sexta-feira, 13 de março de 2009

Valas comuns em Polesie

Os negadores gostam de alegar que nunca foram encontradas valas comuns contendo os corpos de judeus assassinados. É esta a razão pela qual Germar Rudolf mentiu sobre a vala comum nos arredores de Marijampole [tradução para português] na Lituânia, e pela qual, apesar de pelo menos nove peças de evidência documental [tradução para português], também mentem sobre Babi Yar.

Portanto, não foi surpresa que, quando reportamos as notícias de que uma vala comum tinha sido aberta em Smalyarka, na Bielorússia, alguns negadores de quarta classe na Internet tenham insistido, como lemmings, que a história não podia ser verdadeira.

No entanto, os documentos mostram que não há apenas mais uma vala comum para os "revisionistas" negar, mas sim muitas dúzias só nesta região da Belorússia, conhecida como o Polesie .

O primeiro passo para se instruir consiste em esquecer o politicamente correcto e chamar Smalyarka pelo seu nome russo, Smoliarka. O governo de Lukashenko para todos os efeitos declarou o russo a língua oficial da Bielorússsia, e não surpreende que se obtenham mais resultados do Google utilizando a ortografia russa em vez da bielorussa, como faremos daqui para diante.

Smoliarka encontra-se a cinco quilômetros da povoação de Bereza Kartuska, não longe da aldeia de Bronnaia Gora, localizada no distrito (raion) Berezovskii da província (oblast) de Brest na Bielorússia. É tão pequena que nem sequer se encontra assinalada no mapa disponível no site do conselho distrital local. No entanto, o mesmo site regista a chacina de 1.500 pessoas em Smoliarka na sua cronologia da história do distrito. O acontecimento, portanto, é tudo menos desconhecido.

A descoberta da vala comum em Smoliarka, conforme foi reportada na notícia original sobre a escavação, foi o trabalho de estudantes escolares da aldeia de Bronnaia Gora, que tinham visitado o arquivo do oblast de Brest e encontrado registos da Comissão Extraordinária Soviética sobre crimes de guerra alemães, que descrevem a localização de várias valas comuns em que até 1.500 judeus do gueto de Bereza Kartuska e outras aldeias próximas tinham sido enterrados depois de terem sido abatidos a tiro por polícias alemães aproximadamente em Setembro de 1942.

O incidente era tão bem conhecido pelos investigadores soviéticos que foi incluído no chamado Livro Negro, compilado por Vasily Grossman e Ilya Ehrenburg em 1946, e daí foi parar ao livro yizkor sobre Bereza Kartuska:
Cidadãos soviéticos da cidade de Bereza e das aldeias nesta área foram transportados para as valas, num local adequado. Os sofrimentos e as matanças dos pacíficos habitantes de Smoliarka foram similares aos do genocídio em Brona Gura [nome polaco de Bronnaia Gora]. Cinco sepulturas comuns foram lá encontradas, e todas continham cidadãos soviéticos. Cada sepultura tinha as mesmas medidas: 10 metros de comprimento, 4 metros de largura e 2.5 metros de profundidade. O genocídio de cidadãos soviéticos na área da aldeia de Smoliarka foi executado em Setembro de 1942. Lá foram abatidas – segundo testemunhas oculares – cerca de 1.000 pessoas.


Portanto, as recentes escavações não encontraram nada de novo. Em vez disso, foram tentativas de localizar novamente uma vala que tinha sido aberta em 1944, quando a Comissão Extraordinária tinha inspeccionado pela primeira vez o distrito de Berezovskii, mas que tinha sido posteriormente esquecida.

A razão pela qual Smoliarka tinha sido esquecida é que posteriormente foi encontrada uma vala comum ainda maior por perto, nos arredores da própria Bronnaia Gora. Citando novamente o Livro Negro:
Segundo o programa preparado pelo conquistadores fascistas, entre Maio e Junho de 1942 foram cavadas valas a uma distância de 400 metros ao nordeste da estação ferroviária de Brona Gura, numa superfície de 16.000 metros (quadrados).
Para fazer este trabalho, os alemães utilizaram camponeses da área, entre 600 e 800 pessoas cada dia. Para acelerar o trabalho utilizaram vários materiais explosivos.
Depois de cavadas as valas, em meados de Junho de 1942, os alemães começaram a transferir cidadãos soviéticos em vagões ferroviários de vários locais e de campos em Bereza, Brest, Dohitzin, Yanov, Horodetz e outros campos na Bielorússia, para a estação de Brona Gura. Cidadãos soviéticos também foram transferidos a pé para a área de Brona Gura
Os vagões estavam repletos e houve muitos que morreram. Depois levaram-nos ao cruzamento ferroviário, onde havia depósitos militares, cerca de 250 metros da estação central de Brona Gura. Pararam os vagões perto das valas preparadas, e descarregaram as pessoas no terreno rodeado de arame farpado.
Depois de descarregarem as pessoas dos vagões ferroviários, ordenaram-lhes que se despissem. Depois levaram-nas por uma espécie de corredor estreito entre arame farpado para as valas. Os primeiros desceram para dentro das valas por uma escada e foram forçados a deitar-se com a cara para baixo, um junto ao outro. Depois de encher a primeira "camada" abateram-nos com armas automáticas. Os alemães vestiam uniformes ASD e SS. Da mesma forma encheram a segunda e terceira camadas, até encher a vala. Os gritos de homens, mulheres e crianças partiam o coração. Depois de abater todos os cidadãos, carregaram as roupas e objectos nos vagões com destino desconhecido.
A chegada e descarga das pessoas nas carruagens foi efectuada sob a severa supervisão dos chefes de estação em Brona Gura, Pikeh e Schmidt, de origem alemã. A fim de apagar todos os sinais das crueldades cometidas em Brona Gura, os alemães abateram todos os cidadãos (mais de 1.000 pessoas) que habitavam a área onde no passado tinham estado depósitos militares.
Na superfície onde foi feita a terrível matança havia oito poços. A primeira sepultura tinha 63 metros de comprimento e 6,6 metros de largura. A segunda, 36 metros de comprimento e 6,5 de largura. A terceira tinha um comprimento de 36 metros e uma largura de 6 metros. A quarta tinha 37 metros de comprimento e 6 metros de largura. A quinta tinha 52 metros de comprimento e 6 metros de largura. A sexta tinha 24 metros de comprimento e 6 de largura. A sétima tinha 16 metros de comprimento e 4,5 de largura. A profundidade de todas as sepulturas era entre 3,5 e 4 metros.
De Junho até Novembro de 1942 os alemães assassinaram mais de 30.000 cidadãos na área de Brona Gura.


O historiador alemão Christian Gerlach, junto com muitos outros comentadores, indicou no seu livro Kalkulierte Morde cifras ainda maiores, de até 50.000 mortos em Bronnaia Gora, e de facto é este o número inscrito na pedra comemorativa naquele sítio. Este local de matança, cujo nome em polaco se traduziria como "colina da pesar", é quase único nos territórios ocupados de leste: em vez de os assassinos virem aos guetos, os guetos foram levados aos assassinos. Judeus de Antopol, Bereza Kartuska, Kobryn, Gorodets e Mikroshevichi foram levados de comboio para este local de Junho a Novembro de 1942 e lá assassinados, em vez de serem mortos perto dos seus lares.

