quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Biografia exaustiva revela Heinrich Himmler

LUMENA RAPOSO
Fontes. Autor do livro teve acesso a material inédito do dirigente nazi

Biografia exaustiva revela Heinrich Himmler

A primeira grande e exaustiva biografia de Heinrich Himmler acaba de ver a luz do dia pela mão de Peter Longerich, o professor e historiador alemão que se tem dedicado a investigar o período do III Reich e do Holocausto. E Himmler é precisamente uma das figuras que melhor encarna esse período maldito da história da Alemanha.

Heinrich Himmler. Biografia é o título do livro sobre o homem que, a 23 de Maio de 1945, se suicidou quando se encontrava prisioneiro dos militares britânicos. Ao longo das mil páginas editadas pela Siedler, vai-se afirmando - porque descobrindo - a figura do chefe das aterradoras SS, o autor do primeiro campo de concentração em Dachau e um dos fiéis de Adolf Hitler, que muitos consideram ter sido ainda mais violento e sinistro do que o próprio Führer.

Para escrever o livro em causa, segundo avança o diário espanhol El Mundo, Longerich utilizou documentos em primeira mão, entre os quais se conta o diário que Himmler escreveu desde criança, uma lista de leituras comentadas e uma abundante correspondência.

Na opinião do autor da biografia, Himmler, que nasceu em Munique a 7 de Outubro de 1900, terá sido o mais radical dos nazis e o que mais poder deteve, logo após Hitler. Doente, frágil, de baixa estatura, media apenas 1,74 metros, Himmler - como os outros nazis, aliás -, cultivou desde jovem o sonho de um mundo perfeito, dominado por uma raça perfeita - a ariana, de que os alemães eram os representantes directos. Nesse mundo, o cristianismo - considerado por Himmler como "a maior peste alguma vez criada na história" - daria lugar a uma religião baseada nos velhos mitos do povo ariano.

A consequência mais grave dessa "loucura" de criar um homem e um mundo novo foi sentida por aqueles que a nova "ordem" rejeitava, ou seja, os judeus, os eslavos, os homossexuais, os deficientes; todos vão sendo eliminados durante o regime nazi.

Em muitos casos, Himmler foi o autor intelectual de planos de extermínio total dos judeus. Por exemplo, após a invasão da Polónia em 1939 e o ataque à União Soviética em 1941, as ordens eram de eliminar apenas os judeus jovens e adultos mas Himmler considerou ser um erro deixar vivas as mulheres e as crianças que, em sua opinião, poderiam tentar vingar-se mais tarde.

Quando a guerra terminou, Himmler e os seus esbirros tinham assassinado seis milhões dos 30 milhões que tencionavam eliminar.

Fonte: Diário de Notícias(Portugal)
http://dn.sapo.pt/2008/11/05/internacional/biografia_exaustiva_revela_heinrich_.html

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Brasil foi o país com mais filiados ao Partido Nazista fora da Alemanha

Com base em documentos de arquivos alemães, pesquisadora identifica atuação do Partido em 83 países. O grupo brasileiro tinha o maior número de integrantes

A historiadora Ana Maria Dietrich analisou, em seu mestrado, documentos do Deops-SP que revelaram a atuação do Partido Nazista alemão (NSDAP) no Estado de São Paulo, entre 1928 e 1938. Algumas dessas descobertas incentivaram a historiadora a ir para a Alemanha, onde atualmente pesquisa o tema para o doutorado. O objetivo é compreender a atuação do NSDAP em território brasileiro sob a perspectiva do III Reich.

O doutorado é feito pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, em parceria com o Centro de Estudos de Anti-Semitismo da Universidade Técnica de Berlim, onde Ana Maria atua como pesquisadora convidada. A historiadora utiliza como fontes as atas do Arquivo Federal Alemão e o Arquivo político do Ministério das Relações Exteriores, em Berlim.

A pesquisadora pretende analisar, também, revistas e jornais da linha nacional-socialista publicados no Brasil em alemão, disponíveis no Instituto de Relações Exteriores, em Stuttgart, e verificar arquivos de outras cidades alemãs. As fontes orais - entrevistas com ex-partidários ou familiares - também estão entre as suas prioridades.

"Além de revelar um capítulo da história do Brasil, minha pesquisa está fundamentada no fortalecimento dos valores democráticos no Brasil e em outros países da América Latina", conta.

Nacional-socialismo no Brasil

Entre os primeiros resultados, Ana Maria identificou que o Landesgruppe Brasilien (o grupo do país Brasil) integrava uma espécie de rede mundial com outras filiais do partido. Esta "rede" estava presente em 83 países, em todos os continentes, com 29 mil integrantes.

As filiais estavam ligadas à Organização do Partido Nazista no Exterior (AO), um departamento do governo do Reich. Todas as diretrizes, ordens e controles partiam desta central. "A estruturação como uma espécie de 'rede de aranha' me chamou a atenção, pois mostra a força mundial do movimento."

O Landesgruppe Brasilien tinha o maior número de filiados do Partido Nazista fora da Alemanha, com 2.903 integrantes, superior à Holanda (1.925), Áustria (1.678) e Polônia (1.379). Dos filiados no Brasil, 92,7% eram alemães natos e apenas 2,45% eram brasileiros. "Para o governo Vargas, o NSDAP era um pequeno partido voltado para uma minoria estrangeira (alemães). Mas para o governo de Hitler, a história era outra."

"Uma grande surpresa foi localizar documentos sobre o norte do Brasil e saber que o Partido também desempenhou um importante papel nos estados de Pernambuco, Bahia e Pará." Ana Maria pretende comparar a história do NSDAP nos diferentes estados brasileiros, principalmente na relação norte / sul do País.

