quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Franco e o Holocausto - Seis mil judeus ao regime nazi

Franco entregou seis mil judeus ao regime nazi
Fascistas terão manifestado a sua disponibilidade para contribuir para o Holocausto.

Intelectuais e políticos israelitas têm por vezes enaltecido o papel protetor que o regime franquista teve para com os judeus que buscaram em solo espanhol refúgio da perseguição nazi. Mas documentos agora revelados mostram que o regime do general Franco elaborou uma lista com os nomes de seis mil judeus que estavam na altura da guerra em Espanha, tendo esta sido presumivelmente entregue a Heinrich Himmler, líder da polícia alemã Gestapo.

"No final da II Guerra Mundial o regime de Franco tentou iludir com relativo êxito a opinião pública mundial com a fábula de que tinha contribuído para a salvação de milhares de judeus do desejo de extermínio nazi. Não só era falso o que a propaganda franquista pretendia demonstrar como na Espanha do ditador houve a tentação de contribuir para acabar com o problema judeu na Europa", escreveu Jorge M. Reverte, no suplemento de ontem do El País.

O jornalista toma como ponto de partida para a sua investigação um documento descoberto por Jacobo Israel Garzón, um jornalista judeu da revista Raíces. Trata-se de uma circular emitida pela Direção-Geral de Segurança, que os governadores civis espanhóis receberam a 13 de Maio de 1941. A missiva ordenava que enviassem à central relatórios individuais "de israelitas nacionais e estrangeiros estabelecidos na província, indicando a filiação político-social, forma de vida e atividades comerciais, situação actual, grau de perigosidade e perfil policial".

A ordem foi assinada por José María Finat y Escrivá de Romaní, que era conde de Mayalde e algum tempo depois tornou-se embaixador de Espanha em Berlim. Aí terá feito chegar a lista dos seis mil judeus a Heinrich Himmler. Tivesse a Espanha entrado na guerra e esses nomes figurariam hoje na lista dos mortos em Auschwitz, lembra Jorge M. Reverte. O conde foi galardoado várias vezes e há dez anos ganhou uma avenida com o seu nome em Hortaleza, na comunidade de Madrid. Finat chegou também a ser presidente da câmara da capital espanhola.

Quando terminou a guerra, os arquivos dos ministérios da Governação e Assuntos Exteriores foram limpos para que não houvesse provas do desejo do regime franquista em colaborar no Holocausto, refere o artigo publicado no El País.

Francisco Franco, que saiu vencedor da Guerra Civil de Espanha, que terminou a 1 de Abril de 1939 - cinco meses depois começava a II Guerra Mundial. O generalíssimo esteve no poder até 1975. O país passou depois por uma transição suave para a democracia, ao contrário de Portugal, onde houve uma revolução para acabar com a ditadura fascista de Salazar.

A monarquia manteve-se e a Espanha é hoje uma democracia que tem como sistema político a monarquia parlamentar. O Chefe do Estado é o Rei Juan Carlos, escolhido por Franco para lhe suceder, o primeiro-ministro é o socialista José Luis Rodríguez Zapatero. Apesar da transição suave, a crispação política mantém-se a um nível bastante elevado.

por PATRÍCIA VIEGAS

Fonte: DN Globo(Portugal)
http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1598901&seccao=Europa

Matéria original do El País(Espanha): A lista de Franco para o Holocausto
http://www.elpais.com/articulo/reportajes/lista/Franco/Holocausto/elpepusocdmg/20100620elpdmgrep_1/Tes

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Historiador britânico Tony Judt morre nos EUA aos 62 anos

NOVA YORK — O historiador Tony Judt, que ironizava o rótulo recebido de esquerdista e comunista que renegava a origem judia, morreu em sua casa de Manhattan, aos 62 anos, anunciou neste domingo o jornal The New York Times.

O historiador, que ensinava na New York University, faleceu na sexta-feira, com a notícia só sendo divulgada agora, vítima de complicações de uma enfermiade degenerativa que tem o nome do jogador de beisebol Lou Gehrig.

Nascido e educado na Grã-Bretanha, Judt vivia nos Estados Unidos, tendo ensinado em universidades americanas durante a maior parte da carreira, como especialista em história francesa do pós-guerra.

Sua tese sobre a reconstituição do Partido Socialista francês depois da primeira guerra mundial foi publicada na França como "La Reconstruction du Parti Socialiste: 1921-1926" (1976).

Em 1979 publicou um ensaio sobre a esquerda francesa: "Socialism in Provence, 1871-1914: A Study in the Origins of the Modern French Left," e em 1986 "Marxism and the French Left: Studies on Labour and Politics in France, 1830-1981" sobre as relações entre o poder político e o movimento operário na França.

"Hoje, fora da Universidade de Nova York, sou visto como uma caricatura de esquerdista, como um comunista que renega suas origens. Dentro da universidade, consideram-me um típico elitista liberal branco, fora de moda", declarou ao jornal The Guardian de Londres, em janeiro passado. "Gosto disso. Estou nos limites de ambos".

Embora filho de judeus e de seu apoio a Israel no princípio, Judt deixou de acreditar no sionismo mais tarde e começou a ver Israel como um poder ocupante nefasto, cuja autodefinição como Estado judeu - argumentou depois - era um anacronismo, afirmou ao Times.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5g-tH_XlcOOlhYeHZnorBP3dwBWNA

Mais:
Morreu o historiador Tony Judt Destak(Portugal)

domingo, 8 de agosto de 2010

Zyklon-B e o Holocausto

Duas firmas alemãs, Tesch/Stabenow e Degesch, produziram o gás Zyklon B depois de elas terem adquirido a patente da Farben. Tesch fornecia duas toneladas por mês, e
Degesch três quartos de uma tonelada. As firmas que produziam o gás já tinham experiência extensiva em fumigação.
"Em suma, esta indústria usava gases muito potentes para exterminar roedores e insetos em espaços fechados; que ela agor devesse ter se envolvido em uma operação
para matar os judeus às centenas de milhares não é um mero acidente." (Hilberg, Commandant, 567)
Depois da guerra, os diretores das firmas insistiram que eles vendiam seus produtos para propósitos de fumigação e não sabiam que eles eram usados em humanos. Mas os promotores encontraram cartas da Tesch não apenas oferecendo suprimento de cristais de gás, mas também aconselhando como usar a ventilação e equipamento de aquecimento. Hoess testemunhou que os diretores da Tesch não podiam ajudar mas sabiam do uso de seu produto porque eles lhe vendiam o suficiente para aniquilar dois milhões de pessoas. Dois sócios da Tesch foram sentenciados à morte em 1946 e enforcados. O diretor da Degesch recebeu cinco anos de prisão." (Feig) (Veja também Breitman, 203-204, para uma discussão do envolvimento precoce de Heerdt-Lingler).

Da declaração de Hans Stark, que registrava novos desembarques, em Auschwitz (Klee, 255):
Em um outro gaseamento posterior - também no outono de 1941 - Grabner ordenou que eu despejasse Zyklon-B dentro da abertura porque somente um médico havia aparecido. Durante um gaseamento, Zyklon-B tinha que ser despejado através de ambas as aberturas da sala da câmara de gás ao mesmo tempo. Este gaseamento era também um transporte de 200-250 judeus, mais uma vez homens, mulheres e crianças. Uma vez que o Zyklon-B - como já mencionado - estava em forma granular, ele caía sobre as pessoas enquanto era despejado.

Elas então começavam a chorar terrivelmente porque agora sabiam o que estava acontecendo com elas. Eu não olhava através da abertura porque ela tinha que ser fechada assim que o Zyklon-B havia sido despejado. Depois de alguns minutos havia silêncio. Depois de passado algum tempo, pode ter sido dez a quinze minutos, a câmara de gás era aberta. Os mortos jaziam desordenados por todo o lugar. Era uma visão horrível.

* Maximillian Grabner, Chefe do Departamento Político, Auschwitz
Zyklon-B é um inseticida poderoso que serve como transporte para o gás ácido hidrociânico, ou HCN. Normalmente vem na forma de pequenas esferas ou discos. (Veja Breitman, 203, para mais detalhes sobre o uso precoce de gás em Auschwitz) HCN é a causa de morte após a aplicação de Zyklon-B. Ao interagir com ferro e concreto, cria compostos hidrociânicos, os quais Leuchter admitiu terem sido descobertos nas ruínas das câmaras de gás no Crematório II. Seus achados foram confirmados por achados do governo polonês.

HCN é extremamente venenoso para humanos. É usado em câmaras de execução por gás nos Estados Unidos; a primeira foi construída no Arizona em 1920.
- O negacionismo do Holocausto freqüentemente alega que a Alemanha nos anos 40 não podia lidar com as "dificuldades técnicas" inerentes ao uso de HCN para execução.
Como notado acima, essas "dificuldades" foram facilmente resolvidas em 1920. Além disso, os alemães tinham muita experiência com HCN, já que era usado extensivamente para despiolhamento.

Havia dois tipos de câmaras de gás em Auschwitz: aquelas usadas para despiolhar roupas ("câmaras de gás para despiolhamento") e aquelas usadas para matar pessoas em larga escala ("câmaras de gás de extermínio"). As cãmaras de gás de despiolhamento eram uma característica padrão, e foram deixadas intactas pela SS (as câmaras de gás de extermínio foram dinamitadas num esforço para esconder vestígios criminosos).
- O negacionismo do Holocausto afirma que, por que mais compostos hidrociânicos foram achados nas câmaras de despiolhamento de Auschwitz que nas ruínas das câmaras de gás de extermínio, os assassinatos em massa usando gás não podiam ter ocorrido ali, porque o inverso seria verdadeiro.
O HCN é muito mais eficiente em animais de sangue quente, incluindo humanos, que em insetos. O tempo de exposição (ao HCN) é muito maior em operações de despiolhamento que em gaseamentos de humanos. Isso significa que uma concentração muito menor é necessária para matar pessoas que para acabar com piolhos, etc. Em despiolhamento, concentrações de até 16.000 ppm (partes por milhão) são às vezes usadas, e o tempo de exposição pode ser de até 72 horas; enquanto 300 ppm matarão pessoas em quinze minutos.

Portanto, o HCN nas câmaras de extermínio dificilmente tinha tempo de formar compostos nas paredes. Enquanto alguns alegam que o gás precisaria de muito tempo para matar, porque ter-se-ia espalhado por toda a câmara, isso simplesmente não é verdade; as câmaras de gás não eram tão grandes (aquelas nos Crematórios II e III tinham cerca de 210 metros quadrados), e o Zyklon-B era jogado em quatro aberturas (ainda visíveis nas ruínas das câmaras de gás). Uma vez que a concentração usada era maior que a letal, a morte era bem rápida.