As provas da dimensão das chacinas em massa de judeus na região de Brest são abundantes. A principal unidade responsável for estas matanças, o Batalhão de Polícia 310 (também conhecido como III./Regimento de Polícia 15), deixou atrás o seu diário de guerra, que tem sido amplamente comentado por muitos historiadores. De facto, Edward Westermann, professor na US Air Force University, escreveu um artigo inteiro sobre este assunto.

Não temos apenas os registos da unidade, mas também abundante informação da própria Brest. Esta divide-se em duas categorias: relatórios enviados ao Ostministerium (Ministério do Leste) pelos comissários regionais e municipais (Gebietskomissare e Stadtkommissar) destacados para a região de Brest, e registos deixados atrás na retirada. Os papéis do Ostministerium encontram-se nos US National Archives II em College Park, microfilmados sob a sigla NARA RG 242 T454. Segundo o relatório situacional do Stadtkommissar de Brest de 21 de Novembro de 1941, um total de 17.574 judeus foram registados como habitantes da cidade de Brest (NARA T454/102/7). Isto são menos dos que tinham lá vivido em 22 de Junho de 1941, uma vez que o relatório de ocorrências Ereignismeldung UdSSR Nr. 32, compilado pelo RSHA [Reichssicherheitshauptamt – Agência Central de Segurança do Reich] a partir de relatórios de actividade dos Einsatzgruppen em 24 de Julho de 1941, registou que 3.950 judeus e 400 russos tinham sido "liquidados" (NARA T175/233/2721638). A partir de outros registos, especialmente relatórios da 221ª Divisão de Segurança, sabemos que os executores deste massacre eram do Batalhão de Polícia 307.

O destino dos 17.574 judeus sobreviventes de entre mais de 21.000 habitantes [judeus] de Brest antes do início da guerra está especialmente bem documentado nos subsequentes relatórios mensais do Stadtkommissar Brest. Além disso, o arquivo do Oblast de Brest contém uma colecção quase única de mais de 12.000 passaportes emitidos para todos os judeus com idades superiores aos 14 que habitavam no gueto de Brest. Esta colecção tem sido digitalizada e encontra-se disponível aqui .

A "evacuação" de 19.000 judeus de Brest foi registada no relatório do Gendarmerie-Gebietsführer de Brest para o mês de Outubro de 1942, despachado em 11 de Novembro de 1942 (NARA T454/104/999, extractos publicados em Paul Kohl, 'Ich wundere mich, dass ich noch lebe.' Sowjetische Augenzeugen berichten, Gütersloh, 1990, página 198). O diário e guerra do Batalhão de Polícia 310 indica uma cifra menor, de 16.000. Por outro lado, um relatório retrospectivo (Der Ortsbeauftragte Brest-Litowsk, Betr.: Bericht über die Tätigkeit der Zivilverwaltung, de 11 de Novembro de 1943, NARA T454/104/1680) indicou uma cifra de 18.000. Sem o benefício de qualquer acesso aos relatórios alemães, o Livro Negro de Grossman e Ehrenburg estimou entre 17.000 e 20.000 o número de judeus enviados de Brest para o local de matança em Bronnaia Gora.

Martin Dean, o autor de Collaboration in the Holocaust, acrescentou ainda mais evidência, desta vez proveniente de relatórios da Resistência Polaca:
Brest. A liquidação dos judeus tem continuado desde 15 de Outubro. Durante os primeiros 3 dias cerca de 12.000 pessoas foram abatidas. O local da execução é Bronna Gora. Actualmente o resto daqueles que se esconderam está sendo liquidado. A liquidação foi organizada por um esquadrão móvel do SD e da polícia local. Actualmente o "acabamento" é feito apenas pela polícia local, em que os polacos representam uma grande percentagem. Frequentemente são mais ciosos do que os alemães. Algumas posses judaicas vão mobilar lares e escritórios alemães, outras são vendidas em leilão. Apesar do facto de terem sido encontradas grandes quantidades de armas durante a liquidação, os judeus comportaram-se de forma passiva.


Em Março de 1944, o local de Bronnaia Gora foi visitado pelo Sonderkommando 1005 [tradução para português], a unidade SS sob o comando de Paul Blobel, responsável por exumar e cremar a evidência da chacina em massa alemã. Na Rússia Central e na Bielorússia, o SK 1005 desenvolveu a sua actividade perto de muitas das povoações maiores: sobreviveram relatórios das suas operações em Smolensk, Mogilev, Borisov, Bobruisk e Minsk. Mas não esteve presente, segundo parece, nas capitais menores dos raion e nos shtetl rurais. Assim, enquanto os investigadores soviéticos em Bronnaia Gora encontraram apenas cinzas e valas vazias com as dimensões acima descritas, em outros lugares da região de Brest e em todo o Polesie foram repetidamente encaminhados por testemunhas oculares e informadores locais para os sítios de uma vintena de outras valas comuns intactas.

Smoliarka foi, pois, uma destas exumações. Christian Gerlach menciona uma outra, na povoação de Drogichin, onde a Comissão Extraordinária registou na Acta No. 5 de 2 de Novembro de 1944 que uma vala comum com um volume total de 1.092 metros cúbicos foi aberta. Foi evidentemente escavada na sua totalidade, uma vez que o relatório indica que 3.186 cadáveres foram encontrados na vala: 895 homens, 1.083 mulheres e 1.838 crianças.

Tal precisão nem sempre era o caso nas actas de exumação soviéticas. Não surpreende que a maior parte dos investigadores tenham preferido abrir uma vala, medir as suas dimensões, verificar a identidade das vítimas (i.e., se vestiam uniforme e portanto eram prisioneiros de guerra soviéticos, ou roupas civis) e estimar o seu número com base num cálculo de volume.

Por causa destes métodos, e porque os alemães não sempre deixaram atrás relatórios, nunca será conhecida uma cifra absolutamente precisa do número de vítimas, judeus bem como não judeus, das políticas nazis de ocupação e genocídio. No entanto, a convergência dos relatórios alemães, das testemunhas oculares e das actas de exumação é mais que suficiente para provar a escala e dimensão do genocídio dos judeus na antiga União Soviética. Antes da guerra, a região de Brest pertencia ao woewodstwo (distrito) de Polesie da Polónia. Em 1931, o censo oficial polaco registou 113.988 judeus no woewodstwo (distrito) de Polesie. Em Setembro de 1939, a totalidade do Polesie foi anexada pela União Soviética e dividida em duas províncias, os oblasti de Brest e Pinsk.

As estimativas variam quanto ao número total de vítimas em ambos oblasti, mas uma fonte indica o número de judeus assassinados no Polesie como sendo de 113.451, um número inteiramente plausível se lembrarmos que a população judaica cresceu em talvez 10 % antes do início da guerra, e foi ainda mais aumentada pela chegada de refugiados dos distritos ocidentais depois da partição da Polónia entre a Alemanha nazi e a União Soviética. Os historiadores bielorussos Emanuil Ioffe e Viacheslav Selemenev descobriram um relatório do NKVD nos Arquivos Nacionais de República de Bielorússia, relativo ao número de refugiados judeus na República Socialista Soviética Bielorussa em Fevereiro de 1940. Segundo este documento, um total de 65.796 judeus tinham fugido através da "fronteira e interesses" soviético – alemã até essa data, dos quais 9.879 residiam na antiga província de Polesie, 7.916 no oblast de Brest e 1.963 no oblast de Pinsk (‘Jewish Refugees from Poland in Belorussia, 1939-1940’, Jews in Eastern Europe, Primavera de 1997, páginas 45-50). A partir da exaustiva reconstrução do destino dos judeus de Pinsk publicada por E.S. Rozenblat e I.E Elenskaia (Pinskie evrei: 1939-1944 gg. Brest, 1997), sabemos que cerca de metade destes refugiados foram deportados no verão de 1940 pelo NKVD; os restantes ficaram.

