sábado, 22 de maio de 2010

Enchentes na Polônia fecham o museu de Auschwitz-Birkenau

O antigo campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, em Oswiecim, foi parcialmente inundando pelas chuvas

Foto: AP

As chuvas que atingem o sul da Polônia já deixaram um saldo de ao menos cinco mortos e nesta quarta obrigaram o museu do campo de concentração Auschwitz-Birkenau a fechar suas portas. A medida foi tomada para proteger artefatos e arquivos do Holocausto.

As chuvas que começaram no centro da Europa no último final de semana estão causando enchentes na Hungria, Eslováquia e República Checa, onde os rios transbordaram e inundaram localidades e estradas. Centenas de pessoas foram evacuadas e a luz foi cortada em algumas áreas.

Auschwitz, onde cerca de 1,5 milhões de pessoas, a maioria judeus, foram mortas por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, está localizado em uma das regiões mais afetadas enchentes. Os dois campos de concentração que formam o complexo de mais de 200 hectares estão alagados.

"Nós estamos agindo para preservar a área", disse o museu em um comunicado, justificando o fechamento do complexo. "Durante a noite, as águas do Vístula romperam as barreiras de proteção e ameaçam inundar ainda mais o local, assim como as localidades próximas", seguiu o comunicado.

Fonte: Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4439306-EI8142,00-Enchentes+na+Polonia+fecham+o+museu+de+AuschwitzBirkenau.html

Ver fotos: Link

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Planos antissemitas dos nazis publicados antes de sua ascensão ao Poder

"Façam um trabalho adequado para os judeus!"
Existem várias visões sobre o objetivo final e demanda do movimento nacional alemão (deutsch-voelkisch) a respeito dos judeus. Uns acreditam que o chamado trabalho conscientizador é o suficiente; outros apenas querem "eliminar" o espírito judeu do campo "cultural"; alguns querem apenas cortá-los da economia, e alguns outros têm outros objetivos, e todas as opiniões tornam-se confusas... mas muito aquém disso, consideramos que é muito mais urgente e necessário que os grupos locais devam procurar operar primeiro antes de tudo em seu próprio terreno e erradicar os Ostjuden*(judeus do leste) e a canalha judaica em geral com uma vassoura de ferro....

É preciso livrar-se de todos os Ostjuden(judeus do leste) sem mais demora, e medidas brutais têm que ser tomadas imediatamente contra todos os judeus. Tais medidas têm que ter, por exemplo, a remoção imediata dos judeus de todo emprego público, escritórios de jornais, teatros, cinemas, etc.; brevemente, o judeu tem que ser despojado de todas as possibilidades de continuar a causar uma influência desastrosa em seu ambiente. A fim de que os semitas, sem trabalho, não possam secretamente nos sabotar e se agitar contra nós, eles devem ser colocados em campos de concentração....

Voelkischer Beobachter, Número 20/34, 10 de março de 1920.

* Ostjuden é referente aos judeus que migraram do leste europeu, particularmente da Polônia para Alemanha. A propaganda antissemita no período do Império Alemão e da República de Weimar era diregida contra esses judeus.
Fonte: Völkischer Beobacher; Documents of the Holocaust, Part I(Germany and Austria), site do Yad Vashem
http://www1.yadvashem.org/about_holocaust/documents/part1/doc2.html
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 15 de maio de 2010

Pai e filho neonazistas são condenados na Grã-Bretanha

Dois britânicos, pai e filho, simpatizantes de ideias nazistas, foram condenados à prisão nesta sexta-feira depois que a polícia descobriu um veneno mortal que poderia ser usado como arma química na casa deles.

Condenado a dez anos de prisão, Ian Davison, de 42 anos, fabricou suficiente ricina para matar nove pessoas.

Ele foi condenado após admitir que produziu uma arma química, planejar atos de terrorismo e possuir manuais de terrorismo.

Seu filho Nicky, de 19 anos, foi condenado a dois anos de cadeia por possuir material útil para praticar atos extremistas.

A polícia encontrou o veneno durante uma busca na casa dos dois na cidade de Burnopfield, norte da Inglaterra, em junho do ano passado.

Neonazismo

O promotor Andrew Edis disse que Ian produziu a ricina em casa entre 2006 e 2007. Aparentemente, o veneno seria usado em uma tentativa de derrubar o governo britânico.

Ian explicou como pesquisou a manufatura da substância e comprou com facilidade os ingredientes.

"Um agravante particularmente desagradável deste caso é que você corrompeu seu filho", disse o juiz do caso a Ian.

Pai e filho, que foram julgados separadamente na cidade de Newcastle, mantinham o site de perfil neonazista ASF (Aryan Strike Force, ou "Força de Ataque Ariana", em tradução livre), cujo slogan é Whatever it Takes (ou Custe o que Custar).

O ASF, também conhecido como alcateia, tinha como objetivo derrubar governos "sionistas" e se autoproclama um dos mais radicais grupos de direita da Grã-Bretanha.

Andrew Edis disse que o site possui cerca de 350 adeptos, porém nem todos ativos. Alguns deles vão a julgamento este ano.

O famoso livro de Adolf Hitler, Minha Luta, estava disponível no site, afirmou o promotor.

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/05/100514_britain_nazi_rc.shtml

"Mau cheiro de cadáveres de judeus enterrados em Treblinka"

Relatório do exército alemão reclama que: "Os judeus em Treblinka não estão enterrados adequadamente"




No relatório diário de 24 de outubro de 1942, incluído no "Diário de Guerra no. 1"(War Diary no. 1), um comandante militar alemão no Generalgouvernement ("Governo Geral", i.e. da Polônia ocupada pelos nazis), reclama como se segue abaixo:
"O Comando Supremo de Ostrow informa que os judeus em Treblinka não estão enterrados de forma adequada e que como resultado disso um insuportável fedor de cadáveres se alastra pelo ar."
Sou grato ao Dr. Ulrich Roessler por repassar para mim este documento, e a Gord McFee pela tradução, e ao Arquivo Militar em Freiburgo por me enviar uma cópia. O número de série do documento nos arquivos é "RH 53-23/80".

