quinta-feira, 11 de abril de 2013

Uma proposta para esterelizar 2-3 milhões de judeus

Uma proposta para esterelizar 2-3 milhões de judeus

(Foto) Himmler passando em revista a tropas na Rússia durante maio ou junho de 1942

‘(Foto) Norte da União Soviética – Reichsführer-SS Heinrich Himmler de pé num carro durante um desfile da banda da brigada montada da Divisão de Cavalaria da SS.’

Em 23 de junho de 1942 SS-Oberfuehrer Viktor Brack escreveu ao Reichsfuehrer-SS Heinrich Himmler. Ele lhe disse que tinha fornecido ao Brigadefuehrer Globocnik alguns de seus homens para ajudar com as "tarefas especiais". Globocnik foi organizar a construção e operação dos campos da morte no leste da Polônia, incluindo Sobibor. Ele tinha sido solicitado a fornecer mais homens por causa da necessidade de velocidade com a tarefa.
Brigadefuehrer Globocnik pressionou com a opinião de que toda a ação contra os judeus fosse realizada tão rapidamente de qualquer maneira possível, para que não ficássemos um dia parado no meio da ação em caso de qualquer tipo de dificuldade que obrigasse a interromper a ação. Você mesmo, Sr. Reichsfuehrer, expressou a opinião para mim em um momento anterior de que se deve trabalhar o mais rápido possível, mesmo que por motivos de ocultação.
Entretanto o SS-Oberfuehrer Brack tinha ouvido falar dos que enfrentam escassez de trabalho no Reich e ele tinha uma outra idéia sobre como os judeus deveriam ser usados - para o "trabalho forçado". Ele achou que tinha encontrado uma maneira de fazer isso que consistisse com a idéia de exterminar todos os judeus da Europa:
De acordo com minha impressão, há pelo menos 2-3 milhões de homens e mulheres bem aptos para o trabalho entre os aproximadamente 10 milhões de judeus europeus. Tendo em conta as dificuldades excepcionais colocados para gente com a questão da força de trabalho, eu sou da opinião que estes 2-3 milhões devam, em qualquer caso, serem removidos e mantidos vivos.

É claro que isso só pode ser feito se eles forem ao mesmo tempo incapazes de se reproduzir. Relatei-lhe cerca de um ano atrás, que as pessoas sob minha instrução concluíram as experiências necessárias para que isto possa ser feito. Eu gostaria de trazer esses fatos novamente. O tipo de esterilização que é normalmente levada a cabo em pessoas com doença genética está fora de questão, neste caso, uma vez que leva muito tempo e é cara.

A castração por meio de raios-X, contudo, não só é relativamente barata, mas pode ser realizada em muitos milhares deles em um tempo muito curto. Eu acredito que se tornou irrelevante no presente momento se as pessoas afetadas, em seguida, no decorrer de algumas semanas ou meses, perceberem pelos efeitos do experimento que são castradas.

No evento, Sr. Reichsfuehrer, em que você decidir escolher estes meios no interesse de manter o trabalho forçado, o Reichsleiter Bouhler estará pronto para proporcionar aos médicos e outros profissionais necessários para que eles realizem este trabalho. Ele também me instruiu para informar a você que eu deveria então encomendar o equipamento necessário, o mais rapidamente possível.

Heil Hitler!

Saudações

VIKTOR BRACK
Carta do SS-Oberfuehrer Brack ao Reichsfuehrer-SS Himmler, 23 de junho de 1942

Ver Document on the Holocaust: Selected Sources on the Destruction of the Jews of Germany and Austria, Poland, and the Soviet Union – Editado por Y. Arad.


Foto de Viktor Brack como réu no Julgamento dos Médicos em Nuremberg. [Fotografia ##07333]. Brack foi condenado em 1947 e executedo em junho de 1948.

Fonte: site w2today.com (trecho do livro citado acima)
http://ww2today.com/23rd-june-1942-a-proposal-to-sterilize-2-3-million-jews
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Idosos negros são atacados por neonazistas em Rio Claro

Segundo a polícia, os dois jovens detidos diziam não gostar de negros, pobres, idosos e paulistas
[Vídeo da matéria no link do site]

Do R7, com São Paulo no Ar
Dois jovens foram presos após agredir dois idosos negros em Rio Claro Reprodução/Rede Record

Dois idosos negros foram agredidos violentamente por dois jovens paranaenses, em Rio Claro, na região de Campinas, no interior paulista. Eles são suspeitos de pertencer a uma facção neonazista.

Segundo o guarda municipal Willian César Domingues, os dois jovens, de 19 e 20 anos, diziam não gostar de negros, pobres, idosos e paulistas.

— Eles todo o tempo informavam que o povo do estado de São Paulo é um povo com pouca inteligência, que o serviço que eles faziam, vindo de outro Estado para cá, é porque aqui não tinha mão-de-obra qualificada.

A dupla disse que veio do Paraná para o Estado de São Paulo só para trabalhar. Na saída de um show sertanejo, os dois resolveram bater em dois idosos negros que andavam pelo mesmo quarteirão.

Com pontapés, eles agrediram as vítimas que tiveram de ser levadas a hospitais da cidade com ferimentos na cabeça. A diretora de uma escola, Damares Caiu, viu a agressão e disse que um idoso foi arrastado por cerca de dez metros enquanto apanhava.

— Eles simplesmente bateram por ele ser de cor mesmo e xingaram com palavras preconceituosas.

Os dois homens foram presos com ajuda de moradores da região, que seguraram a dupla até a chegada da guarda municipal.

Fonte: R7
http://noticias.r7.com/sao-paulo/idosos-negros-sao-atacados-por-neonazistas-em-rio-claro-09042013

terça-feira, 9 de abril de 2013

MP avalia possível denúncia contra neonazista que teria agredido morador de rua em BH

Rapaz postou foto no Facebook onde aparece supostamente enforcando a vítima
Ramon Guerra, do R7 MG | 09/04/2013 às 18h02

neonazista. O próprio membro de grupos extremistas publicou a imagem no Facebook

O Ministério Público Estadual (MPE) confirmou, na tarde desta terça-feira (9), que está avaliando a possibilidade de denunciar o rapaz neonazista que teria agredido um morador de rua na região da Savassi, em Belo Horizonte. O caso começou a repercutir na última sexta-feira (5), quando o próprio jovem, de 25 anos, identificado como Donato Di Mauro postou uma imagem da ação no Facebook.

A assessoria de imprensa do órgão informou que o pedido de investigação partiu do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua (CNDDH), e encaminhado para a Promotoria de Direitos Humanos. Ainda não há a definição de qual promotor será o responsável pelo caso. Não há prazo para a definição sobre o início [ou não] da investigação.

Segundo Maria do Rosário de Oliveira Carneiro, advogada da CNDDH, os responsáveis pelo Centro, que é um projeto da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, chegaram até o caso da suposta agressão através da imprensa.

— Recolhemos as denúncias e fazemos buscas ativas na imprensa. Um dos objetivos do centro é combater a violência contra a população em situação de rua. Com indícios, nós analisamos e pedimos providências.

A advogada afirma que o homem que aparece na imagem supostamente sendo agredido por Di Mauro ainda não foi localizado. A intenção é que, com a investigação do Ministério Público, órgãos públicos ligados também à Prefeitura de BH possam ajudar na busca da vítima.

Dados do CNDDH mostram que, em pouco mais de dois anos, 90 moradores de rua foram mortos somente em Belo Horizonte. O risco para quem vive nas ruas chega a ser 50 vezes maior do que para o restante da população.

Fonte: R7
http://noticias.r7.com/minas-gerais/noticias/mp-avalia-possivel-denuncia-contra-neonazista-que-teria-agredido-morador-de-rua-em-bh-20130409.html

Ver ,mais:
Imagem de neonazista enforcando negro com corrente em Belo Horizonte provoca revolta (R7)

Um dos casos mais grotescos desde a redemocratização do país em 1985 (congresso brasileiro)

O assunto poderia ser "off topic" (assunto fora do tema do blog) mas não é tão "off" assim, se é que chega a ser.

