sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Os 60 anos de um clássico de Primo Levi

Em 1947 Primo Levi publicou É isto um Homem?, livro de testemunho em que o narrador se vê constrangido à incômoda posição de personagem e se defronta com os limites da linguagem para dar conta do indizível.

(Foto)Ítalo Calvino

O prazer da leitura, especialmente a de um clássico, é o de ler e reler um texto, à procura de novos aspectos, camadas e nuanças, pois "de um clássico, cada releitura é uma leitura de descoberta, como a primeira leitura", como afirma Italo Calvino, em seu Por que Ler os Clássicos. Por coincidência, foi o próprio Calvino que, literalmente, "descobriu" e resenhou o romance autobiográfico É Isto um Homem? (Rocco, 1988) de Primo Levi, publicado há 60 anos, pela pequena editora De Silva, de Turim. O livro relata sua terrível experiência em Auschwitz e, em sua resenha, Calvino aponta para a novidade desse texto, ligado ao aspecto especificamente literário do livro. Em seu Prefácio a É Isto um Homem? Levi escreveu que "este meu livro nada acrescenta quanto a detalhes atrozes" (p. 7). A novidade está no paradoxo de um texto que quer descrever uma experiência radical, que está evidentemente para além do dizível ("Pela primeira vez, então, nos damos conta de que a nossa língua não tem palavras para expressar esta ofensa, a aniquilação de um homem." p. 24) e, em parte graças a isso, manifesta seu caráter notadamente literário. Calvino escreveu:

Acredito que todo o sobrevivente que tentou escrever suas próprias memórias sobre aquela terrível experiência foi tomado por uma pena desolada: ter vivido uma experiência que passa os limites do dizível e do humano, uma experiência que ele não poderá nunca comunicar em todo seu horror a ninguém e cuja lembrança continuará a persegui-lo com a aflição de sua incomunicabilidade, como uma extensão da pena... Para fatos como os dos campos de aniquilamento parece que qualquer livro seja inferior à realidade, para poder dar conta deles. Mesmo assim, Levi nos deu sobre esse tema um magnífico livro, que não é somente um testemunho muito eficiente, mas contém páginas de uma autêntica potência narrativa, que ficarão em nossa memória entre as mais bonitas da literatura da Segunda Guerra Mundial (1)

É Isto um Homem? foi antecedido por um "Relatório sobre a Organização higiênico-sanitária do campo de concentração para judeus de Monowitz (Auschwitz - Alta Silésia)", publicado em 1946 na revista Minerva Medica (2), assinado por Leonardo Debenedetti, um cirurgião, e por Primo Levi, químico. O texto fora encomendado pelo comandante russo do campo de refugiados de Katowice, onde Levi se encontrava após a libertação de Auschwitz. Esse relatório descreve de forma minuciosa algumas das doenças contraídas pelos prisioneiros dos campos e, de forma sucinta, mas precisa, o funcionamento das monstruosas câmaras de gás. Muitas das anotações do relatório serão incluídas no livro posterior de Levi, mostrando sua inconfundível contribuição à redação do documento e ao tom pacato de seu estilo. Mas, conforme diz no Prefácio, o livro "não foi escrito para fazer novas denúncias objetivas; poderá, antes, fornecer documentos para um sereno estudo de alguns aspectos da alma humana" (p. 7). Um sinal inconfundível do estilo de Levi e do caráter literário de sua obra é o uso de uma sutil e quase paradoxal ironia, num livro que contém a verbalização de uma experiência autêntica e inaudita. O livro começa com estas palavras: "Por minha sorte, fui deportado para Auschwitz só em 1944" (grifo meu). O texto certamente quer apontar para uma fase em que a máquina de aniquilação nazista tencionava suavizar relativamente a vida no campo, com o objetivo de prolongar a vida média dos prisioneiros. Mas logo no texto do primeiro capítulo, "A viagem", moldado a partir de uma visão da Divina Comédia (a descida, Caronte, o barqueiro infernal e outros elementos), o sobrevivente-testemunha declara, num surpreendente tom auto-irônico:

Fui detido pela Milícia fascista no dia 13 de dezembro de 1943. Eu tinha 24 anos, pouco juízo, nenhuma experiência, e uma forte propensão [...] a viver num mundo só meu, um tanto apartado da realidade, povoado de racionais fantasmas cartesianos, de sinceras amizades masculinas e minguadas amizades femininas. Cultivava um moderado e abstrato espírito de rebelião (ib., p. 11).

O tom escolhido em É Isto um Homem? contradiz o objetivo enunciado, que nasceu da "necessidade de contar 'aos outros'. De tornar 'os outros' participantes" (Prefácio, p. 7-8). Mas esse esforço está associado à frustração prévia, que o sonho típico do sobrevivente mostra - um sonho que ele e outros ex-deportados descreverão, diferente na forma, mas idêntico na substância, pois Levi sonha que ele volta para casa e conta aos amigos e familiares dos horrores no campo e gradativamente os interlocutores desaparecem, deixando-o com a sensação de não conseguir se comunicar - que aponta para a sensação de impotência, de incapacidade de verbalizar sua tremenda experiência. A escrita é, ao mesmo tempo, uma escrita secreta ("Então pego lápis e caderno e escrevo aquilo que não saberia confiar a ninguém", diz Levi em É Isto um Homem?, p. 144), vencendo o constrangimento e a necessidade contraditória de querer se livrar a qualquer custo da memória do horror.

O paradoxo da incomunicabilidade da experiência de que fala Calvino em sua resenha sobre É Isto um Homem? encontra-se expresso, de maneira especialmente clara, num capítulo do livro intitulado "O canto de Ulisses". Esse capítulo realiza uma operação de memória literária, através da releitura e da reinterpretação do personagem criado por Dante, um Ulisses temerário e louco. Trata-se de um capítulo muito curto, uma espécie de mise en abîme, uma micro-história que aponta para a macro-história do relato literário do sobrevivente: neste capítulo: o narrador relata uma hora de conversa entre ele e Pikolo (um jovem prisioneiro que representa a figura na base da hierarquia no Lager, entre os judeus), tecendo uma história que se espelha na história do Lager como um todo: a literatura como resistência contra o horror do campo de concentração. Durante o trajeto para buscar a sopa (propositalmente mais longo, para esticar o tempo da caminhada) Pikolo, que é um alsaciano e, portanto, bilíngüe (um típico exemplo da Babel de línguas do Lager) pede que lhe dê uma aula de italiano e Levi escolhe como tema o Canto XXVI da Divina Comédia de Dante Alighieri, "O Canto de Ulisses". O tempo da narrativa amplia-se e permite uma inserção de uma verdadeira aula de literatura. "Quem sabe como e por que [a Comédia] veio-me à memória" (p. 114), declara ele, dando vida a uma paradoxal aula de língua e literatura italiana, que ele ministrou durante essa caminhada ao lado de Pikolo, e da qual se lembrou, enquanto escrevia o livro, registrando-a em meia hora.

Levi descreve (no tempo do narrador, lembrando o episódio do campo) sua tentativa de lembrar os versos de Dante, uma vez que obviamente não dispunha do texto no Lager. Ele arrola fragmentos de versos, frases truncadas, versões não confirmadas, hipóteses, na desesperada tentativa de reconstruir uma mensagem coerente que, por sua vez, tem como objetivo transmitir a Pikolo algo da língua e da literatura italiana e algo das questões filosóficas e existenciais desse Canto. O tempo preme: "Esta hora já não é mais uma hora..." (p.114), declara Levi angustiado e, logo adiante: "Estou com pressa, uma pressa danada" (p. 116). E ainda: "É tarde já, é tarde, chegamos à cozinha, vou ter que concluir" (p. 117).

No texto, Levi acena com novas interpretações, intuições, leituras que surgem somente no instante de agora (na hora de recitar para o Pikolo os versos de Dante ou na hora de escrever sobre o episódio? Isso não fica claro). Seja como for, a metáfora de Dante é sutilmente utilizada para mostrar a impossibilidade de descrever a situação monstruosa e irrepresentável do Lager, algo para além de qualquer imaginação, sem fazer uso da literatura. No capítulo 2 de É Isto um Homem?, significativamente intitulado No fundo, o texto apresenta a perversa inscrição Arbeit macht frei (o trabalho liberta) como uma alusão à inscrição que consta no canto III da obra de Dante: Lasciate ogni speranza o voi que entrate. "Este é o inferno. Hoje, em nossos dias, o inferno deve ser assim..." (p. 20 ). A metáfora do Inferno de Dante, como reconhece o crítico Cesare Segre, perpassa todo o livro de Levi.

Ao final do Canto XXVI de Dante, Ulisses descreve sua louca aventura, consciente de que encontrará a morte desafiando tanto os deuses pagãos quanto o deus cristão. Relata um episódio que termina com a punição divina pelo desafio, isto é, relata sua própria morte. Ulisses é, antecipadamente, a testemunha integral, no sentido em que Levi a define em Os Afogados e os Sobreviventes. Embora personagem de ficção reinterpretado por Dante Alighieri, Ulisses, de fato, é a única testemunha a conseguir descrever sua própria morte. Ele é ao mesmo tempo o terceiro distanciado do episódio (enquanto narrador do episódio) e o sobrevivente envolvido. É ele a testemunha integral. E o canto de Dante e o capítulo de Levi terminam com os seguintes versos:

Faz três vezes girar a nau que aferra;
e na quarta levanta a popa à altura,
e a proa declina, fiel a quem impera;
E nos fecha das águas na clausura (3) ■


Andrea Lombardi é professor de Literatura Italiana na Universidade Federal do Rio de Janeiro e realiza atualmente pesquisas sobre o tema do exílio na literatura

1 - Revista Riga, op. cit., p. 113.
2 - Minerva Medica, nº XXXVII, julho-dezembro de 1946, p. 535-44 em Primo Levi. Opere a.c. Marco Belpoliti. Turim, Eianudi 1997 I, p. 1335-60. O texto em italiano desse relatório encontra-se em www.dignitas.it/pdf/Monowitz.pdf . Um ótimo comentário, em língua francesa, em Philippe Mesnard www.revue-texto.net/Inedits/Mesnard_Levi.html .
3 - Haroldo de Campos in Boitani, op. cit., p. 202.

