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domingo, 23 de setembro de 2012

Franco e o extermínio - Parte 1 (Holocausto)

Franco e o extermínio. Texto de Eduardo Martín de Pozuelo

As investigações do jornalista Eduardo Martín de Pozuelo nos arquivos dos Estados Unidos, Reino Unido e Holanda desvelaram que Franco deixou morrer a milhares de judeus que teve em sua mão condições de salvá-los. O autor avança nestas páginas a informação que detalha em seu novo livro. O franquismo, cúmplice do Holocausto, publicado pela Librosdevanguardia depois do sucesso de "Los secretos del franquismo" (Os segredos do franquismo).

O encontro de Franco com Hitler
em Hendaya em 23 de outubro de 1940
Durante toda sua vida, Francisco Franco se referiu a um abstrato perigo judeu (maçônico e comunista, também) como o maior inimigo da Espanha construída depois de sua vitória na guerra civil de 1936-1939. Obcecado com esta ideia até o fim de seus dias, o Caudilho se referiu mais de uma vez a judeus em seu último discurso de 1 de outubro de 1975, pouco antes de morrer. Tão insistente foi Franco com seu ofuscamento sobre uma “mancomunação judaico-maçônica” que a tudo destruía, que a frase ficou impressa na mente dos espanhóis como um chavão sem graça da retórica obsessiva do Generalíssimo a qual inclusive muitos franquistas nem prestavam atenção. De fato, parecia que carecia de um significado tangível. Contudo, Franco falava a sério, convencido do que dizia.

Os anos e a tergiversação da história fizeram com que seu antissemitismo se diluísse como um torrão de açúcar na patética frase referida. Contudo, é óbvio que em seus inflamados discursos Franco não deixou de se mostrar antissemita, mas nunca revelou que seu ódio-temor havia tido durante a Segunda Guerra Mundial uma repercussão criminosa somente descoberta graças ao conteúdo de dezenas de documentos secretos desclassificados, encontrados nos arquivos dos Estados Unidos, Reino Unido e Holanda.

Até agora ninguém pensava em Franco quando se falava do Holocausto, como se a Espanha pró-nazi do início dos anos quarenta, claramente desenhada pelos documentos que um dia foram secretos, houvesse assistido de longe como a Alemanha nazi deportava e assassinava milhões de judeus e outras minorias. Mas na realidade, espantosa, como aflora nos documentos citados mostra que Franco pode salvar a dezenas de milhares de sefarditas, mas preferiu deixá-los morrer apesar dos reiterados ultimatos alemães que lhe advertiam das medidas extremas (lê-se extermínio) de que eles seriam objeto se sua Espanha não aceitasse acolhe-los.

O corolário de investigação documental que se recolhe no livro que é adiantado por Magazine tem vários pontos essenciais; o primeiro dos quais é que apenas restam dúvidas de que os nazis alentaram o golpe de Estado de julho de 1936, ao que não deixariam de apoiar até a vitória em 1939. Como consequência do apoio germânico, Franco - que em essência era, a si mesmo, franquista - inclinou dramaticamente os destinos da Espanha pelo lado alemão e não do italiano, pelo que cabe afirmar que a natureza do franquismo se percebe como sendo muito mais nazi que fascista. De fato, até a vitória dos nacionais na Guerra Civil, o III Reich desembarcou com armas e bagagens na Espanha com uma proporção de meios e humanos infinitamente superior a de qualquer outro país dos que se veriam implicados na iminente contenda mundial. Como consequência disso, os alemães influenciaram toda a política e economia espanhola, imprensa incluída, e uma vez iniciada a Segunda Guerra Mundial as relações entre a cúpula do nazismo e Franco e seus ministros foi muito estreita, e a nova Alemanha, cujo império deveria durar mil anos, teve um esquisito trato de favor ante o Generalíssimo. Esta deferência se traduziu na oferta nazi de dar fim dos judeus espanhóis espalhados pela Europa dos que eram previstos serem assassinados industrialmente. Mas Franco não os salvou, sabendo do que ia lhes acontecer, muito bem informado por embaixadores espanhóis, testemunhas de exceção das deportações. Desta forma, a ditadura espanhola se converteu em cúmplice ativa do Holocausto.

As espantosas imagens que foram encontradas
por soldados britânicos no campo de concentração
de Bergen-Belsen em abril de 1945
O oferecimento nazi de enviar a Espanha os spanischer Juden (judeus espanhóis), como designam os nazis aos judeus em todos os seus documentos, não foi produzido em uma ocasião anedótica que passou rapidamente ao esquecimento. Pelo contrário. Tratou-se de um tema de grande importância que gerou centenas de documentos, telegramas, ordens e contraordens procedentes do departamento de assuntos judaicos do Ministério de Relações Exteriores alemão, da embaixada da Alemanha em Madri e do Ministério de Relações Exteriores espanhol. E, tratado como um amigo muito especial, o III Reich brindou a Franco a entrega de milhares de judeus repetidas vezes, por escrito, como comunicação diplomática verbal com reiterada insistência dos embaixadores alemães. Tanto se esmeraram com seu amigo espanhol, que os nazis mantiveram presos mas sem deportar muitos judeus na espera de uma resposta positiva de Franco que nunca chegou. Enquanto isso, os alemães aplicaram por sua própria iniciativa o prazo limite de entrega (março e abril de 1943) para dar tempo a uma resposta de Franco.

Um resumo, parcial sem dúvida, do que aconteceu se deve a Eberhard von Thadden, conexão entre Von Ribbentrop (ministro de relações exteriores) e Adolf Eichmann (responsável pelas deportações), num telegrama cifrado para sua embaixada em Madri que enviou em 27 de dezembro de 1943: "O governo espanhol insistiu durante as negociações que houve entre 1942 e fevereiro de 1943 de que não estava interessado nos judeus espanhóis. Mais tarde foi autorizada [por parte da Alemanha] a repatriação de todos os judeus espanhóis. Repetidas vezes, a Espanha não cumpriu o prazo acordado para seu regresso. (...) Apesar disso e por precaução, a expulsão dos judeus espanhóis não começou até 16 de novembro. Por favor, explique inequivocadamente a situação ao governo espanhol e enfatize que o governo do Reich fez todo o possível para resolver o problema amigavelmente e evitar dificuldades. Fizemos isso tendo em consideração a nacionalidade espanhola [dos judeus] apesar de que se pode entender que todos os judeus têm uma atitude antialemã."

A oferta nazi continha certa piedade ante os judeus sefarditas? Não. Não se tratava disso. Era a deferência ao amigo e ao mesmo tempo uma medida para baratear os custos do extermínio. Quer dizer, antes de proceder a aplicação em toda sua dimensão da solução final, o governo do Reich deu oportunidade ao amigo Franco de decidir sobre a sorte dos spanischer Juden, de tal sorte que se lhes fossem acolhidos para que se tomasse suas próprias medidas contra eles - como supunham que aconteceria - o operativo nazi de extermínio humano se veria substancialmente reduzido.

Fonte: Magazine Digital, do Lavanguardia.com (Espanha)
http://www.magazinedigital.com/reportajes/los_reportajes_de_la_semana/reportaje/cnt_id/8416
Tradução: Roberto Lucena

Franco e o extermínio - Parte 2
O inimigo judeu-maçônico na propaganda franquista (1936-1945)

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Paul Preston publica "A destruição da democracia na Espanha" (1978)

Entrevista com o historiador britânico (jornal El País)
Juan Cruz; 9 JUN 1978

Paul Preston, historiador britânico especializado em questões espanholas, apresenta hoje no hotel Princesa Plaza, de Madrid, sua última obra, "A destruição da democracia na Espanha" (La destrucción de la democracia en España), que será comentada no citado ato pelo líder socialista Felipe González. O livro, subintitulado como "Reacción, reforma y revolución en la Segunda República" (Reação, reforma e revolução na Segunda República), foi traduzido por Jerónimo Gonzalo e editado por Turner.

Na atualidade, o professor Preston ensina na Queen Mary College, da Universidade de Londres. Estudou sua especialidade - História Moderna - na Universidade de Oxford e agora prepara um amplo estudo sobre a resistência da esquerda espanhola ao franquismo. A destruição da democracia na Espanha, diz Paul Presto, foi para mim a obra mais importante entra as que escrevi. Nasce na realidade da tese doutoral que apresentei em Oxford sobre as conspirações monárquicas contra a República espanhola. Depois de muito trabalho, dei-me conta de que o assalto direitista contra a República não provinha somente dos grupos violentos. Havia dois assaltos direitistas. Um era violento, na realidade, e tinha como fim o estabelecimento por armas de um Estado corporativista autoritário".

"A outra ofensiva direitista contra a República seguiu uma tática legalista para destruir o regime democrático imperante. Ao terminar minha investigação me dediquei a analisar os grupos legalistas de direita, desde a CEDA aos radicais do sul da Espanha. Estudadas as atividades desses grupos, observei o impacto que tais atividades tinham na esquerda de então".

O livro serviu a Paul Preston para concretar as causas determinantes da guerra civil e para fazer um exame amplo da oligarquia espanhola. Esta investigação, além disso, resultou-lhe especialmente útil para seus trabalhos sobre o franquismo. Prova disto é que o livro "Spain in crisis" (Espanha em crise), cuja preparação ele dirigiu e que foi publicada na Inglaterra há dois anos. A edição espanhola está próxima. Na Itália ele já foi publicado.