Eu já achava a presença deste cidadão na presidêcia da Comissão de Direitos Humanos do congresso uma aberração (não só na presidência dela como na mesma), uma coisa grotesca e talvez um dos casos mais aberrantes desde a redemocratização do país em 1985 com o fim da ditadura, pra não citar as declarações com racismo e homofobia já exibidas na mídia, mas o vídeo de ontem deve ser a cereja do bolo em cima da aberração que é esse caso grotesco, simplesmente repulsivo: ‘Ninguém afronta Deus e sobrevive', diz Feliciano sobre morte de John Lennon. Podem ver nesse link também.

No final do vídeo é dito isso: "Eu queria estar lá no dia em que descobriram o corpo dele, ia tirar o pano de cima e ia dizer: me perdoe, John, mas esse primeiro tiro é em nome do Pai, esse é em nome do Filho e esse é em nome do Espírito Santo".

Dizer o quê de um discurso lunático e amoral desses?

O músico britânico não foi morto com 3 tiros e sim com 5 tiros a queima-roupa por um psicopata chamado Mark Chapman que está preso até hoje pelo assassinato banal que praticou motivado (declarações do mesmo) pela busca da fama (assassino de Lennon queria fama, BBC), Mark Chapman, o assassino, queria ficar famoso matando alguém conhecido, e acabou ficando (se é que alguém 'são' quer esse tipo de "fama").

A frase do Lennon (assunto também citado no vídeo) nos anos sessenta foi feita como uma crítica ao sucesso desmedido da banda na época, em "off", pruma jornalista que publicou a frase fora de contexto pra criar polêmica e vender jornal (coisa que parte da mídia faz até hoje), criando consequentemente o estrago pois os grupos fanáticos da época nos EUA (que era onde os Beatles fazia mais sucesso) usaram o caso pra extravazar a fúria religiosa que professavam (é fácil encontrar vídeos no youtube com gente da Klan dando declarações e gente no Sul dos EUA queimando os discos da banda por fanatismo religioso, confiram no link) e que pelo visto o caso serve até hoje como retórica pra discurso religioso fanático e amoral. Esse caso pode ser visto facilmente (caso alguém queira assistir mais detalhes) na Antologia dos Beatles (saiu em DVD e tem espalhada pelo youtube) ou no documentário britânico The Compleat Beatles.

É tanta estupidez, distorção e conduta reprovável (justificar o assassinato feito por um psicopata pra "impressionar" plateia, metendo religião no meio) que a gente se pergunta se deve comentar um caso desses pois pode acabar aumentando a audiência disso num país onde uma parte da população não age civicamente, não se engaja em quase nada, e essas mesmas pessoas que não agem civicamente costumam cobrar de todo mundo que o povo do país deva ser "assim e assado", um "modelo" ou "exemplo", quando os mesmos não costumam dar exemplo algum ou só ficam resmungando dizendo que nada no país presta com um discurso moralista, vitimista, complexado e nauseante. Sem mencionar o crescimento desse tipo de fanatismo religioso no país.

Com esse caso a gente se pergunta até que ponto o descaso com o combate ao racismo vai chegar se uma pessoa dessas, além de assumir a presidência dessa comissão no congresso, nem sequer foi removido pelos deputados que já fizeram a sacanagem com a população de pô-lo na presidência disto.

Muita gente chega perguntando como o negacionismo do Holocausto e extremismo de direita cresce no país, este caso é ilustrativo pois o crescimento desse tipo de extremismo cresce por isso: por descaso, omissão (de entidades, sociedade civil, partidos, governos, Ministério Publico etc), comportamentos anti-humanista, falta de educação e apego ao conhecimento, falta de civismo etc.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Holocausto cigano, 8 de abril - Dia Internacional do Povo Cigano

Holocausto cigano. O professor Ortega, entre o
delegado da Junta e a diretora do
centro. | Jesús G. Hinchado
José A. Cano | Granada. Atualizado, segunda-feira 08/04/2013 13:44 horas

1. Homenagem em Granada ao meio milhão de ciganos exterminados
2. José Ortega apresenta um livro sobre as vítimas ciganas do genocídio nazi
3. A bandeira da comunidade cigana balança nos edifícios da Junta

Durante o Holocausto nazi, mais de meio milhão de ciganos europeus foram exterminados. Marcaram-nos para serem reconhecidos pelas ruas, tiraram-nos à noite de suas casas e os arrastaram para campos de concentração, converteram-nos em trabalhadores escravos, experimentaram contra eles como se fossem animais e, para terminar, gasearam-nos. Homens, mulheres e crianças de uma tragédia até há pouco tempo, se não silenciada, ao menos ignorada.

José Ortega, professor emérito das universidades de Granada e Wisconsin, especialista em cultura cigana e política internacional, aproveitou a efeméridade do Dia Internacional do Povo Cigano para apresentar seu último livro, "Los gitanos. Un holocausto ignorado" (Os Ciganos. Um Holocausto ignorado), em um ato de homenagem às vítimas da barbárie nazi celebrada no Centro Sociocultural Cigano Andaluz, com sede em Granada.

Os ciganos, segundo explicou Ortega, foram, juntos com os judeus, "a única etnia a ser perseguida simplesmente por serem de sua etnia. Na Europa viviam então pouco mais de um milhão de ciganos e quase a metade morreu nos campos de concentração nazis". O delegado de Saúde e Bem-estar social da Junta em Granada, Higinio Almagro, destacou que essa quantidade "é mais do que os ciganos que vivem atualmente na Andaluzia, 350.000, que são a metade dos que se encontram na Espanha".

Ortega recorda que "sempre se destacou a tragédia que sofreu o povo judeu, mas a dos ciganos tem se mantido ignorada. O reconhecimento da Alemanha foi muito importante, e hoje em Berlim existe já o único monumento que recorda essas vítimas. Os ciganos foram arrancados de suas casas, foram submetidos a experimentos, sobretudo as mulheres, e foram convertidos em mão-de-obra escrava. Este livro reúne alguns testemunhos e trata de mostrar as histórias dessas pessoas".

Durante o ato solene no Salão de Atos do Centro Sociocultural se pode escutar o Hino Internacional da Comunidade Cigana, Gelem gelem, e a fachada do edifício luziu a bandeira da Comunidade Cigana, que também foi compartilhada por outros centros dependentes de Bem-estar Social.

Este ano, a homenagem aos ciganos exterminados durante o Holocausto se celebra com a satisfação do reconhecimento por parte do Estado alemão da etnia cigana como vítima do Holocausto, que aconteceu ano passado em Berlim, na inauguração por parte da chanceler Angela Merkel do único monumento existente no mundo em homenagem a esse meio milhão de europeus vítimas do racismo.

Em Granada e toda a Andaluzia, os atos do Dia Internacional do Povo Cigano se viram acompanhados da tradicional cerimônia do Rio, com a leitura de um manifesto, o canto do "Gelem, gelem" e um espetáculo flamenco, no caso nazarí junto ao rio Genil.

Fonte: Elmundo.es (Espanha)
http://www.elmundo.es/elmundo/2013/04/08/andalucia/1365421483.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
El Manifiesto Gitano 2013, una llamada de atención a la discriminación (murcia.com, Cartagena)

domingo, 7 de abril de 2013

Prestam homenagem na República Tcheca às vítimas do Holocausto cigano (Samudaripen - Porrajmos)

Praga, 5 abr (PL) - O ministro de Relações Exteriores da República Tcheca, Karel Schwarzenberg, prestou homenagem hoje às vítimas do Holocausto cigano junto com várias organizações e dezenas de cidadãos dessa etnia.

Os participantes na cerimônia acenderam uma grande quantidade de velas no pátio do Palacio Lichtenstein na capital, por razão do Dia Internacional do Povo Cigano, que se celebra em 8 de abril, disse a Radio Praga.

Segundo a fonte, dos milhares de ciganos que viviam na antiga Tchecoslováquia na primeira metade do século XX, só uma décima parte sobreviveu à Segunda Guerra Mundial, e atualmente vivem na República Tcheca uns 250 mil.

