quarta-feira, 14 de maio de 2008

Holocausto na Letônia - 30 de Novembro de 1941

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml


30 de Novembro de 1941 (Primeira Parte)

Enquanto Rîga dormia durante a noite de 30 de novembro e era um domingo, cinco horas antes do nascer do sol, algumas tropas alemãs e policiais letões começaram a avançar para as suas estações. O clima era sazonal – o que parou e congelou os alemães em Moscou e destruíram pomares de séculos de idade, na Letônia ainda não haviam chegado. A Baía de Rîga, embora superficial, ainda expressava sua influência moderada sobre a cidade e seus ambientes. A temperature estava nos limites da estação, com baixos 7.5°C negativos às 7:00 da manhã., e altos 1.1°C positivos às 13:00hs. Na noite anterior cerca de 7cm de neve haviam caído, deixando o terreno gelado e escorregadio. Nenhuma neve adicional caiu no dia 30. Nesta época, haveria menos de oito horas para a luz do dia na Letónia, por isso o trabalho começou e terminou antes do amanhecer e após o por do sol.

Na noite de 29 de novembro os chefes das circunscrições convocaram seus homens e cerca de 1/3 deles recebeu uma ordem extraordinária: para se apresentarem nas circunscrições na manhã do dia 30 de novembro. As atribuições das horas variavam de circunscrição para circunscrição, dependendo de quando eles seriam necessários no gueto. A polícia disse-lhes que eles teriam que guardar o transporte dos judeus do gueto para a estação de Rumbula estação, para a reinstalação deles um campo de trabalho.Na passagem desta ordem, Osis, Ítiglics e os supervisores alemães mentiram para os chefes de circunscrição. Os rumores, não obstante, de que os chefes de circunscrição e seus homens receberam as ordens sem consciência durante as duas semanas anteriores, foi sombrio e progressivamente apertado, mediante Rîga e suas vidas. Eles não sabiam que estavam prestes a serem envolvidos em um evento que não se atreveriam a falar para o resto das suas vidas, e que iriam em breve tornar-se cúmplices de homicídio de um dos maiores assassinatos cometidos na história da Letônia. A atividade dentro e fora do gueto começou às 4:00hs da manhã. Os primeiros a entrarem ação foram Hesfer e os doze homens da German Schutzpolizei, um desconhecido número dos homens de Aråjs, e os oitenta homens da guarda interna dos judeus.

O esvaziamento do gueto começou pelas casas ocidentais das ruas Låçpléßa e Jékabpils. Os judeus estavam despertos e disseram que estariam prontos em meia hora na rua Sadovñikova. Na outra extermidade do gueto, onde a rua Ludzas se encontrava coma rua Lauvas e a rua Lieknas se encontrava com a rua Ûîdu, uma equipe de homens estavam cortando as cercas para fazer saídas especiais para encurtar o caminho para sair do gueto pela rua Maskavas e sobre a auto-estrada para Rumbula. As equipes do despertar iam de casa em casa, de quarteirão a quarteirão, desferindo murros nas portas. Após meia hora, as equipes voltaram novamente para o ponto de partida para assegurar que nenhum judeu permaneceu nos apartamentos. Os homens de Aråjs, talvez uns cem, foram conduzidos por Herberts Cukurs. O motorista do ônibus azul, Franks-Pranks, trouxe cerca de 15 a 20 homens alemães da rua Reimersa para o gueto.


Então o tumulto e o tiroteio começaram. Muitos judeus se recusaram a ir; os doentes e os idosos não podiam ir. Dizer que este 30 de Novembro, aconteceu uma insurreição no gueto de Rîga pode ser muito forte; mas a desobediência prevaleceu. E foi impiedosamente esmagada. As primeiras brutalidades and assassinatos ocorreram dentro das casas e nas escadarias. Então foram movidos para fora, nas ruas. A organização das colunas foi mais difícil do que esperar. Os judeus do gueto não foram gentilmente para Rumbula. Os judeus estavam dificultando ao deixar as colunas e se esconderem na parte oriental do gueto. As estimativas variam, mas por volta de Meio-Dia de 600 a 1,000 pessoas se espalhavam ao redor das ruas do gueto, especialmente na rua Ludzas. Em 30 de novembro, existiam 2 massacres: um no gueto, e outro em Rumbula. É confuso saber quem assassinou no gueto. Devido a escala dos assassinatos, é provável que todo mundo que tinha armas participou, que inclui Cukurs e os homens de Aråjs. No entanto, se é verídico, como alguns sobreviventes depuseram, os assassinatos no gueto foram feitos com armas automáticas então os homens de Aråjs poderiam não ter participado nas maiores opressões do protesto.


Dentro do gueto, as colunas foram organizadas pelos homens de Heise, com Cukurs assistindo. Da equipe que conduzia as colunas no gueto devido aos buracos na cerca, cinco ficaram a par, os judeus do cortejo que estavam fadados a marchar, toda a extensão do gueto, a passagem das janelas dos habitantes da parte oriental, quem ainda tinha uma semana ou um dia de vida. Uma vez as colunas nas ruas, os homens da German Schutzpolizei e da polícia de Rîga as faziam de novo. O tiroteio e o tumulto haviam despertado o gueto inteiro. Os judeus da parte oriental espiavam através das persianas, para verem seus compatriotas dirigirem-se para fora do gueto. Trabalhando no gueto, Jack Efrat viu as colunas dirigirem-se ao longo da rua Ludzas. As colunas progrediam entre paradas e começos, a cauda da coluna tinha dificuldades de manter de pé. O gueto estava coberto de homens armados. Frîda Michelson de ter vistos as colunas passarem por sua janela:

Já no começo das primeiras luzes. Uma coluna sem fim de pessoas, guardadas por policiais armados, iam passando. Mulheres jovens, mulheres com bebês nos braços, mulheres idosas, deficientes físicos, ajudados pelos seus vizinhos, jovens garotos e garotas — todos marchando, marchando. De repente, na frente da nossa janela, um homem alemão das SS começou a atirar com uma arma automática apontando para a multidão. As pessoas eram aniquiladas pelos tiros, e cortavam os paralelepípedos. Havia confusão na coluna. Pessoas estavam pisoteando as que caíam ao chão, eles empurravam para frente, perto dali os homens da SS atiravamincontrolavelmente. Alguns arremessavam suas malas para poder correr mais rápido. Os policiais letões gritavam “Rápido! Rápido!” e açoitavam com chicotes as cabeças da multidão … A coluna de pessoas continuava em movimento,
às vezes a metade corria, marchava, trotava, sem fim. Tinha um, tinha outro, que caía e outros andavam, constantemente eram instigados pelos policiais, “Rápido! Rápido!” com chicotes e rifles na bunda. … Eu ficava na janela e e observei até o meio-dia quando a marcha de horror acabou. … Agora as ruas estavam silenciosas, sem movimento. Corpos estavam espalhados por todos os lados, minas
de sangue ainda escorriam dos corpos sem vida.


A maioria era de pessoas idosas, mulheres grávidas, crianças, deficientes físicos — todos que não podiam manter em pé e que não suportaram o tempo desumano da marcha. A polícia de circunscrição letã ficou pasma ao chegar para cumprir a agenda de receber as colunas e deixarem o gueto. Péteris Stankéviçs da circunscrição do porto chegou às 7:00 da manhã. Uma coluna de judeus já estava pronta e com todos os seus pertences. Antes de partir do gueto o Captain Riks informou aos seus homens:


Os judeus serão transportados para outro campo. Mas como eles entraram no gueto, veremos outro quadro: bens estão espalhados por todo lado, e vários lugares e praças estão com judeus mortos. … Chegamos à conclusão que foram os alemães e letões que servem na polícia do SD, que trouxeram os judeus das casas do gueto e os que resistiram foram punidos e espancados e alguns deles morreram.

