quarta-feira, 20 de março de 2013

Trote com saudação nazista gera denúncia de racismo na UFMG

Fotos de 'brincadeira' passaram a circular em redes sociais e provocaram revolta
UOL 18 Março de 2013 - 20:02

Foto: Reprodução
No Facebook, internautas qualificam
trote como 'ofensivo' e 'humilhante'
Um trote realizado por alunos da Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) na última sexta-feira (15) levou a acusações de racismo e sexismo na internet depois que duas fotos da “brincadeira” passaram a circular nas redes sociais.

Em uma delas, uma caloura aparece amarrada e pintada de preto enquanto um veterano a puxa por uma corrente. Ela carrega um cartaz em que é chamada de “Caloura Chica da Silva”, em referência à escrava que viveu em Minas Gerais no século 18.

A outra imagem mostra veteranos –um deles com um bigode semelhante ao usado por Adolf Hitler – fazendo uma saudação nazista enquanto um “bixo” é atado a um pilar.

As duas fotos “viralizaram” nas redes sociais, em especial no Facebook, com mais de 2.500 compartilhamentos em menos de 5 horas, e causaram protestos em grupos de discussão relacionados à universidade.

Universidade investiga o caso, ocorrido na Faculdade de Direito na última sexta-feira (15)

Na página do Facebook do CAAP (Centro Acadêmico Afonso Pena), da Faculdade de Direito, enquanto alguns internautas consideraram o trote “ofensivo” e “humilhante”, outros disseram se tratar apenas de uma brincadeira tirada do contexto.

Procurada, a UFMG afirmou que investiga o caso e ainda se manifestará oficialmente. O CAAP convocou uma reunião para discutir o caso nesta terça-feira (19).

Nenhum representante do DCE (Diretório Central dos Estudantes) foi encontrado para comentar o trote até o fechamento desta matéria.

Fonte: Tribuna Hoje
http://www.tribunahoje.com/noticia/58163/brasil/2013/03/18/trote-com-saudaco-nazista-gera-denuncia-de-racismo-na-ufmg.html

Comentário: eu fiz há poucos dias um post que trata dessa questão, este aqui História do Brasil e "revisionismo", da ligação da proliferação do racismo/neonazismo (incluindo aí o negacionismo do Holocausto) no Brasil e da ignorância das pessoas sobre a História do país, além da falta de capacidade de refletir e interpretar.

Este caso é so uma amostra, entre várias, do resultado que uma sociedade que não tem consciência de sua própria história e passado pode produzir em termos de aberrações, uma exibição de ignorância "orgulhosa" da própria estupidez. Que fique claro que quando uso os termos "ignorante" ou "estúpido" não é uma justificação e nem atenuação do problema pelo uso dos termos e sim apontamento de algumas de suas causas. Não é pelo fato de alguém ser supostamente "ignorante" ou 'estúpido' que a pessoa não tenha consciência de que esteja fazendo algum malefício e tampouco que não deva responder pelos seus atos.

Há uma propaganda de extrema-direita sendo disseminada no Brasil, principalmente pela internet, o público alvo costuma ser a classe média e classe média alta do Brasil. A propaganda tenta proliferar esse tipo de mentalidade exposta neste trote e muitas vezes é ligada a manifestações contra a cotas em Universidades (ou se proliferou com força a partir disto). Pros que subestimam o peso da internet em termos de comunicação e massificação de ideias, taí o resultado. Não é porque a TV aberta brasileira (que possui um peso demasiado no país por culpa da população) evita abordar esses assuntos de forma decente (quando não tenta criar tabus explorando a má formação do povo) que o mundo deixa de "girar" e se transformar.

Ver mais:
Comissão da UFMG tem 30 dias para apurar práticas nazistas e racistas em trote (R7)
Alunos acusados de trote racista podem ser expulsos (R7)

segunda-feira, 18 de março de 2013

Áustria marca o aniversário de 75 anos da invasão de Hitler

Terça-feira, 12 de março de 2013 10:29 EDT
Tópicos: Áustria - Heinz Fischer

O Presidente da Áustria, Heinz Fischer (R) em uma
cerimônia que marca os 75 anos desde o Anschluss
em Viena em 12 de março de 2013 (AFP, Alexander Klein)
VIENA - A Áustria solenemente marcou nesta terça-feira os 75 anos desde que as tropas alemãs cruzaram a fronteira sem resistência, nas primeiras horas de 12 de março de 1938 e "anexou" o país natal de Hitler ao Terceiro Reich.

"Já na noite de 11 de março, bandeiras com suásticas estavam tremulando sobre Viena e em outras cidades, inclusive na sede da polícia em Viena ... mesmo que nem um único soldado alemão tenha colocado os pés em solo austríaco," disse o Presidente Heinz Fischer em uma cerimônia na capital.

"Logo depois mergulhamos na Segunda Guerra Mundial, com todas as suas conseqüências, e os austríacos foram maciçamente envolvidos nos crimes do nacional-socialismo. Isso tudo se tornou parte da nossa história, e este ainda é doloroso até este dia."

Três dias após a entrada de suas tropas, Hitler fez um discurso em Viena - a cidade que ele havia deixado em 1913 como um artista fracassado - para uma multidão eufórica de 250.000 pessoas. Um plebiscito logo depois selou a anexação.

Entre a vibrante comunidade judaica da Áustria, 66.000 foram posteriormente assassinados e 130 mil obrigados a fugir. Cerca de 20.000 austríacos foram mortos no "programa de eutanásia" nazista destinado a deficientes mentais e 90 por cento dos Roma e Sinti do país pereceram, disse Fischer.

Cerca de 9.500 opositores austríacos ao nazismo ou foram executadas ou morreram nas mãos da polícia secreta da Gestapo e 247.000 soldados austríacos morreram na guerra de 1939-1945, assim como 35 mil civis.

Fischer, que também lançou uma coroa de flores no monumento às vítimas do fascismo e da guerra, disse que o sistema totalitário nazista "só poderia acontecer através da cooperação de fanáticos, seguidores e colaboradores, bem como daqueles que deliberadamente fecharam os olhos".

Fonte: Agence France-Presse/The Raw Story
http://www.rawstory.com/rs/2013/03/12/austria-marks-75th-anniversary-of-hitler-invasion/
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 16 de março de 2013

Hitler - o judeu sionista (Parte I)

Minha esposa e eu estávamos assistindo o Hitler Channel - ops, quer dizer, o History Channel outra noite, e havia uma biografia de Reinhard Heydrich, a Conferência de Wannsee, os campos nomeados por ele etc Foi um programa principalmente sobre seu assassinato, em Praga, na primavera de 1942, mas tinha algumas informações sobre ele, inclusive o seu próprio medo de que ele tinha uma ascendência parcialmente judaica. Isto é, tanto quanto eu sei (Sergey ou Nick, provavelmente podem me corrigir), isso nunca foi definitivamente provado de um jeito ou de outro. Naturalmente, o auto-ódio como uma fonte de antissemitismo não é um fenômeno novo.

E tudo que sabemos da afirmação de que Hitler tinha uma ascendência parcialmente judaica foi morrendo, particularmente difícil se sustentar por cerca de oitenta anos. Então, imagine minha surpresa quando ouvi uma entrevista de três horas com um "católico tradicional" (ou seja, cismático) Jim Condit, Jr., realizado pelo lunático Christopher Jon Bjerknes e descobri que não apenas Hitler era judeu, mas que ele foi um sionista e, além disso, a maioria da liderança nazista era igualmente judaica.

A maior parte deste lixo é narrado no filme de Condit, The Final Solution to Adolf Hitler (A solução final para Adolf Hitler), que pode ser visto online aqui. Eu vou encarar este vídeo em três partes. Esta aqui é a parte I.

A principal coisa que impressionou tanto Bjerknes em relação a Condit é que Condit supostamente tinha fontes de tudo o que afirmou. Então, eu decidi ver o filme de Condit (a primeira hora mais as duas horas restantes), visando avaliar suas fontes. Vou listá-las numericamente, então aqui estão as fontes de Condit, em ordem numérica.

01. Barbarians Inside the Gates (Bárbaros dentro dos portões) de Donn R. Grand Pre. Condit cita este livro como um dos que ele leu e o levou a se interessar por toda esta teoria da conspiração de que "Hitler era um judeu sionista". Grand Pre aparentemente era o maior traficante de armas na administração Carter - ou um dos que ele afirma (eu sempre achei que esta honraria tinha ido pra Adnan Khashoggi). Eu não posso garantir nada de uma forma ou de outra para este livro, a não ser dizer que foi aí que Condit teve sua "iniciação", e que é muito provavelmente uma porcaria.

02. Hitler's Policy Is a Jewish Policy (A polícia de Hitler é uma política judaica) de P.R. Masson and Borge Jensen. Este livro pretende ser a correspondência entre os autores acima listados e um "publicista judeu" (não citado - obviamente). Eu não pude encontrar muita informação sobre Masson, mas Borge Jensen tem pelo menos dois livros em seu nome: The "Palestine" Plot (O complô "Palestina") e The "World Food Shortage": A Communist-Zionist Plot (A "escassez mundial de alimentos": uma conspiração comunista-sionista). Eu acho que podemos ver que o segundo título é onde as afinidades de Sr. Jensen se encontram. O editor do panfleto citado aqui é a KRP Publications, Ltd., que numa busca no Google revelou que publica principalmente livros sobre bancos e "crédito social", um esquema econômico adotado por uma variedade de pessoas descontentes, principalmente Ezra Pound.