Fonte: Revista 18(Centro de Cultura Judaica)
http://revista18.uol.com.br/visualizar.asp?id=897

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

David Irving - O embaixador "revisionista" de Hitler

"Historiador" diz que Hitler era "uma pessoa muito humana"

MADRI - O historiador britânico David Irving, conhecido por negar a existência do Holocausto, disse que Hitler era "uma pessoa muito humana" e que o campo de concentração de Auschiwitz, na Polônia, é hoje uma "espécie de Disneylândia".

As declarações foram dadas em Madri, Espanha, onde Irving esteve no último domingo para participar de uma conferência, informou o jornal local El Mundo.

O britânico, de 70 anos, diz que o líder nazista não tinha conhecimento dos massacres cometidos durante o regime, cujas responsabilidades devem cair sobre seus funcionários. "Considero-me um embaixador de Hitler para o futuro. Ele não pode se defender", afirmou o historiador.

Sobre os campos de concentração nazistas, Irving questiona o número real de pessoas mortas e a existência das câmaras de gás, além de afirmar que Auschwitz é hoje uma "espécie de Disneylândia para turistas".

A conferência, que primeiramente seria realizada em um hotel no bairro de Salamanca, foi transferida de última hora para um outro hotel localizado nas proximidades da estação de Chamartin, a fim de evitar o encontro entre manifestantes de extrema-direita e de esquerda.

O historiador já teve diversos problemas com a justiça devido às suas teorias, tendo sido condenado a um ano de prisão na Áustria, além de ser considerado persona non grata na Austrália e na Nova Zelândia.

Fonte: ANSA/Panorama Brasil
http://www.panoramabrasil.com.br/Noticia.aspx?idNot=265645
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Comentário: com bastante freqüência, negadores do Holocausto tentam a todo custo negar até suas afinidades ou filiações idológicas acerca do nazismo, no caso, de que não seria nazistas, proto-nazistas, simpatizantes do nazismo/fascismo ou coisa do tipo e que seriam apenas meros "estudiosos" ou "revisadores" do Holocausto.

Está aí mais uma declaração do principal negador do Holocausto(o que tem mais peso pois foi o único que conseguiu algum eco fora do meio 'outsider' negacionista), ou "guru" dos negadores(pois os seguidores do dito "revisionismo" mais parecem filiados a alguma seita religiosa fanática), deixando claro sua defesa da figura de Adolf Hitler e conseqüentemente do nazi-fascismo(extrema-direita).

As ligações entre "revisionismo"(negação do Holocausto)com o anti-semitismo/racismo e o nazismo são incontestes, por mais que os negadores que se aglomeram pela rede(internet)tentem negar tudo cinicamente(não só o Holocausto como principalmente suas afinidades ideológicas pra não chamar a atenção daqueles que não tem noção ao certo do que se trate o negacionismo do Holocausto e de seus ideólogos pró-nazismo).

Primeira visita a Israel da sobrinha neta de Goering

Trauma. Holocausto levou-a a ser operada para não ter filhos

Primeira visita a Israel da sobrinha neta de Goering

"Não queria trazer monstros ao mundo. Temia ter em mim a maldita semente da dinastia Goering", disse Bettina Goering. Em entrevista ao diário israelita Yediot Aharonot, acrescentou: "Ser uma Goering é uma herança muito pesada."

Bettina, de 52 anos, é neta do irmão de Hermann Goering e prepara-se para realizar a sua primeira visita a Israel, onde irá participar no Festival de Cinema Judaico. Entre os vários filmes está um documentário de Cynthia Connop, que segue os encontros entre Bettina e a artista judia Ruth Rich, cuja família desapareceu nos campos de extermínio nazi.

A sobrinha-neta do homem que, em 1939, foi indicado como legítimo sucessor de Adolf Hitler, conta como sentiu "vergonha e culpa" ao descobrir que o nome da sua família estava associado ao Holocausto - um sentimento que a levou, aos 13 anos, a consumir drogas e aos 30 a ser operada para não ter filhos. Surpreende-a que os judeus que encontra na América Latina não a odeiem por ser uma Goering, mas sente-se muito mal quando descobre que o judeu com quem acaba de "fazer amor" é um sobrevivente do Holocausto, com um "número tatuado no braço".

Hoje, Bettina vive em Santa Fé, entre duas famílias judias que se odeiam e que ela tenta aproximar; trabalha com Ruth sobre o trauma do silêncio. Das vítimas e algozes.

Lumena Raposo

Fonte: Diário de Notícias(Portugal)
http://dn.sapo.pt/2008/10/24/internacional/primeira_visita_a_israel_sobrinha_ne.html

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O que os soviéticos sabiam sobre Auschwitz - e quando. Parte 4: "Revisionistas" e o artigo de Boris Polevoi



Artigo de Sergey Romanov traduzido à partir do link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/08/what-soviets-knew-about-auschwitz-and.html

Mesmo antes de estudar esses livros, vou ler uma tradução em alemão de um artigo que eu também tenho de Vogt. Ela apareceu no jornal do partido comunista soviético, Pravda, em 2 de fevereiro de 1945, uma semana depois da libertação do campo de concentração de Auschwitz pelo Exército Vermelho.(Quatro anos depois eu tenho que lembrar do russo original). O autor deste artigo é o repórter judeu-soviético Bóris Polevoi, que visitou Auschwitz imediatamente após a libertação, ele escreveu sobre: “linha de montagem instalada onde centenas de pessoas foram mortas simultaneamente com corrente elétrica”. Polevoi também mencionou câmaras de gás no setor oriental de Auschwitz. Hoje em dia, ninguém afirma que os alemães fizeram uso de corrente elétrica para matar pessoas, e segundo a versão oficial Holocausto, as câmaras de gás estavam em Auschwitz Birkenau, a oeste do acampamento principal, e não no setor oriental.

Após ter lido este artigo os “revisionistas” sabiam que eu estava certo: A história das câmaras de gás e de extermínio em massa havia sido forjada pelos propagandistas, e as primeiras versões não coincidem com as posteriores.

Nesse dia, 29 de abril de 1991, eu decidi dedicar a minha vida a lutar contra as fraudes cada vez mais monstruosas concebidas pelos cérebros humanos.

Assim foi o ponto de partida de Jurgen Graf, foi o artigo de Bóris Polevoi.

Não sei por que pede Graf chamou Polevoi de judeu (não encontrei nenhuma prova diste), e por que sua etnia deveria ser problema. Podemos analisar o significado de seu suposto artigo sobre os seus próprios "méritos".

Artigo de Polevoi no Pravda. Cortesia de Carlo Mattogno.

Nos círculos "revisionistas" o artigo foi "descoberto" por Robert Faurisson e traduzido para o inglês por "Samuel Crowell" (Alan Buel Kennady) e pode ser encontrado aqui.
"Crowell" descreve o seu significado para "revisionistas" assim:

O que é mais marcante sobre este relatório impresso é que ele está totalmente em desacordo com a versão de Auschwitz que temos vindo a conhecer, substituindo as tradicionais atrocidades gravadas por outra completamente imaginária. O primeiro observador não-anônimo do campo de Auschwitz poderia ser medido a partir da atual narrativa, não fala só da imprecisão do presente relatório inicial, mas também como artifício dos outros subseqüentes.

Este é o usual “modus operandi” dos “revisionistas”. Se algum jornalista ou até mesmo um estudioso comete um engano, eles contam como uma “estória do Holocausto”. Se a interpretação está errada, os dados adjacentes também estão errados!

Felizmente, temos documentos soviéticos suficientes para decisivamente desmerecer esta baba "revisionista". Eu já tenho muitos deles nesta série e constatei que eles geralmente correspondem à versão estabelecida (tendo em conta os inevitáveis erros e exageros e etc). O Exército Vermelho foi acurando mais ou menos as informações sobre Auschwitz. Também os serviços de inteligência soviéticos. Obviamente a descrição incorreta de Polevoi não é importante.

Ainda hà outro relatório escrito sobre Auschwitz, na mesma época – o relatório de Komsomol'skaja pravda do correspondente Sergey Krushinsky, que viajou para Auschwitz com Polevoi. [grifos do tradutor] Não tenho certeza se o relatório de Krushinsky foi publicado, mas isso não é desculpa, os negadores deveriam tê-lo encontrado, i.e. USHMM. Uma cópia do relatório que eu tenho é dirigida ao major-general Yashechkin, mas está escrito como se fosse um artigo de jornal. É impreciso, mas sabemos que a partir de outro relatório de Krushinsky para Yashechkin em 31/01/1945 que ele estava em Auschwitz em 29 e 30 de janeiro. Em um curto relatório de 31.01.1945 Krushinsky nota entre outras coisas que:

Os internos estão em estado de ignorância sobre as questões mais dolorosas – ordem para sair dos campos, retorno às suas pátrias, etc. Uma vez que quase todas essas pessoas estão mentalmente doentes, e os rumores que rondam por aqui, e até mesmo a calúnia alemã, segundo a qual os doentes internados em Majdanek, foram exterminados pelas tropas soviéticas, é lembrado por aqui.

Alguns desses rumores poderiam ter sido a fonte da descrição de Polevoi, ou então, a sua rica fantasia e/ou também algum mal entendido que alguma pessoa não esclareceu.

