Então estávamos falando sobre o filme de Jim Condit, The Final Solution to Adolf Hitler (A Solução Final para Adolf Hitler), e particularmente de suas fontes. Vamos continuar de onde paramos, sobre os quarenta e cinco minutos do filme.
Uma coisa que eu esqueci de mencionar é que todas as tentativas que Hitler supostamente fez para destruir as provas de suas ancestralidade, as lápides de seus pais estão ali a céu aberto em Linz para todos verem: Vejam só!
Hitler destruiu a cidade natal de seu pai, mas Condit nunca cogita a noção de que Hitler desprezou o seu abusivo pai pequeno-burguês e funcionário público.
Nesta seção do filme, Condit também retorna à idéia de um Hitler judeu ao retornar à Viena de Hitler (apesar da notação do autor do nosso último post de que Hans Frank é a única pessoa séria alegando a ascendência judaica de Hitler) e notando que alguns judeus em áreas periféricas do Império Austro-Húngaro tinham o sobrenome "Hitler". O nome significa "pequenos proprietários" em alemão, por isso não é de estranhar que alguns judeus, a maioria dos quais têm nomes alemães ou iídiche, teriam esse nome também.
01. Condit retorna à Viena de Hitler de Hamann, e sequer uma vez observou que Hans Frank foi a única fonte para a história da alegada ascendência judaica de Hitler.
Vamos tocar em fontes novamente:
02. Star Wars por Nord Davis. Condit menciona este livro pela primeira vez neste segmento, mas ele não menciona que Nord Davis era um pregador da Identidade Cristã e um profundo racista. Prometemos mais, "mais tarde".
03. The Last of the Hitlers (O Último dos Hitlers) por David Gardner. Condit afirma que a credibilidade deste livro é de que Gardner escreveu uma biografia de Tom Hanks. Certo: então ser biógrafo de uma estrela de Hollywood o qualifica como historiador? O que importa para Condit é o relato de Gardner da interação de Hitler com seu meio-sobrinho William Patrick que está em desacordo com a interação descrita por Hamann? Hamann não diz nada sobre um retorno de William Patrick e dele manter o silêncio sobre "ascendência judaica."
Por conta das idiotices e risadinhas, eu verifiquei quantas referências acadêmicas foi feita pra cada livro. Centenas levaram o livro Hamann, cerca de 60 levam o livro de Gardner. Meu próprio livro que foi publicado em 2002 - no mesmo ano em que livro de Gardner - tem cerca de 400 referências bibliográficas acadêmicas.
Outro pedaço escrito aparentemente por Gardner é de que o governo liderado pelo austríaco Engelbert Dollfuss investigou o passado de Hitler e descobriu que ele era neto de um "banqueiro Rothschild." Eu posso aceitar que deve ter havido Rothschilds em Viena no início e meados da década de 1930, mas em Linz, Graz ou Braunau?
03. Adolf Hitler: Founder of Germany (Adolf Hitler: Fundador da Alemanha) por Heinnecke Kardel. Condit nos diz que Kardel é um "judeu socialista da Alemanha." Na verdade, Kardel foi um condecorado veterano da Wehermacht da Segunda Guerra Mundial. O livro é geralmente considerado como inútil por historiadores, até mesmo Condit aceita que ele é pobremente provido de fontes.
Esta anedota que Kardel fala sobre o judeu vienense que serviu na Wehrmacht é ridícula, uma vez que Hitler não poderia ter sido um "judeu de Viena" porque ele veio de Linz.
04. Aos 59 minutos de filme, Condit fornece uma fonte - uma fotografia de Hitler e Hindenburg tirada no dia em que Hitler foi empossado no Reichstag como chanceler. Aqui temos uma boa visão do que Condit realmente pensa sobre os judeus. Primeiro, há a questão dos erros estúpidos de Condit: a fotografia foi tirada dois meses depois que Hitler se tornou chanceler, não antes. Segundo, Hitler não sucedeu Hindenburg como chanceler. Ele o sucedeu como presidente um ano depois, quando da morte de Hindenburg. Por um ano inteiro, Hitler serviu como chanceler com Hindenburg como presidente. Na verdade, Hitler concorreu contra Hindenburg para o presidente um ano antes e perdeu.
Um homem que faz um filme sobre Hitler não deveria conhecer um pouco mais sobre a história alemã e de seu governo?
De volta à foto. Condit diz que pelo biotipo do corpo de Hitler ele é "um pouco o tipo de judeu sefardita." Mas claro! Hitler era totalmente judeum, ele seria um judeu Ashkenazi, mas eu discordo. Este tipo de argumento do biotipo é o clássico antissemitismo racial.
05. Condit cita a marcha de Frank Collin do Partido Nazista através de Skokie, Illinois, e salienta que Collin era judeu. Em seguida, pulando para as conclusões, ele parece induzir que todos os nazistas deviem ser judeus. Pelo menos isso é o melhor que se pode extrair de Condit aqui.
06. Condit retorna a Hamann novamente, martelando sobre o desejo de Hitler de esconder sua história familiar. Talvez o que Hitler queria esconder não era que ele pudesse ser judeu, mas sim que (1) o seu pai era ilegítimo, (2) que seu meio-irmão Alois era um pequeno criminoso, (3) que seu pai nunca se divorciou de sua primeira esposa e, assim, foi um bígamo. Mais uma vez, notem: Hamann nunca associa o rumor de "Hitler era judeu" a William Patrick Hitler.
07. The Jewish Connection (A Conexão Judaica) por M. Hirsh Goldberg. Condit pega este livro para fazer vários apontamentos. Notavelmente, este livro (publicado mais de trinta anos atrás) cita várias fontes, mas não tem notas de rodapé ou notas no final. Assim, as alegações feitas por Goldberg, a menos que sua fonte seja declarada explicitamente em um texto adequado, deve ser pesquisada por conta própria. Não são apenas as omissões gritantes no livro (por exemplo, Stalin é mencionado como uma das pessoas que ajudou a fundar o Estado de Israel, mas o expurgo antissemita de Stalin dos anos 1940 e início dos anos 1950, velado como "antissionismo" é excluído). E algumas das informações oferecidas estão simplesmente erradas. Por exemplo, Goldberg afirma que o termo "uvas verdes" vem de Jeremias 31:29, mas se olharmos para a tradução literal de Young do verso, para não mencionar o original em hebraico (onde a palavra é Boser), não encontramos a palavra para "uva" em hebraico (gefen ou kedem). Jeremias e Esopo (este último de quem o termo é retirado), se eles existiram, teriam sido contemporâneos, mas a probabilidade é a de que um tradutor foi 'esperto' e mudou o original em hebraico para "uvas" em inglês.
Portanto, não é surpreendente que os pontos que Condit levanta do livro de Goldberg são todos errados. Por exemplo, há a alegação da página 27 de que Hitler não era um estudante com dificuldades em Viena e que foi rejeitado como um artista, mas mesmo assim ele tinha clientes judeus. O autor do relatório citado é Walter C. Langer do OSS (precursora da CIA). O problema é que o relatório Langer nunca foi considerado confiável (ele nunca entrevistou o colega de quarto de Hitler em Viena, August Kubisczek, em primeira pessoa), e a versão do livro diz que a avó de Hitler trabalhou em Viena para os Rothschild - s sobre Graz e os Frankenbergers?
Os erros de Goldberg não terminam aqui. Sua referência seguinte é o canônico "Ascensão e Queda do Terceiro Reich" de William Shirer. Shirer escreve, na página 20 da brochura da edição Bantam, que um judeu húngaro revendedor roupas deu um casaco que parecia um caftan ou seja, um casaco como aqueles usados pelos judeus chassídicos.
O que é realmente surpreendente é que no topo da mesma página em "Ascensão e Queda", Shirer conclui uma seção sobre a alegada carreira artística de Hitler em Viena, escrevendo: "Esta foi a extensão da "realização" artística de Hitler, e ao fim de sua vida ele se considerava um "artista"."
O embuste seguinte é que Hitler empregou uma cozinheira judia, uma tal de Fräulen Kunde, emprestado a ele pelo líder romeno Antonescu durante a guerra. Surpreendentemente, exatamente a mesma história, contada com quase exatamente as mesmas palavras, aparece no livro de Gerald Fleming "Hitler e a Solução Final". Uma das únicas referências à mulher que eu poderia encontrar era em um artigo de 1939 no American Imago, um jornal psicanalítico. Uma fonte compartilhada entre Fleming e Goldberg é The Psychoanalytic Interpretation of History (A interpretação psicanalítica da História) (1971), editado por Benjamin B. Wolman, que é quase seguramente a fonte de que tanto Fleming e Goldberg utilizaram - a menos que Fleming, que publicou uma década depois de Goldberg, usou o livro de Goldberg, que é extremamente duvidoso.
O problema não é só esse, como com o relatório O.S.S., os pontos de vista psicanalíticos de Hitler mostraram ser não confiáveis, mas a maioria dos acadêmicos identificam a cozinheira de Hitler não como "Fräulein Kunde", mas como Marlene von Exner, que, de acordo com Martin Gilbert, não era judia, mas, em vez disso, tinha um bisavô judeu. Ao divulgar para Hitler, ela foi demitida (Gilbert, The Second World War: A Complete History [A Segunda Guerra Mundial:. Uma história completa] [2004], pág. 504).
Outra fonte que menciona a cozinheira como Exner e não Kunde é ninguém menos que Brigitte Hamann (pág. 412), cujo livro está ao lado direito na mesa Condit, enquanto ele lê o que parece ser uma fotocópia das páginas do livro de Goldberg. Claramente Condit nunca leu todo o livro de Hamann e simplesmente apontou porções "incriminatórias" de seu "mentor" sombra, a quem ele chama apenas de "Ratisbone."
As revelações sobre o Oficial Superior judeu de Hitler durante a I Guerra Mundial e Dr. Bloch não são nada para quem sabe alguma coisa sobre Hitler. (Com um aparte, eu pessoalmente sou da opinião de que Hitler merecia suas condecorações de guerra, uma das quais foi concedida pelo transporte de uma mensagem entre pelotões sob fogo.)
As alegações de Angela Hitler ter trabalhado para uma organização Mensa judaica. Eu era capaz de rastrear esse assunto em uma publicação Tcheca de 1933. É pobre em fontes na melhor das hipóteses, mas, como Condit admite, não prova nada sobre Hitler ser judeu. Nem tampouco, sobre este assunto, fala da modéstia pessoal de Hitler, citada por Condit enquanto referenciada no livro "Hitler's War" de David Irving. Condit afirma que Hitler não iria permitir que as pessoas, até mesmo médicos, vissem-no nu, porque ele provavelmente era circuncidado, e somente os judeus eram circuncidados antes da Segunda Guerra Mundial na Europa.
Então, lá vamos nós de novo com Hitler sendo um quarto judeu para ter sido submetido a circuncisão ritual, presumivelmente em 1889, ano de seu nascimento. Sério? Devemos supor que a pequena cidade de Braunau tinha um mohel para executar tal circuncisão, não? E sobre a edicação católica dos pais de Hitler?
Sei que esta é uma evidência anedótica, para encará-la com um grão de sal, mas eu mesmo tive um avô judeu. No entanto, o filho do meu avô, meu pai, foi criado como católico, como era minha mãe, e como eu fui.
08. The Rakovsky Interrogation (O Interrogatório de Rakovsky) por um Anônimo. Condit se refere a este livro como uma das "nossas" publicações, então em andamento. Antes que ele entre nisso, no entanto, ele nos mostra um exemplar do jornal que ele usou para publicar todas essas coisas - particularmente um artigo entitulado "A Entrevista de Rakovsky e o começo da Segunda Guerra Mundial". Condit escreveu ele mesmo este artigo. Ele diz que voltaremos para isso também.
Em seguida, ele puxa Sinfonia Vermelha de J. Landowsky, que fazia parte supostamente do interrogatório de Christian G. Rakovsky. O próximo livro é "Hitler e Stalin" de Alan Bullock, e uma referência de Condit da autobiografia de Trotsky sobre o tema sobre Rakovski. Condit chama Rakovsky de "banqueiro cavalheiro" judeu.
A próxima referência de Condit é "Ratisbone" novamente e então puxa "The Rules of Russia" (Os governos da Rússia) do Pe. Denis Fahey, um famoso padre católico antissemita e cismático. Fahey cita Douglas Reed, que a nós é dito que "já trabalhou para o The London Times. Você sabia que muitos dos bolcheviques que derrubaram o governo provisório na Rússia eram judeus de Nova York que não poderiam falar da Rússia?".
Eu posso pensar sobre um norte-americano que foi à Rússia durante a tomada bolchevique - John Reed, autor de "Dez dias que abalaram o mundo". Mas eu passo.
A seguir, Condit fala sobre as tomadas comunistas da Hungria por Bela Kun e da Baviera pelos comunistas, etc, depois da Primeira Guerra Mundial I. Condit referencia a Guerra polaco-soviética, que os poloneses ganharam em agosto de 1920. Condit liga esta derrota Soviética com a queda de Kun e dos comunistas da Baviera. O problema é que tanto Kun como o grupo bávaro foram derrubados antes da Batalha de Varsóvia (a batalha a qual Condit repetidamente se refere), e não estava claro que a Polônia iria ganhar a guerra até esta batalha acabar.
Enquanto ele discute a sucessão de Stalin para o governo da URSS de Lênin, ele menciona que Trotsky foi casado com alguém da família Rothschild. Antes de abordar esta idiotice, Condit conclui sua introdução afirmando que Trotsky era o homem dos banqueiros na Rússia e posto pra fora por Stalin, e os banqueiros e comunistas (que, como todos sabemos, sempre trabalham em equipe), tentaram derrubar Stalin. Ao descobrir isso, Stalin fez prisões em massa e começaram os expurgos dos anos de 1930 - também conhecido como o Grande Terror.
Curiosamente, Condit não menciona o assassinato de Kirov, que é o evento-chave que desencadeou a Grande Terror. Será que ele sabe quem foi Kirov? Será que ele sabe quem o matou e por quê?
Condit também parece não saber (ele nunca menciona isso) que entre a morte de Lênin e a consolidação de poder singular de Stalin (1924-1929), Stalin governou a URSS parte do tempo com dois judeus - Lev Kamenev e Grigori Zinoviev, o primeiro daquele que era cunhado de Trotsky. Por que Stalin não se distanciaria destes homens?
Como no casamento de Trotsky - ou deveríamos dizer, casamentos - ele se casou com Aleksandra Sokolovskaya na Sibéria em 1899. Ele se casou com sua segunda esposa, Aleksandra Sokolovskaia, em Paris, em 1903. Condit não menciona nem a mulher, nem qualquer ligação entre eles e a família Rothschild.
Eventualmente chegamos à alegação muitas vezes repetida do banqueiro judeu de Nova York, Jacob Schiff, que teria financiado os bolcheviques. Ele (em vez de Kaiser Guilherme II, como a história registra) encontrando Lenin em Zurique e lhe enviando para Petrogrado e Schiff, através de Bernard Baruch e seu capacho , Woodrow Wilson, teriam libertado Trotsky da prisão em Terra Nova, onde ele foi de fato pego pelos britânicas na rota de Nova York a Petrogrado, em março de 1917.
O ponto é este: Schiff ajudou a financiar a Revolução de Março na Rússia que colocou um governo provisório democrático no lugar sob Alexander Kerensky. (A maioria dos teóricos da conspiração como Condit parecem não saber que havia duas revoluções em 1917 na Rússia.). No entanto, como ele sentiu que o comunismo era prejudicial ao capitalismo (e foi), ele retirou seu financiamento quando os bolcheviques chegaram ao poder oito meses depois.
Se Schiff tinha financiado Trotski, a propósito, você não acha que Trotsky teria mencionado em sua autobiografia, publicada dez anos depois qye Schiff havia morrido? O que Trotsky teria a perder nesse ponto? Ele havia sido exilado à força da União Soviética e Stalin estava tramando contra sua vida.
Condit chamou Stalin de "gangster meio-judeu", só que Stalin não era judeu. Seu pai e sua mãe eram ambos cristãos ortodoxos georgianos. Jughashvili não significa "filho de judeu."
Isto praticamente encerra o segundo terço do filme de Condit. Vamos fazer a terceira parte finalmente, quando o tempo permitir.
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Andrew E. Mathis
Hitler the Jewish Zionist (Part II)
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2007/07/hitler-jewish-zionist-part-ii.html
Tradução: Roberto Lucena
Observação: sem revisão de texto.
Anterior: Hitler - o judeu sionista (Parte I)
Próximo: Hitler - o judeu sionista (Parte III)
sábado, 6 de abril de 2013
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Para não esquecer o Holocausto, "Shoah" chega em box com 5 DVDs
Para não esquecer o Holocausto, "Shoah" chega em caixa com 5 DVDs
Elemara Duarte - Hoje em Dia
Divulgação/IMS
Para não esquecer o Holocausto Shoah chega em caixa com 5 DVDs
Diretor do filme levou alguns sobreviventes aos locais onde aconteceram milhares de mortes
Um dos registros mais importante sobre o holocausto no Cinema, o documentário "Shoah" (holocausto em hebraico), com 9 horas de duração, chega ao Brasil em box com cinco DVDs. A obra, lançada originalmente no exterior, em 1985, agora, por meio do Instituto Moreira Salles, traz também em um dos cinco discos o extra "O Relatório Karski".
Este documentário será exibido nesta quinta-feira (4), às 19h15, no Cine Humberto Mauro (avenida Afonso Pena, 1537). A exibição é seguida por um debate entre pesquisadores e representantes da comunidade judaica residentes em Belo Horizonte. A entrada é gratuita.