Os pontos-chaves que Condit retira deste panfleto são: (a) as leis raciais de Nuremberg foram apenas a "adequação" da Lei Judaica sobre "raça" em solo alemão, e (b) Otto von Bismarck e o Kaiser Guilherme II foram "cercados" por judeus. No primeiro ponto, deve-se considerar que, embora a Lei judaica permite que qualquer judeu, exceto um homem da linhagem Kohen/Cohen (sacerdotal) se case com um convertido - de fato, o Livro de Ruth em todo padrão das Bíblias é uma história de conversão ao judaísmo - - as Leis de Nuremberg não permitiria tal coisa. Sobre o segundo ponto, considere que Bismarck, uma vez brincou com Benjamin Disraeli, presumivelmente sobre o Sudoeste Africano, que "os alemães acabaram de comprar um novo país na África onde os judeus e os porcos serão tolerados", ao que Disraeli respondeu: "Felizmente ambos estamos aqui na Inglaterra." Quanto ao Kaiser Guilherme, enquanto ele achava que os nazistas seriam bandidos, ele não tinha nenhum "amor" por judeus. Uma citação informativa da Enciclopédia Judaica (The Jewish Encyclopedia) sobre ambos:
Enquanto Bismarck estava no poder o antissemitismo foi verificado, pois, embora fosse um antissemita de nascimento, como ele mesmo confessou, ele nunca permitiu que os elementos turbulentos 'ganhassem' o poder. De fato, após sua aposentadoria, ele disse que os conservadores, em sua tentativa de combater o socialismo com o antissemitismo, "haviam pego o inseticida errado" ("Allg. Zeit. D. Jud." 11 de novembro., 1892). A ascensão do imperador Guilherme II. ao trono (15 de junho de 1888) logo encorajou os antissemitas e seus aliados. Foi feita uma tentativa de induzir o imperador a recusar a sua confirmação da eleição do Prof Julius Bernstein como Reitor Magnífico da Universidade de Halle. Bismarck, evidentemente, aconselhou o Imperador a declinar de agir assim. Foi também a influência de Bismarck que trouxe a aposentadoria de Stöcker como capelão da corte.

Em suma, a alegação de que estes homens eram "rodeados" por judeus é um pouco ridícula em qualquer tempo.

03. American Free Press. Condit cita este artigo. Ele sugere que esta reunião da AIPAC foi "suprimida" pelos meios de comunicação de massa, e ainda o próprio artigo menciona tanto o Chicago Tribune como o Washington Post.

Mas o problema, de novo, é a fonte. A American Free Press é publicada por Willis Carto, um homem que processou o National Review por tê-lo chamado de "neonazista", apenas para ter a que o juiz dissesse se este era "um comentário justo." Sobre qualquer assunto que lide com os judeus, uma publicação de Carto não é confiável (ele fundou o Instituto de Revisão Histórica, IHR).

04. Hitler's Jewish Soldiers (Os soldados judeus de Hitler) de Brian Mark Rigg. Acho que a maioria de nós já ouviu falar deste livro. O que Condit diz apenas uma vez é que esses "soldados judeus" eram Mischlinge, ou seja, tinham apenas uma parcial ascendência judaica. E, se você já leu as Leis de Nuremberg, você sabe que as pessoas com um avô judeu tinha muito poucas restrições, e até mesmo pessoas com dois avós judeus poderiam ser isentos de prioridade no serviço militar.

Em outras palavras, não há grandes revelações neste livro.

05. Here We Go Again (Lá vamos nós novamente) de Doug Collins. Collins é um jornalista falecido canadense, cujo obituário em seu próprio jornal que você pode ler aqui.

06. IBM and the Holocaust (IBM e o Holocausto) de Edwin Black. Eu não sei exatamente qual o ponto de Condit ao citar este livro. Ele parece concordar com a conta de Black que Tom Watson, fundador da IBM (e um homem meu avô conheceu), trabalhou com os nazistas.

07. Open Secrets (Segredos Revelados) de Israel Shahak. Shahak poderia ser uma fonte útil se não fosse um mentiroso condenado em tribunal.

08. Secret Contacts: Zionist-Nazi Relations (Contatos secretos: relações nazi-sionistas), de Klaus Pohlken. Condit usa este artigo do Journal of Palestine Studies para provar, entre outras coisas, que, enquanto Hitler fechou todos os jornais judaicos publicados, ele deixou os jornais sionistas continuarem a operar.

Então, qual a conclusão? Não está claro (e estava ainda mais claro nas Leis de Nuremberg) que Hitler queria que a única voz judaica que poderia ser ouvida era uma que não tinha lealdade com a Alemanha?

O que é engraçado sobre a inclusão desta fonte pelo Condit é que Condit é um anticomunista, mas Pohlken era um alemão oriental, historiador marxista com a plena aprovação de seu governo. Eu pensava que o comunismo era um empreendimento sionista? Então, por que o antissionismo de um escritor comunista?

09. The Transfer Agreement (O Acordo de Transferência) de Edwin Black. Bocejos... Condit disse em sua entrevista com Bjerknes que Black inutilizou esta história. Na verdade, foi "inutilizada" pelo menos desde o início de 1963 por Hannah Arendt em Eichmann in Jerusalem (Eichmann em Jerusalém). Condit afirma que o acordo de transferência (Ha'avara em hebraico) foi um esforço de fazer dinheiro por parte dos sionistas. Na verdade, o que o yishuv conseguiu na Palestina foi o povo, não o dinheiro. Discuto isso no meu artigo sobre a Kristallnacht, que você pode ler aqui.

Condit faz uma grande jogada de que "Hitler nunca reclamou" sobre o acordo de transferência. Por que ele faria? Isso tirou os judeus da Alemanha e fez dinheiro para o Reich. O que há pra reclamar, do ponto de vista de Hitler?

10. Um panfleto do rabino Moshe Shonfeld. Bocejos novamente. Este rabino antissionista "revela" que a polícia judaica ajudou a prender judeus para deportação.

Hilberg não escreveu sobre isso ainda em 1961?

11. Hitler's Youth (A juventude de Hitler) de Franz Jetzinger. Condit nunca diz explicitamente que este livro supostamente faz a revelação, mas ele parece implicar de que o livro no fundo prova a alegada ascendência judaica de Hitler.

12. Bevor Hitler Kam de Dietrich Bronder. Condit não sabe ler alemão, mas ele afirma que este livro também confirma a teoria de que "Hitler era judeu".

13. Hitler's Vienna: A Dictator's Apprenticeship (A Viena de Hitler: Estágio para um ditador) de Brigitte Hamann. Neste Condit cita a "confissão no leito de morte" de Hans Frank, de que Hitler era judeu. Hamann escreve, "O que precisa ser destacado é que a história de Frankenberger [ver abaixo] tem uma única fonte: Hans Frank. Na procura por um motivo para suas insinuações equivocadas ele acaba não suspeitando da fúria antissemita de Frank querendo colocar sua responsabilidade sobre os judeus por causa de um Hitler supostamente judeu, ou pelo menos sacudi-los por meio de boatos "(p. 52). Aliás, apesar das afirmações em outros lugares feitas por Condit, este livro também afirma claramente que William Patrick Hitler, meio-sobrinho de Adolf por parte do meio-irmão Alois Jr. e sua esposa irlandesa, nunca alegou ascendência judaica.

Neste ponto deste filme, somos informados por Condit que, durante o Anschluss, Hitler teve registros etc, em sua cidade natal de Braunau, Áustria, destruídos. E ainda que a casa de seu nascimento ainda estava de pé. Além disso, dado que Hitler nasceu em Braunau, não muito longe de Linz, enquanto seu pai (que foi registrado antes do nascimento de Adolf) nasceu perto de Viena, não faz nenhum sentido destruir registros em Braunau - não teria havido qualquer pai supostamente judeu de Alois.

Darei a última palavra a Ian Kershaw:
A história de Frank ganhou grande circulação na década de 1950. Mas ela simplesmente não se sustenta. Não havia família judia chamada Frankenberger em Graz durante a década de 1830. Na verdade, não havia judeus em toda Styria naquele tempo, uma vez que os judeus não eram permitidos ficar naquela parte da Áustria até 1860. Uma família chamada Frankenreiter viveu lá, mas não era judia. Não há evidências de que Maria Anna estava sempre em Graz, e o deixou só quando foi contratada pelo açougueiro Leopold Frankenreiter. Nenhuma correspondência entre Maria Anna e uma família chamada Frankenberg ou Frankenreiter apareceu. O filho de Leopold Frankenreiter e suposto pai do bebê (de acordo com a história de Frank e aceitando que ele apenas confundiu os nomes) para quem Frankenreiter foi parentemente teria que pagar pensão alimentícia por treze anos tinha dez anos de idade na época do nascimento de Alois. Aliás, em tais tempos difíceis, o pagamento da família Frankenreiter de qualquer apoio a Maria Anna Schicklgruber teria sido inconcebível. Igualmente a falta de credibilidade do comentário de Frank de que Hitler aprendeu com sua avó que não havia nenhuma verdade na história de Graz: sua avó havia morrido há mais de 40 anos na ocasião do nascimento de Hitler. E se de fato Hitler recebeu uma carta de chantagem de seu sobrinho, em 1930, também é duvidosa. Se tal fosse o caso, então, Patrick - que repetidamente fez um incômodo a si mesmo por arrecadar dinheiro de seu tio famoso - teve sorte em sobreviver nos próximos anos que ele passou a maior parte na Alemanha, e de ser capaz de deixar o país por bem em Dezembro de 1938. Suas 'revelações', quando apareceram em um jornal de Paris, em agosto de 1939, não continha nada sobre a história de Graz. Nem uma série de inquéritos diferentes da Gestapo sobre a ascendência da família de Hitler nas décadas de 1930 e 1940 contém qualquer referência à alegada ligação com Graz. Na verdade, eles não descobriram novos esqueletos no armário. As Memórias de Hans Frank, ditada no momento em que ele estava esperando o carrasco e claramente passando por uma crise psicológica, está cheia de imprecisões e tem que ser usada com cautela. No que diz respeito à história da alegada ascendência judaica do avô de Hitler, elas não têm valor. O avô de Hitler, fosse quem fosse, não era um judeu de Graz.
Mais quando eu compilar o resto.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Andrew E. Mathis
Hitler the Jewish Zionist (Part I)
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2007/07/hitler-jewish-zionist-part-i.html
Tradução: Roberto Lucena

Próximo: Hitler - o judeu sionista (Parte II)

sexta-feira, 15 de março de 2013

Judeus na Lituânia: o fim de uma esplêndida cultura

A história dos judeus na Lituânia tem em torno de 600 anos: do início do século 14 até seu auge, no começo do século 20. Com a ocupação nazista, ela teve um fim sangrento.