Em um longo (impreciso) relatório para Yashechkin Krushinsky ele cita vários depoimentos dos internos, e uma parte de sua descrição do processo de extermínio nos crematórios, em sua maioria corresponde ao que sabemos hoje sobre os gaseamentos nos crematórios II e III:

Um grupo de prisioneiros foram levados para a câmara. A porta foi hermeticamente fechada, e o gás foi introduzido. Após 8 minutos de ventilação a cremação dos corpos começou. O gás que era usado aqui tinha o nome de “Zyklon-B”. É um produto de ácido prússico. Várias latas deste veneno foram deixadas nos armazéns, e os internos que trabalharam na destruição da fábrica da morte, antes da evacuação do campo [i.e. os membros do Abbruchkommando do crematório] recordam como as câmaras eram equipadas. Latas do gás eram atiradas pelo teto e quebravam no chão. De modo que os internos aspirassem fumaça e que o gás se espalhasse, as latas não caíam livremente, mas dentro de uma coluna de malha metálica.

Embora a sua descrição das colunas de introdução do Zyklon-B não é inteiramente correta, (o Zyklon-B não era atirado diretamente no chão, mas sim despejado na parte interna [NT: da coluna], de forma que pudesse ser introspectivo) a menção de tal detalhe é notável.

Conforme observou Krushinsky, inúmeros boatos estavam flutuando por lá, e ele próprio relatou alguns fatos, (e.g. ele descreveu sucintamente uma câmara de gás construída acima do crematório, em que os corpos eram jogados para baixo depois do gaseamento através de aberturas nos fornos). A precisão da informação dependeria do “grau de separação” da pessoa que está relatando o rumor e a da fonte primária. Obviamente, quanto maior a “distância” entre os dois, mais a informação tenderá a ser distorcida. Estes rumores incorretos não desacreditam o relatório de Krushinsky – partes de relatos de testemunhas oculares (testemunhas imediatas), como a informação sobre as colunas e dos membros do Abbruchkommando têm mais credibilidade do que um boato absurdo sobre uma câmara de gás à partir de uma fonte sem nome.

A partir dos relatórios de Krushinsky e Polevoi podemos ver que estes correspondentes soviéticos foram confrontados com uma massa de informações de diferentes credibilidades à sua chegada em Auschwitz. Eles "ordenaram" e relataram de acordo com suas próprias parcialidades, intuição, o senso comum, e sim, propósitos de propaganda. O relatório de Krushinsky com todos os defeitos é várias vezes mais credível que o de Polevoi, mas o último foi publicado no principal jornal soviético, e atraiu a atenção dos “negadores”, que não deixaram de criar uma grande propaganda [sensacionalista] em torno dos erros gritantes, ignorando (ou melhor, sendo ignorantes) os mais credíveis, os relatórios internos do Exército Vermelho e da NKGB.

Na verdades, se eles se familiarizassem com os documentos publicados nesta série, Crowell não teria escrito o seguinte:

Existe uma grande surpresa para esta narrativa: em primeiro lugar, é completamente diferente do relatório da Comissão Especial sobre Auschwitz. Esse relatório por sua vez iria mostrar a influência do relatório da Diretoria de Refugiados de Guerra (WRB) de 26 de Novembro de 1945 [sic!]. Uma conclusão óbvia é que a narrativa soviética de Auschwitz subseqüente a este relatório, criou uma harmonia com as várias mensagens anônimas que incluía o relatório da WRB. No entando, o relatório de Polevoi mostra outras influências e conexões.

É claro que a “narrativa soviética de Auschwitz” foi revisada, e o relatório da Comissão do Departamento Político do 1º Front Ucraniano que investigou Auschwitz de 1º a 5 de Fevereiro de 1945, geralmente corresponde ao último relatório da Comissão Extraordinária.

O pomposo disparate pós-modernista não esconde o fato que os “revisionistas” simplesmente não fazem uma boa pesquisa sobre o tema.

Como de costume.

[Eu gostaria de agradecer ao Dr. Joachim Neander por me fornecer os documentos usados neste capítulo.]

Anterior: Parte 3 - Relatórios da Liberação

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Polícia política espionava comunidade judaica na ex-Tchecoslováquia

Primavera de Praga em 1968: 'conspiração judaica' segundo teoria do serviço secreto

Pesquisas mostram como a espionagem dos serviços secretos comunistas agia. Na antiga Tchecoslováquia, os judeus estavam entre os principais alvos dos espiões a serviço do regime.

Através de um instituto de pesquisa histórica sobre a polícia política da então comunista Tchecoslováquia, vieram à tona este ano várias informações sobre os métodos e alvos do serviço secreto do país. Uma das descobertas feitas pelos pesquisadores nos acervos da polícia política foi o montante de pessoas ligadas à comunidade judaica do país que eram espionadas regularmente.

Segundo Jiri Danicek, presidente da Federação das Comunidades Judaicas no país e e ex-dissidente do regime, havia entre os judeus em Praga, durante o comunismo, uma lei informal: na dúvida, manter o sigilo. "Cada pessoa mantinha um círculo de amigos com os quais falava abertamente. E havia os outros, com que, de preferência, não se podia conversar de maneira honesta", descreve Danicek.

Na mira do serviço secreto

Os pesquisadores hoje partem do princípio de que, em quase todas as instituições judaicas do país, havia tentáculos da polícia política. Embora houvesse, teoricamente, liberdade religiosa no país, no dia-a-dia os membros da comunidade judaica permaneciam com freqüência isolados.

"Pelo menos inconscientemente, as teorias que foram decisivas para o anti-semitismo continuaram sendo disseminadas, ou seja, o pensamento de que os judeus tentavam ocupar todos os postos importantes para, através de redes obscuras, influenciar a sociedade em proveito próprio", observa Ondrej Koutek, funcionário do ministério tcheco do Interior e pesquisador do assunto.

Primavera de Praga como conspiração judaica

Comunidade judaica de Praga: alvo da polícia política do regime comunista

A polícia política do país construiu a idéia de uma "conspiração judaica", conta Koutek, para, a partir deste pressuposto, penetrar em várias instituições judaicas do país. O alvo declarado era uma listagem exata dos nomes de todos os judeus tchecoslovacos, contendo uma série de dados privados a respeito dos mesmos.

O detalhismo com que o serviço secreto se dedicava a rastrear a comunidade judaica era assustador, até mesmo se tratando das artimanhas do regime comunista. "Eles procuravam sistematicamente judeus no movimento de oposição e, obviamente, encontraram alguns. A partir daí, desenvolveram a lenda do perigo judeu. A situação se agravou de tal forma que surgiu até mesmo uma versão da Primavera de Praga como sendo uma conspiração sionista", aponta Koutek.

Instituições contaminadas por espiões

As represálias que se seguiram acabaram por minar a comunidade judaica no país. Praticamente nenhum grêmio de uma instituição judaica tinha liberdade para trabalhar de forma independente, pois em todas as instituições estavam infiltrados espiões.

Após a derrocada da Cortina de Ferro, a comunidade judaica da República Tcheca se viu frente a uma questão primordial: saber quem se havia mantido ileso às artimanhas da polícia política, estando apto, portanto, a assumir os cargos de liderança. "De todo candidato era exigida uma declaração de que não havia cooperado com o regime, ou pelo menos não de forma consciente", lembra Frantisek Banyai, que está à frente da comunidade judaica de Praga há quatro anos.

Os critérios que determinam quem cooperou ou não com o regime comunista são, no entanto, ambivalentes, assinala Banyai. "Lembro-me do caso de uma pessoa que foi obrigada a assinar uma declaração de colaboração com o regime, mas que estava sempre à disposição para ajudar a quem fosse necessário. Ao mesmo tempo, havia aqueles que nunca assinaram qualquer documento de colaboração, mas que, por puro fanatismo, causaram muitos danos por onde andaram."

Também durante os anos de regime comunista, completa Banyai, nada era preto no branco. E por isso as revelações sobre o passado do país são tão importantes.

Kilian Kirchgessner (sv)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3876295,00.html

Chefe de polícia terá sido vítima de ataque neo-nazi

Um chefe de polícia alemão conhecido pelas suas posições duras contra a extrema-direita foi esfaqueado na sua residência, em Passau no sul da Alemanha.

Mannichl, de 52 anos, foi golpeado no peito. De acordo com o ministro do interior da Baviera, Oliver Platz, o chefe da polícia afirmou aos investigadores que o atacante o tratou por “polícia porco de esquerda” e mandado “lembranças da resistência nacional”.

O policial foi operado com sucesso e não corre risco de vida. A lamina perfurou o peito a dois centimetros do coração.

Sob a liderança de Mannichl, a polícia de Passau aumentou a vigilância de actividades e manifestações de extrema-direita na região. Muitos dessas manifestações degeneraram em confrontos com as autoridades.

De acordo com dados oficiais, este ano Passau registou 83 crimes atribuidos a militantes de extrema-direita, quase o dobro do verificado no ano passado.

Fonte: Euronews (Alemanha, 14.12.2008)
http://www.euronews.net/pt/article/14/12/2008/tough-cop-stabbed-by-far-rightist-in-bavaria/

Porque é negação e não revisionismo. Parte IV: negadores e o massacre de Babiy Yar (2)

Porque é negação e não revisionismo. Parte IV: negadores e o massacre de Babiy Yar (2)

Um bem conhecido negador faz firulas sobre as declarações das testemunhas a respeito do sangue aparecendo nos locais das execuções em massa. Talvez a mais famosa acusação seja a de Bradley Smith contra Elie Wiesel:
EW(Elie Wiesel) afirma que depois dos judeus serem executados em Babi Yar na Ucrânia, "gêiseres de sangue" jorraram de suas valas por "meses" mais tarde (ver Paroles d'etranger, 1982, p. 86). Impossível? Sim, é. Os professores acreditam nisto?
Primeiramente, como John Silber ressalta, isto não pode ser nada além de boato, então o ponto de Smith é fraco. Porém, o relato de Wiesel é parcialmente corroborado por um diário contemporâneo de Irina Khoroshunova, que em 14.10.1941 escreveu:
Nós sabemos, já sabemos com certeza, que o sangue jorrava de Babiy Yar e estava jorrando a uma distância de quilômetros do cemitério.
(Fonte: E. Wiehn, Die Schoah von Babiy Yar, Konstanz, Hartung-Gorre, 1991, p. 304; presumidamente, isto significa cemitério de Lukjanovskoje).