"Da preparação da minha tese e de minha simpatia pela causa republicana nasceu também meu estudo sobre a esquerda espanhola e sua resistência ao franquismo. Neste volume, que agora preparo, faz-se especial fincar pé no papel que teve o Partido Comunista nessa atitude de resistência".

Paul Preston, que viveu a época republicana só como historiador - agora tem algo mais de trinta anos -, estima que "há implicações claras neste livro para a atualidade", ainda que matiza seu critério.

"A Espanha dos anos trinta - diz o professor Preston - era um país fundamentalmente agrário. Ante essas estruturas, o Partido Socialista e o de Esquerda Democrática tentaram fazer reformas básicas, humanitárias, para melhorar a situação cotidiana dos mais frágeis. Esses intentos reformistas repercutiram logo numa direita latifundiária agressiva e selvagem, que provocou reações muito violentas. Agora a situação econômica mudou de modo radical. Ainda assim, segue havendo uma esquerda - o Partido Comunista e o Partido Socialista - que volta a se plantar a tarefa de fazer reformas básicas, depois do estabelecimento da democracia burguesa, que para a esquerda é o contexto mais adequado para chegar a outras formas de sociedade, também democráticas, mas socialistas".

"Se os intentos reformistas se produziram agora", diz o professor Preston, "quando existe uma profunda crise econômica, poderiam provocar reações fascistas ou autoritárias, similares àquelas que produziria um revolucionarismo aberto. Essa é a situação que devem ter em conta o socialismo e o eurocomunismo na circunstância espanhola".

* Este artigo apareceu na edição impressa de Sexta-Feira, 9 de junho de 1978

Fonte: versão original (castelhana) do El País (até o momento este texto não saiu na "versão" brasileira deste jornal, por isso tomei a liberdade de traduzir)
http://elpais.com/diario/1978/06/09/cultura/266191209_850215.html
Título original: Paul Preston publica "La destrucción de la democracia en España"
Tradução: Roberto Lucena
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Observação 1: este texto estava arquivado há algum tempo (é um texto originalmente de 1978), e infelizmente tem muita coisa em comum com o que se passa no Brasil atualmente. Aos que acham que este golpe branco pode acabar em pouco tempo, a ditadura de Franco durou décadas com um legado de atraso (retrocesso) pesado pra Espanha, só superado (em parte) por uma coincidência conjuntural de terem entrado pra futura União Europeia.
Tem muito "idealista" tosco no Brasil, que acredita em qualquer asneira de "mudança pela mudança" (sem base real pra isso), principalmente na extrema-esquerda (tem uma extrema-esquerda ligada ao PSOL e cia que são incrivelmente ridículos e débeis, liberais mal assumidos) e que vai mudar subestimando as forças políticas fortes e retrógradas do Estado brasileiro. Por conta destas cretinices (a principal delas, mas não a única, aquelas marchas de 2013) o país se vê mergulhado numa encruzilhada política (eu iria comentar isso em outro post mas como este texto tem muito a ver com o presente do país, antecipei algo aqui).

"Ah, mas o golpe não vai sobrar pra mim"... rs, vai sim, tolinho (a), rs. Ninguém brinca de "revolucionário de araque" num país com uma direita arcaica, primitiva, vendepátria e truculenta como esta e sai impune disso. Julgam-se espertos? Pode sempre haver um (uns) mais que vocês, guardem isso como "lição política". Da próxima, quando forem brincar de "política", levem a coisa mais a sério e façam menos "cirandas" (o adjetivo "cirandeiro", de quem dança ciranda, é associado ao PSOL e seus espetáculos públicos ridículos, ou a uma esquerda dita "pós-moderna" com agenda política totalmente vazia e que adora espetacularizar tudo, só que pra tudo há limite, até pra espetáculos/performances teatrais pueris). Os caras ainda conseguiram avacalhar uma dança típico do meu estado com essa associação "macabra".

Observação 2: à turma "crítica" (entre aspas) ao blog (tem aparecido uns chiando nos textos críticos à doutrinação mofada e datada da guerra fria das tais olavetes golpistas apoiadoras de Temer e cia, com a falta de educação habitual, "cheios de si"), não adianta espernear comigo, eu não sigo essa postura "tanga frouxa" do PT ou de uma certa "esquerda cagona" do país ("cagão/cagona" é o mesmo que "frouxo/frouxa", neste sentido, principalmente a de alguns estados do país, ressalto isso pois muita gente de fora do Brasil lê este blog e pode não estar familiarizados com essas expressões do país), nem tenho medo de cara feia (como dizem na minha terra, "cara feia é fome"), se for discutir, discutam a sério, se quiserem brincar, eu também brinco (aponto os erros das bobagens que comentam) e não tenho obrigação de ser "educado" com gente mal educada, tampouco tenho paciência com gente "assim". A "tolerância" pós-golpe com essa "direita excêntrica liberal autoritária" do país, que já não era boa, ficou muito pior. Parece que não adianta avisar uma vez ou duas, sempre esse pessoal quer encher o saco e acaba tomando uma "entrada de sola" (gíria de futebol). O problema é que é estupidez "bater boca" com gente estúpida demais, e isso enche o saco, daí o aviso. Não creio que há mais espaço pra esse comportamento infantil demais desses grupos abobalhados que avacalharam o país por ignorância política aguda.

Caso alguém se incomode com o pessoal do blog ter posicionamento político, não posso fazer absolutamente nada em relação a isso (e nem quero). Todo mundo tem direito de ter o seu, mesmo que este governo ilegítimo - colocado de forma ilegítima no poder por um bando de imbecis e uma emissora golpista e mentirosa - queiram tentar silenciar quem discorde deles, não irão conseguir calar todo mundo, nunca.

Cansei de discutir com gente enviesada (politicamente) até o talo (muitos de direita, que adoravam posar de "moderados" sem ser) achando que os outros não têm direito de ter suas posições, foro o arsenal de idiotices que comentavam. Por muito tempo evitei colocar posicionamentos mais ligados ao presente (exceto o do cenário da extrema-direita de cunho fascista, literalmente), mas uma vez que o radicalismo só aumentou no país (principalmente pelo lado da direita neoliberal e entreguista), não vejo motivo algum com esse "excesso de respeito" com quem apoia isto, até porque há que frisar o seguinte: esta direita neoliberal do país sempre foi autoritária, arcaica e entreguista (contra o país) e não conseguirão impor um regime neoliberal no país sem provocar um conflito civil de graves proporções. Não venham até mim dizer como pensar, eu nunca disse a ninguém como agir e isso é uma via de mão-dupla.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Auge e renovação do antifranquismo

Membros da UMD, oposição ao franquismo
O fenômeno da "nova esquerda" na Espanha tem que ser retraído ao momento do surgimento de protestos estudantis em 1956. Além das dissidências da esquerda tradicional, existiram outras duas fontes ideológicas no catolicismo e no nacionalismo. A gestação da nova esquerda se prolongou durante uma década para, desde 1967, entrar num período de transição, numa etapa superior de consolidação que durou até 1971. As famílias políticas da nova esquerda foram a maoista, a marxista-leninista, a trotskista e a anarcomarxista. A esses novos grupos políticos, unia-se o rechaço ante os partidos trabalhistas históricos e sobretudo ao PCE (Partido Comunista Espanhol), que eram acusados de reformismo ou revisionismo. Autodefiniam-se como organizações revolucionárias que rechaçavam o conjunto do sistema social existente na Espanha sendo, portanto, não somente antifranquistas senão anticapitalistas e contrários aos blocos. Cada uma das famílias políticas da nova esquerda estava dividida por sua vez em várias formações políticas segundo as correntes ideológicas, movimentos sociais e organizações que haviam surgido. De todas as formas, a principal fonte desses grupos seria uma série de organizações-pontes que haviam vivido seu orto e ocaso durante os anos sessenta, como a FLP e a AST.

A cavalo entre o fenômeno do radicalismo esquerdista e a dissidência dos partidos históricos da oposição, apareceria outra série de formações políticas. O comunismo espanhol foi o mais afetado por este fenômeno de fracionamento apesar de viver ao final da ditadura uma etapa de cenit, sua década prodigiosa. Ao revisionismo de figuras como Fernando Claudín e Jorge Semprún, expulsos do partido comunista em 1965, houve que somar a saída de facções autodenominadas marxistas-leninistas em 1964 (PCE m-1) e 1967 (PCEi e Bandeira Vermelha), assim como o surgimento de grupelhos pró-soviéticos desde 1970. O debate a partir de 1964 foi enfrentado por Claudín e Semprún com o resto da direção do PCE e se pode resumir na existência de diferentes interpretações da realidade espanhola, do stalinismo e do funcionamento do partido.

A condenação de Santiago Carrillo da intervenção soviética na Tchecoslováquia trouxe consigo a criação de grupos como o liderado pelo general soviético Enrique Líster. Além disso, entre 1971 e 1973, surgiu dentro do PCE uma autodenominada Oposição de Esquerdas que, a partir da crítica da democracia interna no seio do partido, passou a coordenar o recente giro europeísta e a se alinhar com posições pró-soviéticas.

De todas as maneiras, não há que exagerar o alcance dessas dissidências no seio do PCE. A mística do antifranquismo e a disciplina do centralismo democrático atrasou o grosso das lutas internas no seio do partido comunista para o tempo posterior à morte de Franco e as primeiras eleições democráticas.