Além disso, as câmaras de despiolhamento estão intactas, enquanto as câmaras de extermínio foram dinamitadas (uma foto .GIF da câmara do Krema II está disponível). Portanto, suas paredes têm estado expostas aos elementos pelos últimos 50 anos. As ruínas das câmaras de gás do Krema II são cobertas com cerca de 3 pés de água durante certos períodos do ano; os compostos de HCN facilmente dissolvem nesses ambientes. Não obstante, ocorreram tantos gaseamentos que alguns dos compostos ficaram.

Resumindo, as paredes das câmaras de gás estavam em contato com HCN por um período muito mais curto que aquelas das câmaras de gás, e pelos últimos 45 anos estavam expostas a um ambiente que dissolve os compostos, enquanto as salas de despiolhamento não. Portanto é óbvio que menos traços dos compostos restariam neles.

Este fato - que todos os compostos, ou a maioria, se extinguiriam durante 45 de exposição - é claramente afirmado no relatório escrito pelos peritos do Instituto de Pesquisa Forense de Cracóvia. (Veja também The Leuchter FAQ).
- Os negacionistas do Holocausto uma vez alegaram que a câmara de gás no Krema I foi deixada intacta, e que portanto suas paredes não foram expostas aos elementos.
Mas - como eles mesmos admitem - a câmara de gás do Krema I foi usada somente por um curto períoso, e então alterada para abrigo anti-aéreo. Isto, e o fato de que "somente" cerca de 10.000 pessoas foram mortas lá dentro (comparado com 350.000 e 400.000 nos Kremas II e III) explica por que resta relativamente pouca quantidade de compostos de cianeto. Quanto aos Kremas IV e V, eles foram completamente destruídos pela SS antes de os soviéticos liberarem o campo.

Finalmente, compostos de cianeto foram encontrados nas grelhas de ventilação das câmaras de extermínio, provando acima de qualquer dúvida que gaseamentos aconteceram dentro delas.
- A alegação de que teria sido impossível o uso de câmaras de gás para matar, porque elas estavam muito perto dos fornos, e que o gás iria explodir, é encontrada com freqüência na literatura do negacionismo do Holocausto, e é uma das asserções do Relatório Leuchter.
A concentração de HCN necessária para causar morte é cerca de 200 vezer mais baixa que a que causa explosão. Embora os SS usassem uma concentração maior que a letal, ela era bem menor que aquela que causava explosão.

Como referência, pode-se olhar o "The Merck Index" e o "Manual CRC de Química e Física", ou consultar qualquer manual que trata da toxicidade e inflamabilidade de produtos químicos. Para o HCN, uma concentração de 300 ppm (partes por milhão) mata (partes por milhão) mata seres humanos dentro de alguns minutos, enquanto a concentração mínima que pode resultar em uma explosão é 56.000 ppm.
- Uma outra alegação comum é que leva 20 horas para ventilar uma sala que foi desinfetada com Zyklon-B, e que portanto os depoimentos de testemunhas oculares dando um tempo de 20-30 minutos de quando o gaseamento iniciava até quando os corpos eram removidos é impossível, porque as pessoas que removiam os corpos iriam morrer.
Se um prédio de uso comercial comum é desinfetado, não se dever entrar nele dentro de 20 horas. Tal número, entretanto, não tem sentido com relação às câmaras de extermínio, porque elas são forçadamente ventiladas. Quinze minutos são suficientes para trocar o ar. Quando a ventilação não era usada, o Sonderkommando (prisioneiros usados em trabalho forçado) que tiravam os corpos usavam máscaras.

Os alemães tinham plena experiência com gás, principalmente HCN, que era usado largamente para despiolhamento. Eles sabiam como trabalhar como ele sem se machucar. É absurdo usar o total de 20 horas neste contexto, que não considera ventilação forçada e leva em consideração um fator de enorme segurança. A SS não se preocupava muito com a segurança dos Sonderkommando que tinham que entrar nas câmaras de gás para remover os cadáveres. Além disso, o que torna a ventilação difícil e demorada é a presença de tapetes, móveis, cortinas, etc. Desnecessário dizer, estes não estavam presentes nas câmaras de gás - havia apenas concreto nu, tornando a ventilação rápida e eficiente. Se o "período de ventilação de 20 horas" acima fosse verdadeiro, isto significaria que os corpos das pessoas usando cianeto nas câmaras de gás nos Estados Unidos ficariam amarradas à cadeira até 20 horas depois de elas terem sido mortas...
- Outra alegação comum é que as "alegadas" câmaras de extermínio são na verdade necrotérios, e que o Zyklon-B era usado nelas como desinfetante.
Esta alegação parte do fato de que compostos hidrociânicos foram encontrados nas grelhas de ventilação das câmaras de gás nos crematórios II e III (a análise química efetuada pelo Dr. Jan Robel do Instituto Forense de Cracóvia em 1945, e foi parte da evidência no julgamento do comandante de Auschwitz Hoess). Isto prova que ocorreu gaseamento naquela câmara. O Zyklon-B não consegue matar bactérias anaeróbicas - ele mata somente organismos aeróbicos. Isso significa que seria inútil para desinfetar cadáveres.

Finalizando, considere o testemunho do soldado SS Hoeblinger: (Langbein)
Foi detalhado ao serviço de transporte e eu dirigi o Sanka [abreviação de Sanitatskraftwagen/caminhão médico] que tinha que carregar os prisioneiros...

Então nós dirigimos até as câmaras de gás. Os médicos subiram uma escada, tinham máscaras para gás lá em cima, e esvaziaram as latas. Eu consegui observar os prisioneiros enquanto eles estavam se despindo. Sempre procedia calmamente e sem que eles suspeitassem de qualquer coisa. Acontecia muito rápido.
Perceba a menção do soldado Hoeblinger sobre máscaras de gás - alguns negadores do Holocausto insistem que os homens SS que despejavam o gás seriam mortos por ele, o que leva a se especular sobre sua capacidade de leitura. Finalmente, a evidência inegável de que a SS ordenou que a Degesch removesse o odor indicativo, obrigatório sob a lei alemã, que fora adicionado ao Zyklon-B a fim de avisar seres humanos que a substância letal estava presente. Eu acredito que isso demonstrava clara intenção criminosa - a SS dificilmente teria removido o odor indicativo se eles tivessem pretendido, como o negacionismo insiste, usar o gás somente em insetos e cadáveres...(Veja farben.001. para mais informação sobre esta ordem da SS. Borkin, 123)

Leitura recomendada:

- Barrington,J.H., ed. The Zyklon B Trial: Trial of Bruno Tesch and Two Others. London, 1948, and Borkin (see Work Cited).
- Harmon, Brian. Technical Aspects of the Holocaust: Cyanide, Zyklon-B, and Mass Murder. (Ver camps/auschwitz cyanide.001), 1994
- United Nations War Crimes Commission. Law Reports of Trials of War Criminals. Vol. 1, London, 1947. See pp. 93-104

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/faqs/auschwitz/auschwitz-faq-06.html
Tradução: Marcelo Oliveira
Fonte da tradução: Lista holocausto-doc
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/4564

Ver mais:
Zyklon-B - a toxidade do HCN(ácido cianídrico)

sábado, 7 de agosto de 2010

Novas tecnologias contra medo do esquecimento em Hiroshima e Nagasaki

Tóquio, 6 ago (EFE).- Os últimos sobreviventes do ataque atômico dos Estados Unidos sobre o Japão, há 65 anos, são hoje idosos que resistem a ideia de que suas lembranças morram com eles, situação que tentam evitar com a ajuda da tecnologia.

No Japão ainda restam 235 mil "hibakusha" (sobreviventes da bomba nuclear em Hiroshima e Nagasaki), com uma média de idade de 75 anos. Muitos sofrem de doenças relacionadas às radiações recebidas quando eram crianças por causa da explosão nuclear.

Boa parte deles dedicou a vida a lutar para que o massacre não caia no esquecimento com conferências, entrevistas e excursões pelo mundo a fim de divulgar, como símbolos vivos da tragédia, sua eloquente mensagem contra as armas nucleares.

Mas os "hibakusha" são cada vez menos e com eles se extinguem os relatos sobre o que ocorreu em 6 de agosto em Hiroshima e em 9 de agosto em Nagasaki, quando duas bombas atômicas arrasaram as cidades e acabaram com a vida de dezenas de milhares de pessoas.

No final de 1945, 140 mil pessoas morreram em Hiroshima e 74 mil em Nagasaki nesses ataques, embora as vítimas por causa das radiações nos anos posteriores foram mais numerosas.

"Vi uma chama de intensa luz púrpura e branca, as janelas explodiram e o teto veio abaixo. Os gritos dos feridos ecoavam por todas as partes", conta Naoyuki Okuma, um trabalhador de Mitsubishi Electric que tinha 19 anos quando a bomba caiu em Nagasaki.

"Como meus ferimentos eram menores do que os dos outros, me pediram para eu transportasse os feridos. Haviam pessoas atingidas por estilhaços de vidros, com braços e pernas quebrados, gente com a pele em carne viva", lembra Okuma.

Seu relato ficou perpetuado no chamado "Nagasaki Archive", uma iniciativa digital que conta com a ajuda do Google Maps. Trata-se de um mapa em 3D da cidade com fotos dos sobreviventes nos locais onde estavam no momento do ataque associados a depoimentos.

O site (http://en_nagasaki.mapping.jp/p/nagasaki-archive.html), que entrou no ar há menos de um mês, pretende "guardar a trágica experiência do passado e transformá-la em dados acessíveis às futuras gerações", afirmam os responsáveis pelo projeto, para o qual colaborou a Universidade Metropolitana de Tóquio.

"A atenção da imprensa e dos educadores e a oportunidade de tratar o tema da bomba atômica está diminuindo gradualmente, e a memória começa a desaparecer", advertem.

Pelo tag (#nagasaki0809) do microblogging Twitter é possível que qualquer usuário envie uma mensagem aos sobreviventes, as respostas aparecem sobrepostas no mapa.

Os sites dedicados aos "hibakusha" se multiplicaram nos últimos anos no Japão, onde durante décadas as vítimas de Hiroshima e Nagasaki levaram como um peso o estigma da discriminação, pois era disseminada a ideia de que os efeitos da radiação poderiam ser contagiosos.

Entre os locais emblemáticos que utilizam a internet para divulgar mensagens está no Memorial da Paz de Hiroshima, muito perto do local onde caiu a primeira bomba atômica da história.

Depois que no ano 2000 o diretor mostrasse sua preocupação pela contínua redução do número de visitas, o centro decidiu criar um "museu virtual" para que, de qualquer cantinho do mundo, seja possível fazer uma visita interativa por suas instalações (www.pcf.city.hiroshima.jp/index_e2.html).