Uma ausência de humanidade — homens, mulheres e crianças — estavam marchando para Rumbula. Os muito doentes, mancos, e idosos estavam pegando os ônibus e caminhões. As colunas consistiam de cerca de 1.000 pessoas, mas é somente uma estimativa, ninguém contou. A respeito dos 50 policiais de Rîga, com as carabinas prontas, foram empregados em cada coluna. As testemunhas da German Ordnungspolizei no tribunal de Hamburgo depuseram que os letões estavam nos lados das colunas, dois alemães eram os líderes principais, e dois eram não eram principais. O trabalho deles era observer os letões, mas a situação ficou tão caótica que o trabalho não foi planejado.


Franks-Pranks, após entregar os alemães do SD no gueto, pegou o ônibus azul e carregou com judeus, crianças, e outros que não poderiam andar. No caminho para Rumbula ele passou pelas colunas lideradas pelos policiais letões e alemães. Ele agendou para fazer a segunda viagem, mas os alemães não queriam esperar.


A primeira coluna deixou o gueto às 6:00hs da manhã. Embora fosse domingo pela manhã e as pessoas ainda estavam dormindo, cem pessoas que viviam ao longo da rua Maskava puderam observar os horrores do lado de fora. Hoje a rua Maskava está construída com apartamentos no estilo soviético. Em 1941 ela era muito suburbana, com casas de madeira e pequenos jardins. Em direção a Rumbula, as casas são menores e com jardins maiores. Dos muitos lugares ao longo da estrada, Daugava era visível. No meio do caminho em direção a Rumbula, está o limite da cidade de Riga, a rua Rasas, que tem um terminal de bonde. Deixando os limites da cidade, cruza a fábrica de borracha Kvadråts do lado direito da rua Í˚irotava; a estação de trem fica à esquerda.

Ainda existem 5km para frente. A estrada em direção a Rumbula é plana, quase em nível. O controle das colunas não foi trabalhado com antecipação. Com todos os gritos e tiros a paz não pode ser mantida. As colunas de alongavam. Os alemães na frente e na causa das colunas, não viam o que estava acontecendo, a perda do controle da situação. A contagem de corpos ao longo da estrada se multiplicava. No passado ao longo da estação de Í˚irotava vivia a família Garkalns. A filha deles, então com sete anos de idade, lembrou de uma coluna de judeus que no passado se dirigiam para sua casa, que tinha cerca de 100 pés para fora da estrada. Um pandemônio quando foi quebrada. Alguns judeus recusavam em continuar, eles gritavam, empurravam e batiam. A coluna continuava novamente. A alguns passos abaixo da estrada um tumulto quebrou novamente a nova coluna. Eles estavam atirando, e as pessoas mortas eram deixadas ao lado da estrada. As pessoas entravam em pânico, começavam a gemer. A mãe da garota pendurava cobertores atrás das janelas, e a garota achava um espaço para olhar e era novamente proibida de ver.


A marcha progredia, muitas mulheres, crianças e pessoas idosas não conseguiam ficar de pé. Bens eram jogados fora, lixos na Estrada e nas valas. Os fortes e saudáveis tentavam suportar a exaustão dos que estavam caindo pelo caminho. Eles eram apanhados e atirados sobre as carroças de cavalos que seguiam as colunas. Foram muitos tiros e corpos que cortaram a estrada. A ordem de matar não era somente para os que tentavam fugir, mas também para quem deixava a coluna para descansar ao lado da estrada. Sem dúvida, muitas pessoas foram mortas pelos guardas das colunas. Os 10km ao longo da estrada foram presumivelmente patrulhados pelos homens da SD escolhidos a dedo por Jeckeln. Nos depoimentos dos alemães não era incomum encontrar guardar letões sendo acusados de fazer parte da maioria dos assassinos. Foi alegado que homens da German Ordnungspolizei foram introduzidos às colunas afim de atiçar os letões para ventilar sua raiva contra os judeus antes de alcançarem Rumbula.

Entre os letões, no entanto, há notícias sobre policiais letões que recusaram-se a matar um judeu que estava exausto e deixou a coluna. O tenente Aleksanders Vilnis parou uma jovem judia que vinha com seu bebê. Os guardas letões a haviam deixado passar sozinha. Um supervisor alemão correu até o guarda e colocando uma pistola em sua têmpora ordenou que o letão matasse a mãe e a criança. O supervisor alemão da 11 ª circunscrição, gabando-se, puxou a arma do Tenente Grigors e ordenou-lhe que matasse os judeus.

Os primeiros judeus que morreram em Rumbula não foram esses de Riga, mas uns que chegaram de trem do Reich. Eles chegaram na estação de Í˚irotava na noite de 29 de Novembro. Não havia nenhum habitação para eles, assim sendo eles for am liquidados nas primeiras horas da manhã, nates da coluna dos judeus de Rîga chegarem. As linhas da estrada de ferro estavam somente a 100 metros do local dos assassinatos de Rumbula. A primeira coluna de judeus vindos do gueto chegou em Rumbula às 9:00hs da manhã. A maior parte das testemunhas alemãs informaram-nos que as colunas foram conduzidos para um ponto da auto-estrada onde o caminho virava bruscamente para o local dos assassinatos.

(Continua...)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Holocausto na Letônia - Rumbula (O conhecimento da Intenção)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml
O conhecimento da Intenção

Quando é que os participantes na ação Rumbula ficaram sabendo que as ordens de "reassentamento" dos judeus realmente significava que era para abatê-los?

Os juízes no julgamento de Jahnke em Hamburgo dispensaram grande esforço para tentar apurar o tempo e o grau de conhecimento. O tribunal determinou que parte do sistema de Jeckeln era ocultar as intenções até o final. O tribunal considerou também que a maioria dos oficiais alemães sabiam antes de 30 de novembro que haveriam as execuções, e que os comandantes de nível intermediário compreenderam a situação em toda a sua brutalidade na noite de 29 de novembro.

Eles também sabiam que a regra de 20kg de bagagem era uma farsa. Embora alguns possam ter tido premonições, os homens nas fileiras menores não sabiam até a hora dos tiros em Rumbula. A mesma distinção também pode ser estabelecida entre os oficiais letões e os policiais que guardaram as colunas para Rumbula. Seria, contudo, correto presumir que os policiais letões, estando em sua própria terra e vendo o que se passava à sua volta, tinham premonições mais claras do que os alemães.

Contudo, é também parte do registro que, logo que Heise chegou a Rîga, ele visitou o QG da Latvian Schutzmannschaften na Rua Annas em 15 de setembro, e, na presença de oficiais da Lativan e os chefes de circunscrição da polícia de Riga, foi dito que o gueto seria somente um arranjo temporário para a solução da questão judaica.

Na noite de 29 de novembro foi dito para os policiais letões para estarem prontos para a manhã seguinte, e que os judeus seriam levados para a estação ferroviária de Rumbula afim de serem transportados para outro lugar.

Eles tinham ordens para atirar e matar todos os que saiam fora da coluna ou os que tentavam fugir. Em adição ao atirar-para-matar, alguns alemães também tinham ordens para matar qualquer guarda letão que não conseguisse matar um judeu “desobediente”.

Holocausto na Letônia - Rumbula (A criação do pequeno gueto)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml
A criação do pequeno gueto


O particionamento do pequeno gueto foi o preâmbulo para a ação em Rumbula. A pressão da guerra defendeu a preservação dos judeus para o trabalho. Todos os grupos e empresas sob ocupação alemã que estavam preocupados com o esforço de guerra ou com a exploração econômica nos territórios estavam interessados na mão de obra judia. O Reichkomissar Lohse, seja qual for o seu papel nos assassinatos, foi ele que estabeleceu o gueto. A questão era demasiado importante para ser decidida localmente e, assim, foi retomada pelos Reichministers Rosenberg e Himmler, em Berlim. Rosenberg, sem o livre acesso a Hitler, instou Lohse a cooperar com o SD. O "economista", no entanto, ganhou uma pequena vitória as pessoas do sexo masculino aptas fisicamente, com idade de 16 a 60, foram autorizadas a viver.