Claro, os negadores dirão que é impossível. Agora, eu não sou um especialista, mas aqui está um extrato do relatório feito depois da tragédia de Kurenyovka (que também destruiu a ravina) entitulado "Geological characteristic of the emergency strip in Babiy Yar region"(Característica geológica da na região de Babiy Yar) (1961; ênfase minha):
[...]
A faixa na qual em 13 de março de 1961 o movimento catastrófico de massas de terra aconteceu está restrita a parte superior e média de Babiy Yar, que foi 35-40 m profundidade. A ravina corta os aqüíferos, que é a razão pela qual a parte de fundo dos declives e o fundo em si serem parcialmente encharcados.

A permanente canal no fundo usualmente tem a taxa de fluxo d'água de 8-10 litros/seg. Juntos com o largo sistema avançado de ramos superiores, Babiy Yar é uma grande área de captação d'água e isto se dá porque quando chove o fluxo de água de repente aumenta.
[...]
(Fonte: Babij Jar: chelovek, vlast', istorija, vol. 1, compilado por T. Yevstafjeva, Vitalij Nakhmanovich; Kiev, Vneshtorgizdat Ucrânia, 2004.)

Dado que a ravina corta os aqüíferos, presumidamente não seria surpreendente que líquidos dos corpos aparecessem em outro lugar.

Mas eles jorrariam como gêiseres acima das valas? Bem, "gêiser" é provavelmente a palavra errada usada aqui. Mas considere este relatório, "1.500 ovelhas a serem desenterradas com os corpos escorrendo líquidos" (ênfase minha):
AS carcaças de 1.500 ovelhas abatidas há cinco semanas porque estavam infectadas, com as patas e a boca a serem desenterradas e queimadas pelo MAFF(Ministério de Agricultura, Pesca e Consumo, Reino Unido)depois do sangue encontrado borbulhando do chão.

[...]

Segue a descoberta de uma semana atrás de que 15.000 ovelhas enterradas nos campos de tiro do exército em Epynt, Médio Gales(País de Gales), estavam com fluidos escorrendo do corpo ao nível d'água e teriam que ser desenterradas e queimadas. Richard Tutton, que cultiva em Buttington Hall, disse: "Elas foram enterradas há cinco semanas atrás. A cova foi muito grande, eficiente e profunda.

"Temos tido uma chuva horrenda desde então. A água tem bem debaixo e houve sorte de borbulhar. Não alcançou o rio ou qualquer coisa. Eles estão apanhando isso antes que qualquer coisa mais séria aconteça."
Isto são 1500 ovelhas. Agora imagine o que aconteceria com 34.000 corpos num verão indiano em 1941.

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Fonte: Holocaust Controversies
Texto(inglês): Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/thats-why-it-is-denial-not-revisionism_10.html
Tradução(português): Roberto Lucena
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Site sobre o problema(a queimada) em Gales com os cadáveres de ovelhas:
http://www.epynt-disaster.co.uk/

Apenas mais uma prova do ocorrido citado no texto acima para atestar e reforçar a demonstração de como negadores do Holocausto("revisionistas")ignoram fatos e fontes de forma proposital e distorcem os mesmos quando lhes é conveniente para justificarou dar crédito às suas deturpações.

Ver também: Técnicas dos negadores do Holocausto

domingo, 14 de dezembro de 2008

Porque é negação e não revisionismo. Parte III: negadores e o massacre de Babiy Yar (1)

Porque é negação e não revisionismo. Parte III: negadores e o massacre de Babiy Yar (1)

Em 28 de setembro de 1941, pessoas de Kiev viram esta notícia nos muros e cercas ao redor da cidade:
Todos os judeus da cidade de Kiev e suas imediações estão para chegar às 8 horas da manhã de segunda, 29 de setembro de 1941, nas esquinas das ruas Mel'nikova e Dokterivskaja (próximas aos cemitérios).
Estão levando seus documentos, dinheiro, objetos de valor, como também agasalhos, roupa de baixo, etc.
Qualquer judeu que não cumprir esta instrução e que seja encontrado em qualquer lugar será morto.
Qualquer cidadão invadadindo apartamentos abandonados por judeus e roubando propriedade será morto.

(Nota 1: A. Kuznetsov cita outra versão da notícia, na qual os nomes das ruas eram transcritas como "Mel'nikovskoj i Dokhturovskoj", e não "Mel'nikovoj i Dokterivskoj"; as verdadeiras ruas eram na realidade chamadas de rua Mel'nikova e rua Degtyaryovskaja - é óbvio que os alemães usaram algum mau tradutor, e não um local.
Nota 2: a palavra usada na versão russa é "zhidy", ao mesmo tempo um termo ofensivo, provavelmente melhor traduzido como "kikes".
Nota 3: a notícia na realidade consiste de 1 coluna - a primeira parte está em russo, a segunda em ucraniano, a terceira - em alemão).


No dia seguinte milhares de judeus reuniram-se num "reassentamento". O destino destes judeus é descrito em pelo menos 9 documentos alemães dos tempos de guerra.

1. Relatório de Situação Operacional da URSS No. 97, 28.09.1941:
Em 24 de setembro, explosões violentas nos quarteirões da Feldkommandatur; o seguinte incêndio não foi ainda apagado. Fogo no centro da cidade. Muitos prédios de valor destruídos.

[...]

Como foi provado, judeus tiveram uma pré-eminente participação. Alegadamente 150.000 judeus vivendo aqui. A verificação destas declarações não foi possível ainda. 1.600 prisões no curso da primeira ação, medidas evoluindo para checar por inteiro a população judaica. Execução de pelo menos 50.000 judeus planejada. O Exército alemão saúda as medidas e demanda drástico procedimento. Comandante Garrison advoga execução pública de 20 judeus.
Fonte.

2. Relatório de Situação Operacional da URSS No. 101, 02.10.1941:
Sonderkommando 4a em colaboração com o Einsatzgruppe HQ e dois Kommandos de regimento policial do Sul, executou 33.771 judeus em Kiev em 29 e 30 setembro de 1941.
Fonte.

3. Relatório secreto de Hans Koch sobre a situação em Kiev, 05.10.1941:
Fogo em Kiev em 24-29 de setembro de 1941 destruiu o centro da cidade, i.e.(ou seja)a parte mais linda e majestosa... o fogo afetou uma área de cerca de 2 quilômetros quadrados, cerca de 50 mil estão desabrigados; com dificuldade eles estão alojados em apartamentos abandonados. Em punição por uma óbvia sabotagem, em 29-30 de setembro, judeus da cidade foram exterminados, no geral (de acordo com os destacamentos operacionais das SS) cerca de 35 mil pessoas, metade deles - mulheres...
Citado por Mikhail Koval' em "Tragedija Babjego Jara: istorija i sovremennost'", Novaja i novejshaja istorija, 1998, no. 4. Ele cita outra fonte secundária, mas dá a fonte de arquivo como GARF, f. 7445, op. 2, d. 138, l. 269.

4. Relatório de Situação Operacional da URSS No. 106, 07.10.1941:
Como resultado da destruição de prédios em particular e da evacuação dos distritos ameaçados ordenados pelas autoridades, aproximadamente 25.000 pessoas ficaram sem abrigo e tinham que passar os primeiros poucos dias da ocupação na rua. Os inconveniences resultados disto foram aceitos pela população com calma. Nenhum sério incidente ou pânico ocorreu. Enquanto isso os apartamentos evacuados, tão distante quanto não foram destruídos por incêndios ou explosões, foram novamente postos à disposição da população. Além disso um número adequado de apartamentos foram evacuados através da liquidação de aproximadamente 35.000 judeus em 29 e 30 de setembro de 1941, de modo que agora o abrigo para os sem-tetos está seguro e foi também por enquanto alocado.

[...]

Parcialmente por causa da situação econômica melhor dos judeus sob o regime bolchevique e suas atividades como informantes e agentes do NKVD, parcialmente por conta das explosões e os incêndios resultantes, o sentimento público contra os judeus era muito forte. Como um fator adicional foi provado que judeus participaram do incêndio premeditado. A população esperava uma retaliação adequada por parte das autoridades alemãs. Conseqüentemente todos os judeus de Kiev foram presos, e de acordo com o comandante da cidade, a se apresentarem na segunda, 29 de setembro às 8 horas no local designado. Estes anúncios foram publicados por membros da milícia ucraniana na cidade inteira. Simultaneamente foi anunciado oralmente que todos os judeus seriam removidos. Em colaboração com o grupo de apoio e 2 Kommandos do regimento de polícia Sul, o Sonderkommando 4a executou em 29 e 30 de setembro, 33.771 judeus. Dinheiro, objetos de valor, roupas de baixo e agasalhos foram tirados e postos parcialmente a disposição do NSV [Organização do Bem-estar público do Partido Nazi] para uso dos alemães raciais, parcialmente dado às autoridades da administração da cidade para uso da população necessitada. A transação foi cumprida sem conflito. Nenhum incidente ocorreu. A "medida de reassentamento" contra os judeus foi aprovada totalmente pela população. O fato é que na realidade é difícil saber até agora dos judeus que foram liquidados, de acordo com as experiências atualizadas seria, entretanto, difícil obejetar-se. As medidas foram também aprovados pela Wehrmacht. Os judeus que não foram ainda detidos como também aqueles que gradualmente retornaram de suas fugas para a cidade foram em cada caso tratados adequadamente.
Fonte.
(Nota: a diferença em números neste relatório muito provavelmente provém do fato de que foi automaticamente compilado de relatórios mais recentes. Estimativas de "35.000" e "33,771" são situadas em duas partes separadas do relatório - "Kiev" e "Executions and Other Measures"; cf. Koch's report).