Para quem não fala russo, a historiadora israelita Tivka Fatal-Knaani forneceu uma visão geral suficientemente boa do destino dos judeus de Pinsk em Yad Vashem Studies Volume 29 (PDF). Foi idêntico ao dos judeus de Brest, até no envolvimento dos mesmos executores, o Batalhão de Polícia 310. A única diferença foi que Heinrich Himmler interveio pessoalmente para ordenar a destruição do gueto de Pinsk:
O OKW [Comando Supremo da Wehrmacht] informou-me de que a região de Brest-Gomel sofre cada vez mais de ataques de bandos, que suscitam a questão da necessidade de tropas adicionais. Com base nas notícias que me têm sido reportadas deve-se considerar o gueto de Pinsk como centro do movimento dos bandos na região dos pântanos de Pripyat.
Ordeno assim, apesar das considerações económicas, a destruição e obliteração do gueto de Pinsk. Poderão ser poupados 1.000 trabalhadores masculinos, caso a operação o permita, para serem disponibilizados à Wehrmacht no fabrico de cabanas prefabricadas em madeira. Estes 1.000 homens deverão ser mantidos num campo bem guardado, e caso a segurança não possa ser mantida, estes 1.000 deverão ser destruídos.
(Publicado em Helmut Heiber (ed),‘Reichsführer!…’ Briefe an und von Himmler. Estugarda 1968, página 165)

Não só Himmler deixou um rasto documental, mas também o Hauptmann der Schutzpolizei (capitão da polícia) Helmut Saur do Batalhão de Polícia 310. O seu relatório após acção encontra-se nos ficheiros do batalhão que foram capturados pelos soviéticos depois da guerra. Foi submetido ao Tribunal Militar Internacional em Nuremberga como documento USSR-119a, e pode hoje ser encontrado no original no GARF Fond 7445, Moscovo, enquanto versões publicadas encontram se em O Livro Negro e noutras sítios. É inequívoca a linguagem utilizada no Erfahrungsbericht (relatório de experiência) de Saur sobre o que aconteceu em 29, 30 e 31 de Outubro e 1 de Novembro de 1942 [texto em alemão no artigo original, minha tradução – RM]:
"Os judeus, agora atentos, reuniram-se na maior parte dos casos voluntariamente em todas as ruas, e com a ajuda de dois guardas da polícia foi possível encaminhar alguns milhares de judeus ao local de concentração já nas primeiras horas. Uma vez que agora a outra parte dos judeus tinha visto para onde é que se ia, juntaram-se à procissão, de modo a que a inspecção pretendida no local de concentração já não pode ser efectuada por causa da chegada repentina de tantos (só se tinha contado com 1.000 a 2.000 pessoa no primeiro dia do rastreio.) O primeiro rasteio esteve concluído às 17:00 horas e decorreu sem incidentes. No 1º dia cerca de 10.000 pessoas foram executadas. À companhia passou a noite no lar para soldados em estado de alerta.
O gueto foi rastreado pela segunda vez em 30.X., pela terceira em 31.X e pela quarta em 1.XI. Um total de cerca de 15.000 judeus foram conduzidos ao local de concentração. Judeus doentes e crianças individuais deixadas nas casas foram imediatamente executados dentro do gueto no pátio. No gueto foram executados cerca de 1.200 judeus. Não houve incidentes salvo num caso."


Do texto do relatório não resulta claro se Saur tinha reportado a execução de 16.200 ou de 26.200 judeus. A maioria dos especialistas (Gerlach, Fatal-Knaani, Dean, Rozenblat/Elenskaia) tende para a última possibilidade, considerando fontes contextuais. Existem numerosas testemunhas oculares cujos depoimentos indicam o número superior. O Tenente-Coronel da Wehrmacht Feuchtinger, estacionado em Pinsk durante 1943, e capturado pelos britânicos depois de ter servido em França, fez o seguinte relatório a outro prisioneiro de guerra em 1945, sem saber que estava sendo gravado pelos britânicos:
"Quando estive em Pinsk foi-me dito que no ano anterior tinham lá vivido 25.000 judeus, e que no espaço de três dias esses 25.000 judeus tinham sido sacados, alinhados à beira de uma floresta ou num relvado – tinham antes sido obrigados a cavas as suas próprias campas – e logo cada um deles desde o mais velho barbudo até à criança recém-nascida foram abatidos por um esquadrão da polícia. Foi esta a primeira vez que eu próprio tinha de facto ouvido e visto o que aconteceu lá. Antes não tinha acreditado ou considerado possível que coisa semelhante acontecesse. A enfermeira na hospedagem para oficiais onde eu vivia disse-me: "Por amor de Deus, no diga nada sobre eu lhe ter contado isto."
(Relatório sobre informação obtida de prisioneiro de guerra ofical sénior em 1-6.6.45, GRGG 311, 8.6.45, PRO WO 208/4178


Os investigadores soviéticos depois da libertação encontraram 34 valas comuns em Pinsk e arredores, com um total de 59.084 cadáveres, dos quais 20.000 eram prisioneiros de guerra soviéticos e 38.342 civís (Akt, 24 aprelia 1945 g, g. Pinsk, NARB 845-1-13, p.1).

Não discuti o massacre em Agosto de 1941 de até 9.000 judeus em Pinsk pelo Regimento de Cavalaria 2 das SS, uma vez que foi tão admiravelmente tratado tanto por Christian Gerlach como, recentemente, por Martin Cüppers na sua dissertação de doutoramento , Wegbereiter der Shoa. Die Waffen-SS, der Kommandostab Reichsführer-SS und die Judenvernichtung 1939-1945. Os leitores de língua inglesa podem também consultar o livro comemorativo de Pinsk, aqui.

Em vez disso, a presente vistoria de valas comuns terminará na parte mais a leste do Polesie, no distrito de Luninets. Tal como em Brest e em Pinsk, as primeiras massacres foram efectuadas em 1941, neste caso também pelo Regimento de Cavalaria 2 das SS, na capital do distrito de Luninets. Cüppers cita uma ordem indicando que o estado-maior do "destacamento montado" (Reitende Abteilung), bem como um esquadrão inteiro de soldados de cavalaria, o 4./SS-Kavallerie-Regiment 2, chegaram a Luninets em 11 de Agosto de 1941. (mensagem de rádio Reit.Abt, 11.8.41, Bundesarchiv-Militärarchiv, RS 4/936). Pouco depois o regimento reportou o seguinte:
11-13.8.41:O rastreio do pântanos Pripjet foi concluído com êxito pelo Destacamento Montado … 2.325 saqueadores foram abatidos a tiro no período do relatório. No total foram abatidos 7.730 saqueadores, comunistas, comissários, secretários do partido e guerrilheiros.
SS-Kav.Rgt. 2, Relatório de Actividade para o período de 11-13.8.41, NARA T354/785/327


