sexta-feira, 17 de abril de 2009

Respostas técnicas e históricas às declarações do Bispo Richard Williamson à respeito do Holocausto - Parte 1

Por Harry W. Mazal, OBE

(todos os grifos são do tradutor)

Durante uma entrevista na Alemanha para um programa de televisão sueco chamado Uppdrag Granskning que foi exibido em 21 de janeiro de 2009, o Bispo Richard Williamson fez uma série de declarações em conflito com a história estabelecida do Holocausto. Ele fez outras declarações que vão contra a ciência. Este documento irá respeitosamente tentar resolver estas questões na esperança de que elas possam ajudar a convencer o Bispo a abjurar suas declarações e focar sua atenção em sua vocação religiosa.

Nossa experiência com os negadores do Holocausto mostrou que, raramente, ou nunca, algum deles vai mudar a sua opinião, não importando a quantidade de provas que são colocadas ante eles. Negadores são invariavelmente antissemitas que utilizam a negação do Holocausto como um instrumento para perseguir e humilhar o povo judeu. A verdade raramente colore suas obras e declarações. Rezemos para que o Bispo Williamson seja maduro e inteligente o suficiente para ter uma decisão esclarecida.

Recentemente o Bispo Williamson afirmou que o seu conhecimento sobre este assunto veio de livros e folhetos que ele havia adquirido na década de 80, durante o tempo em que ele foi Reitor do seminário de São Tomás de Aquino em Winona, Minnesota.

TELEVISÃO ENTREVISTA O BISPO WILLIAMSON

Pergunta: Bispo Williamson, estas são suas palavras: “Nenhum judeu foi morto por câmaras de gás. Foi tudo mentira, mentira, mentira.” São estas as suas palavras?

Bispo Williamson: Você está citando o que eu disse no Canadá, Acredito que sim, hà muitos anos atrás. Hmm. Eu acredito em evidências históricas, as evidências históricas são fortemente contra, é, é, extremamente contra, seis milhões de judeus terem sido deliberadamente gaseados em câmaras de gás como uma política sistemática de Adolf Hitler.

Análise: O Bispo está distorcendo a verdade à partir de uma declaração aparentemente verdadeira, como se fosse uma espécie de Cavalo de Tróia. Os negadores do Holocausto empregam esta técnica freqüentemente para tentar fazer algum ponto. A declaração do Bispo é: “as evidências históricas são fortemente contra, é, é, extremamente contra, seis milhões de judeus terem sido deliberadamente gaseados em câmaras de gás como uma política sistemática de Adolf Hitler.”, à primeira vista, é bem verdade. Entretanto, é importante dissecar a declaração e explicar como é que está usando para promover uma mentira:

1) Seis milhões de judeus não foram mortos deliberadamente em câmaras de gás. Nenhum historiador do mundo jamais disse isso. No entanto, aproximadamente seis milhões de judeus foram mortos, [soma-se] as câmaras de gás em Belzec, Sobibor, Treblinka, Majdanek e Auschwitz-Birkenau; ou a tiros de pistolas, fuzis, metralhadoras pelos Einsatzgruppen, como ocorreu em Babi Yar; ou nas vans de gaseamento inicialmente localizadas em Chelmno e em outros lugares; ou através de experimentos médicos; ou por injeções de fenol em seus corações ou por premeditada fome, etc.

2) Adolf Hitler tinha uma política deliberada para se livrar de todos os judeus da Europa, mas não necessariamente através da utilização de câmaras de gás como a declaração do Bispo implica. A lista mostrando a população judaica da Europa que foi apresentada para os participantes da Conferência Wannsee não poderia ter mostrado as intenções da política de extermínio nazista de forma mais clara.

Pergunta: Mas você disse que nenhum judeu foi morto...

Bispo Williamson: ...em câmaras de gás, eu penso...

Pergunta: Não existiram câmaras de gás...

Bispo Williamson: Eu acredito que não existiram câmaras de gás. Sim. Eu penso. Como eu estudei as evidências; não vou pela emoção, Eu vou...tanto quanto eu entendi as evidências, existem, por exemplo, pessoas que são contra o que muitos hoje acreditam sobre a expressão abre e fecha parêntesis “O Holocausto”, eu acho que essas pessoas, essas pessoas que concluem, eles são chamados de revisionistas, eu penso que é mais sério concluir, que entre 200 mil e 300 mil judeus pereceram em campos de concentração nazistas, mas nenhuma delas gaseadas em câmaras de gás.

Análise: O Bispo insiste em dizer que não existiram câmaras de gás. Em uma irônica guinada, o negador do Holocausto David Irving – que tinha hospedado o Bispo Williamson em sua casa em Windson, dez dias antes desta entrevista – respondeu à pergunta do Bispo sobre as câmaras de gás para assassinar judeus:

Eu estou me mantendo fora disso. O conselho que eu gostaria de passar a Sua Excelência, é aceitar que eles organizaram assassinatos em massa do verão de 1942 a outubro de 1943 em três lugares sob ordens de Himmler perto do Rio Bug – Treblinka, Sobibor e Belzec; hà muita controvérsia sobre os números e métodos de
assassinato, mas ele não deve disputar se houveram tais assassinatos.

O Sr.Irving não tocou nas instalações de assassinato em Auschwitz-Birkenau por razões que não são pertinentes para o objetivo principal deste documento.

O Bispo alega que ele tem “entendido as evidências” onde os negadores do Holocausto (a quem o Bispo identifica como “revisionistas”) “que entre 200 mil e 300 mil judeus pereceram em campos de concentração nazistas, mas nenhum delas gaseadas em câmaras de gás.” Isto é obviamente falso.

O Bispo Williamson se baseia exclusivamente de declarações e publicações emitidas pelos conhecidos negadores do Holocausto e antissemitas. Ele não consulta as provas publicadas por historiadores acadêmicos tais como: Richard Evans, Peter Longerich, Hugh Trevor-Roper, Deborah Dwork, Robert Jan van Pelt, Raul Hilberg, Sir Martin Gilbert, Christopher Browning, Martin Broszat, Eberhard Jäckel, Gerald Fleming, para citar apenas alguns das centenas de historiadores que têm escrito sobre o Holocausto. Notar que muitos destes não são judeus.

Também o Bispo – ele deveria ter – consultado os diários, registros, biografias, confissões, examinações cruzadas dos autores, tais como Rudolf Höss, Johann Paul Kramer, Ernst Kaltenbrunner, etc.

Apesar do fato de que há milhões de documentos, fotografias, transcrições de crimes de guerra em cada língua européia, declarações de sobreviventes e Gentios Justos, o Bispo Williamson parece ignorá-los completamente. Gentios Justos são pessoas de outra fé que arriscaram suas vidas para salvar judeus. Seria de se pensar que seu testemunho é inatacável. Mas ele parece mostrar que tem uma exclusiva predisposição para material produzido por pessoas que não são acreditados como historiadores, nem, muito menos, reconhecidos cientistas.

Também é evidente que o bispo não é um especialista em estatística, ainda que só demografia. [Ou] Um pesquisador cuidadoso buscando analisar as provas demográficas publicados pela American Jewish Yearbook dos últimos 100 anos. Estes mostram a população judaica em todo o mundo, país por país e ano por ano. Uma curva populacional de 1900 a 2005, mostra que houve um aumento gradativo da população mundial judaica até 1941. À partir daí a curva começou uma acentuada descendente. Em 1938 o American Jewish Yearbook revelou o número de judeus no mundo sendo de aproximadamente seis milhões a mais do que os vivos em 1946. De fato, a atual população judaica mundial em 2009, é muito menor do que era em 1939. Um artigo acadêmico de um douto demógrafo do extinto Journal of Holocaust Education reitera os números populacionais do American Jewish Yearbook.

O Bispo pode optar por não utilizar fonte de material judaico, ele pode obter uma contagem bastante precisa dos judeus na Europa em um documento produzido pelos próprios nazistas. Um documento que foi distribuído aos oficiais que participaram da Conferência Wannsee, onde mostra a população judaica em todos os países da Europa. Uma cópia da quantidade de judeus incluídos no Protocolo Wannsee aparece no corpo deste documento.

Do ponto de vista puramente ético, não é saber se trezentos mil ou seis milhões de judeus foram assassinados pelos nazistas, mas sim saber se os nazistas tinham o direito de matar até mesmo uma única pessoa simplesmente por causa de sua etnia [NT: ou ideologia/religião].


Fonte: The Holocaust History Project: http://www.holocaust-history.org/williamson/williamson.shtml
Tradução: Leo Gott


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terça-feira, 14 de abril de 2009

Eliminação de Corpos em Auschwitz - O fim da negação do Holocausto - Parte 8 - Consumo de combustível

(todos os grifos abaixo são do tradutor)

Conforme referido anteriormente, os fornos de Auschwitz eram abastecidos a coque. Mattogno alegou que não havia entrega de coque suficiente em Auschwitz para cremar o números de corpos de prisioneiros não registrados que foram assassinados em Auschwitz de abril a outubro de 1943, quando os quatro novos crematórios estavam operando. Antes do meio de março de 1943 apenas o Krema I no campo principal estava operacional. Existem apenas registros de entrega de coque para o período compreendido de 16 de fevereiro de 1942 a outubro de 1943. De abril de 1943 a outubro de 1943, foram entregues 497 toneladas de coque. [140] As informações sobre as entregas de coque foram compiladas pelo pesquisador francês Jean-Claude Pressac, que recolheu as informações através registradas durante o período que esteve no Auschwitz State Museum. Ele analisou os registros de 240 entregas de coque e em seguida compilou estes montantes em valores mensais para o período em que existem registros. Pode ser notado que não sabemos se esses registros estão completos para este período.