Emanuel Zingeris demonstra certa angústia quando se lembra do passado judaico de seu país: "O fim da história da 'Idichelândia', o fim da cultura judaica que ultrapassava fronteiras e do orgulho do ídiche é uma tragédia até hoje", diz o parlamentar lituano, que, em casa, ainda fala ídiche com a mãe.

Zingeris tem um sonho: ele quer coletar e reunir em Vilnius os vestígios, fragmentos e resquícios da herança cultural judaica, que ainda estão espalhados pelo mundo. E também tudo o que artistas judaico-lituanos modernos criaram. Sempre com a consciência de que isso reflete apenas um mínimo do que existiu no passado.
Emanuel Zingeris empenha-se em prol da memória histórica judaica em Vilnius

Lembrança desvanecida

O político lituano de 55 anos e ex-diretor do Museu Judaico de Vilnius lembra também que somente depois da derrocada do regime soviético, em 1990, é que se tornou possível quebrar o tabu e começar a falar sobre as vítimas judias e sobre o extermínio de sua cultura no país.

Um processo doloroso, mas de forma alguma concluído, diz Zingeris. O Parlamento lituano não fica longe da região onde antigamente ficava o Schtetl – o bairro judeu, que se transformou em gueto com a invasão dos nazistas em 1941. Sair em busca desses rastros hoje é difícil, pois não restou praticamente nada, exceto alguns pequenos vestígios. A jovem Isaiah Urken, fotógrafa e membro da comunidade judaica de Vilnius, conhece os poucos resquícios e ajuda a decifrá-los.
Um dos raros resquícios: estrela de Davi nos muros de uma casa

Esplendor e ascensão

A história do judaísmo lituano é uma história de ascensão, prosperidade e extermínio. O Principado de Vytautas deu início a tudo, quando, no ano de 1388, concedeu aos judeus, que viviam em seu território, direitos próprios e privilégios. Cerca de dois séculos mais tarde, passaram a viver na região muitos judeus, que foram desenvolvendo no lugar suas comunidades, com infraestrutura e certo bem-estar social.

O período que começa em meados do século 18 é caracterizado como a primeira fase de prosperidade e diferenciação da cultura judaica na região. Naquela época, o famoso e influente rabino Elijahu, chamado de "o grande gaon de Vilnius", era uma autoridade inquestionável em questões religiosas.

Por outro lado, surgia também o movimento haskala (esclarecimento), calcado em exemplos da Europa Ocidental, sob a influência do filósofo alemão Moses Mendelssohn. O movimento defendia um judaísmo moderno, uma educação secular e a integração social. E havia hostilidades e conflitos entre essas duas frentes.
Sinais do passado: escritos em hebraico na fachada de uma casa

A "Jerusalém do norte"

Ao mesmo tempo, porém, foi se desenvolvendo na região até o início do século 20 uma rica cultura judaica, que se manifestava nas diversas instituições científicas, políticas e de ensino, em centros religiosos, teatros, editoras e jornais.

Com suas 110 sinagogas, Vilnius se transformava na "Jerusalém do norte" – uma metrópole esplêndida, que exercia um fascínio sobre as pessoas para muito além das fronteiras da própria Lituânia, atraindo judeus de outros países europeus, inclusive dos de língua alemã.
Pátio de um antigo gueto

Em 1925, foi fundado o Instituto YIVO ( a abreviatura em ídiche para Instituto Científico de Ídiche), voltado para a pesquisa da cultura e língua judaicas. Pois o ídiche era a língua materna dos judeus da Lituânia: um idioma criado a partir da união do alto alemão médio (Mittelhochdeutsch) com o hebraico, línguas eslavas e outras influências, que era falado por todos os lados no Leste Europeu até a Segunda Guerra Mundial.

Grandes poetas como Abraham Sutzkever, Scholem Alejchem, Isaac Bashevis Singer e muitos outros escreviam em ídiche. Em 1928, havia até mesmo um PEN Club de escritores judeus em Vilnius.

Única sinagoga que restou das 110 do passado em Vilnius

Ídiche: língua culta

O ídiche escrito em alfabeto hebraico é um produto da história milenar dos judeus na Europa, diz o professor argentino Avraham Lichtenbaum: "Era uma língua europeia, que despertava orgulho e era falada em diversos países. Quem quer hoje saber como pensavam os judeus naquela época, precisa conhecer esse idioma", diz ele. Lichtenbaum, cujos antepassados emigraram da Alemanha para a Argentina, dá aulas de ídiche em Vilnius e em Buenos Aires.

Vilnius era, portanto, a capital exuberante de uma Lituânia que abrigava o centro cultural do judaísmo europeu e onde viviam 250 mil judeus. Dali saíram diversos artistas importantes, que se espalharam mais tarde pelo mundo. Entre eles o violinista Jascha Heifetz, o pintor Chaim Soutine, o escultor Jacques Lipschitz, e também Ludwig Zamenhof, criador do esperanto, bem como o lingista Max Weinreich e diversos pesquisadores do ídiche – todos responsáveis pelo desenvolvimento da cultura europeia, apesar das adversidades históricas e políticas que tiveram de enfrentar no decorrer dos séculos.

Extermínio e recomeço

A catástrofe começou em junho de 1941, com a ocupação alemã, quando foram criados guetos em Vilnius, Kaunas e em outras regiões. Começaram as caçadas aos judeus, prisões, torturas, trabalhos forçados. Em grande estilo, a SS e a Wehrmacht planejaram a morte e execução de milhares de pessoas nas ruas ou em lugares destinados a fuzilamentos em massa.

Em muitos casos, o horror teve a ajuda de colaboradores lituanos. O saldo foi de apenas 5% de sobreviventes entre os litvaks, como os judeus lituanos se denominam. Em meados de 1944, com a entrada do Exército Vermelho no país, a Lituânia havia se transformado num mar de valas comuns.
Em Paneriai, 10 mil judeus foram assassinados

Hoje, vivem no país aproximadamente cinco mil judeus, a maioria deles já idosos, sobreviventes do Holocausto, e seus descendentes. As comunidades judaicas, fundadas novamente, têm problemas em angariar membros.

Jovens como a fotógrafa Isaiah Urken são uma raridade: "Não sou muito religiosa, mas conheço as tradições e tento me ater a algumas regras", diz ela. Ela conta que muitos de seus amigos judeus se mudaram para o exterior, em busca de uma vida melhor.

Dois pesos: passados nazista e soviético

Os dois passados da Lituânia dificultam o discurso histórico: depois de 1945, com o fim da Segunda Guerra, 10 mil lituanos (judeus e não judeus) foram vítimas do regime soviético. Para muitos habitantes do país hoje, não é óbvia a obrigação de falar sobre o extermínio do povo judeu no país e de dar ao assunto um lugar na memória coletiva.

Um pequeno museu lembra o genocídio. O moderno centro, com suas instalações claras, volta-se, com exposições e ofertas didáticas, para as novas gerações. O tema ao menos é tratado nas escolas do país e em conferências científicas.

Cemitério judaico de Vilnius: luto pelos horrores do passado

O cemitério judaico de Vilnius é um lugar silencioso, onde às vezes se ouve inglês, francês ou hebraico, pois os descendentes dos litvaks costumam visitar os túmulos de seus antepassados. Emanuel Zingeris lamenta, contudo, não apenas o passado. "Depois do Holocausto, a decadência da cultura judaica é a segunda grande perda. Apesar disso, gostaria que essa cultura importante e rica se tornasse novamente visível, tanto hoje, quanto no futuro", diz.

Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/judeus-na-litu%C3%A2nia-o-fim-de-uma-espl%C3%AAndida-cultura/a-16621150

quinta-feira, 14 de março de 2013

História do Brasil e "revisionismo" (negacionismo) do Holocausto

Pra quem acompanha o que é publicado no blog já deve ter notado que ocasionalmente são colocados textos sobre história do brasil, racismo, outros assuntos da Segunda Guerra etc, como o texto sobre a ideologia do branqueamento no Brasil ou movimentos fascistas/nazistas na América espanhola e Brasil (tag integralismo). Ainda sobre a ideologia do branqueamento, ideologia essa que mesmo sendo a "mãe" do preconceito regional e racismo atuais no Brasil, não é um assunto tratado abertamente nas escolas do país e nem por parte dos governos (federal e estaduais) através de campanhas educativas na TV no combate ao racismo, como se houvesse um tabu ou uma vontade de manter o mito da "democracia racial" brasileira mesmo com os casos recorrentes de racismo no país fruto do passado escravagista colonial do mesmo e dos racismos vindos da Europa.