A partir da condenação da intervenção soviética na Tchecoslováquia, o PCE foi evoluindo para o que seria conhecido como eurocomunismo. O passo seguinte nesta evolução ideológica foi o reconhecimento da conveniência que a Espanha se incorporaria num futuro ao Mercado Comum Europeu. Depois do VIII Congresso em 1972, os comunistas elaboraram um documento conhecido como o Manifesto-Programa, aprovado definitivamente em 1975, no qual terminavam identificando socialismo com democracia e pluralismo político.

A política do PCE durante esses anos finais do regime de Franco se alimentou dos movimentos sociais. A ideia de reconciliação nacional se uniu à proposta de um pacto para a liberdade que unisse as denominadas forças de trabalho e da cultura. Ainda que os progressos na coordenação da oposição eram todavia débeis, com a exceção da Catalunha, os comunistas conseguiram uma orla de aliados tácitos, sobretudo da nova esquerda, no seio de movimentos sociais como o estudantil ou Comissões Trabalhistas. Haveria que esperar o momento da revolução portuguesa e a enfermidade de Franco para que Carrillo decidisse dar um precipitado salto adiante lançando em Paris a Junta Democrática. Ao PCE se uniram grupos como o PTE e os carlistas mas, sobretudo, personalidades como Calvo Serer, García Trevijano, Tierno Galván, Vidal Beneyto e Rojas Marcos. Contudo, Carrillo não conseguiu a colaboração do PSOE, de nacionalistas, democrata-cristãos e liberais, e da maior parte da nova esquerda. Alguns setores da oposição que, depois de anos de negociações, terminaram agrupando-se em 1975 à Plataforma de Convergência Democrática.

Para o campo dos socialistas, os anos sessenta também foi um tempo de crise e de fracionamento. A incapacidade da direção de Toulouse, encabeçada pelo veterano Rodolfo Llopis, de aglutinar ao novo antifranquismo radical se uniu o estancamento de sua política de centro-esquerda, aberta à oposição moderada monárquica ou acidentalista. Por outro lado, a implantação dos socialistas do PSOE e da UGT nos movimentos sociais, fora dos redutos industriais no Norte da Espanha, foi muito limitada durante os anos sessenta. Este temporal desencontro com a nova geração antifranquista de 1956-68 se deveu à rigidez da política do PSOE contrária, por exemplo, à unidade de ação com os comunistas, o "entrismo" em instituições do Regime como o Sindicato Vertical, ou a prioridade do ativismo clandestino. Deste modo, toda uma série de novos grupos que se autodefiniam socialistas não conseguiram a integração no colo dos históricos PSOE e UGT. Exemplo disto foi o desencontro com organizações como a ASU, os socialistas catalães do MSC e de outras regiões, o grupo de Tierno Galván e outros neosocialistas madrilenhos, ou o sindicalismo socializante de novos grupos procedentes do trabalhismo católico.

A médio prazo, entretanto, a política socialista de presença internacional, de relações com os meios ideologicamente afins no Ocidente, viria a ser um ativo político fundamental para o momento da transição para a democracia.

Neste contexto de auge do PCE, de emergência da nova esquerda e de desencontro com os neosocialistas, a renovação do PSOE iria se dar no final dos anos sessenta. Os primeiros passos do processo de mudança interna se produziram no seio das Juventudes Socialistas em 1970 e da UGT em 1971. Contudo, a transição interna dos socialistas se prolongaria durante a totalidade dos anos setenta. Houve uma primeira fase de lutas internas, incluindo as incisões minoritárias do que se conheceria como o PSOE histórico, até o Congresso do PSOE em Suresnes em 1974, que incumbiu a Felipe González a liderança do partido e completou o transporte da direção ao interior da Espanha. Paralelamente, mas sobretudo depois da morte de Franco, produziu-se o aglutinamento de boa parte do antifranquismo a partir de uma ótica de radicalismo ideológico. Um radicalismo definido como reformismo revolucionário que, além do realce dos conteúdos anticapitalistas do socialismo e da definição marxista do partido, implicava no neutralismo, na república federal e autogestão.

Em todo caso, a nova direção socialista clandestina viria a conseguir estender a rede de federações provinciais pelo conjunto da geografia espanhola, reconstruir o sindicato UGT como entidade diferenciada do partido e responder com agilidade a mutante conjuntura política do franquismo tardio.

Neste momento final da ditadura, a oposição moderada, em sua maior parte partidária de opção monárquica, também procedeu remoçar suas plataformas organizacionais. As formações democrata-cristãs, nacionalistas, liberais e social-democratas constituíram novos partidos ou buscaram a coordenação de suas famílias políticas. Por exemplo, os democrata-cristãos constituíram uma plataforma confederativa que unia os grupos de Ruiz Giménez, Gil Robles, o PNV e a União Democrática da Catalunha.

Outro fenômeno de grande significação foi o surgimento de uma semi-oposição, a meio caminho entre a Administração do Estado e das forças antifranquistas ilegais, que viriam a jogar uma peça-chave junto à oposição moderada, na formação da União de Centro Democrática. Um dos grupos mais significativos deste processo foi a firma coletiva Tácito no diário católico "Ya" (Já). Esta zona intermediária permitiu a comunicação e, em seguida, colaboração de jovens reformistas do Regime com a oposição moderada.

Em definitivo, ainda que a oposição política e os movimentos sociais não pudessem derrubar o regime franquista, sua crescente implantação avivou a divisão da classe política do mesmo, restando possibilidades aos projetos de reforma que não tiveram como horizonte a restauração da democracia. Por tudo isto, o papel da oposição no final do regime, radicava sobretudo na conformação de uma cultura democrática da sociedade, na preparação da representação desta e no legado que a histórica conservava no plano da legitimidade.

Auge e renovação do antifranquismo
Membros da UMD, oposição ao franquismo (Foto, arquivo do site ArteHistoria)
Época: Final do franquismo
Início: Ano de 1957
Fim: Ano de 1975

Antecedente: A oposição democrática


(C) Abdón Mateos e Alvaro Soto

Fonte: site ArteHistoria (Espanha), da Junta de Castela e Leão
http://www.artehistoria.jcyl.es/v2/contextos/7449.htm
Título original: Auge y renovación del antifranquismo
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 8 de abril de 2012

Historiadores contra revisionistas

Uma trintena (conjunto de trinta) de especialistas em século XX participam em uma obra que enreda o enviesamento ideológico do polêmico ‘Diccionario Biográfico Español’ (Dicionário Biográfico Espanhol).

Tereixa Constenla Madrid 7 ABR 2012 - 18:58 CET


Franco passando em revista em
Logroño, 1938, ante forças
legionárias italianas. / EFE
Apresentar o livro En el combate por la historia (Ediciones Pasado y Presente) como um contra-dicionário, uma réplica corrigida das falidas resenhas do século XX incluídas no Dicionário Biográfico Espanhol da Real Academia de História (RAH), é um astuto ardil comercial, mas que faz um fraco favor à causa que motivou a todos, editor e historiadores, que se somaram ao projeto. Sem querer, ele fomenta a visão de que a história espanhola do século XX pode ser contada sob dois pontos de vista e que os historiadores estão loteados nos mesmos grupos daqueles da Guerra Civil. E na verdade os únicos grupos possíveis são óbvios: historiadores bons e maus historiadores.

A maioria dos 33 especialistas reunidos para este projeto levaram anos investigando o século XX e gozam de reconhecimento. Há, além disso, alguns que participaram do Dicionário como Fernando Puell ou Carlos Barciela. “Eu não estou nem com uns ou com outros, mas o que não se pode é justificar o golpe de Estado. Um golpe é um golpe e não um Glorioso Levante, e tampouco se pode chamar só de 'grupo nacional' a uns porque de iguais nacionalidades eram tanto uns como outros. O problema daquela obra é que algumas tantas vozes contaminaram o resto, é um livro que saiu imbecilizado”, afirma Fernando Puell, professor de História Militar no Instituto Universitário Gutiérrez Mellado da UNED e coronel reformado, que contribuiu com 40 biografias para a coleção da RAH e que analisa as operações militares durante a Guerra Civil e o papel do Exército durante o regime franquista no livro da editora "Pasado y Presente".

Para Carlos Barciela, catedrático de História e Instituições Econômicas da Universidade de Alicante, ele não gosta da etiqueta de contra-dicionário. "Eu não faço contra-pesquisa nunca. Fiz investigação e o que se vai publicar é o trabalho de muitos anos de estudo”, pontualiza. Colaborou com o Dicionário com cerca de umas 200 biografias de engenheiros agrônomos, recompiladas durante oito anos, e duas entradas para No combate pela história. Na parte que dedica à reforma agrária, ele demonstra que foi um aspecto capital para os sublevados: “Resultou como agressivo que desde agosto de 1936 começam a promulgar decretos que têm como finalidade paralisar a reforma agrária da República e devolver as terras a seus proprietários”.

O enviesamento ideológico e o escasso rigor que impregnavam algumas biografias sobre o século XX encarregadas pela Real Academia de História indignaram no ano passado a Gonzalo Pontón, histórico editor de Crítica que agora fundou a editora "Pasado y Presente". Ele pediu a Ángel Viñas que coordenasse uma obra que sintetizasse com rigor o ocorrido entre 1931 e 1975, com a atualização do investigado nos últimos anos, e que gerou um volume de quase 1.000 páginas. “Aqui há uma escola historiográfica muito sólida e sensata, e não podíamos permitir que os historiadores espanhóis fossem aqueles representados pela RAH”, expõe Viñas.