Os responsáveis pelo museu realizaram um grande trabalho para recolher nas últimas décadas cerca de 130 mil relatos dos sobreviventes, os quais digitalizaram grande parte.

Traduzidas até agora para inglês, chinês e coreano, nesta semana o museu anunciou a próxima versão de vários testemunhos em outros sete idiomas.

O objetivo é manter viva a lembrança da tragédia para as gerações futuras. Porque, como assegura o lema do Museu de Hiroshima: "Se ninguém fala, nada muda".

Fonte: EFE
http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5jWGU55bUH9ec9Z8HAR-p3zaD_vyg

Ler mais:
Hiroshima perdia, mas não esquece tragédia da bomba atômica

Hiroshima perdoa, mas não esquece tragédia da bomba atômica

A cúpula Genbaku, uma das poucas construções que restou em pé em Hiroshima após a explosão
Foto: Danilo Saraiva /Terra

Danilo Saraiva
Direto de Hiroshima

Há uma sobriedade atípica em Hiroshima, um silêncio que incomoda, especialmente quando estamos falando de um país cujos telões eletrônicos, propagandistas com seus megafones e sinais de semáforo se misturam a uma população inquieta, que vai e volta freneticamente, num ritmo que parece não ter fim. Se a sensação faz parte da culpa histórica dessa ter sido a primeira cidade a ser atingida pelo impacto da guerra nuclear, é difícil dizer, mas quem já esteve na terra do sol-nascente há de concordar com tal afirmação. Em 65 anos, Hiroshima parece ter perdoado - com a cultura americana descaracterizando casas e estabelecimentos - mas não esquecido a tragédia que ocorreu em 6 de agosto de 1945.

Segundo dados do governo, a cidade recebe anualmente cerca de 3 milhões de turistas, 99% deles com um único interesse: conhecer a Praça Memorial da Paz, hipocentro da bomba, que explodiu a 500 m do centro. Apesar da importância histórica do local, sua entrada tem ares de espetáculo gore. Não dá pra deixar de notar a fixação que as pessoas têm pela guerra e o grand finale da bomba atômica. O problema é que a ficção científica acaba quando começa a nossa culpa cristã. Se teve uma coisa que o Japão aprendeu nesses anos de paz "velada" no mundo, foi destruir com qualquer sensação de prazer que o peso histórico da ameaça nuclear possa causar.

O Museu Memorial da Paz é um dos poucos museus financiados integralmente pelo governo japonês. A entrada, simbólica, custa apenas R$ 1,20 (em valor convertido), uma taxa para que ele continue em pé todos os dias do ano. Uma vez lá dentro, é possível acessar informações em nove línguas, entre elas o português.

Entre imagens da destruição e maquetes feitas para ilustrar as perdas do povo japonês, podemos ver réplicas de corpos se despedaçando, objetos e roupas que pertenceram às vítimas, todas com um pequeno texto contendo a história de cada uma delas. Há uma sala somente para Sadako Sasaki, garota que sobreviveu à bomba atômica mas morreu dez anos depois, com um quadro complicado de leucemia. Ela, como milhares de habitantes da cidade e seus arredores, tornou-se uma "gembakusha", como os japoneses chamam os sobreviventes da bomba que posteriormente desenvolveram câncer e problemas de saúde devido à radiação.

Sadako morreu em outubro de 1955, após fazer 644 "tsurus", origamis no formato de pássaros que representam a paz. Para os japoneses, Sadako é símbolo da ameaça atômica e dos horrores da guerra. Na praça memorial da paz, a menina tem até um monumento, onde diariamente grupos de crianças japonesas em idade escolar vão fazer orações.

O Museu de Hiroshima ainda abriga alguns valiosos - e raros - itens, a maior parte deles doados pelo próprio governo americano. Uma carta redigida por Albert Einstein sobre o primeiro experimento da energia atômica choca com seu passado histórico. "Pode ser que ela seja necessária no futuro", afirma ele.

No último corredor, desenhos feitos por crianças na época do bombardeio, quando a cidade ainda se reerguia. São rabiscos de pessoas andando em meio ao fogo e vários corpos flutuando pelo rio que corta a cidade. Na saída, quem quiser ainda pode passar pela conhecida chama ("aquela que só será apagada quando todas as bombas atômicas deixarem de existir") e tocar o sino mundial da paz - praticamente a única coisa que pode ser realmente ouvida na praça além do piado dos pássaros e do ziguezague dos passos.

A Cúpula Genbaku, que à noite fica iluminada em holofotes de várias cores, do lado de fora, foi a única construção que ficou de pé com a explosão. As ruínas permanecem intactas, isoladas por alarmes, segurança e alguns fortes alicerces. A construção, que pertenceu à prefeitura de Hiroshima, era para ter sido demolida, mas hoje é patrimônio mundial e a maior memória real dos japoneses - e do resto do mundo - sobre o ocorrido.

Mas a bomba não está apenas nos arredores do Parque Memorial. Há um esforço conjunto da cidade em exibir cartazes, outdoors e guias que falam sobre a ameaça radioativa. Não é raro encontrar também nas inúmeras revistarias da cidade manuais e aulas em vídeo sobre como proceder em caso de bombardeio. Tais materiais se misturam a manuais de sobrevivência em caso de desastres naturais, por exemplo. E a pomba da paz está presente em qualquer canto que se vá: nas ruas centrais, ônibus, estações de trem e praças comerciais.

Por volta dos anos 1960, uma fonte de água foi construída no centro da cidade para lembrar as vítimas do ataque. Com a pele derretendo e os órgãos sucumbidos pela radiação, as pessoas expostas ao clarão engatinhavam e andavam pelo solo quente em busca de água. A população de Hiroshima foi aconselhada a não oferecer água para ninguém, evitando contaminações. Como conseqüência, muita gente morreu de sede. A fonte, construída em mármore, tem a forma de um relógio que marca às 8h15, horário que a bomba explodiu. A água é um pedido de desculpa do Japão para saciar a "sede eterna daqueles que morreram".

O Ministério da Saúde japonês afirma que ainda existem cerca de 200 mil sobreviventes da bomba atômica vivendo em Hiroshima, a maior parte deles com mais de 70 anos. Mais da maioria sofre sequelas da radiação emitida pela bomba A. Depois de uma forte pressão da população local, o governo passou a beneficiar todos os afetados, oferecendo assistência médica gratuita e uma indenização que gira em torno de 19 mil ienes para casos mais leves e 140 mil ienes para casos graves em que se precisa de acompanhamento médico frequente.

Há quem diga que Hiroshima e suas 140 mil vítimas não chegaram perto do que o exército japonês foi capaz de fazer com seus inimigos durante a 2ª Guerra Mundial. A bomba atômica seria uma forma de fazer o mundo - e a América - se culpar por uma guerra que teria acabado bem depois, se não fosse a intervenção do Enola Gay com seu little boy cortando o céu da cidade. Mas 65 anos depois, ainda há marcas da bomba atômica em Hiroshima. Marcas essas que frearam e ainda vão frear alguns sérios conflitos políticos, pelo medo cada vez maior de uma população que não quer ser dissipada. Hiroshima ainda está de luto para ensinar que na guerra nuclear, ninguém sobrevive. Ganha quem morre por último.

Ver fotos

Fonte: Redação Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4606095-EI8142,00-Hiroshima+perdoa+mas+nao+esquece+tragedia+da+bomba+atomica.html

Ler mais:
Novas tecnologias contra medo do esquecimento em Hiroshima e Nagasaki

Ver mais:
Hiroshima foi bombardeada há 65 anos Económico(Portugal)
Hiroshima/65 anos: Um desafio que permanece Diário Digital/Lusa(Portugal)
Os 65 anos de Hiroshima - está na hora de aposentar as bombas nucleares Blue Bus(Brasil)
Hiroshima: onde o homem pôde mais que a morte Prensa Latina
Japão lembra os 65 anos da explosão de bomba atômica sobre Hiroshima Correio(Brasil)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Site iraniano usa charges para negar o Holocausto

RIO - O lançamento de um site iraniano com charges sobre o Holocausto ganhou na imprensa de Israel. Segundo diversos jornais israelenses, a agência iraniana Fars noticiou nesta quinta-feira o lançamento do www.holocartoons.com . O endereço reúne desenhos retirados de um livro publicado em 2008, com sátiras e textos que questionam o massacre de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

O site, de acordo com a Fars, é financiado por uma fundação cultural não governamental. A página diz que o massacre de judeus é uma "absoluta mentira" e é dedicada a "todos aqueles que foram mortos sob o pretexto do Holocausto", diz o jornal israelense "Haaretz". O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, nega a ocorrência do massacre, descrito por ele, em 2005, como um "conto de fadas".

Em setembro do mesmo ano, o jornal dinamarquês "Jyllands-Posten" publicou uma série de caricaturas do profeta Maomé, dando início a uma onda de protestos em vários países islâmicos. Na mais polêmica delas, Maomé era retratado com bombas no turbante.

Os protestos contra os desenhos chegaram a causar mais de cem mortos em diferentes países. O autor da charge, o cartunista Kurt Westergaard, de 75 anos, precisou ser colocado sob proteção policial depois que foi descoberto um plano para matá-lo, em 2008.

Fonte: O Globo
http://moglobo.globo.com/integra.asp?txtUrl=/mundo/mat/2010/08/05/site-iraniano-usa-charges-para-negar-holocausto-917320288.asp

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Hackers põem mensagens neonazistas no site de Buchenwald

BERLIM - Hackers substituíram nesta quarta-feira um "Livro dos Mortos" por slogans e símbolos neonazistas no site do antigo campo de concentração de Buchenwald (www.buchenwald.de), além de apagarem completamente o site do campo de Mittelbau Dora.

"Marrom é bonito", dizia um slogan, em inglês, referindo-se à cor das camisas da SA (tropas de assalto nazistas). "Voltaremos", ameaçava outra mensagem, essa em alemão.

"Ao danificar os serviços e a documentação que oferecemos, como o Livro dos Mortos do campo de concentração de Buchenwald, os autores estavam tentando apagar a memória das vítimas dos crimes dos nazistas", disse em nota Volkhard Knigge, diretor da fundação memorial de Buchenwald.

O caso foi submetido à polícia.

Quase 250 mil pessoas, a maioria judias, passaram pelo campo de Buchenwald, onde eram forçadas a trabalhar em fábricas de armas. Estima-se que 56 mil delas tenham morrido de exaustão, fome ou doenças, ou tenham sido executadas.

Perto dali, Mittelbau Dora também fornecia mão de obra à indústria bélica nazista, e se estima que um terço dos 60 mil prisioneiros dali tenha morrido.

