terça-feira, 6 de outubro de 2015

Goebbels: "Mauer relata fuzilamentos em massa de judeus na Ucrânia"

Sou grato a Jason por encontrar esta citação, traduzida deste texto alemão de 19.10.41, também apontado em Herf.
Mauer relata fuzilamentos em massa de judeus na Ucrânia.

Ele pede com urgência material explicativo para a população ucraniana, porque eles não entendem a necessidade de tais medidas severas contra os judeus.

O Bolchevismo enfraqueceu o instinto antissemita no povo da União Soviética; em muitos aspectos, teremos que começar do zero aqui.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2015/10/goebbels-mauer-reports-massive.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Goebbels: "Mauer reports massive shootings of Jews in the Ukraine"
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Reichskommissariat Kaukasus (Comissariado do Reich para o Cáucaso)

O Reichskommissariat Kaukasus (Comissariado do Reich para o Cáucaso) foi uma administração civil sobre os territórios caucasianos da URSS conquistados pelo Reich durante a guerra no Oriente (Leste). Alguns desses territórios foram conquistados e ocupados pelo Reich e seus aliados entre novembro de 1941 e março de 1943 [1]. Durante a ocupação, o Ministério do Leste queria, com o apoio de Hitler, a implementação de uma administração militar, prelúdio para uma posterior administração civil, preparada pelo Ministério do Leste a ser posta em prática no decorrer do ano de 1942. Mas Hitler decide o contrário durante o verão [2]. Assim, ele permite uma política de suporte às populações caucasianas: Wilhelm List (oficial) implementa, a partir de setembro de 1942, os governos para cada povo, mas que possuem, na prática, nenhum poder. [2]

O sucesso no início do verão de 1942 pressagia o rápido controle dos territórios caucasianos, mas a estratégia soviética de retirada constante, combinada com um endurecimento soviético na base do Cáucaso, torna aleatória a conquista. [3]

Durante as semanas ou meses de ocupação dessas regiões, os alemães tentam se apresentar aos olhos das populações nativas como os defensores da fé e da especificidade cultural dos povos do Cáucaso [1], incentivando uma vida cultural nacional [2]. Alguns diplomatas do Reich proporão até a independência, como um protetorado alemão. [2]

Estes projetos, já minados pelas práticas das unidades de ocupação (com entregas forçadas de comida, com requisições de mão-de-obra [2]) desmoronou após a evacuação dos territórios em questão, principalmente após a derrota em Stalingrado em março de 1943. [2]

Referências:

1. ↑ a e b Christian Baechler, Guerre et exterminations à l'Est, p. 294
2. ↑ a, b, c, d, e e f Christian Baechler, Guerre et exterminations à l'Est, p. 295
3. ↑ Ph.Masson, Histoire de l'Armée allemande, p. 210.

Bibliografia:

1. Chistian Baechler, Guerre et extermination à l'Est. Hitler et la conquête de l'espace vital. 1933-1945, Paris, Tallandier,‎ 2012, 524 p. (ISBN 978-2-84734-906-1)
2. Philippe Masson, Hitler chef de guerre, Perrin, 2005, (ISBN 978-2-262-01561-9).
3. Philippe Masson, Histoire de l'Armée allemande 1939-1945, Perrin, Paris, 1994, (ISBN 2-262-01355-1).

Fonte: verbete da Wikipedia francesa
https://fr.wikipedia.org/wiki/Reichskommissariat_Kaukasus
Título original: Reichskommissariat Kaukasus
Foto: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Reichskommissariat_Caukasus.png
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 4 de outubro de 2015

"O mito da alergia francesa ao fascismo". Um debate historiográfico.

A ascensão da extrema-direita nas últimas eleições europeias é um fato, e é para se preocupar que partidos como o "Aurora Dourada" na Grécia, ou o Jobbik na Hungria, tenham se convertido em forças políticas com representação parlamentar na Europa e seus países. Não resulta estranho, acerca do fascismo, que o presente e o futuro pesem mais que o passado, mais ainda em países nos quais a crise, a corrupção e os abusos de poder tenham se traduzido numa progressiva oposição acerca da política tradicional. Sem ser o mesmo, ainda que o integrando dentro do mesmo espectro político, a Frente Nacional se aproveitou dessa desaprovação na França, um país no qual além da vertiginosa ascensão do partido de Marine Le Pen, há que se destacar o alto nível de abstenção que alcançou cerca de 60% do eleitorado e que, contudo, beneficiou bastante a própria Frente Nacional (Front National).

Como já comentamos num artigo anterior, tentaremos levar esta análise até nossos dias, mas da nossa maneira, através de um prévio e minucioso exame do passado mais recente da França que nos permita ver as chaves históricas para entender o presente, desenvolvendo neste caso algo importantíssimo que cito de passagem no outro artigo que é o "mito da alergia" ao fascismo na França, combinado com o mito da Resistência. Sendo assim, neste artigo nos centraremos na extrema-direita francesa no período entreguerras, e sobretudo no debate historiográfico acerca deste fenômeno, na medida em que a Frente Nacional vem a herdar e a atualizar discursos e práticas [1] que nos anos trinta tiveram uma importante incidência na vida política e social da III República. De fato, foi o movimento da extrema-direita da Croix de Feu, reconvertido em 1936 no Parti Social Français (PSF, Partido Social Francês) depois da proibição das ligas paramilitares pelo governo de Leon Blum, o partido com maior número de militantes, cerca de um milhão em 1939, e que contava com uma ampla rede de organizações e publicações onde o nacionalismo, a ideia de regeneração e os ataques ao parlamentarismo e o comunismo ofereciam um espaço de renovação política frente aos caducos partidos tradicionais da III República.

De fato, este partido passou a ocupar o centro de um debate historiográfico de uma longa trajetória sobre, se houve ou não, fascismo na França, como um movimento político com capacidade de explicar um projeto autoritário e alternativo frente à III República como ocorreu na Itália, Alemanha e Espanha, onde o fascismo, tal como entende Ferran Gallego, foi capaz de mobilizar um eleitorado majoritário de classe média especialmente rural, e de modernizar e agrupar em torno de si grande parte da direita radical e nacionalista em torno de um projeto político encaminhado para a construção de uma ordem que superasse os conflitos da modernidade democrática e liberal [2]. Catalogar à CF/PSF* dentro dos fascismos europeus da época é especialmente relevante por isso mesmo. Por isto ter sido, para nós, inevitável de nos aproximar e apresentar um debate historiográfico que também afeta, como não, o fantasma de Vichy, assunto no qual os trabalhos de Robert Paxton tiveram um papel-chave na recuperação de um passado complicado de digerir por parte da historiografia oficial francesa.

Pois bem agora, sobre o fascismo, aquela segue mantendo, salvo algumas exceções, a que veio a ser conhecida como a "tese da inumanidade" [3], a qual se converteu em todo um dogma historiográfico desde o surgimento do livro de René Rémond, "La droite en France de 1815 à nos jours", em 1954 [4]. Sobre isto, aproxima-nos deste debate nos pode aportar uma certa perspectiva na hora de explicar o mesmo problema aqui na Espanha. É que, durante anos, aqui como na França, grande parte da comunidade historiográfica, amparando-se em definições estritamente genéricas do fascismo, e tal como explica Julián Casanova, inventaram "múltiplos rótulos, termos e conceitos peculiaríssimos, numa tentativa, que colhe notáveis êxitos, de absolver o franquismo - e a ordem social e política que consolidou - do estigma fascista" [5]. Na França esse estigma foi eliminado por uma sorte de cultura política nacional que se apresentava inseparável dos valores republicanos, o qual não deixa de ser uma venda com a qual se tapa os olhos frente a uma realidade resistente a coisas essenciais desse tipo, os quais dificultam a leitura, não só do passado senão do presente [6].


Externalizar o fascismo, reduzi-lo a sua mais mínima expressão, ou até negá-lo foi algo muito comum no contexto europeu do pós-segunda guerra. Enquanto na Espanha Franco consolidava o nacional-catolicismo como ideologia do regime, sem perder um ápice de sua retórica excludente e da capacidade repressiva, os historiadores franceses e italianos construíam novas referências a partir de oferecer uma narrativa apropriada para a construção de identidades nacionais renovadas e apropriadas ao novo contexto. Depois dos julgamentos e purgas iniciais, França e Itália deviam mirar adiante, na direção de sua reconstrução e de seu desenvolvimento econômico e social, e esquecer as divisões e conflitos de seus passados mais recentes. Na Itália, Benedetto Croce falava do período fascista como uma espécie de enfermidade. Igualmente que, na França, onde o fascismo seria literalmente extirpado de sua história nacional e o período de Vichy ficaria num parênteses febril entre a III e a IV República, um produto da derrota e da ocupação alemã. Neste sentido, toda uma sociedade devia ocultar o trauma da derrota, do colaboracionismo e de Vichy.

Os tribunais oficiais franceses se encarregariam de castigar os colaboradores por delitos de traição à pátria, ainda que se aleijasse intencionalmente o fantasma da responsabilidade dos cidadãos franceses na guerra [7]. Desta maneira, não se castigou a nenhum francês por crimes contra a humanidade, sendo estes imputados exclusivamente aos alemães [8]. Por sua parte, no espaço público se estenderia a memória da Resistência como objeto nacional e na qual praticamente todos os franceses tinham cabida. A luta partisan contra o invasor vinha para desdenhar o colaboracionismo e Vichy, e passava a se converter no novo espaço de referência e representatividade da nação. Essa mesma vontade é a que vemos claramente na historiografia, que junto a tribunais e políticas de memória do Estado, configuraram como os principais arquitetos das leituras nacionais do passado. As palavras de François Bédarida e Jean Pierre Azema sobre isto são muito ilustrativas: "dans le couple Vichy/Résistance, la priorité a longtemps joué au profit de l’historiographie de la Résistance au détriment de celle de Vichy. Tout concourait en effet a privilégier la première plutôt que la seconde: un objet historique exaltant, une demande sociale forte, une vertu éducative [...], une mémoire a la fois glorieuse et dominante" [9].