"Inferno" tropical

Se nos panfletos de propaganda para imigração que circulavam na Alemanha entre 1920 e 1930 o Brasil foi descrito como paraíso tropical, Ana Maria constatou que nos relatórios da Organização do Partido Nazista no Exterior e nos artigos de alguns jornais alemães, o País era visto pelos nazistas como "inferno" tropical.

"Isso não aconteceu pelas diferenças climáticas, nem pelas doenças que os imigrados tinham de enfrentar, mas pelo fato de os "arianos puros" conviverem com negros e outras etnias na lavoura e nas cidades. A miscigenação característica da formação do povo brasileiro era absolutamente inaceitável para o III Reich."

Durante o mestrado, Ana Maria identificou Hans Henning von Cossel como chefe do Partido Nazista no Brasil e também como editor do jornal semanal Deutscher Morgen, que circulou livremente no País entre 1932 e 1940. Na Alemanha, a pesquisadora conseguiu entrevistar duas filhas de Cossel. "Elas relataram que o pai tinha uma boa relação com os estadistas da época, como Getúlio Vargas e Adolf Hitler, sendo que este último ele encontrou pessoalmente."

Segundo Ana Maria, Cossel fazia viagens pelo Brasil para divulgar o nacional-socialismo e também para a Alemanha, onde encontrou o chefe da Organização do Partido Nazista no Exterior, Ernst Wilhelm Bohle. "Cossel era, para o Partido, o "Fuhrer" no Brasil. Exercia as funções de "Vertrauensmann" (homem de confiança) do III Reich e adido cultural da Embaixada Alemã no Rio de Janeiro, além de manter o status de correspondente do III Reich, transmitindo informações importantes sobre o Brasil para a Alemanha.

Aspectos sociais

"O viés 'social' também é uma das novidades do meu trabalho, em complemento a importantes estudos de historiadores alemães e brasileiros sobre a chamada 'história política' do Partido Nazista no exterior e no Brasil."

Segundo a historiadora, ao se estudar as consequências do fenômeno do nazismo para o Brasil e para a humanidade, evita-se a proliferação da ideologia e de movimentos de extrema-direita. "Só através do debate deste período histórico poderemos informar às futuras gerações sobre a importância da democracia, contra qualquer tipo de discriminação em relação às minorias."

Ana Maria faz doutorado-sanduíche com bolsa do CNPq / DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico). A orientação no Brasil é da professora Maria Luíza Tucci Carneiro, da FFLCH, e na Alemanha é do professor Wolfgang Benz, da Universidade Técnica de Berlim. A previsão é que, em 2006, seus estudos estejam concluídos. Segundo a pesquisadora, o mestrado será publicado no segundo semestre deste ano pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

[imagens: arquivo Ana Maria Dietrich]

Valéria Dias / Agência USP

Fonte: USP Online
http://www2.usp.br/index.php/sociedade/442

Evidência fotográfica de assassinatos em massa: 4. Ivangorod

Uma das mais famosas imagens do Holocausto pode ser vista aqui. A procedência da fotografia é descrita neste link. Museus do Holocausto e sites da Internet mostram esta imagem freqüentemente apenas exibindo este pedaço da fotografia. Este é errôneo porque omite os dois rifles no canto extremo esquerdo da fotografia, e a cena de enterros(dos cadáveres das chacinas)no canto direito.

Local: Ucrânia, Kiev, executados pelos Einsatzgruppen.


Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/10/photographic-evidence-of-mass-shootings_25.html
Tradução: Roberto Lucena

Para americano, Hollywood descarta valores

Pesquisa

A maioria dos americanos acha que a indústria do entretenimento não compartilha de seus valores. É o que aponta pesquisa encomendada pela Liga Anti-Difamação, grupo dos Estados Unidos de combate ao anti-semitismo. A sondagem, intitulada "Atitudes americanas na religião, valores morais e Hollywood", foi realizada pelo grupo Marttila Communications, que ouviu 1.000 adultos em todo o país.

Dos ouvidos, 61% disseram que os valores religiosos americanos estão "sob ataque", e 59% afirmaram crer que as pessoas à frente dos estúdios e das redes de TV americanas não possuem os valores morais e religiosos do resto do país. Mais: 43% acreditam que o cinema e a mídia americana orquestrem juntos uma campanha para "enfraquecer a influência da religião sobre a nação". Além disso, cerca de 40% apóiam a posição de banir "idéias perigosas" das bibliotecas escolares e outros quase 40% vêem com bons olhos a censura aos livros.

Quase metade da população (49%) acha que os EUA estão se tornando "tolerantes demais a diferentes idéias e estilos de vida". Mas um número muito próximo, 47%, discorda dessa tese. Também em contraponto à maioria que enxerga a mídia como uma ameaça aos valores americanos, 36% dos entrevistados não crêem num ataque maciço sobre os valores.

Com relação ao anti-semitismo, a sondagem detectou uma mudança positiva. Nesta edição da pesquisa, 63% discordaram da idéia de que a indústria do cinema e da TV seja concentrada nas mãos dos judeus, contra 22% que vêem as coisas desse modo. Na primeira vez que a Liga Anti-Difamação realizou o levantamento, em 1964, quase metade dos ouvidos ficou com a primeira opção.

Fonte: Veja(Brasil, 17 de novembro de 2008)
http://veja.abril.com.br/noticia/variedade/americanos-hollywood-nao-compartilha-seus-valores-402267.shtml

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Instituição em Berlim oferece mestrado em Holocausto

Mestrado no Touro College dura dois anos

Como é possível abordar, de forma atual, o Holocausto? Como fazer exposições, livros e filmes sobre o tema? O curso de mestrado de uma escola superior em Berlim dedica-se a responder tais questionamentos.

