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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Relato do Sr. Aleksander Henryk Laks, sobrevivente do Holocausto (vídeo)

Foi sugerido a mim dar uma olhada na página do Sr. Laks, então acabei resolvendo colocar o vídeo com seu relato pra assistirem. Segue abaixo o vídeo com o Sr. Alexander Henryk Laks dando uma palestra com o relato do que ele presenciou na segunda guerra e obviamente no Holocausto. Ele é oriundo da Polônia e presenciou a invasão nazi àquele país e toda a sequência de confinamento em guetos, campos de extermínio/concentração etc. O vídeo é longo, tem 2 horas e 37 minutos mas vale a pena assistir.

A quem quiser pular logo para seu relato pois há um intervalo no começo do vídeo demorado, o relato começa mais ou menos a partir dos 14 minutos e 50 segundos.

E pra não me alongar, só um adendo, pois muita gente vem abordar a gente de forma não muito "sútil" com pregação/ataque religioso etc ignorando a convicção de cada um do blog. Eu considero pessoalmente que esse adendo nem deveria ser relevante ou ocorrer, mas em virtude da frequência da ocorrência de atritos religiosos no país de uns tempos pra cá, não é demais fazê-lo: a palestra do vídeo foi dada a um grupo evangélico/protestante, inclusive a gravação consta na conta do grupo no youtube. O importante é o conteúdo do relato dele e não questões religiosas. Não sou evangélico/protestante e nem judeu, tampouco religioso (pra tristeza dos "revis", que adoram rotular todo mundo que eles odeiam de "judeu", "protestante", "sionista" etc).

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Morre historiador israelense do Holocausto, Israel Gutman

Quinta-feira, 3 de outubro de 2013 | 12:09 a.m.

Israel Gutman, who que sobreviveu as atrocidades nazi na segunda guerra e dedicou sua vida à pesquisa do Holocausto, faleceu em Jerusalém. Ele tinha 90 anos.

Gutman nasceu em Varsóvia em 1923 e lutou no levante do Gueto de Varsóvia em 1943, onde ele foi ferido.

Seus pais e irmãos morreram no gueto enquanto Gutman ficou como prisioneiro em três campos de concentração, incluindo Auschwitz.

Depois da guerra ele se transferiu para Israel onde mais tarde serviu como historiador chefe no Museu Memorial do Holocausto Yad Vashem.

Yad Vashem lamentou seu falecimento descrevendo Gutman na terça-feira como um "historiador pioneiro." Ele faleceu na segunda-feira.

Ele deixa duas filhas e três netos.

O funeral ocorre na quarta-feira em Jerusalém.

Fonte: The Associated Press/Las Vegas Sun
http://www.lasvegassun.com/news/2013/oct/03/ml-israel-obit-gutman/
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais no blog A Vida no Front:
Israel Gutman, historiador do Holocausto, morreu aos 90 anos

Tag de Israel Gutman no blog (com os posts).

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Filme com propaganda nazi do Gueto de Varsóvia (revisado e artigo atualizado)

Uma equipe de um filme nazista, conduzida por Willy Wist, rodou cerca de uma hora de filmagem para um filme propaganda do Gueto de Varsóvia em maio de 1942. Um resumo das cenas que eles filmaram pode ser encontrado aqui, junto com o testemunho de Jonas Turkow (de 1948) do porquê do filme ter sido rodado. Cenas descartadas daquele filme foram encontradas por Adrian Wood em 1998 e então compiladas, juntamente com a filmagem formal, em um documentário intitulado "A Film Unfinished"(Um filme inacabado). O documentário documentary intercala as cenas com as entradas dos diários, como as de Czerniakow e Lewin, que descrevem a preparação e filmagem do filme. E também recria o testemunho de Wist do processo dos crimes de guerra. O documentário se encontra no youtube dividido em seis partes, colocadas aqui para fins educacionais: partes 1, 2, 3, 4, 5 e 6. A parte final consiste principalmente de cadáveres e cenas de enterro.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/05/nazi-propaganda-film-from-warsaw-ghetto.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Poloneses e alemães constroem museu judaico no antigo Gueto de Varsóvia

Há exatos 40 anos, o então chanceler alemão Willy Brandt se pôs de joelhos diante do Memorial aos Heróis do Gueto de Varsóvia, em um gesto histórico. Hoje, um museu sobre história judaica é construído no mesmo lugar.

Projeto do novo museu,
na capital polonesa
A construção do Museu da História Judaica de Varsóvia é atualmente o projeto cultural mais caro em curso na Polônia, embora poucos saibam dele na vizinha Alemanha.

O museu está sendo construído no local onde ficava o Gueto de Varsóvia durante o período da ocupação nazista, bem perto do memorial para as vítimas do levante do Gueto de Varsóvia, em frente ao qual o então chanceler alemão Willy Brandt se colocou de joelhos 40 anos atrás, em 7 de dezembro de 1970. Foi um gesto inédito de humildade que se tornaria um marco nas relações entre alemães e poloneses.

Obrigação moral

Os primeiros planos para o museu começaram em 1994, quando o então presidente alemão Roman Herzog decidiu apoiar o projeto e supervisionou a criação de uma fundação para ajudar a financiar a instituição. Embora a ideia inicial tenha vindo da Polônia, o país não tinha na época os fundos necessários para o empreendimento.

"De repente, Roman Herzog deu apoio à ideia", lembra Josef Thesing, presidente da fundação. "Nossa instituição foi criada para tornar essa ideia realidade. Se não tivéssemos conseguido assegurar fundos desde o início, jamais a coisa teria acontecido."

Até agora, a fundação conseguiu captar cerca de 6 milhões de euros para o projeto cujos custos totais foram calculados em 90 milhões de euros e deverá ser inaugurado em 2013.

Gesto histórico de Willy Brandt
em Varsóvia
Thesing acha que a Alemanha tem responsabilidade moral de investir no museu. "Acho que podemos mostrar que existe uma Alemanha diferente agora", diz. "E, junto com os poloneses, hoje também nossos amigos na Comunidade Europeia, podemos trabalhar através do nosso passado em vez de renegar esse passado e olhar para um futuro comum de uma perspectiva única."

História judaico-polonesa começou no século 10

O caminho para o futuro nos conduz primeiro pelo passado. Apenas poucos poloneses sabem que a primeira menção conhecida ao seu país foi escrita em hebraico. As raízes da vida judaica na Polônia remontam ao século 10º, diz o sobrevivente de Auschwitz Marian Turski.

"Hoje há apenas uns poucos judeus na Polônia. Mas o judaísmo é parte da nossa história, da literatura. Hoje se nota um vácuo social, mas – aos poucos – o interesse por essas questões vem aumentando. Por isso, acreditamos que este será um dos museus mais visitados na Polônia", avalia Turski.

Foi Marian Turski que teve a ideia do museu no início dos anos 90. Hoje ele não apenas é presidente do Conselho de Museus, mas também preside o Instituto Histórico Judaico da Polônia.

Na visão de Turski, o museu tinha que ser edificado necessariamente diante do Memorial aos Heróis do Gueto de Varsóvia. "Como presidente do Instituto Histórico Judaico, por um longo período fui praticamente dono desse terreno. Estava claro para todos que não havia lugar melhor para se construir o museu", lembra.

Museu será marco de uma história difícil

"Com o início da construção, há pouco menos de um ano e meio, a história retornou àquele lugar", afirma Turski. Jerzy Halbersztadt, diretor fundador do museu, concorda com essa opinião e acredita que a instituição a ser inaugurada em 2013 será um marco para a difícil história da relação entre poloneses e judeus.

"Na verdade, tudo isso levou bastante tempo. Este museu é especialmente importante para a educação da população, porque o nacionalismo e a xenofobia tendem a retornar. A inauguração deverá servir como marco de uma mudança. Não mudará todo o país, mas poderá assinalar o desenvolvimento democrático nos últimos 20 anos", explica Halbersztadt.

A coleção do museu não vai abranger somente o período do Holocausto, mas deverá compreender os primórdios da história judaica na Polônia até os dias de hoje. Entre os capítulos mais dolorosos estão também o pogrom de Kielce, em 1946, o extremo antissemitismo no final dos anos 60 e o retorno gradual do judaísmo na Polônia pós-comunista.

"Nossa missão é alcançar aqueles que não entendem o que significa no mundo contemporâneo manter um diálogo aberto, revisitar a história, dizer a verdade sobre o passado, sendo ele bom ou não", afirma Halbersztadt. "Aqueles que ainda não estão convencidos disso hoje serão convencidos amanhã, tenho certeza."

Como diretor do museu, Halbersztadt espera que a instituição venha a atrair meio milhão de visitantes por ano. E cada um deles poderá contribuir para a formação de uma nova consciência histórica na Polônia.

Autor: Wolfram Stahl (md)
Revisão: Simone Lopes

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6302898,00.html

sábado, 30 de outubro de 2010

Se tivessem dado ouvidos a Karski, a história podia ser outra

"Jan Karski" relata as aventuras de um polaco que entrou nos campos de concentração e denunciou o extermínio dos judeus a Franklin Roosevelt

É possível escrever um novo livro, depois de contar a história do homem que tentou travar o Holocausto? Esta pergunta martelou durante muito tempo na cabeça do autor de "Jan Karksi". Yannick Haenel, escritor francês, de 43 anos, que venceu o Prémio Interallié 2009 com o romance-ensaio sobre o herói da resistência polaca que tentou evitar o Holocausto. "Depois de escrever o livro, todos os temas me parecem demasiado leves e mundanos. Só há umas semanas é que consegui voltar a escrever", explica o autor ao i.

