol quente. Na fazenda, quando pequeno, cuidava dos animais, penteava a crina dos cavalos, capinava. Hoje em dia, seu Aloísio vai ao baile da terceira idade todo domingo. Não bebe, tampouco fuma. Nem sempre foi assim, era homem brabo, chegado à pinga – as pessoas da região o chamavam, à época, de “Nego Bêbo". Com o tempo e a curiosidade do povo, ele ganhou amigos para conversar. A memória antes soterrada pelos anos passou a ser pulsante, e hoje ele já consegue falar da infância com tranquilidade. Se no passado era “Nego Bêbo”, agora Aloísio Silva é respeitado na cidade. Ele se diz revoltado, injustiçado. Reclama que, ao ter sido tirado do Rio de Janeiro, naquele 16 de novembro de 1933, todas as chances de conhecer sua mãe foram por água abaixo. Só soube o nome dela, Maria Augusta, depois que o professor Sidney lhe mostrou a documentação encontrada no arquivo do educandário. Certidão de nascimento mesmo, os meninos não tinham. Seu Aloísio acha que foram queimadas quando eles chegaram à fazenda, já que, ao serem levados do Rio de Janeiro, cada um tinha o próprio registro de identidade.

A história contada por ele é rica em detalhes: a primeira leva de dez meninos do orfanato Romão Duarte foi escolhida a dedo por Osvaldo Rocha Miranda, com auxílio de seu motorista, André: “Ele recuou nós tudo num canto, no quintal de brincar. Aí colocou nós empilhado ali e ficou no passadiço em cima, com um saco de bala. Aí, de lá de cima, o major Osvaldo Rocha Miranda jogava um punhado de bala. E nós ia catar que nem galinha catando milho”, lembra com amargura. “Nós não sabia de nada... Então ele ia olhando e apontava com uma vara: André, põe esse pra lá, põe esse pra cá. Ele apartou dez da nossa turma. Na segunda vez que ele jogou as balas, nós já foi catar tudo com medo, assombrado, olhando pra cima. Nós não sabia o que ia fazer com nós. Depois que ele fez a escolha dele, falou: André, solta os outros”, conta. Os mais rápidos, espertos e fortes eram selecionados para o grupo da fazenda – critério muito semelhante ao utilizado para separar os prisioneiros que trabalhariam dos que morreriam nos campos de concentração nazistas, mantidos pelos alemães justamente no mesmo período.

Vestindo seu habitual chapéu de feltro preto e calçando botinas de couro branco, Aloísio Silva revela, com momentos de silêncio profundo, que, depois de serem escolhidos, os meninos com idade entre 9 e 11 anos ficaram oito dias em estado de isolamento até serem levados por carros da polícia à estação de trem D. Pedro II, a Central do Brasil. A promessa era de uma vida boa no campo. Após pegar a maria-fumaça, os meninos foram até a estação Engenheiro Hermillo, em Campininha. “Quando chegamo na fazenda, já tinha um tutor lá – um paraibano ruim, ruim mermo – para tomar conta de nós. Andava com uma vara de marmelo e uma palmatória com cinco furos na ponta, pra caso de nós desobedecesse. Era uma vida muito difícil aqui naquele tempo. A mão da gente chegava a sangra que a gente nem conseguia escreve na escola no dia seguinte”. Em dia de sol quente, ficavam com os pés escaldados, mas não eram poupados da labuta.

Os 50 meninos foram em três levas para a Santa Albertina – entre 1933 e 1934. No primeiro ano, cursaram a quarta série na escola. Tinham aula com a professora Olívia, uma senhora muito boa que, “coitada, não podia fazer nada”, segundo seu Aloísio. Documentos redigidos por funcionários da delegacia de Itapetininga, na época, mostram que as fazendas do entorno também utilizavam o trabalho no campo como aliado à educação dos filhos de empregados. Mas, no caso dos órfãos do Romão Duarte, o esquema era diferente: eles permaneciam isolados dos demais moradores e só podiam deixar a propriedade acompanhados pelo capataz. Alguns meninos jogavam bola contra times da região, mas sempre vigiados.

Seu Carmo Gomes, morador de Campininha, hoje tem 78 anos. Ele era pequeno quando tudo aconteceu. Relata que assistia às partidas de futebol dos times das fazendas, gostava de ganhar doces comprados pelo vigia das crianças, que sempre pagava tudo em boró. “Dizem que eles não tinham salário, mas eu gosto até de esclarecer isso, porque tinha esse homão, o Icho, que ia na venda, e comprava pra nós gasosa (refrigerante), bala, rosca, doce. Comprava e pagava, mas pagava com um vale que tinha nome de boró. Naquele tempo, era o dinheiro da fazenda. Era o dinheiro que valia. Só tinha uma venda na cidade. Aí eles aceitavam o boró e depois trocavam por dinheiro no escritório”. Uma forma de disfarçar a escravidão: os vales, fora da região, não valiam nada.

Considerado o historiador de Campininha, seu Carmo conta a história das fazendas de maneira muito nostálgica. Ressalta, a todo o momento, o passado de alegria e felicidade, e como tudo era bonito e movimentado. “Nossa vida era muito alegre aqui, mesmo a dos meninos que vieram lá do Rio de Janeiro... Eu não sei a vida interna deles, porque eles não saíam muito, mas eles tinham o time de futebol, a escolinha, a banda...”. E conta que as crianças da Santa Albertina, nos fins de semana, iam às festas na Cruzeiro do Sul. Tocavam, faziam barulho para que os bois de raça – com nomes e devidamente registrados com documentos e certidões de nascimento, ao contrário das crianças – se acostumassem com multidões e não dessem trabalho nas competições, em feiras agropecuárias. “A gente via aqueles animais de raça, touro, cavalo, que iam para as exposições também, tudo com a marca da suástica no lombo, que nem o tijolo... A gente achava bonito, diferente”, relata.

Seu Carmo chegou a ser amigo de Renatinho, o Renato Rocha Miranda Filho, sobrinho de Osvaldo e Sérgio, herdeiro de suas fazendas, que também não se casou. Morreu solteiro e deixou as terras para dois sobrinhos e também para os filhos de um empregado que morava com ele, Manezinho, o primeiro marido de d. Senhorinha, a atual esposa de Tatão – o homem que encontrou os tijolos com o símbolo nazista. Os sobrinhos Rocha Miranda, vivos, moradores do Rio de Janeiro, não aceitaram dar entrevista até o fechamento desta reportagem. Eles estão consultando os advogados sobre o caso, porque discordam da história pesquisada por Aguilar Filho.