Considerando o fato de que não existem registros para o período de meados de fevereiro de 1942 e após outubro de 1943, e nós sabemos que os fornos foram operados durante este período, então é muito possível que os registros em discussão estejam incompletos. Tal incompletude pode ser inferida através da comparação das entregas de coque para as quais existem registros mensais com o número de óbitos dos prisioneiros registrados. Em julho de 1942 temos registro de entrega de 16,5 toneladas de coque. Neste mês foram registradas 4.124 mortes de prisioneiros. No entanto, para março de 1942, há registros de entrega de 39 toneladas de coque, mas apenas 2.397 óbitos registrados de prisioneiros.[141] Em setembro de 1942 havia cerca de 9.000 óbitos de prisioneiros registrados e registros de entrega de 52 toneladas de coque. No mês seguinte, teve cerca de 5.900 mortes de prisioneiros registrados, e o registro de entrega de apenas 15 toneladas de coque. O segundo mais alto mês de entrega de coque foi em maio de 1943, quando 95 toneladas de coque foram entregues. No entanto, os óbitos de prisioneiros registrados foram os mais baixos. O número exato não pode ser isolado porque os livros de óbito de 14 de abril à 4 de junho mostram 2.967 mortes. Sendo assim, é seguro assumir que houve cerca de 2.000 mortes de prisioneiros registrados. Portanto o segundo mês mais alto de entrega de coque também corresponde ao mês com o menor número de óbitos de prisioneiros registrados.[142]

A questão sobre a forma como o coque foi efetivamente entregue em Auschwitz seria resolvido se existissem algum número central emitido pelo Bauleitung para o ano em questão. O negador do Holocausto, David Irving, publicou em 1993 o que ele pretendia que fosse tais números para os anos de 1940 a 1944. Estes números foram alegadamente encontrados nos Arquivos de Auschwitz em Moscou.[143] Entretanto, nenhum número de arquivo foi citado para estes números. Nas três tentativas por parte deste autor para que o Sr.Irving identificasse a fonte desses números nenhum foi bem sucedida. Mattogno escreve que ele não foi capaz de encontrar qualquer suporte aos números de Irving nos Arquivos de Auschwitz em Moscou.[144]

Mattogno examinou o registro dos prisioneiros cremados em Gusen no período de 31 de outubro a 12 de novembro de 1941. Estes números são uma conta síncrona que foi mantida pelos prisioneiros sobre os detalhes da cremação. Fotocópias foram enviadas pelo autor para o Mauthausen Memorial Museu.[145] Mattogno afirmou que os números mostram em 13 dias que , no período de 31 de outubro a 12 de novembro, 677 corpos foram cremados usando 20.700kg de coque, ou 30,5kg por corpo. 1 kg equivale a 2,2 libras. Mattogno argumentou que as 497 toneladas de coque que foram entregues em Auschwitz de abril à outubro de 1943 não foram suficientes para cremar o número de prisioneiros registrados e não-registrados que foram assassinados. 1.000kg equivalem a 1 tonelada. Ele analisou [o livro] Auschwitz Chronicle de Danuta Czech, que mostra que cerca de 103.000 prisioneiros não-registrados desapareceram após a sua chegada à Auschwitz neste período. Ele acrescentou a este número 21.580 prisioneiros registrados que morreram no campo. Ele afirmou que não havia coque suficiente para cremar os corpos. Estes corpos foram cremados com o coque que estava disponível, isso significa que cada cadáver foi cremado utilizando 4,1kg de coque.[146] Por conseguinte, ele alegou que os 103.000 prisioneiros não-registrados não poderiam ter sido mortos no campo durante este período. Quando ele dividiu as 21.500 mortes de prisioneiros registrados pela quantidade de coque consumida de abril de 1943 a outubro de 1943, ele chegou a 22,7kg por corpo.[147] Mattogno não explicou o que aconteceu com os 103.000 prisioneiros não-registrados.

O arquivo de Gusen invocado por Mattogno mostra a quantidade de coque na forma de carrinho de mão utilizado para transporte aos fornos.[148] No topo da página é citado “Karren Koks”, ou carrinho de mão de coque. Abaixo do título é citado que um carrinho de mão é igual a 60kg. No entanto, esse peso é citado somente para o período de 26 de setembro a 15 de outubro de 1941. Durante este período 203 corpos foram cremados usando 153 carrinhos de mão. Isso significa que 9.180kg (60kg vezes 153 carrinhos de mão) incineraram 203 corpos, resultando em 45kg por corpo. O número 9.180 aparece no backup deste arquivo onde os 153 carrinhos de mão são multiplicados por 60kg. Existe algum motivo, no entanto, para se suspeitar que cada carrinho de mão não continha 60kg de coque, mas este era um número genérico baseado na [capacidade] máxima teórica que cada entrega poderia ser feita. Em outras palavras, 60kg foi atribuído a cada carrinho de mão, independente do peso real. Por exemplo, em 3 de outubro, 11 corpos foram incinerados usando 13 carrinhos de mão. Os 60kg por carrinho de mão teriam levado a 71kg por corpo. No entanto, em 15 de outubro, 33 corpos foram incinerados com 16 carrinhos de mão, ou 29kg por corpo.[149]

Os fornos sofreram uma ampla revisão de 16 a 22 de outubro. O período que Mattogno estava analisando, 31 de outubro a 12 de novembro, mostra 345 carrinhos de mão foram usados para incinerar 677 cadáveres. No entanto, ao contrário da informação prévia para a reparação dos fornos, que acompanha um peso para cada carrinho de mão, e um peso total para todos os 153 carrinhos de mão, não existe informação sobre o peso dos carrinhos de mão após a revisão. Mattogno apenas presumiu que cada carrinho de mão tinha 60kg [de coque], sem informar aos seus leitores que poderia haver problemas para essa suposição e que até mesmo o peso inicial de 60kg por carrinho de mão para os fornos pré-revisão pode estar errada.

No entanto, o arquivo de Gusen fornece algumas informações muito valiosas. Ele mostra que a forma mais eficiente dos fornos queimar combustível é que mais corpos poderiam ser queimados mais rápido com isso. Assim, para o período anterior à revisão dos fornos, apenas 203 corpos poderiam ser queimados em um período de 10 dias, de 15 a 26 de outubro, usando 153 carrinhos de mão de coque. No entanto, durante um período contínuo de 13 dias após a conclusão da revisão, 677 corpos foram queimados com 365 carrinhos de mão de coque. Foi durante este período que 94 corpos foram queimados em duas muflas em 7 de novembro, usando 45 carrinhos de mão de coque e 72 corpos cremados no dia seguinte usando 35 carrinhos de mão. As implicações deste fato para os 46 fornos dos quatro novos crematórios de Auschwitz são importantes porque os números mostram que o uso mais eficiente do combustível queima os corpos mais rapidamente.

Mattogno admitiu que a mufla tripla dos Kremas II e III e que as oito muflas triplas dos Kremas IV e V, poderiam queimar corpos com mais eficiência de combustível do que a mufla dupla do Krema I, mas não admite que os corpos levados para lá queimavam mais depressa. Ele afirmou que a mufla tripla poderia queimar um corpo com um terço a menos de coque necessário para uma mufla dupla. Ele calculou que seria necessário de 16,7 a 20,3kg por corpo. As oito muflas poderiam queimar cerca de metade do combustível necessário nas muflas duplas, ou 12,5 a 15,25kg de coque por corpo.[150] Mattogno fez alguns cálculos sobre a razão deste fenômeno sem mencionar que os seus números são vagamente baseados nos dados fornecidos ao Bauleitung pela Topf.

A única informação disponível sobre a eficiência de combustível para a mufla tripla e as oito foi fornecida ao Bauleitung pela Topf. Em 17 de março de 1943 o Bauleitung emitiu uma nota com o título: “Estimativa do uso de coque para Krema II KL [campo de concentração] de acordo com os dados [Angaben] à partir da Topf e Filhos [fabricante dos fornos] de 11 de março de 1943”. A nota passa a descrever os dados em termos de acendimento. Krema II e III necessários 10 acendimentos para uso de 350kg por hora. No entanto o número poderia ser reduzido em 1/3, se eles fossem usados em base contínua, o que significa que cada Krema economizava 2.800kg de coque em um período de 12 horas. Nas oito muflas a economia de combustível foram ainda maiores. Quando os fornos trabalhavam continuamente iriam queimar 1.120kg de coque em um período de 12 horas. Isso significa que todos os quatro Krema poderiam funcionar com 7.840kg de coque em um período de 12 horas (2.800kg cada para os Kremas II e III e 1.120kg cada para os Kremas IV e V). O Bauleitung conclui: “Estas são as maiores conquistas. Não é possível dar um número para a sua utilização por ano, porque não sabemos quantas horas ou dias serão necessários para aquecê-lo.”[151]

Mattogno representou esta informação no sentido de que “os Krema II e III poderiam ter queimado cerca de 240 corpos pos dia, e o Krema IV e V cerca de 130, totalizando 370 corpos. A estimativa indicada na nota, indica que, assim, uma média diária de 370 macilentos cadáveres adultos eram esperados para a cremação.”[152] Isto é simplesmente uma falsa caracterização dos dados. Não há menção ao número de corpos que poderiam ser queimados. O principal fato é que os dados de combustível fornecidos pela Topf, são baseados no número de horas trabalhadas, independentemente da quantidade de corpos queimados. Este fato causou muitos problemas para Mattogno, porque, como referido anteriormente, as estimativas sobre o número de corpos que poderiam ser queimados em um período de 10 horas de um forno variaram de elevados 36, e o engenheiro Prüfer da Topf estimou 800 corpos nas 5 muflas triplas em um período de 24 horas. O verdadeiro dilema para Mattogno está nos valores do Bauleitung apresentados em 28 de junho de 1943, discutidos anteriormente, 4.416 corpos poderiam ser cremados em um período de 24 horas nos 4 novos Kremas, ou 2.208 em um período de 12 horas. Quando os 7.840kg de coque utilizados em um período de 12 horas são divididos pelos 2.208 corpos que poderiam ser cremados no mesmo período de 12 horas, a média gira em torno de 3,5kg por corpo. Mattogno nunca abordou esta questão diretamente. No entanto, ele estava consciente do problema que os valores do bauleitung poderiam representar. Para lidar com este problema ele recorreu a uma tática comum aos negadores. Ele anunciou que “este documento é uma fabricação.”[153] Assim, qualquer documento que os negadores não conseguem explicar, como resultado dizem que é uma fraude e conspiração. Mattogno não disse como “fabricaram” este relatório.

A questão é saber se os crematórios eram capazes de queimar um corpo em 15 minutos, a quantidade de tempo sugerido no relatório do Bauleitung de 28 de junho de 1943. Conforme referido anteriormente, um forno não poderia incinerar um corpo em 15 minutos, com qualquer tecnologia conhecida do período, mas um quadro diferente emerge quando múltiplos corpos queimando são considerados. A informação de Dachau, citada anteriormente, menciona a queima de 7 a 9 corpos simultaneamente em um período de duas horas. No Castelo de Hartheim, na Áustria, onde havia uma câmara de gás, um trabalhador do crematório testemunhou após a guerra que de dois a oito corpos poderiam ser cremados simultaneamente.[154]

A prática de cremações múltiplas era bem conhecida fora da Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial. Em Osaka, Japão, nos anos de 1880 haviam 20 fornos crematórios e cada um deles poderia incinerar três corpos simultaneamente em um período de quatro horas. [155] Em 1911, um forno japonês foi apresentado no Salão Internacional de Higuena em Dresden, Alemanha, que poderia queimar cinco corpos simultaneamente em um período de 2 horas a 2 ½ horas. [156] Esta história reforça a viabilidade da capacidade de cremação simultânea de corpos e avanços tecnológicos 30 anos depois na Alemanha. O fato de os fornos não terem sido construídos com o propósito de múltiplas cremações não é determinante para se saber se na prática foi realmente realizada. O melhor exemplo é nos Estados Unidos, onde a prática é ilegal. Houve um grande escândalo no ínicio de 1980 envolvendo necrotérios no sul da Califórnia. Empregados de uma das instalações testemunharam que era prática comum cremar vários corpos juntos. Um embalsamador afirmou que viu cinco corpos em uma retorta (um forno), enquanto outro viu sete ou oito pessoas que foram cremadas simultaneamente. O fundador de uma das primeiras empresas de cremação dos Estados Unidos declarou que a o resultado da queima de vários corpos simultaneamente “uniformemente as cinzas saem muito escuras.” [157] Curiosamente, negadores criticam frequentemente as testemunhas que descrevem que uma fumaça negra saía do crematório. Se queimando produziu cinza preta pode-se perfeitamente bem termos fumaça preta.