A cerca de 27 de Novembro, 4 quarteirões da seção nordeste do gueto começaram a ser desativados e cercados com arame farpado. A cerca decorreu ao longo das ruas Lielå Kalna, Lauvas, Ludzas, e Daugavpils.

Estava definido o pequeno gueto, ou, como os judeus do Reich chamavam o gueto letão. A ordem de “reassentamento” dos judeus no gueto foi emitida em 29 de Novembro. De acordo com as ordens, os homens aptos fisicamente seriam deslocados para o pequeno gueto, e o restante seriam “realocados” em um campo para trabalhos leves. Cartazes anunciavam a mudança, dizendo que o trabalho dos judeus seria separado do restante em 29 de Novembro. A “realocação” dos judeus iniciaria com o transporte às 6:00 da manhã de 30 de novembro; eles foram informados de que poderiam levar uma bagagem de até 20kg.

“Esta ordem apareceu como uma trovoada, gerando caos e pânico, onde estava camplacente e uma relativa sensação de segurança do gueto.” escreveu Frîda Michelson, uma sobrevivente do gueto. A principal preocupação era o que precisariam lever para a viagem, o que colocar nas malas — que roupas de inverno deveriam pegar, qual comida e outros suprimentos. A separação das famílias era o maior problema. Era suposto que em qualquer parte que os homens judeus fossem alocados estariam mortos, como diziam os homens do pequeno gueto, porque a primeira onde de assassinatos foi entre julho e agosto, os homens foram os primeiros a morrer.

“Todo o gueto estava em movimento, como formigas em um formigueiro”, recordou Michelson “Fizemos e refizemos os volumes; preparamos os pacotes, selecionamos e re-selecionamos os alimentos e roupas mais necessários, se compararmos, isqueiro era uma das coisas mais pesadas. Nós testamos as embalagens de cada pessoa em peso e conforto para vermos o desempenho deles."

A separação dos homens de cada família aptos fisicamente ocorreu em 29 de novembro. E de manhã todos estavam trabalhando para deixar o gueto. Entretanto, durante o dia, os judeus do gueto foram examinados. Os que foram considerados aptos para o trabalho foram movidos para o pequeno gueto. O exame durou todo o dia. Após o trabalho, quando os judeus voltavam para o gueto, também eram examinados: alguns eram separados destacados como impróprios para o trabalho. No total, cerca de 4.000 homens judeus foram movidos para o gueto pequeno.

As mulheres não foram enviadas para trabalhar em 29 de novembro. Nesta tarde um cartaz anunciava que as mulheres com aptidões em costura e alfaiataria competências deveriam se apresentar e reportar ao Judenrat, o conselho judaico. Cerca de 300 mulheres reportaram. À noite as mulheres foram levadas para a Term Prison (Termiña cietums) perto da Estação Brasla, e ficaram até às 10:00 horas da manhã. Cerca de dois dias após a primeira ação, talvez em 2 de dezembro, as 300 mulheres se juntaram a outras 200. A maioria permaneceu na prisão por cerca de 2 semanas, e em 13 de dezembro elas retornaram para o gueto e se mudaram para duas casas em todo o pequeno gueto nas esquinas das ruas Ludzas e Lieknas, que ficou conhecido como o gueto das mulheres.
Ao todo cerca de 4,500 a 5,000 judeus de Rîga Jews sobreviveram à liquidação de Jeckeln.

Morreu Irena Sendler, polonesa que salvou 2.500 crianças judias

VARSÓVIA (AFP) — Uma das grandes heroínas polonesas da Segunda Guerra Mundial, Irena Sendler, que salvou a 2.500 crianças judias do gueto de Varsóvia, morreu nesta segunda-feira aos 98 anos.

"Morreu hoje", declarou à AFP sua filha, Janina Zgrzembska, sem dar mais detalhes sobre o falecimento da mulher que gostava de recordar que a "educaram a partir da crença de que se deve salvar as pessoas não importa a religião ou nacionalidade".

Nascida em 1910, Irena Sendler foi uma desconhecida durante muitos anos para os poloneses.

O mesmo acontecera com Oskar Schindler, que morreu na pobreza na Alemanha antes da façanha de ter salvo os funcionários judeus de sua fábrica ser levada ao cinema por Steven Spielberg.

Apenas em março de 2007 a Polônia lhe prestou uma homenagem solene e seu nome foi proposto ao prêmio Nobel da Paz.

No entanto, o memorial israelense do Holocausto, o Yad Vashem, lhe entregou em 1965 o título de Justo entre Nações, destinado aos não judeus que salvaram judeus.

Assistente social, Irena Sendler trabalhava antes da guerra com famílias judias pobres de Varsóvia, a primeira metrópole judia da Europa, onde viviam 400.000 dos 3,5 milhões de judeus de toda a Polônia.

A partir do outono de 1940, passou a correr muitos riscos ao fornecer alimentos, roupas e medicamentos aos moradores do gueto instalado pelos nazistas.

No fim do verão de 1942, Irena Sendler se uniu ao movimento de resistência Zegota, (Conselho de Ajuda aos Judeus).

A polonesa conseguiu retirar de maneira clandestina milhares de crianças do gueto e as alojava entre famílias católicas e conventos.

"Fomos testemunhas de cenas infernais quando o pai estava de acordo, mas a mãe não", comentou a um site na internet dedicado a ela ( www.dzieciholocaustu.pl ).

As crianças eram escondidas em maletas e retiradas por bombeiros ou em caminhões de lixo. Em alguns casos chegavam a ser escondidas dentro dos abrigos de pessoas que tinham autorização para entrar no gueto.

Sendler foi presa em sua casa em 20 de outubro de 1943.

Durante o período em que ficou detida no quartel-general de Gestapo, foi torturada pelos nazistas que quebraram seus pés e pernas. Ainda assim, ela não falou nada. Logo depois, foi condenada à morte, mas milagrosamente foi salva quando a conduziam à execução por um oficial alemão que a resistência polonesa conseguiu corromper.

Sendler continuou sua luta clandestina sob uma nova identidade até o final da guerra, trabalhando como supervisora de orfanatos e asilos em seu país.

Nunca se considerou uma heroína. "Continuo com a consciência pesada por ter feito tão pouco", confessou.

Devido ao seu estado de saúde delicado, Irena Sendler não participou da cerimônia que lhe homenageou em 2007, mas enviou uma sobrevivente, salva por ela em um gueto quando bebê, em 1942, para ler uma carta em se nome.

"Convoco todas as pessoas generosas ao amor, à tolerância e à paz, não somente em tempos de guerra, mas também em tempos de paz", escreveu.

Fonte: AFP
http://afp.google.com/article/ALeqM5iRyltOoDRDS2qF0fNtgQTxnb9qPg

domingo, 11 de maio de 2008

Israel nunca permitirá outro genocídio judeu, diz Peres

Israel começou na noite desta quarta-feira a recordar "o dia da Shoah", o Holocausto, em memória das vítimas judias do nazismo, e o presidente israelense Shimon Peres garantiu que o Estado hebreu nunca deixará que aconteça outro genocídio contra o povo judeu.

"Nunca esqueceremos, nunca nos esconderemos e nunca deixaremos de nos perguntar o que temos de fazer para que o que aconteceu nunca mais se repita", declarou Peres durante um discurso pronunciado no memorial de Yad Vashem.