Jan Karksi é um herói à antiga. Fugiu da Gestapo e dos comunistas russos para transmitir uma mensagem que podia ter mudado o curso da história. Os alemães tinham começado a exterminar os judeus na Polónia e ele testemunhou tudo. Visitou o gueto de Varsóvia com a estrela de David ao peito, e infiltrou-se no campo de concentração Izbica Lubelska disfarçado de guarda. "Serei sempre perseguido por aquelas visões do campo da morte. Não posso desembaraçar-me delas e a sua lembrança dá-me náuseas", escreveu nas suas memórias. No campo de concentração viu corpos empilhados e nazis a encherem comboios com judeus. "O chão do comboio, explica, foi coberto de cal viva [reagente químico]. Com o calor das carruagens, os corpos tornam-se húmidos, desidratam-se ao contacto com a cal e ardem", lê-se no livro de Haenel.

Depois de testemunhar tais atrocidades, em 1943, o polaco foi para Reino Unido e a seguir para os Estados Unidos. O católico tinha-se transformado no porta-voz dos judeus e queria tentar persuadir os aliados a acabarem com o extermínio. Falou com o presidente do Supremo Tribunal norte-americano, Feliz Frankfurter, e chegou até a Franklin Roosevelt, presidente dos Estados Unidos na altura. "Decidi escrever este livro porque com Jan Karski compreendemos que a responsabilidade do extermínio também pertencia aos aliados. Ele tentou transmitir a mensagem dos judeus, mas foram precisos mais dois anos até alguém reagir", diz Yannick. Porquê? "Acho que o governo norte-americano achava impossível tais atrocidades e havia pouca vontade política de se juntarem à guerra. Além disso, Rooselvet tinha conselheiros anti-semitas. Ele não o era, mas no departamento do tesouro existiam alguns."

Realidade e ficção Quem pensar que estamos a falar de uma biografia, engana-se. Yannick Haenel investigou durante quatro anos a vida do mensageiro dos judeus, visitou a Polónia, leu dezenas de livros, mas não quis ficar-se pelo relato dos eventos. "Dividi o livro em três partes. A primeira é um relato do documentário ''Shoah'', de Claude Lanzmann, onde aparece Jan a falar e a segunda é baseada nas memórias escritas pelo próprio. Na última, lanço uma hipótese sobre o que lhe aconteceu depois de 1945. Jan ficou deprimido, e entrou em silêncio. Neste caso, a ficção é necessária quando não sabemos mais", diz.

Durante 15 dias, Yannick, que não é judeu, apesar de toda a gente lhe perguntar, trancou-se em casa para escrever a última parte. "Queria pôr as minhas forças à disposição deste homem." Confessa que nunca decidiu ser escritor e que começou a escrever aos 15 anos quando foi para um colégio militar. "Sou filho de militares, mas a experiência no colégio foi um pesadelo. A promiscuidade, a violência... Tudo isso levou-me a procurar refúgio na escrita. Escrever era fugir dos pesadelos. O meu próximo livro é sobre isso. Uma autobiografia sobre a descoberta da minha escrita."

Por Vanda Marques

Fonte: IOnline(Portugal)
http://www.ionline.pt/conteudo/85936-se-tivessem-dado-ouvidos-karski-historia-podia-ser-outra

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"A film unfinished": ficção nazi mostra a "boa vida" no gueto de Varsóvia

Ficção nazi para mostrar a "boa vida" dos judeus

"A film unfinished", um novo documentário sobre o Holocausto, mostra imagens gravadas pelos nazis em Varsóvia em 1942 
NOELIA SASTRE / Madrid
Dia 23/09/2010

É um novo documentário sobre o Holocausto. Suas imagens foram descobertas num arquivo da Alemanha oriental depois da Segunda Guerra Mundial e agora se exibe, em crudo, toda a filmagem. São 60 minutos que servem de puro testamento para os sobreviventes, gravado pelos nazis em Varsóvia em maio de 1942 e etiquetado simplesmente com a palavra "gueto".

Clique no link pra ver o trailer do filme(na página original)

Oscilloscope Laboratories
As imagens mostram as diferenças entre os judeus ricos e sua indefirenças com os pobres
Este filme se converteu em seguida numa importante fonte documental para historiadores que buscavam autênticas imagens do gueto da capital polonesa. Mas ao posterior descobrimento de um rolo maior previamente perdido sobrou-lhe pouca importância. Agora "A film unfinished" (Um filme inacabado) apresenta todas as imagens, incluídas as sequências de ficção - como uma cena com sua posterior festa - que mostravam a "boa vida" dos judeus na cidade. Uma prova a mais da célebre e cruel propaganda nazista.

No documentário aparece um garotinho encolhido na calçada, pedindo. As pessoas passam a seu lado sem olhá-lo. Mensagem para a audiência? Fabricar a imagem de indiferença que os judeus sentiam ante outros judeus. Uma corrupta coreografía que os nazis exploraram até o limite, mostrando a vida dos judeus amontoados nos guetos.

Dirigido pela israelense Yael Hersonski, a fita também recolhe o testemunho de vários sobreviventes do gueto de Varsóvia que hoje, 70 anos depois, repassam com horror a interpretação nazi de suas vidas. E as palavras de um câmara que presenciou a "maquiagem" da fita.

"É surpreendente ver como muda o sentido das imagens em cada contexto", disse a diretora sobre seu primeiro filme, que expõe como o regime de Hitler converteu em propaganda o inferno que ele mesmo criou.

Nesta hora gravada em 1942 no gueto de Varsóvia, para onde enviaram 400.000 judeus da Polônia ocupada e de outras partes da Europa, os nazis pretendiam mostrar um choque de culturas, idiomas e classes sociais: desde as ruas à vida nos hogares ou a circuncisão de um bebê. O que não acrescentaram foram o som e nem créditos.

"A film unfinished", em cinemas norte-americanos desde agosto, documenta os horrores do nazismo e expõe os esforços da equipe de Hitler para alcançar seus objetivos.

Fonte: ABC
http://www.abc.es/20100923/internacional/film-nazis-201009231136.html
Tradução: Roberto Lucena

Trailer


Ver mais:
Israeli filmmaker offers a coda to story of Warsaw ghetto
'A Film Unfinished': Holocaust documentary 'finishes' incomplete Nazi propaganda film

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

1942: Genocídio dos judeus poloneses

No dia 17 de março de 1942, começou a Operação Reinhard, que levou ao assassinato de mais de dois milhões de judeus.

(Foto)Deportação de judeus do Gueto de Varsóvia

O projeto de genocídio foi comandado pelo líder da SS e chefe da polícia de Liubliana, Odilo Globocnik. Tanto ele como o seu grande número de colaboradores eram austríacos. Nos três grandes centros de aniquilamento com câmaras de gás (Belzec, Sobibor e Treblinka), foram executados mais de 1,5 milhão de judeus e 50 mil ciganos entre março de 1942 e novembro de 1943. Ao todo, a operação levou à morte de mais de dois milhões de judeus.

Os preparativos para a operação já haviam começado no final do ano de 1941, mas somente em meados de 1942 ela recebeu o nome de Reinhard Heydrich, que morreu num atentado em junho deste ano. Seu objetivo: o genocídio sistemático dos judeus poloneses e o confisco de seus bens.

Construção de campos de extermínio

O general Himmler havia encarregado Globocnik e outros cem homens de implementarem a operação (o grupo já havia participado das mortes por eutanásia na Alemanha nazista). No âmbito da operação, foram construídos três campos de extermínio: Belzec, Sobibor e Treblinka. A cada dia, os campos de extermínio recebiam um trem com 60 vagões lotados de passageiros destinados às câmaras de gás.

Os alemães abusavam da brutalidade: idosos, doentes e crianças geralmente já eram executados a tiros diretamente nos guetos. Os judeus iam direto para as câmaras da morte. Os três campos usavam monóxido de carbono, que matava em 20 minutos. Da chegada do trem até a completa remoção dos cadáveres, demorava de 60 a 90 minutos.

Os corpos eram depositados em enormes valas. Somente um ano depois, quando começaram a ser removidos os vestígios dos assassinatos, é que os cadáveres foram exumados e queimados. A Operação Reinhard foi encerrada em novembro de 1943, com um saldo de mais de dois milhões de judeus mortos.