Qual a razão disso (a importância da história do país no combate ao preconceito e extremismo)? Uma parte considerável das pessoas que repetem as baboseiras "revisionistas"/negacionistas no país são profundamente ignorantes em relação à história do país, isso quando não descambam pra alguma interpretação esdrúxula religiosa ou com misticismo no meio (adeptos de "teorias da conspiração"). Como também pesa o problema dos nichos étnicos em algunas regiões do país que favorecem o surgimento de grupos extremistas calcados em algum sentimento de supremacia étnica ligada aos países que foram parte do eixo (Alemanha, Itália) e as ideologias de extrema-direita (fascismo e nazismo) e um forte sentimento de ódio em serem parte do país que nasceram (manifestando um problema identitário).

Um dos antítodos pra tanta estupidez é a educação ou comentar a história do país de forma apropriada. Tratar do assunto Holocausto ignorando a realidade do país não é algo recomendável embora seja algo bastante recorrente. Por que digo isso? Porque geralmente quando o assunto neonazismo é citado no país sempre dão um jeito (por ignorância ou não) de não falar do contexto social que dá margem a esse tipo de fenômeno se manifestar e ser reproduzido no Brasil.

Particularmente eu não tenho a menor pretensão em fazer parte do grupo de pessoas que, por ignorância ou não (algumas se calam propositalmente, criando um tabu pra não se discutir assuntos como bairrismo e preconceito regional), acabam alimentando esse tipo de ideologia calcada em crenças racistas no país. Portanto a abordagem de assuntos relativos à História do Brasil, ciência, história geral etc, fazem parte do blog e podem ser publicados no mesmo, apesar do assunto temático central dele ser o Holocausto e a negação do Holocausto. No fundo todas esses temas, mesmo não aparentando ter ligação, estão relacionados. Não dá pra falar em genocídio na Europa ignorando que se vive outros contextos históricos e sociais na América espanhola e Brasil.

Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas

Segue abaixo um texto da DW, em português, mais completo sobre a matéria que saiu no NY Times (publicado aqui). Na falta da tradução da matéria do NY Times, esses dois textos (este e o do link anterior) dão pro gasto. Pra quem quiser ler um texto em inglês sobre o assunto, confiram o texto 42,500 Camps and Ghettos do Roberto Muehlenkamp no blog Holocaust Controversies.

Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas

Segundo pesquisas, existiam 42.500 campos durante o período nazista na Europa – número sete vezes maior do que se supunha até hoje. A afirmação de que os alemães "de nada sabiam" torna-se, assim, mais absurda que nunca.

"Acho surpreendente que, 70 anos depois do fim da Guerra, continuem sendo encontrados novos tipos de campos, assim como novos testemunhos pessoais sobre o Holocausto", diz o historiador norte-americano Martin Dean, do Museu Memorial do Holocausto, em Washington. Há 13 anos, ele coleta dados sobre o tema, pesquisados por historiadores de toda a Europa, Israel e EUA, em trabalhos individuais e divulgados em suas respectivas localidades e regiões, mas que não haviam sido reunidos numa abordagem geral até agora.

O interesse de Dean é reunir todo esse material. E é exatamente isso que faz os resultados de suas pesquisas serem tão peculiares: a equipe de estudiosos do Museu em Washington constatou que a densidade de campos nazistas era muito maior do que se supunha até agora. Segundo as novas estimativas, havia na Europa em torno de 42.500 campos. Até então, as pesquisas apontavam um total de 7 mil campos.

30 mil campos de trabalho forçado
Sobreviventes de Auschwitz, com números tatuados no braço

As pesquisas de Dean causaram furor. Depois de um relato do New York Times a respeito, veio uma verdadeira avalanche de reportagens em outros jornais. E de súbito foi ficando claro que, em toda a Europa, muita gente esteve confinada pelo regime nazista, com frequência em condições sub-humanas. Tortura e fome eram quotidiano para os 20 milhões de prisioneiros de muitos campos.

Esses campos na Europa desempenhavam funções distintas: 30 mil deles eram destinados a trabalhos forçados. Existiam ainda 1.150 guetos de judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra e 500 bordéis de prostituição forçada.

Além desses, havia diversos campos voltados para a "germanização" dos prisioneiros, ou seja, sua "educação ariana". Neles, as mulheres eram forçadas a abortar, doentes psíquicos eram mortos como forma de "eutanásia", e prisioneiros reunidos para serem transportados para os campos de extermínio.

Campo multifuncional

Dean e sua equipe dedicam-se sobretudo no momento à pesquisa dos campos de prisioneiros de guerra e trabalho forçado. Trata-se de um trabalho árduo, pois o material permanece, mesmo 70 anos depois do fim da Guerra, de difícil compilação. Em vários casos, os campos foram usados durante alguns meses com determinados objetivos e depois mudavam de função.

Segundo os pesquisadores, esse era o caso, por exemplo, do "campo de educação para o trabalho", liderado pela Gestapo. Em primeira linha, esses locais tinham por meta "disciplinar" as forças de trabalho. No entanto, eram muitas vezes usados para outros fins, como, por exemplo, como campos de punição para civis poloneses. Ou como estação transitória para judeus italianos, a caminho dos campos de concentração.
Campo de concentração Auschwitz-Monowitz

"Quando, como pesquisador, se descreve apenas uma função do campo, isso não é bem exato", explica Dean em entrevista à DW. Todo campo tem sua própria história. Generalizações são praticamente impossíveis. Com a existência de 42.500 campos, essa é uma área de pesquisa de amplíssimas proporções para os historiadores.

Mas nem só acadêmicos e pesquisadores devem se colocar frente a essas perguntas. Muitos alemães poderão, diante dessas informações, questionar as gerações anteriores a respeito: como pode ter sido possível os antepassados não terem sabido nada a respeito de quase 43 mil campos espalhados pela Europa? Era possível simplesmente ignorar 30 mil campos de trabalho forçado? Uma premissa que o historiador Dean aponta como muito improvável.

Parte do dia a dia durante a guerra

Os cientistas alemães não estão surpresos com os resultados das pesquisas de Dean. O historiador Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, situado em Frankfurt, apoiou a equipe norte-americana nesse projeto de pesquisa. Há pouco, ele recebeu o Prêmio Internacional do Livro do Memorial Yad-Vashem, por seu trabalho sobre o Holocausto.

"As pesquisas dos EUA confirmam que a existência dos campos fazia parte do dia a dia da guerra", diz Dieckmann. "E se perguntarmos a nossos avós, todas eles com certeza conheciam trabalhadores forçados", afirma o historiador. Entre 1943 e 1944, os trabalhadores forçados perfaziam entre 20% e 30% de toda a força de trabalho do Reich alemão, e a maioria deles vivia confinada.

Dieckmann não se surpreende que esse capítulo da história alemã seja raramente tratado em público. Como apontam os pesquisadores norte-americanos, havia também mais de 500 bordéis da Wehrmacht, as Forças Armadas nazistas, nos quais jovens eram forçadas à prostituição. "A Wehrmacht era formada pelos nossos avôs", diz o historiador. "E por acaso os nossos avôs contaram algo a respeito dos bordéis? Não!"

Entender a trajetória do Holocausto
Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, Frankfurt

Dieckmann é especialsita em pesquisas sobre a Lituânia durante o período nazista. Ele constatou que no país havia mais de 100 guetos de judeus, muito mais do que o estimado até agora. Os alemães amontoaram mais de 100 mil pessoas ali, sem qualquer plano do que fazer com elas, ou seja, sem saber como alimentá-las ou vigiá-las.

As administrações alemã e lituana estavam sobrecarregadas, afirma Dieckmann. E os efeitos disso eram fatais: os ocupadores definiram que os judeus seriam considerados "inimigos do Reich alemão" e ignoravam seu direito à vida. Até outubro de 1941, aqueles que viviam no interior da Lituânia eram mortos nas cidades onde se encontravam. Em seguida, começou a deportação planejada dos judeus de toda a Europa para os campos de extermínio.

Autora: Clara Walther (sv)
Revisão: Augusto Valente

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/estudos-provam-exist%C3%AAncia-de-sete-vezes-mais-campos-nazistas/a-16655865

quarta-feira, 13 de março de 2013

Ewald-Heinrich von Kleist - Morre último protagonista de atentado frustrado contra Hitler em 1944

Morre último protagonista de atentado frustrado contra Hitler em 1944

Von Kleist havia sido recrutado pessoalmente
para cometer o atentado Foto: AP
Ewald Heinrich von Kleist, o último protagonista sobrevivente do atentado frustrado contra contra Adolf Hitler em 1944, cometido por oficiais da Wehrmacht em Rastenburg (na atual Polônia), morreu aos 90 anos, informa o jornal Die Welt. Von Kleist faleceu na sexta-feira passada, segundo o jornal, que cita parentes do ex-oficial.

Em 20 de julho de 1944, oficiais da Wehrmacht, incluindo o carismático conde Claus Schenk von Stauffenberg, à frente de uma rede com contatos na resistência civil, integrada por políticos conservadores e de esquerda, tentaram eliminar Hitler em Rastenburg, na Prússia Oriental, para tentar derrubar o regime nazista.

Von Kleist havia sido recrutado pessoalmente por Von Stauffenberg para cometer o atentado, o mais espetacular de todos os executados contra o Führer, que sobreviveu a todos os ataques.

