terça-feira, 25 de março de 2014

Prisioneiros da guerra: os súditos do Eixo dos campos de concentração (1942-1945)

PRISIONEIROS DA GUERRA: OS SÚDITOS DO EIXO DOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO (1942 - 1945)
Autor: Priscila Ferreira Perazzo
Editora: Humanitas: Fapesp
ISBN: ISBN (Humanitas) 978-85-7732-008-0 e ISBN (Imprensa Oficial) 978-85-7060-519-1
Ano: 2009

Prefácio:
Este é um livro que perturba. Ele segue a trilha aberta pela nova historiografia brasileira sobre a participação do país na Segunda Guerra Mundial, contrapondo-se à visão apologética que construiu uma mitologia no imediato pós-guerra. Durante várias décadas, o envolvimento brasileiro permaneceu encoberto por espesso véu de ignorância e de condescendência.

Concomitantemente ao vazio na historiografia brasileira, os estudos históricos sobre o episódio multiplicaram-se através de departamentos, institutos e centros de pesquisas em muitos países, partícipes ou não, da terrível hecatombe. Uma dupla obrigação sustenta estes esforços: por um lado o direito e o dever de memória. Todo povo detém o direito fundamental e inalienável de saber o que foi feito em seu nome. Por outro lado, a capacidade de lembrança constitui importante instrumento para tentar evitar os erros e renovar os acertos do passado.

Cada geração tem a obrigação de reconstruir a memória sobre a trajetória das gerações que a antecederam. Neste sentido, reveste-se de fundamental importância o papel do historiador na renovação temática, instrumental, metodológica e, sobretudo, na luta para ter acesso a novas fontes documentais. Esta é, certamente, a maior contribuição do livro que tenho o prazer de apresentar. A presente tese atinge plenamente o objetivo que deveria ser de toda tese: uma contribuição original sobre um tema obscuro ou desconhecido. Ressalte-se que as fontes utilizadas são inéditas e a trabalhosa pesquisa de campo fornece resultados extraordinários.

No final da década de 1970, começou a surgir uma série de estudos que renovaram a historiografia brasileira. Alguns orientados informalmente por José Honório Rodrigues como os de Stanley Hilton (1) e os meus, outros como do sempre lembrado Gerson Moura (2) e posteriormente Tullo Vigevani (3), todos eles tratando essencialmente das relações exteriores do país. A memória sobre o Brasil, partícipe marginal do conflito, começava a ser construída.

Muitos outros estudos se seguiram sobre essa área que desperta, ainda hoje, um grande interesse junto a parte ponderável da opinião publica.

Todavia, os aspectos internos decorrentes do conflito internacional ainda permaneciam à sombra. Foi novamente Stanley Hilton, num texto provocativo que causou grande impacto (4), o iniciador de uma reflexão sobre temas considerados secundários do conflito. O livro de Priscila Ferreira Perazzo inscreve-se nessa perspectiva. Ele decorre de um trabalho consistente e abrangente desenvolvido no Programa de História Social da FFLCH da Universidade de São Paulo e do Projeto Integrado Arquivo do Estado/Universidade de São Paulo, que resultou na preparação e publicação de um conjunto de trabalhos fundamentais sobre a política das autoridades brasileiras com relação às supostas minorias vinculadas de alguma maneira ao Eixo (5).

O tratamento dispensado aos prisioneiros de guerra capturados junto ao inimigo e sobretudo aos que poderíamos denominar reféns das circunstâncias (supostos membros de quinta-coluna ou simplesmente detentores de vínculos com o inimigo, sejam eles de nacionalidade, de descendência ou de simpatia por sua causa), denominados neste trabalho de «prisioneiros da guerra», constitui um dos temas historiográficos de maior aridez e que impõem uma série de dificuldades de abordagem.

Em primeiro lugar, trata-se de um tema que é marginal no conjunto da historiografia dos conflitos. Se tomarmos como exemplo as centenas de obras escritas sobre a Segunda Guerra Mundial veremos que são escassos os trabalhos dedicados a estes reféns das circunstâncias. Assim, durante décadas permaneceu escondido, em razão de um misto de indiferença e de pruridos mal avaliados, o tratamento imposto, durante os anos de conflito, às minorias oriundas do Eixo estabelecidas nos Estados Unidos.

Convidado pela Professora Maria Luiza Tucci Carneiro, orientadora, participei da banca de defesa da tese de doutoramento de Priscila que resultou no presente livro. Constatada a importância da pesquisa, a metodologia, o tratamento das fontes e inovação – bases de uma boa tese – a banca discutiu longamente a natureza e, por conseguinte, a caracterização dos espaços destinados pelo Estado brasileiro para reunir os prisioneiros de guerra. Este é o segundo grande desafio da obra. Ora, a autora designa estes espaços como sendo «campos de concentração», contrariando outros especialistas que os consideram como simples prisões onde as regras eram de tal modo elásticas, a ponto de ser identificadas como verdadeiras «colônias de férias» (6).

De fato, o debate deve orientar-se pela definição da expressão «campo de concentração». Considero que, etimologicamente, trata-se de um espaço físico delimitado por barreiras (físicas, normativas e de autoridade) que separam os internos do restante da população. Não é necessária a constatação de maus tratos para caracterizar a existência de um campo de concentração. Nesse caso, muitas prisões e delegacias policiais brasileiras deveriam mudar de denominação … Por outro lado, não deve haver confusão de gênero entre os campos de concentração e os famigerados campos de extermínio. Neste sentido, o auxílio de que se vale Priscila junto aos trabalhos de Hannah Arendt são muito úteis pois o sistema concentracionário brasileiro pode ser efetivamente considerado como integrante do «limbo» cujas formas são «relativamente benignas, que já foram populares mesmo em países não-totalitários, destinados a afastar da sociedade todo tipo de elementos indesejáveis» (7).

A ocorrência de dois fenômenos contraditórios nos campos de concentração brasileiros torna mais complexa a escolha correta de sua denominação. Priscila constata que os internos de certos campos eram autorizados a manter uma vida social fora dele. Portanto, estamos diante de situações nas quais os internos gozavam de uma semi-liberdade. De outra parte, as condições de higiene, a falta de qualidade e de regularidade do atendimento médico, bem como a própria localização do campo, muitas vezes situado em lugares insalubres, fez com que muitos internos padecessem de moléstias evitáveis e viessem a falecer.

O presente livro, ao contestar uma visão idílica da história, desperta consciências e provoca desconforto. Redigido em uma linguagem coloquial, na primeira pessoa do plural, ele aborda um tema pungente. Trata-se, sem sombra de dúvida, de uma tentativa de resgate dos marginais da história e da construção de uma visão dos vencidos. Mas não unicamente isso, pois a autora opera a historia através do homem e sua condição, extraindo dela lições sobre sua natureza. Surge então o homem em sua (des)humanidade, pouco importando o que o Estado tente fazer com ele através das normas da nacionalidade que separam e opõem os humanos.

Outra importante contribuição de Priscila advém do enfoque metodológico. Uma primeira lição deve ser retida e conservada pelos leitores, especialmente aqueles que se dedicam à pesquisa. Por trás de um excelente livro como este, esta (e sempre estará em todas as grandes obras), muita dedicação, trabalho, sacrifício e espírito de equipe. Não se constrói uma obra científica somente com inspiração e ideias, mesmo que sejam pertinentes. A autora não somente percorre uma trajetória intelectual através da qual ela renova, contesta e afina seus pressupostos, mas também percorre um trajetória física que a conduz aos quatro cantos do país. A fazê-lo, demonstra que as fontes constituem a matéria-prima imprescindível do bom historiador. Mas sobretudo aproxima a História da vida e do homem. Para avaliar de maneira adequada a contribuição de Priscila, é indispensável imaginar que em cada etapa da pesquisa de campo e dos arquivos, a autora organizava as ideias, as fichas e as informações acumuladas para tentar tirar o maior proveito possível da investida. Ora, a sempre possível incompreensão dos guardiões dos arquivos paira como uma espada de Dâmocles sobre os pesquisadores, assim como a precária preparação para o trabalho de campo pode torná-lo inútil.

Apesar de ser tratado marginalmente nos estudos sobre a repressão ao comunismo e sobre o controle social no Brasil, objetos de vários estudos recentes(8), o tema da repressão às minorias originárias do Eixo constitui um vasto campo ainda a ser explorado. Trabalhos pontuais foram publicados enfocando a realidade estadual ou a micro-realidade municipal (9). Todavia falta uma sistematização e uma abrangência que somente trabalhos que se espelhem no exemplo da tese de Priscila poderão responder. Certamente se trata de uma história dolorosa mas indispensável para a construção da memória nacional.

A tese acadêmica ora apresentada ao grande público reúne grande valor para a historiografia brasileira. Posso não concordar com a utilização de um vocabulário por vezes pouco científico e com conclusões apressadas como, por exemplo, a que identifica a existência de um projeto étnico-político marcado pela xenofobia da política governamental brasileira. Todavia, o mérito do livro consiste em nos fazer entender como o governo autoritário de um pais povoado essencialmente por imigrantes enfrenta o desafio que poderia ter mudado a face das relações internacionais. Imaginando que a distância dos principais palcos de operações militares pudesse também nos manter afastados dos dramas da guerra, as nossas riquezas naturais e a forte presença de contingentes populacionais oriundos do Eixo, jogaram por terra qualquer esperança de neutralidade. O tributo que pagamos para reconquistar a paz deve ser compensado pela construção da memória. As páginas que seguem constituem inconteste contribuição.

(1). Conforme O Brasil e a as grandes potências. Aspectos políticos da rivalidade comercial (1930-1939 e O Brasil e a crise internacional (1930-1945), ambos publicados pela Civilização Brasileira em 1977.

(2). in Autonomia na dependência : a política externa brasileira de 1935 à 1942, Nova Fronteira, 1980.

(3). in Questão nacional e política exterior. Um estudo de caso: formulação da política internacional do Brasil e motivações da FEB, FFLCH-USP, 1989.

(4). Conforme A guerra secreta de Hitler no Brasil : a espionagem alemã e a contra-espionagem aliada no Brasil (1939-1945), Nova Fronteira, 1983.

(5). A primeira publicação da Coleção Teses e Monografias resultante do programa é justamente a dissertação de Mestrado de Priscila sob o titulo O perigo alemão e a repressão policial no Estado Novo, Arquivo do Estado de São Paulo, 1999.

(6). Consultar, por exemplo,CYTRYNOWICZ, R., Guerra sem guerra : a mobilização e o cotidiano em São Paulo durante a Segunda Guerra Mundial, Edusp, 2000.

(7). Cf. Origens do totalitarismo : anti-semitismo, imperialismo e totalitarismo, Cia das Letras, 1989, p. 496.