Fonte que indicou o link do Holocaust History Project e tradução parcial: Marcelo Oliveira na Lista Holocausto-doc do Yahoo!
http://br.dir.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/775
Fonte do documento: Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/~dkeren/documents/Treblinka-graves/
Fonte original: Arquivo Militar de Freiburgo(Alemanha)
Tradução inteira pro português: Roberto Lucena

terça-feira, 11 de maio de 2010

"Tratamento especial" era extermínio físico por gaseamento em Auschwitz

Complemento do post da lista de discussão Holocausto-doc com a tradução adicional(minha) do comentário de Hans Münch confirmando o extermínio físico e o uso de eufemismos nazis pra camuflar a intenção quando ficasse registrada em documento.

"Material para Tratamento Especial"
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/19420826-dessau/

Este documento de 26 de agosto de 1942, dá a permissão ao campo de concentração de Auschwitz de enviar um caminhão a Dessau, a fim de retirar o "material para o tratamento especial." Dessau era um dos dois lugares onde o veneno Zyklon-B era fabricado. O "tratamento especial", ou "Sonderbehandlung", era o código nazista para o extermínio.

Transcrição(alemão):

[...]Fahrgen. für einen LKW. nach Dessau zur Abholung von Material für Sonderbeh. wird hiermit erteilt. [...]

Tradução:

[...]Permissão a um caminhão para Dessau, para retirar o material para o tratamento especial, é concedida através deste.[...]

Nota:
1. Hilberg, Raul, The Destruction of the European Jews, 1960, p. 568: "The Zyklon was produced by two companies: The Dessauer Werke and Kaliwerke at Kolin." In 1985 edition, p. 888.
__________________________________________________________

PERGUNTA: Mas será que "Sonderbehandlung" significava mesmo gaseamento?

RESPOSTA: Entrevista concedida pelo SS-Untersturmführer Dr. Hans Münch que foi apresentada pela televisão sueca:
http://www.nizkor.org/hweb/people/m/muench-hans/swedish-television-interview.html

Entrevistador: Eu tenho que perguntar uma coisa. Céticos afirmam que "tratamento especial" poderia significar qualquer coisa. Não teria que ser propriamente exterminação.

Münch: "Tratamento especial" na terminologia do campo de concentração significa extermínio físico. Se era uma questão referente a um punhado de pessoas, onde nada além que gasear fosse o que valesse a pena pra elas,
elas eram gaseadas.

Entrevistador: Então "tratamento especial" era gasear?

Münch: Sim, absolutamente.

Texto: José da Silva
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/128
Tradução adicional(trecho da entrevista de Hans Münch): Roberto Lucena

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Obama elogia Medvedev por condenar totalitarismo e crimes soviéticos

WASHINGTON — O presidente americano Barack Obama elogiou neste sábado a "liderança notável" de seu colega russo, Dmitri Medvedev, por condenar as violações dos Direitos Humanos praticadas pelo regime "totalitário" da União Soviética e por seu líder Joseph Stalin.

"O presidente Medvedev deu provas de uma liderança notável ao honrar os sacrifícios daqueles que viveram antes de nós e por falar tão abertamente sobre a supressão dos direitos e liberdades fundamentais", indicou Obama em um comunicado neste sábado, na véspera do aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial para os russos.

Na sexta-feira, Medvedev criticou o regime soviético em uma longa entrevista publicada pelo jornal Izvestia.

"Para ser honesto, o regime que foi instaurado na União Soviética (...) só pode ser classificado de totalitário", no qual "os direitos e as liberdades elementais foram suprimidos", declarou o governante russo dois dias antes do dia em que a Rússia comemora os 65 anos da vitória sobre os nazistas.

"Suas palavras nos lembram que devemos trabalhar todos juntos em favor de um mundo no qual os Direitos Humanos fundamentais de cada indivíduo estejam protegidos", enfatizou Obama.

O chefe de Estado russo também condenou os crimes "imperdoáveis" do ex-ditador.

"Stalin cometeu muitos crimes contra seu próprio povo. E, apesar de ter trabalhado muito, apesar de sob sua liderança o país ter tido muitos êxitos, o que fez ao seu próprio povo não pode ser perdoado", ressaltou Medvedev.

Cerca de vinte chefes de Estado e de Governo, entre eles o chinês Hu Jintao, o francês Nicolas Sarkozy e a alemã Angela Merkel, assistirão no domingo aos atos de celebração na Praça Vermelha, em Moscou.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5goRFvUKbjvJKIRv8KguihRX4eKfQ

Imagens do desfile. Discurso do Presidente russo Medvedev e o hino russo em que aparece a primeira-ministra alemã Angela Merkel:


Resumo dos desfiles, tropas da OTAN aparecem desfilando(britânicos):




Quem quiser achar o desfile completo é só colocar a combinação Russian Parade+2010 no youtube. Há um vídeo do desfile com 45 minutos de duração.

domingo, 9 de maio de 2010

A Guerra contra fracos (livro) - Edwin Black. As raízes dos EUA da eugenia nazi

Raízes do Holocausto. Adolf Hitler copiou de eugenistas americanos política que eliminava “raças inferiores”

Cláudio Camargo; Lloyd Wolf
Origens: Edwin Black espicaça o establishment americano

Algumas palavras ficaram tão associadas a crimes aberrantes que simplesmente desapareceram do vocabulário corrente. É o caso da “eugenia” ou “higiene racial”, um movimento racista e pseudocientífico surgido no início do século XX que classificava as pessoas segundo a hereditariedade, esterilizando os “incapazes” (doentes mentais, epilépticos, alcoólatras, criminosos comuns, deficientes visuais, pobres, mas também negros, judeus, poloneses...) com o objetivo de preservar e ampliar a “raça superior”, branca e nórdica. Embora tenha sido aplicada em escala industrial e genocida apenas na Alemanha nazista, a eugenia tomou corpo e ganhou forma e robustez nos EUA. Os epígonos de Hitler apenas copiaram e universalizaram o modelo. Essa incrível história, pouco conhecida, é contada agora, num minucioso relato, em A guerra contra os fracos – a eugenia e a campanha norte-americana para criar uma raça superior (editora A girafa, 860 páginas, R$ 68,00), do jornalista americano Edwin Black.