A decisão de dedicar o 8 de abril aos ciganos se deve ao fato de que nesse dia, em 1971, foi instituído em Londres a bandeira e o hino que os identifica, durante a celebração do Primeiro Congresso Mundial dessa comunidade.

O principal objetivo daquele evento era manter vivo a recordação das vítimas de Samudaripen, o holocausto contra los gitanos executado pelo regime nazi, no qual perderam a vida mais de 500 mil pessoas.

rc/mar

Fonte: Prensa Latina
http://www.prensa-latina.cu/index.php?option=com_content&task=view&idioma=1&id=1281131&Itemid=1
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 6 de abril de 2013

Hitler - o judeu sionista (Parte II)

Então estávamos falando sobre o filme de Jim Condit, The Final Solution to Adolf Hitler (A Solução Final para Adolf Hitler), e particularmente de suas fontes. Vamos continuar de onde paramos, sobre os quarenta e cinco minutos do filme.

Uma coisa que eu esqueci de mencionar é que todas as tentativas que Hitler supostamente fez para destruir as provas de suas ancestralidade, as lápides de seus pais estão ali a céu aberto em Linz para todos verem: Vejam só!

Hitler destruiu a cidade natal de seu pai, mas Condit nunca cogita a noção de que Hitler desprezou o seu abusivo pai pequeno-burguês e funcionário público.

Nesta seção do filme, Condit também retorna à idéia de um Hitler judeu ao retornar à Viena de Hitler (apesar da notação do autor do nosso último post de que Hans Frank é a única pessoa séria alegando a ascendência judaica de Hitler) e notando que alguns judeus em áreas periféricas do Império Austro-Húngaro tinham o sobrenome "Hitler". O nome significa "pequenos proprietários" em alemão, por isso não é de estranhar que alguns judeus, a maioria dos quais têm nomes alemães ou iídiche, teriam esse nome também.

01. Condit retorna à Viena de Hitler de Hamann, e sequer uma vez observou que Hans Frank foi a única fonte para a história da alegada ascendência judaica de Hitler.

Vamos tocar em fontes novamente:

02. Star Wars por Nord Davis. Condit menciona este livro pela primeira vez neste segmento, mas ele não menciona que Nord Davis era um pregador da Identidade Cristã e um profundo racista. Prometemos mais, "mais tarde".

03. The Last of the Hitlers (O Último dos Hitlers) por David Gardner. Condit afirma que a credibilidade deste livro é de que Gardner escreveu uma biografia de Tom Hanks. Certo: então ser biógrafo de uma estrela de Hollywood o qualifica como historiador? O que importa para Condit é o relato de Gardner da interação de Hitler com seu meio-sobrinho William Patrick que está em desacordo com a interação descrita por Hamann? Hamann não diz nada sobre um retorno de William Patrick e dele manter o silêncio sobre "ascendência judaica."

Por conta das idiotices e risadinhas, eu verifiquei quantas referências acadêmicas foi feita pra cada livro. Centenas levaram o livro Hamann, cerca de 60 levam o livro de Gardner. Meu próprio livro que foi publicado em 2002 - no mesmo ano em que livro de Gardner - tem cerca de 400 referências bibliográficas acadêmicas.

Outro pedaço escrito aparentemente por Gardner é de que o governo liderado pelo austríaco Engelbert Dollfuss investigou o passado de Hitler e descobriu que ele era neto de um "banqueiro Rothschild." Eu posso aceitar que deve ter havido Rothschilds em Viena no início e meados da década de 1930, mas em Linz, Graz ou Braunau?

03. Adolf Hitler: Founder of Germany (Adolf Hitler: Fundador da Alemanha) por Heinnecke Kardel. Condit nos diz que Kardel é um "judeu socialista da Alemanha." Na verdade, Kardel foi um condecorado veterano da Wehermacht da Segunda Guerra Mundial. O livro é geralmente considerado como inútil por historiadores, até mesmo Condit aceita que ele é pobremente provido de fontes.

Esta anedota que Kardel fala sobre o judeu vienense que serviu na Wehrmacht é ridícula, uma vez que Hitler não poderia ter sido um "judeu de Viena" porque ele veio de Linz.

04. Aos 59 minutos de filme, Condit fornece uma fonte - uma fotografia de Hitler e Hindenburg tirada no dia em que Hitler foi empossado no Reichstag como chanceler. Aqui temos uma boa visão do que Condit realmente pensa sobre os judeus. Primeiro, há a questão dos erros estúpidos de Condit: a fotografia foi tirada dois meses depois que Hitler se tornou chanceler, não antes. Segundo, Hitler não sucedeu Hindenburg como chanceler. Ele o sucedeu como presidente um ano depois, quando da morte de Hindenburg. Por um ano inteiro, Hitler serviu como chanceler com Hindenburg como presidente. Na verdade, Hitler concorreu contra Hindenburg para o presidente um ano antes e perdeu.

Um homem que faz um filme sobre Hitler não deveria conhecer um pouco mais sobre a história alemã e de seu governo?

De volta à foto. Condit diz que pelo biotipo do corpo de Hitler ele é "um pouco o tipo de judeu sefardita." Mas claro! Hitler era totalmente judeum, ele seria um judeu Ashkenazi, mas eu discordo. Este tipo de argumento do biotipo é o clássico antissemitismo racial.

05. Condit cita a marcha de Frank Collin do Partido Nazista através de Skokie, Illinois, e salienta que Collin era judeu. Em seguida, pulando para as conclusões, ele parece induzir que todos os nazistas deviem ser judeus. Pelo menos isso é o melhor que se pode extrair de Condit aqui.

06. Condit retorna a Hamann novamente, martelando sobre o desejo de Hitler de esconder sua história familiar. Talvez o que Hitler queria esconder não era que ele pudesse ser judeu, mas sim que (1) o seu pai era ilegítimo, (2) que seu meio-irmão Alois era um pequeno criminoso, (3) que seu pai nunca se divorciou de sua primeira esposa e, assim, foi um bígamo. Mais uma vez, notem: Hamann nunca associa o rumor de "Hitler era judeu" a William Patrick Hitler.

07. The Jewish Connection (A Conexão Judaica) por M. Hirsh Goldberg. Condit pega este livro para fazer vários apontamentos. Notavelmente, este livro (publicado mais de trinta anos atrás) cita várias fontes, mas não tem notas de rodapé ou notas no final. Assim, as alegações feitas por Goldberg, a menos que sua fonte seja declarada explicitamente em um texto adequado, deve ser pesquisada por conta própria. Não são apenas as omissões gritantes no livro (por exemplo, Stalin é mencionado como uma das pessoas que ajudou a fundar o Estado de Israel, mas o expurgo antissemita de Stalin dos anos 1940 e início dos anos 1950, velado como "antissionismo" é excluído). E algumas das informações oferecidas estão simplesmente erradas. Por exemplo, Goldberg afirma que o termo "uvas verdes" vem de Jeremias 31:29, mas se olharmos para a tradução literal de Young do verso, para não mencionar o original em hebraico (onde a palavra é Boser), não encontramos a palavra para "uva" em hebraico (gefen ou kedem). Jeremias e Esopo (este último de quem o termo é retirado), se eles existiram, teriam sido contemporâneos, mas a probabilidade é a de que um tradutor foi 'esperto' e mudou o original em hebraico para "uvas" em inglês.

Portanto, não é surpreendente que os pontos que Condit levanta do livro de Goldberg são todos errados. Por exemplo, há a alegação da página 27 de que Hitler não era um estudante com dificuldades em Viena e que foi rejeitado como um artista, mas mesmo assim ele tinha clientes judeus. O autor do relatório citado é Walter C. Langer do OSS (precursora da CIA). O problema é que o relatório Langer nunca foi considerado confiável (ele nunca entrevistou o colega de quarto de Hitler em Viena, August Kubisczek, em primeira pessoa), e a versão do livro diz que a avó de Hitler trabalhou em Viena para os Rothschild - s sobre Graz e os Frankenbergers?

Os erros de Goldberg não terminam aqui. Sua referência seguinte é o canônico "Ascensão e Queda do Terceiro Reich" de William Shirer. Shirer escreve, na página 20 da brochura da edição Bantam, que um judeu húngaro revendedor roupas deu um casaco que parecia um caftan ou seja, um casaco como aqueles usados pelos judeus chassídicos.