(8). As obras de Paulo Sérgio Pinheiro e mais recentemente o livro de R. S. Rose, Uma das coisas esquecidas : Getúlio Vargas e controle social no Brasil/ 1930-1954, Cia. das Letras, 2001.

(9) Cf. a obra pioneira de René Gertz no Rio Grande do Sul e as mais recentes de Maria Hoppe Kipper sobre o impacto da política de nacionalização em Santa Cruz do Sul e o interessante livro de SGANZERLA, C., A lei do silêncio : repressão e nacionalização no Estado Novo em Guaporé (1937-1945), Ed. UPF, 2001.

Ricardo Seitenfus

Doutor em Relações Internacionais pelo Institut Universitaire des Hautes Etudes Internationales (Genebra) e autor, entre outras, da obra O Brasil vai à Guerra, São Paulo, Editora Manole, 2003, 3a. edição, 365 p.

Fonte: site da USP
http://www.usp.br/proin/publicacoes/detalhes_publicacoes.php?idLivro=32&idCategoriaLivro=5

domingo, 23 de março de 2014

Sobre o livro "...e a guerra continua", N. Toedter - parte 01

A quem quiser ler mais comentários sobre esse livro, conferir nesta tag os textos anteriores que o Leo escreveu. Mas como nunca havia parado pra ver esse livro com atenção, a primeira constatação negativa e óbvia em relação ao mesmo é que: não possui notas ou indicação de fontes, algo básico prum livro de História.

Todas as citações de fatos históricos etc não possuem fonte e contém pilhas de erros (conceituais, distorções) em virtude do posicionamento ideológico do autor do livro.

Mas, algum "revi" tentando desqualificar a afirmação acima pode chegar e dizer: "Ah, mas isto é um livro de memórias"... bem, as partes de memórias são uma coisa, e são enviesadas com a opinião política do autor, mas a parte que cita episódios/fatos pra se chegar a alguma conclusão não são "memórias", é a isso que me refiro. Faço questão de ressaltar o problema me antecipando antes que algum "revi" venha fazer esse sofisma pra desqualificar a constatação.

Mas prosseguindo, não vai dar pra citar o livro inteiro obviamente (por isso o destaque no título pra "parte 01" pois provavelmente poderá haver uma "parte 02", "03" etc), mas só pra dar uma ideia do tipo de erro que tem no livro a gente separa trechos.

Começamos primeiro por um erro conceitual do autor que mistura ou não distingue a questão da nacionalidade (algo não opcional exceto quando alguém se naturaliza) da questão de ideologia política (que é uma opção, escolha), pois são duas coisas distintas apesar do nazismo ter alimentado a ideia de que nazismo seria o equivalente à "Alemanha" e "alemão" por ser uma ideologia política ultranacionalista xenófoba, um tipo de fascismo com apego desmedido à questão de "etnia" ou como eles chamavam, "raça".

Ao contrário do que o Sr. Toedter afirma no livro, não foi a propaganda contra o nazismo quem "inventou" essa associação, eram os próprios nazis que intencionalmente faziam a "confusão", pois agiam de acordo com a ideologia ultranacionalista que defendiam fazendo essa deturpação e mistura dos conceitos de nacionalidade e ideologia.

Destaco o trecho sobre neonazis/skinheads, páginas 139-140 (da edição do PDF, na edição da página consta como tendo sendo uma página a menos, cada):
Outro elemento importante da campanha é a identidade que conseguiu estabelecer através dos anos entre "nazista" e "alemão"' Mesmo quando acusam algum croata ou ucraniano (eram aliados do Eixo) de alguma coisa que teria acontecido naqueles tempos nunca esquecem o qualificativo de "nazista", por conseguinte "alemão" para o grande público' Sempre existiram os inconformados, os rebeldes, os anarquistas. Sua associação em bandos, formando as temidas "gangues", também é comum. Sempre escolheram símbolos, tais como a caveira ou o diabo, capazes de aterrorizar as pessoas. Pelo mesmo motivo vestem-se ou caracterizam-se de forma diferente. A cabeça raspada lembra a imagem sombria do criminoso (que, quando preso, tinha os cabelos raspados para evitar os piolhos). É claro que estes skin heads hoje em dia se enfeitam com a suástica e dizem ser discípulos de Hitler. É mais do que lógico que busquem se identificar com o inimigo público número 1, e, consequentemente, são classificados e chamados de "neonazistas". Na verdade nada representam de ideológico ou de político, como o são ou foram os movimentos nacional-socialista, fascista, falangista, integralista ou comunista. Mas cada ação destes baderneiros e terroristas é bem vinda á campanha de difamação do alemão.
Vamos aos erros do trecho acima.

1. Como já disse lá acima, quem fazia a associação 'alemão = nazista' eram os próprios nazis tanto que a bandeira adotada na Alemanha nazista foi esta (link2) com a suástica do regime nazista. Então quem estabeleceu o quê, afinal? Querer acusar os outros de terem "criado" o que os próprios nazis fizeram é inversão (distorção), pura e simples.

É outra afirmação falsa quando afirma que quando pessoas acusam outros bandos ultranacionalistas xenófobos de serem nazistas estão associando isso a alemães. A maioria das pessoas sabe diferenciar ideologia política (opção, escolha) de nacionalidade. Curioso ler tanto vitimismo nesses livros "revis" já que é uma acusação recorrente entre "revis" de que judeus fazem uso de vitimismo pra angariar simpatias em torno do Holocausto. Os "revis" partem do pressuposto de que as pessoas não conseguem separar fatos como a segunda guerra, nacionalidade etc. Haja presunção e chute.

A Ucrânia foi "aliada", em termos, dos nazis, como já foi destacado aqui blog (checar a tag Ucrânia), havia grupos fascistas xenófobos na Ucrânia e esses além de declararem um Estado independente na Ucrânia em 1941, foram colaboracionistas dos nazis inclusive na limpeza étnica (genocídio) na Ucrânia exterminando judeus e outras minorias, mas a própria Ucrânia retornaria a ser uma das Repúblicas soviéticas quando os soviéticos retomaram seu controle.

A Ustasha (movimento fascista croata) é retratada aqui (checar todos os links relacionados à Ustasha nesta tag), e não há confusão alguma com alemães. Inclusive o fascismo da Ustasha (que há contestação se era um regime fascista de fato ou nacionalismo de direita) era muito semelhante ao nazismo nas ideias de limpeza étnica que praticou na Croácia independente contra as minorias da Croácia (sérvios, judeus, ciganos etc).

2. Sobre rotularem grupos como neonazistas e a afirmação de que "nada representam de ideológico ou de político", é outra afirmação falsa ou vazia pois sim, eles representam algo ideológico e político, mesmo que seja possível afirmar que vários deles são completamente débeis até pros padrões políticos daquilo que supostamente defendem.

Pegando o caso brasileiro já que é um dos mais bizarros, mas não o único caso bizarro, muitos neonazis brasileiros repetem ideias de "superioridade racial" e se dizem nazistas ignorando que o nazismo original era só pra alemães (ou alemães étnicos) sem fazer qualquer adaptação ao país, já que muitos destes nem descendentes de alemães são e usam essa simbologia do nazismo original (alemão) sendo que vários se encaixariam em grupos que os nazis originais sentiriam certo desprezo como descendentes de portugueses, espanhóis, italianos etc, apesar da aliança entre Alemanha nazi e Itália fascista, os nazis nunca nutriram simpatias abertas pela Itália. Destaco o grupo dos portugueses e italianos pois são os maiores grupos étnicos europeus no Brasil, e o português o maior e com presença desde a primeira colonização do país sem interrupção.

A ideia de "supremacia branca" não é original do nazismo, já era uma ideia disseminada na própria Europa pra justificar a ideia de "supremacia europeia" com seus colonialismos praticados por vários países (Portugal, Espanha, Inglaterra, França etc) em várias regiões (continente americano, asiático, oriente médio, África), só que essas ideias racistas que surgiram na Europa logo conseguiram criar outras subdivisões racistas ou classificações hierárquicas de "raças" mesmo entre povos europeus, por isso que muita gente cria confusão com essas ideias (furadas, por sinal) que eram tidas como algo absoluto em outros tempos quando surgiram e foram disseminadas pela imprensa, ciência etc.

Nessas subdivisões do racismo europeu surge uma corrente chamada "nordicismo" que é mais ou menos de onde vem a ideia de "supremacia ariana" que os nazis adotaram e defenderam como ideário/meta biológica a se atingir em relação ao tipo nórdico da Escandinávia (loiro, de olho azul etc). Isso não quer dizer que outros países europeus não fossem bastante racistas e que não tivessem seus próprios "conceitos racistas" adequados a seus biotipos ou estereótipos (é mais um dos absurdos das crenças racistas, elas conseguem ser destrutivas entre si). Um exemplo claro disso (puxando mais pro século XX, mas a ideia é bem anterior a esse século) é o do programa "racial" do Partido Fascista italiano pois há o mito de que os demais fascismos não eram racistas, confiram o link: Italian Fascism and racism.

3. Não entendo o porquê da cisma das pessoas com o termo "neo", parece que não sabem o que significa: "neo" nada mais é, ou quer dizer, "novo". Todo movimento com roupagem ou características políticas do nazismo no pós-segunda guerra é geralmente chamado de neonazista (que literalmente seria "novo nazismo"). Embora as diferenças entre neofascismo e neonazismo na Europa atual sejam cada vez mais tênues (e ambos são fascismos).

O autor faz uma mera confusão semântica pra negar a natureza desses bandos, que na maioria absoluta dos casos não se denominam neonazis ou nazis e sim "nacional-socialistas" pois nazistas em geral têm cisma com o termo "nazi" (acham-no que ofensivo) mas não têm cisma com o termo "nacional-socialista".

4. Mais um adendo à questão das gangues de skinheads de direita (neonazis) pois a afirmação acima do livro diz que "nada representam politicamente ou ideologicamente", pois bem, pelo visto o autor do livro não é muito informado sobre o próprio movimento nazista e seu início com suas SA (Sturmabteilung), milícia nazista comandada por Ernst Röhm, que era homossexual e que chegou a rivalizar com Hitler porque queria uma revolução nazi total e radical na Alemanha (fonte: livro Hitler, Joachim Fest) e como o 'cabo Adolfo' queria consolidar o poder com a elite alemã e as forças armadas, por esta razão Röhm foi assassinado no episódio que ficou conhecido como Noite dos Longos Punhais e as SA dissolvidas com a SS tomando seu lugar em definitivo como organização paramilitar (milícia) do partido nazi.

As SA hoje seria algo bem parecido com esses grupos de neonazis carecas tocando o terror (fazendo baderna) pois era exatamente isso que elas faziam na ascensão do partido nazista na Alemanha pra intimidar os partidos rivais. A diferença daquela época pros dias atuais é que hoje não possuem um líder ou partido político com força de aglutinar esse terrorismo intencional deles pra tirar dividendos políticos como Hitler fez, mas representam sim algo ideológico e político não muito diferente das SA originais.

