Esta excelente tese de Eric Conrad Steinhart detalha como o Sonderkommando R (comandado por Hoffmeyer e consistindo de alemães étnicos locais) matou dezenas de milhares de judeus na Transnístria em 1942. Havia 134.000 alemães étnicos vivendo na Transnístria e se acreditava que os judeus deportados de Odessa eram uma ameaça de tifo a estes Volksdeutsche. Documentos descobertos por Steinhart incluem uma denúncia do guarda Nikolayev para Erich Koch afirmando que os corpos não enterrados de judeus eram um risco para a saúde. Assim, temos a prova de que a Transnístria não foi uma zona de reassentamento para judeus.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2012/02/end-of-kues-transnistria-gambit.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Alemanha: Governo alemão decide criar um registro central de neonazistas
Banco de dados vai centralizar informações sobre ativistas de extrema direita tidos como violentos. Objetivo é facilitar investigações sobre crimes de motivação neonazista.
A Alemanha espera vencer a luta contra os crimes cometidos por neonazistas com a ajuda de um banco de dados central com quase 10 mil registros. O governo alemão decidiu nesta quarta-feira (18/01) criar um arquivo que une informações das autoridades regionais e nacionais de segurança sobre extremistas de direita tidos como violentos e seus contatos.
A intenção é identificar com maior rapidez conexões dentro de certos grupos. O exemplo veio do banco de dados antiterrorismo, no qual estão registrados há anos dados sobre ativistas islâmicos tidos como perigosos.
No novo banco de dados estão informações como nome, endereço e data de nascimento. Uma ferramenta de busca permite descobrir dados adicionais, como número de conta corrente, telefone, e-mail e ficha policial. Por insistência da ministra alemã da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, essa ferramenta de pesquisa terá, a princípio, validade de quatro anos. Um possível prorrogação deverá ser definida depois de uma avaliação dos benefícios do recurso.
A criação do registro é uma consequência da descoberta tardia de que a série de assassinatos neonazistas que abalou a opinião pública na Alemanha, em novembro passado, foi cometida por um grupo de neonazistas. A motivação extremista do assassinato de nove imigrantes e uma policial só foi reconhecida anos depois dos crimes. Segundo especialistas, a falha na investigação foi provocada pela falta de troca de informações entre os muitos serviços de investigação envolvidos.
Crimes desvendados com anos de atraso
No início de novembro, após a descoberta de dois corpos carbonizados num trailer em chamas na cidade de Eisenach, no estado da Turíngia, a polícia alemã reuniu provas de que um mesmo trio neonazista fora responsável pela morte de uma policial, em 2007, e o assassinato de oito pequenos comerciantes turcos e um grego, ocorridos entre 2000 e 2006. A autoria, o motivo e a correlação entre os crimes permanecia desconhecida até então.
Os dois corpos encontrados no trailer eram de Uwe Mundlos e Uwe Böhnhardt, ativistas de extrema-direita procurados pela polícia por diversos roubos a bancos, juntamente com Beate Zschäpe, a companheira de moradia deles. O trio formava o núcleo de um grupo autointitulado Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU, na sigla em alemão). Zschäpe incendiou o apartamento em que morava com Mundlos e Böhnhardt em Zwickau, também na Turíngia, e se entregou à polícia poucos dias depois.
As armas de serviço da policial morta e de seu colega foram encontradas no trailer incendiado. Nas ruínas do apartamento, os investigadores acharam a arma que matou os comerciantes estrangeiros, cujos assassinatos eram até então um mistério.
Suspeita se recusa a depor
As investigações sobre a série de assassinatos cometidos pelos neonazistas se mostra mais difícil do que o esperado porque a principal acusada se nega a falar. O diretor do Departamento Federal de Investigações (BKA), Joerg Ziercke, afirmou em Berlim nesta quarta-feira que a principal suspeita, Beate Zschäpe, ainda se recusa a falar com os investigadores.
"Os outros suspeitos que estão sob custódia também são muito monossilábicos", disse o chefe da BKA. Ele, entretanto, se mostrou confiante de que, devido à contundência das provas, "alguns dos acusados logo falarão". Além de Zschäpe, há quatro outros suspeitos de cumplicidade em prisão preventiva.
MD/dpa/rtr
Revisão: Alexandre Schossler
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/dw/article/0,,15674170,00.html
Ver mais:
Berlim aprova criação de banco de dados central sobre neonazistas (EFE/Terra)
A Alemanha espera vencer a luta contra os crimes cometidos por neonazistas com a ajuda de um banco de dados central com quase 10 mil registros. O governo alemão decidiu nesta quarta-feira (18/01) criar um arquivo que une informações das autoridades regionais e nacionais de segurança sobre extremistas de direita tidos como violentos e seus contatos.
A intenção é identificar com maior rapidez conexões dentro de certos grupos. O exemplo veio do banco de dados antiterrorismo, no qual estão registrados há anos dados sobre ativistas islâmicos tidos como perigosos.
No novo banco de dados estão informações como nome, endereço e data de nascimento. Uma ferramenta de busca permite descobrir dados adicionais, como número de conta corrente, telefone, e-mail e ficha policial. Por insistência da ministra alemã da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, essa ferramenta de pesquisa terá, a princípio, validade de quatro anos. Um possível prorrogação deverá ser definida depois de uma avaliação dos benefícios do recurso.
A criação do registro é uma consequência da descoberta tardia de que a série de assassinatos neonazistas que abalou a opinião pública na Alemanha, em novembro passado, foi cometida por um grupo de neonazistas. A motivação extremista do assassinato de nove imigrantes e uma policial só foi reconhecida anos depois dos crimes. Segundo especialistas, a falha na investigação foi provocada pela falta de troca de informações entre os muitos serviços de investigação envolvidos.
Crimes desvendados com anos de atraso
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O trio de Zwickau: Zschäpe, Böhnhardt e Mundlos |
Os dois corpos encontrados no trailer eram de Uwe Mundlos e Uwe Böhnhardt, ativistas de extrema-direita procurados pela polícia por diversos roubos a bancos, juntamente com Beate Zschäpe, a companheira de moradia deles. O trio formava o núcleo de um grupo autointitulado Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU, na sigla em alemão). Zschäpe incendiou o apartamento em que morava com Mundlos e Böhnhardt em Zwickau, também na Turíngia, e se entregou à polícia poucos dias depois.
As armas de serviço da policial morta e de seu colega foram encontradas no trailer incendiado. Nas ruínas do apartamento, os investigadores acharam a arma que matou os comerciantes estrangeiros, cujos assassinatos eram até então um mistério.
Suspeita se recusa a depor
As investigações sobre a série de assassinatos cometidos pelos neonazistas se mostra mais difícil do que o esperado porque a principal acusada se nega a falar. O diretor do Departamento Federal de Investigações (BKA), Joerg Ziercke, afirmou em Berlim nesta quarta-feira que a principal suspeita, Beate Zschäpe, ainda se recusa a falar com os investigadores.
"Os outros suspeitos que estão sob custódia também são muito monossilábicos", disse o chefe da BKA. Ele, entretanto, se mostrou confiante de que, devido à contundência das provas, "alguns dos acusados logo falarão". Além de Zschäpe, há quatro outros suspeitos de cumplicidade em prisão preventiva.
MD/dpa/rtr
Revisão: Alexandre Schossler
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/dw/article/0,,15674170,00.html
Ver mais:
Berlim aprova criação de banco de dados central sobre neonazistas (EFE/Terra)
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Alemanha barra publicação de trechos da obra de Hitler
Decisão judicial sobre 'Mein Kampf' retoma debate sobre capacidade do país de lidar com obra que semeou o antissemitismo
The New York Times | 01/02/2012 08:01
Na semana passada as autoridades alemãs conseguiram mais uma vitória numa batalha contínua para impedir que o livro "Mein Kampf", famosa obra de Adolf Hitler, seja publicada na Alemanha. Um tribunal da Baviera decidiu que uma editora britânica não poderia publicar trechos anotados do livro.
A editora Peter McGee havia planejado publicar cerca de 100 mil cópias do livro com passagens importantes anotadas a partir de quinta-feira como parte de um projeto mais amplo de divulgar publicações históricas da era nazista. Mas uma ordem do tribunal estadual de Munique decidiu que a publicação do livro violaria direitos autorais da obra, que pertencem ao Estado da Baviera até 2015.
No começo da quarta-feira, ao antecipar a decisão, a editora com sede em Londres afirmou que iria segurar a publicação de trechos da obra.
Esta controvérsia faz parte do confronto ideológico que a Alemanha moderna enfrenta ao ter que lidar com uma obra que plantou as sementes do Holocausto. Cópias na oficiais de "Mein Kampf" são facilmente encontradas na internet e a publicação do livro é legalmente permitida no exterior, inclusive nos Estados Unidos.
Esta semana o governo divulgou os resultados de um estudo que durou dois anos e mostrou que um em cada cinco alemães ainda mantém crenças antissemitas, apesar de décadas em que as crianças foram educadas nas escolas do país sobre o judaísmo e a tolerância, além de uma forte rejeição ao antissemitismo por parte dos partidos políticos que governam o país.
"Apesar dos muitos programas em andamento e dos esforços feitos para lidar com isso, é incrível como é difícil mudar as crenças sobre esse assunto", disse Aycan Demirel, que lidera um grupo em Berlim que luta contra a propagação do antissemitismo entre os jovens imigrantes da Alemanha.
Mas a editora McGee, que queria publicar trechos do livro "Mein Kampf" em sua revista semanal, a Zeitungszeugen, diz que o livro tem uma reputação "mítica e carrega um significado injustificado só porque foi por muito tempo escondido, banido e proibido."
"Queremos que o 'Mein Kampf' esteja acessível às pessoas para que elas possam vê-lo pelo que ele é, e então descartá-lo", ele disse à agência de notícias Reuters na semana passada.
Mas muitas pessoas na Alemanha acreditam que disponibilizar o livro que Hitler escreveu para aqueles que ainda apoiam o que ele fez pode ser algo perigoso.
Cerca de 26 mil extremistas de direita são reconhecidos pelo governo, apenas uma pequena fração de uma população de 82 milhões de habitantes. Mas pela internet eles conseguem atingir um maior número da população em geral.
Um estudo feito pelo governo, divulgado na segunda-feira, constatou que os apoiadores da extrema-direita da Alemanha continuam sendo a fonte mais importante de disseminação de uma ideologia antissemita na Alemanha.
Em novembro, os alemães ficaram chocados quando autoridades descobriram um grupo de neonazistas que operou durante anos sem que ninguém tivesse qualquer consciência de suas ações, chegando a matar nove alemães de ascendência turca e grega entre 2000 e 2006, entre outros crimes. Um inquérito concluiu que estes membros tiveram ajuda de outros apoiadores do movimento que permitiram que eles vivessem escondidos.
Na quarta-feira, a polícia do Estado da Saxônia revistou a casa de algumas pessoas que eram suspeitas de ter fornecido armas e explosivos ao grupo.
São estes tipos de casos que deixam Stephan Kramer, secretário-geral do Conselho Central dos Judeus em Berlim, dividido sobre "Mein Kampf" ainda dever ser considerado perigoso.
"Fico dividido sobre o assunto", disse ele, reconhecendo todo o esforço que foi feito para banir a ideologia nazista. "Se não podemos confiar na população alemã atual para lidar com o 'Mein Kampf' de uma maneira madura, então os anos que passamos tentando educar as pessoas sobre o Holocausto foram em vão.”
Por Melissa Eddy
Fonte: The New York Times/Último Segundo IG
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/nyt/alemanha-barra-publicacao-de-trechos-da-obra-de-hitler/n1597608100034.html
The New York Times | 01/02/2012 08:01
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Imagem de dezembro de 1938 mostra Hitler em Berlim, na Alemanha (Foto: AP) |
A editora Peter McGee havia planejado publicar cerca de 100 mil cópias do livro com passagens importantes anotadas a partir de quinta-feira como parte de um projeto mais amplo de divulgar publicações históricas da era nazista. Mas uma ordem do tribunal estadual de Munique decidiu que a publicação do livro violaria direitos autorais da obra, que pertencem ao Estado da Baviera até 2015.