Se Robert Aron publicava sua "Histoire de Vichy" em 1954 na qual aleijava o fantasma do colaboracionismo [10], René Rémond, nesse mesmo ano, faria sua parte acerca do fascismo advertindo que aquilo havia sido uma importação do exterior realizada por grupos marginais e sem capacidade de mobilização. Esta tese se converteria num componente essencial de uma excepcionalidade francesa baseada no compromisso permanente da direita francesa, diferentemente de suas homólogas italiana ou alemã, com os princípios democráticos e constitucionais, um compromisso que se renovava através do novo mito da Resistência e que tomou forma imediatamente depois da Libertação. O argumento principal de Rémond era que o fascismo não tinha espaço político na França, posto que não pertencia a nenhuma das três famílias da direita francesa que ele havia reconhecido: a direita contrarrevolucionária, a conservadora e a Bonapartista. Deste modo, movimentos de massas como o Parti Social Français e o próprio regime de Vichy só poderiam ser explicados a partir de uma destas três tradições, nunca poderíamos falar de fascismo. Sternhell explica como este livro se converteu numa espécie de bíblia para várias gerações de estudantes e historiadores que assimilavam uma ideia cômoda e autocomplacente de seu passado mais recente [11].

É bastante significativo que quem atacasse as ditas teses fossem historiadores de fora [12], na mesma medida que foi Robert Paxton, um historiador norte-americano, que atacou a tese de Robert Aron, afirmando que tanto Pétain como Laval, foram colaboradores ativos com os alemães e que as medidas adotadas durante o regime de Vichy, entre elas a deportação de milhares de judeus para os campos de extermínio [13], foram responsabilidade das autoridades francesas. Enquanto a tese da inumanidade, foi Ernst Nolte, em sua já clássica trilogia sobre o fascismo europeu, quem situou a Action Française como precursor da ideologia fascista [14]. Mas foi o historiador israelense Zeev Sternhell quem irrompeu com mais força no debate, pois não só rechaçava essa suposta inumanidade francesa ao fascismo, senão que também situava suas origens culturais e ideológicas na convergência entre o nacionalismo de Maurice Barres e Charles Maurras e o revisionismo marxista e vitalista de Georges Sorel [15]. Suas obras geraram um intenso debate provocando respostas por parte de historiadores como Serge Berstein ou Michel Winock, discípulos de Rémond e que vieram a atualizar a tese da inumanidade frente às ideias de Sternhell.

Por outro lado, o debate tomava um cariz mais acadêmico na medida em que muitos comentários iam encaminhados para a crítica da perspectiva puramente intelectual que tomava Sternhell para entender o fascismo [16]. É que a história das ideias adotada por Sternhell lhe permitiu rastrear uma tradição política francesa que iria desde o último terço do século XIX, passando pelo assunto Dreyfus e que desembocaria em Vichy em 1940, o que permitia, além disso, assinalar o caráter puramente francês do regime [17]. Essa história estritamente intelectual seria muito criticada por historiadores franceses como Winock ou Julliard, para os quais Sternhell ignorava a dimensão social e política da realidade em suas investigações. Por sua parte, Serge Berstein lhe atribuía uma definição por demais ambígua do fascismo, o que lhe permitia introduzir qualquer experiência que se amoldasse a uns marcos bastante flexíveis [18]. Pierre Milza coincide com esta crítica quando diz que Sternhell utiliza a noção de fascismo para "todas as expressões de hostilidade à democracia parlamentarista burguesa" [19].

Sendo bastante acertadas todas essas críticas sobre o método usado por Sternhell, o caso é que tanto Winock, Julliard, Berstein ou Milza, todos eles franceses, mantém a ideia da excepcionalidade francesa e um certo essencialismo nacional, retomando os argumentos dados por Rémond, que reeditaria em 1982 sua obra [20] e na qual se permitiria atualizar ele mesmo seus argumentos e atender aos pontos centrais sobre os quais giravam o debate. Desta maneira, admitiria a atração que exerceu o fascismo sobre alguns intelectuais como Brasillach ou Drieu la Rochelle e a existência de grupos fascistas na França como o Faisceau de George Valois, o Solidarité Française de Réné Coty, o Parti Popular Français de Doriot ou o Francisme de Marcel Bucard, mas nunca chegaram a ser verdadeiros movimentos de massas como o italiano ou o alemão. Enquanto a Croix de Feu/Parti Social Français, uma das chaves do debate, encaixaria-lhe dentro da direita Bonapartista e reduziria sua estética e capacidade mobilizadora a uma espécie de "scoutisme politique pour grandes personnes" [21]. Nesta linha se manteria Jacques Nobécourt[22], que fez um exaustivo estudo com fonte primária, acessando pela primeira vez os arquivos pessoais do líder da Croix de Feu, o Coronel De la Rocque do Parti Social Français, François de La Rocque, deixando por terra os argumentos de que como Robert Soucy[23], William Irvine [24] ou Kevin Passmore [25] a partir do exterior haviam catalogado a organização de fascista.

Nos dias de hoje, o debate em torno da CF/PSF e do fascismo francês ainda está aberto e seguem aparecendo publicações [26] que tentam sair adiante na análise do fenômeno deixando em segundo plano se foi fascista ou não, contextualizando a III República no panorama europeu da época. Assim, avança-se agora já não analisando o discurso e a ideologia da organização liderada por De La Roque, senão suas estratégias e possibilidades de conquistar o poder, advertindo, além disso, que as categorias políticas utilizadas para definir a direita francesa por Rémond e seus acólitos não deixam de ser excessivamente herméticas e estáticas [27]. Neste sentido, mais que o fascismo em si, deveríamos estudar o processo de fascistização que vive a direita europeia e seu eleitora ao longo dos anos trinta. Isto foi provocado por uma resolução dos conflitos de sociedades em transformação. Desta maneira, e atendendo ao contexto político, social e intelectual da II República, Ferran Gallego analisou o processo de fascistização da direita espanhola assinalando a permeabilidade desta acerca da nova cultura política que ofereceria a possibilidade de uma união nacional em torno de um projeto de modernização e regeneração nacional.

Tanto a Alemanha, como a Itália, Espanha ou França compartilharam essas mesmas dinâmicas em diferentes cenários e com suas respectivas particularidades. Foi isto que fez com que na França não triunfasse uma solução autoritária aos problemas que viviam a III República, durante a qual nem a violência política, nem a crítica ao parlamentarismo, nem os discursos de redenção nacional estiveram ausentes [28]. Daí que uma análise comparada entre as diversas experiências oferece uma interpretação que se distancie de essencialismos e excepcionalismos que, como diz Ferran Gallego sobre a Espanha, permitem interpretar seu passado "como o de uma nação cujos problemas e propostas de solução sempre eram alheios aos conflitos e procedimentos que se haviam experimentado no continente". [29]

Daniel Canales Ciudad: Licenciado em História pela Universidade de Saragoça e mestre em História Contemporânea. Sua linha de pesquisa é o estudo da ditadura franquista em perspectiva comparada.

Notas:

[1] Arnaud ESQUERRE et Luc BOLSTANSKI: “Fron national: de quel peuple parle-t-on?”, Libération, 29 de mayo de 2014

[2] Ferran GALLEGO: El evangelio fascista. La formación de la cultura política del franquismo (1930-1950), Barcelona, Crítica, 2014

[3] Para ver la historia de dicho debate Marc ANGENOT: “L’immunité de la France envers le fascisme: un demi-siècle de polémiques historiennes” en Discours Social, vol. XXXI, 2009. Disponible en red: http://marcangenot.com/wp-content/uploads/2011/12/immunit%C3%A9-fran%C3%A7aise-au-fascisme-complet-format-DS.pdf

Ver también, Michel DOBRY (dir.), Le mythe de l’allergie française au fascisme, Albin Michel, París, 2003

[4] René RÉMOND: La droite en France de 1815 à nos jours. Continuité et diversité d’une tradition politique, Paris, Aubier, 1954

[5] Julián CASANOVA, “La sombra del franquismo: ignorar la historia y huir del pasado”, en Julián CASANOVA, El pasado oculto: fascismo y violencia en Aragón (1936-1939), Madrid, Siglo XXI, 1992 p. 13

[6] Ya en 2003, ante el éxito cosechado por Le Pen en 2002 cuando llegó a la segunda vuelta de las elecciones presidenciales, numerosos sociólogos y politólogos coordinados bajo la dirección de Daniel Bensaid alertaron de los peligros y trazaron varios análisis sobre la extrema derecha del siglo XXI. “Noveaux mostres et vieux démons: déconstruire l’extrême droite”, Contretemps, nº8, 2003. Disponible en red: http://www.contretemps.eu/sites/default/files/Contretemps%2008.pdf

El interés académico por el Frente Nacional no ha dejado de aumentar, tal como lo demuestran los recientes congresos y publicaciones aparecidos en Francia a raíz del ascenso del partido bajo el liderazgo de Jean Mary Le Pen. Ver: Charlotte ROTMAN: “Le Front national, «objet scientifique», Libération, 20 de junio de 2013

[7] Entre 1944 y 1951 se llegaron a sentenciar 6763 personas a muerte, de las que se ejecutaron 791. Las purgas afectaron a cerca de 350.000 personas, aunque la mayoría «de sus vidas y carreras no se vieron dramáticamente afectadas». Tony JUDT, Postguerra: una historia de Europa desde 1945, Madrid, Taurus, 2006, p. 83

[8] Para ver las implicaciones de la culpabilidad exclusiva de Alemania, Íbidem, p. 91

[9] Traducción nuestra: “en el binomio Vichy/Resistencia, la prioridad ha jugado durante mucho tiempo a favor de la historiografía de la Resistencia en detrimento de la de Vichy. Todo ha contribuido, en efecto, a privilegiar la primera por encima de la segunda: un objeto histórico exaltado, una demanda social fuerte, unas virtudes educativas [...], una memoria a la vez gloriosa y dominante” en Jean Pierre AZEMA et François BEDARIDA: “L’historisation de la Résistence” en Esprit, enero 1994, p.21. Disponible en red: http://www.esprit.presse.fr/archive/review/article.php?code=10982

[10] Éste diferenció entre la Francia de Pétain y la Francia de Laval, siendo la primera una solución para el mantenimiento de la soberanía nacional y una especie de escudo frente a la invasión alemana, mientras que la segunda representaba el colaboracionismo que se restringía a personalidades muy concretas y aliados de los alemanes. Robert ARON y Georgette ELGEY: Histoire de Vichy, 1940-1944, Paris, Artheme Fayard, 1954.