5. Relatório de Situação Operacional da URSS No. 111, 12.10.1941:
Sonderkommando 4a agora alcançou o número total de mais de 51.000 execuções. À parte da ação especial em Kiev de 28 e 29 de setembro, pela qual 2 Kommandos do Regimento Policial Sul foram imparciais, todas as execuções cumpridas à distância foram realizadas por aquele Kommando especial sem qualquer assistência de fora. As pessoas executadas foram principalmente judeus, uma parte minoritária foi de dirigentes políticos como também de sabotadores e saqueadores.
Fonte.

6. Relatório de Atividade da 454ª Divisão de Segurança para o período de 1-10 de outubro de 1941, 12.10.1941:
Os judeus da cidade foram ordenados a se apresentar por conta própria em determinado lugar e hora para o propósito de registro numérico e alojamento num campo. Cerca de 34.000 alegados, incluindo mulheres e crianças. Depois deles se desfazerem de seus agasalhos e objetos de valor, foram todos assassinados; isto levou vários dias.
Fonte.

7. Relatório de Atividade e Situação no. 6. da Força-tarefa da Polícia de Segurança e o SD na URSS, cobrindo entre 01-31.10.1941:
A amargura da população ucraniana contra os judeus é extremamente grande, devido a pensarem que eles são responsáveis pelas explosões em Kiew. Eles também estão vistos como informantes e agentes do NKVD, que iniciou o terror contra o povo ucraniano. Como uma medida de retaliação para o incêndio premeditado em Kiev, todos os judeus foram presos e cerca de 33.771 judeus foram executados entre 29 e 30 de setembro. Dinheiro, objetos de valor e agasalhos foram tirados e postos a disposição da Liga Nacional-Socialista para o Bem-estar Público [NSV], para o equipamento dos nacionais alemães [Volksdeutschen] e parcialmente posta a disposição da administração provisional da cidade para distribuição para população carente.
Fonte.

8. Relatório de Situação Operacional da URSS No. 128, 03.11.1941:
Várias medidas retaliatórias foram cumpridas como ações de larga-escala. A mais extensa destas ações tomou lugar imediatamente depois da ocupação de Kiev. Foi cumprida exclusivamente contra judeus e suas famílias inteiras. As dificuldades resultantes de tal ação de larga-escala, em particular sobre a captura, foram superadas em Kiev por pedido da população judaica à assembléia, usando cartazes de parede. Ainda que da primeira e única participação dos 5-6000 judeus fora aguardada, mais de 30.000 judeus chegaram a quem, até o momento de suas execuções, ainda acreditava em seu reassentamento, agradecia à organização tão extremamente inteligente.
Fonte.

9. Finalmente, Christopher Browning fornece a seguinte informação:
Ele mesmo, o Subsecretário Luther, escreveu um resumo do sexto relatório, apontando que na Ostland todos os judeus homens e cerca de 16 outros além de doutores e membros do conselho seriam executados, e que na conclusão da ação apenas 500 mulheres judias e crianças seriam deixadas vivas. Ele também apontou que 33.000 judeus em Kiev, 3.000 em Vitebsk e 5.000 do leste do Dnieper haviam sido mortos. O resumo foi iniciado pelo Secretário de Estado Weizsaecker no dia que foi escrito.
The Origins of the Final Solution (As Origens da Solução Final), 2004, p. 402.

(Nota: os agradecimentos vão para David Thompson por coletar 7 destes documentos em um único lugar).

De testemunhos de sobreviventes, perpetradores, observadores, e da extraordinária série de fotos feitas por Johannes Haehle sabemos que o massacre aconteceu na ravina conhecida como Babiy Yar (Babij Jar, Babyn Yar, Baby Yar). Dada a riqueza da evidência documental, eu não iniciarei citando a evidência testemunhal para o massacre.

Agora, nenhuma pessoa sã e inteligente pensaria mesmo em confrontar o evento apoiado por tão blindada evidência. Mas, claro, negadores do Holocausto fazem apenas isto - eles ou negam ou minimizam o massacre. Vamos ver que truques eles usam.
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Nosso primeiro paciente é um certo Herbert Tiedemann, que escreveu um artigo "Babi Yar: Critical Questions and Comments" (Babi Yar: Perguntas críticas e comentários) (versão antiga) para Dissecting the Holocaust(Dissecando o Holocausto) de Rudolf.

Não há muito senso em responder cada e todo pequeno "ponto" que Tiedemann faz. Será suficiente apontar os erros mais significantes.

1) Tiedemann não lida com os documentos citados acima exceto na maioria dos termos gerais. Por exemplo, ele menciona o documento no. 7 apenas para lançar dúvida sobre isso, por citar sua estimativa exagerada do pré-guerra da população judaica de Kiev, como se isto pudesse desacreditar o documento de qualquer jeito. Ele não cita a parte incriminatória.

2) Na versão antiga Tiedemann não se mostrou nem mesmo informado do magnífico Babi Yar: A Document in the Form of a Novel(Babi Yar: Um documento em formato de novela)de Anatolij Kuznetsov, que apenas mostra sua assumida ignorância em seu "descrédito público" sem nunca ter lido um dos mais importantes livros sobre o tema.

3) Em ambas versões Tiedemann cita apenas um único Sonderkommando judaico, Vilkis (sem designá-lo como tal). Até depois de finalmente achar o livro de Kuznetsov, ele não menciona Vladimir Davydov, cujo testemunho está contido nisto. Nem se mostra informado sobre Kaper, Budnik ou Trubakov. Tanta ignorância é impressionante.

4) Tiedemann mostra sua total falta de conhecimento da historiografia do Holocausto em geral. Considere isto:
De acordo com a Brockhaus Enzyklopädie a "ordem para a solução final da questão judaica" foi emitida em 31 de julho de 1941 (Documento do Julgamento de Nuremberg NG 2586e), e foi anunciada na ocasião da 'Conferência de Wannsee' (20 de janeiro de 1942).

Muito à parte do fato de que historiadores e outras pessoas interessadas estão ainda procurando em vão pela ordem para o extermínio em massa, é mais que estranho que muitas dezenas de milhares terem sido massacrados em Babi Yar antes da ordem ter se tornado conhecida.

Bem... dã! Qualquer pessoa seriamente interessado na questão sabe que a Conferência de Wannsee foi a respeito da "solução da questão judaica" mas não no território soviético, mas como bem num sistema pan-europeu. O genocídio dos judeus na URSS iniciou muito mais cedo que no resto da Europa, e antes de Hitler decidir que todos os judeus europeus viessem a ser exterminados. Isto é historiografia do Holocausto 101.

5) Tiedemann usa a mais importante regra da negação: se qualquer fonte relatando sobre um evento estiver errada, o evento em si é duvidoso. O artigo de Tiedemann consiste principalmente de citações de fontes secundárias, reportando (freqüentemente de forma incorreta) sobre o massacre, e seus tolos comentários. Considere este exemplo:
Em 20 de julho de 1942, a Podziemna Obsluga Prasy Pozagettowej, a agência de imprensa clandestina do gueto de Varsóvia, afirmou:

"Nem um único judeu foi deixado em Kiev porque os alemães jogaram a população judaica inteira de Kievv no rio Dnjepr."
Não houve um entre aquelas dezenas de milhares que pudessem nadar? Este método de assassínio teria ameaçado as tropas 'no próprio suprimento de água, enquanto também ocasionava um grande e considerável perigo de epidemia - um pesadelo para qualquer comandante.
Os corpos teriam flutuado rio abaixo e sido noticiados por inúmeras testemunhas. Porque não havia tais testemunhas?
A oração diz, como isto seria relevante? Sim, uma agência clandestina fez uma equivocada alegação. Como isto afeta a historicidade do evento em si?

Nota das perguntas "comoventes" de Tiedemann. Desde que ninguém argúi que os judeus foram afogados no Dniepr, por que perguntar a eles? Continuar a discutir um assunto encerrado parece ser o hobby de Tiedemann.

Um outro exemplo:
Um físico de nome Dr. Gustav Wilhelm Schübbe alegadamente matou sozinho 21.000 pessoas, com injeções de morfina. 110.000 a 140.000 vítimas foram alegadamente assassinadas desta maneira no "Instituto de Aniquilação Alemão" em Kiev. Injeções de morfina, que estavam num pequeno suprimento e que mal era necessária para soldados feridos? E quanto tempo levaria um físico para aplicar 21.000 injeções?
De acordo com os arquivos do Centro de Documentação dos EUA em Berlim, que armazena mais de um milhão de arquivos pertencentes a membros do NSDAP (Partido 'Nazi'), Dr. Gustav Wilhelm Schübbe nunca esteve estacionado em Kiev.
Por que nem a URSS ou os judeus nunca procuraram pela localização deste "Instituto de Aniquilação"?
Novamente, ele batalha pra achar uma razão para inclusão deste artigo sobre Babiy Yar, e não encontra. E o pior de tudo, Tiedemann nem mesmo menciona o mais relevante fato - que Schuebbe era um viciado em drogas aleijado.

Desde que Tiedemann empregou este truque em todo o artigo, pode ser certamente rechaçado como um grande non sequitur(falácia lógica).

