sexta-feira, 11 de julho de 2008

Homem é preso por grafitar memorial do Holocausto

BERLIM - A polícia de Berlim afirmou que um homem foi preso depois de grafitar mensagens anti-semitas no Memorial do Holocausto em Berlim.

A declaração da polícia afirma que um segurança deteve um jovem de 28 anos intoxicado, originário da Alemanha oriental, na noite de terça-feira, quando ele grafitava quatro dos blocos do enorme memorial.

O segurança chamou a polícia.

Segundo a declaração emitida nessa quarta-feira, o homem grafitou "palavras e imagens, algumas das quais continham mensagens anti-semitas" nos blocos de concreto.

O memorial às mais de 6 milhões de vítimas judias do holocausto contêm mais de 2,700 blocos de concreto cinza e fica perto do Portal de Brandenburgo.

O memorial foi aberto ao público em 2005 e é facilmente acessível a qualquer horário.

Vandalismo foi documentado inúmeras vezes no memorial.

Fonte: AP/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/07/09/homem_e_preso_por_grafitar_memorial_do_holocausto_em_berlim_1428429.html

terça-feira, 8 de julho de 2008

Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 3)

Esta não é a única forma de história “revista” que Harwood tem utilizado para transformar os nazistas em apoiantes da emigração. Na tentativa de provar que os nazistas estavam interessados principalmente em uma transferência benigna da população, ele escreveu que o elemento central da plataforma do Conselho Nacional do Partido Socialista antes de 1933 era a emigração judaica para Madagascar. Na verdade a emigração dos judeus nunca foi incluída pelos nazistas na plataforma do partido antes de [108] 1933, e muito menos utilizada como um elemento central. (20) O Plano de Madagascar nunca foi mencionado como uma possibilidade até finais dos anos 30. O lema nazista era Juda Verrecke, "perecer Judá," e não "emigrar Judá". O pleno significado de Juda Verrecke não é encontrado em na tradução para o Inglês. É similar o “perecer” como "piolho - flagelo". (21) Líderes nazistas, entre eles, Josef Goebbels, Julius Streicher, e Hans Frank, freqüentemente descreviam os judeus como vermes e a necessidade de extermínio. Em 1929 Goebbels escreveu: "Certamente, o judeu é um ser humano. Mas então a pulga também está vivendo - só não são agradáveis. Uma vez que a pulga não é uma coisa agradável, não somos obrigados a mantê-la e deixar prosperar... É nosso dever, o de exterminar-la. A mesma coisa com os judeus". (22) Em um artigo na Völkischer Beobachter em 1921, Hitler descreveu os judeus como "insetos e piolhos sugadores de sangue do povo alemão para fora das suas veias." (23)


A alegação de que os nazistas estavam interessados na emigração judaica exemplifica o modo como os negadores desenham as mentiras acerca da verdade. Emigração foi efetivamente empregada pelos nazistas no fim dos anos trinta como um meio de eliminação dos judeus do Reich. De 1933 até 1939 vigorosamente os nazistas forçaram os judeus a emigrar, e mais de 300 mil, ou seja, aproximadamente 50 por cento da população judaica alemã, fizeram-na. Enquanto negadores utilizam esses dados para retratar os nazistas como benevolentes com a população envolvida em uma transferência, as verdadeiras intenções dos nazistas durante a década de 1930 foram brutalmente destruir a comunidade judaica alemã e, simultaneamente, semear as sementes do anti-semitismo no estrangeiro. Durante o período do pré-guerra este meio de criação de uma Alemanha era a Judenrein. O caos da guerra permitiu ou, como alguns alegam, forçou-os a passar de emigração para aniquilação. ** Mas, mesmo essa emigração - quando empregadas pelos nazistas como solução para o "problema" judeu no Reich - tinha intenções diabólicas. Um [109] memorando do Escritório de Relações Exteriores de 25 de janeiro de 1939, delineava o mais cínico dos aspectos do plano de emigração: "Os mais pobres e, portanto, a mais onerosa parte de imigrantes judeus para um país, absorvendo a eles, mais forte será a reação do país e mais favoráveis serão ao efeito do interesse da propaganda alemã." (24) Tal como os nazistas exportaram os sem dinheiro e desesperados judeus, eles também exportaram o anti-semitismo. Este foi, em parte, o motivo pelo qual eles despojaram os judeus de seus bens através das taxas de emigração cada vez mais onerosas. Até Janeiro de 1939, tinham sido totalmente excluídos da economia alemã. Na ocasião os líderes do Reich simplesmente tomaram os grupos de judeus e colocaram - fora das fronteiras da Alemanha - obrigando os seus vizinhos a ter de acomodar um grande grupo de imigrantes miseráveis. O mais conhecido destes incidentes tiveram lugar, na fronteira polaca, no final de outubro de 1938, na véspera da Noite de Cristal, em um pogrom anti-judaico de novembro de 1938 durante o qual centenas de sinagogas foram destruídas pelos nazistas e 26.000 judeus foram confinados em campos concentração. O mito da emigração - a idéia de que o objetivo inicial dos nazistas era se livrar dos judeus pela emigração - é facilmente refutado pelos documentos nazistas, jornais, revistas e deles mesmos, que estão repletos de declarações da alta cúpula dos líderes partidários e seus funcionários, atestando o seu objetivo final. O líder nazista, Dr. Robert Ley, articulou essas intenções em 1942, quando ele disse que não era o suficiente para "isolar o inimigo judeu da humanidade. Os judeus têm de ser exterminados." (25) Em seu depoimento em Nuremberg, Victor Brack, que esteve a cargo dos gaseamentos de 50.000 deficientes mentais, doentes crônicos e os judeus alemães no âmbito do programa de eutanásia de 1939 a 1941, reconheceu que, até março de 1941, não era nenhum segredo entre os maiores círculos do partido que os "judeus estavam sendo exterminados." (26) Em um artigo de maio de 1943 do semanário de Berlim Das Reich Goebbels anunciou: "o Fuhrer profetizou e está a ser cumprido com incontornável garantia de que se o mundo entrasse em outra guerra, esta iria causar a extinção da raça judaica." (27) Em outubro de 1943 Heinrich Himmler, o chefe da SS, disse para oficiais da alta cúpula em Posen que "nós tínhamos um dever moral para com nosso povo, o dever de exterminar esse povo [os judeus]." (28)


Com base nestes e em uma infinidade de outras declarações de líderes nazistas, incluindo do próprio Hitler em janeiro 1939 com a promessa para exterminar os judeus se repetisse outra guerra, não há dúvida que, embora a emigração fosse empregada para livrar a Alemanha da sua população judaica durante a década de 1930, depois veio a Polônia sob controle nazista e porções da União Soviética, com a sua grande população judaica, foram alvos a serem conquistados, se tornaram a própria aniquilação da política alemã.