O que é realmente surpreendente é que no topo da mesma página em "Ascensão e Queda", Shirer conclui uma seção sobre a alegada carreira artística de Hitler em Viena, escrevendo: "Esta foi a extensão da "realização" artística de Hitler, e ao fim de sua vida ele se considerava um "artista"."

O embuste seguinte é que Hitler empregou uma cozinheira judia, uma tal de Fräulen Kunde, emprestado a ele pelo líder romeno Antonescu durante a guerra. Surpreendentemente, exatamente a mesma história, contada com quase exatamente as mesmas palavras, aparece no livro de Gerald Fleming "Hitler e a Solução Final". Uma das únicas referências à mulher que eu poderia encontrar era em um artigo de 1939 no American Imago, um jornal psicanalítico. Uma fonte compartilhada entre Fleming e Goldberg é The Psychoanalytic Interpretation of History (A interpretação psicanalítica da História) (1971), editado por Benjamin B. Wolman, que é quase seguramente a fonte de que tanto Fleming e Goldberg utilizaram - a menos que Fleming, que publicou uma década depois de Goldberg, usou o livro de Goldberg, que é extremamente duvidoso.

O problema não é só esse, como com o relatório O.S.S., os pontos de vista psicanalíticos de Hitler mostraram ser não confiáveis​​, mas a maioria dos acadêmicos identificam a cozinheira de Hitler não como "Fräulein Kunde", mas como Marlene von Exner, que, de acordo com Martin Gilbert, não era judia, mas, em vez disso, tinha um bisavô judeu. Ao divulgar para Hitler, ela foi demitida (Gilbert, The Second World War: A Complete History [A Segunda Guerra Mundial:. Uma história completa] [2004], pág. 504).

Outra fonte que menciona a cozinheira como Exner e não Kunde é ninguém menos que Brigitte Hamann (pág. 412), cujo livro está ao lado direito na mesa Condit, enquanto ele lê o que parece ser uma fotocópia das páginas do livro de Goldberg. Claramente Condit nunca leu todo o livro de Hamann e simplesmente apontou porções "incriminatórias" de seu "mentor" sombra, a quem ele chama apenas de "Ratisbone."

As revelações sobre o Oficial Superior judeu de Hitler durante a I Guerra Mundial e Dr. Bloch não são nada para quem sabe alguma coisa sobre Hitler. (Com um aparte, eu pessoalmente sou da opinião de que Hitler merecia suas condecorações de guerra, uma das quais foi concedida pelo transporte de uma mensagem entre pelotões sob fogo.)

As alegações de Angela Hitler ter trabalhado para uma organização Mensa judaica. Eu era capaz de rastrear esse assunto em uma publicação Tcheca de 1933. É pobre em fontes na melhor das hipóteses, mas, como Condit admite, não prova nada sobre Hitler ser judeu. Nem tampouco, sobre este assunto, fala da modéstia pessoal de Hitler, citada por Condit enquanto referenciada no livro "Hitler's War" de David Irving. Condit afirma que Hitler não iria permitir que as pessoas, até mesmo médicos, vissem-no nu, porque ele provavelmente era circuncidado, e somente os judeus eram circuncidados antes da Segunda Guerra Mundial na Europa.

Então, lá vamos nós de novo com Hitler sendo um quarto judeu para ter sido submetido a circuncisão ritual, presumivelmente em 1889, ano de seu nascimento. Sério? Devemos supor que a pequena cidade de Braunau tinha um mohel para executar tal circuncisão, não? E sobre a edicação católica dos pais de Hitler?

Sei que esta é uma evidência anedótica, para encará-la com um grão de sal, mas eu mesmo tive um avô judeu. No entanto, o filho do meu avô, meu pai, foi criado como católico, como era minha mãe, e como eu fui.

08. The Rakovsky Interrogation (O Interrogatório de Rakovsky) por um Anônimo. Condit se refere a este livro como uma das "nossas" publicações, então em andamento. Antes que ele entre nisso, no entanto, ele nos mostra um exemplar do jornal que ele usou para publicar todas essas coisas - particularmente um artigo entitulado "A Entrevista de Rakovsky e o começo da Segunda Guerra Mundial". Condit escreveu ele mesmo este artigo. Ele diz que voltaremos para isso também.

Em seguida, ele puxa Sinfonia Vermelha de J. Landowsky, que fazia parte supostamente do interrogatório de Christian G. Rakovsky. O próximo livro é "Hitler e Stalin" de Alan Bullock, e uma referência de Condit da autobiografia de Trotsky sobre o tema sobre Rakovski. Condit chama Rakovsky de "banqueiro cavalheiro" judeu.

A próxima referência de Condit é "Ratisbone" novamente e então puxa "The Rules of Russia" (Os governos da Rússia) do Pe. Denis Fahey, um famoso padre católico antissemita e cismático. Fahey cita Douglas Reed, que a nós é dito que "já trabalhou para o The London Times. Você sabia que muitos dos bolcheviques que derrubaram o governo provisório na Rússia eram judeus de Nova York que não poderiam falar da Rússia?".

Eu posso pensar sobre um norte-americano que foi à Rússia durante a tomada bolchevique - John Reed, autor de "Dez dias que abalaram o mundo". Mas eu passo.

A seguir, Condit fala sobre as tomadas comunistas da Hungria por Bela Kun e da Baviera pelos comunistas, etc, depois da Primeira Guerra Mundial I. Condit referencia a Guerra polaco-soviética, que os poloneses ganharam em agosto de 1920. Condit liga esta derrota Soviética com a queda de Kun e dos comunistas da Baviera. O problema é que tanto Kun como o grupo bávaro foram derrubados antes da Batalha de Varsóvia (a batalha a qual Condit repetidamente se refere), e não estava claro que a Polônia iria ganhar a guerra até esta batalha acabar.

Enquanto ele discute a sucessão de Stalin para o governo da URSS de Lênin, ele menciona que Trotsky foi casado com alguém da família Rothschild. Antes de abordar esta idiotice, Condit conclui sua introdução afirmando que Trotsky era o homem dos banqueiros na Rússia e posto pra fora por Stalin, e os banqueiros e comunistas (que, como todos sabemos, sempre trabalham em equipe), tentaram derrubar Stalin. Ao descobrir isso, Stalin fez prisões em massa e começaram os expurgos dos anos de 1930 - também conhecido como o Grande Terror.

Curiosamente, Condit não menciona o assassinato de Kirov, que é o evento-chave que desencadeou a Grande Terror. Será que ele sabe quem foi Kirov? Será que ele sabe quem o matou e por quê?

Condit também parece não saber (ele nunca menciona isso) que entre a morte de Lênin e a consolidação de poder singular de Stalin (1924-1929), Stalin governou a URSS parte do tempo com dois judeus - Lev Kamenev e Grigori Zinoviev, o primeiro daquele que era cunhado de Trotsky. Por que Stalin não se distanciaria destes homens?

Como no casamento de Trotsky - ou deveríamos dizer, casamentos - ele se casou com Aleksandra Sokolovskaya na Sibéria em 1899. Ele se casou com sua segunda esposa, Aleksandra Sokolovskaia, em Paris, em 1903. Condit não menciona nem a mulher, nem qualquer ligação entre eles e a família Rothschild.

Eventualmente chegamos à alegação muitas vezes repetida do banqueiro judeu de Nova York, Jacob Schiff, que teria financiado os bolcheviques. Ele (em vez de Kaiser Guilherme II, como a história registra) encontrando Lenin em Zurique e lhe enviando para Petrogrado e Schiff, através de Bernard Baruch e seu capacho , Woodrow Wilson, teriam libertado Trotsky da prisão em Terra Nova, onde ele foi de fato pego pelos britânicas na rota de Nova York a Petrogrado, em março de 1917.