Seis tochas foram acesas durante a cerimônia, em homenagem aos seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Em seu discurso, o primeiro-ministro Ehud Olmert denunciou as manifestações de anti-semitismo e as tentativas de negar a existência do Holocausto.

"Sessenta e três anos depois, acredite se quiser, o ódio aos judeus e a Israel segue se manifestando em vários lugares do planeta", comentou Olmert.

"Alguns negam ao Estado judeu o direito de existir, mas essas pessoas que acreditam que Israel só foi criado por causa do Holocausto se enganam. O Holocausto apenas ressaltou a necessidade de sua criação e o preço horrível de sua ausência pago pelo povo judeu", acrescentou.

Desde sua chegada ao poder, em 2005, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, questionou a existência do Holocausto e disse que Israel deveria ser varrido do mapa.

De acordo com um relatório do Centro de estudos do anti-semitismo e do racismo elaborado pela Universidade de Tel Aviv e publicado nesta quarta-feira, o número de atos anti-semitas "graves", como agressões com armas, incêndios ou tentativas de homicídio, triplicou em 2007 em todo o mundo.

Fonte: AFP(30.04.2008)
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/04/30/israel_nunca_permitira_outro_genocidio_judeu_diz_peres_1293595.html

Dois minutos de silêncio para lembrar Holocausto

Os israelitas lembraram os seis milhões de judeus mortos no Holocausto ao pararem durante dois minutos ao som das sirenes que soaram por todo o país esta quinta-feira. As comemorações do Holocausto começaram na quarta-feira no Memorial Yad Vashem, em Jerusalém.

Os israelitas lembraram, esta quinta-feira, os cerca de seis milhões de judeus que pereceram no Holocausto Nazi ao guardarem dois minutos de silêncio ao som das sirenes que soaram por todo o Israel pelas 10:00 locais (7:00 em Lisboa).

As comemorações oficiais deste evento começaram, contudo, na quarta-feira à noite, com uma celebração no Memorial Yad Vashem, em Jerusalém, onde foram acesas seis tochas simbolizando os seis milhões de judeus mortos durante a II Guerra Mundial.

«Nunca nos esqueceremos, nunca mais nos vamos esconder e não pararemos nunca mais de nos interrogar cada manhã sobre o que faremos para que o que aconteceu nunca mais se volte a repetir», afirmou o presidente Shimon Peres.

Por seu lado, no seu discurso, o primeiro-ministro Ehud Olmert preferiu destacar a proliferação de manifestação anti-semitas pelo mundo e as tentativas de negar aquilo que aconteceu no Holocausto.

«Negam o direito à existência do Estado judaico. O Holocausto não fez mais do que sublinhar a necessidade da sua criação e o preço horrível da sua ausência pago pelo povo judeu», acrescentou.

Esta comemoração surge cerca de uma semana antes das celebrações do 60º aniversário da criação do Estado de Israel.

Fonte: TSF(Portugal)
http://tsf.sapo.pt/online/internacional/interior.asp?id_artigo=TSF191473

sábado, 10 de maio de 2008

Arquivo de vítimas do nazismo é aberto para pesquisa

BERLIM - Pela primeira vez, os segredos do nazismo que estão escondidos há décadas, foram finalmente abertos ao público que desejem consultá-lo nesta quarta-feira. Os 30 milhões de Arquivos de Bad Arolsen contém documentos sobre 17,5 milhões de pessoas que foram perseguidas pelos nazistas. O arquivo ficou fechado durante seis décadas.

As atas que estão no arquivo, caso fossem colocadas em fila, formariam uma fileira de papel de 25 km.

Nos documentos os nazistas registraram minuciosamente o destino de suas vítimas nos campos de concentração e também registraram informações como a hora exata do fuzilamento de alguns prisioneiros, se havia doenças hereditárias em sua família, testes médicos aos quais eram submetidos e se eram acusados de serem homossexuais.

Entre o material arquivado há nomes das pessoas incluídas na famosa lista de Oskar Schindler (1908-1974), por meio da qual 1.200 judeus tiveram suas vidas salvas. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), um acordo entre os 11 países que criaram o arquivo limitou o acesso ao mesmo a pessoas que tivessem sido vítimas dos nazistas ou que tiveram parentes perseguidos, com o objetivo de proteger a privacidade dos mesmos.

Em maio de 2007, foi feito um acordo que permitiu a abertura do arquivo para pesquisas. Com esta decisão, os pesquisadores têm agora acesso a milhões de documentos que permitem reconstruir aspectos da máquina de extermínio dos nazistas e os destinos de vítimas.

As pessoas que quiserem pesquisar os arquivos têm que apresentar uma solicitação através de um formulário online disponível no site www.its-arolsen.org .

Fonte: JB Online(30.04.2008)
Com informações de agências internacionais e International Tracing Service at Bad Arolse - ITS
http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/04/30/e300415237.html

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Orkut - Anti-semitas difundem odio contra judeus tambem pela web

Comunidades e sites que divulgam o anti-semitismo são fáceis de serem encontrados na internet, sobretudo no Orkut --basta usar a busca da rede social com palavras como "judeu" ou "Israel" associadas a ofensas. Apesar de existirem em menor número do que as comunidades de pedofilia, hoje alvo de uma CPI do Senado Federal, essas páginas também estão na mira das autoridades.

"Recebemos em média uma denúncia de site preconceituoso por semana, seja contra a comunidade judaica ou puramente anti-semita", diz Octávio Aronis, diretor jurídico da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp).

Há desde perfis que pregam abertamente o neonazismo, com imagens de Hitler e suásticas, até comunidades "fantasmas" (sem membros) com fotos de corpos empilhados durante o Holocausto. É o caso do fórum "Eu odeio judeus", que se descreve da seguinte maneira: "Eu odeio judeus. Olhem a imagem da comunidade para terem idéia." A comunidade foi criada em fevereiro de 2008 e continua no ar. O perfil do seu criador não aparece na página.

Reprodução
A reportagem também encontrou perfis que incentivam agressão a judeus, negros e índios.
(veja imagem abaixo)

Reprodução


A Fisesp encaminha as denúncias que recebe para a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância e para Delegacia de Crimes Eletrônicos do DEIC. "Hoje, os criminosos estão mais carimbados, fazem essas coisas de páginas que ficam hospedadas fora do país. Fica mais difícil de rastrear", diz Aronis.

De acordo com o Google, a identificação e censura de supostas contravenções é delicada nesses casos.

"Nesse tipo de conteúdo é muito mais difícil identificar se há abuso ou não do que no de pedofilia, por exemplo. Ele passa pelo viés da liberdade de expressão e pela questão do livre debate. Não cabe ao Google falar o que é debate e o que é ataque", diz Félix Ximenes, diretor de comunicação da companhia.

Segundo Ximenes, "é complicado o Google assumir a posição de censor", já que há comunidades que criticam o Estado de Israel, mas não necessariamente podem ser enquadradas como intolerantes ou racistas.

Estatísticas

De acordo com dados da ONG SaferNet Brasil divulgados ontem (7), denúncias contra páginas com conteúdo neonazista cresceram 47% de abril de 2007 a abril de 2008. Foram 462 comunicados à ONG, sendo 98% deles sobre o Orkut.

Também cresceram as denúncias contra intolerância religiosa (58%) e xenofobia (48%).

Fonte: Folha Online(Brasil, 08/05/2008)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u399596.shtml

Maníaco austríaco que manteve filhos no porão diz ter sido influenciado pelo nazismo

VIENA - Em mais uma série de reportagens publicadas por diferentes jornais, o austríaco Josef Fritzl disse que abusar sexualmente da filha que manteve presa no porão de sua casa por 24 anos era um vício e voltou a se defender, afirmando que fez tudo por amor e agiu influenciado pelo nazismo. Em declarações repassadas ao jornal "Daily Mail" por Rudolf Mayer, advogado do chamado maníaco austríaco, Fritzl garantiu que não manteve relações sexuais com a filha enquanto ela era criança. Elisabeth Fritzl foi encarcerada pelo pai em 1984, quando tinha 18 anos. Cartas suas publicadas pelo jornal "Österreich" mostram que ela planejava sair de casa pouco antes de ser levada para o porão, onde teve sete filhos com o pai. O advogado de Fritzl diz que ele não pode responder por seus atos e precisa de tratamento psiquiátrico.