O documentário, feito pelo cineasta francês Claude Lanzmann, fala sobre o extermínio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Participam do encontro o professor de Teoria Política da Universidade Federal Fluminense (UFF) Renato Lessa, a pesquisadora Ilana Feldman e o professor e crítico de cinema Luiz Nazario. A mediação será feita pela coordenadora do Núcleo de Estudos Judaicos da UFMG, Lyslei Nascimento.
Sem arquivo
Lanzmann dirigiu "Shoah" sem usar nenhuma imagem de arquivo como comumente se vê em várias produções sobre o assunto. "O filme pretende não simular o passado, não reconstruí-lo ficcionalmente. As edificações, os trens, as pessoas são realidade. Quando não se exibe nenhum documento de época e se apela para o sobrevivente, o passado parece advir sem mediação", observa Lyslei Nascimento.
As nove horas são compostas por depoimentos de sobreviventes de Chelmno, dos campos de Auschwitz, Treblinka e Sobibor e do Gueto de Varsóvia.
Há entrevistas com ex-oficiais nazistas e maquinistas que conduziam os trens da morte. Os relatos são registrados com a ajuda de intérpretes. Nazario diz que o documentário não se limita a entrevistar as vítimas sobreviventes, mas também "os carrascos, os colaboradores ativos e os observadores indiferentes".
"'Shoah' é a primeira investigação cinematográfica profunda sobre o extermínio dos judeus durante a Guerra", acrescenta.
O diretor passou onze anos de sua vida produzindo o filme: foram 350 horas de entrevistas em quatorze diferentes países e mais cinco anos para a edição final. Hoje, aos 88 anos, Lanzmann é editor de revista.
"Passagem para a Liberdade" relata a fuga
No Brasil, mais precisamente em BH, desde os 25 anos de idade, outro sobrevivente do Holocausto também poderia ter seu relato no "Shoah". Hoje, o empresário aposentado Henry Katina, aos 82 anos, quer é alimentar a esperança para um mundo melhor. "Tenho esperança que isso continue e melhore ainda mais. Estamos em abril de 2013, uma época maravilhosa. Depois da 2ª Guerra Mundial foram estabelecidas as Nações Unidas e declarados os Direitos Humanos e outras garantias de que jamais o Holocausto poderá acontecer novamente", declara, em entrevista ao Hoje em Dia.
Em 2009, Katina, de origem húngara, escreveu suas memórias no livro "Passagem para a Liberdade", onde relatou os horrores que viveu em campos de concentração, dos 13 aos 14 anos de idade. Parte dos seus oito irmãos foi assassinada no episódio e os pais foram mortos em câmaras de gás.
Debilitado e com "água nos pulmões", seguiu para a Suécia e Canadá, onde viveu dez anos. Veio para o Brasil, viver com a irmã. "Não tenho ódio. Mas perdoar é difícil. Fiquei muitas noites pensando como minha mãe e meu irmão de nove anos morreram. Perdoar é um lado da coisa. Há outra, a lembrança atormentando", desabafa.
Fonte: Hoje Em Dia
http://www.hojeemdia.com.br/pop-hd/para-n-o-esquecer-o-holocausto-shoah-chega-em-box-com-5-dvds-1.107893
Elemara Duarte - Hoje em Dia
Divulgação/IMS
Para não esquecer o Holocausto Shoah chega em caixa com 5 DVDs
Diretor do filme levou alguns sobreviventes aos locais onde aconteceram milhares de mortes
Um dos registros mais importante sobre o holocausto no Cinema, o documentário "Shoah" (holocausto em hebraico), com 9 horas de duração, chega ao Brasil em box com cinco DVDs. A obra, lançada originalmente no exterior, em 1985, agora, por meio do Instituto Moreira Salles, traz também em um dos cinco discos o extra "O Relatório Karski".
Este documentário será exibido nesta quinta-feira (4), às 19h15, no Cine Humberto Mauro (avenida Afonso Pena, 1537). A exibição é seguida por um debate entre pesquisadores e representantes da comunidade judaica residentes em Belo Horizonte. A entrada é gratuita.
O documentário, feito pelo cineasta francês Claude Lanzmann, fala sobre o extermínio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Participam do encontro o professor de Teoria Política da Universidade Federal Fluminense (UFF) Renato Lessa, a pesquisadora Ilana Feldman e o professor e crítico de cinema Luiz Nazario. A mediação será feita pela coordenadora do Núcleo de Estudos Judaicos da UFMG, Lyslei Nascimento.
Sem arquivo
Lanzmann dirigiu "Shoah" sem usar nenhuma imagem de arquivo como comumente se vê em várias produções sobre o assunto. "O filme pretende não simular o passado, não reconstruí-lo ficcionalmente. As edificações, os trens, as pessoas são realidade. Quando não se exibe nenhum documento de época e se apela para o sobrevivente, o passado parece advir sem mediação", observa Lyslei Nascimento.
As nove horas são compostas por depoimentos de sobreviventes de Chelmno, dos campos de Auschwitz, Treblinka e Sobibor e do Gueto de Varsóvia.
Há entrevistas com ex-oficiais nazistas e maquinistas que conduziam os trens da morte. Os relatos são registrados com a ajuda de intérpretes. Nazario diz que o documentário não se limita a entrevistar as vítimas sobreviventes, mas também "os carrascos, os colaboradores ativos e os observadores indiferentes".
"'Shoah' é a primeira investigação cinematográfica profunda sobre o extermínio dos judeus durante a Guerra", acrescenta.
O diretor passou onze anos de sua vida produzindo o filme: foram 350 horas de entrevistas em quatorze diferentes países e mais cinco anos para a edição final. Hoje, aos 88 anos, Lanzmann é editor de revista.
"Passagem para a Liberdade" relata a fuga
No Brasil, mais precisamente em BH, desde os 25 anos de idade, outro sobrevivente do Holocausto também poderia ter seu relato no "Shoah". Hoje, o empresário aposentado Henry Katina, aos 82 anos, quer é alimentar a esperança para um mundo melhor. "Tenho esperança que isso continue e melhore ainda mais. Estamos em abril de 2013, uma época maravilhosa. Depois da 2ª Guerra Mundial foram estabelecidas as Nações Unidas e declarados os Direitos Humanos e outras garantias de que jamais o Holocausto poderá acontecer novamente", declara, em entrevista ao Hoje em Dia.
Em 2009, Katina, de origem húngara, escreveu suas memórias no livro "Passagem para a Liberdade", onde relatou os horrores que viveu em campos de concentração, dos 13 aos 14 anos de idade. Parte dos seus oito irmãos foi assassinada no episódio e os pais foram mortos em câmaras de gás.
Debilitado e com "água nos pulmões", seguiu para a Suécia e Canadá, onde viveu dez anos. Veio para o Brasil, viver com a irmã. "Não tenho ódio. Mas perdoar é difícil. Fiquei muitas noites pensando como minha mãe e meu irmão de nove anos morreram. Perdoar é um lado da coisa. Há outra, a lembrança atormentando", desabafa.
Fonte: Hoje Em Dia
http://www.hojeemdia.com.br/pop-hd/para-n-o-esquecer-o-holocausto-shoah-chega-em-box-com-5-dvds-1.107893
segunda-feira, 1 de abril de 2013
Kurt Tucholsky: "Alemanha tem anatomia peculiar, escreve com a esquerda e age com a direita"
Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha teve apenas 21 anos de paz. O escritor Kurt Tucholsky percebeu cedo que o país se lançava de uma guerra a outra.
Alemanha, novembro de 1918. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, o imperador Guilherme 2º era forçado a renunciar. O caos dominava o país: quem deveria assumir o futuro governo? Já durante os últimos meses de guerra, os socialistas radicais e os moderados social-democratas disputavam o poder. Em 9 de novembro, a República Alemã era proclamada tanto pelo socialista Karl Liebknecht como pelo social-democrata Philipp Scheidemann.
No dia seguinte, o então líder do Partido Social-Democrata, Friedrich Ebert, ligou para Wilhelm Groener, comandante supremo das Forças Armadas. Sua intenção era fazer um pacto com os militares. Por telefone, Ebert conseguiu persuadir o general a combaterem juntos os radicais de esquerda e Liebknecht, evitando assim uma iminente guerra civil e garantindo uma transição pacífica para a formação da República Alemã.
Isso acabaria com a revolução e permitiria negociar a paz com os aliados. A cooperação com os militares garantiu aos social-democratas, representados por Ebert e Scheidemann, a responsabilidade pelo governo da nova República. Em janeiro de 1919, uma insurgência da esquerda, conhecida como Levante Espartaquista, foi reprimida com apoio das Forças Armadas. Agora, o caminho estava livre para a Constituição formulada pelos social-democratas, aprovada em março de 1919. Assim nascia a República de Weimar.
Contra o nacionalismo e o militarismo
Esse pacto com os antigos poderosos não agradou nada ao escritor e jornalista berlinense Kurt Tucholsky, na época, com 27 anos de idade. Como soldado, ele próprio havia sentido na pele os horrores da guerra e se tornou pacifista devido a suas experiências no fronte oriental. Ele achava preocupante que os militares ocupassem uma posição tão forte na jovem democracia.
"Para Tucholsky e tantos outros de sua geração, a Primeira Guerra Mundial representou uma ruptura decisiva. Ele esperava que fossem tiradas lições dessa catástrofe e se decepcionou por isso não acontecer na medida suficiente", afirma Rolf Hosfeld, autor da biografia publicada em 2012 Tucholsky – ein deutsches Leben (Uma vida alemã). Apesar de se considerar de esquerda, jamais teria passado pela cabeça de Tucholsky se associar ao Partido Comunista Alemão (KPD, do alemão), que se orientava por Moscou.
Em vez disso, como muitos outros de esquerda que não queriam ligar-se a Moscou, o autor combateu sua frustração com papel e caneta. A revista semanal Die Weltbühne era a sua arena. Aqui ele atacava os militares que, por falta de controle do Parlamento, tornaram-se ao longo dos anos um Estado dentro do Estado. Ele também escrevia contra as tendências nacional-socialistas, as quais considerava um resquício de tempos passados e uma ameaça à jovem democracia.
"A Alemanha tem uma anatomia peculiar: escreve com a esquerda, mas age com a direita", diria o autor em 1920. O que ele queria dizer é que apesar de a esquerda ter uma influência intelectual sobre a República de Weimar, a propensão geral era marcada pelo militarismo e nacionalismo. Tucholsky foi, assim, um dos primeiros a vislumbrar o fracasso da República e a ascensão do nazismo.
"É impressionante com que precisão ele previu na época situações que, realmente, vieram a acontecer. A cooperação de Paul von Hindenburg com o governo de Hitler, essa forma de tomada do poder", comenta Hosfeld.
Restrição à liberdade de imprensa
A liberdade de imprensa também foi ameaçada durante a República de Weimar. Em 1929, colegas de Tucholsky da revista Weltbühne chegaram a ser levados a tribunal. Num artigo, eles informaram sobre a construção secreta de um avião de guerra pelo Exército do Reich, como as Forças Armadas passaram a se chamar a partir de 1921. Tal atividade estava proibida para os militares, de acordo com o Tratado de Versalhes, firmado ao término da Primeira Guerra Mundial. O tratado estabelecia que a Alemanha abriria mão de grande parte do seu território e obrigava à desmilitarização temporária de algumas regiões.
"Procurava-se de toda forma silenciar as vozes críticas contra a autonomia do Exército", acrescenta Hosfeld. Os jornalistas do semanário Weltbühne, entre eles o futuro Prêmio Nobel da Paz Carl von Ossietzky, foram condenados a 18 meses de prisão por revelar segredos de Estado. Na época, Tucholsky já vivia a maior parte do tempo no exterior. O processo deixou claro que "escrever com a esquerda" não era permitido.
A crise econômica mundial precipitou a profecia de Tucholsky: a temida ascensão ao poder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP, do alemão), de Adolf Hitler. Nas eleições de 1930, eles alcançaram 18% dos votos. O grave desapontamento com a situação política, as restrições à imprensa e vários outros motivos pessoais fizeram Tucholsky optar definitivamente pelo exílio na Suécia, país de seus sonhos.
Em exílio
Da Suécia, Tucholsky vivenciou a tomada do poder pelos nazistas em 30 de janeiro de 1933. A partir de então, ele reduziu radicalmente suas atividades de jornalista. "Não adianta lutar contra o oceano", justificou o autor, desiludido, numa carta escrita em abril de 1933. Tucholsky morreu na Suécia em 21 de dezembro de 1935, devido a uma superdose de comprimidos. A teoria de suicídio é discutida até hoje.
Em 1946, na revista Weltbühne, que havia sido reinstituída, o autor Erich Kästner descreveu Tucholsky como "berlinense gordo e baixinho, que queria impedir uma catástrofe com a máquina de escrever", um homem que condenava o fato de tantos não terem aprendido nada com a Primeira Guerra Mundial. Tal processo de aprendizado só começaria na Alemanha nas décadas após 1945.
O que Tucholsky acharia da Alemanha de hoje? "Tucholsky gostaria de viver na República Federal da Alemanha. O que não significa que ele não tivesse críticas", afirma Hosfeld com convicção. As missões de guerra do Exército alemão, as ações do governo na crise bancária, "com certeza, o tiraria do sério, como jogam com o capital à custa do cidadão comum", diz Hosfeld. Portanto, típico de alguém que escreve com a esquerda.
Autoria: Friedel Taube (smc)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw.de/kurt-tucholsky-alemanha-tem-anatomia-peculiar-escreve-com-a-esquerda-e-age-com-a-direita/a-16660040
Alemanha, novembro de 1918. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, o imperador Guilherme 2º era forçado a renunciar. O caos dominava o país: quem deveria assumir o futuro governo? Já durante os últimos meses de guerra, os socialistas radicais e os moderados social-democratas disputavam o poder. Em 9 de novembro, a República Alemã era proclamada tanto pelo socialista Karl Liebknecht como pelo social-democrata Philipp Scheidemann.
No dia seguinte, o então líder do Partido Social-Democrata, Friedrich Ebert, ligou para Wilhelm Groener, comandante supremo das Forças Armadas. Sua intenção era fazer um pacto com os militares. Por telefone, Ebert conseguiu persuadir o general a combaterem juntos os radicais de esquerda e Liebknecht, evitando assim uma iminente guerra civil e garantindo uma transição pacífica para a formação da República Alemã.
Isso acabaria com a revolução e permitiria negociar a paz com os aliados. A cooperação com os militares garantiu aos social-democratas, representados por Ebert e Scheidemann, a responsabilidade pelo governo da nova República. Em janeiro de 1919, uma insurgência da esquerda, conhecida como Levante Espartaquista, foi reprimida com apoio das Forças Armadas. Agora, o caminho estava livre para a Constituição formulada pelos social-democratas, aprovada em março de 1919. Assim nascia a República de Weimar.
Contra o nacionalismo e o militarismo
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Exército imperial teve posição de peso na República de Weimar |
"Para Tucholsky e tantos outros de sua geração, a Primeira Guerra Mundial representou uma ruptura decisiva. Ele esperava que fossem tiradas lições dessa catástrofe e se decepcionou por isso não acontecer na medida suficiente", afirma Rolf Hosfeld, autor da biografia publicada em 2012 Tucholsky – ein deutsches Leben (Uma vida alemã). Apesar de se considerar de esquerda, jamais teria passado pela cabeça de Tucholsky se associar ao Partido Comunista Alemão (KPD, do alemão), que se orientava por Moscou.
Em vez disso, como muitos outros de esquerda que não queriam ligar-se a Moscou, o autor combateu sua frustração com papel e caneta. A revista semanal Die Weltbühne era a sua arena. Aqui ele atacava os militares que, por falta de controle do Parlamento, tornaram-se ao longo dos anos um Estado dentro do Estado. Ele também escrevia contra as tendências nacional-socialistas, as quais considerava um resquício de tempos passados e uma ameaça à jovem democracia.
"A Alemanha tem uma anatomia peculiar: escreve com a esquerda, mas age com a direita", diria o autor em 1920. O que ele queria dizer é que apesar de a esquerda ter uma influência intelectual sobre a República de Weimar, a propensão geral era marcada pelo militarismo e nacionalismo. Tucholsky foi, assim, um dos primeiros a vislumbrar o fracasso da República e a ascensão do nazismo.
"É impressionante com que precisão ele previu na época situações que, realmente, vieram a acontecer. A cooperação de Paul von Hindenburg com o governo de Hitler, essa forma de tomada do poder", comenta Hosfeld.
Restrição à liberdade de imprensa
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Rolf Hosfeld, biógrafo de Tucholsky |
"Procurava-se de toda forma silenciar as vozes críticas contra a autonomia do Exército", acrescenta Hosfeld. Os jornalistas do semanário Weltbühne, entre eles o futuro Prêmio Nobel da Paz Carl von Ossietzky, foram condenados a 18 meses de prisão por revelar segredos de Estado. Na época, Tucholsky já vivia a maior parte do tempo no exterior. O processo deixou claro que "escrever com a esquerda" não era permitido.
A crise econômica mundial precipitou a profecia de Tucholsky: a temida ascensão ao poder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP, do alemão), de Adolf Hitler. Nas eleições de 1930, eles alcançaram 18% dos votos. O grave desapontamento com a situação política, as restrições à imprensa e vários outros motivos pessoais fizeram Tucholsky optar definitivamente pelo exílio na Suécia, país de seus sonhos.
Em exílio
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Semanário "Weltbühne" era principal plataforma para intelectuais de esquerda nos anos 1920 |
Em 1946, na revista Weltbühne, que havia sido reinstituída, o autor Erich Kästner descreveu Tucholsky como "berlinense gordo e baixinho, que queria impedir uma catástrofe com a máquina de escrever", um homem que condenava o fato de tantos não terem aprendido nada com a Primeira Guerra Mundial. Tal processo de aprendizado só começaria na Alemanha nas décadas após 1945.