Conforme Gerlach e muitos outros historiadores têm demonstrado, em Agosto de 1941 o termo "saqueadores" era um código das SS para homens judeus em idade militar (entre os 17 e 45 anos). As investigações soviéticas localizaram as seguintes valas comuns em 1945:
Nos arredores da povoação de Luninets a comissão examinou valas comuns de vítimas do terror fascista: na direcção de Mochula foram encontradas 7 valas, localizadas 400 metros a norte do dique da linha ferroviária de reserva Luninets-Pinsk. A dimensão de cada uma das três valas maiores era de 6 x 2 x 2,5 metros, as dimensões das valas menores eram 4 x 2 x 1,5 metros. Nestas 7 valas estavam enterradas 1.312 pessoas de sexo masculino.
(Akt rassledovaniia zlodeianii nemetsko-fashistskikh zakhvatchikov na vremmenno okkupirovannoi territorii Luninetskogo raiona Pinskoi oblasti, 10 aprelia 1945 goda, go. Luninets, NARB 645-1-13, p.12)


Os restantes idosos, mulheres e crianças do gueto de Luninets e das povoações vizinhas de Lakhva e Koshangrodek foram exterminados no início de Setembro de 1942, por destacamentos do Comandante da Polícia de Segurança Volínia-Podólia, delegação de Pinsk, conforme foi estabelecido em 1973 num julgamento em Frankfurt am Main, República Federal Alemã (ver aqui para mais detalhes). O resumo clínico dos investigadores soviéticos deverá ser suficiente para indicar as dimensões destas chacinas em massa:
Luninets
2.932 cadáveres encontrados numa única vala comum medindo 50 x 4 x 3 metros (600 metros cúbicos)
Dos quais
- 106 homens
- 1.429 mulheres
- 1.397 crianças
A data da "acção" foi 4 de Setembro de 1942

Lakhva
1.946 cadáveres foram encontrados numa vala comum medindo 25 x 4 x 2,5 metros (250 metros cúbicos)
Dos quais
- 524 homens
- 698 mulheres
- 724 crianças
Data da "acção" 3 de Setembro de 1942

Koshangrodek
937 cadáveres foram encontrados numa vala comum medindo 12 x 4 x 3 metros (144 metros cúbicos)
Dos quais
- 311 homens
- 325 mulheres
- 301 crianças
Data da "acção" 3 de Setembro de 1942
Akt, 10.4.45, NARB 845-1-13, pp.12-13


Por rara coincidência, as fronteiras do raion de Luninets coincidem com as da powiat de Luniniec na Polónia antes da guerra. Em 1931, o censo registou 8.072 judeus com base na religião neste condado. As investigações soviéticas apuraram que 7.127 judeus tinham sido assassinados no raion de Luninets. Aproximadamente 80-90% de todos os judeus no condado tinham sido exterminados, e os seus corpos recuperados.

Este, então, é o segredo sombrio que os negadores não querem conhecer: houve muitas, muitas outras valas espalhadas pela paisagem da Europa de Leste além daquelas de Babi Yar, Belzec ou Treblinka. Na Polónia, havia 1.657 comunidades judaicas, onde no mínimo um quarto dos habitantes foi assassinado dentro das suas povoações ou perto destas. Na União Soviética, foram identificados mais 800 guetos, todos os quais foram varridos do mapa em 1943. Falar de um número "limitado" de execuções de represália "justificadas", como os negadores as vezes concedem, é um disparate pegado. Também não se pode identificar as acções de fuzilamento em massa apenas com os Einsatzgruppen. Em nenhum dos casos aqui apresentados um destacamento do Einsatzgruppe B executou o extermínio. Em vez disso, os carrascos eram da Ordnungspolizei (polícia de ordem), da Waffen-SS e dos destacamentos estáticos da Sicherheitspolizei (polícia de segurança). Quando foi a última vez que ouvimos um revisionista discutir as actividades destas unidades? Quase nunca.

Especialistas em demografia russos estabeleceram que 26 milhões de cidadãos soviéticos morreram entre 1941 e 1945. Um cálculo cauteloso indica que 10 % deste número, 2,6 milhões, foram mortos no Holocausto. Destes, 144.000 foram mortos na Rússia, no mínimo 250.000 no RSS Bielorussa antes da guerra, 656.000 na RSS Ucraniana, 100.000 na actual Moldova, 218.000 nos Estados Bálticos de Lituânia, Letónia e Estónia, e 1,2 milhões nos territórios da Polónia oriental anexados à União Soviética como Bielorússia ocidental e Ucrânia ocidental em 1939.

Os negadores tentam fazer crer que não há evidência para esta litania de horror. No entanto, a evidência existe em abundância: em documentos alemães, em relatos de testemunhas oculares de entre os carrascos, as vítimas e os espectadores, e nos relatórios de exumações repetidos do Cáucaso até à fronteira polaca com monótona consistência. O facto de que estudantes escolares bielorussos podem pegar em relatórios de investigação soviéticos com mais de 60 anos de idade, e hoje em dia localizar novamente as valas comuns, apenas prova aquilo com o qual os negadores não conseguem lidar: que houve chacina em massa, e que a houve repetidamente.

Autor: Dr. Nick Terry
Texto original: Mass Graves in the Polesie
Tradução e adaptação: Roberto Muehlenkamp

Eliminação de Corpos em Auschwitz - O fim da negação - Parte 7 - Capacidade de Cremação

A utilização de fornos crematórios parece ter começado em algum momento de 1870. É conhecido à partir de cremações realizadas em 1874 que uma criança de 47 libras poderia ser cremada em 25 minutos, uma mulher de 144 libras em 50 minutos e um homem de 227 libras em 55 minutos[104]. Em 1875 foi relatado que um corpo poderia ser cremado em 50 minutos[105].

Mattogno cita um participante de uma conferência britânica de cremação em 1975 que afirmou que a “barreira térmica”para uma cremação foi de 60 minutos[106]. Ele ignorou o comentário de outro participante da conferência que sugeriu que a maior parte da cremação ocorreu nos primeiros 30 minutos:
Após cerca de meia hora, se o forno tiver chegado até uma temperatura de 1.100°C, ou se é 900°C, existe uma rápida queda de distância, e eu penso que as investigações devam estar envolvidas com os últimos vinte minutos ou então o ciclo de cremação. Neste instante você tem no crematório uma quantidade muito pequena de material do corpo...aproximadamente do tamanho de uma bola de rugby, a cerca de vinte minutos do fim da cremação, e isto é o mais difícil para remover[107].

As instruções do forno duplo da Topf previam que um corpo poderia ser adicionado ao forno durante os últimos vinte minutos e que tinham plena capacidade de cremar os corpos que tinham sido previamente introduzidos:
Assim que os restos dos corpos caíram do chamotte da grelha para a coleta das cinzas abaixo do canal, eles devem ser puxados para frente no sentido da porta de remoção das cinzas, usando o raspador. Aqui eles podem ser deixados por mais vinte minutos para serem totalmente consumidos...Neste meio tempo, outros corpos podem ser introduzidos após outros pelas câmaras[108 ]. (ênfases do autor)
Como veremos posteriormente, existe agora uma forte evidência que que os corpos foram adicionados antes do cadáver ser totalmente incinerado, resultando em um ciclo de 25 minutos para a cremação de cada corpo. (ver discussão na nota de rodapé 136).