Houve uma grande quantidade de testemunhos sobre a prática de múltiplas cremações em Auschwitz. Alter Feinsilber, um Sonderkommando – que extraía os cadáveres das câmaras de gás para serem cremados – afirmou que cinco corpos “queimavam mais rapidamente”. [158] O guarda da SS Pery Broad escreveu que quatro ou cinco corpos poderiam ser colocados em cada um dos fornos dos Kremas II e III. [159] O Sonderkommando Filip Müller afirmou que três ou quatro poderiam ser incinerados de uma vez. [160] O Sonderkommando Szlama Dragon testemunhou que três corpos foram incinerados de uma vez. [161] Dois prisioneiros que fugiram em abril de 1944, cujo relatório foi baseado em informações recebidas à partir dos Sonderkommandos, afirmaram que três corpos poderiam ser cremados de uma vez. [162] Mieczyslaw Morawa, um trabalhador do crematório, testemunhou que testes realizados antes no crematório de Birkenau mostraram que três corpos poderiam ser cremados simultaneamente em um período de 40 minutos em cada um dos 15 fornos do Krema II. Ele afirmou que estes testes foram realizados com um cronômetro pela SS. [163]

Mattogno estava consciente de que os testemunhos sobre as cremações múltiplas iria lhe causar problemas em fazer seu argumento sobre o coque. Ele argumentou que tal procedimento não produzia benefícios, tanto no tempo de cremação de um corpo ou na economia de combustível. Assim ele alegou que múltiplas cremações simplesmente tem duas vezes mais tempo para cremar dois corpos simultaneamente e exigem duas vezes mais combustível. Seu argumento foi baseado nas informações do forno de mufla dupla de Gusen. Ele afirmou que se houvesse múltiplas cremações que teriam ocorrido em Gusen em 8 de novembro de 1941, seria o dia em que 72 corpos foram cremados. [164] Retornando à seção anterior do presente estudo em que Mattogno alega que em 8 de novembro demorou 24 horas e 30 minutos para se cremar 72 corpos, mas que o tempo real ficou entre 16 e 17 horas. Na verdade, a informação de Gusen de 7 de novembro mostra que 94 corpos foram cremados em 19 horas e 45 minutos, ou cerca de 25 minutos por corpo, esta informação teria sido mais atraente para o argumento do que ele estava tentando fazer. Entretanto, ele não se mostrou disposto a admitir que um corpo pode ser cremado em 25 minutos, sob quaisquer circunstâncias.

O problema com o argumento de Mattogno é que podemos estar bastante certos de que não havia múltiplas cremações nesses dias. Um relatório de engenharia de 7 e 8 de novembro mostra que estes fornos trabalharam em cada dia durante 4 horas, com 4 horas de trabalho no dia 6 de novembro e mais 8 horas no dia 9 de novembro. Estes dados significam que aconteceram reparos nos fornos no mesmo dia em que estavam cremando corpos. [165] Nestas circunstâncias, é altamente improvável que múltiplas cremações tenham ocorrido. Mattogno também examinou este arquivo, mas não foi capaz de encontrar qualquer prova de múltiplas cremações. Conforme referido na seção anterior do presente estudo (ver discussão na nota 135), a estimativa de Prüfer de 53 corpos por mufla em 24 horas é uma taxa dentro da faixa dos 47 corpos cremados por mufla em 7 de novembro em um período de 19 horas e 45 minutos. Como foi referido, esta taxa foi mais provavelmente alcançada através da introdução de um corpo em uma mufla antes do corpo anterior ter sido totalmente consumido, o que não é o mesmo que múltiplas cremações. Essa possibilidade parece ter sido prevista nas instruções da Topf para os fornos de Auschwitz, conforme discutido anteriormente. (Ver discussão na nota 108).

O relato mais completo sobre o funcionamento desses fornos foi dado pelo Sonderkommando Henryk Tauber em seu depoimento de maio de 1945. Auschwitz foi libertado em janeiro de 1945. É o documento contemporâneo mais recente. Tauber começou a trabalhar no Krema I em fevereiro de 1943 mas eventualmente foi movido para os Kremas II e III. Ele também trabalhou no Krema V. Mattogno nunca abordou o testemunho de Tauber. Tauber afirmou que era comum cremar simultaneamente cinco corpos no forno. Ele também afirmou que demorava cerca de uma hora e meia para incinerar cinco corpos simultaneamente. [166] Esse tempo não é irreal. Lembrando que foi anteriormente citado um forno japonês que poderia cremar simultaneamente cinco corpos em um período de 2 horas a 2 ½ horas em 1911.

Tauber também notou que, sob condições adequadas, foi possível cremar oito corpos simultaneamente em um forno. Ele menciona o caso dos oito corpos emaciados. Ele também afirma quando crianças iriam ser cremadas, o Sonderkommando cremava os corpos de cinco ou seis crianças com dois adultos. [167] Ele ainda descreveu como os corpos das crianças foram colocados no forno para evitar a queda para as cinzas. [168]

Tauber também aborda a questão do combustível na queima dos corpos. Seu testemunho é importante a este respeito, porque ele mostra que era um problema e que as autoridades tinham desenvolvidos métodos para lidar com ele. Ele explica:
Como já disse, havia cinco fornos no Krema II, cada um com três muflas para cremar os corpos e duas lareiras aquecidas a coque. Assim o fogo ia para os dois lados das muflas, em seguida, aquecia a central, de onde eram levados os gases de combustão ao forno, entre as duas lareiras. Graças a esta combinação, o processo de incineração de corpos no lado das muflas diferia da mufla central. Os corpos de...as pessoas perdiam gordura e [a gordura] queimava rapidamente nas muflas laterais e lentamente na central. Inversamente os corpos das pessoas que eram gaseadas na chegada, não eram desperdiçadas, queimavam na mufla central. Durante a incineração destes corpos, o coque era inicialmente utilizado apenas para acender o fogo da fornalha, para que os corpos gordos queimassem por inciativa própria, graças à combustão da gordura corporal. [169]
A explicação de Tauber para a utilização da gordura corporal como fonte de combustível foi enfatizada em qualquer outra parte do seu testemunho. Assim, logo de início, ele mencionou que “[o] processo de incineração era acelerado pela combustão da gordura humana, assim, produzia mais calor.” Este método foi utilizado nos Krema II e III. Mais tarde, ele mencionou que, quando uma gordura corporal “era carregada no fogo quente, a gordura imediatamente fluía para as cinzas, onde pegava fogo e iniciava a combustão do corpo.” [170]

O uso da gordura das vítimas obesas como combustível era algo que exigiria conhecimento em primeira mão. Tauber era um sapateiro e não teria uma posição a esse respeito se realmente não tivesse obervado. A questão é saber quão credível é o seu testemunho. O engenheiro alemão Rudolf Jakobskotter, que Mattogno havia citado como uma autoridade em fornos crematórios, escreveu que a gordura corporal produz calor queimando em um forno. [171] Mattogno não aborda diretamente a questão da utilização de gordura corporal nos fornos como fonte de combustível. Ele inicialmente tinha descartado o testemunho sobre a utilização da gordura corporal nas valas de cremação para acelerar o processo de cremação. Entretanto, ele posteriormente retirou a sua primeira objeção escrevendo que “eu descobri que este procedimento pode ser feito para funcionar, se feito de uma determinada maneira...” [172] Tauber também tinha comentado como a gordura corporal foi utilizada nas valas de cremação para acelerar a cremação. [173]

O processo de utilização de gordura corporal em um forno foi também descrito pelo Sonderkommando Filip Müller, que observou que as autoridades tinham encontrado formas de colocar os corpos nos fornos para maximizar a eficiência de combustível:
"No decurso destas experiências, cadáveres eram selecionados de acordo com critérios diferentes e então cremados. Assim os cadáveres de dois Mussulmans [gíria do campo para prisioneiros emaciados], eram cremados junto com os de duas crianças ou os corpos de dois homens bem nutidos juntamente com a de uma mulher emaciada, cada carga, consistia de três, ou às vezes quatro corpos. Os membros destes grupos [homens da SS e visitantes civis do crematório] ficaram especialmente interessados na quantidade de coque necessária para queimar cadáveres de qualquer categoria em particular..."
Posteriormente, todos os cadáveres foram divididos nas quatro categorias acima mencionadas, o critério é a quantidade de coque necessária para reduzí-los a cinzas. Assim foi decretado que os mais econômicos procedimentos de economia de combustível seria cremar os corpos de um homem bem nutrido e de uma mulher emaciada, ou vice-versa, em conjunto com a de uma criança, porque, como os experimentos tinham estabelecidos, nesta combinação, uma vez que tinha pegado fogo, os mortos continuariam a arder sem que mais coque fosse exigido.” [174]

Do mesmo modo, o comandante do campo de Auschwitz, Rudolf Hoess testemunhou em Nuremberg que três corpos eram cremados simultaneamente para que os corpos das pessoas obesas queimassem mais rápido. [175] Ele também mencionou a cremação de três corpos simultaneamente em suas memórias, [176] a precisão deste assunto é tema de um outro estudo aqui no site do THHP.

O depoimento de Tauber e as memórias de Müller foram escritas anos antes de que alguém soubesse que o coque seria um assunto a discutir. Ambos relatos revelam claramente que o combustível foi uma séria consideração na gestão dos crematórios e que as autoridades tinham encontrado formas de lidar com o problema.