Fonte: Reuters
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/07/28/hackers-poem-mensagens-neonazistas-no-site-de-buchenwald-917263035.asp

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Vídeo recria destruição de Varsóvia durante 2ª Guerra Mundial

Simulação quer educar a nova geração sobre destruição que aconteceu na Polônia

Uma simulação de cinco minutos ajuda a educar a nova geração sobre a destruição da cidade de Varsóvia, na Polônia, ocorrida durante de Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O vídeo foi produzido por 40 especialistas, que demoraram dois anos para finalizá-lo. Ele documenta, utilizando recursos do cinema em três dimensões (3D), os chocantes escombros a que Varsóvia foi reduzida pela Alemanha Nazista, durante a tentativa de extermínio de judeus.

Os produtores usaram imagens históricas para criar uma simulação de um voo sobre a cidade no início de 1945, que mostra colapso de pontes, casas queimadas sem telhado, e o Gueto de Varsóvia, que concentrou maior comunidade judaica na época do Holocausto.

Jan Oldakowski, o diretor do Museu do Levante de Varsóvia (Warsaw Uprising Museum), diz que o vídeo, legendado em polonês, é destinado principalmente para os jovens que não percebem o grau de destruição da maior cidade da Polônia entre 1939 e 1945.

Vídeo: Miasto ruin. Przelot nad zburzoną Warszawą w kwietniu 1945.
http://www.youtube.com/watch?v=HHYo8HBTHVA


Fonte: R7
http://noticias.r7.com/internacional/noticias/filme-recria-destruicao-de-varsovia-durante-2-guerra-mundial-20100728.html

domingo, 25 de julho de 2010

Germar Rudolf - "revisionistas" - biografia - 04

Germar Rudolf

Germar Rudolf (nasceu em 29 de outubro de 1964 em Limburg an der Lahn), é um químico alemão e negador do Holocausto. Ele usou o sobrenome de sua primeira esposa, Scheerer, até os dois se divorciarem.

Provisoriamente ele foi membro do Die Republikaner, um partido de extrema-direita alemão.

Depois de terminar sua educação secundária em 1983 em Remscheid, Rudolf estudou Química em Bonn, completando seus estudos em 1989. Como estudante, ele participou da A.V. Tuisconia Königsberg zu Bonn e da K.D.St.V. Nordgau Prag zu Stuttgart. Ambas são fraternidades católicas alemãs pertencentes ao Cartellverband der katholischen deutschen Studentenverbindungen. Ele foi expulso em 1995 por justa causa por ter violado os princípios de fraternidade com suas publicações.

Terminando os estudos de pós-graduação PhD depois do serviço militar, ele ficou temporariamente empregado no Instituto Max Planck para Pesquisa do Estado Sólido em Stuttgart, no começo de outubro de 1990. Durante este tempo ele escreveu um ensaio, com o título de "Relatório sobre a formação e verificabilidade de compostos cianeto nas câmaras de gás de Auschwitz" com a procuração do procurador de Düsseldorf Hajo Herrmann, um ex-piloto da Luftwaffe qualificado na categoria de Oberst(Coronel).

Herrmann usou o ensaio de Rudolf na defesa do general da Wehrmacht e proeminente ativista nazista Otto Ernst Remer, acusado de incitação contra pessoas, por ofensa criminosa da lei alemã. Em seu ensaio, o disputado "Relatório Rudolf", Rudolf afirma ter coletado amostras das construções das câmaras de gás no campo de extermínio de Auschwitz, achando apenas pequenos traços de compostos cianeto no que restou dos muros. O relatório foi contestado desde então por Richard Green e Jamie McCarthy do The Holocaust History Project.

Em 1993, Rudolf foi expulso do Instituto Max Planck por uso não autorizado do nome do instituto para conseguir amostras analisadas que foram tiradas de locais das câmaras de gás em Auschwitz e Birkenau. He apelou sem sucesso da decisão. Desde então, ele tem dado consultoria em processos sobre negação do Holocausto e ofensas relacionadas, recebendo suporte financeiro de patrocinadores e pelo trabalho como editor.

Consequências legais: Fuga, deportação e aprisionamento

Em 1994, Rudolf foi condenado a 14 meses de prisão pela corte do distrito de Tübingen por causa do "Relatório Rudolf". (Negação do Holocausto é crime na Alemanha). Rudolf evitou de ser preso ao fugir para Espanha, Inglaterra e finalmente para Chicago, EUA. Lá, ele soliciou asilo político, mas seu pedido foi negado.

Enquanto isso, a investigação criminal continuou na Alemanha. Em agosto de 2004, a corte do distrito de Mannheim sequestrou uma conta bancária apanhando cerca de €200,000(euros). Rudolf e seus associados tinham ganho esse dinheiro pela venda de publicações de negação do Holocausto.

Em 11 de setembro de 2004, Rudolf casou-se com uma cidadã norte-americana. Porém, seu pedido de asilo foi rejeitado em Novembro daquele ano com base de que o pedido foi "frívolo." Em 19 de outubro de 2005, Rudolf foi preso e deportado para Alemanha em 15 de novembro. Na chegada, ele foi preso pelas autoridades policiais e transferido para prisão em Baden-Württemberg.

Publicações

Depois de Rudolf deixar o Instituto Max Planck, ele começou a publicar vários livros negando o Holocausto. Rudolf encontrou a Castle Hill Publishers em Hastings, Inglaterra. Além disso, ele é muito próximo e associado à organização "revisionista" belga Vrij Historisch Onderzoek (VHO).

Dissecting the Holocaust(Dissecando o Holocausto)

"Dissecting the Holocaust"(Dissecando o Holocausto) foi editado e teve co-autoria de Rudolf sob o nome de Ernst Gauss. A publicação em língua alemã com o título de Grundlagen zur Zeitgeschichte resultou em mais indiciamentos sendo feitos contra Rudolf. Entre os contribuidores do trabalho estão outros "experientes" "revisionistas" como o Professor Robert Faurisson, Jürgen Graf, Carlo Mattogno, Udo Walendy e Friedrich Paul Berg. Incluso como um apêndice consta uma longa resenha do trabalho escrito por um historiador profissional e destacado especialista em história militar e diplomática soviética-alemã, Joachim Hoffmann.

Fonte: antisemitism.org.il
Tradução: Roberto Lucena

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sábado, 24 de julho de 2010

Der Untergang Orkut - A Queda

Uma má notícia para os "revisionistas"(neonazis)/negadores do Holocausto, vulgo viúvas de Hitler.

Duas notícias chamaram atenção nas últimas semanas, sendo que as mesmas foram pouco comentadas e difundidas na rede social mais popular no Brasil, o Orkut do Google.

A primeira notícia trata do provável e futuro lançamento de uma nova rede social do Google, apelidada provisoriamente pela imprensa de "Google Me", feita para competir com o Facebook no mês em que o Facebook alcançou a marca de 500 milhões(meio bilhão) de usuários no mundo e passará em breve o Orkut na Índia. Somente em dois países o Orkut têm liderança, o Brasil e a Índia, assim que o Facebook ultrapassar o Orkut na Índia, o Brasil se tornará o único país onde ainda se dá alguma relevância a essa rede social do Google.

Pra quem quiser ler um texto mais completo sobre o que pode vir a ser essa nova rede social do Google, o "Google Me", conferir o link abaixo.
Link:
Google Me pode abocanhar Orkut e ser a nova rede social do Google

Pra quem achar que é só boato, comentário de Adam D'Angelo, um ex-CTO do Facebook e agora no Google, que falou sobre o rumor da nova rede social do Google: "Isto não é apenas um rumor. Isto é um projeto real. Há um grande número de pessoas trabalhando nisso. Eu estou completamente confiante sobre este projeto."

Link da matéria(em inglês):
Silicon Republic

A outra notícia foi ligada à esfera judicial e também envolve o Orkut.

A procuradoria do Rio entrou com uma ação civil pública cobrando providências do Google com a segurança do site por entender que o mesmo contribuiu pra proliferação de delitos na internet dando um prazo de 120 dias ao Google para que haja mudanças na rede social visando coibir o conteúdo ilícito e de delitos no site, caso contrário o poder público tomará atitudes mais drásticas contra o Google, tirando o Orkut do ar e cobrando multa.
Link:
Google é co-responsável por delitos cometidos através do Orkut, afirma Procuradoria do Rio

Mais importante até do que a segunda notícia, é a notícia sobre o lançamento do "Google Me", a nova rede social do Google. Caso se confirme a notícia, e a fonte não é em hipótese alguma "desprezível", o Google sepultaria ou condenaria a morte o Orkut por não haver sentido em manter duas redes sociais no ar com a mesma finalidade, sendo que a nova rede social está sendo criada pra disputar abertamente com o Facebook mundialmente. Em outras palavras, pra bom entendedor, confirmando-se os rumores sobre o "Google Me" o Orkut provavelmente está com os dias contados.

A depender dos próximos passos do Google se saberá de fato o que irá ocorrer em torno dessas redes. Uma cenário possível, levando em conta a hipótese de que mesmo lançando o Google Me o Google não retirasse o Orkut do ar(coisa que soa improvável com tanta pressão e briga na justiça arranhando a imagem do Google por conta do atoleiro que se tornou o Orkut), com o lançamento da nova rede o uso do Orkut se tornaria inviável, quer seja pela precariedade da rede(é obsoleta e cheia de falhas, bugs) e insegurança dos usuários, como também pela queda vertiginosa de usuários no Orkut migrando pro Facebook ou pro "Google Me".

O fato é que os prognósticos em torno do Orkut são ruins, um deles é certo(a segunda notícia da procuradoria do Rio) e o outro falta apenas uma confirmação do Google pra se tornar realidade e não apenas rumor, embora o Google não tenha em nenhum momento negado as informações e especulações das notícias sobre o "Google Me".

Sobre o Orkut, a situação em que o site se encontra foi criada pelo próprio Google por conta do desleixo em relação ao site quando já foram cobradas, há anos, medidas pelo Ministério Público no Brasil para se conter e combater os vários delitos denunciados provenientes dessa rede social, que proporcionou a proliferação de forma dramática e impressionante desses delitos na internet no Brasil no período de atividade do Orkut.

E então você pode perguntar:

Pergunta: Mas afinal, o que isso tem a ver com os ditos "revisionistas" do Holocausto(neonazis) e a internet no Brasil?

Resposta: absolutamente tudo.

Pra quem é brasileiro, e não é "alienado"(alheio a esses detalhes), sabe que foi graças à ascensão do Orkut no Brasil, e o mau uso dele pelos usuários, que houve uma proliferação/difusão de lixo neonazista/antissemita/racista nunca antes visto na internet no país, quer seja pela lerdeza da justiça no país em não punir os bandos que disseminam isso a contento, ou mesmo pela 'não ação' do suporte do site para remover de forma eficiente o entulho racista dele, mesmo diante denúncias com provas.