Curioso é que a literatura "consumida" por essas gangues são justamente publicações de extrema-direita.
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Destaco mais outro trecho, página 139 (edição digital):
Hollywood produziu neste meio século um sem-número de filmes sobre a IIa Guerra Mundial, na maioria despretensiosos, mas sempre mostrando o alemão abobalhado, desengonçado, brutal, maldoso' Em síntese: o mau. É um filão que fascinou cineastas também de outros países. No Brasil o filme "Aleluia, Gretchen" deu aos nazistas tupiniquins o perfil e colorido ditado pela Meca do cinema mundial. Mas isto foi apenas "pára-quedismo". Embarcaram na onda. Foram outros os celulóides que formaram o poderoso núcleo desta campanha de pós-guerra.

Uma rede de televisão brasileira vem repetindo ano a ano a apresentação da série "Holocausto". Outro cavalo de batalha é a "Lista
de Schindler".
1. Novamente a "confusão" entre nacionalidade (no caso a nacionalidade alemã) com ideologia política (nazismo), causada pelo próprio nazismo. E pra variar, mais vitimismo, como se as pessoas não soubessem distinguir uma coisa da outra. Pode ser (ou muito provável que tenha ocorrido) que no pós-segunda guerra, pela memória fresca da guerra e as feridas abertas recentes, o povo de fato não fizesse questão de diferenciar uma coisa da outra pois a imagem do nazismo com a Alemanha ficou muito marcada, mas afirmar isso hoje em dia depois da reunificação da Alemanha e um monte de mudanças no mundo (queda da União Soviética, do Muro de Berlim etc) é uma bobagem sem tamanho.

2. Eu nunca assisti essa minissérie "Holocausto" na TV aberta, não lembro que rede de TV do Brasil exibiu isso, se exibiu. Não estou duvidando que possam ter exibido, mas exibir ano após ano? Fatalmente eu e muita gente teria assistido e simplesmente não lembro dessa série (e tenho boa memória), que só assisti (pulando partes, pois não gosto desse tipo de produção) graças à internet pois ela está fora de catálogo. Lembro que ela chegou a ser exibida em algum canal por assinatura, mas eu não cheguei a assistir aí também.

Por ironia pura, pois acho engraçado quando fazem essas afirmações vitimistas sobre filmes, eu demorei pra assistir o filme "A Lista de Schindler", e não lembro de ter visto mais que duas vezes. Também não vejo a TV brasileira (canais abertos) passando mais filmes de segunda guerra ou sobre o Holocausto (será que "nazistificaram" as TVs do Brasil? rs). Como também não passam mais muitos filmes sobre a Guerra Fria ou documentários sobre as ditaduras brasileiras ou mesmo políticos e históricos.

Por sinal, eu tenho certa cisma com esse filme do Spielberg e há várias críticas (link1, link2, link3) sobre como o Schindler é retratado no filme (em detrimento do Schindler real). Não gosto do Spielberg fazendo filme de drama, o melhor filme sobre o Holocausto que eu vi se chama O Pianista, do Roman Polanski, que é um filme europeu (com uma visão mais europeia da guerra) e não norte-americano. Há um documentário não novo sobre o Schindler que aponta as distorções feitas no filme (sobre o caráter dele), não sei se é este, mas vale a pena assistir (não se trata de documentário "revisionista").
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Mais outro trecho (página 141, edição digital):
Há que se perguntar: filmes como "Holocausto', não incitam à discriminação e ao preconceito de etnias? Quanto não sofrem crianças até hoje no seu cotidiano nas escolas brasileiras só porque tem cara ou nome de alemão?
1. Filme "Holocausto" não existe, fiz até post sobre isso. Mas não vou ser chato (pegar "tanto" no pé) e posso admitir que ele queria se referir à minissérie "Holocausto".

2. Não, minisséries como "Holocausto" não incitam discriminação e preconceito a etnias, afirmar isso é choradeira. Essa é uma afirmação que beira a idiotice. Eu queria entender o que se passa na cabeça de uma pessoa pra achar que uma pessoa só por ter sobrenome alemão hoje em dia seria discriminado por isso no Brasil. A afirmação é decorrente de algum trauma de guerra? É bastante provável, mas até trauma tem cura, já faz décadas da guerra e muita gente que passou por ela não ostenta esse pensamento paranoico.

Há sim relatos de perseguição a descendentes de alemães (italianos e japoneses) no Brasil no período varguista, alguns foram presos em campos de concentração do Estado Novo como inimigos do Estado (brasileiro) pois o governo getulista considerava que alguns poderiam ser quinta-coluna operando pra Estados inimigos (da trinca do Eixo, Japão, Itália e Alemanha), principalmente quando o Brasil rompeu relações diplomáticas com o eixo em 1942. O resto da afirmativa (até porque não entra em detalhes, quem detalhou fui eu) é vitimismo e retórica que carece de fundamento.
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Outro trecho, página 143 (edição digital):
Toda boa campanha tem que ter símbolos, bandeiras. Uma destas bandeiras é o "Diário de Anne Frank". É, certamente, e apesar de ter sua autenticidade contestada, um dos livros mais promovidos do mundo, senão o mais promovido, considerando os cinquenta anos que é mantido nas prateleiras. Não o li, nem pretendo fazê-lo, mas pergunto: Não existiram centenas de milhares de crianças vítimas de tragédias? Por que não há um livro duma Marianne Müller, que tenha sobrevivido ao horror dum bombardeio, assistindo seus pais sucumbirem no fogo qual tochas humanas? Ou duma Annemarie qualquer relatando os sofrimentos de quem viu a família dizimada em outra cena de terror na qual o causador não tenha sido exatamente um alemão? Se tivessem sido escritos, talvez não teriam sido editados. se editados, teriam sido esquecidos no fundo das prateleiras.
1. Eis o primeiro trecho de fato abertamente negacionista (dos retratados acima). O autor não leu o diário, conforme cita. Mas pior que isso, não leu ou se leu não citou que tipo de "contestação" (e quem a faz) que é feita diário, bem como as críticas a este grupo que "contesta" e as refutações aos mesmos. Podem ler os links relativos a essa discussão aqui e aqui (já publicado no blog, clicar na tag do diário).

2. O resto do trecho é uma tentativa de inversão ridícula ignorando quem foi a parte agressora do evento segunda guerra (o regime nazista e sua ideologia de expansão territorial, genocídio etc) como se a Alemanha tivesse sido vítima dessa guerra e não a parte agressora. Ao afirmar isso não estou afirmando que há santos em guerra, só que agressores existem sim (responsáveis), é como alguém negar que os Estados Unidos tenham sido agressores na invasão do Iraque em 2003 que dura até hoje (2014), 11 anos praticamente.

Civis são vítimas de uma guerra, mas a parte agressora costuma ser responsabilizada pelo conflito, não é "privilégio" (entre aspas) da Alemanha vide a Guerra do Paraguai e a quem recai a culpa pelas mazelas do conflito (o Brasil). Eu não vejo nenhum brasileiro por aí ficar de choro com isso.

Por que não se tem diários de "Marianne Müller"? Será que por que nenhuma Marianne Müller escreveu um diário? (rs). E supondo que alguma tivesse escrito, vai ver ela não possui essa ideia vitimista que o autor do livro acima repassa, além da posição dele no livro ser uma posição pessoal e não coletiva, calcada num forte apego étnico?

Mas vem uma pergunta disso: por que tem que haver um diário de uma garota alemã por que existe um diário conhecido de uma garota judia holandesa morta em campos de concentração decorrente da política racista dos nazis? Qual a lógica dessa afirmação afinal? Não se sabia que um diário de uma garota judia holandesa iria fazer tanto sucesso editorial como esse diário fez. O Sr. Toedter parte de um pressuposto determinista como se as coisas tivessem sido preconcebidas de forma "mágica" (algo fantasioso e crendice pura) como se se pudesse determinar o que fará ou não sucesso, deve ter alguma bola de cristal. O acaso não existe mais, tudo está "determinado", a gente já "sabe" até o que fará sucesso amanhã, hoje e sempre (conteúdo irônico, mas a ironia é em cima desse determinismo fantasioso que critiquei acima).

O diário citado poderia ter ficado obscuro e sem sucesso algum, nunca pensou nessa possibilidade? Não existe uma explicação ou fórmula pra saber porque livro "x" faz mais sucesso e outros não, por que Paulo Coelho vende muito e Servantes não?

É provável que por ser uma garota com idade "x", com certo carisma, tenha causado uma empatia com o público geral com este fato. E não só existe esse diário, caso recente também de repercussão é esse diário da garota paquistanesa Malala ("Eu sou Malala"). Não é o tipo de leitura que me agrada, mas esse fatalismo do trecho acima é tétrico. "Teriam sido esquecidos", "não tenham sido editados", quanto drama, quanto achismo, quanto chute. Opinião não é História (é o caso desse livro "revisionista" citado no post pra análise), opinião é só opinião mesmo, não quer dizer que algo por ser opinião seja algo correto.
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Vou ficando por aqui nessa primeira parte, mas já deu pra ver o 'nível' do texto... é tanto erro, é tanta coisa que é visivelmente banal, é tanta coisa citada sem fonte alguma que eu ia começar falando das partes sobre a Áustria (da rivalidade que havia entre Áustria católica e Alemanha de maioria protestante, fora outras questões da Unificação da Alemanha no século XIX) mas acabei começando pelas partes acima só pra mostrar o "tipo" de texto do livro.

Como sempre faço, eu sempre leio depois o texto do post, pois não fiz correção. Por isso costumo acrescentar links se achar que faltou algo ou mesmo corrigir alguma parte. Gostaria de fazer algo mais elaborado, mas paciência, escrever em cima de coisas (afirmações) nitidamente tolas é dose (algo bem chato). É isso que os ditos "revisionistas" repassam como "grande contestação" do genocídio da Segunda Guerra, sobre o nazismo etc em português.

