sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

"O autoritarismo nosso de cada dia". O baixo nível da discussão política no Brasil - à direita e à esquerda

Esse post era pra ser sobre o "Mein Kampf" (Minha Luta), mas antes de prosseguir irei ironizar o assunto: estão cansados do assunto sobre o livro de Hitler? Não? Sim? De qualquer forma ele será citado mais vezes porque, se a mídia faz alarde dessa publicação, aqui há espaço de expor outra opinião além do "senso comum" da mesma, e há textos melhores "soltos" pela web que não tratam com sensacionalismo o tema.

Mas voltando ao que dizia, este post seria sobre o "Mein Kampf", mas há uma parte no texto que saiu na DW Brasil que descreve bem o "nível" político da discussão política neste país e merece ser destacado e não como parte de um post sobre "Mein Kampf". Está tão raro aparecer na mídia uma crítica séria neste país sobre política, mesmo que seja sobre um livro, que quando sai a gente tem que destacar.

Como hpa gente que fica em alvoroço querendo atacar opinião quando vê o blog e afins, porque acham que toda opinião é válida mesmo se for composta só com idiotices (o que já a tornaria inválida), esta parte do texto que mencionei destaca o (baixo) nível da direita e esquerda do país.

Como já fiz vários posts citando a extrema-direita brasileira (confiram na parte de História do Brasil), dessa vez o lado destacado será o outro, e ainda ficarem em dívida por eu teria mais coisas pra apontar e criticar de "setores" da esquerda brasileira, mesmo porque eu estou "amando" o baixo nível de gente enchendo meu saco com: esquerdismo, autoritarismo (com direito a fazer "beicinho", esquecendo que cara feia, pra mim, sempre foi sinal de "fome", como dizem na minha terra) e idiotice.

Ao menos aqui não terei que aturar "beicinho" (frescura) de gente que não tolera opinião contrária/divergente, gente que fica patrulhando e enchendo o saco. Quem quiser discutir, pode vir, mas se baixar o nível e não tiver educação, eu não sou (nem ninguém) obrigado a tolerar esse tipo de comportamento (grosseria, falta de educação):
"A nova direita brasileira é deploravelmente estúpida, grotesca e iletrada. Não leem nada. Nosso país intelectualmente subdesenvolvido tem uma esquerda radical iletrada que não lê Marx e uma direita estúpida que não lê os filósofos e economistas conservadores. Eles não chegarão perto de Mein Kampf. Acho que nossa edição será mais para estudiosos de História e curiosos", diz ele à DW Brasil."
O trecho acima foi tirado de uma matéria da DW Brasil (link abaixo), comentário do publisher da Geração, Luiz Fernando Emediato, leiam a matéria inteira:
Editoras preparam relançamento do livro de Hitler no Brasil

Ele (o Emediato) disse mais ou menos o que já escrevi aqui muitas vezes, só que com outras palavras (foi até mais duro, curto e mais preciso). Gente iletrada, que eu chamo de ignorantes, e eu acrescentaria: intolerantes, cheios de complexo de vira-lata, que não sabem discutir sem xingar e coisas do tipo.

Não procuram ler nada, mas o pior: sentem raiva profunda de quem lê ou procura se informar. Comportamento que não será aceito por qualquer pessoa sã.

O L. Emediato está correto, quem provavelmente procurará esse livro no país é o espectro que ele citou, estudiosos de História (quem tem interesse no assunto segunda guerra) ou curiosos.

Tem gente que manifesta "interesse" nesse livro quando sai matéria sobre o mesmo, mas só pra fazer "pose" (como se isso impressionasse alguém, futilidade), ou então por conta da capa, mas não leem nada (se lessem saberiam que há edição do livro na web há mais de década), usam o livro como decoração ou pra "meter medo" em alguém com a foto de Hitler (caso tenha foto dele na capa).

A quem pensar que o fenômeno do "urro coletivo" (comportamento agressivo de manada) é só à direita, quebrará a cara, o que existe de gente tosca que se diz de "esquerda" nesse mesmo "nível" (de burrice e intolerância) da direita, é um verdadeiro 'festival'

Em comum com os ignorantes de direita, esses à esquerda também não leem nada, ou quando leem não entendem direito o que leem, não assistem nem documentários. Os dois extremos se tocam pois são muito parecidos (basta ver este grupelho MPL e suas "máximas políticas" demagógicas).

A questão da leitura recai diretamente na forma como as pessoas se expressam, é só ver a dificuldade em articular uma ideia, qualquer que seja, e transmitir isso adiante. Não é um problema banal (qualquer). Afeta inclusive as relações sociais num país.

Como disse, esse pessoal não assiste nem um mísero documentário sobre qualquer assunto, já que em tese seriam mais "politizados", não conseguem emitir uma opinião analisando algo friamente, são passionais ao extremo, fazem birra quando não têm o que dizer e quando desaprovam algo (embora não digam do que discordam exatamente), são pessoas manobráveis (gente passional é extremamente manipulável), são completamente alienados do que se passa no mundo, ou só se informam pelo que o Globo diz.

Esse pessoal é pautado pela programação da Globo, embora vários digam que a odeiam, mas assistem as novelas dela sem perder nada, fora os programas esdrúxulos que a mesma transmite (eles sabem a programação dela decorada), e só se informam pelo que A, B ou C (que eles consideram "gurus" ou como os chamo: "subcelebridades" de Facebook) comentam naquela rede social.

Quando a gente repassa algo (informação, matéria), ficam fazendo beicinho com raiva porque acham um 'atrevimento' alguém "saber" (entre aspas) mais que eles. Se não for alguém que dê pra eles puxar o saco (pela carteirada), pra bajular, o ódio vem fácil. Tudo por conta de complexo. É o famoso "puxar pra baixo" (o nível), não sabem de nada mas não querem que ninguém saiba.

Na verdade, o que se discute aqui não se trata de "saber mais" disso ou daquilo, essa ânsia em quem "sabe mais" é uma tolice extrema, é uma neurose fruto de complexo. O que se passa é que esse pessoal não lê nada, não se informam decentemente, não se interessam por nada (mas querem estar no "rebuliço" mesmo assim, no meio da discussão), não sabem discutir nada, e acabam se sentindo por baixo com quase todo mundo. A tendência de quem se comporta assim é sempre essa. Gente complexada é um perigo, costumam ser agressivos gratuitamente por qualquer coisa e não é um problema banal. Ou seja, é caso pra psicólogo tratar e não pra web resolver.

Por "complexo" não me refiro à depressão (muita gente confunde as duas coisas, mas não são sinônimos), depressão é uma doença séria que todo mundo está sujeito a ter durante a vida e não é "frescura" (como a massa ignorante costuma tratar/dizer no Brasil). Complexo neste caso é um sentimento de inferioridade fruto do próprio comportamento que esse pessoal se autocondiciona.

É um festival de indigência cultural fora do comum, é porcaria nos dois polos, nos dois extremos políticos, e tem pra todo gosto. Você fica num fogo cruzado. Toma "paulada" dos dois extremos.

Os de direita (refiro-me a esse perfil citado mais acima) são mais afoitos, defecam a estupidez em tudo quanto é página de jornal na rede (aqui mesmo no blog já fizeram isso na caixa de comentários), uma parte é seguidora de um astrólogo "metido a filósofo" (expulso da Página do Exército), mas mesmo assim ainda é possível discutir com alguns deles, mesmo que repitam os mantras que assistem na Globo etc.

Os de esquerda, de tanto bullying que tomaram, ou porque sofrem de 'cagaço' crônico (covardia), ficam em guetos falando entre si, que eu apelidei de a "revolução do gueto". Eu acho que não sou uma pessoa boa com esse pessoal (rs), vejam a ironia que acabo fazendo com eles (isto se chama "saco cheio").

Prosseguindo, os da extrema-esquerda são mais arrogantes e intolerantes (por incrível que pareça), principalmente com gente de esquerda que pensa diferente deles (tem opinião divergente). Em suma: não toleram divergência, opinião contrária, coisas que são o alicerce de uma democracia, de uma sociedade que tem pluralidade e não "pensamento único".

O que essa gente (dos dois extremos) diz de absurdo sobre episódios históricos e de política é coisa que deixaria um Freud (se fosse vivo) enlouquecido de tanta bizarrice, com tanta estupidez junta, e sentem um certo orgulho em agir assim, isso é que é o pior, não existe nem humildade da parte deles em reconhecer que não sabem algo (mesmo porque ninguém nasce sabendo, saber é algo construído, adquirido, acumulado, surge da interação entre humanos, via livros, contatos, vídeos etc).

Há alguns anos era comemorado a inclusão digital no país. Nada contra, de fato é bom que o país tenha acesso total à internet, mas... (tem sempre um "mas") o que emergiu desse acesso foi igual a abrir a tampa de um esgoto.

E antes que alguém chie com os termos, sou contra o "politicamente correto" que essa tranqueira do PSOL prega e enche o saco de forma exacerbada. Preconceito se acaba com livre discussão e rebatendo a idiotice proferida (com argumentos, conhecimento, gozação, ironia etc, até elevando o tom se for necessário), não com censura simplesmente. Minha última resistência a essa questão era justamente sobre o PL da negação do Holocausto e hoje sou contra este projeto de lei que fará aniversário de dez anos em breve (o pessoal do Holocaust Controversies me convenceu do problema dessas restrições).

Não se acaba preconceito por decreto e sim com educação, conhecimento e livre discussão.

Quem achar que acaba com preconceito por decreto, irá alimentá-lo no "submundo". Ele fica circulando no submundo, "fermentando", e numa hora isso emerge com muita força (como se vê nos últimos anos).

Só pra ilustrar o que citei acima, não lembro mais do ano exatamente mas acho que foi em 2014 (não tenho certeza), alguém foi comentar algo no perfil daquele deputado do Rio, Jean Wyllys (PSOL), e achei que o ambiente do cidadão era democrático (a página dele), fiz um comentário, acho que sobre a Globo, e a equipe dele simplesmente apagou.

Ele andou fazendo "sucesso" com uma viagem que fez a Israel, mas não entremos nesse assunto, a menos que alguém queira (isso foi uma provocação, rs).

Pra quem achar que eu "morro de amores" pelo PSOL, sinto se decepcionar alguém. Eu considero este partido algo ridículo e delirante. Foi este partido que disseminou, junto com essa extrema-direita liberal esse clima de ódio político no país baixando o nível da discussão política. O PSOL é um partido liberal mal assumido que usa cor vermelha, com um discurso radicaloide pra enganar trouxa, basicamente. É o mesmo discurso/agenda do Partido Democrata dos EUA (da ala dos Clinton).

É esse o "modelo de democracia" que o deputado em questão defende: censura e "fim de papo"? É essa "ideia" de democracia dele que não é democracia alguma? E ao que parece que é, isso explica e muito deu ter aversão à figura dele.

Não fiz uma agressão, só um comentário que nem o citava, e tive o comentário cortado só porque a "equipe" dele não gostou. Estou comentando aqui sobre uma figura pública, político, não de "gente comum". Vejam quanto tempo faz que isso ocorreu (2014), só vim comentar agora porque o assunto do post é pertinente e já estava com essa questão entalada há tempo.