Rachel Gessat (rw)

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,1564,305948,00.html
Lista Holocausto-Doc Yahoo!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Goebbels pragueja contra judeus resistindo no Gueto de Varsóvia

Extrato do Diário de Goebbels sobre a Revolta no Gueto
01 de maio, 1943 (Sábado)
Não há nada de sensacional nos relatórios vindos dos territórios ocupados. A única coisa digna de nota é excepcionalmente a intensa luta em Varsóvia entre nossa polícia, e até parte da Wehrmacht, contra os rebeldes judeus. Os judeus na verdade conseguiram colocar o gueto numa condição em que possam se defender. Algumas batalhas muito duras ocorreram por lá, nas quais ficam muito distantes daquilo que o topo da liderança judaica publica nos relatórios militares diários. Lógico que esta piada provavelmente não durará muito. Mas mostra o que se pode experar dos judeus se eles estiverem com armas. Infelizmente eles também têm algum bom armamento alemão em parte, particularmente metralhadoras. Somente o céu sabe o quanto eles poderão resistir com elas.
Fonte: Documents on the Holocaust, Selected Sources on the
Destruction of the Jews of Germany and Austria, Poland and the Soviet
Union, Yad Vashem, Jerusalem, 1981, Document no. 148

Tradução: Roberto Lucena
Fonte eletrônica: site do Yad Vashem
http://www1.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%20587.pdf

domingo, 4 de abril de 2010

Adina Blady Szwajger no Gueto de Varsóvia

Adina Blady Szwajger era uma pediatra no Gueto de Varsóvia. Quando a grande ação para deportação em julho de 1942 chegou ao seu hospital, ela deu aos seus jovens pacientes doses fatais de morfina. Em suas memórias, publicadas em 1988, ela revelou que:
"Eu despejei este último remédio dentro daquelas pequenas bocas. . . . e embaixo do prédio havia muita gritaria porque os . . . alemães já estavam lá, levando os doentes das enfermarias para os caminhões de gado."
Negacionistas podem querer refletir no porquê dela ter confessado este ato, dado que ela simplesmente poderia ter afirmado que os alemães assassinaram as crianças. Eles também podem querer considerar o contexto no qual ela agiu em 1942. Mas por que ela tinha tanta certeza de que essas crianças iriam sofrer mortes terríveis durante a deportação? A resposta se encontra naqueles eventos que ela já havia presenciado: um hospital contendo muitos cadáveres, atestando o fato de que os judeus já haviam sido mortos alvejados ou por fome. A resposta se encontra também na certeza de que seria improvável seus pacientes sobreviverem a uma longa viagem num caminhão de gado, e que o 'reassentamento' daqueles pacientes naquele contexto significaria apenas morte.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/03/adina-blady-szwajger-in-warsaw-ghetto.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Testemunho de uma sobrevivente do Gueto de Varsóvia

Eugenia Unger

A experiência da sobrevivente em sua visita à comunidade do Panamá.

Jovens da Comunidade do Panamá

Minha adolescência transcorreu no Gueto de Varsovia. Viviam-se os últimos dias da chamada “Solução Final”. Éramos quatro irmãos, duas mulheres e dois homens; não víamos Renia e David desde há algum tempo, haviam desaparecido; seguramente assassinados na luta diária pela sobrevivência no Gueto ou talvez houvessem sido deportados aos compos da morte. Desde o nosso confinamento no Gueto, as matanças eram habituais, o que convertia nossos dias em uma agonia e num martítio.

Às vezes quisera não recordar, apagando minha memória dessas e outras tantas imagens de horror que me atravessaram de dor e pena e que ainda hoje destroçam meu ser. Os maiores se escondiam nos bunkers enquanto que os jovens como Mordejai Anilevich, Antek Zuckerman, Teperman, Tzivia Lubetkin e outros, formaram grupos e lutaram com coragem e muito valor por nossa dignidade e a do povo judeu que estava sendo denegrido e aniquilado. Hoje podemos nos sentir cheios de orgulho pelo exemplo heroico que nos chegaram. Eram adolescentes de 14 a 20 anos. Meu irmão Ygnasz, era parte desses grupos de valentes. Um dia, entrou correndo no bunker, alertando-nos de que os nazis nos ordenavam, mediante cartazes pregados nas ruas, que no dia seguinte deveríamos nos apresentar em uma área de aproximadamente 10 quadras.

Nesse dia, Ygnasz decidiu não se reunir com seu grupo de luta para ficar conosco, os únicos que, de toda a família, restavam nesse momento vivos e nos sugeriu que desobedecêssemos a ordem. Recordo da cena: estávamos meus pais, ele e eu, apertando fortemente as mãos, e assim abraçados permanecemos por um tempo, tremendo como folhas ao vento. Num momento Ygnasz nos disse que não devíamos ter medo, que nos defenderíamos com os precários elementos de luta que conseguíssemos, que devíamos brigar com valor e dignidade até o fim. Assim ficamos todo o dia, que nos pareceu eterno; os nazis não apareceram porque estavam oculpados com as matanças nas ruas. Ao anoitecer voltamos ao bunker, sem minha mãe, que inesperadamente havia desaparecido. Este, que resultou no último bunker, era originariamente a padaria onde se assava o pão que dividíamos com 14 pessoas. No dia seguente, chegaram os nazis, que jogaram gases para dentro de nosso esconderijo enquanto nos ordenavam que saíssemos com os braços para o alto. Assim fomos obrigados a caminhar até o Umschlagplatz do Gueto, lugar onde se reunia os prisioneiros antes de seu translado para os campos de extermínio. No transporte me reecontrei com minha mãe, mas meu pai e meu irmão Ygnasz nunca mais voltamos a vê-los. Apesar de haver passado 60 anos, estas imagens me aparecem com tanta força que me parece estar revivendo esses terríveis momentos.

Meu nome é Genia Rotsztejn de Unger, sou uma sobrevivente do Holocausto e está é só uma das tantas experiências que desgraçadamente me cheguei a viver. Almejo que esta trágica experiência da Shoá sirva para que não se repitam mais matanças dos homens no mundo inteiro.

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/21/tessob.htm
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 4 de outubro de 2009

Marek Edelman - Morreu último comandante da insurreição no gueto de Varsóvia

Morreu último comandante da insurreição no gueto de Varsóvia

Marek Edelman

O último comandante da insurreição do gueto judeu de Varsóvia, em 1943, morreu aos 90 anos. Marek Edelman integrou a oposição anti-comunista no país depois de guerra e chegou a mesmo eleito senador do país após a queda do comunismo.

Esther Mucznik lembra que insurreição do gueto de Varsóvia foi primeira «revolta colectiva» da Guerra
Áudio:
http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1379432

O último comandante da insurreição heróica do gueto judeu de Varsóvia contra os nazis morreu, na capital polaca, aos 90 anos, anunciou esta sexta-feira o jornal Gazeta Wyborcza no seu site da Internet.

«Marek Edelman, um dos comandantes da insurreição do gueto de Varsóvia, combatente da insurreição de Varsóvia, cardiologista e militante da oposição democrática na época da Polónia comunista, morreu em Varsóvia», noticiou este jornal polaco.

Nascido numa aldeia, agora território da Bielorrússia, Edelman dizia frequentemente que não sabia que idade tinha, uma vez que os seus país morreram cedo e nunca ninguém lhe disse exactamente quando nasceu, muito embora o dia 1 de Janeiro de 1919 seja uma data provável.

Nac capital polaca desde jovem, Edelman foi um dos heróis da resistência quando os nazis decidiram acabar com o gueto de judeus de Varsóvia, em 1943, quando apenas aí se encontravam 60 mil pessoas, isto após muitas terem partido para os campos de extermínio de Treblinka.

«Sabíamos perfeitamente que nunca poderíamos ganhar. Frente a 220 rapazes mal armados, havia um exército poderoso», contava Edelman, que lembrou que na altura os habitantes do gueto tinham apenas uma metralhadora, pistolas, granadas, garrafas com combustível e duas minas, uma das quais que nem sequer chegou a explodir.

A insurreição durou três semanas, tendo Marek Edelman comandado a resistência nos últimos dias de combate, isto depois de o comandante da insurreição se ter suicidado, numa altura em que os nazis para acabar com a revolta queimavam todas as casas do bairro.

Depois de sair do gueto, acompanhado de alguns combatentes, Edelman acabou por se juntar à resistência polaca, tendo depois participada na Insurreição de Varsóvia, em 1944, que custou a vida a 200 mil habitantes da capital polaca e que acabou com a destruição parcial da cidade.

Quando outros decidiram abandonar no país, Edelman insistiu em ficar, tendo depois da guerra juntado-se à oposição anti-comunista ao presidente Jaruselski, que impôs a lei marcial sobre o país em 1981.

Com a queda do regime comunista, foi eleito senador pela lista do Solidariedade e da União Democrática, tendo até à sua morte denunciado com insistência o racismo e o anti-semistismo na Polónia e no mundo.

Em declarações à TSF, a vice-presidente da comunidade judaica em Portugal lembrou que esta insurreição foi a primeira «revolta colectiva do mundo durante a Guerra».

Esther Mucznik explicou ainda que «durante muito tempo, em geral, a população judaica tinha dificuldade em acreditar que havia campos de extermínio e que as pessoas iam para lá e eram assassinadas».

Esta responsável pela comunidade judaica em Portugal lembrou ainda que «quando os jovens começaram a ver o destino que os judeus do gueto de Varsóvia tinham eles resolvem pegar em armas».

«Tinham a perfeita consciência de que não iam sobreviver. Eles próprios diziam que queriam escolher a sua própria morte e mais valia para eles morrer de armas na mão do que morrer às mãos dos nazis», acrescentou.

Fonte: TSF
http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=1379432

sábado, 17 de janeiro de 2009

Auschwitz, anatomia de um campo de morte

Nota escrita por Arlynn Nellhaus na edição internacional do Jerusalem Post de 28/1/95*

O livro Anatomia de Auschwitz - Campo da Morte(Anatomy of the Auschwitz Death Camp) foi editado por I. Gutman e Michael Berenbaum (este último é Diretor do Instituto de Investigações do Holocausto dos Estados Unidos) e tem sido publicado pelo Museu Memorial do Holocausto, situado em Washington DC e pela Imprensa Universitária de Indiana. O que pode acrescentar este livro ao que já é sabido sobre os campos de extermínio? Gutman escreveu a introdução deste livro e disse: "Depois de 50 anos os fatos se converteram em história, mas o Holocausto retorna e retorna de vez em quando, e nos segue perturbando. Apresenta problemas e reflexões que nos implicam e comprometem. Define o modo em que visualizamos o mundo. Pensamos que já ouvimos tudo quando algo emerge, como por exemplo, uma informação nova sobre um alto oficial que foi Secretário Geral das Nações Unidas ou aparece um novo filme que nos mexe."