Madeira também foi outra fonte de combustível para os fornos. A Topf fez fornos que poderiam ser abastecidos com madeira, mas eles não foram tão eficientes quanto os modelos a coque. [177] Tauber declarou que madeira e palha foram utilizados nos fornos quando o estoque de coque estava baixo. [178] Mattogno localizou registros para entrega de madeira feitos em setembro e outubro de 1943. Ele alegou que a quantidade de madeira entregue foi equivalente a 21,5 toneladas de coque, quase não deu para resolver o problema. [179] Entretanto, Mattogno está suficientemente familiarizado com os arredores do campo de Auschwitz para saber que as autoridades não estavam dependendo de entrega formal de madeira. Fotos da área de Birkenau durante este período onde os crematórios estavam localizados mostram que eram rodeados por uma área bastante arborizada. [180] Na verdade, houve uma abundante oferta de madeira na área envolvida. Era necessário apenas ir, cortar e jogar abaixo. Fotos do Krema III após a liberação mostram as grandes pilhas de madeira cortada no seu exterior. [181] Um relatório sobre a resistência do crematório detalhado, mostra que em agosto de 1944 30 descarregadores de madeira [Holzablader] junto a 870 fogueiros dividiam 2 turnos de doze horas. [182]

Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott

Continuação - Partes: (1);(2);(3);(4);(5);(6);(7);(8);(9);(10);(11)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Febre do Ouro em Treblinka

Um artigo que apareceu em 7 de Janeiro de 2008 no jornal polaco Gazeta Wyborcza, também disponível na Internet, aborda um assunto pouco conhecido, relacionado com a chacina em massa no campo de extermínio de Treblinka: a participação de polacos não judeus no saque das pertenças das vítimas durante a operação do campo e a busca de tesouros na área do antigo campo de extermínio depois de este ter sido desmantelado. Os autores deste artigo, Piotr Głuchowski e Marcin Kowalski, descrevem estes fenómenos sob o título "Febre do Ouro em Treblinka".

O artigo foi traduzido para alemão pelo Dr. phil. Joachim Neander, um historiador alemão residente em Cracóvia, Polónia. A tradução feita pelo Dr. Neander, que pode ser lida na minha mensagem # 10008 no fórum RODOH, foi por sua vez traduzida para inglês por mim, e o Dr. Neander teve a gentileza de rever a tradução e verifica-la com o texto original em língua polaca. Esta tradução pode ser lida na minha mensagem # 10010 no referido fórum. Também já existe tradução para português, que se encontra na minha mensagem # 10962 no mesmo fórum.

O artigo contém algumas incorrecções.

Uma é a afirmação, aparentemente baseada em informação fornecida pelo antigo director do museu do campo de Treblinka, Tadeusz Kiryluk, que Ivan Demianiuk foi sem dúvida um guarda em Treblinka. De facto, conforme resulta de outras fontes, incluindo este comentário sobre o caso Demianiuk, existe forte evidência de que Demianiuk prestou serviço com guarda SS em vários campos de concentração ou extermínio nazis, incluindo Sobibor e Flossenbürg, mas não há evidência sólida de que alguma vez tenha prestado serviço em qualquer qualidade em Treblinka. O homem que Demianiuk foi acusado de ser, um guarda de Treblinka particularmente sádico conhecido como "Ivan o Terrível", era outro ucraniano com o nome de Ivan Marchenko.

Também é incorrecta a datação para 1947 da investigação do local pela Comissão Principal para a Investigação de Crimes Nazis e das observações de Rachel(a) Auerbach relativamente às actividades de saqueadores de campas. De facto, a Comissão Central para a Investigação de Crimes Alemães na Polónia publicou os factos por ela apurados relativamente ao Campo de Extermínio de Treblinka em 1946, sendo a sua descrição do local de Treblinka obviamente baseada numa investigação feita em Novembro de 1945 pelo Juiz Investigador Lukaszkiewicz, que é referida no meu artigo Polish investigations of the Treblinka killing site were a complete failure … [versão em português]. Segundo um extracto do livro de Yitzhak Arad Belzec, Sobibor, Treblinka. The Operation Reinhard Death Camps, citado no mesmo artigo, Rachel(a) Auerbach visitou Treblinka em 7 de Novembro de 1945, "como parte de uma delegação do Comité Estatal Polaco para a Investigação de Crimes de Guerra Nazis em Solo Polaco"; a memória das suas impressões citada por Arad condiz com as suas afirmações sobre os "chacais e hienas com forma humana", citadas no artigo de Gazeta Wyborcza. O dia 7 de Novembro de 1945 é a data indicada pela própria Rachel(a) Auerbach no seu livro In the Fields of Treblinka("Nos Campos de Treblinka"), cuja tradução para inglês faz parta da colecção The Death Camp Treblinka. A Documentary, editada por Alexander Donat (1979 Waidon Press, Inc., New York City).

A informação de que o campo de trabalho Treblinka I foi inspeccionado pela Cruz Vermelha também parece ser de duvidosa exactidão, ao menos à primeira vista. Isto porque, não obstante a camuflagem do campo da morte de Treblinka II atrás de uma vedação de arame entretecida com ramos (e também árvores, segundo o artigo de Gazeta Wyborcza), como poderiam delegados da Cruz Vermelha, ao inspeccionar um campo de trabalho que se situava a apenas dois quilómetros a sul do campo de extermínio de Treblinka II, ter deixado de notar o fedor dos cadáveres (que, segundo salienta o Prof. Browning no seu relatório de especialista entregue no litígio Irving-Lipstadt, conduziu a uma queixa documentada por parte do comandante local da Wehrmacht de uma povoação (Ostrow) a 20 quilómetros de distância de Treblinka), se Treblinka I foi inspeccionado no verão ou Outono de 1942, no auge das operações de matança em Treblinka II? E como poderia uma delegação da Cruz Vermelha que visitasse Treblinka I na primavera ou no verão de 1943, quando a incineração dos cadáveres em Treblinka II estava decorrendo em pleno, ter deixado de notar o fumo que subia daquele campo e o cheiro a carne queimada? Por outro lado, o campo de trabalho de Treblinka I foi estabelecido em fins de 1941, enquanto Treblinka II apenas começou a operar em fins de Julho de 1942, e Treblinka I continuou operacional até Julho de 1944, cerca de sete meses depois de ter sido concluído o desmantelamento de Treblinka II. Isto significa que delegações da Cruz Vermelha que visitassem Treblinka I antes do fim de Julho de 1942 ou depois do fim de Novembro de 1943 não poderiam ter notado sinais de um campo de extermínio que ainda não existia ou tinha deixado de existir na altura da sua inspecção.

Por último, cumpre anotar que o número de vítimas de Treblinka II mencionado no artigo de Gazeta Wyborcza, cerca de 900.000, corresponde à banda alta de estimativas sobre o número de judeus assassinados neste campo de extermínio. Na página 14 da colectânea acima referida de Alexander Donat, são listadas várias estimativas (minha tradução):

Segundo o perito judiciário oficial alemão, o director do Instituto de História Contemporânea de Munique Dr. Helmut Krausnick, pelo menos 700.000 – incluindo os 329.000 judeus de Varsóvia – morreram lá. No segundo julgamento de Treblinka, outro perito, o Dr. Wolfgang Scheffler, aumentou esta cifra para 900.000 vítimas. O número oficial polaco conforme indicado por Z. Łukaszkiewicz é de 800.000; Rachel Auerbach coloca-o em 1.074.000. Franciszek Ząbecki, um polaco que era controlador de tráfego na estação ferroviária de Treblinka e que, para o Exército Doméstico Polaco (AK), manteve um registo diário de todos os transportes ferroviários, insistiu em que o número não poderia ter sido inferior a 1.200.000 "sem sombra de dúvida." A evidência mais convincente foi dada a mim pessoalmente por Samuel Rajzman, o sénior dos sobreviventes de Treblinka: ele tinha testemunhado uma festa dos SS celebrando a chegada do milionésimo deportado a Treblinka. Esta festa teve lugar bem antes do fim das operações do campo.


Raul Hilberg, em The Destruction of the European Jews, estimou o número de vítimas deTreblinka como sendo de "até 750.000". No seu relatório atrás referido, a Comissão Central para Investigação de Crimes Alemães na Polónia escreveu que "o número de vítimas assassinadas em Treblinka monta a, pelo menos, 731,600". Uma peça de evidência recentemente descoberta, o relatório enviado em 11 de Janeiro de 1943 pelo SS-Sturmbannführer Höfle em Lublin ao SS-Obersturmbannführer Heim em Cracóvia, menciona exactamente 713.555 judeus entregues em Treblinka até 31.12.1942, durante o período de maior actividade na operação do campo. Assim, as estimativas mais prováveis parecem ser as que foram feitas por Łukaszkiewicz, Hilberg e a Comissão Central para Investigação de Crimes Alemães na Polónia, enquanto a estimativa de Krausnick é algo baixa e as estimativas altas de Scheffler, Auerbach e Zabecki são demasiado altas. Dada a variedade de estimativas, teria sido aconselhável para os autores do artigo de Gazeta Wyborcza – e para a sua fonte aparente, o actual director do museu de Treblinka – mencionar um leque de estimativas em vez de uma única cifra.

Apesar dos defeitos acima referidos, o artigo de Gazeta Wyborcza é altamente informativo, devido à evidência que apresenta sobre as intensas actividades de saque no local do campo de extermínio de Treblinka II após o seu desmantelamento. Além de afirmações dos habitantes das aldeias circundantes entrevistados pelos autores do artigo, e do que foi escrito por Rachel(a) Auerbach, esta evidência inclui:

• Dois relatórios da Secção de Siedlce do Destacamento da NSZ para Acções Especiais [NSZ = Narodowe Siły Zbrojne – Forças Armadas Nacionais, organização guerrilheira polaca de direita, anti-comunista] sobre a cobrança de contribuições a habitantes locais que profanaram as campas em Treblinka – os guerrilheiros, ao que parece, viam estes saqueadores como uma fonte prometedora de fundos;

• Uma vívida descrição do local e do saque por um membro de uma comissão investigadora de Varsóvia, Karol Ogrodowczyk;

• Um relatório de actividade pelo comandante da milícia de Kosów Lacki sobre medidas (fúteis) adoptadas pela sua unidade contra os saqueadores;

• Uma foto de uma acção contra os saqueadores, empreendida por uma unidade da milícia de Ostrowa Mazowieckie:

Numa das cabanas em Wólka obtivemos uma foto extraordinária desta acção, talvez a única que ainda existe. Ninguém a tinha publicado até agora. Uma cena em campo aberto: soldados armados com pistolas-metralhadoras à volta de um grupo de aldeões. As mulheres com lenços na cabeça e longas saias, como se fossem para a colheita. Só que nas mãos têm pás em vez de foices. Os homens com bonés e casacos, com pás. À frente deles caveiras e ossos de pernas amontoados. Não se vê consternação nas caras. Os detidos sabem que não têm nada a temer.