Quem lê o blog e me conhece sabe do que penso dos rivais políticos diretos dele (como o Bolsonaro e cia), não gosto de nenhum deles, mas também não gosto do PSOL, o deputado em questão e os rivais dele se nivelam por baixo, desviam o foco de discussões mais sérias pro país com briga de quitanda.

O PSOL é um partido rancoroso, infantilizado (tem uma dancinha da ciranda pra "derrubar o capitalismo", hahahaha), antidemocrático que nasceu no ressentimento incontido que sente pelo PT (de onde parte da cúpula do PSOL foi expulsa por radicalismo).

Quero ver algum "revi" vir encher o saco alegando que eu defendo Wyllys e o PSOL, na verdade eu quero que vocês da extrema-direita (liberal ou não) e essa extrema-esquerda do PSOL-PSTU se explodam. Vocês se merecem.

Esse cidadão e o Bolsonaro dependem um do outro politicamente, são unha e carne, ambos se elegem sob o pretexto dessa suposta "briga-polarização" que ajuda a projetar ambos e desviar o foco da discussão política de coisas mais sérias pro país (ataque especulativo ao pré-Sal etc). Um é demagogo e só diz besteira (e agora virou neoliberal, Bolsonaro liberal-conservador), o outro se elege sob o manto do "combate ao preconceito" mas não acaba com preconceito algum, isso quando não projeta ainda mais essa bancada religiosa fundamentalista e afins com a polarização que cria no congresso, pois o deputado do PSOL não passa de um intolerante também como o seu rival, ambos sem preparo político algum. Revejam (quem vota) o voto de vocês nesse tipo de radicalismo pueril, depois não reclamem do "baixo nível" na discussão política do país.

Os dois encarnam o nivelamento por baixo da política brasileira, são o que há de pior. Quer dizer, o Eduardo Cunha consegue ser mais "punk" que esses dois, ainda (esse é duro de superar).

Teve outro exemplo de intolerância política e truculência. Não lembro a quantidade exata de comentários, mas vamos chutar, por baixo foram uns cinco. Mas houve mais comentários com problemas, que só foram liberados depois da matéria descer, pra não gerar discussão e o povo não ler.

Estou citando o site do Nassif. Fui comentar no site do Nassif e tive comentário (s) não publicado (s). Ou seja, sou "subversivo" e não sabia, hahahaha.

Essa é pros "revis" que leem o blog não virem encher o saco falando de "censura", como se só eles tivessem o "privilégio isolado" de ter comentário cortado naquele site/blog pois já publicaram o assunto da "negação" por lá.

Eu tive mais comentários cortados que eles/vocês juntos. Pelo visto sou um "perigo" à sociedade (à sociedade de pensamento único, autoritária) na concepção desse site (aos desavisados, isso é uma ironia).

"Ah, mas pode ser a equipe do blog e não ele". Pode ser, embora ele seja o responsável pelo site e deve traçar alguma linha editorial pra equipe, embora eu também lembre que comentei em posts que ele fez. Ou seja, ele vê os comentários.

Só que é ruim de salvar este tipo de corte porque você não espera ser cortado, até por não ter feito comentário ofensivo. Quando a coisa começou a se repetir (da terceira vez) comecei a prestar atenção. O fato é que deixei de comentar naquele espaço depois disso, e não faz falta.

Lembrei de outro caso que foi com o Emir Sader (figura que essa "neodireita" adora).

Ele também cortou comentário por discordância, mas sem dizer o motivo. Lembro vagamente do post. Quando ele estava escrevendo besteira sobre Pernambuco, sem escrever o nome do Estado e mais alguma idiotice (só citam o nome da região, pedantismo insuportável desse povo). Ou seja, tenho que ler o cara escrever besteira de algo que conheço e sou parte e aceitar a idiotice quieto. Petulância extrema desse pessoal.

Esses cidadãos deixam espaço pro povo comentar e quando não gostam, cortam. Pela postura parece que se sentem, sei lá, "semideuses" ou algo do tipo. Nunca vi tanta cretinice e futilidade juntas. Não é a toa que o país vive a crise política que passa, não é só questão econômica a causa (antes fosse).

No dia que ele souber mais sobre meu estado (e eu sei quando dizem besteira, ele não acompanha o que se passa no estado, só sabe superficialidades, na melhor das hipóteses, além de ter aquela visão idiotizada genérica regional que acha que estado não tem bandeira, hino e constituição, ou que o país não é uma República Federativa e sim uma "República regional", quando ele deveria saber já que é tido como "intelectual"), sem aquela visão preconceituosa idiota dele, eu saio com uma melancia pendurada na cabeça pelado pela rua.

Ele pensa que é um Evaldo Cabral de Mello? Que duvido fosse me tratar assim. Pra quem não conhece a pessoa, o Evaldo Cabral de Mello (irmão do João Cabral de Melo Neto e primo de Manuel Bandeira e Gilberto Freyre, só "nomes fracos", rs) é um diplomata e talvez o maior historiador vivo do Brasil, e duvido que ele trate alguém com a petulância dessas figuras citadas acima.

No dia que eu precisar de alguma "estrela" dessas criticadas acima (os da censura) como "fonte de conhecimento", eu prefiro pular de cabeça de uma ponte. Parece que quando a gente dirige a palavra a essas pessoas, eles pensam que estão fazendo um "favor" falar com a gente. Estão no mundo das nuvens, fora de si.

Mas voltando às críticas, quando esse pessoal fala de Fascismo, é uma calamidade, e ficam com raiva quando a gente "corrige" (comenta).

Teve gente irritada com o Ian Kershaw, o autor da que é considerada a melhor biografia sobre Hitler/nazismo, historiador britânico renomado (conhecido no mundo inteiro), e citaram um título idiota que circula no país "sobre fascismo" que é um amontoado de bobagens (aparentemente). A quem se interessar, leiam uma crítica aqui, não sei se sobre o livro mas tem a ver. Repetir o clichê como se Fascismo fosse sinônimo de autoritarismo, puro e simples (fascismo também virou xingamento, mas tem o sentido original) sem entender o significado original é simplesmente bizarro. É surreal ver essas coisas, a pessoa entra em depressão (rs).

Depois chega gente achando que a gente é pedante simplesmente porque o nível intelectual da produção acadêmica sobre esses temas políticos no país anda muito baixo, não querendo generalizar (tem partes boas, sobre racismo e integralismo, só pra ficar nessas, mas esse pessoal "engajado" com o PSOL, não dá).

O que mais me choca nisso é a arrogância, pretensão ou petulância desse pessoal.

Criticam a mídia oligopolizada do país, que é o maior problema do Brasil hoje (país sem mídia plural, de qualidade, fica no limbo, vulnerável), mas se comportam de forma parecida ou pior à mídia que criticam.

Nem a Globo me tratou assim (pausa pro riso de novo), e eu "amo" a Globo (rs), mas tenho que ser justo na crítica, "A César o que é de...".

Querem formar opinião assim? Tá feia a coisa.

Mudem de postura. Em internet não tem espaço pra "vedetismo" e "estrelismo". Aquela idolatria e histeria dos anos 60 passou.

Como revido sempre (minha forma de revide muitas vezes é só o famoso ignorar esse tipo de "figura" ou ironizar, o deboche sempre irrita o autoritarismo), deixei de ver o perfil do cidadão e também não repasso nada que ele publicar (mesmo porque nunca publiquei nada dele mesmo, então não faz muita diferença, rs). Bateu, toma de volta, curto e direto, sendo de direita ou de esquerda.

Não tolero esse tipo de autoritarismo.

Já tive que barrar comentários por conta do teor racista e agressivo por conta da legislação do país, mas sempre discuti abertamente. Estou acostumado a esse tipo de cultura de discussão aberta e não a de censores, "estrelinhas". Mas são essas "estrelas" que o povo traz pra gente.

Eu leio coisa melhor em jornal estrangeiro e as pessoas nessas publicações/jornais não se comportam com esse vedetismo que se observa no país. A tal "mídia alternativa" do país, com exceções obviamente (o Azenha, o Paulo Henrique Amorim e outros) está nesse "nível". Eu fico abismado com o baixo nível político do país. Não vou nem falar da Veja e cia, pois o fato é que está tudo nivelado por baixo. Uma porcaria.

E tem mais casos, se eu for enumerar tudo a lista é muito grande.

É muito ódio e ressentimento juntos misturados com estupidez extrema, petulância e falta de valores democráticos, uma cultura autoritária e muita infantilidade, um bando de adultos com comportamento de criança birrenta de escola se sentindo "deuses".

Se uma rede social sobe à cabeça desse povo, imagina se aparecessem direto na TV com muita audiência. Iriam comer o fígado de todo mundo.

Parece que estamos diante de "pop stars", do Pink Floyd, dos Stones. Francamente, só rindo.

Por isso que muita gente se irrita e se isola dessa/nessa rede. Não dá pra passar a mão na cabeça desse povo e dizer que está tudo bem, pois não está, estamos chegando a um limite (se já não chegou).

Em 2015 essa estupidez política levou à exaustão o país inteiro. Chega.

Aqui ao menos posso descrever o fenômeno (problema) sem esse pessoal castrar/patrulhar o que a gente pensa ou diz.

Leiam mais (não só sobre Brasil, a cobertura geopolítica do país é um completo chiqueiro, muito ruim), aprendam a discutir - mesmo que role alguma rusga na discussão -, tenham a mente mais aberta, mas não esperem mais tolerância com comportamento agressivo gratuito e falta de educação (educação aqui significa aquela "educação formal", do "bom dia" etc). Tolerância zero com grosseria e estrelismo.

Ninguém é obrigado a suportar/tolerar esse tipo de "comportamento excêntrico" autoritário porque esse povo não sabe conviver numa democracia, não toleram divergência (à direita e à esquerda). Chegamos a um limite onde, ou se reverte isso ou a incivilidade dessa gente (dos dois extremos, esse culto à cretinice) levará o país à barbárie.

Acho que a maioria da população no fundo não quer isso, mas precisa se manifestar mais contendo esses extremos, sair de cima do muro porque uma hora o muro desaba com todo mundo junto. Não tenham medo de tomar posição porque tem gente "urrando" e babando saliva.

Atualização: 24.01.2016
Fiz uma revisão do texto (não tinha revisão alguma, foi publicado como foi escrito) pra corrigir erros e cortar trechos com mesmo sentido repetidos (sem necessidade). Fica melhor de ler assim.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Os Diários de Joseph Goebbels Online

O texto não iria tratar propriamente deste acesso online aos diários de Goebbels no site da Univ. de Oxford (Reino Unido), mas como o link pode servir de referência, colocarei a tradução do post de outro blog (da própria Oxford) abaixo (que facilitou a enumeração, pois já havia salvo textos sobre isso mas pra reler as informações de novo é complicado/ruim).

Há uma edição lançada em alemão com cinco volumes dos diários de Goebbels, sem tradução pra outro idioma. Confiram (tive que colocar o link pra Amazon mesmo porque não encontrei descrição no skoob ou Google Books):
Joseph Goebbels, Ralf G. Reuth ed., "Joseph Goebbels. Tagebücher 1924 - 1945. 5 Vol."