O que Tucholsky acharia da Alemanha de hoje? "Tucholsky gostaria de viver na República Federal da Alemanha. O que não significa que ele não tivesse críticas", afirma Hosfeld com convicção. As missões de guerra do Exército alemão, as ações do governo na crise bancária, "com certeza, o tiraria do sério, como jogam com o capital à custa do cidadão comum", diz Hosfeld. Portanto, típico de alguém que escreve com a esquerda.
Autoria: Friedel Taube (smc)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw.de/kurt-tucholsky-alemanha-tem-anatomia-peculiar-escreve-com-a-esquerda-e-age-com-a-direita/a-16660040
sábado, 30 de março de 2013
Stormfront, 4 anos de pena para moderadores de fórum racista
Stormfront
Foi solicitada uma pena de entre 4 anos e 1 mês a 4 anos e 10 meses para os quatro réus acusados de moderar o site neonazista Stormfront.org, com conteúdo de incitamento ao ódio racial.
As afirmações foram feitas por Luca Tescaroli em processo sumário perante o primeiro tribunal criminal de Roma. Segundo a acusação, os quatro são acusados de promover e dirigir um grupo cujo objetivo é o incitamento à discriminação e violência, o ódio étnico, religioso e racial, de modo a também pedir a desqualificação dos réus para qualquer cargo público pelo período de cinco anos.
O caso do Stormfront também foi levantado pelo Estense.com, que tinha denunciado as frases e ataques antissemitas contra Marcella Ravenna (ver a matéria http://www.estense.com/?p=250822). O fórum Stormfront serve como ponto de apologia do nazismo e de apoio à supremacia da raça branca, ofuscado hoje pelo Judiciário, ele nos ironiza depois de saber da notícia assim que entramos em contato com ela). A docente de Psicologia Social na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Ferrara foi atacada na seção italiana do Stormfront.org como "uma autora de livros sobre o Holocausto, sobre os "demônios" do nazismo e sobre as implicações psicológicas do antissemitismo e racismo ... uma judia obcecada consigo mesma e com as fantasias de sangue de seu povo."
Especificamente, os pedidos foram de 4 anos e 10 meses para Daniel Scarpino, milanês de 24 anos, considerado o ideólogo do grupo, de 4 anos e 1 mês para Diego Masi, 30 anos de idade, de Ceccano (Frosinone), de 4 anos e 6 meses para Ciampaglia Luca, de 23 anos de Atri (Teramo), ambos de moderadores da seção italiana do fórum Stormfront, e de 4 anos e 8 meses para Mirko Viola, 42 anos, de Contu' (Como). O julgamento está previsto para próximo 8 de abril.
Fonte: Estense.com (Itália)
http://www.estense.com/?p=289426
Tradução: Roberto Lucena
Observação: a matéria original no link acima era mais curta, foi corrigida (aumentada) depois.
Foi solicitada uma pena de entre 4 anos e 1 mês a 4 anos e 10 meses para os quatro réus acusados de moderar o site neonazista Stormfront.org, com conteúdo de incitamento ao ódio racial.
As afirmações foram feitas por Luca Tescaroli em processo sumário perante o primeiro tribunal criminal de Roma. Segundo a acusação, os quatro são acusados de promover e dirigir um grupo cujo objetivo é o incitamento à discriminação e violência, o ódio étnico, religioso e racial, de modo a também pedir a desqualificação dos réus para qualquer cargo público pelo período de cinco anos.
O caso do Stormfront também foi levantado pelo Estense.com, que tinha denunciado as frases e ataques antissemitas contra Marcella Ravenna (ver a matéria http://www.estense.com/?p=250822). O fórum Stormfront serve como ponto de apologia do nazismo e de apoio à supremacia da raça branca, ofuscado hoje pelo Judiciário, ele nos ironiza depois de saber da notícia assim que entramos em contato com ela). A docente de Psicologia Social na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Ferrara foi atacada na seção italiana do Stormfront.org como "uma autora de livros sobre o Holocausto, sobre os "demônios" do nazismo e sobre as implicações psicológicas do antissemitismo e racismo ... uma judia obcecada consigo mesma e com as fantasias de sangue de seu povo."
Especificamente, os pedidos foram de 4 anos e 10 meses para Daniel Scarpino, milanês de 24 anos, considerado o ideólogo do grupo, de 4 anos e 1 mês para Diego Masi, 30 anos de idade, de Ceccano (Frosinone), de 4 anos e 6 meses para Ciampaglia Luca, de 23 anos de Atri (Teramo), ambos de moderadores da seção italiana do fórum Stormfront, e de 4 anos e 8 meses para Mirko Viola, 42 anos, de Contu' (Como). O julgamento está previsto para próximo 8 de abril.
Fonte: Estense.com (Itália)
http://www.estense.com/?p=289426
Tradução: Roberto Lucena
Observação: a matéria original no link acima era mais curta, foi corrigida (aumentada) depois.
quinta-feira, 28 de março de 2013
Parlamento da Rússia analisa proposta de lei para punir defensores do nazismo e quem nega o Holocausto
Documento endureceria Código Penal russo
27/03/2013 10h33
Um projeto de lei reafirmando a inaceitabilidade de quaisquer tentativas para reviver o nazismo foi submetido à Duma, câmara baixa do Parlamento da Rússia, na segunda-feira, 25. Elaborado pelo senador Boris Shpigel, o projeto quer punir quem tentar negar o Holocausto ou transformar criminosos nazistas e seus cúmplices em heróis.
Segundo seu autor, "a necessidade de elaborar um projeto de lei destacando a inaceitabilidade das intenções voltadas para a redenção do nazismo (...) decorre, por um lado, do alcance crescente das tentativas de rever os resultados da II Guerra Mundial e justificar crimes contra a paz e a segurança (...), e, por outro, da ausência de um quadro que regulamente os esforços para impedir o renascimento do nazismo em diferentes áreas da vida pública e estatal".
Shpigel também propôs a introdução de alterações ao artigo 282 do Código Penal russo que obrigariam os condenados por estes crimes a pagar multas que variam de 100 mil a 300 mil rublos (aproximadamente, US$ 10 mil), ou uma quantidade equivalente ao seu salário por um ou dois anos.
Como alternativa, o projeto prevê que os culpados possam ser condenados a até 360 horas de serviço comunitário, ou até mesmo a uma pena de prisão de até dois anos. Por outro lado, multas de até 500 mil rublos (mais de 16 mil dólares) poderiam ser impostas a pessoas que cometessem tais crimes por meio de violência ou ameaça, abuso de autoridade ou dentro de grupos organizados.
Nesta classificação, as sanções alternativas incluem uma multa equivalente ao salário de três anos da pessoa condenada, a proibição de exercício de cargo público por até cinco anos, até 480 horas de serviço comunitário, ou pena de prisão de até cinco anos.
Fonte: Diário da Rússia
http://www.diariodarussia.com.br/fatos/noticias/2013/03/27/parlamento-da-russia-analisa-proposta-de-lei-para-punir-defensores-do-nazismo/
Ver também:
Russia moves to criminalize Holocaust denial (RT, Rússia)
Russian senator suggests punishing attempts to revive Nazism and deny Holocaust (Russia Beyond the Headlines)
27/03/2013 10h33
Um projeto de lei reafirmando a inaceitabilidade de quaisquer tentativas para reviver o nazismo foi submetido à Duma, câmara baixa do Parlamento da Rússia, na segunda-feira, 25. Elaborado pelo senador Boris Shpigel, o projeto quer punir quem tentar negar o Holocausto ou transformar criminosos nazistas e seus cúmplices em heróis.
Segundo seu autor, "a necessidade de elaborar um projeto de lei destacando a inaceitabilidade das intenções voltadas para a redenção do nazismo (...) decorre, por um lado, do alcance crescente das tentativas de rever os resultados da II Guerra Mundial e justificar crimes contra a paz e a segurança (...), e, por outro, da ausência de um quadro que regulamente os esforços para impedir o renascimento do nazismo em diferentes áreas da vida pública e estatal".
Shpigel também propôs a introdução de alterações ao artigo 282 do Código Penal russo que obrigariam os condenados por estes crimes a pagar multas que variam de 100 mil a 300 mil rublos (aproximadamente, US$ 10 mil), ou uma quantidade equivalente ao seu salário por um ou dois anos.
Como alternativa, o projeto prevê que os culpados possam ser condenados a até 360 horas de serviço comunitário, ou até mesmo a uma pena de prisão de até dois anos. Por outro lado, multas de até 500 mil rublos (mais de 16 mil dólares) poderiam ser impostas a pessoas que cometessem tais crimes por meio de violência ou ameaça, abuso de autoridade ou dentro de grupos organizados.
Nesta classificação, as sanções alternativas incluem uma multa equivalente ao salário de três anos da pessoa condenada, a proibição de exercício de cargo público por até cinco anos, até 480 horas de serviço comunitário, ou pena de prisão de até cinco anos.
Fonte: Diário da Rússia
http://www.diariodarussia.com.br/fatos/noticias/2013/03/27/parlamento-da-russia-analisa-proposta-de-lei-para-punir-defensores-do-nazismo/
Ver também:
Russia moves to criminalize Holocaust denial (RT, Rússia)
Russian senator suggests punishing attempts to revive Nazism and deny Holocaust (Russia Beyond the Headlines)
terça-feira, 26 de março de 2013
Fritz Dietrich (Nazi) - Massacres na Letônia
Fritz Dietrich (nasceu em 6 de agosto de 1898, executado em 22 de outubro de 1948) era um oficial alemão da SS que tinha um doutorado (Ph.D.). Seu nome também é visto escrito como Emil Diedrich.[1]
Resumo de sua trajetória
Dietrich adquiriu o status de SS-Obersturmbannführer. De setembro de 1941 a novembro de 1943 ele serviu como policial chefe da SS (SS und PolizeiStandortführer ) em Liepāja (em alemão: Libau), Letônia. As unidades de polícia sob seu comando conduziram inúmeros massacres de judeus e outras pessoas em Liepāja. O maior de todos os massacres de Liepāja ocorreu em três dias, numa segunda-feira, 15 de dezembro, a quarta-feira, 17 de dezembro de 1941. Em 13 de dezembro, Karzemes Vārds publicou uma ordem de Dietrich que pedia que todos os judeus na cidade permanecessem em suas residências na segunda-feira, 15 de dezembro a 16 de dezembro de 1941. [2]
Julgamento por crimes de guera
Depois da segunda guerra ele foi julgado, condenado e setenciado a pena de morte por crimes de guerra, mas não por suas ações na Letônia. Dietrich tinha ordenado o fuzilamento de sete prisioneiros aliados que tinham saltado de paraquedas de aeronaves avariadas.[3] Em 1948 Dietrich foi enforcado na prisão de Landsberg.[4] Os julgamentos de Dietrich e outros ficaram conhecidos como "Flyers Cases" (Casos dos Aviadores) e foram parte do que ficou conhecido como os Julgamentos de Dachau por crimes de guerra.
Notas
[1] Ezergailis, The Holocaust in Latvia, página 288.
[2] Ezergailis, The Holocaust in Latvia, páginas 293 a 294
[3] United States vs. Fritz Dietrich and others, Case Nos. 12-1545 and 12-2272 (File US115), resumido dos Crimes Nazis no Julgamento
[4] Klee, The Good Old Days, página 290.
Referências
- Ezergailis, Andrew, The Holocaust in Latvia 1941-1944—The Missing Center, Historical Institute of Latvia (in association with the United States Holocaust Memorial Museum) Riga 1996 ISBN 9984-9054-3-8
- Klee, Ernst, Dressen, Willi, and Riess, Volker, eds. "The Good Old Days" -- The Holocaust as Seen by its Perpetrators and Bystanders, MacMillan, New York 1991 (translation by Deborah Burnstone) ISBN 0-02-917425-2
Fonte: texto extraído da Wikipedia em inglês, com as notas (transcritas no final da tradução) no próprio verbete
http://en.wikipedia.org/wiki/Fritz_Dietrich_%28Nazi%29
Tradução: Roberto Lucena
Observação: vários verbetes (com fontes e que servem pra consulta rápida) da Wikipedia em inglês não possuem tradução pro português.
Resumo de sua trajetória
Dietrich adquiriu o status de SS-Obersturmbannführer. De setembro de 1941 a novembro de 1943 ele serviu como policial chefe da SS (SS und PolizeiStandortführer ) em Liepāja (em alemão: Libau), Letônia. As unidades de polícia sob seu comando conduziram inúmeros massacres de judeus e outras pessoas em Liepāja. O maior de todos os massacres de Liepāja ocorreu em três dias, numa segunda-feira, 15 de dezembro, a quarta-feira, 17 de dezembro de 1941. Em 13 de dezembro, Karzemes Vārds publicou uma ordem de Dietrich que pedia que todos os judeus na cidade permanecessem em suas residências na segunda-feira, 15 de dezembro a 16 de dezembro de 1941. [2]
Julgamento por crimes de guera
Depois da segunda guerra ele foi julgado, condenado e setenciado a pena de morte por crimes de guerra, mas não por suas ações na Letônia. Dietrich tinha ordenado o fuzilamento de sete prisioneiros aliados que tinham saltado de paraquedas de aeronaves avariadas.[3] Em 1948 Dietrich foi enforcado na prisão de Landsberg.[4] Os julgamentos de Dietrich e outros ficaram conhecidos como "Flyers Cases" (Casos dos Aviadores) e foram parte do que ficou conhecido como os Julgamentos de Dachau por crimes de guerra.
Notas
[1] Ezergailis, The Holocaust in Latvia, página 288.
[2] Ezergailis, The Holocaust in Latvia, páginas 293 a 294
[3] United States vs. Fritz Dietrich and others, Case Nos. 12-1545 and 12-2272 (File US115), resumido dos Crimes Nazis no Julgamento
[4] Klee, The Good Old Days, página 290.
Referências
- Ezergailis, Andrew, The Holocaust in Latvia 1941-1944—The Missing Center, Historical Institute of Latvia (in association with the United States Holocaust Memorial Museum) Riga 1996 ISBN 9984-9054-3-8
- Klee, Ernst, Dressen, Willi, and Riess, Volker, eds. "The Good Old Days" -- The Holocaust as Seen by its Perpetrators and Bystanders, MacMillan, New York 1991 (translation by Deborah Burnstone) ISBN 0-02-917425-2
Fonte: texto extraído da Wikipedia em inglês, com as notas (transcritas no final da tradução) no próprio verbete
http://en.wikipedia.org/wiki/Fritz_Dietrich_%28Nazi%29
Tradução: Roberto Lucena
Observação: vários verbetes (com fontes e que servem pra consulta rápida) da Wikipedia em inglês não possuem tradução pro português.
Jornal El País retira artigo on-line que compara Merkel a Hitler
O jornal espanhol El País retirou neste domingo de seu site uma artigo bastante crítico em relação à Alemanha, no qual a chanceler Angela Merkel era comparada a Adolf Hitler, o que provocou reações indignadas de alguns de seus leitores.
Na coluna publicada na edição regional andaluza de El País em seu site, Juan Torres López, professor de Economia da Universidade de Sevilha, escreveu que "Angela Merkel, como Hitler, declarou guerra ao resto do continente para garantir seu espaço econômico vital".
Angela Merkel "nos castiga para proteger suas grandes empresas e bancos e também para ocultar ante seu eleitorado a vergonha de um modelo que fez com que o nível de pobreza em seu país seja o mais alto dos últimos 20 anos, em que 25% de seus empregados ganhem menos de 9,15 euros/hora, ou que à metade de sua população corresponda um miserável 1% de toda a riqueza nacional", acrescentou Torres López.
"El País retirou de seu site o artigo 'Alemanha contra a Europa', assinado por Juan Torres López e publicado em sua edição na Andaluzia, porque continha afirmações que este jornal considera inapropriadas. El País lamenta que um erro na supervisão tenha permitido a publicação do citado material. As opiniões expressadas por Torres López só representam o autor", afirmou o jornal, em um comunicado.
Além de irritar alguns leitores pelo desrespeito para com Merkel, a coluna também provocou reações de outros internautas, que consideraram a retirada do artigo on-line um gesto de censura.
Fonte: AFP/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/jornal-el-pais-retira-artigo-on-line-que-compara-merkel-a-hitler,57749c16d839d310VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html
Ver mais:
Comparação de Merkel a Hitler leva "El País" a retirar artigo de opinião (Expresso, Portugal)
Merkel igual a Hitler? Estalou o verniz entre Espanha e Alemanha (tvi24, Portugal)
Na coluna publicada na edição regional andaluza de El País em seu site, Juan Torres López, professor de Economia da Universidade de Sevilha, escreveu que "Angela Merkel, como Hitler, declarou guerra ao resto do continente para garantir seu espaço econômico vital".
Angela Merkel "nos castiga para proteger suas grandes empresas e bancos e também para ocultar ante seu eleitorado a vergonha de um modelo que fez com que o nível de pobreza em seu país seja o mais alto dos últimos 20 anos, em que 25% de seus empregados ganhem menos de 9,15 euros/hora, ou que à metade de sua população corresponda um miserável 1% de toda a riqueza nacional", acrescentou Torres López.
"El País retirou de seu site o artigo 'Alemanha contra a Europa', assinado por Juan Torres López e publicado em sua edição na Andaluzia, porque continha afirmações que este jornal considera inapropriadas. El País lamenta que um erro na supervisão tenha permitido a publicação do citado material. As opiniões expressadas por Torres López só representam o autor", afirmou o jornal, em um comunicado.