Estas e outras evidências de perturbações do solo que ocorreram no local de Treblinka muito depois de o campo de extermínio ter sido desmantelado (valas com "uns bons 10 metros de profundidade", segundo Ogrodowczyk, uma das quais parece "a vala de construção de uma casa de vários andares" numa fotografia mostrada aos autores do artigo pela historiadora polaca Martyna Rusiniak) acrescentam mais um toque de absurdo às afirmações de um certo "revisionista" de nome Richard Krege, que afirmou não ter encontrado sinais de valas em massa na área de Treblinka numa "investigação" do solo com radar subterrâneo (ground penetrating radar - GPR) feita em 1999, e cuja alegada metodologia também foi comentada desfavoravelmente por um especialista em tecnologia de GPR, Lawrence B. Conyers (vide a mensagam postada em Tue Nov 13, 2007 2:12 am por "wet blanket" no fórum de discussão "Atheist Parents"). Passo a traduzir a análise de Conyers, relativa a uma imagem da referida "investigação" que Krege publicou:

Olhei para o site, e para a imagem que o senhor enviou. É apenas uma pequena parte da 'grelha' dele. A foto mostra-o usando uma antena de 200 MHz e recolhendo secções transversais espaçadas em cerca de um metro numa ampla grelha. Aquela imagem não foi processada, e apenas mostra uma secção de 5 metros de comprimento numa linha. E mesmo naquele perfil parece haver algumas "coisas" no solo ao lado direito que podem bem ser valas em massa. Resulta aparente que este fulano ou não percebe nada de GPR, ou no mínimo não sabe como processa-lo. Para fazer um trabalho como deve ser, os dados devem ser colocados num cubo 3-D cube de reflexões e processados em grupo, incluindo TODOS os perfis recolhidos. Se alguém quiser ir mesmo ao fundo desta questão terá que obter os dados dele e deixar outro alguém processá-los, ou recolher todo novamente e processar os seus próprios dados. Isto aqui NÃO é nenhum estudo científico ou representativo do solo, nem nada que se pareça.


Uma afirmação feita pelo antigo director do museu do campo de Treblinka, Tadeusz Kiryluk, citada no artigo de Gazeta Wyborcza, mostra que o Sr. Krege, se de facto fez o que afirma ter feito, não foi o único que andou a passear no local de Treblinka com um GPR. Também sugere que, caso a actividade de Krege tenha sido notada pelo pessoal do monumento de Treblinka, o fulano deve ter sido tomado por um saqueador tecnicamente avançado buscando ouro dos judeus assassinados em Treblinka:

“Quando foi que viu os últimos saqueadores?” – “Não sei dizer exactamente. Mas os últimos que vieram cá tinham detectores de metal. Deve ter sido nos anos 90. Uma vez falei com um que tinha um desses aparelhos. Ele insistia em mostrar-me como esse radar trabalha. Têm-nos sempre melhores, os saqueadores de cadáveres. Antigamente davam sinal só quando havia metal, mas agora há aparelhos de radar com os quais se pode olhar debaixo do solo. São manejados por computador.”


As entrevistas dos jornalistas de Gazeta Wyborcza com habitantes locais mostram que a "febre do ouro" em Treblinka é um tema incómodo e vergonhoso, que os contemporâneos e seus descendentes ainda têm relutância em discutir. Este compreensível embaraço, no contexto da actual controvérsia na Polónia sobre o papel desempenhado por polacos não judeus no extermínio dos judeus da Polónia pelos nazis (vide a última secção do artigo, relativa ao livro "Fear" do estudioso polaco-americano Jan Gross) vê-se mais nitidamente nos comentários de um aldeão, que solicitou anonimato, sobre a fotografia acima referida:

"As pessoas aprenderam a diferença entre trigo e ouro," conta o dono da casa, a quem mostramos a foto. Estuda longamente as caras na fotografia. Não quer revelar quem reconheceu, mas admite que: "Não são pessoas anónimas." Várias vezes repete que, se mencionar-mos o seu nome na "Gazeta", os vizinhos queimar-lhe-ão a casa.


O vergonhoso saque das valas em massa de Treblinka – aquilo que Rachel(a) Auerbach descreveu apropriadamente como o comportamento de "chacais e hienas com forma humana" – não se restringiu a civis polacos, contudo. Tropas soviéticas também participaram:

No Outono de 1944 voltaram a aparecer guardas ucranianos e russos, mas desta vez ao serviço de Estaline. Com a sua chegada a escavação camponesa virou uma indústria. Do aeroporto de Ceranów, a 10 km de distância, os soviéticos trouxeram minas e bombas que não tinham explodido. A carga explosiva era afundada numa vala em massa, um soviético fazia-la detonar, e os cadáveres dos judeus voavam pelo ar.
Quando três anos mais tarde apareceram membros da Comissão Principal para Investigação dos Crimes Nazis, a vergonhosa actividade estava no seu apogeu. O membro da comissão Rachela Auerbach anotou: "Com pás e outros artefactos saqueadores e ladrões escavam, buscam, vasculham ... carregam para cá projécteis de artilharia e bombas não detonadas – chacais e hienas com forma humana. Fazem buracos na terra embebida em sangue, misturada com a cinza de judeus queimados ..."
Tendo em conta a censura, Auerbach não podia dizer, desde logo, que eram os soviéticos quem organizava e supervisionava esta vergonhosa actividade. Não esclareceu quem eram os "ladrões".


A vívida imagem de cadáveres judeus voando pelo ar é algo inexacta na medida em que a maior parte daquilo que voou pelo are quando foram detonados explosivos nas valas em massa de Treblinka devem ter sido as cinzas e fragmentos de ossos a que a maior parte dos corpos das vítimas tinham sido reduzidos mediante incineração. Por outro lado, o extracto acima citado confirma uma suposição manifestada no meu artigo Polish investigations of the Treblinka killing site were a complete failure … [versão em português], onde escrevi o seguinte:

Também cabe questionar porque Mattogno não considerou a possibilidade de que estas crateras de bomba resultaram da actividade de escavadores saqueadores, os quais poderiam, por exemplo, ter obtido tais dispositivos do arsenal de um comandante soviético corrupto ou até ter incluído membros de unidades de artilharia ou de engenheiros soviéticos, que participaram eles próprios na "febre do ouro de Treblinka" equipados com o necessário equipamento para abrir grandes buracos e assim facilitar a busca dos objectos de valor que presumiam ter sido deixados atrás pelas vítimas de Treblinka.


Uma certa relutância em mencionar o envolvimento de tropas soviéticas na "febre do ouro" em Treblinka parece existir até hoje, por qualquer razão. Ao menos é esta a suspeita que levanta a explicação dada pelo director do museu do campo Kopówka aos jornalistas de Gazeta Wyborcza para a depressões no solo que actualmente se encontram na área de Treblinka:

"Quando demos a volta ao monumento encontramos depressões no terreno," dizemos ao despedir-nos do director. "A julgar pelas árvores que crescem neles devem ter algumas dúzias de anos. Trata-se de depressões provenientes das escavações?" – "Não ... isso vem de projécteis de artilharia. Em 1944 a linha da frente passava por aqui durante algumas semanas."


A pesquisa de Alex Bay sobre operações militares à volta de Treblinka em 1944 não indica que tenha necessariamente havido quaisquer combates na área de Treblinka, e a fotografia aérea captada pela Luftwaffe em Setembro de 1944, incluída no artigo The Reconstruction of Treblinka de Bay, não mostra a presença de crateras feitas por mísseis de artilharia que correspondam às afirmações de Kopówka. Explosões que produziram tais crateras devem ter ocorrido, portanto, em altura posterior à fotografia de Setembro de 1944.

Martyna Rusiniak, cujo livro sobre O campo de extermínio Treblinka II na memória colectiva é mencionado no artigo de Gazeta Wyborcza como estando previsto para publicação no mês seguinte, discorda com Kopówka na medida em que atribui uma parte das depressões nas florestas de Treblinka às "hienas", especialmente às suas escavações "barulhentas" envolvendo o uso de explosivos. Presumo que o livro de Martyna Rusiniak contém mais detalhes interessantes sobre o campo de extermínio de Treblinka e a Febre do Ouro em Treblinka.

Agradeço ao Dr. Neander por ter feito a revisão deste artigo e ter chamado a atenção para algumas correcções necessárias.

[Tradução adaptada do meu artigo Gold Rush in Treblinka no blog Holocaust Controversies.]

Memorando escrito por Heinrich Himmler em 1941

Memorando escrito por Heinrich Himmler em 18 de dezembro de 1941:
http://www.mazal.org/archive/documents/DOC-00002.htm

Em alemão:

[...]
Führerhauptquartier Wolfsschanze 18 XII.41. 16.2 [16?]Führer

Judenfrage als Partisanen auszurotten
________

Neuorganisation. i. Waffen SS
________

Leibstandarte
Gebirgsdiv.
[...]
----------------------------------------------------------------------------
Tradução (inglês):

[...]
Fuehrer's Headquarters Wolf's Lair December 18 1941 16.2 [4:20 PM or
4:00 PM?] Fuehrer

Jewish Question to exterminate as partisans
[...]
----------------------------------------------------------------------------
Tradução (português):

[...]
Quartel General "Toca do Lobo" do Fuehrer
18 de dezembro de 1941 16.2 [16:20 ou 16:00?] Fuehrer

Problema judeu exterminar como guerrilheiros
[...]

Fonte: Mazal/Holocausto-doc Lista Yahoo!
http://br.dir.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/1

sábado, 11 de abril de 2009

Porta da câmara de gás de Majdanek

Esta peça era parte da porta de uma câmara de gás do campo de extermínio de Majdanek, perto de Lublin, Polônia. Majdanek era tanto um campo de concentração, quanto de trabalho forçado e de extermínio. Cada câmara de gás de Majdanek era equipada com uma porta de metal, que fechava hermeticamente antes do gás ser injetado dentro da câmara. Os guardas das SS podiam observar o processo de extermínio através do olho mágico instalado na metade superior da porta. O Museu Estadunidense Memorial do Holocausto a mantém em exposição e é responsável por ela.

— Landesbildstelle Berlin

Para assistir o vídeo, entrar no link do site do museu.