Nos domínios de Tio Sam, berço da democracia moderna, a eliminação de grupos étnicos indesejáveis não foi perpetrada por sinistras tropas de assalto, como no III Reich, mas por “respeitados professores, universidades de elite, ricos industriais e funcionários do governo”. Criada na Inglaterra no século XIX pelo matemático Francis J. Galton, a eugenia (composta do grego “bem nascido”) atravessou o oceano e encontrou campo fértil em terras americanas. Sob a batuta do zoólogo Charles Davenport, o movimento eugenista obteve apoio de instituições renomadas, como a Carnagie Institution – que montou a primeira empresa de eugenia em Long Island –, da Fundação Rockefeller e de uma plêiade de acadêmicos, políticos e intelectuais.

O movimento cativou tanto a elite americana da época que, a partir de 1924, leis que impunham a esterilização compulsória foram promulgadas em 27 Estados americanos, para impedir que determinados grupos tivessem descendentes. Uma vasta legislação proibindo ou restringindo casamentos também foi criada para barrar a miscigenação. Confrontada com tamanha violação dos princípios da Constituição americana, a Suprema Corte deu sua bênção à eliminação dos mais fracos. “Em vez de esperar para executar descendentes degenerados por crimes, a sociedade deve se prevenir contra aqueles que são manifestadamente incapazes de procriar sua espécie”, disse o juiz Oliver Wendell. Entre os anos 1920 e 1960 pelo menos 70 mil americanos foram esterilizados compulsoriamente – a maioria mulheres.

Edwin Black, que ficou famoso em 2001 com o best-seller A IBM e o Holocausto, lembra que a cruzada eugenista de Tio Sam não foi apenas um crime doméstico. “Os esforços americanos para criar uma super-raça nórdica chamaram a atenção de Hitler.” Antes da guerra, os nazistas praticaram a eugenia com total aprovação dos cruzados eugenistas americanos. Não sem uma ponta de inveja, claro: “Hitler está nos vencendo em nosso próprio jogo”, declarou em 1934 Joseph DeJarnette, superintendente do Western State Hospital, da Virgínia.

Desmascarado pelo genocídio hitlerista, o antes arrogante movimento eugenista baixou a guarda. Mesmo assim, entre 1972 e 1976, hospitais de quatro cidades esterilizaram 3.406 mulheres e 142 homens. Muitas mulheres pobres foram ameaçadas com a perda de benefícios sociais ou mesmo a guarda dos filhos.

Condenada pela comunidade acadêmica em 1977, a eugenia escondeu o rosto e buscou refúgio nos cromossomos da engenharia genética. Mas, assim como no passado a eugenia contaminou causas sociais, médicas e educacionais importantes, hoje ela pode inocular o vírus da intolerância em projetos científicos fundamentais, como o genoma e o processo de clonagem para fins terapêuticos. Afinal, é sabido que, ao brincar de Deus, o homem costuma fazer a obra do diabo.

Fonte: IstoÉ independente/Terra
http://www.terra.com.br/istoe-temp/1798/artes/1798_raizes_do_holocausto.htm

sábado, 8 de maio de 2010

Neonazi condenado a 26 anos de prisão por assassinato na Espanha - Caso Palomino

Movimento contra a Intolerância celebra que o Supremo "condena de forma contundente o neonazismo" com o caso Palomino

O presidente do Movimento contra a Intolerância, Esteban Ibarra, celebrou nesta quarta-feira que o Supremo Tribunal tenha "condenado de forma contundente a ideologia neonazi" ao ratificar a pena de 26 anos de cárcere imposta pela Audiência Provincial de Madrid a Josué Estébanez pelo assassinato do menor Carlos Palomino que ocorreu no Metrô de Madrid em 11 de novembro de 2007.

Em declarações à Europa Press, Ibarra, cuja Associação compareceu como acusação popular no caso, disse estar "muito satisfeito" com a ratificação da condenação porque "a sentença explicita o agravante de ódio ideológico, de modo que manda uma mensagem inequívoca contra o ódio, a violência e em geral, contra esta espiral tão perigosa que se está se vivenciando em toda Europa com os movimentos neonazis."

Em sua opinião, essa sentença "abre um ciclo novo porque pela primeira vez se considera esse agravante". "Esperamos que seja o ponto final sobre este tipo de agressões, porque ainda que haja julgamentos pendentes por crimes terríveis, acreditamos que a sentença do Supremo vai ajudar e muito a pôr fim a estes crimes de ódio".

Fonte: Europa Press(Madrid, Espanha, 05.05.10)
http://www.que.es/madrid/201005051751-movimiento-contra-intolerancia-celebra-supremo.html
Tradução: Roberto Lucena

Matéria de 21 de setembro de 2009:
Defence argues 'legitimate self-defence' in Madrid Metro murder

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Goebbels pragueja contra judeus resistindo no Gueto de Varsóvia

