Depoimento de Schutzpolizist Togel - Einsatzkommando 10a
Um outro incidente do qual me recordo foi uma execução em grande escala pelo esquadrão de fuzilamento que ocorreu em uma vala no caminho para Kachowa. Havia uma cavidade na estepe medindo de seis a sete metros na borda superior. Perto haviam pilhas de grãos em fileiras.
Os grãos deviam ser pilhas de feno ou réstias de cereal secando ao sol ou algo assim. Nós, Schutzpolizisten, fomos conduzidos a esta vala em caminhões de tropa. Não havia uma única vila a vista em muitas milhas. Não havia sequer um silo ou celeiro na vizinhança. As vítimas - várias centenas, ou mesmo um milhar delas, homens e mulheres - foram transportadas em caminhões de carga. Não lembro se
haviam crianças. Estas pessoas foram ordenadas a permanecer a cerca de cem metros da vala em uma depressão que havia sido cavada pela chuva e a deixarem seus vestimentos lá. A seguir elas foram alinhadas, dez de cada vez, ao lado da vala e fuziladas por um pelotão de fuzilamento com dez atiradores, incluindo a mim. Quando alvejadas essas pessoas caiam para dentro da vala. Algumas vezes eles estavam tão apavorados que saltavam dentro dela vivos. O pelotão de fuzilamento foi revezado inúmeras vezes. Por causa das pressões psicológicas as quais eu também era exposto durante os fuzilamentos eu não consigo dizer hoje em dia, por mais que eu tente, quantas vezes eu fiquei naquele pelotão e quantas vezes eu fui substituido daquela função.
Obviamente aquelas execuções não ocorriam na forma calma na qual a discutimos hoje em dia. As mulheres gritavam e choravam e os homens também. As vezes algumas pessoas tentavam escapar. As pessoas cuja função era mante-las na beira da vala tambem gritavam igualmente alto. Se as vítimas não faziam como era ordenado, elas eram
espancadas. E lembro particularmente de um homem ruivo da SD que possuia um pedaço de cabo que usava para bater nas pessoas quando a ação não ocorria como devia. Muitos, entretanto, vinham sem resistência para o local de execução. Era como se eles não tivessem outra alternativa.
O pelotão de fuzilamento na vala era composto por Schutzpolizisten, pessoal da Waffen-SS e membros da SD. Nós, da Schutzpolizisten, usávamos nossas próprias carabinas, os homens da SD usavam sub-metralhadoras e pistolas. De uma forma geral, cada usava sua própria arma. Toda a munição que precisávamos era mantida pronta em caixas. O local de execução proporcionava uma vista terrível. O chão em torno
da vala estava coberto de sangue; haviam também pedaços de cérebro no chão que as vítimas tinham que pisar em cima para alcançar o local de execução. Mas não era nesse ponto que elas se davam conta do que as aguardava. Elas podiam ouvir os tiros e os gritos do local onde ficavam aguardando...
Demorou aproximadamente uma tarde antes que a última vítima jazesse na vala. Uma coisa que eu ainda relembro nitidamente sobre esta execução é que após o pessoal da SD se embebedou, o que significa que eles receberam uma ração especial de bebida. Nós da Schutzpolizisten não recebemos nada e eu lembro que ficamos muito irritados com isso.
Klee, Ernst, Willi Dressen and Volker Riess, editors. The Good Old Days. New York: The Free Press. 1988. pp. 61-62
Fonte: http://www.einsatzgruppenarchives.com/togel.html
[traduzido por Ahmed]
Publicado em: http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6349
Foto de: http://www.holocaustresearchproject.org/holoprelude/RSHA/rsha.html
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
terça-feira, 23 de outubro de 2007
EUA e soviéticos empregaram criminosos de guerra nazistas
Oficiais nazistas foram empregados pelas agências de espionagem dos Estados Unidos e da União Soviética depois da Segunda Guerra Mundial.
A informação está em uma série de documentos cuja divulgação foi liberada nesta sexta-feira pelo governo dos Estados Unidos.
Os arquivos contêm mais de três milhões de páginas com informações sobre figuras notórias do Terceiro Reich, como Adolf Hitler, Adolf Eichmann, Klaus Barbie e Josef Mengele.
Um porta-voz do departamento de Justiça americano, Eli Rosenbaum, disse que os documentos mostram que os reais vencedores da Guerra Fria foram criminosos de guerra nazistas.
Gestapo
Muitos deles conseguiram escapar da Justiça porque EUA e União Soviética se concentraram tão rapidamente no enfrentamento mútuo que perderam a ímpeto de persegui-los.
Os documentos mostram que muitos oficiais de órgãos de espionagem nazista foram bem recebidos pela CIA, em grande parte por causa do número de informações que possuíam sobre a União Soviética.
Mas os papéis, liberados pela Arquivo Nacional dos EUA, também desmentem um antigo e conhecido rumor sobre Heinrich Muller, chefe da Gestapo, a polícia política nazista.
Desconfiava-se que Muller havia trabalhado como espião para os Estados Unidos até bem depois do final da Segunda Guerra Mundial.
Os documentos liberados nesta sexta-feira, porém, confirmam que ele morreu em 1945.
Muller foi um dos arquitetos da chamada "Solução Final" – o plano de Hitler para exterminar todos os judeus europeus e russos.
Um dos documentos mais curiosos do pacote diz respeito ao médico particular de Hitler: em 1937, ele afirmou que o seu paciente "acabaria se tornando o criminoso mais louco que o mundo já viu".
Klaus Barbie foi usado pela CIA(Foto)
Fonte: BBC, 28 de abril, 2001
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2001/010428_nazismo.shtml
Revisitar o Holocausto(coleta de textos jornalísticos publicados sobre o Holocausto)
A informação está em uma série de documentos cuja divulgação foi liberada nesta sexta-feira pelo governo dos Estados Unidos.
Os arquivos contêm mais de três milhões de páginas com informações sobre figuras notórias do Terceiro Reich, como Adolf Hitler, Adolf Eichmann, Klaus Barbie e Josef Mengele.
Um porta-voz do departamento de Justiça americano, Eli Rosenbaum, disse que os documentos mostram que os reais vencedores da Guerra Fria foram criminosos de guerra nazistas.
Gestapo
Muitos deles conseguiram escapar da Justiça porque EUA e União Soviética se concentraram tão rapidamente no enfrentamento mútuo que perderam a ímpeto de persegui-los.
Os documentos mostram que muitos oficiais de órgãos de espionagem nazista foram bem recebidos pela CIA, em grande parte por causa do número de informações que possuíam sobre a União Soviética.
Mas os papéis, liberados pela Arquivo Nacional dos EUA, também desmentem um antigo e conhecido rumor sobre Heinrich Muller, chefe da Gestapo, a polícia política nazista.
Desconfiava-se que Muller havia trabalhado como espião para os Estados Unidos até bem depois do final da Segunda Guerra Mundial.
Os documentos liberados nesta sexta-feira, porém, confirmam que ele morreu em 1945.
Muller foi um dos arquitetos da chamada "Solução Final" – o plano de Hitler para exterminar todos os judeus europeus e russos.
Um dos documentos mais curiosos do pacote diz respeito ao médico particular de Hitler: em 1937, ele afirmou que o seu paciente "acabaria se tornando o criminoso mais louco que o mundo já viu".
Klaus Barbie foi usado pela CIA(Foto)
Fonte: BBC, 28 de abril, 2001
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segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 3
Terceira e última parte do documentário produzido pelo extinto programa Documento Especial sobre a atuação de grupos neonazistas, integralistas e nacionalistas xenófobos no Brasil, escancarando o problema da formação de grupos militantes e organizados que pregam abertamente o racismo ideológico e institucional em território brasileiro.
Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 3
Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 1
Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 2
O que ocorreu devido à exibição do programa(no ano de 1992): 20 neonazistas presos ma época.
O que impressiona é a data de exibição do programa, 1992, e o problema ao invés de diminuir ou ficar estável, aumentou, em parte por conta de uma atuação adequada pra repressão desse tipo de grupos terroristas. A sociedade brasileira espera e deseja ver uma resposta adequada e rápida por parte do poder público brasileiro às manifestações de ódio racial/étnico(racismo), preconceito regional e disseminação de racismo e neonazismo que se proliferam rapidamente e de forma considerável e robusta principalmente no site de relacionamentos do Google, o Orkut. Compactuar com a impunidade de grupos racistas/neonazistas no Brasil é o mesmo que deixar a intolerância e o racismo tomarem de assalto um país onde é inaceitável que este tipo de escória de ódio assustem e aterrorizem a sociedade com o rastro de ódio que deixam por onde passam.
Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 3
Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 1
Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 2
O que ocorreu devido à exibição do programa(no ano de 1992): 20 neonazistas presos ma época.
O que impressiona é a data de exibição do programa, 1992, e o problema ao invés de diminuir ou ficar estável, aumentou, em parte por conta de uma atuação adequada pra repressão desse tipo de grupos terroristas. A sociedade brasileira espera e deseja ver uma resposta adequada e rápida por parte do poder público brasileiro às manifestações de ódio racial/étnico(racismo), preconceito regional e disseminação de racismo e neonazismo que se proliferam rapidamente e de forma considerável e robusta principalmente no site de relacionamentos do Google, o Orkut. Compactuar com a impunidade de grupos racistas/neonazistas no Brasil é o mesmo que deixar a intolerância e o racismo tomarem de assalto um país onde é inaceitável que este tipo de escória de ódio assustem e aterrorizem a sociedade com o rastro de ódio que deixam por onde passam.