Hitler ficou ferido na explosão e os principais autores do atentado planejado por von Stauffenberg, o general Friedrich Olbricht, o coronel Albrecht Ritter Mertz von Quirnheim e o tenente Werner von Haeften, foram detidos pouco depois e executados.

Ewald-Heinrich von Kleist foi detido no Endlerblock de Berlim, o edifício no qual foi planejado o atentando e que atualmente é um anexo do ministério da Defesa, antes de ser enviado ao campo de concentração de Ravensbrück, na Alemanha.

Fonte: AFP/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/morre-ultimo-protagonista-de-atentado-frustrado-contra-hitler-em-1944,4b11ca25fde5d310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

terça-feira, 12 de março de 2013

Ciganos em Auschwitz - Parte 4 (Holocausto)

Gannon, você acha que foi bom o que seus heróis fizeram com os ciganos em Auschwitz? Gaseá-los, e esmagar as cabeças das crianças ciganas que tentavam se esconder?
Citação de "Auschwitz: A Report on the Proceedings Against Robert Karl Ludwig Mulka and Others Before the Court at Frankfurt" (Auschwitz: um relatório sobre o processo contra Robert Karl Ludwig Mulka e outros antes do Tribunal de Frankfurt), por Bernd Naumann, 1966, publicado por Frederick A. Praeger, NY.

[O livro resume os acontecimentos do julgamento de 22 homens da SS que serviram no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. Como a maioria dos julgamentos de homens da SS que serviram nos campos de extermínio, este foi realizado pelo sistema jurídico alemão, de acordo com o código penal alemão de 1871].

Do testemunho de Maximilian Sternol (p. 114):
... foi a liquidação do composto cigano. Cenas terríveis aconteceram. Mulheres e crianças estavam de joelhos na frente de Mengele e Boger chorando, 'Tenham piedade, tenham piedade de nós ". Nada disso ajudou. Eles foram espancados brutalmente, pisoteados, e empurrados para os caminhões. Foi uma noite terrível, terrível".

"Será que também atingiu Boger-los?".

"Sim, ele os matou. Eles desmaiaram e morreram e depois foram lançados nos caminhões. Toda a seção política estava lá. Sim, eu vi Baretzki e Broad".
Do testemunho de Josef Piwko (p. 123):
"Isso aconteceu cerca de três a quatro semanas após os eventos no campo Tcheco [Theresienstat]. As crianças freqüentemente vinham para o arame farpado e gostaríamos de lhes dar pequenas coisas. Então, um dia, os caminhões chegaram, e houve grande emoção no acampamento , porque os ciganos já sabiam que eles seriam gaseados. Eles tinham uma boa rede de inteligência porque os homens da SS tinham moças ciganas lindas e elas lhes disseram um monte de coisas ".

A testemunha conta como ele se escondeu no mato e viu que os ciganos foram espancados e como também foram conduzidos para os caminhões e conduzidos para as câmaras de gás. Então os homens da SS procuraram os barracões e arrastaram cerca de seis crianças com idades entre quatro e sete.

"Eles foram levados ante Boger, que primeiro os pisou, em seguida, agarrou seus pés pequenos e bateu suas cabeças contra a parede".
[Boger e Baretzki foram condenados à prisão perpétua por terem participado de inúmeros assassinatos em Auschwitz. Broad foi condenado a 4 anos. Dr. Mengele fugiu após a guerra e, aparentemente, morreu na América do Sul em meados dos anos 1980].

-Danny Keren.
________________________________________________
Shofar FTP Archive File: camps/auschwitz//gypsies.04
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.04
Last-Modified: 1993/12/12

From: dzk@cs.brown.edu (Danny Keren)
Newsgroups: alt.revisionism
Date: 22 Dec 1993 08:40:22 GMT
Organization: Brown University Department of Computer Science
Lines: 62
Distribution: world
Message-ID: <2f915m cat.cis.brown.edu="" f13="">
NNTP-Posting-Host: cslab6b.cs.brown.edu

Fonte: Nizkor (10.01.13)
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.04
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 3
Ciganos em Auschwitz - Parte 2
Ciganos em Auschwitz - Parte 1

A lista da morte" de Karl Jäger (Holocausto)

Especial: "A lista da morte" de Karl Jäger

Um burocrata como assassino de milhares de pessoas. O homem que saiu da Alemanha para cumprir uma missão: exterminar os judeus lituanos. Na cidade onde passou a morar no pós-guerra, ninguém queria saber de seu passado.

A lista não passa despercebida: ela está pendurada bem na entrada do pequeno Museu Judaico de Vilnius, um modesto prédio em madeira, que abriga documentos do horror e do desespero, mas também de atos heroicos e de solidariedade.

Durante a ocupação alemã, entre 1941 e 1944, houve muitos algozes nazistas em ação na Lituânia: Helmut Rauca, Bruno Kittel, Franz Stahlecker. E ainda Karl Jäger, comandante da SS, diretor da polícia de segurança e arquivista da morte.

Detalhadamente, ele listava quem, onde e quando ia sendo assassinado depois que os alemães invadiram a Lituânia. "Sob as minhas ordens e sob meu comando", escreveu Jäger num papel hoje amarelado, mas ainda legível. Nascido em 1888, na pequena cidade de Waldkirch, na Floresta Negra, filho de um professor de música, ele acabou se tornando conhecido na Lituânia pelas atrocidades que cometeu.

Carteira de identidade de Karl Jäger

"Biografia exemplar"

Jäger tocava piano e violino. Mais tarde, viria a construir instrumentos musicais mecânicos, tendo se casado com a herdeira da fábrica de órgãos da cidadezinha onde vivia. Participou da Primeira Guerra Mundial e entrou para o partido nazista, o NSDAP, já em 1923. E se transformou de amante da música em assassino de milhares de judeus.

O historiador Wolfram Wette, autor de um livro sobre Jäger, explica: "Ele era um cidadão comum, uma personalidade agradável de Waldkirch, tido como exemplar, brilhante, correto e culto, e muito admirado pelas mulheres. Aos domingos, marchava orgulhoso com 100 companheiros da SS pelas ruas da cidade".

Contabilidade detalhada de assassinatos

Pouco depois da invasão alemã à União Soviética, no dia 22 de junho de 1941, Jäger seguiu para a Lituânia como membro da Wehrmacht, o exército alemão, na função de comandante e com a clara incumbência de exterminar a população de judeus do país. Meio ano depois, ele já havia executado a missão.

Em fins de novembro, segundo a lista que deixou, já haviam sido mortas 133.346 pessoas. Orgulhoso, ele registrava: "Toda a Lituânia está limpa de judeus". Colaboradores locais contribuíram para o extermínio, tendo atacado os conterrâneos judeus com extrema brutalidade: um capítulo horrível e ainda tabu na história da Lituânia.
Memorial às vítimas mortas

O inferno na terra

Somente em Paneriai, nas proximidades de Vilnius, foram mortos 70 mil judeus pelos chamados grupos de ação nazista. Há relatos de testemunhas sobre os tiros, a fumaça, os gritos das vítimas, os latidos dos cachorros e o último caminho trilhado pelas mulheres, homens e crianças rumo aos campos de extermínio nos bosques de Paneriai.

Para os poucos sobreviventes, restou uma certeza: o inferno era ali. Hoje, o bosque é um lugar de silêncio em memória dos mortos. À sombra das árvores estão memoriais. Os lugares onde ocorreram os assassinatos em massa estão marcados.
Local dos assassinatos em massa

Depois da Guerra: assunto reprimido

Jäger voltou em 1945 para sua cidade natal. Ali, ninguém o bombardeou com perguntas desconfortáveis. No entanto, para maior segurança, ele se mudou para as proximidades de Heidelberg, onde jurou sua filiação a organizações nazistas e viveu 15 anos com seu nome verdadeiro como se fosse um cidadão comum e homem íntegro.

"Isso implica obviamente um questionamento a respeito do estado da sociedade alemã naquela época", diz o historiador Wolfram Wette. Somente em fins dos anos 1950 é que o nome de Jäger apareceu nas investigações sobre crimes nazistas. Ele foi então detido e inquirido durante semanas, mas não compareceu mais ao grande julgamento marcado na época, tendo se suicidado em sua cela na prisão.

O último capítulo: defesa e silêncio

O historiador Wolfram Wette

Em Waldkirch, o comportamento das pessoas não era diferente daquele de outras regiões da Alemanha: ninguém queria saber do passado. "Nas cidadezinhas do país, preferia-se, depois de 1945, ignorar que Jäger tivesse até mesmo existido", analisa Wette. Ninguém queria se lembrar do assassino de milhares de pessoas: nem os descendentes dele, nem os políticos locais , nem os cidadãos comuns e nem a Igreja.

Quando Wolfram Wette publicou suas pesquisas, no ano de 1989, aconteceram protestos na cidade. O historiador passou 20 anos coletando informações disponíveis sobre o caso. Em 2011, publicou seu livro sobre Karl Jäger. E as reações foram devastadoras: "Eu recebia telefonemas e cartas anônimas", conta Wette.

A ética do historiador

A geração mais jovem, contudo, rompeu com o silêncio. Na escola de ensino médio da cidade, há projetos históricos voltados para o tema. Testemunhas foram convidadas para fazer palestras e exposições foram planejadas. E os sobreviventes lituanos viajaram até a cidade. A discussão se tornou mais objetiva.

E Wolfram Wette, que tanto incomodou Waldkirch com suas pesquisas, diz: "Acho que há uma ética do historiador, uma obrigação frente ao esclarecimento histórico. Para mim, essa obrigação é ainda maior quando sei que outros estão ignorando o assunto".