No começo da quarta-feira, ao antecipar a decisão, a editora com sede em Londres afirmou que iria segurar a publicação de trechos da obra.
Esta controvérsia faz parte do confronto ideológico que a Alemanha moderna enfrenta ao ter que lidar com uma obra que plantou as sementes do Holocausto. Cópias na oficiais de "Mein Kampf" são facilmente encontradas na internet e a publicação do livro é legalmente permitida no exterior, inclusive nos Estados Unidos.
Esta semana o governo divulgou os resultados de um estudo que durou dois anos e mostrou que um em cada cinco alemães ainda mantém crenças antissemitas, apesar de décadas em que as crianças foram educadas nas escolas do país sobre o judaísmo e a tolerância, além de uma forte rejeição ao antissemitismo por parte dos partidos políticos que governam o país.
"Apesar dos muitos programas em andamento e dos esforços feitos para lidar com isso, é incrível como é difícil mudar as crenças sobre esse assunto", disse Aycan Demirel, que lidera um grupo em Berlim que luta contra a propagação do antissemitismo entre os jovens imigrantes da Alemanha.
Mas a editora McGee, que queria publicar trechos do livro "Mein Kampf" em sua revista semanal, a Zeitungszeugen, diz que o livro tem uma reputação "mítica e carrega um significado injustificado só porque foi por muito tempo escondido, banido e proibido."
"Queremos que o 'Mein Kampf' esteja acessível às pessoas para que elas possam vê-lo pelo que ele é, e então descartá-lo", ele disse à agência de notícias Reuters na semana passada.
Mas muitas pessoas na Alemanha acreditam que disponibilizar o livro que Hitler escreveu para aqueles que ainda apoiam o que ele fez pode ser algo perigoso.
Cerca de 26 mil extremistas de direita são reconhecidos pelo governo, apenas uma pequena fração de uma população de 82 milhões de habitantes. Mas pela internet eles conseguem atingir um maior número da população em geral.
Um estudo feito pelo governo, divulgado na segunda-feira, constatou que os apoiadores da extrema-direita da Alemanha continuam sendo a fonte mais importante de disseminação de uma ideologia antissemita na Alemanha.
Em novembro, os alemães ficaram chocados quando autoridades descobriram um grupo de neonazistas que operou durante anos sem que ninguém tivesse qualquer consciência de suas ações, chegando a matar nove alemães de ascendência turca e grega entre 2000 e 2006, entre outros crimes. Um inquérito concluiu que estes membros tiveram ajuda de outros apoiadores do movimento que permitiram que eles vivessem escondidos.
Na quarta-feira, a polícia do Estado da Saxônia revistou a casa de algumas pessoas que eram suspeitas de ter fornecido armas e explosivos ao grupo.
São estes tipos de casos que deixam Stephan Kramer, secretário-geral do Conselho Central dos Judeus em Berlim, dividido sobre "Mein Kampf" ainda dever ser considerado perigoso.
"Fico dividido sobre o assunto", disse ele, reconhecendo todo o esforço que foi feito para banir a ideologia nazista. "Se não podemos confiar na população alemã atual para lidar com o 'Mein Kampf' de uma maneira madura, então os anos que passamos tentando educar as pessoas sobre o Holocausto foram em vão.”
Por Melissa Eddy
Fonte: The New York Times/Último Segundo IG
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/nyt/alemanha-barra-publicacao-de-trechos-da-obra-de-hitler/n1597608100034.html
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Relatório militar sérvio sobre fuzilamento de judeus e ciganos
NOKW-905, Comandante da 9ª companhia, 433º Regimento de Infantaria, à 704ª Divisão de Infantaria, relatório sobre o fuzilamento de judeus e ciganos em 01/11/41, reproduzido aqui:
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2012/01/serbian-military-report-on-shooting-of.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
As esposas dos judeus que estavam reunidos em frente do campo. Elas estavam chorando e gritando quando as conduzimos para fora...Fonte: Holocaust Controversies
[...]
O fuzilamento de judeus é mais fácil do que o dos ciganos. É preciso admitir que os judeus são muito composto como encaram a morte - eles ficam muito calmos - enquanto os ciganos choram, gritam e constantemente se movem quando chegam ao local de execução. Alguns deles até saltou para as valas antes dos tiros serem disparados e fingiu estar morto.
No início, meus soldados não ficaram impressionados. No segundo dia, no entanto, ficou claro que um ou outro não tinham nervos para realizar as execuções por um longo período de tempo. É minha impressão pessoal que alguém não tem nenhum escrúpulo mental enquanto está atirando. Eles aparecem dias depois, enquanto a pessoa reflete sobre isso calmamente à noite.
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2012/01/serbian-military-report-on-shooting-of.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
domingo, 29 de janeiro de 2012
França: extrema-direita modera discurso e cresce nas pesquisas
Com uma criança no colo, a candidata da Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, faz campanha em Bordeaux
Foto: AFP
A constatação parece paradoxal: na França, país que se orgulha de ser berço dos Direitos Humanos, quase um terço da população concorda com as ideias defendidas pelo principal partido de extrema-direita, a Frente Nacional. A FN tem como principais bandeiras a luta contra a imigração, em especial a muçulmana, a repressão da violência e o fim do euro.
Os resultados foram apontados por uma pesquisa realizada pelo instituto TNS Sofres: a apenas três meses das eleições presidenciais, 31% dos franceses se dizem "de acordo com as idéias do FN", contra 21% há um ano. Ao mesmo tempo, o índice de pessoas que afirmam ser "totalmente contrárias" aos argumentos do partido extremistas caiu pela metade, de 70%, em 1999, para 35% nesta última pesquisa.
Por trás da maior aceitação da sigla - que culpa o desemprego e a violência na França à presença de estrangeiros no país -, está um fenômeno que atende pelo nome de Marine Le Pen. Ao contrário do pai, o fundador da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, Marine transformou as mesmas ideias tradicionais do partido em um discurso aceitável aos olhos dos franceses, ao abolir palavras racistas e agressivas contra as minorias. O antissemitismo também foi riscado da nova oratória populista lepenista, na voz da sorridente filha loira de olhos azuis.
Até que ponto essa maior adesão significa que uma parcela significativa de franceses é, no fundo, xenófoba e ultraconservadora, é uma questão difícil de responder: ao mesmo tempo em que se reconhece cada vez mais nas palavras dos extremistas - o que culminou na ascensão de Le Pen, o pai, ao segundo turno nas eleições presidenciais de 2002 -, a França também não permite que a FN ultrapasse os 20% de votos. Há anos, este eleitorado fiel permanece o mesmo, formado principalmente por trabalhadores rurais e operários.
Por essa razão, na histórica votação decidida contra o ex-presidente Jacques Chirac, o líder da extrema-direita perdeu com praticamente os mesmos 17% das cédulas que havia conquistado no primeiro turno, contra 82% para o conservador moderado. Chirac recolheu os votos da direita e da esquerda, na época incapaz de chegar a um consenso sobre a candidatura do socialista Lionel Jospin.
"Marine Le Pen marca o fim da geração abertamente racista, a geração do pai dela. Marine retirou o lado diabólico do partido", afirma Valérie Igounet, especialista em negacionismo (negação do Holocausto) na França. "Mas ainda assim, é preciso deixar claro que a adesão a essas ideias permanece restrita a um grupo, a um partido, e não é a tradição francesa. Nós continuamos sendo a França dos Direitos Humanos", disse a pesquisadora. Ela considera que o contexto atual, de crise econômica e campanha eleitoral, é responsável pela abordagem seguidamente próxima dos argumentos extremistas por parte de setores do governo do atual presidente, Nicolas Sarkozy, em busca da reeleição. Mas avalia que estes momentos fazem parte da estratégia da direita clássica francesa para obter votos dos eleitores que se situam não tão à direita quanto a Frente Nacional, porém julgam o governo Sarkozy pouco rígido nas questões de imigração e criminalidade.
Frances não gosta que imigrante tenha os mesmos direitos "A própria existência da Frente Nacional é fruto da democracia francesa e é uma das heranças da Revolução Francesa, que abriu espaço para o pluripartidarismo democrático", comenta Ariane Chebel d'Appollonia, pesquisadora sobre xenofobia, racismo e extrema-direita na Europa no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po). A especialista explica que o apego nacionalista de fato encontra eco na sociedade francesa, mas para uns, ele se traduz em um orgulho do nacional com a tolerância e a valorização do outro, enquanto para uma parcela menor esse sentimento "degenera" para a rejeição do estrangeiro.
"Isso dito, a França nunca resolveu bem essa sua dicotomia, sobre os limites de aceitar o outro. No fundo, a questão da xenofobia francesa concerne o nacionalismo de direitos, ou seja, o francês gosta de ser privilegiado em seus direitos enquanto tal, em relação a um estrangeiro", avalia a autora de obras como A Extrema-Direita na França - De Maurras a Le Pen. A proposta socialista de direito a voto para os imigrantes, por exemplo, jamais foi aprovada na França, enquanto o acesso irrestrito à assistência social pelos estrangeiros é alvo constante de ataques pela Frente Nacional.
Sobre as chances de um abril 2002 se repetir 10 anos depois, nas próximas eleições, as duas pesquisadoras concordam que essa possibilidade existe, mas ressaltam que o mais importante é o fato de que a o partido não ganharia uma eleição na França. Na visão de d'Appollonia, a FN vence a batalha da propagação das ideias, mas perde no campo mais importante, a briga eleitoral. "O problema, a meu ver, é a banalização dos assuntos caros à extrema-direita, como a imigração, a rejeição dos muçulmanos, o resgate da identidade nacional francesa e o apego por resultados contra a criminalidade. Em busca de votos, a direita tradicional acabou adotando estes temas e isso é triste para o país."
O primeiro turno das eleições acontece em 22 de abril e o segundo, em 6 de maio. Nas pesquisas de intenções de votos, Marine Le Pen oscila entre 15 e 20%, enquanto o socialista François Hollande lidera com cerca de 27%. Sarkozy, na briga por um segundo mandato, conta com a preferência de em média 23% dos eleitores.
Especial para Terra
Fonte: AFP
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5572278-EI8142,00-Franca+extremadireita+modera+discurso+e+cresce+nas+pesquisas.html
Ver também:
França: crise econômica favorece candidata de extrema-direita (Reuters/Terra)
Foto: AFP
A constatação parece paradoxal: na França, país que se orgulha de ser berço dos Direitos Humanos, quase um terço da população concorda com as ideias defendidas pelo principal partido de extrema-direita, a Frente Nacional. A FN tem como principais bandeiras a luta contra a imigração, em especial a muçulmana, a repressão da violência e o fim do euro.
Os resultados foram apontados por uma pesquisa realizada pelo instituto TNS Sofres: a apenas três meses das eleições presidenciais, 31% dos franceses se dizem "de acordo com as idéias do FN", contra 21% há um ano. Ao mesmo tempo, o índice de pessoas que afirmam ser "totalmente contrárias" aos argumentos do partido extremistas caiu pela metade, de 70%, em 1999, para 35% nesta última pesquisa.
Por trás da maior aceitação da sigla - que culpa o desemprego e a violência na França à presença de estrangeiros no país -, está um fenômeno que atende pelo nome de Marine Le Pen. Ao contrário do pai, o fundador da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, Marine transformou as mesmas ideias tradicionais do partido em um discurso aceitável aos olhos dos franceses, ao abolir palavras racistas e agressivas contra as minorias. O antissemitismo também foi riscado da nova oratória populista lepenista, na voz da sorridente filha loira de olhos azuis.
Até que ponto essa maior adesão significa que uma parcela significativa de franceses é, no fundo, xenófoba e ultraconservadora, é uma questão difícil de responder: ao mesmo tempo em que se reconhece cada vez mais nas palavras dos extremistas - o que culminou na ascensão de Le Pen, o pai, ao segundo turno nas eleições presidenciais de 2002 -, a França também não permite que a FN ultrapasse os 20% de votos. Há anos, este eleitorado fiel permanece o mesmo, formado principalmente por trabalhadores rurais e operários.