Fui atrás de um "review" (crítica/resenha) desta coleção pra colocar aqui e não achei (nada razoável), exceto isso (extenso demais pra traduzir), por isso estou colocando o texto de outra série abaixo, pois no site da Oxford apontam que o número de volumes do diário é muito superior a cinco volumes, mas pode ocorrer desses volumes a mais estarem condensados nesta edição de cinco volumes (hipótese), mas não tenho informação sobre isso (pra confirmar).

O fato é que não há tradução em editoras nacionais (brasileiras) de nenhuma parte lançada do Diário de Goebbels em outros idiomas (inclusive o espanhol), sendo que há edições conhecidas. Pelo menos não que eu lembre de alguma. Já vi edição lançada em Portugal de edições lançadas em inglês, e em espanhol, como esta. Mas são pedaços, fragmentos.

Num momento de "histeria" sobre o relançamento de "Mein Kampf" (Minha Luta) de Hitler, o post serve pra ilustrar como esta histeria é irracional e datada/anacrônica, pois é uma histeria seletiva: por que há uma grita com o livro de Hitler e não sobre as outras publicações de outros nazistas? Seriam os outros mais "leves" (menos antissemitas) que Hitler? A destruição do nazismo se deveu a uma única pessoa? Ainda há essa crença? Isto se deve à ignorância ou à cabeça de quem resume nazismo e III Reich a Hitler. Quem acompanha o blog já deve ter visto alguns comentários que ilustram bem isso que eu digo, com o diálogo travado por histeria.

Eu sou contra a proibição da edição do "Minha Luta" no Brasil, a proibição só serve pra carregar a pecha de censura e não serve pra absolutamente nada pois qualquer pessoa encontra esses livros fácil pela web. Deveriam se preocupar em tentar traduzir uma edição comentada (há duas lançadas em Portugal e Espanha, só pra constar, uma em cada país) em vez de ficar com essa postura anacrônica como se ninguém tivesse acesso ao livro com internet à disposição. Achar que livros ainda só são repassados pelo meio físico é ignorância pesada. Não se combate racismo e preconceito por decreto e sim com conhecimento (ou acesso a ele, como é feito em sites de Univ. dos EUA como este que tem o processo Lipstadt x Irving todo disponível, com muita informação de gente de peso), desmontando esse tipo de pregação.
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Novo: Os Diários de Joseph Goebbels Online
Publicado em 10 de janeiro de 2013 por iholowaty

Os usuários do site da Oxford agora têm acesso ao "Die Tagebücher von Joseph Goebbels Online" (The Diaries of Joseph Goebbels Online/ Diários de Joseph Goebbels Online).

Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler para o Reich entre 1933-45. Como membro destacado do Partido Nacional-Socialista Alemão e Ministro da Propaganda do governo de Hitler de 1933-1945, os diários de Joseph Goebbels são uma fonte chave para entender o Terceiro Reich e a história do Partido Nazista e até mesmo do próprio Hitler.

Esta edição em alemão é publicada pelo Institut für Zeitgeschichte (IFZ). Ela inclui a transcrição de todos as entradas manuscritas dos anos de 1923 até julho de 1941 e as subsequentes citações até 1945, e é baseada na reprodução dos diários completos em microficha – comissionada pelo próprio Goebbels - que foi descoberto por Elke Fröhlich no antigo arquivo especial em Moscou.

Pela primeira vez, este banco de dados dá a pesquisadores a chance de acessar os diários de Joseph Goebbels eletronicamente (digitalmente) usando o valioso índice por assuntos que até então estava disponível apenas em edição impressa.

Séria publicada na Biblioteca Bodleian:

Die Tagebücher von Joseph Goebbels. Teil I, Aufzeichnungen 1923-1941. 9 vols.

Die Tagebücher von Joseph Goebbels. Teil II, Diktate 1941-1945. 15 vols.

Die Tagebücher von Joseph Goebbels : sämtliche Fragmente. Teil 1, Aufzeichnungen 1924-1941. 4 vols.

Die Tagebücher von Joseph Goebbels. Teil III, Register 1923-1945. 3 vols.

Fonte: blog da Bodleian History Faculty Library, Universidade de Oxford (Inglaterra)
http://blogs.bodleian.ox.ac.uk/history/2013/01/10/newgoebbelsdiaries/
Título original: New: The Diaries of Joseph Goebbels Online
Tradução: Roberto Lucena

Adendo: os "revisionistas" (negacionistas) tem uma neura com esses diários de Goebbels, tem ou tinham... eles alegam (pelo menos os de fora) que os diários são falsificações ou "cria" dos Aliados, por isso que você dificilmente encontrará cópias digitalizadas desses diários em sites "revis" ou neonazis. Eu nunca vi. Não sei em que pé anda essa "neura" deles atualmente com os diários, mas historicamente eles sempre manifestaram esta posição.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

[HB] Escapando da realidade com a Globo brasileira (NY Times)

No ano passado, a The Economist publicou um artigo sobre a TV Globo, a maior emissora do Brasil. Dizia que “91 milhões de pessoas, pouco menos do que a metade da população, sintoniza no canal todos os dias: o tipo de audiência que nos Estados Unidos só é obtida uma vez por ano, e apenas pela emissora que ganhou os direitos de exibir o Super Bowl”.

Os números podem parecer exagerados, mas basta dar uma volta no quarteirão para passar a considerá-los até que conservadores. Por toda parte há uma televisão ligada, em geral na Globo, e todos a estão encarando de forma hipnótica.

Não é de se espantar que um estudo de 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirme que o percentual de residências com um aparelho de televisão (96,9%) é maior do que o das pessoas com uma geladeira (95,8%), e que 64% possui mais de um aparelho em casa. Outros estudos revelaram que os brasileiros passam 4 horas e 31 minutos assistindo à televisão nos dias úteis e 4 horas e 14 minutos nos fins de semana; 73% assistem à televisão todos os dias e apenas 4% nunca o fazem. (Eu sou uma dessas.)

Nesse universo, a Globo é onipresente. Embora sua audiência tenha diminuído nas últimas décadas, o share da emissora ainda é de 34%. Sua principal rival, a Record, tem 15%.

Mas o que significa essa presença esmagadora? Num país onde a educação é deficitária (a Organização pela Cooperação e Desenvolvimento Econômico recentemente nos colocou em 60o. lugar entre 76 países na performance média em exames de aptidão escolar), quer dizer talvez que um único conjunto de valores e perspectivas sociais está sendo amplamente difundido. Além disso, sendo a maior empresa de mídia da América Latina, a Globo é capaz de exercer uma influência considerável na nossa política.

Um exemplo: dois anos atrás, em um tímido pedido de desculpas, a Globo confessou ter apoiado a ditadura militar no Brasil, ocorrida de 1964 e 1985. “À luz da História, contudo”, disse o editorial, “não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original.”

Com esses perigos em mente, e em nome do bom jornalismo, passei um dia inteiro assistindo à programação da Globo, em uma terça-feira recente, a fim de verificar o que eu podia aprender sobre as ideias e valores promovidos pela emissora.

A primeira coisa a que a maioria das pessoas assiste todas as manhãs é o jornal local, depois o nacional. A partir desses programas, pode-se inferir que não há nada mais importante na vida do que o clima e o trânsito. O fato de que nossa presidente, Dilma Rousseff, enfrenta um risco sério de impeachment e de que seu principal oponente político, Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, está sendo investigado por corrupção, esses fatos recebem menos tempo de tela do que os detalhes dos congestionamentos. Os boletins são atualizados pelo menos seis horas por dia, com os âncoras papeando amigavelmente sobre o calor ou a chuva, como se fossem tias solteironas na hora do chá.

Dos programas matutinos, entendi que o segredo da vida é ser famoso, rico, vagamente religioso e “do bem”. Todos os apresentadores e convidados gostavam uns dos outros e sorriam o tempo todo. Foram contadas histórias inspiradoras de pessoas com deficiência que tiveram força de vontade para ter sucesso em suas profissões. Especialistas e celebridades discutiam esses e outros tópicos com notável superficialidade.

Decidi pular os programas vespertinos – em sua maioria, reprises de novelas e de filmes de Hollywood – e fui direto para as notícias do horário nobre.

Dez anos atrás, um âncora da Globo, William Bonner, comparou o espectador médio do Jornal Nacional ao Homer Simpson – incapaz de entender notícias complexas. Pelo que pude ver, esse padrão ainda se aplica. Um segmento sobre a crise hídrica em São Paulo, por exemplo, foi ilustrado por uma repórter no zoológico, que disse ironicamente: “Olha a cara de preocupação do leão com a falta d’água”.

Assistir à Globo significa acostumar-se a clichês e fórmulas batidas; muitos dos roteiros de jornais incluem pequenos trocadilhos no final, ou inanidades de pessoas que estão passando. “Dunga disse que gosta de sorrir”, disse uma repórter sobre o técnico da seleção brasileira de futebol. Às vezes, poucos segundos são devotados a notícias perturbadoras como o fato de que o estado de São Paulo decretou um sigilo de 15 anos dos dados operacionais e técnicos da rede hídrica, ao passo que longos minutos são gastos em tópicos como “o salvamento de um homem que estava se afogando [e que] provocou admiração e surpresa numa cidade do interior paulista”.

O resto da noite foi preenchido por novelas, através das quais pode-se concluir que as mulheres sempre usam maquiagem pesada, brincos enormes, unhas bem feitas, saias apertadas, saltos altos e o cabelo liso. (Segundo esses critérios, eu não sou uma mulher.) As personagens femininas podem ser boas ou más, mas unanimemente magras. Elas brigam por causa de homens. Seus objetivos máximos na vida são usar um vestido de noiva, dar à luz um bebê loiro e/ou aparecer na televisão. Pessoas normais têm mordomos, enquanto encanadores sarados realmente visitam e seduzem donas de casa entediadas.

Duas das três novelas em exibição falam sobre favelas, com pouca semelhança com a realidade. Politicamente, tendem ao conservadorismo. A regra do jogo, por exemplo, conta com um personagem que, em um episódio, se apresenta como um advogado de direitos humanos a serviço da Anistia Internacional só para contrabandear para dentro da prisão os materiais necessários para fazer uma bomba. A ONG fez uma reclamação pública, acusando a Globo de contribuir para a criminalização do trabalho de defensores dos direitos humanos no Brasil.

A despeito do alto nível técnico de produção, as novelas são dolorosas de assistir, com suas vastas doses de preconceito, melodrama, diálogos rasos e clichês.

Mas elas têm o seu efeito. No fim do dia, me senti menos preocupada com a crise hídrica ou com a possibilidade de outro golpe militar – exatamente como o leão apático e as mulheres vazias das novelas.

The International New York Times
11 de novembro de 2015
por Vanessa Barbara
Contributing Op-Ed Writer

Ps. O artigo original se referia erroneamente a 25 anos de sigilo nos dados operacionais e técnicos da rede hídrica.

Fonte: New York Times
http://www.nytimes.com/2015/11/11/opinion/international/escaping-reality-with-brazils-globo-tv.html
Tradução: site Seleta de Legumes
http://www.hortifruti.org/2015/11/10/escapando-da-realidade-com-a-globo-brasileira-traducao/



Observação 1: Vou usar a sigla "HB" pra todos os posts referentes a conteúdos ligados à História do Brasil. Verei se consigo atualizar os outros.