Quase ninguém disse não. Entre os 33 assinantes figuram alguns dos maiores especialistas no período: Paul Preston, Julio Aróstegui, Julián Casanova, Enrique Moradiellos, Ricardo Miralles, José-Carlos Mainer, Josep Fontana e Eduardo González Calleja. “Estão representadas três gerações: uma dos mais antigos Elorza ou Fontana; a intermediária com gente como Casanova e a mais jovem que está fazendo um trabalho muito rigoroso como Jorge Marco, Gutmaro Gómez Bravo ou José Luis Ledesma”, afirma o coordenador da obra, que ataca o revisionismo — e alguns expoentes do mesmo — num duro epílogo.

O volume inclui as biografias de 12 protagonistas do período (Aguirre, Azaña, Companys, Franco, Pasionaria, Carrillo, Largo Caballero, Mola, Negrín, Prieto, Primo de Rivera, Rojo e Serrano Suñer), além de 41 capítulos sobre as questões mais destacáveis da Segunda República, da Guerra Civil e do Franquismo (entre outros: anarquistas, reforma agrária, conspirações, operações militares, nacionalismos periféricos, a violência, a Igreja, o exílio, a repressão ou a política externa da ditadura). "Se faz uma atualização — ou resposta— ao Dicionário e a toda uma onda de revisionismo que é feita pela direita entusiasticamente defendendo que a Guerra Civil e a Ditadura foram meros acidentes e que metade do país estava enfrentando a outra metade. Foi reunida gente séria que investigou cada tema", assinala Josep Fontana, catedrático de História Econômica e autor de uma trintena de obras. "Pessoalmente, quando se desataram as iras com o Dicionário, tampouco aceitei criticar a obra em conjunto. O que é imperdoável é que se tenha a montado sem controle e que uma parte anule a validez da obra inteira. Eu espero que este livro seja uma ajuda para pôr as coisas no seu lugar", confia Fontana.

Franco, por Paul Preston...
Dizer que Franco foi uma figura medíocre não explica como chegou ao poder absoluto (...) ao lhe comparar com Hitler e Mussolini, e ele teve muito em comum com ambos, tropeça-se com o fato de que Franco tinha o hobby de jogar loteria e que ganhava de vez em quando.

A falta de escrúpulos em bombardear povos asturianos e o uso de mercenários marroquinos revelaram que Franco sentia pelos trabalhadores de esquerda o mesmo desprezo racista que lhe haviam despertado as tribos do Rif.

Levou a cabo uma guerra de terror, na qual a matança de tropas contrárias se veria acompanhada de uma repressão sem piedade da população civil. Ele se propôs a realizar uma inversão em terror para estabelecer a edificação de um regime duradouro.

A partir de 1953, começou a forjar uma nova imagem: a de pai do povo. Foi o momento em que na prática se retirou do posto de Chefe do Executivo (...) restou-lhe as obrigações rotineiras que cumpria ao estilo de um monarca.
...e por Luis Suárez
Montou um regime autoritário, mas não totalitário, já que as forças políticas que lhe apoiavam, a Falange, o Tradicionalismo e a Direita, ficaram unidas num Movimento e submetidas ao Estado.

Ao produzir a revolução de outubro de 1934, Franco foi chamado a Madrid como conselheiro do ministro, colaborando na extinção da revolta sem tomar parte das operações.

Uma guerra longa de quase três anos lhe permitiu derrotar um inimigo que em princípio contava com forças superiores. Mas ele, faltando possíveis mercados, e contando com a hostilidade da França e da Rússia, estabeleceu estreitos compromissos com Itália e Alemanha.

Em 22 de novembro de 1966, Franco se apresentou ante às Cortes a Lei Orgânica do Estado, que foi aprovada em referendo por uma maioria muito considerável. O regime dava a si mesmo uma Constituição, que Franco considerou como um êxito pessoal.

Arquivado em: Francisco Franco Guerra civil RAH Paul Preston Luis Suárez Fernández Guerra civil española Guerra Civil Espanhola Segunda república española Reales Academias Guerra Franquismo Instituciones culturales Historia contemporánea Historia Conflictos Cultura

Fonte: Seção de Cultura do jornal El País (Espanha)
http://cultura.elpais.com/cultura/2012/04/07/actualidad/1333817885_831167.html
Tradução: Roberto Lucena

Observação: eu não concordo com a linha editorial desse jornal espanhol, só que relevo algumas coisas que saem na seção de Cultura pois dá pra serem lidas e (se for possível) ter alguma tradução. No mais, como disse antes, não gosto desse jornal. Digo isso porque por vezes gente mal intencionada querendo fazer graça ou encher o saco, ou simplesmente com "pensamento binário" ou enviesado, pelo fato de uma pessoa traduzir um texto de um jornal altamente enviesado, acham que a pessoa que traduziu o texto concorda integralmente com um jornal. O pensamento binário(pensamento de "torcida", "ou está comigo ou contra mim") no Brasil, infelizmente, é um fato, e que leva um país ao radicalismo, alienação e polarização da população.

Eu iria trocar o título do post mas achei por bem mantê-lo embora a troca seria mais apropriada ao tema, o título era esse "Brasil e Espanha, países com sérios problemas de memória histórica", pois ambos possuem o mesmo problema e comportamento parecido com esse tipo de assunto, um fanatismo doentio (pleonasmo), além da desonestidade latente, pra distorcer o passado por falta de coragem em assumir erros históricos, e tanto as populações têm culpa na coisa como as elites desses países. Nunca vi tanta semelhança (no pior sentido do termo) pra distorcer o passado e tentar criar uma mitologia em torno de ditaduras(a da Espanha com o franquismo e as do Brasil, com Vargas e a ditadura civil-militar de 1964-1985) que ocorreram em ambos os países. Maldita estupidez cultural hereditária.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

A psiquiatria de Franco. A mulher, intermediário entre criança e animal

Mulher, entre criança e animal
Rodolfo Serrano; Madrid, 7 de janeiro de 1996

Antonio Vallejo-Nágera,
psiquiatra franquista
As mulheres marxistas também foram objeto de estudo. Vallejo-Nágera e Eduardo M. Martínez, diretor da Clínica Psiquiátrica de Málaga e diretor da prisão desta cidade, analisaram 50 presas de guerra. O método foi similar ao empregado com os brigadistas; mas com uma exceção: para os homens foi realizado um estudo antropomórfico, mas "no sexo feminino", escreve Vallejo e Martínez, "carece de finalidade pela impureza dos contornos". O conceito que ambos professores tinham sobre a mulher é perfeitamente expresso em seus textos.

Para justificar o alto grau de participação feminina nas fileiras da República, recordam sua "debilidade mental" e asseguram que "como o psiquismo feminino tem muitos pontos de contato com o infantil e o animal", quando se rompem os freios sociais que contém a mulher "despertando-se no sexo feminino o instinto da crueldade e ultrapassa todas as possibilidades imaginadas, precisamente por lhes faltar inibições inteligentes e lógicas".

Em busca do 'gene vermelho'

Mas não só isso. Ambos os professores estavam convencidos de que "nas revoltas políticas" as mulheres têm oportunidade "de satisfazer seus apetites sexuais latentes". A sexualidade das presas é estudada com verdadeiro interesse.

Destacam sua libertinagem, - advertem que foram sinceras ao se pronunciar nos interrogatórios, salvo nas "infidelidades conjugais que nenhuma confessou" - e oferecem tabelas sobre virgindade e desfloração e sobre as perversões sexuais das presas. Mas neste último aspecto dizem que "são raras as marxistas malaguenhas (de Málaga), pois somente três delas conhecem toda classe de perversões sexuais". "O amor lésbico tampouco é muito frequente", escrevem, "já que só seis pessoas (das 50), uma delas virgem, mostrou tendência deste tipo".

Os professores concluem que a mulher quando se lança à política "não o faz arrastada por suas ideias, senão por seus sentimentos que alcançam proporções imoderadas, inclusive patológicas, devido à irritabilidade da personalidade feminina". E sublinham que a crueldade feminina "não fica satisfeita com a execução do crime, senão que aumenta durante sua realização".

Somente três presas, das estudadas, segundo ambos doutores, apresentava uma inteligência superior. E seis, boa. O resto oferecia inteligência média ou inferior. E duas eram débeis mentais, segundo o estudo. A conclusão dos autores era de que o marxismo espanhol se nutria das pessoas menos inteligentes da sociedade.

Fonte: El País (Espanha)
http://elpais.com/diario/1996/01/07/espana/820969221_850215.html
Tradução: Roberto Lucena
_______________________________________________

Este texto estava em destaque como link no texto maior "Em busca do 'gene vermelho' ("ciência" fascista) - Vallejo Nágera", sobre um psiquiatra fascista espanhol. Quem quiser ler, segue abaixo:
http://holocausto-doc.blogspot.com/2014/02/em-busca-do-gene-vermelho-ciencia-fascista-vallejo-nagera-franquismo.html

Pra minha surpresa, a família desse psiquiatra fascista, Vallejo Nágera, ainda tem destaque na Espanha.

Ambos textos são de 1996 do jornal El País (Espanha), sobre bizarrices/aberrações da "ciência" (médica) do franquismo. O termo bizarro é por minha conta pois não há como qualificar isso de outra coisa. Percebe-se o quanto os fascistas espanhóis contribuíram para o progresso da ciência (conteúdo obviamente irônico) com sua misoginia (ódio ao sexo feminino) provavelmente oriunda de cultura religiosa.

domingo, 8 de junho de 2025

Finalmente uma boa notícia pro Brasil, o que diz os números do novo Censo brasileiro sobre religião: o fenômeno evangélico começa a estagnar...