[110] O anti-semitismo foi um aspecto tão fundamental do nacional-socialismo que até mesmo os mais criativos negadores não podem alegar que não existia. Assim, aquilo que eles não podem negar ou falsear, eles racionalizam. Já vimos isto na tentativa de retratar os judeus como espiões na Alemanha e partisans que mereciam qualquer condenação dada pelos nazistas. Harwood ampliou seu alcance. Ele interpretou que o anti-semitismo na Alemanha nazista era legítimo em resposta a ataques como ele chamou da "judiaria internacional". Ele argumentou que a declaração do líder sionista Chaim Weizmann em 1939, com a eclosão da guerra, os judeus seriam suportados pela Grã-Bretanha e lutariam ao lado das democracias, os judeus constituíam uma "declaração de guerra à Alemanha nazista e transformando-os em uma ameaça para a segurança da Alemanha. (29) Na realidade, Weizmann nunca mencionou a Grã-Bretanha, em sua declaração, mas falou das democracias em geral. Harwood adicionou a referência à Grã-Bretanha. Harwood insistiu que, sob os princípios do direito internacional Hitler tinha o direito de declarar a intenção de guerra do inimigo judeu devido a uma perseguição contra o Reich. Eles poderiam, portanto, ser legitimamente submetidos a uma política de internamento. Harwood ignorou o fato de que as políticas anti-semitas nazistas datavam de quase 7 anos do pronunciamento de Weizmann. A declaração de Weizmann foi uma resposta a estas políticas e não o contrário. Desde 1933 a Alemanha tinha excluído a maioria dos judeus e também suas profissões, sujeitaram a eles boicotes econômicos, encarceramento, violência física, e horrenda degradação. Esse processo foi seguido pela exclusão dos judeus nos termos da legislação de 1935 de Nuremberg [Leis de Sangue e Honra de Nuremberg], a destruição e a brutalidade da Noite dos Cristais, em 1938. Weizmann estava a falar como o líder de um povo apátrido que não estava em posição de custear uma guerra de qualquer tipo, contra uma nação independente e bem armada. (30) Ele era, afinal, um cidadão da Grã-Bretanha e a Palestina era um território britânico. Uma declaração de lealdade para com as democracias na sua guerra contra a Alemanha foi o mínimo que ele poderia fazer.


Esse truque para expressar o anti-semitismo nazista como uma resposta legítima a uma ameaça para a segurança da Alemanha poderia ter sido descartada se não fosse forma como foi adotada por proeminentes historiadores. O historiador alemão Ernst Nolte, cujos livros sobre o fascismo se tornaram clássicos históricos patrocinava o mesmo argumento referente à declaração de Weizmann, em sua tentativa de diminuir a responsabilidade das atrocidades nazistas na Segunda Guerra Mundial. Nolte foi o historiador mais proeminente na década de 80 com o que se tornou conhecido na Alemanha como a Historikerstreit, um esforço por parte de alguns historiadores, especialmente aqueles com tendências políticas conservadoras, a normalizar e relativizar a história do nazismo pelo período [111], alegando que muitas das políticas nazistas, incluindo a perseguição aos judeus, foram reações defensivas para estrangeiros e as ameaças não foram diferentes do que outros países já fizeram no passado.

domingo, 6 de julho de 2008

Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 2)

Tradução do livro Denying the Holocaust da Historiadora Deborah Lipstadt
Traduzido por Leo Gott
Ambas publicações consistentemente misturavam verdade com ficção, muitas aspas fabricadas, a título definitivo com mentiras abertas e informações parcialmente corretas. O modo de trabalho liberal do britânico ao parafrasear a publicação americana, indica que, em muitos casos Harwood [106] pode não ter ido para as fontes originais, mas simplesmente repetiu o que os americanos já haviam dito. * Os norte-americanos, por sua vez, tinham feito os seus próprios empréstimos contraídos a partir de outras negadores. Este empréstimo liberal não foi algo fora do comum para os negadores, tornou-se uma prática recorrer a outros negadores não só para as suas fontes, mas para verificação. Os argumentos básicos citados em ambos os trabalhos são baseados em materiais recolhidos em Rassinier, embora em certos casos eles vão ainda mais longe no seu extremismo. (13)

Estas vívidas publicações constituem exemplos da relação entre a negação Holocausto, o nacionalismo racista, e o anti-semitismo. Harwood queixou-se que a "grande mentira" do Holocausto estimulou o crescimento do nacionalismo, e que a tentativa da Grã-Bretanha ou qualquer outra nação européia de preservar a sua "integridade nacional", foi imediatamente marcada como neo-nazista. (14) Preservação da integridade nacional de uma nação tinha um significado específico para ambas as publicações. O “mito” do Holocausto ameaçou a “sobrevivência da própria raça”. Harwood fez eco de que os encargos extremistas no mundo anglo-saxão enfrentaram o mais sério perigo de sua história: a presença de "raças alienígenas", no seu seio. Unindo a negação do Holocausto com a defesa da "raça", ele argumentou que algo foi feito para travar a imigração e a assimilação de não-caucasianos, anglo-saxões foram determinantes à experiência e não só "alteração biológica" mas a "destruição" da Europa e sua cultura e herança racial. (15)

Este argumento - um elemento básico na ideologia da Frente Nacional - culpou os judeus pela engenharia racial e a degeneração nacional da Inglaterra, assim como a Europa como um todo. Pouco após a publicação do panfleto de Harwood, um líder Frente Nacional acusou os judeus de verter "bilhões" para promover a "mistura racial", a fim de enfraquecer a identidade nacionalista em todo o mundo, aumentando, assim, a possibilidade de sua própria dominação mundial. (16) De acordo com Harwood, os judeus têm utilizado o “mito” do Holocausto para preservar a sua herança e, ao mesmo tempo, tornaria [107] outros povos "impotentes" em suas tentativas de auto-preservação. (17) Na sua opinião, os judeus, que têm confiado ao seu formidável poder de manipulação, ter ceifado pessoal e ganhos comunitários a um custo substancial para o bem-estar e segurança de outras nações. (Não havia nenhuma dúvida que, obviamente, as nações que Harwood estava se referindo eram brancas.) Harwood queixou-se de que a qualquer momento se uma pessoa se atrevesse a correr para falar do problema, ele ou ela era marcado de racista, uma palavra de código nazista, e que era nazista, obviamente, sinônimo de um perpetrador do Holocausto. (18)

A introdução ao livro americano teve o mesmo propósito, argumentando que o “mito” do Holocausto tornou impossível para a América para lidar com o seu "esmagador problema de raça." O Holocausto tinha causado o nazismo a cair em descrédito, por conseguinte, para os problemas que provinham do "contato Negro-Branco" na mesma sociedade não poderia ser dirigida por aquilo que realmente foram: biológicos e políticos. Qualquer um que se atreve a fazê-lo foi acusado de defender "o racismo, o hall da marca nazista!" (19) Desde a década de 1960 o aumento da imigração de não-caucasianos na Europa, particularmente para a Grã-Bretanha e a França, a extrema-direita em cada um desses países tem articulado este estranho mélange de argumentos que tricotados juntos contra o racismo, a revitalização do fascismo, e a negação Holocausto. Na América do Norte tem sido patrocinada por uma matriz da direita -- grupos extremistas de direita. Dada a ligação entre estas duas ideologias, é lógico esperar que o "hoax" do Holocausto continue a ser um elemento fixo da ladainha de argumentos colocados à margem da sociedade por estes extremistas. A fim de reabilitar a reputação do nacional-socialismo, estas duas publicações tentaram provar que a intenção dos nazistas era "era e emigração, e não aniquilação". Primeiro eles alegaram que a solução final era nada mais do que um plano para evacuar todos os judeus a partir do Reich. Em seguida, eles tentaram dar a este plano de evacuação uma legitimidade histórica articulando-a com o nome do fundador do moderno movimento sionista, Theodor Herzl. Eles alegaram que os nazistas estavam simplesmente a tentar perceber que a meta inicial de Herzl era transferir todos os judeus para Madagascar. Herzl, na realidade, nunca abordou a questão de Madagascar. Em um ponto ele brevemente considerou Uganda como uma alternativa para a terra de Israel, mas deixou esta idéia quando se deparou com uma furiosa oposição de outros sionistas.

O que une neonazistas e extremistas islâmicos

(Foto)Neonazistas alemães consideram heróicos os atos da Al Qaeda

Radicais de direita e extremistas islâmicos têm inimigos comuns. Resta saber se isso pode levar a uma aproximação real desses grupos.