O título do livro é totalmente adequado. Seus vinte nove capítulos contém uma exposição lúcida e crítica sobre Auschwitz. Nathan Cohen, investigador que contribuiu com um capítulo de Anatomia de Auschwitz - Campo da Morte, assinala que é o primeiro livro escrito sobre este tema depois de finalizada a Guerra Fria. Os investigadores colaboradores do livro são provenientes de distintos países, incluída a Polônia, e se teve acesso à documentação até agora desconhecida. Alguns dos autores são desde muito tempo amplamente conhecidos no mundo da língua inglesa, tais como Raul Hilberg, Martin Gilbert, Robert Jay Lifton, David Wyman, Amy Hackett. Alguns dos colaboradores são, como Israel Gutman, sobreviventes.

Gutman destaca que Auschwitz não foi só para judeus: "De um lado estava o campo de concentração para prisioneiros poloneses e de outras nacionalidades. Do outro estava Birkenau, destinado a judeus, onde a humanidade não existia. Birkenau era o pior com seu crematório... Era o lugar mais terrível." Havia outro campo: Buna. Em outros quarenta campos satélites se trabalhava para a indústria alemã: Siemens-Schuckert, Hermann Goring. Em outros campos se trabalhava nas minas. 90% das vítimas de Auschwitz foram judeus. O livro fala sobre a vida dos "prisioneiros", o modo de se relacionar na vida diária, os problemas cotidianos e sobre como um ser humano pode sobreviver em Auschwitz. A aparente falta de resistência com frequência confunde os judeus que não passaram pela experiência do Holocausto. Gutman destaca que num mundo carente de regras humanas, a palavra resistência cobra um significado distinto. Existiam duas linhas de resistência. Uma passava pela ajuda mútua. Para uma pessoa se comportar como um ser humano nessas circunstâncias já era uma expressão de resistência. A outra forma de resistência consistia em obter informação proveniente do mundo exterior. Para os judeus escaparem era algo especialmente dificultoso, dado que eram obrigados a vestir vestimentas distintivas. Na mudança os poloneses tinham acesso ao mundo exterior. Estavam em contato com a Resistência e tinham possibilidades de escapar.

Mas a verdadeira revolta foi a que foi realizada pelo "Sonderkommando" (judeus que trabalhavam no crematório), os que se destacaram num crematório e conduziram a uma fuga. Gutman fala com tom doutoral e que pese a ser ele mesmo um sobrevivente, fato este que por muitos anos ele não mencionou a seus estudantes. Aos 71 anos tem um olhar travesso e generoso de um avô, que o é, de uma pequena neta.

Apesar de suas vivências, Gutman vê o Holocausto como "um sucesso universal decisivo no desenvolvimento da sociedade humana: é importante se dar conta que algo assim é possível que ocorreu na desenvolvida Europa; que Auschwitz foi implementado por uma sociedade desenvolvida, por uma nação com um grande nível cultural. Para o desenvolvimento espiritual do homem, o Holocausto é uma experiência devastadora para o gênero humano." Creem que a recente proliferação de Museus do Holocausto em quase todo o mundo é para o bem. "São intentos de se tratar de entender o que ocorreu, de se tratar de entender o comportamento de uma sociedade organizada em períodos de crises, desde os pontos de vista dos cidadãos e dos políticos. Há que alentar todos os intentos de aprendizagem e por isso há que se alentar a fundação destes Museus."

Israel Gutman é Diretor de Yad Vashem e opina: "Yad Vashem encarna a primeira e mais profunda expressão da tragédia judia, o centro de investigação por excelência." Gutman se educou na Polônia e pertenceu ao Movimento Sionista. Tinha 16 anos quando estourou a Segunda Guerra Mundial e quase em seguida foi confinado no Gueto de Varsóvia. Sobreviveu ao levante do Gueto e, aos 21 anos, foi enviado à fábrica metalúrgica em Auschwitz. Apesar dos perigos, tomou parte da revolta organizada pelos Sonderkommando. Somente a atitude audaz dos que foram capturados, torturados e executados os salvou de sofrer esse mesmo destino. Em 18 de junho de 1945 os alemães começaram a evacuar Auschwitz, e ele foi enviado em marcha forçada na neve até Mathausen, o campo de concentração da Áustria. Ao finalizar a guerra se uniu aos integrantes da aliá "ilegal" e viveu durante 20 anos num kibutz. Quando decidiu completar sua educação na Universidade Hebraica sua vida mudou. Tal como antes da guerra, voltou a se sentir atraído pela História Judaica Moderna, e em especial pela temática do Holocausto

E esta se converteu em sua área acadêmica específica. É um renomado especialista no tema do Holocausto. Seu livro "Os Judeus de Varsóvia 1939-1942", foi publicado pela Universidade de Indiana. Em 1993 publicou "Resistência, a história do levante do Gueto de Varsóvia." Como historiador, Gutman regressou à Polônia mas "por pouco tempo e depois de tantos anos" a agrega com um sorriso amargo, mas a Polônia de minha juventude bate em meu coração. É um verdadeiro milagre quando você pensa em como, desde a profundidade da tragédia e da destruição, pudemos reorganizar nossas vidas. "

Em tom conciliatório diz: "Milhares de poloneses também morreram em Auschwitz, a elite intelectual e religiosa. A maioria das vítimas foram judias, mas também foi lugar de tragédia para pessoas de outras nacionalidades. Até 1942 Auschwitz foi um campo de concentração para poloneses. O capítulo judeu de mortes em massa começou a partir de 1942. Assim que, como você pode ver, em Auschwitz há 2 capítulos." O jornalista pergunta a Gutman: "Como o Sr. pôde se dedicar a investigação do Holocausto, havendo estado envolvido e tendo perdido sua família, sem entrar num estado de depressão?" Sua resposta é decepcionalmente simples: "Não comecei a investigar até depois de um período de reabilitação. Recentemente quando senti que não era diferente de outro cidadão, quando estabeleci uma família, quando fiz amigos, comecei a estudar; pois foi possível criar dentro de mim uma distância emocional. Claro que isto é artificial pois estou envolvido, mas meu dever como judeu é relatar o que se passou. Não tenho grandes planos para o futuro, senão um pequeno: escrever a história dos judeus entre as duas guerras mundiais." Seguramente, como historiador, sei que cada sucesso constitui um tijolo indispensável na construção da história judaica. E nessa história está a sua própria.

*Tradução Ing. Noemí Rychte

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto
http://www.fmh.org.ar/revista/3/ausanatomia.htm
Tradução(espanhol): Noemí Rychte
Tradução(português): Roberto Lucena

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Os que não foram heróis - parte 2

Os que não foram heróis - continuação
Por Renato Mezan

ensaio
HISTÓRIA

Arendt narra um fato que deixa isto absolutamente claro: em Amsterdã, em 1941, alguns judeus ousaram atacar um destacamento da Gestapo. A represália foi fulminante: 430 judeus foram presos e torturados, depois deportados para Buchenwald e Mauthausen. O mesmo aconteceu em outros lugares, com judeus e não-judeus que ousavam se rebelar ou sabotar instalações alemãs; a retaliação vinha logo, sobre centenas de inocentes, e com uma brutalidade aterradora. Não era viável resistir individualmente: esta é a verdade.

A Resistência francesa e os guerrilheiros que na Iugoslávia infernizavam a vida dos ocupantes foram constituídos a partir de bases preexistentes, especificamente o Partido Comunista, organizado já para a vida clandestina segundo as diretrizes de Lênin no famoso opúsculo Que Fazer?. Ora, os judeus como grupo eram bem organizados -as coletividades dispunham de escolas, orfanatos, órgãos assistenciais e, obviamente, sinagogas-, mas não se tratava de estruturas que pudessem ser convertidas do dia para a noite em entidades combatentes, sem falar no fato de que a maioria dos judeus não teria aderido a elas se por milagre pudessem escolher. Foi nas fileiras dos movimentos juvenis sionistas que finalmente se recrutaram os que podiam lutar, mas isto ainda estava longe, no horizonte distante, quando no verão de 1940 a Europa inteira se cobria de suásticas e o Terceiro Reich parecia mesmo poder durar mil anos.

Este poder se abate sobre os judeus com uma velocidade e com uma eficácia que os deixou completamente sem opção. No que se refere à Polônia, o processo Eichmann revelou que já em 21 de setembro de 1939, quando as ruínas de Varsóvia ainda fumegavam, Reinhard Heydrich -o “engenheiro da Solução Final”- convocou uma reunião em Berlim para tratar do destino dos três milhões de judeus que ali viviam. Os nazistas jamais esconderam seu anti-semitismo, mas agora ele não se limitava à discriminação legal ou a ocasionais episódios de brutalidade. Tratava-se de passar, como diz Heine na frase que tomei como epígrafe, das palavras aos atos. As diretivas do Führer eram: concentração imediata dos judeus poloneses em guetos, estabelecimento de Conselhos Judaicos (“Judenräte”) e deportação de todos os que viviam na parte ocidental do país para a área do Governo Geral da Polônia. Isto porque os territórios que faziam fronteira com a Alemanha haviam sido pura e simplesmente anexados ao Reich, com o nome de Warthegau (continham importantes reservas de minérios e petróleo); a parte oriental, até a fronteira do território anexado pela União Soviética, era conhecida como “Governo Geral”, e seria o palco do extermínio nos anos seguintes.