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Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 2
Segunda parte do documentário produzido pelo extinto programa Documento Especial sobre a atuação de grupos neonazistas, integralistas e nacionalistas xenófobos no Brasil. No segundo vídeo um integralista nega o Holocausto e o dono da Editora Revisão, editora responsável por publicação de livros antissemitas, apologéticos do nazismo e da negação do Holocausto aparecem no vídeo.
Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 2
Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 1
Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 3
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domingo, 21 de outubro de 2007
Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 1
Vídeo do especial apresentado pelo SBT no ano de 1992 sobre grupos neonazistas, nacionalistas xenófobos, integralistas, e a pregação de ódio a judeus, negros, "nordestinos" e homossexuais no Brasil por parte dessas gangues de vândalos apoiadas por políticos e com suporte ideológico dos livros publicados e traduzidos pela Editora Revisão.
Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 1
Link anterior está morto: http://www.youtube.com/watch?v=qsD0g29nVzI
Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 2
Documento Especial - A Cultura do Ódio, parte 3
Documento Especial - A Cultura do Ódio (neonazismo no Brasil), parte 1
Link anterior está morto: http://www.youtube.com/watch?v=qsD0g29nVzI
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sexta-feira, 19 de outubro de 2007
As contradições do regime iraniano
Novela iraniana retrata Holocausto
Uma novela produzida pela emissora de televisão estatal do Irã e que retrata o sofrimento dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial está fazendo sucesso no país. A produção também tem causado surpresa, já que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, chegou a defender que o Estado de Israel fosse "apagado do mapa" e a questionar se o Holocausto realmente aconteceu.
A novela é baseada na história real de diplomatas iranianos que viviam em Paris nos anos 40 e que deram cerca de 500 passaportes do Irã para ajudar judeus a evitar os campos de concentração.
O Holocausto é raramente mencionado na mídia estatal iraniana e textos escolares também não discutem o assunto.
Cerca de 25 mil judeus vivem no Irã, a maior comunidade judaica no Oriente Médio fora de Israel.
Muitos acreditam que a novela possa representar uma tentativa do governo iraniano de moderar sua imagem de anti-semita e enfatizar uma distinção muitas vezes feita por autoridades iranianas: a de que o país tem um problema com Israel, mas não com o povo judeu.
Fonte: BBC (25.09.2007)
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/09/070925_novelaira_mp.shtml
Para assistir a cenas da novela, link da BBC
http://www.bbc.co.uk/portuguese/pop/070925_video_novelaira_pop.shtml
Uma novela produzida pela emissora de televisão estatal do Irã e que retrata o sofrimento dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial está fazendo sucesso no país. A produção também tem causado surpresa, já que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, chegou a defender que o Estado de Israel fosse "apagado do mapa" e a questionar se o Holocausto realmente aconteceu.
A novela é baseada na história real de diplomatas iranianos que viviam em Paris nos anos 40 e que deram cerca de 500 passaportes do Irã para ajudar judeus a evitar os campos de concentração.
O Holocausto é raramente mencionado na mídia estatal iraniana e textos escolares também não discutem o assunto.
Cerca de 25 mil judeus vivem no Irã, a maior comunidade judaica no Oriente Médio fora de Israel.
Muitos acreditam que a novela possa representar uma tentativa do governo iraniano de moderar sua imagem de anti-semita e enfatizar uma distinção muitas vezes feita por autoridades iranianas: a de que o país tem um problema com Israel, mas não com o povo judeu.
Fonte: BBC (25.09.2007)
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/09/070925_novelaira_mp.shtml
Para assistir a cenas da novela, link da BBC
http://www.bbc.co.uk/portuguese/pop/070925_video_novelaira_pop.shtml
Memorial lembrará trabalhadores forçados
Local documentará a vida de prisioneiros de guerra da Alemanha
Berlim vai inaugurar o primeiro monumento em homenagem às milhares de vítimas de trabalhos forçados durante o regime nazista.
A prefeitura de Berlim comprou a área que abrigou um antigo campo nazista de trabalhos forçados e pretende abrir um memorial no local, no verão de 2006. O deputado berlinense Thomas Flierl disse que esse será o primeiro memorial na Alemanha a documentar a vida dos trabalhadores forçados durante o regime nazista.
"O memorial será muito importante para completar a atual relação de locais relacionados às atrocidades nazistas na capital alemã", afirmou Flierl. A cidade-Estado divulgou ter pago 1,4 milhão de euros pelo espaço, onde foram postos para trabalhar mais de 2 mil estrangeiros oriundos de países ocupados pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.
O memorial, que ficará no bairro berlinense de Schöneweide, na parte oriental da cidade, será administrado pela Fundação Topografia do Terror, que também coordena um centro de documentação nos antigos prédios da Gestapo, a polícia secreta nazista.
Traços históricos
O campo foi aberto em 1943 sob a supervisão do ministro nazista do Armamento, Albert Speer. O complexo estava estreitamente ligado à região industrial de Oberschöneweide e Niederschöneweide.
"Agora, os traços históricos podem ser preservados e decifrados em Schöneweide", afirma Flierl. Segundo ele, o memorial criará um espaço para obter informações sobre os crimes da era nazista e será, ao mesmo tempo, um espaço para a acerto de contas com o passado.
"O memorial também manterá um diálogo próximo com lugares semelhantes em países da Europa Central e Oriental", comenta Flierl. O campo de 3,3 hectares ainda mantém intactos barracões e locais de trabalho feitos de pedra, muitos dos quais estavam ameaçados de destruição.
Milhares de vítimas
Empresas alemãs e o governo nazista mantiveram um programa de trabalhos forçados durante a Segunda Guerra Mundial. Eles obrigaram milhares de pessoas a trabalhar na construção de estradas de ferro e de bases aéreas, bem como forçaram prisioneiros de guerra a prestar serviços em fábricas, campos de concentração e na produção de armamentos.
O programa foi criado para preencher o espaço deixado pelos alemães que foram convocados para lutar na guerra. Em 2000, o governo e a indústria da Alemanha criaram um fundo de indenização de 5,1 bilhões de euros depois de negociações com grupos de vítimas e governos dos Estados Unidos, de Israel e de vários países do Leste Europeu.
(as)
Fonte: Deutsche Welle, Alemanha, 12.07.2005
Memorial lembrará trabalhadores forçados
http://www.dw-world.com/dw/article/0,2144,1647353,00.html
Revisitar o Holocausto(coleta de textos jornalísticos publicados sobre o Holocausto)
Berlim vai inaugurar o primeiro monumento em homenagem às milhares de vítimas de trabalhos forçados durante o regime nazista.
A prefeitura de Berlim comprou a área que abrigou um antigo campo nazista de trabalhos forçados e pretende abrir um memorial no local, no verão de 2006. O deputado berlinense Thomas Flierl disse que esse será o primeiro memorial na Alemanha a documentar a vida dos trabalhadores forçados durante o regime nazista.
"O memorial será muito importante para completar a atual relação de locais relacionados às atrocidades nazistas na capital alemã", afirmou Flierl. A cidade-Estado divulgou ter pago 1,4 milhão de euros pelo espaço, onde foram postos para trabalhar mais de 2 mil estrangeiros oriundos de países ocupados pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.
O memorial, que ficará no bairro berlinense de Schöneweide, na parte oriental da cidade, será administrado pela Fundação Topografia do Terror, que também coordena um centro de documentação nos antigos prédios da Gestapo, a polícia secreta nazista.
Traços históricos
O campo foi aberto em 1943 sob a supervisão do ministro nazista do Armamento, Albert Speer. O complexo estava estreitamente ligado à região industrial de Oberschöneweide e Niederschöneweide.
"Agora, os traços históricos podem ser preservados e decifrados em Schöneweide", afirma Flierl. Segundo ele, o memorial criará um espaço para obter informações sobre os crimes da era nazista e será, ao mesmo tempo, um espaço para a acerto de contas com o passado.
"O memorial também manterá um diálogo próximo com lugares semelhantes em países da Europa Central e Oriental", comenta Flierl. O campo de 3,3 hectares ainda mantém intactos barracões e locais de trabalho feitos de pedra, muitos dos quais estavam ameaçados de destruição.
Milhares de vítimas
Empresas alemãs e o governo nazista mantiveram um programa de trabalhos forçados durante a Segunda Guerra Mundial. Eles obrigaram milhares de pessoas a trabalhar na construção de estradas de ferro e de bases aéreas, bem como forçaram prisioneiros de guerra a prestar serviços em fábricas, campos de concentração e na produção de armamentos.
O programa foi criado para preencher o espaço deixado pelos alemães que foram convocados para lutar na guerra. Em 2000, o governo e a indústria da Alemanha criaram um fundo de indenização de 5,1 bilhões de euros depois de negociações com grupos de vítimas e governos dos Estados Unidos, de Israel e de vários países do Leste Europeu.