Uma descoberta recente, no entanto, só reforça a tese sobre a violência vivida pelos órfãos da Santa Albertina. No interior do Paraná, à beira do Rio Iguaçu, vive Marujo, um senhor de quase 90 anos que já passou por altos e baixos na sua trajetória surpreendente. De escravo na fazenda, Argemiro dos Santos virou herói nacional: serviu à Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, venceu o inimigo trabalhando nas caldeiras de um navio e sobreviveu para contar a história – sua história. Foi também engraxate, mendigo, jogador de futebol, boxeador. Já adulto, acompanhava o carnaval nas ruas da “saudosa” Lapa, bebia, “corria atrás de um rabo de saia”. Toca trompete, ou pistom, como costuma dizer. Já fez parte de uma banda com integrantes da terceira idade embalando boleros, valsas e marchinhas de carnaval, tocando em aniversários e outras festas. Hoje, passa as tardes “tomando uma gelada” e contemplando o jardim na varanda de sua casa, ao lado da esposa, d. Guilhermina, com quem está casado há 61 anos.

Marujo deixou o tempo soterrar as lembranças de sua estada na Santa Albertina. Usou o trauma como força motriz de uma vida sofrida, sempre se superando, sem medo do que vinha pela frente. Nunca contou a história da infância para ninguém da família, que só soube do assunto há poucos meses, após a visita de Aguilar Filho e, recentemente, da Revista de História. Seu Argemiro fugiu da fazenda quando tinha 13 anos: um belo dia, esperou a noite cair e deu no pé. Ninguém mais soube dele. “Eu falei pra mim: vou cair é fora desse negócio! Fui andando, peguei um caminhão até a estação Engenheiro Hermillo e fiquei lá escondido. Quando apareceu o trem, eu fui lá e, pum! Entrei e fui parar em Sorocaba. Aí fiquei ali engraxando. Era jornaleiro, dormia num banco na praça. Mas logo caí fora, pensando em jogar futebol. Eu era bom de bola. Fui pra São Paulo”. Na capital, ouvindo o programa de rádio “Repórter Esso”, soube que a Marinha precisava de voluntários para a guerra. “Aí eu falei: opa! Se é pra morrer, vou morrer na guerra! Morrer sendo engraxate?”. E foi assim que Argemiro Santos virou Marujo. Fixou-se pela primeira vez na vida em Foz do Iguaçu. Chegou lá como voluntário numa expedição da Marinha. Um olheiro de futebol o chamou para jogar no time local, ABC. Logo se apaixonou, casou escondido, constituiu família e teve três filhos.

Na fazenda Santa Albertina, ele cuidava dos bichos e capinava. Lembra-se dos castigos com palmatória, do uniforme com marcas do integralismo que usava nos fins de semana e das festas na Cruzeiro do Sul, sempre regadas à cachaça. Confirma boa parte das lembranças narradas por Aloísio Silva. Conta com vivacidade sobre o cumprimento comum do dia a dia: “Anauê!”, grita ele esticando o braço. E explica: “Ah, isso era como bom dia. Bom dia! Anauê! Era assim que nós falava.” Apesar dos detalhes que vêm e vão à cabeça, seu Argemiro não se lembra de ser chamado por números, tampouco sabe o nome de qualquer funcionário da fazenda, criança ou adulto. Também nunca soube o nome da mãe. Tomou conhecimento disso só recentemente, quando descobriu que é mais velho do que pensava, pois foi deixado na roda dos enjeitados com 2 anos. Pelo menos é o que consta no registro das freiras do orfanato no dia 7 de abril de 1926, data em que comemora o nascimento.

“Quando ouço gente dizendo que sofreu, é porque não sabe pelo que eu passei. Tive uma vida muito dura antes de chegar aqui em Foz (do Iguaçu)”, lembra. Mas Marujo não se sente injustiçado e muito menos denomina o período na Santa Albertina como escravidão, assim como os moradores de Campininha.

“Nunca precisamos de nada.” Essa é a forma como d. Diva, nascida e criada em Campininha, que foi governanta na fazenda Santa Albertina, descreve sua situação trabalhista no passado. Mas dinheiro, ela não recebeu por muito tempo. Só foi receber salário no fim dos anos 1970, quando a administração mudou.

D. Diva é viúva de José Alves de Almeida, o Dois, o órfão que, depois de liberado, continuou trabalhando na Santa Albertina para o herdeiro, Renatinho: “Ele tinha tudo o que precisava, mandava e desmandava na fazenda. Seu Renato era muito bom, sempre dava roupa. Dinheiro que sobrava das compras.”O Dois vivia para cima e para baixo com o patrão. Seu Aloísio conta que José Alves chegou a estudar culinária no Rio de Janeiro depois de adulto, a mando da mãe de Renatinho, que “pegou ele pra criar”. “Ela levou o Dois pro Rio, ensinou a falar direito, escrever direito. Nós chamava ele de Zé Pretinho, porque ele era bem pretinho mesmo. O apelido pegou.”

Segundo o filho de José Alves de Almeida, Reginaldo, o apelido de Zé Pretinho é mais antigo. A madre superiora do orfanato foi quem começou a chamá-lo assim. Ele o criou desde pequeno até quando o menino foi mandado para a fazenda. Dois, ao que tudo indica, não fazia parte da criteriosa escolha de Osvaldo Rocha Miranda. Foi enviado junto com os outros porque “fez malcriação” para as freiras. Era para ele “aprender a se comportar”. Ao partir, deixou no Rio a irmã Judith, que chorou dias a fio, na parte feminina do educandário, de saudade do irmão. Eles voltaram a se encontrar depois de décadas, quando Dois já se chamava José Alves de Almeida, o cozinheiro da família Rocha Miranda.

Muito simpática, d. Diva é uma senhora de quase 80 anos, irmã da falecida d. Alice, cujo endereço profissional era a fazenda Retiro Feliz, propriedade de veraneio dos alemães Arndt von Bohlen Krupp e Annelise von Bohlen Krupp, mais conhecida como Madame. Antes da década de 1950, as terras pertenciam a Otávio Rocha Miranda, também membro da Ação Integralista Brasileira e irmão de Osvaldo e Sérgio. Arndt era um jovem da alta sociedade europeia, filho renegado de Alfried Krupp, um dos donos do conglomerado de empresas Krupp – conhecidas por produzirem armas de fogo utilizadas na Segunda Guerra. Coincidentemente, os Rocha Miranda tinham relações comerciais com essas empresas. Alfried, em 1948, foi condenado por exploração de mão de obra escrava na Alemanha.

Nas idas e vindas da memória, percebe-se que Campininha até hoje é marcada por vincos de silêncio sobre um passado incômodo. A opressão e a violência ainda se escondem dentro da parede maciça do esquecimento. Uma história suja, que começou a ser revelada por porcos. Quem saiu de lá, como Marujo, consegue revisitar o passado com menos rancor. Quem ficou, como seu Aloísio, tenta esconder as lembranças. Quando perguntado a respeito do momento mais marcante na fazenda, ele pensa, repensa e solta: “Sabe que... Nem triste, nem feliz. Para mim, aquele lugar nunca existiu.”