O ponto é este: Schiff ajudou a financiar a Revolução de Março na Rússia que colocou um governo provisório democrático no lugar sob Alexander Kerensky. (A maioria dos teóricos da conspiração como Condit parecem não saber que havia duas revoluções em 1917 na Rússia.). No entanto, como ele sentiu que o comunismo era prejudicial ao capitalismo (e foi), ele retirou seu financiamento quando os bolcheviques chegaram ao poder oito meses depois.

Se Schiff tinha financiado Trotski, a propósito, você não acha que Trotsky teria mencionado em sua autobiografia, publicada dez anos depois qye Schiff havia morrido? O que Trotsky teria a perder nesse ponto? Ele havia sido exilado à força da União Soviética e Stalin estava tramando contra sua vida.

Condit chamou Stalin de "gangster meio-judeu", só que Stalin não era judeu. Seu pai e sua mãe eram ambos cristãos ortodoxos georgianos. Jughashvili não significa "filho de judeu."

Isto praticamente encerra o segundo terço do filme de Condit. Vamos fazer a terceira parte finalmente, quando o tempo permitir.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Andrew E. Mathis
Hitler the Jewish Zionist (Part II)
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2007/07/hitler-jewish-zionist-part-ii.html
Tradução: Roberto Lucena

Observação: sem revisão de texto.

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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Para não esquecer o Holocausto, "Shoah" chega em box com 5 DVDs

Para não esquecer o Holocausto, "Shoah" chega em caixa com 5 DVDs
Elemara Duarte - Hoje em Dia
Divulgação/IMS

Para não esquecer o Holocausto Shoah chega em caixa com 5 DVDs
Diretor do filme levou alguns sobreviventes aos locais onde aconteceram milhares de mortes

Um dos registros mais importante sobre o holocausto no Cinema, o documentário "Shoah" (holocausto em hebraico), com 9 horas de duração, chega ao Brasil em box com cinco DVDs. A obra, lançada originalmente no exterior, em 1985, agora, por meio do Instituto Moreira Salles, traz também em um dos cinco discos o extra "O Relatório Karski".

Este documentário será exibido nesta quinta-feira (4), às 19h15, no Cine Humberto Mauro (avenida Afonso Pena, 1537). A exibição é seguida por um debate entre pesquisadores e representantes da comunidade judaica residentes em Belo Horizonte. A entrada é gratuita.

O documentário, feito pelo cineasta francês Claude Lanzmann, fala sobre o extermínio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Participam do encontro o professor de Teoria Política da Universidade Federal Fluminense (UFF) Renato Lessa, a pesquisadora Ilana Feldman e o professor e crítico de cinema Luiz Nazario. A mediação será feita pela coordenadora do Núcleo de Estudos Judaicos da UFMG, Lyslei Nascimento.

Sem arquivo

Lanzmann dirigiu "Shoah" sem usar nenhuma imagem de arquivo como comumente se vê em várias produções sobre o assunto. "O filme pretende não simular o passado, não reconstruí-lo ficcionalmente. As edificações, os trens, as pessoas são realidade. Quando não se exibe nenhum documento de época e se apela para o sobrevivente, o passado parece advir sem mediação", observa Lyslei Nascimento.

As nove horas são compostas por depoimentos de sobreviventes de Chelmno, dos campos de Auschwitz, Treblinka e Sobibor e do Gueto de Varsóvia.

Há entrevistas com ex-oficiais nazistas e maquinistas que conduziam os trens da morte. Os relatos são registrados com a ajuda de intérpretes. Nazario diz que o documentário não se limita a entrevistar as vítimas sobreviventes, mas também "os carrascos, os colaboradores ativos e os observadores indiferentes".
"'Shoah' é a primeira investigação cinematográfica profunda sobre o extermínio dos judeus durante a Guerra", acrescenta.

O diretor passou onze anos de sua vida produzindo o filme: foram 350 horas de entrevistas em quatorze diferentes países e mais cinco anos para a edição final. Hoje, aos 88 anos, Lanzmann é editor de revista.

"Passagem para a Liberdade" relata a fuga

No Brasil, mais precisamente em BH, desde os 25 anos de idade, outro sobrevivente do Holocausto também poderia ter seu relato no "Shoah". Hoje, o empresário aposentado Henry Katina, aos 82 anos, quer é alimentar a esperança para um mundo melhor. "Tenho esperança que isso continue e melhore ainda mais. Estamos em abril de 2013, uma época maravilhosa. Depois da 2ª Guerra Mundial foram estabelecidas as Nações Unidas e declarados os Direitos Humanos e outras garantias de que jamais o Holocausto poderá acontecer novamente", declara, em entrevista ao Hoje em Dia.

Em 2009, Katina, de origem húngara, escreveu suas memórias no livro "Passagem para a Liberdade", onde relatou os horrores que viveu em campos de concentração, dos 13 aos 14 anos de idade. Parte dos seus oito irmãos foi assassinada no episódio e os pais foram mortos em câmaras de gás.

Debilitado e com "água nos pulmões", seguiu para a Suécia e Canadá, onde viveu dez anos. Veio para o Brasil, viver com a irmã. "Não tenho ódio. Mas perdoar é difícil. Fiquei muitas noites pensando como minha mãe e meu irmão de nove anos morreram. Perdoar é um lado da coisa. Há outra, a lembrança atormentando", desabafa.

Fonte: Hoje Em Dia
http://www.hojeemdia.com.br/pop-hd/para-n-o-esquecer-o-holocausto-shoah-chega-em-box-com-5-dvds-1.107893

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Kurt Tucholsky: "Alemanha tem anatomia peculiar, escreve com a esquerda e age com a direita"

Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha teve apenas 21 anos de paz. O escritor Kurt Tucholsky percebeu cedo que o país se lançava de uma guerra a outra.

Alemanha, novembro de 1918. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, o imperador Guilherme 2º era forçado a renunciar. O caos dominava o país: quem deveria assumir o futuro governo? Já durante os últimos meses de guerra, os socialistas radicais e os moderados social-democratas disputavam o poder. Em 9 de novembro, a República Alemã era proclamada tanto pelo socialista Karl Liebknecht como pelo social-democrata Philipp Scheidemann.

No dia seguinte, o então líder do Partido Social-Democrata, Friedrich Ebert, ligou para Wilhelm Groener, comandante supremo das Forças Armadas. Sua intenção era fazer um pacto com os militares. Por telefone, Ebert conseguiu persuadir o general a combaterem juntos os radicais de esquerda e Liebknecht, evitando assim uma iminente guerra civil e garantindo uma transição pacífica para a formação da República Alemã.

Isso acabaria com a revolução e permitiria negociar a paz com os aliados. A cooperação com os militares garantiu aos social-democratas, representados por Ebert e Scheidemann, a responsabilidade pelo governo da nova República. Em janeiro de 1919, uma insurgência da esquerda, conhecida como Levante Espartaquista, foi reprimida com apoio das Forças Armadas. Agora, o caminho estava livre para a Constituição formulada pelos social-democratas, aprovada em março de 1919. Assim nascia a República de Weimar.

Contra o nacionalismo e o militarismo

Exército imperial teve posição
de peso na República de Weimar
Esse pacto com os antigos poderosos não agradou nada ao escritor e jornalista berlinense Kurt Tucholsky, na época, com 27 anos de idade. Como soldado, ele próprio havia sentido na pele os horrores da guerra e se tornou pacifista devido a suas experiências no fronte oriental. Ele achava preocupante que os militares ocupassem uma posição tão forte na jovem democracia.

"Para Tucholsky e tantos outros de sua geração, a Primeira Guerra Mundial representou uma ruptura decisiva. Ele esperava que fossem tiradas lições dessa catástrofe e se decepcionou por isso não acontecer na medida suficiente", afirma Rolf Hosfeld, autor da biografia publicada em 2012 Tucholsky – ein deutsches Leben (Uma vida alemã). Apesar de se considerar de esquerda, jamais teria passado pela cabeça de Tucholsky se associar ao Partido Comunista Alemão (KPD, do alemão), que se orientava por Moscou.