Observação 2: este texto ficará na parte de História do Brasil. Como considero a cobertura que a mídia (tanto a "grande", oligopolizada, como parte da dita "alternativa") muito aquém do que eu acho bom, tomo a liberdade de colocar textos que considero relevantes e que abordam a atualidade e presenta recente do país.

Esta questão da Rede Globo é muito problemática. Esta emissora ou grupo ("organizações", como ela usa o termo) é um resquício tenebroso da ditadura militar (1964-1985), totalmente alinhada ideologicamente com o governo dos Estados Unidos e que sempre minou qualquer ato de desenvolvimento do país visando a própria soberania plena do mesmo, desde a redemocratização do país em 1985.

Foi um erro dos militares não terem dividido essa emissora em várias partes, antes do fim da ditadura, aniquilando o poder "onisciente" e "onipresente" do todo poderoso dela (Roberto Marinho, já morto, mas não menos nefasto), uma figura sinistra da História do Brasil. São os famosos entreguistas que querem transformar o Brasil num colônia de exploração dos EUA e de outros países em troca do "quinhão" de controle deles. Não possuem qualquer senso pátrio ou escrúpulo.

O texto narra a deturpação que essa emissora cria no país. Isso porque o povo brasileiro lê pouco, tem uma educação precária (mas também tem aversão a ler, pois a educação precária não explica a falta de apego à leitura) e tem um vício por essa emissora, como se fosse uma doença. Chamaram atenção prum fato que eu não havia reparado antes, de como há TVs espalhadas nos recintos do país (bares, consultórios médicos etc), e é verdade, e o grosso delas sintonizadas na Globo. É algo doentio, dantesco, datado. O lado positivo em torno disso é que o pessoal mais novo só fica grudado nos tablets, não assistem mais essa emissora. O que põe em cheque o porquê das empresas brasileiras ainda anunciarem em massa nesse tipo de emissora (jornal e rádio, pois a Globo tem tudo isso, e até cinema) quando a divulgação via internet é mais barata e eficiente que essa mídia datada e apodrecida, onde os noticiários dela mais parecem horário político gratuito do PSDB (partido de oposição no Brasil).

A quem não sabe, a Globo apoiou o golpe de 1964, golpe tramado pelos EUA, e cresceu se valendo da ditadura que perseguiu os concorrentes, com dinheiro norte-americano (caso Time-Life). Esse "monstrinho" surgiu no formato atual na ditadura (apesar de ser mais antiga pois ela vem do jornal O Globo, que já era entreguista contra Vargas e o país), foi o pior legado que os militares deixaram pro país, pois ela sabota politicamente o país desde 1985 como "Estado paralelo". A Globo foi o aríete do neoliberalismo e privatizações no país durante o governo FHC (o garoto do Consenso de Washington). E hoje vem falar do caso da Vale em minas, empresa privatizada pelo valor de dois Youtubes que ninguém sabe aonde o dinheiro da privatização (uma merreca perto do valor da empresa) foi parar. E taí o desmantelo da mesma que funciona porcamente.

Mais recentemente, ela apoiou abertamente o Impeachment paraguaio (golpe branco) da atual Presidente do país, colocando transmissão ao vivo de micaretas na Avenida Paulista com a "turma" de extrema-direita. Um apoio tão escancarado que deixou muita gente perplexo com o descaramento da emissora. E erro do governo ao patrocinar com verba estatal um grupo que conspira contra a democracia do país. Sou plenamente a favor do corte de toda verba publicitária estatal a essa emissora e parte da imprensa do país. Se eles defendem liberalismo, que procurem captar recursos da iniciativa privada que tanto defendem e não sejam tão contraditórios atacando o Estado a todo instante pra pegar recursos do mesmo. Dona Dilma, se quer economizar, os milhões que vão pra Globo são uma bela economia. Crie e coragem e faça o que deve ser feito, o povo entenderá. Conspirar contra a democracia do país e contra a soberania do Brasil é crime grave e não deve ser tolerado.

Noutro país, uma emissora dessas já teria sofrido represálias sérias ou mesmo ter o canal cassado por crime de conspiração. E isso não é antidemocrático, quem atentou contra a democracia foi este grupo, como fez em 1964 e repete a dose. Só que os tempos são outros. A internet fura o noticiário enviesado e distorcido dessa emissora, por mais que ela tente manobrar a população (ela já não consegue fazer isso como décadas atrás).

E cuidado com o caso da FIFA, o FBI ainda não citou abertamente o caso de propina pra transmissão de jogos.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Hitler (A biografia). De Joachim Fest (resenha)

Hitler, de Joachim Fest,
tradução de Analúcia
Teixeira Ribeiro, Editora
Nova Fronteira, 2 volumes,
935 páginas.
Em novembro de 1923, há exatos 83 anos, aconteceu o lendário Putsch de Munique, quando pela primeira vez Hitler tentou tomar o poder na Alemanha. A república de Weimar assistiu pasma ao golpe do recém-fundado Partido Nacional-Socialista, que só naquele ano teve 35 mil novas adesões. Hitler contou com o apoio de 15 mil homens da S. A., a tropa de assalto do partido nazi. Resultado: golpe frustrado e os líderes presos – mas o prestígio de Hitler e de seu partido só fez aumentar.

Esse e outros episódios estão descritos na colossal biografia de Adolf Hitler escrita por Joachim Fest, publicada primeiramente na Alemanha, em 1973, e cuja segunda edição em português, revisada e ilustrada, foi lançada neste ano no Brasil pela Editora Nova Fronteira, em dois grandes volumes que somam 935 páginas. Joachim Fest, que morreu em setembro deste ano, foi um jornalista de grande nome na Alemanha e professor honorário da Universidade de Heidelberg. Ele mesmo chegou a lutar na 2a Guerra Mundial e acabou como prisioneiro da França. Além de Hitler, Fest escreveu No bunker de Hitler, livro que inspirou o filme A queda – As últimas horas de Hitler, dirigido por Oliver Hirschbiegel.

Considerada uma das mais completas biografias sobre o estadista alemão que permaneceu no poder entre 1933 e 1945, Hitler é caracterizada pela riqueza de detalhes pessoais e “históricos”, que dão a sensação ao leitor de estar vendo os acontecimentos in loco. Sobre o Putsch de 1923, escreveu Fest: “Trajado com uma longa casaca negra, a cruz-de-ferro pregada ao peito, Hitler tomou lugar na Mercedes vermelha comprada havia pouco. (...) Com aquele gosto peculiar por cenas exageradas e teatrais, brandiu um copo de cerveja e, enquanto uma pesada metralhadora era posta em bateria ao seu lado, engoliu dramaticamente um último gole, arremessando em seguida com estrondo o copo aos pés”.

O Putsch da cervejaria poderia ser considerado, então, um momento essencial na vida do futuro Führer do governo alemão: quando ele entraria definitivamente no caminho político. Hitler passaria, nesse momento, a controlar seus instintos artísticos e se transformaria em um “tecnocrata do poder”. Foi um grande passo para sua chegada ao poder como chanceler do Reich, em 1933.

E se ele tivesse chegado ao Brasil?– Frustrado o golpe, rotulado por muitos como “carnaval político”, “putsch de escada de serviço” e “farsa de faroeste”, Hitler, mesmo preso, continuou sua escalada megalomaníaca ao poder. Na prisão em Landsberg, aproveitou para continuar se articulando politicamente: compartilhava a cela com seus comparsas de partido, que chegavam, inclusive, a cuidar da limpeza de seus aposentos. Sentado em uma bandeira da suástica, costumava presidir o horário das refeições.

Dentro da prisão, sua fama aumentou na Alemanha. O futuro Führer recebeu muitas cartas e flores de seus fãs e aproveitou os anos de reclusão para escrever o livro Minha luta, considerado uma bíblia do nacional-socialismo, permeada por ataques aos judeus e caracterizada por um estilo duvidoso, que se pretendia erudito, mas confundia figuras de linguagem e teorias. Os 25 pontos do programa do partido tinham sido promulgados em 1920, mas é com Minha luta que Hitler desenvolveu sua teoria racista que teria como ápice o extermínio em massa dos judeus em plena 2a Guerra. A idéia inicial era escrever uma biografia dos seus então 30 anos de vida, da pobreza de sua infância e das suas tentativas no universo artístico.

Os 10 milhões de exemplares publicados não fizeram o sucesso esperado. Segundo Fest, faltava a presença de Hitler como orador que fazia a diferença para suas idéias cheias de fracas obsessões e fantasias. Até mesmo a teoria nacional-socialista não é convincente: carente de qualquer idéia original, mostrou-se um “caldo de tendências”. Rauschning, autor da obra Conversa com Hitler, afirmou que tudo nela já havia sido dito, falado, escrito: nacionalismo, anticapitalismo, culto à tradição, concepções de política exterior, racismo e anti-semitismo. Nada era novidade. Mas a falta do novo não afetou o sucesso estrondoso da teoria entre as massas.

A abordagem do nazismo de Joachim Fest prima por dois pontos essenciais. O principal deles é a construção de um mito. Hitler não é descrito como uma pessoa normal, mas sim como um líder carismático capaz de acionar multidões que estavam amorfas antes de seu chamado. Para Fest, não seria possível o nacional-socialismo sem essa figura emblemática. Para provar sua teoria, ele enche o leitor de detalhes pessoais da vida de Hitler, desde criança dotado de pensamentos de conquista do mundo. Interessante é a fileira de adjetivos utilizados pelo autor para descrever as faces dessa múltipla e esquizofrênica personalidade, ora caracterizada como “impessoa”, ora como uma figura extremamente sedutora, capaz de exterminar qualquer resistência diante dele. Com um quê de exagero, Fest chega a afirmar que Hitler seria um guardião de todas as angústias de seu tempo. Vai mais longe, dizendo que, além de ser o denominador comum, “imprimiu aos acontecimentos seu rumo, sua extensão e seu dinamismo”.

Da mesma maneira, pontua sua biografia, organizada de maneira cronológica, por títulos significativos dessa mesma abordagem de “louco e gênio” de Hitler. A infância e a participação na 1a Guerra são classificadas no tópico “vida sem objetivo”; a fundação do partido e o Putsch de Munique se encontram no tópico “O caminho da política”. Em seguida são pontuados “os anos de espera”, “o tempo de luta” e finalmente “a tomada do poder”, seguida da “Guerra errada” e terminando com “A queda”, com o fim do regime hitlerista. Nesse momento, Fest não poupa suas tintas para mostrar um Hitler manco, que se arrastava com seu cachorro, isolado dentro de seu bunker. Sua desgraça pessoal atingiu também os seus amores: a sua companheira Eva Braun teria tentado suicídio logo aos 23 anos.