Por essa razão, na histórica votação decidida contra o ex-presidente Jacques Chirac, o líder da extrema-direita perdeu com praticamente os mesmos 17% das cédulas que havia conquistado no primeiro turno, contra 82% para o conservador moderado. Chirac recolheu os votos da direita e da esquerda, na época incapaz de chegar a um consenso sobre a candidatura do socialista Lionel Jospin.
"Marine Le Pen marca o fim da geração abertamente racista, a geração do pai dela. Marine retirou o lado diabólico do partido", afirma Valérie Igounet, especialista em negacionismo (negação do Holocausto) na França. "Mas ainda assim, é preciso deixar claro que a adesão a essas ideias permanece restrita a um grupo, a um partido, e não é a tradição francesa. Nós continuamos sendo a França dos Direitos Humanos", disse a pesquisadora. Ela considera que o contexto atual, de crise econômica e campanha eleitoral, é responsável pela abordagem seguidamente próxima dos argumentos extremistas por parte de setores do governo do atual presidente, Nicolas Sarkozy, em busca da reeleição. Mas avalia que estes momentos fazem parte da estratégia da direita clássica francesa para obter votos dos eleitores que se situam não tão à direita quanto a Frente Nacional, porém julgam o governo Sarkozy pouco rígido nas questões de imigração e criminalidade.
Frances não gosta que imigrante tenha os mesmos direitos "A própria existência da Frente Nacional é fruto da democracia francesa e é uma das heranças da Revolução Francesa, que abriu espaço para o pluripartidarismo democrático", comenta Ariane Chebel d'Appollonia, pesquisadora sobre xenofobia, racismo e extrema-direita na Europa no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po). A especialista explica que o apego nacionalista de fato encontra eco na sociedade francesa, mas para uns, ele se traduz em um orgulho do nacional com a tolerância e a valorização do outro, enquanto para uma parcela menor esse sentimento "degenera" para a rejeição do estrangeiro.
"Isso dito, a França nunca resolveu bem essa sua dicotomia, sobre os limites de aceitar o outro. No fundo, a questão da xenofobia francesa concerne o nacionalismo de direitos, ou seja, o francês gosta de ser privilegiado em seus direitos enquanto tal, em relação a um estrangeiro", avalia a autora de obras como A Extrema-Direita na França - De Maurras a Le Pen. A proposta socialista de direito a voto para os imigrantes, por exemplo, jamais foi aprovada na França, enquanto o acesso irrestrito à assistência social pelos estrangeiros é alvo constante de ataques pela Frente Nacional.
Sobre as chances de um abril 2002 se repetir 10 anos depois, nas próximas eleições, as duas pesquisadoras concordam que essa possibilidade existe, mas ressaltam que o mais importante é o fato de que a o partido não ganharia uma eleição na França. Na visão de d'Appollonia, a FN vence a batalha da propagação das ideias, mas perde no campo mais importante, a briga eleitoral. "O problema, a meu ver, é a banalização dos assuntos caros à extrema-direita, como a imigração, a rejeição dos muçulmanos, o resgate da identidade nacional francesa e o apego por resultados contra a criminalidade. Em busca de votos, a direita tradicional acabou adotando estes temas e isso é triste para o país."
O primeiro turno das eleições acontece em 22 de abril e o segundo, em 6 de maio. Nas pesquisas de intenções de votos, Marine Le Pen oscila entre 15 e 20%, enquanto o socialista François Hollande lidera com cerca de 27%. Sarkozy, na briga por um segundo mandato, conta com a preferência de em média 23% dos eleitores.
Especial para Terra
Fonte: AFP
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5572278-EI8142,00-Franca+extremadireita+modera+discurso+e+cresce+nas+pesquisas.html
Ver também:
França: crise econômica favorece candidata de extrema-direita (Reuters/Terra)
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Romênia: deportação de ciganos em 1942, uma tragédia esquecida
Em maio de 1942, o marechal romeno Ion Antonescu ordenou a deportação para a Transnistria dos ciganos "nômades, sem ocupação ou delinquentes": quase 70 anos depois, os poucos sobreviventes evocam essa tragédia esquecida, um estigma indelével para tanta gente.
"Eles nos detiveram numa rua de Bucareste, colocando-nos numa carroça puxada por cavalos e nos diziam que seríamos levados a um lugar onde receberíamos terras", conta à AFP Marin Safta, de 89 anos de idade, que perdeu a mãe e um irmão durante os dois anos passados na Transnistria, uma região controlada, então, pelo regime pró-nazista de Antonescu.
"Deportaram-nos para nos matar, mas, como podem ver, eu não morri", diz o velho homem, que vive numa pequena casa escura, sem nunca ter sido indenizado.
A tragédia ainda está bem viva, e será também recordada nesta sexta-feira, Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto.
Dos 208 mil ciganos que viviam no país em 1942 25.000, isto é 12%, foram deportados, segundo o informe sobre o Holocausto na Romênia, redigido por uma comissão internacional de historiadores liderada pelo Prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel. Onze mil morreram.
Entre 280 mil e 380 mil judeus romenos e ucranianos também vieram a falecer nos territórios administrados por Bucareste.
"A deportação de ciganos gerou vários abusos. Também tiveram o mesmo destino famílias de romenos pobres, de húngaros e turcos, e pessoas que tinham mesmo um trabalho ou terras", segundo a comissão.
Gheorghe Stana tinha 7 anos quando chegou a ordem de deportação. "Tínhamos uma casa, meu pai trabalhava como jornaleiro, mas nada adiantou. Fomos todos levados, minha mãe, minha irmã...", conta Stana à AFP. Ele nasceu em Vedea (sul).
A falta de alimentos, as enfermidades e o trabalho forçado dizimaram os deportados. "Milhares de pessoas morreram ali. Os corpos eram jogados numa fossa, como animais. Ainda tenho diante de meus olhos essas imagens", diz.
"Quando a guerra acabou, nos deixaram ir embora", conta Safta, narrando como voltou de trem até a fronteira atual entre a Moldávia e a Romênia, seguindo, depois, a pé, até Bucareste.
Os dois homens dizem que "falaram muito pouco" a seus filhos sobre essa tragédia, porque tentavam eles próprios não pensar mais nela.
O fato de a ordem oficial de deportação só dizer respeito a algumas categorias de ciganos "tem implicações profundas na mentalidade" da comunidade, explica o sociólogo Nicolae Furtuna.
Muitas vítimas sentem "vergonha de dizer que foram deportadas, é um estigma", explica o sociólogo, que compara a situação deles com a das mulheres estupradas.
Furtuna, que ouviu dezenas de sobreviventes, conta depoimentos terríveis. "Me disseram que alguns chegaram a comer carne humana, outros esconderam em casa o corpo de um parente morto para continuar recebendo sua ração de comida", diz, lamentando a falta de documentos escritos sobre esses acontecimentos.
"São esses detalhes, mais que os números, que nos fazem viver esse período triste", diz, destacando ser "um dever moral transmitir essas experiências" aos jovens, sejam ciganos ou não.
Fonte: AFP
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5579241-EI8142,00-Romenia+deportacao+de+ciganos+em+uma+tragedia+esquecida.html
"Eles nos detiveram numa rua de Bucareste, colocando-nos numa carroça puxada por cavalos e nos diziam que seríamos levados a um lugar onde receberíamos terras", conta à AFP Marin Safta, de 89 anos de idade, que perdeu a mãe e um irmão durante os dois anos passados na Transnistria, uma região controlada, então, pelo regime pró-nazista de Antonescu.
"Deportaram-nos para nos matar, mas, como podem ver, eu não morri", diz o velho homem, que vive numa pequena casa escura, sem nunca ter sido indenizado.
A tragédia ainda está bem viva, e será também recordada nesta sexta-feira, Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto.
Dos 208 mil ciganos que viviam no país em 1942 25.000, isto é 12%, foram deportados, segundo o informe sobre o Holocausto na Romênia, redigido por uma comissão internacional de historiadores liderada pelo Prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel. Onze mil morreram.
Entre 280 mil e 380 mil judeus romenos e ucranianos também vieram a falecer nos territórios administrados por Bucareste.
"A deportação de ciganos gerou vários abusos. Também tiveram o mesmo destino famílias de romenos pobres, de húngaros e turcos, e pessoas que tinham mesmo um trabalho ou terras", segundo a comissão.
Gheorghe Stana tinha 7 anos quando chegou a ordem de deportação. "Tínhamos uma casa, meu pai trabalhava como jornaleiro, mas nada adiantou. Fomos todos levados, minha mãe, minha irmã...", conta Stana à AFP. Ele nasceu em Vedea (sul).
A falta de alimentos, as enfermidades e o trabalho forçado dizimaram os deportados. "Milhares de pessoas morreram ali. Os corpos eram jogados numa fossa, como animais. Ainda tenho diante de meus olhos essas imagens", diz.
"Quando a guerra acabou, nos deixaram ir embora", conta Safta, narrando como voltou de trem até a fronteira atual entre a Moldávia e a Romênia, seguindo, depois, a pé, até Bucareste.
Os dois homens dizem que "falaram muito pouco" a seus filhos sobre essa tragédia, porque tentavam eles próprios não pensar mais nela.
O fato de a ordem oficial de deportação só dizer respeito a algumas categorias de ciganos "tem implicações profundas na mentalidade" da comunidade, explica o sociólogo Nicolae Furtuna.
Muitas vítimas sentem "vergonha de dizer que foram deportadas, é um estigma", explica o sociólogo, que compara a situação deles com a das mulheres estupradas.
Furtuna, que ouviu dezenas de sobreviventes, conta depoimentos terríveis. "Me disseram que alguns chegaram a comer carne humana, outros esconderam em casa o corpo de um parente morto para continuar recebendo sua ração de comida", diz, lamentando a falta de documentos escritos sobre esses acontecimentos.
"São esses detalhes, mais que os números, que nos fazem viver esse período triste", diz, destacando ser "um dever moral transmitir essas experiências" aos jovens, sejam ciganos ou não.
Fonte: AFP
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5579241-EI8142,00-Romenia+deportacao+de+ciganos+em+uma+tragedia+esquecida.html
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Confirmadas valas comuns em Treblinka
Arqueólogos forenses britânicos são autores da primeira tentativa científica de localização de restos mortais de vítimas do Holocausto, no campo de concentração de Treblinka, na Polônia.
Entre 1942 e 1943, mais de 800 mil judeus foram mortos em Treblinka. A existência de valas comuns neste campo de concentração era apenas conhecida pelos relatos de sobreviventes, o que originava dúvidas acerca da veracidade dos mesmos.
Um estudo conduzido pela arqueóloga britânica Caroline Sturdy Colls, da Universidade de Birmingham, veio comprovar esses testemunhos. Novas tecnologias aplicadas na investigação – que incluem imagens de satélite, GPS, radar de penetração no solo, levantamento de resistência do solo e aparelhos de imagens elétricas – permitiram localizar seis valas comuns nas áreas referenciadas pelas testemunhas.
Uma destas valas tem 26 metros de comprimento, 17 de largura e, pelo menos, quatro de profundidade.
A pesquisa no terreno permitiu também localizar construções que aparentam ser estruturais, sendo que duas delas são provavelmente restos das câmaras de gás. De acordo com as testemunhas, estas eram as únicas estruturas feitas de tijolos.
De forma a respeitar as tradições religiosas dos judeus – que não permitem a exumação dos corpos – não foram feitas escavações no local. As descobertas foram feitas através do contraste detetado pelas tecnologias modernas entre as propriedades físicas do solo e as características no interior do mesmo, como perturbações causadas por algo enterrado.
Pesquisas anteriores
Um relatório de 1946 encontrou no local “restos de postes queimados, pedaços de arame farpado e secções curtas de estrada pavimentada” e ainda “grandes quantidades de cinzas humanas misturadas com areia e ossos”. Apesar de terem sido detetados restos humanos no local, nunca ficou comprovada a existência de valas comuns.