(as)
Fonte: Deutsche Welle, Alemanha, 12.07.2005
Memorial lembrará trabalhadores forçados
http://www.dw-world.com/dw/article/0,2144,1647353,00.html
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quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Números do Holocausto por Raul Hilberg
O Holocausto em números. Números referentes a mortes de judeus no Holocausto. Segundo o historiador Raul Hilberg, trecho do famoso livro dele 'The Destruction of the European Jews'(A Destruição dos Judeus europeus):
Raul Hillberg
Mortes por Causa
---------------------------------------------------
A Destruição dos Judeus Europeus
- Edição revisada e definitiva, de 1985
Holmes and Meier Publishers, Inc.
Tabela B-1, pág. 1219
Guetificação e ocupação em geral............ cerca de 800,000
---------------------------------------------------------------------
1 - Guetos no Leste europeu devido à ocupação alemã............ cerca de(aprox.)600,000
2- Theresienstadt e privação fora dos guetos............ 100,000
3 - Colônias da Trannistria (Romênia e Judeus soviéticos)............ 100,000
Assassinatos(fuzilamentos)ao Ar Livre(campo aberto)
Einsatsgruppen, Superiores das SS e Chefes de Polícia, exércitos Romenos e Alemães em operações móveis; fuzilamentos na Galícia durante a deportação; assassinatos de prisioneiros de guerra e fuzilamentos na Sérvia e em outros lugares............. (total de)1,300,000
Mortes em Campos; 'acima de' 3,000,000
---------------------------------------------------------------------
Campos alemães
Campos de Extermínio............ (acima de) 2,700,000
Auschwitz............ 1,000,000
Treblinka............ (acima de) 750,000
Belsez............ 550,000
Sobibór............ (acima de)200,000
Kulmhof............ 150,000
Lublin............ 50,000
Campos com mortalidade baixa em dezenas de milhares e/ou abaixo; Campos de concentração(Bergen-Belsen, Buchenwald, Mauthausen, Dachau, Stutthof, e outros); Campos com operações de assassinato (Poniatowa, Trawaniki, Semlin); Campos de trabalho escravo e campos de passagem(transitórios)............ (total)150,000
Romenos
Complexo de Golta nos campos de transição da Bessarábia............ 100,000
Croatas e outros............ (abaixo de/under) 50,000
_______________________________________________
Total(somatório): 5,100,000(mortos)
--------------------------------------------------------------------------------
NOTA: Guetos na ocupação alemão no Leste europeu, open-air shootings, e Auschwitz figures are rounded up para algo próximo a cem mil, outras categorias para algo próximo a cinqüenta mil
Fonte: http://holocaust-info.dk/statistics/hillberg_cause.htm
Do livro 'The Destruction of the European Jews'(ed. de 1985), Raul Hilberg
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Números do Holocausto - Ciganos (Estimativa do número de mortos)
Números do Holocausto - Estimativa de vítimas judaicas
5 milhões de vítimas não judias? (1ª Parte)
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Auschwitz e os números de mortos (por Robert Jan Van Pelt)
Número de judeus húngaros gaseados na chegada a Auschwitz
Números de vítimas do Holocausto por país em relação aos números da populaçao de 1937
Raul Hillberg
Mortes por Causa
---------------------------------------------------
A Destruição dos Judeus Europeus
- Edição revisada e definitiva, de 1985
Holmes and Meier Publishers, Inc.
Tabela B-1, pág. 1219
Guetificação e ocupação em geral............ cerca de 800,000
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1 - Guetos no Leste europeu devido à ocupação alemã............ cerca de(aprox.)600,000
2- Theresienstadt e privação fora dos guetos............ 100,000
3 - Colônias da Trannistria (Romênia e Judeus soviéticos)............ 100,000
Assassinatos(fuzilamentos)ao Ar Livre(campo aberto)
Einsatsgruppen, Superiores das SS e Chefes de Polícia, exércitos Romenos e Alemães em operações móveis; fuzilamentos na Galícia durante a deportação; assassinatos de prisioneiros de guerra e fuzilamentos na Sérvia e em outros lugares............. (total de)1,300,000
Mortes em Campos; 'acima de' 3,000,000
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Campos alemães
Campos de Extermínio............ (acima de) 2,700,000
Auschwitz............ 1,000,000
Treblinka............ (acima de) 750,000
Belsez............ 550,000
Sobibór............ (acima de)200,000
Kulmhof............ 150,000
Lublin............ 50,000
Campos com mortalidade baixa em dezenas de milhares e/ou abaixo; Campos de concentração(Bergen-Belsen, Buchenwald, Mauthausen, Dachau, Stutthof, e outros); Campos com operações de assassinato (Poniatowa, Trawaniki, Semlin); Campos de trabalho escravo e campos de passagem(transitórios)............ (total)150,000
Romenos
Complexo de Golta nos campos de transição da Bessarábia............ 100,000
Croatas e outros............ (abaixo de/under) 50,000
_______________________________________________
Total(somatório): 5,100,000(mortos)
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NOTA: Guetos na ocupação alemão no Leste europeu, open-air shootings, e Auschwitz figures are rounded up para algo próximo a cem mil, outras categorias para algo próximo a cinqüenta mil
Fonte: http://holocaust-info.dk/statistics/hillberg_cause.htm
Do livro 'The Destruction of the European Jews'(ed. de 1985), Raul Hilberg
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Números do Holocausto - Ciganos (Estimativa do número de mortos)
Números do Holocausto - Estimativa de vítimas judaicas
5 milhões de vítimas não judias? (1ª Parte)
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Auschwitz e os números de mortos (por Robert Jan Van Pelt)
Número de judeus húngaros gaseados na chegada a Auschwitz
Números de vítimas do Holocausto por país em relação aos números da populaçao de 1937
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
O interrogatório de Friedrich Jecklen
O interrogatório de Friedrich Jecklen
Em seu interrogatório de 14 de dezembro de 1945, (1) minutas (em que) o Alto Líder da SS e Polícia Jeckeln detalhou as operações que foram atribuídas à estrutura da Solução Final no Leste:
"Os fuzilamentos foram executados sob a direção do coronel Dr. Lange, comandante do SD e da Gestapo na Letônia. Knecht estava encarregado da segurança nos locais dos fuzilamentos. (2) Eu, Jeckeln, tomei parte nos fuzilamentos em 3 ocasiões; O mesmo vale para Lange, Knecht, Lohse e tenente-coronel Osis, comandante da polícia de trafego em Riga.
P: Quem realizou os fuzilamentos?
R: Dez ou doze soldados alemães do SD.
P: Qual era o procedimento?
R: Todos os judeus iam a pé do gueto em Riga para o local de fuzilamento. Próximo às valas, eles tinham que depositar seus casacos, que eram lavados, separados e enviados de volta à Alemanha. Judeus - homens, mulheres e crianças - passavam por um cordão policial em seu caminho para as valas, onde eram fuzilados por
soldados alemães.
P: Você reportou a execução das ordens para Himmler?
R: Sim, de fato. Eu notifique Himmler por telefone que o gueto em Riga havia sido liquidado. E eu estava em Lötzen, Prússia Oriental, em Dezembro de 1941, eu relatei pessoalmente também. (3)Himmler estava satisfeito com os resultados. Ele disse que mais comboios de judeus estavam marcados para chegar na Letônia, e estes seria
liquidados por mim também.
P: Detalhe mais.
R: No final de Janeiro de 1942, (4) eu estava no QG de Himmler em Lötzen, Prússia Oriental, para discutir assuntos organizacionais a respeito das legiões SS letãs. Lá Himmler me informou que comboios judeus adicionais estavam marcados para chegar vindos do Reich e de outros países. O ponto de destino seria o campo de concentração de Salaspils, que se situava a dois quilômetros (uma milha e um quarto de milha) de Riga na direção de Dünaburg. Himmler disse que ele ainda não havia determinado como eles seriam exterminados: Se eles seriam fuzilados a bordo de seus comboios ou em Salaspils, ou mesmo se os levariam para algum lugar no pântano.
P: Como o assunto foi resolvido?
R: Era minha opinião que o fuzilamento seria uma morte mais simples e rápida. Himmler disse que iria pensar sobre isto e mandaria ordens posteriores através de Heydrich.
P: De quais países os judeus em Salaspils eram trazidos?
R: Judeus eram trazidos da Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Tchecoslováquia e de outros países ocupados para o campo de Salaspils. Fornecer uma conta precisa dos judeus em Salapils seria difícil. Em qualquer caso, todos os judeus do campo foram
exterminados. Mas eu gostaria de fazer uma declaração adicional enquanto estamos neste tópico.
P: Que declaração você gostaria de fazer?
R: Eu gostaria de dizer para os registros que Göring compartilha a culpa pela liquidação dos comboios judeus que chegavam de outros países. Na primeira metade de Fevereiro de 1942 eu recebi uma carta de Heydrich. Nesta carta ele escreveu que o Reichmarshall Göring havia se envolvido pessoalmente na questão dos judeus, e que judeus estavam agora sendo enviados para o Leste para extermínio somente com a aprovação de Göring.
P: Isto não diminui sua culpa. Descreva seu papel no extermínio dos judeus em Salaspils.