Saiba mais - Bibliografia

AGUILAR FILHO, Sidney. “Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945)”. Tese de doutorado. Campinas, SP: [s.n.], 2011.

www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000807532&opt=4

AGRADECIMENTOS:

Seu Aloísio Santos, Ditinho, d. Diva, Tatão, d. Senhorinha, d. Gibinha, Sidney Aguilar Filho, seu Carmo Gomes, seu Argemiro Santos, Darley Santos, d. Guilhermina, Alexandre Palmar, Philippe Noguchi.

Fonte: Revista de História
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/entre-a-suastica-e-a-palmatoria-1

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Thomas Kues: valas comuns na Letônia (Holocausto)

Fãs "revisionistas" de Thomas Kues ficarão desapontados ao saber que ele reconheceu a existência de uma vala comum judaica na Letônia. Neste artigo ele cita o seguinte da Bernhard Press, The Holocaust in Latvia (O Holocausto na Letônia), pág. 159, descrevendo uma vala comum encontrada por M. Morein em 1946:
(…) enquanto procurava os cadáveres de seus pais em 1946, perto da aldeia de Kukas próxima a Krustpils, [Morein] descobriu uma vala comum de cadáveres cujas roupas traziam etiquetas francesas
Kues gostaria que seus leitores acreditassem que estes eram judeus franceses deportados para a região do Báltico depois de 1941. (O que ele não explica é como as mortes dos judeus iriam apoiar a sua tese de que os judeus franceses não estavam sendo submetidas a uma política de extermínio). No entanto, Kues ignora o fato de que na página 49 do mesmo livro da Press, é citado um massacre de judeus em 1941 na localização daquele túmulo:
Naquela época, todos os judeus de Viesite, juntamente com os de Jekabpils (Jakobstadt) e Nereta, foram assassinados por um pelotão de execução de Perkonkrusts na aldeia de Kukas
Jekabpils foi situado próximo de Krustpils (as cidades foram fundidas em 1962), então a ação sobre Kukas é claramente a mesma que produziu o túmulo encontrado por Morein em Kukas em 1946. A atual localização do túmulo é descrito neste site, que fornece o seguinte relato:
O cemitério contém túmulos coletivos marcados e um memorial às vítimas do Holocausto. Enterros neste cemitério foram registrados. O registro é localizado no escritório do presidente da comunidade judaica de Jekabpils. Esta [é] o único cemitério judaico que surgiu na Letônia após a Segunda Guerra Mundial. Na década de 1950, o antigo cemitério judeu em Krustpils (fundada no início do século 19) foi liquidado, e as lápides foram transportados para Asote e enfileiradas na fronteira do cemitério. Em 1958, os restos mortais dos judeus de Krustpils e Plavinas, mortos em 1941, foram enterrados neste cemitério. Um ano mais tarde, um monumento foi erguido.
Assim, os cadáveres encontrados por Morein foram mortos em 1941 e estão localizados hoje em Asote.

Kues poderia ter se poupado desta vergonha imensa, checando sua própria fonte. Em vez disso, ele baleou seus amigos "revisionistas" em ambos os pés, reconhecendo uma vala comum que faz parte da prova do genocídio de 1941 na Letônia.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2011/01/thomas-kues-mass-grave-in-latvia.html
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Como Hitler foi possível

Há 80 anos Hitler assumia o poder na Alemanha

Em 30 de janeiro de 1933, o então presidente Hindenburg nomeou Adolf Hitler como chanceler da Alemanha. Poucos tinham ideia da dimensão desse fato. Propaganda nazista encenou o acontecimento como uma "tomada de poder".

Cenas sombrias ocorreram no Portão de Brandemburgo em 30 de janeiro de 1933, em Berlim. Já há horas, o chefe da Propaganda nazista, Joseph Goebbels, vinha posicionando homens da tropa de assalto de Hitler próximo ao local. Mais de 20 mil membros da chamada SA (Sturmabteilung), a tropa de choque do Partido Nazista, haviam chegado durante a noite.

O início estava marcado para as 19h. Tochas foram acesas, batalhões da SA desfilavam pelo Portão de Brandemburgo. Poucas horas antes, Adolf Hitler havia alcançado seu grande objetivo: ser nomeado chanceler pelo então presidente alemão Paul von Hindenburg.

Adolf Hitler saúda espectadores da janela da Chancelaria em Berlim

Um grande baile a fantasia

O recém-empossado chanceler alemão foi festejado por seus seguidores. De uma janela da então Chancelaria, Hilter cumprimentou os espectadores presentes. Goebbels havia planejado um gigantesco espetáculo. Ele pretendia encenar de forma dramática esse novo capítulo da Alemanha: aquela deveria ser "a noite do grande milagre". Ele havia planejado algo especial. Uma espécie de fita de fogo formada por portadores de tochas devia atravessar a cidade.

Goebbels queria criar imagens monumentais, ideais para impressionar os espectadores no cinema, já que era ali que os noticiários eram transmitidos na época. Mas os transeuntes passeavam distraídos para lá e para cá entre as formações da SA e impediram as gravações desejadas.

Goebbels ficou desapontado e reencenou as imagens mais tarde. O famoso pintor alemão de origem judaica, Max Liebermann, já tinha visto o bastante. Para o desfile de tochas dos homens da SA na frente de sua casa, o pintor escolheu palavras dramáticas: "Eu nunca conseguiria comer tanto para tudo o que gostaria de vomitar."

Como Hitler foi possível

Todo o poder era pouco para o ditador nazista

A história da ascensão de Adolf Hitler está intimamente ligada ao declínio da República de Weimar. Desde o surgimento em 1918, ela sofria de defeitos congênitos irreparáveis – era uma democracia sem democratas. Boa parte da população rejeitava a jovem República, sobretudo a elite econômica, funcionários públicos e até mesmo políticos.

Tentativas de golpe pela direita e pela esquerda sacudiram o país. Nos primeiros cinco anos da República de Weimar, assassinatos espetaculares chocaram o país. Entre outros, as mortes dos comunistas Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht, bem como o assassinato do ministro do Exterior Walther Rathenau, de origem judaica. Os criminosos provinham da ala de extrema direita.

A política da República de Weimar foi marcada pela total instabilidade. Nos 14 anos de sua existência, ela presenciou 21 diferentes governos. Entre os 17 partidos do Parlamento, encontrava-se uma série de inimigos declarados da Constituição. Com cada nova crise política e econômica, os eleitores perdiam mais e mais a confiança nos partidos democráticos.

Enquanto isso, o extremismo político vivenciava um grande crescimento. Os nazistas, pelo lado da direita, e os comunistas, pela esquerda, ganhavam cada vez mais adeptos. Por volta de 1930, a Alemanha estava à beira de uma guerra civil. Nazistas e comunistas travavam batalhas de rua. A crise econômica de 1929 piorou ainda mais a situação. Em junho de 1932, o número oficial de desempregados no país somava 5,6 milhões de pessoas.