Moderno – O segundo ponto essencial do Hitler de Fest é desmontar as outras tantas teses que afirmam que o nacional-socialismo foi produto de condições históricas específicas, pontuadas principalmente pela Alemanha derrotada na 1ª Guerra Mundial, vítima de um cruel Tratado de Versalhes – assinado pelas nações vitoriosas –, que provocou a perda de valiosos territórios alemães, ocasionando então uma crise no governo que se formava no pós-guerra, a República de Weimar. Fest, em lugar disso, tenta refletir sobre todos os acontecimentos da Europa nessa época pela ótica pessoal da história de Hitler. O resultado é um exercício, no mínimo, interessante. Mostra um outro viés do nacional-socialismo, que traz algo diferente da historiografia em vigência, que prima por considerar as forças históricas evidentes no período como determinantes do processo.

Além disso, a pesquisa de pano de fundo é monumental. Como se para todos os acontecimentos dessas décadas (principalmente de 1930 e 1940) houvesse um comentário especial ou frases de Hitler. Para provar a importância especial de Hitler na história, Fest argumenta que o nazismo morreu no momento em que Hitler se envenenou, em 1945, pouco antes da capitulação da Alemanha. “Com a morte de Hitler e a capitulação”, afirma, “o nacional-socialismo desapareceu de cena quase sem transição, de um momento para o outro, como se fosse apenas o movimento, a embriaguez e a catástrofe provocados por Hitler.” Mesmo no Tribunal de Nuremberg, montado pelos aliados entre 1945 e 1949 para julgar os criminosos de guerra, os acusados se mostravam ideologicamente alienados, de maneira que se levasse a crer que o único culpado por toda a catástrofe da guerra e do assassinato em massa fosse mesmo o ditador alemão.

Mesmo assim, Fest não deixou de mostrar que Hitler foi extremamente moderno para seu tempo, trazendo novas realizações técnicas, como a propaganda em massa, cujos vestígios se encontram em diversos políticos populistas da atualidade. Fazendo “política para os apolíticos”, para a imensa massa mobilizada pelos festejos coletivos que mais pareciam shows, Hitler construiu o seu poder na esfera da sedução, criando duas faces para o mesmo nazismo: uma marcada pela prisão em massa e posterior extermínio dos excluídos, e outra, dentro dessa aura de magia, dos grandes comícios voltados para os eleitos, dos quais se tornaram mais famosas as festas do Dia do Partido, realizadas em Nuremberg.

O personagem de Hitler retratado por Fest não deixa de ser marcante, mesmo que para o lado do mal, visto como a encarnação do que de pior pôde acontecer para a humanidade. O autor provoca o leitor quando – através de uma bela metáfora – afirma que Hitler nada mais foi do que um espelho de sua época, uma época cruel, sem esperanças e permeada de angústias. Tempos sombrios, diria Hannah Arendt.

Ana Maria Dietrich, historiadora e jornalista, faz doutorado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP sobre o tema “Nazismo tropical? O Partido Nazista no Brasil”. É co-autora de Alemanha (Imesp, 1997).

Fonte: Site da USP (Jornal da USP)
http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2006/jusp783/pag1213.htm

Observação: a edição antiga desse livro tinha apenas 1 volume. Essa capa é da edição mais recente, dividida em dois volumes. A quem quiser compreender melhor a segunda guerra e o nazismo, este livro é essencial.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A histeria da imprensa, que mais divulga o Mein Kampf (Minha Luta) de Hitler em vez de esclarecer (sem pânico)

Como já foi publicado posts no blog sobre isto (clique aqui pra ver os textos), no fim do ano passado expirou os direitos autorais do Estado da Baviera (Alemanha) sobre o livro autobiográfico de Hitler, o "Mein Kampf" ("Minha Luta", em português).

Já saiu também notícia há algum tempo (agora que vi que o post é de 2008, quase 8 anos...) que um Instituto de História Contemporânea (IFZ) na Alemanha queria lançar (e já lançou) uma edição comentada do livro, que tem quase 2000 páginas. Edição comentada do livro completo, pois ele foi lançado em dois volumes, além de ter uma "continuação". Geralmente o povo só "conhece" os dois primeiros volumes. Ambas cópias se encontram facilmente em inglês.

Pra quem não conhece a sequência do Mein Kampf (Minha Luta), que irei chamar de "a continuação", ela foi lançada em inglês e se encontra fácil em sites online de venda dos EUA e Reino Unido, não há restrição nesses países sobre a venda desses livros:
Hitler's Second Book: The Unpublished Sequel to Mein Kampf
Zweites Buch

Não colocarei link de site online (tem um bem conhecido) pra não fazer propaganda gratuita de site de vendas, a menos que fosse algo extremamente necessário.

Prosseguindo... aqui temos a matéria no site do Instituto sobre a edição comentada, texto em inglês. Como não fiz post comentando a existência deste outro blog abaixo, eu criei um blog pra postar textos em outros idiomas que poderiam ser traduzidos praqui, mas que acabaram não sendo. É muito mais fácil publicar isso nos idiomas originais que a tradução. Caso alguém tenha interesse em ver:
Hitler, Mein Kampf. A critical edition (IFZ, Alemanha)

O que chama atenção pro caso da publicação do livro é a histeria da imprensa alemã com o fato, ou estão querendo ter audiência porque o tema "chama atenção", como por exemplo a DW (Deutsche Welle) que tem versão em português (Brasil) e que age como se o livro não estivesse acessível na internet há mais de década, em vários idiomas, formatos etc ou estão querendo promover mesmo o livro.

Basta colocar na busca de qualquer navegador o nome do livro, acrescido do formato PDF (o formato fica a critério de cada um) que aparecem cópias e mais cópias do livro.

Vou dar um exemplo de como é fácil achar isso. Colocarei a busca pra versão em inglês pra não facilitar os "curiosos" que ficam "fascinados" com isso. Caso algum site retire o arquivo que consta dos links, paciência, isto é só pra ilustrar como é fácil de achá-lo e baixar:
mein kampf pdf english

Aqui uma versão em português (apareceu também na busca acima), mas acho que não é a versão completa (em PDF):
Link
Na própria Wikipedia há cópias disso, no verbete em inglês:
https://en.wikipedia.org/wiki/Mein_Kampf#External_links

Um adendo: o verbete da Wikipedia em português pro livro tem várias distorções ou é bem precário, colocaram o termo "racialista" em vez de "racista" pro livro (alguma viúva chorosa do III Reich deve ter feito a alteração), e o próprio verbete "racialista" em português é um verdadeiro lixo. O pior é que até pra alterar é complicado, a fiscalização do site com a versão em português é muito ruim e o número de pessoas que contribui muito baixo, fora o sectarismo político e distorções que rola na direita brasileira com esses temas.

Ou seja: qual a razão da histeria? Nunca viram essas coisas citadas acima?

Agora toda vez que se falar em nazismo será essa histeria, por pura ignorância? Pensei que a postura do povo tivesse amadurecido, mas pelo visto (vou me restringir ao Brasil) o brasileiro (generalizando) continua imaturo pra qualquer tipo de discussão política, isso quando não descambam pro sectarismo e agressão aberta.

Pra que tanto alarde só por conta de uma publicação em papel? Eles acham mesmo que é o único meio de propagação de ódio na face da terra ou o principal? cheio de tablets e mídia eletrônica em todo canto?

A pseudo-polêmica em torno do livro irrita, pois parece mais material de divulgação e propaganda as matérias que qualquer coisa que esclareça algo, por exemplo, poucos citam esses fatos narrados acima. Fora que vários textos de nazistas (Diários de Rosenberg, Goebbels etc) se encontram disponíveis à venda, principalmente nas versões em inglês.

Não existe restrição à venda disso no Reino Unido e nem nos Estados Unidos.

Mais um motivo pra eu ficar perplexo com a reação histérica da mídia em torno disso. Começou com a mídia alemã, mas as outras mídias dos outros países, por mimetismo (já que ninguém lê nada), saíram repetindo o "comportamento" só copiando a discussão original, sem refletir.

Pois bem, minha opinião sobre o fim dos direitos autorais desse livro e publicação livre em vários países, e eu já devo ter dito isso antes mais de uma vez, é de que uma edição comentada é muito bem-vinda.

Ela vale muito mais que o livro original, pois é um livro novo, com acréscimos que devem valer à pena. Só que só será lançada em alemão até agora, essa edição crítica, e em número limitado. O que é um erro.

Não há previsão de lançamento (se é que vão lançar) de tradução desta edição comentada alemã em outros países, principalmente nos de língua inglesa e espanhola, já que o grosso do mercado dos livros em português se resume quase que praticamente ao Brasil, e a tiragem de uma edição dessas no país seria pouco provável, pois seria cara (até pelo tamanho) e o conhecimento político e de História da população não é dos melhores. É só ver os comentários negando o caráter nocivo dos mais de três séculos de escravidão no país e das manifestações racistas no mesmo na última década.

um lançamento programado na Espanha, pro dia 19 de janeiro próximo, de uma edição espanhola desse livro, comentada (se eu localizar a matéria eu coloco o link), só que não é a edição do IZF (Inst. de História alemão). O livro será lançado também em Portugal, só que na versão normal, não a comentada (que é a que eu destaco e valeria a pena).

O piti de grupos tentando barrar a publicação desta edição comentada é burrice explícita (não tem outro termo pra se chamar), ignora todos os fatos apontados acima (que não são novidade) e trata o livro apenas pelo aspecto simbólico ignorando que o livro é uma chatice e não é o principal livro pra se entender o nazismo ou mesmo fazer "propaganda".

O mecanismo de propagação de ódio na internet tem outra dinâmica, a maioria dessas viúvas do III Reich são muito toscas, tem uma interpretação deturpada disso (quando leem), seguem mais uma estética e discurso fácil de ódio. Quem quiser entender algo sobre nazismo e segunda guerra, comece pela biografia de Hitler de Joachim Fest (saiu em dois volumes a última edição) ou a do Ian Kershaw (ambas lançadas em português).

Esse "fetiche" em torno do Mein Kampf (Minha Luta) não passa de exibicionismo, idiotice e coisa de momento, quando deixar de ser novidade, cairá no limbo.

A histeria ou falácia (já vi matéria com essa baboseira, pra variar) de que esse livro aumentará o "xenofobismo" na Europa, é coisa de gente paranoica ou querendo criar alarmismo sobre o assunto porque sabe que o grosso da população no Brasil tem uma ideia genérica (quando tem) sobre nazismo, fascismo e segunda guerra. Ainda bem que existe a internet como espaço democrático onde não precisamos mais ficar reféns dessas "inteligências raras", além de termos acesso ao que é publicado em outros países, publicações de ponta e não bobagens.

Só pra esclarecer: o comentário acima não se trata de uma provocação, eu já tinha em mente fazer um post sobre essa histeria da mídia acerca desse livro, desde dezembro, mas é que como tive o desprazer de ler mais uma besteira sobre o assunto, e acabei citando a coisa. Só que não posso restringir o que penso pra não desagradar a A, B ou C que dizem o que quer e não gostam de críticas, resquício de um comportamento cultural autoritário do país, que eu não tolero. A reação padrão, em geral, é fingir que não leram a crítica. Continuem assim (rs).