O curso Holocausto – Comunicação e Tolerância começou a ser oferecido há um ano pelo Touro College, que é a primeira instituição teuto-judaica de ensino superior na Alemanha. Ele existe há cinco anos e obteve o reconhecimento estatal em 2006.

Sua sede, no oeste de Berlim, fica num prédio construído nos anos 1920 por uma família judaica. O curso é o único em seu gênero na Europa e foi criado por Bernard Lander, diretor do Touro College.

O único estrangeiro entre os 120 estudantes do curso é o israelense Guy Band, para quem o a dedicação dos professores é muito importante: "O tratamento é muito pessoal, já que passamos muito tempo com os professores", explicou. "Estudamos em uma sala pequena, o que facilita os questionamentos e as discussões, além de cada um poder expressar sua opinião", complementou.

Para o estudante, a combinação do mestrado é perfeita. "Não são ensinados somente fatos do Holocausto. Também aprendemos como o tema pode ser abordado ao longo do tempo e considerando as mudanças na mídia", explicou Guy.

Mercado de trabalho

Topografia do Terror, em Berlim, um museu ao ar livre que retrata o período nazista

Para a estudante Anke Eisfeld, a diversidade de colegas, com diferentes experiências profissionais, é muito interessante. "Praticamente aprendemos uns com os outros", ressaltou. Depois de quatro semestres, o mestrando recebe o título de M.A. (Masters in Arts, em inglês). O campo de trabalho é vasto: seja em memoriais ou museus, nos meios de comunicação ou até mesmo em escolas.

O grau de sucesso que a formação em Holocausto trará ainda é especulação, já que ninguém concluiu o curso. "Trabalharia em alguma área do jornalismo, transmitindo conhecimentos no contexto do Holocausto e de forma interessante", ressaltou Anke Eisfeld.

Para o estudante israelense Guy Band, a capital federal alemã é um bom lugar para trabalhar. "Há muitos exemplos de como se pode abordar o tema do Holocausto. É possível fazer estágios em diversos lugares que dizem respeito ao assunto e acredito que isso é muito importante", conclui.

Os candidatos que pretendem seguir este curso de mestrado precisam apenas demonstrar interesse pelo tema e apresentar um certificado de conclusão de curso superior. A área de atuação não é importante, há mestrandos jornalistas, pedagogos ou formados em História ou Ciências Políticas. O preço do semestre é de 3 mil euros por estudante.

Sarah Faupel (rsr)

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 17.11.2008)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3789109,00.html

Chanceler britânico pede combate ao anti-semitismo

O ministro de Assuntos Exteriores britânico, David Miliband, lembrou neste domingo os ataques nazistas contra os judeus e ressaltou a necessidade de combater todas as formas de anti-semitismo.

Em um breve comunicado oficial divulgado por ocasião do 70º aniversário da "Noite dos Cristais" ("Kristallnacht"), Miliband disse que "esses fatos horrorosos" não deveriam ser esquecidos "nunca".

"Nosso dever como cidadãos deste mundo é nos manter em guarda contra o anti-semitismo e todas as formas de racismo que se infiltrem em nossas sociedades", disse o chefe da diplomacia britânica.

Ele destacou que o mundo tem que fazer "todo o possível para que horrores semelhantes não voltem a ocorrer no futuro".

Na "Noite dos Cristais", que ocorreu em 9 de novembro de 1938, militantes de diferentes grupos paramilitares nazistas deram origem a uma onda de violência contra os cidadãos judeus.

Nesse dia, mais de mil sinagogas de toda a Alemanha e a Áustria foram queimadas, enquanto 300 templos ficaram reduzidos a cinzas, 7,5 mil lojas de judeus foram devastadas e mais de mil pessoas foram assassinadas essa noite.

No dia seguinte, cerca de 30 mil judeus foram detidos e enviados a campos de concentração, número que, ao término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), chegaria aos milhões.

Fonte: EFE/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3317968-EI8142,00-Chanceler+britanico+pede+combate+ao+antisemitismo.html

Cemitérios judeus são profanados na Alemanha

Berlim, 17 nov (EFE).- Cemitérios judeus nas cidades de Gotha e Erfurt, ambas no leste da Alemanha, foram profanados por pessoas ainda não identificadas, informou hoje a Polícia.

Em Gotha, os agressores penduraram na cerca de entrada do cemitério uma cabeça de porco junto à estrela de David.

Fora isso, colocaram um cartaz com frases que instigam o ódio racial e lançaram, através da cerca, vários recipientes com um líquido vermelho, simulando sangue.

Em Erfurt, capital do estado de Turíngia, aconteceu um incidente similar.

Na cidade, desconhecidos jogaram um líquido vermelho sobre uma placa em memória das vítimas do Holocausto na entrada do cemitério e fizeram pinturas no muro do recinto.

Fonte: EFE/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL865015-5602,00-CEMITERIOS+JUDEUS+SAO+PROFANADOS+NA+ALEMANHA.html

'Vítima' de ataque neo-nazi inventou história

A alemã que ganhou um prémio por alegadamente ter salvo uma criança imigrante de um ataque neo-nazi foi condenada sexta-feira a 40 horas de serviço comunitário, depois das autoridades terem concluído que a jovem mentiu

Rebecca, de 18 anos, recebeu em Fevereiro um prémio de uma associação berlinense contra a violência neo-nazi, por alegadamente ter salvo uma criança imigrante que estaria a fugir de um grupo de militantes de extrema-direita.

A história originalmente contada por Rebecca tinha contornos de heroísmo. A jovem tinha sido agredida pelos neo-nazis, que lhe cravaram uma suástica na coxa, segundo contou às autoridades.