O desejo por um líder forte

Hindenburg: militar condecorado, político de pouca visão

Em tal situação, muitos alemães ansiavam por um nome forte à frente do governo, alguém que pudesse tirar o país da crise. O presidente Paul von Hindenburg era uma dessas pessoas, para muitos, ele era uma espécie de substituto do imperador. De fato, segundo a Constituição de Weimar, o presidente do país era a instância política central. O cargo detinha uma imensa esfera de poder.

O presidente podia dissolver o Parlamento e outorgar leis por decretos emergenciais, algo que cabe normalmente a qualquer Parlamento. Hindenburg fez uso, diversas vezes, da possibilidade de governar contornando o Legislativo. No entanto, Hindenburg não tinha como cumprir o papel de salvar a Alemanha da miséria, pois já estava com 85 anos no início de 1933.

Após diversas trocas de governo, Hindenburg pretendia, na ocasião, instalar um governo estável chefiado pelos conservadores nacionalistas de direita. A princípio, ele era cético quanto à nomeação de Adolf Hitler para chefe de governo. Durante muito tempo, Hindenburg ironizou Hitler, chamando-o de "soldado raso da Boêmia" – uma alusão ao fato de que ele, Hindenburg, era um condecorado marechal de campo da Primeira Guerra Mundial, e Hitler, apenas um soldado comum.

Mas Hindenburg mudou de opinião. Pessoas próximas a ele lhe asseguraram que manteriam Hitler sob controle. Alfred Hugenberg, líder do Partido Popular Nacional Alemão, declarou: "Nós iremos enquadrar Hitler." Tinha-se um grande senso de segurança, também porque somente dois ministérios foram oferecidos aos nazistas no novo gabinete de governo. Por outro lado, Hitler e seus seguidores passaram a se apresentar propositalmente de forma moderada e a evitar alaridos.

Princípio do fim

Hitler após assumir o poder

De fato, no dia 30 de janeiro de 1933, um sonho se tornou realidade para Hitler e sua comitiva. Com alegria, Goebbels confidenciou ao seu diário: "Hitler é chanceler. Como um conto de fadas!" Na mais completa ignorância sobre Hitler e suas intenções, nomeou-se o "coveiro" da República para chanceler. Mas Hitler já havia apresentado seus planos no livro Mein Kampf. Ele escreveu que os judeus seriam "removidos" e um novo "habitat" seria conquistado "pela espada".

O dia 30 de janeiro de 1933 entrou para a história como o dia da "tomada de poder", conceito na verdade inventado pela propaganda nazista, pois a nomeação de Hitler – e essa é a verdadeira ironia da história – aconteceu de forma constitucional. Após a tomada de posse, Hindenburg falou as seguintes palavras: "E agora, meus senhores, para frente com a ajuda de Deus!"

Hindenburg não teve de presenciar que o caminho de Hitler levaria na verdade ao Holocausto e à Segunda Guerra Mundial. Ele morreu em 1934. E logo Hitler mostrava quão ingênua foi a crença de que ele poderia ser controlado e neutralizado. Pouco depois de ser empossado como chefe de governo, começou em todo o país o terror das tropas de assalto da SA.

Comunistas, social-democratas e sindicalistas foram perseguidos. Em pouco tempo os primeiros campos de concentração foram instalados. Ali, os membros da SA torturavam suas vítimas, que iriam incluir, pouco tempo depois, judeus e outras pessoas consideradas indesejáveis pelos nazistas. Hitler precisou somente de poucos meses para embaralhar a República de Weimar e instalar sua ditadura.

Autor: Marc von Lübke (ca)
Revisão: Francis França

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw.de/h%C3%A1-80-anos-hitler-assumia-o-poder-na-alemanha/a-16562683

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Alemanha lembra os 80 anos da chegada de Hitler ao poder

A exposição "Berlim 1933- O caminho para ditadura" em cartaz no centro de documentação "Topografia do Terror".
kulturprojekte-berlin.de
RFI

Berlim marca hoje com uma série de eventos os 80 anos da chegada de Hitler ao poder. Na abertura de uma das 120 exposições que serão realizadas durante todo o ano, a chanceler alemã Angela Merkel ressaltou “a responsabilidade permanente da Alemanha pelos crimes nazistas”.

Com a colaboração de Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

A chanceler alemã, Angela Merkel, inaugurou nesta quarta-feira, a exibição, chamada "Berlim 1933 – O caminho para a ditadura", retrata os últimos dias da República de Weimar e os seis primeiros meses do governo de Hitler, quando o país foi transformado rapidamente de uma democracia frágil em uma ditadura.

A mostra traz cerca de 100 fotos e documentos de época, exibidos no centro de documentação "Topografia do Terror", localizado no centro da capital alemã, onde funcionava o quartel general da polícia secreta de Hitler, a Gestapo. A exibição recorda também de 36 cidadãos que foram vítimas da violência dos nazistas nas semanas seguintes à nomeação de Hitler como chefe de governo.

A mostra será apenas uma de uma série de 120 exposições e eventos realizados durante este ano em museus, galerias e teatros da capital alemã em recordação aos 80 anos da nomeação de Hitler como chanceler alemão e à ascensão dos nazistas ao poder.

Outra exposição importante que faz parte da programação deste ano será aberta nesta quinta-feira no Museu de História Alemã, com o nome "Diversidade destruída. Berlim 1933-1938". Esta exibição se dedica às transformações que atingiram a vida capital alemã sob o regime totalitário nazista. Berlim era até então o centro da vida judia na Alemanha, abrigando mais de 160 mil judeus, uma diversidade cultural que foi destruída.

Fonte: RFI
http://www.portugues.rfi.fr/europa/20130130-alemanha-lembra-os-80-anos-da-chegada-de-hitler-ao-poder

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ceija Stojka - sobrevivente do Holocausto, artista cigana morre aos 79 anos

Nascida na Áustria, Ceija Stojka passou por três campos de concentração. Com sua obra, ela ajudou a expor a perseguição nazista ao seu povo.

Da Reuters

A artista cigana Ceija Stojka
(Foto: Divulgação/The
Gypsy Chronicles)
A artista cigana Ceija Stojka, cujo trabalho ajudou a expor a perseguição nazista ao seu povo, morreu na segunda-feira (28) aos 79 anos em um hospital de Viena, disse sua agente à agência de notícias APA.

Sobrevivente do Holocausto, Stojka escreveu um dos primeiros relatos autobiográficos de ciganos (ou "romanis") sobre a perseguição nazista, em um livro intitulado "Vivemos em reclusão: as memórias de uma romani", de 1988. Além disso, ela passou décadas dedicando a falar do seu povo pela música e a arte.

Os ciganos, como os judeus, foram enviados para campos de concentração pelo regime nazista alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Até 1,5 milhão deles morreram.