Extrato do Diário de Goebbels sobre a Revolta no Gueto
01 de maio, 1943 (Sábado)
Não há nada de sensacional nos relatórios vindos dos territórios ocupados. A única coisa digna de nota é excepcionalmente a intensa luta em Varsóvia entre nossa polícia, e até parte da Wehrmacht, contra os rebeldes judeus. Os judeus na verdade conseguiram colocar o gueto numa condição em que possam se defender. Algumas batalhas muito duras ocorreram por lá, nas quais ficam muito distantes daquilo que o topo da liderança judaica publica nos relatórios militares diários. Lógico que esta piada provavelmente não durará muito. Mas mostra o que se pode experar dos judeus se eles estiverem com armas. Infelizmente eles também têm algum bom armamento alemão em parte, particularmente metralhadoras. Somente o céu sabe o quanto eles poderão resistir com elas.
Fonte: Documents on the Holocaust, Selected Sources on the
Destruction of the Jews of Germany and Austria, Poland and the Soviet
Union, Yad Vashem, Jerusalem, 1981, Document no. 148

Tradução: Roberto Lucena
Fonte eletrônica: site do Yad Vashem
http://www1.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%20587.pdf

Bispo é multado em cerca de R$ 24 mil por negar Holocausto

Um bispo britânico pertencente a uma seita católica dissidente foi multado em 10 mil euros (cerca de R$ 23,8 mil) na Alemanha por negar o Holocausto.

O bispo Richard Williamson, de 70 anos, foi condenado por um tribunal alemão pelas declarações feitas durante uma entrevista transmitida por uma emissora de televisão, em janeiro de 2009, na qual ele afirmou que apenas "200 mil a 300 mil judeus morreram em campos de concentração nazistas".

Negar o Holocausto ou questionar alguns elementos relacionados ao evento é ilegal na Alemanha, com penas de prisão ou multa.

De acordo com o advogado de Williamson, ele foi julgado à revelia após sua irmandade, a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, ter ordenado que ele não comparecesse ao tribunal alemão.

Defesa

Mas o advogado Matthias Lossmann mostrou à corte uma gravação na qual o religioso alerta o entrevistador sobre o conteúdo da conversa. O bispo diz ao jornalista: "tenha cuidado, isso é ilegal na Alemanha".

Lossmann afirma que o entrevistador teria dito a Williamson que a entrevista seria transmitida apenas na Suécia, portanto seu cliente não pode ser responsabilizado criminalmente na Alemanha.

"Não precisamos nem discutir o fato de que as declarações são inaceitáveis, este não é o ponto", completou Lossmann.

O advogado leu uma declaração de Williamson na qual diz que "estava consciente que é contra as leis alemãs expressar tais dúvidas, portanto expressei-as para transmissão exclusivamente na TV sueca", onde as declarações seriam legais.

A juiza do caso na cidade de Regensburg, Karin Frahm, disse que "o bispo Williamson deve ter percebido que suas declarações chamariam atenção e ele conscientemente aceitou esta atenção".

Williamson já havia sido condenado a pagar 12 mil euros (cerca de R$ 28,5 mil) pelo mesmo crime em janeiro deste ano, mas sua recusa em pagar a multa levou ao novo julgamento.

A Fraternidade Sacerdotal São Pio X é uma irmandade católica extemamente tradicionalista formada após o Vaticano ter sofrido uma reforma, em 1965, que mudou alguns de seus conceitos, como a doutrina que responsabilizava os judeus pelo assassinato de Jesus e permitiu a liberdade religiosa.

Fonte: BBC Brasil/O Globo
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/04/16/bispo-multado-em-cerca-de-24-mil-por-negar-holocausto-916358356.asp

Foto: Telegraph.co.uk

domingo, 2 de maio de 2010

S.E. Castan e a Guerra de Inverno na Finlândia

O "jogo dos sete erros"(ou mais precisamente muito mais que sete) dos "revis" parece nunca ter fim. A bíblia do "revisionismo"(negação do Holocausto) no Brasil, o livro "Holocausto: judeu ou alemão?" é uma pérola ilustrativa de como distorcer dados, fatos, etc, isso quando não os cria para compôr uma versão fictícia e "alternativa"(falsa) da História na qual a Alemanha, então sob o regime nazista(ou como os "revis" gostam de chamar, 'nacional-socialista'), foi uma vítima da guerra que encabeçou e não o oposto.

A não ser que se queira considerar que a Alemanha sim foi vítima da guerra, vítima da megalomania de um ditador que a lançou à destruição numa guerra suícida, racista e genocida.

Mas certamente essa não é a visão dos "revis"(negadores do Holocausto), que de uma forma geral costumam idolatrar o genocida megalomaníaco Adolf Hitler.

Indo à edição da bíblia do "revisionismo" brasileiro, na página 76, edição eletrônica em português de "Holocausto: judeu ou alemão" de S.E. Castan, encontramos uma pérola sobre a invasão da União Soviética à Finlândia em novembro de 1939, no episódio que ficou conhecido como a "Guerra de Inverno" em que a União Soviética foi derrotada de forma acachapante:
"A UNIÃO SOVIÉTICA ATACA A FINLÂNDIA
No dia 30 de novembro de 1939, a União Soviética bombardeou a Helsinski e,
sem declaração de guerra, atacou a Finlândia, que se havia recusado a ceder-lhe duas bases. Assinaram a paz em março de 1940, após uma guerra terrível, já que
foi disputada em pleno inverno. Atencão leitores: As duas potências, que em conjunto possuíam terras em redor de 53.000.000 de quilômetros quadrados, a Grã-Bretanha e a França, que lutavam contra a Alemanha de 800.000 quilômetros quadrados de terras, por ter entrado em guerra contra a Polônia, e cujos chefes no início de outubro haviam se declarado os DEFENSORES DA LIBERDADE DA HUMANIDADE, não entortaram nenhum dedo contra a União So-[104] viética, que em setembro invadiu a Polônia e em novembro a Finlândia. Podem ter certeza de que aí tinham coisas !... É só pensar um pouquinho."
Primeiro erro encontrado e observado, não só nesse trecho como no livro inteiro, é que o livro "revisionista" é cheios de erro de português.

Por ironia faltou uma 'revisão'(sic) pro livro "revisionista". Pode parecer preciosismo ou implicância, mas para um grupo que apresenta a postura de soltar "edições bombásticas" reveladoras da "verdade histórica" negando ou distorcendo a História, de forma pretensiosa, é no mínimo curioso que não tenham sequer feito uma revisão de português no livro.