6) Tiedemann apresenta um absoluta falta de entendimento das realidades soviéticas. Todos seus exemplos de reações do dirigente soviético à Babiy Yar (observações de Khrushchev, depósito de lixo, etc.) não são no mínimo surpreendentes para aqueles versados sobre a política judaica soviética do pós-guerra. Alguém poderia pensar que o tratamento de Tiedemann deste tema não poderia ter sido mais ridículo, mas ele supera a si mesmo ao perguntar:
Ele poderia achar a 'Rua Tiraspolskaja' (que é como seria escrita corretamente!) num mapa de ruas de Kiev, e próximo ao 'local' de Babi Yar (que não é um 'local' apenas)?
Como qualquer mapa decente de Kiev mostrará, HÁ ainda a rua Tiraspolskaja, que é certamente situada não muito longe da antiga Babiy Yar. Como mesmo a idéia em si pede para que venha uma pergunta dentro da pobre cabeça de Tiedemann? Que futilidade!

Bem, chega disto. Até para ler a respeito deste "estudo" faz qualquer um se sentir estúpido. Havia ainda alguns pontos a serem endereçados, tal como o overall número de vítimas de fotos aéreas, que será feito no devido tempo.

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Fonte: Holocaust Controversies
Texto(inglês): Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/thats-why-it-is-denial-not-revisionism_07.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver também: Técnicas dos negadores do Holocausto

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Diretor de 'The reader' é apontado como candidato ao Oscar

NOVA YORK - Os dois primeiros filmes de Stephen Daldry lhe valeram indicações ao Oscar de melhor direção, e seu trabalho mais recente, "The Reader", estréia esta semana nos Estados Unidos já acompanhado de uma dose de especulações envolvendo os prêmios da Academia.

Baseado no romance "O Leitor", de Bernhard Schlink, "The Reader" conta a história de um garoto alemão de 15 anos que se envolve num caso amoroso com uma mulher que tem duas vezes sua idade e que esconde um segredo sombrio - seu envolvimento no Holocausto.

"Este não é um filme sobre o Holocausto - é sobre a segunda geração, sobre como se conciliar com o passado e como se pode abordar a vida e o amor numa sociedade que se envolveu com o genocídio", disse Daldry em entrevista.

Estrelado por Kate Winslet e Ralph Fiennes, o filme - que estréia na quarta-feira nas maiores cidades americanas e em janeiro em outras - vem recebendo críticas divididas, mas de modo geral positivas, e vários críticos prevêem que fará parte dos candidatos a Oscar.

Todd McCarthy, do Variety, disse que "The Reader" "foi feito com sensibilidade e é dramaticamente convincente, mas passa a impressão de uma experiência essencialmente cerebral".

O crítico Rex Reed, do New York Observer, descreveu o filme como "obra-prima", e Tom O'Neil, do Los Angeles Times, o considerou "candidato sério em todas as categorias principais do Oscar".

Ralph Fiennes representa o garoto Michael depois de adulto. Ele comentou que Daldry "não tem uma idéia fixa prévia, mas tem noções e instintos fortes em relação a como cada cena deve ser representada".

Daldry disse que passou muito tempo na Alemanha quando jovem e adulto e que se sentiu atraído por "O Leitor" e as questões que o livro suscita.

Para o papel do garoto, Daldry escolheu o estudante alemão David Kross, que tinha 16 anos quando fez um teste para o papel e completou 18 anos durante as filmagens, quando foram rodadas as cenas amorosas entre ele e Kate Winslet. Ele também precisou aprender a falar inglês.

"The Reader" é o primeiro filme de Daldry depois de "As Horas", que mostra como um romance de Virginia Woolf afeta três gerações de mulheres e que deu um Oscar a Nicole Kidman.

Seu primeiro filme foi "Billy Elliot", sobre um menino que quer ser bailarino numa cidade mineira do norte da Inglaterra.

Nos últimos anos Daldry vem dirigindo "Billy Elliot the Musical", para o qual Elton John compôs a música. O musical já foi encenado em Londres, onde recebeu vários prêmios Lawrence Olivier, em Sydney, e, mais recentemente, estreou na Broadway, em Nova York, onde foi aclamado pela crítica.

Fonte: Reuters(08.12.2008)
http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters/cultura_filme_reader_oscar

Foto: http://www.awardsdaily.com/?tag=the-reader

Um cemitério vandalizado a cada três dias

Um cemitério vandalizado a cada três dias
França

O distanciamento dos jovens em relação à morte e a mera delinquência são responsáveis por muito mais vandalismo em cemitérios do que o racismo ou práticas satânicas.

No fim-de-semana passado, neo-nazis terão profanado mais de 500 campas pertencentes a soldados muçulmanos que combateram na Primeira Guerra Mundial, e mais 15 campas de judeus que se encontravam perto.

Este foi um de vários ataques motivados por anti-semitismo, racismo ou em alguns casos rituais satânicos e que visam cemitérios em França. Mas o problema da profanação de campas é muito mais grave do que se possa pensar, conclui um relatório parlamentar em França.

Embora os ataques racistas e anti-semíticos mereçam mais atenção mediática, constituem apenas 20% dos casos registados por ano. Os restantes 80% atingem principalmente cemitérios cristãos e são motivados por pura delinquência. Em todo o país, ocorre um caso de profanação em cada dois ou três dias.

Na raiz do problema, segundo a comissão parlamentar que analisou a questão, estará um distanciamento entre os jovens e o respeito pela morte.

O relatório, chamado “Do respeito pela morte à morte do respeito”, conclui que a maioria dos jovens de hoje, embora esteja exposto ao conceito da morte através da televisão e da internet, não tem contacto próximo pessoal com a morte, pelo que esta se torna cada vez mais “virtual”.

“O distanciamento da morte em relação à vida pode levar à indiferença e eventualmente a uma perde de sentido e de respeito. Aquilo que não é conhecido pode ser descartado e perde, progressivamente, a sua dimensão sagrada”, afirma o relatório.

Segundos os mesmos deputados “o aumento da cremação contribui para este distanciamento”.

Entre as soluções apresentadas, encontra-se o ensino sobre a morte, a sua dimensão cultural e os rituais associados, nas escolas, para que “os alunos compreendam melhor a questão da morte, aumentando o seu respeito pelas campas”.

Fonte: FA/Reuters(12-12-2008)
http://www.rr.pt/InformacaoDetalhe.aspx?AreaId=23&SubAreaId=39&SubSubAreaId=79&ContentId=220229

Horrores da Guerra Solenidade marcou a apresentação da nova data do calendário oficial do município

Dia da Lembrança
Horrores da Guerra Solenidade marcou a apresentação da nova data do calendário oficial do município

FELIPE RODRIGUES
Da Gazeta de Piracicaba
felipe.rodrigues@gazetadepiracicaba.com.br

"O horror. O horror". Uma das frases mais impactantes da história do cinema americano, dita pelo Coronel Walter Kurtz (interpretado por ninguém menos que Marlon Brando) ao final do filme Apocalipse Now, entrou para a história ao sintetizar em uma palavra o sentimento humano diante das atrocidades de uma guerra. Embora a obra trate do conflito americano no Vietnã, o paralelo com o pesadelo vivido pelos judeus na 2ª Guerra Mundial é inevitável.

Lembrar o horror do conflito anti-semita de maiores proporções da história é o intuito do Dia da Lembrança, instituído este ano por projeto do vereador João Manoel dos Santos (PTB), sancionado pelo prefeito Barjas Negri (PSDB). A data será celebrada anualmente no dia 30 de abril e a Câmara de Vereadores realizou na manhã de ontem a solenidade para apresentação e publicidade da nova data que passa a integrar o calendário oficial do município.

Com a presença de Boris Ber e Ricardo Berkiensztat, presidente e vice-presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), além de Arie Yaari, sobrevivente do holocausto e presidente da Federação Israellita de Taubaté, a solenidade no Salão Nobre da Câmara discutiu o Holocausto da 2ª Guerra Mundial, que vitimou, pela contagem oficial, mais de seis milhões de judeus.

"É preciso educar as próximas gerações para que não sejam enganadas sobre o ocorrido. Enfrentar o novo fascismo negador do Holocausto é a melhor forma de evitar que se repita e não haja mais genocídios", diz Jayme Rosenthal, presidente da Federação Israelita em Piracicaba e que forneceu subsídios a João Manoel à formulação da lei que lembra os horrores da guerra. "Talvez esta seja a página mais negra de toda história".

A lei, agora instituída em Piracicaba, já existe em São Paulo, Campinas, Taubaté, São José dos Campos, Sorocaba e Ribeirão Preto. Uma resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovada por 191 países dos 192 que a congregam, declara ser dever dos Estados condenar sem reservas quaisquer negações do Holocausto, ao mesmo tempo em que as escolas devem ensinar sobre as conseqüências do massacre nazista aos judeus.

SOLENIDADE. A cerimônia no Salão Nobre contou com a apresentação do documentário "Nazismo Nunca Mais", que mostrou imagens gravadas pelos cinegrafistas alemães sobre os horrores da 2ª Grande Guerra. No vídeo, aparecem crianças judias mortas jogadas em uma pilha de cadáveres e judeus maltratados nos campos de concentração, cheios de piolhos e feridas.

A solenidade também contou com o sobrevivente do holocausto, Arie Yaari, que dedica sua vida a lutar para que o conflito onde foram mortos 6 milhões de judeus nunca mais aconteça. "Os jovens precisam saber o que aconteceu e não aceitar a publicidade fundamentalista que fizeram os nazistas e que pode ressurgir. Existe esse perigo".

Há cinco anos ele escreveu o livro O Leão da Montanha - Dos Campos da Morte para Campos de Jordão, da editora Séfer. Em 2009 será publicada a 2ª edição, revisada e que virá de forma mais didática para ser usado por professores e estudantes. Dois atores de São Paulo também adaptaram o texto e fizeram uma aula cênica que apresentam nas escolas, segundo Yaari.