A suástica é real, mas a história é falsa, diz agora a justiça alemã. Uma análise de médicos forenses concluiu que foi a própria Rebecca a cravar a suástica no corpo. A jovem alemã terá que cumprir 40 horas de serviço comunitário por mentir às autoridades.

Rebecca é agora duramente criticada pela imprensa alemã, que a acusa de oportunismo e de brincar com um problema real.

Os crimes de ódio subiram 15% na Alemanha só em 2007, e desde a reunificação do país, no início dos anos 90, mais de 30 pessoas foram assassinadas por grupos de extrema-direita.

Fonte: SOL(Portugal)
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=116781

domingo, 16 de novembro de 2008

Theresienstadt

O Lager(Campo de Concentração)do horror encoberto

O campo de Terezin, que não escondia menos horrores que os outros, era apresentado ao mundo como uma comunidade judia autoadministrada. Os motivos desta fachada e da liberação de 1200 prisioneiros, na autobiografia de Fritzi Spitzer.

(Foto)Entre os prisioneros havia músicos e artistas de grande fama.
Desenho de Federica Spitzer.

Na grande literatura sobre o genocídio judeu, as memórias autobiográficas representam em conjunto uma modesta porcentagem. Muitos não tiveram a coragem de pôr por escrito suas recordações. Outros devem ter pensado que todo livro de memórias se transforma em literatura, e corre, portanto, o risco de ofender aos mortos, diminuindo ou apequenando a trágica enormidade do fato. Finalmente alguns que observam os preceitos religiososo sustentam que o mal é necessariamente inenarrável. Não basta. Para recordar o horror faz-se a condição de conseguir se impedir que desapareça a memória, protegê-la com uma sorte de couraça e assumir, frente a certos acontecimentos, uma atitude não só de distanciada imperturbabilidade, senão inclusive de ironia. Só assim as recordações assumem a credibilidade de um documento histórico.

Federica Spitzer, autora de um livro breve lançado em Berlim em 1997 e mais recentemente na editorial Dadò de Locarno (Anos perdidos. Do Lager à liberdade) se encontra entre aqueles que melhor tiveram êxito em contar a própria tragédia com o menor número possível de lágrimas e invectivas. Devemos lhe ser duas vezes agradecidos: pela extraordinária qualidade do livro e pela importância de um testemunho histórico que permite compreender melhor alguns dos aspectos menos conhecidos do genocídio judeu.

O primeiro deles é o campo de Terezin ou Theresienstadt, uma pequena cidade fortificada a 50 km de Praga, edificada em 1780 por José II e chamada assim em memória de sua mãe, Maria Teresa. Fritzi Spitzer foi recolhida ali com seus pais durante dois anos e meio, até início de fevereiro de 1945. Quando desde Viena chegou ali, no verão de 1942, fazia um ano que a fortaleza era campo de concentração. Mas não foi um campo como os outros.

Por razões muito discutidas mas até agora não totalmente aclaradas, o regime nazi decidiu fazer dele, aos olhos do mundo, uma “comunidade judia autoadministrada”. Theresienstadt teve um local de vendas, uma moeda, um serviço postal, um cabaré, uma orquestra, um hospital, uma padaria, uma grande manufatura artesanal, um conselho judeu presidido por Jacob Edelstein, uma espécie de centro cultural no que alguns rabinos traduziam e comentavam o Talmud; e até foi reacondicionado e pintado na ocasião de uma visita dos inspectores da Cruz Vermelha em janeiro de 1944. Por trás desta atraente fachada os prisioneros viviam em condições humilhantes, trabalhavam como escravos, sobreviviam com 800 calorias ao dia, eram duramente castigados pelas SS pela mínima transgressão, morriam de Tifo exantemático e finalmente eram enviados aos fornos crematórios de Auschwitz ou Treblinka.

Mas a ficção deixou aos internados pequenas margens de liberdade que haviam sido impossíveis em outros campos de concentração, e permitiu a Fritzi Spitzer exercitar o engenho, a fantasia e a iniciativa de que era dotada. Os pequenos furtos, o tráfego cotidiano, as astúcias e as aventuras picarescas da protagonista são outras tantas revanches da natureza humana contra a vida inumana do Lager.

Falta compreender porque o regime nazi havia montado uma ficção tão colossal. Para enganar, com uma operação de propaganda, a opinião pública mundial? Para “hospedar” as figuras principais da comunidade judia e os intelectuais que gozavam de notoriedade internacional? Para satisfazer àquele setor do regime que buscava talvez mitigar o furor persecutório de Hitler? Para dispôr de um bom número de reféns para trocar num momento oportuno?

O livro não responde a esta pergunta, mas a aventura de Fritz Spitzer sugere algumas hipóteses. Em 2 de fevereiro Fritzi supôs que 1200 prisioneiros partiriam à Suíça nos dias seguintes e compreendeu que poderia fazer parte do grupo com seu pai e sua mãe. Temeu que o comboio, como os que o haviam precedido, estivesse destinado a um campo de extermínio e duvidou. Mas apenas consultou aos pais e tomou uma decisão, lançou-se de cabeça à jornada e conseguiu se inscrever com eles na lista dos escolhidos. A partir desse momento começou um dos episódios mais singulares da segunda guerra mundial. Três dias depois cada um dos que iam partir receberam, com grande surpresa, um vaso de marmelada, um pacote de vitaminas, dois pãezinhos e a foi feito sentar em um trem que era composto por vagões-leitos e não por vagões de gado. A bordo daquele trem os 1200 atravessaram a Boêmia, dobraram ao sudoeste, face à Karlsbad, passaram a fronteira alemã em direção à Bayreuth, viram pela janela as ruínas de Ausgburgo, Friedrichshafen, Nürnberg e finalmente, do outro lado do lago de Constanza, às costas iluminadas da Suíça. Quando o trem entrou freiando e rangendo na estação de Kreuzlingen, o andar estava cheio de gente que observava em silêncio e cada tanto esboçava algum sorriso. Eram os habitantes da pequena cidade que havia acudido com presentes de todo tipo. Era o rosto hospitaleiro de um país que hoje se senta, a miúde injustamente, no banco dos acusados.