(Foto)Manifestação neonazista na Baviera, 2004

Logo após o 11 de setembro de 2001, os extremistas de direita da Alemanha, da Bélgica e da Holanda expressaram sua satisfação pelos atentados da Al Qaeda contra os Estados Unidos. Desde então, uma parte cada vez maior da opinião pública suspeita da existência de paralelos ideológicos entre os terroristas islâmicos e os extremistas de direita. E, de fato, existem pontos em comum.

Tanto extremistas de direita como radicais islâmicos rejeitam o Estado de direito democrático e as eleições diretas. Ambos encaram o capitalismo norte-americano, a ideologia de esquerda e o judaísmo como os seus piores inimigos. E gostariam de ver Israel desaparecer do mapa. Ambos acreditam que o "decadente Ocidente" está fadado ao fim, muito embora tenham visões diferentes sobre o que deve vir depois.

Extremistas de direita exigem umalei consuetudinária única, válida para todos; muçulmanos radicais têm uma visão muito parecida. Ao fantasiarem seus futuros atos heróicos, os neonazistas alemães – agrupados em pelo menos cem grupos em todo o país – não deixam de mostrar reverência aos atos terroristas da Al Qaeda e de outras organizações extremistas islâmicas.

"A famosa tagarelice dos racistas alemães"

(Foto)Estudantes iranianos repudiam manifestação de solidariedade de extremistas de direita alemães a presidente Ahmadinejad, 2006

A frustração dos neonazistas durante a última Copa do Mundo, em que a amizade entre os povos foi celebrada em todo a Alemanha com as cores da bandeira do país, se dissipou logo após os mísseis do Hisbolá atingirem Israel. A interpretação dos adeptos do Hisbolá, Hamas ou Hizb ut Tahrir, segundo a qual os mísseis teriam finalmente atingido em cheio Israel e conseqüentemente também os Estados Unidos, é compartilhada pelos idealizadores de um futuro "reino teuto-germânico racialmente puro", agrupados em torno de Horst Mahler, ex-terrorista da Facção do Exército Vermelho (RAF) e posterior ideólogo de extrema direita, do ativista Christian Worch, de Hamburgo, e do líder neonazista SS-Siggi Borchardt, de Dortmund.

Em seu entusiasmo pelo "fim próximo" do Estado de Israel, tão odiado por eles, alguns grupos neonazistas chegaram até a manifestar a disposição de contribuir com dinheiro para a realização desse objetivo. Só que a tentativa de restabelecer antigos contatos com fundamentalistas islâmicos não teve muito êxito. Uma das razões, segundo propagou o Hamas, seria a "famosa tagarelice desses racistas alemães".

(Foto)Manifestação de radicais islâmicos em Düsseldorf, 2000

O boato de que representantes do Hizb ut Tahrir gostariam de ter aceitado a proposta é muito questionável. Afinal, são justamente eles que têm que manter a mais absoluta discrição neste momento. E que os neonazistas e extremistas de direita tivessem conseguido reunir uma quantia que efetivamente valesse a pena, isso também é questionável. O que se comenta é que eles teriam preferido guardar tudo no próprio bolso.

Jürgen Hoppe (sm)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.deutsche-welle.de/dw/article/0,2144,2150071,00.html

O fantasma do extremismo de direita

(Foto)Cena neonazista cresce, alertam autoridades

Deputado alemão de origem turca é atacado por extremistas em bairro de Berlim conhecido pela concentração de skinheads. Autoridades apontam para crescimento da cena neonazista no país.

Giyasettin Sayan, membro da bancada do Partido de Esquerda na Assembléia Legislativa de Berlim, foi atacado na região leste da cidade por dois homens desconhecidos, que o espancaram e feriram com uma garrafa.

(Foto)Deputado Giyasettin Sayan: atacado nas ruas de Berlim

Sayan, de 56 anos, nasceu na Turquia e vive há quase 30 anos na Alemanha. Ele é o responsável no seu partido por questões relacionadas à migração. Os homens que o atacaram no bairro Lichtenberg gritaram ofensas de teor racista. O deputado encontra-se ainda hospitalizado, com traumatismo craniano e várias escoriações.

Impedir que o caldo se entorne

O caso só veio a acirrar o debate sobre o crescimento do extremismo de direita no país. Uma discussão revigorada nos últimos dias pelo ex-porta voz do governo Schröder, Uwe-Karsten Heye, que alertou turistas negros que vierem à Alemanha durante a Copa do Mundo a evitar determinadas regiões do país.

As declarações de Heye, que em primeira mão haviam desencadeado várias reações negativas, ganham cada vez mais manifestações de apoio no país. O governador de Brandemburgo, Matthias Platzeck, reviu sua posição contrária aos comentários de Heye e afirmou que o ex-porta voz do governo "tem razão ao dizer que há, principalmente no Leste alemão, problemas como racismo, extremismo e violência de direita".

(Foto)Müntefering: criação de frente de combate à xenofobia

Franz Müntefering, vice-chanceler federal, defendeu neste sábado (20/05) a formação de uma frente de combate à xenofobia no país. O político social-democrata afirmou que os partidos democráticos têm que impedir que "o caldo do extremismo de direita" se entorne no país. E até o Procurador Geral da República, Kay Nehm, entrou no debate para confirmar que "no Leste alemão há situações de ataques brutais, dos quais determinadas pessoas não escapariam ilesas".

Disseminação através da música

O Departamento de Proteção à Constituição anunciou um aumento do número de neonazistas no país (4.100) em relação ao ano anterior (3.800). Também o número de exrtremistas de direita aptos a praticar atos de violência subiu de dez mil para 10.400 militantes. O relatório oficial deverá ser apresentado pelo ministro do Interior, Wolfgang Schäuble, nesta segunda-feira (22/05).

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: CD distribuído em show de banda skinheadUm dos fatores de preocupação das autoridades é a disseminação da ideologia neonazista através da música, com o registro de nada menos que 142 bandas skinheads no país.

Em entrevista à emissora de televisão ARD, o vice-presidente do Conselho Central dos Judeus, Salomon Korn, denunciou o fato de que há no site de leilões e-bay uma ampla oferta de artigos com ícones de extrema direita, música produzida por neonazistas e até livros de adoração a Hitler.

Torcida pelo time iraniano

(Foto)Presidente iraniano Ahmadinejad em campo: apoio de skinheads pela negação do Holocausto

Além disso, segundo anuncia o semanário Der Spiegel, os extremistas de direita estão organizando torcidas pelo time do Irã durante a Copa do Mundo, como sinal de apoio à postura do presidente Mahmud Ahmadinejad de negação do Holocausto. Para isso, grupos de neonazistas anunciam pela internet uma marcha para o dia 21 de junho, a data em que a equipe do Irã joga contra Angola, em Leipzig, no Leste alemão.

A polícia deverá apelar às instâncias jurídicas para que manifestações neonazistas sejam terminantemente proibidas durante o Mundial. "Caso contrário, a polícia não terá condições, em termos de pessoal, de garantir a segurança durante a Copa", afirmou Konrad Freiberg, líder do sindicato de policiais ao Der Spiegel.

Assunto antigo

(Foto)Bairro Lichtenberg: concentração de neonazistas

O ataque ao deputado de origem turca e o medo das autoridades de perder o controle da situação durante a Copa do Mundo confirmam a pertinência das palavras do ex-porta voz do governo. Motivo de tanta controvérsia, seu alerta nem "dados novos" trouxe.

Como lembra o diário berlinense taz, "a imagem de Brandemburgo já está arranhada há muito tempo. Diversos guias turísticos internacionais, como Lonely Planet ou Time out Berlin, já aconselham que pessoas com aparência homossexual ou não-alemã devam evitar alguns bairros da periferia leste de Berlim e o Estado de Brandemburgo". Prova de que o problema está mais que evidente.