Eu sempre valorizei o bom comportamento e o respeito. Admito isso. A razão para isso é que pertenci a uma escola de pensamento que já não existe mais

"Eu não sou um homem que tem relações sexuais com pequenas crianças. Eu só fiz sexo com ela (Elisabeth) muito depois. Isso foi quando ela estava no porão há um bom tempo. Eu cresci na época do nazismo e isso significa a necessidade de se controlar e de respeitar a autoridade. Eu acredito que eu adquiri alguns desses valores antigos", disse Fritzl, segundo o "Daily Mail". "Eu sempre valorizei o bom comportamento e o respeito. Admito isso. A razão para isso é que pertenci a uma escola de pensamento que já não existe mais".

Elisabeth disse à Polícia que seu pai começou a abusar sexualmente dela quando tinha 11 anos. Fritzl admitiu, segundo o jornal britânico, que fantasiava ter relação com sua mãe, a quem admirava profundamente, ao contrário do pai, um "gastador" e "perdedor". O maníaco austríaco contou que sua mulher, Rosemarie, nada tinha em comum com a mãe e que casou-se com ela porque era a "mãe perfeita" para os muitos filhos que queria ter.

Pai diz que rapto da filha foi tentativa de protegê-la do 'mundo exterior'

Ele confirmou que planejou o rapto da filha com pelo menos dois anos de antecedência, mas negou que tenha algemado Elisabeth, afirmando que mesmo sem as algemas ela não teria como fugir. Ele argumentou que encarcerou a filha para protegê-la do "mundo exterior".

"Eu tentei resgatá-la da lama e organizei para ela um trabalho de trainee como garçonete, mas ás vezes ela não ia para o trabalho. Ela até fugiu duas vezes e ficava por aí com pessoas de padrões morais questionáveis, que certamente não eram boa influência para elas. Eu sempre tinha que trazê-la para casa, mas ela sempre fugia de novo. Foi por isso que eu tive que arranjar um lugar onde dei a ela a chance, pela força, de se manter longe das más influências do mundo exterior".

Pouco antes de ser presa pelo pai no porão onde passou 24 anos de sua vida, Elisabeth Fritzl procurava um emprego para sair de casa, mostram cartas suas para um amigo, publicadas nesta quinta-feira pelo jornal "Österreich". Na correspondência enviada para um amigo em 1984, Elisabeth diz que planejava morar com uma irmã em outra cidade. Os textos mostram que a jovem levava uma vida normal, gostava dos irmãos e saia com amigos.

"Depois das provas, vou viver com minha irmã e um amigo seu. Eles não podem pagar sozinhos o apartamento. Para mim, é muito acessível", escreveu Elisabeth no dia 9 de maio de 1984, segundo o jornal. "Na segunda-feira, vou a Traun. Copiei do jornal todos as vagas de trabalho e agora tenho que ver um a um. Tomara que encontre o adequado. Deseje-me sorte!", contou poucas semanas depois a austríaca que, então com 18 anos, pensava em "trabalhar como assistente de dentista" ou "ajudante de um restaurante".

A revista "News" publicou, também nesta quinta, declarações de seu pai, Josef Fritzl, em que diz que abusar sexualmente da filha era um vício.

"Eu sabia que Elisabeth não queria que eu tivesse feito o que fiz com ela. Eu sabia que estava machucando. Era como um vício" disse Fritzl, de acordo com a revista. " Eu sabia todo tempo, durante todos aqueles 24 anos, que o que fiz não era certo, que eu devia estar maluco para fazer algo como aquilo. De qualquer forma, eu não o monstro em que a mídia me transformou".

Em declarações divulgadas na quarta-feira, Fritzl já havia se defendido, dizendo que poderia ter matado Elisabeth e os três filhos que cresceram no porão, sem que ninguém soubesse, mas não o fez.

"Quando eu ia ao porão, eu levava flores para minha filha, e livros e brinquedos para as crianças, e eu assistia a filmes com eles, enquanto Elisabeth cozinha nosso prato preferido", contou o austríaco.

Fritzl está preso desde o último dia 28 em Saint Poelten, cidade para onde foi levado depois de ser detido em Amstetten, onde vivia com a mulher e três dos filhos que teve com Elisabeth.

Fonte: O Globo
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/05/08/maniaco_austriaco_que_manteve_filhos_no_porao_diz_ter_sido_influenciado_pelo_nazismo-427278432.asp

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Partido fascista britânico faz campanha explorando 'inimizade histórica' entre judeus e muçulmanos

RIO - O grupo de extrema-direita Partido Nacional Britânico (BNP), acusado de promover a xenofobia e o racismo no país, começou a fazer campanha a partir da "inimizade histórica" entre judeus e muçulmanos na Grã-Bretanha. Segundo o jornal inglês "Guardian", o grupo nacionalista tenta convencer os eleitores judeus a votar no BNP para reduzir as comunidades muçulmanas do país. Pat Richardson, o único candidato judeu do partido, defendeu a proposta:

- Estou no BNP porque ninguém mais fala contra a 'Islamização' de nosso país. Ser judeu só ajuda em minha preocupação sobre esta agressividade que ameaça nossos valores seculares e tradições cristãs - declarou Richardson.

A medida gerou duras críticas por parte de organizações judaicas do país, para quem o BNP "continua sendo anti-semita e racista". O Conselho de Líderes Judaicos, o London Jewish Forum e a Comunidade pela Segurança Judaica lançaram uma campanha junto a outros grupos culturais e minorias étnicas, para combater "a ameaça do BNP". Ruth Smeeth, porta-voz da Comunidade pela Segurança Judaica, declarou que o sítio da internet do BNP "é agora um dos mais sionistas da web".

Segundo Smeeth, o grupo nacionalista "faz campanhas ativas nas comunidades judaicas, em especial de Londres, apoiando Israel e atacando os muçulmanos. É uma campanha venenosa, que mostra uma enorme sofisticação eleitoral", continuou.

Em um ensaio recente, Nick Griffin, líder do BNP, escreveu que o Holocausto "é uma mescla de propaganda das forças aliadas, uma mentira muito lucrativa, e uma histeria moderna". Ele disse ainda que manter uma postura islamofóba "parece agradar muita gente, inclusive os jornalistas, e produzirá maior cobertura jornalística que se apoiasse o Irã e falasse do 'poder judaico', que garantirá críticas de virtualmente cada um dos jornalistas do mundo ocidental".

Fonte: O Globo
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/04/10/partido_britanico_faz_campanha_explorando_inimizade_historica_entre_judeus_muculmanos-426777232.asp

terça-feira, 6 de maio de 2008

Carta prova que [Albert] Speer sabia do Holocausto

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.guardian.co.uk/world/2007/mar/13/secondworldwar.kateconnolly

Matéria publicada no The Guardian em 13/07/2007

Uma carta recém descoberta do arquiteto e Ministro do Armamento de Adolf Hitler Albert Speer oferece prova de que ele sabia sobre os planos para exterminar os judeus, apesar das suas repetidas afirmações ao contrário.

Escrevendo em 1971 a Hélène Jeanty, viúva de um líder da resistência belga, Speer admite que esteve na conferência em que Heinrich Himmler, o chefe da SS e da Gestapo, revelou os planos para o extermínio dos judeus, que é conhecido como discurso de Posen [ou Poznan]. A insistência de Speer em dizer que ele havia deixado o encontro antes do final, provavelmente deve tê-lo poupado da execução no Julgamento de Nuremberg, no fim da Segunda Guerra Mundial.