P.S. importante, mas já comentei antes mas faço questão de repetir: eu não uso fakes pra comentar em blogs "revis". Por que digo isso? Porque há vários fakes comentando em blogs "revis" e que alguns desses "revis" os deixam comentando pra ter com quem "discutir". Algo bem óbvio que qualquer pessoa nota logo de cara, além das insinuações que os fakes possam ser das pessoas que têm posição contrária a deles. A questão é que não uso fake pra discutir, é só ver o post acima. Inclusive já indiquei o RODOH (fórum) como local de discussão se quisessem e nada. Além deu achar imbecis os comentários de vários desses fakes e uma atitude idiota da parte dessas pessoas pois demonstram ter um medo profundo desses "revis", senão não usariam fakes pra discutir (quando não, xingar). E digo isso porque parte desses blogs têm moderação de comentários, ou seja, o moderador do blog tem como aprovar ou rejeitar um comentário, se deixa passar é porque quis. Mas não deixa de ser engraçado eles deixarem passar isso, pois se de fato se sentissem tão "irritados", como alegam, com esses comentários, por que deixam os comentários passarem já que são de fakes? Patético.

sábado, 22 de março de 2014

Von Rundstedt, o Marechal profissional

Von Rundstedt em Nuremberg
Gerd Von Rundstedt é um desses oficiais prussianos, mestres da blitzkrieg, daqueles que admiramos da Wehrmacht e quiseram atribuir a etiqueta de "apolítico", que no fundo depreciava esses adventícios nazis. Em que pese que ele foi um dos comandantes com maior sucesso nas ofensivas sobre a Polônia, França e o início da Barbarossa. Ele é um dos oficiais que foi retirado do comando em dezembro de 1941, por se opor às ideias de Hitler de defesa até a morte, assim que a partir daqui se supõe que é um oficial "apolítico" e que não obedece cegamente ao Führer.
Comando Supremo

Quartel General

Grupo de Exércitos Sul

24 de setembro de 1941.

Ic/AO (Abw. III)

Ref: Combatendo elementos anti-Reich.

A investigação e o combate contra os elementos inimigos do Reich (comunistas, judeus e seus simpatizantes) na medida em que não tenham se incorporado ao exército inimigo, são só de responsabilidade dos Sonderkommandos, da Polícia de Segurança e do SD nas áreas ocupadas. Os Sonderkommandos têm a responsabilidade exclusiva para tomar as medidas necessárias para seus fins.

As ações sem autorização por parte de membros individuais da Wehrmacht, ou a participação de membros da Wehrmacht nos excessos da população ucraniana contra os judeus estão proibidas, assim como o ato de contemplar ou fotografar as ações dos Sonderkommandos.

Esta proibição deve ser comunicada a membros de todas as unidades. Os superiores de todos os rangos são responsáveis de se assegurar que se cumpra esta proibição. No caso que se viole esta ordem, a causa será examinada para determinar se o superior não cumpriu com seu dever de fazer cumprir esta ordem. Se em caso positivo, será castigado severamente.

(Assinado) Von Rundstedt.
The Good Old Days. The Holocaust as Seen by Its Perpetrators and Bystanders. Klee, E; Dressen, W; e Riess, V., editores. (traduzido do alemão por Deborah Burnstone). Konecky e Konecky Old Saybrook, 1991. pág. 116. Referência de arquivo pág. 285 NOKW-541.

Haverá quem seja capaz de ler nesta ordem algo "apolítico". Já é mais duvidoso que se siga dizendo que as matanças dos Einsatzgruppen não ocorriam à vista de todos, e que não havia pessoal na Werhmacht que gostava de olhar... e inclusive participar nos massacres por iniciativa própria, até o ponto do mesmíssimo comandante do Grupo de Exércitos ordenar que oficiais e suboficiais sejam impedidos de fazer isso. Porque em caso contrário ele lhes culpará.

O VI Exército de Von Reichenau estava sob seu comando quando emitiu sua famosa ordem de 10 de outubro, que Von Rundstedt distribuiu ao resto das tropas sob seu comando em 17 de outubro. Pelo visto, pode-se ser apolítico ao mesmo tempo em que se justifica e "compreende" o assassinato de civis suspeitos de ser comunistas ou judeus, ou bem simpatizar com eles. Sempre e quando não se comprometa a disciplina das unidades.

Foto Wikipedia.

Fonte: blog antirrevisionismo (Espanha)
http://antirrevisionismo.wordpress.com/2011/08/29/von-rundstedt-mariscal-profesional/
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Ordem de von Rundstedt - As ações da Wehrmacht e dos Einsatzgruppen: A luta contra elementos hostis ao Reich (blog Avidanofront)

quinta-feira, 20 de março de 2014

Documentos sobre os fascistas ucranianos (em russo)

Antes que eu perca de novo o link, pra deixar registrado caso dê pra traduzir alguma coisa depois (algum dia), consegui encontrar o link do MRE russo. Então segue abaixo o link do MRE da Rússia com os documentos sobre os fascistas ucranianos colaboracionistas dos nazistas na segunda guerra mundial. Obviamente os textos estão em russo. Pra quem quiser ler sobre o que se trata, a matéria saiu aqui: Publicados documentos sobre colaboração de nacionalistas ucranianos com Alemanha nazista (post do blog Avidanofront, não deixem de visitar).


ATIVIDADES do UPA**. A partir dos documentos da NKVD-MGB. Desclassificado EM 2008. Gráficos escritos reproduzidos sem alteração

Link com os documentos: http://www.idd.mid.ru/inf/inf_01.html

UPA: sigla de Exército Insurgente da Ucrânia
Em inglês. Ver mais em português OUN-UPA

**OUN: Organização dos Nacionalistas Ucranianos
em inglês Organization of Ukrainian Nationalists.

Talvez não seja ou fosse o melhor momento de soltar isso (poderiam ter solto antes), mas é melhor que toda a documentação que não foi publicada relativa à segunda guerra seja publicada (torne-se publica) a ficar guardada em arquivos.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Os conflitos do Oriente Médio e os "revisionistas"

Iria elaborar um post melhor sobre a questão, mas se a gente deixa pra depois acaba simplesmente esquecendo e não fazendo post algum, então é melhor qualquer texto que nenhum. Graças a essa discussão neste post lembrei que há muito tempo queria fazer um post sobre essa questão do Oriente Médio e sempre esquecia ou deixava de lado pois adquiri certo "trauma" do clima de briga que presenciei sobre isso no Orkut.

Uma questão que sempre provocou problemas com a questão do combate ao negacionismo é o atrelamento proposital que os "revis" (abreviação pra "revisionistas") fazem com os conflitos no Oriente Médio, mais precisamente o conflito israelense-palestino. E também a postura que o grupo ou pessoas pró-Israel na rede causam em relação a essa questão do conflito, com um discurso fechado ao extremo enchendo o saco com esse assunto ou apenas repetindo agenda política. Detalho mais abaixo.

Eu comentei em outros posts ou comentários que minha posição sobre o conflito era a mesma que o Roberto Muehlenkamp, quando fez um comentário de forma clara e precisa sobre isso aqui, num post sobre uma proposta de debate aberto sobre o Holocausto e o pessoal do "revisionismo", na ocasião os "revis" de Portugal. Destaco o trecho a que me refiro que foi no ano daquele bombardeio de Gaza que começou na virada de 2008 pra 2009 e todo mês de janeiro de 2009:
Quanto aos "sionistas", não me dizem nada em absoluto. Até mais, acho que muitos dos actuais problemas de Israel e do Meio Oriente resultam de políticas e atitudes que podem ser consideradas como frutos do sionismo, incluindo o desrespeito pela vida e propriedade dos cidadãos árabes, recentemente manifestada nas operações militares contra a faixa de Gaza que foram em grande parte uma matança indiscriminada de civis palestinianos. Ao contrário do que o "Johnny" e outras cabeças ocas parecem pensar, não é preciso ser apoiante de Israel ou do sionismo para detestar as mentiras "revisionistas" sobre aquilo que os nazis fizeram – a milhões de judeus e a um número ainda mais elevado de não judeus, como tenho salientado em vários artigos publicados neste blogue – durante a Segunda Guerra Mundial.

Também não é preciso, já agora, ser comunista o apoiante incondicional das políticas e acções dos americanos, dos britânicos ou de outros opositores dos nazis antes, durante ou depois da Segunda Guerra. Embora esta ideia não pareça caber nas cabecinhas pequenas de gente como o "Johnny", é possível condenar todos os crimes e actos desumanos alguma vez cometidos contra pessoas indefesas e inocentes, independentemente de quem eram as vítimas e os carrascos. É possível condenar as atrocidades nazis sem deixar de condenar os bombardeamentos aliados de Hamburgo, Dresden, Tóquio e Hiroshima, as "purgas" e os campos de trabalho estalinistas e as matanças cometidas por tropas americanas durante a Guerra do Vietname, entre tantos outros crimes de guerra ou contra a humanidade.
Infelizmente, acho que cheguei a comentar com ele sobre o clima de polarização política que rola no Brasil, e o quanto isso está afetando a liberdade de discussão na web no Brasil, há uma judicialização da web no país, além de não existir uma cultura de debate livre fruto provavelmente do rescaldo de cultura autoritária que herdamos há décadas ou séculos. O período mais longo de democracia que vivemos é o atual (de 1985 pra cá). Quem já viu os excessos e patifarias cometidos no Orkut (que passaram pro Facebook, só que de forma dispersa), entende o que digo. Tudo isto junto acaba inviabilizando uma discussão livre como acontece, por exemplo, no Rodoh ou no Holocaust Controversies (blog).

Diga-se de passagem que essa acentuação ou radicalização na rede piorou consideravelmente com a ascensão dessas "redes sociais" (Orkut, Facebook, Twitter), sempre houve trolls e gente imbecil na rede mas não havia a massificação que essas redes criaram por simplesmente não criarem regras (ou não cumprirem o que elas mesmas elaboram) ou coibir excessos. Se alguém acha que isso é um absurdo, na rede pra haver debate tem que haver um mínimo de regra e moderação senão os trolls "tomam conta" de tudo e vandalizam. A postura liberticida dos "liberais extremados" acabam fomentando restrições à própria liberdade (é uma contradição do discurso deles, que eles não sabem lidar).

Voltando à questão dos conflitos no Oriente Médio, que é a razão do post, uma palavra ou recurso retórico usual dos "revis" é chamar todo mundo que discorda deles de "sionista" pra tirar o deles da reta, ou por escrotice/malícia ou porque não conseguem sair desse reducionismo conspiratório em que vivem seguindo a risca a cartilha dos "Protocolos dos Sábios de Sião" e a ideia paranoica da "grande conspiração" global maçônica-sionista-judaica-illuminati, da NOM (Nova Ordem Mundial, boo!) e o diabo a quatro. Listarei alguns pontos abaixo pra chatear esse pessoal que "adora" "discutir" esse conflito, mas é bom deixar isso registrado pois toda vez que vierem encher o saco com esses chavões retóricos vou passar na cara o link desse post:
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1. Eu não aprovo e não apoio a ocupação israelense em territórios palestinos. Acredito que todos do blog tenham a mesma posição.

2. Eu sei o que se passa na área do conflito (ou conflitos), se bobear, até mais do que as pessoas que vêm encher o saco com esse assunto achando que vão me levar no "papo" (me fazer "engolir" agenda política, "convencer"), ou tentar me "sensibilizar" com panfletagem ou chantagem emocional, rechaço esse comportamento pra valer pois considero uma postura podre, desonesta ou fanática.