As ordens foram seguidas escrupulosamente, e a máquina pôs-se em marcha. O território do Reich deveria ser tomado “judenrein” o quanto antes: e isto significava deportar 400 mil judeus da Alemanha, da Áustria e dos Sudetos checos, além de 600 mil da nova província formada com a anexação da Polônia ocidental. Ainda não se falava em extermínio físico, mas é evidente que movimentar estas centenas de milhares de pessoas rumo a guetos na Polônia central, em trens de carga hermeticamente fechados, só podia acarretar conseqüências pavorosas. A concentração em guetos era uma etapa essencial neste esquema, e havia a diretriz bastante lógica de que eles fossem estabelecidos perto das estações ferroviárias, a fim de facilitar o transporte. Desta forma, em poucos meses se conduziram à Polônia e se trancaram em bairros superpovoados todos os judeus que tinham permanecido nos territórios do Reich.

Uma operação desta envergadura colocava problemas logísticos de extrema complexidade, e diversos departamentos do governo e das SS tiveram de trabalhar em conjunto -o Ministério dos Transportes, por exemplo, devia cuidar para que os horários dos trens de deportados não colidissem com o funcionamento dos trens normais, a polícia precisava garantir que os embarques se dessem em ordem etc. Mas tudo dependia, antes ainda, da boa vontade dos judeus em “cooperar”, como disse com convicção Eichmann em seus depoimentos. Ora, além dos motivos que já mencionei -a inércia natural a quem vive num país e obedece as suas leis, a dificuldade de opor resistência ativa à força inacreditável e à aparente invencibilidade dos alemães, mito que só foi abalado quando os russos impediram a conquista de Stalingrado e a maré da guerra começou a virar- há ainda um outro fator a ser considerado.

Trata-se do seguinte: a concentração -não em campos de prisioneiros, mas em guetos onde a vida prosseguia tão normalmente quanto possível- era ainda uma situação tolerável. Havia recursos para a iniciativa individual, desde a astúcia para conseguir alimentos ou remédios até a possibilidade de fugir, esconder-se com amigos ou no campo etc. A maioria dos judeus era de homens e mulheres com família, e julgavam, não sem razão, que seria melhor obedecer aos éditos do ocupante até que aquele pesadelo terminasse: não podiam suspeitar que a cúpula nazista já havia decidido seu extermínio.

Um outro elemento de enorme importância é o que chamei atrás de inércia. Não uso este termo num sentido moral: penso no fato de que as pessoas tendem naturalmente a se acomodar às circunstâncias da vida quando lhes parece que não há alternativa viável a elas. Em termos sociais, é preciso levar em conta que existiam governos nestes lugares, mesmo que títeres dos nazistas; havia leis a serem obedecidas, ainda que iníquas, uma polícia que vigiava as pessoas -infelizmente, uma polícia judaica que se somava às SS- e, sobretudo, o conhecimento de que na maior parte dos países a população apoiava, passiva ou ativamente, as medidas anti-semitas(1). Fugir em massa? Impossível. Resistir individualmente, só através da fuga ou do ocultamento por cristãos -foi o que aconteceu com a família de Anne Frank e com tantos outros. Indefesos, desarmados, tendo a perder o pouco que haviam conseguido salvar, e ordeiros por séculos de obediência à Lei, os judeus, nos primeiros dois anos da guerra, simplesmente não tinham outra opção exceto a de seguir vivendo.

A invasão da Rússia, em 22 de junho de 1941, marcou outro ponto de virada nessa história sinistra. Hitler, agora inteiramente tomado por sua megalomania, ordenou o extermínio físico de todos os judeus da Europa, como Heydrich contou a Eichmann numa reunião em novembro daquele ano. E, no Terceiro Reich, “Führerworte haben Gesetzkraft”, as palavras do Führer tinham força de lei. Por extraordinário que pareça, este era um dos princípios fundamentais da legalidade nazista –“l’Etat c’est moi”, literalmente e num sentido que nem mesmo Luís XIV podia suspeitar. Diversos textos jurídicos da época, citados por Hannah Arendt, não deixam qualquer dúvida a respeito.

Até então, havia na verdade dois métodos para lidar com a “Judenfrage”. A política de concentração atingia os judeus trazidos do Reich e os poloneses, assim como, nos diversos países ocidentais, as respectivas comunidades. Com a ocupação dos territórios da União Soviética, que incluíam os países bálticos com sua grande população judaica, entraram em cena os “Einsatzgruppen”, ou unidades de assalto, encarregadas de realizar fuzilamentos em massa. Havia quatro destes batalhões de assassinos, e seus alvos eram todos os funcionários soviéticos, além dos profissionais liberais, jornalistas, intelectuais e de modo geral a intelligentsia destas regiões, que, no radioso futuro traçado pelos nazistas, teriam a missão de fornecer trabalhadores escravos para a raça dominante. A estas categorias logo se somaram os judeus, os ciganos, os “rebeldes” de todo tipo, que pudessem representar alguma “ameaça” à “segurança do Reich”. Cerca de 300 mil pessoas foram assim fuziladas, não sem antes cavarem seus próprios túmulos coletivos, que em seguida eram cobertos de terra, às vezes com os corpos ainda se retorcendo nos últimos estertores da agonia.

Mas um método tão lento de matança não permitiria liqüidar com rapidez toda a população judaica do continente. A Solução Final veio para resolver este problema, e começou a ser delineada no outono de 1941, quando se decidiu ampliar o programa de eutanásia até então aplicado somente aos doentes mentais da própria Alemanha. Um decreto de Hitler datado de 1º de setembro de 1939 -o primeiro dia da guerra- ordenava dar a estes infelizes “uma morte misericordiosa”. O envenenamento por gás foi a fórmula encontrada, e até meados de 1941 foram mortos 50 mil internos em asilos alemães, austríacos e dos Sudetos.

Este foi o ensaio geral da “Endlösung”. Em janeiro de 1942, no subúrbio berlinense de Wannsee, Heydrich convocou uma reunião com os principais executivos do serviço público alemão e com os encarregados de todos os departamentos da SS. O objetivo era avaliar até que ponto a burocracia estatal de carreira estaria disposta a cooperar com o projeto de genocídio, a manter o segredo necessário para que as medidas fossem eficazes e de modo geral a considerar a ordem de extermínio como mais uma tarefa a ser executada. Não houve qualquer oposição da parte destes honrados funcionários, de quem dependia, na verdade, o bom funcionamento da máquina estatal; quanto às SS, era sua tarefa cumprir as ordens de Hitler.

Eichmann assistiu a esta reunião, assim como Oswald Pohl, encarregado do Wirtschafts und Verwaltungshauptamt -o WVHA, ou Escritório Central para a Economia e Administração da SS-, do qual passaria a depender a operação concreta dos campos. Matar pessoas em escala industrial tornava-se assim um assunto “econômico” e “administrativo”, pois havia problemas a serem resolvidos racionalmente -a capacidade de absorção dos campos, por exemplo, tinha de ser calculada em conjunto com as possibilidades de transporte de gente de toda a Europa, as “cargas” deviam lotar os trens para não desperdiçar combustível, havia questões de logística, produção do gás etc. O departamento de Eichmann foi encarregado de organizar o transporte, e durante os anos seguintes ele cumpriu com horrenda eficácia e infinita escrupulosidade essa tarefa.

Hannah Arendt reconstitui os procedimentos que conduziram à instalação dos campos de extermínio na região do Governo Geral da Polônia -Auschwitz, Treblinka, Sobibor, Maidanek, Belzek e outros. Todos conhecemos, depois de tantos livros e filmes, a seqüência macabra deste processo: como os deportados eram conduzidos no meio da noite em trens lacrados, como eram selecionados os mais aptos para os trabalhos necessários ao bom funcionamento dos campos, da cozinha dos oficiais às mulheres que deveriam servir de prostitutas e aos “Sonderkommandos”, encarregados de retirar os cadáveres dos galpões e de cuidar dos fornos crematórios; como os outros prisioneiros eram levados a crer que iriam tomar um banho, despindo-se e arrumando caprichosamente seus pertences; como eram trancadas as portas, ligado o gás e asfixiados os condenados; como eram em seguida queimados os seus corpos, produzindo colunas de fumaça que se podiam ver a quilômetros de distância; e, por fim, como eram arrancados os dentes de ouro, que, fundidos depois, viriam acabar nos cofres do Reichsbank. Estes horrores são por demais conhecidos para que nos demoremos neles, mas é preciso lembrá-los -o dever da memória- para que se tenha a medida da frieza e da naturalidade com que operava a indústria da morte.

3. Ilusão

Agora podemos tentar responder à pergunta que não cala: por que os judeus aceitaram morrer assim? Por que não se revoltaram nos trens, ou antes, ou depois, ao desembarcar no destino final?