Ex-presidente J. Bolsonaro e esposa em
igreja evangélica neopentecostal
Já havia assistido (só não lembro o nome do canal, se não me engano tinha o título com IBGE, e tinha uma abordagem religiosa, eu coloquei pra saber dos números, não pra "saber" da abordagem religiosa propriamente, a quem quiser procurar, saiu antes de anunciarem oficialmente o censo, só que não abri post esperando os dados), mas saíram os números do censo demográfico (de 2022) sobre religião no país que aponta dados interessantes sobre o assunto, a estagnação do crescimento evangélico (neopentecostal principalmente), na verdade, decresceu o aumento, crescimento do grupo dos "Sem religião", religiões afro, espíritas e uma certa estagnação também na queda do número de adeptos do catolicismo.

A quem quiser ler matéria sobre o Censo, seguem os links abaixo, a abordagem aqui citará outras questões que essas matérias não comentaram (discuto o assunto com outras pessoas, o que possibilita a chegar às conclusões), os links (da BBC):

"IBGE mostra que crescimento evangélico desacelerou pela 1ª vez desde 1960, enquanto religiões de matriz africana e número de brasileiros que se declaram sem religião têm alta: https://bbc.in/3SFdDpi". "Avanço evangélico perde força e outros 7 dados inéditos sobre religião no Censo 2022" (https://www.bbc.com/portuguese/articles/crk2p5xr0m7o).

Outra matéria interessante da BBC sobre a queda do "fenômeno evangélico"....

""Temos identificado que começa a existir uma espécie de desgaste de um tipo de cristianismo entre os próprios evangélicos", diz a cientista política Ana Carolina Evangelista" 'Excesso de política nas igrejas tem gerado desgaste entre evangélicos. As pessoas não se reconhecem mais nas lideranças'" (https://www.bbc.com/portuguese/articles/cre9lqe4zvwo).

A segunda matéria tem até a ver com o que eu ia abordar sobre a questão aqui. Não lembro de ter lido a abordagem sobre o tema da "secularização" das sociedades, do "secularismo", que casou com a questão do extremismo político (a repulsa a isso).

Hitler e representantes das Igrejas na 
Alemanha, regime Nazista
A religião (cristã, as várias vertentes) na Alemanha declinou após a segunda guerra mundial pela associação das religiões, destacadamente o protestantismo (mas o catolicismo também afunda na Alemanha) associado ao Nazismo, ao regime hitlerista
.

As igrejas católicas em Portugal vivem às moscas, às traças, pela secularização e pela associação da Igreja católica com o regime salazarista. As igrejas de massas na Europa se associaram com as várias vertentes de regimes autoritários pela Europa antes e na segunda guerra mundial principalmente, e de forma contínua nos países que mantiveram isso como Portugal, Espanha, Grécia (pouco lembrada)...

Nos países do bloco socialista houve algo inverso, a proibição das religiões provocou estabilidade e crescimento na coisa após a queda do bloco soviético/socialista e até rejeição das siglas de esquerda. Vejam como os fenômenos se entrelaçam com rejeição a políticas de Estado, regimes.

A quem quiser ler mais sobre os temas:
Ditadura grega (https://en.wikipedia.org/wiki/Greek_junta) (https://holocausto-doc.blogspot.com/search?q=gr%C3%A9cia)
Salazarismo (https://holocausto-doc.blogspot.com/search?q=salazarismo)
Franquismo (https://holocausto-doc.blogspot.com/search?q=franquismo)

No Brasil o fenômeno neopentecostal (principalmente), que usava o nome mais amplo de "evangélico", se associou fortemente a extremismo político (bolsonarismo/olavismo) e já se associava a essas expressões ultraconservadoras importadas dos Estados Unidos pro Brasil. Na parte católica, os grupos ditos "carismáticos" e assemelhados também se associam a esse conservadorismo político, embora não seja exclusividade só desses grupos.

Também se pode destacar a associação desse fenômeno neopentecostal/evangélico (em sentido amplo, porque atinge denominações tradicionais protestantes de matriz norte-americana) ao apoio ao extremismo sionista em Israel e fora de Israel, que está executando genocídio na Faixa de Gaza (https://press.un.org/en/2024/gapal1473.doc.htm). A associação com regimes extremistas como o Bolsonarismo/olavismo, extremismo político (principalmente de direita) vai afastando os adeptos dessas igrejas, organizações e cia. As pessoas cansadas do extremismo, cansadas das "falsas promessas" da "teologia da prosperidade" (https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_da_prosperidade) que não se cumpre e enriquece gente sem escrúpulos vai criando um movimento de distanciamento, afastamento da maioria das pessoas dessas seitas/igrejas.

Isso vai se associando à secularização que é a perda de força da influência religiosa sobre aspectos da vida pública e cultura no país. Ironicamente, o extremismo político raivoso de direita sedimentou a secularização de novo no país, que não é um processo que "brota do nada", e é algo coletivo, grande, que vinha forte no fim da ditadura militar no Brasil (a associação do regime com igrejas, principalmente a Igreja católica, provocou descrença na Igreja católica e abriu espaço pros neopentecostais) e foi interrompido por esse crescimento neopentecostal no Brasil parece que retornou, com vigor e força, e isso é muito bom pro país.

A quem não gostar do assunto, procure brigar com o número do Censo e as "causas" apontadas em vez de dar "chilique", faniquito porque não são afeitos (acostumados) a críticas (com base, ninguém está "inventando" nada aqui, pra criticar algo tem que ter base em alguma coisa sempre, e fontes).

P.S. não se assustem também se começar a "pipocar" (estourar) o fenômeno de "pastores" e "padres" caindo em uma "fofurice" "arrependida" dos "pecados" de terem abraçado esse extremismo político e religioso pra tentar evitar a perda de adeptos/fiéis... a perda de adeptos/fiéis impacta diretamente na "Receita" (fundos) desses agrupamentos... e quando bate no "bolso", o "amor quase sempre acaba" (veem-se obrigados a adotar outra linha ou sumir com o tempo). Pros que quiserem acreditar no "arrependimento" desses "surfistas de onda" do extremismo que se consolidou no país desde o maldito junho de 2013 (https://www.bbc.com/portuguese/articles/cv281p5znrjo a revolução colorida "made in USA" que destroçou um país, como vários outros, vide a Síria e vários países de maioria árabe).

terça-feira, 9 de junho de 2015

Sobre Ben Abraham e o video do debate da TV Bandeirantes

A quem não acompanhou ou leu a discussão, vale a pena dar uma olhada nessa discussão abaixo (basta clicar no título do post) na caixa de comentários de um post sobre um impostor espanhol que se fazia passar por sobrevivente do Holocausto como perseguido político do franquismo. Pra quem não conhece a história da parte espanhola nesse "latifúndio", vários espanhóis republicanos (de esquerda), foram enviados/deportados pra campos de concentração pelo franquismo ou mais precisamente via França (vários fugiram pra França e foram pegos pelo regime de Vichy), (houve uma guerra civil na Espanha com pelo menos 500 mil mortos) e vários desses deportados que sobreviveram à guerra civil morreram nesses campos (cerca de 5 mil), com destaque pro campo de Mauthausen-Gusen na Áustria:
"O espanhol que se dizia sobrevivente do Holocausto, mas foi desmascarado"

A discussão saiu do contexto espanhol pra resvalar numa figura conhecida no Brasil que é a do Ben Abraham.

O João Lima (que comenta no post) comparou a figura do espanhol Enric Marco (o espanhol impostor) com a do Ben Abraham alegando que são impostores. Então tive que fazer uma ressalva comentando que não são casos parecidos.

Mas aproveito pra comentar essa questão do Ben Abraham de uma vez pois não quero retornar mais a esse assunto, porque apesar de nunca ter feito post sobre essa questão dele eu já comentei várias vezes o que penso sobre esse vídeo dele em discussões com "revisionistas" e é irritante ter que repetir tudo de novo pela enésima vez, então é melhor colocar tudo num post a ter que repetir a mesma coisa várias vezes. O fato de não se ter o registro do comentário (até porque a maior parte disso ficou no Orkut e o Orkut foi liquidado pelo Google que deve ter todo o conteúdo daquela rede arquivado) dá margem pra alguém sair alegando isso ou aquilo sem que ninguém tenha feito defesa dessas pessoas ou dito o que pensa sobre essas figuras e dos relatos.

O problema central com a figura do Ben Abraham vem de dois vídeos que mostram ele entrando em contradição (os vídeos estão editados em um só, chequem no link), embora uma das alegações de contradição não chega a ser (comento abaixo), todas as contradições foram tiradas de um debate na TV Bandeirantes (ou Band, como chamam hoje), de 1989, onde ele diz que passou cinco anos e meio em Auschwitz e noutro vídeo, de uma entrevista da TV Educativa de Porto Alegre, ele comenta que passou apenas duas semanas neste campo de extermínio, seguido do "sarcasmo" filonazi do S.E. Castan (já falecido).

A segunda contradição apontada pela edição dos vídeos é que ele fala que foram jogadas cápsulas de cianureto (cianeto, Zyklon-B) no trecho da Bandeirantes, e na TV de Porto Alegre ele fala que o gás saem de chuveiros na câmara de gás fechada, e novamente o S.E. Castan solta o "sarcasmo" dele repetindo uma bobagem sobre a Polônia.