2.1 E como se aprende sobre um assunto? Parece algo óbvio pra muitos (pra mim sempre foi) mas tem gente que de fato não entende ou finge não entender e acha um absurdo isso que vou comentar, acha absurdo porque não quer ler. Aprende-se lendo, ponto.

2.2 Lê-se algo sério e não publicações distorcidas, caso queira aprender. Se quer ficar repetindo panfleto, tem muita porcaria espalhada na rede pra todos os "gostos". A pessoa deve se informar (ver todos os pontos de vista possíveis, fontes etc) em vez de ficar repetindo como papagaio texto pronto que leu em algum site político enviesado ao extremo. Quando me encheram o saco com esse assunto, que não tomava como algo relevante (no comentário mais abaixo comentarei porque eu acho isso), fui ler pra entender sobre o que se passava pra ter uma posição, mas não foi algo de imediato. Não formei opinião de imediato e posição idem, foi gradativo, à medida que eu via o radicalismo de um dos lados e distorções que eu não aprovo, e não tinha obrigação alguma de chamar a atenção dessas pessoas pra esse tipo de postura (que distorciam), até porque não eram pessoas que levavam muito em conta a opinião de terceiros (a não ser quando se tratava de idiotas), pelo motivo de que entendo que quem quer tomar "defesa" de algo tem que fazer de forma séria, se as pessoas acham que vão levar todo mundo no papo enfiando agenda política, quebram a cara e se isolam. Posso comentar depois como fui mudando minha visão do conflito, começou com o bombardeio do Líbano, acho que em 2006 e culminando com o bombardeio de Gaza em 2009. Minha saturação com o discurso oficial de Israel sobre o conflito se encerra aí.

2.3 Portanto, não é necessário que venham "iluminados" pra dizer a mim ou a mais gente sobre o que se passa naquela região do conflito, é sempre irritante quando aparece alguém que acha que eu e os demais não temos a mínima ideia do que se passa naquela região, nós temos. A gente sabe do que se passa no mundo, não estamos alheios a isso, apenas o assunto do blog é restrito, temático. Quem quiser bancar a "polícia do mundo", fique à vontade mas não conte comigo.

3. Eu não sinto adoração ou idolatria pelo Oriente Médio. Pelo contrário, eu não gosto de fato (pra não dizer que detesto) da mistura de religião e Estado que existe naquela região do planeta (Israel incluso) pois considero isso uma motivação sectária extra (e extremamente letal) pros conflitos territoriais daquela região. Não sinto fascínio por essa região do planeta e não adianta (quem for fascinado) tentar me convencer do contrário.

Por que digo isso? Porque tem muito brasileiro deslumbrado (algo abundante no país) que vive sonhando com as 1001 noites do Oriente fantasiando aquela região (idealização infantil), ou idealizando o mundo inteiro com o famoso complexo de vira-latas, quando não com o lado árabe, persa (dos Estados de maioria árabe, persa etc), começam a fantasiar o lado israelense. Já adianto logo que não vejo nada de excepcional naquela região. E quando digo nada, é nada mesmo, literalmente. Se você que lê acha aquilo máximo? Bom pra você, mas 'sinto' por não compartilhar dessa "visão". Palácio com torneira de ouro, mitificação sobre exército israelense etc, acho um saco e como disse acima, fantasias, mitificação, idolatria, não dá (a não ser que queiram derreter as torneiras de ouro e mandá-las pra mim...).

4. Há uma crítica do lado pró-palestino e também de alguns "revis", mas não precisa ser parte de nenhum dos dois pra constatar que isso existe, de que há um lado radical pró-Israel que fica repetindo agenda política externa israelense, com pontos já batidos (que a maioria das pessoas não levam a sério) a respeito do conflito em questão. Essas pessoas radicais do lado pró-Israel simplesmente ignoram o que se passa no conflito de fato e só enxergam a coisa pela ótica ideológica que tomam pra si como verdade absoluta (do conflito do Oriente). É o famoso bitolado político, "é isso, isso e pronto" e "não tem papo".

É extremamente ridículo quando alguém vem repetir esse bla bla bla no meio de uma discussão com "revis", pois eles acabam desviando o assunto do negacionismo pra conflito do Oriente Médio (é uma saída discursiva que eles estão usando com frequência em virtude da desmoralização do dito "revisionismo" do Holocausto) e posando de "humanistas" ou "defensores dos oprimidos", e o pessoal que nutre uma idolatria pelo lado israelense ao invés de cortar a coisa, alimenta ainda mais essa paranoia ou retórica deles (pois no geral costumam tomar toco dos "revis" quando discutem isso).

Por que comento isso? Se alguém vir alguma discussão sobre esse conflito entenderá a razão, parecem duas torcidas organizadas de times de futebol rivais discutindo (refiro-me ao caso brasileiro mas não fica restrito só aqui), "filosofando" coisas que não chegarão a lugar algum pois o Brasil não tem peso político nessa questão e nem eles, apesar das distorções políticas feitas por alguns como quando acusaram o governo brasileiro disso e daquilo como no caso do Irã ignorando que a postura do governo brasileiro historicamente se dá em virtude da posição política dos Estados Unidos e nunca de Israel, Irã etc. Se algum país do Oriente Médio achou que estava levando o governo brasileiro no papo, quebraram a cara ou subestimam muito a visão da diplomacia brasileira nisso.

Se algum crítico de Israel acha que o comentário acima é um elogio ou "pegar leve", é porque nunca viram alguém que idolatra o lado israelense quando se comenta isso, alguns ou vários não gostaram quando comentei isso, porque acham que porque eles acham que país tal é muito importante que o mundo inteiro acha isso (parece até que concordam com antissemitas quando colocam Israel no centro de tudo, isso é que é bizarro).

Parece que não entra na cabeça dessas pessoas que Israel ou os demais países do Oriente Médio não têm uma importância política significativa pro Brasil. Isso é um fato, quer ignorar isso? Fiquem a vontade, cada um acredita o que quiser, mas é isso que ocorre. É menosprezo dizer isso? De forma alguma, só que alguém precisa citar as coisas como são e não como querem que sejam por conta de algum ego desmedido ou idolatria, por mais que A, B ou C não goste disso.

5. Há muitos fascistas ou radicais de direita de lado a lado (do lado pró-palestino e do lado pró-israelense no Brasil), com retórica "pronta" (conspiracionista geralmente, mas há vários tipos de "pensamentos conspiratórios", geralmente paranoico) e que obviamente eu não bico com o discurso de nenhum dos lados por questões humanistas e ideológicas. Não é porque um fascista ou radical de direita não é antissemita que passe a ser uma "coisinha agradável", se é pra você, problema seu, pra mim não é. Na minha ótica um extremista de qualquer tintura (geralmente liberais) é tão ruim quanto o fascista ou radical de direita tradicional (adepto do fascismo histórico).

6. De uns tempos pra cá, pelo próprio descrédito que o "revisionismo" (negacionismo) do Holocausto adquiriu, muitos "revis" têm tentando desviar o foco da discussão pro conflito (ou conflitos) do Oriente Médio, como o próprio Mark Weber chegou a comentar sobre a "relevância" do "revisionismo" (leiam quem é o Mark Weber, um dos "gurus" do credo "revi"). Aqui o texto dele de 2009 sobre isso: How Relevant is Holocaust Revisionism? By Mark Weber (7 de janeiro de 2009).

E aí cabe citar um comentário que o Daniel (do blog Avidanofront) fez uma vez que é pertinente e explica e resume bem o que se passa: enquanto a discussão sobre o Holocausto é algo bem definido, sabe-se quais os grupos que pregam isso etc, fora o descrédito do discurso deles, a discussão sobre o conflito no Oriente Médio, com destaque pro conflito israelense-palestino, é uma discussão em aberto, onde o lado israelense está em desvantagem total por motivos óbvios: a força ocupante sempre costuma 'apanhar' na denúncia do caso, se não quer ser denunciado, acabe com a ocupação. Se quer manter a ocupação a todo custo, então aguente o ônus político da coisa, simples assim. Abusos semanais ocorrem na região do conflito fruto desta ocupação, o que torna o assunto praticamente "ilimitado" como manchete de jornal (por conta da duração do conflito), fora as denúncias de peso feitas por intelectuais dos EUA, Europa e também de Israel.

7. Nem todo mundo que odeia o "revisionismo" é apoiador da política israelense, como de forma falsa os "revis" costumam acusar de forma apelativa por não ter mais como impôr a "cartilha" deles com o negacionismo. Mas aproveitando a questão, que fique claro também pro outro lado da peleja a não achar que o extremo oposto ocorre, que pelo fato de alguém ser contra o negacionismo que isto significa que a pessoa apoia a política israelense etc. E não venha alguém dizer que isso não ocorre pois vi dezenas de vezes isso no Orkut, ninguém me contou, eu vi. É uma visão binária ("pensamento binário", ou certo ou errado, sem meio termo, tudo absoluto, "ou tá comigo, ou contra mim") do problema e não algo sensato e real. Ninguém é obrigado a apoiar Israel por conta do combate ao negacionismo.

8. Já ia me esquecendo e esse ponto é muito importante. Há no Brasil um apoio religioso de algumas denominações religiosas (em geral evangélicas), com Israel, por questões meramente de crenças, e geralmente algo importado dos Estados Unidos. Por que comento isso? Porque já tive o desprazer de ser importunado porque um fanático qualquer desses acha que eu devo concordar com esse pensamento paranoide apocalíptico deles desrespeitando as convicções políticas alheias, isso quando perguntam, no geral já chegam despejando uma pilha de bobagens sem nem saber o que você pensa disso. Eu não sou evangélico,sou batizado no catolicismo e estudei em colégio jesuíta, sendo que não me importo com religião. Resumindo algo óbvio: eu ou qualquer pessoa não somos obrigados a compartilhar com crença de denominação A, B ou C e ponto. Ninguém é obrigado a compartilhar de crença porque algum fanático religioso afobado (porque não tem convicção no que acredita) fica enchendo o saco de terceiros com imposição de doutrina religiosa. O Estado brasileiro é laico (não possui religião oficial) e nenhum brasileiro é obrigado a concordar ou seguir religião A, B ou C. Respeitar é uma coisa, concordar é outra bem diferente.

Daqui por diante não vou mais numerar nada no texto.

Alguém já deve ter lido a acusação ou afirmação, "ah, mas antissionistas são antissemitas" e bla bla bla. É algo que a gente costuma ler muito, quer seja dum lado usando essa retórica reducionista pra intimidar, quer do lado dos "revis" usando a mesma desculpa pra tirar o deles da reta. Eis mais outro problema que esses reducionismos causam.