A resposta é complexa. Em primeiro lugar, porque não sabiam o que ia lhes acontecer, ao menos nos primeiros tempos. Não havia informação precisa sobre nada na época da guerra, pois o rádio era censurado, a imprensa idem, e quem fosse apanhado ouvindo a BBC podia ter certeza de uma morte rápida como traidor. Para nós, que vivemos no tempo da internet e do mundo que cabe na palma da mão, é difícil imaginar o que anos de ocupação brutal, de propaganda mentirosa e de pavor constante podem provocar em matéria de ilusões ou de simples desconhecimento da realidade. Mesmo quando começaram a surgir os primeiros boatos do que se passava no Leste, poucos acreditaram que aquilo fosse mesmo possível -e o tamanho do seu engano só lhes era revelado quando o galpão se trancava e o Zyklon B começava a fazer efeito.
__________________________________________________
Notas:

1 - Nos países em que o governo ou a população boicotaram as medidas exigidas pelos nazistas, como a Dinamarca e a Bulgária, os judeus sofreram muitíssimo menos. Da Dinamarca, quase todos foram evacuados para a Suécia numa única noite, com a ajuda de barcos pesqueiros e muita audácia por parte da população local; da Bulgária, quase todos puderam emigrar para Israel depois de acabada a guerra. A própria França, onde o vergonhoso regime de Vichy endossava a política anti-semita, recusou-se a entregar os que eram cidadãos franceses para serem deportados, em virtude do que 250 mil dos 300 mil que ali viviam no início de 1940 puderam sobreviver.

Fonte: Revista Trópico(UOL)
http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/1619,2.shl
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Os que não foram heróis - parte 1

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Os que não foram heróis - parte 1

Os que não foram heróis
Por Renato Mezan

ensaio
HISTÓRIA

O gueto de Varsóvia em cena de "O Pianista", de Polanski
Psicanalista reflete sobre a submissão dos judeus ao terror nazista

À memória de David Sztulman, morí umadrichí(1)

“As idéias precedem os atos, assim como antes do trovão vem o relâmpago.”
Heine, « De l’Allemagne »

Na parede lateral da sinagoga que, na Congregação Israelita Paulista, é usada para os ofícios diários, estão gravados centenas de nomes: homenagem aos parentes dos membros da comunidade que pereceram durante a “Solução Final da Questão Judaica”, como os nazistas denominaram a mais fantástica realização dos seus doze anos de poder, nos quais não escasseiam horrores e crueldades.

Lembro-me da primeira vez em que entrei nesta sinagoga, durante os preparativos para meu “bar-mitzvá”. O mármore coberto de nomes me chamou imediatamente a atenção, e me recordo de ter pensado que o de minha avó Renata Mezan poderia estar entre eles; mas não foi da Alemanha, e sim de Milão, que ela partiu para uma morte horrenda em algum campo da Polônia.

Os nomes me fizeram pensar também na visita que Tzivia Lubetkin, uma sobrevivente do Gueto da Varsóvia, fizera à CIP poucos meses antes, e no encontro que David Sztulman, então diretor do Departamento Juvenil, organizara com ela. Tzivia Lubetkin havia sido uma importante testemunha no processo Eichmann, dois anos antes, e a este título é mencionada no livro de Hannah Arendt, Eichmann em Jerusalém – Um Relato Sobre a Banalidade do Mal, do qual voltaremos a falar. Ela nos contou sobre o Levante, sobre o heroísmo dos jovens comandados por Mordechai Anilewicz, sobre o prodígio que foram aquelas três semanas da primavera de 1943, quando algumas centenas de judeus enfim despertados da sua apatia resistiram às brigadas alemãs, até que somente uns poucos permanecessem vivos e pudessem escapar pelos esgotos.

Foi por esta época que li Mila 18, o romance de Leon Uris ambientado no Gueto. Anos depois, ao visitar Varsóvia, emocionei-me diante do monumento aos combatentes do gueto, que fica no local onde se erguia o número 18 da rua Mila, hoje uma praça(2). E sempre a mesma pergunta se apresentava diante dos meus olhos, na pequena sinagoga, ouvindo a voz pausada daquela senhora que nos falava em hebraico, em pé recitando um “Kadish” em memória daqueles milhões de mortos, ou ainda ao percorrer as alamedas silenciosas do que foi o campo de Auschwitz3, naquela mesma visita à Polônia: por que não resistiram? Por que marcharam tão passivamente para a morte? Por que somente anos depois de se iniciarem as atrocidades contra os judeus é que ocorreram episódios de resistência, entre os quais o levante? É a responder estas perguntas, ou ao menos encaminhar um esboço de resposta, que visa o presente artigo.

1. Submissão

E antes de mais nada, uma observação. A maneira como costumamos formular a pergunta inclui implicitamente uma nota de desdém, pois o “tão passivamente” nada mais é do que um eufemismo para “marcharam para a morte como carneiros para o matadouro”. Esta conotação é um insulto aos que morreram, acrescentando à sua tragédia um matiz vergonhoso que em nada nos honra, a nós, nascidos depois que tudo terminou, e que teríamos preferido que nossa história contivesse mais episódios como Metzadá (o suicídio coletivo dos combatentes contra Roma em 70 d.C.) ou como o levante do Gueto, e menos cenas como as que nos mostram os filmes sobre o Holocausto, longas filas de pessoas caminhando ordenadamente para as câmaras de gás.

Para compreender como tal coisa pôde acontecer, é preciso entrar no âmago da história, compreender o que era o regime nazista e o que fez com todos os que com ele tiveram contato, alemães e não-alemães, soldados e civis, carrascos e vítimas. Somente assim se pode vislumbrar também o significado da revolta do Gueto, e por que só após três longos anos de sofrimento é que ela pôde eclodir. Dados históricos são assim indispensáveis, mas igualmente a análise destes dados do ponto de vista psicológico, pois estamos lidando com um fenômeno de obediência coletiva a diretrizes tão absurdas, tão bárbaras e desumanas, que desafia a imaginação o simples fato de terem sido formuladas. Acusar de covardia as vítimas -pois é disso que se trata, quando vem à tona a metáfora dos carneiros- é, além de uma ofensa à sua memória, um erro grave, que provém da desinformação tanto quanto do nosso desejo de não nos identificar com elas.

É no livro de Hannah Arendt que encontro as informações necessárias para o que se segue. Enviada em 1961 a Jerusalém pela New Yorker, com a missão de cobrir o julgamento de Adolf Eichmann, ela escreveu um texto sóbrio, porém que ainda hoje se lê com emoção. O que comove o leitor é a lucidez da pensadora, as questões que ela levanta -e como as levanta- à medida que as páginas vão se cobrindo de dados precisos, cortantes, aterradores. Hannah Arendt não se furta a examinar o papel dos próprios judeus na implementação da Solução Final, sem o qual ela não teria atingido aquele grau macabro de sucesso. E do que nos conta emerge a possibilidade de compreender, como disse, o que se passava nas mentes dos que não resistiram, assim como, talvez, nas daqueles que finalmente pegaram em armas e resgataram a honra do povo condenado.

A Solução Final, ou “Endlösung”, não foi a primeira política dos nazistas em relação aos judeus. Desde a eleição de Hitler para o posto de chanceler, as medidas antijudaicas foram postas em prática com uma determinação fanática e com uma meticulosidade toda germânica. Elas atingiram primeiro os judeus da própria Alemanha, excluídos do serviço público logo nos primeiros meses do regime -o que significava abandonar cargos nas escolas e Universidades, no rádio, em entidades culturais como museus e orquestras, nos serviços médicos etc. As Leis de Nuremberg de 1935 codificaram a exclusão da “raça inferior” e criaram a figura jurídica da “Rassenschande”, o crime de contato sexual entre arianos e judeus. Estas medidas não encontraram oposição dos alemães, antes pelo contrário: obtiveram um apoio mais do que formal, a ponto de Arendt poder falar em “cumplicidade ubíqua” da população e do Estado.

Duas observações cabem aqui. A primeira é que, no contexto dos anos 30, as medidas discriminatórias eram ainda um assunto interno da Alemanha e, por mais que chocassem o mundo civilizado, foram ativamente elogiados pelos anti-semitas de outros países, especialmente na Europa do Leste, que sempre viram na cultura alemã um modelo prestigioso. Em segundo lugar, os próprios judeus alemães as aceitaram, pois reconheciam no regime nazista a legalidade e a legitimidade do Estado constituído. Aceitar, é óbvio, não significa aprovar: é claro que esperavam que um dia os nazistas fossem alijados do poder e que fossem abolidas as leis vergonhosas. Alguns perceberam as proporções do horror e emigraram, mas a maioria se adaptou ao que parecia um mal menor e, em todo caso, passageiro. “As Leis de Nuremberg privavam os judeus dos seus direitos políticos”, frisa Hannah Arendt, “mas não de seus direitos civis; eles não eram mais cidadãos (‘Reichsbürger’), mas continuavam membros do Estado alemão (‘Staatsangehörige’). Os judeus sentiam que agora haviam recebido leis próprias e que não seriam mais postos fora da lei (...). Eles acreditaram que haveria um ‘modus vivendi’ possível, e chegaram a se oferecer para cooperar com a ‘solução da questão judaica’”(4).