Fonte: USHMM
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/media_da.php?MediaId=100

Para ler mais, artigo completo(em inglês).

quarta-feira, 8 de abril de 2009

"Números" da Cruz Vermelha no Holocausto, mais uma armação "revisionista"

Por Leo Gott


Nas “famosas” 66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto (documento elaborado pelo então diretor do IHR, Greg Raven e pelo neonazista Ernst Zündel, onde eles criaram a pergunta e também a resposta, o Projeto Nizkor fez a réplica das perguntas COM FONTES, e que até hoje os “revisionistas” não fizeram a tréplica), podemos ver uma pergunta relacionada com as visitas da Cruz Vermelha ao campo de extermínio de Auschwitz que foi numerada como pergunta número 51: (os grifos são meus)

51. Que relatório deu a Cruz Vermelha Internacional sobre a questão do "Holocausto"?

O IHR diz:

Um relatório sobre a visita a Auschwitz de delegados da Cruz Vermelha Internacional realizada em setembro de 1944 assinalou que era permitido aos prisioneiros receber pacotes e que não se pôde verificar os rumores sobre câmaras de gás.

O NIZKOR diz:


Não se pôde verificar os rumores sobre as câmaras de gás porque se proibiu expressamente os delegados de visitarem os Krema de Auschwitz, onde estavam as câmaras de gás e os crematórios. Só os levaram somente as zonas do enorme complexo que alojavam os prisioneiros que não iam ser exterminados. Havia alguns prisioneiros de guerra aliados em Auschwitz, vivendo em condições razoáveis, mas que sabiam dos gaseamentos e o mencionaram aos delegados da Cruz Vermelha.

Por exemplo, o antigo SS-Untersturmführer Dr. Hans Münch confirmou isto em seu testemunho perante o Tribunal Internacional de Nuremberg (Trial of the Major War Criminals, 1948, Vol. VIII, p. 313-321). Disse:

Fui testemunha repetidas vezes de diversas visitas guiadas de civis e delegados da Cruz Vermelha, e pude comprovar que a direção do campo preparou tudo magistralmente para dirigir estas visitas de tal maneira que os visitantes não vissem o mais mínimo tratamento inumano. Só se mostrava o campo principal, e neste campo principal estavam os chamados blocos de exposição, sobretudo o bloco 13, que estavam especialmente preparados para estas visitas guiadas e que estavam equipados como um barracão normal de soldados, com camas com lençóis, e serviços que funcionavam.

Ironicamente, esta política de não mostrar as instalações de extermínio também foram confirmadas pelo próprio IHR, ainda que sem o querer. No "Relatório Lüftl", o suposto especialista(expert) Walter Lüftl menciona um relatório enviado aos comandantes dos campos de concentração. De acordo com Lüftl, é dito:

Não se deve mostrar nem o bordel nem os crematórios durante as visitas ao campo. Não se deve mencionar a existência destas instalações às pessoas que visitem o campo...


Lüftl segue comentando:

Aparentemente, então, podia-se mostrar e mencionar todo o demais aos visitantes. Logicamente, se tivesse existido uma câmara de gás, poderia ter-se mostrado e se poderia ter falado dela; se não, teria sido incluída na proibição.

Dado que não podemos assumir que nenhum membro das SS jamais mostrou uma câmaras de gás [destinada a matar pessoas] aos inspetores da Cruz Vermelha Internacional, é possível concluir que não havia nenhuma.


Lüftl, que supostamente é um especialista(expert), não é nem sequer consciente de que o termo "crematórios" refere-se aos complexos de cremação, que não só incluíam os fornos, como também as câmaras de gás.

Sem querer, ele tem apresentado provas contra suas próprias hipóteses - por que era necessário se ocultar os complexos de cremação da Cruz Vermelha se ali não ocorria nada que a Cruz Vermelha não devesse ver?

O "Relatório Lüftl" está na Internet num arquivo de texto no Nizkor, ou em uma página web no website de Greg Raven. Procure no texto "Red Cross".

A própria Cruz Vermelha em seu site, informa que foi impossibilitada de fazer uma vistoria no campo de acordo com os padrões, e que quando estes eram autorizados eram visitas orquestradas, conforme narrado pelo “revisionista” Walter Lüftl.


Sobre um suposto documento que a Cruz Vermelha emitiu com a quantidade de mortos por campo de concentração que é espalhado em sites neonazistas e antissemitas, além de comunidades nos sites de relacionamento, a Cruz Vermelha emitiu um comunicado em 11 de outubro de 1965 e que foi publicado no livro Legenden, Lügen, Vorurteile editado pelo historiador alemão Wolfgang Benz e outros, nas páginas 107 a 112, segue abaixo trecho do livro e da carta traduzida pelo colaborador deste blog, Roberto Muehlenkamp (grifos meus):

“Não é possível, contudo, indicar um número absoluto com exatidão matemática. Este fato tem vindo a ser utilizado durante décadas por extremistas de direita e neo-nazis para diminuir ou negar completamente a dimensão do Holocausto. As suas "provas" consistem em truques estatísticos, alegadas declarações do Cruz Vermelha Internacional ou da ONU e repetidas tentativas de demonstrar a impossibilidade técnica do extermínio em massa em Auschwitz e outros campos de extermínio ou a falsidade das provas reais.

A "fonte" mais antiga, mas que continua a ser citada, é uma alegada constatação oficial da Cruz Vermelha nos primeiros anos depois da guerra, segundo a qual houve um máximo de 300.000 vítimas de perseguição racista, religiosa ou política. Esta indicação, propagada primeiro em jornais suíços e depois entre extremistas de direita alemães, é uma invenção de partes interessadas, conforme se depreende da Declaração do Comitê Internacional da Cruz Vermelha perante o Instituto de História Contemporânea em Munique de 17 de Agosto de 1955.

A publicação desta informação não impediu que se continuasse a propagar este número disparatado.

Dez anos mais tarde, em 11 de Outubro de 1965, a Cruz Vermelha novamente se distanciou decididamente: "Gostaríamos que ficasse claro que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Genebra não tem absolutamente nada a ver com estas afirmações. Estatísticas sobre perdas na guerra e as vítimas de perseguições políticas, racistas ou religiosas não fazem parte da sua área de competência, nem nunca fizeram. Mesmo tratando-se de prisioneiros de guerra (que se encontram protegidos desde 1929 por um acordo internacional e para os quais, como é do vosso conhecimento, possuímos uma Central de Procura) não nos atrevemos a indicar números, uma vez que estamos bem conscientes de que não podemos estar na posse de todas as informações respeitantes a este grupo de vítimas de guerra. Tanto mais estamos obrigados a abster-nos de qualquer estimativa quando se trata de civis que naquela altura não estavam protegidos por qualquer convenção e, portanto, estavam quase completamente fora do alcance da ação da Cruz Vermelha.”


Um blog “revisionista” de nome “revisionismo em linha” de propriedade do Sr. João Dordio neste artigo afirma que (grifos meus):

Ninguém duvida da credibilidade da Cruz Vermelha. Em todos os cenários de guerra, em todos os cenários de calamidade, os dados fornecidos por esta instituição não merecem grandes dúvidas. Porém, como em tudo, existe uma excepção. Ainda ninguém nos explicou porque é que os dados da Cruz Vermelha já não merecem credibilidade quando apontam um número de mortos nos campos de concentração Nazis muito mais baixos do que os da história oficial…


Podemos concluir que as dúvidas apontadas não só pelo Sr.João Dordio (Johny Drake) mas por vários outros “revisionistas” foram sanadas neste artigo, a não ser aqueles que ainda mantêm viva a “fé revisionista”, aquela que “remove montanhas”, ops, “remove fontes”.


Pesquisador descobre cópia da lista de Schindler

Pesquisador descobre na Austrália cópia da 'lista de Schindler'

Com 13 páginas em carbono, ela estava entre documentos em biblioteca.
Industrial alemão salvou 801 judeus do Holocausto na Segunda Guerra.

Do G1, com AFP
Foto divulgada pela biblioteca estadual de New South Wales nesta segunda-feira (6) mostra o escritor Thomas Keneally com a 'lista de Schindler', com nomes de 801 judeus salvos do Holocausto pelo industrial alemão Oskar Schindler. A lista foi descoberta quando o pesquisador Olwen Pryke vasculhava seis caixas de documentos adquiridas pela livraria em 1996. A lista, de 13 páginas, é uma cópia da original em papel carbono. Ela foi achada entre notas de pesquisa e recortes de jornais alemães em uma das caixas, segundo o pesquisador. A história virou um longa-metragem do diretor americano Steven Spielberg em 1993. (Foto: AFP)

Fonte: AFP/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1075180-5602,00-PESQUISADOR+DESCOBRE+NA+AUSTRALIA+COPIA+DA+LISTA+DE+SCHINDLER.html

terça-feira, 7 de abril de 2009

Buchenwald - Enciclopédia do Holocausto

Buchenwald, juntamente com seus muitos campos satélites, foi um dos maiores campos de concentração criados pelos nazistas. Foi construído em 1937 em uma área arborizada na encosta setentrional da floresta de Ettersberg, a cerca de 8 quilômetros a noroeste da cidade de Weimar, situada na área centro-leste da Alemanha. Antes do domínio nazista, Weimar era famosa por ser a residência do mundialmente conhecido e admirado escritor e poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe, uma das maiores expressões da tradição liberal alemã do século dezoito e início do dezenove, e também por ter sido o berço da democracia constitucional alemã, a República de Weimar instituída em 1911. Durante e após o regime nazista "Weimar" passou a ser associada ao campo de concentração de Buchenwald.

Em julho de 1937 Buchenwald foi aberto para a acomodação masculina, e até o final de 1943 ou início de 1944 mulheres não eram detidas naquele sistema de campos de concentração. Os detentos eram confinados na seção norte do campo, em uma área conhecida como o “campo principal”, e as barracas dos guardas das SS e o complexo administrativo ocupavam a parte sul. O campo principal era rodeado por cercas de arame eletrificado e farpado, torres de vigilância, e uma rede de sentinelas armadas com metralhadoras automáticas. A área de detenção, também conhecida como Bunker, ficava na entrada do campo principal. Os agentes das SS freqüentemente fuzilavam prisioneiros nos estábulos ou os enforcavam na área do crematório.

A maioria dos primeiros detentos de Buchenwald era formada por prisioneiros políticos. Contudo, em 1938, após o massacre da Kristallnacht, os agentes das SS e da polícia alemã enviaram cerca de 10.000 judeus para Buchenwald, onde foram submetidos a tratamentos extraordinariamente cruéis. Duzentos e cinqüenta e cinco deles morreram por causa dos maus tratos iniciais infligidos naquele campo.

Judeus e prisioneiros políticos não foram os únicos grupos a fazerem parte da população de detentos em Buchenwald, embora os "políticos", devido à sua longa permanência no local, desempenhassem um papel importante na infra-estrutura carcerária do campo. Criminosos reincidentes, Testemunhas de Jeová, ciganos roma e sinti, e desertores militares alemães também eram mantidos em detenção em Buchenwald. Este foi um dos únicos campos de concentração a manter como prisioneiros pessoas acusadas de “preguiça”, indivíduos que o regime encarcerou sob a acusação de serem "anti-sociais" porque não podiam, ou não queriam, conseguir uma ocupação lucrativa. Em seus últimos dias, o campo também teve prisioneiros de guerra de diversas nacionalidades, combatentes da resistência, ex-dirigentes importantes dos países ocupados pelos alemães, e operários estrangeiros realizando trabalhos forçados.