Nascida na Áustria, Stojka sobreviveu a passagens pelos campos de Auschwitz, Bergen-Belsen e Ravensbrueck. Apenas cinco outros membros de sua família, que tinha mais de 200 pessoas, sobreviveram.

"Busquei a caneta porque precisava me abrir, gritar", disse a ativista numa exibição de 2004 no Museu Judaico de Viena.

Stojka começaria a pintar aos 56 anos, muitas vezes usando os dedos ou palitos em vez de pincéis. Muitas das suas obras aludem à experiência nos campos de concentração, e eram descritas como "assustadoras" e "infantis" por visitantes em exposições dela mundo afora.

Fonte: Reuters/Terra
http://diversao.terra.com.br/gente/artista-cigana-ceija-stojka-sobrevivente-do-holocausto-morre-aos-79,1376494267f7c310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Holocausto em fotos (The Atlantic, especial WWII)

Especial da Revista The Atlantic (EUA) com fotos do Holocausto e da Segunda Guerra em alta resolução (uma parte do Arquivo Nacional dos EUA). Segue abaixo a parte com as fotos relativa ao Holocausto com a posterior tradução das legendas das fotos.

Só um aviso: apesar da tradução do aviso da matéria da revista eu reforço o aviso aqui, pra quem se chocar demais com esse tipo de foto é recomendável cautela pois as fotos chocam, principalmente pela alta resolução da imagem. Eu já vi várias mas com resolução pior, a alta resolução das fotos dá uma visão mais chocante da tragédia.
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Tradução: Um dos termos mais terríveis da história foi usado pela Alemanha nazista para designar seres humanos cujas vidas não tinha importância, ou aqueles que devessem ser mortos imediatamente: lebensunwertes Leben, ou "vida indigna da vida". A frase foi aplicada ao deficiente mental e mais tarde para os "racialmente inferiores", ou "sexualmente desviados", bem como os "inimigos do Estado", tanto internos como externos. Desde o princípio da guerra, parte da política nazista era assassinar civis em massa, especialmente direcionadas para os judeus. Mais tarde na guerra, esta política se transformou na "solução final" de Hitler, o extermínio completo dos judeus. Ela começou com os esquadrões da morte dos Einsatzgruppen no Leste, que matou cerca de um milhão de pessoas em inúmeros massacres, e continuou em campos de concentração onde os prisioneiros tinha negadas alimentação adequada e cuidados de saúde. Isso culminou na construção de campos de extermínio - instalações governamentais cujo objetivo era o assassinato sistemático e a eliminação de um número em massa de pessoas. Em 1945, com o avanço das tropas aliadas, elas começaram a descobrir estes campos e descobriram os resultados dessas políticas: centenas de milhares de prisioneiros famintos e doentes trancados com milhares de cadáveres. Eles encontraram evidências de câmaras de gás e crematórios para grandes volumes, assim como milhares de valas em massa, documentação de terrível experimentação médica, e muito mais. Os nazistas mataram mais de 10 milhões de pessoas desta maneira, incluindo 6 milhões de judeus. (Esta entrada é a parte 18 de uma retrospectiva de 20 partes, semanal, da II Guerra Mundial) [45 fotos]

Aviso: Todas as imagens desta entrada são mostrados na íntegra, não sendo excluído o conteúdo chocante das fotos. Há muitos cadáveres. As fotos são chocantes e pesadas. Esta é a realidade do genocídio, e de uma parte importante da Segunda Guerra Mundial e da história humana.

1. Uma menina russa de 18 anos de idade, magra olha para a lente da câmera durante a libertação do campo de concentração de Dachau em 1945. Dachau foi o primeiro campo de concentração alemão, inaugurado em 1933. Mais de 200.000 pessoas foram detidas, entre 1933 e 1945, e 31.591 mortes foram declaradas, a maioria por desnutrição, doenças e suicídio. Ao contrário de Auschwitz, Dachau não era explicitamente um campo de extermínio, mas as condições eram tão terríveis que centenas de pessoas morriam a cada semana. (Eric Schwab / AFP / Getty Images)

2. Nesta foto fornecida pelo Memorial do Holocausto de Paris mostra um soldado alemão dispararando contra um judeu ucraniano durante uma execução em massa em Vinnytsia, Ucrânia, em algum momento entre 1941 e 1943. Esta imagem é intitulada de "O último judeu em Vinnitsa", o texto que foi escrito no verso da fotografia foi encontrado em um álbum de fotos pertencente a um soldado alemão. (AP Photo/ USHMM/LOC)

3. Soldados alemães interpelam judeus após o Levante do Gueto de Varsóvia, em 1943. Em outubro de 1940, os alemães começaram a concentrar a população da Polônia de mais de 3 milhões de judeus em guetos superlotados. No maior deles, o Gueto de Varsóvia, milhares de judeus morreram devido à doença galopante e fome, mesmo antes dos nazistas começaram suas deportações em massa do gueto para o campo de extermínio de Treblinka. O Levante do Gueto de Varsóvia - a primeira rebelião em massa urbana contra a ocupação nazista da Europa - ocorreu de 19 de abril até 16 de maio de 1943, e começou depois que tropas alemãs e policiais entraram no gueto para deportar os habitantes sobreviventes. O levante terminou quando a resistência mal-armada e sem suprimentos foi esmagado pelas tropas alemãs. (OFF/AFP/Getty Images)

4. Um homem leva embora corpos de judeus mortos no Gueto de Varsóvia, em 1943, onde as pessoas morriam de fome nas ruas. A cada manhã, cerca de 4-5 da manhã, carros fúnebres recolhiam uma dúzia ou mais cadáveres das ruas. Os corpos de judeus mortos foram cremados em covas profundas. (AFP/Getty Images)

5. Um grupo de judeus, incluindo um garoto, é escoltado do Gueto de Varsóvia por soldados alemães em 19 abril de 1943 (foto). A imagem faz parte de um relatório da SS do general Stroop para seu comandante, e foi apresentado como prova nos julgamentos de Crimes de Guerra em Nuremberg, em 1945. (AP Photo)

6. Após a Revolta do Gueto de Varsóvia, o gueto foi completamente destruído. Dos mais de 56.000 judeus capturados, cerca de 7.000 foram mortos, e o restante foi deportado para centros de extermínio ou campos de concentração. Esta é uma vista dos restos do gueto o qual a SS alemã pôs ao chão com dinamite. O Gueto de Varsóvia só existiu por alguns anos, e nesse tempo, cerca de 300.000 judeus poloneses perderam a vida lá. (AP Photo)

7.Um alemão em um uniforme militar atira em uma mulher judia depois de uma execução em massa em Mizocz, Ucrânia. Em outubro de 1942, as 1.700 pessoas no gueto de Mizocz lutaram contra auxiliares ucranianos e policiais alemães que tinham a intenção de liquidar a população. Cerca de metade dos moradores conseguram fugir ou se esconder durante a confusão antes do levante ser finalmente abatido. Os sobreviventes capturados foram levados para uma ravina e fuzilados. Foto cedida pelo Memorial do Holocausto de Paris. (AP Photo/USHMM)