[11] Íbidem, p.32

[12] Esto lo podemos ver a la perfección en el libro France in the era of Fascism, en el que se ataca y se pone en tela de juicio la supuesta tesis de la inmunidad francesa al fascismo. Como señala su coordinador, Brian Jenkis, todos los historiadores que han aportado investigaciones para el libro son todos no franceses, a excepción de Michel Dobry.

[13] La cinta Le Chagrin et la Pietié, del documentalista Marcel Ophuls provocó también una gran conmoción, estrenándose en los cines franceses en 1971 dos años antes de que se publicase en Francia el libro de Paxton.

[14] Ernst NOLTE: Der Faschismus in seiner Epoche. Action francaise – Italienischer Faschismus – Nationalsozialismus, Münich, R. Piper, 1963. Traducido al francés siete años después, Ernst NOLTE: Le fascisme dans son époque, Paris, Julliard, 1970.

[15] Zeev STERNHELL: La droite révolutionnaire. 1885-1914 : Les origines francaises du fascisme, Paris, Seuil, 1978. También Zeev STERNHELL, Ni droite ni gauche. L’idèologie fasciste en France, París, Fayard, 2000 [1983]

[16] Un análisis del debate suscitado por las teorías de Sternhell en Antonio COSTA PINTO, “Fascist ideology revisited: Zeev Sternhell and his critics” en European History Quartely, núm. 16 (1986), pp. 465-483

[17] Zeev STERNHELL, “Morphology of Fascism in France”, en Brian JENKINS (ed.) (2005), pp. 22-64

[18] Antonio COSTA PINTO (1986)., p. 474

[19] Pierre MILZA, “Fascisme français” en J-F. SIRINELLI (ed.) (1995), p. 357. Aparece en Brian JENKINS (ed.) (2005), p. 200

[20] René RÉMOND: Les droites en France, Paris Aubier Montaigne, 1982

[21] Íbidem, p. 214

[22] Jacques NOBÉCOURT: Le Colonel de la Rocque ou les pièges du nationalisme crètien, París, Fayard, 1996

[23] Robert SOUCY: French Fascism: the Second Wave 1933-39, New Haven, Yale University Press, 1995, obra que no se traduciría al francés hasta nueve años más tarde, en 2004, lo cual muestra el poco interés que había entre los historiadores franceses por la historia que se generaba desde fuera y que ponía en tela de juicio, como ya lo había hecho Sternhell, la tesis de la inmunidad.

[24] William D. IRVINE, “Fascism in France and the strange case of Croix de Feu”, en The Journal of Modern History, Vol. 63, Núm. 2 (1991), pp.271-295

[25] Kevin PASSMORE: From Liberalism to Fascism: The Right in a French Province, 1928-1939, Cambridge, Cambridge University Press, 1997.

[26] Sean KENNEDY: Reconciling France against Democracy: the Croix de feu and the Parti social français. Montreal, McGill-Queen’s, 2007.

[27] Brian JENKINS: “The Right-Wing Leagues and Electoral Politics in Interwar France”, History Compass, nº 5/4 (2007), pp. 1359-1381

[28] Una propuesta para el estudio de la violencia política en la Francia del período de entreguerras en Chris MILLINGTON: “Political Violence in Interwar France”, en History Compass, nº 10/3 (2012), pp. 246-259

[29] Ferran GALLEGO: El evangelio fascista... p.17
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*CF/PSF: siglas de Croix de Feu e Parti Social François

Fonte: El Mito de Sisif (blog catalão, Espanha)
http://elmitedesisif.cat/es/fascismo/el-mito-de-la-alergia-francesa-al-fascismo-un-debate-historiografico/
Link alternativo: http://holocaust-doc.blogspot.com/2015/10/el-mito-de-la-alergia-francesa-al-fascismo-un-debate-historiografico.html
Título original: "El mito de la alergia francesa al fascismo". Un debate historiográfico
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Filmes e fotos de crimes nazistas no Youtube

Semana passada topei com este trailer de um documentário do History Channel chamado "O Holocausto nunca visto" (tradução livre), que anuncia "uma sequência de imagens recém-descobertas" mostrando assassinatos em massa nazistas "no Front Oriental", ou seja, nas áreas da antiga União Soviética ocupada pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

O documentário completo em inglês não está disponível no Youtube, mas existe uma versão, que parece estar em húngaro, que permite a visualização de algumas dessas "sequências recém-descobertas".

A maioria das imagens visualizáveis dificilmente merece a designação de "recém-descobertas", pois são obviamente sequências que foram incluídas no documentário "As atrocidades cometidas pelos Fascistas alemães na URSS" (The Atrocities committed by German Fascists in the USSR), que foi exibido no Julgamento de Nuremberg dos criminosos de guerra ante o Tribunal Militar Internacional em 19 de fevereiro de 1946 e é assunto de uma série anterior neste blog (parte 1, parte 2, parte 3).

Subi para o Youtube um slideshow (sequência de slides) correspondente à cada parte da série do blog acima mencionada (ver aqui, aqui e aqui).

Também subi uma apresentação de slides com as imagens vinculadas no blog do post "June 22, 1941 ("Nazi Crimes in the USSR (Graphic images!)")" [22 de Junho de 1941, Crimes Nazistas na URSS]* (Atenção: imagens com conteúdo chocante/violento!).

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2015/09/films-and-photos-of-nazi-crimes-on.html
Texto e fotos: Roberto Muehlenkamp
Título original: Films and photos of Nazi crimes on Youtube
Tradução: Roberto Lucena
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Observação 1:

*O post traduzido de "June 22, 1941" se encontra dividido em três partes em português, clique abaixo:
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 1
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 2
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 3

Resolvi dividir em três partes pois o público brasileiro (e muitas vezes até o de fora) prefere ver as imagens e textos divididos em posts menores, como "sequências", do que um post longo único. Mas isto é opcional (uma escolha), não modifica em nada o conteúdo do post original. Se a pessoa quiser ver logo tudo de uma vez pode ver a versão em inglês pois consta o link original nas sequências.

O público anglófono e de outros países vai até o fim em posts longos (mas pode ser uma impressão equivocada minha) e o público lusófono corre de textos longos como o "diabo foge da cruz" (sobre a postura desse último público eu tenho certeza absoluta sobre isso, só lê até o fim os textos quem tem interesse de fato e gosta do tema), então, quando dá, eu sempre faço este tipo de modificação (adaptação) criando uma sequência, na expectativa que acabem vendo tudo.

Observação 2:

Eu achei que os posts do Holocaust Controversies com o título de "The Atrocities committed by German-Fascists in the USSR", post de fotos (mais de um post), já haviam sido publicados no blog, só que não encontrei qualquer um deles.

Vou dar uma olhada com calma depois pra ver se não se encontram com outro título pois tem posts similares como este aqui, até pra não se fazer uma duplicata de posts e organizar melhor os marcadores (tags) de fotos. Eu tinha certeza que isso já havia sido publicado aqui só que não encontrei nada por isto constam os links originais do Holocaust Controversies no texto principal deste post.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Sobre comentários xenófobos na DW Brasil

Estou transcrevendo pra cá o comentário extra que fiz no post sobre o chute da repórter húngara do Jobbik. Sobre comentários xenófobos na DW Brasil proferidos principalmente por brasileiros, alguns inclusive vivendo na Alemanha. Há que separar o joio do trigo pois há vários brasileiros vivendo na Alemanha que não têm nada a ver com a postura dessa minoria de imbecis, justamente por isso serve o alerta já que na versão em inglês dessa publicação ela costuma fazer uma limpa dos comentários desse tipo ou chamar atenção, fora que há órgãos alemães monitorando as verões dessas publicações em inglês e alemão, resta saber se verificam também as em português.

Os ataques xenófobos são variados. Quando há publicação sobre nazismo e Holocausto aparecem os germanófilos pró-nazi com antissemitismo e afins. Quando há publicação sobre refugiados da Síria, a xenofobia é direcionada a muçulmanos e tudo o que se possa imaginar, coisa pesada mesmo, fora os comentários dos que sofrem complexo de vira-lata agudo atacando tudo do país com uma idealização (de Cinderela) que beira o ridículo de outros países, algo sem propósito que torna a convivência com essas pessoas insuportável (impossível), fora que, é desagradável ler uma publicação e já estar entupida de porcaria xenófoba de cima abaixo. A revista não está tratando como deve o país. E por favor (a quem queira vir chiar), eu não sofro de "vira-latice", comigo esse papo de "Brasil é uma merda" não causa comoção alguma a não ser desprezo profundo. Sim, eu sei que o país tem problemas, todos os países do mundo têm, mas não é com lamúrias que vocês irão mudar isso, não é torrando a paciência alheia atacando e menosprezando o país que irão mudar coisa alguma, se é que querem pois o vira-lata convicto quer mesmo a piedade alheia e isso eu jamais darei porque é falta de vergonha na cara. Sempre houve uma diferença entre críticas (sérias) ao país e choradeira de gente com complexo de vira-lata comentando idiotice, não são coisas iguais.

Como disse acima, espero que os órgãos alemães que leem estas publicações verifiquem o conteúdo xenófobo dessa brasileirada sem noção, pois sem noção ou não, estão incitando ódio de outro país e isso é crime na Alemanha, e no Brasil, mas aqui o Ministro Soneca (o Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo) nunca fez nada, nem os ministros anteriores a ele sobre esse tipo de problema, tratam o problema com descaso até acontecer algo mais sério e serem cobrados por isso.