A partir de 1941, médicos e cientistas empreenderam um programa diversificado de experiências “médicas” com os prisioneiros de Buchenwald, realizadas em barracas especiais montadas na parte norte do campo principal. O objetivo dessas experiências era testar a eficácia de vacinas e tratamentos contra doenças contagiosas como o tifo, a febre tifóide, a cólera e a difteria, experiências estas que resultaram em centenas de mortes. Em 1944, o médico dinamarquês Dr. Carl Vaernet iniciou uma série de experiências de transplantes hormonais que, segundo ele, trariam a "cura" para detentos homossexuais.

Ainda naquele mesmo ano, os oficiais do campo montaram, próximo ao prédio da administração de Buchenwaldum, um "complexo especial" para receber prisioneiros políticos alemães famosos. Ernst Thaelmann, presidente do conselho do Partido Comunista Alemão antes que Hitler ascendesse ao poder em 1933, lá foi assassinado em agosto de 1944.

Buchenwald: trabalho forçado e sub-campos

Durante a Segunda Guerra Mundial, o sistema do campo de concentração de Buchenwald tornou-se uma fonte importante de trabalho forçado. A população de prisioneiros cresceu rapidamente, chegando a 112.000 em fevereiro de 1945. As autoridades do campo de Buchenwald utilizavam esses trabalhadores escravos em oficinas, na pedreira situada no campo, e também na Deutsche- Ausrüstungs-Werk – DAW, a Fábricas de Equipamentos Alemães, uma empresa de propriedade das SS e por elas administrada. Em fevereiro de 1942, a empresa de armamentos “Wilhelm Gustloff Werke” montou uma pequena fábrica de apoio em um sub-campo de Buchenwald e, em março de 1943, abriu uma grande fábrica de munições ao lado do campo. Um ramal ferroviário, concluído em 1943, ligava o campo às áreas de embarque em Weimar, facilitando o transporte de materiais de guerra.

De Buchenwald eram administrados pelo menos 88 sub-campos espalhados pelos território alemão: de Düsseldorf, na Renânia, à fronteira com o Protetorado da Boêmia e da Moravia, a leste (anteriormente parte da República Checa). Os prisioneiros dos campos satélites eram colocados para trabalhar principalmente nas fábricas de armamentos, em pedreiras, e em projetos de construção. Os prisioneiros de Buchenwald periodicamente passavam por uma seleção, e os oficiais das SS enviavam aqueles que estavam incapacitados para trabalhar, seja por estarem extremamente debilitados ou por serem portadores de alguma deficiência física, para instalações de extermínio, como a de Bernburg. Lá eles eram mortos nas câmaras de gás como parte da Operação 14f13, que era uma extensão das operações de eutanásia contra os prisioneiros doentes e exauridos de outros campos de concentração. Os demais prisioneiros considerados fracos eram mortos por injeções de fenol aplicadas pelo médico do campo.

A liberação de Buchenwald

À medida que as tropas soviéticas se espalhavam rapidamente pela Polônia, os alemães evacuavam milhares de prisioneiros dos campos de concentração das áreas ocupadas que estavam sob ameaça. Após longas e brutais caminhadas, mais de 10.000 prisioneiros debilitados e exaustos, a maioria judeus, vindos de Auschwitz e Gross-Rosen chegaram a Buchenwald em janeiro de 1945.

No início de abril de 1945, com a aproximação das tropas americanas, os alemães começaram a evacuar cerca de 28.000 prisioneiros do campo principal e milhares de outros dos sub-campos de Buchenwald. Aproximadamente um terço destes prisioneiros morreu de exaustão no caminho e logo após a chegada, ou foram fuzilados pelas SS. Muitas vidas foram salvas por membros da resistência em Buchenwald. Devido às posições administrativas fundamentais que executavam no campo eles conseguiram dificultar a execução das ordens dos nazistas e atrasaram a evacuação.

Em 11 de abril de 1945, na iminência de sua libertação, prisioneiros famintos e extenuados lançaram-se de assalto aos vigias, assumindo o controle do campo. Naquela mesma tarde, as tropas americanas ocuparam Buchenwald, e os soldados da Terceira Divisão do Exército Americano lá encontraram mais de 21.000 pessoas. Entre julho de 1937 e abril de 1945, cerca de 250.000 pessoas de todos os países europeus ficaram aprisionados em Buchenwald. O número de mortes no campo de Buchenwald não pode ser dado com precisão pois uma quantidade significativa de prisioneiros nunca foi registrada: sabe-se que pelo menos 56.000 detentos do sexo masculino foram assassinados no sistema de concentração de Buchenwald, dos quais 11.000 eram judeus.

Fonte: USHMM (U.S. Holocaust Memorial Museum)

Foto: isurvived.org

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Der Giftpilz - propaganda nazi para criancas no III Reich

Como os "revisionistas" adoram florear e negar o caráter racista do regime nacional-socialista(nazista). Aqui vai mais uma prova do antissemitismo ideológico empregado pela propaganda do regime. Tradução de Marcelo Oliveira.
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Do livro infantil "Der Giftpilz" (O Cogumelo Venenoso) publicado pelo anti-semita Julius Streicher e destinado às crianças do III
Reich.
Uma produção do Stürmer-Verlag de Streicher.

A visita de Inge ao médico judeu

Inge está doente. Por vários dias ela teve uma pequena febre e uma dor de cabeça. Mas Inge não quer ir ao médico.

"Por que ir ao médico por essa pouca coisa?" disse ela de novo e de novo quando sua mãe sugeru. Finalmente sua mãe insistiu.

"Ande! Vá ao Dr. Bernstein e deixe-o examiná-la!", ordenou sua mãe.
"Por que Dr. Bernstein? Ele é um judeu! E nenhuma garota alemã de verdade vai a um judeu," respondeu Inge.

Sua mãe riu.

"Não diga absurdos! Médicos judeus são bons. Eles sempre dizem absurdos sobre isso nas reuniões da sua BDM [Liga das Garotas Alemãs]. O que aquelas garotas sabem a respeito disso?"

Inge protestou.

"Mãe, você pode dizer o que quiser, mas não pode difamar a BDM. Você deveria saber que nós, garotas da BDM entendemos a questão judaica melhor que muitos de nossos pais. Nossa líder dá uma pequena palestra sobre os judeus quase toda semana. Recentemente ela disse: 'Um alemão não pode ir a um médico judeu! Especialmente uma garota alemã! Porque os judeus querem destruir o povo alemão. Muitas garotas que foram a um médico judeu para sarar encontraram, em vez disso, doença e vergonha!' Foi isso que nossa líder disse, Mãe. E ela está certa!

Sua mãe ficou impaciente.

"Você sempre pensa que sabe mais que os adultos. O que você disse não é verdade. Olhe, Inge. Eu conheço bem o Dr. Bernstein. Ele é um ótimo médico."

"Mas ele é um judeu! E os judeus são nossos inimigos mortais," Inge respondeu.

Agora sua mãe ficou realmente zangada.

"Já chega, sua criança levada! Vá ao Dr. Bernstein agora mesmo! Se você não for, vou ensiná-la como me obedecer!"

Sua mãe gritou e levantou a mão.

Inge não queria mesmo ser desobediente, então ela foi. Foi ao médico judeu Bernstein!

Inge senta-se na sala de espera do médico judeu. Ela teve que esperar bastante tempo. Ela folheia as revistas que estão sobre a mesa. Mas ela está muito nervosa para poder ler mais que algumas sentenças. De novo e de novo ela relembra a conversa com sua mãe. De novo e de novo ela relembra a advertência de sua líder da BDM: "Um alemão não pode ir a um médico judeu! Especialmente uma garota alemã! Muitas garotas que foram a um médico judeu para sarar encontraram, em vez disso, doença e vergonha!"

Assim que Inge entrou na sala de espera, ela tinha tido uma estranha experiência. Da sala de exame do médico veio um choro. Ela ouviu a voz de uma garota:

"Doutor! Doutor! Deixe-me em paz!"

Então ela ouviu a risada debochada de um homem. Então tudo ficou quieto. Sem fôlego, Inge ouviu.

"O que tudo isso quer dizer?" ela se perguntou, e seu coração bateu mais rápido. Mais uma vez ela pensou nos avisos da sua líder do BDM.
Inge está esperando por uma hora. Novamente ela pega as revistas e tenta ler. Então a porta se abre. Inge olha. O judeu aparece. Um grito vem da boca de Inge. Em terror, ela deixa o jornal cair. Horrorizada, ela dá um salto. Seu olhos fitam o rosto de um médico judeu. E seu rosto é o rosto do Demônio. No meio de sua cara diabólica assenta-se um enorme nariz torto. Por trás dos óculos brilham dois olhos criminosos. E um sorriso percorre seus lábios salientes. Um sorriso que quer dizer:

"Agora finalmente eu tenho você, pequena menina alemã!"

O judeu vem em sua direção. Seus dedos gordos a seguraram. Mas agora Inge se recuperou. Antes que o judeu pudesse agarrá-la, ela acerta a cara gorda do judeu-médico. Então um salto até a porta. Sem fõlego, Inge corre escada abaixo. Ofegante, ela saiu correndo da casa do judeu.

Em prantos ela volta para casa. Sua mãe está chocada em ver sua criança.

"Pelo amor de Deus, Inge! O que aconteceu?"

Muito tempo se passa até que a menina possa dizer alguma coisa. Finalmente, Inge conta sua experiência com o judeu-médico. Sua mãe ouve em horror. E quando Inge termina sua história, sua mãe baixa a cabeça, envergonhada.

"Inge, eu não deveria ter mandado você ir a um médico judeu. Quando você saiu eu lamentei isso. Eu não consegui relaxar. Eu queria chamá-la de volta. Eu suspeitei de repente que você estivesse certa. Eu suspeitei que alguma coisa fosse acontecer a você. Mas correu tudo bem, graças a Deus!"

Sua mãe lamenta, e tenta esconder suas lágrimas.

Aos poucos, Inge vai se acalmando. Ela ri novamente. "Mãe, você fez muito por mim. Obrigada. Mas você tem que me prometer: sobre a BDM..."

Sua mãe não a deixa terminar.

"Eu sei o que você quer dizer, Inge. Eu prometo. Estou achando que pode-se aprender mesmo com crianças como vocês"
Inge concorda.