Além de irritar alguns leitores pelo desrespeito para com Merkel, a coluna também provocou reações de outros internautas, que consideraram a retirada do artigo on-line um gesto de censura.
Fonte: AFP/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/jornal-el-pais-retira-artigo-on-line-que-compara-merkel-a-hitler,57749c16d839d310VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html
Ver mais:
Comparação de Merkel a Hitler leva "El País" a retirar artigo de opinião (Expresso, Portugal)
Merkel igual a Hitler? Estalou o verniz entre Espanha e Alemanha (tvi24, Portugal)
segunda-feira, 25 de março de 2013
Mensagens antissemitas causam processo milionário ao Twitter
O Twitter foi processado em 50 milhões de dólares por não divulgar as identidades de utilizadores franceses que publicaram mensagens antissemitas no ano passado.
O caso teve início em Outubro, quando a rede de microblogs recebeu uma série de tweets com a hashtag #unbonjuif (um bom judeu, em francês). A UEJF (união dos estudantes judeus franceses), então, processou o site pedindo a remoção do conteúdo. E foi atendida.
Em Novembro, a UEJF moveu uma nova acção, desta vez pedindo a identidade dos utilizadores, e um tribunal francês acatou, dando 15 dias para que o Twitter passasse as informações - o que não foi feito.
Na época, a empresa disse que estava a rever o caso e, como não atendeu o prazo, a UEJF a processou outra vez, agora pedindo uma indemnização de 50 milhões de dólares. Caso vença, a organização informou que usará o dinheiro para preservar a memória do Holocausto.
Fonte: Diário Digital (Portugal)
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=623265
O caso teve início em Outubro, quando a rede de microblogs recebeu uma série de tweets com a hashtag #unbonjuif (um bom judeu, em francês). A UEJF (união dos estudantes judeus franceses), então, processou o site pedindo a remoção do conteúdo. E foi atendida.
Em Novembro, a UEJF moveu uma nova acção, desta vez pedindo a identidade dos utilizadores, e um tribunal francês acatou, dando 15 dias para que o Twitter passasse as informações - o que não foi feito.
Na época, a empresa disse que estava a rever o caso e, como não atendeu o prazo, a UEJF a processou outra vez, agora pedindo uma indemnização de 50 milhões de dólares. Caso vença, a organização informou que usará o dinheiro para preservar a memória do Holocausto.
Fonte: Diário Digital (Portugal)
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=623265
sexta-feira, 22 de março de 2013
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 04
Epílogo: o refúgio da latinidade
A ideologia do fascismo italiano encontrava, então, tantos obstáculos como variantes ou formas paralelas (nacional-populismo, fascismo "de esquerda", falangismo, nacional-socialismo), que concorriam com ele em um contexto onde predominava a busca pragmática de referentes externos. Não ajudavam as percepções confusas ou alteradas nos dois sentidos, tanto na Itália como na América Latina que ao se propagar distorciam a mensagem original. Os regimes castrenses, por seu lado "criaram um ambiente hostil para a propagação do fascismo numa forma não adulterada" [75].
Além disso, outro motivo fundamental da busca de uma hegemonia italiana, induzia a leituras superficiais. A "latinidade", um tema já importante para o nacionalismo italiano, significava o intento de extender até a América Latina uma primazia espiritual universal, que Roma reivindicava como "mãe" da Civilização Latina. [76] Este objetivo -característico de uma política externa italiana que desde sempre se expressava com linguagem de mitos - [77] implicava desvincular a maior área "latina", quer dizer, a América Latina, das influências não-latinas (anglossaxãs, eslavas e asiáticas) e se sobrepôr por cima das influências "derivadas", ou seja, luso-hispânicas. A latinidade se expressava também como o refúgio na cultura de uma política de expansão do fascismo italiano que encontrava limites e obstáculos formidáveis em outros campos.
A concorrência da latinidade com a cultura ibérica apontava a oferecer, a Roma, uma tradição alternativa de espiritualidade mais densa de significados com respeito ao mero laço genealógico e linguístico. Uma tradição antiga mas viva, renovada pelo fascismo e suscetível de desenvolvimento no tempo presente. A proposta italiana de latinidade, frequentemente, era caracterizada pela possibilidade de que "Roma" significasse um arraigo tradicional da modernidade e, pelo mesmo, um brio progressista diferente (como alternativa "espiritual") ao progressismo "plutocrático" e meramente materialista de Washington e Londres, e à tradição sem modernidade de Madrid e Lisboa. Os grupos e tendências "hispanistas" na América Latina, frequentemente, tinham geralmente uma forte matiz conservadora e religiosa, em consequência a hispanidade não podia se aproveitar do sentido modernizador. [78] Por outro lado, justamente por este motivo resultava mais próxima as forças oligárquicas, castrenses e conservadoras que predominavam na região e que foram atraídas depois de 1936 pela Espanha de Franco. [79] Frente a esta ventaja hispánica do lado conservador, Roma ostentava as boas relações do Regime com a Igreja, especificamente os Pactos Lateranenses de 1929 e, mais tarde, a defesa do catolicismo contra a República espanhola anticlerical e anticristã. A latinidade em fn supunha um esquema para integração nacional, uma fórmula para sair da "pouco clara e indefinível consistência étnica atual" e para superar "aquelas diferenças de classe que não deveriam existir em Nações em formação e que nececitam uma igualdade individual e coletiva", apontando, por outro lado, - segundo o modelo fascista italiano - a "uma entidade nacional toda harmônica, própria, que seja finalmente na concepção e na realidade dos fatos um País orgânico e formado, que pode aportar algo à comunidade dos povos civis" [80].
A latinidade, em poucas palavras, como estratégia cultural oposta à hispanidade conservadora e ao panamericanismo econômico, poderia compensar as debilidades e as insuficiências da penetração econômica e diplomática da Itália e os resultados incertos da expansão política e ideológica do fascismo.
Ainda assim a latinidade, contudo, tinha dificuldade para se impôr. Tinha, frequentemente, a debilidade de ser ao fim e ao cabo a expressão de um imperialismo europeu, mesmo débil e distante fosse (e sem antecedentes históricos na região). Isto suscitava a desconfiança em países que buscavam a construção e o fortalecimento de suas identidades nacionais e a defesa de sua soberania. México, em particular, considerado "bastão da latinidade" contra o mundo anglossaxão, parecia preferir a busca de suas razízes nacionais nas antigas civilizações pré-colombianas no lugar de Roma. [81]
Com a Guerra da Etiopia (1935-1936) não faltaram os temores de um intervencionismo italiano na região, apoiado em motivações culturais análogas - a "missão civilizadora" e a colonização "proletária" - as que havia legitimado a fundação do Império africano de Mussolini. A latinidade italiana, além disso, podia resultar incômoda porque relegava a herança ibérica a um papel secundário e desechaba as tradições indígenas como resíduos primitivos e lastres para a civilização. A primazia de Roma, como mito unificador interétnico e panlatino significava também Descartar os mitos alternativos de unidade continental mestiça e nativa, como a "raça cósmica" de Vasconcelos ou o "indoamericanismo" de Haya de la Torre e de Mariátegui [82]. Despois de sua estada de três anos na Itália, José Carlos Mariátegui retoma as críticas ao latinismo de Vasconcelos e conclui: "não somos latinos e não temos nenhum parentesco com Roma" [83].
O projeto político-cultural da latinidade era fundado, então, sobre bases precárias ao não possuir um apoio político suficiente, e era exposto à competencia, hostilidade e incompreensões. A partir de mediados dos anos trinta, a latinidade, reduzida a "um ideal que se está hundiendo paulatinamente" [84], mas não abandonado ainda pela propaganda italiana, enfrentará sobretudo o progresso da ideia panamericana, expressão da crescente potência geopolítica dos Estados Unidos na América Latina.
Os resultados decepcionantes da política cultura de "latinidade", enfim, simbolizavam a insuficiente penetração do fascismo italiano (ideológica, política e geopolítica) e, finalmente, a impossibilidade de avaliar positivamente (de um ponto de vista fascista) os efeitos de uma influência de cuatro lustros de penetração do modelo político italiano na região. O desencontro da Itália fascista com os "fascismos" latinoamericanos têm um dejo final de ironia, pois somente depois de que o regime de Mussolini cai (em 1943) um novo golpe militar na Argentina inicia um experimento político de tendências fascistas, que dará lugar mais tarde - ao finalizar a Guerra Mundial - ao "justicialismo" populista de Perón. O México, por seu lado, segue sua evolução nacional-populista autóctone e o Brasil abandona definitivamente os experimentos fascistas para desenvolver também sua forma peculiar de populismo. No mais, as muitas ilusões, especismos e equívocos recíprocos dos fascistas italianos e de seus homólogos latinoamericanos deixam um legado de incerteza semântica e interpretativa que perdura até hoje.
Notas
75 Grifn, The Nature, 148.
76 Cfr. Emilio Gentile, "L'emigrazione italiana in Argentina nella politica di espansione del nazionalismo e del fascismo", Storia Contemporanea XVII: 3 (Junio 1986): 355-396, aquí 394; Pietro Rinaldo Fanesi, "Le interpretazioni", 402-405.
77 Véase el ensayo de Richard J. B. Bosworth, "Mito e linguaggio nella politica estera italiana", en La politica estera italiana, 1860-1985, eds. R. J. B. Bosworth y S. Romano (Bologna: Il Mulino, 1991), 35-67.
78 Sobre el carácter no-moderno de la hispanidad, véase Bailey W. Dife, "The Ideology of Hispanidad", Hispanic American Historical Review XXII: 3 (Agosto 1943): 457-482. Cfr. también Frederick B. Pike, Hispanismo 1898-1936: Spanish Conservatives and Liberals and the Relations with Spanish America (Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1971).
79 Por otro lado, justamente la victoria en la Guerra civil logrará matizar la rivalidad entre hispanidad y latinidad, en nombre de la lucha común contra "las pretensiones hegemónicas de los anglosajones": Erba, "Per una Spagna imperiale", Critica Fascista XVII: 18 (julio 1939): 290-291. La "hispanidad" de los años treinta (la de Serrano Suñer, Maetzu, Giménez Caballero, Pemartín, etc.) tiene, sin duda, infuencias fascistas.
80 Oreste Villa, L'America Latina, 99, 102. El significado ecuménico, cultural, de la latinidad, significaba también una ventaja frente al nacionalismo alemán, que era visto con recelo por su exclusivismo étnico y racial. "La cuestión de la raza" -escribe el embajador en Brasil a Ciano- "[...] debe entenderse como origen histórico [latino] de toda la nación [...]. Debe entenderse como idioma, que es neo-latín. Debe entenderse como forma mentis, que es mediterránea. Debe entenderse como concepción general de la moral y el derecho, que son romanos; como concepción de la familia, que es católica; como arte, arquitectura, estilo, oratoria, que son todas emparentadas con la cepa [cultural] ibérico-mediterránea". Lojacono a Ciano, Río de Janeiro, 27 de septiembre 1937, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 7, doc. 373, 450. La Latinidad, en suma, debería entenderse como herencia viva, histórica y cultural, no como comunidad etno-biológica.
81 Franco Savarino, "The Sentinel", 97-120.
82 Franco Savarino, "Apuntes sobre el fascismo", 105-106. Véase José Vasconcelos, La raza cósmica (Barcelona: Agencia Mundial de Librería, 1925). También la Brasilianidade promovida por la AIB se encontraba de facto en competencia con la latinidad itálica.
83 José Carlos Mariátegui, Lettere dall'Italia ed altri scritti (Roma: Editori Riuniti, 1973), 154.
84 Aldo Bizzarri, "America 'Latina'?", Critica Fascista XVIII: 22 (septiembre 1940): 372-373.
_______________________________________________________
Para visualizar toda a bibliografia do texto, acessar a página original: Link.
Fonte: Scielo
Texto: JOGO DE ILUSÕES: BRASIL, MÉXICO E OS "FASCISMOS" LATINOAMERICANOS FRENTE AO FASCISMO ITALIANO
Autor: Franco Savarino
http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0121-16172009000100009&script=sci_arttext
Tradução: Roberto Lucena
Observação: texto sem revisão.
Ver:
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 03
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 02
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 01
Ver também:
O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 1
O Partido Alemão Nacional-Socialista na Argentina, Brasil e Chile frente às comunidades alemãs: 1933-1939 - parte 01
A ideologia do fascismo italiano encontrava, então, tantos obstáculos como variantes ou formas paralelas (nacional-populismo, fascismo "de esquerda", falangismo, nacional-socialismo), que concorriam com ele em um contexto onde predominava a busca pragmática de referentes externos. Não ajudavam as percepções confusas ou alteradas nos dois sentidos, tanto na Itália como na América Latina que ao se propagar distorciam a mensagem original. Os regimes castrenses, por seu lado "criaram um ambiente hostil para a propagação do fascismo numa forma não adulterada" [75].
Além disso, outro motivo fundamental da busca de uma hegemonia italiana, induzia a leituras superficiais. A "latinidade", um tema já importante para o nacionalismo italiano, significava o intento de extender até a América Latina uma primazia espiritual universal, que Roma reivindicava como "mãe" da Civilização Latina. [76] Este objetivo -característico de uma política externa italiana que desde sempre se expressava com linguagem de mitos - [77] implicava desvincular a maior área "latina", quer dizer, a América Latina, das influências não-latinas (anglossaxãs, eslavas e asiáticas) e se sobrepôr por cima das influências "derivadas", ou seja, luso-hispânicas. A latinidade se expressava também como o refúgio na cultura de uma política de expansão do fascismo italiano que encontrava limites e obstáculos formidáveis em outros campos.
A concorrência da latinidade com a cultura ibérica apontava a oferecer, a Roma, uma tradição alternativa de espiritualidade mais densa de significados com respeito ao mero laço genealógico e linguístico. Uma tradição antiga mas viva, renovada pelo fascismo e suscetível de desenvolvimento no tempo presente. A proposta italiana de latinidade, frequentemente, era caracterizada pela possibilidade de que "Roma" significasse um arraigo tradicional da modernidade e, pelo mesmo, um brio progressista diferente (como alternativa "espiritual") ao progressismo "plutocrático" e meramente materialista de Washington e Londres, e à tradição sem modernidade de Madrid e Lisboa. Os grupos e tendências "hispanistas" na América Latina, frequentemente, tinham geralmente uma forte matiz conservadora e religiosa, em consequência a hispanidade não podia se aproveitar do sentido modernizador. [78] Por outro lado, justamente por este motivo resultava mais próxima as forças oligárquicas, castrenses e conservadoras que predominavam na região e que foram atraídas depois de 1936 pela Espanha de Franco. [79] Frente a esta ventaja hispánica do lado conservador, Roma ostentava as boas relações do Regime com a Igreja, especificamente os Pactos Lateranenses de 1929 e, mais tarde, a defesa do catolicismo contra a República espanhola anticlerical e anticristã. A latinidade em fn supunha um esquema para integração nacional, uma fórmula para sair da "pouco clara e indefinível consistência étnica atual" e para superar "aquelas diferenças de classe que não deveriam existir em Nações em formação e que nececitam uma igualdade individual e coletiva", apontando, por outro lado, - segundo o modelo fascista italiano - a "uma entidade nacional toda harmônica, própria, que seja finalmente na concepção e na realidade dos fatos um País orgânico e formado, que pode aportar algo à comunidade dos povos civis" [80].
A latinidade, em poucas palavras, como estratégia cultural oposta à hispanidade conservadora e ao panamericanismo econômico, poderia compensar as debilidades e as insuficiências da penetração econômica e diplomática da Itália e os resultados incertos da expansão política e ideológica do fascismo.
Ainda assim a latinidade, contudo, tinha dificuldade para se impôr. Tinha, frequentemente, a debilidade de ser ao fim e ao cabo a expressão de um imperialismo europeu, mesmo débil e distante fosse (e sem antecedentes históricos na região). Isto suscitava a desconfiança em países que buscavam a construção e o fortalecimento de suas identidades nacionais e a defesa de sua soberania. México, em particular, considerado "bastão da latinidade" contra o mundo anglossaxão, parecia preferir a busca de suas razízes nacionais nas antigas civilizações pré-colombianas no lugar de Roma. [81]
Com a Guerra da Etiopia (1935-1936) não faltaram os temores de um intervencionismo italiano na região, apoiado em motivações culturais análogas - a "missão civilizadora" e a colonização "proletária" - as que havia legitimado a fundação do Império africano de Mussolini. A latinidade italiana, além disso, podia resultar incômoda porque relegava a herança ibérica a um papel secundário e desechaba as tradições indígenas como resíduos primitivos e lastres para a civilização. A primazia de Roma, como mito unificador interétnico e panlatino significava também Descartar os mitos alternativos de unidade continental mestiça e nativa, como a "raça cósmica" de Vasconcelos ou o "indoamericanismo" de Haya de la Torre e de Mariátegui [82]. Despois de sua estada de três anos na Itália, José Carlos Mariátegui retoma as críticas ao latinismo de Vasconcelos e conclui: "não somos latinos e não temos nenhum parentesco com Roma" [83].
O projeto político-cultural da latinidade era fundado, então, sobre bases precárias ao não possuir um apoio político suficiente, e era exposto à competencia, hostilidade e incompreensões. A partir de mediados dos anos trinta, a latinidade, reduzida a "um ideal que se está hundiendo paulatinamente" [84], mas não abandonado ainda pela propaganda italiana, enfrentará sobretudo o progresso da ideia panamericana, expressão da crescente potência geopolítica dos Estados Unidos na América Latina.