Na pesquisa que começou em 2010, Caroline Sturdy Colls deixou claro que é possível ver fragmentos de osso na superfície do solo, especialmente depois de chover, resultantes das cinzas da cremação dos corpos.
Encobrir crimes de guerra
Ao contrário do campo de concentração de Auschwitz, onde as câmaras de gás e os crematórios continuam de pé, em Treblinka tudo foi destruído.
Hoje em dia, o local onde morreram milhares de pessoas é um memorial de 17 mil pedras com os nomes dos locais de onde eram originários os judeus que para aqui foram transportados.
A decisão de destruir este campo de concentração e cremar os corpos das vítimas aconteceu depois de o Exército alemão ter percebido que deveria encobrir os crimes de guerra.
Em 1943, os nazis abandonaram este campo próximo de Varsóvia. Destruíram todos os edifícios e todos os vestígios que levassem a crer que ali tinha sido montado um campo de concentração. Transformaram então Treblinka numa quinta e plantaram árvores à volta.
Mas para um grupo de arqueólogos forenses todas as provas apontam para o propósito real daquele sítio.
Fonte: JA/Rede Expresso
http://www.jornaldoalgarve.pt/2012/01/confirmadas-valas-comuns-em-treblinka/
Entre 1942 e 1943, mais de 800 mil judeus foram mortos em Treblinka. A existência de valas comuns neste campo de concentração era apenas conhecida pelos relatos de sobreviventes, o que originava dúvidas acerca da veracidade dos mesmos.
Um estudo conduzido pela arqueóloga britânica Caroline Sturdy Colls, da Universidade de Birmingham, veio comprovar esses testemunhos. Novas tecnologias aplicadas na investigação – que incluem imagens de satélite, GPS, radar de penetração no solo, levantamento de resistência do solo e aparelhos de imagens elétricas – permitiram localizar seis valas comuns nas áreas referenciadas pelas testemunhas.
Uma destas valas tem 26 metros de comprimento, 17 de largura e, pelo menos, quatro de profundidade.
A pesquisa no terreno permitiu também localizar construções que aparentam ser estruturais, sendo que duas delas são provavelmente restos das câmaras de gás. De acordo com as testemunhas, estas eram as únicas estruturas feitas de tijolos.
De forma a respeitar as tradições religiosas dos judeus – que não permitem a exumação dos corpos – não foram feitas escavações no local. As descobertas foram feitas através do contraste detetado pelas tecnologias modernas entre as propriedades físicas do solo e as características no interior do mesmo, como perturbações causadas por algo enterrado.
Pesquisas anteriores
Um relatório de 1946 encontrou no local “restos de postes queimados, pedaços de arame farpado e secções curtas de estrada pavimentada” e ainda “grandes quantidades de cinzas humanas misturadas com areia e ossos”. Apesar de terem sido detetados restos humanos no local, nunca ficou comprovada a existência de valas comuns.
Na pesquisa que começou em 2010, Caroline Sturdy Colls deixou claro que é possível ver fragmentos de osso na superfície do solo, especialmente depois de chover, resultantes das cinzas da cremação dos corpos.
Encobrir crimes de guerra
Ao contrário do campo de concentração de Auschwitz, onde as câmaras de gás e os crematórios continuam de pé, em Treblinka tudo foi destruído.
Hoje em dia, o local onde morreram milhares de pessoas é um memorial de 17 mil pedras com os nomes dos locais de onde eram originários os judeus que para aqui foram transportados.
A decisão de destruir este campo de concentração e cremar os corpos das vítimas aconteceu depois de o Exército alemão ter percebido que deveria encobrir os crimes de guerra.
Em 1943, os nazis abandonaram este campo próximo de Varsóvia. Destruíram todos os edifícios e todos os vestígios que levassem a crer que ali tinha sido montado um campo de concentração. Transformaram então Treblinka numa quinta e plantaram árvores à volta.
Mas para um grupo de arqueólogos forenses todas as provas apontam para o propósito real daquele sítio.
Fonte: JA/Rede Expresso
http://www.jornaldoalgarve.pt/2012/01/confirmadas-valas-comuns-em-treblinka/
domingo, 22 de janeiro de 2012
O Holocausto dos Roma e Sinti austríacos (Holocausto cigano)
Trecho do texto "O HOLOCAUSTO DOS ROMA E SINTI AUSTRÍACOS" de Gerhard Baumgartner e Florian Freund, da parte onde relata a deportação e confinamento de ciganos para o gueto de Lodz e logo após seus assassinatos no campo de extermínio de Chelmno(Kulmhof), localizado na Polônia ocupada.
Do texto original(em alemão):
57 Freund/Baumgartner/Greifeneder, Vermögensentzug, S. 43 f.
58 Erlass des RFSS S-Va2b Nr. 81/41 g II, StLA, Landesregierung, 384 Zi 1-1940.
59 Landrat Oberwart, 19.3.1942, DÖW 11293
Fonte: Der Holocaust an den Österreichischen Roma und Sinti; autores: Gerhard Baumgartner, Florian Freund
http://www.ph-burgenland.at/fileadmin/Berichte/newsbeitraege/holocaust.pdf
Tradução: Roberto Lucena
Do texto original(em alemão):
Am 1. Oktober 1941 ordnete Himmler die Deportation von 5000 Roma und Sinti aus Österreich in das Ghetto von Łódz/Litzmannstadt an.58 Betroffen waren fast nur Burgenland-Roma. In der Regel wurden ganze Familien deportiert. Darüber hinaus dürfte die Arbeits(un)fähigkeit wichtigstes Selektionskriterium gewesen sein. Die Gemeinden wollten Fürsorgekosten einsparen und nur jene in den örtlichen Zigeunerlagern behalten, die nutzbringend eingesetzt werden konnten. Zwischen dem 4. und 8. November 1941 fuhr täglich ein Zug mit 1000 Opfern nach Łodz/Litzmannstadt. Allein aus Lackenbach wurden 2000 Roma und Sinti deportiert. Die Transporte wurden von je einem Offizier und 20 Wachmännern des Reserve Polizei-Bataillons 172 begleitet. Die Kosten der Deportation bestritten das RSHA und die lokalen Fürsorgestellen gemeinsam.Tradução:
Von den insgesamt 5007 nach Łódz Deportierten waren 1130 Männer und 1188 Frauen. Neben den 2318 Erwachsenen erfassten die Transporte 2689 Kinder. 613 Personen starben bereits in den ersten Wochen nach der Ankunft im „Zigeunerlager Litzmannstadt“, die meisten wahrscheinlich an einer Fleckfieberepidemie. Die übrigen wurden im Dezember 1941 oder Jänner 1942 in das Vernichtungslager Chelmno/Kulmhof überstellt und dort mit Gas getötet. Niemand überlebte. Im März 1942 ordnete die Kriminalpolizeistelle Graz an, Anfragen besorgter Angehöriger über das Schicksal der Deportierten an das RSHA weiterzuleiten beziehungsweise ihnen mitzuteilen, dass ihnen nicht erlaubt sei, die nach Łódz „Umgesiedelten“ zu besuchen.59 Zu diesem Zeitpunkt waren alle Deportationsopfer tot.
Em 1 Outubro de 1941, Himmler ordenou a deportação de 5.000 Roma e Sinti da Áustria para o gueto de Lodz/Litzmannstadt.58 Foram atingidos quase que somente os Roma do Burgenland. No geral, famílias inteiras foram deportadas. Além disso, a capacidade de trabalho (in) parece ter sido o critério de seleção mais importante. As comunidades queriam reduzir os custos de bem-estar e manter somente aqueles nos campos ciganos locais, que poderiam ser usados de forma lucrativa. Entre 4 e 8 de Novembro de 1941 houve levas diárias de trens com 1.000 vítimas para Łodz/Litzmannstadt. Quase 2000 Roma e Sinti de Lackenbach foram deportados. Os transportes foram acompanhados por um oficial e 20 guardas do 172º Batalhão de Polícia de Reserva. O custo de deportação foi financiado pela RSHA e pelas agências locais de assistência social em conjunto.56 KPSt Graz, Niederschrift über die heute stattgefundene Besprechung über den Abtrnsport der Zigeuner, 15.8.1940, StLA, Landesregierung, 384 Zi 1-1940.
De um total de 5.007, foram deportados para Lodz cerca de 1130 homens e 1188 mulheres. Além dos 2.318 adultos capturados, 2.689 crianças foram transportadas. 613 pessoas morreram nas primeiras semanas após a chegada ao "acampamento cigano de Lodz", provavelmente por conta de uma epidemia de tifo. O resto foi em dezembro de 1941 ou janeiro 1942 transferido para o campo de extermínio em Chelmno/Kulmhof e mortos por asfixia com gás. Ninguém sobreviveu. Em março de 1942, a Polícia ordenou em Graz o encaminhamento das solicitações de parentes preocupados com o destino dos deportados para o RSHA, ou os deixou saber que eles não tinham permissão pra visitar Lodz porque eles foram "reassentados".59 Nesta ocasião todos estavam mortos, vítimas da deportação.
57 Freund/Baumgartner/Greifeneder, Vermögensentzug, S. 43 f.
58 Erlass des RFSS S-Va2b Nr. 81/41 g II, StLA, Landesregierung, 384 Zi 1-1940.
59 Landrat Oberwart, 19.3.1942, DÖW 11293
Fonte: Der Holocaust an den Österreichischen Roma und Sinti; autores: Gerhard Baumgartner, Florian Freund
http://www.ph-burgenland.at/fileadmin/Berichte/newsbeitraege/holocaust.pdf
Tradução: Roberto Lucena
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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Michael Zimmermann: "Perseguição nazista dos ciganos na Alemanha e Áustria, 1933-1942" (Holocausto)
Trecho do texto de Michael Zimmermann, "Intent, Failure of Plans, and Escalation: Nazi Persecution of the Gypsies in Germany and Austria, 1933–1942 (Intenção, planos fracassados e a escalada: perseguição nazista dos ciganos na Alemanha e Áustria, 1933-1942)" sobre a perseguição, deportação e assassínio por asfixia de ciganos em vans de gás no campo de Chelmno(Kulmhof).
Do texto original:
24. Thurner, National Socialism, págs. 102–105; Lewy, Nazi Persecution, pp. 56–62,
107–16; Zimmermann, Rassenutopie, págs. 101–05, 223–29.
25. Dokumentationsarchiv des österreichischen Widerstandes (a seguir DÖW), 11.532,
Grenzmark Burgenland, Wahlzeitung zum 10.4.38, Folge 5, 5.4.1938.
26. DÖW 4.969, Tobias Portschy, Die Zigeunerfrage, August 1938.
27. Em fevereiro de 1942, houve um terceiro transporte de deportação de cerca de 2000 Sinti do leste da Prússia para Bialystok e, no outono de 1942, de lá para o Gueto de Brest. Não sabemos muito sobre o plano de fundo destas deportações (Zimmermann, Rassenutopie, págs. 228–29).
Fonte: Intent, Failure of Plans, and Escalation: Nazi Persecution of the Gypsies1 in Germany and Austria, 1933–1942; Michael Zimmermann (USHMM)
http://deimos3.apple.com/WebObjects/Core.woa/DownloadTrackPreview/ushmm.org.1434142334.01434142337.1448216329.pdf
Tradução: Roberto Lucena
Do texto original:
When, in the fall of 1941, the systematic deportation of German Jews began, Roma from Austrian Burgenland were affected as well.24 The ground for persecution of this particular group was prepared by Tobias Portschy, who in 1938 was made Landeshauptmann for Burgenland, where Roma had lived a settled existence for more than 150 years. Portschy gave the “Gypsy question” priority over the “Jewish question.”25 As a “National Socialist solution of the Gypsy Question,” Portschy suggested sterilization, forced labor in work camps, deportation to eventual German colonies, and bans on school education, military service, and hospital care.26Tradução:
In the following years, many in the Ostmark (the former Austria) continued vehemently to demand a radical solution of the Burgenland “Gypsy problem.” The extraordinary fervor of this particular witch-hunt, against the Burgenland Roma, explains why, after the first Gypsy deportation in May 1940, these Roma were made the priority group for a second Gypsy transport to the General Government.27 When the police saw this possibility in the fall of 1941, 5,000 Burgenland Roma were deported to the Lodz Ghetto and crowded together there in a special sector. Like the Jews, the Roma were suffocated in gas vans in Kulmhof.