Fonte: Deutsche Welle
http://www.deutsche-welle.de/dw/article/0,2144,2027026,00.html

sábado, 5 de julho de 2008

Homem arranca cabeca de imagem de Hitler em museu de Berlim

Homem 'decapita' estátua de Hitler no museu Madame Tussauds de Berlim

Manifestante gritou 'Guerras, nunca mais!' antes de atacar o boneco de cera.
Representação do ditador em seus últimos dias de vida havia causado polêmica no país.


(Foto)Montagem mostra o local com (à esq.) e sem (à dir.) a estátua de Hitler. (Foto: Reuters)Um homem "decapitou" a figura de cera de Adolf Hitler no dia de abertura do museu de Madame Tussauds em Berlim, capital Alemã, informou a polícia neste sábado (5).

Minutos depois da abertura do museu de cera, um alemão de 41 anos empurrou dois guardas, foi até a figura e arrancou sua cabeça, aos gritos de "Guerra, nunca mais!", segundo a polícia.

Alertados, os policiais prenderam o homem, que não ofereceu resistência.

Segundo a polícia, o acusado mora no bairro de Kreuzberg, um lugar emblemático por seu multiculturalismo e porque seus habitantes costumam votar na esquerda.

Ele aparentemente queria protestar contra o fato de o boneco de Hitler fazer parte da exposição do museu, que provocou polêmica no país nos últimos dias.

O boneco de Hitler não pode ser tocado nem fotografado, segundo as regras impostas pelos responsáveis do museu.

O detido se aproximou do boneco de Hitler e, quando tentou tocá-lo, outro visitante foi impedi-lo, o que levou a uma briga entre os dois. Logo depois, funcionários do museu também tentaram barrá-lo, e um deles ficou ferido na perna.

Finalmente, o homem de Kreuzberg arrancou a cabeça do boneco de Hitler, antes de ser controlado pelo pessoal da segurança do museu.

A porta-voz do museu disse que o incidente não tinha como ser evitado. Ela não explicou se o boneco de Hitler, avaliado em 200 mil euros (mais de R$ 500 mil), voltará a integrar a exposição.

(Foto:AFP)Vigia do museu Madame Tussauds de Berlim guarda o local em que ficava a estátua de cera de Hitler, retirada depois de ter sido 'decapitada' por um visitante

Polêmica

A figura de cera de Hitler escondido em um bunker durante seus últimos dias de vida (ele se matou em 30 de abril de 1945 foi criticada e considerada de mau gosto pela imprensa e por políticos alemães.

Com ar derrotado, o "Führer" do museu berlinense tem um aspecto degradado em comparação a sua cópia mais jovial apresentada no museu Madame Tussauds de Londres.

Antes da abertura, a porta-voz do museu berlinense, Natalie Ruoss, defendeu a decisão: "está claro que queremos representar a história alemã. Seria difícil para nós excluí-lo. Queremos mostrar a realidade".

Os 74 outros personagens de cera do museu situado na avenida Unter den Linden, próximo à Porta de Brandeburgo e ao Memorial do Holocausto estão menos sujeitaoa controvérsia.

Os visitantes estrangeiros não terão dificuldades para reconhecer o sábio Albert Einstein, o compositor Ludwig van Beethoven, o chanceler Otto von Bismarck, o ex-goleiro da seleção alemã Oliver Kahn, o papa Bento 16 ou a atual chanceler alemã, Angela Merkel.

Fonte: Reuters/AFP/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL636860-5602,00-HOMEM+DECAPITA+ESTATUA+DE+HITLER+NO+MUSEU+MADAME+TUSSAUDS+DE+BERLIM.html http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters/cultura_gente_hitler_museu_pol

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 1)

Tradução do Capítulo VI do livro Denying the Holocaust da Historiadora Deborah Lipstadt.
Traduzido por Leo Gott

Negacao [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical

No final dos anos 60 e 70, organizações neo-fascistas e partidos políticos na Europa Ocidental, especialmente na Inglaterra, cresceram em número e força. Esses grupos - que se opuseram com veemência à presença nos seus países de negros, asiáticos, árabes, judeus, e todos os não - imigrantes caucasianos - foram responsáveis pelo lançamento de uma série de violentos ataques contra imigrantes, minorias, e instituições judaicas. Na Inglaterra o neo-fascista Frente Nacional construiu a sua agenda política em oposição à imigração de africanos e do leste da Ásia e de países da Commonwealth. Em 1977 tiveram uma votação perto de um quarto de milhão de votos nas eleições nacionais.

Estes grupos, cuja ideologia abraçou o racismo, o etnocentrismo, e o nacionalismo, enfrentaram um dilema. Desde a Segunda Guerra Mundial, o nazismo, em geral e o Holocausto nomearam o fascismo como um nome ruim. Aqueles que continuaram a alegar depois da guerra que Hitler era um herói nacional e o socialismo era um sistema político viável, como esses grupos tendiam a fazer, foram olhados com revolta. Por conseguinte a negação do Holocausto se tornou um elemento importante na estrutura da sua ideologia. Se o público [104] pudesse ser convencido de que o Holocausto foi um mito e, em seguida, o relançamento do nacional-socialismo poderia ser uma opção viável.

Esse esforço para negar o Holocausto foi assistida materialmente pela publicação em 1974 – uma brochura de vinte e oito páginas - Did Six Million Really Die? (Seis Milhões Realmente Morreram?) A última verdade por Richard Harwood. Enviaram a todos os membros do Parlamento, a um amplo espectro de jornalistas e acadêmicos, aos principais membros da comunidade judaica, e a uma ampla gama de figuras públicas, e perto de dez anos foi considerado como o proeminente trabalho britânico sobre a negação do Holocausto. (1) Em menos de uma década, mais de um milhão de exemplares foram distribuídos em mais de quarenta países. (2) À primeira vista, parecia ser um sóbrio esforço acadêmico, muitos fora do círculo dos negadores confundiram as alegações feitas. Negadores continuamente o citavam como uma fonte fidedigna.

Dada a ampla distribuição do panfleto, houve significativa curiosidade do público sobre a identidade dos autores e editores. Richard E. Harwood foi descrito como um escritor especializado em aspectos políticos e diplomáticos da II Guerra Mundial e que estava "atualmente na Universidade de Londres." Não demorou muito para a imprensa britânica descobrir que isso era falso. A Universidade de Londres disse ao Sunday Times que Harwood não foi nem membro do pessoal e nem estudante e era totalmente desconhecido para ela, ela retornou todas as cartas para Harwood como: "Destinatário Desconhecido". (3) Na verdade Richard Harwood era o pseudônimo de Richard Verrall, editor da Spearhead, uma publicação da direita Britânica – ala neofascista da organização Frente Nacional. Did Six Million Really Die? Era idêntico em formato, layout, e impressão com a Spearhead. (4) Nem a Frente Nacional, nem Verrall negou que ele era o editor do panfleto. Em 1979 em uma carta para o New Statesman, Verral, que era graduado em História pela Universidade de Londres, respondeu a artigos sobre o Holocausto, reiterou base da argumentação do panfleto e se defendeu dos ataques contra as suas conclusões que tinham aparecido na imprensa britânica. Apesar da maior parte de suas conclusões já haviam demonstrado que eram falsas. (6) Ele não fez qualquer contestação da afirmação de que ele era o autor, apesar de no artigo do New Statesman ele foi especificamente identificado como tal. Sua carta para a revista foi descrita pelos editores como uma "grande simulação - acadêmico de letras" que recebeu da regularidade de Verrall.