No pequeno Museu Judaico de Vilnius, o número de visitantes é grande. Eles vêm dos EUA, da Alemanha, da Itália. E observam com atenção as fotos, além de lerem os textos que acompanham a mostra. A frieza da lista de Jäger e de tantos outros documentos ainda hoje deixa os visitantes atônitos.

Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/a-lista-da-morte-de-karl-j%C3%A4ger/a-16620343

segunda-feira, 11 de março de 2013

Espanha deverá indenizar livreiro filonazi porque não teve julgamento "justo" (Pedro Varela)

Tribunal declara que o dono da livraria filonazi Europa não teve um julgamento justo

María Peral | Madrid. Atualizado terça-feira, 05/03/2013 - 11:47 horas

Pedro Varela. | Santi Cogolludo
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos declarou que a Espanha violou o direito de Pedro Varela, dono da Livraria Europa de Barcelona, a ter um julgamento justo, e por isso ele deverá ser indenizado em 13.000 euros.

A Corte de Estrasburgo considerou por unanimidade que a Espanha não respeitou esse direito porque Varela foi condenado em segunda instância pela Audiência Provincial de Barcelona por um delito - apologia de ideias ou doutrinas que justificam atos de genocídio - que não fora incluído nos escritos da acusação pelos quais foi julgado na primeira instância pelo Tribunal Penal número 3 de Barcelona.

Varela foi condenado em 16 de novembro de 1998 pelo Tribunal Penal a um total de 5 anos de prisão por um delito continuado de negação do genocídio nazi e outro por incitação à discriminação e ódio por motivos racistas e antissemitas.

Em 2008, depois que o Tribunal Constitucional declarara inconstitucional a tipificação delitiva da negação do genocídio, a Audiência de Barcelona condenou Varela a sete meses de prisão (tag Pedro Varela) por um delito de justificação do genocídio e lhe absolveu do resto das acusações.

O TEDH considera que, para poder modificar a qualificação das acusações (de negação do genocídio nazi à justificação do mesmo) a Audiência "devia dar a possibilidade ao acusado de exercer seu direito de defesa sobre esse ponto de uma maneira concreta e efetiva", o que não aconteceu nesse caso.

Fonte: Elmundo.es (Espanha)
http://www.elmundo.es/elmundo/2013/03/05/barcelona/1362480302.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
España deberá indemnizar al librero neonazi Varela con 13.000 euros (El País)
España, condenada a indemnizar al dueño de la librería filonazi Europa (Periodistadigital.com)
El TEDH condena al Estado a pagar 13.000 euros al filonazi Pedro Varela (LavozdeBarcelona.com)
Estrasburgo condena a España a indemnizar al dueño de una librería filonazi de Barcelona (20minutos.es)
El Tribunal de la UE considera que Pedro Varela, condenado por vender material nazi, no fue informado de las acusaciones (elperiodico.com)
España debe indemnizar a un librero nazi porque su juicio no fue justo (elperiodico.com)
España deberá indemnizar a un librero filonazi (lavozdigital.es)

domingo, 10 de março de 2013

Revés judicial para partido neonazi alemão (NPD)

O partido alemão de ultradireita NPD fracassou hoje em seu intento para que a máxima corte do país ratifique sua constitucionalidade, sofrendo um precoce revés judicial ante o debate por sua possível ilegalidade.

O Tribunal Constitucional em Karlsruhe rejeitou a solicitação do partido xenófobo ao considerar que a legislação não prevê a possibilidade de declarar constitucional uma força política.

Representantes do governo e da oposição celebraram a notícia.

O NPD, cujo lema é "Trabalho, família, pátria", é um partido de ultradireita abertamente hostil com os estrangeiros e que mantém vínculos comprovados com o submundo neonazi.

Depois do rechaço da Justiça, o partido anunciou que recorrerá ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos e se mostrou "otimista" de conseguir ali o que não conseguiu na Alemanha.

A Câmara alta do Parlamento alemão decidiu em dezembro tentar novamente tornarl ilegal o NPD. O processo é polêmico, porque muitos especialistas e inclusive ministros do governo Angela Merkel creem que se fracassar isto serviria de propaganda para o partido.

Para que a iniciativa tenha êxito, os demandantes terão que provar que o NPD é inimigo da ordem constitucional, uma ameaça à democracia e uma força baseada em princípios violentos.

Há dez anos, outra tentativa de tornar ilegal o NPD fracassou quando a corte apontou que os infiltrados das forças de segurança na cúpula do partido proporcionaram as provas para sua ilegalização.

dpa

Editor: Pablo Kummetz

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/rev%C3%A9s-judicial-para-partido-neonazi-alem%C3%A1n/a-16647751
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Alemanha suspende pagamento de subsídios a partido neo-nazi (Expresso, Portugal)
Tribunal rechaça prova de "pureza democrática" do ultradireitista NPD (EFE/Terra)
Alemanha nega ao ultradireitista NPD a etiqueta de "leal à Constituição" (ABC)
La ultraderecha alemana recurrirá al Tribunal Europeo para evitar prohibición (EFE/Terra)

sábado, 9 de março de 2013

Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 03

3. Jogos de influências: a "moda" fascista e as ditaduras

A influência fascista é mais notável e promissora nas classes dirigentes latinoamericanas, sobretudo entre os intelectuais e nas forças armadas, inclusive o clero - seguindo a linha flexível de Pio XI- não é exento da sedução fascista [58]. Diferente do socialismo, do anarquismo e do comunismo, que penetram "desde baixo" (nos setores operários e proletários, especialmente os de ascendência europeia), o fascismo se introduz geralmente "desde cima" e no setor médio da população (com a exceção das colônias italianas, onde representa um fator de identidade nacional) [59].

As classes dirigentes veem no fascismo um recetario para resolver os problemas nacionais e se ligar a uma ideologia "de moda", com um futuro que parece então promissor. A oferta de um modelo político modernizador (nacionalista, corporativo, mobilizador etc) capaz de fortalecer as comunidades nacionais, consolidar os Estados, fortalecer a liderança autoritária e propôr, além disso, uma mudança no equilíbrio geopolítico favorável tanto às potências emergentes como às "periferias" dependentes aparentava obviamente ser algo atrativo e em sintonia com problemáticas gerais e conjunturais (integração nacional, industrialização incipiente, crise econômica, imperialismo "plutocrático", rivalidades regionais, rezagos oligárquicos, debilidades institucionales). Nesta perspectiva, o fascismo é buscado de maneira pragmática e utilitarista para solucionar problemas específicos e encontrar uma saída. Um interesse, então, não por ideologia em si, senão pelos resultados positivos que se esperam do modelo de acordo com a leitura e reinterpretação que prevalesce na região. As classes médias urbanas sentem também esta atração e, além disso - respondendo a um impulso similar ao europeu - buscam no fascismo um referente que encaixa na ambisão de se promover como nova classe dominante, às custas das velhas oligarqias liberais e evitando o perigo proletário e rural. Tanto o pragmatismo da aproximação assim como a escassa consistência demográfica das classes médias urbanas e das elites intelectuais e castrenses mais sensíveis ao chamado fascista, ajudam a entender porque a ideologia fascista não consegue em nenhum lado se estabelecer como novo paradigma ideológico.

Contudo, justamente por esta penetração elitista em setores-chaves de cada país (intelligentsia, pequena e média burguesia, exército), o fascismo tem um impacto político mais visível e mais consistente, e é capaz de ocasionar o alarmismo norteamericano. Carleton Beals manifesta estes temores - que são bastante comuns nos Estados Unidos durante esta época - em 1938.

"No geral, na América hispânica os esforços diplomáticos, econômicos e políticos soviéticos terminaram quase sempre em fracasso. A tendência da maioria dos países é francamente fascista e pró-nazi. Os vários regimes ditatoriais expressam todos aberta ou secretamente simpatia por Hitler e Mussolini. Todos estão a favor de Franco, com exceção da Costa Rica, México e, em certa medida, a Colômbia" [60].

Naturalmente estas considerações expressam ante tudo um clima de nervosismo ou histerismo pré-bélico que faz ver "fascismos" em todas as partes, ainda que se trate de meros inventos propagandistas, de imitações superficiais ou de fenômenos francamente distintos. Os Estados Unidos além disso aproveita habilmente a "ameaça fascista" - exagerando o suposto perigo mediante a propaganda - para promover sua democracia, avançar na região e extender sua hegemonia econômica e política.

O que é sim é certo é a disponibilidade das ditaduras em adotar uma roupagem "fascista" para lhes dar alguma consistência ideológica e icônica "de moda" a regimes pessoais e de ordem (ou castrenses), para lhes dar brilho e legitimidade ao exercício autocrático do poder. Na Venezuela, Juan Vicente Gómez - um velho ditador tradicional - paquera com o fascismo e assume o formato de um "duce" bolivariano: os italianos naturalmente não mordem o anzuelo, mas aproveitam esses marabalismos imitativos para extender sua influência. Em Cuba, Batista é tentado a se inclicar ao fascismo, mas evita emulações por demais francas para não criar inimizade com os Estados Unidos. Na Guatemala, Ubico também dá um barniz "fascista" a sua ditadura, para estar na moda e proclamar a modernidade de seu regime. O México é um caso à parte, pois seus governantes em sentido estrito não são ditadores, aqui se respeitam formalmente os princípios democráticos (constituição, legalidade, eleições, alternância dos mandatários etc), mas há uma forte tendência estrutural para o fascismo, visível o corporativismo oficial, o partido único, o nacionalismo e a formato cesarista de alguns presidentes, especialmente de Elías Calles e Cárdenas.