Quando, no outono de 1941, a deportação sistemática dos judeus alemães começou, os Roma do Burgenland austríaco foram afetados também.24 O terreno para a perseguição deste grupo em particular foi elaborado por Tobias Portschy, que em 1938 foi feita Landeshauptmann para Burgenland, onde os Roma tinham vivido uma existência fixa por mais de 150 anos. Portschy deu a "questão cigana" prioridade sobre a "questão judaica."25 Como uma "solução nacional-socialista para a questão cigana", Portschy sugeriu a esterilização, o trabalho forçado em campos de trabalho e a deportação para eventuais colônias alemãs, e também as proibições de educação escolar, serviço militar e assistência hospitalar.26Notas:
Nos anos seguintes, muitos no Ostmark (a antiga Áustria) continuaram veementemente a exigir uma solução radical do Burgenland para o "problema cigano". O fervor extraordinário deste particular "caçador de bruxas" contra os Roma do Burgenland, explica porque, depois da primeira deportação cigana em maio de 1940, estes Roma se tornaram o grupo prioritário paro o segundo transporte de ciganos para o Governo Geral.27 Quando a polícia viu esta possibilidade no outono de 1941, 5000 Roma do Burgenland foram deportados para o gueto de Lodz e amontoados juntos em um setor especial. Como os judeus, os ciganos foram asfixiados em furgões(vans) de gás em Kulmhof(Chelmno).
24. Thurner, National Socialism, págs. 102–105; Lewy, Nazi Persecution, pp. 56–62,
107–16; Zimmermann, Rassenutopie, págs. 101–05, 223–29.
25. Dokumentationsarchiv des österreichischen Widerstandes (a seguir DÖW), 11.532,
Grenzmark Burgenland, Wahlzeitung zum 10.4.38, Folge 5, 5.4.1938.
26. DÖW 4.969, Tobias Portschy, Die Zigeunerfrage, August 1938.
27. Em fevereiro de 1942, houve um terceiro transporte de deportação de cerca de 2000 Sinti do leste da Prússia para Bialystok e, no outono de 1942, de lá para o Gueto de Brest. Não sabemos muito sobre o plano de fundo destas deportações (Zimmermann, Rassenutopie, págs. 228–29).
Fonte: Intent, Failure of Plans, and Escalation: Nazi Persecution of the Gypsies1 in Germany and Austria, 1933–1942; Michael Zimmermann (USHMM)
http://deimos3.apple.com/WebObjects/Core.woa/DownloadTrackPreview/ushmm.org.1434142334.01434142337.1448216329.pdf
Tradução: Roberto Lucena
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Genocídio dos Roma no Holocausto (Holocausto cigano)
GENOCÍDIO DOS ROMA NO HOLOCAUSTO
por Ian Hancock
Os Roma, muito comumente, mas de forma equivocada, chamados de ciganos, foram a outra única população, ao lado dos judeus, que foram atingidos pelo extermínio racial na Solução Final. Chegaram à Europa por volta do ano 1300, vindos da Índia, região a qual eles haviam deixado cerca de três séculos antes como uma população militar de origem mestiça, não-ariana, reunidos para lutar contra os invasores muçulmanos. Sua entrada na Europa, via Império Bizantino, foi também resultado direto da expansão islâmica.

Como um povo asiático não-cristão, não-branco, e sem possuir nenhum território na Europa, os Roma eram forasteiros em todos os países. A cultura Romani também forçava - como ainda faz - que houvesse uma distância social entre os Roma e os gadjé (não-Romas), e assim sua segregação era reforçada.
O povo Romani na Alemanha chamava-se a si mesmo de Sinti, enquanto zigeuner é o equivalente alemão de "cigano". Quando os nazistas chegaram ao poder em 1933, as leis alemãs contra eles já estavam em vigor há centenas de anos. A perseguição do povo Romani começou quase tão cedo quando o primeiro Roma chegou pela primeira vez em terras de língua alemã, pois como estrangeiros, estavam quebrando muitas das leis Hanseáticas que tornava crime punível por lei alguém não ter um domicílio fixo ou emprego, e não ser cadastrado como contribuinte de impostos. Eles também foram acusados de serem espiões para os muçulmanos, a quem poucos alemães conheciam, mas de quem haviam ouvido muitas histórias assustadoras. A tez escura e o comportamento não-cristão e a aparência dos Roma simplesmente se adicionavam ao preconceito que se tornou crescente. Em 1721 o Imperador Carlos VI ordenou o extermínio de todos os Roma em qualquer lugar, não era ilegal matar um Rom, e houve algumas vezes "caçadas de ciganos", nas quais os Roma foram perseguidos e mortos como animais selvagens. Florestas foram incendiadas para expulsar qualquer Roma que poderia ter se escondido lá.
Pelo século 19, estudiosos na Alemanha e no resto da Europa estavam escrevendo sobre os Roma e os judeus como sendo seres inferiores e "o excremento da humanidade". Isto se cristalizou especificamente em atitudes racistas nos escritos de Knox, Tetzner, Gobineau e outros. Pelos anos de 1880, o chanceler von Bismarck reforçou algumas das leis discriminatórias, afirmando que os Roma fossem tratados "com especial severidade" se detidos. Por volta de 1890, uma conferência sobre "a escória cigana" foi realizada na Suábia, na qual os militares adquiriram o poder de manter os Roma em circulação. Na obra publicada em 1899 de Houston Chamberlaine, "Os Fundamentos do Século 19", ele defendia a construção de uma "recém formada ... e ... especialmente destacada raça ariana". Isto usado para justificar a promoção de ideias sobre a superioridade racial alemã e para qualquer ação opressora tomadas contra membros de populações "inferiores". Naquele mesmo ano, a "Agência de Informação Cigana" foi criado em Munique sob a direção de Alfred Dillmann, que começou a catalogação de informações sobre todos os Roma em todas as terras alemãs. Os resultados disto foram publicados em 1905 no Zigeuner-Buch de Dillmann, que lançou as bases para o que viria a acontecer com os Roma no Holocausto, 35 anos depois.
O Zigeuner-Buch, com cerca de 350 páginas, era composto de três partes: primeiro, uma introdução afirmando que os Roma eram uma "praga" e uma "ameaça" a qual a população alemã tinha que se defender contra o uso de "castigos cruéis", e que advertia sobre os perigos da mistura de genes Romani e alemães. A segunda parte foi um registro dos Romas conhecidos, dando detalhes genealógicos e registros criminais caso houvesse. E a terceira parte era uma coleção de fotografias dessas mesmas pessoas. A "Mistura de raças" de Dillmann, mais tarde, tornou-se uma parte central das Leis de Nuremberg na Alemanha nazista.
Em 1920, Karl Binding e Alfred Hoche publicaram seu livro "A erradicação das vidas dos indignos da vida", usando uma frase primeiramente cunhada por Richard Liebich com específica referência aos Roma quase 60 anos antes. Entre os grupos que eles consideravam "indignos de viver" estavam os "doentes mentais sem cura", e foi este grupo que eles consideravam que pertenciam os ciganos. A perceptível "criminalidade" Romani era vista como uma doença genética hereditária, embora não fosse levado em conta os séculos de exclusão dos ciganos da sociedade alemã, que fizeram do roubo de subsistência uma necessidade para sobrevivência. Uma lei incorporando a mesma frase foi posta em prática apenas quatro meses depois de Hitler se tornar chanceler do Terceiro Reich.
Durante a década de 1920, a opressão legal aos Roma na Alemanha intensificou-se consideravelmente, apesar dos estatutos de igualdade da República de Weimar. Em 1920 eles foram proibidos de entrar em parques e banheiros públicos; em 1925 uma conferência sobre "A Questão Cigana" foi realizado, e resultou em leis que pediam que os desempregados Roma fossem enviados para campos de trabalho "por razões de segurança pública", e que todos os Roma fossem registrados na polícia. Depois de 1927, todos os ciganos, mesmo as crianças, tinha que carregar cartões de identificação, tendo impressões digitais e fotografias. Em 1929, um Escritório Central de Luta Contra a ciganos na Alemanha foi criado em Munique, e em 1933, apenas dez dias antes dos nazistas chegarem ao poder, funcionários do governo em Burgenland pediram a retirada de todos os direitos civis do povo Romani.
Em setembro de 1935, os Roma tornaram-se sujeitos às restrições da Lei de Nuremberg para a Proteção do Sangue Alemão e Honra, que proibia o casamento entre alemães e "não-arianos", especificamente judeus, ciganos e pessoas de ascendência africana(negras). Em 1937, a Lei de Cidadania Nacional relegava os Roma e judeus à condição de cidadãos de segunda classe, privando-os de seus direitos civis. Também em 1937, Heinrich Himmler emitiu um decreto intitulado "A luta contra a praga cigana", que reiterava que os ciganos de sangue misturado eram os mais propensos a se envolver em atividades criminosas, e que solicitava que todas as informações sobre os Roma fossem enviadas, dos departamentos da polícia regional, para o Escritório Central Reich.
Entre 12 de junho e 18 de junho de 1938, a semana de "limpeza" dos ciganos ocorreu em toda a Alemanha que, como Kristallnacht(Noite dos Cristais) para o povo judeu no mesmo ano, marcou o começo do fim. Também em 1938, a primeira referência à "Solução Final da Questão Cigana" apareceu, em um documento assinado por Himmler em 08 de dezembro daquele ano.
Em janeiro de 1940, a primeira ação do genocídio em massa do Holocausto ocorreu quando 250 crianças ciganas foram assassinadas em Buchenwald, onde foram usadas como cobaias para testar a eficácia dos cristais de Zyklon-B, usado mais tarde nas câmaras de gás. Em junho de 1940, Hitler ordenou a liquidação de "todos os judeus, ciganos e comunistas funcionários políticos em toda a União Soviética."
Em julho, 31 de 1941, Heydrich, arquiteto-chefe dos detalhes da Solução Final, emitiu sua ordem para o Einsatzkommandos, para "matar todos os judeus, ciganos e doentes mentais." Poucos dias depois, Himmler emitiu seus critérios de avaliação biológica e racial, que determinavam que histórico familiar dos Roma deveriam ser investigados por três gerações. Em 16 de dezembro desse mesmo ano, Himmler emitiu uma ordem para que todos os Roma restantes Roma na Europa fossem deportados para Auschwitz-Birkenau para o extermínio. Em 24 de dezembro, Lohse deu a ordem adicional para que "aos ciganos deva ser dado o mesmo tratamento dos judeus". Em uma reunião do partido em 14 de setembro de 1942, o ministro da Justiça Otto Thierack anunciou que "judeus e ciganos devem ser incondicionalmente exterminados." Em 01 de agosto de 1944, quatro mil ciganos foram gaseados e cremados em uma única ação em Auschwitz-Birkenau, o que é lembrado como Zigeunernacht.
Determinar a percentagem ou número de Roma que morreram no Holocausto (chamado de Porrajmos, "paw-RYE-mos" em Romani, uma palavra que significa "Devorando a") não é fácil. Grande parte da documentação nazi ainda precisa ser analisada, e muitos assassinatos não foram registrados, uma vez que ocorreram nos campos e florestas onde os Roma foram apreendidos. Não há estimativa precisa nem para a população Romani pré-guerra na Europa, embora o censo oficial do Partido Nazista de 1939 estimava em cerca de dois milhões, que é sem dúvida, uma sub-representação. A estimativa mais recente (1997) a partir do Instituto de Pesquisa do Museu Memorial do Holocausto dos EUA, em Washington, coloca o número de vidas perdidas pelos Romanis em 1945, "entre meio milhão e um milhão e meio." Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o registro da Alemanha em relação ao povo Romani foi menos que exemplar. Ninguém foi chamado para testemunhar em favor das vítimas Romanis nos Julgamentos de Nuremberg, e nenhuma reparação dos crimes de guerra foi pagas aos ciganos como um povo. Hoje, a atividade neonazista na Alemanha faz dos Roma o seu principal alvo de violência racial.