Por trás da liberação dos 1200 prisioneiros de Theresienstadt estava um político suíço que tinha boas relações com alguns representantes alemães. Chamava-se Jean-Marie Musy, havia sido conselheiro federal e havia fundado em 1936 uma associação nacional suíça contra o bolchevismo.

Quando alguns rabinos ortodoxos norte-americanos lhe pediram qe intercedesse para a liberação de um grupo de judeus, Musy esperou talvez que uma iniciativa humanitária havia allanado o caminho a seu projeto, acariciado desde há muito tempo: um pacto entre os aliados e a Alemanha contra a União Soviética. Pôs-se a trabalhar e se acercou de das pessoas que o ajudaram com motivações diversas: Heinrich Himmler, chefe das SS e da Gestapo, Walter Schellenberg, chefe da contraespionagem alemã. O primeiro queria aproveitar a operação para obter dinheiro e meios de transporte; o segundo, melhorar, dentro do possível, a imagem da Alemanha e abrir as tratativas com os aliados. Como o demonstram outros acontecimentos daqueles meses, o mais provável é que Himmler tivesse um objetivo predominantemente venal, enquanto Schellenberg persseguia um fim político. O acordo teve êxito quando Himmler renunciou aos meios de transporte (que nenhum estava disposto a proporcionar) e se “conformou” com cinco milhões de francos. Moreno Bernasconi, em seu prefácio, escreve que Adolf Eichmann havia intentado uma operação semelhante na Hungria: a liberação de um milhão de judeus e a clausura das câmaras de gás em troca de 10.000 caminhões e bens de primeira necessidade. Destas tratativas, levadas a cabo por homens que buscavam abrir uma saída de emergência para si mesmos, provavelmente Hitler nunca se enteró. Enquanto que o Führer, recluso no bunker da chancelaria, não tinha outra solução para seu país exceto um gigantesco “crepúsculo dos deuses”, nos muros da grande prisão nazi começavam a se abrir as primeiras grietas. Fritzi Spitzer esteve entre os poucos que conseguiram deslizar-se através de uma fisura para conquistar a liberdade.

O livro sugere uma última observação. Com algumas excepções (entre elas os livros de Primo Levi), a melhor literatura sobre os Lager alemães é feminina.

De agora e mais adiante recordaremos o nome de Fritzi Spitzer junto aos de Margarethe Buber-Neumann (que pode confrontar os campos de Hitler com os de Stalin), de Ruth Schwertfeger, autora de "Mulheres de Theresienstadt", de Ruth Krueger, autora de "Viver todavia" (outro livro sobre Theresienstadt, publicado em 1995 por Einaudi) e de Fey von Hassel, autora de memórias encontradas recentemente: quatro mulheres inteligentes, obstinadas e capazes de combater o nazismo com as armas de sua humanidade feminina. Diz-se que o Führer tinha uma relação difícil com as mulheres e que a miúde se detinha num umbral de inconstante galanteio. Começou-se a entender as razões.

Sergio Romano

O presente artigo foi publicado no Corriere della Sera
em 7 de março de 2001.
Tradução de Ana María Cartolano.

Foto 2: US Holocaust Memorial Museum
http://www.ushmm.org/wlc/article.php?lang=en&ModuleId=10005424
http://www.ushmm.org/wlc/media_ph.php?lang=en&ModuleId=10005424&MediaId=1609

Fonte(espanhol): Fundación Memoria del Holocausto
http://www.fmh.org.ar/revista/19/theres.htm
Tradução: Roberto Lucena

De desajustado a terrorista: a história de um jovem alemão

Em sua última mensagem em vídeo, Breininger insinua morrer por Alá

O caso Eric Breininger deixa claro que está surgindo uma nova geração de terroristas, motivada por outros motivos. A princípio, o terrorismo islâmico estava muito distante. Agora, ele está entre nós.

Eric Breininger é o rosto de uma geração de terroristas que quer levar o Jihad, a "guerra santa", para o Ocidente. Em um ano, ele se transformou de aluno de escola de uma pequena cidade alemã em terrorista internacionalmente procurado.

Eric é do tipo simpatizante. Um pouco gorducho e sempre vestido na última moda, ele lutava dia após dia por reconhecimento na vida pacata que levava na cidade de Neunkirchen, no estado alemão do Sarre. Ele queria participar dos acontecimentos e não ser chacoteado como outsider.

Seus pais eram separados. Eric morava com a irmã na casa da mãe. Seu rendimento na escola era mediano. Nas horas de lazer, ele jogava futebol, fumava haxixe, bebia álcool, entrava freqüentemente em brigas e tinha problemas com a polícia.

Nem bronzeamento artificial nem carne de porco

Em dezembro de 2006, Eric, que hoje está com 21 anos, começou a trabalhar como entregador de encomendas, além de freqüentar a escola de comércio. Um trabalho com conseqüências assoladoras. Ele conheceu um paquistanês que lhe falou entusiasmado da interpretação extremista do Corão. Um divisor de água em sua vida.

Ele jogou fora o crucifixo que carregava no pescoço, queimou CDs e camisetas no jardim, não foi mais à academia de ginástica, deixou de fazer bronzeamento artificial, parou de jogar futebol. Para ele, só uma coisa contava – o islamismo radical. Não passou um ano e Eric se convertera ao islamismo.