8. Deportados judeus no campo de trânsito de Drancy, perto de Paris, França, em 1942, em sua última parada antes dos campos de concentração alemães. Alguns 13.152 judeus (incluindo 4.115 crianças) foram caçados pelas forças policiais francesas, tirados de suas casas para o "Vel d'Hiv", o estádio de inverno de ciclismo, no sudoeste de Paris, em julho de 1942. Eles foram mais tarde levados para um terminal ferroviário em Drancy, a nordeste da capital francesa, e depois deportados para o leste. Apenas um punhado retornou. (AFP/Getty Images)

9. Anne Frank posa para foto em 1941 nesta foto disponibilizada pela Casa Anne Frank em Amsterdã, Holanda. Em agosto de 1944, Anne, sua família e outras pessoas que estavam se escondendo das forças de segurança alemãs de ocupação, foram capturados e enviados para uma série de prisões e campos de concentração. Anne morreu de tifo aos 15 anos no campo de concentração de Bergen-Belsen, mas seu diário publicado postumamente fez dela um símbolo de todos os judeus mortos na Segunda Guerra Mundial. (AP Photo/Anne Frank House/Frans Dupont)

10. Chegada e processamento de um transporte inteiro de judeus da Carpática Rutênia, região da Tchecoslováquia anexada em 1939 à Hungria, ao campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau na Polônia, em maio de 1944. A foto foi doada ao Yad Vashem em 1980 por Lili Jacob. (AP Photo/Yad Vashem Photo Archives)

11. Czeslawa Kwoka, de 14 anos, aparece em uma foto de identidade de prisioneiro fornecida pelo Museu de Auschwitz, tomada por Wilhelm Brasse enquanto trabalhava no departamento de fotografia em Auschwitz, na parte administrativa do campo de extermínio nazista onde cerca de 1,5 milhões de pessoas, a maioria judeus, morreram durante Segunda Guerra Mundial. Czeslawa era uma menina católica polonesa, de Wolka Zlojecka, na Polônia, que foi enviada para Auschwitz com sua mãe, em dezembro de 1942. Dentro de três meses, ambas foram mortas. Fotógrafo (e companheiro de prisão) Brasse lembrou das fotografias de Czeslawa em um documentário de 2005:.. "Ela era tão jovem e tão aterrorizada. A menina não entendia por que ela estava lá, e ela não conseguia entender o que estava sendo dito a ela. Então esta Kapo mulher (um prisioneiro superintendente) pegou um pau e lhe bateu no rosto. Esta mulher alemã estava apenas extravasando sua raiva na menina. Uma menina tão bonita, tão inocente. Ela chorou, mas não podia fazer nada. Antes das fotografias serem tomadas, a menina enxugou as lágrimas e o sangue do corte no lábio. Para dizer a verdade, eu senti como se estivessem atingindo a mim, mas eu não podia interferir. Isto teria sido fatal para mim." (AP Photo/Auschwitz Museum)

12. Uma vítima de experiências médicas nazistas. Um braço da vítima mostra uma queimadura profunda de fósforo em Ravensbrueck, na Alemanha, em novembro de 1943. A fotografia mostra os resultados de uma experiência médica com fósforo, que foi realizada por médicos em Ravensbrueck. Na experiência, uma mistura de fósforo e de borracha foi aplicada sobre a pele e depois queimada. Depois de vinte segundos, o fogo foi apagado com água. Depois de três dias, a queimadura foi tratada com Echinacin na forma líquida. Depois de duas semanas a ferida havia curado. Esta fotografia, tirada por um médico do campo, foi inscrita como prova durante o Julgamento dos Médicos em Nuremberg. (U.S. Holocaust Memorial Museum, NARA)

13. Prisioneiros judeus no campo de concentração de Buchenwald, depois da libertação do campo em 1945. (AFP/Getty Images)

14. Soldados norte-americanos silenciosamente inspecionam alguns dos vagões carregados com mortos que foram encontrados no tapume ferroviário no campo de concentração de Dachau na Alemanha, em 3 de maio de 1945. (AP Photo)

15. Um francês esfomeado sentando ao lado de cadáveres no sub-campo do campo de trabalho forçado de Mittelbau-Dora, em Nordhausen, Alemanha, em abril de 1945. (U.S. Army/LOC)

16. Corpos jazem empilhados contra as paredes da sala de um crematório num campo de concentração alemão em Dachau, na Alemanha. Os corpos foram encontrados pelas tropas norte-americanas do Sétimo Exército que tomaram o campo em 14 de maio de 1945. (AP Photo)

17. Um soldado dos EUA inspeciona milhares de alianças de casamento de ouro retiradas de judeus pelos alemães e escondidas nas minas de Salt Heilbronn, em 3 de maio de 1945 na Alemanha. (AFP/NARA)

18. Três soldados americanos olham corpos dentro de um forno em um crematório, em abril de 1945. Foto tirada em um campo de concentração na Alemanha não identificado, no momento da libertação por Exército dos EUA. (U.S. Army/LOC)

19. Este amontoado de cinzas e ossos são os escombros de um dia de extermínio de prisioneiros alemães por 88 soldados no campo de concentração de Buchenwald, perto de Weimar, na Alemanha, exibidos em 25 de abril de 1945. (AP Photo/U.S. Army Signal Corps)

20. Prisioneiros atrás da cerca elétrica do campo de concentração de Dachau saúdam soldados norte-americanos em Dachau, Alemanha, em uma foto sem data. Alguns deles usam o uniforme listrado azul e branco da prisão. Eles decoraram suas cabanas com as bandeiras de todas as nações que haviam feito secretamente ao ouvirem as armas da 42ª Divisão Arco-íris ficarem cada vez mais altas quando foram chegando a Dachau. (AP Photo)

21. General Dwight D. Eisenhower e outros oficiais norte-americanos no campo de concentração de Ohrdruf, pouco depois da libertação do campo em abril de 1945. Quando as forças norte-americanas foram chegando, os guardas atiraram nos prisioneiros restantes. (U.S. Army Signal Corps/NARA)

22. Um prisioneiro moribundo, fraco demais para se sentar em meio a seus trapos e sujeira, vítima de inanição e incrível brutalidade, no campo de concentração de Nordhausen na Alemanha, em 18 de abril de 1945. (AP Photo)

23. Prisioneiros em uma marcha da morte de Dachau para o sul ao longo da rua Noerdliche Muenchner em Gruenwald, Alemanha, em 29 de abril de 1945. Milhares de prisioneiros foram levados à força de campos de prisioneiros para campos distantes e mais dentro da Alemanha porque forças aliadas estavam chegando perto. Milhares de pessoas morreram ao longo do caminho, qualquer pessoa incapaz de se manter em pé foi executado no local. Na foto, o quarto da direita é Dimitry Gorky, que nasceu em 19 de agosto de 1920 em Blagoslovskoe, Rússia, de uma família de camponeses. Durante a Segunda Guerra Mundial, Dmitry foi preso em Dachau por 22 meses. A razão de sua prisão não é conhecida. Foto divulgada pelo Museu Memorial do Holocausto dos EUA. (AP Photo/USHMM, cortesia do KZ Gedenkstaette Dachau)