Além de dissimular a verdadeira identidade do autor, os editores também tentaram camuflar a sua identidade. Embora a caderneta de endereços listados do seu editor, Historical Review Press, o endereço era [105] de uma construção abandonada cujo proprietário, a imprensa britânica descobriu se Robin Beauclair, um agricultor com ligações na Frente Nacional e de diversas outras organizações, todas elas estavam dedicadas à defesa da "pureza racial". (7) Questionado pela imprensa sobre a publicação, ele declarou que o Holocausto parte de uma rede de "propaganda judaica" e revelou o seu profundo e enraizado anti-semitismo. "Não sabem que vivemos sob dominação judaica? A grande mídia em sua totalidade é controlada pelo judeus. É tempo de nós, como povo britânico ditar nosso próprio destino."(8)

Não foi uma criação original, este trabalho foi, em grande parte baseado em um pequeno livro americano, chamado The Myth of the Six Million [O Mito dos Seis Milhões], publicado em 1969 pela Noontide Press, uma subsidiária da anti-semita Liberty Lobby. A publicação americana continha um prefácio do editor sem assinatura, e uma introdução de E.L. Anderson, identificado como um editor e contribuinte do American Mercury, que nessa altura tinha-se tornado um anti-semita. O editor anônimo aparentemente era Willis Carto, fundador da Liberty Lobby, Noontide Press, e do IHR (Institute for Historical Review). Carto tinha, como veremos em um capítulo posterior, longos e permanentes laços permanentes com uma ala de políticos dos Estados Unidos de Extrema Direita(Segundo os antigos associados de Carto, E.L.Anderson era um pseudônimo seu). (9) The Myth of the Six Million [O Mito dos Seis Milhões] também continha um apêndice composto de cinco artigos que inicialmente tinha aparecido na controlada de Carto – a American Mercury em 1967 e 68. Eles também incluíram os apêndices de "The Elusive 'Six Million,'" Barnes's "Zionist Fraud," Teressa Hendry's 'Was Anne Frank's Diary a Hoax?", "The Jews That Aren't," de Leo Heiman, "Paul Rassinier: Historical Revisionist," de Herbert C. Roseman, e as revisões do livro de Rassinier por Harry Elmer Barnes.

A publicação americana foi aparentemente escrita por David Hoggan, o Ph.D. de Harvard cujo trabalho tinha influenciado Harry Elmer Barnes. Em 1969 ele processou a Noontide Press por perdas e danos, alegando ser o autor de The Myth of the Six Million. (10) (Na introdução do livro o autor é descrito como um professor universitário que tinha escrito esta brochura em 1960, mas foi incapaz de obter um editor ousado o suficiente para assumir os riscos envolvidos. Ele alegou que não podia revelar sua identidade porque um dia ele iria querer se aposentar com uma boa pensão.)(11)

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Debate ideológico marcou arte alemã no seculo 20

(Foto)Gerhard Richter: 'Mao, 1968'

Considerado degenerado pelos nazistas, o abstracionismo foi recuperado pela antiga Alemanha Ocidental, após a Segunda Guerra, enquanto a arte da antiga Alemanha comunista seguia o realismo socialista.

A partir da ascensão dos nazistas ao poder, em 30 de janeiro de 1933, artistas e intelectuais judeus ou oposicionistas foram sendo afastados dos cargos públicos. Adeptos da arte moderna foram obrigados a abandonar os museus.

(Foto)Catálogo de 'Arte Degenerada'

A Escola Bauhaus — um dos centros fundamentais de ensino e propagação do modernismo nas artes visuais e na arquitetura — foi fechada no mesmo ano, pouco após ter sido transferida de Dessau para Berlim.

Em detrimento da diversidade das tendências artísticas coexistentes no início do século 20, o Terceiro Reich impôs um neoclassicismo ideológico como padrão artístico e reprimiu o abstracionismo como "arte degenerada". Entartete Kunst: este era o título da exposição itinerante que aplicou às artes os preceitos da teoria racial nazista.

Em Munique, onde foi inaugurada em 1937, e nas outras cidades onde circulou, a exposição foi visitada por milhões de pessoas. O exílio dos judeus e da elite cultural crítica, o Holocausto e as destruições da guerra eliminaram a base humana e material do que fora a cultura alemã até então.

Arte abstrata realibitada

Com a divisão da Alemanha após o término da guerra, o Leste e o Oeste tentariam preencher, cada um a sua maneira, o vácuo deixado pelo nazismo. Na República Federal da Alemanha (RFA), o resgate das vanguardas repudiadas pelo Terceiro Reich parecia ser o ponto de partida ideal para um recomeço.

(Foto)Kassel, cidade da 'documenta'

Em sua primeira edição, a documenta, exposição qüinqüenal de arte contemporânea internacional realizada em Kassel desde 1955, foi um marco decisivo na reabilitação das correntes modernas na República Federal da RFA.

A arte abstrata não apenas representava algo absolutamente antagônico ao nazismo, mas também uma linguagem considerada universal e uma vertente dominante nos outros países ocidentais.

Além disso, o abstracionismo fazia jus ao ceticismo do pós-guerra em relação à representação da superfície do real, e em conseguinte à mimese figurativa, e possibilitava uma introspecção, à medida que era visto como a linguagem adequada à interiorização, capaz de tornar visível o invisível.

O abstracionismo do pós-guerra se distanciou das tendências mais geométricas das vanguardas e inaugurou uma tendência informalista que recusava regras de composição fixas e priorizava um traçado espontâneo e a livre combinação de ritmos e estruturas.

Realismo socialista contra a "ditadura do abstrato"

Na República Democrática Alemã (RDA), a preocupação durante o pós-guerra era estabelecer uma linguagem artística que respaldasse o novo Estado comunista. O realismo socialista encontrou base teórica na argumentação desenvolvida durante a década de 30, no contexto do debate stalinista sobre o formalismo das vanguardas.

(Foto)Realismo caracterizou arte da antiga Alemanha Oriental

Sua tônica era a condenação da pretensa motivação burguesa do expressionismo, do funcionalismo formalista da Bauhaus e da suposta alienação de outros movimentos de vanguarda.

Por conseguinte, a opção ocidental do pós-guerra também foi repudiada na RDA como "ditadura do abstrato" e "formalismo decorativo", traços supostamente incentivados pelos monopólios industriais, pelos Estados capitalistas e pelos mercados de arte das potências de ocupação da Alemanha Ocidental.

Em conformidade com o padrão soviético, no novo Estado no Leste alemão impôs-se o padrão de uma arte para as massas, não elitista, compreensível e próxima da vida e da realidade.

O realismo socialista, fundado na representação figurativa do progresso do socialismo e na heroicização da classe trabalhadora, determinou as artes de todos os países comunistas sob domínio soviético. Esta escola foi se tornando cada vez mais dogmática, a ponto de excluir artistas dissidentes.

Heterogeneidade de tendências

Na Alemanha Ocidental, já se fazia sentir uma ruptura no cenário artístico desde final dos anos 50, sobretudo em decorrência do questionamento do abstracionismo por outras correntes vindas dos EUA, como a pop art e o fotorrealismo, por exemplo.

(Foto)Joseph Beuys marcou arte alemã do século 20

Assim como em todo o contexto internacional, as artes alemãs durante a década de 60 foram marcadas por grande diversidade e heterogeneidade de tendências, mistura de gêneros e rápida interação entre arte e mídia.

A obra de Joseph Beuys, que teve uma influência marcante sobre as gerações seguintes, revela de maneira muito própria o destaque do individual, característico de todas as vertentes.

Apesar da diferenciação de gêneros a partir dos anos 60 e embora os radicais experimentos pictóricos desde as vanguardas até a década de 50 tenham levado a pintura a seus limites, algo muitas vezes diagnosticado como crise, foi nela que se revelou uma importante geração de artistas plásticos alemães, como Gerhard Richter.