Em português se costuma escrever nomes próprios estrangeiros(por exemplo, nomes de cidades, países) nas versões aceitas ortograficamente no país(no caso me refiro ao português do Brasil), tanto por costume ou por 'aportuguesamento' do termo. A capital da Finlândia em português(do Brasil) se escreve Helsinque e não 'Helsinki', além do próprio erro do autor do livro na grafia original da palavra, na edição eletrônica consta a palavra escrita como "Helsinski"(marcada em negrito no texto acima).

Segundo erro observado, e mais relevante, é que o autor do livro erra ao (super)dimensionar as áreas dos países citados, 'Grã-Bretanha'(que como país responde como Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, Grã-Bretanha é apenas a Ilha formada por Escócia, País de Gales e Inglaterra)e França em relação à Alemanha, para mostrar que os dois países citados possuíam uma enorme disparidade territorial em relação à Alemanha, o que é falso.

Além de que no livro mencionado há diversas afirmações que são opiniões do autor sem qualquer nota ou indicação da fonte de onde foram tiradas as mesmas(ou dados) nos quais ele se apoiou pra fazer as respectivas afirmações, como por exemplo nessa questão da disparidade territorial dos três países. Esse livro é uma verdadeira obra de como não se fazer um livro de História.

Para se ter uma ideia do erro em relação à extensão dos países, usando dados atuais, mas que não ficam muito distantes dos da época do conflito, se não me engano(citando de memória) a Alemanha na época era um pouco maior até, essas são as extensões atuais do Reino Unido, França e Alemanha:

Reino Unido(área):
total: 243.610 km²
terras: 241.930 km²
água: 1.680 km²
nota: inclui Rockall e as Ilhas Shetland

Fonte: The World Factbook Reino Unido

França(área):
total: 643.427 km²; 551.500 km² (França metropolitana)
terra: 640.053 km²; 549.970 km² (França metropolitana)
água: 3.374 km²; 1.530 km² (França metropolitana)
nota: os primeiros números incluem as regiões além-mar da Guiana Francesa, Guadeloupe, Martinica, e Reunião(Réunion)

Fonte: The World Factbook França

Alemanha(área):
total: 357.022 km²
terra: 348,672 km²
água: 8.350 km²

Fonte: The World Factbook Alemanha

O autor do livro "revisionista" "Holocausto: judeu ou alemão?" afirma que as áreas da França e Reino Unido(consideremos acima a extensão relativa ao Reino Unido, como dito antes, Grã-Bretanha corresponde apenas Inglaterra, País de Gales e Escócia) somadas têm "53 milhões de quilômetros quadrados" e que a Alemanha tinha na época "800.000 quilômetros quadrados de terras". Se somarmos as áreas da França e Reino Unido hoje e compararmos com a da Alemanha, dá algo assim:

Somatório das áreas totais do Reino Unido(243.610 km²*) e França(643.427 km²*): 887.037 km²
Área da Alemanha: 357.022 km²*

*Números referem-se à área total de cada país segundo o World Factbook

Ou seja, as áreas atuais de França e Reino Unido juntas dão um pouco mais que o dobro do tamanho da área da Alemanha atual. Nem sequer chega a 1 milhão de quilômetros quadrados. 53 milhões de km² é algo absurdo e não só demonstra a má fé do autor do livro sobre os dados lançados como a manipulação dos mesmos para fazer uso da ideia de disparidade territorial como sinônimo de disparidade bélica.

Só para se ter uma ideia, a área total da União Soviética(quando existia) era de cerca de 22 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, era uma imensidão que não chegava nem à metade do número de 53 milhões de quilômetros quadrados exposto pelo autor do livro "revisionista". O mesmo nem sequer indicar como chegou a esse número de 53 milhões.

Você pode questionar: mas ele não estava se referindo à extensão das áreas sob domínio do Império Britânico e da França na época?

Poderia ser referente a isso só que não há indicação alguma no livro que confirme isso, livros têm que mostrar a coisa claramente, não há indicação de notas de onde ele tirou os dados apresentados, quanto mais na afirmação acima transcrita do livro que se mostra completamente errada e distorcida. O trecho é um absurdo total, típica distorção cínica feita por "revisionistas" do Holocausto.
Já foi perguntado o porquê da "implicância" com esse tipo de literatura, os motivos principais são o antissemitismo(racismo) e apologia ao nazismo explícitos ou implícitos, fora que, como material informativo o livro é uma porcaria completa por apresentar uma série de distorções e manipulações, além de falta de notas e referências como o trecho apresentado acima. O livro é inteiro assim. Vejam a chatice de ler e ter catar cada distorção(várias são esdrúxulas e dá pra ver de cara que não tem fundamento) apresentada num livro desse tipo apresentado como "verdade histórica".

Destaco novamente essa parte do trecho escolhido do livro "revi":
"e cujos chefes no início de outubro haviam se declarado os DEFENSORES DA LIBERDADE DA HUMANIDADE, não entortaram nenhum dedo contra a União So-[104] viética, que em setembro invadiu a Polônia e em novembro a Finlândia. Podem ter certeza de que aí tinham coisas !... É só pensar um pouquinho"
Procurei no livro e não achei uma fonte que indicasse a procedência da informação acima apresentada pelo autor. Onde está a afirmação de que Reino Unido e França se declaravam defensores da liberdade? Ainda se levando em conta que a França logo após tombou ante a Alemanha sendo criado governo colaboracionista fascista e a República de Vichy. No Reino Unido a turbulência dos fascistas era bem grande.

Para não passar em branco, resolvi traduzir um trecho sobre a guerra citada pra mostrar a diferença de qualidade entre um texto escrito por um historiador de verdade e um "revisionista", pros leitores do blog terem uma ideia clara da distância intelectual e de informação entre um e outro.