R: Eu já disse que eu discuti o extermínio dos judeus em Salaspils com Himmler em Lötzen. Somente isto já faz de mim um acessório para este crime. Além disto, judeus eram fuzilados no campo de Salaspils por forças recrutadas do meu SD e unidades de segurança da polícia. O comandante do SD e Gestapo na Letônia, tenente-coronel Dr. Lange, era diretamente encarregado pelos fuzilamentos. Outros oficiais que se reportavam a mim nos fuzilamentos no campo eram o comandante da SD e Gestapo nos Estados Bálticos, major-general Jost; Coronel de polícia Pifrader; e coronel de polícia Fuchs.
P: Especificamente, o que eles reportavam a você?
R: Eles reportavam que dois a três comboios de judeus chegariam por semana, todos destinados ao extermínio.
P: Então o número de judeus fuzilados em Salaspils pode ser conhecido, isto não é correto?
R: Sim, é claro. Eu posso fornecer números aproximados. O primeiro comboio judeu chegou em Salaspils em Novembro de 1941. Então, na primeira metade de 1942, comboios chegaram em intervalos regulares. Acredito que em Novembro de 1941, não mais que três comboios chegaram no total, mas durante os próximos sete mêses, de Dezembro
de 1941 a Junho de 1942, de oito a doze comboios chegaram cada mês. No total, em oito mêses, no mínimo cinquenta e cinco e não mais que oitenta e sete comboios judeus chegaram no campo. Dado que cada comboio carregava mil homens, isto perfaz um total entre 55 mil a 87 mil judeus exterminados no campo de Salaspils.
P: Estes números soam baixos. Você está dizendo a verdade?
R: Eu não tenho outros números mais exatos. Deve ser adicionado, contudo, que antes de minha chegada em Riga, um número significante de judeus em Ostland e na Rutênia Branca foram exterminados. Eu fui informado deste fato. (5)
P: Por quem, especificamente?
R: Stahlecker; Prützmann; Lange; Major General Schröder, chefe de polícia e da SS na Letônia; Major General Möller, chefe de polícia e da SS na Estônia; e Major General Wysocki, chefe de polícia e da SS
na Lituânia.
P: Seja específico. O que eles reportaram?
R: Schröder relatou-me que além dos judeus que foram exterminados no gueto de Riga, um adicional de 70,000 a 100,000 judeus foram exterminados na Letônia. Dr. Lange assistiu diretamente estes fuzilamentos. Möller relatou que na Estônia estava tudo em ordem no que dizia respeito a questão dos judeus. A população judaica estoniana era insignificante, de todo, cêrca de 3,000 a 5,000 judeus, e estes números foram reduzidos a nada. A maior parte foi exterminada em Reval. Wysocki relatou que 100,000 a 200,000 judeus foram exterminados - fuzilados - na Lituânia, sob ordens de
Stahlecker. Na Lituânia, os extermínios dos judeus foram assistidos pelo comandante da SD e Gestapo, tenente-coronel de polícia Jäger. Posteriormente, Jäger me disse que ele havia se tornado neurótico como resultado destes fuzilamentos. Jäger foi aposentado e deixou seu cargo para tratamento. No total, o número de judeus exterminados nas ações no Báltico oriental alcançou algo na vizinhança de 190,500
a 253,000. (6)
(1) Minutas do interrogatório de Jecklen em 14 de Dezembro de 1945 (Major Zwetajew, interrogador; Sargento Suur, intérprete), pp. 8 - 13, Arquivos Históricos do Estado, Riga.
(2) Max Knecht era o comandante da polícia municipal na Letônia.
(3) I.e., do quartel-general "Hochwald" de Himmler em Lötzen.
(4) I.e., 25 de Janeiro de 1942, 11:30 - 13:00 hs; per RFSS appointments book, NS 19DC/vorl. 12, Bundesarchiv, Koblenz.
No mesmo dia Himmler fêz a seguinte anotação, re: Sua conversa telefônica "do Wolfsschanze 17 [isto é, 17h00] SS Gr.F. Heydrich Praga: Judeus em campos de concentração"NS 19/neu 1439 Bundesarchiv, Koblenz.
(5) Jeckeln foi promovido em 31 de outubro de 1941 a Alto Líder da SS e da Polícia para o Norte da Rússia (H.Q. Riga); registro funcional de Jeckeln, Centro de Documentação de Berlim. Uma segunda promoção para o nível de Líder da Seção Superior da SS, "Ostland", ocorreu em 11 de dezembro de 1941 (Bundesarchiv, Koblenz [NS 19
neu/2846]).
(6) Em resposta ao telegrama número 1331 da Polícia de Segurança de Riga (datado de 6 de fevereiro de 1942), o SS-Standartenführer Karl Jäger reportou de Kovno o seguinte , em 9 de fevereiro de 1942: "Re:execuções até 1° de fevereiro de 1942, pelo Einsatzkommando 3A:Judeus 136.421. Total 138.272, destes, mulheres: 55.556; crianças: 34.464" ((Institut für Zeitgeschichte 3253/63 Fb 76 [a]).
Fonte(inglês): http://www.einsatzgruppenarchives.com/jeckeln.html
Tradução: Antonio Freire
Salaspils - Memorial as Vítimas do Holocausto(Letônia)
http://www.galenfrysinger.com/latvia_salaspils.htm
Publicado também em: http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6352
Em seu interrogatório de 14 de dezembro de 1945, (1) minutas (em que) o Alto Líder da SS e Polícia Jeckeln detalhou as operações que foram atribuídas à estrutura da Solução Final no Leste:
"Os fuzilamentos foram executados sob a direção do coronel Dr. Lange, comandante do SD e da Gestapo na Letônia. Knecht estava encarregado da segurança nos locais dos fuzilamentos. (2) Eu, Jeckeln, tomei parte nos fuzilamentos em 3 ocasiões; O mesmo vale para Lange, Knecht, Lohse e tenente-coronel Osis, comandante da polícia de trafego em Riga.
P: Quem realizou os fuzilamentos?
R: Dez ou doze soldados alemães do SD.
P: Qual era o procedimento?
R: Todos os judeus iam a pé do gueto em Riga para o local de fuzilamento. Próximo às valas, eles tinham que depositar seus casacos, que eram lavados, separados e enviados de volta à Alemanha. Judeus - homens, mulheres e crianças - passavam por um cordão policial em seu caminho para as valas, onde eram fuzilados por
soldados alemães.
P: Você reportou a execução das ordens para Himmler?
R: Sim, de fato. Eu notifique Himmler por telefone que o gueto em Riga havia sido liquidado. E eu estava em Lötzen, Prússia Oriental, em Dezembro de 1941, eu relatei pessoalmente também. (3)Himmler estava satisfeito com os resultados. Ele disse que mais comboios de judeus estavam marcados para chegar na Letônia, e estes seria
liquidados por mim também.
P: Detalhe mais.
R: No final de Janeiro de 1942, (4) eu estava no QG de Himmler em Lötzen, Prússia Oriental, para discutir assuntos organizacionais a respeito das legiões SS letãs. Lá Himmler me informou que comboios judeus adicionais estavam marcados para chegar vindos do Reich e de outros países. O ponto de destino seria o campo de concentração de Salaspils, que se situava a dois quilômetros (uma milha e um quarto de milha) de Riga na direção de Dünaburg. Himmler disse que ele ainda não havia determinado como eles seriam exterminados: Se eles seriam fuzilados a bordo de seus comboios ou em Salaspils, ou mesmo se os levariam para algum lugar no pântano.
P: Como o assunto foi resolvido?
R: Era minha opinião que o fuzilamento seria uma morte mais simples e rápida. Himmler disse que iria pensar sobre isto e mandaria ordens posteriores através de Heydrich.
P: De quais países os judeus em Salaspils eram trazidos?
R: Judeus eram trazidos da Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Tchecoslováquia e de outros países ocupados para o campo de Salaspils. Fornecer uma conta precisa dos judeus em Salapils seria difícil. Em qualquer caso, todos os judeus do campo foram
exterminados. Mas eu gostaria de fazer uma declaração adicional enquanto estamos neste tópico.
P: Que declaração você gostaria de fazer?
R: Eu gostaria de dizer para os registros que Göring compartilha a culpa pela liquidação dos comboios judeus que chegavam de outros países. Na primeira metade de Fevereiro de 1942 eu recebi uma carta de Heydrich. Nesta carta ele escreveu que o Reichmarshall Göring havia se envolvido pessoalmente na questão dos judeus, e que judeus estavam agora sendo enviados para o Leste para extermínio somente com a aprovação de Göring.
P: Isto não diminui sua culpa. Descreva seu papel no extermínio dos judeus em Salaspils.
R: Eu já disse que eu discuti o extermínio dos judeus em Salaspils com Himmler em Lötzen. Somente isto já faz de mim um acessório para este crime. Além disto, judeus eram fuzilados no campo de Salaspils por forças recrutadas do meu SD e unidades de segurança da polícia. O comandante do SD e Gestapo na Letônia, tenente-coronel Dr. Lange, era diretamente encarregado pelos fuzilamentos. Outros oficiais que se reportavam a mim nos fuzilamentos no campo eram o comandante da SD e Gestapo nos Estados Bálticos, major-general Jost; Coronel de polícia Pifrader; e coronel de polícia Fuchs.
P: Especificamente, o que eles reportavam a você?
R: Eles reportavam que dois a três comboios de judeus chegariam por semana, todos destinados ao extermínio.