Ou seja, confirmando-se o "Google Me" e o Orkut chegando ao fim, chegaremos ao fim de uma Era nada saudável na internet no Brasil em que um site/rede social proporcionou e ajudou, de forma sem precedentes, a difusão de todo tipo de lixo/porcaria de intolerância e ódio(neonazismo, racismo) na internet, numa escala que deixa qualquer pessoa impressionada e assustada. Isso para não falar de outros delitos bem recorrentes no site.

Diante do exposto, é de se perguntar aos ditos "revis" brazucas como eles farão para difundir lixo racista na internet sem o Orkut, na mesma proporção com que o fizeram nesse site, justamente pela visibilidade que o site lhes proporcionou na difusão desse tipo de conteúdo racista.

O título do post é uma ironia a situação, mas uma ironia mais voltada a questão da provável perda do principal canal de divulgação de lixo racista e de negação do Holocausto no Brasil pelos extremistas que atuam nesse site do Google disseminando esse tipo de conteúdo de ódio e racismo.

Em se confirmando as matérias que saíram nas últimas semanas, o prognóstico citado no post se confirmará. Vamos aguardar e ver o que o Google fará em torno do Orkut e do provável lançamento dessa nova rede social dele.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Poucos falam na resistência a Hitler

Autor de obra lançada em Israel sustenta que, se oficiais rebeldes tivessem assassinado ditador, não seriam “nota de rodapé”

Poucos países tiveram sua existência tão condicionada pela II Guerra Mundial e pelo nazismo quanto Israel, fundado por europeus expatriados e, em grande parte, sobreviventes do Holocausto. Para os historiadores israelenses, o foco de interesse nesse período sempre foi a memória das vítimas e o funcionamento da máquina da morte nazista. No início deste ano, Danny Orbach, 28 anos, nascido em Kfar Saba e formado em história na Universidade de Tel Aviv, destoou dessa tendência ao publicar Valquíria – A Resistência Alemã a Hitler (Yedioth Ahronoth Books, inédito no Brasil).

O livro se detém nos complôs de oficiais alemães contra o ditador, especialmente sobre Claus von Stauffenberg (1907 – 1944), líder da conspiração que dá título ao livro e que inspirou em 2008 um filme estrelado por Tom Cruise. Para o eminente historiador Tom Segev, que resenhou Valquíria para o jornal israelense Haaretz em fevereiro, Orbach “acredita no mito da resistência alemã a Hitler”.

Aluno de doutorado em história em Harvard, nos Estados Unidos, Orbach não foge da polêmica. Ele chegou a peticionar o Yad Vashem, museu israelense do Holocausto, para que o almirante Wilhelm Canaris (1887 – 1945), chefe da Abwehr, agência de espionagem do Reich, fosse reconhecido como Justo entre as Nações, título honorífico concedido por Israel aos que ajudaram a salvar vidas de judeus sob o nazismo. Executado em 1945 pelos nazistas por conexões com a resistência, Canaris colaborou comprovadamente com os Aliados, especialmente a Grã-Bretanha, durante a guerra.

– Canaris não ajudou a salvar apenas um judeu, mas centenas – afirma Orbach, cujos avós maternos, de origem romena, sobreviveram ao Holocausto.

A abordagem controversa de Operação Valquíria sobre a oposição a Hitler na Alemanha se soma a outras obras recentes, como O Göring Esquecido, do australiano William Hastings Burke, sobre as atividades antinazistas de Albert Göring, irmão do marechal Hermann Göring. De Boston, Orbach falou por telefone a Zero Hora:

Zero Hora – Por que a resistência a Hitler no interior da Alemanha lhe atraiu como objeto de estudo?

Danny Orbach – Sempre fui interessado pela II Guerra Mundial. De fato, eu era fascinado pelo tema, não só porque meus avós eram sobreviventes do Holocausto, mas porque o assunto dizia respeito a Israel. Na escola secundária, encontrei livros de história geral da II Guerra e tomei contato com a história dos oficiais alemães que tentaram assassinar Hitler. Na universidade, descobri que havia diferentes complôs políticos com o mesmo objetivo.

ZH – Muitos historiadores se detiveram no fato de que a maioria dos alemães colaborou ativa ou passivamente com Hitler. Esse é o foco, por exemplo, do livro Os Carrascos Voluntários de Hitler, de Daniel Jonah Goldhagen. O que o senhor pensa dessa abordagem?

Orbach – Os envolvidos na resistência a Hitler na Alemanha eram uma pequena minoria. A maioria colaborou com o regime. Mas os historiadores em Israel analisam especialmente a colaboração, e praticamente ninguém ou muito poucos falam na resistência a Hitler. A pesquisa histórica deve analisar tudo, de muitos ângulos. É muito ruim levar adiante uma abordagem de um ponto de vista e negligenciar outro. Muitos historiadores fizeram estudos melhores do que o mencionado (Os Carrascos Voluntários de Hitler). Nele há muitos problemas, que outros pesquisadores apontaram. É muito mais um best-seller do que um estudo histórico.

ZH – O historiador Tom Segev escreveu que a resistência alemã a Hitler não merece mais do que “uma nota de rodapé na história”.

Orbach – Bem, depende do que seja o seu texto principal. (Risos.) Gosto muito de Tom Segev. Entretanto, a fim de entender a complexidade do regime nazista, deveríamos ver também a resistência e não somente a colaboração. Algumas tentativas de assassinato de Hitler falharam por falta de sorte, porque um explosivo não foi detonado ou porque alguém removeu a bomba de Stauffenberg. Se tivessem sido bem sucedidas, a resistência não seria uma nota de rodapé. O sucesso não pode ser o único critério ao se julgar fenômenos históricos. Em muitos países, no passado, no presente e talvez no futuro, seremos confrontados por ditaduras totalitárias como o regime nazista. Não é importante estudar como as resistências agem a fim de entender esse fenômeno no futuro? Segev se detém apenas na Alemanha nazista. Vejo a resistência de forma comparativa.

ZH – Stauffenberg pode ser visto como um opositor de boa-fé?

Orbach – É sabido que havia muitas pessoas sob o regime nazista que discrepavam em questões particulares, mas colaboravam em outras. Um bom exemplo é o do bispo Galen (Clemens von Galen, bispo católico de Münster), que se opunha fortemente à eutanásia, o assassinato de portadores de deficiência, mas não resistia em outros terrenos. Mas, quando se decide assassinar o líder no mais alto escalão de poder, essa é a suprema forma de resistência. É claro que nenhum oposicionista discorda do governo em todos os aspectos. Mas as discordâncias de Stauffenberg foram suficientemente importantes para levá-lo a uma vida perigosa, de autossacrifício, a fim de remover esse regime. É ilusório dizer que ele discrepava em algumas coisas. Stauffenberg – aliás, um líder muito complexo – adotou a suprema forma de resistência, e isso deve ser levado em conta.

ZH – O senhor propôs que Wilhelm Canaris seja considerado um Justo entre as Nações. Por quê?

Orbach – Sim, fiz um requerimento sobre Canaris. O Yad Vashem (Museu do Holocausto, em Israel) tem critérios legais pelos quais define um Justo entre as Nações. O primeiro é que tenha salvo pessoalmente judeus, mesmo um único. Canaris salvou centenas. O segundo é que tenha feito isso por, digamos, razões humanitárias – por exemplo, quem foi pago para isso não é um Justo entre as Nações. Pelo menos alguns dos salvos por Canaris o foram por motivos puramente humanitários, e isso significa, no caso dele, contratá-los como espiões ou como funcionários da agência de inteligência, e há mesmo provas de que muitos dos que foram salvos receberam ordens de não espionar e não se engajar em atividades de inteligência. O terceiro critério é ter arriscado a vida. Há evidências de que ele arriscou consideravelmente a vida. Adolf Eichmann (responsável pelos campos de extermínio) enviou uma carta no final de 1942, e tenho essa carta comigo, acusando a Abwehr de salvar judeus e dizendo que, toda vez que a agência empregara judeus como espiões, a ordem partira de Canaris. A carta foi enviada em 1942, e ele continuou salvando judeus. Foi executado em 1945, não apenas por salvar judeus, mas por estar ligado à resistência. O último critério é não reconhecer como Justo entre as Nações alguém engajado no Holocausto, especificamente no Holocausto contra judeus. Não há nem sombra de evidência de que Canaris tenha se envolvido pessoalmente com o Holocausto. Todas essas evidências o qualificam para ser reconhecido como Justo entre as Nações.

ZH – Como o senhor reage às críticas a sua obra dentro e fora de Israel?

Orbach – Para que o debate sobre o Holocausto seja feito, as diferentes opiniões devem ser consideradas legítimas se estiverem baseadas em fatos. Não podemos fazer um verdadeiro debate histórico sobre fatos que não compreendemos. Coloquemos primeiro os fatos sobre a mesa.

luiz.araujo@zerohora.com.br
POR LUIZ ANTÔNIO ARAUJO

Fonte: Zero Hora
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?edition=14783&local=1§ion=1029&source=a2919278.xml&template=3898.dwt&uf=1

sábado, 17 de julho de 2010

Marrocos começa a conhecer Anne Frank

Em que pese a fama mundial de seu diário, muitos marroquinos não têm ideia de quem é Anne Frank. Esta semana se inaugura, pela primeira vez no mundo árabe, uma exposição sobre a jovem vítima do Holocausto.


A inauguração ocorre com um fundo de raiva e frustração pelo conflito que não cessa no Oriente Médio. 'Anne Frank: uma história da atualidade’, abrirá-se esta semana em Fez, depois de dois dias de entre treinamento de um grupo de jovens marroquinos que serviram como guias. Muitos deles haviam ouvido falar do Holocausto mas, para uma grande maioria, a história da família de Anne Frank e seu refúgio em um anexo de uma casa em Amsterdã são algo novo. O diário de Anne Frank, no qual a garota judia relata sua vida durante a ocupação nazi, foi só recentemente publicado em língua árabe.

Hafsa Aloui Lamrani, de 19 anos, reconhece que estava , reconhece que estava a par de que os nazis mataram milhões de judeus, mas que até os dias de seu treinamento como guia se pergunta se havia sido correto.

“Aqui no Marracos sempre nos comove o que vemos na televisão, os palestinos, Iraque, Afeganistão. Estamos acostumados a receber notícias chocantes. Mas, esta história de Anne Frank... na qual não há ninguém no mundo que te possa ajudar, onde estás sozinha e atacada de maneira permanente. Tua origem(etnia) se converte em algo terrível,” lamenta a jovem marroquina.