Sem mais delongas, transcrevo o comentário que fiz no outro post abaixo, pois acho melhor colocar comentários longos como posts à parte, facilita de ler o post original. Publicado originalmente aqui:
O ataque da repórter do Jobbik (extrema-direita) na Hungria aos refugiados
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2. Vou fazer outro relato de problema referente à xenofobia, agora vindo de brasileiros, mas se for melhor colocar num post à parte depois eu transfiro, que é sobre a presença de comentários xenófobos e racistas na edição da DW (Deutsche Welle) em português ou DW Brasil, comentários de brasileiros que fariam o cabo Adolfo (Hitler) corar de inveja com o conteúdo dos comentários. Eu acho que este segundo relato será removido depois e ficará em um post só pra retratar a DW, mas o antecipo aqui.

Não vou nem ressaltar a ignorância e estupidez da maioria dos que proferem os ataques, embora isso não "limpe a barra" deles (a intenção é a que conta), pois são muito, mas muito ignorantes. Não sabem absolutamente nada sobre o que se passa e se metem e emitir opinião cheia de preconceito pra querer "mostrar que existe". Que forma de inclusão esdrúxula esse pessoal "pratica", a pior possível, são orgulhosos da própria ignorância e falam com uma petulância fora do comum quando antes gente estúpida costumavhttps://draft.blogger.com/blogger.g?blogID=936216226993954018#allpostsa ter medo de dizer algo pra não passar por burro em público.

É uma enxurrada de comentários agressivos (xenófobos, preconceituosos etc), não são poucos. Alguns estão na Alemanha inclusive e poderiam (e deveriam) ser enquadrados em leis antirracismo naquele país, pra tomarem no mínimo vergonha na cara e não acharem que podem defecar imundície por alguma brecha que dão pois na frente dos outros devem posar de "anjinhos". Eles atacam longe dos olhos do pessoal daquele país se valendo da arena "vale-tudo" de extremismo que virou o país (Brasil) com esse Ministro da Justiça omisso (pra não usar outro termo), o Zé Cardozo ou Zé da "Justiça", o "petista" querido da mídia oligopolizada e seu "republicanismo" seletivo, uma nova "noção" de "justiça" (entre aspas).

Caso algum órgão alemão que trate dessas questões leia o blog, a DW precisa tomar uma chamada pois adota dois pesos e duas medidas no tratamento do problema. Na edição em inglês ela é cheia de dedos e corta os ataques aparentemente ou chama atenção, pra parecer zelosa, na versão do Brasil ela deixa a selvageria (racismo e xenofobia) rolar solta. Estão de "brincadeira", mas isso tem que ter fim.

Como já frisei, boa parte dos ataques xenófobos, racistas e sectários (tem ataque religioso no meio vindo de fanáticos) são feitos por brasileiros, ataques com viés de extrema-direita (o conteúdo), mas não é de gente ligada a agremiações fascistas, aparentemente (fascista no sentido literal do termo, tema tratado no blog), esse pessoal aparenta ser gente "comum", fazendo ataques e todo tipo de cretinice possíveis por estarem longe dos olhos do pessoal na Alemanha, teoricamente. Alguns residem na Alemanha o que permite o Estado alemão processá-los por crimes de ódio já que estão usando território alheio pra praticar patifaria e sujar a imagem do país, embora achem que estão "abafando", má educação e canalhice (preconceito) agora virou sinônimo de "status" pra esse pessoal.

Segue a tradução da matéria abaixo da jornalista fascista húngara pois evito, quando dá, colocar links de jornal do país justamente pela questão do oligopólio de mídia. Restou poucas mídias no Brasil pra se usar.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Como converteram Hitler numa celebridade com a ajuda do New York Times (e imprensa dos EUA)

Muito se falou do poder de propaganda nazi e muito pouco de seu maior êxito: converter um homem feio, rancoroso, homicida e baixinho num carismático sedutor de massas.
Marta Peirano

Adolf Hitler nos abre as portas de sua casa nos Alpes
Capa do livro
"Hitler at Home"
Quem nos conta é Despina Stratigakos, historiadora da Universidade de Buffalo, em seu recente livro Hitler at Home, (Yale University Press), a devastadora história como converteram um sociopata gafotas de pelo raro e ambições artísticas num irresistível homem de Estado que deslumbrou metade das belas irmãs Mitford e a uma geração de Miss Brodires, antes de desencadear o capítulo mais negro de nossa história moderna.

"Os anos 30 marcam o princípio da cultura das celebridades (celebrities), quando chega o cinema com som, o rádio e as revistas aspiracionais" (de "Novos Ricos"), explica a acadêmica. E o gabinete de propaganda nazi aproveitou a oportunidade para transformá-lo no que não era, um homem interessante e refinado com uma grande categoria moral e gosto pela arquitetura. "Conseguiram isto enfatizando sua vida privada, mostrando-lhe como um homem que brinca com seus cachorros e o qual as crianças gostam, fazendo coisas domésticas em entorno desenhados para evocar uma sensação de calidez. Em fins dos anos 30, a mídia de todo o mundo descrevia-o como um indivíduo delicado e carinhoso, com bom gosto para a decoração de interiores".

Adolf Hitler nos abre as portas de sua casa

"Depois de ler aquelas histórias - continua Stratigakos - a gente começou a pensar que conhecia o 'verdadeiro' Hitler, o homem por trás da máscara do Führer, e que esta pessoa pudesse não ser tão diabólica como as notícias que vinham da Europa pareciam sugerir".

Em 20 de agosto de 1939, o New York Times sacava um fotogênico reportagem em seu bonito chalé de madeira nos Alpes Bávaros próximo à Berchtesgaden que foi comprado em 1927 com fundos do partido e que o chamavam de Haus Wachenfeld. Hitler, seu próprio arquiteto, dizia o titular. As fotos lhe mostram desfrutando de momentos de intimidade, lendo o jornal numa mesa adornada com flores, 12 dias antes de invadir a Polônia.

A casa, "adornada com harmonia, segundo a melhor tradição alemã" e carregada com cortinas limpas e almofadas feitas à mão para "criar uma atmosfera de silenciosa alegria", havia sido decorada por seua desenhadora favorita, Gerdy Troosts, que lhe foi fiel até o último minuto. Literalmente: poucas semanas antes de Adolf Hitler descer ao bunker pela última vez, Troost lhe propôs refrescar o Grand Hall da chancelaria com uma capa de pintura para animar o ambiente, "um trabalho pequeno que só duraria um par de dias".

O seguimento do Times das andanças do nervoso austríaco começou uma década antes. Nos anos do auge e do estabelecimento do regime nazi, o jornal publicou notas frequentes sobre o líder nazi, incluindo entrevistas para seu barbeiro ("escreveu ao Führer sobre sua mecha rebelde e se tomaram medidas"), comparações com Jesus Cristo (ou simplesmente "um enviado divino") e outras estampas como sua assistência ao funeral da irmã de Nietszche (cujas obras completas ele presenteou a seu amigo, o Duce, por seus 60 anos), ou suas declarações contra a violência contra os judeus.

Hitler, o anfitrião encantador

Não foram os únicos nem tampouco os primeiros. O número de novembro de 1938 da edição britânica de Casa & Jardim coincidiu com a Noite dos Cristais Rotos, quando a SA queimou mil sinagogas, destruíram mais de 7.000 negócios judeus e mataram a uma centena de pessoas, além de prender outras 30.000 e as mandar para Buchenwald, Dachau e Sachsenhausen. A revista, contudo, oferecia um passeio pela casa Wachenfeld, assinado por um tal de William George Fitzgerald, pseudônimo de Ignatius Phayre. Isto é o que diz de seu cômodo mas modesto retiro:

"Originalmente uma cabana de caça, "Haus Wachenfeld" cresceu até se converter no atrativo chalé bávaro que é hoje, a 2.000 pés no Obersalzburg, rodeado de bosques de pinheiros e árvores frutíferas.

O lugar tem a melhor vista de toda a Europa. Isto é dizer, eu sei. Mas nesses Alpes bávaros há uma classe especial de suave folhagem, com cascatas de branco da neve e cumes cobertos do bosque. O efeito da luz e do ar na casa se vê intensificado pelo canto e o trino dos canários Harzer que há na maioria das habitações, pendurados em jaulas douradas.

E não vão pensar que seus convidados de fim de semana são todos, ou a maioria, de altos cargos do Estado. Para Hitler, agrada-lhe a companhia de brilhantes estrangeiros, especialmente pintores, cantores e músicos. Como anfitrião, é um divertido contador de histórias.

Um chefe bávaro, Herr Dannenberg, prepara um impressionante banquete de pratos vegetarianos, salgados e saborosos, tão agradáveis à vista como o são ao paladar, tudo de acordo com o padrão alimentício que Hitler exige. Mas na casa Wachenfeld também há uma generosa mesa para convidados de outros gostos. Aqui os 'bons viveurs' como o marechal de campo Goering e Joachim von Ribbentrop se reúnem para cear.

Menos de um ano depois, a Alemanha invadiu a Polônia. Inglaterra e França lhe declararam a guerra.

Digitalização da matéria original:



Fonte: El Diario (Espanha)
http://www.eldiario.es/cultura/historia/Hitler-asesor-imagen-genio_0_426257675.html
Título original: Cómo convirtieron a Hitler en una celebrity con ayuda del New York Times
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

[Pausa Musical] - Llévame Muy Lejos (Amaral, Espanha)

Em primeira mão, ou segunda, não sei, rs (eu acho que é em primeira mesmo pois mal sai algo do cenário musical da Espanha no país, vi uma matéria mas tiraram do ar), a quem não viu, pode ver (e ouvir) de novo o post sobre Eva Amaral cantando "Camino Soria", música de uma banda dos rock dos anos 80 na Espanha, com Jaime Urrutia (que era membro da banda).

Aviso: a quem quiser pular logo pra música, pode descer direto pro fim do post (não precisa ler o texto).