P: Então o número de judeus fuzilados em Salaspils pode ser conhecido, isto não é correto?
R: Sim, é claro. Eu posso fornecer números aproximados. O primeiro comboio judeu chegou em Salaspils em Novembro de 1941. Então, na primeira metade de 1942, comboios chegaram em intervalos regulares. Acredito que em Novembro de 1941, não mais que três comboios chegaram no total, mas durante os próximos sete mêses, de Dezembro
de 1941 a Junho de 1942, de oito a doze comboios chegaram cada mês. No total, em oito mêses, no mínimo cinquenta e cinco e não mais que oitenta e sete comboios judeus chegaram no campo. Dado que cada comboio carregava mil homens, isto perfaz um total entre 55 mil a 87 mil judeus exterminados no campo de Salaspils.
P: Estes números soam baixos. Você está dizendo a verdade?
R: Eu não tenho outros números mais exatos. Deve ser adicionado, contudo, que antes de minha chegada em Riga, um número significante de judeus em Ostland e na Rutênia Branca foram exterminados. Eu fui informado deste fato. (5)
P: Por quem, especificamente?
R: Stahlecker; Prützmann; Lange; Major General Schröder, chefe de polícia e da SS na Letônia; Major General Möller, chefe de polícia e da SS na Estônia; e Major General Wysocki, chefe de polícia e da SS
na Lituânia.
P: Seja específico. O que eles reportaram?
R: Schröder relatou-me que além dos judeus que foram exterminados no gueto de Riga, um adicional de 70,000 a 100,000 judeus foram exterminados na Letônia. Dr. Lange assistiu diretamente estes fuzilamentos. Möller relatou que na Estônia estava tudo em ordem no que dizia respeito a questão dos judeus. A população judaica estoniana era insignificante, de todo, cêrca de 3,000 a 5,000 judeus, e estes números foram reduzidos a nada. A maior parte foi exterminada em Reval. Wysocki relatou que 100,000 a 200,000 judeus foram exterminados - fuzilados - na Lituânia, sob ordens de
Stahlecker. Na Lituânia, os extermínios dos judeus foram assistidos pelo comandante da SD e Gestapo, tenente-coronel de polícia Jäger. Posteriormente, Jäger me disse que ele havia se tornado neurótico como resultado destes fuzilamentos. Jäger foi aposentado e deixou seu cargo para tratamento. No total, o número de judeus exterminados nas ações no Báltico oriental alcançou algo na vizinhança de 190,500
a 253,000. (6)
(1) Minutas do interrogatório de Jecklen em 14 de Dezembro de 1945 (Major Zwetajew, interrogador; Sargento Suur, intérprete), pp. 8 - 13, Arquivos Históricos do Estado, Riga.
(2) Max Knecht era o comandante da polícia municipal na Letônia.
(3) I.e., do quartel-general "Hochwald" de Himmler em Lötzen.
(4) I.e., 25 de Janeiro de 1942, 11:30 - 13:00 hs; per RFSS appointments book, NS 19DC/vorl. 12, Bundesarchiv, Koblenz.
No mesmo dia Himmler fêz a seguinte anotação, re: Sua conversa telefônica "do Wolfsschanze 17 [isto é, 17h00] SS Gr.F. Heydrich Praga: Judeus em campos de concentração"NS 19/neu 1439 Bundesarchiv, Koblenz.
(5) Jeckeln foi promovido em 31 de outubro de 1941 a Alto Líder da SS e da Polícia para o Norte da Rússia (H.Q. Riga); registro funcional de Jeckeln, Centro de Documentação de Berlim. Uma segunda promoção para o nível de Líder da Seção Superior da SS, "Ostland", ocorreu em 11 de dezembro de 1941 (Bundesarchiv, Koblenz [NS 19
neu/2846]).
(6) Em resposta ao telegrama número 1331 da Polícia de Segurança de Riga (datado de 6 de fevereiro de 1942), o SS-Standartenführer Karl Jäger reportou de Kovno o seguinte , em 9 de fevereiro de 1942: "Re:execuções até 1° de fevereiro de 1942, pelo Einsatzkommando 3A:Judeus 136.421. Total 138.272, destes, mulheres: 55.556; crianças: 34.464" ((Institut für Zeitgeschichte 3253/63 Fb 76 [a]).
Fonte(inglês): http://www.einsatzgruppenarchives.com/jeckeln.html
Tradução: Antonio Freire
Salaspils - Memorial as Vítimas do Holocausto(Letônia)
http://www.galenfrysinger.com/latvia_salaspils.htm
Publicado também em: http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6352
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Salvadores Alemães 10 - Martin Niemöller - Herói da Resistência alemã
Martin Niemöller. Herói da Resistência alemã. 6 de março. Aniversário de seu falecimento
"Primeiro vieram atrás dos comunistas,
mas eu não era comunista
não ergui a voz.
Logo depois vieram pelos socialistas e os sindicalistas,
mas como nenhuma das duas coisas,
tampoco ergui a voz(contra).
Depois vieram atrás dos judeus,
e como eu não sou judeu,
tampouco ergui a voz
E quando vieram atrás de mim,
já não restava ninguém que levantasse a voz
para me defender."
Martin Niemöller é, talvez, a figura emblemática da resistência alemã ao Terceiro Reich. Havia nascido em Lippstadt, Westphalia, em14 de janeiro de 1892. Foi tenente de um submarino durante a Primeira Guerra Mundial e por seus serviços recebeu a condecoração 'Pour le Mérite'.
Finalizada a contenda dedicou suas horas ao estudo da teologia. Em 1924 foi ordenado pastor. Entre 1931 e 1937 teve a seu cargo a igreja Berlim-Dahlem e, como muitos outros alemães protestantes, deu as boas-vindas ao nazismo quando assumiu o poder em 1933. Acreditava, como acreditou a maioria no começo, que Hitler encarnava o renascimento do nacionalismo alemão, mitologia desvalorizada por conta da derrota e dos acordos de Versailles.
Sua prematura autobiografia, 'Do submarino ao púlpito´ ('Vom U-Boot zur Kanzel'), de 1933, foi profusamente elogiada pela imprensa por suas ideias e prosa patrióticas.
Niemöller compartilhava com o regime nazi o desprezo pelos comunistas e pela República de Weimar sobre a qual ele mesmo diz que só havia dado à Alemanha 'catorze anos de obscuridade'.
Desencanto e desobediência
Mas rapidamente, contudo, em meados de 1934, a ilusão de Niemöller se desvaneceu quando Hitler subordinou a Igreja Evangélica da Alemanha com a colaboração de Ludwig Müller, o bispo do Reich. Instaurou-se um tipo de neo-paganismo. O Antigo Testamento foi abandonado. Todos os pastores foram obrigados a jurar lealdade ao Reich sob a ordem de 'Um Povo, Um Reich, Uma Fé'. Aqueles que se opuseram a aberração foram presos e muitos morreram nas câmaras de gás. 'O Nacional-Socialismo e o Cristianismo são irreconciliáveis', repetia Martin Bormann, à sombra de Hitler.
Com o objetivo de preservar a independência da Igreja Luterana dos avanços do poder totalitário, Niemöller fundou em 1934 a Liga Pastoral de Emergência (Pfarrernotbund) e assumiu a condução da Igreja Confessional (Bekennende Kirche), movimento opositor que se diferenciou claramente dos cristãos simpatizantes do nazismo.
Em março no Sínodo Geral de maio de 1934, a Igreja Confessional se declarou como a legítima representante do protestantismo na Alemanha e atraiu para as suas fileiras mais de sete mil pastores. Com conhecimento de causa de quais eram os planos que a autoridade tinha para ele, Niemöller disse em um de seus últimos sermões no Reich: 'Devemos usar nossos poderes para nos libertamos do braço opressor da autoridade assim como o fizeram os Apóstolos de outrora. Não estamos dispostos a guardar silêncio por mando do homem quando Deus nos ordenar a falar.'
Hitler, furioso com a atitude de aberta rebeldia do outrora elogiado ministro da fé, ordenou sua prisão no 1º de julho de 1937. Levado a juízo em março de 1938, Niemöller foi considerado culpado de ações subversivas contra o Estado e o condenou a sete meses de reclusão e a pagar uma multa de dois mil marcos.
Logo após de cumprir a pena, Niemöller continuou praticando sua tenaz desobediência e foi novamente preso. Desta vez a condenação foi mais dura e resultou em ter que passar sete anos preso no campo de concentração de Sachsenhausen sob a figura legal de 'custódia preventiva' e, por ordem de Hitler, como 'prisioneiro pessoal do Führer'. As tropas aliadas o libertaram em 1945. Nesse mesmo ano e durante uma de suas aulas, já restituído à vida acadêmica, um aluno, atordoado pelo relato de Niemöller sobre o sucedido na Alemanha, perguntou-lhe como tudo isso havia sido possível. Logo depois de meditar alguns segundos, respondeu-lhe com o famoso poema que inicia este artigo.
Em 1947 foi eleito presidente da Igreja Protestante em Hessen e Nassau, cargo que ocupou até seu retiro em 1964, com a idade de setenta e dois anos.
Pacifista consumado, dedicou os últimos anos de sua vida a pregar sobre o perigo das armas nucleares, atividade que o conduziu a múltiplos encontros com políticos e organizadores do bloco soviético. Morreu em Wiesbaden, em 6 de março de 1984.