Os resultados decepcionantes da política cultura de "latinidade", enfim, simbolizavam a insuficiente penetração do fascismo italiano (ideológica, política e geopolítica) e, finalmente, a impossibilidade de avaliar positivamente (de um ponto de vista fascista) os efeitos de uma influência de cuatro lustros de penetração do modelo político italiano na região. O desencontro da Itália fascista com os "fascismos" latinoamericanos têm um dejo final de ironia, pois somente depois de que o regime de Mussolini cai (em 1943) um novo golpe militar na Argentina inicia um experimento político de tendências fascistas, que dará lugar mais tarde - ao finalizar a Guerra Mundial - ao "justicialismo" populista de Perón. O México, por seu lado, segue sua evolução nacional-populista autóctone e o Brasil abandona definitivamente os experimentos fascistas para desenvolver também sua forma peculiar de populismo. No mais, as muitas ilusões, especismos e equívocos recíprocos dos fascistas italianos e de seus homólogos latinoamericanos deixam um legado de incerteza semântica e interpretativa que perdura até hoje.
Notas
75 Grifn, The Nature, 148.
76 Cfr. Emilio Gentile, "L'emigrazione italiana in Argentina nella politica di espansione del nazionalismo e del fascismo", Storia Contemporanea XVII: 3 (Junio 1986): 355-396, aquí 394; Pietro Rinaldo Fanesi, "Le interpretazioni", 402-405.
77 Véase el ensayo de Richard J. B. Bosworth, "Mito e linguaggio nella politica estera italiana", en La politica estera italiana, 1860-1985, eds. R. J. B. Bosworth y S. Romano (Bologna: Il Mulino, 1991), 35-67.
78 Sobre el carácter no-moderno de la hispanidad, véase Bailey W. Dife, "The Ideology of Hispanidad", Hispanic American Historical Review XXII: 3 (Agosto 1943): 457-482. Cfr. también Frederick B. Pike, Hispanismo 1898-1936: Spanish Conservatives and Liberals and the Relations with Spanish America (Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1971).
79 Por otro lado, justamente la victoria en la Guerra civil logrará matizar la rivalidad entre hispanidad y latinidad, en nombre de la lucha común contra "las pretensiones hegemónicas de los anglosajones": Erba, "Per una Spagna imperiale", Critica Fascista XVII: 18 (julio 1939): 290-291. La "hispanidad" de los años treinta (la de Serrano Suñer, Maetzu, Giménez Caballero, Pemartín, etc.) tiene, sin duda, infuencias fascistas.
80 Oreste Villa, L'America Latina, 99, 102. El significado ecuménico, cultural, de la latinidad, significaba también una ventaja frente al nacionalismo alemán, que era visto con recelo por su exclusivismo étnico y racial. "La cuestión de la raza" -escribe el embajador en Brasil a Ciano- "[...] debe entenderse como origen histórico [latino] de toda la nación [...]. Debe entenderse como idioma, que es neo-latín. Debe entenderse como forma mentis, que es mediterránea. Debe entenderse como concepción general de la moral y el derecho, que son romanos; como concepción de la familia, que es católica; como arte, arquitectura, estilo, oratoria, que son todas emparentadas con la cepa [cultural] ibérico-mediterránea". Lojacono a Ciano, Río de Janeiro, 27 de septiembre 1937, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 7, doc. 373, 450. La Latinidad, en suma, debería entenderse como herencia viva, histórica y cultural, no como comunidad etno-biológica.
81 Franco Savarino, "The Sentinel", 97-120.
82 Franco Savarino, "Apuntes sobre el fascismo", 105-106. Véase José Vasconcelos, La raza cósmica (Barcelona: Agencia Mundial de Librería, 1925). También la Brasilianidade promovida por la AIB se encontraba de facto en competencia con la latinidad itálica.
83 José Carlos Mariátegui, Lettere dall'Italia ed altri scritti (Roma: Editori Riuniti, 1973), 154.
84 Aldo Bizzarri, "America 'Latina'?", Critica Fascista XVIII: 22 (septiembre 1940): 372-373.
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Para visualizar toda a bibliografia do texto, acessar a página original: Link.
Fonte: Scielo
Texto: JOGO DE ILUSÕES: BRASIL, MÉXICO E OS "FASCISMOS" LATINOAMERICANOS FRENTE AO FASCISMO ITALIANO
Autor: Franco Savarino
http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0121-16172009000100009&script=sci_arttext
Tradução: Roberto Lucena
Observação: texto sem revisão.
Ver:
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 03
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 02
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 01
Ver também:
O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 1
O Partido Alemão Nacional-Socialista na Argentina, Brasil e Chile frente às comunidades alemãs: 1933-1939 - parte 01
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quarta-feira, 20 de março de 2013
Trote com saudação nazista gera denúncia de racismo na UFMG
Fotos de 'brincadeira' passaram a circular em redes sociais e provocaram revolta
UOL 18 Março de 2013 - 20:02
Um trote realizado por alunos da Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) na última sexta-feira (15) levou a acusações de racismo e sexismo na internet depois que duas fotos da “brincadeira” passaram a circular nas redes sociais.
Em uma delas, uma caloura aparece amarrada e pintada de preto enquanto um veterano a puxa por uma corrente. Ela carrega um cartaz em que é chamada de “Caloura Chica da Silva”, em referência à escrava que viveu em Minas Gerais no século 18.
A outra imagem mostra veteranos –um deles com um bigode semelhante ao usado por Adolf Hitler – fazendo uma saudação nazista enquanto um “bixo” é atado a um pilar.
As duas fotos “viralizaram” nas redes sociais, em especial no Facebook, com mais de 2.500 compartilhamentos em menos de 5 horas, e causaram protestos em grupos de discussão relacionados à universidade.
Universidade investiga o caso, ocorrido na Faculdade de Direito na última sexta-feira (15)
Na página do Facebook do CAAP (Centro Acadêmico Afonso Pena), da Faculdade de Direito, enquanto alguns internautas consideraram o trote “ofensivo” e “humilhante”, outros disseram se tratar apenas de uma brincadeira tirada do contexto.
Procurada, a UFMG afirmou que investiga o caso e ainda se manifestará oficialmente. O CAAP convocou uma reunião para discutir o caso nesta terça-feira (19).
Nenhum representante do DCE (Diretório Central dos Estudantes) foi encontrado para comentar o trote até o fechamento desta matéria.
Fonte: Tribuna Hoje
http://www.tribunahoje.com/noticia/58163/brasil/2013/03/18/trote-com-saudaco-nazista-gera-denuncia-de-racismo-na-ufmg.html
Comentário: eu fiz há poucos dias um post que trata dessa questão, este aqui História do Brasil e "revisionismo", da ligação da proliferação do racismo/neonazismo (incluindo aí o negacionismo do Holocausto) no Brasil e da ignorância das pessoas sobre a História do país, além da falta de capacidade de refletir e interpretar.
Este caso é so uma amostra, entre várias, do resultado que uma sociedade que não tem consciência de sua própria história e passado pode produzir em termos de aberrações, uma exibição de ignorância "orgulhosa" da própria estupidez. Que fique claro que quando uso os termos "ignorante" ou "estúpido" não é uma justificação e nem atenuação do problema pelo uso dos termos e sim apontamento de algumas de suas causas. Não é pelo fato de alguém ser supostamente "ignorante" ou 'estúpido' que a pessoa não tenha consciência de que esteja fazendo algum malefício e tampouco que não deva responder pelos seus atos.
Há uma propaganda de extrema-direita sendo disseminada no Brasil, principalmente pela internet, o público alvo costuma ser a classe média e classe média alta do Brasil. A propaganda tenta proliferar esse tipo de mentalidade exposta neste trote e muitas vezes é ligada a manifestações contra a cotas em Universidades (ou se proliferou com força a partir disto). Pros que subestimam o peso da internet em termos de comunicação e massificação de ideias, taí o resultado. Não é porque a TV aberta brasileira (que possui um peso demasiado no país por culpa da população) evita abordar esses assuntos de forma decente (quando não tenta criar tabus explorando a má formação do povo) que o mundo deixa de "girar" e se transformar.
Ver mais:
Comissão da UFMG tem 30 dias para apurar práticas nazistas e racistas em trote (R7)
Alunos acusados de trote racista podem ser expulsos (R7)
UOL 18 Março de 2013 - 20:02
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Foto: Reprodução No Facebook, internautas qualificam trote como 'ofensivo' e 'humilhante' |
Em uma delas, uma caloura aparece amarrada e pintada de preto enquanto um veterano a puxa por uma corrente. Ela carrega um cartaz em que é chamada de “Caloura Chica da Silva”, em referência à escrava que viveu em Minas Gerais no século 18.
A outra imagem mostra veteranos –um deles com um bigode semelhante ao usado por Adolf Hitler – fazendo uma saudação nazista enquanto um “bixo” é atado a um pilar.
As duas fotos “viralizaram” nas redes sociais, em especial no Facebook, com mais de 2.500 compartilhamentos em menos de 5 horas, e causaram protestos em grupos de discussão relacionados à universidade.
Universidade investiga o caso, ocorrido na Faculdade de Direito na última sexta-feira (15)
Na página do Facebook do CAAP (Centro Acadêmico Afonso Pena), da Faculdade de Direito, enquanto alguns internautas consideraram o trote “ofensivo” e “humilhante”, outros disseram se tratar apenas de uma brincadeira tirada do contexto.
Procurada, a UFMG afirmou que investiga o caso e ainda se manifestará oficialmente. O CAAP convocou uma reunião para discutir o caso nesta terça-feira (19).
Nenhum representante do DCE (Diretório Central dos Estudantes) foi encontrado para comentar o trote até o fechamento desta matéria.
Fonte: Tribuna Hoje
http://www.tribunahoje.com/noticia/58163/brasil/2013/03/18/trote-com-saudaco-nazista-gera-denuncia-de-racismo-na-ufmg.html
Comentário: eu fiz há poucos dias um post que trata dessa questão, este aqui História do Brasil e "revisionismo", da ligação da proliferação do racismo/neonazismo (incluindo aí o negacionismo do Holocausto) no Brasil e da ignorância das pessoas sobre a História do país, além da falta de capacidade de refletir e interpretar.
Este caso é so uma amostra, entre várias, do resultado que uma sociedade que não tem consciência de sua própria história e passado pode produzir em termos de aberrações, uma exibição de ignorância "orgulhosa" da própria estupidez. Que fique claro que quando uso os termos "ignorante" ou "estúpido" não é uma justificação e nem atenuação do problema pelo uso dos termos e sim apontamento de algumas de suas causas. Não é pelo fato de alguém ser supostamente "ignorante" ou 'estúpido' que a pessoa não tenha consciência de que esteja fazendo algum malefício e tampouco que não deva responder pelos seus atos.
Há uma propaganda de extrema-direita sendo disseminada no Brasil, principalmente pela internet, o público alvo costuma ser a classe média e classe média alta do Brasil. A propaganda tenta proliferar esse tipo de mentalidade exposta neste trote e muitas vezes é ligada a manifestações contra a cotas em Universidades (ou se proliferou com força a partir disto). Pros que subestimam o peso da internet em termos de comunicação e massificação de ideias, taí o resultado. Não é porque a TV aberta brasileira (que possui um peso demasiado no país por culpa da população) evita abordar esses assuntos de forma decente (quando não tenta criar tabus explorando a má formação do povo) que o mundo deixa de "girar" e se transformar.
Ver mais:
Comissão da UFMG tem 30 dias para apurar práticas nazistas e racistas em trote (R7)
Alunos acusados de trote racista podem ser expulsos (R7)
segunda-feira, 18 de março de 2013
Áustria marca o aniversário de 75 anos da invasão de Hitler
Terça-feira, 12 de março de 2013 10:29 EDT
Tópicos: Áustria - Heinz Fischer
VIENA - A Áustria solenemente marcou nesta terça-feira os 75 anos desde que as tropas alemãs cruzaram a fronteira sem resistência, nas primeiras horas de 12 de março de 1938 e "anexou" o país natal de Hitler ao Terceiro Reich.
"Já na noite de 11 de março, bandeiras com suásticas estavam tremulando sobre Viena e em outras cidades, inclusive na sede da polícia em Viena ... mesmo que nem um único soldado alemão tenha colocado os pés em solo austríaco," disse o Presidente Heinz Fischer em uma cerimônia na capital.
"Logo depois mergulhamos na Segunda Guerra Mundial, com todas as suas conseqüências, e os austríacos foram maciçamente envolvidos nos crimes do nacional-socialismo. Isso tudo se tornou parte da nossa história, e este ainda é doloroso até este dia."
Três dias após a entrada de suas tropas, Hitler fez um discurso em Viena - a cidade que ele havia deixado em 1913 como um artista fracassado - para uma multidão eufórica de 250.000 pessoas. Um plebiscito logo depois selou a anexação.
Entre a vibrante comunidade judaica da Áustria, 66.000 foram posteriormente assassinados e 130 mil obrigados a fugir. Cerca de 20.000 austríacos foram mortos no "programa de eutanásia" nazista destinado a deficientes mentais e 90 por cento dos Roma e Sinti do país pereceram, disse Fischer.
Cerca de 9.500 opositores austríacos ao nazismo ou foram executadas ou morreram nas mãos da polícia secreta da Gestapo e 247.000 soldados austríacos morreram na guerra de 1939-1945, assim como 35 mil civis.
Fischer, que também lançou uma coroa de flores no monumento às vítimas do fascismo e da guerra, disse que o sistema totalitário nazista "só poderia acontecer através da cooperação de fanáticos, seguidores e colaboradores, bem como daqueles que deliberadamente fecharam os olhos".
Fonte: Agence France-Presse/The Raw Story
http://www.rawstory.com/rs/2013/03/12/austria-marks-75th-anniversary-of-hitler-invasion/
Tradução: Roberto Lucena
Tópicos: Áustria - Heinz Fischer
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O Presidente da Áustria, Heinz Fischer (R) em uma cerimônia que marca os 75 anos desde o Anschluss em Viena em 12 de março de 2013 (AFP, Alexander Klein) |
"Já na noite de 11 de março, bandeiras com suásticas estavam tremulando sobre Viena e em outras cidades, inclusive na sede da polícia em Viena ... mesmo que nem um único soldado alemão tenha colocado os pés em solo austríaco," disse o Presidente Heinz Fischer em uma cerimônia na capital.
"Logo depois mergulhamos na Segunda Guerra Mundial, com todas as suas conseqüências, e os austríacos foram maciçamente envolvidos nos crimes do nacional-socialismo. Isso tudo se tornou parte da nossa história, e este ainda é doloroso até este dia."
Três dias após a entrada de suas tropas, Hitler fez um discurso em Viena - a cidade que ele havia deixado em 1913 como um artista fracassado - para uma multidão eufórica de 250.000 pessoas. Um plebiscito logo depois selou a anexação.
Entre a vibrante comunidade judaica da Áustria, 66.000 foram posteriormente assassinados e 130 mil obrigados a fugir. Cerca de 20.000 austríacos foram mortos no "programa de eutanásia" nazista destinado a deficientes mentais e 90 por cento dos Roma e Sinti do país pereceram, disse Fischer.
Cerca de 9.500 opositores austríacos ao nazismo ou foram executadas ou morreram nas mãos da polícia secreta da Gestapo e 247.000 soldados austríacos morreram na guerra de 1939-1945, assim como 35 mil civis.
Fischer, que também lançou uma coroa de flores no monumento às vítimas do fascismo e da guerra, disse que o sistema totalitário nazista "só poderia acontecer através da cooperação de fanáticos, seguidores e colaboradores, bem como daqueles que deliberadamente fecharam os olhos".
Fonte: Agence France-Presse/The Raw Story
http://www.rawstory.com/rs/2013/03/12/austria-marks-75th-anniversary-of-hitler-invasion/
Tradução: Roberto Lucena
sábado, 16 de março de 2013
Hitler - o judeu sionista (Parte I)
Minha esposa e eu estávamos assistindo o Hitler Channel - ops, quer dizer, o History Channel outra noite, e havia uma biografia de Reinhard Heydrich, a Conferência de Wannsee, os campos nomeados por ele etc Foi um programa principalmente sobre seu assassinato, em Praga, na primavera de 1942, mas tinha algumas informações sobre ele, inclusive o seu próprio medo de que ele tinha uma ascendência parcialmente judaica. Isto é, tanto quanto eu sei (Sergey ou Nick, provavelmente podem me corrigir), isso nunca foi definitivamente provado de um jeito ou de outro. Naturalmente, o auto-ódio como uma fonte de antissemitismo não é um fenômeno novo.
E tudo que sabemos da afirmação de que Hitler tinha uma ascendência parcialmente judaica foi morrendo, particularmente difícil se sustentar por cerca de oitenta anos. Então, imagine minha surpresa quando ouvi uma entrevista de três horas com um "católico tradicional" (ou seja, cismático) Jim Condit, Jr., realizado pelo lunático Christopher Jon Bjerknes e descobri que não apenas Hitler era judeu, mas que ele foi um sionista e, além disso, a maioria da liderança nazista era igualmente judaica.
A maior parte deste lixo é narrado no filme de Condit, The Final Solution to Adolf Hitler (A solução final para Adolf Hitler), que pode ser visto online aqui. Eu vou encarar este vídeo em três partes. Esta aqui é a parte I.
A principal coisa que impressionou tanto Bjerknes em relação a Condit é que Condit supostamente tinha fontes de tudo o que afirmou. Então, eu decidi ver o filme de Condit (a primeira hora mais as duas horas restantes), visando avaliar suas fontes. Vou listá-las numericamente, então aqui estão as fontes de Condit, em ordem numérica.
01. Barbarians Inside the Gates (Bárbaros dentro dos portões) de Donn R. Grand Pre. Condit cita este livro como um dos que ele leu e o levou a se interessar por toda esta teoria da conspiração de que "Hitler era um judeu sionista". Grand Pre aparentemente era o maior traficante de armas na administração Carter - ou um dos que ele afirma (eu sempre achei que esta honraria tinha ido pra Adnan Khashoggi). Eu não posso garantir nada de uma forma ou de outra para este livro, a não ser dizer que foi aí que Condit teve sua "iniciação", e que é muito provavelmente uma porcaria.