Voltando ao post. O post com "Camino Soria" era só ela participando de um tributo sem a formação (a dupla) dela com o Juan Aguirre, a dupla de Saragoça (Espanha). Eu ia fazer um post sobre uma banda portuguesa, mas fica pra próxima.

A banda é praticamente desconhecida no Brasil e é uma das, ou a mais conhecida na Espanha. Curioso isso, parece que não chega cultura alguma de outros países exceto a dos EUA no Brasil, pela exibição massiva na TV aberta e TV a cabo. Algo deliberado e medíocre.

O máximo que me recordo, remotamente, dessa banda no país eram cenas do clipe "El universo sobre mi" que passava diversas vezes como propaganda de uma rádio, curiosamente não dava pra notar que era uma banda espanhola porque só passava um trecho da música e como comentei acima, pra chegar música, filmes etc da Europa ou de outras partes do mundo (até de países vizinhos) no Brasil, é como se houvesse um bloqueio imposto pelo oligopólio de mídia no país. Este comentário vai pros que acham que isto não é nocivo ao país. O povo não ter acesso à cultura de vários países e ser direcionado a ver aquela pobreza musical atual dos EUA é algo simplesmente esdrúxulo, culturalmente pobre.

Estão lançando disco novo, acho que no fim do mês ou fim de outubro (como demoram), o último disco foi em 2011 e divulgaram mais uma música do álbum novo já que já havia saído duas (ainda em 2014) e mais algumas tocadas em concertos que dão na Espanha, só que com gravação amadora da plateia como a música Nocturnal que dá nome ao álbum. A música Nocturnal nem se chamaria assim só que mantiveram o nome a pedido do público e deram o nome ao disco também.

Essa música foi composta nos EUA (alguma turnê sem o público que a banda merece pois não investem na penetração do mercado Latino-americano e no Brasil) e o som é muito bom (sou suspeito pra falar pois eu acho bom mesmo, rs).

É um clipe "meia boca" mas é mais pra divulgação, mas ficou bom. O som da música também, principalmente a parte final dela:
"Llévame muy lejos, borra todos mis recuerdos, de este país sin corazón"

A quem não entendeu: "Leva-me para longe, apaga todas minhas recordações, deste país sem coração".

Letra que provavelmente tem a ver com o momento político (e econômico) vivido na Espanha, só que lembrei de outro país da América do Sul, que fala português, que muitas vezes tem parte da população que não tem coração também (essa expressão é simples e forte). Pesa na concepção dos clipes a mudança da banda, saíram do selo da EMI prum selo próprio, e não a mesma superprodução de uma gravadora (acho que foi um equívoco deles, apesar da tecnologia hoje compensar muita coisa, mas a divulgação não é a mesma).

"Momento nada a ver": Wagner Moura, reclamaram do teu sotaque na série Narcos (o pessoal da América do Sul), era só imitar o sotaque da Espanha (do castelhano, espanhol peninsular como chamam, o da música do vídeo abaixo) que paravam de frescura e de te encher o saco, rs. Ainda se fez propaganda da série (rs).

Escutem a música e tirem suas conclusões. Há outra música anterior, que teoricamente seria inclusa no disco e agora está em "suspenso", por conta do teor político do clipe, que teve repercussão pesada naquele país, e uma que foi apresentada num festival, ao vivo, mas esta é oficialmente a primeira música de divulgação do disco, confiram.

Amaral - Llévame Muy Lejos


Pra conferir as outras "Pausas", cliquem na tag "Pausa Musical".

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O ataque da repórter do Jobbik (extrema-direita) na Hungria aos refugiados

1. O fato foi bastante noticiado no dia, eu só colocarei um texto breve traduzido pra não ficar em branco o post. Mas como tem sido habitual, a mídia brasileira não costuma mencionar o perfil político de boa parte das pessoas que fazem esse tipo de ataque pra passar amenizar a presença dos grupos de extrema-direita ativos.

Não irei abordar a questão síria à fundo neste post, caso alguém queira posso tentar fazer outro post depois sobre o assunto pois choca a forma superficial como o problema é abordado no Brasil omitindo o causador do problema: o fornecimento de armas, pelos governo dos EUA, a "rebeldes" (jihadistas) na Síria pra derrubar o regime sírio e que formaram depois o Estado Islâmico. Repetiram a dose do erro que pariu Bin Laden no Afeganistão. Mas caso algum "indignado" de ocasião solte a pergunta previsível: "Ah, então você está defendendo um ditador". A questão neste caso é simples: entre o caos que está se passando, guerra civil etc e "aturar" uma ditadura "consolidada" (aquela ditadura que está em fase de transição pelo desgaste do tempo), obviamente a segunda hipótese é sempre a "menos pior". Qualquer pessoa sã sabe disso. Como é o caso do Iraque de agora e da época de Saddam (que não era outro "santo"). Política e vida de milhões de pessoas não podem ser tratadas com base nesse "discurso triunfalista" de liberdade matando e destruindo o que vir pela frente.  Qualquer pessoa que não seja bitolada como esses analfabetos políticos do país, que cultuam um astrólogo como "guru intelectual", chegarão à mesma conclusão.

Mas voltando à questão, o assunto extrema-direita costuma ser evitado em boa parte da mídia brasileira há tempo, quando noticiam é na base do estardalhaço e sensacionalismo barato, sem uma abordagem séria, como também não denunciaram o extremismo de direita presente nas marchas do país este ano, a grande mídia no máximo fica com um risinho amarelo quando soltam uma nota ou outra mas não passa disso, extremismo que ficou bastante patente em vídeos gravados pela mídia alternativa que coloquei em alguns posts aqui atacando a irracionalidade e imbecilidade da coisa.

Sem essa ação da mídia alternativa e gravações de terceiros a versão florida dos protestos teria "reinado", como num verdadeiro Estado policial onde a mídia decreta, como numa ditadura, o que a maioria da população deve saber ou não. Se não fosse a internet furando este bloqueio (esta ditadura midiática, que é o termo correto, todo oligopólio de mídia provoca isso) estaríamos vivendo numa bolha de informação.

A jornalista/repórter húngara que ataca uma criança síria junto do pai ou de algum parente é próxima ao Jobbik, grupo/partido de extrema-direita húngaro próximo do atual primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.

As cenas bizarras continuam surgindo da Hungria por conta da política inamistosa do primeiro-ministro daquele país. Fora outras cenas que saíram (não sei precisar se na Hungria ou outro país, é possível que tenha sido em outro) de arremesso de comida como ração. Os pesadelos (xenofobia e ódio étnico/religioso) da segunda guerra parecem que estão sempre vivos.

É preciso denunciar e ressaltar isto aqui já que o blog tem certo alcance e se nota algumas mudanças na cobertura depois que a gente começa a criticar o viés exacerbado (pra omitir detalhes) dessas coberturas.

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Ler o comentário 2) aqui: Sobre comentários xenófobos na DW Brasil
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Repórter húngara reconhece que pateó em refugiados, mas não pede perdão

Foto: ARCHIVO / END. Captura de tela
Segundo o portal informativo "hvg", a repórter desconectou seu telefone celular e é impossível falar com ela.

A repórter húngara que chutou e deu rasteiras contra refugiados sírios que chegavam ao país vindos da Sérvia reconheceu sua ação, mas não quis dar explicações e não pediu perdão, informou hoje o meio para o que trabalhava.

Petra László -repórter da cadeia de televisão N1, próximo do partido de extrema-direita Jobbik - deu uma rasteira contra um homem que corria com seu filho nos braços em sua fuga de um controle policial em Röszke, depois de passar ali à noite em condições precárias.

Em outras imagens a veem chutando vários refugiados, inclusive uma menina.

O canal privado húngaro N1 despediu a jornalista e assegurou que esta "reconheceu sua ação, ainda que não pode dar explicações" sobre seu comportamento.

Segundo o portal informativo "hvg", a repórter desconectou seu telefone celular e é impossível falar com ela.

Na rede social Facebook foi aberta a página "Morro de vergonha Petra László", que conta já com mais de 15.000 "curtir".

Nela se recolhem as notas publicadas sobre o caso no mundo, desde os Estados Unidos até a Espanha e os países árabes, nas quais os usuários criticam o comportamento da repórter.

Algumas opiniões são escritas em húngaro, inglês, árabe e português, entre outros idiomas, como uma vergonha e afirmam que a jornalista representa o pior da humanidade.

A formação de esquerda Coalizão Democrática, do ex-primeiro-ministro social-democrata Ferenc Gyurcsány, e o partido Együtt-PM anundiaram hoje que denunciarão à repórter por agredir os refugiados.

No Comitê Helsinki pelos direitos humanos assinalaram que, como a repórter chutou a várias pessoas, podia encarar a uma pena de cárcere de 1 a 7 anos, já que os fatos estão agravados porque a violência foi dirigida contra membros de um coletivo.

No ponto de reunião de Röszke, nos dias anteriores se produziram tentativas de fuga e protestos por parte dos refugiados, que se queixam que devem esperar muito tempo ali e passar inclusive noites na intempérie.

Este ponto é onde chegam primeiro os refugiados que cruzam à fronteira e onde têm que esperar, antes de ser trasladados aos centros de registro.




Fonte: El Nuevo Diario (Nicarágua)
http://www.elnuevodiario.com.ni/actualidad/370002-reportera-hungara-reconoce-que-pateo-refugiados-no/
Título original: Reportera húngara reconoce que pateó a refugiados, pero no pide perdón
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 15 de setembro de 2015

"O mito do "bom italiano", o antissemitismo e os crimes coloniais" [Fascismo]

Fascistas Italianos enforcando e matando Etíopes
(1935 – 1941)
A quem quiser ler (um aviso: está em inglês, apesar de ter título em espanhol e resumo também neste idioma), segue abaixo um PDF/texto com um "paper" tratando do mito do "bom italiano", ou mais precisamente do "bom fascista" italiano.