Sobre a Guerra de Inverno na Finlândia entre União Soviética e Finlândia, segue um trecho do livro "Russia's War" do historiador Richard Overy, que mostra a derrota de Stalin e o sacrifício de centenas de vidas de soldados soviéticos na ofensiva esdrúxula dele fruto de sua tirania e porque não megalomania também(tradução minha):
"Poucas semanas depois, em 5 de outubro, um pedido similar foi feito à Finlândia: uma base naval e uma aérea na boca do Báltico em Hanko pegando o istmo da Carélia, norte de Leningrado, para fornecer uma melhor defesa àquela cidade vital. Em troca foi oferecida à Finlândia uma extensa área do território soviético na Carélia. Os finlandeses recusaram e em 13 de novembro as negociações cessaram. Stalin quase que certamente teria preferido uma solução política, mas quando os finlandeses recusaram ser intimidados ele rasgou o tratado de não-agressão Soviético-Filandês e preparou uma campanha militar para trazer a Finlândia inteira para a órbita soviética. Um governo títere comunista, a espera, foi estabelecido para Finlândia, e Stalin redigiu planos de incorporar a Finlândia à União Soviética como a República Soviética Carelo‐Finlandesa. Em 30 de novembro a artilharia soviética iniciou um bombardeio à fronteira finlandesa, e os exércitos soviéticos avançaram, experando uma rápida vitória. Mais tarde Khrushchev recordou o comentário de Stalin que "tudo o que tínhamos que fazer era abrir fogo que em poucas rodadas da artilharia os finlandeses capitulariam". Stalin confiou em prosseguir com as convicções vaidosas de Voroshilov: "Tudo está bem, tudo está em ordem, tudo está pronto." 40

A campanha na Finlândia foi um desastre para o Exército Vermelho. Expôs ao mundo como era fraca a capacidade ofensiva das forças expurgadas e enfatizaram para o exterior o valor do dano do terror que tinha ocorrido. Apesar da vantagem numérica, os exércitos designados para a Guerra de Inverno foram parados por um sólido conjunto de fortificações, a Linha Mannerheim. Soldados soviéticos lutaram obstinadamente mas sofreram baixas excepcionais, um total de 126.875 soldados morreram em quatro meses. Seus cadáveres congelados permaneceram em grotescos amontoados onde tombaram. As tropas foram mal treinadas para defesas fixas na tempestade; havia escassez de armas automáticas e roupas de inverno; o sistema de suprimento de comida rapidamente sucumbiu e o transporte era pobremente organizado. Congelamento e fome se somavam às baixas infligidas pelo rápido movimento das tropas finlandeses em esqui e por atiradores de tocaia. Os comandantes eram controlados de perto por um centro por oficiais políticos que conheciam pouco sobre o campo de batalha.

Os finlandeses apelaram por um armistício, e o Exército Vermelho estava extremamente alvejado para prosseguir na guerra de conquista do país inteiro. Em 12 de março de 1940 a paz foi assinada. A Finlândia foi forçada a ceder os territórios e bases pedidas um ano antes, mas sua independência foi assegurada. A União Soviética foi expulsa da Liga das Nações pelo ato de agressão gratuito.

A Guerra de Inverno foi o maior conflito empreendido pelo Exército Vermelho desde a guerra civil 20 anos antes, maior até que as batalhas de fronteira com os japoneses em Khalkhin‐Gol que lutaram no verão anterior onde o Exército Vermelho envergonhado foi salvo pela intervenção do General Zhukov."
Russia's War(A Guerra da Rússia), autor: Richard Overy, partes extraídas das páginas 63-4
Essa é a diferença(acima) de um texto escrito por um historiador de verdade e um "revionista", vulgo negador do Holocausto, que distorce ou nega a História para justificar seus posicionamentos políticos.

Ver também:
S. E. Castan e suas mentiras – Parte 1 – Pré-Guerra
Castan, atentado em Sarajevo, Gravilo Princip e as velhas distorções "revisionistas"

Inteligência alemã pode divulgar informações sobre Adolf Eichmann

BERLIM, Alemanha — Um tribunal alemão anunciou nesta sexta-feira a disposição de tornar públicas as informações do serviço de inteligência sobre Adolf Eichmann, um dos arquitetos do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial.

A decisão do tribunal administrativo federal de Leipzig foi tomada depois de um pedido de um jornalista residente na Argentina que deseja consultar as 3.400 páginas dos arquivos do BND (o serviço alemão de inteligência). Os documentos, que datam dos anos 50 e 60, estão relacionados com Eichmann, considerado um dos organizadores do genocídio dos judeus pelo regime nazista.

O tribunal julgou obsoletos os argumentos apresentados até agora pela chancelaria, à qual o BND está subordinado, para manter os arquivos fechados.

Segundo o tribunal, os fatos são muito antigos para causar algum prejuízo à política alemã no Oriente Médio ou à colaboração dos serviços de inteligência alemãos com o de outros países.

No entanto, autorizou à chancelaria fornecer novos argumentos, se assim o desejar.

Adolf Eichmann, um tenente-coronel da SS, foi brevemente detido pelos americanos ao final da Segunda Guerra Mundial, mas conseguiu escapar e viver na Alemanha de maneira clandestina durante vários anos. Em 1950 refugiou-se - com um nome falso - na Argentina, até que os serviços de inteligência israelenses o encontraram e capturaram.