Os Estados Unidos também não fez nada para ajudar os Roma durante ou após o Holocausto. Apenas dez por cento das centenas de milhões de dólares disponibilizados pela Organização das Nações Unidas(ONU) para os sobreviventes, os quais foram dadas a responsabilidade ao governo dos EUA de desembolso, foi reservada para não-judeus, e nada disto foi direcionado aos sobreviventes Romanis, cujo número hoje é de cerca de 5.000. Roma que não foram mencionados em qualquer documentação do Conselho de Refugiados de Guerra dos EUA, o qual foi capaz de salvar a vida de mais de 200.000 judeus. Quando o Conselho do Museu Memorial do Holocausto dos EUA (USHMM) foi criado em 1980, nenhum Roma foi convidado a participar, e ele tem hoje apenas um membro hoje Romani. Os Roma são apenas uma parte deste Museu até o momento, estando localizados em um canto no terceiro andar reservado para as "outras vítimas".
Leitura adicional
Hancock, Ian, 1989. "Gypsy history in Germany and neighboring lands: A chronology leading to the Holocaust and beyond," in David Crowe and John Kolsti, eds., The Gypsies of Eastern Europe , Armonk: EC Sharpe, pp. 11-30.
Kenrick, Donald, and Grattan Puxon, 1972. The Destiny of Europe's Gypsies . London: Sussex University Press.
Excerto da Encyclopedia of Genocide (1997) de Israel W. Charny (ed.)
Reproduzido por Patrin Web Journal com permissão do autor, Ian Hancock.
Publicado em 01 de março de 1997.
Fonte: The Patrin Web Journal (trecho do livro Encyclopedia of Genocide; editor: Israel Charny)
http://reocities.com/paris/5121/genocide.htm
Texto: Ian Hancock
Tradução: Roberto Lucena
por Ian Hancock
Os Roma, muito comumente, mas de forma equivocada, chamados de ciganos, foram a outra única população, ao lado dos judeus, que foram atingidos pelo extermínio racial na Solução Final. Chegaram à Europa por volta do ano 1300, vindos da Índia, região a qual eles haviam deixado cerca de três séculos antes como uma população militar de origem mestiça, não-ariana, reunidos para lutar contra os invasores muçulmanos. Sua entrada na Europa, via Império Bizantino, foi também resultado direto da expansão islâmica.

Como um povo asiático não-cristão, não-branco, e sem possuir nenhum território na Europa, os Roma eram forasteiros em todos os países. A cultura Romani também forçava - como ainda faz - que houvesse uma distância social entre os Roma e os gadjé (não-Romas), e assim sua segregação era reforçada.
O povo Romani na Alemanha chamava-se a si mesmo de Sinti, enquanto zigeuner é o equivalente alemão de "cigano". Quando os nazistas chegaram ao poder em 1933, as leis alemãs contra eles já estavam em vigor há centenas de anos. A perseguição do povo Romani começou quase tão cedo quando o primeiro Roma chegou pela primeira vez em terras de língua alemã, pois como estrangeiros, estavam quebrando muitas das leis Hanseáticas que tornava crime punível por lei alguém não ter um domicílio fixo ou emprego, e não ser cadastrado como contribuinte de impostos. Eles também foram acusados de serem espiões para os muçulmanos, a quem poucos alemães conheciam, mas de quem haviam ouvido muitas histórias assustadoras. A tez escura e o comportamento não-cristão e a aparência dos Roma simplesmente se adicionavam ao preconceito que se tornou crescente. Em 1721 o Imperador Carlos VI ordenou o extermínio de todos os Roma em qualquer lugar, não era ilegal matar um Rom, e houve algumas vezes "caçadas de ciganos", nas quais os Roma foram perseguidos e mortos como animais selvagens. Florestas foram incendiadas para expulsar qualquer Roma que poderia ter se escondido lá.
Pelo século 19, estudiosos na Alemanha e no resto da Europa estavam escrevendo sobre os Roma e os judeus como sendo seres inferiores e "o excremento da humanidade". Isto se cristalizou especificamente em atitudes racistas nos escritos de Knox, Tetzner, Gobineau e outros. Pelos anos de 1880, o chanceler von Bismarck reforçou algumas das leis discriminatórias, afirmando que os Roma fossem tratados "com especial severidade" se detidos. Por volta de 1890, uma conferência sobre "a escória cigana" foi realizada na Suábia, na qual os militares adquiriram o poder de manter os Roma em circulação. Na obra publicada em 1899 de Houston Chamberlaine, "Os Fundamentos do Século 19", ele defendia a construção de uma "recém formada ... e ... especialmente destacada raça ariana". Isto usado para justificar a promoção de ideias sobre a superioridade racial alemã e para qualquer ação opressora tomadas contra membros de populações "inferiores". Naquele mesmo ano, a "Agência de Informação Cigana" foi criado em Munique sob a direção de Alfred Dillmann, que começou a catalogação de informações sobre todos os Roma em todas as terras alemãs. Os resultados disto foram publicados em 1905 no Zigeuner-Buch de Dillmann, que lançou as bases para o que viria a acontecer com os Roma no Holocausto, 35 anos depois.
O Zigeuner-Buch, com cerca de 350 páginas, era composto de três partes: primeiro, uma introdução afirmando que os Roma eram uma "praga" e uma "ameaça" a qual a população alemã tinha que se defender contra o uso de "castigos cruéis", e que advertia sobre os perigos da mistura de genes Romani e alemães. A segunda parte foi um registro dos Romas conhecidos, dando detalhes genealógicos e registros criminais caso houvesse. E a terceira parte era uma coleção de fotografias dessas mesmas pessoas. A "Mistura de raças" de Dillmann, mais tarde, tornou-se uma parte central das Leis de Nuremberg na Alemanha nazista.
Em 1920, Karl Binding e Alfred Hoche publicaram seu livro "A erradicação das vidas dos indignos da vida", usando uma frase primeiramente cunhada por Richard Liebich com específica referência aos Roma quase 60 anos antes. Entre os grupos que eles consideravam "indignos de viver" estavam os "doentes mentais sem cura", e foi este grupo que eles consideravam que pertenciam os ciganos. A perceptível "criminalidade" Romani era vista como uma doença genética hereditária, embora não fosse levado em conta os séculos de exclusão dos ciganos da sociedade alemã, que fizeram do roubo de subsistência uma necessidade para sobrevivência. Uma lei incorporando a mesma frase foi posta em prática apenas quatro meses depois de Hitler se tornar chanceler do Terceiro Reich.
Durante a década de 1920, a opressão legal aos Roma na Alemanha intensificou-se consideravelmente, apesar dos estatutos de igualdade da República de Weimar. Em 1920 eles foram proibidos de entrar em parques e banheiros públicos; em 1925 uma conferência sobre "A Questão Cigana" foi realizado, e resultou em leis que pediam que os desempregados Roma fossem enviados para campos de trabalho "por razões de segurança pública", e que todos os Roma fossem registrados na polícia. Depois de 1927, todos os ciganos, mesmo as crianças, tinha que carregar cartões de identificação, tendo impressões digitais e fotografias. Em 1929, um Escritório Central de Luta Contra a ciganos na Alemanha foi criado em Munique, e em 1933, apenas dez dias antes dos nazistas chegarem ao poder, funcionários do governo em Burgenland pediram a retirada de todos os direitos civis do povo Romani.
Em setembro de 1935, os Roma tornaram-se sujeitos às restrições da Lei de Nuremberg para a Proteção do Sangue Alemão e Honra, que proibia o casamento entre alemães e "não-arianos", especificamente judeus, ciganos e pessoas de ascendência africana(negras). Em 1937, a Lei de Cidadania Nacional relegava os Roma e judeus à condição de cidadãos de segunda classe, privando-os de seus direitos civis. Também em 1937, Heinrich Himmler emitiu um decreto intitulado "A luta contra a praga cigana", que reiterava que os ciganos de sangue misturado eram os mais propensos a se envolver em atividades criminosas, e que solicitava que todas as informações sobre os Roma fossem enviadas, dos departamentos da polícia regional, para o Escritório Central Reich.
Entre 12 de junho e 18 de junho de 1938, a semana de "limpeza" dos ciganos ocorreu em toda a Alemanha que, como Kristallnacht(Noite dos Cristais) para o povo judeu no mesmo ano, marcou o começo do fim. Também em 1938, a primeira referência à "Solução Final da Questão Cigana" apareceu, em um documento assinado por Himmler em 08 de dezembro daquele ano.
Em janeiro de 1940, a primeira ação do genocídio em massa do Holocausto ocorreu quando 250 crianças ciganas foram assassinadas em Buchenwald, onde foram usadas como cobaias para testar a eficácia dos cristais de Zyklon-B, usado mais tarde nas câmaras de gás. Em junho de 1940, Hitler ordenou a liquidação de "todos os judeus, ciganos e comunistas funcionários políticos em toda a União Soviética."
Em julho, 31 de 1941, Heydrich, arquiteto-chefe dos detalhes da Solução Final, emitiu sua ordem para o Einsatzkommandos, para "matar todos os judeus, ciganos e doentes mentais." Poucos dias depois, Himmler emitiu seus critérios de avaliação biológica e racial, que determinavam que histórico familiar dos Roma deveriam ser investigados por três gerações. Em 16 de dezembro desse mesmo ano, Himmler emitiu uma ordem para que todos os Roma restantes Roma na Europa fossem deportados para Auschwitz-Birkenau para o extermínio. Em 24 de dezembro, Lohse deu a ordem adicional para que "aos ciganos deva ser dado o mesmo tratamento dos judeus". Em uma reunião do partido em 14 de setembro de 1942, o ministro da Justiça Otto Thierack anunciou que "judeus e ciganos devem ser incondicionalmente exterminados." Em 01 de agosto de 1944, quatro mil ciganos foram gaseados e cremados em uma única ação em Auschwitz-Birkenau, o que é lembrado como Zigeunernacht.
Determinar a percentagem ou número de Roma que morreram no Holocausto (chamado de Porrajmos, "paw-RYE-mos" em Romani, uma palavra que significa "Devorando a") não é fácil. Grande parte da documentação nazi ainda precisa ser analisada, e muitos assassinatos não foram registrados, uma vez que ocorreram nos campos e florestas onde os Roma foram apreendidos. Não há estimativa precisa nem para a população Romani pré-guerra na Europa, embora o censo oficial do Partido Nazista de 1939 estimava em cerca de dois milhões, que é sem dúvida, uma sub-representação. A estimativa mais recente (1997) a partir do Instituto de Pesquisa do Museu Memorial do Holocausto dos EUA, em Washington, coloca o número de vidas perdidas pelos Romanis em 1945, "entre meio milhão e um milhão e meio." Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o registro da Alemanha em relação ao povo Romani foi menos que exemplar. Ninguém foi chamado para testemunhar em favor das vítimas Romanis nos Julgamentos de Nuremberg, e nenhuma reparação dos crimes de guerra foi pagas aos ciganos como um povo. Hoje, a atividade neonazista na Alemanha faz dos Roma o seu principal alvo de violência racial.
Os Estados Unidos também não fez nada para ajudar os Roma durante ou após o Holocausto. Apenas dez por cento das centenas de milhões de dólares disponibilizados pela Organização das Nações Unidas(ONU) para os sobreviventes, os quais foram dadas a responsabilidade ao governo dos EUA de desembolso, foi reservada para não-judeus, e nada disto foi direcionado aos sobreviventes Romanis, cujo número hoje é de cerca de 5.000. Roma que não foram mencionados em qualquer documentação do Conselho de Refugiados de Guerra dos EUA, o qual foi capaz de salvar a vida de mais de 200.000 judeus. Quando o Conselho do Museu Memorial do Holocausto dos EUA (USHMM) foi criado em 1980, nenhum Roma foi convidado a participar, e ele tem hoje apenas um membro hoje Romani. Os Roma são apenas uma parte deste Museu até o momento, estando localizados em um canto no terceiro andar reservado para as "outras vítimas".