Com telas neoexpressionistas, expoentes da tendência tipicamente alemã dos Neue Wilden (Novos Selvagens, termo derivado do fauvismo francês) destacaram-se no início dos anos 80. A partir de meados da mesma década, o pós-modernismo levou a uma individualização radical dentro das artes e à coexistência de linguagens informais, realistas e conceituais.

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3143583,00.html

Pintor Anselm Kiefer recebe Prêmio da Paz por cultuar o livro

(Foto)Anselm Kiefer no seu ateliê em Barjac, no sul da França

O alemão Anselm Kiefer é o primeiro pintor e escultor a receber o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão. Ao valorizar a forma do livro em sua obra, o artista aponta sua permanência como forma de transmissão de saber.

Em suas obras de arte, ele desenvolveu uma linguagem "que transforma o observador em leitor". Por meio de instalações que aludem a textos, ele tornou o livro um "suporte decisivo da expressão".

(Foto)'Livro com Asas', 1992–94

"Contra o derrotismo que se atreve a negar o futuro do livro e da leitura, seus fólios monumentais de chumbo parecem verdadeiros escudos de proteção." Foi com esta justificativa que o comércio livreiro alemão conferiu ao artista plástico Anselm Kiefer o Prêmio da Paz de 2008.

Nascido em Donaueschingen em 1945, Anselm Kiefer – um aluno de Joseph Beuys – vive desde 1993 na França. Suas obras monumentais, que colocam em evidência a materialidade do objeto de arte, tiveram uma recepção entusiástica sobretudo nos EUA.

Em suas imagens, Kiefer resgata elementos simbólicos e míticos da história alemã. Ao estabelecer um vínculo entre arte e mensagem política, ele sempre desencadeou muita discussão com seu trabalho.

Alemão e universal

Anselm Kiefer é um artista que sempre questionou se ainda seria possível haver artistas alemães, após o holocausto e a assimilação da tradição cultural e artística da Alemanha pelos nazistas.

(Foto)Anselm Kiefer

Filho de um professor de desenho, ele primeiro estudou, a partir de 1965, Direito e Letras Neolatinas antes de fazer o curso superior de Artes Plásticas em Freiburg e Karlsruhe. No início dos anos 70, ele se transferiu para Düsseldorf, onde trabalhou como aluno de Beuys.

Ao produzir encenações de personalidades de acordo com modelos históricos, como Adolf Hitler ou o rei Luís 2° da Baviera, Kiefer questionou naquela época as formas de culto do herói. Posteriormente, ele se dedicou a pinturas sobre madeira, nas quais resgatou a mitologia e ideologia da história alemã.

Com suas primeiras exposições em Nova York, Kiefer se tornou um artista cobiçado no mercado de arte internacional. A revista Time chegou a designá-lo "o melhor artista da sua geração dos dois lados do Atlântico".

Peso da matéria contra a efemeridade

A biblioteca de pesados fólios de metal, representada numa obra de 1991 intitulada Censo, é um forte símbolo do futuro do livro e uma visão crítica da efemeridade da mídia, da aceleração do tempo e da simultaneidade dos acontecimentos.

(Foto)'Lilith', 1987-89

Numa pintura de 1987-89, intitulada Lilith, o artista se deixou inspirar por uma visita a São Paulo e projetou uma visão apocalíptica do caos urbano e do colapso da comunicação.

No início dos anos 90, Kiefer abandonou a Alemanha e se transferiu para a França. Em 2007, sua obra teve grande destaque numa grande exposição no White Cube de Londres, numa retrospectiva no Guggenheim de Bilbao e em sua contribuição para a Monumenta, no Grand Palais de Paris.

Anselm Kiefer foi o primeiro pintor e escultor a receber o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão. A justificativa da premiação destaca que Kiefer apareceu no momento certo, "para reverter o ditame do abstracionismo descompromissado do pós guerra".

Fonte: Deutsche Welle/Agências(sm)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3388664,00.html

Ex-senador alemão diz ter praticado eutanásia em idosa

Ex-senador alemão diz ter praticado eutanásia em idosa

O ex-senador de Hamburgo (norte da Alemanha) Roger Kusch desafiou as leis do país ao admitir hoje ter ajudado uma idosa a morrer, contrariando a rígida proibição alemã sobre a eutanásia.

A Promotoria de Hamburgo abriu investigações sobre o caso, depois de o próprio Kusch comunicar que tinha auxiliado a morrer uma mulher de 79 anos, que, mesmo não estando gravemente doente, não queria continuar vivendo com medo de ir a um asilo.

A mulher, que morava em Würzburg (sul da Alemanha), tomou por conta própria um coquetel composto por remédios contra a malária junto com tranqüilizantes, disse Kusch.

O político afirmou que gravou previamente em vídeo uma entrevista da idosa, que explicava às câmeras sua firme vontade de morrer.

A Alemanha tem uma legislação muito rígida sobre a eutanásia, a qual incorre em homicídio assistido, cuja pena é de até cinco anos de prisão.

Teoricamente, é permitida a ajuda ao suicida, com a autorização de fornecer a ele a dose letal necessária, mas há a obrigação de prestar auxílio ao indivíduo imediatamente, pois, caso contrário, incorre-se em omissão de socorro, o que é crime.

Além disso, a eutanásia é, na Alemanha, um tabu, devido ao papel desempenhado por parte dos médicos durante o nazismo.

Estima-se que cerca de 200 mil pessoas morreram vítimas do programa da eutanásia do nazismo, entre doentes mentais, epilépticos e gente com doenças consideradas de origem genética.

Fonte: EFE(30.06.2008)
http://www.clicabrasilia.com.br/portal/noticia.php?IdNoticia=62191

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Obscura face humana

Historiadora e psicanalista, a francesa Elisabeth Roudinesco narra toda a trajetória dos perversos, cuja existência justifica a distinção entre o bem e o mal, tema de sua mesa na Flip

Ubiratan Brasil

Marquês de Sade, o comandante nazista Rudolf Höss, Barba-Azul, Darth Vader - a historiadora e psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco conviveu com personagens pouco recomendáveis nos últimos tempos. Flagelantes, sodomitas, homossexuais, terroristas, pedófilos são pessoas que levaram uma rotina inversamente simétricas às vidas exemplares de homens ilustres e, por isso, são consideradas perversas. Interessada no fascínio despertado por tais figuras, Elisabeth reuniu abordagens até então independentes para escrever "A Parte Obscura de Nós Mesmos" (tradução de André Telles, 224 páginas, R$ 34), que a Jorge Zahar Editor lança nesta semana.

Em seus ensaios, a historiadora apresenta um balanço da perversão, revelada como um espelho para a humanidade por exibir a própria negatividade dos homens. “Absoluto do bem ou loucura do mal, vício ou virtude, danação ou salvação: este é o universo fechado no qual o perverso circula deleitosamente, fascinado pela idéia de poder libertar-se do tempo e da morte”, escreve ela, que viaja o mundo pregando que os perversos são uma parte de nós mesmos, pois exibem o que não cessamos de dissimular: nosso lado mais sombrio.

Na segunda-feira, aliás, ela participou, em Viena, de uma conferência em que utilizou o vilão da saga Guerra nas Estrelas como ponto de partida. “Trata-se de uma bela reflexão sobre o bem e o mal na sociedade contemporânea”, comentou ela, no dia seguinte, em conversa telefônica com o Estado. E será também esse o tema de sua participação na Festa Literária Internacional de Paraty, que começa na quarta-feira - Elisabeth Roudinesco é um dos destaques do dia seguinte.