02. Hitler's Policy Is a Jewish Policy (A polícia de Hitler é uma política judaica) de P.R. Masson and Borge Jensen. Este livro pretende ser a correspondência entre os autores acima listados e um "publicista judeu" (não citado - obviamente). Eu não pude encontrar muita informação sobre Masson, mas Borge Jensen tem pelo menos dois livros em seu nome: The "Palestine" Plot (O complô "Palestina") e The "World Food Shortage": A Communist-Zionist Plot (A "escassez mundial de alimentos": uma conspiração comunista-sionista). Eu acho que podemos ver que o segundo título é onde as afinidades de Sr. Jensen se encontram. O editor do panfleto citado aqui é a KRP Publications, Ltd., que numa busca no Google revelou que publica principalmente livros sobre bancos e "crédito social", um esquema econômico adotado por uma variedade de pessoas descontentes, principalmente Ezra Pound.
Os pontos-chaves que Condit retira deste panfleto são: (a) as leis raciais de Nuremberg foram apenas a "adequação" da Lei Judaica sobre "raça" em solo alemão, e (b) Otto von Bismarck e o Kaiser Guilherme II foram "cercados" por judeus. No primeiro ponto, deve-se considerar que, embora a Lei judaica permite que qualquer judeu, exceto um homem da linhagem Kohen/Cohen (sacerdotal) se case com um convertido - de fato, o Livro de Ruth em todo padrão das Bíblias é uma história de conversão ao judaísmo - - as Leis de Nuremberg não permitiria tal coisa. Sobre o segundo ponto, considere que Bismarck, uma vez brincou com Benjamin Disraeli, presumivelmente sobre o Sudoeste Africano, que "os alemães acabaram de comprar um novo país na África onde os judeus e os porcos serão tolerados", ao que Disraeli respondeu: "Felizmente ambos estamos aqui na Inglaterra." Quanto ao Kaiser Guilherme, enquanto ele achava que os nazistas seriam bandidos, ele não tinha nenhum "amor" por judeus. Uma citação informativa da Enciclopédia Judaica (The Jewish Encyclopedia) sobre ambos:
Em suma, a alegação de que estes homens eram "rodeados" por judeus é um pouco ridícula em qualquer tempo.
03. American Free Press. Condit cita este artigo. Ele sugere que esta reunião da AIPAC foi "suprimida" pelos meios de comunicação de massa, e ainda o próprio artigo menciona tanto o Chicago Tribune como o Washington Post.
Mas o problema, de novo, é a fonte. A American Free Press é publicada por Willis Carto, um homem que processou o National Review por tê-lo chamado de "neonazista", apenas para ter a que o juiz dissesse se este era "um comentário justo." Sobre qualquer assunto que lide com os judeus, uma publicação de Carto não é confiável (ele fundou o Instituto de Revisão Histórica, IHR).
04. Hitler's Jewish Soldiers (Os soldados judeus de Hitler) de Brian Mark Rigg. Acho que a maioria de nós já ouviu falar deste livro. O que Condit diz apenas uma vez é que esses "soldados judeus" eram Mischlinge, ou seja, tinham apenas uma parcial ascendência judaica. E, se você já leu as Leis de Nuremberg, você sabe que as pessoas com um avô judeu tinha muito poucas restrições, e até mesmo pessoas com dois avós judeus poderiam ser isentos de prioridade no serviço militar.
Em outras palavras, não há grandes revelações neste livro.
05. Here We Go Again (Lá vamos nós novamente) de Doug Collins. Collins é um jornalista falecido canadense, cujo obituário em seu próprio jornal que você pode ler aqui.
06. IBM and the Holocaust (IBM e o Holocausto) de Edwin Black. Eu não sei exatamente qual o ponto de Condit ao citar este livro. Ele parece concordar com a conta de Black que Tom Watson, fundador da IBM (e um homem meu avô conheceu), trabalhou com os nazistas.
07. Open Secrets (Segredos Revelados) de Israel Shahak. Shahak poderia ser uma fonte útil se não fosse um mentiroso condenado em tribunal.
08. Secret Contacts: Zionist-Nazi Relations (Contatos secretos: relações nazi-sionistas), de Klaus Pohlken. Condit usa este artigo do Journal of Palestine Studies para provar, entre outras coisas, que, enquanto Hitler fechou todos os jornais judaicos publicados, ele deixou os jornais sionistas continuarem a operar.
Então, qual a conclusão? Não está claro (e estava ainda mais claro nas Leis de Nuremberg) que Hitler queria que a única voz judaica que poderia ser ouvida era uma que não tinha lealdade com a Alemanha?
O que é engraçado sobre a inclusão desta fonte pelo Condit é que Condit é um anticomunista, mas Pohlken era um alemão oriental, historiador marxista com a plena aprovação de seu governo. Eu pensava que o comunismo era um empreendimento sionista? Então, por que o antissionismo de um escritor comunista?
09. The Transfer Agreement (O Acordo de Transferência) de Edwin Black. Bocejos... Condit disse em sua entrevista com Bjerknes que Black inutilizou esta história. Na verdade, foi "inutilizada" pelo menos desde o início de 1963 por Hannah Arendt em Eichmann in Jerusalem (Eichmann em Jerusalém). Condit afirma que o acordo de transferência (Ha'avara em hebraico) foi um esforço de fazer dinheiro por parte dos sionistas. Na verdade, o que o yishuv conseguiu na Palestina foi o povo, não o dinheiro. Discuto isso no meu artigo sobre a Kristallnacht, que você pode ler aqui.
Condit faz uma grande jogada de que "Hitler nunca reclamou" sobre o acordo de transferência. Por que ele faria? Isso tirou os judeus da Alemanha e fez dinheiro para o Reich. O que há pra reclamar, do ponto de vista de Hitler?
10. Um panfleto do rabino Moshe Shonfeld. Bocejos novamente. Este rabino antissionista "revela" que a polícia judaica ajudou a prender judeus para deportação.
Hilberg não escreveu sobre isso ainda em 1961?
11. Hitler's Youth (A juventude de Hitler) de Franz Jetzinger. Condit nunca diz explicitamente que este livro supostamente faz a revelação, mas ele parece implicar de que o livro no fundo prova a alegada ascendência judaica de Hitler.
12. Bevor Hitler Kam de Dietrich Bronder. Condit não sabe ler alemão, mas ele afirma que este livro também confirma a teoria de que "Hitler era judeu".
13. Hitler's Vienna: A Dictator's Apprenticeship (A Viena de Hitler: Estágio para um ditador) de Brigitte Hamann. Neste Condit cita a "confissão no leito de morte" de Hans Frank, de que Hitler era judeu. Hamann escreve, "O que precisa ser destacado é que a história de Frankenberger [ver abaixo] tem uma única fonte: Hans Frank. Na procura por um motivo para suas insinuações equivocadas ele acaba não suspeitando da fúria antissemita de Frank querendo colocar sua responsabilidade sobre os judeus por causa de um Hitler supostamente judeu, ou pelo menos sacudi-los por meio de boatos "(p. 52). Aliás, apesar das afirmações em outros lugares feitas por Condit, este livro também afirma claramente que William Patrick Hitler, meio-sobrinho de Adolf por parte do meio-irmão Alois Jr. e sua esposa irlandesa, nunca alegou ascendência judaica.
Neste ponto deste filme, somos informados por Condit que, durante o Anschluss, Hitler teve registros etc, em sua cidade natal de Braunau, Áustria, destruídos. E ainda que a casa de seu nascimento ainda estava de pé. Além disso, dado que Hitler nasceu em Braunau, não muito longe de Linz, enquanto seu pai (que foi registrado antes do nascimento de Adolf) nasceu perto de Viena, não faz nenhum sentido destruir registros em Braunau - não teria havido qualquer pai supostamente judeu de Alois.
Darei a última palavra a Ian Kershaw:
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Andrew E. Mathis
Hitler the Jewish Zionist (Part I)
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2007/07/hitler-jewish-zionist-part-i.html
Tradução: Roberto Lucena
Próximo: Hitler - o judeu sionista (Parte II)
E tudo que sabemos da afirmação de que Hitler tinha uma ascendência parcialmente judaica foi morrendo, particularmente difícil se sustentar por cerca de oitenta anos. Então, imagine minha surpresa quando ouvi uma entrevista de três horas com um "católico tradicional" (ou seja, cismático) Jim Condit, Jr., realizado pelo lunático Christopher Jon Bjerknes e descobri que não apenas Hitler era judeu, mas que ele foi um sionista e, além disso, a maioria da liderança nazista era igualmente judaica.
A maior parte deste lixo é narrado no filme de Condit, The Final Solution to Adolf Hitler (A solução final para Adolf Hitler), que pode ser visto online aqui. Eu vou encarar este vídeo em três partes. Esta aqui é a parte I.
A principal coisa que impressionou tanto Bjerknes em relação a Condit é que Condit supostamente tinha fontes de tudo o que afirmou. Então, eu decidi ver o filme de Condit (a primeira hora mais as duas horas restantes), visando avaliar suas fontes. Vou listá-las numericamente, então aqui estão as fontes de Condit, em ordem numérica.
01. Barbarians Inside the Gates (Bárbaros dentro dos portões) de Donn R. Grand Pre. Condit cita este livro como um dos que ele leu e o levou a se interessar por toda esta teoria da conspiração de que "Hitler era um judeu sionista". Grand Pre aparentemente era o maior traficante de armas na administração Carter - ou um dos que ele afirma (eu sempre achei que esta honraria tinha ido pra Adnan Khashoggi). Eu não posso garantir nada de uma forma ou de outra para este livro, a não ser dizer que foi aí que Condit teve sua "iniciação", e que é muito provavelmente uma porcaria.
02. Hitler's Policy Is a Jewish Policy (A polícia de Hitler é uma política judaica) de P.R. Masson and Borge Jensen. Este livro pretende ser a correspondência entre os autores acima listados e um "publicista judeu" (não citado - obviamente). Eu não pude encontrar muita informação sobre Masson, mas Borge Jensen tem pelo menos dois livros em seu nome: The "Palestine" Plot (O complô "Palestina") e The "World Food Shortage": A Communist-Zionist Plot (A "escassez mundial de alimentos": uma conspiração comunista-sionista). Eu acho que podemos ver que o segundo título é onde as afinidades de Sr. Jensen se encontram. O editor do panfleto citado aqui é a KRP Publications, Ltd., que numa busca no Google revelou que publica principalmente livros sobre bancos e "crédito social", um esquema econômico adotado por uma variedade de pessoas descontentes, principalmente Ezra Pound.
Os pontos-chaves que Condit retira deste panfleto são: (a) as leis raciais de Nuremberg foram apenas a "adequação" da Lei Judaica sobre "raça" em solo alemão, e (b) Otto von Bismarck e o Kaiser Guilherme II foram "cercados" por judeus. No primeiro ponto, deve-se considerar que, embora a Lei judaica permite que qualquer judeu, exceto um homem da linhagem Kohen/Cohen (sacerdotal) se case com um convertido - de fato, o Livro de Ruth em todo padrão das Bíblias é uma história de conversão ao judaísmo - - as Leis de Nuremberg não permitiria tal coisa. Sobre o segundo ponto, considere que Bismarck, uma vez brincou com Benjamin Disraeli, presumivelmente sobre o Sudoeste Africano, que "os alemães acabaram de comprar um novo país na África onde os judeus e os porcos serão tolerados", ao que Disraeli respondeu: "Felizmente ambos estamos aqui na Inglaterra." Quanto ao Kaiser Guilherme, enquanto ele achava que os nazistas seriam bandidos, ele não tinha nenhum "amor" por judeus. Uma citação informativa da Enciclopédia Judaica (The Jewish Encyclopedia) sobre ambos:
Enquanto Bismarck estava no poder o antissemitismo foi verificado, pois, embora fosse um antissemita de nascimento, como ele mesmo confessou, ele nunca permitiu que os elementos turbulentos 'ganhassem' o poder. De fato, após sua aposentadoria, ele disse que os conservadores, em sua tentativa de combater o socialismo com o antissemitismo, "haviam pego o inseticida errado" ("Allg. Zeit. D. Jud." 11 de novembro., 1892). A ascensão do imperador Guilherme II. ao trono (15 de junho de 1888) logo encorajou os antissemitas e seus aliados. Foi feita uma tentativa de induzir o imperador a recusar a sua confirmação da eleição do Prof Julius Bernstein como Reitor Magnífico da Universidade de Halle. Bismarck, evidentemente, aconselhou o Imperador a declinar de agir assim. Foi também a influência de Bismarck que trouxe a aposentadoria de Stöcker como capelão da corte.
Em suma, a alegação de que estes homens eram "rodeados" por judeus é um pouco ridícula em qualquer tempo.
03. American Free Press. Condit cita este artigo. Ele sugere que esta reunião da AIPAC foi "suprimida" pelos meios de comunicação de massa, e ainda o próprio artigo menciona tanto o Chicago Tribune como o Washington Post.
Mas o problema, de novo, é a fonte. A American Free Press é publicada por Willis Carto, um homem que processou o National Review por tê-lo chamado de "neonazista", apenas para ter a que o juiz dissesse se este era "um comentário justo." Sobre qualquer assunto que lide com os judeus, uma publicação de Carto não é confiável (ele fundou o Instituto de Revisão Histórica, IHR).
04. Hitler's Jewish Soldiers (Os soldados judeus de Hitler) de Brian Mark Rigg. Acho que a maioria de nós já ouviu falar deste livro. O que Condit diz apenas uma vez é que esses "soldados judeus" eram Mischlinge, ou seja, tinham apenas uma parcial ascendência judaica. E, se você já leu as Leis de Nuremberg, você sabe que as pessoas com um avô judeu tinha muito poucas restrições, e até mesmo pessoas com dois avós judeus poderiam ser isentos de prioridade no serviço militar.
Em outras palavras, não há grandes revelações neste livro.
05. Here We Go Again (Lá vamos nós novamente) de Doug Collins. Collins é um jornalista falecido canadense, cujo obituário em seu próprio jornal que você pode ler aqui.
06. IBM and the Holocaust (IBM e o Holocausto) de Edwin Black. Eu não sei exatamente qual o ponto de Condit ao citar este livro. Ele parece concordar com a conta de Black que Tom Watson, fundador da IBM (e um homem meu avô conheceu), trabalhou com os nazistas.
07. Open Secrets (Segredos Revelados) de Israel Shahak. Shahak poderia ser uma fonte útil se não fosse um mentiroso condenado em tribunal.
08. Secret Contacts: Zionist-Nazi Relations (Contatos secretos: relações nazi-sionistas), de Klaus Pohlken. Condit usa este artigo do Journal of Palestine Studies para provar, entre outras coisas, que, enquanto Hitler fechou todos os jornais judaicos publicados, ele deixou os jornais sionistas continuarem a operar.
Então, qual a conclusão? Não está claro (e estava ainda mais claro nas Leis de Nuremberg) que Hitler queria que a única voz judaica que poderia ser ouvida era uma que não tinha lealdade com a Alemanha?
O que é engraçado sobre a inclusão desta fonte pelo Condit é que Condit é um anticomunista, mas Pohlken era um alemão oriental, historiador marxista com a plena aprovação de seu governo. Eu pensava que o comunismo era um empreendimento sionista? Então, por que o antissionismo de um escritor comunista?
09. The Transfer Agreement (O Acordo de Transferência) de Edwin Black. Bocejos... Condit disse em sua entrevista com Bjerknes que Black inutilizou esta história. Na verdade, foi "inutilizada" pelo menos desde o início de 1963 por Hannah Arendt em Eichmann in Jerusalem (Eichmann em Jerusalém). Condit afirma que o acordo de transferência (Ha'avara em hebraico) foi um esforço de fazer dinheiro por parte dos sionistas. Na verdade, o que o yishuv conseguiu na Palestina foi o povo, não o dinheiro. Discuto isso no meu artigo sobre a Kristallnacht, que você pode ler aqui.
Condit faz uma grande jogada de que "Hitler nunca reclamou" sobre o acordo de transferência. Por que ele faria? Isso tirou os judeus da Alemanha e fez dinheiro para o Reich. O que há pra reclamar, do ponto de vista de Hitler?
10. Um panfleto do rabino Moshe Shonfeld. Bocejos novamente. Este rabino antissionista "revela" que a polícia judaica ajudou a prender judeus para deportação.
Hilberg não escreveu sobre isso ainda em 1961?
11. Hitler's Youth (A juventude de Hitler) de Franz Jetzinger. Condit nunca diz explicitamente que este livro supostamente faz a revelação, mas ele parece implicar de que o livro no fundo prova a alegada ascendência judaica de Hitler.
12. Bevor Hitler Kam de Dietrich Bronder. Condit não sabe ler alemão, mas ele afirma que este livro também confirma a teoria de que "Hitler era judeu".
13. Hitler's Vienna: A Dictator's Apprenticeship (A Viena de Hitler: Estágio para um ditador) de Brigitte Hamann. Neste Condit cita a "confissão no leito de morte" de Hans Frank, de que Hitler era judeu. Hamann escreve, "O que precisa ser destacado é que a história de Frankenberger [ver abaixo] tem uma única fonte: Hans Frank. Na procura por um motivo para suas insinuações equivocadas ele acaba não suspeitando da fúria antissemita de Frank querendo colocar sua responsabilidade sobre os judeus por causa de um Hitler supostamente judeu, ou pelo menos sacudi-los por meio de boatos "(p. 52). Aliás, apesar das afirmações em outros lugares feitas por Condit, este livro também afirma claramente que William Patrick Hitler, meio-sobrinho de Adolf por parte do meio-irmão Alois Jr. e sua esposa irlandesa, nunca alegou ascendência judaica.