Esse engano nos parece hoje incompreensível, mas na época não o era. A imensa maioria dos judeus alemães, apesar do anti-semitismo difuso do último século, havia se integrado à sociedade e à cultura do país em que haviam nascido, e no qual também haviam nascido muitas gerações de seus antepassados. Orgulhavam-se das contribuições dos seus às artes, às ciências e ao progresso da Alemanha; haviam lutado lealmente por seu país na Grande Guerra, e muitos haviam sido condecorados por bravura. Consideravam-se superiores aos “Ostjuden”, ou judeus do Leste europeu, que falavam ídiche, usavam longas barbas, cachos laterais no cabelo (“peies”), casacos de cor negra e viviam num universo religioso que lhes parecia antiquado e cheio de superstições. Seu próprio ambiente religioso era na maior parte dos casos o da Reforma judaica do século XIX, isso quando não eram completamente seculares: a religião era um assunto privado ou comunitário, mas de forma alguma os impedia de levar uma vida civil em nada diferente da dos outros 80 milhões de alemães. Até os sionistas se acomodaram com as Leis de Nuremberg, embora por outra razão: viam na segregação imposta aos judeus um elemento a favor de suas idéias, um primeiro passo para a recusa da assimilação e no sentido de um despertar da consciência nacional entre os refratários à sua mensagem política.

O primeiro grande abalo nesta visão otimista veio com a Noite dos Cristais, em 9 de novembro de 1938, quando todas as sinagogas do país foram incendiadas e se quebraram milhares de vitrinas de lojas judaicas, cujos cacos no chão “brilhavam como cristais” (daí a alcunha com que ficou conhecida esta barbaridade)5. Ainda assim, a política oficial do Reich -que agora englobava a Áustria- era a de que os judeus deveriam sair do país, a fim de que este se tornasse “judenrein” (limpo de judeus). Sabemos que, apesar das extorsões financeiras e do labirinto burocrático, 150 mil judeus austríacos puderam emigrar relativamente em paz entre o “Anschluss” de março de 1938 e os primeiros meses de 1940 -Freud e sua família entres eles. Incidentalmente, era Eichmann o encarregado de negociar com os líderes da comunidade as questões de emigração; fez isso com notável eficácia, com o que veio a adquirir a fama de “perito em questões judaicas” que mais tarde o levaria chefiar o departamento encarregado da enorme tarefa de deportar milhões de pessoas para a morte no Leste.

2. Terror

“Foi com o início da guerra que o regime nazista tornou-se abertamente totalitário e abertamente criminoso”, escreve Hannah Arendt (p. 82). A invasão da Polônia colocou sob a bota alemã três milhões de judeus, cujo destino estava selado antes mesmo que as bombas acabassem de cair sobre Varsóvia. No filme “O Pianista”, de Roman Polanski, vemos a reação de uma família judia de classe média aos primeiros decretos dos ocupantes: medo, estupefação, tentativas de esconder algum dinheiro, indignação -mas principalmente inércia. Quando é formado o gueto, em outubro de 1940, os judeus vão disciplinadamente para as novas casas; assistem paralisados ao levantamento dos muros e continuam a viver como podem. Logo se instalam as doenças e a fome, mas cada um tenta prover a si e aos seus, buscando sobreviver, na esperança de que um dia aquele pesadelo chegaria ao fim.

Na Europa inteira, enquanto isso, a Wehrmacht conquistava um êxito atrás do outro. Com exceção da Inglaterra e da União Soviética, todos os países estavam sob o domínio alemão ou eram governados por regimes pró-Berlim, mesmo os neutros como Portugal, Espanha e Suíça. Nos países ocupados, colocou-se imediatamente em prática a segunda política nazista para os judeus, agora que a emigração em massa se tornara impossível: o que Arendt chama de concentração. Os judeus deviam se registrar e passavam a usar a estrela amarela; em seguida vinha a ordem para se mudarem para o gueto, que era murado e patrulhado pelas SS. Nesse processo, as lideranças judaicas colaboravam através dos “Conselhos Judaicos”, encarregados de obter os dados cadastrais e de cuidar de detalhes práticos como confisco de bens, distribuição de cartões para racionamento etc. A estes homens, sem dúvida atormentados pelas tarefas que deviam executar, parecia que estavam escolhendo o caminho da prudência, ao não confrontarem um invasor cuja crueldade e cujo total desprezo pela vida humana se manifestava diariamente, com uma ferocidade da qual ninguém julgaria capazes homens do século XX. A doutrina da superioridade racial certamente oferecia aos alemães uma boa justificativa para seus atos, e o reino do terror era implantado com uma rapidez de tirar o fôlego. Qualquer tentativa de oposição era punida com massacres e com requintes de crueldade; informantes e colaboradores abasteciam a Gestapo com o que ela precisava saber, e os judeus aceitavam, como todos os outros, a realidade pavorosa que tinha se abatido sobre eles quase do dia para a noite.
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Notas:

1 - “Meu mestre, que me mostrou o caminho.” David Sztulman, nascido na Polônia, foi por muitos anos diretor do Departamento Juvenil da CIP. Ele e sua esposa Sima despertaram meu interesse pela história e pelos valores do judaísmo e me proporcionaram alguns dos anos mais felizes de minha vida. Que este texto sirva como um testemunho da gratidão que lhes dedico.

2 - Varsóvia foi destruída durante a guerra, inclusive Stare Miesto, a cidade antiga. Seguindo planos e desenhos que puderam ser preservados, os poloneses reconstruíram as fachadas e a aparência urbana do centro histórico exatamente como eram em 31 de agosto de 1939. Mas das ruas onde ficava o gueto nada foi reconstruído: o espaço tornou-se uma praça.

3 - Auschwitz é hoje um monumento nacional polonês, dedicado à memória dos patriotas ali assassinados. Milhares de retratos cobrem as paredes do que foram os dormitórios, tendo em baixo de cada um o nome da pessoa. Não há uma única referência ao martírio dos judeus, nem nomes judaicos entre os retratos.

4 - Hannah Arendt, "Eichmann em Jerusalém: Um Relato Sobre a Banalidade do Mal" (1964), São Paulo, Companhia das Letras, 2001, p. 50 ss.

5 - A "Kristallnacht" foi desencadeada como represália ao assassinato, por um jovem judeu, de um diplomata alemão na Embaixada em Paris. O pai deste jovem depôs no processo Eichmann (cf. Arendt, op. cit., p. 248).

Fonte: Revista Trópico(UOL)
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Continuação:
Os que não foram heróis - parte 2

terça-feira, 13 de maio de 2008

Morreu Irena Sendler, polonesa que salvou 2.500 crianças judias

VARSÓVIA (AFP) — Uma das grandes heroínas polonesas da Segunda Guerra Mundial, Irena Sendler, que salvou a 2.500 crianças judias do gueto de Varsóvia, morreu nesta segunda-feira aos 98 anos.

"Morreu hoje", declarou à AFP sua filha, Janina Zgrzembska, sem dar mais detalhes sobre o falecimento da mulher que gostava de recordar que a "educaram a partir da crença de que se deve salvar as pessoas não importa a religião ou nacionalidade".

Nascida em 1910, Irena Sendler foi uma desconhecida durante muitos anos para os poloneses.

O mesmo acontecera com Oskar Schindler, que morreu na pobreza na Alemanha antes da façanha de ter salvo os funcionários judeus de sua fábrica ser levada ao cinema por Steven Spielberg.

Apenas em março de 2007 a Polônia lhe prestou uma homenagem solene e seu nome foi proposto ao prêmio Nobel da Paz.

No entanto, o memorial israelense do Holocausto, o Yad Vashem, lhe entregou em 1965 o título de Justo entre Nações, destinado aos não judeus que salvaram judeus.

Assistente social, Irena Sendler trabalhava antes da guerra com famílias judias pobres de Varsóvia, a primeira metrópole judia da Europa, onde viviam 400.000 dos 3,5 milhões de judeus de toda a Polônia.

A partir do outono de 1940, passou a correr muitos riscos ao fornecer alimentos, roupas e medicamentos aos moradores do gueto instalado pelos nazistas.

No fim do verão de 1942, Irena Sendler se uniu ao movimento de resistência Zegota, (Conselho de Ajuda aos Judeus).

A polonesa conseguiu retirar de maneira clandestina milhares de crianças do gueto e as alojava entre famílias católicas e conventos.

"Fomos testemunhas de cenas infernais quando o pai estava de acordo, mas a mãe não", comentou a um site na internet dedicado a ela ( www.dzieciholocaustu.pl ).

As crianças eram escondidas em maletas e retiradas por bombeiros ou em caminhões de lixo. Em alguns casos chegavam a ser escondidas dentro dos abrigos de pessoas que tinham autorização para entrar no gueto.

Sendler foi presa em sua casa em 20 de outubro de 1943.

Durante o período em que ficou detida no quartel-general de Gestapo, foi torturada pelos nazistas que quebraram seus pés e pernas. Ainda assim, ela não falou nada. Logo depois, foi condenada à morte, mas milagrosamente foi salva quando a conduziam à execução por um oficial alemão que a resistência polonesa conseguiu corromper.

Sendler continuou sua luta clandestina sob uma nova identidade até o final da guerra, trabalhando como supervisora de orfanatos e asilos em seu país.

Nunca se considerou uma heroína. "Continuo com a consciência pesada por ter feito tão pouco", confessou.

Devido ao seu estado de saúde delicado, Irena Sendler não participou da cerimônia que lhe homenageou em 2007, mas enviou uma sobrevivente, salva por ela em um gueto quando bebê, em 1942, para ler uma carta em se nome.

"Convoco todas as pessoas generosas ao amor, à tolerância e à paz, não somente em tempos de guerra, mas também em tempos de paz", escreveu.

Fonte: AFP
http://afp.google.com/article/ALeqM5iRyltOoDRDS2qF0fNtgQTxnb9qPg

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 35

35. Se os judeus que iam ser executados sabiam do destino que lhes aguardava, por que iam para a morte sem lutar nem protestar?