Resta aos leitores lusófonos torcer pra que lancem isso na Espanha (principal mercado editorial em espanhol), só que deverá custar caro. Cito a Espanha pela proximidade dos dois idiomas, português e espanhol. "Ah, mas não sei ler espanhol", tente aprender e pare de reclamar de tudo, será bom pra você e pra todos no seu entorno. Digo isso porque muita gente reclama que tem dificuldade com o inglês, mas com o espanhol não existe essa desculpa de "ah, eu não sei, é difícil", papo furado, isso é preguiça.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Restos humanos vistos por jornalistas norte-americanos em Klooga e Babi Yar

Em 6 de outubro de 1944, o New York Times publicou este relatório de Klooga, que havia sido arquivado por WH Lawrence quatro dias antes. O relatório começa assim:
Klooga, Estônia, 02 de out. (atrasado) Foi mostrada a correspondentes estrangeiros hoje o cenário das execuções alemãs em 19 de setembro - um ato que demonstrou conclusivamente que os alemães estão em uma retira de grande escala e são capazes de matar a sangue frio, mesmo quando isto não servirá para muita coisa, em caso de objetivos militares.

Aqui no campo de trabalho nazista de Klooga, construído originalmente para abrigar os últimos sobreviventes do Gueto de Vilna, vi e contei partes reconhecíveis de 438 corpos completos e parcialmente queimados de homens, mulheres e crianças, incluindo uma criança que não poderia ter mais de três meses de idade, mas cujo crânio havia sido quebrado por uma bala e que estava nos braços de sua mãe morta no frio, um país desolado no meio de uma floresta de pinheiros. Vi três enormes piras funerárias que primeiro foram construídos com troncos de pinheiro por prisioneiros, cujos captores, em seguida, atiraram neles e queimaram seus corpos. Perto dessas pilhas, agora quase completamente reduzidas a cinzas, contei partes reconhecíveis de pelo menos 215 corpos, e um número desconhecido de outros esqueletos que foram reduzidos a cinzas de ossos por um grande incêndio ocorrido pela queima de toras de pinheiros e corpos embebidos em gasolina. Num campo próximo... estavam os corpos de uma dúzia de outras pessoas que tentaram fugir mas foram abatidas por balas.

Prisioneiros queimados em Barracões

Vi os restos de barracões com oito quartos dos quais os alemães colocavam cerca de 700 pessoas, que foram baleadas. Os barracões depois foram incendiados e destruídos, cremando os corpos que permaneceram dentro. Paralelamente a esta construção havia uma fila de pelo menos 150 corpos, algumas das pessoas que obviamente haviam sido alvejadas durante a tentativa de escapar da construção.

Alguns tinham pequenas marcas de fogo, mas outros eram apenas esqueletos carbonizados e encolhidos de homens e mulheres. Dentro dos barracões, grandes montes de cinzas de ossos misturados com cinzas de madeira testemunham o grande número de outras pessoas que morreram naquele prédio. Na parte central do próprio acampamento havia uma outra cena medonha. Em um pátio eu contei os corpos de sessenta e quatro pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças, e foi lá que eu vi um jovem bebê, vestido com um suéter vermelho, cueca de lã branca e uma camisa azul.

Esses foram os corpos de pessoas que haviam sido metralhadas até a morte dentro de um dos barracões centrais, mas que os alemães, em sua ansiedade para fugir antes que o Exército Vermelho se aproximar, não tiveram tempo de queimar.
O chefe da Associated Press na URSS, Eddy Gilmore, arquivou este relatório, que da mesma forma descrevia os corpos de crianças com buracos de bala atrás de suas cabeças. Gilmore tinha previamente arquivo este relatório sobre Babi Yar. As fotografias tiradas em Klooga foram publicadas na revista Life em 30 de outubro de 1944, e podem ser vistas aqui.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/01/bodies-seen-by-american-journalists-at.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Human Remains Seen By American Journalists at Klooga and Babi Yar
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Crítica publicará "Minha Luta" de Hitler em 19 de janeiro a cargo de Sven Felix Kellerhoff


Um exemplar da primeira edição
de "Mein Kampf"- EFE
O selo editorial Crítica publicará em 19 de janeiro "Mi lucha. La historia del libro que marcó el siglo XX" (Minha Luta. A história do livro que marcou o século XX), sob responsabilidade do historiador e jornalista Sven Felix Kellerhoff, com um "estudo amplamente documentado".

Segundo informou a editora num comunicado, em 31 de dezembro de 2015 expiram os direitos de "Mein Kampf", escrito por Adolf Hitler, já que 70 anos depois da morte do ditador o Estado da Baviera perde os direitos autorais.

Nesta versão, Kellerhoff conta como se escreveu a obra na cadeia de Landsberg; revela como Hitler falsificou nela sua vida; analisa as ideias que expõe, e desvela sua procedência.

Segue depois o processo pelo qual o livro, que foi um fracasso de vendas nos primeiros anos, converteu-se num negócio (até 1945 foram impressos uns doze milhões de exemplares) que fez o Führer milionário, às custas de evasão de impostos, e na forma na qual suas ideias se aplicaram na política do regime nazi.

Kellerhoff nasceu em 1971 em Stuttgart; estudou história e jornalismo e, depois de uma longa carreira em diferentes meios de comunicação, atualmente é chefe de redação do "Die Welt".

EFE Barcelona - 14/12/2015 às 19:34:51h. - At. às 12:08:55h.

Fonte: ABC (Espanha)
http://www.abc.es/cultura/libros/abci-critica-publicara-lucha-hitler-19-enero-cargo-sven-felix-kellerhoff-201512141934_noticia.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

França autoriza acesso a alguns arquivos policiais e jurídicos de Vichy

Cidadãos e investigadores podem, a partir de hoje, conhecer melhor o regime de Vichy, colaboracionista da Alemanha nazi durante a ocupação de França, na Segunda Guerra Mundial, após a abertura de arquivos policiais e judiciais da época.

Pétain e Hitler
Entre os documentos até agora abrangidos pelo segredo de defesa nacional que poderão ser "livremente consultados, sob reserva de desclassificação prévia", figuram os relativos às atividades da polícia judiciária francesa entre setembro de 1939 e maio de 1945, precisa um decreto publicado no "Journal Officiel" (Diário Oficial).

Os pedidos de desclassificação de documentos deverão ser formulados pelos serviços públicos de arquivos e o Diário Oficial precisa que serão "altos funcionários de defesa e segurança" os encarregados de dar seguimento a tais pedidos, pelo que determinados documentos continuarão a ser confidenciais.

Assinado pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Justiça, Defesa, Interior e Cultura, o decreto diz também respeito às investigações e atividades da polícia judiciária do Governo provisório formado após a libertação da Alemanha nazi, em 1945.

Poderão igualmente ser consultados os casos levados a tribunais de exceção instaurados por Vichy, os crimes julgados logo pelos tribunais de exceção criados após a libertação e os arquivos sobre a perseguição e julgamento de criminosos de guerra nas zonas de ocupação francesa na Alemanha e na Áustria.

Historiadores como Gilles Morin esperam que estes ficheiros, consultáveis quase cinco anos antes de expirar o prazo de 75 anos previsto para o efeito no Código do Património, revelem dados inéditos sobre líderes da Resistência como Jean Moulin, detido, torturado e assassinado em 1943, disse ao canal privado TF1.

O escritor, advogado e caçador de nazis Serge Klasferld que, como outros especialistas, já trabalhou com esses documentos graças a derrogações individuais obtidas desde princípios dos anos 1980, adiantou à emissora France Info que "não se esperam revelações" destes arquivos que, sublinhou, "são sumamente precisos".

Considerou igualmente que, apesar de qualquer derrogação geral "ser um avanço da liberdade de informação", a que hoje começa "é algo quase simbólico".

Segundo o Memorial da Shoah (Holocausto) de Paris, durante o Governo do general Pétain foram assassinados cerca de 80.000 judeus franceses, 76.000 dos quais depois de serem deportados para os campos de concentração nazis.

Os historiadores estimam que, também vítimas do nazismo, além de milhares de comunistas, ciganos, homossexuais e resistentes perderam a vida em França entre 1941 e 1945 cerca de 40.000 a 50.000 doentes mentais, principalmente de fome e esgotamento.

Lusa

Fonte: SIC (Portugal)
http://sicnoticias.sapo.pt/cultura/2015-12-28-Franca-autoriza-acesso-a-alguns-arquivos-policiais-e-juridicos-de-Vichy

sábado, 26 de dezembro de 2015

As três direitas de René Rémond, da Academia Francesa, e sua relevância hoje

"Les trois droites" (As três Direitas) de René Rémond, da Academia Francesa, e sua relevância hoje
Entrevista com o historiador Michel Winock, por Damien Le Guay

Em 1954, um jovem historiador, René Remond, 35 anos, publicou um livro que evento e se tornou um clássico: "La droite en France" (A Direita na França). Este livro (influenciado por Albert Thibaudet) será reeditado em 1963 e 1968 para voltar a ser relançado, com uma revisão, em 1982: "Les droites en France" (As Direitas na França). Damien Le Guay convidou Michel Winock, historiador de História Contemporânea da França e de suas correntes intelectuais, professor emérito da Sciences-Po de Paris e autor de "La droite, hier et aujourd’hui" (A Direita, ontem e hoje) (tempus, 2012) para nos dizer se o livro de René Rémond está datado, e se é ainda relevante e porque ele acredita que é possível acrescentar uma quarta Direita à Direita, que ele chama de "Direita nacional-populista".

Qual é a abordagem de René Rémond neste livro-evento?

- *Que há um sistema binário na política, da oposição na França entre Esquerda e Direita

- *Que esta Direita é plural e dividida em três correntes

- *Que também existe uma continuidade entre essas três Direitas desde 1815 até hoje.

Nessa pluralidade da Direita de se organizar em três linhas distintas, todas chegaram ao poder entre 1815 e 1900:

- *Uma Direita Legitimista, que segue uma contra-revolução, ansiosa em promover uma concepção orgânica, hierárquica e anti-igualitária. Seus pensadores são Louis de Bonald (1754-1840, eleito para a Academia Francesa em 1816) e Joseph de Maistre.

- * Uma Direita Orleanista e Liberal que aceita a bandeira tricolor e o papel do parlamento, que se centra no papel de notáveis.

- *Uma Direita Bonapartista, a de Napoleão III, que se centra no papel de um líder, sobre a fraqueza dos organismos intermediários e no apelo ao povo - com o uso do referendo.

Além disso, René Rémond vê uma continuidade dessas três Direitas após 1914. A Direito legitimista se estenderá para a Ação Francesa (Action Française), para o governo Vichy e, a partir de 1980, para a Frente Nacional. A Direito Orleanista é encontrada no Bloco Nacional (1919), com Poincaré, Tardieu, Paul Raynaud e por último no período de sete anos de Valéry Giscard d'Estaing. Quanto a Direita Bonapartista, René Rémond a situa no gaullismo - com o apelo para o povo, o desprezo pelos partidos políticos e o desejo de um forte poder para governar o país.

Será que esta análise é "insuperável"?

Não. Obviamente. Se o próprio René Rémond, na introdução do livro reeditado em 1982 de "Les droites en France" (As Direitas na França), pergunta-se se não existe novas Direitas! Michel Winock atravessa a questão e considera que apenas há apenas três Direitas clássicas restantes, e que devemos acrescentar uma outra, uma quarta Direita que (...)