Buenos Aires e Berlim, cidades irmãs
A Fundação Internacional Raoul Wallenberg relembra Niemöller e seu exemplo de vida. Além das mundialmente conhecidas figuras da resistência alemã houve outras muitas pessoas que, de uma ou outra forma, desobedeceram flagrantemente o mandato do Terceiro Reich. Junto com o Centro de Estudos sobre Antissemitismo da Universidade Tecnológica de Berlim, conduzido pelo professor Wolfgang Benz e dirigido academicamente pela Dra. Beate Kosmala, difundimos o produto de uma investigação que até o momento tem arrecadado dados fidedignos sobre mais de três mil pessoas, em sua maioria berlinenses, que auxiliaram a judeus e outros perseguidos durante o império do Nacional-Socialismo.
Por sua parte, a Igreja Evangélica da Alemanha, numa decisão sem precedentes, tem resolveu colocar na Igreja do Pai Nosso da capital alemã(Vaterunser-Kirche) uma réplica do Mural Comemorativo das Vítimas do Holocausto. Este símbolo de reconciliação foi instalado em 1997 na Capela da Virgem de Luján da Catedral Metropolitana pelo Cardeal Antonio Quarracino, em instâncias da nossa organização. Berlim será assim a segunda metrópole no mundo a hospedar uma lembrança dos assassinados na Shoá dentro de um templo cristão, privilégio até agora ostentado só pela cidade de Buenos Aires.
* Baruj Tenembaum é fundador da Fundação Internacional Raoul Wallenberg. Nova York, março de 2002.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/martin-niemoller-heroe.504021.htm
Foto (AP/Deutsche Welle): O pastor Martin Niemoeller em 14.01.1977, dia do seu 85º aniversário
Tradução: Roberto Lucena
Último post da série Salvadores Alemães que começou aqui:
Salvadores Alemães 1 - Franziska Bereit
http://holocausto-doc.blogspot.com/2007/09/salvadores-alemaes-01-franziska-bereit.html
"Primeiro vieram atrás dos comunistas,
mas eu não era comunista
não ergui a voz.
Logo depois vieram pelos socialistas e os sindicalistas,
mas como nenhuma das duas coisas,
tampoco ergui a voz(contra).
Depois vieram atrás dos judeus,
e como eu não sou judeu,
tampouco ergui a voz
E quando vieram atrás de mim,
já não restava ninguém que levantasse a voz
para me defender."
Martin Niemöller é, talvez, a figura emblemática da resistência alemã ao Terceiro Reich. Havia nascido em Lippstadt, Westphalia, em14 de janeiro de 1892. Foi tenente de um submarino durante a Primeira Guerra Mundial e por seus serviços recebeu a condecoração 'Pour le Mérite'.
Finalizada a contenda dedicou suas horas ao estudo da teologia. Em 1924 foi ordenado pastor. Entre 1931 e 1937 teve a seu cargo a igreja Berlim-Dahlem e, como muitos outros alemães protestantes, deu as boas-vindas ao nazismo quando assumiu o poder em 1933. Acreditava, como acreditou a maioria no começo, que Hitler encarnava o renascimento do nacionalismo alemão, mitologia desvalorizada por conta da derrota e dos acordos de Versailles.
Sua prematura autobiografia, 'Do submarino ao púlpito´ ('Vom U-Boot zur Kanzel'), de 1933, foi profusamente elogiada pela imprensa por suas ideias e prosa patrióticas.
Niemöller compartilhava com o regime nazi o desprezo pelos comunistas e pela República de Weimar sobre a qual ele mesmo diz que só havia dado à Alemanha 'catorze anos de obscuridade'.
Desencanto e desobediência
Mas rapidamente, contudo, em meados de 1934, a ilusão de Niemöller se desvaneceu quando Hitler subordinou a Igreja Evangélica da Alemanha com a colaboração de Ludwig Müller, o bispo do Reich. Instaurou-se um tipo de neo-paganismo. O Antigo Testamento foi abandonado. Todos os pastores foram obrigados a jurar lealdade ao Reich sob a ordem de 'Um Povo, Um Reich, Uma Fé'. Aqueles que se opuseram a aberração foram presos e muitos morreram nas câmaras de gás. 'O Nacional-Socialismo e o Cristianismo são irreconciliáveis', repetia Martin Bormann, à sombra de Hitler.
Com o objetivo de preservar a independência da Igreja Luterana dos avanços do poder totalitário, Niemöller fundou em 1934 a Liga Pastoral de Emergência (Pfarrernotbund) e assumiu a condução da Igreja Confessional (Bekennende Kirche), movimento opositor que se diferenciou claramente dos cristãos simpatizantes do nazismo.
Em março no Sínodo Geral de maio de 1934, a Igreja Confessional se declarou como a legítima representante do protestantismo na Alemanha e atraiu para as suas fileiras mais de sete mil pastores. Com conhecimento de causa de quais eram os planos que a autoridade tinha para ele, Niemöller disse em um de seus últimos sermões no Reich: 'Devemos usar nossos poderes para nos libertamos do braço opressor da autoridade assim como o fizeram os Apóstolos de outrora. Não estamos dispostos a guardar silêncio por mando do homem quando Deus nos ordenar a falar.'
Hitler, furioso com a atitude de aberta rebeldia do outrora elogiado ministro da fé, ordenou sua prisão no 1º de julho de 1937. Levado a juízo em março de 1938, Niemöller foi considerado culpado de ações subversivas contra o Estado e o condenou a sete meses de reclusão e a pagar uma multa de dois mil marcos.
Logo após de cumprir a pena, Niemöller continuou praticando sua tenaz desobediência e foi novamente preso. Desta vez a condenação foi mais dura e resultou em ter que passar sete anos preso no campo de concentração de Sachsenhausen sob a figura legal de 'custódia preventiva' e, por ordem de Hitler, como 'prisioneiro pessoal do Führer'. As tropas aliadas o libertaram em 1945. Nesse mesmo ano e durante uma de suas aulas, já restituído à vida acadêmica, um aluno, atordoado pelo relato de Niemöller sobre o sucedido na Alemanha, perguntou-lhe como tudo isso havia sido possível. Logo depois de meditar alguns segundos, respondeu-lhe com o famoso poema que inicia este artigo.
Em 1947 foi eleito presidente da Igreja Protestante em Hessen e Nassau, cargo que ocupou até seu retiro em 1964, com a idade de setenta e dois anos.
Pacifista consumado, dedicou os últimos anos de sua vida a pregar sobre o perigo das armas nucleares, atividade que o conduziu a múltiplos encontros com políticos e organizadores do bloco soviético. Morreu em Wiesbaden, em 6 de março de 1984.
Buenos Aires e Berlim, cidades irmãs
A Fundação Internacional Raoul Wallenberg relembra Niemöller e seu exemplo de vida. Além das mundialmente conhecidas figuras da resistência alemã houve outras muitas pessoas que, de uma ou outra forma, desobedeceram flagrantemente o mandato do Terceiro Reich. Junto com o Centro de Estudos sobre Antissemitismo da Universidade Tecnológica de Berlim, conduzido pelo professor Wolfgang Benz e dirigido academicamente pela Dra. Beate Kosmala, difundimos o produto de uma investigação que até o momento tem arrecadado dados fidedignos sobre mais de três mil pessoas, em sua maioria berlinenses, que auxiliaram a judeus e outros perseguidos durante o império do Nacional-Socialismo.
Por sua parte, a Igreja Evangélica da Alemanha, numa decisão sem precedentes, tem resolveu colocar na Igreja do Pai Nosso da capital alemã(Vaterunser-Kirche) uma réplica do Mural Comemorativo das Vítimas do Holocausto. Este símbolo de reconciliação foi instalado em 1997 na Capela da Virgem de Luján da Catedral Metropolitana pelo Cardeal Antonio Quarracino, em instâncias da nossa organização. Berlim será assim a segunda metrópole no mundo a hospedar uma lembrança dos assassinados na Shoá dentro de um templo cristão, privilégio até agora ostentado só pela cidade de Buenos Aires.
* Baruj Tenembaum é fundador da Fundação Internacional Raoul Wallenberg. Nova York, março de 2002.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
http://www.raoulwallenberg.net/?es/salvadores/rescate/martin-niemoller-heroe.504021.htm
Foto (AP/Deutsche Welle): O pastor Martin Niemoeller em 14.01.1977, dia do seu 85º aniversário
Tradução: Roberto Lucena
Último post da série Salvadores Alemães que começou aqui:
Salvadores Alemães 1 - Franziska Bereit
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sexta-feira, 5 de outubro de 2007
Salvadores Alemães 9 - Susanne Witte e Herta Zerna
Susanne Witte
Susanne Witte nasceu em 1895 em Berlim. Nos anos 30 vivia na rua Pulitz no bairro Moabit de Berlim. Por esta rua passavam muitos judeus e judias a caminho para a deportação, desde o lugar de internação até a Estação de Bens de Moabit. Susanne Witte viveu rodeada à crescente perseguição de judeus e do caso de sua amiga Ruth Casper, convertida do judaísmo ao catolicismo durante sua formação como assistente social do serviço católico, e da família desta.