Na carta a Jeanty, escrita em 23/12/1971, Speer escreveu: "Não há dúvida - Eu estava presente quando Himmler anunciou em 06/10/1943 que todos os judeus seriam mortos". Ele continuou: "Quem poderia acreditar que eu estava arrependido, que teria sido mais fácil de ter escrito tudo isto em minhas memórias?"

Isto o ajudou a obter a fama de "O bom nazista" e a imagem de gênio de arquitetura que em um mau passo ingressara nos círculos nazistas para avançar em sua carreira. Ao invés de ser condenado à morte como o foram vários nazistas do alto escalão, Speer cumpriu 20 anos na prisão, principalmente por ter usado trabalho escravo.

Speer, que morreu em Londres em 1981, negou ter conhecimento na época sobre o Holocausto em seu livro mais vendido Inside the Third Reich de 1969, assim como em longas entrevistas com a autora britânica Gitta Sereny, que escreveu sua biografia.

A carta faz parte de uma coleção de 100 cartas que foram trocadas entre Speer e a senhora Jeanty, escritas entre 1971 e 1981, encontradas recentemente na Grã-Bretanha. Eles devem ser leiloadas em Bonhams, Londres, em 27 de março [de 2008].
Na foto acima: Adolf Hitler e Albert Speer olhando projetos de arquitetura.

domingo, 4 de maio de 2008

Estudantes brasileiros participam de marcha que lembra Holocausto

Milhares de pessoas devem refazer, nesta quinta-feira, o mesmo percurso feito por vítimas da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) entre o campo de concentração de Auschwitz e o campo de extermínio de Birkenau. Esta é a idéia da Marcha da Vida [idealizada por um sobrevivente para lembrar as vítimas do Holocausto] que, em 2008, completa 20 anos.

Neste ano --em que também serão comemorados os 60 anos da criação de Estado de Israel--, o evento dará origem a um livro-fotográfico e a um documentário. Cerca de 400 brasileiros participarão da marcha e, destes, 200 são jovens interessados em conhecer a história do Holocausto.

Uma delas é a estudante brasileira Joelle Hallak, 17, que embarcou para a Polônia ao lado de colegas da escola judaica em que estuda em São Paulo. "Estou ansiosa. Conheço bastante da história porque a escola nos ensina, mas ver as coisas de perto deve ser bem diferente", afirmou Hallak à Folha Online na última sexta-feira (25), dias antes de embarcar para a Polônia.

A marcha ocorre anualmente em Iom Hashoá (Dia do Holocausto), neste ano comemorado no dia 1º de maio. O evento faz parte de um programa educacional que tem como objetivo fazer com jovens judeus conheçam mais da história de seu povo, visitando os locais onde a vida comunitária judaica acontecia antes da Segunda Guerra, assim como campos de concentração e extermínio na Polônia ocupada.

Com bandeiras de Israel, participantes da marcha passam pelo portão de Auschwitz

A primeira etapa da viagem de aproximadamente 15 dias --que neste ano será realizada entre os dias 28 de abril e 11 de maio-- acontece na Polônia, onde os participantes visitam campos de concentração e extermínio usados durante o regime nazista.

A segunda etapa acontece em Israel, onde os participantes comemoram o Iom Hazicaron (Dia da Lembrança, em que são lembrados os soldados que morreram nas guerras em defesa de Israel) e o Iom Haatzmaut (Dia da Independência).

"Sei que vamos visitar crematórios, câmaras de gás e ver objetos que pertenceram aos judeus mortos na Segunda Guerra", diz Hallak, que afirmou ter conversado com pessoas que já participaram da marcha na tentativa de amenizar a ansiedade.

Choque

A estudante de direito Caroline Lerner Castro, 18, é uma das brasileiras que já participou da marcha. Ela fez a viagem no ano passado. "Pensei que era importante, mas não sabia que veria o que vi", disse. "Quando falamos sobre o Holocausto, as pessoas sabem o que e como aconteceu, mas ver é totalmente diferente".

Segundo ela, visitar os campos de concentração e de extermínio foi surpreendente e chocante. "Havia um campo de extermínio chamado Majdanek, que não foi destruído pelos alemães no final da guerra. Foi chocante. Entramos na câmara de gás, fomos ao crematório, vimos os fornos. Foi horrível", disse.

"Em Auschwitz tinha as malas das pessoas, uma pilha com cabelos, óculos. Em Majdanek tinha uma sala só com os sapatos usados pelas vítimas", afirmou a estudante judia.

Castro disse ainda que chorou em vários momentos da viagem --em especial quando viu as cinzas das vítimas. Para ela a marcha foi uma experiência "emocionante". Segundo a estudante, as pessoas fazem o percurso de 3 km entre Auschwitz e Birkenau à pé, cantando, carregando bandeiras e divididas em delegações dos países que estão participando.

Segundo a estudante, a viagem serviu para que suas raízes ficassem mais fortes. Ela sempre estudou em escola judaica e, neste ano, resolveu fazer o Pessach (Páscoa judaica), em que há alimentos obrigatórios e outros que não podem ser consumidos. "Você vê o que as pessoas passaram e agradece por ter sobrevivido".

Livro e documentário

As histórias de sobreviventes do Holocausto e da Marcha da Vida serão, neste ano, registradas em um documentário e em um livro-fotográfico idealizados pelo publicitário brasileiro Márcio Pitliuk.

"No ano passado, pensei em ir [à Marcha da Vida]. Mas, quando decidi, estava muito em cima da hora. Aí pensei: em vez de ir simplesmente, já que trabalho com comunicação, vou registrar a marcha", disse Pitliuk, que é judeu, à Folha Online.

Ele entrou, então, em contato com a organização mundial da Marcha da Vida --da qual participam cerca de 40 países--, pedindo autorização para registrar o evento, e descobriu que nesses 20 anos, ninguém nunca fez algo semelhante.

Com a obtenção da autorização, ele começou a organizar o projeto, que tem custo estimado de R$ 3 milhões. Segundo Pitliuk, o livro-fotográfico terá 200 páginas e será escrito em cinco línguas (inglês, português, francês, espanhol e hebraico). As fotos serão feitas pelo fotógrafo Márcio Scavone e o texto será do próprio Pitliuk.

Já o documentário terá aproximadamente uma hora e meia de duração e será dirigido pela americana Jéssica Sanders, indicada ao Oscar documentário em 2006.

História

Conhecido como um dos piores extermínios da história, o Holocausto --termo utilizado para descrever a tentativa nazista de exterminar os judeus durante na Europa nazista-- teve seu fim anunciado no dia 27 de janeiro de 1945.

Convencionalmente, ele é dividido em dois períodos: antes e depois de 1941. No primeiro período, várias medidas anti-semitas foram tomadas na Alemanha e, depois, na Áustria. No segundo período, as medidas se espalharam por toda a Europa ocupada pelo regime nazista.

Durante o Holocausto, aproximadamente 6 milhões de judeus morreram. Só nos campos de Auschwitz e Birkenau, localizados em Oswiecim (sul da Polônia), morreram entre 1,1 e 1,5 milhão de pessoas, em sua maioria judeus. As vítimas morriam de fome, doenças ou eram exterminadas em câmaras de gás.