Em sua mesa, ela deverá mostrar como o Marquês de Sade defendia a negação das leis que regem a sociedade ao divulgar a sodomia, o incesto e o crime em seus livros. Também Rudolf Höss, comandante do campo de concentração de Auschwitz, para quem as vítimas eram as únicas responsáveis pelo próprio extermínio. Vai pregar ainda contra a eliminação da perversão, o que representaria destruir a distinção entre bem e mal que fundamenta a civilização.

Somos todos um pouco perversos?

Sim (rindo), somos. Mas há graduações, logicamente, pois todos os homens são assombrados pelo fantasma da perversidade que incentiva o desejo de matar, de molestar, de dominar, de se exibir, de fazer alguém sofrer. Por isso que intitulo meu livro como a parte obscura de nós mesmos. Acredito que ninguém escape dessa classificação, independentemente de ser um indivíduo ou uma organização, ou de estar ou não sob uma ditadura, na qual o Estado se converte em torturador e perseguidor.

E o que representa o mal absoluto dos tempos atuais? O terrorismo?

Não, de forma nenhuma, acredito que o nazismo ainda seja o pior. Trata-se da inversão radical sofrida por um Estado. A pior perversão acontece quando um Estado se torna perverso com o auxílio da ciência. Por isso que elegi o nazismo como o mal absoluto, pois foi o caso da completa inversão da lei do bem e do mal. O terrorismo também é uma forma de perversão, mas é praticada por um sujeito, ou por um grupo, e não pelo Estado. O pior da perversão acontece sob a chancela do Estado, daí ser o nazismo. Foi um momento em que todas as formas de perversões humanas foram aplicadas com o intuito de eliminar o “mal”.

A senhora acredita que a ciência ajudará a eliminar a perversão?

O melhor caminho seria uma ciência que se desenvolva pela ética.

A forma de definir o bem e o mal varia de acordo com a época. Assim, podemos dizer que a perversão ainda é sinônimo de perversidade?

Sim, gosto da idéia (aliás, freudiana também) de que dentro da perversão existe o prazer do mal. Portanto, há a perversidade também. Por isso que critico o vocabulário psiquiátrico moderno que pretende eliminar a palavra “perversão”, substituída por outro termo que lhe convém. Há o prazer de se praticar o mal e não simplesmente fazer o mal sem nenhum prazer. Por outro lado, o mal pode ser sublimado por meio da arte e da criatividade. É o que me faz pensar no Marquês de Sade: se não tivesse escrito uma obra de grande estatura, ele seria certamente um criminoso. No caso dele, ser perverso transformava-o em um duplo, pois tanto tinha contato com a alta sociedade como com a escória.

Em diversos países, o Brasil inclusive, há o confronto entre o desejo incontrolável de se desvendar a intimidade de um lado e a repressão de uma sociedade moderna de outro. Trata-se de um sintoma típico da sociedade moderna?

Com certeza, é o que trato no último capítulo do livro, A Pornografia e o Puritanismo. Trata-se de algo comum em vários países (no Brasil, nos Estados Unidos, na França), um exibicionismo não só sexual, mas de tudo que é privado. E sempre cercado por um profundo puritanismo. O exemplo americano é bem interessante - lá, a vida privada é muito preservada, mas o interesse pelo caso do presidente Bill Clinton com a estagiária Monica Lewinski foi alucinante. Ou seja, o exibicionismo e o puritanismo conviviam lado a lado. O que deveria ser preservado é escancarado em praça pública. Quem são os mais perversos? Clinton e Monica? Ou aqueles que os acusaram? Os puritanos é que são os mais perversos. Não creio que isso aconteceria na França, onde se preserva um pouco mais a vida do presidente. A religião protestante e o puritanismo são, de alguma forma, incentivadores da perversão.

A cultura pop é recheada de ícones perversos e um dos mais conhecidos é Darth Vader, vilão da saga Guerra nas Estrelas. O que pensa dele?

Um personagem fascinante. E por que ele te atrai?


Bem, porque é um personagem que surge como representante do bem até ser atraído pelo mal e, finalmente, retornar ao grupo dos bons.

Penso da mesma forma. Minha intenção era escrever um capítulo para o livro, mas fiz várias conferências a respeito. O que me atrai nessa saga é o lado negro da força, pelo qual Darth Vader é seduzido. O extraordinário da história é identificar como o mal habita dentro do bem, permitindo uma reflexão dialética sobre a passagem de um ao outro. Você observou bem essa troca de lados: Darth Vader passa para o lado mal por se decepcionar com o ideal do bem. E, em seguida, ele se transforma no mal absoluto, passando por uma mudança física que caracteriza sua figura abjeta, especialmente com o uso da máscara. Ele também adquire uma altura extraordinária enquanto o sábio Yoda é pequeno, tem uma estrutura frágil, mas também uma força descomunal. Trata-se de uma bela reflexão contemporânea sobre o bem e o mal, sobre a perversão. Também é um filme que faz uma pesada crítica ao totalitarismo e ao fascismo, pois o ideal da democracia é pervertido logo no início da saga, uma saga moderna que remonta às tragédias gregas.

Agora, voltando a figuras reais, o que dizer de certos escritores que sofreram por suas atitudes, como Oscar Wilde?

Ah, um exemplo notável. Veja bem: ao fim do século 19, a literatura é marcada pela descrição de si mesma e do mundo que a rodeia. Temos Balzac, Victor Hugo e também Oscar Wilde, especialmente seu personagem Dorian Gray, uma belíssima ilustração da perversão, pois é, ao mesmo tempo, um homem sublime e abjeto. No meu livro, eu o comparo a outro importante personagem, Gregor Samsa, de A Metamorfose, escrito por Franz Kafka. Apesar de se transformar em uma figura horrenda, Samsa carrega uma alma plena de ternura. Já a metamorfose sofrida por Gray, que se entrega a uma vida de excessos e ainda mantém intacta a beleza, deixará marcas profundas em seu retrato. São dois livros nos quais a perversão está na própria metamorfose.

Fonte: O Estado de São Paulo, caderno 2(Brasil, 29.06.2008)
http://txt.estado.com.br/editorias/2008/06/29/cad-1.93.2.20080629.35.1.xml

sábado, 28 de junho de 2008

Beijo gay em Berlim ainda opoe artistas e politicos

SILAS MARTÍ
da Folha de S.Paulo


Era para ser um monumento às vítimas homossexuais do Holocausto o bloco de concreto erguido há um mês à beira do Tiergarten, parque central de Berlim. Mas, segundo os artistas por trás do projeto, virou símbolo de como a política consegue sufocar a arte e sinal de que, apesar de tudo, a Alemanha continua homofóbica.

(Foto)Beijo gay em filme de Thomas Vinterberg exibido dentro do memorial em Berlim

"Não queríamos uma abstração, como triângulos cor-de-rosa", diz à Folha Michael Elmgreen, dinamarquês radicado na Alemanha, que assina o projeto do memorial com o parceiro Ingar Dragset -os dois participaram da 25ª Bienal de São Paulo, em 2002.

Imitando as lápides de concreto do monumento aos judeus mortos sob o regime de Hitler, o novo bloco fica a alguns metros dali e mostra, dentro de uma pequena fresta, um vídeo de dois homens se beijando, dirigido pelo também dinamarquês, co-fundador do Dogma, Thomas Vinterberg. "Queríamos uma imagem explícita", conta Elmgreen.

O estopim do conflito foi quando o ministro alemão da Cultura, Bernd Neumann, censurou a imagem que deveria estampar o convite para a inauguração oficial do monumento. No lugar do beijo, um cartão todo cinza, sem imagens, chegou às mãos dos convidados.