Crimes
A exibição se compõe de 36 painéis sobre Anne Frank e sua família, e fotografias das deportações de judeus. Também se oferece informação sobre outros crimes de lesa humanidade como o genocídio em Ruanda e as chamadas limpezas étnicas na ex-Iugoslávia. Durante o treinamento, os participantes assistiram um vídeo sobre manifestações antissemitas em Berlim, seguido de um violento filme antimuçulmano; logo lhes foram convidados a discutir sobre a liberdade de expressão em um caso e outro.

Para estes jovens marroquinos, está é uma maneira nova de aprender, de enfrentar temas delicados que sem dúvida provocam reações emocionais. Por una parte, expressaram seu ceticismo sobre os propósitos dos organizadores e sua preocupação sobre a propaganda pró-judaica. Também se perguntaram porque Anne Frank foi escolhida entre tantas outras vítimas da discriminação.

Ministério da Educação
Segundo o professor Hassan Moussaoui, nas lições marroquinas de historia se presta escassa atenção à Segunda Guerra Mundial, e no passado a tendência era deixar de lado o tema do Holocausto.

“A razão principal é política, e logo também religiosa. Os árabes consideram o conflito árabe-israelense injusto, e se sentem maltratados, excluídos. Portanto, é natural que se produzam reações negativas. Não ensinamos esta parte da história porque o ministério da Educação não a inclui no programa, e não é que não a queiram incluir, é que preferem evitar conflitos nas ruas, protestos dos pais”.

O Museu Anne Frank, em Amsterdã, levou esta exposição para mais de 60 países e, quando foi necessário, colaborou com instâncias locais para adaptá-la ao lugar que a acolhia. Neste caso foi o Centro Marroquino de Direitos Humanos, com sede em Fez. Seu diretor, Jamal Chadhi, reconhece que tomar a decisão não foi fácil. Depois do fatal ataque israelense contra um barco que levava ajuda humanitária a Gaza, levantaram-se vozes pedindo o cancelamento do projeto.

Chadhi crê que a imprensa nacional será crítica, no caso da exibição atrair muita atenção pública. Mas, em sua opinião, graças as mudanças dos últimos anos no clima político, hoje no Marracos se pode dialogar sobre esses temas.

“É necessário trabalhar de maneira paralela a esta mostra,” opina Chadhi. “Educar, aumentar o conhecimento sobre os Direitos Humanos. Temos que eliminar as imagens estereotipadas que existem na cultura tradicional. Há extremistas que utilizam técnicas bastante sofisticadas para difundir uma cultura contrária aos Direitos Humanos, uma cultura da discriminação”.

Tema delicado
Embora tenha recebido convites de outros países árabes, esta é a primeira vez que o Museu Anne Frank decide fazer uma exposição em uma região tão sensível. Nas palavras da organizadora Karen Polak, “se do grupo de 16 jovens marroquinos 3 deles se mostrarem mais abertos e quiserem saber mais sobre o Holocausto e sua complexidade, já teremos conseguido algo. E um tem a esperança de que se convertam de alguma maneira em embaixadores”.

Os jovens que serão guias durante a mostra dizem que aprenderam muito de Anne Frank. Mas o mais importante, comenta Hafsa, é assinalar que a história de Anne Frank é só uma das tantas que devem ser contadas. “Há muitos outros garotos que não escreveram sua história... sempre há casos como o de Anne Frank... no passado, no presente. Espero que não haja nenhum no futuro”.

Por Marijke Peters (http://www.rnw.nl/)

Fonte: RNW(Radio Netherlands Worldwide)
http://www.rnw.nl/espanol/article/marruecos-comienza-a-conocer-a-ana-frank
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Skinheads suspeitos de matar menor de idade no Rio

São Gonçalo: Polícia procura quarto suspeito de matar adolescente

A Polícia Civil está à procura de uma quarta pessoa suspeita de envolvimento na morte do Estudante o jovem Alexandre Thomé Ivo Rajão, de 14 anos – encontrado com sinais de asfixia e espancamento, na manhã da última segunda-feira, em São Gonçalo. O titular da 72ª DP (Mutuá), Geraldo Assed, pediu ainda a quebra do sigilo telefônico dos três jovens já presos. O objetivo é saber onde exatamente estavam os acusados na hora do crime. O eletricista Allan Siqueira de Freitas, de 22 anos e de seus amigos, o açougueiro André Luiz Mocarge, de 23, e do brigadista de incêndio Eric DeBruim, de 22, foram apresentados pela polícia, na manhã de ontem. Eles foram indiciados por homicídio qualificado e homofobia.

Familiares dos três acusados compareceram à delegacia, na manhã de quinta-feira e negaram qualquer envolvimento dos jovens com o crime.

O tio de André, Jorge da Cruz, de 54 anos, contou que seu sobrinho havia chegado em casa por volta das 20h30m do último domingo e não saiu mais.

— Ele chegou depois do jogo Brasil e Costa do Marfim, contou que houve uma confusão e que por isso veio para casa. Ele estava usando o MSN e depois dormiu. Pela manhã, foi preso. Ele não tem nada a ver com esse crime — desabafou.

Já a advogada de Allan, Kelli Vanessa, afirma que seu cliente não tem qualquer contato com grupos classificados como skinheads ou neonazistas. E que Allan também não está envolvido na morte do estudante. Ela disse que a denúncia que originou a prisão dos três jovens partiu de uma jovem com problemas psicológicos.

— Houve, sim, uma briga que envolveu a irmã do Allan e ele foi tomar satisfações. Não passou disso. Ele disse que simpatizou quando adolescente com a filosofia skinhead, mas que foi uma coisa de adolescente. Eu simpatizo com gays e não sou homossexual por causa disso — disse.

Segundo o delegado, apesar das investigações estarem em curso, estão bem adiantadas.

— Recebemos declarações de amigos da vítima de que esses rapazes pregam o ódio a homossexuais, mas ainda investigamos se realmente existe um grupo ou uma base de skinheads em São Gonçalo. Mas não temos dúvidas de que o motivo do crime foi homofobia. Um amigo da vítima foi agredido pelos três e Alexandre seguiu em sua defesa. Mais tarde, por volta da 1h da madrugada, o carro de Eric foi visto. Os amigos pediram para Alexandre não sair da casa já que viram um Corsa branco. Ele preferiu ir para casa e depois de passar pelo veículo, não foi mais visto, sendo encontrado somente na segunda-feira pela manhã em um terreno baldio — explicou o delegado.

Fonte: ExtraOnline
http://extra.globo.com/geral/casodepolicia/posts/2010/06/24/sao-goncalo-policia-procura-quarto-suspeito-de-matar-adolescente-303047.asp
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Polícia quer quebra de sigilo telefônico de suspeitos de matar jovem no RJ

Objetivo é tentar rastrear o local onde eles estavam no momento do crime.
Alexandre, de 14 anos, foi assassinado em São Gonçalo, na segunda (21).
Do G1 RJ

A Polícia Civil informou nesta quinta-feira (24) que vai pedir a quebra do sigilo telefônico de três suspeitos de matar o adolescente Alexandre Thomé Ivo Rajão, de 14 anos, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Segundo os agentes, o objetivo é tentar rastrear o local onde eles estavam no momento em que o rapaz desapareceu até a hora em que foi morto.

Segundo o delegado Geraldo Assed Estefan, da 72ª DP, em depoimento, o grupo de amigos negou participação no crime. Na quarta-feira (23), a Justiça decretou a prisão temporária dos três rapazes. Eles foram levados na tarde desta segunda para a carceragem da Polinter, em Neves, também em São Gonçalo.

Matéria continua no link:
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/06/policia-quer-quebra-de-sigilo-telefonico-de-suspeitos-de-matar-jovem-no-rj.html
Fonte: G1
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Polícia procura mais um suspeito de torturar e matar estudante em São Gonçalo
Isabel Boechat - Extra

RIO - A polícia está à procura do quarto envolvido no assassinato de Alexandre Thomé Ivo Rajão, de 14 anos, que foi encontrado morto na última segunda-feira num terreno baldio em São Gonçalo. O delegado titular da 72 DP (Mutuá), Geraldo Assef, disse que vai pedir a quebra do sigilo telefônico dos três acusados que estão presos, para descobrir onde eles estavam na hora em que o adolescente desapareceu.

O eletricista Allan Siqueira de Freitas, Eric DeBruim, ambos de 22 anos, e o açougueiro André Luiz Marcoge da Cruz, de 23, foram apresentados nesta quinta-feira na delegacia. Os três negam as acusações. Segundo o delegado, os acusados teriam cometido o crime por homofobia. Assef investiga ainda se os jovens fazem parte de um grupo de skinheads (simpatizantes de ideias nazistas com preconceito contra judeus, homossexuais e negros).

- Recebemos declarações de amigos da vítima de que esses rapazes pregam o ódio a homossexuais, mas ainda investigamos se realmente existe um grupo ou uma base de skinheads em São Gonçalo. Mas não temos dúvidas de que o motivo do crime foi homofobia. Um amigo da vítima foi agredido pelos três e Alexandre seguiu em sua defesa. Mais tarde, por volta da 1h da madrugada, o carro de Eric foi visto. Os amigos pediram para Alexandre não sair da casa já que viram um Corsa branco. Ele preferiu ir para casa e depois de passar pelo veículo, não foi mais visto, sendo encontrado somente na segunda-feira pela manhã em um terreno baldio - explicou o delegado.

Matéria continua no link:
http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/06/24/policia-procura-mais-um-suspeito-de-torturar-matar-estudante-em-sao-goncalo-916968997.asp
Fonte: O Globo
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‘Skinhead vai pegar você’

“Tome cuidado onde você for e com o que for falar. Estou atrás de você”. Essa foi a ameaça recebida pela testemunha-chave do inquérito que a apura o assassinato do estudante Alexandre Thomé Ivo Rajão, 14, espancando até a morte por um grupo Skinhead no bairro Califórnia, em São Gonçalo, no último dia 21.

A jovem, de 19 anos, seguia para a sua residência em Alcântara, no último sábado, quando foi abordada por um homem suspeito de liderar um dos principais clãs de culto à ideologia neonazista em São Gonçalo, identificado pela polícia como Tiago Oitenta. Ele estava em um carro prata e seguiu jovem até a porta de casa. Com medo de ser mais uma vítima dos “carecas” ou “cabeças raspadas” no município, ela denunciou a ameaça na 72ª DP (Mutuá), na tarde de ontem, e solicitou proteção à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Ontem, o governador Sérgio Cabral determinou que a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos acompanhasse o caso de perto.

O delegado titular da 72ª DP, Geraldo Assed Stefan, instaurou inquérito para apurar o caso. Agentes do Núcleo de Homicídios da distrital também investigam a participação de Tiago Oitenta na morte de Alexandre. O acusado pode responder por coação no curso do processo e formação de quadrilha.