Mito propagado pra criar uma diferenciação entre os crimes dos nazistas (da Alemanha) e os fascistas (Itália), pra criar o mito dos "dois fascismos" como se só um tivesse cometido crimes bárbaros (fosse mais brutal) e o outro, em essência, fosse uma "coisa mais amena" quando serviu de inspiração pro fascismo alemão (nazismo). A mesma questão da mitificação debatida no texto também serve pra analisar os outros fascismos: espanhol, português etc.

O mito é tão propagado que até no livro "Holocausto: uma História" (Holocaust: A History em inglês) da Debórah Dwork e do Robert Jan Van Pelt (mas quem escreve esta parte aparentemente é ela, pelo menos a escrita é bem dela), ela de forma grotesca repete essa mitificação dos fascistas italianos para distingui-los (citando por alto, de memória) dos fascistas croatas (Ustashi) como se os fascistas da Itália fossem "lordes" ou coisa parecida, o que como fica claro no texto/ensaio (caso alguém queira lê-lo por completo), é uma tolice, e principalmente encontrar isso num livro sobre Holocausto.

Como o texto é longo (são 10 páginas no link do PDF), é inviável traduzi-lo e colocar aqui. Mas seria um erro não divulgar este texto/ensaio sobre a questão já que este mito é muito propagado e o povo o repete muitas vezes por puro desconhecimento e repetição automática de informação superficial sobre segunda guerra e crimes de guerra na mesma, sem falar na omissão das atrocidades italianas na Etiópia.

Resumo do texto (tradução minha):
"Meu texto pretende reconstruir as peripécias do mito do "bom italiano" na historiografia internacional com o propósito de analisar suas consequências na minimização do antissemitismo fascista. Em primeiro lugar, remontarei-me às origens do mito, considerando os motivos da atitude fascista nos departamentos ocupados pelas tropas italianas entre novembro de 1942 e setembro de 1943.

Na continuação, rastrearei a incidência deste clichê na historiografia do pós-guerra, particularmente nos livros dos historiadores León Poliakov e Renzo De Felice. Em terceiro lugar assinalarei que, em sua maior parte, os estudos recentes sobre o tema não retificaram esta interpretação incorreta. Ao mesmo tempo tentarei evidenciar que o antissemitismo fascista não cobrou forma seguindo as leis raciais nazis, senão de forma autônoma, seguindo uma regulação prévia da discriminação que havia sido introduzida na Etiópia pela administração colonial."

Título: THE MYTH OF THE “GOOD ITALIAN”, THE ANTISEMITISM AND THE COLONIAL CRIMES
("El mito del “buen italiano”, el antisemitismo y los crímenes coloniales")
Autor: Diego Guzzi
Link do PDF/Texto: http://www.constelaciones-rtc.net/04/04_14.pdf

Observação: obviamente que se o autor do texto pedir a remoção do mesmo, serei obrigado a removê-lo, embora até hoje nenhum tenha pedido isso, mesmo porque o texto se encontra disponível publicamente na web e o autor foi citado acima (foi dado os créditos, como é de direito), bem como o link pro PDF original também foi colocado.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A mente de Rosenberg, ideólogo do Holocausto, exposta. "Alfred Rosenberg. Diarios (1934-1944)" [livro]

Madrid, 7 set (EFE).- Pela primeira vez serão publicados mais de 400 páginas do diário de cabeceira do nazista Alfred Rosenberg com o título de "Alfred Rosenberg. Diarios (1934-1944)", o testemunho inédito em primeira pessoa de uma dos ideólogos do Holocausto, a quem foi apelidado por Hitler como "o pai da Igreja nacional-socialista".

Assim, esses diários, que saem amanhã em castelhano, num volume publicado pela Crítica (editora), completam-se com um amplo prólogo e 23 documentos com os discursos e artigos do nazi e os comentários dos editores do livro, os alemães Jürgen Matthäus e Frank Bajohr.

Além disso, o volume, que ocupa mais de 700 páginas, inclui também outros arquivos que ajudam a completar esta radiografia de uma das mentes mais influentes do Partido Nacional-Socialista da Alemanha.

E é um desses documentos, precisamente, onde se recolhe a proposta de Rosenberg (Talim, 1893 - Nuremberg, 1946) de levar a cabo o "extermínio biológico de todo o povo judeu na Europa".

Contudo, chama a atenção a sutileza desses "Diários" na hora de se referir ao Holocausto por parte de Rosenberg, a quem se cuidou de não incluir em suas memórias comentários explícitos sobre o extermínio judeu.

Mas isto não é algo novo nas memórias que se conhecem dos dirigentes nazistas, pois o mesmo cuidado se pode observar nos diários de Josef Goebbels, competidor, de fato, de Rosenberg, a quem mostra sua aversão pelo ministro da Propaganda de Adolf Hitler, referindo-se a ele, por exemplo, como "foco de pus".

Para a publicação desses "Diários", seus editores elaboraram uma primeira parte de moto que a introdução aporta pequenas pinceladas sobre a vida de Rosenberg e de seu papel num dos episódios mais terríveis da História do século XX.

Neste sentido, também abarca a história do paradeiro dos diários, que foram encontrados em 2003 depois de ter estado até 1993 em poder de Robert M.W. Kempner, um dos assessores legais estadunidenses durante os julgamentos no Tribunal Militar de Nuremberg e promotor no procedimento conhecido como "o caso dos ministérios".

Depois da morte de Kempner, em 93, o Museu do Holocausto estive mais de uma década buscando os documentos que faltavam, entre eles este diário, que o promotor havia retido ilegalmente, foi encontrado completo em 2013 e passou a fazer parte do Museu do Holocausto.

Depois desta introdução, as páginas dão passo ao conteúdo "reproduzido" dos diários de Rosenberg. Inclusive conservam seus "erros de ortografia, abreviaturas, rasuras, sublinhados e incoerências", segundo indicam os editores.

As anotações daquele que foi ministro para Assuntos do Leste do Führer se interrompem em 3 de dezembro de 1944, última data na qual Rosenberg escreve, a partir de seu refúgio em Berlim.

Alfred Rosenberg nasceu em Talim (Estônia) no seio de uma família germano-báltica e posteriormente cursou Arquitetura em Riga e Moscou e chegou à Alemanha em 1918, onde não tardou para se introduzir nos círculos nacionalistas alcançando certo renome como autor de textos políticos de orientação antissemita e anticomunista, antes de se unir ao regime nazista.

Ao fim de seus dias, foi acusado em Nuremberg de crimes contra a humanidade, crimes de guerra, participação na preparação de uma guerra de agressão e crimes contra a paz, acusações das quais foi declarado culpado e condenado à pena de morte. Foi executado na forca, em 16 de outubro de 1946.

Os editores do livro foram Frank Bajohr, desde 2013 diretor de pesquisa do Centro de Estudos do Holocausto no Institut für Zeitgeschichte em Munique, e Jürgen Matthäus, que desenvolve seu trabalho profissional no Museu Memorial do Holocausto em Washington DC.

eca/crs/ram
Cultura | 07/09/2015 - 16:38h
Elena Cortés.

Fonte: La Vanguardia (Espanha)
http://www.lavanguardia.com/cultura/20150907/54436319188/la-mente-de-rosenberg-ideologo-del-holocausto-al-descubierto.html
Título original: La mente de Rosenberg, ideólogo del Holocausto, al descubierto
Tradução: Roberto Lucena

Observação: este diário havia sido divulgado, online, pelo USHMM, anos atrás. Só que pelo tamanho do livro o material exibido pelo museu na época não foi integral (suponho).

Esta edição em espanhol saiu primeiro que a edição em inglês do livro, pelo menos no site de uma loja de vendas grande dos EUA o título em inglês ainda está em reserva. Tanto que já saíram algumas matérias do lançamento do livro todas em jornais da Espanha. Redundante dizer, mas... (tem gente que só entende com a menção), não saiu o título traduzido no Brasil e nem indicação de que irá sair.

domingo, 6 de setembro de 2015

Imperialismo Humanitário: os Direitos Humanos como desculpa para Intervenção militar (Jean Bricmont) [livro]

Quando os direitos humanos são um pretexto para as intervenções militares imperialistas

Daniel Raventós
19/10/08

O físico da Universidade de Lovaina e ativista belga Jean Bricmont, membro do Conselho Editorial de Sin Permiso (1), escreveu um livro que há poucas semanas foi editado em castelhano: Imperialismo humanitário. O uso dos Direitos Humanos para vender a guerra ("Imperialismo humanitario. El uso de los Derechos Humanos para vender la guerra") (2). Trata-se de um livro que, de logo, tem duas virtudes: aporta uma informação muito pormenorizada e polemiza de forma convincente com algumas posições mantidas por alguns setores dos movimentos pacifistas.

Com este livro, Bricmont pretende aportar "uma modesta contribuição à reconstrução da esquerda". Por esquerda, diz o autor, deve se entender um triplo combate que se tem dado historicamente: a) pelo controle social da produção, b) pela paz e contra o imperialismo, e finalmente c) pela defesa da democracia, dos direitos do indivíduo, da igualdade de gênero, das minorias e do meio ambiente. Acrescenta uma precisão importante. A "velha esquerda" (que chega, segundo o autor, até meados dos anos 60 do século XX) estava muito centrada nos dois primeiros aspectos, desprezando o terceiro, enquanto a "nova esquerda" se centra no terceiro esquecendo boa parte dos dois primeiros.

Ante o grande intervencionismo militar dos EUA e seus aliados, o que Bricmont chama de "nova esquerda" oscilou entre o "imperialismo humanitário" e o "relativismo cultural". A primeira posição defenderia que nossos valores universais "nos dão o direito e até nos obrigam a intervir em qualquer lugar e que questiona pouco ou nada as guerras imperialistas". Grande parte do livro é dedicada a combater esta primeira posição. Daí o título. A segunda posição, contudo, se bem que em geral é contrária à guerra, considera que "não há tal coisa como uma postura moral com valor universal, em cujo nome se pode julgar objetivamente outras sociedades e culturas (ou a nossa)". Pois bem, o que Bricmont pretende com este livro é a defesa de uma terceira posição: o rechaço ao intervencionismo "ao mesmo tempo que aceita como desejáveis os objetivos que este procura alcançar". De forma explícita o autor afirma: "As críticas aqui contidas até a utilização ideológica dos Direitos Humanos, de nenhum modo questionam a legitimidade das aspirações contidas na Declaração dos Direitos Humanos de 1948". Dito em outras palavras, o rechaço de determinadas práticas em alguns países, não deve implicar na defesa das intervenções militares porque a soma de danos é muito maior que os benefícios que se conseguem.