Antes de ir pra questão dos cinco anos e meio de Auschwitz, a quem quiser saber como uma câmara de gás funcionava, sugiro lerem o texto abaixo (tradução) do The Holocaust History Project sobre as colunas Kula. De fato a descrição feita pelo Ben Abraham não está incorreta, as pastilhas ou cápsulas de Zyklon-B (cianeto) eram colocadas acima e o gás entrava na câmara como um "chuveiro" (a câmara obviamente lacrada pra ninguém fora inalar o gás), confiram o texto:
Colunas de Zyklon - coluna Kula (Câmaras de Gás)

Ou seja, a tal 'segunda contradição' não é tão contradição assim. Alguém acha que é algo complexo usar este método pra matar pessoas num local totalmente fechado com um gás altamente letal? Disso o Castan não tirou sarcasmo.

No vídeo do trecho da Band aparece mais abobrinhas ditas por um integralista, e aparece outro neofascista (neofascismo) de nome Armando Zanine (presumo que seja esse). O integralista cita o livro do Castan "Acabou o gás" (aparece a capa do livro) que nada mais é que uma cópia do Relatório Leuchter traduzida pro português:
Tag Relatório Leuchter

Só um adendo que já fiz nos comentários: os trechos do debate da Bandeirantes foram picotados, não subiram o debate inteiro quando deveriam subir por completo se o possuem gravado, pois, apesar do programa ser sensacionalista ao extremo (como quase toda programação de TV desse país), tirar conclusão de um debate só por trechos picotados é no mínimo "brincadeira".

O contexto político do país na época era de que o Brasil havia começado a redemocratização há apenas 4 anos (em 1985) e havia uma eleição altamente polarizada com Collor dum lado (representando a direita) e Lula e Brizola do outro (representando as forças de esquerda), eleição que foi a segundo turno com a disputa Collor e Lula onde o Collor foi eleito. Foi provavelmente a primeira vez que deram destaque a esse grupo negacionista no país. A Bandeirantes, a meu ver de forma irresponsável só pensando em audiência, deu margem a isso ignorando a problemática em torno desses grupos.

Mas voltando ao assunto, o Ben Abraham entra mesmo em contradição no primeiro ponto sobre o tempo em Auschwitz, não há o que negar ou "chorar" sobre isso, está gravado pra quem quiser ver. A segunda afirmação dele de que esteve por duas semanas é que é a correta pois entrar em Auschwitz em 1940 ou antes e sair vivo seria bem 'complicado', até porque o campo foi aberto em maio de 1940 e quem entrou primeiro no campo I foram prisioneiros políticos.

Como dito acima, Auschwitz foi aberto em maio de 1940 pra prisioneiros políticos, o campo de Auschwitz I. Auschwitz é dividido em 3 partes (ou campos) e mais 45 campos satélites, os principais são os 3 campos que recebem o nome de Auschwitz. O extermínio propriamente dito só começa em 1941 em Birkenau ou Auschwitz II, conhecido também como Auschwitz-Birkenau que é o campo de extermínio propriamente dito.

Auschwitz III ou Monowitz-Buna serviu como campo de trabalho escravo pra IG Farben, complexo industrial químico (maior empresa química da Europa na época, e talvez do mundo, estou citando de memória).

O que disse num dos comentários (que não é nem ideia nova já que esse assunto é bem antigo e os "revis" citam o nome do Ben Abraham como disco arranhado) é de que não dá pra entender a postura de entidades que deveriam cuidar disso com completo descaso com essas coisas, entidades como a CONIB etc. Em vez de se preocuparem com isso ficam mais preocupadas (neuróticas) com conflitos no Oriente Médio e uma ideia fixa com Israel. E essa questão da segunda guerra, pra elas, é tratada como algo secundário (na melhor das hipóteses) enquanto que fora do país há várias entidades que cuidam disso com bastante atenção.

Há tempo que percebo isso e toda vez que alguém, indevidamente, vem cobrar que a gente tome posição "X" ou "Y" sobre coisas que só dizem respeito a essas entidades, a resposta é essa: cobrem delas, falem com elas.

Estão pedindo demais dos outros e menos de quem deveria ter mais atenção (e recursos) com a coisa por envolver diretamente a questão judaica, embora a questão do genocídio não fique circunscrita à comunidade judaica (por isso que o tema é amplamente discutido, pois resvala sempre na questão do racismo e preconceito). O assunto nazismo e segunda guerra é muito abrangente, mas este cuidado em particular de testemunhas deveria receber uma atenção melhor dessas entidades ou grupos que cuidam disso.

É algo relativamente fácil de se resolver, bastaria alguém entrar em contato com ele (o quanto antes pois ele está em idade avançada) e tirar a dúvida (gravar um vídeo) sobre as afirmações. Fim de problema. Encerrava-se a "dúvida" levantada pelo negacionista já falecido Castan que aparece nos vídeos editados com o "sarcasmo" dele. E já devem ter visto os vídeos.

No frigir dos ovos ficará o dito pelo não dito com os vídeos gravados se não houver qualquer pronunciamento (e registro) da pessoa sobre esses erros.

E sim, isso é um problema, pois quando ele morrer o que valerá é o que está gravado pros mais "céticos" ("céticos" entre aspas é referente a quem tem uma cisma fora do comum com o assunto), pois mesmo que você demonstre o erro e qual a afirmação certa irão contestar. Algo simples de resolver mas não fazem nada.

Como já disse acima, eu tenho uma opinião sobre esse descaso, eu acho que a falta de ação sobre se coletar um simples relato é desleixo e desinteresse mesmo, mas os "revis" vão alegar que não gravaram nada porque ele está mentido (e que sabiam disso e ficaram com medo de rebater) e que todo o relato do Holocausto é feito por mentirosos e o bla bla bla enfadonho deles. É assim que eles acusam, e estão dando margem a isso com o desleixo.

Por essa razão e outras eu não uso relatos do Ben Abraham. Não uso e nem vou usar.

No blog só há uma matéria com o Ben Abahram na Folha de SP, com um relato, publicado há muito tempo (2008) quando não se tinha muita atenção com esses problemas. O Castan alega que o Ben Abraham é o que mais divulga o Holocausto no Brasil, eu mesmo não havia ouvido falar dele por isso (só notei que era a pessoa revendo o vídeo) que acho curiosas essas alegações "revisionistas".

Fora que eu removi quase todas as matérias da Folha de SP do blog depois daquela defesa ridícula (uma matéria cretina, patética) que este jornal fez (abriu espaço) daquela Mayara Petruso depois daquela confusão de 2010 pós-eleição. Inclusive essa matéria valeria um post.

Eu não publico uma vírgula sequer deste jornal depois deste episódio e de todos a mídia que segue a linha deste jornal, exceto se for pra criticar alguma coisa deles. Só não removi todas as matérias já postadas da Folha de SP pra não amputar o blog (teve umas matérias, poucas, que não deu pra substituir, mas não gosto disso por isso evito cortar mas abro exceções), mas no que foi possível eu troquei a matéria do jornal por tradução de alguma matéria estrangeira ou de Portugal, mas a vontade que dá é de remover até o que não deu pra cortar.

Voltando ao tema de novo, fora do Brasil o escrutínio com essas testemunhas do Holocausto é muito maior, existe um rigor, não precisa um blog ou site apontar o problema pra que grupos que cuidam disso (como o USHMM e outros) verifiquem o problema e apontem erros e não sejam rechaçados de forma leviana por fazerem isso.

Eu disse nos comentários que havia mais erros dele, e esse os "revis" nunca comentaram, pelo menos nunca vi. Citarei pela primeira vez abaixo (pelo menos no blog já que apontei isso no Orkut).

A TV Globo uma vez passou um episódio de um programa policial (que programação horrível, o bizarro é que o povo no país só fica sabendo das coisas se essa emissora passar, não existe comportamento parecido a esse em país algum do mundo) sobre a figura do Mengele. Consegui achar o vídeo: Linha Direta.

Pois bem, no vídeo o Ben Abraham é convidado a comentar e dá mais bolas fora alegando que o Mengele fugiu pros Estados Unidos e não morreu no Brasil, sem apontar prova alguma. Não lembro de mais coisa do vídeo, mas lembro nitidamente dessa. Ou seja, todas as provas colhidas que mostram que o "Anjo da Morte" de Auschwitz (Mengele) morreu no interior de São Paulo, afogado, são deixadas de lado por uma afirmação sem prova alguma de que ele fugiu que só dá pano pra manga pra negacionistas fazerem a festa. Eu não sei como os negacionistas não notaram isso já que ficam vidrados/alucinados com qualquer tema sobre nazismo e judeus.

Podem notar que a exclusão dos relatos do Ben Abraham não é por má vontade mas é que seria irresponsável, inconsequente, colocar depoimentos de uma pessoa que uma hora diz uma coisa e noutra diz outra sem qualquer crítica aos erros gravada, fora as alegações desqualificando a versão apontada pela polícia de que o Mengele havia de fato morrido no Brasil sem apontar prova alguma que demonstre que isso é falso.

Eu acho bizarro que nenhum departamento de Universidade do Brasil que cuide disse se pronuncie sobre essas questões, acho bizarro que nenhuma entidade que cuide da memória disso no país tenha cuidado ou escrutínio com esses relatos, o descaso é total, é simplesmente absurdo a forma como lidam com esse assunto, ao ponto deu dizer (ou torcer) que é melhor que nem discutam isso no país pra não sair besteira porque a maioria não lê nada ou quando lê, são aquelas besteiras rasas reproduzidas em algum site ou revista de quinta como a Veja ou outra publicação do tipo também publicando bobagem, ou a discussão rasa pautada num emocionalismo que remonta a guerra fria, cheio de tabus sobre o racismo no Brasil e esses grupos de extrema-direita.