Foi julgado em Israel, tendo sido condenado à morte por enforcamento, em 1962.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5ghEorsZWidNHqam_xzTiTS8NYP3w

sexta-feira, 30 de abril de 2010

IV Encontro Nacional de Pesquisadores do Integralismo e o III Simpósio do Laboratório de História Política e Social – LAHPS/UFJF

Apresentação
O Programa de Pós-Graduação em História da UFJF, com o propósito de promover uma discussão em torno do pensamento e da prática autoritária no Brasil, vai sediar um evento que reunirá ao mesmo tempo o IV Encontro Nacional de Pesquisadores do Integralismo e o III Simpósio do Laboratório de História Política e Social – LAHPS/UFJF, a realizar-se nos dias 10 a 13 de maio de 2010, na Universidade Federal de Juiz de Fora.
O tema central do evento será: “Ideias e Experiências Autoritárias no Brasil Contemporâneo”. O evento que conta com apoio da Universidade Federal de Juiz de Fora e do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora está sendo promovido pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFJF é organizado através da parceria entre dois grupos de pesquisadores: o GEINT (Grupo de Estudos do Integralismo) e o LAHPS (Laboratório de História Política e Social).

O objetivo é promover o encontro entre pesquisadores de História e áreas afins que possuam pesquisas em comum acerca do pensamento e das experiências autoritárias brasileiras, com o propósito de abrir espaço para a divulgação de resultados de pesquisa, para o intercâmbio acadêmico e para a disseminação do conhecimento histórico.

Fonte: Site da UFJF
Informação de Odilon Neto

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Arquivo recupera memória da música banida pelos nazistas

Centro da Arte Proscrita, em Schwerin, recupera memória da música banida pelos nazistas. O arquivo reúne partituras e manuscritos de compositores que se exilaram ou acabaram morrendo nos campos de concentração.

(Foto)Por trás de cada nota, uma biografia

Não apenas os artistas plásticos, mas também muitos músicos foram alvo de perseguição do regime nazista entre 1933 e 1945. Vários compositores e intérpretes, que até então haviam influenciado a vida musical do país, receberam ordens que os proibia de se apresentar em público e até mesmo de exercer a profissão.

A fim de recuperar a memória desses músicos, cujas obras acabaram sendo esquecidas, o Conservatório Musical da cidade de Schwerin, no Leste alemão, criou o Arquivo da Arte Proscrita, que reúne partituras e manuscritos de compositores e intérpretes perseguidos durante o regime nazista.

Um dos nomes presentes no arquivo é o do compositor italiano de origem judaica Aldo Finzi, considerado até a ascensão do nazismo um dos nomes mais promissores de sua época. Finzi morreu de infarto em 1945, deixando composições até hoje praticamente desconhecidas do público.

"Um artista como Finzi, hoje praticamene desconhecido, teve várias de suas obras interpretadas em concertos realizados em Schwerin, o que só foi possível graças à colaboração de seu filho, Bruno Finzi", diz o pianista Volker Ahmels.

Centenas de obras

Ao lado do musicólogo Birger Petersen e do copositor francês Philippe Olivier, Ahmels dirige o Centro da Arte Proscrita, sediado no Conservatório de Música de Schwerin. "O leque de gêneros do arquivo é enorme, indo do jazz à chanson e à opereta", diz ele.

Até hoje, conta o pianista, não se sabe ao certo quantos músicos tiveram seus destinos modificados pelas arbritrariedades do nazismo. Muito material acabou se perdendo, mas 400 obras de 50 compositores foram compiladas pelo arquivo.

Difícil definição

Há muitas obras de vanguarda que hoje seriam enquadradas no que se chama de Música Nova, mas há também aqueles que se aproximavam do Romantismo. De forma que não se pode definir a música proscrita, pois ela é muito diversa", explica Jennü Swensson, especialista sueca que participa do projeto.

A busca de antigos registros é um trabalho árduo, diz Swensson, pois muitos desses compositores não deixaram registros escritos, quanto menos peças gravadas. Isso faz com que as principais fontes de pesquisa sejam os descendentes dos músicos e sobreviventes da época.

Poucos sobreviventes

Para os pesquisadores, qualquer informação mínima pode se tornar valiosa. O projeto, acrescenta a pesquisadora, deixa claro como o regime nazista fez com que uma enorme herança musical simplesmente desaparecesse.

O arquivo de Schwerin reúne não apenas informações relacionadas aos compositores, mas também de intérpretes que foram perseguidos pelo regime nazista. Uma delas é Edith Kraus, nascida em 1913 e uma das poucas sobreviventes ainda vivas. No início do século 20, Kraus, que foi aluna de Arthur Schnabel, era considerada um verdadeiro gênio musical.

Participação dos jovens

Para o especialista Ahmehls, uma das funções mais importantes do arquivo e do projeto de reconstrução da memória musical é o envolvimento dos jovens.

"Não necessariamente daqueles que já têm alguma ligação com a música. Fazer com que os jovens se ocupem da vida e obra desses compositores já é fantástico. Há dois anos, tivemos excelentes resultados ao trabalharmos a história de Izzi Fuhrmann, um violinista que estava totalmente esquecido. Sua vida foi reconstruída de forma tão interessante, que resultou numa exposição, levada até mesmo a Los Angeles", conta o pianista, lembrando que, para os envolvidos no projeto de reconstrução da memória musical, por detrás de cada nota se esconde uma biografia e atrás de cada harmonia está uma história a ser descoberta.

Christoph Richter (sv)

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 29.02.2008)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3158653,00.html

terça-feira, 27 de abril de 2010

Livro alerta sobre a difusão do negacionismo do Holocausto

José Antônio Rosa - Cruzeiro On Line
Notícia publicada na edição de 18/04/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno B - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.

(Foto)Créditos: Bruno Cecim
Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus: teorias que tentam relativizar o holocausto dos judeus

Há dez anos, quando lecionava na rede particular, o sorocabano Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus, hoje com 33, encomendou aos alunos um trabalho sobre o holocausto e seus desdobramentos. A ideia era fazer com que os jovens, pesquisando, refletissem sobre um dos mais marcantes fatos da história do século passado. Tão logo começou a receber o material produzido pelos estudantes, o professor foi tomado de surpresa: praticamente todos os textos tomavam por base levantamento feito na internet, mais precisamente postagens de um site mantido pela Editora Revisão.