Fonte: Gazeta de Piracicaba
http://www.gazetadepiracicaba.com.br/conteudo/mostra_noticia.asp?noticia=1609132&area=26050&authent=5488CB9FE5351325C9FC8BF6445212

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Porque é negação e não revisionismo. Parte II: negadores e as valas de Marijampole

Porque é negação e não revisionismo. Parte II: negadores e as valas de Marijampole

Em 1 de setembro de 1941, o Einsatzkommando 3 assassinou mais de 5.000 seres humanos na cidade lituana de Marijampole. Mais tarde naquele ano o comandante da Polícia de Segurança e o SD friamente resumiu a contagem de mortos como se segue:

Mariampole
1,763 judeus, 1,812 judias
1,404 crianças judias,
109 mentalmente doente,
1 mulher. Nacionalidade alemã que era casada com um judeu,
1 mulher. Russa

Adiantando o tempo e pulando para o verão de 1996: a cidade de Marijampole decidiu eregir um memorial do Holocausto no local do massacre. De acordo com o jornal lituano Lietuvos Rytas (21.08.1996), o presumido local do massacre foi escavado. Não havia nenhum corpo.

Rapidamente os negadores do Holocausto começaram a atividade de usar a contagem do Lietuvos Rytas. Aqui estão algumas citações da literatura "revisionista":

Germar Rudolf na introdução de Dissecting the Holocaust(Dissecando o Holocausto):

No verão de 1996 a cidade de Marijampol, na Lituânia, decidiu eregir um memorial do Holocausto para dezenas de milhares de judeus do alegado assassínio, enterrados lá pelos alemães dos Einsatzgruppen. A fim de construir o memorial na exata localização, tentaram achar onde as valas comuns estavam. Escavaram o local descrito por testemunhas, mas não acharam nenhum rastro. Além de cavarem ao longo de um ano inteiro, tudo ao redor do alegado local do assassínio não revelou nada além de solo nunca antes mexido. Os alemães então fizeram um trabalho perfeito ao destruir todas as pistas e até mesmo restaurando a seqüência original das camadas do solo? Eles fizeram milagre? Ou estão as testemunhas erradas?

Quase a citação idêntica no "Partisan War and Reprisal Killings"(Guerra dos Partisan e a Reprise dos Assassinatos) de G. Rudolf e S. Schroeder.

Juergen Graf, "Raul Hilberg's Incurable Autism"(Autismo incurável de Raul Hilberg):

Finalmente, evidência material de um assassínio em massa de judeus dos números alegados é totalmente inexistente. Na cidade lituana de Marijampol em 1996, foi decidido eregir um monumento à dezenas de milhares de judeus que tinham sido alegadamente mortos pelos alemães. Eles começaram as escavações no local designado pelas testemunhas oculares a fim de localizar as valas comuns, mas pasmem, não havia nada lá. Mesmo se os alemães tivessem postumamente exumado e cremado aquelas dezenas de milhares de cadávares, como Hilberg e seus associados alegam, nenhuma vala comum seria ainda facilmente identificável em virtude das configurações alteradas do terreno.
Carlo Mattogno e Juergen Graf simplesmente citam Rudolf em seu livro sobre Treblinka.

E um 'não menos negador', Jonnie Hargis ("Hannover"), fez a mesma afirmação, confundindo o jornal lituano como se fosse um jornal da Letônia.

A conclusão dos negadores é simples - o relatório, mencionando este massacre, é duvidoso, e, por indução, todos os outros relatórios dos Einsatzgruppen são suspeitos.

Como de costume, um pouco mais de pesquisa ajudaria os negadores a não parecerem idiotas.

Um dos que destacados anti-negadores, Roberto Muehlenkamp, decidiu investigar o problema, e escreveu para o prefeito da Marijampole municipality, Sr. Vidmantas Brazys. E ele recebeu a seguinte resposta em 20.05.2003:
Caro Roberto Muehlenkamp,

Gostaria de informar a você, que na página da internet do município de Marijampole, na apresentação online de “Lugares para visitar” sob o item 10, contém a seguinte passagem: “No vale de rio Sesupe 5090 judeus e pessoas de outras nacionalidades foram assassindas em 1941 por forças nazistas.” Este fato é confirmado por documentos.

Em 1970 o cemitério foi incluído na lista de Monumentos Culturais. A área, onde se pensou que estavam as valas, oliveiras foram plantadas e abriga o monumento.

Em virtude da exata localização das valas não ser conhecida, em 1996 foram feitas escavações arqueológicas e o local do fuzilamento foi encontrado (acerca de 50m a oeste das valas apontadas).

Doutor de Ciência da Arqueologia da Universidade de Vilnius, o Sr. Algimantas Merkevicius fez escavações arqueológicas. Todos os documentos da escavação são mantidos pelo Especialista-chefe de Arquitetura e Divisão de urbanística do município de Marijampole, o Sr. Gedeminas Kuncaitis.

Os fatos no artigo de Germar Rudolf são primários e não resultados finais de escavações arqueológicas.

Sinceramente,

Prefeito Vidmantas Brazys
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Então Roberto escreveu para o Sr. Algimantas Merkevicius, e mais tarde foi respondido em 17.06.2003 como segue:

Caro Sr. Roberto Muehlankamp,

Desculpe-me pela demora na resposta, mas eu estava longe de meu escritório. Sim, escavei o território das valas comuns em Marijampole em 1996. O propósito era achar o lugar exato das valas. O suposto local do enterro estava vazio e achei as valas comuns cerca de 100m de distância desta suposta área. Pessoas foram assassinadas e enterradas numa grande dich. Mas depois de achar o lugar exato, meu trabalho encerrou. Não sei como muitas pessoas foram mortas e como grande é a área das valas comuns.

Cordialmente, saudações
Algimantas Merkevicius

Uma simples pergunta por e-mail foi o suficiente para constatar isso. Mas por que tentar e estragar o argumento conveniente, certo?
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A resposta dos negadores como sempre ao que foi exposto acima seria:

1) as valas estavam na localização errada;
2) o número de corpos não foi estabelecido;
3) a identificação dos corpos não foi estabelecida.

Isto capta a idéia pessimamente. 100 metros longe da área presumida não é absolutamente ruim, se a área presumida foi o local do massacre com base em testemunhos. Testemunhos podem conduzir, dentro de limites, para algum erro em certa medida. Especialmente se foram testemunhos tardios, tomados após meio século. Se as identidades dos cadávares foram encontradas não está claro no relatório, mas é até apontado que eles não eram judeus, e que não houve corpos suficientes, negadores simplesmente não têm uma base para argumentação: o argumento inteiro foi baseado na premissa de que não havia corpos seja o que for. Os corpos estão lá. Se os negadores desejam afirmar que aqueles são corpos errados, corram atrás para provar isso.

Então, uma vez mais, os negadores mostraram ser "pesquisadores" descuidados.

Oh! E o memorial para 5090 judeus e pessoas de outras nacionalidades que foram assassinadas em 1 de setembro de 1941 foi erguido, depois de tudo isso.









A seguir, mais. Permaneça atento.

Anterior: Parte I: negadores e o Sonderkommando 1005

Próximo: Parte III: negadores e o massacre de Babiy Yar (1)

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/thats-why-it-is-denial-not-revisionism_06.html
Tradução(português): Roberto Lucena

Ver também: Técnicas dos negadores do Holocausto

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O que os soviéticos sabiam sobre Auschwitz - e quando. Parte 3 - Relatórios da Liberação

Artigo de Sergey Romanov traduzido à partir do link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/what-soviets-knew-about-au_114495918775367271.html

Como os soldados do Exército Vermelho avançavam para Auschwitz, liberaram os sub-campos e também o próprio [campo] Auschwitz, os relatórios estavam sendo enviados para o Chefe do Departamento Político da 1ª Frente Ucraniana, Major-General Yashechkin, descrevendo as informações do Exército Vermelho a caminho de Auschwitz e também do campo em si. Como você verá, a informação é fragmentada, por vezes imprecisa (como era de se esperar), mas ainda assim muito lhe corresponde ao que se sabe sobre esse campo de extermínio. Os relatórios foram publicados no Dokumenty obvinyajut. Kholokost: svidetel'stva Krasnoj Armii (compilados pelo Dr. FD Sverdlov; Kholokost publicada pela fundação em 1996 em Moscou). As grafias erradas foram corrigdas na maioria das vezes:

Para o Chefe do Departamento Político da 1ª Frente Ucraniana, Major-General Yashechkin

26 de janeiro de 1945

Na estação de Libiaz, que fica a sudoeste de Chrzanow, descobrimos um ramo [NT: sub-campo] do Campo de concentração de Auschwitz onde os internos têm sobrevivido por acaso. Entre eles estão 30 judeus - Húngaros, franceses, tchecos, poloneses e russos - todos conseguiram se esconder nas minas de carvão, onde os internos trabalharam. O restante foi morto pelos alemães. No total, neste campo, Estação Libiaz, havia 920 detentos.

Um deles, o judeu Lever, nos contou o seguinte: antes de Libiaz ele estava em Auschwitz, de 25 a 30 mil judeus de vários países da Europa residiam lá. Eles foram trazidos para cá durante 4 anos. Todos os que não podiam trabalhar -- mulheres, idosos, crianças, doentes, eram separados do sexo masculino e saudáveis e exterminados imediatamente. Eles foram para barracas separadas na parte sul do acampamento, lá eles eram despidos, em seguida, em câmaras especiais eram mortas por gás, e os cadáveres eram queimados em crematórios. No total, haviam 12 fornos para isto, que estavam funcionando parcialmente em eletricidade e parcialmente com carvão. Ele acha que o número de mortos é de aproximadamente 400.000 judeus. Nos últimos dois anos, internos do sexo masculina também foram envolvidos no extermínio. Os internos eram alimentados muito mal: uma vez por dia 150-200 gramas de uma sopa aguada e pão. Com o trabalho insuportável e a má alimentação essas pessoas se esgotavam e morriam. Três vezes por semana um médico examinava os internos e os incapacitados para o trabalho eram enviados para as câmaras de gás.