Faz tempo que eu gostaria de pegar posts antigos ou questões antigas e comentar erros nos textos, esse foi o primeiro. E deve ter muitos outros, por exemplo, o da Ustasha que inclusive estou devendo um post no Holocaust Controversies com as correções do primeiro texto que publiquei sobre ela.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Bibliografia da Segunda Guerra - Primeira Guerra - Guerra Civil Espanhola e outros

Explicação sobre as divisões bibliográficas: o tema Segunda Guerra, que engloba muita coisa, foi dividido em temas específicos, como por exemplo na parte sobre ideologia nazista e fascista, que trata somente da bibliografia da história da ideologia, da ascensão do partido nazi na Alemanha, das figuras proeminentes do partido etc e foi colocada no post só sobre Holocausto, fascismo e nazismo.
Link abaixo:
Bibliografia sobre Holocausto - Nazismo - Fascismo
Ver também:
Bibliografia sobre Racismo - Neonazismo - Neofascismo - Negação do Holocausto

Os temas mais gerais sobre Segunda Guerra(batalhas, história da guerra), Primeira Guerra, República de Weimar, Stalinismo, Teatro de Operações Asiático e outros foram colocados neste post. Foi trazido para este post a bibliografia de outras vertentes(países) do fascismo naquele período.

Mais obras poderão ser adicionadas futuramente quando o post for atualizado e ele ficará como link fixo no quadro à esquerda do blog, na parte dos links.

LIVROS SOBRE REPÚBLICA DE WEIMAR (ENTREGUERRAS)


Livros em inglês:


Livro: The German Revolution 1917-1923 (Historical Materialism Book Series)
Autores: Pierre Broue, Ian H. Birchall, Brian Pearce

Livro: Weimar Germany: Promise and Tragedy
Autor: Eric D. Weitz

Livro: Paper and Iron: Hamburg Business and German Politics in the Era of Inflation, 1897-1927
Autor: Niall Ferguson

Livro: Britain, Soviet Russia and the Collapse of the Versailles Order, 1919-1939
Autor: Keith Neilson
_______________________________________________

LIVROS SOBRE O PÓS-GUERRA - REUNIFICAÇÃO DA ALEMANHA (PERÍODO DE 1945-1990)


Livros em inglês:


Livro: Germany 1945-1949: A Sourcebook
Autor: Manfred Malzahn

Livro: Understanding Contemporary Germany
Autor: Stuart Parkes

Livro: In a Cold Crater: Cultural and Intellectual Life in Berlin, 1945-1948
Autor: Wolfgang Schivelbusch

Livro: After the Nazi Racial State: Difference and Democracy in Germany and Europe
Autores: Rita Chin, Heide Fehrenbach, Geoff Eley, Atina Grossmann

Livro: A Nation in Barracks: Modern Germany, Military Conscription and Civil Society
Autor: Ute Frevert
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LIVROS SOBRE O TEATRO DE GUERRA ASIÁTICO E O FASCISMO NO JAPÃO


Livros em inglês:


Livro: Japan in the Fascist Era
Editor: E. Bruce Reynolds

Livro: Factories of Death: Japanese Biological Warfare, 1932-1945, and the American Cover-Up
Autor: Sheldon Harris

Livro: The Nanjing Massacre in History and Historiography (Asia: Local Studies / Global Themes)
Autor: Joshua A. Fogel

Livro: The Bloody White Baron: The Extraordinary Story of the Russian Nobleman Who Became the Last Khan of Mongolia
Autor: James Palmer

Livro: The Pacific Campaign in World War II: From Pearl Harbor to Guadalcanal (Naval Policy and History)
Autor: William Bruce Johnson

Livro: Russian Politics in Exile: The Northeast Asian Balance of Power, 1924-1931
Autor: Felix Patrikeeff

Livro: The Manchurian Myth: Nationalism, Resistance, and Collaboration in Modern China
Autor: Rana Mitter

Livro: Prompt and Utter Destruction: President Truman and the Use of Atomic Bombs Against Japan
Autor: J. Samuel Walker

Livro: Japan 1945: From Operation Downfall to Hiroshima and Nagasaki (Campaign)
Autor: Clayton Chun
_______________________________________________

LIVROS SOBRE GUERRA CIVIL ESPANHOLA


Livros em português:


Livro: A Guerra Civil Espanhola(2 volumes)
Autor: Hugh Thomas

Livro: A Guerra Civil Espanhola(Edição de Portugal)
Autor: Stanley G. Payne

Livro: A Batalha pela Espanha
Autor: Antony Beevor


Livros em espanhol:


Livro: La Guerra Civil Española
Autor: Hugh Thomas

Livro: El corto verano de la anarquía
Autor: Hans Magnus Enzensberger

Livro: Franco, el perfil de la historia
Autor: Stanley G. Payne

Livro: Una Historia De La Guerra Civil Que No Va A Gustar A Nadie
Autor: Juan Eslava Galan

Livro: Guernica Y La Guerra Total
em inglês: Guernica and Total War
Autor: Ian Patterson

Livro: El enemigo judeo-masónico en la propaganda franquista (1936-1945)
Autor: Javier Domínguez Arribas

Livro: El Franquismo, cómplice del Holocausto
Autor: Eduardo Martín de Pozuelo

Livro: Los secretos del franquismo
Autor: Eduardo Martín de Pozuelo


Livros em inglês:


Livro: We Saw Spain Die
Autor: Paul Preston

Livro: The Spanish Civil War, The Soviet Union, and Communism
Autor: Stanley G. Payne

Livro: The Collapse of the Spanish Republic, 1933-1936: Origins of the Civil War
Autor: Stanley G. Payne

Livro: Spain: From Dictatorship to Democracy, 1939 to the Present (A History of Spain)
Autor: Javier Tusell

Livro: CONDOR LEGION: The Wehrmacht's Training Ground (Spearhead)
Autor: Ian Westwell
_______________________________________________

LIVROS SOBRE STALINISMO E UNIÃO SOVIÉTICA - URSS(até 1945)


Livros em português:



Livro: Stalin: A corte do Czar Vermelho
título em inglês: Stalin: The Court of the Red Tsar
Autor: Simon Sebag Montefiore


Livros em inglês:


Livro: Political Thought of Joseph Stalin: A Study in 20th Century Revolutionary Patriotism
Autor: Erik van Ree

Livro: Bolshevism, Stalinism and the Comintern: Perspectives on Stalinization, 1917-53
Autor: Matthew Worley, Kevin Morgan, Norman LaPorte

Livro: A History of the Soviet Union from the Beginning to the End, 2nd Edition
Autor: Peter Kenez

Livro: Stalin's Secret Pogrom: The Postwar Inquisition of the Jewish Anti-Fascist Committee (Annals of Communism)
Autor: Laura E. Wolfson

Livro: Stalinism: Russian and Western Views at the Turn of the Millenium (Totalitarian Movements and Political Religions)
Autor: John L. H. Keep

Livro: Terror by Quota: State Security from Lenin to Stalin (an Archival Study) (The Yale-Hoover Series on Stalin, Stalinism, and the Cold War)
Autor: Paul R. Gregory
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LIVROS SOBRE SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


Livros em português:


Livro: O Incêndio - Como os Aliados destruíram as cidades alemãs 1940-1945
Autor: Jorg Friedrich

Livro: As Origens da Segunda Guerra Mundial(1933-1939)
Autor: Ruth Henig

Livro: Berlim 1945 - A Queda
Autor: Antony Beevor

Livro: Stalingrado
Autor: Antony Beevor

Livor: Memórias da Segunda Guerra Mundial(2 Volumes)
Autor: Winston Churchill

Livro: Churchill
Autor: Roy Jenkins

Livro: Roosevelt
Autor: Roy Jenkins

Livro: Roosevelt E Hopkins
Subtítulo: Uma História da Segunda Guerra MundialAutor: Robert E. Sherwood

Livro: Franklin e Winston
Subtítulo: A intimidade de uma amizade histórica
Autor: Jon Meacham

Livro: Brasil, um refúgio nos trópicos
Subtítulo: A trajetória dos refugiados do Nazi-fascismo
Autor: Maria Luiza Tucci Carneiro

Livro: O anti-semitismo na Era Vargas
Autor: Maria Luiza Tucci Carneiro

Livro: História da Segunda Guerra Mundial
Autor: Marc Ferro

Livro: Versalhes e Ialta. Os dois grandes erros do século
Autor: Guilherme Hermsdorff

Livro: Um mundo em chamas: uma breve história da Segunda Guerra Mundial na Europa e na Ásia, 1939
Autor: Martin Kitchen

Livro: Cinco Dias em Londres
subtítulo: Negociações que Mudaram o Rumo da II Guerra
Autor: John Lukacs

Livro: Uma História da Segunda Guerra Mundial
Autor: Robert Sherwood

Livro: A Queda da França
Autor: William Shirer

Livro: A Segunda Guerra Mundial
Autor: A.J.P. Taylor


Livros em espanhol:


Livro: Una guerra de exterminio - Hitler contra Stalin
Autor: Laurence Rees

Livro: Un mundo en guerra - Historia de la segunda guerra mundial
Autor: Richard Holmes