Pouco antes de ser deslocada para Auschwitz em 1942, Ruth Casper pediu a sua amiga para cuidar de sua mãe, a cantora de música clássica Regina Kirschbaum. Susanne Witte lhe prometeu ajudá-la e, de fato, conseguiu que a mãe de Ruth se esquivasse da Gestapo na noite em que a polícia secreta do Reich fora buscar seus vizinhos para deportá-los. Nessa mesma noite, Regina Kirschbaum bateu à porta de Susanne. Quando lhe perguntou se podia permanecer em sua casa, esta lhe respondeu: "Claro!"
Junto com outros amigos da comunidade católica São Paulo, de Berlim-Moabit, Susanne Witte escondeu e abasteceu durante dois anos e meio, até o fim da guerra, a mãe de sua amiga.
Herta Zerna
Herta Zerna, nascida em 1907 em Berim, criou-se no seio de uma família social-democrata. Aos 14 anos se filiou à juventude trabalhista. Seus amigos logo notaram
seu talento de escritora, pelo que se decidiu a começar os estudos de jornalismo. A partir de 1933 começou a ter contatos com círculos da resistência social-democrata e comunista e colaborava como mensageira para eles. Durante certo tempo também deu refúgio a perseguidos políticos.
Durante a guerra, Herta Zerna foi redatora na rádio. Em 1940 ofereceu sua ajuda a Margot Moses, a quem conheceu na casa de uma amiga em comum. Numa noite da primavera de 1943 a jovem judia lhe pediu que lhe acolhesse. Herta Zerna a escondeu, às vezes em seu apartamento em Berlim, outras vezes nas casas de amigos. Conseguiu-lhe um trabalho como suplente de estenógrafo na "casa da rádio", onde ela trabalhava. Em consequência disto, Margot Moses recebeu um carnê da empresa e outro de mensageira que lhes foram úteis para se esquivar dos controles na cidade.
A pedido de um amigo jornalista, Herta auxiliou também a judia Susanne Meyer, que vivia clandestinamente na pequena casa rural que tinha num povoado de Brandemburgo. O taberneiro do povoado, Georg Steffen, e sua esposa Elise também ajudaram a Susanne Meyer, que sobreviveu ao holocausto.
No início de 1945, Herta Zerna também escondeu um companheiro de trabalho que havia desertado do exército alemão. Este, por sua vez, havia colaborado no apoio a Margot Moses pondo à disposição dela seu quarto de trabalho.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Susanne Witte
http://www.raoulwallenberg.net/go/?504019
Herta Zerna
http://www.raoulwallenberg.net/go/?504020
Tradução: Roberto Lucena
Susanne Witte nasceu em 1895 em Berlim. Nos anos 30 vivia na rua Pulitz no bairro Moabit de Berlim. Por esta rua passavam muitos judeus e judias a caminho para a deportação, desde o lugar de internação até a Estação de Bens de Moabit. Susanne Witte viveu rodeada à crescente perseguição de judeus e do caso de sua amiga Ruth Casper, convertida do judaísmo ao catolicismo durante sua formação como assistente social do serviço católico, e da família desta.
Pouco antes de ser deslocada para Auschwitz em 1942, Ruth Casper pediu a sua amiga para cuidar de sua mãe, a cantora de música clássica Regina Kirschbaum. Susanne Witte lhe prometeu ajudá-la e, de fato, conseguiu que a mãe de Ruth se esquivasse da Gestapo na noite em que a polícia secreta do Reich fora buscar seus vizinhos para deportá-los. Nessa mesma noite, Regina Kirschbaum bateu à porta de Susanne. Quando lhe perguntou se podia permanecer em sua casa, esta lhe respondeu: "Claro!"
Junto com outros amigos da comunidade católica São Paulo, de Berlim-Moabit, Susanne Witte escondeu e abasteceu durante dois anos e meio, até o fim da guerra, a mãe de sua amiga.
Herta Zerna
Herta Zerna, nascida em 1907 em Berim, criou-se no seio de uma família social-democrata. Aos 14 anos se filiou à juventude trabalhista. Seus amigos logo notaram
seu talento de escritora, pelo que se decidiu a começar os estudos de jornalismo. A partir de 1933 começou a ter contatos com círculos da resistência social-democrata e comunista e colaborava como mensageira para eles. Durante certo tempo também deu refúgio a perseguidos políticos.
Durante a guerra, Herta Zerna foi redatora na rádio. Em 1940 ofereceu sua ajuda a Margot Moses, a quem conheceu na casa de uma amiga em comum. Numa noite da primavera de 1943 a jovem judia lhe pediu que lhe acolhesse. Herta Zerna a escondeu, às vezes em seu apartamento em Berlim, outras vezes nas casas de amigos. Conseguiu-lhe um trabalho como suplente de estenógrafo na "casa da rádio", onde ela trabalhava. Em consequência disto, Margot Moses recebeu um carnê da empresa e outro de mensageira que lhes foram úteis para se esquivar dos controles na cidade.
A pedido de um amigo jornalista, Herta auxiliou também a judia Susanne Meyer, que vivia clandestinamente na pequena casa rural que tinha num povoado de Brandemburgo. O taberneiro do povoado, Georg Steffen, e sua esposa Elise também ajudaram a Susanne Meyer, que sobreviveu ao holocausto.
No início de 1945, Herta Zerna também escondeu um companheiro de trabalho que havia desertado do exército alemão. Este, por sua vez, havia colaborado no apoio a Margot Moses pondo à disposição dela seu quarto de trabalho.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Susanne Witte
http://www.raoulwallenberg.net/go/?504019
Herta Zerna
http://www.raoulwallenberg.net/go/?504020
Tradução: Roberto Lucena
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Salvadores Alemães 8 - Otto Weidt
Otto Weidt
Otto Weidt nasceu em 1882 no norte da Alemanha. Era papeleiro e tapeceiro. Já no início da Primeira Guerra Mundial era um pacifista convencido e, por causa de uma enfermidade no ouvido, fora recrutado recentemente no final das hostilidades, quando foi requerido para o serviço sanitário. Algum tempo depois começou a perder a visão e teve que abandonar os ofícios que seu pai lhe havia ensinado.
No começo dos anos '40 se tornou proprietário de uma fábrica de escova de dentes e escovas num dos bairros pobres de Berlim. A fábrica era considerada como "importante para a guerra" por ser fornecedora do exército alemão. Em seu ateliê, Otto Weidt deu emprego, entre 1941 e 1943, a aproximadamente 30 judeus cegos e surdo-mudos e a outros 8 judeus ilegais. Durante muito tempo conseguiu proteger seus trabalhadores e trabalhadoras da deportação subornando os funcionários da oficina de emprego e a Gestapo. Com a ajuda de outros colaboradores conseguiu documentação falsa e permissões de trabalho para vários refugiados. Para poder comprar mais alimentos vendiam grande quantidade de sua produção no mercado negro.
Subornando a Gestapo Weidt conseguiu, em fevereiro de 1942, liberar muitos de seus trabalhadores que haviam sido internados num campo e esperavam ser deportados. Trouxe-os de volta a sua empresa e lhes facilitou viver na clandestinidade.
À Alice Licht, que vivia de maneira ilegal e com a qual tinha um estreita relação, alugou-lhe uma casa para que vivesse com seus pais. Aos quatro integrantes da família Horn os alojou em seu ateliê escondendo-os detrás de um tapume camuflado. Um informante da Gestapo revelou as autoridades o esconderijo. Os quatro foram deportados para Auschwitz em 14 de outubro de 1943: o cego Chaim Horn, sua mulher Machla e seus dois filhos. Quase que simultaneamente foi descoberto o refúgio da família Licht, que foi deportada a Theresienstadt e logo depois para Auschwitz.
Para salvar a Alice Licht, Otto Weidt viajou até Christianstadt, uma instalação secundária do campo de concentração Groß-Rosen (Gross-Rosen). Por intermédio de um dos trabalhadores civis do campo conseguiu que a mulher escapasse e regrasse à Berlim.
Otto Weidt morreu em Berlim em 1947.
Uma das pessoas salvas graças a ajuda de Otto Weidt é a escritora Inge Deutschkron. Seu livro "Permaneceram na sombra" é uma homenagem tanto a Otto Weidt como a muitos outros que ajudaram judeus perseguidos.
Além disso, Deutschkron conseguiu transformar o edifício da antiga fábrica de escovas de dentes no museu "Blindes Vertrauen" ("Confiança Cega").
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Otto Weidt http://www.raoulwallenberg.net/go/?504018
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 9 - Susanne Witte e Herta Zerna
Otto Weidt nasceu em 1882 no norte da Alemanha. Era papeleiro e tapeceiro. Já no início da Primeira Guerra Mundial era um pacifista convencido e, por causa de uma enfermidade no ouvido, fora recrutado recentemente no final das hostilidades, quando foi requerido para o serviço sanitário. Algum tempo depois começou a perder a visão e teve que abandonar os ofícios que seu pai lhe havia ensinado.