Na Alemanha dos anos 1880 era possível cremar um corpo e o caixão que o abrigava em 60 e 75 minutos[109]. O processo de cremação se tornou muito popular na Alemanha nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial. Em 1926, os jornais de Berlim relataram que 1/5 de todos aqueles que morreram naquela cidade foram cremados[110]. Em 1931 a Alemanha liderava as cremações na Europa. Das 94.978 cremações na Europa neste ano, 59.119 foram na Alemanha. A Alemanha tinha 107 dos 226 crematórios da Europa. Associados de sociedades de cremação alamãs ultrapassaram os de outros países. A Alemanha também teve mais revistas/diários de cremação do que qualquer outro país. Das sete revistas/diárias de cremação na conferência britânica de cremação em 1932, quatro eram alemãs[111]. Nos anos 1930 havia dois principais construtores de fornos na Alemanha. Um destes era a Topf and Sons, anteriormente identificados como os construtores dos fornos de Auschwitz. (grifos dos tradutor)

Um dos problemas quando se discutem questões dos crematórios de Auschwitz é que a taxa de utilização destes fornos para eliminação de corpos é sem precedentes na história da humanidade. Para colocar isto em algum tipo de perspectiva, no estado da Califórnia, com 20 milhões de pessoas, em 1982 teve 58.000 cremações[112]. No entanto, em Auschwitz, que nunca tinha registrado mais de 92.000 prisioneiros registrados, muitas vezes este número foi o número de cremados durante um período de quatro anos.

Os meios tradicionais de eliminação de corpos em tempos de guerra, eram as cremações ao ar livre. Em Leningrado, hoje São Petersburgo, durante a Segunda Guerra Mundial, pelo menos, um milhão de pessoas morreram. Elas foram cremadas a céu aberto[113]. Como veremos mais adiante neste estudo, cremações ao ar livre foram extensamente utilizadas em Auschwitz.

O problema específico com Auschwitz é que devido à natureza única que estava acontecendo ali e na ausência de dados de quaisquer registros que documentam uma cremação ou como estes fornos trabalhavam, nós estamos necessariamente forçando certa especulação. Nós realmente não sabemos quantos corpos poderiam ser queimados nos crematórios diariamente, a quantidade de combustível que era necessário para cremar um corpo, o tempo de vida de um forno, ou o efeito de qualquer destas considerações quando mais de um corpo estava sendo cremado em um forno. Além disso, a natureza do que aconteceu torna cientificamente impossível a repetição. Por exemplo, é improvável que haverá uma oportunidade para que 52 fornos, todos no mesmo local, eliminar corpos sob as mesmas condições que existiam em Auschwitz. Além disso, cremações modernas estão sujeitas a uma série de regras e regulamentos que não se aplicavam aos campos de concentração alemães. Nas cremações modernas, as cinzas das pessoas não podem se misturar com as cinzas de outras pessoas. Nenhum dos campos de concentração alemães tinha esta obrigação.

Mattogno computou em sua alegação qual foi o número máximo de corpos que poderiam eventualmente ser cremados nos quatro crematórios de Birkenau desde que tornaram-se operacionais até 30 de outubro de 1944, data em que o historiador do campo, Danuta Czech identificou o último gaseamento. Ele encontrou documentos que mostram que em dois dias foram feitos reparos nos fornos. À partir destes documentos de reparos, ele alegou que ele foi capaz de determinar quantos dias cada um dos crematórios poderia funcionar. Ele alegou que o Krema II entrou em operação em meados de Março de 1943 e saiu de serviço rapidamente, cerca de 115 dias, até julho. Em seguida funcionou até 30 de outubro de 1944. Ele também alegou que o Krema III entrou em funcionamento em 25 de junho de 1943 e ficou fora de serviço por 60 dias em 1944[114]. Ele está correto quanto às datas que estes crematórios entraram em serviço. No entanto, as fontes que ele citou não suportam suas alegações sobre os crematórios estarem fora de serviço durante o período reclamado. Sua fonte para o Krema II estabelecendo os 115 dias foi uma carta do Bauleitung para a Topf, data de 17 de julho de 1943, que discute problemas com blueprints para a chaminé, porque não tinham tido em conta temperaturas causadas pelo aumento do calor. Entretanto, a carta não diz nada sobre o Krema estar fora de serviço[115]. A investigação mais atual sobre esta questão afirma que o Krema II saiu de serviço por um mês, com início em 22 de maio de 1943, porque o revestimento interno da chaminé e o tubo ligado ao incinerador começaram a desmoronar[116].

Do mesmo modo, a fonte de Mattogno para o Krema III estabelecendo 60 dias em 1944, apenas menciona que as portas dos fornos estavam sendo reparadas no dia 1º de junho. Menciona igualmente que haviam continuidade de reparos em todos os crematórios de 8 de junho a 20 de julho, porém, não é indicado se estes reparos estavam nos fornos[117]. No entanto, estes documentos não apresentam provas de que qualquer um dos crematórios foram desligados ou que os fornos dos crematórios II, III e V não estavam trabalhando durante este período de tempo (Lembrar que os fornos do Krema IV foram desligados permanentemente em maio de 1943.) É conhecido, à partir de informações dos fornos da Topf de Gusen, que estes poderiam funcionar até mesmo nos dias que aconteceram reparos[118].

Baseado na sua errônea baixa estimativa de tempo nos fornos dos crematórios II e III, Mattogno calculou que, se cada forno pode queimar 24 corpos por dia e, em seguida, um máximo de 368.000 corpos poderiam ter sido cremados à partir do primeiro período que esses fornos iniciaram suas operações até 31 de outubro de 1944[119]. Mattogno não aborda a questão do Krema I, no campo principal, que foi encerrado em 19 de julho de 1943[120]. Como iremos ver, no entanto, na parte deste estudo que tratam de cremação ao ar livre, Mattogno também identificou um método de eliminação que não depende do funcionamento dos fornos. Isto significa que mesmo que o seus números da capacidade dos Kremas estejam corretas, são irrelevantes.

A questão do excesso de uso do forno que emergiu recentemente com os interrogatórios do pós-guerra de três engenheiros pelos soviéticos. Kurt Prüfer, construtor dos fornos, foi perguntado porque os revestimentos dos tijolos dos fornos danificavam tão rapidamente. Ele respondeu que o dano resultante após seis meses foi “porque a pressão sobre os fornos foi enorme”. Ele recontou como ele tinha dito ao Engenheiro-Chefe da Topf no Crematório, Fritz Sanders, sobre a pressão nos fornos porque tinham muitos cadáveres à espera para serem incinerados como resultado dos gaseamentos[121]. Sanders afirmou que ele havia sido informado por Prüfer e outro engenheiro da Topf que “a capacidade dos fornos era tão grande que três corpos [gaseados] foram incinerados [em um forno] simultaneamente”[122]. Um Sonderkommando, que trabalhava nos crematórios durante este tempo, escreveu que rachaduras na alvenaria dos fornos foram preenchidas com uma pasta especial à prova de fogo, a fim de manter os fornos funcionando[123].