24. Soldados norte-americanos andam em fila próximos às pilhas de cadáveres no chão ao lado de barracas, no campo de concentração nazi em Nordhausen, Alemanha, em 17 de abril de 1945. O campo era localizado a cerca de 70 km a oeste de Leipzig. Quando o campo foi libertado em 12 de abril, o Exército dos EUA encontrou mais de 3.000 cadáveres e um punhado de sobreviventes. (AP Photo/US Army Signal Corps)

25. Um prisioneiro morto estirado em um vagão de trem próximo ao campo de concentração de Dachau, em Maio de 1945. (Eric Schwab/AFP/Getty Images)

26. Soldados libertadores, do Corpo XX do 3º Exército do Tenente-General George S. Patton, são mostrados no campo de concentração de Buchenwald ao lado de um carroceria com cadáveres, perto de Weimar, Alemanha, em 11 de abril de 1945. (AP Photo/U.S. Army)

27. General Patch, da 12 ª Divisão Blindada, fazendo seu caminho em direção à fronteira com a Áustria, descobrindo os horrores do campo de prisioneiros alemão de Schwabmünchen, a sudoeste de Munique. Mais de 4.000 trabalhadores escravos, todos os judeus de várias nacionalidades, foram alojados na prisão. Os internos foram queimados vivos brutalmente por guardas que atearam fogo aos barracos nos quais os prisioneiros dormiam, atirando em qualquer um que tentasse escapar. Esparramado aqui no recinto da prisão estão os corpos queimados de alguns dos trabalhadores escravos judeus descobertos pelo 7º Exército dos EUA em Schwabmünchen, em 01 de maio de 1945. (AP Photo/Jim Pringle)

28. O cadáver de um prisioneiro se encontra na cerca de arame farpado em Leipzig-Thekla, um campo secundário de Buchenwald, perto de Weimar, Alemanha. (NARA)

29. Estas vítimas mortas pelos alemães foram retiradas do campo de concentração de Lambach, na Áustria, em 6 de maio de 1945, por soldados alemães sob as ordens de soldados do Exército dos EUA. Assim que todos os corpos foram removidos do campo, os alemães os enterraram. Este campo originalmente abrigou 18.000 pessoas, cada edifício com lotação de 1600 pessoas. Não havia camas ou quaisquer instalações sanitárias, e de 40 a 50 prisioneiros morriam por dia. (AP Photo)

30. Um jovem se senta em um banquinho ao lado de um corpo queimado no campo de Thekla em Leipzig, em abril de 1945, depois que as tropas norte-americanas entraram Leipzig em 18 de abril. No dia 18 de abril, os trabalhadores da fábrica de avião Thekla foram trancados em uma construção isolada da fábrica pelos alemães e queimados vivos por bombas incendiárias. Cerca de 300 prisioneiros morreram. Aqueles que conseguiram escapar morreram no arame farpado ou foram executados pela Juventude Hitlerista, de acordo com o relatório de um capitão dos EUA. (Eric Schwab/AFP/Getty Images)

31. Corpos queimados de prisioneiros políticos jazem espalhados sobre a entrada de um celeiro em Gardelegen, Alemanha, em 16 de abril de 1945, onde eles encontraram a morte nas mãos das tropas alemães da SS, que colocou o celeiro em chamas. O grupo tentou fugir e foi fuzilado pelas tropas da SS. Dos 1.100 presos, apenas 12 conseguiram escapar. (AP Photo/U.S. Army Signal Corps)

32. Alguns restos/pedaços de esqueletos humanos encontrados por homens da Terceira Divisão Blindada do Primeiro Exército dos EUA, no campo de concentração alemão de Nordhausen em 25 de abril de 1945, onde centenas de "trabalhadores escravos" de várias nacionalidades estavam mortos ou morrendo. (AP Photo)

33. Quando as tropas norte-americanas libertaram os prisioneiros do campo de concentração de Dachau, na Alemanha, em 1945, muitos guardas alemães da SS foram mortos pelos prisioneiros que jogaram seus corpos no fosso ao redor do campo. (AP Photo)

34. O tenente-coronel Ed Seiller de Louisville, Kentucky, está em meio a uma pilha de vítimas do Holocausto, quando ele fala a 200 civis alemães que foram forçados a ver as condições cruéis no campo de concentração de Landsberg, em 15 de maio de 1945. (AP Photo)

35. Prisioneiros subnutridos, quase mortos de fome, aparecem na foto em um campo de concentração em Ebensee, Áustria, em 7 de maio de 1945. O campo foi supostamente usado para experimentos "científicos". (NARA/Newsmakers)

36. Um sobrevivente russo, liberado pela 3ª Divisão Blindada do Primeiro Exército dos EUA, identifica um ex-guarda de campo que espancava brutalmente prisioneiros em 14 de abril de 1945, no campo de concentração de Buchenwald, na Turíngia, Alemanha. (AP Photo)

37. Cadáveres pilhados no campo de concentração de Bergen-Belsen depois das tropas britânicas libertarem o campo em 15 de abril de 1945. Os britânicaos encontraram 60.000 homens, mulheres e crianças morrendo de fome e doenças. (AFP/Getty Images)

38. Tropas alemãs da SS carregam vítimas do campo de concentrção de Bergen-Belsen em caminhões para o enterro, em Belsen, Alemanha, em 17 de abril de 1945. Guardas britânicos seguram fuzis ao fundo. (AP Photo/British Official Photo)

39. Cidadãos de Ludwigslust, Alemanha, inspecionam as proximidades de um campo de concentração sob as ordens da 82ª Divisão Aerotransportada em 6 de maio de 1945. Corpos de vítimas dos campos alemães de prisioneiros foram encontrados jogados em fossas no quintal, num poço contendo 300 corpos. (NARA)

40. Uma pilha de corpos deixados para apodrecer no campo de Bergen-Belsen, em Bergen, na Alemanha, encontrados após o campo ser libertado pelas forças britânicas em 20 de abril de 1945. Cerca de 60.000 civis, a maioria sofrendo de febre tifóide, tifo e disenteria, morriam às centenas por dia, apesar dos esforços frenéticos dos serviços médicos que percorriam o campo. (AP Photo)

41. Quem aparece algemado após sua prisão é Joseph Kramer, comandante do campo de concentração de Bergen-Belsen em Belsen, fotografado em 28 de abril de 1945. Depois de julgado, Kramer, "A Besta de Belsen", foi condenado e executado em dezembro de 1945. (AP Photo)