Matéria continua no link:
http://www.osaogoncalo.com.br/site/pol%C3%ADcia/2010/7/1/14266/%E2%80%98skinhead+vai+pegar+voc%C3%AA%E2%80%99
Fonte: O São Gonçalo Online

Mais infos:
http://www.osaogoncalo.com.br/site/pol%C3%ADcia/2010/6/25/14011/por+que+tanta+covardia+%E2%80%99+
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http://www.band.com.br/jornalismo/cidades/conteudo.asp?ID=320019
http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/policia/policia-monitoram-tres-grupos-de-skinheads-que-estariam-atuando-em-sao-goncalo
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/policia+vai+ouvir+mais+uma+testemunha+da+morte+de+jovem+em+sao+goncalo/n1237679047434.html

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Taiwan revela que diplomata salvou centenas de judeus

Um diplomata de Taiwan, Ho Feng-shan, salvou centenas de judeus na Áustria ocupada pelas tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial, informou hoje o ministério das Relações Exteriores da ilha.

Ho Feng-shan, denominado como o Schindler chinês, desenvolveu uma política de ajuda aos judeus, que havia sido impulsionada pelo então presidente do parlamento de Taiwan, Sun Ke, e referendada pelo generalíssimo Chiang Kai-Shek, adiantou a diplomacia do país.

Documentos descobertos por acaso mostram que a República da China, o nome oficial de Taiwan, foi um dos poucos países do mundo que ajudou os judeus a escapar ao Holocausto nazi durante a Segunda Guerra Mundial, assinalou o diretor do departamento de Assuntos da Ásia Ocidental, Ali Yang.

A República da China, que nessa época controlava a China Continental, concedeu vistos a judeus nas zonas ocupadas pelas tropas de Hitler, mas muitos dos documentos ficaram em território da China quando Chiang Kai-dhek, o seu governo e as suas tropas se refugiaram em Taiwan, depois da derrota frente a Mao Zedong, em 1949.

Os documentos revelados recentemente mostram que Ho, que foi cônsul em Viena entre 1938 e 1940, concedeu vistos a todos os judeus que os requisitaram para facilitar a sua viagem para Xangai.

A iniciativa de Ho a favor dos judeus da Europa só foi tornada pública após a sua morte, em 1997, altura em que a organização judaica Yad Vashem lhe concedeu o título de “Justo entre Nações”.

A mesma honra foi atribuída por esta organização ao diplomata português Aristides de Sousa Mendes, em 1966.

Aristides de Sousa Mendes, que morreu em 1954, ignorou as ordens do Governo de Portugal na época e, enquanto cônsul em Bordéus, França, concedeu, em 1940, vistos a mais de trinta mil refugiados que tentavam escapar ao exército nazi, dos quais 12 mil eram judeus.

* Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fonte: Agência Lusa/IOnline (Portugal)
http://www.ionline.pt/conteudo/69079-ii-guerra-mundial-taiwan-revela-que-diplomata-salvou-centenas-judeus

sábado, 10 de julho de 2010

Auschwitz - O campo de extermínio

Abaixo segue um texto publicado no site do Museu Memorial do Holocausto dos EUA(USHMM) com um resumo sobre o campo de extermínio de Auschwitz.

Muita gente procura informação sobre o Holocausto na internet e acaba não dando de cara facilmente com informações básicas(de fontes sérias) com uma visão geral do que foram os campos de concentração e extermínio empregados pelos nazistas na execução do genocídio da Segunda Guerra. Na medida do possível serão colocados, mais adiante, mais textos com resumos de outros campos de concentração/extermínio. Todos os textos serão fixados no Sumário que se encontra no lado esquerdo do blog para não ficarem "perdidos" na progressão do blog.

Observação: alguns erros de português do texto foram corrigidos(numa vista rápida) e as fontes do texto para leitura foram colocadas(elas não foram reproduzidas na parte em português site do texto original em inglês).
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AUSCHWITZ

O complexo dos campos de concentração de Auschwitz era o maior de todos os estabelecidos pelo regime nazista. Nele havia três campos principais de onde os prisioneiros eram distribuídos para fazer trabalho forçado e. por longo tempo, um deles também funcionou como campo de extermínio. Os campos estavam a aproximadamente 60 quilômetros a oeste da cidade polonesa de Cracóvia, na Alta Silésia , próximos à antiga fronteira alemã e polonesa de antes da guerra, mas que em 1939, após a invasão e a conquista da Polônia, foi anexada à Alemanha nazista. As autoridades das SS estabeleceram os três campos principais perto da cidade polonesa de Oswiecim: Auschwitz I, em maio de 1940; Auschwitz II (também conhecido como Auschwitz-Birkenau), no início de 1942; e Auschwitz III (também chamado de Auschwitz-Monowitz), em outubro de 1942.

(Foto) Entrada principal do campo de extermínio Auschwitz-Birkenau. Foto tirada na Polônia, data incerta. — Beit Lohamei Haghettaot

O campo de Auschwitz era subordinado à “Inspetoria dos Campos de Concentração”. Até março de 1942 esta Inspetoria era um órgão do Quartel-General das SS e, a partir de 1941, começou a fazer parte da Central de Operações das SS. De março de 1942 até a liberação de Auschwitz, a Inspeção era subordinada à Central Econômica-Administrativa das SS.

Em novembro de 1943, as SS decretaram que Auschwitz-Birkenau e Auschwitz-Monowitz se tornariam campos de concentração independentes. O comandante de Auschwitz I continou como comandante da guarnição de todas as unidades SS enviadas para Auschwitz e era considerado o oficial sênior entre os três comandantes. Os escritórios de administração da SS que armazenavam os registros de prisioneiros e gerenciavam sua distribuição de trabalho continuavam localizados na Auschwitz I. Em novembro de 1944, Auschwitz II foi reunificado a Auschwitz I, e Auschwitz III passou a ser denominado Monowitz.

Os comandantes do complexo de campos de concentração de Auschwitz eram: Tenente-Coronel da SS Rudolf Hoess, de maio de 1940 a novembro de 1943; Tenente-Coronel da SS Arthur Liebehenschel, de novembro de 1943 até meados de maio de 1944; e Major da SS Richard Baer, de meados de maio de 1944 a 27 de janeiro de 1945. Enquanto era independente, os comandantes de Auschwitz-Birkenau (novembro de 1943 a novembro de 1944) foram o Tenente-Coronel da SS Friedrich Hartjenstein, de novembro de 1943 a meados de maio de 1944 e o Capitão da SS Josef Kremer, de meados de maio a novembro de 1944. O comandante do campo de concentração Monowitz, de novembro de 1943 a janeiro de 1945, foi o Capitão Heinrich Schwarz.

AUSCHWITZ I

Auschwitz I, o campo principal, foi o primeiro a ser fundado perto da cidade polonesa de Oswiecim. As construções começaram em maio de 1940 em um antigo quartel da artilharia do exército polonês, localizado em um bairro afastado. As autoridades das SS obrigavam os prisioneiros ao trabalho forçado contínuo, com a finalidade de expandir os limites físicos do campo. Durante o primeiro ano de existência do campo, as SS e a polícia evacuaram uma área de aproximadamente 40 quilômetros quadrados como "área de desenvolvimento", reservada para uso exclusivo do campo. Os primeiros prisioneiros de Auschwitz eram alemães, transferidos do campo de concentração Sachsenhausen, na Alemanha, onde estavam encarcerados por infração criminal recorrente, e prisioneiros políticos poloneses que vieram de Lodz e estavam no campo de concentração de Dachau e de Tarnów, no Distrito de Generalgouvernment na Cracóvia (parte da Polônia ocupada mas não incorporada à Alemanha nazista, associada administrativamente à Prússia Oriental, ou incorporada à União Soviética ocupada pela Alemanha).

Similar à maioria dos campos de concentração alemães, Auschwitz I foi construído com três finalidades: 1) prender os inimigos reais e imaginários do regime nazista, e das autoridades de ocupação alemãs na Polônia, por um período indeterminado; 2) ter à disposição uma grande oferta de trabalhadores forçados para alocar aos empreendimentos das SS e relacionados à construção (e, mais tarde, produção de armamento e artigos de guerra); e 3) servir como local para a exterminação de grupos pequenos, de determinadas populações, conforme determinado pelas SS e autoridades policiais para manter a segurança da Alemanha nazista. Como a maioria dos campos de concentração, Auschwitz I possuía câmara de gás e crematório. Inicialmente, os engenheiros das SS construíram uma câmara de gás improvisada no porão do bloco de celas, o Bloco 11. Mais tarde, uma câmara maior e permanente foi construída como parte do crematório original, em outro prédio fora do complexo de celas.

Em Auschwitz I, os médicos das SS realizavam experiências “médicas” no hospital localizado no Bloco 10. Eram pesquisas pseudocientíficas em bebês, gêmeos e anões, além de fazerem esterilizações forçadas e experiências de hipotermia em adultos. O médico mais conhecido dentre eles era o infame Capitão das SS, Dr. Josef Mengele.

Entre o crematório e o quartel de experiências médicas ficava a "Parede Negra", frente à qual os guardas das SS executavam milhares de prisioneiros.

AUSCHWITZ II

A construção de Auschwitz II, ou Auschwitz-Birkenau, teve início em outubro de 1941, nas proximidades da cidade polonesa de Brzezinka. Dos três campos localizados perto de Oswiecim, o Auschwitz-Birkenau foi o que teve o maior número de prisioneiros. Era dividido em mais de doze seções, separadas por cercas com arame farpado eletrificado que, como em Auschwitz I, eram patrulhadas pelos guardas das SS e, após 1942, por guardas com cães policiais. O campo tinha seções específicas para homens, mulheres, um campo familiar para ciganos deportados da Alemanha, Áustria e do protetorado da Boêmia e Moravia, e um para famílias judias deportadas do gueto de Terezín.

Auschwitz-Birkenau também tinha instalações que funcionavam como centro-de-extermínio, e exercia um papel fundamental no plano alemão para exterminar os judeus europeus. A partir de meados de 1941, o gás Zyklon B foi introduzido no sistema dos campos de concentração alemães como forma de agilizar o extermínio. Em setembro, em Auschwitz I, deu-se o primeiro teste com o gás Zyklon B, e o "sucesso" destes testes levaram à adoção daquele gás em todas as câmaras de gás do complexo Auschwitz. Próximo a Birkenau, as SS iniciaram o processo de transformação de duas sedes de antigas fazendas em câmaras de gás. A câmara "improvisada" I entrou em operação em janeiro de 1942 e mais tarde foi desmontada. A câmara “improvisada” II funcionou de junho de 1942 até o final de 1944. As SS consideraram as instalações inadequadas para o volume de gás que eles haviam planejado usar para Auschwitz-Birkenau. Entre maio e junho de 1943, foram construídos quatro imponentes prédios de cremação, cada um com três componentes: uma área para os prisioneiros despirem-se, uma grande câmara de gás, e fornos crematórios. As SS mantiveram as operações com gás em Auschwitz-Birkenau até novembro de 1944.