No julgamento de “discurso de ódio” do canadense Ernst Zündel[124] em 1988, um suposto especialista em cremações chamado Ivan Legace testemunhou que o número máximo de corpos que poderiam ser eliminados em cada um dos 46 fornos de Birkenau era três por forno, totalizando 138[125]. Este valor é encontrado no Relatório Leuchter[126]. Este é mais um exemplo da incompetência de Leuchter nestes assuntos. Até mesmo Mattogno afirmou que “este número é, na realidade, muito abaixo da capacidade real”[127]. Contrariamente a Leage e Leuchter, sabe-se que os fornos da Topf poderiam trabalhar diariamente de forma contínua. Esta informação vem diretamente de notas mantidas pelos prisioneiros que trabalharam diariamente na operação do forno com mufla dupla em Gusen, de 31 de outubro a 12 de novembro de 1941. Essas notas mostram uma média diária de 26 incinerações por mufla em um período de 13 dias[128]. No entanto, os fornos de Gusen não trabalhavam sempre em full time. Portanto, os registros mostram que na maioria dos dias eles foram operados em tempo parcial[129]. As instruções da Topf para essas muflas à partir de junho de 1941 citam:
No incinerador com mufla duplo-T aquecido a coque, 10 a 35 corpos podem ser incinerados em cerca de 10 horas.A quantidade acima mencionada pode ser incinerada diariamente sem qualquer problema, sem sobrecarga ao forno. E não é prejudicial ao forno operar o incinerador dia e noite, se necessário, desde que a fireclay [parede resistente] duram mesmo quando a temperatura é mantida[130].
Estas observações também se aplicam às três muflas duplas dos fornos do Krema I de Auschwitz, que tinham a mesma construção. Instruções similares foram emitidas pela Topf para os fornos de Auschwitz em Setembro de 1941. (grifos do tradutor) Estas instruções afirmam que “uma vez a câmara de cremação[mufla] tem sido levada a um bom calor[aproximadamente 800° ], os cadáveres podem ser introduzidos um após o outro nas câmaras de cremação”. As instruções também indicam que no final da operação, as válvulas de ar, as portas, amortecedores devem ser mantidas fechadas “para que o forno não esfrie”.[131] Essas instruções contradizem diretamente a afirmação de Legace que os fornos precisavam ser resfriados.[132]

É interessante notar que as instruções para ambos os fornos, de Gusen e Auschwitz sugerem o uso continuado, usando a temperatura para prolongar a vida útil dos fornos. (grifos do tradutor) No mesmo dia em que as instruções de Gusen foram emitidas, dois engenheiros da Topf afirmaram que o forno com mufla dupla poderia incinerar 60-72 corpos [30 a 36 por mufla] em um período de 20 horas sendo requeridas 3 horas de manutenção[133].

Kurt Prüfer, o engenheiro da Topf que construiu os 46 fornos de Birkenau, afirmou numa carta enviada em 15 de novembro de 1942 que os fornos que ele instalou no campo de concentração de Buchenwald tiveram uma produção maior que previamente haviam pensado[134]. Infelizmente, ele não afirma que o número seja superior a um terceiro. No entanto, no mesmo dia, ele informou ao Bauleitung que os cinco fornos com muflas triplas, 15 fornos, poderiam incinerar 800 corpos em 24 horas[135]. Isso significa que uma mufla poderia queimar cerca de 53 corpos em um período de 24 horas. Reduzindo o tempo em quatro horas significa que 44 corpos por mufla poderiam ser cremados em um período de 20 horas. Tal como referido duas vezes antes, nesse estudo, a melhor informação que temos sobre o resultado destes fornos é o período entre 31 de outubro e 12 de novembro de 1941 em Gusen, após terem sido vistoriados. Enquanto os 677 corpos cremados durantes estes 13 dias em média, 26 por mufla, em uma análise dos dados latentes da Topf revelam que um forno pode queimar muito além desse montante. Em 7 de novembro de 1941 estas duas muflas incineraram 94 corpos em um período de 19 horas e 45 minutos, ou 47 por mufla. Isso significa que cada forno poderia incinerar um corpo em 25,2 minutos. Esta foi provavelmente atingida pela adição de novos organismos no forno antes que o outro corpo tivesse sido totalmente incinerado, um método que parece ter sido previsto nas instruções da Topf debatidas anteriormente. (veja discussão na nota 108.) Este método não deve ser confundido com cremação de múltiplos corpos, que devem ser discutidos na próxima parte deste estudo. Este número de 25 minutos não é muito longe das estimativas de Prüfer citados no parágrafo anterior. Mattogno ignorou esta informação totalmente. Ele preferiu focar nas informações de 8 de novembro que mostram 72 corpos cremados. Ele citou erroneamente que gastaram 24 ½ horas para cremar estes corpos. Ele interpretou mal estas folhas. O tempo real de cremação destes corpos foi entre 16 e 17 horas[136].

A informação mais controversa vem do Bauleitung em 28 de junho de 1943. Foi reportado que, em um período de 24 horas os seis fornos do Krema I poderiam incinerar 340 corpos; os cinco fornos com muflas triplas em cada Krema II e III poderiam incinerar 1440 cadáveres, ou 2880 combinadas; Kremas IV e V, poderiam incinerar cada, 768 cadáveres ou 1536 combinados. O total os cinco [Kremas] foi de 4.756 e o total para os quatro de Birkenau foi 4.416. Para efeito de comparação com Gusen, haviam muitas mulheres leves e crianças para incinerar nos fornos de Auschwitz. Em contrapartida, não havia mulheres e crianças em Gusen em 1941, apenas homens[137].

Negadores[do Holocausto] rejeitam os números do Bauleitung completamente. Críticos dos negadores ainda não aceitam totalmente estes números. No entanto, os dados de Gusen sugerem que os números do Bauleitung podem ter sido mais credíveis do que previamente suspeitado. O número do Bauleitung de 340 para 24 horas para os seis fornos do Krema I, são cerca de 25 minutos por corpo cremado, o mesmo resultado alcançado em Gusen em 7 de novembro de 1941.

E quanto aos quatro crematórios de Birkenau? Na época que o Bauleitung forneceu estes números, todos os crematórios estavam funcionando no mesmo período de tempo. Assim, é razoável supor que o Bauleitung pelo menos tinha alguma informação básica sobre esses valores. Tanto negadores[do Holocausto] quanto os seus críticos concordam que um forno não poderia incinerar um corpo em 15 minutos, que é o que seria exigido para os 46 fornos para cremarem 4.416 corpos em 24 horas. As informações disponíveis à partir de Gusen sugerem que o valor máximo atingido foi de 25 minutos, e adicionando um corpo antes de o outro corpo que foi previamente introduzido estivesse totalmente consumido. É igualmente certo que os fornos não podiam operar em uma base indefinida de 24 horas por dia.

Mas poderia um forno cremar um corpo em 15 minutos? Não com o método tradicional de cremação de um corpo hoje. No entanto, a questão torna-se mais problemática se as cremações de múltiplos corpos são consideradas. Isso significa que um forno poderia queimar mais de um corpo no momento. A prática não era usual nos campos de concentração alemães. Por exemplo, uma das primeiras histórias de Dachau dizia que gastaram de 10 a 15 minutos para queimar um corpo[138]. A fonte não nos diz como isso foi feito. No entanto, o padrão histórico de Dachau, escrito alguns anos mais tarde, afirma que um forno poderia queimar 7-9 corpos em duas horas, quando fossem introduzidos todos simultaneamente.[139] Visto a esta luz, 15 minutos se torna viável. A questão da cremação de múltiplos corpos será analisada mais exaustivamente na próxima parte deste estudo em que lideramos com consumo de combustível.

Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott

Continuação - Partes: (1);(2);(3);(4);(5);(6);(7);(8);(9);(10);(11)

Alemanha indicia John Demjanjuk

Alemanha indicia homem acusado de ser criminoso nazista

As autoridades judiciárias da Alemanha indiciaram nesta quarta-feira um homem de 88 anos de idade acusado de atuar como guarda em um campo de concentração nazista.

John Demjanjuk foi indiciado por envolvimento em pelo menos 29 mil mortes em 1943.

Os promotores afirmam que estão buscando a extradição de Demjanjuk, que vive nos Estados Unidos desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Demjanjuk é acusado de ter comandado os motores a diesel que forneciam fumaça para as câmaras de gás no campo de Sobibor, na Polônia.

Sobibor foi, ao lado de Treblinka, um dos quatro campos de concentração usados pelos nazistas na Operação Reinhard para exterminar judeus em escala industrial.

John Demjanjuk nega qualquer envolvimento nos crimes e afirma que era um prisioneiro de guerra dos nazistas, e não um guarda.

No fim dos anos 1970, sobreviventes do Holocausto identificaram Demjanjuk como 'Ivan, o Terrível', um ex-prisioneiro de guerra soviético que teria se transformado em um guarda extraordinariamente sádico durante o conflito.

Ivan foi realmente o nome dado a Demjanjuk por seus pais na Ucrânia, mas ele mudou para John quando se naturalizou americano na década de 50.

Durante anos, Demjanjuk trabalhou em uma fábrica de automóveis da Ford em Ohio, mas uma investigação oficial baseada em evidências fornecidas por sobreviventes do Holocausto fez com que ele fosse extraditado para Israel.

Um tribunal em Jerusalém condenou Demjanjuk à morte em 1988, por seu suposto envolvimento na operação de câmaras de gás em Treblinka - um campo de concentração perto de Varsóvia onde cerca de 750 mil pessoas foram mortas, a maioria judeus.

Mas a decisão foi revogada em 1993 pela Suprema Corte israelense, que concluiu que existiam dúvidas suficientes sobre se Demjanjuk era mesmo um guarda de Treblinka. O acusado voltou, então, aos Estados Unidos.

Em 2002, um juiz americano de imigração havia decidido que existiam evidências suficientes de que Demjanjuk foi um guarda em campos nazistas e retirou sua cidadania.

No ano passado, o aposentado perdeu seu direito legal de permanecer nos Estados Unidos, mas não deixou o país porque existiam dúvidas sobre para qual país deveria ser enviado.

Fonte: BBC Brasil/O Globo
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/03/11/alemanha-indicia-homem-acusado-de-ser-criminoso-nazista-754783923.asp

Mais informações: Volunteer Auxiliaries
http://www.deathcamps.org/reinhard/hiwis.html
https://www.ajn.com.au/news/news.asp?pgID=5496

quarta-feira, 11 de março de 2009

Site "revisionista" faz alusão explícita ao nazismo

A maioria dos "revisionistas"(negadores do Holocausto) adora alegar, ou mais precisamente tentar desassociar, a simpatia ou apologia ao nazismo no ato de muito empenho deles em negar o Holocausto. Mas eis que alguns "revisionistas"(negadores) não tão "discretos" assim, escancaram logo o jogo e mostram sua plena simpatia e afinidade com o nacional-socialismo(nazismo), fazendo alusões a símbolos nazistas no logotipo do site.

Site "revisionista" faz alusão a insígnia da SS com a letra H
http://www.historiography-project.com/



Insígnia original da SS e o logotipo do site com as astes horizontais da letra H em cinza:




Insígnia SS
História

No linguajar neonazista o HH é também costumeiramente associado à saudação nazista "Heil Hitler!". Pegando carona nos códigos da linguagem neonazi, muitas vezes o próprio HH é substituído pelo número 88 (pelo fato do H ser a oitava letra do alfabeto).

Mas como mencionado no início do post, segundo os "revis", "revisionismo"(negação do Holocausto) não tem nada absolutamente nada a ver com propaganda nacional-socialista(nazi). E claro, todos nós sabemos que somos "chapeuzinho vermelho", obviamente (risos).

O site "revisionista"(negador do Holocausto) em questão, o Historiography-project é também uma provocação e "resposta" dos "revis" ao site The Holocaust History Project que é dedicado ao Holocausto(este site não é "revisionista"):
http://www.holocaust-history.org/

O site do The Holocaust History Project inclusive sofreu um ataque nos computadores por parte de "revis", histórico do ataque:
http://www.holocaust-history.org/denial/denial-of-service.shtml

Mas os "revisionistas" costumam alegar que são vítimas, que nunca fazem absolutamente nada contra sites de documentação do Holocausto. Será? ...

Polícia alemã apreende material neonazista

Stuttgart, Alemanha - A polícia alemã apreendeu material de propaganda e gravações de grupos musicais neonazistas nesta quarta-feira em uma operação coordenada e de alcance nacional por mais de 200 domicílios e escritórios em todo o país.

Segundo a polícia de Stuttgart, que coordenou a acção, os agentes apreenderam abundante material, gravações e CDs. A Procuradoria de Stuttgart preparava a operação há meses, em coordenação com o Departamento Federal de Polícia (BKA), com sede em Wiesbaden.

A produção e venda de música de direita que promove uma agenda extremista ou ódio racial são crimes na Alemanha. O principal objectivo da acção é confiscar itens proibidos, como músicas, para evitar a difusão dos extremistas.

Mais de 60 anos depois da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, estes grupos ainda são um problema na Alemanha, principalmente na parte leste do país, ex-comunista, onde o desemprego é quase o dobro que a taxa do oeste.

De acordo com a imprensa alemã, há pelo menos cem suspeitos de serem neonazistas no alvo das investigações. A polícia informa que as buscas ocorreram em todos os 16 Estados, mas não diz se alguém foi preso.

Fonte: AngolaPress
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/internacional/Policia-alema-apreende-material-neonazista,bc0ddead-55b2-4620-b4dc-38e6bfa275bd.html

Mais informações, Deutsche Welle:
Germany Launches Massive Crackdown on Neo-Nazi Music
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4073394,00.htm

Alemanha: Dinamarquês extraditado para a Alemanha por difundir música neonazi

Berlim, 21 Fev (Lusa) - Um dinamarquês vai ser extraditado terça-feira para a Alemanha, suspeito de difundir música neonazi que incita ao ódio racial, depois de o Supremo Tribunal Alemão ter rejeitado um recurso, disse sexta-feira o advogado de Defesa, Mikael Skjoedt.

O advogado recorreu para o Supremo Tribunal, alegando que este é um caso "importante porque se trata de um dinamarquês extraditado para o estrangeiro", um argumento que o tribunal rejeitou.

Um nacional alemão de 33 anos, residente na Dinamarca, que foi detido na mesma altura que o dinamarquês, vai ser também extraditado na terça-feira.

Os dois homens foram presos no final de Agosto, a pedido da polícia federal alemã, no quadro de uma operação internacional para o desmantelamento de uma rede de produção e distribuição de música neonazi.

As autoridades encontraram milhares de CDs e DVDs com textos que negam a existência do Holocausto, na casa do dinamarquês.