Há sim antissionistas que são antissionistas por serem antissemitas, o exemplo mais escancarado é o dos "revis", os "revis" são antissionistas por antissemitismo, só que isso não é uma regra, há antissionistas (anti-nacionalistas) que odeiam nacionalismos radicais e xenofobia, que são críticos à política de Israel e não são antissemitas.

Se a partir do que foi dito alguém quiser dar piti, à vontade, só que acho que fui claro sobre o que penso dessa peleja do Oriente. Pelo menos é o que consegui lembrar no momento. Caso alguém queira fazer algum acréscimo é só usar a parte de comentários, mas acho que fui claro sobre o que penso a respeito desse conflito e dos demais que ocorrem nesta região do planeta.

Espero que um dia haja paz ali entre palestinos e israelenses mas sou bem cético quanto a esse ponto, a menos que o governo israelense ceda e decida acabar com isso, ou os Estados Unidos parem de chancelar a postura israelense, os desdobramentos sobre esse conflito não são lá muito animadores. Também não acredito na esquerda israelense, que demonstra ser uma nulidade (quando não é um problema) na resolução disso.

Finalizando

Pelos motivos listados acima, o blog não aborda o(s) conflito(s) no Oriente Médio, exceto quando algo tem realmente a ver com a questão de negacionismo.

Se alguém duvidar do grau de baixaria e comportamento paranóide com o assunto, adiantando que não compartilho da posição ideológica e nem da maioria das opiniões da pessoa (jornalista) do link (pra não dizer que discordo de quase tudo, o sujeito é de direita e meio sectário com a esquerda, sendo que sou de esquerda), mas por achar que seja um democrata (espero), colocarei o link. Como dizia, nem ele, que gosta do assunto mencionado, aguentou as brigas que eu mencionei (clique neste link pra ver). Da última vez que havia visto os comentários estavam no post.

Agora, imaginem a sensação de quem não sente qualquer fascínio pelo Oriente Médio ter que aturar alguém delirando/surtando com esse assunto vindo agredir, xingar etc... e o pior é que as pessoas "fascinadas" com este assunto acham que todo mundo compartilha do mesmo "fascínio", por isso que criam tanto problema ao não levar em conta a posição da maioria das pessoas do país sobre este assunto.

Cheguei a esse link acima por acaso quando procurei o texto do Ariel Palacios sobre a ditadura na Argentina e óbvio que guardei o link pensando em fazer esse post. Não deu pra não achar curioso que os radicais que descrevi acima consigam tirar qualquer pessoa do sério com essa discussão paranóide deles sobre o Oriente Médio (com um tom exacerbado e de transtorno por outros motivos como crendices).

sábado, 15 de março de 2014

Himmler e a Waffen-SS: suas ideias claras sobre crimes de guerra

Na hora de desculpar ou dissimular os crimes de guerra da Waffen-SS desde o começo da segunda guerra mundial costuma-se tirar dos tópicos: que isto ocorreu devido ao calor do combate, devido à inexperiência dos soldados, quando se contesta outros crimes semelhantes dos adversários... mas todos eles estavam implícitos na concepção nacional-socialista da guerra, e não só contra os "subumanos" eslavos. Himmler tinha muito claro como deveriam se portar os nacional-socialistas muito antes da guerra. Estas foram suas palavras em um discurso dos chefes de grupo (rango da SS equivalente a general de divisão), celebrado em Munique em 8 de novembro de 1938:
Ele disse ao comandante do estandarte "Alemanha" [a segunda grande unidade das embrionárias Waffen-SS, equivalente a um regimento mecanizado] que considero correto - e isto vale também para qualquer guerra vindoura - que nunca deve haver um prisioneiro SS. Antes têm que acabar com sua vida. No nosso bando tampouco haverá prisioneiros. As guerras do futuro não serão um escarcéu, senão uma confrontação de povos, numa luta de vida ou morte [...] Por outra parte — e por muito bondoso e decente que queiramos ser em cada caso individual - seríamos absolutamente impiedosos quando tratarmos de salvar um povo da morte. Então não importaria que tivéssemos que tombar (matar) mil pessoas numa cidade. Eu o faria, e esperaria também que vocês o fizessem.
Longerich, Peter: Heinrich Himmler. Biografía. (Heinrich Himmler. Biographie, 2008)
Tradução de Richard Gross. RBA Libros, Barcelona 2009. pág. 234.

Fonte: blog antirrevisionismo (Espanha)
http://antirrevisionismo.wordpress.com/2011/01/07/himmler-waffen-ss-crimenes-guerra-1938/
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 14 de março de 2014

Goebbels: os nacionalistas dos estados bálticos e da Ucrânia, influenciados pelos judeus

Um dos paradoxos do pensamento nazi: Goebbels acusa "os judeus" das dificuldades que começam a ter os alemães com os nacionalistas da Letônia, Estônia, Lituânia e Ucrânia. Vários nacionalistas em boa proporção colaboraram com os nazis para matar e saquear seus compatriotas judeus. As cifras de judeus são dadas nas atas da "Conferência Wannsee" de 20 de janeiro passado são muito esclarecedoras. Dos 11 milhões de judeus que estimam ainda existir na Europa, só há uma única região que consideram completamente "livre de judeus": a Estônia.
6 de março de 1942

Um relatório do SD dá conta de forma minuciosa da situação na Rússia ocupada. É muito mais inquietante do que geralmente se crê. O perigo partisan aumenta semana a semana. os partisans judeus detentores de algumas grandes zonas da Rússia ocupada, implementaram nelas um regime de terror. Os movimentos nacionalistas, por sua parte, adquiriram maior insolência do que supúnhamos a princípio. E isto pode se aplicar tanto aos estados bálticos como na Ucrânia. Em todas as partes os judeus se movem procurando nos criar dificuldades. É compreensível, portanto, que muitos deles tenham que pagar seus delitos com sua vida. De qualquer forma, estou convencido que quanto maior for o número de judeus que liquidemos, mais consolidaremos a vida na Europa depois da guerra. Não é possível se deixar levar pelo sentimentalismo. Os judeus são a desgraça da Europa. Precisam ser eliminados; caso contrário correremos perigo de sermos eliminados por eles.

A situação alimentar é muito difícil nas zonas ocupadas do Leste. Milhares e dezenas de milhares de pessoas morrem de fome sem se atrever a mover um dedo. Durante muitos anos teremos que fazer frente a grandes problemas e excepcionais dificuldades. Muita água passará pelo Reno antes que essa zona tenha sido integrada na economia europeia e seus ricos produtos estejam a disposição do nosso povo.
Joseph Goebbels: Diarios (The Goebbels Diaries. Edição de Louis P. Lochner)
Tradução de Eduardo de Guzmán. Editora Los libros de Nuestro Tiempo, José Janés diretor. Barcelona 1949. pág. 128.

Fonte: blog antirrevisionismo (Espanha)
http://antirrevisionismo.wordpress.com/2008/05/14/goebbels-los-nacionalistas-de-los-estados-balticos-y-ucrania-influenciados-por-los-judios/
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 6 de março de 2014

"O cigano deverá ser esterilizado em casa"

"O cigano deve ser esterilizado em casa"

Com base nas idéias eugênicas/racistas de Robert Ritter, o mentor intelectual da tragédia ciganos na Alemanha nazista, "pesquisadores" romenos consideravam os Roma uma praga:
"Ciganos nômades e semi-nômades devem ser internados em campos de trabalho forçado. Lá, as roupas devem ser trocadas, suas barbas e cabelo cortados, seus corpos esterilizados [...]. Suas despesas para sobrevivência deverão ser pagas com seu próprio trabalho. Após uma geração, poderemos nos livrar deles. Em seu lugar, podemos colocar os romenos étnicos da Romênia ou do exterior, capazes de fazer trabalho ordenado e criativo. O cigano sedentário deve ser esterilizado em casa [...]. Desta forma, as periferias das nossas vilas e cidades deixarão de ser locais repletos de doenças, e se transformarão num paredão étnico útil para nossa nação."

Fonte: site FACTSHEETS ON ROMA (Áustria)
http://romafacts.uni-graz.at/index.php/history/persecution-internment-genocide-holocaust/deportations-from-romania
Ill. 3 (traduzido pro inglês de Fãcãoaru, Gheorghe (1941) Câteva date în jurul familiei si statului biopolitic, Bucureşti)
Tradução: Roberto Lucena

Link alternativo do link original: Link1

Observação: pelo site ser um pouco confuso só deu pra traduzir esta parte, mas tem mais coisas interessantes neste site austríaco (a quem quiser checar mais coisas sobre a deportação e extermínio de ciganos no Holocausto).

quarta-feira, 5 de março de 2014

Certidão húngara de 1944 com a marcação "judeu" de acordo com as leis de Nuremberg

Tem duas descrições pra imagem abaixo, vou traduzir as duas, mas a do site da Univ. de Minnesota (que é o segundo texto) é a mais completa. A primeira se encontra no site de fotos Pinterest (que tem várias fotos da segunda guerra mundial, um acervo considerável e com descrição nas fotos):
Esta imagem é a imagem de uma certidão/certificado húngara ("Bizonyítvány") de 3 de abril de 1944 de uma escola de artesanato industrial marcado com o "Zs" em vermelho que é a inicial de "Zsidó" ("judeu"), de modo que a pessoa do certificado seria tratado de acordo com as leis de Nuremberg do governo fascista e da ocupação alemã.
O texto do site da Univ. de Minnesota:
Certificado emitido em abril de 1944 para alguém chamado Miklos Klein para estudos industriais. Observe o proeminente "Zs" impresso em vermelho representando o equivalente a "judeu" em húngaro para identificar todos os judeus em documentos oficiais húngaros. Este documento é de Budapeste, aparentemente da seção Dohany, onde a famosa Sinagoga de Dohany foi reaberta recentemente depois de muitos anos de reconstrução, e para a qual ambos os serviços postais, húngaros e israelenses, emitiram selos.

Fonte: Pinterest e site da Universidade de Minnesota
http://www.pinterest.com/pin/242279654927291494/
http://www.chgs.umn.edu/histories/documentary/documents/hungarian.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 4 de março de 2014

Treblinka, o horror que superou Auschwitz

Memorial em homenagem às milhares de vítimas
assassinadas em Treblinka. / Wikimedia
Novas investigações arqueológicas e forenses no campo de extermínio nazi apontam que ali foram gaseadas quase um milhão de pessoas.

26 de fevereiro, 2014; Washington. O Instituto Smithsonian está promovendo um programa para o próximo mês de março no qual será mostrado provas do extermínio dos judeus e outras etnias que foi levado a cabo no campo de Treblinka, na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial.

Situado no leste da Polônia, quase não restam evidências físicas deste lugar, onde entre 800.000 e 1.200.000 de pessoas desapareceram, uma versão que tem sido questionada pelos "negacionistas" do Holocausto, dizendo que este era só um campo de trânsito.