Leitura adicional
Hancock, Ian, 1989. "Gypsy history in Germany and neighboring lands: A chronology leading to the Holocaust and beyond," in David Crowe and John Kolsti, eds., The Gypsies of Eastern Europe , Armonk: EC Sharpe, pp. 11-30.
Kenrick, Donald, and Grattan Puxon, 1972. The Destiny of Europe's Gypsies . London: Sussex University Press.
Excerto da Encyclopedia of Genocide (1997) de Israel W. Charny (ed.)
Reproduzido por Patrin Web Journal com permissão do autor, Ian Hancock.
Publicado em 01 de março de 1997.
Fonte: The Patrin Web Journal (trecho do livro Encyclopedia of Genocide; editor: Israel Charny)
http://reocities.com/paris/5121/genocide.htm
Texto: Ian Hancock
Tradução: Roberto Lucena
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Historiador britânico analisa queda do Terceiro Reich
Em livro sobre a Alemanha antes da capitulação dos nazistas em 1945, o historiador Ian Kershaw procura explicações para a conivência da população do país com o regime até os últimos momentos do Terceiro Reich.
Ian Kershaw tornou-se conhecido depois de ter escrito uma biografia de Hitler, de duas mil páginas, publicada no fim dos anos 1990 e responsável por sua popularidade internacional como historiador. Seu livro mais recente, Das Ende – Kampf bis in den Untergang (O Fim – Combate até a Queda), Kershaw, hoje aos 68 anos, procura respostas para o relativo bom funcionamento da sociedade alemã na fase final e apocalíptica do Terceiro Reich.
Ainda em abril de 1945, salários e honorários eram pagos normalmente no país, os músicos da Filarmônica de Berlim apresentavam-se em concertos, o time de futebol Bayern de Munique jogava regularmente e as tropas alemãs recebiam armas e munição. Até mesmo o abastecimento da população com alimentos esteve garantido até os últimos dias da guerra, mesmo considerando que de vez em quando e em alguns lugares houvesse escassez.
Militarismo prussiano
Ian Kershaw Ian Kershaw questiona como isso foi possível, perguntando por que a população alemã tolerou as atrocidades da guerra até a derrocada total, sem se rebelar, como ocorreu, por exemplo, em novembro de 1918. "A resposta é simples. O terror do aparelho de repressão nazista era tão grande que uma revolução vinda de baixo era completamente impossível", diz Kershaw.
Esta foi inclusive a principal diferença entre aquele momento e o fim da Primeira Guerra Mundial, acredita o historiador. Em 1918, aponta ele, havia na Alemanha um Parlamento, partidos políticos e até mesmo um movimento pacifista. Não existia nenhuma Gestapo e nem soldados inimigos em território alemão. "A situação em 1918 era completamente diferente da de 1945. O terror funcionou até as últimas semanas da Segunda Guerra, sendo capaz de abortar qualquer ameaça revolucionária ao regime", diz o historiador.
Ian Kershaw analisa de maneira clara, em seu livro de 700 páginas, a queda do regime de Hitler, destrinchando detalhadamente e de maneira impressionante as estruturas de comando do Terceiro Reich até o terceiro ou quarto escalões. "Por que os generais da mais alta patente do Exército obedeciam às ordens cada vez mais absurdas de Hitler?", pergunta o historiador. Por um lado, diz ele, em função das tradições nefastas do militarismo prussiano, que ainda eram presentes; por outro lado, continua Kershaw, porque os nazistas souberam explorar magistralmente antigos conceitos militares como "obrigação" e "honra" para atingir seus propósitos.
Conformidade no Estado do "Führer"
A principal explicação de Ian Kershaw para a conformidade bizarra dos alemães é, contudo, uma outra, de ordem estrutural: ao contrário da Itália fascista, segundo ele, a Alemanha nazista era, de fato, um "Estado do Führer".
Enquanto Mussolini tinha, durante todo o período de seu governo, que dar satisfações ao rei Vítor Emanuel 3° e ao Grande Conselho do Fascismo, que o depôs em julho de 1943, não existia nada na Alemanha que equivalesse a essa divisão parcial de poder. Hitler não devia satisfações a nenhuma instância, nem a ninguém, e não havia nenhuma instituição com a qual ele fosse obrigado a debater suas decisões. E como ele, na condição de ditador, havia tomado a decisão de levar a guerra até a autodestruição, o povo alemão não tinha outra alternativa exceto obedecê-lo praticamente sem resistência, opina Kershaw.
Em seu livro, o historiador britânico dá provas de maestria em narrativa histórica. Em uma espécie de cinemascope historiográfico, Kershaw oferece ao leitor uma interpretação coerente e marcante dos últimos dias de guerra na Alemanha. Trata-se de um livro grandioso como um filme sobre a história daquele período, apresentado por Kershaw ao público de hoje.
Autor: Günter Kaindlstorfer (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,15655277,00.html
Ian Kershaw tornou-se conhecido depois de ter escrito uma biografia de Hitler, de duas mil páginas, publicada no fim dos anos 1990 e responsável por sua popularidade internacional como historiador. Seu livro mais recente, Das Ende – Kampf bis in den Untergang (O Fim – Combate até a Queda), Kershaw, hoje aos 68 anos, procura respostas para o relativo bom funcionamento da sociedade alemã na fase final e apocalíptica do Terceiro Reich.
Ainda em abril de 1945, salários e honorários eram pagos normalmente no país, os músicos da Filarmônica de Berlim apresentavam-se em concertos, o time de futebol Bayern de Munique jogava regularmente e as tropas alemãs recebiam armas e munição. Até mesmo o abastecimento da população com alimentos esteve garantido até os últimos dias da guerra, mesmo considerando que de vez em quando e em alguns lugares houvesse escassez.
Militarismo prussiano
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Ian Kershaw |
Esta foi inclusive a principal diferença entre aquele momento e o fim da Primeira Guerra Mundial, acredita o historiador. Em 1918, aponta ele, havia na Alemanha um Parlamento, partidos políticos e até mesmo um movimento pacifista. Não existia nenhuma Gestapo e nem soldados inimigos em território alemão. "A situação em 1918 era completamente diferente da de 1945. O terror funcionou até as últimas semanas da Segunda Guerra, sendo capaz de abortar qualquer ameaça revolucionária ao regime", diz o historiador.
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Hitler: poderes ilimitados |
Ian Kershaw analisa de maneira clara, em seu livro de 700 páginas, a queda do regime de Hitler, destrinchando detalhadamente e de maneira impressionante as estruturas de comando do Terceiro Reich até o terceiro ou quarto escalões. "Por que os generais da mais alta patente do Exército obedeciam às ordens cada vez mais absurdas de Hitler?", pergunta o historiador. Por um lado, diz ele, em função das tradições nefastas do militarismo prussiano, que ainda eram presentes; por outro lado, continua Kershaw, porque os nazistas souberam explorar magistralmente antigos conceitos militares como "obrigação" e "honra" para atingir seus propósitos.
Conformidade no Estado do "Führer"
A principal explicação de Ian Kershaw para a conformidade bizarra dos alemães é, contudo, uma outra, de ordem estrutural: ao contrário da Itália fascista, segundo ele, a Alemanha nazista era, de fato, um "Estado do Führer".
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Edição alemã do livro de Ian Kershaw |
Em seu livro, o historiador britânico dá provas de maestria em narrativa histórica. Em uma espécie de cinemascope historiográfico, Kershaw oferece ao leitor uma interpretação coerente e marcante dos últimos dias de guerra na Alemanha. Trata-se de um livro grandioso como um filme sobre a história daquele período, apresentado por Kershaw ao público de hoje.
Autor: Günter Kaindlstorfer (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,15655277,00.html
"Mein Kampf", de Hitler, volta às bancas da Alemanha
BERLIM, 16 Jan (Reuters) - O livro de Adolf Hitler "Mein Kampf" (Minha Luta), banido das livrarias alemãs, em breve estará disponível em bancas de jornal. Um editor britânico disse que publicará trechos do texto na Alemanha.
O Estado da Bavária, porém, que detém os direitos autorais da visão nazista sobre a supremacia racial ariana, disse que considera a possibilidade de entrar na Justiça para bloquear a publicação.
A republicação da autobiografia do ditador nazista, que expõe sua ambição de tomar vastas áreas de terra no leste da Europa para proporcionar espaço para a chamada raça superior, está proibida na Alemanha, a não ser para estudo acadêmico.
O primeiro dos três trechos de 16 páginas do livro, acompanhado por um comentário crítico, será publicado neste mês com uma tiragem de 100 mil cópias, disse à Reuters Peter McGee, chefe da editora Albertas Ltd, com sede em Londres.
"É um assunto delicado na Alemanha, mas o incrível é que a maioria dos alemães não tem acesso ao 'Mein Kampf' porque há um tabu, essa 'magia negra' que o cerca", afirmou ele.
"Queremos que o 'Mein Kampf' seja acessível para que as pessoas o vejam pelo que ele é, e depois o descartem. Uma vez exposto, ele pode retornar à lata de lixo da literatura", disse ele.
Os excertos serão distribuídos como um suplemento de uma publicação semanal da empresa, uma polêmica série chamada "Zeitungszeugen" ou "Testemunha do Jornal", que republica páginas dos jornais nazistas datados dos anos 1920 e 1930, com um comentário.
A mais recente edição da série, lançada na semana passada, vendeu até agora 250 mil exemplares, de acordo com McGee.
A secretaria de Finanças do Estado bávaro no sul da Alemanha, porém, que detém os direitos autorais, disse nesta segunda-feira que o suplemento da revista fere a lei dos direitos autorais.
"O ministério das Finanças bávaro atualmente estuda tomar medidas legais contra essa publicação", disse um porta-voz da secretaria num comunicado.
McGee, entretanto, defendeu o suplemento e disse que sua empresa age totalmente dentro da lei dos direitos autorais.
A divulgação da ideologia nazista para propósitos não educacionais está proibida na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Suásticas e a saudação nazista estão proibidas.
(Reportagem de Alice Baghdjian)
Fonte: Reuters Brasil
http://br.reuters.com/article/entertainmentNews/idBRSPE80F06O20120116
Ver mais:
Proibido, livro de Hitler deve ter trechos publicados na Alemanha (Terra, Brasil)
Excertos de "Mein Kampf" prestes a ser editados na Alemanha (Público, Portugal)
O Estado da Bavária, porém, que detém os direitos autorais da visão nazista sobre a supremacia racial ariana, disse que considera a possibilidade de entrar na Justiça para bloquear a publicação.
A republicação da autobiografia do ditador nazista, que expõe sua ambição de tomar vastas áreas de terra no leste da Europa para proporcionar espaço para a chamada raça superior, está proibida na Alemanha, a não ser para estudo acadêmico.
O primeiro dos três trechos de 16 páginas do livro, acompanhado por um comentário crítico, será publicado neste mês com uma tiragem de 100 mil cópias, disse à Reuters Peter McGee, chefe da editora Albertas Ltd, com sede em Londres.
"É um assunto delicado na Alemanha, mas o incrível é que a maioria dos alemães não tem acesso ao 'Mein Kampf' porque há um tabu, essa 'magia negra' que o cerca", afirmou ele.
"Queremos que o 'Mein Kampf' seja acessível para que as pessoas o vejam pelo que ele é, e depois o descartem. Uma vez exposto, ele pode retornar à lata de lixo da literatura", disse ele.
Os excertos serão distribuídos como um suplemento de uma publicação semanal da empresa, uma polêmica série chamada "Zeitungszeugen" ou "Testemunha do Jornal", que republica páginas dos jornais nazistas datados dos anos 1920 e 1930, com um comentário.