Também o Chile apresenta uma situação insólita. Neste país o fascismo italiano desperta interesse desde o começo, mas é a partir de 1927, com a ascensão ao poder do coronel Carlos Ibáñez, que se podem perceber influências concretas. Seu regime autoritário se inclina ao controle dirigido da economia e a formas corporativas no campo social inspiradas no exemplo italiano. Contudo, com o carecer de uma base ideológica e organizativa (quer dizer, não sendo um verdadeiro fascismo) [61], cai repentinamente como consequência da crise econômica em 1931. A saída de Ibáñez propicia a formação (1932) de um novo agrupamento radical, o Movimiento Nacional Socialista (abreviado como "nacista" ao estilo alemão) inspirado mais no nacional-socialismo de Hitler ue no fascismo de Mussolini. Ao não conseguir se aproximar do poder, este movimento, liderado pelo advogado Jorge González von Marées e com o suporte teórico de Carlos Keller, na segunda metade da década de trinta sofrerá uma evolução errática ante à esquerda, até se aproximar de posições comunistas [62].

Na área andina se observa o surgimento de ditaduras efêmeras de inspiração "fascista". O Peru começa um breve experimento fascisitizante ou pseudo-fascista em 1936 com a ditadura de Óscar Benavides, um militar que conheceu pessoalmente Mussolini durante sua missão diplomática na Itália. Seu primeiro-ministro, José Riva Agüero, membro da velha aristocracia, teoriza um corporativismo autoritário de tendência católica e se convence de que o fascismo é uma reedição moderna do corporativismo medieval, capaz de enfrentar o perigo socialista. Outro teórico importante é Raúl Ferrero Rebagliati, filho de um italiano, que se encontra mais próximo do modelo fascista de Mussolini [63]. A favor do fascismo se expressa também o diretor do jornal de Lima El Comercio, Carlos Miró Quesada. Apesar da presença desses intelectuais, o "fascismo" da ditadura de Benavides é elitista, não tem uma base de apoio entre as massas. Estas são mais atraídas pela Alianza Popular Revolucionaria Americana (APRA - fundada em 1924 por Víctor Raúl Haya de la Torre). A APRA, que está na oposição, tem também alguns traços vagamente fascistas: socialismo nacional (como elementos marxistas), anti-americanismo, populismo, espírito revolucionário que "parece sugerir uma afinidade profunda com o fascismo de esquerda" [64]. Esta organização aponta o desenvolvimento de "uma forma de fascismo nacionalista para impedir a penetração econômica estrangeira e proteger sua própria [burguesia] capitalista e industrial incipiente" [65]. Existe, além disso, um pequeno movimento "fascista" popular, a Unión Revolucionaria, UR, fundada em 1931 por Juan Sánchez Cerro (presidente do Peru antes de Benavides), abertamente inspirado no fascismo italiano (em 1933 a UR forma uma legião juvenil de "camisas negras"). Neses anos o Peru vive, por assim dizer, uma situação paradoxal, com um governo autoritário (Benavides) que busca se dar um formato fascista e uma oposição com fisionomias fascistizantes (APRA), que, entretanto, qualifica-se por uma espécie de "marxismo" nacionalista e indigenista. As infuências italianas, por demais, são perceptíveis [66].

A Bolívia, por seu lado, experimenta uma aproximação mais séria para o fascismo, devido à conjuntura que vive o país com a derrota na Guerra do Chaco (1932-1935). No pós-guerra entre os bolivianos cunde um clima de insatisfação similar ao da Itália e da Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial. A agitação dos ex-combatentes favorece a condensação do protesto popular contra a oligarquia mineira responsável pela derrota e sob suspeita de servir a interesses internacionais. Além disso, as missões militares italiana e alemã deixam uma forte influência no exército (com destaque da presença de Ernst Röhm, chefe da SA alemã). Em 1936 com o nome de "revolução militar socialista" um golpe de estado leva ao poder uma junta militar. Primeiro o coronel David Toro, e depois o coronel Germán Busch, buscam atrair os setores populares e fundar (sem consegui-lo) um "partido socialista de Estado que se aproxima parcialmente do fascismo" [67]. O quadro ideológico do novo regime é o socialismo nacional, com um formato fascista de esquerda, que se assemelha em alguns aspectos ao modelo mexicano e parece antecipar o peronismo argentino. Busch olha com cuidado a Itália e a Alemanha e encarrega a recorganização das forças de polícia a uma missão italiana [68]. Os observadores italianos se entusiasmam com este jovem militar e saúdam a "Nova Bolívia [...] primeiro estado totalitário da América" [69]. Em 1938, como consequência de seus intentos de submeter a oligarquia, Busch perde o apoio de uma parte do exército e, por falta de apoios, resolve se suicidar. Um regime militar conservador lhe sucede, mas o legado do socialismo nacional de Busch perdura em dois novos partidos: a Falange Socialista Boliviana, FSB e o Movimiento Nacional Revolucionario, MNR70.

Além desses experimentos ambíguos e oscilantes entre militarismo, nacionalismo e socialismo, o fascismo italiano (no sentido estrito e completo da expressão) encontra outras limitaçõs em sua difusão. Uma destas é a influência paralela que exercem, desde 1933, o nacional-socialismo alemão e o falangismo espanhol. O primeiro se apresenta em pouco tempo como uma versão mais eficiente do fascismo, como expressão política de um país industrial com maior capacidade de penetração econômica na região e, por isso, com um peso específico muito maior nas relações internacionais [71]. Quando a Itália proclamava seu imperialismo lírico-político, a Alemanha além da cultura e ideias oferecia às pragmáticas classes dirigentes latinoamericanas, produtors, mercados e assistência técnica. O nacional-socialismo teve influências em vários movimentos, como, por exemplo, nos camisas verdes brasileiros e nos camisas douradas mexicanos, cujos uniformes recordam os da SA alemã e tendem ao antissemitismo. A bandeira da AIB - um Sigma negro num círculo branco sobre um fundo azul, é recalcada sobre a bandeira nacional-socialista. O segundo - desde que foi fundada a Falange na Espanha, por José Antonio Primo de Rivera - apareceu como a "versão hispânica" do fascismo: mais católica, menos modernista e menos socialista que o original italiano. E com toda projeção da Espanha nacionalista na América Latina, o falangismo tinha possibilidades de expansão consideráveis por ser mais próximo das raízes históricas e culturais do continente [72]. A difusão da falange foi notável e suscitou em seu momento as preocupações norteamericanas no âmbito do alarmismo quintacolunista pela influência do Eixo na América [73]. Outro obstáculo, enfim, era o próprio nacionalismo nativo, "um nacionalismo [...] em alguns casos tão intransigente que ofusca a vista" [74].

Notas:

58 Ver para el caso argentino Loris Zanatta, Del Estado liberal a la nación católica: Iglesia y ejército en los orígenes del peronismo; 1930-1943 (Buenos Aires: Universidad Nacional de Quilmes, 1996).

59 Ludovico Incisa di Camerana, I caudillos, 233.

60 Carleton Beals, The Coming Struggle for Latin America (Philadelphia: Lippincott, 1938), 156. Del mismo autor cfr. "Black Shirts in Latin America", Current History 49: 3 (Noviembre 1938): 32-34.

61 Según Oreste Villa, L'America Latina, 54. "Ibáñez en Chile debe recordarse [...] como una especie de dictador a las órdenes de la masonería. [...] Un dictador de esta índole tenía forzosamente que llevar Chile a esas consecuencias negativas que se manifestaron después con revoluciones y contrarrevoluciones".

62 Cfr. Víctor Farías, Los nazis en Chile (Barcelona: Seix Barral, 2000). En 1937 los nacionalsocialistas chilenos se declaran "democráticos", rompen públicamente con el nacionalsocialismo hitleriano y obtienen 3.5% de los votos en las elecciones.

63 José Ignacio López Soria, El pensamiento fascista, 1930-1945 (Lima: Mosca Azul, 1981).

64 Grifn, The Nature, 149.

65 James Earle K., "APRA's Appeal to Latin America", Current History 41: 1 (Octubre 1934): 39-44, aquí 44.

66 Cfr. Orazio Ciccarelli, "Fascism and Politics in Peru during the Benavides regime, 1933-39: The Italian Perspective", Hispanic American Historical Review LXX: 3 (Agosto 1990): 405-432.

67 ASMAE, AP 1937-40, Situazione Paesi, Quaderni segreti, Quaderno No. 8 (Bolivia), Situazione politica nel 1937, 5.

68 Lucilla Briganti, "I rapporti tra Italia e Bolivia dall'epoca del primo "socialismo militare" alla rottura delle relazioni diplomátiche (1936-1942)", Africana. Rivista di Studi Extraeuropei (1998): 71-96.

69 Lucio Angelini, "La Bolivia, primo stato totalitario d'America", Gerarchia XIX: 11 (noviembre 1939): 752-754.

70 La primera -corporativa, católica y autoritaria- es de inspiración falangista más que fascista. La segunda -fundada en 1941 por Víctor Paz Estenssoro- es más cercana al fascismo y es infuenciada en algunos aspectos por el nacionalsocialismo alemán (antisemitismo). En 1943, el MNR promueve un golpe de jóvenes oficiales del ejército que lleva al poder el mayor Gualberto Villaroel, que se mantiene en el poder hasta 1946. Paz Estensoro llegará al poder en 1951 y cumplirá con una revolución socialista nacional que logrará fnalmente derrotar a las oligarquías mineras y nacionalizar los recursos naturales del país.