Em vez disso, como muitos outros de esquerda que não queriam ligar-se a Moscou, o autor combateu sua frustração com papel e caneta. A revista semanal Die Weltbühne era a sua arena. Aqui ele atacava os militares que, por falta de controle do Parlamento, tornaram-se ao longo dos anos um Estado dentro do Estado. Ele também escrevia contra as tendências nacional-socialistas, as quais considerava um resquício de tempos passados e uma ameaça à jovem democracia.

"A Alemanha tem uma anatomia peculiar: escreve com a esquerda, mas age com a direita", diria o autor em 1920. O que ele queria dizer é que apesar de a esquerda ter uma influência intelectual sobre a República de Weimar, a propensão geral era marcada pelo militarismo e nacionalismo. Tucholsky foi, assim, um dos primeiros a vislumbrar o fracasso da República e a ascensão do nazismo.

"É impressionante com que precisão ele previu na época situações que, realmente, vieram a acontecer. A cooperação de Paul von Hindenburg com o governo de Hitler, essa forma de tomada do poder", comenta Hosfeld.

Restrição à liberdade de imprensa

Rolf Hosfeld, biógrafo de Tucholsky
A liberdade de imprensa também foi ameaçada durante a República de Weimar. Em 1929, colegas de Tucholsky da revista Weltbühne chegaram a ser levados a tribunal. Num artigo, eles informaram sobre a construção secreta de um avião de guerra pelo Exército do Reich, como as Forças Armadas passaram a se chamar a partir de 1921. Tal atividade estava proibida para os militares, de acordo com o Tratado de Versalhes, firmado ao término da Primeira Guerra Mundial. O tratado estabelecia que a Alemanha abriria mão de grande parte do seu território e obrigava à desmilitarização temporária de algumas regiões.

"Procurava-se de toda forma silenciar as vozes críticas contra a autonomia do Exército", acrescenta Hosfeld. Os jornalistas do semanário Weltbühne, entre eles o futuro Prêmio Nobel da Paz Carl von Ossietzky, foram condenados a 18 meses de prisão por revelar segredos de Estado. Na época, Tucholsky já vivia a maior parte do tempo no exterior. O processo deixou claro que "escrever com a esquerda" não era permitido.

A crise econômica mundial precipitou a profecia de Tucholsky: a temida ascensão ao poder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP, do alemão), de Adolf Hitler. Nas eleições de 1930, eles alcançaram 18% dos votos. O grave desapontamento com a situação política, as restrições à imprensa e vários outros motivos pessoais fizeram Tucholsky optar definitivamente pelo exílio na Suécia, país de seus sonhos.

Em exílio

Semanário "Weltbühne" era principal
plataforma para intelectuais de
esquerda nos anos 1920
Da Suécia, Tucholsky vivenciou a tomada do poder pelos nazistas em 30 de janeiro de 1933. A partir de então, ele reduziu radicalmente suas atividades de jornalista. "Não adianta lutar contra o oceano", justificou o autor, desiludido, numa carta escrita em abril de 1933. Tucholsky morreu na Suécia em 21 de dezembro de 1935, devido a uma superdose de comprimidos. A teoria de suicídio é discutida até hoje.

Em 1946, na revista Weltbühne, que havia sido reinstituída, o autor Erich Kästner descreveu Tucholsky como "berlinense gordo e baixinho, que queria impedir uma catástrofe com a máquina de escrever", um homem que condenava o fato de tantos não terem aprendido nada com a Primeira Guerra Mundial. Tal processo de aprendizado só começaria na Alemanha nas décadas após 1945.

O que Tucholsky acharia da Alemanha de hoje? "Tucholsky gostaria de viver na República Federal da Alemanha. O que não significa que ele não tivesse críticas", afirma Hosfeld com convicção. As missões de guerra do Exército alemão, as ações do governo na crise bancária, "com certeza, o tiraria do sério, como jogam com o capital à custa do cidadão comum", diz Hosfeld. Portanto, típico de alguém que escreve com a esquerda.

Autoria: Friedel Taube (smc)
Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw.de/kurt-tucholsky-alemanha-tem-anatomia-peculiar-escreve-com-a-esquerda-e-age-com-a-direita/a-16660040

sábado, 30 de março de 2013

Stormfront, 4 anos de pena para moderadores de fórum racista

Stormfront

Foi solicitada uma pena de entre 4 anos e 1 mês a 4 anos e 10 meses para os quatro réus acusados ​​de moderar o site neonazista Stormfront.org, com conteúdo de incitamento ao ódio racial.

As afirmações foram feitas por Luca Tescaroli em processo sumário perante o primeiro tribunal criminal de Roma. Segundo a acusação, os quatro são acusados de promover e dirigir um grupo cujo objetivo é o incitamento à discriminação e violência, o ódio étnico, religioso e racial, de modo a também pedir a desqualificação dos réus para qualquer cargo público pelo período de cinco anos.

O caso do Stormfront também foi levantado pelo Estense.com, que tinha denunciado as frases e ataques antissemitas contra Marcella Ravenna (ver a matéria http://www.estense.com/?p=250822). O fórum Stormfront serve como ponto de apologia do nazismo e de apoio à supremacia da raça branca, ofuscado hoje pelo Judiciário, ele nos ironiza depois de saber da notícia assim que entramos em contato com ela). A docente de Psicologia Social na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Ferrara foi atacada na seção italiana do Stormfront.org como "uma autora de livros sobre o Holocausto, sobre os "demônios" do nazismo e sobre as implicações psicológicas do antissemitismo e racismo ... uma judia obcecada consigo mesma e com as fantasias de sangue de seu povo."

Especificamente, os pedidos foram de 4 anos e 10 meses para Daniel Scarpino, milanês de 24 anos, considerado o ideólogo do grupo, de 4 anos e 1 mês para Diego Masi, 30 anos de idade, de Ceccano (Frosinone), de 4 anos e 6 meses para Ciampaglia Luca, de 23 anos de Atri (Teramo), ambos de moderadores da seção italiana do fórum Stormfront, e de 4 anos e 8 meses para Mirko Viola, 42 anos, de Contu' (Como). O julgamento está previsto para próximo 8 de abril.

Fonte: Estense.com (Itália)
http://www.estense.com/?p=289426
Tradução: Roberto Lucena

Observação: a matéria original no link acima era mais curta, foi corrigida (aumentada) depois.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Parlamento da Rússia analisa proposta de lei para punir defensores do nazismo e quem nega o Holocausto

Documento endureceria Código Penal russo
27/03/2013 10h33

Um projeto de lei reafirmando a inaceitabilidade de quaisquer tentativas para reviver o nazismo foi submetido à Duma, câmara baixa do Parlamento da Rússia, na segunda-feira, 25. Elaborado pelo senador Boris Shpigel, o projeto quer punir quem tentar negar o Holocausto ou transformar criminosos nazistas e seus cúmplices em heróis.

Segundo seu autor, "a necessidade de elaborar um projeto de lei destacando a inaceitabilidade das intenções voltadas para a redenção do nazismo (...) decorre, por um lado, do alcance crescente das tentativas de rever os resultados da II Guerra Mundial e justificar crimes contra a paz e a segurança (...), e, por outro, da ausência de um quadro que regulamente os esforços para impedir o renascimento do nazismo em diferentes áreas da vida pública e estatal".

Shpigel também propôs a introdução de alterações ao artigo 282 do Código Penal russo que obrigariam os condenados por estes crimes a pagar multas que variam de 100 mil a 300 mil rublos (aproximadamente, US$ 10 mil), ou uma quantidade equivalente ao seu salário por um ou dois anos.

Como alternativa, o projeto prevê que os culpados possam ser condenados a até 360 horas de serviço comunitário, ou até mesmo a uma pena de prisão de até dois anos. Por outro lado, multas de até 500 mil rublos (mais de 16 mil dólares) poderiam ser impostas a pessoas que cometessem tais crimes por meio de violência ou ameaça, abuso de autoridade ou dentro de grupos organizados.

Nesta classificação, as sanções alternativas incluem uma multa equivalente ao salário de três anos da pessoa condenada, a proibição de exercício de cargo público por até cinco anos, até 480 horas de serviço comunitário, ou pena de prisão de até cinco anos.