MARIANA CAMPOS
da Folha Online

Fonte: Folha Online(Brasil, 01.05.2008)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u397545.shtml

'Marcha para Vida' traz histórias de sobreviventes do Holocausto

Documentário brasileiro retrata trajeto pelos campos de concentração de Varsóvia até Auschwitz-Birkenau

Flávia Guerra/AE

Campo de concentração de Majdanek, em Lublin, na Polônia

POLÔNIA - Os bisavós de Anna Ren morreram no campo de concentração de Auschwitz, no sul da Polônia. A avó foi prisioneira lá. O avô também. "Ela trabalhava na cozinha. Ele era bombeiro. Tinham bons trabalhos. Por isso sobreviveram. Mas se conheceram em campos de trabalho forçado da Alemanha", conta Anna, que hoje é guia do museu em que se transformou o mais sangrento campo de extermínio nazista da história. Anna, em vez de fazer como a grande maioria dos jovens poloneses, e passar o mais longe possível de uma das grandes feridas que a Segunda Guerra deixou em seu país, preferiu rememorar, e reconstruir, sua trajetória todos os dias. Sem mágoas ou rancores que acometem, compreensivelmente, tantos judeus sobreviventes do Holocausto. Sem a culpa que acomete tantos poloneses não judeus. Anna é a cara jovem de um drama que, terminada a guerra, ainda permaneceu soterrado sob a névoa da repressão ideológica do comunismo, regime que dominou a Polônia após os nazistas deixarem o território.

Por esses belos acasos, ou não, do destino, foi Anna quem guiou, em fevereiro, a equipe do documentário Marcha para Vida em sua visita de reconhecimento pelo complexo Auschwitz-Birkenau, centro de extermínio onde mais de 1,5 milhão de prisioneiros (a grande maioria judeus, além de outras minorias, como ciganos, homossexuais, presos políticos e até Testemunhas de Jeová) foram assassinados de 1940 a janeiro de 1945, quando o exército soviético libertou o complexo. "Minha avó falava o que viu. Foi ela quem quis voltar para Oswiecim (nome polonês da cidade, chamada de Auschwitz pelos alemães). Ela queria ficar perto do lugar onde seus pais tinham morrido. Meu avô virou guarda aqui quando o campo virou museu, em 1947. Gostaria de saber mais. Mas ele era muito calado."

Traumatizada, uma geração se calou. Com décadas de silêncio, muitos relatos se perderam. Hoje, com a abertura política da Polônia (que após a queda do comunismo, em 1989, tem se disposto a debater temas como o Holocausto), o resgate da história das milhões de vidas que se perderam para o nazismo, assim como o de milhares que sobreviveram, é tarefa desta nova geração. E o resgate começou há quase 20 anos, em 1988, quando sobreviventes do Holocausto resolveram pegar pela mão seus jovens descendentes e percorrer com eles a trilha da morte que vai de Varsóvia (capital, no norte da Polônia) até Auschwitz-Birkenau (na Cracóvia), passando por campos da morte como Treblinka, Majdanek, até chegar a Israel. Nascia a Marcha para Vida, que, desde então, ganha mais peregrinos a cada ano. Para este, estima-se que cerca de 15 mil pessoas farão o percurso e se encontrarão em uma cerimônia em Auschwitz em 1º de maio.

E são os 20 anos desta peregrinação que Marcha para Vida (o documentário) vai contar. Engana-se quem pensa que será um filme restrito a uma comunidade. "Mais que uma bela história, Marcha faz uma leitura jovem da guerra. E revela o que pensa a juventude que herdou esta experiência, como assimila o que ocorreu e como celebra a vida, sem esquecer o passado terrível por que passaram seus avós. E este é um tema que interessa a todos pelo caráter histórico e humano", declara o produtor LG Tubaldini Jr.

A realidade a que se refere o produtor pode também parecer distante do brasileiro. Mas vale lembrar que a comunidade judaica no Brasil é de cerca de 120 mil pessoas e que todo ano cerca de 400 jovens brasileiros participam da Marcha. Este número vai aumentar em 2008, quando também são comemorados os 60 anos do Estado de Israel.

Marcha marca também um caso raro do cinema nacional. A produção de um documentário brasileiro e internacional ao mesmo tempo. O documentário foi idealizado pelo publicitário Márcio Pitliuk e tem produção da Latinamerica Internacional e da Conspiração Filmes. A direção, no entanto, fica a cargo de uma jovem americana, Jessica Sanders (que concorreu ao Oscar de melhor curta em 2002 por Sing e foi premiada em Sundance 2005 com o documentário After Innocence). Mas o filme não é só internacional por contar com diretora americana, equipe brasileira e ser rodado em vários países. A meta é também atingir o público pelo mundo. Esta é uma tendência forte que vem sendo firmada pela nova geração de produtores brasileiros.

Marcha tem orçamento de cerca de R$ 3 milhões, deve ficar pronto no fim do ano e participar de festivais de cinema no Brasil e no exterior. Previsões audaciosas, mas à altura de uma produção que será rodada em formato HD digital (e ser transferida para película 35 mm) e passar por quatro países: Brasil, EUA, Polônia e Israel. "A primeira fase começa agora em abril. Jessica chega e já começam as entrevistas com os participantes brasileiros da Marcha", conta Tubaldini. "Em seguida, volta para os EUA, onde realiza entrevistas com os americanos. Voltamos para a Polônia no fim de abril e percorremos a Marcha até chegar, em maio, a Auschwitz, onde haverá uma cerimônia com participantes e líderes políticos de todo o mundo", explica o produtor paulista. "A fase final será em Israel, onde a Marcha chega a seu objetivo que é não remoer com mágoa e rancor os horrores por que passaram os judeus, mas celebrar a vida. É transmitir para as novas gerações a história que foi terrível, mas sem esquecer que este é um caminho que celebra a reconstrução", completa Jessica.

"Sempre quis saber mais sobre a Marcha. Não havia informação. Resolvi contar esta vivência. E a parceria com o Tubaldini foi crucial", diz o publicitário, que conheceu o parceiro de projeto em 2006, quando o produtor montou sua peça Iidiche Mamma Mia. "Escrevi a comédia para falar das diferenças, e semelhanças, entre a comunidade judaica (já que eu sou judeu) e italiana (minha mulher é filha de italianos). E propus ao Tubaldini documentar a Marcha", conta Pitliuk, que, com o fotógrafo Márcio Scavone, vai editar também um livro fotográfico sobre a Marcha.

Superada a primeira fase, a dupla partiu para a Polônia. "Precisávamos conhecer o terreno em que queríamos semear. Descobrimos lugares incríveis e que ainda há histórias maravilhosas que precisam ser contadas", acrescenta o produtor, revelando-se, em uma comparação grosso modo, mas não equivocada, uma espécie de Oskar Schindler brasuca. Aderiu ao projeto por profissionalismo e acabou se apaixonando pela cultura judaica. "Achei que seria um grande desafio, mas, principalmente nesta última viagem, percorrendo todos os campos e conversando com tantos especialistas e pessoas comuns que viveram este drama, virei um entusiasta", confessa ele, que, com Pitliuk, Jessica, a produtora-executiva Valéria Amorim e Scavone refizeram, em fevereiro, os caminhos da Marcha em uma viagem não só de ‘pesquisa de locação’, mas de descobertas e encantamentos.

A repórter viajou a convite do governo polonês
Flávia Guerra, de O Estado de S. Paulo

Assista imagens do Holocausto

Fonte: Estadão
http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art137880,0.htm

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Holocausto na Letônia - Rumbula (Os letões da Ação de Rumbula)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.


Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml


Os letões da Ação de Rumbula


A participação dos letões, apesar de sempre ser reconhecida e destacada pelos alemães em depoimentos, é difícil de ser reduzida.

Nós sabemos mais ou menos as identificações das unidades participantes, mas as informações sobre suas atribuições e o desempenho é muito fragmentada. Mesmo estabelecendo que a participação do Commando Aråjs dependa mais das suposições informadas do que em documentos e depoimentos. Não houve qualquer investigação a respeito de crimes de Guerra cometidos por letões nesta ação. Numericamente, a maior composição da ação em Rumbula era de letões, e entre eles a polícia da circunscrição em Riga. Mas é provável que não inclua mais do que 2/3 do total. Ou seja, se o número estimado de participantes foi de 1.500 homens, e à partir de um ponto de vista teórico não estaria fora do intervalo pensar que 1.000 eram letões.