O IHR diz:

Não lutavam nem protestavam simplesmente porque sabiam que não havia nenhuma intenção de matar-lhes. Só lhes aprisionavam e lhes enviavam para trabalhos forçados.

Nizkor responde:

Muitos não sabia. Contundo, alguns sim, e se rebeleram. A maior rebelião teve lugar no Gueto de Varsóvia, e controlá-la presumiu uma dura luta para os alemães; tiveram que destruir todo o gueto para forçar a saída dos partisans judeus. Também houve rebeliões em Treblinka, Auschwitz-Birkenau e Sobibor (esta última foi levada até as telas de cinema), mas não tiveram um grande êxito, exceto em Treblinka, sendo o campo fechado entre outras razões pela rebelião.

Os negadores do Holocausto freqüentemente zombam dos sobreviventes citando que um deles disse que o processo de extermínio era um segredo bem guardado e citando outro que disse que muita gente não sabia. No há nenhuma contradição nisto. Em diferentes momentos e lugares, gente distinta sabia de coisas distintas.

Afirmar que se um judeu o sabia, qualquer outro judeu teria que sabê-lo, é uma variante da velha propaganda anti-semita sobre a conspiração mundial judaica.

A frase "só os aprisionavam e lhes enviavam para trabalhos forçados" - apagada na versão revisada - recorda a citação de Hitler, "os judeus deveriam me agradecer por ser o único que queira deles um pouco de trabalho duro".

Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Relatório Stroop, Treblinka e Gueto de Varsóvia

Os "revisionistas" do Holocausto dizem que o campo de concentração de Treblinka foi na verdade apenas um campo de trânsito, onde os judeus eram mantidos por pouco tempo antes de serem enviados para trabalharem outros lugares. [1] É estranho que nenhum deles comenta as descrições explícitas mostrando o contrário, no conhecido Relatório Stroop.

Treblinka foi um dos três campos "Aktion Reinhard". Junto com Belzec e Sobibor, serviu de destino para mais de um milhão de pessoas - quase exclusivamente judeus - que foram mortas imediatamente ao chegar. Exceto por um pequeno número de prisioneiros e SS que executaram as ações de extermínio, nenhum dos internos sobreviveu à sua estada no campo.

Treblinka foi o último dos três campos a ser construído. A construção começou em Maio/Junho de 1942 e as primeiras execuções começaram em Julho. Nas primeiras cinco semanas, cerca de 250 mil pessoas foram mortas somente neste campo. Câmaras de gás maiores foram construídas em Setembro e as execuções continuaram. Antes de o campo ser fechado,800 mil pessoas perderam suas vidas dentro deste terreno de sessenta acres.[2]

O desmantelamento de Treblinka começou depois da visita de Himmler ao quartel general da Operação Reinhard e aos campos de concentração no final de fevereiro e início de março de 1943. Antes que o campo pudesse ser fechado, os corpos de oitocentas vítimas ainda tiveram que ser exumados e incinerados e outros trabalhos tiveram que ser feitos para destruir toda a evidência incriminatória. Em março e abril de 1943, alguns comboios chegaram do gueto de Varsóvia, recém-destruído, da Iugoslávia e da Grécia, mas isso não atrasou muito o fechamento do campo.[3]

Como o sargento SS Franz Suchomel descreveu:
"Treblinka foi uma linha de produção de morte primitiva, mas eficiente. Entendeu? Primitiva, sim. Mas funcionou bem, como linha de produção de morte." [4]
Em janeiro de 1943, Heinrich Himmler visitou o Gueto de Varsóvia,onde dezenas de milhares de judeus ainda restavam após terem sido concentrados lá pelos últimos três anos. Ele ordenou sua limpeza. O SS-Brigadeführer (Major-General) Jürgen Stroop foi designado para esta tarefa e levou suas tropas militares para lutar contra os judeus. A operação começou em abril de 1943.

Esta operação foi diferente da maioria das outras executadas contra os judeus por várias razões. Aqueles que restaram no Gueto sabiam que seu destino era desesperador, porque eles testemunharam centenas de milhares sendo enviados para a morte desde julho de 1942. Eles lutaram com grande determinação. Na falta de armamento militar, mas, principalmente com explosivos improvisados e alguns rifles que possuíam, eles conseguiram atrasar a operação de Stroop por quatro semanas e matar muitos nazistas nesse período.[5]

Stroop comemorou esta bem-sucedida "expedição assassina" [6] produzindo um livro de 75 páginas mais 50 páginas de fotografias sobre o evento. Com grande conteúdo de telegramas sobre a operação, este livro é um registro histórico muito importante. O chamado "Relatório Stroop" nunca teve sua autenticidade contestada, mesmo por revisionistas do Holocausto que quase sempre rejeitam documentos incriminadores.

Os telegramas sobre quatro dias em particular revelam fatos sobre Treblinka, entretanto os revisionistas do Holocausto preferem ignorar. O campo T-II (Treblinka-II), [7] onde as execuções ocorreram, é explicitamente identificado como o destino para a "liquidação" e "destruição" dos judeus capturados.

As últimas execuções em massa em Treblinka ocorreram depois de um levante dos prisioneiros judeus em agosto de 1943, e o último equipamento foi desmantelado pelos judeus restantes (que foram então fuzilados) em novembro.

[...] 25 de abril de 1943:

No total, 1690 judeus foram capturados vivos. De acordo com as histórias dos judeus, houve certamente paraquedistas que caíram aqui e bandidos que forneceram armas de origem desconhecida. 274 judeus foram baleados, e como nos outros dias, inúmeros judeus foram sepultados vivos nos bunkers destroçados e, pelo que se sabe, queimados. Com as recompensas de hoje pelos judeus, uma grande parte dos bandidos e elementos inferiores do Gueto foram, na minha opinião, capturados. A liquidação imediata não foi feita devido à escuridão. Eu tentarei obter um trem para T II (Treblinka II) para amanhã, senão as liquidações terão que ser feitas amanhã.

26 de abril de 1943:

Neste momento não há mais judeus capturados em Varsóvia. O transporte para T II (Treblinka II) mencionado anteriormente foi bem-sucedido.

13 de maio de 1943:

Os poucos judeus e criminosos ainda restantes no Gueto usaram por 2 dias os abrigos disponíveis nas ruínas para voltar aos seus bunkers à noite, e lá comer e se abastecerem para o próximo dia. Nenhuma evidência sobre outros bunkers conhecidos deles pode ser obtida pelos judeus capturados. Onde houve incêndio, o resto dos habitantes foram destruídos pelas maiores cargas explosivas. Por uma operação da Wehrmacht, 327 judeus foram capturados hoje. Estes judeus capturados serão enviados somente para o T II (Treblinka II)

24 de maio de 1943:

De um total de 56.065 judeus capturados, cerca de 7.000 foram destruídos no curso da ação de grande escala no ex-gueto judeu. 6.929 judeus foram destruídos pelo transporte para o T II (Treblinka II), assim, no total, 13.929 judeus foram destruídos. Estima-se que, além do número de 56.065, de 5 mil a 6 mil judeus tenham sido destruídos pelas explosões e pelo fogo.[...]

A última entrada, mais explícita, foi traduzida do alemão "vernichtet" como "destruído". É a mesma palavra usada quando se refere à destruição dos bunkers. Outras traduções aceitáveis seriam "exterminado" ou "aniquilado". Não há dúvidas quanto ao seu significado.

Inspirado pela pesquisa do Dr. Daniel Keren.

Notas:

[1]. Por exemplo, veja Weber, Mark e Andrew Allen, "Treblinka," Journal of Historical Review, Vol. 12, p. 133, disponível em http://ihr.org/jhr/v12/v12p133_Allen.html. Apesar de saber que cinzas humanas foram encontradas enterradas em Treblinka numa profundidade de vinte pés, os autores revisionistas concluem: "... não há forte evidência de que Treblinka foi um centro de extermínio em massa onde centenas de milhares de judeus foram sistematicamente mortos. Pelo contrário, relatórios confiáveis de transferências de judeus de Treblinka para o Leste, para os territórios ocupados da União Soviética, a relativa falta de sigilo e segurança no campo, e o tamanho pequeno da área onde os corpos foram supostamente enterrados, tudo sugere que tenha sido um centro de triagem."

[2]. Kogon, Eugen, Hermann Langbein and Adalbert Rückerl, Nazi Mass Murder, 1993, pp. 124ff, 131ff. Área do campo é uma estimativa.

[3]. Ibid, p. 136.4.

[4]. SS Unterscharführer Franz Suchomel, entrevistado na câmera oculta para o filme Shoah. Transcrito do livro de mesmo nome, Claude Lanzmann, 1985, p. 54.5.

[5]. Snyder, Louis, Encyclopedia of the Third Reich, 1976, p. 374.6.

[6]. Este foi o termo cunhado pelo Coronel-General Alfred Jodl: "O porco sujo SS! Imagine escrever um relatório de 75 páginas sobre uma pequena expedição assassina, quando a grande campanha combatida pelos soldados contra um exército bem armado tem somente algumas páginas!" Reitlinger, Gerald, The Final Solution, 1953, p. 276, citing G.M.Gilbert, Nuremberg Diary, 1947, p. 69.7.

[7]. "T II" não é mencionado com freqüência, mas é o nome da área de extermínio do campo de Treblinka.

Fonte: The Holocaust History Project
Autor: Jamie McCarthy
Link: http://www.holocaust-history.org/works/stroop-report/
Tradução: Leo Gott

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