Fonte: Diário da Rússia
http://www.diariodarussia.com.br/fatos/noticias/2013/03/27/parlamento-da-russia-analisa-proposta-de-lei-para-punir-defensores-do-nazismo/

Ver também:
Russia moves to criminalize Holocaust denial (RT, Rússia)
Russian senator suggests punishing attempts to revive Nazism and deny Holocaust (Russia Beyond the Headlines)

terça-feira, 26 de março de 2013

Fritz Dietrich (Nazi) - Massacres na Letônia

Fritz Dietrich (nasceu em 6 de agosto de 1898, executado em 22 de outubro de 1948) era um oficial alemão da SS que tinha um doutorado (Ph.D.). Seu nome também é visto escrito como Emil Diedrich.[1]

Resumo de sua trajetória

Dietrich adquiriu o status de SS-Obersturmbannführer. De setembro de 1941 a novembro de 1943 ele serviu como policial chefe da SS (SS und PolizeiStandortführer ) em Liepāja (em alemão: Libau), Letônia. As unidades de polícia sob seu comando conduziram inúmeros massacres de judeus e outras pessoas em Liepāja. O maior de todos os massacres de Liepāja ocorreu em três dias, numa segunda-feira, 15 de dezembro, a quarta-feira, 17 de dezembro de 1941. Em 13 de dezembro, Karzemes Vārds publicou uma ordem de Dietrich que pedia que todos os judeus na cidade permanecessem em suas residências na segunda-feira, 15 de dezembro a 16 de dezembro de 1941. [2]

Julgamento por crimes de guera

Depois da segunda guerra ele foi julgado, condenado e setenciado a pena de morte por crimes de guerra, mas não por suas ações na Letônia. Dietrich tinha ordenado o fuzilamento de sete prisioneiros aliados que tinham saltado de paraquedas de aeronaves avariadas.[3] Em 1948 Dietrich foi enforcado na prisão de Landsberg.[4] Os julgamentos de Dietrich e outros ficaram conhecidos como "Flyers Cases" (Casos dos Aviadores) e foram parte do que ficou conhecido como os Julgamentos de Dachau por crimes de guerra.

Notas

[1] Ezergailis, The Holocaust in Latvia, página 288.
[2] Ezergailis, The Holocaust in Latvia, páginas 293 a 294
[3] United States vs. Fritz Dietrich and others, Case Nos. 12-1545 and 12-2272 (File US115), resumido dos Crimes Nazis no Julgamento
[4] Klee, The Good Old Days, página 290.

Referências

- Ezergailis, Andrew, The Holocaust in Latvia 1941-1944—The Missing Center, Historical Institute of Latvia (in association with the United States Holocaust Memorial Museum) Riga 1996 ISBN 9984-9054-3-8
- Klee, Ernst, Dressen, Willi, and Riess, Volker, eds. "The Good Old Days" -- The Holocaust as Seen by its Perpetrators and Bystanders, MacMillan, New York 1991 (translation by Deborah Burnstone) ISBN 0-02-917425-2

Fonte: texto extraído da Wikipedia em inglês, com as notas (transcritas no final da tradução) no próprio verbete
http://en.wikipedia.org/wiki/Fritz_Dietrich_%28Nazi%29
Tradução: Roberto Lucena

Observação: vários verbetes (com fontes e que servem pra consulta rápida) da Wikipedia em inglês não possuem tradução pro português.

Jornal El País retira artigo on-line que compara Merkel a Hitler

O jornal espanhol El País retirou neste domingo de seu site uma artigo bastante crítico em relação à Alemanha, no qual a chanceler Angela Merkel era comparada a Adolf Hitler, o que provocou reações indignadas de alguns de seus leitores.

Na coluna publicada na edição regional andaluza de El País em seu site, Juan Torres López, professor de Economia da Universidade de Sevilha, escreveu que "Angela Merkel, como Hitler, declarou guerra ao resto do continente para garantir seu espaço econômico vital".

Angela Merkel "nos castiga para proteger suas grandes empresas e bancos e também para ocultar ante seu eleitorado a vergonha de um modelo que fez com que o nível de pobreza em seu país seja o mais alto dos últimos 20 anos, em que 25% de seus empregados ganhem menos de 9,15 euros/hora, ou que à metade de sua população corresponda um miserável 1% de toda a riqueza nacional", acrescentou Torres López.

"El País retirou de seu site o artigo 'Alemanha contra a Europa', assinado por Juan Torres López e publicado em sua edição na Andaluzia, porque continha afirmações que este jornal considera inapropriadas. El País lamenta que um erro na supervisão tenha permitido a publicação do citado material. As opiniões expressadas por Torres López só representam o autor", afirmou o jornal, em um comunicado.

Além de irritar alguns leitores pelo desrespeito para com Merkel, a coluna também provocou reações de outros internautas, que consideraram a retirada do artigo on-line um gesto de censura.

Fonte: AFP/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/jornal-el-pais-retira-artigo-on-line-que-compara-merkel-a-hitler,57749c16d839d310VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html

Ver mais:
Comparação de Merkel a Hitler leva "El País" a retirar artigo de opinião (Expresso, Portugal)
Merkel igual a Hitler? Estalou o verniz entre Espanha e Alemanha (tvi24, Portugal)


segunda-feira, 25 de março de 2013

Mensagens antissemitas causam processo milionário ao Twitter

O Twitter foi processado em 50 milhões de dólares por não divulgar as identidades de utilizadores franceses que publicaram mensagens antissemitas no ano passado.

O caso teve início em Outubro, quando a rede de microblogs recebeu uma série de tweets com a hashtag #unbonjuif (um bom judeu, em francês). A UEJF (união dos estudantes judeus franceses), então, processou o site pedindo a remoção do conteúdo. E foi atendida.

Em Novembro, a UEJF moveu uma nova acção, desta vez pedindo a identidade dos utilizadores, e um tribunal francês acatou, dando 15 dias para que o Twitter passasse as informações - o que não foi feito.

Na época, a empresa disse que estava a rever o caso e, como não atendeu o prazo, a UEJF a processou outra vez, agora pedindo uma indemnização de 50 milhões de dólares. Caso vença, a organização informou que usará o dinheiro para preservar a memória do Holocausto.

Fonte: Diário Digital (Portugal)
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=623265

sexta-feira, 22 de março de 2013

Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 04

Epílogo: o refúgio da latinidade

A ideologia do fascismo italiano encontrava, então, tantos obstáculos como variantes ou formas paralelas (nacional-populismo, fascismo "de esquerda", falangismo, nacional-socialismo), que concorriam com ele em um contexto onde predominava a busca pragmática de referentes externos. Não ajudavam as percepções confusas ou alteradas nos dois sentidos, tanto na Itália como na América Latina que ao se propagar distorciam a mensagem original. Os regimes castrenses, por seu lado "criaram um ambiente hostil para a propagação do fascismo numa forma não adulterada" [75].

Além disso, outro motivo fundamental da busca de uma hegemonia italiana, induzia a leituras superficiais. A "latinidade", um tema já importante para o nacionalismo italiano, significava o intento de extender até a América Latina uma primazia espiritual universal, que Roma reivindicava como "mãe" da Civilização Latina. [76] Este objetivo -característico de uma política externa italiana que desde sempre se expressava com linguagem de mitos - [77] implicava desvincular a maior área "latina", quer dizer, a América Latina, das influências não-latinas (anglossaxãs, eslavas e asiáticas) e se sobrepôr por cima das influências "derivadas", ou seja, luso-hispânicas. A latinidade se expressava também como o refúgio na cultura de uma política de expansão do fascismo italiano que encontrava limites e obstáculos formidáveis em outros campos.