A mais recente edição da série, lançada na semana passada, vendeu até agora 250 mil exemplares, de acordo com McGee.
A secretaria de Finanças do Estado bávaro no sul da Alemanha, porém, que detém os direitos autorais, disse nesta segunda-feira que o suplemento da revista fere a lei dos direitos autorais.
"O ministério das Finanças bávaro atualmente estuda tomar medidas legais contra essa publicação", disse um porta-voz da secretaria num comunicado.
McGee, entretanto, defendeu o suplemento e disse que sua empresa age totalmente dentro da lei dos direitos autorais.
A divulgação da ideologia nazista para propósitos não educacionais está proibida na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Suásticas e a saudação nazista estão proibidas.
(Reportagem de Alice Baghdjian)
Fonte: Reuters Brasil
http://br.reuters.com/article/entertainmentNews/idBRSPE80F06O20120116
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Proibido, livro de Hitler deve ter trechos publicados na Alemanha (Terra, Brasil)
Excertos de "Mein Kampf" prestes a ser editados na Alemanha (Público, Portugal)
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Conspiração Nazista - O plano para dominar a América Latina (History Channel)
Vídeo repassado no canal History Channel sobre a infiltração e presença nazista na América Latina, com cenas também da presença nazista nos EUA. Vale a pena assistir apesar de alguns erros repassados no documentário.
Duração: 1 hora e 14 minutos, em português.
Primeiro link removido:
https://www.youtube.com/watch?v=PVMvAIltRGU (315x420)
Duração: 1 hora e 14 minutos, em português.
Primeiro link removido:
https://www.youtube.com/watch?v=PVMvAIltRGU (315x420)
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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Dr. Robert Ritter: ciência racial e "ciganos" (Holocausto)
Dr. Robert Ritter: Ciência Racial e "Ciganos"
A pesquisa do cientista racial Dr. Robert Ritter e seus associados serviram ambos como instrumento e justificação para o regime Nazista isolar e eventualmente destruir a população Cigana Alemã.
Estudando os Ciganos, Ritter, que era um psiquiatra, esperava determinar as ligações entre a hereditariedade e a criminalidade. Com financiamento da 'Associação Alemã para Pesquisa Científica' e com acesso a registros da polícia, Ritter começou em 1937 a sistematicamente entrevistar todos os Ciganos residindo na Alemanha. Para fazer isso, ele viajou a acampamentos Ciganos e, depois a deportação e internamento de Ciganos começaram, para os campos de concentração.
Ritter desenvolveu genealogias detalhadas--históricos de família--para distingüir os Ciganos "puros" daqueles de "sangue misto/misturado" e desenraizar os Ciganos assimilados da população geral alemã. A polícia de estado ajudou Ritter em seu requerimento de registros genealógicos de todos os Ciganos movidos a força para campos especiais municipais depois de 1935. Acreditando que qualquer um com sangue Cigano podia ser um perigo a sociedade, Ritter classificou um "meio-Cigano" como alguém com um ou dois avós Ciganos ou dois ou mais avós meio-Ciganos, isto é, alguém com um pouco de um quarto de sangue cigano.
Aos associados a Ritter incluíam o antropólogo Dr. Adolf Wurth e, até 1942, e o zoologista e antropólogo Dr. Sophie Ehrhardt. O associado mais próximo a Ritter era Eva Justin, uma enfermeira que recebeu seu doutorado em antropologia em 1944 baseado na sua pesquisa com crianças Ciganas afastadas de suas famílias. Na conclusão de seu estudo, estas crianças eram deportadas a Auschwitz, onde todos com exceção de alguns eram mortos.
"Num relatório dos resultados de sua pesquisa em 1940, Ritter concluiu que 90 porcento dos Ciganos nativos da Alemanha eram "de sangue misto/misturado". Ele descreveu aqueles Ciganos como "os produtos de relacionamentos com criminosos anti-sociais alemães do subproletariado." Ele caracterizou os Ciganos como povos "primitivos" "incapazes de uma real adaptação social."
Do final de 1944 entrando em 1946, Ritter ensinou biologia criminal na Universidade de Turbingen; em 1947 ele entrou no Centro de Saúde de Frankfurt como um médico de crianças. Enquanto esteve lá, ele empregou Eva Justin como uma psicóloga. Seu colaborador Dra. Sophie Ehrhardt entrou na faculdade de antropologia na Universidade de Tubingen em 1942 e continuou a usar os dados de Ritter em sua pesquisa pós-guerra. Dr. Adolph Wurth serviu no Bureau de Estatística Baden-Wurttemberg até 1970.
Os esforços para trazer provas contra Ritter e seus associados como assessores nas mortes dos Ciganos Alemães foram interrompidos. O julgamento do Dr. Robert Ritter chegou ao fim com seu suicídio em 1950.
Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena
Página principal: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945
A pesquisa do cientista racial Dr. Robert Ritter e seus associados serviram ambos como instrumento e justificação para o regime Nazista isolar e eventualmente destruir a população Cigana Alemã.
Estudando os Ciganos, Ritter, que era um psiquiatra, esperava determinar as ligações entre a hereditariedade e a criminalidade. Com financiamento da 'Associação Alemã para Pesquisa Científica' e com acesso a registros da polícia, Ritter começou em 1937 a sistematicamente entrevistar todos os Ciganos residindo na Alemanha. Para fazer isso, ele viajou a acampamentos Ciganos e, depois a deportação e internamento de Ciganos começaram, para os campos de concentração.
Ritter desenvolveu genealogias detalhadas--históricos de família--para distingüir os Ciganos "puros" daqueles de "sangue misto/misturado" e desenraizar os Ciganos assimilados da população geral alemã. A polícia de estado ajudou Ritter em seu requerimento de registros genealógicos de todos os Ciganos movidos a força para campos especiais municipais depois de 1935. Acreditando que qualquer um com sangue Cigano podia ser um perigo a sociedade, Ritter classificou um "meio-Cigano" como alguém com um ou dois avós Ciganos ou dois ou mais avós meio-Ciganos, isto é, alguém com um pouco de um quarto de sangue cigano.
Aos associados a Ritter incluíam o antropólogo Dr. Adolf Wurth e, até 1942, e o zoologista e antropólogo Dr. Sophie Ehrhardt. O associado mais próximo a Ritter era Eva Justin, uma enfermeira que recebeu seu doutorado em antropologia em 1944 baseado na sua pesquisa com crianças Ciganas afastadas de suas famílias. Na conclusão de seu estudo, estas crianças eram deportadas a Auschwitz, onde todos com exceção de alguns eram mortos.
"Num relatório dos resultados de sua pesquisa em 1940, Ritter concluiu que 90 porcento dos Ciganos nativos da Alemanha eram "de sangue misto/misturado". Ele descreveu aqueles Ciganos como "os produtos de relacionamentos com criminosos anti-sociais alemães do subproletariado." Ele caracterizou os Ciganos como povos "primitivos" "incapazes de uma real adaptação social."
Do final de 1944 entrando em 1946, Ritter ensinou biologia criminal na Universidade de Turbingen; em 1947 ele entrou no Centro de Saúde de Frankfurt como um médico de crianças. Enquanto esteve lá, ele empregou Eva Justin como uma psicóloga. Seu colaborador Dra. Sophie Ehrhardt entrou na faculdade de antropologia na Universidade de Tubingen em 1942 e continuou a usar os dados de Ritter em sua pesquisa pós-guerra. Dr. Adolph Wurth serviu no Bureau de Estatística Baden-Wurttemberg até 1970.
Os esforços para trazer provas contra Ritter e seus associados como assessores nas mortes dos Ciganos Alemães foram interrompidos. O julgamento do Dr. Robert Ritter chegou ao fim com seu suicídio em 1950.
Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena
Página principal: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945
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Quem eram os "ciganos"? (Holocausto)
Primeiro quadro cinza da página(canto direito).
Quem eram os "ciganos"?
Em 1939, entre 30.000-35.000 pessoas conhecidas como "Ciganos" viviam na Alemanha e Áustria, que foi incorporada a Alemanha em Março de 1939. A população total de Ciganos vivendo na 'Grande Alemanha' e em todos os países ocupados pela Alemanha durante a guerra é desconhecido; os 'acadêmicos' Donald Kenrick e Grattan Puxon forneceram uma estimativa aproximada de 942 mil.
Acredita-se que os Ciganos tenham chegado a Europa do norte da India em meados de 1400. Eram chamados de Ciganos porque na mentalidade dos europeus eles teriam vindo do Egito. Esta minoria étnica é composta de grupos distintos chamados "tribos" ou "nações". A maior parte dos Ciganos na Europa ocupada pela Alemanha pertencia as tribos Sinti e Roma. Na Alemanha e na Europa ocidental geralmente predominavam os Sinti, e os Roma na Áustria, leste europeu, e os Balcãs. Os Sinti e os Roma falavm dialetos de uma linguagem comum chamada Romani, baseado no sânscrito, a língua clássica da Índia.
Por séculos, os Sinti e os Roma foram depreciados e perseguidos na Europa. Zigeuner, a palavra alemã para Cigano, deriva da raiz grega que significa "intocável". Nos principados balcânicos da Moldávia e da Valáquia, Ciganos eram escravos trazidos e vendidos pelos monastérios e grande latifundiários(boyars)atré 1864, quando a nova nação formada da Romênia os emancipou.
Muitos Sinti e Roma tradicionalmente trabalhavam como artesãos, também como ferreiros, sapateiros, funileiros, negociantes de cavalos, e modeladores. Outros se apresentavam como músicos, adestradores de animais de circo, e dançarinos. Por volta dos anos de 1920, havia també um pequena, classe média-baixa de comerciantes e alguns funcionários, como os Sinti empregados no serviço postal alemão. O número de verdadeiros ciganos nômades estava em declínio em muitos lugares por volta de meados de 1900, entretanto os conhecidos ciganos sedentários freqüentemente moviam-se sazonalmente, dependendo de suas ocupações.
Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena
Página principal: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945
Quem eram os "ciganos"?
Em 1939, entre 30.000-35.000 pessoas conhecidas como "Ciganos" viviam na Alemanha e Áustria, que foi incorporada a Alemanha em Março de 1939. A população total de Ciganos vivendo na 'Grande Alemanha' e em todos os países ocupados pela Alemanha durante a guerra é desconhecido; os 'acadêmicos' Donald Kenrick e Grattan Puxon forneceram uma estimativa aproximada de 942 mil.
Acredita-se que os Ciganos tenham chegado a Europa do norte da India em meados de 1400. Eram chamados de Ciganos porque na mentalidade dos europeus eles teriam vindo do Egito. Esta minoria étnica é composta de grupos distintos chamados "tribos" ou "nações". A maior parte dos Ciganos na Europa ocupada pela Alemanha pertencia as tribos Sinti e Roma. Na Alemanha e na Europa ocidental geralmente predominavam os Sinti, e os Roma na Áustria, leste europeu, e os Balcãs. Os Sinti e os Roma falavm dialetos de uma linguagem comum chamada Romani, baseado no sânscrito, a língua clássica da Índia.
Por séculos, os Sinti e os Roma foram depreciados e perseguidos na Europa. Zigeuner, a palavra alemã para Cigano, deriva da raiz grega que significa "intocável". Nos principados balcânicos da Moldávia e da Valáquia, Ciganos eram escravos trazidos e vendidos pelos monastérios e grande latifundiários(boyars)atré 1864, quando a nova nação formada da Romênia os emancipou.
Muitos Sinti e Roma tradicionalmente trabalhavam como artesãos, também como ferreiros, sapateiros, funileiros, negociantes de cavalos, e modeladores. Outros se apresentavam como músicos, adestradores de animais de circo, e dançarinos. Por volta dos anos de 1920, havia també um pequena, classe média-baixa de comerciantes e alguns funcionários, como os Sinti empregados no serviço postal alemão. O número de verdadeiros ciganos nômades estava em declínio em muitos lugares por volta de meados de 1900, entretanto os conhecidos ciganos sedentários freqüentemente moviam-se sazonalmente, dependendo de suas ocupações.
Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena
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