Contudo, graças às últimas investigações realizadas no terreno, conseguiram evidências do assassinato massivo praticado pelos nazis em Treblinka. Documentos e testemunhas presenciais afirmaram há algum tempo que o campo para onde foram transportados 900.000 judeus foi ainda mais impiedoso que o campo de extermínio de Auschwitz. Ainda que não houvesse muita evidência para esta afirmação, a equipe forense britânica da Dr. Caroline Sturdy Colls encontrou evidências "significativas e arrepiantes".

"Caroline Sturdy Colls e sua equipe descobriram três valas comuns não identificadas previamente em Treblinka 1, onde alguns pensavam que só havia um campo de trabalho. Também identificaram a localização de uma câmara de gás e outras estruturas físicas em Treblinka 2, o principal campo de extermínio", explica o Smithsonian num comunicado à imprensa.

"A equipe descobriu restos humanos, objetos pessoais e peças de azulejos com a marca de estrela judia, a qual coincide com as descrições de testemunhas oculares de uma câmara de gás que havia sido desenhada para se parecer com um balneário. Isto também reforça suas suspeitas de que o campo de extermínio foi inclusive maior do que se pensava".

As descobertas são parte de um esforço de seis anos para responder a perguntas pendentes da Segunda Guerra Mundial. Para conduzir a investigação/pesquisa, foi necessário a permissão das autoridades judias e da Polônia.

Em 1943 os nazis trataram de erradicar a evidência (prova) por detrás de Treblinka nivelando a terra e destruindo as estruturas, e com a construção de uma casa de campo na parte superior da localidade. Agora os pesquisadores utilizaram sistemas fotográficos aéreos de vanguarda para identificar rastros tênues no solo, que ajudam a reconstruir as bases originais do campo de extermínio.

Estima-se que cerca de 6 milhões de judeus e quase um milhão de ciganos foram assassinados durante o holocausto. Alguns países, como o Irã, questionam a magnitude do massacre. Em setembro de 2013, o Irã criticou a CNN por traduzir incorretamente uma fala do presidente Hassan Rouhani em uma entrevista, que fez parecer que que ele acreditava que o Holocausto ocorreu.

Fonte: Protestante Digital (espanhol)*
http://www.protestantedigital.com/ES/Sociedad/articulo/17937/Treblinka-el-horror-ue-super-a-auschwitz
Link original (em inglês): Christian Post
http://www.christianpost.com/news/archaeologists-discover-new-evidence-of-nazi-death-camp-where-900000-disappeared-115012/
Tradução: Roberto Lucena

*Observação 1: não gosto de matérias de sites religiosos mas foram os únicos com a matéria citada (se tiver outro mais detalhado em inglês ou espamnhol não localizei, tem um em romeno mas foi escrito em cima do site em inglês do link acima), mas se só há um site desse tipo com a matéria, paciência. E localizei um depois com o título: "Treblinka: Hitler's Killing Machine" Premieres March 29 at 8:00 PM ET on Smithsonian Channel(TM), se for o caso, traduz-se depois.

Por isso, pros que lerem com atenção, desconsiderem qualquer viés religioso no texto, apesar do desvio do assunto não afeta o conteúdo central do texto (se afetasse eu não iria publicar, tampouco traduzir). No fim há um, sem muito sentido (opinião pessoal), colocar citação sobre Presidente do Irã com a matéria especificamente achei equivocada, a questão do problema iraniano com a negação do Holocausto poderia e deveria ter sido abordada em uma matéria só sobre isso pois diz mais respeito a conflitos no Oriente Médio e não à memória do Holocausto na Europa, mas é parte do viés do site.

Observação 2: Por sinal, sobre o conflito no Oriente Médio, eu espero (mas não prometo) fazer um texto sobre essa questão, embora o Roberto Muehlenkamp tenha bem expressado a opinião dele sobre um dos conflitos daquela região (eu endosso o texto dele), só que é bom deixar demarcado o que cada um pensa pra não pintar fanático A, B ou C enchendo o saco com isso acusando da pessoa "pensar isso ou aquilo" sem nem saber o que a pessoa pensa de fato sobre essas outras questões, sendo que o blog NÃO é SOBRE Oriente Médio, algo bem óbvio, e não dou a mínima se "revis" nutrem uma tara psicótica com aquela região, problema ou azar o deles. Não deixa de ser uma fuga já que o assunto sobre segunda guerra aparenta ter esgotado pelas bandas das Cesspits "revisionistas" (negacionistas), daí estão partindo pra discussões sobre Oriente Médio, viraram "orientalistas" (rsrsrsrs).

Observação 3: sobre campos de trânsito, pra mais informações e leitura, cliquem nas tags Treblinka, Campo de Trânsito, Transit Camps, resettlement, Treblinka, Aktion Reinhard(t) (obviamente essas últimas tags, exceto as duas primeiras, são todas em inglês).

segunda-feira, 3 de março de 2014

Morre cineasta francês Alain Resnais, de "Noite e Neblina"

Obra foi dominada pelo tema da memória - Crítico João Lopes
Lusa 02 Mar, 2014, 23:46

O crítico de cinema João Lopes disse hoje que o trabalho do realizador francês Alain Resnais, que morreu no sábado à noite em Paris, foi dominado pelo tema da memória.

Apesar de pertencer ao movimento da Nova Vaga, em que se evidenciou como "uma personalidade determinante nas transformações do cinema francês das décadas de 50/60", "o trabalho de cineasta começou muito antes, ainda na década de 1940, através da via documental", em que desafiou os parâmetros tradicionais do documentário, de acordo com uma declaração escrita, enviada à agência Lusa.

O documentário "Noite e Nevoeiro" (1955) (título no Brasil: "Noite e Neblina"), sobre Auschwitz e a máquina de aniquilamento montada pelos nazis, na Alemanha, parece "ser um momento fundamental na exigência ética e estética de documentar a história do século XX", sublinhou João Lopes.

Para o crítico português, o tema "dominante e obsessivo" na obra de Resnais é memória, e a primeira longa-metragem, "Hiroshima, Meu Amor" (1959) ilustra a visão do realizador, destacando "a dificuldade rememorar - e, mais do que isso, dizer - o que, com o lançamento da bomba atômica, aconteceu em Hiroshima" [Japão, a 06 de agosto de 1945].

"A frase emblemática e lendária do filme é: "Tu não viste nada em Hiroshima", acrescentou.

Por último, João Lopes destacou ainda o "caráter lúdico" na obra do realizador, afirmando não ser "possível compreender a riqueza da obra de Resnais se for esquecido que há nela, em muitos momentos, um muito especial e contagiante sentido de humor".

O último filme do realizador, de 91 anos, "Amar, beber e cantar" estreou na 64ª. edição do Festival de Berlim, que decorreu entre 06 e 16 de fevereiro último.

Autor de clássicos dos anos 60 como `Hiroshima Meu Amor` e `O Último Ano em Marienbad`, Alain Resnais é uma referência fundamental na história do moderno cinema francês.

Em 1961, Resnais arrebatou o Leão de Ouro, em Veneza, com `O Último Ano em Marienbad`.

Resnais tem um importante lote de documentários rodados nas décadas de 40 e 50, mas para muitos espectadores só viria a ganhar notoriedade a partir de meados dos anos 70, quando assinou uma série de filmes com grandes estrelas do cinema francês.

O primeiro deles é `Stavisky` (1974), com Jean-Paul Belmondo, evocando um escândalo político dos anos 30 a partir de um argumento de Jorge Semprún, seguindo-se `Providence` (1977) e `O Meu Tio da América` (1980).

Fonte: RTP (Portugal)
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=720858&tm=4&layout=121&visual=49

Ver mais:
Morre em Paris, aos 91 anos, o cineasta Alain Resnais (otempo.com.br)
Morre o cineasta francês Alain Resnais (Terra, Brasil)
Morreu Alain Resnais, criador de 'Hiroshima, Meu Amor' (Correio da Manhã, Portugal)
Alain Resnais celebra a vida em sua obra, mesmo depois de morto (Correio do Brasil)

domingo, 2 de março de 2014

A crise na Ucrânia, os desdobramentos (um resumo)

Se for o caso eu completo ou reviso este texto à noite, mas como os jornais brasileiros e mesmo a mídia de fora (salvo algumas exceções) evitam comentar sobre os pontos centrais do problema (a raiz dos problemas) como abordei aqui neste texto, de 17 de fevereiro último, então segue logo abaixo do comentário sobre o texto do link um resumo sobre os desdobramentos do golpe de Estado provocado pela extrema-direita/direita ucraniana com apoio dos EUA e União Europeia:
A crise da Ucrânia: fascistas (extrema-direita) perto do poder (Black Blocs atuam)

O texto do link acima lista um histórico do fascismo da direita ucraniana e a origem das revoltas por trás do golpe de Estado naquele país feito com ajuda dos grupos fascistas), acho que dá pra fazer um resumo apontando algumas coisas que os jornalões evitam de citar por conta de alinhamento ideológico com alguns países.

Quem quiser ler mais sobre a Ucrânia, fascismo e unidade ucraniana da Waffen-SS no blog, clique na tag Ucrânia.

Matéria de 3 dias atrás:
Putin ordena inspeção de tropas para verificar se estão prontas para combate
Matéria da BBC hoje, mas tende a piorar:
Ucrânia põe Exército em 'alerta máximo'

Imagem: BBC. Soldado russo na Crimeia, no atual
conflito com a Ucrânia.
Dando sequência, vamos lá.

1. Sobre os desdobramentos, a parte russa da Ucrânia (com maioria étnica russa), ou a parte principal em disputa, a Crimeia, já está com tropas russas no local isolando ela do resto da Ucrânia. Há mais notícias que citam que outras cidades ou povoados com maioria russa está seguindo a mesma direção da Crimeia e se alinhando à Rússia na disputa, o que provoca choques com o povo nativo ucraniano (étnico), provoca conflitos que em casos extremos levam a limpezas étnicas, embora não creio que isso irá ocorrer neste caso a não ser que os Estados e a União Europeia (sob liderança de Angela Merkel) façam mais besteira do que já fizeram ao darem apoio a grupos de extrema-direita xenófobos a darem um golpe de estado num governo eleito (ruim ou não, existe uma coisa chamada urna e eleição pra tirar de forma legítima o cara sem toda essa tragédia que está caminhando pra conflito armado). A questão étnica fornece munição pro conflito, isto é um fato, embora este não seja o pivô da crise e sim o desdobramento dela com o golpe de Estado na Ucrânia apoiado pela UE e pelos EUA.