42. Mulheres alemãs da SS removem os corpos de suas vítimas para caminhões no campo de concentração de Belsen, Alemanha, em 28 de abril de 1945. Fome e doença mataram centenas de milhares de encarcerados no campo. Soldados britânicos aparecem ao fundo segurando fuzis na lama que vai encherá a vala comum. (AP Photo/British official photo)

43. Um guarda alemão da SS, em pé em meio a centenas de corpos, transporta outro cadávers de uma vítima do campo de concentração para uma vala comum em Belsen, na Alemanha em abril de 1945. (AP Photo)

44. Pilhas de cadáveres no campo de concentração de Bergen-Belsen em 30 de abril de 1945. Cerca de 100.000 pessoas são as estimativas do que deve ter morrido apenas neste campo. (AP Photo)

45. A mãe alemã cobre os olhos de seu filho quando eles andam com outros civis passado por uma fileira de corpos exumados em Suttrop, Alemanha. Os corpos eram de 57 russos mortos por soldados alemães da SS e despejados em uma vala comum, antes da chegada das tropas do Nono Exército dos EUA. Soldados da 95ª divisão de Infantaria foram levados por informantes à sepultura em massa em 3 de maio de 1945. Antes do enterro, todos os civis alemães na vizinhança foram obrigados a ver as vítimas. (U.S. Holocaust Memorial Museum, U.S. Army Signal Corps)

Fonte: The Atlantic (EUA)
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Os ciganos, entre "as vítimas mais esquecidas do holocausto" 67 anos depois

Agencias. @DiarioSigloXXI. terça-feira, 22 de janeiro de 2013, 19:10

MADRID, 22 (SERVIMEDIA)

A Fundación Secretariado Gitano (FSG) recordou esta terça-feira as mais de 500.000 pessoas de etnia cigana (Roma e Sinti) que morreram nos campos de extermínio nazi, pela razão da celebração do Dia Internacional da Memória do Holocausto no próximo dia 27 de janeiro.

Depois do ato em homenagem às vítimas celebrado nesta terça-feira no Senado, a FSJ destacou também que os ciganos seguem sendo "uma das vítimas mais esquecidas deste terrível genocídio".

Quando se aproxima o 67º aniversário da libertação de Auschwitz (por esta razão a escolha do 27 de janeiro como Dia Internacional da Memória do Holocausto pela ONU), a comunidade cigana quis destacar que este coletivo é um dos "mais estigmatizados e perseguidos em toda a UE”, onde "o anticiganismo representa um fenômeno crescente em vários países".

Por isso sua petição aos Estados membros, para porem em marcha leis mais duras contra a discriminação e lhes exigir "uma atitude mais contundente frente a qualquer conduta racista, de estigmatização e de preconceitos" contra os ciganos.

Em nota à imprensa, a FSG expressou seu desejo de que este dia sirva para entender "a rejeição e perseguição que secularmente sofre este povo", assim como compreender sua situação atual.

Fonte: Diario Siglo XXI
http://www.diariosigloxxi.com/texto-s/mostrar/82572/los-gitanos-entre-quotlas-victimas-mas-olvidadas-del-holocausto-quot-67-anos-despues
Tradução: Roberto Lucena

Albert Speer - o Arquiteto de Hitler

Documentário exibido pelo National Geographic sobre Albert Speer, arquiteto de Hitler, cotado para sucedê-lo e ministro dos armamentos do Terceiro Reich, um dos cabeças do Terceiro Reich e o homem que manteve a máquina de guerra nazi de pé. Speer escapou da condenação de pena de morte encenando o papel de "bom nazista" no julgamento de Nuremberg.

Posts sobre Speer:
Carta prova que [Albert] Speer sabia do Holocausto
Testemunho de Albert Speer e Holocausto
Quando Hitler decidiu-se pela Solução Final?

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Filme: La Rafle (Amor e Ódio), com Mélanie Laurent e Jean Reno. França de Vichy

Crítica do filme. O 'aprisionamento de judeus' na França
'La rafle' (Amor e Ódio), com Mélanie Laurent e Jean Reno
Menemsha Films

(Foto) Mélanie Laurent como enfermeira em um campo de internamento em "La rafle".
Por Jeannette CATSOULIS. Publicado: 15 de novembro de 2012

Um 'monte de lágrimas' relembra a contribuição da França com o Holocausto (não reconhecida pelo governo francês até 1995), "La rafle" ("Amor e Ódio") é um conto bem-intencionado mas dramatizado com pouca habilidade, sobre o aprisionamento de 13.000 judeus parisienses no no verão de 1942.

Abordar o tema a partir de vários pontos de vista - incluindo os de uma enfermeira protestante horrorizada (Mélanie Laurent), um médico judeu cansado (Jean Reno) e os membros de duas famílias judias - a escritora e diretora, Rose Bosch, provoca atuações comprometidas com o roteiro ao longo de muitas das fissuras do filme. Entre esses, os episódios que mostram a negociação entre funcionários corruptos franceses e seus ocupantes nazistas são especialmente cortantes, e a passagem de cena de fome dos prisioneiros judeus para a festa de aniversário do pródigo Hitler, comandada por uma Eva Braun bêbada, é embaraçosamente pesada.

No entanto, a Sra. Bosch retorce o puro terror do aprisionamento e o subsequente sofrimento dos judeus. Em uma escala épica e minuciosa em detalhes (o roteiro foi baseado em extensa pesquisa feita pela Sra. Bosch e o historiador do Holocausto Serge Klarsfeld), o filme inclui cenas de multidão que se agitam com uma miséria não forçada.

É desnecessário, portanto, retornar tantas vezes ao destino de uma criança de cabelos encaracolados - uma indulgência sentimental que só enfraquece o todo do filme. Seria melhor ter seguido a adolescente judia corajosa (Adèle Exarchopoulos) que trafega através da rede nazista: sua coragem e ação são muito mais atraentes do que uma sala cheia de crianças levadas.

Uma versão desta crítica apareceu na versão impressa em 16 de novembro de 2012, na página C12 da edição do New York Times com a manchete: La Rafle.

Fonte: NY Times
http://movies.nytimes.com/2012/11/16/movies/la-rafle-with-melanie-laurent-and-jean-reno.html
Tradução: Roberto Lucena

Observação: eu assisti o filme e não concordo com o teor da crítica acima, o filme tem uma visão francesa do ocorrido e não uma visão norte-americana, por isso talvez essa crítica ácida acima ao filme por não se enquadrar "facilmente" ao que "críticos" dos EUA esperam desse tipo de filme. Mas por não ter encontrado outra crítica que li sobre o filme pra traduzir, acabei traduzindo essa pra informar sobre o filme "Amor e ódio" (La Rafle) que vale a pena ser assistido. A observação se dá porque muita gente tem acessado o link pra ler algo sobre o filme e não concordo com a crítica acima e não foi possível colocar outra no lugar.

Trailer:

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