"Você está certa, Mãe. Nós, garotas da BDM, nós sabemos o que queremos, mesmo que nós nem sempre entendamos. Mãe, você me ensinou muitos ditados. Hoje eu quero lhe dar um para você aprender." E calma e significantemente Inge diz:
O Diabo, foi ele
Que mandou o judeu-médico para a Alemanha.
Como um diabo, ele contamina
A mulher alemã, a honra da Alemanha.
O povo alemão, ele não será são
A menos que muito em breve o caminho seja encontrado
Para cura germânica, meios alemães,
Para médicos alemães em dias futuros.
Fonte: Calvin College
http://www.calvin.edu/academic/cas/gpa/story10.htm
Publicado em:
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/2473

Partido neonazi alemão pode ir à falência

Decisão do Parlamento alemão pode precipitar falência de partido neo-nazi

A Câmara Baixa anunciou a aplicação de uma multa de 2,5 milhões de euros ao partido NPD, que já lutava com problemas financeiros. A coima deveu-se a irregularidades na contabilidade correspondente ao exercício de 2007.

O partido já tinha sido condenado a devolver 870 mil euros de fundos públicos, por falsas declarações de donativos, referentes aos últimos três anos da década de 90.

O NPD terá de pagar a multa até 1 de Maio. Como o Bundestag já lhe tinha bloqueado 300 mil euros relativos a subsídios estatais, o partido terá de pagar o restante: 2,2 milhões de euros.

Link: vídeo da matéria

Fonte: Euronews
http://pt.euronews.net/2009/04/02/decisao-do-parlamento-alemao-pode-precipitar-falencia-de-partido-neo-nazi/

Foto: Der Spiegel

segunda-feira, 30 de março de 2009

Um estojo para explosivos

A história de um violinista judeu de 12 anos que na Segunda Guerra Mundial ajudou com seu instrumento a luta contra os nazis.

(Foto)Membros da Resistência nos bosques de Polônia.

Muitos relatos estranhos têm sua origem na Segunda Guerra Mundial. Mas o fabricante judeu de violinos Ammon Weinstein esbarrou com uma das mais singulares do gênero pouco antes de dar em junho de 1999 uma conferência na cidade de Dresden na Associação Alemã de Fabricantes de Violinos. Intitulada de "O violino: uma evidência muda", a conferência de Weinstein se centrou no violino no Holocausto. No curso da investigação realizada para preparar sua exposição, Weinstein descobriu a existência de um instrumento secretamente guardado como tesouro pela família de Sefi Hanejbi, que na atualidade vive em Israel.

Contudo não se trata de um Stradivarius, Guarnieri ou Amati perdido por um longo tempo, nem de um instrumento tocado por algum gênio anônimo cujo talento permaneceu desconhecido no caos da guerra. Antes disso, o relato se direciona até a existência, vivida no fio da navalha, de partisans russos e judeus que lutavam contra um inimigo comum e como a música ajudava fugazmente a saldar velhas contas.

Durante a guerra, o avô de Hanejbi – Diada (tio) Misha – renomado partisan, topou com uma criança que dormia debaixo das árvores com um violino a seu lado. Quando se verificou que o garoto era judeu, os partisans o adotaram e tramaram um ardil perigoso. Planejaram atuar como um conjunto de músicos ambulantes numa aldeia próxima na qual havia uma cantina frequentada por soldados alemães. Ao ouvir o grupo, um oficial da Gestapo local advertiu o talento do jovem e o convidou a tocar para eles na cantina.

Conhecido com o nome de Motele, o garoto – de doze anos – começou uma série de audições ante os oficiais. Em cada ocasião, com grande risco para ele mesmo e seus companheiros de grupo, Motele utilizou o estojo de seu violino e qualquer outro objeto que engenhosamente permitisse esconder explosivos para introduzi-los de modo sub-reptício na cantina ou em qualquer outro lugar de onde se pudesse ocultar. Os explosivos foram colocados estrategicamente no edifício, cuja disposição foi muito rapidamente conhecida pelos partisans. Em um predeterminado intervalo da execução, Motele acendeu o pavio e desapareceu no bosque para observar a destruição da cantina. Apesar desta fuga milagrosa, que lhe permitiu contar o sucedido, foi morto um ano depois em um incidente desvinculado da explosão da cantina.

Como o violino foi preservado – um instrumento alemão o qual é desconhecida a origem e que, numa etiqueta fechada em 1891, indicava uma reparação realizada por J. Altrichter de Frankfurt am Oder – continua sendo um mistério. Basta dizer que em agosto de 1999, Hanejbi apareceu com ele no Kibutz Eilon porque nesse kibutz se realizavam a cabo cursos de verão de violino que ele mesmo, Wainstein, ajudou a criar há dez anos. Hanejbi considerou que era o momento adequado para doá-lo ao Yad Vashem, Museu do Holocausto em Jerusalém. O Presidente do Museu Avner Shalev, apresentou-se ao recebê-lo: "Ao resguardar o violino" seguiu-se a reflexão de Hanejbi ao entregar o instrumento, "também resguardamos a alma do garoto".

Em 3 de agosto se realizou uma cerimônia especial de grande teor simbólico em memória de Motele e dos partisans.

Como um apelo à juventude, o violinista britânico Charlie Siem, de 12 anos, tocou o tema do filme "A lista de Schindler". Na continuação, o violinista israelita Matun Gavol, de 16 anos, executou com o violino de Motele – "um instrumento com natural calidez", conforme a opinião de Weinstein – o comovente 'Nigún de Baal Shem', de Bloch. A interpretação foi apreciada num silêncio mais profundo que o habitual na sala de Keshet Elion pelo patrocinador do curso magistral, Schlomo Mintz, na presença de Gilad Shevi, Itzjak Rashkovsky e Ida Haendel, diretor executivo de Keshet Elión, diretor musical e artista convidada, respectivamente.

Ao limpar o violino de Motele, Weinstein comprovou que se tratava de um bom instrumento alemão, similar aos que as famílias pobres judias compravam antes da guerra para seus filhos. "Na realidade", disse, "os tocadores de instrumentos de corda judeus, poloneses e russos, usavam quase que exclusivamente instrumentos alemães". De modo que talvez não resulte numa desagradável ironia que este violino tenha vindo à tona na cidade de Dresden."

The Strad, dezembro de 1999, vol. 110 n°1316
Orpheus Publications Ltd., 7 St. John’s Road
Harrow, Middlesex, HA1 2 EE, UK

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto
http://www.fmh.org.ar/revista/17/unestu.htm (Link2)
Texto de: Keneth Ash
Tradução(pro espanhol): Clara Guinsburg
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 28 de março de 2009

Memorial Buchenwald foi criado há 50 anos por líderes comunistas

Buchenwald, criado em 1958, na então Alemanha Oriental, foi o primeiro memorial criado num antigo campo de concentração dentro do território alemão.

(Foto) Cartão de prisioneiro do campo de concentração de Buchenwald

A cidade de Weimar é conhecida, acima de tudo, por seus monumentos, como a Casa Goethe ou a Biblioteca Anna Amalia. No entanto, a poucos quilômetros do centro, o capítulo mais negro da história alemã é simbolizado por uma enorme torre e por um sino: trata-se do Memorial Buchenwald, inaugurado em 1958, sob o governo da então Alemanha Oriental, de regime comunista.

Há 50 anos, no dia 14/09/1958, pontualmente às 11 horas da manhã, soava, pela primeira vez, o sino no alto da torre de 50 metros, que pode ser vista à distância. Não longe dali fica a escultura do artista Fritz Cremer, de onde se pode avistar Weimar como de quase nenhum outro lugar a região.

A inaguração ali do Memorial Buchenwald pelo então governo da Alemanha Oriental foi uma conseqüência das exigências dos sobreviventes, que entrou para a história como o primeiro memorial do pós-guerra no país de regime comunista. A idéia, na época, era legitimar a posição da Alemanha Oriental como uma nação "diferente e melhor" do que a Alemanha Ocidental.

Alojamento e penitenciária

Instalação da artista Rebecca Horn reflete sobre história de Buchenwald

Hoje, do diretor do Memorial, Volkhard Knigge, observa que, em 1958, "Buchenwald era o maior Memorial do Holocausto situado num ex-campo de concentração em território alemão. Na Alemanha Ocidental, no mesmo ano, as instalações do ex-campo de concentração de Dachau, por exemplo, serviam de alojamento para refugiados do Leste do país, enquanto Neuengamme, perto de Hamburgo, era uma penitenciária juvenil. Ou seja, é possível compreender porque muitos sobreviventes, mesmo não sendo ligados ao comunismo, também se identificaram muito com esse Memorial".

Enquanto a Alemanha Ocidental, capitalista, ainda tratava de temas relacionados aos crimes cometidos durante o passado nazista de forma superficial e atenuante, os governantes da República Democrática Alemã (RDA) se apropriaram rapidamente da história dos campos de concentração em proveito próprio.

Memória seletiva

Prisioneiros de Buchenwald, em abril de 1945

Embora os membros da resistência comunista durante o período nazista tenham formado apenas um pequeno grupo entre as vítimas do nazismo, as celebrações e homenagens na Alemanha Oriental se voltavam quase que exclusivamente para eles.

"Simplesmente ignoradas eram as medidas violentas e de exclusão dos perseguidos em função das teorias raciais do regime nazista. Nada lembrava os judeus, os sintos e rom, os homossexuais, os excluídos da sociedade em geral", analisa Knigge.

A disposição física do Memorial de Buchenwald também obedecia aos objetivos ideológicos e políticos do governo da Alemanha Oriental. Knigge salienta, por exemplo, que antes mesmo da inaguração do Memorial foram destruídas várias barracas, que poderiam conter rastros dos desatinos registrados pela história oficial, acredita Knigge.

Três exposições

Cerca reconstruída: memorial aberto ao público

O escultor Fritz Cremer, por exemplo, foi obrigado várias vezes a modificar sua obra, até que ela ficasse ao gosto do então presidente do partido único SED. Mesmo assim, observa Knigge, à sombra de tamanha monumentalidade e de tantas deficiências, havia no Memorial Buchenwald também rupturas, que faziam com que valesse a pena visitar o local. "Nas esculturas, é possível, ainda hoje, para além desse lado estatal-oficial, ver figuras de refugiados como não eram encontradas em toda a RDA".

Hoje, três exposições tratam de informar ao visitante a respeito do ex-campo de concentração e sua história. A maior delas documenta os destinos dos prisioneiros, a segunda informa sobre o campo especial soviético após o fim da Segunda Guerra, e a terceira fala da apropriação política do Memorial pelo SED, então partido único da Alemanha de regime comunista.

Peter Sommer (sv)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3644111,00.html

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