Neste ponto deste filme, somos informados por Condit que, durante o Anschluss, Hitler teve registros etc, em sua cidade natal de Braunau, Áustria, destruídos. E ainda que a casa de seu nascimento ainda estava de pé. Além disso, dado que Hitler nasceu em Braunau, não muito longe de Linz, enquanto seu pai (que foi registrado antes do nascimento de Adolf) nasceu perto de Viena, não faz nenhum sentido destruir registros em Braunau - não teria havido qualquer pai supostamente judeu de Alois.
Darei a última palavra a Ian Kershaw:
A história de Frank ganhou grande circulação na década de 1950. Mas ela simplesmente não se sustenta. Não havia família judia chamada Frankenberger em Graz durante a década de 1830. Na verdade, não havia judeus em toda Styria naquele tempo, uma vez que os judeus não eram permitidos ficar naquela parte da Áustria até 1860. Uma família chamada Frankenreiter viveu lá, mas não era judia. Não há evidências de que Maria Anna estava sempre em Graz, e o deixou só quando foi contratada pelo açougueiro Leopold Frankenreiter. Nenhuma correspondência entre Maria Anna e uma família chamada Frankenberg ou Frankenreiter apareceu. O filho de Leopold Frankenreiter e suposto pai do bebê (de acordo com a história de Frank e aceitando que ele apenas confundiu os nomes) para quem Frankenreiter foi parentemente teria que pagar pensão alimentícia por treze anos tinha dez anos de idade na época do nascimento de Alois. Aliás, em tais tempos difíceis, o pagamento da família Frankenreiter de qualquer apoio a Maria Anna Schicklgruber teria sido inconcebível. Igualmente a falta de credibilidade do comentário de Frank de que Hitler aprendeu com sua avó que não havia nenhuma verdade na história de Graz: sua avó havia morrido há mais de 40 anos na ocasião do nascimento de Hitler. E se de fato Hitler recebeu uma carta de chantagem de seu sobrinho, em 1930, também é duvidosa. Se tal fosse o caso, então, Patrick - que repetidamente fez um incômodo a si mesmo por arrecadar dinheiro de seu tio famoso - teve sorte em sobreviver nos próximos anos que ele passou a maior parte na Alemanha, e de ser capaz de deixar o país por bem em Dezembro de 1938. Suas 'revelações', quando apareceram em um jornal de Paris, em agosto de 1939, não continha nada sobre a história de Graz. Nem uma série de inquéritos diferentes da Gestapo sobre a ascendência da família de Hitler nas décadas de 1930 e 1940 contém qualquer referência à alegada ligação com Graz. Na verdade, eles não descobriram novos esqueletos no armário. As Memórias de Hans Frank, ditada no momento em que ele estava esperando o carrasco e claramente passando por uma crise psicológica, está cheia de imprecisões e tem que ser usada com cautela. No que diz respeito à história da alegada ascendência judaica do avô de Hitler, elas não têm valor. O avô de Hitler, fosse quem fosse, não era um judeu de Graz.Mais quando eu compilar o resto.
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Andrew E. Mathis
Hitler the Jewish Zionist (Part I)
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2007/07/hitler-jewish-zionist-part-i.html
Tradução: Roberto Lucena
Próximo: Hitler - o judeu sionista (Parte II)
sexta-feira, 15 de março de 2013
Judeus na Lituânia: o fim de uma esplêndida cultura
A história dos judeus na Lituânia tem em torno de 600 anos: do início do século 14 até seu auge, no começo do século 20. Com a ocupação nazista, ela teve um fim sangrento.
Emanuel Zingeris demonstra certa angústia quando se lembra do passado judaico de seu país: "O fim da história da 'Idichelândia', o fim da cultura judaica que ultrapassava fronteiras e do orgulho do ídiche é uma tragédia até hoje", diz o parlamentar lituano, que, em casa, ainda fala ídiche com a mãe.
Zingeris tem um sonho: ele quer coletar e reunir em Vilnius os vestígios, fragmentos e resquícios da herança cultural judaica, que ainda estão espalhados pelo mundo. E também tudo o que artistas judaico-lituanos modernos criaram. Sempre com a consciência de que isso reflete apenas um mínimo do que existiu no passado.
Emanuel Zingeris empenha-se em prol da memória histórica judaica em Vilnius
Lembrança desvanecida
O político lituano de 55 anos e ex-diretor do Museu Judaico de Vilnius lembra também que somente depois da derrocada do regime soviético, em 1990, é que se tornou possível quebrar o tabu e começar a falar sobre as vítimas judias e sobre o extermínio de sua cultura no país.
Um processo doloroso, mas de forma alguma concluído, diz Zingeris. O Parlamento lituano não fica longe da região onde antigamente ficava o Schtetl – o bairro judeu, que se transformou em gueto com a invasão dos nazistas em 1941. Sair em busca desses rastros hoje é difícil, pois não restou praticamente nada, exceto alguns pequenos vestígios. A jovem Isaiah Urken, fotógrafa e membro da comunidade judaica de Vilnius, conhece os poucos resquícios e ajuda a decifrá-los.
Um dos raros resquícios: estrela de Davi nos muros de uma casa
Esplendor e ascensão
A história do judaísmo lituano é uma história de ascensão, prosperidade e extermínio. O Principado de Vytautas deu início a tudo, quando, no ano de 1388, concedeu aos judeus, que viviam em seu território, direitos próprios e privilégios. Cerca de dois séculos mais tarde, passaram a viver na região muitos judeus, que foram desenvolvendo no lugar suas comunidades, com infraestrutura e certo bem-estar social.
O período que começa em meados do século 18 é caracterizado como a primeira fase de prosperidade e diferenciação da cultura judaica na região. Naquela época, o famoso e influente rabino Elijahu, chamado de "o grande gaon de Vilnius", era uma autoridade inquestionável em questões religiosas.
Por outro lado, surgia também o movimento haskala (esclarecimento), calcado em exemplos da Europa Ocidental, sob a influência do filósofo alemão Moses Mendelssohn. O movimento defendia um judaísmo moderno, uma educação secular e a integração social. E havia hostilidades e conflitos entre essas duas frentes.
Sinais do passado: escritos em hebraico na fachada de uma casa
A "Jerusalém do norte"
Ao mesmo tempo, porém, foi se desenvolvendo na região até o início do século 20 uma rica cultura judaica, que se manifestava nas diversas instituições científicas, políticas e de ensino, em centros religiosos, teatros, editoras e jornais.
Com suas 110 sinagogas, Vilnius se transformava na "Jerusalém do norte" – uma metrópole esplêndida, que exercia um fascínio sobre as pessoas para muito além das fronteiras da própria Lituânia, atraindo judeus de outros países europeus, inclusive dos de língua alemã.
Pátio de um antigo gueto
Em 1925, foi fundado o Instituto YIVO ( a abreviatura em ídiche para Instituto Científico de Ídiche), voltado para a pesquisa da cultura e língua judaicas. Pois o ídiche era a língua materna dos judeus da Lituânia: um idioma criado a partir da união do alto alemão médio (Mittelhochdeutsch) com o hebraico, línguas eslavas e outras influências, que era falado por todos os lados no Leste Europeu até a Segunda Guerra Mundial.
Grandes poetas como Abraham Sutzkever, Scholem Alejchem, Isaac Bashevis Singer e muitos outros escreviam em ídiche. Em 1928, havia até mesmo um PEN Club de escritores judeus em Vilnius.
Única sinagoga que restou das 110 do passado em Vilnius
Ídiche: língua culta
O ídiche escrito em alfabeto hebraico é um produto da história milenar dos judeus na Europa, diz o professor argentino Avraham Lichtenbaum: "Era uma língua europeia, que despertava orgulho e era falada em diversos países. Quem quer hoje saber como pensavam os judeus naquela época, precisa conhecer esse idioma", diz ele. Lichtenbaum, cujos antepassados emigraram da Alemanha para a Argentina, dá aulas de ídiche em Vilnius e em Buenos Aires.
Vilnius era, portanto, a capital exuberante de uma Lituânia que abrigava o centro cultural do judaísmo europeu e onde viviam 250 mil judeus. Dali saíram diversos artistas importantes, que se espalharam mais tarde pelo mundo. Entre eles o violinista Jascha Heifetz, o pintor Chaim Soutine, o escultor Jacques Lipschitz, e também Ludwig Zamenhof, criador do esperanto, bem como o lingista Max Weinreich e diversos pesquisadores do ídiche – todos responsáveis pelo desenvolvimento da cultura europeia, apesar das adversidades históricas e políticas que tiveram de enfrentar no decorrer dos séculos.
Extermínio e recomeço
A catástrofe começou em junho de 1941, com a ocupação alemã, quando foram criados guetos em Vilnius, Kaunas e em outras regiões. Começaram as caçadas aos judeus, prisões, torturas, trabalhos forçados. Em grande estilo, a SS e a Wehrmacht planejaram a morte e execução de milhares de pessoas nas ruas ou em lugares destinados a fuzilamentos em massa.
Em muitos casos, o horror teve a ajuda de colaboradores lituanos. O saldo foi de apenas 5% de sobreviventes entre os litvaks, como os judeus lituanos se denominam. Em meados de 1944, com a entrada do Exército Vermelho no país, a Lituânia havia se transformado num mar de valas comuns.
Em Paneriai, 10 mil judeus foram assassinados
Hoje, vivem no país aproximadamente cinco mil judeus, a maioria deles já idosos, sobreviventes do Holocausto, e seus descendentes. As comunidades judaicas, fundadas novamente, têm problemas em angariar membros.
Jovens como a fotógrafa Isaiah Urken são uma raridade: "Não sou muito religiosa, mas conheço as tradições e tento me ater a algumas regras", diz ela. Ela conta que muitos de seus amigos judeus se mudaram para o exterior, em busca de uma vida melhor.
Dois pesos: passados nazista e soviético
Os dois passados da Lituânia dificultam o discurso histórico: depois de 1945, com o fim da Segunda Guerra, 10 mil lituanos (judeus e não judeus) foram vítimas do regime soviético. Para muitos habitantes do país hoje, não é óbvia a obrigação de falar sobre o extermínio do povo judeu no país e de dar ao assunto um lugar na memória coletiva.
Um pequeno museu lembra o genocídio. O moderno centro, com suas instalações claras, volta-se, com exposições e ofertas didáticas, para as novas gerações. O tema ao menos é tratado nas escolas do país e em conferências científicas.
Cemitério judaico de Vilnius: luto pelos horrores do passado
O cemitério judaico de Vilnius é um lugar silencioso, onde às vezes se ouve inglês, francês ou hebraico, pois os descendentes dos litvaks costumam visitar os túmulos de seus antepassados. Emanuel Zingeris lamenta, contudo, não apenas o passado. "Depois do Holocausto, a decadência da cultura judaica é a segunda grande perda. Apesar disso, gostaria que essa cultura importante e rica se tornasse novamente visível, tanto hoje, quanto no futuro", diz.
Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/judeus-na-litu%C3%A2nia-o-fim-de-uma-espl%C3%AAndida-cultura/a-16621150
Emanuel Zingeris demonstra certa angústia quando se lembra do passado judaico de seu país: "O fim da história da 'Idichelândia', o fim da cultura judaica que ultrapassava fronteiras e do orgulho do ídiche é uma tragédia até hoje", diz o parlamentar lituano, que, em casa, ainda fala ídiche com a mãe.
Zingeris tem um sonho: ele quer coletar e reunir em Vilnius os vestígios, fragmentos e resquícios da herança cultural judaica, que ainda estão espalhados pelo mundo. E também tudo o que artistas judaico-lituanos modernos criaram. Sempre com a consciência de que isso reflete apenas um mínimo do que existiu no passado.
Emanuel Zingeris empenha-se em prol da memória histórica judaica em Vilnius
Lembrança desvanecida
O político lituano de 55 anos e ex-diretor do Museu Judaico de Vilnius lembra também que somente depois da derrocada do regime soviético, em 1990, é que se tornou possível quebrar o tabu e começar a falar sobre as vítimas judias e sobre o extermínio de sua cultura no país.
Um processo doloroso, mas de forma alguma concluído, diz Zingeris. O Parlamento lituano não fica longe da região onde antigamente ficava o Schtetl – o bairro judeu, que se transformou em gueto com a invasão dos nazistas em 1941. Sair em busca desses rastros hoje é difícil, pois não restou praticamente nada, exceto alguns pequenos vestígios. A jovem Isaiah Urken, fotógrafa e membro da comunidade judaica de Vilnius, conhece os poucos resquícios e ajuda a decifrá-los.
Um dos raros resquícios: estrela de Davi nos muros de uma casa
Esplendor e ascensão
A história do judaísmo lituano é uma história de ascensão, prosperidade e extermínio. O Principado de Vytautas deu início a tudo, quando, no ano de 1388, concedeu aos judeus, que viviam em seu território, direitos próprios e privilégios. Cerca de dois séculos mais tarde, passaram a viver na região muitos judeus, que foram desenvolvendo no lugar suas comunidades, com infraestrutura e certo bem-estar social.
O período que começa em meados do século 18 é caracterizado como a primeira fase de prosperidade e diferenciação da cultura judaica na região. Naquela época, o famoso e influente rabino Elijahu, chamado de "o grande gaon de Vilnius", era uma autoridade inquestionável em questões religiosas.
Por outro lado, surgia também o movimento haskala (esclarecimento), calcado em exemplos da Europa Ocidental, sob a influência do filósofo alemão Moses Mendelssohn. O movimento defendia um judaísmo moderno, uma educação secular e a integração social. E havia hostilidades e conflitos entre essas duas frentes.
Sinais do passado: escritos em hebraico na fachada de uma casa
A "Jerusalém do norte"
Ao mesmo tempo, porém, foi se desenvolvendo na região até o início do século 20 uma rica cultura judaica, que se manifestava nas diversas instituições científicas, políticas e de ensino, em centros religiosos, teatros, editoras e jornais.
Com suas 110 sinagogas, Vilnius se transformava na "Jerusalém do norte" – uma metrópole esplêndida, que exercia um fascínio sobre as pessoas para muito além das fronteiras da própria Lituânia, atraindo judeus de outros países europeus, inclusive dos de língua alemã.
Pátio de um antigo gueto
Em 1925, foi fundado o Instituto YIVO ( a abreviatura em ídiche para Instituto Científico de Ídiche), voltado para a pesquisa da cultura e língua judaicas. Pois o ídiche era a língua materna dos judeus da Lituânia: um idioma criado a partir da união do alto alemão médio (Mittelhochdeutsch) com o hebraico, línguas eslavas e outras influências, que era falado por todos os lados no Leste Europeu até a Segunda Guerra Mundial.
Grandes poetas como Abraham Sutzkever, Scholem Alejchem, Isaac Bashevis Singer e muitos outros escreviam em ídiche. Em 1928, havia até mesmo um PEN Club de escritores judeus em Vilnius.
Única sinagoga que restou das 110 do passado em Vilnius
Ídiche: língua culta
O ídiche escrito em alfabeto hebraico é um produto da história milenar dos judeus na Europa, diz o professor argentino Avraham Lichtenbaum: "Era uma língua europeia, que despertava orgulho e era falada em diversos países. Quem quer hoje saber como pensavam os judeus naquela época, precisa conhecer esse idioma", diz ele. Lichtenbaum, cujos antepassados emigraram da Alemanha para a Argentina, dá aulas de ídiche em Vilnius e em Buenos Aires.
Vilnius era, portanto, a capital exuberante de uma Lituânia que abrigava o centro cultural do judaísmo europeu e onde viviam 250 mil judeus. Dali saíram diversos artistas importantes, que se espalharam mais tarde pelo mundo. Entre eles o violinista Jascha Heifetz, o pintor Chaim Soutine, o escultor Jacques Lipschitz, e também Ludwig Zamenhof, criador do esperanto, bem como o lingista Max Weinreich e diversos pesquisadores do ídiche – todos responsáveis pelo desenvolvimento da cultura europeia, apesar das adversidades históricas e políticas que tiveram de enfrentar no decorrer dos séculos.
Extermínio e recomeço
A catástrofe começou em junho de 1941, com a ocupação alemã, quando foram criados guetos em Vilnius, Kaunas e em outras regiões. Começaram as caçadas aos judeus, prisões, torturas, trabalhos forçados. Em grande estilo, a SS e a Wehrmacht planejaram a morte e execução de milhares de pessoas nas ruas ou em lugares destinados a fuzilamentos em massa.
Em muitos casos, o horror teve a ajuda de colaboradores lituanos. O saldo foi de apenas 5% de sobreviventes entre os litvaks, como os judeus lituanos se denominam. Em meados de 1944, com a entrada do Exército Vermelho no país, a Lituânia havia se transformado num mar de valas comuns.
Em Paneriai, 10 mil judeus foram assassinados
Hoje, vivem no país aproximadamente cinco mil judeus, a maioria deles já idosos, sobreviventes do Holocausto, e seus descendentes. As comunidades judaicas, fundadas novamente, têm problemas em angariar membros.
Jovens como a fotógrafa Isaiah Urken são uma raridade: "Não sou muito religiosa, mas conheço as tradições e tento me ater a algumas regras", diz ela. Ela conta que muitos de seus amigos judeus se mudaram para o exterior, em busca de uma vida melhor.