2. A vizinhança da Rússia é área de sua influência (o que a gente chama no "popular" de "quintal de país forte/grande tal"), fora as questões históricas, de ligação étnica, cultural etc, sendo que a Rússia é uma das únicas potências militares do Globo que podem fazer frente aos Estados Unidos, não se trata de um país caindo aos pedaços do Oriente Médio onde os EUA se lançam em guerras pra mostrar poderio bélico, com um inimigo qualificado a coisa não se resolve desta forma a não ser que queira partir prum ataque fratricida e provocar um conflito mundial, o que seria mais um ato insano e irresponsável do governo dos Estados Unidos, mais precisamente o governo do Democrata Barack Obama, que de liderança política tem demonstrado ser um completo fiasco e com discurso dissimulado e "confuso".

3. A ação da Rússia pode-se explicar pela não aceitação (obviamente, ela tem razão nisto) de possíveis movimentos da UE e EUA pra instalarem bases da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), agrupamento militar criado na Guerra Fria pra fazer contenção política e militar da extinta União Soviética (que não é a Rússia e sim várias repúblicas que compunham um país onde o país principal era a Rússia e a capital Moscou) e do bloco socialista com sua parte europeia sendo chamada de Cortina de Ferro, e que no pós-URSS atua pontualmente em algumas ações da Europa (UE) e com a neurose dos EUA em querer fazer um cerco militar à Rússia, já rechaçado outras vezes como quando a Rússia ameaçou retaliar a Polônia caso esta aceitasse colocar bases de mísseis apontados pra Rússia (ainda no governo George W. Bush) e recentemente, em 2008, no período das Olimpíadas de Pequim, no conflito da Rússia com a Geórgia (ex-república soviética e também na área de influência, "quintal", da Rússia).

Sobre o caso da Polônia e o escudo antimísseis direcionado pra Rússia, a crise, matérias de 2007 e uma de 2011 (a última, do El País):
Rússia ameaça instalar mísseis na fronteira com a Europa
Rússia ameaça instalar mísseis na fronteira com a Europa
Rússia condiciona instalação de mísseis a ação de EUA
Rússia implanta mísseis perto das fronteiras com a Polônia e Lituânia

O conflito com a Geórgia em 2008 na Ossétia do Sul, no período das Olimpíadas de Pequim:
Guerra na Ossétia do Sul em 2008
Rússia X Geórgia: entenda o conflito
EUA exigem que Rússia saia da Geórgia imediatamente
Rússia e Geórgia dividem pódio no tiro feminino; ouro é da China
Entenda o conflito envolvendo Rússia e Geórgia na Ossétia do Sul
Entenda a tensão envolvendo a Geórgia e a Rússia
Rússia e Geórgia. Três anos depois da guerra
Isso aqui foi esse ano:
Otan repreende Rússia por usar Jogos para expandir fronteira sobre Geórgia
Rússia invade território da Geórgia para reforçar a segurança em Sochi

Como podem ver, sempre os mesmos blocos envolvidos, Estados Unidos, OTAN (NATO na grafia portuguesa que mantém a sigla em inglês), União Europeia, ex-repúblicas soviéticas, países que foram parte da Cortina de Ferro e próximos à Rússia, e a própria Rússia. Há uma tentativa de fazer contenção com a OTAN pra acuar a Rússia em seu território, isso feito às claras, pra todo mundo ver, não é nem por debaixo dos panos como era na Guerra Fria. "Ah, mas e o povo?", bom, o povo acaba se tornando um "detalhe" por parte de alguns governos nisso, principalmente os atrelados à OTAN (isso é opinião pessoal, ninguém precisa embora os fatos estejam todos listados acima).

4. Resultado prático de toda esta lambança, criada e fomentada pela União Europeia e Estados Unidos, é que a Ucrânia provavelmente acabará dividida, a Crimeia e outras partes de maioria russa (étnica) poderão ser anexadas à Rússia (a Crimeia já foi dela), a Ucrânia está empobrecida, em crise profunda economicamente e a UE que deveria ajudar economicamente (já que foi uma das responsáveis por essa desgraça) não toma uma atitude. O povo ucraniano moderado (não-fascista) sofrerá em virtude da inconsequência de fascistas, que como sempre, só fazem besteira, explorando sentimentos primitivos étnicos e correlatos.

E isto é um cenário "bondoso", "se" não houver mais interferência pesada e irresponsável de outras potências em caso de conflito bélico. Os EUA incitou a Geórgia a fazer besteira em 2008 (estou citando de memória, como disse acima, à noite eu revido o texto e procuro os links) e quando a Rússia revidou violentamente (morreram mais de 2 mil pessoas neste confronto de pouca duração, 2 semanas), não fizeram nada, deixaram o país (a Geórgia) arcar com as bombas sozinha.

Isto é o que se chama de política delinquente e irresponsável, megalômana. E há brasileiros que com o complexo de vira-latas habitual (de uma parte) ainda vangloria ou idolatra alguns países achando que se tratam de um "poço e perfeição" ou algo parecido, comportamento repulsivo e reprovável, além de desnecessário e que provoca um mal-estar terrível, tudo porque ao invés de analisar friamente o mundo ficam criando idealizações sobre tudo e todos em vez de analisar as coisas como realmente são (as idealizações geram imagens distorcida e idolatria pueril, comportamento altamente imbecilizado e vexatório pra boa parte do país já que nem todos os brasileiros comungam deste ideário complexado, inconsequente e politicamente irresponsável).

Eu acho que não mais retornarei ao assunto Rússia-Ucrânia, então fica o resumo que cita coisas que não tem sido abordadas/citadas na "grande mídia" do Brasil, como se hoje em dia alguém precisasse de TV pra se informar.

P.S.1 como disse lá no começo, irei revisar este texto e ver se acho os links de matérias onde algumas coisas são citadas (de memória), como por exemplo não lembro direito do começo do conflito com a Geórgia mas lembro da incitação dos EUA e o recuo do mesmo deixando a Geórgia sozinha arcando com a situação, mas a origem desses confrontos tem uma coisa em comum: OTAN, bases da OTAN pra contenção da Rússia, conflito Aliados "Ocidentais" (EUA e UE) x Rússia, querendo requentar a polarização da Guerra Fria num mundo totalmente diferente, um ato simplesmente grotesco e inconsequente, com desdobramentos perigosos.

P.S.2 Eu ia postar um texto sobre o Holocausto, mas paciência, fica pra depois.

Ver: A crise na Ucrânia, os desdobramentos - II (a caminho da fragmentação e da guerra)

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

[Pausa Musical] - Supertramp

Capa do disco "Breakfast in America"
Bom, eu acabei esquecendo do que ia escrever por isso que segue de qualquer jeito esse post. O post era sobre outro músico (a) mas como os caras do Supertramp não colaboram, vai sobre eles mesmo. Pra quem não conhece, o Supertramp é uma banda de rock britânica formada ainda no fim dos anos sessenta só que chegando ao auge no final da década de setenta e início dos anos oitenta, quando um dos cabeças da banda, Roger Hogdson abandona a banda e praticamente a liquida (o que sobrou foi um caco da mesma). O auge da banda foi o disco Breakfast in America (embora eu até goste mais do disco sequente ...Famous Last Words...) chegando à venda de 20 milhões de cópias, um dos discos mais vendidos da história da indústria fonográfica e a banda hoje é praticamente desconhecida do grande público.

Eles removeram todos os vídeos com versões ao vivo da banda do Youtube e qualquer outro site de vídeos (aqueles sites com muito acessos, mas se pegam algum vídeo desses shows eles removem), por isso que não há nenhum vídeo de show ao vivo pra colocar sobre a banda a não ser apresentações solo dos ex-membros principais, Roger Hodgson e Rick Davies (link2), que viviam as turras e se reuniram depois do lançamento de um DVD/Blu-ray sem autorização dos dois de um concerto na França. Quem quiser ver detalhes da briga com o DVD/Blu-ray checar o link.

O problema de músicas da banda no Youtube (e sites semelhantes) é sério, você não encontra nem um vídeo com áudio da música Crazy (isto aqui é um cover desta música, melhor cover que achei) que abre os shows de 1983 e demais músicas no Youtube, versões dos shows ao vivo pior ainda (todas foram removidas, eu cheguei ainda a ver algumas no Youtube).

Por sinal, incrível o empenho dos dois pra detonar este lançamento, que mesmo sem autorização dos dois resgata um momento importante da trajetória da banda já que ambos não preservam o legado da banda exceto pelo ego exacerbado dos dois se apresentando em separado.

Nenhum DVD remasterizado, com imagem restaurada, dos shows de Munique (Alemanha) e Toronto (Canadá), ambos de 1983, últimos shows do grupo com a formação clássica, foi lançado; apenas uma coletânea com vídeos de execuções dos dois concertos de 1983, suponho que com truques pra esconder falhas na imagem que não me parece ter sido da cópia master dos shows (fica numa névoa escura nas bordas (inferior e superior, se não me engano) do vídeo pra esconder provavelmente falhas da imagem (daqueles traços que ficam em imagem de fitas VHS). Vergonhoso.

Só não é vergonhoso o talento dos caras. Então segue em separado algumas apresentações solo deles com algumas músicas bem conhecidas da banda, o que é uma pena pois pra quem já assistiu os dois shows (Munique e Toronto) sabe a diferença que há entre essas apresentações individuais pra da banda original.

Achei duas músicas do show de Munique em 1983, pra acessar cliquem no link com nome da música:
Give a Little Bit - Supertramp
From Now On - Supertramp

Nesse concerto de Munique o Hodgson anuncia que sairia da banda antes de começar "Give a little bit". A conta da banda no Youtube é mais outra vergonha, parece abandonada (quase não tem vídeos e os que tem não estão em HD, não foram restaurados pra serem lançados), em todo caso, prossegue...

Algumas curiosidades de dois videoclipes abaixo: no videoclipe de "It's raining again" a banda aparece no clipe no meio da história do mesmo, no ônibus, dando carona etc. No clipe de "My kind of lady" a banda aparece de barba feita, algo não muito comum por isso é estranho ver a banda com esse visual.

Essa todo mundo conhece, não?
Supertramp - It's Raining Again
(álbum ...Famous Last Words...)


E eu achando que quem fazia a voz fina no refrão dessa música era o Hodgson, o Davies repete o truque de Goodbye Stranger, do mesmo disco ...Famous Last Words...


Aqui uma muito conhecida, Logical Song, só que ele sozinho com orquestra, acho que isso foi gravado na Alemanha (citando de memória, depois completo as infos) e nunca vi DVD disso.


Essa é uma das que eu gosto mais, também do mesmo show com orquestra
Hide in your shell

Mas essa não podia ficar de fora


Pra não carregar mais o post pois em algumas máquinas é pesado de carregar os vídeos, segue o link dessa apresentação de Babaji nos anos 70. Milagre não terem apagado também esse vídeo.
Supertramp - Babaji

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