No começo dos anos '40 se tornou proprietário de uma fábrica de escova de dentes e escovas num dos bairros pobres de Berlim. A fábrica era considerada como "importante para a guerra" por ser fornecedora do exército alemão. Em seu ateliê, Otto Weidt deu emprego, entre 1941 e 1943, a aproximadamente 30 judeus cegos e surdo-mudos e a outros 8 judeus ilegais. Durante muito tempo conseguiu proteger seus trabalhadores e trabalhadoras da deportação subornando os funcionários da oficina de emprego e a Gestapo. Com a ajuda de outros colaboradores conseguiu documentação falsa e permissões de trabalho para vários refugiados. Para poder comprar mais alimentos vendiam grande quantidade de sua produção no mercado negro.
Subornando a Gestapo Weidt conseguiu, em fevereiro de 1942, liberar muitos de seus trabalhadores que haviam sido internados num campo e esperavam ser deportados. Trouxe-os de volta a sua empresa e lhes facilitou viver na clandestinidade.
À Alice Licht, que vivia de maneira ilegal e com a qual tinha um estreita relação, alugou-lhe uma casa para que vivesse com seus pais. Aos quatro integrantes da família Horn os alojou em seu ateliê escondendo-os detrás de um tapume camuflado. Um informante da Gestapo revelou as autoridades o esconderijo. Os quatro foram deportados para Auschwitz em 14 de outubro de 1943: o cego Chaim Horn, sua mulher Machla e seus dois filhos. Quase que simultaneamente foi descoberto o refúgio da família Licht, que foi deportada a Theresienstadt e logo depois para Auschwitz.
Para salvar a Alice Licht, Otto Weidt viajou até Christianstadt, uma instalação secundária do campo de concentração Groß-Rosen (Gross-Rosen). Por intermédio de um dos trabalhadores civis do campo conseguiu que a mulher escapasse e regrasse à Berlim.
Otto Weidt morreu em Berlim em 1947.
Uma das pessoas salvas graças a ajuda de Otto Weidt é a escritora Inge Deutschkron. Seu livro "Permaneceram na sombra" é uma homenagem tanto a Otto Weidt como a muitos outros que ajudaram judeus perseguidos.
Além disso, Deutschkron conseguiu transformar o edifício da antiga fábrica de escovas de dentes no museu "Blindes Vertrauen" ("Confiança Cega").
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Otto Weidt http://www.raoulwallenberg.net/go/?504018
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 9 - Susanne Witte e Herta Zerna
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Salvadores Alemães 7 - Karl Schörghofer e Paul Seele
Karl Schörghofer
Karl Schörghofer trabalhava desde 1923 como administrador do novo cemitério judeu de Munique. Ali mesmo vivia com sua família.
Desde 1935 a família Schörghofer tinha problemas com a administração nacional-socialista. As leis de raça de Nuremberg proibiam aos arianos trabalhar para judeus.
Karl Schörghofer escondeu no cemitério artigos de valor que pertenciam a judeus emigrados. Quando em 1944 lhe pediram para ajudar a uma criança judia órfã, foi buscar apoio junto a sua filha Martha Schleipfer. Ela acolheu a criança em sua casa num pequeno povoado da Baviera.
Apesar das frequentes batidas da Gestapo, em janeiro de 1944 os Schörghofer esconderam um refugiado judeu no sótão de sua casa. Em fevereiro de 1945 deram refúgio a outros cinco judeus clandestinos.
Em fins de fevereiro de 1945, os Schörghofer e os judeus que estavam escondidos em sua casa foram denunciados. Kurt Kahn e Klara Schwalb foram presos numa batida, mas pouco tempo depois conseguiram escapar da Gestapo e voltar ao terreno do cemitério. Junto com os demais aí escondidos sobreviveram até o fim da guerra.
Finalizado o conflito bélico Karl Schörghofer ajudou aos judeus sobreviventes do Holocausto alojados num acampamento próximo para pessoas refugiadas.
Ao se encontrar bens de contrabando no terreno do cemitério e ao descobrirem que Karl Schrörghofer havia permitido o sacrifício ilegal de animais, ele e seu filho Karl foram acusados e condenados à penas de vários meses.
Bibliografia:
Kurt R. Grossmann, Die unbesungenen Helden, Berlin 1957, S. 132f.
Anton Maria Keim (Hrsg.), Yad Vashem, Die Judenretter aus Deutschland, Mainz/München 1983, S.130.
Paul Seele
Paul Seele (à esq.) Paul Seele, social-democrata e anteriormente sindicalista, vivia em Berlim e mantinha amizade com as famílias judias Heimann e Herz a quem seguiu dando apoio mesmo depois de começarem a repressão.
Ajudou muito especialmente a Liselotte Marquardt, nascida Heimann, quando foi presa em 1941 e conduzida ao lugar de reunião de onde partiam os transportes até os campos de concentração, na rua Levetzow, em Berlim-Tiergarten. Imediatamente depois da prisão de "Lilo" Heimann, foi à empresa onde ela trabalhava de contadora para pedir uma solicitação de liberação temporária para que Liselotte pudesse repassar ordenadamente suas funções a sua sucessora no posto. Logo após conseguir o certificado se dirigiu à Gestapo e conseguiu que a liberassem. Imediatamente escondeu Lilo em sua casa para mais tarde ser acolhida por outros conhecidos de Seele.
Com a ajuda de seu companheiro de partido Franz Marquardt, (a quem posteriormente se casou com Lilo), Seele organizou um esconderijo numa horta nos arredores de Berlim. Ali permaneceu oculta até o fim da guerra. Paul Seele e sua mulher Erika também abasteceram regularmente de alimentos e outros víveres a Lilo Marquardt, mesmo quando depois de 1943 Seele esteve aquartelado como soldado fora de Berlim. Dessa maneira, Lilo Marquardt conseguiu esconder-se por três anos e meio em Berlim e sobreviveu ao Holocausto.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Karl Schörghofer
http://www.raoulwallenberg.net/go/?504016
Paul Seele
http://www.raoulwallenberg.net/go/?504017
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 8 - Otto Weidt
Karl Schörghofer trabalhava desde 1923 como administrador do novo cemitério judeu de Munique. Ali mesmo vivia com sua família.
Desde 1935 a família Schörghofer tinha problemas com a administração nacional-socialista. As leis de raça de Nuremberg proibiam aos arianos trabalhar para judeus.
Karl Schörghofer escondeu no cemitério artigos de valor que pertenciam a judeus emigrados. Quando em 1944 lhe pediram para ajudar a uma criança judia órfã, foi buscar apoio junto a sua filha Martha Schleipfer. Ela acolheu a criança em sua casa num pequeno povoado da Baviera.
Apesar das frequentes batidas da Gestapo, em janeiro de 1944 os Schörghofer esconderam um refugiado judeu no sótão de sua casa. Em fevereiro de 1945 deram refúgio a outros cinco judeus clandestinos.
Em fins de fevereiro de 1945, os Schörghofer e os judeus que estavam escondidos em sua casa foram denunciados. Kurt Kahn e Klara Schwalb foram presos numa batida, mas pouco tempo depois conseguiram escapar da Gestapo e voltar ao terreno do cemitério. Junto com os demais aí escondidos sobreviveram até o fim da guerra.
Finalizado o conflito bélico Karl Schörghofer ajudou aos judeus sobreviventes do Holocausto alojados num acampamento próximo para pessoas refugiadas.
Ao se encontrar bens de contrabando no terreno do cemitério e ao descobrirem que Karl Schrörghofer havia permitido o sacrifício ilegal de animais, ele e seu filho Karl foram acusados e condenados à penas de vários meses.
Bibliografia:
Kurt R. Grossmann, Die unbesungenen Helden, Berlin 1957, S. 132f.
Anton Maria Keim (Hrsg.), Yad Vashem, Die Judenretter aus Deutschland, Mainz/München 1983, S.130.
Paul Seele
Paul Seele (à esq.) Paul Seele, social-democrata e anteriormente sindicalista, vivia em Berlim e mantinha amizade com as famílias judias Heimann e Herz a quem seguiu dando apoio mesmo depois de começarem a repressão.
Ajudou muito especialmente a Liselotte Marquardt, nascida Heimann, quando foi presa em 1941 e conduzida ao lugar de reunião de onde partiam os transportes até os campos de concentração, na rua Levetzow, em Berlim-Tiergarten. Imediatamente depois da prisão de "Lilo" Heimann, foi à empresa onde ela trabalhava de contadora para pedir uma solicitação de liberação temporária para que Liselotte pudesse repassar ordenadamente suas funções a sua sucessora no posto. Logo após conseguir o certificado se dirigiu à Gestapo e conseguiu que a liberassem. Imediatamente escondeu Lilo em sua casa para mais tarde ser acolhida por outros conhecidos de Seele.
Com a ajuda de seu companheiro de partido Franz Marquardt, (a quem posteriormente se casou com Lilo), Seele organizou um esconderijo numa horta nos arredores de Berlim. Ali permaneceu oculta até o fim da guerra. Paul Seele e sua mulher Erika também abasteceram regularmente de alimentos e outros víveres a Lilo Marquardt, mesmo quando depois de 1943 Seele esteve aquartelado como soldado fora de Berlim. Dessa maneira, Lilo Marquardt conseguiu esconder-se por três anos e meio em Berlim e sobreviveu ao Holocausto.
Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Karl Schörghofer
http://www.raoulwallenberg.net/go/?504016
Paul Seele
http://www.raoulwallenberg.net/go/?504017
Tradução: Roberto Lucena
Ver também:
Salvadores Alemães 8 - Otto Weidt
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