Dois pesos: passados nazista e soviético
Os dois passados da Lituânia dificultam o discurso histórico: depois de 1945, com o fim da Segunda Guerra, 10 mil lituanos (judeus e não judeus) foram vítimas do regime soviético. Para muitos habitantes do país hoje, não é óbvia a obrigação de falar sobre o extermínio do povo judeu no país e de dar ao assunto um lugar na memória coletiva.
Um pequeno museu lembra o genocídio. O moderno centro, com suas instalações claras, volta-se, com exposições e ofertas didáticas, para as novas gerações. O tema ao menos é tratado nas escolas do país e em conferências científicas.
Cemitério judaico de Vilnius: luto pelos horrores do passado
O cemitério judaico de Vilnius é um lugar silencioso, onde às vezes se ouve inglês, francês ou hebraico, pois os descendentes dos litvaks costumam visitar os túmulos de seus antepassados. Emanuel Zingeris lamenta, contudo, não apenas o passado. "Depois do Holocausto, a decadência da cultura judaica é a segunda grande perda. Apesar disso, gostaria que essa cultura importante e rica se tornasse novamente visível, tanto hoje, quanto no futuro", diz.
Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/judeus-na-litu%C3%A2nia-o-fim-de-uma-espl%C3%AAndida-cultura/a-16621150
quinta-feira, 14 de março de 2013
História do Brasil e "revisionismo" (negacionismo) do Holocausto
Pra quem acompanha o que é publicado no blog já deve ter notado que ocasionalmente são colocados textos sobre história do brasil, racismo, outros assuntos da Segunda Guerra etc, como o texto sobre a ideologia do branqueamento no Brasil ou movimentos fascistas/nazistas na América espanhola e Brasil (tag integralismo). Ainda sobre a ideologia do branqueamento, ideologia essa que mesmo sendo a "mãe" do preconceito regional e racismo atuais no Brasil, não é um assunto tratado abertamente nas escolas do país e nem por parte dos governos (federal e estaduais) através de campanhas educativas na TV no combate ao racismo, como se houvesse um tabu ou uma vontade de manter o mito da "democracia racial" brasileira mesmo com os casos recorrentes de racismo no país fruto do passado escravagista colonial do mesmo e dos racismos vindos da Europa.
Qual a razão disso (a importância da história do país no combate ao preconceito e extremismo)? Uma parte considerável das pessoas que repetem as baboseiras "revisionistas"/negacionistas no país são profundamente ignorantes em relação à história do país, isso quando não descambam pra alguma interpretação esdrúxula religiosa ou com misticismo no meio (adeptos de "teorias da conspiração"). Como também pesa o problema dos nichos étnicos em algunas regiões do país que favorecem o surgimento de grupos extremistas calcados em algum sentimento de supremacia étnica ligada aos países que foram parte do eixo (Alemanha, Itália) e as ideologias de extrema-direita (fascismo e nazismo) e um forte sentimento de ódio em serem parte do país que nasceram (manifestando um problema identitário).
Um dos antítodos pra tanta estupidez é a educação ou comentar a história do país de forma apropriada. Tratar do assunto Holocausto ignorando a realidade do país não é algo recomendável embora seja algo bastante recorrente. Por que digo isso? Porque geralmente quando o assunto neonazismo é citado no país sempre dão um jeito (por ignorância ou não) de não falar do contexto social que dá margem a esse tipo de fenômeno se manifestar e ser reproduzido no Brasil.
Particularmente eu não tenho a menor pretensão em fazer parte do grupo de pessoas que, por ignorância ou não (algumas se calam propositalmente, criando um tabu pra não se discutir assuntos como bairrismo e preconceito regional), acabam alimentando esse tipo de ideologia calcada em crenças racistas no país. Portanto a abordagem de assuntos relativos à História do Brasil, ciência, história geral etc, fazem parte do blog e podem ser publicados no mesmo, apesar do assunto temático central dele ser o Holocausto e a negação do Holocausto. No fundo todas esses temas, mesmo não aparentando ter ligação, estão relacionados. Não dá pra falar em genocídio na Europa ignorando que se vive outros contextos históricos e sociais na América espanhola e Brasil.
Qual a razão disso (a importância da história do país no combate ao preconceito e extremismo)? Uma parte considerável das pessoas que repetem as baboseiras "revisionistas"/negacionistas no país são profundamente ignorantes em relação à história do país, isso quando não descambam pra alguma interpretação esdrúxula religiosa ou com misticismo no meio (adeptos de "teorias da conspiração"). Como também pesa o problema dos nichos étnicos em algunas regiões do país que favorecem o surgimento de grupos extremistas calcados em algum sentimento de supremacia étnica ligada aos países que foram parte do eixo (Alemanha, Itália) e as ideologias de extrema-direita (fascismo e nazismo) e um forte sentimento de ódio em serem parte do país que nasceram (manifestando um problema identitário).
Um dos antítodos pra tanta estupidez é a educação ou comentar a história do país de forma apropriada. Tratar do assunto Holocausto ignorando a realidade do país não é algo recomendável embora seja algo bastante recorrente. Por que digo isso? Porque geralmente quando o assunto neonazismo é citado no país sempre dão um jeito (por ignorância ou não) de não falar do contexto social que dá margem a esse tipo de fenômeno se manifestar e ser reproduzido no Brasil.
Particularmente eu não tenho a menor pretensão em fazer parte do grupo de pessoas que, por ignorância ou não (algumas se calam propositalmente, criando um tabu pra não se discutir assuntos como bairrismo e preconceito regional), acabam alimentando esse tipo de ideologia calcada em crenças racistas no país. Portanto a abordagem de assuntos relativos à História do Brasil, ciência, história geral etc, fazem parte do blog e podem ser publicados no mesmo, apesar do assunto temático central dele ser o Holocausto e a negação do Holocausto. No fundo todas esses temas, mesmo não aparentando ter ligação, estão relacionados. Não dá pra falar em genocídio na Europa ignorando que se vive outros contextos históricos e sociais na América espanhola e Brasil.
Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas
Segue abaixo um texto da DW, em português, mais completo sobre a matéria que saiu no NY Times (publicado aqui). Na falta da tradução da matéria do NY Times, esses dois textos (este e o do link anterior) dão pro gasto. Pra quem quiser ler um texto em inglês sobre o assunto, confiram o texto 42,500 Camps and Ghettos do Roberto Muehlenkamp no blog Holocaust Controversies.
Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas
Segundo pesquisas, existiam 42.500 campos durante o período nazista na Europa – número sete vezes maior do que se supunha até hoje. A afirmação de que os alemães "de nada sabiam" torna-se, assim, mais absurda que nunca.
"Acho surpreendente que, 70 anos depois do fim da Guerra, continuem sendo encontrados novos tipos de campos, assim como novos testemunhos pessoais sobre o Holocausto", diz o historiador norte-americano Martin Dean, do Museu Memorial do Holocausto, em Washington. Há 13 anos, ele coleta dados sobre o tema, pesquisados por historiadores de toda a Europa, Israel e EUA, em trabalhos individuais e divulgados em suas respectivas localidades e regiões, mas que não haviam sido reunidos numa abordagem geral até agora.
O interesse de Dean é reunir todo esse material. E é exatamente isso que faz os resultados de suas pesquisas serem tão peculiares: a equipe de estudiosos do Museu em Washington constatou que a densidade de campos nazistas era muito maior do que se supunha até agora. Segundo as novas estimativas, havia na Europa em torno de 42.500 campos. Até então, as pesquisas apontavam um total de 7 mil campos.
30 mil campos de trabalho forçado
Sobreviventes de Auschwitz, com números tatuados no braço
As pesquisas de Dean causaram furor. Depois de um relato do New York Times a respeito, veio uma verdadeira avalanche de reportagens em outros jornais. E de súbito foi ficando claro que, em toda a Europa, muita gente esteve confinada pelo regime nazista, com frequência em condições sub-humanas. Tortura e fome eram quotidiano para os 20 milhões de prisioneiros de muitos campos.
Esses campos na Europa desempenhavam funções distintas: 30 mil deles eram destinados a trabalhos forçados. Existiam ainda 1.150 guetos de judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra e 500 bordéis de prostituição forçada.
Além desses, havia diversos campos voltados para a "germanização" dos prisioneiros, ou seja, sua "educação ariana". Neles, as mulheres eram forçadas a abortar, doentes psíquicos eram mortos como forma de "eutanásia", e prisioneiros reunidos para serem transportados para os campos de extermínio.
Campo multifuncional
Dean e sua equipe dedicam-se sobretudo no momento à pesquisa dos campos de prisioneiros de guerra e trabalho forçado. Trata-se de um trabalho árduo, pois o material permanece, mesmo 70 anos depois do fim da Guerra, de difícil compilação. Em vários casos, os campos foram usados durante alguns meses com determinados objetivos e depois mudavam de função.
Segundo os pesquisadores, esse era o caso, por exemplo, do "campo de educação para o trabalho", liderado pela Gestapo. Em primeira linha, esses locais tinham por meta "disciplinar" as forças de trabalho. No entanto, eram muitas vezes usados para outros fins, como, por exemplo, como campos de punição para civis poloneses. Ou como estação transitória para judeus italianos, a caminho dos campos de concentração.
Campo de concentração Auschwitz-Monowitz
"Quando, como pesquisador, se descreve apenas uma função do campo, isso não é bem exato", explica Dean em entrevista à DW. Todo campo tem sua própria história. Generalizações são praticamente impossíveis. Com a existência de 42.500 campos, essa é uma área de pesquisa de amplíssimas proporções para os historiadores.
Mas nem só acadêmicos e pesquisadores devem se colocar frente a essas perguntas. Muitos alemães poderão, diante dessas informações, questionar as gerações anteriores a respeito: como pode ter sido possível os antepassados não terem sabido nada a respeito de quase 43 mil campos espalhados pela Europa? Era possível simplesmente ignorar 30 mil campos de trabalho forçado? Uma premissa que o historiador Dean aponta como muito improvável.
Parte do dia a dia durante a guerra
Os cientistas alemães não estão surpresos com os resultados das pesquisas de Dean. O historiador Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, situado em Frankfurt, apoiou a equipe norte-americana nesse projeto de pesquisa. Há pouco, ele recebeu o Prêmio Internacional do Livro do Memorial Yad-Vashem, por seu trabalho sobre o Holocausto.
"As pesquisas dos EUA confirmam que a existência dos campos fazia parte do dia a dia da guerra", diz Dieckmann. "E se perguntarmos a nossos avós, todas eles com certeza conheciam trabalhadores forçados", afirma o historiador. Entre 1943 e 1944, os trabalhadores forçados perfaziam entre 20% e 30% de toda a força de trabalho do Reich alemão, e a maioria deles vivia confinada.
Dieckmann não se surpreende que esse capítulo da história alemã seja raramente tratado em público. Como apontam os pesquisadores norte-americanos, havia também mais de 500 bordéis da Wehrmacht, as Forças Armadas nazistas, nos quais jovens eram forçadas à prostituição. "A Wehrmacht era formada pelos nossos avôs", diz o historiador. "E por acaso os nossos avôs contaram algo a respeito dos bordéis? Não!"
Entender a trajetória do Holocausto
Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, Frankfurt
Dieckmann é especialsita em pesquisas sobre a Lituânia durante o período nazista. Ele constatou que no país havia mais de 100 guetos de judeus, muito mais do que o estimado até agora. Os alemães amontoaram mais de 100 mil pessoas ali, sem qualquer plano do que fazer com elas, ou seja, sem saber como alimentá-las ou vigiá-las.
As administrações alemã e lituana estavam sobrecarregadas, afirma Dieckmann. E os efeitos disso eram fatais: os ocupadores definiram que os judeus seriam considerados "inimigos do Reich alemão" e ignoravam seu direito à vida. Até outubro de 1941, aqueles que viviam no interior da Lituânia eram mortos nas cidades onde se encontravam. Em seguida, começou a deportação planejada dos judeus de toda a Europa para os campos de extermínio.
Autora: Clara Walther (sv)
Revisão: Augusto Valente
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/estudos-provam-exist%C3%AAncia-de-sete-vezes-mais-campos-nazistas/a-16655865
Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas
Segundo pesquisas, existiam 42.500 campos durante o período nazista na Europa – número sete vezes maior do que se supunha até hoje. A afirmação de que os alemães "de nada sabiam" torna-se, assim, mais absurda que nunca.
"Acho surpreendente que, 70 anos depois do fim da Guerra, continuem sendo encontrados novos tipos de campos, assim como novos testemunhos pessoais sobre o Holocausto", diz o historiador norte-americano Martin Dean, do Museu Memorial do Holocausto, em Washington. Há 13 anos, ele coleta dados sobre o tema, pesquisados por historiadores de toda a Europa, Israel e EUA, em trabalhos individuais e divulgados em suas respectivas localidades e regiões, mas que não haviam sido reunidos numa abordagem geral até agora.
O interesse de Dean é reunir todo esse material. E é exatamente isso que faz os resultados de suas pesquisas serem tão peculiares: a equipe de estudiosos do Museu em Washington constatou que a densidade de campos nazistas era muito maior do que se supunha até agora. Segundo as novas estimativas, havia na Europa em torno de 42.500 campos. Até então, as pesquisas apontavam um total de 7 mil campos.
30 mil campos de trabalho forçado
Sobreviventes de Auschwitz, com números tatuados no braço
As pesquisas de Dean causaram furor. Depois de um relato do New York Times a respeito, veio uma verdadeira avalanche de reportagens em outros jornais. E de súbito foi ficando claro que, em toda a Europa, muita gente esteve confinada pelo regime nazista, com frequência em condições sub-humanas. Tortura e fome eram quotidiano para os 20 milhões de prisioneiros de muitos campos.
Esses campos na Europa desempenhavam funções distintas: 30 mil deles eram destinados a trabalhos forçados. Existiam ainda 1.150 guetos de judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra e 500 bordéis de prostituição forçada.
Além desses, havia diversos campos voltados para a "germanização" dos prisioneiros, ou seja, sua "educação ariana". Neles, as mulheres eram forçadas a abortar, doentes psíquicos eram mortos como forma de "eutanásia", e prisioneiros reunidos para serem transportados para os campos de extermínio.
Campo multifuncional
Dean e sua equipe dedicam-se sobretudo no momento à pesquisa dos campos de prisioneiros de guerra e trabalho forçado. Trata-se de um trabalho árduo, pois o material permanece, mesmo 70 anos depois do fim da Guerra, de difícil compilação. Em vários casos, os campos foram usados durante alguns meses com determinados objetivos e depois mudavam de função.
Segundo os pesquisadores, esse era o caso, por exemplo, do "campo de educação para o trabalho", liderado pela Gestapo. Em primeira linha, esses locais tinham por meta "disciplinar" as forças de trabalho. No entanto, eram muitas vezes usados para outros fins, como, por exemplo, como campos de punição para civis poloneses. Ou como estação transitória para judeus italianos, a caminho dos campos de concentração.
Campo de concentração Auschwitz-Monowitz
"Quando, como pesquisador, se descreve apenas uma função do campo, isso não é bem exato", explica Dean em entrevista à DW. Todo campo tem sua própria história. Generalizações são praticamente impossíveis. Com a existência de 42.500 campos, essa é uma área de pesquisa de amplíssimas proporções para os historiadores.
Mas nem só acadêmicos e pesquisadores devem se colocar frente a essas perguntas. Muitos alemães poderão, diante dessas informações, questionar as gerações anteriores a respeito: como pode ter sido possível os antepassados não terem sabido nada a respeito de quase 43 mil campos espalhados pela Europa? Era possível simplesmente ignorar 30 mil campos de trabalho forçado? Uma premissa que o historiador Dean aponta como muito improvável.
Parte do dia a dia durante a guerra
Os cientistas alemães não estão surpresos com os resultados das pesquisas de Dean. O historiador Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, situado em Frankfurt, apoiou a equipe norte-americana nesse projeto de pesquisa. Há pouco, ele recebeu o Prêmio Internacional do Livro do Memorial Yad-Vashem, por seu trabalho sobre o Holocausto.
"As pesquisas dos EUA confirmam que a existência dos campos fazia parte do dia a dia da guerra", diz Dieckmann. "E se perguntarmos a nossos avós, todas eles com certeza conheciam trabalhadores forçados", afirma o historiador. Entre 1943 e 1944, os trabalhadores forçados perfaziam entre 20% e 30% de toda a força de trabalho do Reich alemão, e a maioria deles vivia confinada.
Dieckmann não se surpreende que esse capítulo da história alemã seja raramente tratado em público. Como apontam os pesquisadores norte-americanos, havia também mais de 500 bordéis da Wehrmacht, as Forças Armadas nazistas, nos quais jovens eram forçadas à prostituição. "A Wehrmacht era formada pelos nossos avôs", diz o historiador. "E por acaso os nossos avôs contaram algo a respeito dos bordéis? Não!"
Entender a trajetória do Holocausto
Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, Frankfurt
Dieckmann é especialsita em pesquisas sobre a Lituânia durante o período nazista. Ele constatou que no país havia mais de 100 guetos de judeus, muito mais do que o estimado até agora. Os alemães amontoaram mais de 100 mil pessoas ali, sem qualquer plano do que fazer com elas, ou seja, sem saber como alimentá-las ou vigiá-las.
As administrações alemã e lituana estavam sobrecarregadas, afirma Dieckmann. E os efeitos disso eram fatais: os ocupadores definiram que os judeus seriam considerados "inimigos do Reich alemão" e ignoravam seu direito à vida. Até outubro de 1941, aqueles que viviam no interior da Lituânia eram mortos nas cidades onde se encontravam. Em seguida, começou a deportação planejada dos judeus de toda a Europa para os campos de extermínio.
Autora: Clara Walther (sv)
Revisão: Augusto Valente
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/estudos-provam-exist%C3%AAncia-de-sete-vezes-mais-campos-nazistas/a-16655865
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