DEPORTAÇÃO PARA AUSCHWITZ

Os trens chegavam constantemente a Auschwitz-Birkenau trazendo como carga judeus de praticamente todos os países europeus ocupados pela Alemanha ou a ela aliados. Estes carregamentos foram iniciados em 1942 e terminaram em 1944. Estes são os dados, em números aproximados, das deportações de judeus por país: Hungria: 426.000; Polônia: 300.000; França: 69.000; Holanda: 60.000; Grécia: 55.000; Boêmia e Morávia: 46.000; Eslováquia: 27.000; Bélgica: 25.000; Iugoslávia: 10.000; Itália: 7.500; Noruega: 690; outros (incluindo os prisioneiros de outros campos de concentração que eram despachados para Auschwitz-Birkenau ): 34.000.

Com as deportações provenientes da Hungria, Auschwitz-Birkenau tornou-se um instrumento de extrema eficácia dentro do plano alemão de destruir os judeus europeus. Entre final de abril e começo de julho de 1944, aproximadamente 440.000 judeus húngaros foram deportado, e cerca de 426.000 deles foram diretamente para Auschwitz. Deste, as SS imediatamente enviaram cerca de 320.000 diretamente para as câmaras de gás em Aschwitz-Birkenau, mobilizando quase 110.000 para trabalho forçado no complexo de campos de concentração de Auschwitz. Em questão de semanas após sua chegada, os judeus húngaros foram enviados pelas SS para trabalho escravos em outros campos deconcentração, na Alemanha e na Áustria .

No total, aproximadamente 1,1 milhão de judeus foram deportados para Auschwitz. Além deles, as autoridades das SS e das polícias colaboracionistas deportaram cerca de 200.000 pessoas de outras etnias para Auschwitz, incluindo 140.000 a 150.000 poloneses não-judeus, 23.000 ciganos roma e sinti, 15.000 prisioneiros de guerra soviéticos, e outros 25.000 civis(cidadãos soviéticos, lituanos, tchecos, franceses, iugoslavos, alemães, austríacos e italianos).

Os recém-chegados a Auschwitz-Birkenau passavam por uma triagem, na qual a equipe das SS decidia quem era capaz ou incapaz de realizar trabalhos forçados--a maioria--e os enviava diretamente para câmaras de gás, que pareciam banheiros com chuveiros para enganar as vítimas, para que o processo fosse mais rápido. Os pertences dos que iam para as câmaras eram confiscados e enviados para o depósito "Kanada" (Canadá), para posteriormente serem enviados à Alemanha. Para os prisioneiros, a palavra Canadá significava riqueza.

Pelo menos 960.000 judeus foram exterminados em Auschwitz, além de cerca de 74.000 poloneses, 21.000 ciganos, 15.000 prisioneiros de guerra soviéticos, e 10.000 a 15.000 civis de outras nacionalidades (cidadãos soviéticos, tchecos, iugoslavos, franceses, alemães e austríacos).

Em 7 de outubro de 1944, algumas centenas de prisioneiros destinados ao crematório IV em Auschwitz-Birkenau rebelaram-se após descobrirem que seriam assassinados. Durante a rebelião, os prisioneiros mataram três guardas, explodiram o crematório e a câmara de gás adjacente usando para tal explosivos trazidos clandestinamente para o campo por cinco judias que eram trabalhadoras forçadas em uma fábrica de armamentos bélicos nas proximidades. Os alemães acabaram com a rebelião, matando quase todos os prisioneiros envolvidos e enforcando publicamente as mulheres envolvidas, no início de janeiro de 1945.

As operações com gás continuaram até novembro de 1944 quando, sob as ordens de Himmler, as SS desabilitaram as câmaras de gás que ainda funcionavam. Em janeiro de 1945, as SS iniciaram a demolição das instalações remanescentes à medida que as forças soviéticas se aproximavam, em uma tentativa frustrada de esconder do mundo as barbaridades que praticavam.

AUSCHWITZ III

Auschwitz III, localizado nos arredores da cidade polonesa de Monowitz e também conhecido como Buna ou Monowice, foi fundado em outubro de 1942 para abrigar prisioneiros enviados para ali trabalhar na produção de borracha sintética. Na primavera de 1941, o conglomerado alemão I.G. Farben lá estabeleceu uma fábrica, na qual planejavam explorar a força de trabalho escravo dos campos de concentração para produzir borracha e combustíveis sintéticos. A I.G. Farben investiu mais de 700 milhões de Reichsmarks, cerca de 1,4 milhões de dólares na época, em Auschwitz III. De maio de 1941 a outubro de 1942, as SS transportaram prisioneiros de Auschwitz I para o "Anexo Buna", caminho que inicialmente faziam a pé, e depois de trem. Com a construção de Auschwitz III, no final de 1942, os prisioneiros que trabalhavam em Buna lá passaram a viver.

Auschwitz III também possuía um campo denominado “Campo de Educação pelo Trabalho”, no qual eram colocados prisioneiros não-judeus que os nazistas acreditavam haver violado a disciplina imposta pelos alemães no trabalho.

SUBCAMPOS DE AUSCHWITZ

Entre 1942 e 1944, as autoridades de Auschwitz fundaram 39 sub-campos; alguns deles foram fundados dentro de zonas de "desenvolvimento", dentre elas Budy, Rajsko, Tschechowitz, Harmense e Babitz. Outros, tais como Blechhammer, Gleiwitz, Althammer, Fürstengrube, Laurahuette e Eintrachthuette, localizavam-se na Alta Silésia, ao norte e a oeste do Rio Vístula; e os de Freudental e Bruenn/Brnona Morávia. Os sub-campos que produziam ou processavam produtos agrícolas eram subordinados administrativamente à direção de Auschwitz-Birkenau; por outro lado, os sub-campos utilizados para a produção industrial e de armamento, ou indústrias de extração (tais como minas de carvão e pedreiras), eram subordinados a Auschwitz-Monowitz. Após novembro de 1943, esta divisão de responsabilidades administrativa foi formalizada.

Os prisioneiros trabalhavam em grandes fazendas, inclusive em uma estação experimental de agricultura em Rajsko. Eles também eram forçados a trabalhar em minas de carvão e pedreiras, com pesca e, principalmente, em indústrias de armamento, como a empresa das SS German Equipment Works, fundada em 1941. Periodicamente os prisioneiros passavam por uma seleção, e se as SS os julgasse fracos ou doentes demais para trabalhar os enviavam para Auschwitz-Birkenau para serem eliminados.

Em Auschwitz I, aqueles que eram escolhidos para o trabalho forçado eram registrados e tatuados no braço esquerdo com o número de identificação, após o que eram enviados para o campo principal ou para outros lugares no complexo, inclusive para os sub-campos.

A LIBERAÇÃO DE AUSCHWITZ

No final de janeiro de 1945, em pleno inverno, conforme as forças soviéticas aproximavam-se do complexo de campos de concentração de Auschwitz, as SS iniciaram a evacuação destes campos e seus sub-campos. As unidades das SS forçaram cerca de 60.000 prisioneiros a marchar na direção oeste do sistema de campos de Auschwitz, e muitos milhares foram mortos nos dias que antecederam o início da “Marcha da Morte”. Dezenas de milhares de prisioneiros, a maioria judeus, foram forçados a caminhar tanto para noroeste, por 55 quilômetros, para Gliwice/Gleiwitz, junto com os prisioneiros dos sub-campos no leste de Alta Silésia, tal como Bismarckhuette, Althammer e Hindenburg, quanto para oeste, por 63 quilômetros, para Wodzislaw/Loslau na parte ocidental de Alta Silésia, junto com os prisioneiros dos sub-campos localizados ao sul de Auschwitz, como Jawischowitz, Tschechowitz e Golleschau. Os guardas das SS atiravam em todos os que ficavam para trás ou que não conseguiam continuar. Os prisioneiros também sofreram com o mau tempo, fome durantes as terríveis marchas. Pelo menos 3.000 prisioneiros morreram quando iam para Gliwice; e estima-se que 15.000 mais tenham morrido durante as marchas de evacuação de Auschwitz e seus sub-campos.

Quando chegavam a Gliwice e Wodzislaw, eram colocados em trens de carga, sem qualquer tipo de calefação, e levados para campos de concentração na Alemanha, principalmente Flossenbürg, Sachsenhausen, Gross-Rosen, Buchenwald, Dachau, e também Mauthausen, na Áustria. A viagem de trem durava dias e, sem comida, água, abrigo ou cobertores, muitos não conseguiram sobreviver.

No final de janeiro de 1945, as autoridades das SS e da polícia forçaram 4.000 prisioneiros a caminhar para Blechhammer, um sub-campo de Auschwitz-Monowitz. As SS exterminaram cerca de 800 prisioneiros durante a marcha para o campo de concentração Gross-Rosen, além de assassinarem 200 outros que haviam ficado em Blechhammer devido a doenças ou a tentativas frustradas de se esconderem. Após um curto período de tempo, as SS transportaram cerca de 3.000 prisioneiros do complexo industrial de Blechhammer, na Polônia, do campo de concentração Gross-Rosen para o de Buchenwald, na Alemanha.

Em 27 de janeiro de 1945, o exército soviético ingressou em Auschwitz, Birkenau e Monowitz, liberando aproximadamente 7.000 prisioneiros, a maioria deles muito doente e morrendo. Estima-se que as SS e a polícia deportaram, no mínimo, 1.3 milhão de pessoas para o complexo de Auschwitz entre 1940 e 1945. Do total de 1.3 milhão as autoridades dos campos exterminaram 1,1 milhão.

Aprofundar leitura:

Berenbaum, Michael, and Yisrael Gutman, editors. Anatomy of the Auschwitz Death Camp. Bloomington: Indiana University Press, 1998.

Dlugoborski, Waclaw, and Franciszek Piper. Auschwitz, 1940-1945: Central Issues in the History of the Camp. Oswiecim: Auschwitz-Birkenau State Museum, 2000.

Langbein, Hermann. People in Auschwitz. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2004.

Levi, Primo. Survival in Auschwitz: The Nazi Assault on Humanity. New York: Collier Books, 1986.

Rees, Laurence. Auschwitz: A New History. New York: Public Affairs, 2005.

Swiebocka, Teresa, editor. Auschwitz: A History in Photographs. Bloomington: Indiana University Press; Warsaw: Ksiazka i Wiedza, 1993.

Fonte: USHMM
Português
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005189
Inglês
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