No seu círculo de correligionários, com quem rezava conjuntamente na mesquita de Neunkirchen, ele encontrou o que procurava – reconhecimento, respeito e a convicção de que era algo melhor, de pertencer a um grupo que conhecia a verdade.

Mobiliário do quarto vendido através do comércio eletrônico

Jovem é procurado internacionalmente

Eric aprendeu árabe e passou a se chamar Abdul Ghaffar el Almani. Passou a evitar amigos e tendências da moda. Ele parou de fumar, de beber e não comia mais carne de porco. Casou na mesquita perante um imame com uma jovem alemã que, a partir de então, passou a usar a burka. A relação não durou muito. "Ele queria que eu cozinhasse, limpasse e que tivesse filhos algum dia. Ele também falou que procuraria ainda outra mulher", comentou sua esposa após tê-lo deixado.

Em julho de 2007, Eric largou a escola e vendeu o mobiliário de seu quarto através do comércio eletrônico. Dois meses depois, deixou a Alemanha na direção ao Egito. Mais tarde, ele partiu para o Paquistão. Enquanto isso, em casa, alguns de seus irmãos de fé, o assim chamado Grupo de Sauerland, construíam bombas e foram descobertos pela polícia, que entrou em ação.

Em março de 2008, ele escreveu à irmã que queria lutar por Alá no Afeganistão. O Departamento Federal de Investigações (BKA) ficou sabendo e imprimiu fotos de Breininger para as unidades estacionadas no Afeganistão. As autoridades da área de segurança pressupunham que Breininger esteve num campo de treinamento de terroristas no Paquistão.

"Não planejo nenhum atentado contra a Alemanha"

"Eu me encontro no Afeganistão e, pessoalmente, não planejo nenhum atentado contra a República Federal da Alemanha. Quando se acompanham as notícias na imprensa alemã, logo se nota que o povo alemão é ludibriado pela política", afirmou o procurado em sua mais nova mensagem em vídeo.

Esta não dá motivos para despreocupação: especialistas em terrorismo estão seguros de que Eric irá se explodir no ar. Com metralhadora e turbante, ele anunciou em páginas de internet islamitas: "Como quer Alá, ele me levará como jihadi [guerreiro do Jihad] para si". Segundo um alto funcionário da área de segurança, o jovem é muito perigoso.

Especialistas em terrorismo estão de acordo que Breininger também poderia ter se tornado neonazista. No seu caso, trata-se de reconhecimento, de atenção. A causa por que luta é secundária. Foi uma coincidência o fato de ele ter se tornado terrorista. Para os jihadistas, ele é um "idiota útil", como afirmou um funcionário. Seu nome Abdul Ghaffar el Almani não significa nada mais que o "servo do todo misericordioso".

Benjamin Wüst (ca)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3736630,00.html

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Gray Matter(Massa Cinzenta) - documentário

Arquivado como: Crítica
Gray Matter(Massa Cinzenta)
Dirigido por: Joe Berlinger

Mas quando você pensa que todos os horrores do Holocausto foram expostos, em 2002 os cérebros de cerca de setecentas crianças foram finalmente entregues para um enterro adequado em Viena. Como resultou, os cérebros vieram de crianças deficientes que não se deram contas de estar envolvidas num inacreditável experimento Nazi para determinar a causa das deformidades e de cortá-las na raiz. Onde está Indiana Jones quando você precisa dele? Documentário aclamado do diretor Joe Berlinger que viajou até Viena em 2002 para documentar o grande enterro e fazer alguma investigação dentro daquilo que é uma das mais alarmantes histórias vindas do Holocausto.

Neste ponto, Berlinger é provavelmente melhor conhecido por seu criticamente aclamado documentário Paradise Lost(Paraíso Perdido), no qual sua investigação em cima da convicção de três adolescentes que levantaram algumas sérias questões sobre a falta de evidência que puseram suspeitos de assassinos de crianças atrás das grades. E mais recentemente, "Metallica: Some Kind of Monster" dirigido para entretenimento até de não-fãs do Metallica. Entretanto Gray Matter foi feito para TV e ajustado para ser apresentado em menos de uma hora, trata do objeto do tema com muito respeito e além disso, como o roteiro do Metallica e a gravação de St.Anger, é uma bom trabalho a propósito.

Berlinger põe seu talento investigativo no trabalho em sua procura por Heinrich Gross, o mentor e doutor do Nazi experimento no Hospital Mental Spiegelgrund no qual estes experimentos tomaram lugar. Como resultado, Gross não está apenas ainda vivo como bem, mas aparentemente vive confortavelmente sem apoio financeiro do governo austríaco. Enquanto procurava o doutor prova-se mais difícil que o experado, Berlinger tenta se conduzir para adquirir algum accesso excepcional ao agora reformado Hospital Spiegelgrund, incluindo as salas nas quais os atuais cérebros foram mantidos. Uma série de entrevistas e análise de evidência conduziu a crença de que a experimentação com os cérebros proseguiu até fins de 1998.

A diferença entre este e o trabalho anterior de Berlinger é que ele atua por um período de tempo muito maior no filme, aparecendo com a câmara na maior parte do filme. Acompanhamos ele como um diretor em sua jornada para confrontar Dr.Gross. Suponho que você poderia dizer que é um estilo Michael Moore de investigação, entretanto a diferença é que não havia realmente dois lados da história. Não havia nenhuma dúvida de que Gross teve parte na horrível atrocidade e permanece sem punição pelo que fez, além do fato de que o governo não apenas o apoiou mas ocasionalmente o usa como um expert(especialista)forense em julgamentos da suprema corte, é algo igualmente muito chocante.