71 Con respecto a la competencia entre Italia y Alemania, Ciano en 1936 recomendó al embajador Cantalupo que se trabajara para que en Brasil se entendiera "que Italia mantiene frme en su puño la vieja bandera de la lucha al comunismo y que hacia el fascismo -reacción primogénita al comunismo- tienen que dirigir sus miradas todas las fuerzas de orden, especialmente aquellas del mundo latino tan vinculado a Roma". Ciano a Cantalupo, Roma, 28 de diciembre 1936, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 5, doc. 684, 757. Un punto de fricción grave entre fascismo y nacionalsocialismo fue ocasionado, en efecto, justamente por la carrera para "orientar" hacia Roma o hacia Berlín el movimiento integralista, que ambas potencias consideraban como virtualmente fascista: cfr. Menzinger a Ciano, Rio de Janeiro, 12 de octubre 1936, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 5, doc. 202, 222, y Lojacono a Ciano, Rio de Janeiro, 27 de septiembre 1937. Vol. 7, doc. 373, 449-451, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997.

72 Justamente en el falangismo se inspiraba el mayor movimiento político latinoamericano de índole radical-conservadora: el Sinarquismo mexicano (Unión Nacional Sinarquista), que llegó a contar con 500,000 miembros.

73 Cfr. Allan Chase, Falange: The Axis Secret Army in the Americas (New York: G. P. Putnam's Sons, 1943).

74 Oreste Villa, L'America latina, 7. El nacionalismo nativo veía con desconfanza sobre todo el intento de retardar la naturalización de los emigrados y politizarlos en función de los intereses de la madre patria. Otros factores que explican la escasa difusión del fascismo italiano son descritos en Alistair Hennessy, "Fascism and Populism in Latin America", en Fascism, a Reader's Guide: Analyses, Interpretations, Bibliography, ed. Walter Laqueur (Berkeley: University of California Press, 1976), 255-262; Payne, Il fascismo, 345; y Franco Savarino, "Apuntes sobre el fascismo", 108.

Fonte: Scielo
Texto: JOGO DE ILUSÕES: BRASIL, MÉXICO E OS "FASCISMOS" LATINOAMERICANOS FRENTE AO FASCISMO ITALIANO
Autor: Franco Savarino
http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0121-16172009000100009&script=sci_arttext
Tradução: Roberto Lucena

Observação: texto sem revisão.

Ver:
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 02
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 01

Ver também:
O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 1
O Partido Alemão Nacional-Socialista na Argentina, Brasil e Chile frente às comunidades alemãs: 1933-1939 - parte 01

quinta-feira, 7 de março de 2013

O Massacre de Audrini


No início de Janeiro de 1942, uma cidade que continha cristãos ortodoxos foi queimada até o chão em Audrini, Letônia, e seus moradores foram baleados, incluindo mulheres e crianças. O colaborador nazista responsável, Boleslavs Maikovskis, perdeu um recurso contra a desnaturalização nos EUA em 1985, caso registrado aqui. Ele fugiu para a Alemanha e morreu em 1996 sem cumprir pena pelos seus crimes. Entretanto, como o NYT resumiu, Maikovskis reconheceu que os assassinatos ocorreram:

Em 1975, ele já não estava negando que tinha sido um policial durante a ocupação nazista, e quando foi ouvido durante a sua deportação em 1981, ele disse que tinha sido Chefe de Polícia da segunda delegacia de Rezekne de 1941 até quando os alemães começaram sua retirada em 1944. Ele também disse que, depois que vários policiais letões foram mortos a tiros na aldeia de Audrini por guerrilheiros soviéticos em 1941, ele ordenou a prisão dos homens, mulheres e crianças, entre 200 e 300 pessoas, cumprindo ordens de seu superior da Polícia.

Também cumprindo ordens, ele disse que ordenou que cada casa fosse queimada até o chão. Mas disse que essa ação nada tinha a ver com a execução pública de 30 aldeões na praça da cidade de Rezekne e o abate do restante em uma floresta próxima. Ele disse que estava na igreja durante a execução pública.

Na audiência de deportação ele observou que:

Uma cópia de um documento datado de 31 de dezembro de 1941, indica em seu original que tinha sido assinado pelo supervisor imediato de Maikovskis, declarou que: “durante os últimos 6 meses, nosso trabalho tem sido dominado por [inter alia] pelo nosso desejo de livrar-nos dos restantes de judeus e comunistas...” E em um relatório da SS de 2 de fevereiro de 1942, posterior ao incidente de Audrini, observou:

Os habitantes da aldeia de Audrini são russos – de fé ortodoxa – ao todo 48 famílias. Cegos em seu nacionalismo, eles apoiaram em 100% o Exército Vermelho, 3 eram ex-membros da milícia, 3 prisioneiros de guerra que tinha escapado do campo de prisioneiros e 11 ex-prisioneiros de guerra.

Pergunta para os negadores [do Holocausto]: Se crianças não-judias poderiam ser mortas desta maneira, porque não judias?

Os grifos acima são do tradutor.


Fonte: Holocaust Controversies
Autor: Jonathan Harrison
Tradução: Leo Gott

domingo, 3 de março de 2013

O Holocausto ainda mais chocante: catalogaram 42.500 campos nazis na Europa (Matéria do New York Times)

Matéria original saiu no NY Times com duas páginas The Holocaust Just Got More Shocking (http://www.nytimes.com/2013/03/03/sunday-review/the-holocaust-just-got-more-shocking.html). Segue abaixo uma tradução de uma matéria menor em outro jornal destacando o mesmo assunto.

O Holocausto ainda mais "chocante": catalogaram 42.500 campos nazis na Europa
Publicado: 2 mar 2013 | 22:33 GMT Última atualização: 2 mar 2013 | 22:33 GMT. ushmm.org

Um estudo dos pesquisadores do Museu Memorial do Holocausto dos EUA revela que a escala de extensão do Holocausto vai muito mais além dos marcos que os historiadores haviam traçado.

No total os autores do projeto documentaram e assinalaram no mapa 42.500 locais de tortura nazi onde, segundo estimativas, de 15 a 20 milhões de pessoas morreram ou foram presas.

Durante os últimos treze anos os pesquisadores, segundo escreve o jornal 'The New York Times', dedicaram-se à tarefa de contar e catalogar todos os guetos, campos de concentração, campos de trabalhos forçados e campos de prisioneiros de guerra que os nazis estabeleceram na Europa desde 1933 até 1945. Também na lista foram incluídos prostíbulos para militares alemães e centros de "cuidado" onde se realizavam abortos forçados e matavam as crianças recém-nascidas.
ushmm.org

"O número é muito mais alto do que se pensava originalmente", disse o diretor do Instituto de História Alemã em Washington, Hartmut Berghoff, em uma entrevista ao jornal. “Antes sabíamos o quão horrível que eram os campos e guetos", disse Berghoff, “mas esta cifra é incrível”.
ushmm.org

Geoffrey Megargee e Martin Dean, principais redatores do projeto, fizeram inventário de milhares de locais em uma enciclopédia de vários volumes cujas páginas se apresenta a história detalhada "das condições de trabalho e vida, a atitude dos conselhos judeus, a resposta judaica à perseguição, as mudanças demográficas e os detalhes da liquidação dos guetos".

O estudo do Museu Memorial do Holocausto além de ter grande valor histórico pode ajudar as pessoas que sobreviveram e agora lutam pela recompensa. "Quantas demandas foram rechaçadas tão somente porque as vítimas se encontravam em um acampamento que nem sequer conhecemos?", disse ao jornal estadunidense Sam Dubbin, advogado que representa os interesses dos sobreviventes.

Fonte: RT.com (Rússia)
http://actualidad.rt.com/actualidad/view/87987-holocausto-escala-increible-campos-nazi-europa
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 2 de março de 2013

Livro: Salazar, Portugal e o Holocausto (editado em Março)

"Salazar, Portugal e o Holocausto", de Irene Flunser Pimentel (Prêmio Pessoa 2007 e Prémio Máxima Ensaio 2012) e Cláudia Ninhos, é um dos livros do mês de Março em Portugal (e talvez do ano). A edição é da Temas & Debates/Círculo de Leitores.

"…um livro de duas historiadoras portuguesas de gerações diferentes, com experiências e até opiniões diversas, que se têm dedicado ao estudo do relacionamento entre o Portugal de Salazar e a Alemanha de Hitler, que se juntaram em torno de uma curiosidade comum…"

"A amplitude dos massacres cometidos pelos nazis, responsáveis por um devastador número de mortes, tornou impossível mantê-los no desconhecimento da opinião pública. É, por isso, importante compreender o que se sabia entre os Aliados, no Vaticano e nos países neutros, incluindo em Portugal.

... quando tiveram conhecimento do genocídio que estava a ocorrer no leste europeu e que fizeram para salvar as vítimas?

…se quisessem, poderiam os Aliados e os países neutros ter feito algo mais para salvar estas vítimas, perante as ameaças de que foram alvo?

… a chegada das informações sobre o Holocausto passou por várias fases, desde a sua receção até à tomada, ou não, de posição.

O fato de os governos ocidentais terem recebido inúmeras informações sobre o que estava a ocorrer na Polônia e, depois, na União Soviética não implicou, contudo, que os relatos fossem aceites e compreendidos. Ou seja, havia informação disponível, mas existiria o conhecimento necessário para que fosse compreendida?

Este livro procura, afinal, dar resposta a estas, e a outras questões, em torno do envolvimento de Portugal no Holocausto"

Fonte: Diário Digital (Portugal)
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=618451

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