A concorrência da latinidade com a cultura ibérica apontava a oferecer, a Roma, uma tradição alternativa de espiritualidade mais densa de significados com respeito ao mero laço genealógico e linguístico. Uma tradição antiga mas viva, renovada pelo fascismo e suscetível de desenvolvimento no tempo presente. A proposta italiana de latinidade, frequentemente, era caracterizada pela possibilidade de que "Roma" significasse um arraigo tradicional da modernidade e, pelo mesmo, um brio progressista diferente (como alternativa "espiritual") ao progressismo "plutocrático" e meramente materialista de Washington e Londres, e à tradição sem modernidade de Madrid e Lisboa. Os grupos e tendências "hispanistas" na América Latina, frequentemente, tinham geralmente uma forte matiz conservadora e religiosa, em consequência a hispanidade não podia se aproveitar do sentido modernizador. [78] Por outro lado, justamente por este motivo resultava mais próxima as forças oligárquicas, castrenses e conservadoras que predominavam na região e que foram atraídas depois de 1936 pela Espanha de Franco. [79] Frente a esta ventaja hispánica do lado conservador, Roma ostentava as boas relações do Regime com a Igreja, especificamente os Pactos Lateranenses de 1929 e, mais tarde, a defesa do catolicismo contra a República espanhola anticlerical e anticristã. A latinidade em fn supunha um esquema para integração nacional, uma fórmula para sair da "pouco clara e indefinível consistência étnica atual" e para superar "aquelas diferenças de classe que não deveriam existir em Nações em formação e que nececitam uma igualdade individual e coletiva", apontando, por outro lado, - segundo o modelo fascista italiano - a "uma entidade nacional toda harmônica, própria, que seja finalmente na concepção e na realidade dos fatos um País orgânico e formado, que pode aportar algo à comunidade dos povos civis" [80].

A latinidade, em poucas palavras, como estratégia cultural oposta à hispanidade conservadora e ao panamericanismo econômico, poderia compensar as debilidades e as insuficiências da penetração econômica e diplomática da Itália e os resultados incertos da expansão política e ideológica do fascismo.

Ainda assim a latinidade, contudo, tinha dificuldade para se impôr. Tinha, frequentemente, a debilidade de ser ao fim e ao cabo a expressão de um imperialismo europeu, mesmo débil e distante fosse (e sem antecedentes históricos na região). Isto suscitava a desconfiança em países que buscavam a construção e o fortalecimento de suas identidades nacionais e a defesa de sua soberania. México, em particular, considerado "bastão da latinidade" contra o mundo anglossaxão, parecia preferir a busca de suas razízes nacionais nas antigas civilizações pré-colombianas no lugar de Roma. [81]

Com a Guerra da Etiopia (1935-1936) não faltaram os temores de um intervencionismo italiano na região, apoiado em motivações culturais análogas - a "missão civilizadora" e a colonização "proletária" - as que havia legitimado a fundação do Império africano de Mussolini. A latinidade italiana, além disso, podia resultar incômoda porque relegava a herança ibérica a um papel secundário e desechaba as tradições indígenas como resíduos primitivos e lastres para a civilização. A primazia de Roma, como mito unificador interétnico e panlatino significava também Descartar os mitos alternativos de unidade continental mestiça e nativa, como a "raça cósmica" de Vasconcelos ou o "indoamericanismo" de Haya de la Torre e de Mariátegui [82]. Despois de sua estada de três anos na Itália, José Carlos Mariátegui retoma as críticas ao latinismo de Vasconcelos e conclui: "não somos latinos e não temos nenhum parentesco com Roma" [83].

O projeto político-cultural da latinidade era fundado, então, sobre bases precárias ao não possuir um apoio político suficiente, e era exposto à competencia, hostilidade e incompreensões. A partir de mediados dos anos trinta, a latinidade, reduzida a "um ideal que se está hundiendo paulatinamente" [84], mas não abandonado ainda pela propaganda italiana, enfrentará sobretudo o progresso da ideia panamericana, expressão da crescente potência geopolítica dos Estados Unidos na América Latina.

Os resultados decepcionantes da política cultura de "latinidade", enfim, simbolizavam a insuficiente penetração do fascismo italiano (ideológica, política e geopolítica) e, finalmente, a impossibilidade de avaliar positivamente (de um ponto de vista fascista) os efeitos de uma influência de cuatro lustros de penetração do modelo político italiano na região. O desencontro da Itália fascista com os "fascismos" latinoamericanos têm um dejo final de ironia, pois somente depois de que o regime de Mussolini cai (em 1943) um novo golpe militar na Argentina inicia um experimento político de tendências fascistas, que dará lugar mais tarde - ao finalizar a Guerra Mundial - ao "justicialismo" populista de Perón. O México, por seu lado, segue sua evolução nacional-populista autóctone e o Brasil abandona definitivamente os experimentos fascistas para desenvolver também sua forma peculiar de populismo. No mais, as muitas ilusões, especismos e equívocos recíprocos dos fascistas italianos e de seus homólogos latinoamericanos deixam um legado de incerteza semântica e interpretativa que perdura até hoje.

Notas

75 Grifn, The Nature, 148.

76 Cfr. Emilio Gentile, "L'emigrazione italiana in Argentina nella politica di espansione del nazionalismo e del fascismo", Storia Contemporanea XVII: 3 (Junio 1986): 355-396, aquí 394; Pietro Rinaldo Fanesi, "Le interpretazioni", 402-405.

77 Véase el ensayo de Richard J. B. Bosworth, "Mito e linguaggio nella politica estera italiana", en La politica estera italiana, 1860-1985, eds. R. J. B. Bosworth y S. Romano (Bologna: Il Mulino, 1991), 35-67.

78 Sobre el carácter no-moderno de la hispanidad, véase Bailey W. Dife, "The Ideology of Hispanidad", Hispanic American Historical Review XXII: 3 (Agosto 1943): 457-482. Cfr. también Frederick B. Pike, Hispanismo 1898-1936: Spanish Conservatives and Liberals and the Relations with Spanish America (Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1971).

79 Por otro lado, justamente la victoria en la Guerra civil logrará matizar la rivalidad entre hispanidad y latinidad, en nombre de la lucha común contra "las pretensiones hegemónicas de los anglosajones": Erba, "Per una Spagna imperiale", Critica Fascista XVII: 18 (julio 1939): 290-291. La "hispanidad" de los años treinta (la de Serrano Suñer, Maetzu, Giménez Caballero, Pemartín, etc.) tiene, sin duda, infuencias fascistas.

80 Oreste Villa, L'America Latina, 99, 102. El significado ecuménico, cultural, de la latinidad, significaba también una ventaja frente al nacionalismo alemán, que era visto con recelo por su exclusivismo étnico y racial. "La cuestión de la raza" -escribe el embajador en Brasil a Ciano- "[...] debe entenderse como origen histórico [latino] de toda la nación [...]. Debe entenderse como idioma, que es neo-latín. Debe entenderse como forma mentis, que es mediterránea. Debe entenderse como concepción general de la moral y el derecho, que son romanos; como concepción de la familia, que es católica; como arte, arquitectura, estilo, oratoria, que son todas emparentadas con la cepa [cultural] ibérico-mediterránea". Lojacono a Ciano, Río de Janeiro, 27 de septiembre 1937, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 7, doc. 373, 450. La Latinidad, en suma, debería entenderse como herencia viva, histórica y cultural, no como comunidad etno-biológica.

81 Franco Savarino, "The Sentinel", 97-120.

82 Franco Savarino, "Apuntes sobre el fascismo", 105-106. Véase José Vasconcelos, La raza cósmica (Barcelona: Agencia Mundial de Librería, 1925). También la Brasilianidade promovida por la AIB se encontraba de facto en competencia con la latinidad itálica.

83 José Carlos Mariátegui, Lettere dall'Italia ed altri scritti (Roma: Editori Riuniti, 1973), 154.

84 Aldo Bizzarri, "America 'Latina'?", Critica Fascista XVIII: 22 (septiembre 1940): 372-373.
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Para visualizar toda a bibliografia do texto, acessar a página original: Link.

Fonte: Scielo
Texto: JOGO DE ILUSÕES: BRASIL, MÉXICO E OS "FASCISMOS" LATINOAMERICANOS FRENTE AO FASCISMO ITALIANO
Autor: Franco Savarino
http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0121-16172009000100009&script=sci_arttext
Tradução: Roberto Lucena

Observação: texto sem revisão.

Ver:
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 03
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 02
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 01

Ver também:
O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 1
O Partido Alemão Nacional-Socialista na Argentina, Brasil e Chile frente às comunidades alemãs: 1933-1939 - parte 01

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