Haviam quatro grupos armados de letões em Riga, a saber: o SD, a polícia da circunscrição, a polícia distrital de Riga, e o batalhão de Polícia Anna Iela que foi treinado em ações militares na Rússia.

O pilar central, e do ponto de vista de Jeckeln e de parte dos letões, o mais valioso, era o Commando Aråjs e outras unidades do SD. Juntando tudo, Jeckeln poderia ter de 350 até 400 letões no SD. Outros com certeza eram os guarda letões do gueto liderados pelo Tenente Danskops. Entre oitenta e cem. Na polícia distrital de Riga em Jånis Veide podemos anotar outros 300 homens. O maior contingente de letões vieram da polícia da circunscrição: as treze circunscrições, a polícia do porto, e os homens sob controle direto de Ítiglics. Existiam cerca de 1.400 homens em serviço na polícia de Riga, e outros 1/3, estavam cumprindo ordens nos portões do gueto nas manhãs de 30 de Novembro e 8 de Dezembro. Outra potencial fonte de letões armados, o Recrutamento da Reserva, estava sob o controle de Annas Iela e na ocasião tinham entre 400 e 500 homens, mas Jeckeln parece ter deixado-os sozinhos. As unidades do Recrutamento da Reserva de Anna Iela indiretamente contribuíram para a ação no gueto através dos guardas do gueto liderados por Danskops, que originalmente vieram de Annas Iela.

Ao considerar as forçar letãs usadas na ação em Rumbula, deve-se lembrar que a vida na cidade continuava, e a cidade não poderia ficar desprotegida. Se ocorresse qualquer coisa, os guardas sobre as pontes foram reforçados, e devido a rumores de insurreição e à possibilidade de uma revolta judaica, um certo número de letões e alemães armados foram mantidos na reserva. É razoável supor que o Recrutamento da Reserva da Letônia ficaram retidos, somente para uma finalidade.

Várias testemunhas alemãs mencionaram a presença de oficiais letões na reunião preparatória. Embora o único nome mencionado é o do Osis, o líder do Latvian Schutzmannschaften, os nomes dos outros letões presentes nesses encontros podem ser facilmente identificados, para a escolha de forma muito restrita. Os únicos que poderiam ter ido lá, para além da Osis, seriam Aråjs, Ítiglics, e o chefe dos guardas letões no gueto, Danskops. Aråjs poderia ter levado seus intérpretes Harijs Liepiñß ou Boriss Kinslers. Era um grupo com 25 oficiais ao todo, não poderiam ter sido mais do que 5 letões. Para identificar os nomes dos policiais da polícia de circunscrição letã que participaram das ações em Rumbula é praticamente impossível, salvo poucas exceções. Todos os chefes de circunscrição foram responsáveis por transmitira ordem, e seus nomes estão disponíveis. Certamente todos os guardas do gueto estavam envolvidos, exceção de Danckops, mas não temos qualquer forma de identificação dos mesmos. Quase todos do Commando Aråjs estavam lá, e os seus nomes, em grande parte já foram identificados. Se os guardas do gueto tinha algumas funções especiais, ou não, não sabemos, mas podemos assumir que as suas posições na periferia foram reforçadas. Não podemos reconstruir com toda a certeza o tempo exato de quando letões em seu mais alto escalão tiveram conhecimento sobre os assassinatos em massa próximo de Rîga. Aråjs e Ítiglics devem ter tido conhecimento a partir de Lange. Uma dúvida seria se Osis sabia sobre o assunto há mais de três dias antes do evento. A primeira indicação de que os letões foram incluídos na operação aparece no diário de ordens de Annas iela em 18 e 19 de novembro, quando o Oficial Ernests Penaus e o soldado Péteris Leitåns foram mudados de comando para o Major Heise.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Historiadores alemães querem edição comentada do "Mein Kampf" de Hitler

Berlim, 24 Abr (Lusa) - Historiadores alemães voltaram a exigir a publicação de uma edição comentada do "Mein Kampf" (A Minha Luta), de Adolf Hitler, antes que expirem os direitos de autor, em 2015, e possa haver edições para fins propagandísticos.

Desta vez, o pedido veio do centro de Documentação da História do Nacional-Socialismo, em Nuremberga, cujos responsáveis defendem que deve haver uma edição científica, crítica e comentada antes de expirarem, 70 anos após a morte do ditador nazi, os direitos de autor do livro, confiados ao governo regional da Baviera.

A Baviera, um dos 16 estados federados alemães, passou a ter, em 1946, os direitos sobre "Mein Kampf", concedidos pelas potências aliadas que derrotaram a Alemanha nazi (Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), com a condição expressa de não autorizar a respectiva publicação.

O livro, publicado por Hitler em duas partes, em 1925 e 1926, é uma espécie de "Bíblia" do nazismo, em que o ditador destila ódio contra os judeus e os considera responsáveis por todos os males da Alemanha de então, e expõe prematuramente a sua estratégia belicista, por exemplo.

A atribuição dos direitos de autor pelos aliados tem sido uma dor de cabeça para as autoridades alemãs, que nos últimos anos tem tentado impedir, quase sempre sem êxito, a publicação de "Mein Kampf" no estrangeiro.

Até em Israel, pátria dos judeus vítimas do Holocausto, há edições novas do livro, enquanto edições mais antigas podem também ser adquiridas com relativa facilidade nos antiquários.

Hoje em dia, quem não quiser gastar dinheiro poderá mesmo encontrar o texto integral de "Mein Kampf" na Internet.

Há anos que o Instituto de História Contemporânea de Munique (IfZ) vem pedindo autorização para publicar uma edição crítica do livro, cientificamente comentada.

Até agora, porém,os detentores dos direitos de autor têm hesitado, por respeito para com as vítimas do III Reich, embora compreendam os objectivos da ideia.

"Assim poderíamos dar a todos a possibilidade de reunir argumentos para a discusssão com os incorrigíveis", afirmou o director do IfZ, Udo Wengst, ao jornal Sueddeutsche Zeitung.

O IfZ tenciona publicar a referida edição comentada antes de 2015, e o tempo urge, porque tal exige, segundo Wengst, que um especialista em história do nazismo se ocupe da obra pelo menos durante três anos.

Segundo um dos historiadores do IfZ habilitado para fazer esse traballho, Dieter Pohl, será necessário "um enorme esforço", sobretudo porque no seu livro Hitler faz muitas afirmações não sustentadas por factos, e praticamente todas as linhas teriam de ser comentadas.

Para evitar uma edição de proporções desmedidas e inacessível ao grande público, o IfZ pretende, no entanto, limitar-se a descodificar as diversas versões existentes, e a explicar a origem dos pensamentos e afirmações de Hitler.

O reputado instituto já editou numerosas obras da época nazi, mas trata-se de publicações científicas, exaustivamente comentadas, e muito caras para serem adquiridas por neofascistas comuns.

Para a edição comentada do "Mein Kampf" atingir os fins pedagógicos em vista, teria de ser vendida, no entanto, por um preço razoável, ou mesmo colocada gratuitamente na Internet, propõe o IfZ.

Até agora, todas as tentativas para levar por diante o projecto científico esbarraram com a recusa do governo regional da Baviera, por respeito à memória das vítimas do Holocausto e para protecção dos judeus.

O professor Wengst considera este argumento "honroso", mas errado, e refere que, em recente conversa com um jornalista israelita, este lhe disse: "não precisamos dessa protecção".

FA

Fonte: LUSA - Agência de Notícias de Portugal
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=341931&visual=26

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