A edição castelhana deste livro inclui um longo, mais de 40 páginas, e tremendo prólogo de Noam Chomsky, a quem Jean Bricmont sente uma confessada admiração. Neste artigo muito recente (3) no Irish Times do linguista do MIT podemos ler: "Por espetacular contraste, na fase neoliberal que seguiu à implosão do sistema de Bretton Woods nos anos 70, o Tesouro estadunidense contempla agora a livre mobilidade dos capitais como um 'direito fundamental', com a diferença, que nem que dizer que haja, dos pretendidos 'direitos' garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos: direito à saúde, à educação, ao emprego decente, à segurança, e outros direitos que as administrações de Reagan e Bush displicentemente consideraram como 'cartas para Papai Noel', 'ridículos' ou meros 'mitos'". Esta alusão que faz Chomsky, à carta para Papai Noel se refere exatamente às palavras empregadas por Jeane Kirkpatrick, quando era embaixadora da administração Reagan na ONU, numa conferência sobre direitos humanos realizada no Kenyo College, a mais velha instituição universitária privada de Ohio, em 4 de abril de 1981. Bricmont dedica um bom número de páginas a esta questão, ou seja, às distintas prioridades que os EUA e seus aliados concedem segundo que tipo de direitos se trate. Os direitos individuais e políticos estão na Declaração de 1048. Mas também estão os direitos econômicos e sociais. Para Kirkpatrick esses últimos mereceram aquele depreciativo comentário. Bricmont planta o respeito à seguinte pergunta: "que diriam nossa imprensa e nossos intelectuais se algum dirigente do Terceiro Mundo descrevesse os direitos individuais e políticos como 'uma carta para Papai Noel'."

Um capítulo inteiro de "Imperialismo humanitário" leva o título de "Os argumentos débeis e fortes na oposição à guerra". O autor põe como argumentos fortes: a defesa do direito internacional e a perspectiva anti-imperialista. Este segundo argumento é exemplificado por um suposto: "que aconteceria se um país pusesse em prática as ideias dos movimentos 'altermundialistas' ou 'pela justiça global'?" (ou seja, o repúdio à dívida externa, a reapropriação dos recursos naturais, impostos fortes aos benefícios empresariais, construção de serviços públicos, ou inclusive a moderadíssima Taxa Tobin...). A reação dos EUA, segundo Bricmont, não seria muito diferente à que teve contra Allende, Lumumba, Arbenz e tantos outros. Reação que incluiria: sabotagem econômica, escalada da subversão interna (e a repressão deste hipotético governo sobre os grupos sociais, políticos e religiosos que a esta tarefa se prestaram, seria imediatamente denunciada como uma violação dos direitos humanos), a possibilidade de um golpe militar e, se tudo isso não fosse suficiente, a intervenção armada direta dos EUA. Ou seja, "uma nova Baía dos Porcos, um novo Vietnã ou um novo Contras". Algum país latinoamericano, Venezuela, destacadamente nos recorda o autor, está passando atualmente por algumas dessas fases. Há alguns anos, em 1984, a CIA publicou um manual (chamado curiosamente de "Operações Psicológicas") que estava destinado aos "lutadores pela liberdade", pois assim era como o presidente dos EUA, Ronald Reagan, considerava os Contra. As instruções que se recomendavam nesse manual eram do seguinte teor: "sequestrar a todos os funcionários ou agentes do governo sandinista", "denunciar à política a um sujeito que resista a se unir à guerrilha... mediante uma carta que contenha falsas acusações de cidadãos não implicados no movimento", "contratar criminosos profissionais para levar a cabo 'tarefas' especificamente selecionadas"... Conclui Bricmont este apartado do anti-imperialismo como argumento forte da oposição à guerra: "O movimento altermundialista não pode renunciar a adotar uma firme postura anti-intervencionista e anti-imperialista".

No próximo 10 de dezembro se cumprirá o 60o aniversário da Declaração dos Direitos Humanos. Centenas e milhares de atos de todo tipo estão sendo e serão feitos para comemorar este aniversário. Se bem que há (e haja) honradas exceções, muitos dos atos que foram feitos (e serão feitos) são pouco mais que um festival, na forma, e um bla bla bla, no conteúdo. Este livro de Jean Bricmont é um bom exercício de reflexão que pouco tem a ver com grande parte deste festival comemorativo.

Imperialismo Humanitario: los derechos humanos como excusa para la intervención militar (Jean Bricmont)
Resenha do livro em sinpermiso.org
Seção: Instalações militares
Martes 21 de outubro de 2008

NOTAS:

(1) Coautor com o físico estadunidense Alan Sokal de "Imposturas intelectuales" (Paidós, 1999), um demolidor arrazoado contra o pós-modernismo e a esquerda acadêmica relativista. Pode ser lida uma longa entrevista com Bricmont no número 3 de Sin Permiso.

(2) Ed. El Viejo Topo, 2008.

(3) Traduzido para o castelhano e publicado por Sin Permiso com o título de "A cara antidemocrática do capitalismo, exposta".

Daniel Raventós é membro do Comitê de Redação de SINPERMISO. Seu último livro é "Las condiciones materiales de la libertad" (Ed. El Viejo Topo, 2007).

Fonte: site SinPermiso (Espanha)
http://www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=2122
Título original: Cuando los derechos humanos son un pretexto para las intervenciones militares imperialistas
Tradução: Roberto Lucena
___________________________________________________

Observação 1: existe edição desse livro em inglês e espanhol, não creio que tenha publicação disso em português.

Observação 2: não pretendo me estender aqui, mas num momento onde o público brasileiro, muito em virtude da mídia brasileira omitir o que se passa fora e não citar as causas da crise dos refugiados como a intervenção dos EUA na Síria, Líbia e Iraque, choca-se com a foto do menino sírio morto encontrado na praia, foto que causou comoção mundial, fica aqui o registro de um livro que ajuda a esclarecer o que se passa (a ideia por detrás dessas intervenções "humanitárias", entre aspas, e o desastre que provocam). Porque qualquer indignação não passa de falsidade e teatro se a pessoa não criticar a origem do problema (não vai à raiz da coisa). A quantidade de comentários imbecis de brasileiros nessas redes sociais sobre isso, com direito a festival de preconceitos, racismo e afins é qualquer coisa "de cinema", tá dando vergonha ver essa gente medonha opinando sobre o que não entende e só colocando pra fora preconceito (pois é a única coisa que carregam, perderam a humanidade). Refugiados fruto de guerra civil não surgem do nada, tem uma causa provocando isso. Deveriam cassar o prêmio Nobel do Obama, que se encontra em silêncio com a crise estourando na Europa quando é o principal causador da mesma. Fica prum próximo post o assunto (se o fizer), não vou me alongar aqui.

sábado, 5 de setembro de 2015

Mais de 1 milhão de visitas, agradecendo a todos visitantes

Post atrasado pois era pra ter saído no mês de agosto ainda, mas paciência, antes tarde que nunca.

Gostaria de, em nome de todos do blog, e até do pessoal que não faz parte diretamente do blog mas participa do blog Holocaust Controversies (Nick, Jonathan, Hans, Jason, Sergey, e o próprio Roberto Muehlenkamp que participa aqui também, a quem quiser ler mais material sobre o Holocausto, acessem o Holocaust Controversies nos links e traduções, em inglês o blog) de agradecer às mais de 1 milhão de visitas que este blog recebeu.

Acho que chegou à marca no mês de agosto ou fim de julho (registrei isso em um post anterior mas sem ser exclusivo sobre isso), mas só vasculhando posts antigos pra ver, se alguém achar e quiser colar aí nos comentários eu agradeço. Já são cerca de 1.014.727 (um milhão, catorze mil, setecentas e vinte e sete) visitas e subindo.



O contador mostrado no print foi o do Blogger/Google pois é o que marca corretamente. Tem um contador na página do blog que não está correto porque foi colocado após a abertura do blog deduzindo quando haviam lido até então pois foi esquecido de colocar contador desde o começo apesar do Google marcar. Só dá pra usá-lo pra avaliar o acesso por países.

Agradeço as visitas pois, ao contrário dos delírios dos revimanés ("revisionistas"/negacionistas), este blog não recebe apoio de praticamente ninguém no país, nem de entidades ligadas a Direitos Humanos (pra mostrar o grau de descaso com o assunto no país, pois rola mais politicagem em torno disso do que educação), tampouco de entidades judaicas e afins.

Apoio, mesmo moral e até comentando, geralmente vem do pessoal do próprio blog e de gente amiga em outros blogs sobre segunda guerra, que sofrem do mesmo problema de falta de apoio, que são sites formidáveis.

Friso esse último ponto pois vez por outra chega um "revi" sem noção aqui com esse tipo de acusação (e em algumas discussões dispersas) de "agentes de Israel" etc, e isso não passa de canalhice ou delírio dessa manada, pois inclusive já declarei meu ponto de vista sobre o conflito do Oriente Médio (ler todos os posts na tag Oriente Médio) e é bem distante do que entidades ligadas a Israel no Brasil pregam sobre isso. Só não venham querer direcionar minha opinião, não admito isso como já quiseram fazer no Orkut (tinha muita gente autoritária se sentindo mais importante que o Presidente dos EUA lá e se achando na condição de dizer a gente o que a gente deve pensar ou dizer, obviamente o intento não deu certo). Cada um tem sua opinião e é muita pretensão e falta de noção alguém achar que o povo aqui formou opinião por conta de Israel ou Oriente Médio. Falta de noção só não, obsessão mesmo.