Eu acho que é difícil de dizer que filmes sobre o Holocausto são requentados. É uma parte da história, e os filmes produzidos deveriam ser vistos mais como documentação do que como formas de entretenimento. Enquanto histórias como esta continuarem a aparecer, haverá sempre espaço para filmes como Gray Matter(Massa Cinzenta)nos lembrar do que pessoas são capazes de fazer. — Jay C.

Fonte: The Documentary Blog(in english)
http://www.thedocumentaryblog.com/index.php/2005/07/01/gray-matter/
Publicado por Jay C em 1 de Julho, 2005
Tradução(português): Roberto Lucena

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Vídeo inédito sobre a Noite dos Cristais

Noite dos Cristais em documenário produzido pela FIERJ com imagens inéditas na TV brasileira. Documentário fruto de dois anos de pesquisas de imagens e
digitalização reunindo um número sem precedentes de
imagens dos dias 9, 10 e 11 de novembro de 1938, mais de
10 minutos de fotos e filmes, pemitindo ter uma nova leitura sobre
o que aconteceu com os judeus na Alemanha, Áustria e Tchecoslováquia.


Contribuição de Graciela.

Note: Unpublished video about the Night of Broken Glass(Crystal Night).

Nazistas 'planejaram Holocausto antes do que se pensava'

Plantas do campo de Auschwitz indicam que mortes foram planejadas em 1941.

A descoberta de uma série de diagramas de construção mostrando o campo de concentração de Auschwitz pode indicar que o plano nazista de exterminar em massa os judeus pode ter sido concebido antes do que se imaginava.

O campo de Auschwitz, construído na Polônia, foi o maior campo de concentração nazista. Nesses locais, milhares de judeus e membros de outras minorias foram assassinados durante a Segunda Guerra Mundial.

As plantas, descobertas por um jornalista em Berlim, mostram câmaras de gás e um grande crematório e são datadas de outubro de 1941.

Segundo o repórter da BBC Greg Morsbach, a maioria dos historiadores concorda que a primeira vez que os nazistas criaram um plano sistemático de assassinato em massa de judeus foi em janeiro de 1942.

Naquele ano, os nomes mais importantes do nazismo se reuniram nos arredores de Berlim para planejar a chamada "solução final", que resultou na morte de milhões de pessoas.

Legítimos

Para David Silberklein, historiador do memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, as plantas são uma prova concreta de que os nazistas planejavam exterminar os judeus antes do que se pensava.

"Aqui você tem uma prova concreta e detalhada do início do plano de expansão, do que viria a ser a solução final, e muitos historiadores agora acreditam que a transição de 'muitos assassinatos' para um plano sistemático para assassinar judeus ocorreu naquela época, outubro de 1941", disse.

O Arquivo Nacional da Alemanha afirmou que os desenhos, divulgados pelo tablóide alemão Bildzeitung, são verdadeiros.

Ralf Georg Reuth, o jornalista responsável pela descoberta, afirmou que conseguiu as plantas com uma fonte na capital alemã.

"Alguns destes documentos são tão insignificantes que não faria sentido falsificá-los", disse.

"Pesquisamos e analisamos o que existe. Alguns dos documentos que estão disponíveis estão na Rússia e conseguimos fazer a comparação. Isto nos permite ter certeza de que estes (documentos) são autênticos."

Os mais céticos afirmam que os projetos de Auschwitz descobertos pelo jornalista não significam que a história precisa ser reescrita ou que será alterada a compreensão do Holocausto.

A maioria dos historiadores diz que estes documentos dão a eles apenas uma forma mais precisa de datar o processo de planejamento que levou ao extermínio de judeus.

Fonte: BBC/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL858115-5602,00.html

Plantas da construção do campo nazista de Auschwitz são achadas em Berlim

BERLIM (AFP) — Vinte e oito plantas de construção originais do campo de extermínio nazista de Auschwitz foram achadas num apartamento de Berlim, informou neste sábado o jornal Bild, ao repreoduzir cópia de alguns desses documentos.

As plantas foram feitas numa escala de 1/100, datam de entre 1941 e 1943 e levam o carimbo da "Direção de Construção das Waffen-SS e da polícia".

Algumas das plantas têm a assinatura de antigos chefes das SS e em uma delas as iniciais de seu diretor, Heinrich Himmler.

Certos documentos reproduzidos no jornal mostram a construção de um simples "campo de prisioneiros de guerra" em Auschwitz (a 60 km da cidade polonesa de Cracóvia), no entanto, um deles representa claramente uma câmara de gás, denominada assim ("Gaskammer"), de 11,66x11,20 metros. Esse plano foi desenhado pelo "detento No. 127" em 8 de novembro de 1941.

Nessa data estavam sendo realizadas experiências com gás Zyklon B, a marca registrada de um insecticida à base de cianureto usado pelos nazistas no Holocausto.

Outra cópia mostra o plano da famosa entrada do campo de Birkenau, que fazia parte do conjunto de Auschwitz, onde tinham lugar os extermínios e à qual chegavam diretamente os trens carregados de vítimas judias.

Outra planta mostra o primeiro crematório, com quadrados que correspondiam aos futuros fornos.

Nos documentos aparece a denominação "L.Keller", de "Leichenkeller", que significa o "porão dos cadáveres", de uma extensão inicial prevista de oito metros e capacidade de ampliação.

Mais de um milhão de deportados morreram em Auschwitz, em sua grande maioria judeus.