A feminista Alice Schwarzer levantou outra queixa: um memorial às vítimas gays só com homens ignora o sofrimento das lésbicas mortas no Holocausto. Na cerimônia, chamou o projeto, aprovado numa competição que desbancou sugestões de artistas como Wolfgang Tillmans, de "kitsch" e "fálico".

Os artistas agora, cedendo à pressão de feministas e outros grupos de interesse, terão de mudar a cada dois anos o filme exibido dentro do memorial.

Arte coletiva?

"É ridículo e vergonhoso que eles estejam passando por isso", diz Thomas Vinterberg à Folha, por telefone, de Copenhague. "Arte é subjetiva. Nunca é possível chegar a um acordo coletivo em relação à arte."

Em preto-e-branco, o filme dentro do memorial foi gravado no mesmo lugar onde está hoje o bloco de concreto, dando a impressão de estender a paisagem de fora para dentro do cubo. Mudar o filme, na opinião de Vinterberg, destruiria esse efeito. "Se eu soubesse que chegaria a isso, jamais teria participado do projeto."

Os artistas lembram que a construção do memorial gay fora aprovado na administração do Partido Verde, anterior aos democratas cristãos agora no poder. "Eles apóiam o papa, não querem ver dois homens se beijando", diz Elmgreen, acrescentando que foi seu primeiro e último projeto público. "Jamais faremos algo do tipo de novo, vimos que tem muito pouco a ver com arte e muito mais a ver com política."

"O monumento virou um comentário sobre a vida política na Alemanha no início deste século mais do que uma homenagem a homossexuais", lamenta Vinterberg. "Artistas deveriam ser protegidos, não manipulados. O que fizeram foi arruinado; ser gay ainda é tabu."

Fonte: Folha de São Paulo(27.06.2008)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u416745.shtml

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Neonazista pedófilo é condenado por terrorismo na Grã-Bretanha

Um simpatizante do nazismo que estava sendo investigado por pornografia intantil foi condenado por crimes ligados a terrorismo na Grã-Bretanha.

Durante as investigações, a polícia descobriu que Martyn Gilleard, de 31 anos, tinha quatro bombas caseiras, além de balas, espadas, machados e facas em seu apartamento. Ele mantinha bombas cheias de pregos debaixo de sua cama.

Gilleard escreveu que queria "salvar" a Grã-Bretanha do "perigo multirracial", segundo relatos feitos durante o julgamento na cidade de Leeds.

O réu também admitiu crimes ligados à pornografia infantil. Mais de 39 mil imagens foram encontradas em seu computador.

Gilleard foi condenado por preparar atos terroristas, posse de objetos e coleta de informação para fins de terrorismo. Ele também foi condenado por crimes de ofensa sexual contra crianças.

Durante o julgamento ele admitiu que tinha uma coleção de objetos ligados ao nazismo, afirmando que admirava os nazistas pela forma como eles "reconstruíram" a Alemanha.

Instruções

Policiais encontraram na casa de Gilleard "armas cortantes potencialmente letais", 34 balas para armas calibre 2,2 e textos da internet sobre atos terroristas. Entre estes papéis estavam instruções sobre como fabricar uma bomba e como matar uma pessoa por envenenamento.

"Eu simplesmente tinha algumas latas. Estava entediado", disse Gilleard explicando a razão de ter fabricado as bombas.

"Uma idéia apareceu e pensei 'Por que não? Tenho tudo o que preciso', então montei (a bomba)", acrescentou.

"Martyn Gilleard é um terrorista como a corte demonstrou hoje em seu veredicto", disse o detetive-chefe e superintendente John Parkinson.

Imagens

Os policiais também encontraram na casa de Gilleard cerca de 39 mil imagens indecentes com crianças.

O detetive Parkinson afirmou que o réu era "um indivíduo extremamente perigoso" e acrescentou que seu comportamento era "muito bizarro".

"Literatura encontrada em sua casa expôs as visões anti-semitas de Gilleard, sua intolerância racial e cultural e seu ódio por religião", afirmou.

"Também demonstrou sua prontidão para usar ameaças e intimidação para promover sua causa", acrescentou.

Fonte: BBC/O Globo
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/06/24/neonazista_pedofilo_condenado_por_terrorismo_na_gra-bretanha-546946891.asp

Cruz Vermelha alemã teve "papel infeliz" durante o nazismo

BERLIM, 24 JUN (ANSA) - A Cruz Vermelha Alemã (DRK) teve um "papel infeliz" durante o nazismo, disse nesta terça-feira em Berlim o atual presidente da organização, Rudolf Seiters, durante a apresentação de um estudo histórico sobre a adequação da DRK à Alemanha de Hitler.

"É triste pensar o quanto a Cruz Vermelha Alemã se distanciou de seus princípios humanitários", disse Seiters, que já ocupou o cargo de ministro do Interior do Governo alemão.

Segundo o estudo das historiadoras Brigitte Morgenbrod e Stephanie Mekenich, de 1933 a 1945 a DRK socorreu apenas os soldados, os prisioneiros e os civis alemães e não fez nada para ajudar as vítimas e os perseguidos pelo regime.

Muitos membros da DRK, afirma o estudo, sabiam mas fechavam os olhos para as deportações, os fuzilamentos e os campos de concentração.

As historiadoras disseram, por exemplo, que em 1944 no campo de concentração de Theresienstadt, membros da DRK acompanhavam visitantes da Cruz Vermelha Internacional (ICRC) ao longo de um percurso predeterminado atrás do qual eram escondidos todos os horrores da prisão.

Segundo a pesquisa, a cruz vermelha aceitou desde 1933 o regime nazista, expulsando rapidamente todos os seus membros judeus.

Fonte: ANSA
http://www.ansa.it/ansalatinabr/notizie/rubriche/mundo/20080624125534679179.html

terça-feira, 24 de junho de 2008

Papa recebe grupo de sobreviventes do Holocausto

Fundação 'Pave the Way' promove simpósio sobre a atuação do papa Pio XII durante a Segunda Guerra

VATICANO - O papa Bento XVI recebeu no Vaticano sobreviventes do Holocausto. Após a audiência geral, o papa "acolheu de braços abertos" o norte-americano Gary Krupp, presidente da "Pave the Way Foundation" (Fundação Pavimente o Caminho), segundo informou o jornal Osservatore Romano.

Krupp "quis fortemente o encontro com Bento XVI" para informar-lhe sobre um simpósio que, de 15 a 18 de setembro, em Roma, "aprofundará" o estudo sobre a ajuda oferecida aos judeus pelo papa Pio XII.

Para o norte-americano, a presença durante a audiência de sobreviventes do Holocausto é "uma expressão de gratidão ao papa Pio XII, por ocasião dos 50 anos de sua morte".

Alguns judeus acusam Pio XII, no comando da Igreja Católica de 1939 a 1958, de ser indiferente em relação ao Holocausto e de não se manifestar contra Hitler. Os defensores do papa vêem nele um homem santo que trabalhou nos bastidores para ajudar os judeus na Europa toda.

Vários grupos judaicos, em especial a Liga Antidifamação, com sede nos EUA, já pediram que o Vaticano suspenda o processo de canonização desse papa, que se encontra em andamento, enquanto não divulgar todos os documentos secretos referentes à Segunda Guerra.

O Osservatore Romano também informou que, além dos judeus, Bento XVI recebeu Mame Mor Mbacke, "notável referência para os muçulmanos do Senegal", que expressou seu compromisso de colaborar com os católicos pela paz e pela justiça. Segundo a publicação, o encontro "é um sinal positivo para o diálogo com o Islã na África".

Fonte: Ansa e Reuters/Estadão(18.06.2008)
http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid191840,0.htm

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