Eu duvido que meu ponto de vista siga em concordância com o que essas entidades defendem sobre a política de Israel e Oriente Médio. Mas não digo isso pra essa manada "revi" poupar agressões, até porque se "baterem" tomam de volta, mas ao menos pra terem um pingo de dignidade e coerência mesmo sendo fascistas e não vir comentarem esse tipo de asneira aqui.

Mas uma vez, obrigado a todos pela visita ao blog, até aos que não gostam mas que pelo visto costumam ler porque o conteúdo do site é bom, se não fosse não leriam.

Tinha que fazer registro da marca pois mesmo sem quase apoio algum mostra que há uma parcela da população do país (e de fora, pois o blog é lido em vários países) que se interessa pelo tema segunda guerra e política (estão entrelaçados os temas), mesmo sem destaque algum da TV etc que quando toca no assunto segunda guerra costuma direcionar praquelas interpretações batidas e datadas de sempre, sem atualização de material novo de fora.

Sobre os países que visitam o blog, não dá pra listar todos aqui, mas se alguém tiver curiosidade, vejam a lista aqui neste contador, 160 países visitaram o blog:
Contador por países

Só destacarei os 20 primeiros países que visitam o blog do quadro, em números, quem quiser ver por percentagem checar o quadro "Overview" no contador do link acima. São eles:

1. Brasil 343.115
2. Portugal 33.755
3. Estados Unidos 24.323
4. Alemanha 4.838
5. Reino Unido 1.738
6. França 1.722
7. Espanha 1.445
8. Angola 1.040
9. Polônia 1.008
10. Itália 938
11. Canadá 936
12. Holanda 856
13. Japão 709
14. Argentina 708
15. Suíça 661
16. Bélgica 585
17. Moçambique 545
18. Israel 494
19. Rússia 481
20. México 426

O número de visitas do Brasil é disparado o maior, não teria como não ser. É o maior país de falantes do português no mundo (204 milhões de habitantes, dados divulgados pelo IBGE recentemente) e maior mercado editorial de publicações em português, audiovisual etc nesse idioma. Só que o número de acessos está na casa dos 80% do total (arredondando), e há 20% que acessam o blog que vêm de outros países que é um número razoável, levando em conta que não há uma divulgação do idioma como deveria apesar do português ser o quinto idioma mais falado do mundo*, apesar do piti xenófobo de fascistas em Portugal com o novo Acordo Ortográfico.

*Teoricamente o quinto idioma mais falado do mundo pois essas listas de maior número de falantes variam. Tem uma em que ele se encontra em quarto (achei a contagem pertinente, mas pode divergir) e noutras colocam em sétimo (mas "forçaram a amizade" em algumas dessas, aumentar número de falantes do árabe com uma desculpa teológica é cômico).

O fato é que é um dos idiomas mais falados do mundo e pela proximidade linguística com as línguas neolatinas, quem quiser aprender espanhol (castelhano), italiano, francês, catalão e o resto das neolatinas, o português é um bom ponto de partida pra todas esses idiomas, é mais fácil aprendê-las a partir do português que o inverso (em alguns casos). Além de ser um idioma falado em 5 continentes: América (Brasil principalmente), Europa (Portugal e Galiza, na Galiza ou Galícia se fala o galego mas são um mesmo idioma praticamente), África (Cabo Verde, Moçambique, Angola), Ásia (Macau, na China, e Goa na Índia) e Oceania (Timor-Leste, que também faz parte da Ásia).

Seguem algumas listas do número de falantes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_l%C3%ADnguas_por_total_de_falantes
https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_languages_by_number_of_native_speakers
https://es.wikipedia.org/wiki/Anexo:Idiomas_por_el_total_de_hablantes

O que chama atenção no quadro é que o número de visitas dos EUA em valores absolutos está muito próximo ao de Portugal (apesar da disparidade populacional entre um e outro), o que me causa espanto por motivos óbvios (idioma).

Os acessos da Alemanha também são altos, Reino Unido, França e Espanha também (primeiro país que fala espanhol da lista, o próximo só aparece na 14a posição, a Argentina). Israel só aparece na 18a posição e já chegou a estar atrás da Rússia no quadro (tá vendo "revis"? rs).

Países de língua portuguesa como Angola e Moçambique também se encontram atrás de países que não falam português (creio que se deva também ao assunto).

Obviamente que há muito acesso de brasileiros (comunidades) e lusófonos (de países que falam português) dispersos nesses outros países, mas há também gente que aprendeu o idioma (ou está aprendendo) e que gosta do assunto e lê, e que também se interessa pelos posts sobre política no Brasil e História do Brasil.

Temas como "ideologia do branqueamento no Brasil" mal são abordados em escolas brasileira (mal abordado é forma de dizer, duvido que sejam, se alguém tiver novidades sobre isso, comente na caixa de comentários) e é um dos posts mais lidos/vistos do blog há meses, desde a publicação, pois pra muita gente é um choque o quanto os governos brasileiros escondem/esconderam essa questão da eugenia no Brasil (racismo e branqueamento) que põe abaixo o mito disseminado da "democracia racial" do país, assunto tabu que deixa muito pseudo-patriota "irritadinho" (a turma que sai pra "protestar", ops, relinchar com camisa da CBF).

A todos essas pessoas que visitam o blog, muito obrigado, e voltem sempre. E deem sugestões de temas. Se não for publicado na ocasião poderá sair depois.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

As horríveis consequências dos experimentos secretos realizados em humanos pelos britânicos

Uma nova investigação desvelou que milhares de "voluntários" foram intoxicados com gás sarin ou drogas experimentais desde 1939.
Louis Hugelmann. Alguns pacientes faleceram e outros foram induzidos
à demência momentânea. Vários pilotos da RAF foram vítimas disso
Passou-se pouco mais de um mês no qual uma nova pesquisa histórica desvelou que o governo da Grã Bretanha utilizou, durante a Guerra Fria, milhares de seus cidadãos como cobaias humanas para provar todo tipo de substâncias potencialmente perigosas. Tudo isso, sem seu consentimento e causando severos danos em suas saúdes. Não obstante, agora acaba de ser revelado também que provas foram realizadas sobre uma multidão de militares de Wiltshire, os quais foram expostos a substâncias como gás sarin ou antraz sem sabê-lo, desde a Segunda Guerra Mundial.

Assim afirma um novo livro "Ciencia Secreta: Un siglo de guerras, veneno y experimentos humanos" ("Ciência Secreta: Um século de guerras, veneno e experimentos humanos") do qual foi feito eco na versão digital do "Daily Mail". Este, por sua vez, explica as terríveis repercussões que sofreram esses improvisados objetos de provas depois dos experimentos. Entre elas, destacam algumas tão impactantes como as de um jovem inglês que esteve convulsionando durante vários minutos, ou outro que, depois que fora injetada uma droga "incapacitante" no cérebro, esteve falando quatro horas com um amigo de sua escola qe havia falecido há quatro anos.

Concretamente, a investigação revelou as provas que os cientistas britânicos realizaram sobre mais de 21 mil militares de seu país desde 1939 (no começo da Segunda Guerra Mundial) até 1989, num centro científico de Wiltshire. Essas foram promovidas pelo Ministério da Defesa, que fez finca-pé de que aos "voluntários" não lhes deviam explicar as possíveis repercussões. Contudo, os investigadores acreditavam até então que os experimentos eram totalmente seguros, algo que não impediu que, no passado 2008, o governo se desculpasse com as vítimas e lhes pagasse uma volumosa indenização.

O pesquisador que trouxe à luz esses dados foi o historiador Ulf Schmidt, que expôs em seu livro casos como o do engenheiro da Força Aérea de Sua Majestade (RAF), Ronald Maddison, de 20 anos. Este foi exposto, sem sabê-lo, ao gás sarin, um agente nervoso que atualmente está classificado pela ONU como uma arma de destruição em massa. Segundo o historiador, o militar foi guiado a uma câmara na qual - junto a outros cinco sujeitos - aplicaram-lhe vinte gotas dessa substância. Morreu duas horas depois. E isso, apesar de que haviam lhe informado de que não correria perigo algum.

Assim o há corroborado o pesquisador Alfred Thornhill, que testemunhou o sucedido quando tinha 19 anos. "Vi que se levantava da cama e sua pele começou a ficar azul. Começou desde o tornozelo e se expandiu por sua perna. Foi como ver algo vindo do espaço exterior. Depois, os médicos lhe aplicaram a agulha maior que já vi e me disseram para me saísse", explica o antigo militar em declarações recolhidas pelo diário.

Outra dessas foi produzida durante a Segunda Guerra Mundial (1943) quando vários soldados foram expostos a vapor de nitrogênio durante cinco dias seguidos. Os seis voluntários tiveram finalmente que ser retirados do teste pois sofreram queimaduras químicas em suas axilas, escrotos e couro cabeludo. "Abriram a porta da câmara e todos estávamos no chão, gemendo e chorando. Fez-se eterno e foi horrível", assinalou ao historiador Harry Hogg quem participou da prova aos 20 anos.

Algo parecido sucedeu com o aviador de 19 anos Richard Skinner, a quem, em troca de uns xelins (shillings), submeteu-se em 1972 ao que os especialistas lhe haviam denominado de "uma leve dose de anestésico". Contudo, o que realmente lhe injetaram foi uma nova droga que incapacitava o cérebro humano. Num vídeo gravado do experimento se pode ver como o paciente fala durante quatro horas com um extintor de incêndio que, segundo crê, é um amigo de infância falecido há quatro anos.

Como eles, e tal e como assinala Schmidt, milhares de soldados foram fechados em câmaras de gás sob falsas promessas de dinheiro e bombardeados com todo tipo de toxinas potencialmente letais com o objetivo de provar os novos trajes químicos que estavam desenvolvendo na ocasião.

Abc.es@abc_es / Madrid
Día 08/08/2015 - 18.10h

Fonte: ABC (Espanha)
http://www.abc.es/cultura/20150808/abci-repercusiones-guerra-mundial-experimentos-201508081739.html
Título original: Las horribles consecuencias de los experimentos secretos realizados en humanos por los británicos
Tradução: Roberto Lucena

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