Livros em inglês:


Livro: Five Armies in Normandy
Autor: John Keegan

Livro: Conditions of Peace
Autor: E.H. Carr

Livro: The Origins of the Second World War
Autor: A. J. P. Taylor

Livro: Dresden - Tuesday, February 13, 1945
Autor: Frederick Taylor

Livro: The Second World War
Autor: John Keegan

Livro: The Storm of War - A New History of the Second World War
Autor: Andrew Roberts

Livro: The Politics of War, the War and United States Foreign Policy, 1913/1945
Autor: Gabriel Kolko

Livro: War in the Wild East: The German Army and Soviet Partisans
Autor: Ben Shepherd

Livro: An Ilustrated History of the Second World War
Autor: A.J.P. Taylor

Livro: The Road to War: Revised Edition
Autor(es): Richard Overy, Andrew Wheatcroft

Livro: History of World War Two
Autor: Basil Liddell Hart

Livro: The Fall of France
Autor: Julian Jackson

Livro: Russia's War
Autor: Richard Overy

Livro: The Rocket and the Reich: Peenemünde and the Coming of the Ballistic Missle Era
Autor: Michael Neufeld

Livro: The War of Our Childhood: Memories of World War II
Autor: Wolfgang W. E. Samuel

Livro: Through the Eyes of Innocents: Children Witness World War II
Autor: Emmy E Werner, Emmy E. Werner

Livro: Battle in the East: The German Army in Russia (Concord 6519)
Autor: Gordon Rottman, Stephen Andrew

Livro: Britain, America and Rearmament in the 1930s: The Cost of Failure
Autor: Christopher Price

Livro: The Persian Corridor and Aid to Russia (United States Army in World War II: The Middle East Theater)
Autor: T. H. Vail Motter

Livros em francês:

Livro: Pie XII et la Seconde Guerre Mondiale
Autores: Pierre Blet, Pierre Blet (S.J.)
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LIVROS SOBRE PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


Livros em português:


Livro: O Último Verão Europeu
Autor: David Fromkin


Livros em inglês:


Livro: Origins of the First World War (Lancaster Pamphlets)
Autor: Ruth Henig

Livro: London 1914-17: The Zeppelin Menace (Campaign 193)
Autor: Ian Castle

Livro: The Spirit of 1914: Militarism, Myth, and Mobilization in Germany (Studies in the Social and Cultural History of Modern Warfare)
Autor: Jeffrey Verhey

Livro: The First World War: The Eastern Front 1914-1918 (Essential Histories)
Autor: Geoffrey Jukes

Livro: Worldly Provincialism: German Anthropology in the Age of Empire (Social History, Popular Culture, and Politics in Germany)
Autor: H. Glenn Penny, Matti Bunzl

Livro: Balkan Wars 1912-1913: Prelude to the First World War (Warfare and History)
Autor: Richard C. Hall

Livro: The Origins of the First World War: Controversies and Consensus
Autora: Annika Mombauer

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O que era, o que é o Fascismo? (Em PDF gratuito, EBOOK)

O texto (traduzido), introdução, com o pdf se encontra abaixo. Estou colocando este link em destaque aqui porque acho provável que muita gente que tenha visto o post "Na Legião Azul franquista houve poucos voluntários e muitos forçados". Entrevista de Xavier Moreno" tenha passado batido do link que se encontra na "observação".

Muita gente pergunta "o que é fascismo", ou usa a generalização que se formou com o termo (geralmente usado como sinônimo de autoritário) e tem uma ideia confusa do que seja, até porque nunca foi fácil defini-lo por afirmações e mais pelo que ele se diz contra. Sem contar com a propaganda cretina que rola pela internet feita por grupos neocons (extrema-direita liberal) (tag: liberalismo) alegando que "Nazismo é de esquerda", com o intuito, via negação (jogar uma ideologia de extrema-direita pro "outro lado"), tentar tirar a carga negativa que o rótulo de extrema-direita carrega e/ou de não serem associados ao Fascismo, uma vez que o autoritarismo desses bandos possui muita semelhança com a dos fascistas (observação: ter semelhanças não significa que sejam necessariamente iguais). Esses bandos neocons defendem um liberalismo radical econômico (existente só na cabeça deles, eu costumava os chamar de PSTU de sinal trocado, vai ursinho! rs) que geralmente costuma levar países ao caos social.

Um adendo (ou mais de um), já que não vou colocar as notas no texto abaixo. O termo "populista" e "populismo" costuma, ou costumava, ser empregado na Europa pra rotular pejorativamente movimentos, grupos, partidos de extrema-direita. Um exemplo (o texto é recente): Le Pen e Lisboa. Até no Brasil e América Latina, governos nacionalistas (Vargas, Perón etc) recebiam o rótulo de "populistas", Vargas e Perón fizeram governos de cunho nacionalista (à direita). Ultimamente a direita neocon usa o termo (que serve mais pra demonizar do que pra explicar algo) pra atacar grupos de esquerda chamando tudo de "populismo" como um xingamento.

Adendo 2: o livro é sobre o fascismo e extrema-direita (de cunho fascista) na Espanha, mas serve de referência pra entender o fenômeno em outras partes do mundo, já que muitos grupos de extrema-direita no Brasil têm como referência o fascismo europeu.

Adendo 3: essa outra explicação é pro pessoal de fora que lê o blog e não conhece o contexto brasileiro, que tenham interesse mas não conhecem todos os detalhes, apesar deu ter colocado o link do verbete. O PSTU é um partido de extrema-esquerda, trotskista, que de tão à esquerda costuma 'dar beijo na boca' (força de expressão) da extrema-direita neocon. O PSTU sempre foi visto como um partido caricato e sem força (com baixa representatividade, não possui nenhum deputado ou senador no congresso nacional), que mais parece ou que tem um comportamento de seita (como quase todo agrupamento radicaloide, à direita e à esquerda).

Texto abaixo traduzido abaixo com o link do PDF do livro (ebook).
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Nosso ensaio "Que era e o que é o Fascismo", PDF gratuito

¿Qué era? ¿Qué es? El fascismo. Entre el legado de Franco y la modernidad de Le Pen (1975-1997), Destino, Barcelona, 1998, 94 pág. ISBN: 978-84-233-2999-1. Prólogo de Rosa Regás, pág. 11-14.

Em 1998 publicamos nosso breve ensaio "El fascismo" (O Fascismo), na coleção "¿Qué era? ¿Qué es?" ("O que era, o que é"), que era então dirigida por Rosa Regás na editora Destino. Dado que o livro se encontra fora de catálogo, e temos recebido petições de consulta, decidimos digitalizá-lo integralmente para que seja acessível em PDF, de modo gratuito.

Para acessar o livro inteiro, clique no link abaixo (Download):
El fascismo-Xavier Casals

Consideramos que, em que peso o tempo transcorrido, ele oferece uma imagem de interesse: uma radiografia do universo da extrema-direita espanhola da época, na qual se desenha então tentativas de importação do "lepenismo", sobrevivência do neofranquismo e se apontavam populismos protestatario emergentes.

Em suma, da nossa perspectiva o livro oferece una radiografia acessível do universo da extrema-direita espanhola antes da eclosão da Plataforma per Catalunya [PxC].

Sinopse

Síntese de divulgação sobre a evolução do fascismo até o momento da publicação do ensaio centrado no caso da Espanha. A primeira parte ("Os herdeiros do fascismo") expõe como se conformou uma extrema-direita no seio do franquismo, que constituiu um setor ideologicamente retrocedente no fim do regime e durante o alvorecer da Transição, chamado "bunker". A segunda ("A crise do 'bunker', 1975-1982") analisa o papel e a trajetória do "Fuerza Nueva", do terrorismo ultradireitista nos "anos do chumbo" e do fracassado golpe de Estado de 23 de fevereiro de 1981. A terceira parte ("Entre a tradição e a inovação, 1983-1994") constata a coexistência de discursos ultradireitistas nostálgicos do franquismo com outros inovadores e importadores da cultura política deste espectro então com sucesso na Europa, sendo sua referência principal o Front National francês. A quarta e última ("Até uma nova extrema-direita, 1994..."), faz previsões do futuro sobre a eventual existência de um "lepenismo espanhol".

A conclusão final, à luz da década transcorrida, resultou acertada. Dizíamos antes (1998):

"Enquanto a ultradireita espanhola, esta todavia parece contar com um longo caminho por percorrer antes de se configurar como opção política de certa solidez. Carece de líderes e quadros políticos, os eixos ideológicos de seu discurso atual são tão variados como - em ocasiões - contraditórios. As siglas que se agitam nesse espectro são quase desconhecidas, muito cambiantes e dificilmente com poder quanto à sua capacidade de convocatória. Os distintos grupos ou não concorrem às eleições ou, quando o fazem, seus resultados são insignificantes [...]. Mas, sobretudo, a extrema-direita enfrenta um problema não resolvido: conciliar os valores da ultradireita 'tradicional' e os da 'pós-industrial', reunir o legado de Franco e a modernidade de Le Pen" (p. 89).

Fonte: Blog de Xavier Casals
https://xaviercasals.wordpress.com/2014/08/31/el-populismo-que-viene-86-asi-era-la-extrema-derecha-espanola-antes-de-anglada-descarguese-el-ensayo-el-fascismo-en-pdf-gratuitamente/
Título original: Nuestro ensayo "¿Qué era? ¿Qué es? El fascismo" En PDF gratuito
Tradução: Roberto Lucena

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