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Fonte: Canal Académie (site)
http://www.canalacademie.com/ida8599-Les-trois-droites-de-Rene-Remond-de-l-Academie-francaise-et-leur-pertinence-aujourd-hui.html
Título original: Les trois droites de René Rémond, de l’Académie française, et leur pertinence aujourd’hui
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

As imagens 3D de Eric Hunt do crematório 1

Num recente texto de Eric Hunt sobre a câmara de gás homicida do crematório 1 no principal campo de Auschwitz, ele afirma que "uma representação 3D da área mais importante do Crematório 1 é utilizada para entender o papel desta farsa (hoax)". O blog de Carolyn Yeager anuncia que as "Imagens 3D de Hunt demonstram o papel da farsa de Auschwitz". Na verdade, as "imagens 3D" de Hunt realmente não ajudam a entender a distribuição de aberturas no telhado da câmara de gás melhor que a imagem 2D. O efeito 3D parece bom, mas é só isso. Ele não acrescenta nada ao problema que não tenha sido já mostrado pelas imagens 2D publicadas por Carlo Mattogno em "Auschwitz: Crematorium I" (Auschwitz: Crematório I), pág. 124 e suas terríveis variantes do RODOH (como uma imagem 3D pode realmente ajudar a entender algo, isso é mostrado aqui, para a câmara de gás do crematório 2 de Birkenau).

Como já apontei previamente, todo o argumento baseia-se fortemente na confiabilidade de um único modelo (planta). Além disso, se qualquer coisa, sugeriria que os poloneses não teriam reconstruído corretamente a câmara de gás e suas aberturas de gás, depois que fora convertida num abrigo antiaéreo pela SS após os gaseamentos serem interrompidas no campo principal de Auschwitz. Na verdade, algumas das testemunhas mais competentes e independentes (Stanislaw Jankowski, Hans Stark e Hans Aumeier com sua estimativa menor) forneceram uma estimativa de 2 para o número de aberturas, e não 4 como foi assumido pela reconstrução polonesa. Além disso, há ainda um possível motivo para a precaução de colocar uma abertura de gás diretamente ao lado da porta, especialmente quando falta experiência com a estabilidade da porta durante o assassinato em massa com gás venenoso: a de matar a vítima próxima da porta primeiro e se proteger das tentativas dela ser violada.

O argumento apresentado por Mattogno levanta algumas dúvidas sobre como a câmara de gás original parecia e porque foi feita assim, mas não demonstra uma farsa (hoax), não que os poloneses tenham feito algo para enganar nem que não tenha ocorrido gaseamentos homicidas no crematório 1.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2015/09/erik-hunts-3d-imagery-of-crematorium-1.html
Texto: Hans
Título original: Eric Hunt's 3D Imagery of Crematorium 1
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 20 de dezembro de 2015

Planos para judeus franceses e "outros inimigos", de dezembro de 1942 a março de 1943

Esta excelente análise de Peter Longerich merece ser citada inteira:
19.6(5) Num relatório para Hitler em 10 de dezembro de 1942, Himmler preparou uma lista escrita à mão dos pontos que ele queria apresentar. Sobre o "II SD e assuntos policiais", Himmler especificou como ponto 4 a seguinte palavra-chave:
  • Judeus na França
  • 6-700.000
  • outros inimigos.
19.7 Próximo a essas palavras-chaves pode ser encontrado um crédito e no próprio manuscrito de Himmler a palavra "abolir" (abschaffen): Himmler tinha então trazido esses a Hitler e recebeu sua permissão para "abolir", ou seja, para liquidar os estimados 600.000-700.000 judeus na França, bem como "outros inimigos".179 Após a reunião, Himmler enviou uma nota para Müller, chefe da Gestapo, na qual afirmou:
O Führer deu ordens para que os judeus e outros inimigos na França devam ser presos e deportados. Isso deveria ter ocorrido, mesmo que ele tenha falado com Laval sobre isso apenas uma vez. É um problema de 6-700.000 Jews.180
19.8 Dois meses depois, em fevereiro de 1943, Eichmann, em uma breve visita a Paris apresentou um programa máximo para a deportação de todos os judeus que viviam na França, incluindo aqueles com cidadania francesa.181

19.9 Na reunião de 10 de dezembro de 1942, Himmler apresentou a Hitler uma proposta de criação de um campo de trabalho para judeus mantidos na França, Hungria e Romênia, para um total de 10.000 pessoas. De acordo com uma nota escrita à mão por Himmler, Hitler aceitou a proposta. 182 Após a reunião, Himmler enviou uma ordem para Müller para concentrar essas 10.000 pessoas num "campo especial" (Sonderlager). Ele afirmou: "Certamente eles devem trabalhar lá, mas sob condições em que permaneçam saudáveis e vivos." 183

19.10 As notas manuscritas de Himmler deste encontro com Hitler e as ordens enviadas para Müller confirmam que foi desejo de Hitler que aqueles judeus franceses que não se enquadrassem nessa regra não fossem "mantidos vivos" (am Leben bleiben), mas que fossem "abolidos", ou seja, assassinados.
Observe também esta análise interessante de Edith Shaked. Embora os nazistas tenham sido incapazes de terminar esses planos de extermínio, a intenção é clara.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2015/08/plans-for-french-jews-and-other-enemies.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Plans for French Jews and "other enemies", December 1942 to March 1943
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Guerra e extermínio no Leste. Hitler e a conquista do espaço vital 1933-1945 - Christian Baechler (livro)

O peso da herança e a parte da ideologia nazista

Os dois primeiros capítulos do livro nos permite medir o grau de importância do preconceito contra os eslavos. Ele é anterior à aparição da ideologia nazi, mas será explorado com sucesso por ela. E tudo isso apesar do fato de que desde a Idade Média, alemães e eslavos viveram juntos em muitas partes da Europa Oriental.

Se o mito do "Drang nach Osten" ("Empurrar para o leste") é relativamente bem conhecido, o livro mostra a evolução dos sentimentos alemães em relação a poloneses e russos. A manutenção da unidade da Prússia e depois do Império, conduz a uma política repressiva em relação a eles. Os poloneses são estereotipados como inferiores e sujos .... Uma caricatura que vai piorar após a Primeira Guerra Mundial e da restauração de um estado polonês às custas dos territórios alemães. O caso dos russos é mais complexo, na verdade, a Rússia e a Prússia foram aliadas ao longo do século 19. Os contatos entre as elites são numerosos. A Rússia parece mesmo um pouco com a Alemanha, como um poder que está por ascender. No entanto, torna-se um inimigo em potencial quando termina a tradicional aliança. Portanto, o russo passa a ser caracterizado com uma série de semelhanças com o polonês (sujeira etc ...).

A ideologia nazista retornará os diversos estereótipos e lhes sobreporá uma visão racial. Os eslavos representam a principal força de trabalho a ser explorada neste espaço vital que tanto a Alemanha necessita. Mas a germanização dessas terras não será acompanhada por eles (eslavos), eles estão destinados a ser governados, não são qualificados como aptos a ser germanizados. Também os russos, na ideologia hitlerista, são apresentados como dominados por judeus e submissos ao comunismo, duas razões adicionais para eliminá-los.

O começo da implementação da política nazista

Os capítulos seguintes analisam a evolução das relações entre a Alemanha nazista e seus vizinhos, e da implementação da política nazista na Polônia ocupada. O autor nos leva aqui ao coração do processo de decisão do Terceiro Reich. Como em outras áreas, existem muitas organizações com poderes rivais mal definidas que concorriam e dependia dos principais oficiais nazistas: Himmler, Goering, Rosenberg .... O debate entre funcionalistas e intencionalistas se encontra aí também, mas o autor escolhe o caminho do meio.

Segue-se, portanto, do interior da política nazista para a Polônia. A Polônia recusa a adesão no pacto anti-Komintern, o que iria torná-la um estado vassalo da Alemanha nazi, quando Hitler então decide eliminá-la como Estado. O benefício da hesitação de todas as democracias ao longo dos anos 30 é o que deseja Stálin para ganhar tempo e espaço.

Uma vez conquistada a Polônia, coloca-se em prática a implementação de uma política dirigida contra os judeus e as elites: intelectuais, dirigentes, clérigos... O espaço polonês se destina a ser colonizado, seus habitantes devem ter reduzidos seus status ao trabalho manual servil. Vários projetos vão surgindo, tudo inacabado, mas alguns ainda levam à transferência da população, "evacuada" para abrir espaço para os colonos alemães. Os colonos são geralmente transferidos dos "Volskdeustche" (alemães étnicos) de outros países e são arbitrariamente distribuídos para os novos locais de residência, na maioria das vezes como chefes da exploração em fazendas agrícolas. O destino dos judeus poloneses é objeto de debate amargo entre o Gauleiter dos territórios anexados ao Reich e Frank, que é chefe do Governo Geral.

A Barbarossa e suas consequências

A maior parte do livro trata do destino da URSS. Todos os aspectos são abordados. Quais as motivações ideológicas e econômicas do ataque na preparação e implementação deste plano militar. A ocasião permite ao autor mostrar como o Estado-maior alemão aceitou, sem vacilar, a maioria das diretivas à imagem do tratamento aos comissários. Ele não esquece do sofrimento de milhões de prisioneiros de guerra que morreram em condições terríveis. Mas mostra também as diferenças que aparecem entre os militares (e até mesmo entre os políticos) sobre o destino dos diversos povos da URSS, quando o desfecho do conflito se torna mais incerto.

A ocupação nazista do espaço soviético é o tema de um capítulo específico. Os aspectos práticos da ocupação nazista são revistos, a exploração dos territórios e o destino reservado à população. No melhor dos casos, ela seria explorada como trabalho escravo. Muitas vezes são vítimas das operações militares: despojados de suas casas, de sua comida e tudo o que pode servir são forçados a abandonar. A população também paga um preço alto na luta contra partisans, que acabam por justificar, os olhos dos alemães, essas atrocidades. O capítulo dedicado ao extermínio dos judeus soviéticos é a oportunidade que o autor avalia as diferentes teorias a respeito de sua gênese.

A evocação dos vários planos de reestruturação do espaço soviético e da hierarquia racial de seus ocupantes, permite ver o quão longe chegou a imaginação de vários teóricos nazistas. Tudo foi planejado para a seleção de indivíduos para reter apenas os mais propensos a ser "germanizados" para a criação de colônias agrícolas da SS... Novamente, não há concorrência, ou mesmo oposição entre os projetos de uns e outros.

Enfim, a atitude dos alemães frente ao que acontecia na Europa Oriental permite mostrar que as atrocidades foram amplamente conhecidas. Mas sua magnitude subestimada, ao mesmo tempo em que as faixas mais jovens que não conhecem o assunto sobre o regime nazista, aderem largamente ao tema pela propaganda.

Conclusão

Uma síntese recente sobre os temas que estão sendo discutidos: a data de decisão da implantação do extermínio, a atitude do exército e da população alemã frente as atrocidades... As 400 páginas do livro (acompanhado de uma centena de páginas de notas) deve ser lido com interesse. Além disso, o autor preocupa-se em recordar os principais pontos no final de cada capítulo.