A empresa, localizada em Porto Alegre, pertence a Siegrfied Ellwanger, um descendente de imigrantes alemães que adotou o pseudônimo de E. Castan. Reproduzir, a partir de comandos (o tão falado “control c” e “control v”), informações que circulam pela rede mundial de computadores não constitui novidade, mesmo sendo uma prática reprovável do ponto de vista ético e acadêmico. O que assustou Carlos Gustavo foi saber que Castan é um dos mais ativos propagadores da teoria negacionista, segundo a qual, o massacre de judeus, durante a Segunda Guerra, não teria ocorrido.

Pior, ele conta, foi constatar que os adolescentes identificaram-se com os conceitos. Muitos deles chegaram a acreditar que os crimes não foram cometidos, que as torturas aplicadas tinham fundamento. Algumas discussões em sala de aula revelaram que parte da classe dava como certa a informação de que os milhões de prisioneiros mantidos em campos de concentração morreram vítimas de um surto de tifo. Que as câmaras de gás seriam lugares onde submetiam-se ao processo de desinfecção.

A experiência fez com que o sorocabano decidisse aprofundar os estudos e escolhesse o assunto como tema da tese da pós-graduação em História que cursou na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Assis. O resultado da investida, intitulada “Anti-semitismo e nacionalismo; negacionismo e memória”, ganhou a forma de livro. No trabalho, Carlos Gustavo discute a expansão da corrente de pensamento no Brasil a partir, principalmente, da atuação de E. Castan e sua editora. No percurso que fez para estudar o fenômeno, o professor usou muito do senso investigativo e chegou a viajar até Porto Alegre onde avistou-se com o próprio Ellwanger.

Na entrevista, ele reafirmou suas convicções e contou jamais ter testemunhado qualquer episódio relacionado àquilo que prega. Ou seja: tudo o que a editora Revisão (que ele criou) divulga apóia-se em relatos e documentos que lhe foram entregues por familiares, estes, sim, vinculados ao regime nazista. Castan mantém na casa onde mora uma gráfica onde são rodados os livros de sua autoria. Todos, rigorosamente, versam sobre o negacionismo e servem de cartilha para aqueles que, conforme Carlos Gustavo, endossam a cultura da intolerância. Com o advento da internet, a Revisão passou a propagar suas mensagens de forma mais ampla.

Por conta disso, passou, também, a ser mais visada. Há alguns anos, o Ministério Público ingressou com ação para enquadrar Castan como autor do crime de racismo. O embate jurídico chegou ao Supremo Tribunal Federal e suscitou outra questão: até que ponto o direito de se expressar, assegurado pela Constituição, pode ser exercido com liberdade? Em sua defesa, o responsável pelas mensagens de fundo anti-semita alegou que nada mais fez do que externar sua opinião. Carlos Gustavo teve acesso à papelada. Leu pilhas de documentos e páginas do processo que, ao final, impôs ao acusado a pena de prisão de três anos. Ele, no entanto, cumpriu a pena em liberdade, por conta da idade avançada.

Castan chegou, mais, a ter livros apreendidos em feiras das quais participou, entre elas a Bienal do Rio de Janeiro. Lá, por iniciativa da Federação Israelita do Estado, não pôde participar do evento. Um dos precursores do negacionismo no Brasil, Castan, mais recentemente, recorreu a estratégias para escapar do monitoramento de suas atividades. Uma delas consiste em retirar do site que hospeda na internet textos de conteúdo ofensivo. Carlos Gustavo reproduziu no livro algumas das páginas para comprovar a prática.

Numa delas, datada de maio de 2000, o autor faz um alerta às autoridades brasileiras para o “intento sionista” e condena programas de educação desenvolvidos em escolas sobre educação judaica e “holocausto”. Chama a isso de “intenção de manter, por mais cinquenta anos, a terrível Mentira do Século”.

Pesquisador acompanha grupo de skinheads

Para entender a motivação da corrente que insiste em negar as atrocidades praticadas contra o povo judeu, Carlos Gustavo saiu a campo. O foco do trabalho é o jovem e, com esse propósito, ele conseguiu acompanhar um grupo de skinheads da região metropolitana de São Paulo numa de suas noitadas. “Vi coisas estarrecedoras. Eles saem sem rumo e, do nada, agridem moradores de ruas, gente indefesa. Se o alvo pertencer ao que chamam de raça inferior, usam da violência simplesmente em nome da intolerância.”

É essa a reação que os teóricos do negacionismo esperam. Carlos Gustavo conta que, considerados gurus, eles trabalham para que mais seguidores alimentem a crença na existência de uma raça pura e em outros ideais. O perigo, adverte Carlos Gustavo, marca presença fora do país, a partir da extrema-direita. Na Áustria, o governo se alinha à doutrina negacionista, mesma orientação do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

No Brasil, a cultura da intolerância ganha força de acordo com o estudioso. Embora não exista uma mapeamento estatístico, são muitos os registros de gangues de neo nazistas que se voltam não apenas contra judeus. “Negros, homossexuais e excluídos são também visados”, ele acrescenta. O combate ao negacionismo parte, conforme Carlos Gustavo, de uma urgente mudança de postura, sobretudo educacional: “É muito difícil lutar contra organizações que usam ferramentas poderosas, como a internet, para realizar seu intento”.

Mesmo assim, ele defende mecanismos de controle do uso de computador por jovens: “Os pais devem ficar atentos e acompanhar o que os filhos estão acessando na rede. Começar a mudar dentro de casa, pode ajudar”. O pesquisador sugere, mais, que os professores se municiem mais de conhecimento a respeito do assunto. “Infelizmente, a falta de preparo abre campo para que a geração de hoje não seja alertada como deveria sobre os riscos que corre.”

“Anti-semitismo e nacionalismo, negacionismo e memória” pode ser adquirido na Fundação Editora Unesp, pelo site www.editoraunesp.com.br, ao preço de R$ 30,00.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=42&id=285309

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