Fonte: AFP
http://afp.google.com/article/ALeqM5jzozKkBIdjOhNJUHtBUOdW9zAZQg
In english:
http://www.reuters.com/article/topNews/idUSTRE4A71SC20081108

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Presumível assassino em massa Demjanjuk poderá ser acusado na Alemanha

Um golpe espectacular dos investigadores alemães de crimes nacional–socialistas: conseguiram juntar suficiente material contra o guarda de campo de concentração Ivan Demjanjuk para poder requisitar a sua extradição dos Estados Unidos. O natural da Ucrânia terá participado no assassínio de quase trinta mil pessoas.

É um dos criminosos de guerra mais procurados: Ivan Demjanjuk, natural da Ucrânia, encontra-se há anos na mira dos caçadores de nazis. Agora é possível que Kurt Schrimm, o director do maior centro de investigação de crimes nacional-socialistas no mundo, tenha conseguido um verdadeiro golpe.

Depois de dispendiosas pesquisas no Israel, nos Estados Unidos e na Alemanha, Schrimm e os seus colegas juntaram suficiente material para poder trazer o presumível criminoso de guerra nazi Ivan John Demjanjuk, residente nos Estados Unidos, perante um tribunal – na Alemanha.

As acusações contra Demjanjuk são severas: segundo tem sido apurado até agora, o natural da Ucrânia foi treinado para "Wachmann" (guarda) no campo das SS em Trawniki, perto da cidade polaca de Lublin, que estava sob ocupação alemã. Entre fins de Março e meados de Setembro de 1943 terá feito o seu serviço no campo de extermínio de Sobibor no sudeste da Polónia. Entre Abril de 1942 e Outubro de 1943 um total de 250.000 pessoal foram mortas neste campo.

Assassínio de mulheres, crianças e velhos

Demjanjuk é acusado de ter participado, durante o seu tempo de serviço, no assassínio de pelo menos 29.000 judeus – a maioria deles mulheres, crianças e velhos. Quase todos estes foram mortos ainda no dia da sua chegada.
Entre as vítimas – o que é importante para uma eventual acusação na Alemanha – havia 1.900 judeus alemães. "Devido aos crimes de que é acusado estamos confiantes de poder leva-lo a julgamento na Alemanha", disse Schrimm. Pela primeira vez é possível, acrescentou, identificar as vítimas com o seu nome completo e a sua data de nascimento. A vítima mais velha que morreu nas câmaras de gás em 23 de Abril de 1943 terá sido um judeu de 99 anos proveniente da Holanda. Em todos os comboios de deportação, segundo Schrimm, havia bebés e crianças pequenas, que foram gaseadas imediatamente após a sua chegada a Sobibor.

O procurador chefe, de 59 anos, entregará na segunda feita um procedimento de investigação preliminar contra Demjanjuk à procuradoria de Munique: "Do nosso ponto de vista pode feita a acusação."


Omitiu crimes de guerra


Já em 1988 Ivan Demjanjuk tinha sido acusado em Israel. Num processo que durou 17 meses, cinco sobreviventes do campo de extermínio de Treblinka reconhecerem em Demjanjuk o guarda "Ivan o Terrível", que cortava o seios às mulheres e obrigou um carregador de cadáveres com o chicote a violar uma moça de 12 anos.

Não tendo sido possível esclarecer a sua identidade sem margem para dúvidas, contudo, o supremo tribunal de Israel anulou a sentença de morte contra Demjanjuk em 1993, depois de um processo de revisão de seis anos. Desde então Demjanjuk continua a viver nos Estados Unidos.

Schrimm espera que o governo federal alemão dirija um pedido de extradição aos Estados Unidos. Em termos políticos tal não é indisputado. Demjanjuk, que actualmente vive em Ohio, nasceu na Ucrânia e recebeu a cidadania americana em 1958. Esta foi-lhe finalmente retirada em Maio de 2008, após décadas de tentativa, porque aquando da sua entrada nos Estados Unidos Demjanjuk tinha indicado ter sido feito prisioneiro de guerra pelos alemães depois da batalha de Kerch. Omitiu o facto de que se tinha reportado para serviços voluntários às SS e que, como auxiliar dos nazis, tinha participado no assassínio de milhares de judeus.

"Os Estados Unidos têm um grande interesse em verem-se livres de Demjanjuk. A Ucrânia e outros estados também não o querem acolher. Esta é uma grande oportunidade de provar os crimes de Demjanjuk e responsabiliza-lo pelas suas atrocidades", salientou Schrimm.

Criminosos e testemunhas estão morrendo

O último grande processo contra um carrasco nazi na Alemanha teve lugar há 16 anos. Em 1992 o SS-Oberscharführer Josef Schwammberger foi condenado a prisão vitalícia por homicídio e assistência ao homicídio de mais de 650 pessoas pelo Tribunal Distrital de Estugarda. Schwammberger morreu na prisão em 2004.

A prossecução criminal de criminosos nacional-socialistas tinha sido deliberada pelos poderes vencedores antes do fim da guerra numa declaração conjunta em Novembro de 1943. Mas apenas com a criação da Entidade Central em 1958 a prossecução alemã de criminosos nazis começou a rolar. Esta entidade investigadora forneceu o material para inúmeros processos e foi quem tornou possível os grandes processos sobre Auschwitz em Frankfurt de 1963 a 1965 e de 1964 a 1966, bem como o processo de Majdanek em Düsseldorf entre 1975 e 1981.

Esta autoridade até agora iniciou procedimentos de investigação preliminar contra mais de 110.000 pessoas. Há cerca de 20 anos ainda trabalhavam cerca de 130 pessoas em Ludwigsburg, hoje são apenas 19. O maior inimigo da autoridade é o tempo: os criminosos e as testemunhas dos crimes estão a morrer. Desde os disparos, matanças e chacinas em massa passaram mais de 63 anos. Os suspeitos mais jovens tem mais de 80 anos de idade.


Fonte:
SPIEGEL online

Minha tradução.

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