O professor primeiramente encontrou no livro material para fundamentar seu curso sobre as guerras do século XX e o totalitarismo nazista. Tema que foi objeto de análise do documento da prova do 1°S durante a sessão de junho de 2012 (discurso de Himmler em Posen em 1943).

Artigo de François Trébosc, professor de história da geografia no liceu Jean Vigo, Millau

Christian Baechler. Guerre et extermination à l’est. Hitler et la conquête de l’espace vital 1933-1945. Tallandier. 2012; 528 páginas
Quarta-feira, 12 de setembre de 2012, por François Trebosc

Fonte: La Cliothèque
http://clio-cr.clionautes.org/guerre-et-extermination-a-l-est-hitler-et-la-conquete-de-l-espace.html
http://holocaust-doc.blogspot.com.br/2015/09/christian-baechler-guerre-et-extermination-a-lest-hitler-et-la-conquete-de-lespace-vital-1933-1945.html
Título original: Christian Baechler - Guerre et extermination à l’est. Hitler et la conquête de l’espace vital 1933-1945
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 13 de dezembro de 2015

A lista (falsa) de sobrenomes de cristãos-novos de novo, agora na BBC, e a nova lei de Portugal sobre o assunto

A BBC recentemente publicou matéria sobre uma nova lei portuguesa que dá cidadania a brasileiros descendentes de judeus, segue a matéria abaixo:
Saiba como lei portuguesa pode dar cidadania a brasileiros descendentes de judeus

Esta lei copia (ou segue) uma lei semelhante na Espanha, com o mesmo propósito:
A oferta de nacionalidade aos sefarditas satura os consulados espanhóis em Israel

Eu já comentei sobre isso aqui (post "O primo do antissemitismo (filossemitismo) e a mixórdia sobre cristãos-novos e a "concessão" de nacionalidade espanhola" e o jornal El País (Espanha) já comentou sobre a lista falsa com sobrenomes que teriam "direito", listas disseminadas a esmo por grupos evangélicos (alguns se passando por judeus, ou que 'creem' que são):
Seu sobrenome também está na lista (falsa) para obter o passaporte espanhol?

A matéria da BBC Brasil do início do post reproduz a baboseira da lista falsa (ou uma delas). Mas não só ela, basta clicar aqui pra ver outra.

A quem se questionar porque estou fazendo este post, é porque muita gente aparecia em comunidades sobre "revisionismo" vindo encher o saco com esse assunto, com uma obsessão doentia (pleonasmo) com essa questão, na crença de que se se "tornarem" judeus seriam mais "abençoados", "ficarão ricos" etc. Ou seja, o pessoal 'bem-intencionado' repete os estereótipos dos ditos "revis" sobre judeus (sobre riqueza, poder etc).

Geralmente é gente de religião evangélica, ou de algumas denominações no Brasil que criam uma verdadeira mixórdia religiosa misturando idolatria a judeus, judaísmo etc com cristianismo. A quem quiser ler mais, só no verbete em inglês, o verbete em português é entupido de proselitismo religioso.

Essa postura vem importada dos EUA, e essas pessoas ficam circulando em torno desses assuntos apenas por crendice, fanatismo religioso ou mesmo por posturas não muito louváveis (como já citado acima: acham que irão ficar "ricos" ou melhorar status social "virando" judeu). Daí começam a fantasiar sobre "origem judaica" num passado remoto (faz um "pouquinho" de tempo 'meio milênio').

A Record também embarcou na pilha e fez um programa horrível sobre isso.

Sobre o post de um dos links acima (o do filossemitismo), ele foi feito na época que a Espanha fez o mesmo tipo de lei: a de dar cidadania espanhola a quem for descendente de "judeus expulsos" da Espanha na época da Inquisição. Cidadania que torna a pessoa cidadão da União Europeia também.

Seria assunto pra outra post, mas tem a ver com o que se passa. É visível que no Brasil parte da população passa por um problema de crise identitária e fica procurando 'identidades' outras pra se auto-afirmarem ou fazer parte de algum "grupo". Alguma "ascendência nobre" etc. Em vez de se enxergarem como brasileiros ou se proclamarem brasileiros, ficam procurando identidades que julgam ter "mais status" por algum menosprezo ou ódio ao país. Esse tipo de surto não é bom pois descamba pra algum ufanismo qualquer (o extremo oposto do complexo de vira-latas) como aqueles que aconteceram esse ano, com gente urrando com a camisa da CBF (da seleção da CBF) querendo mostrar que são "mais brasileiros" que outros só por ostentarem uma camisa amarela (como se isso tornasse alguém brasileiro ou mais brasileiro que outros), quando parte desse povo sente um menosprezo profundo pelo país.

Mas indo ao ponto.

Primeiramente, um sobrenome genérico numa lista não é prova que alguém seja descendente de algum judeu/judia convertido ao cristianismo (catolicismo) na época das inquisições.

A maioria dos sobrenomes (senão todos) dessas listas eram sobrenomes também de cristãos-velhos (se há o "novo" é porque havia o "velho", dã! rs), que eram os cristãos não convertidos ou cristãos não-judeus.

Pena que perdi os links (do Orkut) que tinham alguns ensaios sobre esse tema, mas também houve muçulmanos convertidos à força ao cristianismo na Península Ibérica e havia os moçárabes. Nunca ouviu falar deles? Clique aqui e aqui. Resumidamente (pois sei que tem gente que não vai clicar nos links), moçárabes eram cidadãos ibéricos, cristãos, que adotavam a cultura da potência invasora/dominante (então árabe e muçulmana), língua etc.

Ou seja: e se você for descendente, não de judeus, mas de algum moçárabe ou muçulmano árabe convertido ao cristianismo na época da Inquisição que veio ao Brasil e Américas? Vai pular do penhasco por isso? rs.

Por que fiz esta pergunta irônica (a do "pular do penhasco" com raiva? Se você tem visto os comentários de ódio irracional, movido por ignorância extrema, desses grupos contra muçulmanos entenderá o porquê da ironia com a pergunta. Veja que no Brasil nem tocam no assunto.

Só pra dar uma ideia da extensão genética da coisa, já que não achei a matéria que saiu sobre isso há algum tempo. Segue esta matéria em espanhol sobre o DNA na Espanha, Portugal segue um padrão semelhante:
Uno de cada tres españoles tiene marcadores genéticos de Oriente Medio o el Magreb (El Mundo, Espanha)

É a parte anedótica dessa "busca" (entre aspas) por antepassados judeus no Brasil. A pessoa pode descobrir que é descendente de algum moçárabe ou muçulmano convertido ao cristianismo à força. Curioso que as matérias não tocam no assunto.

Em resumo: essas listas com sobrenomes não servem pra coisa alguma.

Causa constrangimento e vergonha alheia ver a publicação dessas listas.

Pra você provar que tem algum antepassado judeu/judia convertido de forma remota (pois faz tempo...), vai ter que fazer uma "escavação arqueológica", provar genealogicamente a coisa, até porque não irão dar cidadania por "brinde", a menos que seja um grupo minoritário que conseguiu preservar desde essa época o culto judaico etc. Além de outros problemas com o tema: houve gente que se converteu porque quis também. Não era "status" ser judeu na colonização das Américas, essa coisa de "ser judeu pra ter status" é algo recente, novo, pós-segunda guerra. Até a segunda guerra muita gente mascarava isso com medo de perseguição e preconceito/racismo.

Só lembrando: a maioria absoluta dos convertidos se assimilaram à Espanha, Portugal ou outros países em que se fixaram. Sentiam-se parte dessas sociedades, mas não como "judeus".

Não avaliem o passado com anacronismo (repassando pruma época remota valores de hoje). Não havia internet na época, rastros se apagam com certa facilidade, principalmente num "mundo" onde tudo era precário.

Muita gente na época não queria ser "judeu", a não ser por questão de fé, porque a perseguição cedo ou tarde seria inevitável. A menos que alguém seja masoquista (tirando o que permanecia judeu por convicção religiosa), não era uma boa religião (do ponto de vista de se manter vivo) pra alguém se converter ou permanecer nela.

Muitas famílias adotaram sobrenomes de cristãos-velhos e se assimilaram totalmente a esses países (Portugal e Espanha), não sendo tão fácil rastrear a mudança. Não estamos falando de algo com 50 anos e sim de meio milênio. A maioria se sentia ou português ou espanhol, ou descendentes dos mesmos, professando o cristianismo (tornavam-se católicos).

Querer escavar essas coisas (tirando o pessoal de História, arqueologia etc, o pessoal das ciências, que tem que escavar mesmo) por fanatismo religioso e oportunismo, em minha opinião, não passa de escrotice da grossa, além de uma cretinice sem tamanho.

No vídeo da Record mostra uma pessoa seguindo (imitando) ritual judaico provavelmente por ser evangélico e com base nessa ideia de que sobrenome tal torna essas pessoas judias. É um crime (mentira) o que estão fazendo com essas pessoas, fora a ignorância histórica profunda.

Em suma, eu fico com vergonha do conteúdo dos programas com conteúdo "histórico" que passam no país. Ainda mais a BBC reproduzindo essa papagaiada sem avaliar a informação que repassa. A BBC tem um histórico problemático de conteúdo, tem bons documentários mas a cobertura jornalística é enviesada, tanto como a Globo (essa nem enviesada é mais, é partidarizada mesmo). Saem copiando listas de sites evangélicos ou de "judeus messiânicos" (evangélicos que 'pensam' que são judeus, pra proselitismo religioso) na web que dizem ser de "marranos" e colocam essas coisas sem critério algum, além de atiçarem a neurose de grupos antissemitas que veem judeus na sombra, na esquina, em qualquer canto.

Por isso que disse num dos posts (não só eu) que o 'filossemitismo' anda junto do antissemitismo, são unha e carne.

Chega a ser ridículo que Espanha e Portugal apresentem uma lei dessas (de "reparação", entre aspas) 500 anos depois que mataram gente por fanatismo religioso e racismo. Era melhor só ter admitido que cometeram os crimes e pedir desculpas pelo ocorrido (e põe pedido tardio nisso) e assunto encerrado. Esses países não estão reparando coisa alguma, só sendo hipócritas.

E um adendo, porque a internet infelizmente está infestada de gente fanática: eu não tenho interesse em discutir religião/religiões com A, B ou C, tampouco sou religioso. A quem quiser pregar a "verdade" (religiosa) pra mim, está dando viagem perdida. Digo isso porque no Orkut aparecia muita gente confusa (eu diria que até "perturbada") enchendo o saco com esse tipo de assunto/neurose quando esse pessoal deveria procurar ajuda especializada pra tratar disso, já que nem interpretar um texto direito conseguem ou querem. Estou sendo duro no comentário porque chega uma hora que a coisa extrapola e irrita de verdade, a gente vai "relevando" por educação, mas uma hora estoura.

O texto acima não trata de "crença" e sim de História, trata sobretudo da proliferação do preconceito no país, que se dá também através desse fanatismo religioso sectário e disseminação de mentiras como as citadas acima (listas falsas etc).

No Brasil a mídia (generalizando) serve mais pra dinamitar o país do que ajudar no progresso do mesmo.

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