Desde outubro de 1944 o campo de Auschwitz estava sendo evacuado para a Alemanha e os fornos crematórios estavam trabalhando principalmente na capacidade máxima. Em dezembro de 1944 od fornos foram destruídos pelos alemães.

Chefe do Departamento Político do 60º Exército Major-General Grishaev

TsAMO RF, 60th army's fond, opis 10597, delo 151, listy 70-73.

Para Chefe do Departamento Político da 1ª Frentre Ucraniana, Major-General Yashechkin

27 de janeiro de 1945

Na ocupada Jaworzno um campo de concentração foi descoberto, foi criado hà três anos. O território é cercado por 3 filas de arame eletrificadas. No campo maior, judeus de todos os países da Europa estavam sendo exterminados. Os internos que sobreviveram estavam com roupas listradas em Hesse. Calçado – sapatos de madeira. No braço esquerdo um número tatuado. Os internos trabalharam em minas, em centrais elétricas, em diversos trabalhos duros. Quem estava incapacitado para o trabalho era enviado para os campos de Birkenau e Aushvajs[Auschwitz], onde eram mortos, os cadáveres eram queimados no crematório.

Chefe do Departamento Político do 59º Exército, Coronel Korolyov

TsAMO RF, 59th army's fond, opis 10442, delo 284, list 34.

Para Chefe do Departamento Político da 1ª Frentre Ucraniana, Major-General Yashechkin

27 de janeiro de 1945

Na manhã de 27 de janeiro de 1945, nossas tropas liberaram Auschwitz e Birkenau, dois grandes campos de concentração. Os alemães fugiram. No momento da libertação haviam 10.000 internos nos campos.

O campo da morte de Auschwitz, de acordo com testemunhas locais, foi fundado no verão de 1940. Os internos eram queimados em 5 crematórios. Muitos foram enforcados. O campo é cercado com arame farpado e várias linhas de alta tensão. Era vigorosamente guardado por soldados SS. Comandante – Capitão SS Hoess. Em julho de 1940 chegou o primeiro transporte de Varsóvia com 5-6 mil internos judeus. No período de grande afluxo de detentos, estavam sendo exterminados cerca de 10-15 mil pessoas por semana nas câmaras de gás, e eram cremados nos crematórios. Quando os carros com os judeus entravam no campo, em ambos os lados ficavam soldados alemães, que batiam em muito em todos com chicotes e paus – para a morte. Os internos morriam de fome e sede. Por dia recebiam cerca de 200 gramas pão e um copo de sopa. Em 1942 seis poloneses escaparam do campo. Como vingança, os alemães atiraram em milhares de internos. A cada manhã, centenas de internos despidos eram conduzidos para as câmaras de gás. Os alemães se divertiam dos infelizes através das janelas. Imagem sinistra. O cheiro da fumaça se propagava por cerca de 10 quilômetros.

Até o início de 1945 todos os judeus do campo foram exterminados. Os alemães, ocultando os vestígios do crime, explodiram o campo e atiraram nas testemunhas.

Chefe do Departamento Político do 60º Exército Major-General Grishaev

TsAMO RF, 60th army's fond, opis 10597, delo 151, listy 82-83.

Para Chefe do Departamento Político da 1ª Frentre Ucraniana, Major-General Yashechkin

28 de janeiro de 1945

Reportando:

Campo de concentração de Auschwitz [“Osventsin” em russo], em alemão “Auschwitz”, consiste de 5 campos e uma prisão. Vários milhares de internos de várias lugares da Europa saíram daqui. Muitos internos estão na estrada adjacente. Todos estão extremamente exaustos, eles choram, eles agradecem ao Exército Vermelho. Pessoas – de muitas nacionalidades – mas eu não me encontrei com judeus. Os internos dizem que todos eles foram exterminados.

Cada campo é uma grande área com várias fileiras de arame farpado. Em cada um, muitas barracas, em cada uma 2 fileiras com beliches. A visão desta tragédia é terrível.

Chefe do Departamento Político do 60º Exército Major-General Grishaev

TsAMO RF, 60th army's fond, opis 10597, delo 151, list 85.

Para Chefe do Departamento Político da 1ª Frentre Ucraniana, Major-General Yashechkin

29 de janeiro de 1945

Foi criada uma comissão especial de amigos alemães, para apurar a vilania dos alemães no campo de Auschwitz, o que supera todas as atrocidades conhecidas por nós.

De acordo com as testemunhas na liberação, em cerca de 4,5 anos, cerca de 4,5 milhões de pessoas foram exterminadas. Havia dias em que 25-30 mil pessoas eram exterminadas, em primeiro lugar, os judeus de todos os países da Europa. Antes do Exército Vermelho chegar, cerca de 8 mil internos estavam indo para a Alemanha. Os alemães explodiram os fornos e as cinzas espalharam por todo o campo, valas com cadáveres queimados foram encontradas no mesmo nível.

Chefe do Departamento Político do 60º Exército Major-General Grishaev

TsAMO RF, 60th army's fond, opis 10597, delo 151, listy 201-202.

Para Chefe do Departamento Político da 1ª Frentre Ucraniana, Major-General Yashechkin

1o de fevereiro de 1945

Sobre o campo de concentração de Auschwitz

Em um raio de 20-30 km perto da região de carvão de Dombrow, existem 18 campos de concentração satélites. Cada um com 10km2. Em cada campo existem 8 barracas. Cada barraca abriga cerca de 200-300 internos. O objetivo principal do campo é o extermínio em massa de pessoas, em primeiro lugar, os judeus, trazidos de toda a Europa. Internos – força de trabalho em minas e de material sintético. Em 4,5 anos de funcionamento desses campos, 4,5 milhões de pessoas foram exterminadas. Registraram-se por dia 8-10 transportes chegando com internos. 5 a 10% de pessoas aptas para o trabalho foram poupadas, o resto exterminado. 4 crematórios com 10 câmaras cada, para sufocar as pessoas com gás e 30 fornos para incineração de cadáveres. Em cada câmara caberia até 600 pessoas. Os crematórios não conseguiam queimar todos os corpos, parte deles foram queimados em valas de 40mx40m, [com a ajuda de] combustível derramado.

Houve cerca de 25-30 mil pessoas simultaneamente no campo. Esse programa rapidamente levava as pessoas à exaustão e depois à desgraça de morrer. Eles trabalhavam cerca de 12 horas ou mais. Espancamentos, tortura, humilhações, tiros, em cada turno.No campo de Auschwitz 2 mil pessoas foram libertadas, em Birkenau cerca de 2,5 mil, entre 500-800 pessoas em outros. Os judeus foram exterminados completamente. 40% deles estavam tão esgotados que não podiam nem mexer. Eles estavam sem alimentação hà vários dias.

Chefe do Departamento Político do 60º Exército Major-General Grishaev

TsAMO RF, 60th army's fond, opis 10597, delo 151, listy 165-171.

Mensagem de Sovinformburo de 31.01.1945 contém a seguinte informação:

Recentemente nossas tropas chegaram à cidade de Oswiecim. Após a ocupação da Polônia, os fascistas alemães construíram aqui o maior dos campos de concentração. Este campo da morte consistia de 5 seções. Cada uma destas seções ocupavam uma área enorme, cercada por arames farpados. Avançando rapidamente as unidades do Exército Vermelho libertaram vários internos. O ex-prisioneiro de Auschwitz, Lukashev de Voronezhskaja disse: “O número de internos de Auschwitz varia de 15-30 mil pessoas. Crianças, doentes e homens e mulheres inaptos para fazer o trabalho dos Hitleristas eram mortos com gases, e os cadáveres eram queimados em fornos especiais. Existiam 12 desses fornos no campo. Os internos eram forçados a trabalhar nas minas. Aqueles enfraquecidos por causa da fome, espancamentos e trabalho duro, eram exterminados pelos alemães. Em quatro anos no campo dos vilões alemães-fascistas, muitos foram torturados e muitas milhares de pessoas foram mortas.

Lev Bezymenskij em "Informatsija po-sovetski" (Znamya, 1998, no. 5) cita ainda mais relatórios.

O primeiro documento oficial sobre Auschwitz foi emitido no dia da liberação do campo, em 27 de janeiro de 1945. Foi assinado pelos soviéticos Chelyadin, Tomov e Rossel, pelos ex-internos - Gordon Yakov médico de Vilnius, pelo Prof Steinberg de Paris, o médico Epstein de Praga. Suas conclusões:

Durante a existência deste campo, cerca de 4,5 a 5 milhões de pessoas foram exterminadas, os principais destruídos foram os judeus de todos os países ocupados, POW russos, outros que trabalharam para a Alemanha – poloneses, tchecoeslovacos, belgas e holandês.

No mesmo dia o Chefe do Departamento Político da 322a Divisão de Infantaria, Okhapkin informou ao coronel do 60º Exército:

Os campos e sub-campos da morte de Auschwitz... A tarefa - exterminar 6 milhões de poloneses e todos os judeus da Europa. Este era o plano de extermínio de inocentes que eles levaram a cabo.

Poder-se-ia citar vários documentos, mas isso já é mais do que suficiente para analisar as várias reivindicações feitas pelos ignorantes negadores [do Holocausto].


Anterior: Parte 2: Relatórios de alemães capturados, 1943-1944

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