Os dois detidos são suspeitos de ter distribuído na Alemanha música neonazi produzida na Áustria, na produtora Celtic Moon, com sede na Dinamarca.

NZD/MF.

Fonte: Lusa
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=1150841

terça-feira, 10 de março de 2009

Bispo Richard Williamson agora ataca em versão "profeta"

Pros que achavam que o bispo inglês que negou o Holocausto havia dado um tempo à sucessão de polêmicas(ou escândalos) seguidas de sua expulsão da Argentina, eis que novamente ele tenta se superar, mais um mico do Bispo, agora "profetizando"(escatologia a solta):

Bispo vê em novo "11 de setembro solução" para a crise

CIDADE DO VATICANO - O bispo tradicionalista britânico Richard Williamson, que recentemente causou polêmica ao minimizar as mortes de judeus no Holocausto, publicou um texto em seu blog no qual prevê um "novo 11 de setembro" como motivo de uma terceira guerra mundial.

Segundo ele, o conflito armado seria a solução encontrada pelas potências mundiais para pôr fim à atual crise econômica.

"Em relação à crise econômica, é só o começo", escreve o bispo, que por causa de suas declarações tidas como antissemitas foi expulso da Argentina, onde dirigia um seminário.

"Os ocidentais e seus políticos estão tão fora da realidade que só uma devastadora terceira guerra mundial poderia levá-los de volta a ela: a guerra se apresentará a estes políticos como a única saída possível para os insolúveis problemas econômicos", prossegue.

Segundo Williamson, há o risco de que "outro 11 de setembro" seja "fabricado" para dar início à guerra.

Em outro trecho da mensagem, o bispo se refere ao Concílio Vaticano II, reforma impulsionada pela Igreja na década de 1960 que promoveu mudanças como o direito à liberdade religiosa e a reforma litúrgica, em que o latim deixou de ser usado nas missas.

À época, o arcebispo francês Marcel Lefebvre, conservador, opôs-se fortemente à medida. Foi Lefebvre quem ordenou Williamson bispo -- nomeação desconsiderada posteriormente pela Santa Sé, que excomungou o britânico.

Para ele, o Concílio Vaticano II fez com que a Igreja tenha deixado de"combater a heresia, e os católicos voltaram a combater bestas sem cérebro na arena".

Williamson, de 58 anos, viu-se envolvido em uma grande polêmica ao dizer, durante uma entrevista à televisão sueca, que o número de mortos no Holocausto seria de no máximo 300 mil, e não de 6 milhões, como é divulgado oficialmente. Além disso, afirmou que nenhum judeu foi assassinado nas câmaras de gás do regime nazista.

Pouco antes de dar estas declarações, o bispo teve sua excomunhão da Igreja Católica revista pelo papa Bento XVI. A postura do britânico, porém, levou figuras da comunidade internacional a exigirem que o Vaticano cobrasse dele uma retratação pública.

O pedido de desculpas de Williamson, que voltou à Grã-Bretanha, veio em uma carta, mas a Santa Sé considerou que ele em nenhum momento questionou suas posições.

Fonte: DCI(Portugal)
http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=2&id_noticia=276693

S. E. Castan e suas mentiras – Parte 1 – Pré-Guerra



Por Leo Gott


Este artigo foi baseado em uma leitura vamos dizer, “por alto” do “livro” do “revisionista” brasileiro S.E.Castan, “Holocausto: Judeu ou Alemão?”, o mesmo cidadão que foi condenado pelas leis brasileiras por racismo.



Baixei a 2ª Edição do mesmo que foi publicada em 1987 do site “revisionista” AAARGH (não se espantem com o que significa isso, provavelmente nem os autores do site saberão explicar, “Associação dos Antigos Amadores de Recitais de Guerra e Holocausto”), esta edição apresenta os números das notas de página, mas não as notas em si.

Utilizei também outra versão eletrônica em espanhol da 1ª edição baixada de um site chamado “Scriptorium NS” (será que são nazistas? rsrs), esta edição já está mais completa e as notas estão completas.

Após a leitura do “livro” e de tanto encontrar as palavras judeu/judia/judaico eu tive a curiosidade de utilizar a ferramenta de busca do Adobe Reader para saber quantas vezes o autor escreveu essas e outras palavras, resultado encontrado:

Judeu(s)/judia(s)/judaico(s): 359 vezes
Israelita(s): 22 vezes
Sionista(s): 35 vezes
Revisionismo: nenhuma vez
Revisionista: 1 vez

Parece que S.E.Castan não se importa muito com o “revisionismo”, ele se “preocupa” mesmo com os judeus.

Vamos analisar alguns trechos do “livro” deste senhor.

Vamos começar com um excerto da pág.32:


A população judaica alemã em 1939, por haverem, de certa forma, se tornado indesejados desde o final da 1a Guerra Mundial, estava reduzida a 210.000 pessoas, ou sejam 0,25% de toda Alemanha; 290.000 haviam emigrado.



Castan bem que poderia ter citado a fonte, mas como iremos ver no decorrer deste artigo, ele não é muito adepto de consultar e/ou citar fontes. De acordo com o American Jewish Yearbook (citado em diversas publicações “revisionistas” através de números do World Almanac, que utiliza o AJY como fonte primária) do ano 1938-1939 o número de judeus na Alemanha era de 499.683 (referente a um censo de 1933), e na edição de 1939-1940 o número é de 691.163 (conforme nota, incluindo os 191.481 judeus da Áustria, mas não inclui os judeus dos Sudetos, que na época ainda não tinha sido anexado pelos alemães, conforme censo de 1933.), talvez o Sr. Castan consiga explicar aos seus leitores para onde “emigraram” estes 290.000 judeus alemães.

Judeus indesejados na Alemanha ao fim da 1ª Guerra Mundial? Porque então os judeus não “declararam guerra” à Alemanha logo após o conflito? Esperaram 15 anos para “declararem guerra”? Quanta imaginação Sr. Castan.

Até 1933 a vida dos judeus na Alemanha era tranqüila, a perseguição aos judeus só começou à partir da ascensão de Hitler ao poder em 1933, o Sr.Castan quer mostrar aos leitores que a culpa da perseguição não era de Hitler, mas ele quer enganar quem com isso? Na verdade o que ele quer é inverter os papéis para tentar absolver a Alemanha, como veremos no decorrer deste artigo.


Logo adiante na página 33 do “livro” temos o sub-título: “Declarações de Guerra”, são citados trechos de jornais desconhecidos do público em geral, onde não se consegue nenhuma pesquisa a não ser em sites antissemitas, neonazistas e “revisionistas” que supostamente reproduziram estes trechos de cópias destes periódicos.

Muitos destes periódicos divergentes em alguns trechos, até em nome de jornal, como por exemplo o Mascha Rjetsch que no “livro” está grafado como Tatscha Retsch, a intenção de se publicar estas declarações de personalidades judaicas é somente para tentar desviar o foco da pergunta “Quem iniciou a Segunda Guerra Mundial?”. Portanto acho desnecessário comentar estes trechos, principalmente porque não temos acesso à fonte primária destas citações, somente as reproduções destas e em sites nada confiáveis.



A “declaração de guerra” mais famosa é a que foi noticiada no jornal sensacionalista inglês Daily Express, que foi brilhantemente desmascarada pelos pesquisadores do THHP conseguiram neste artigo que traduzi para o blog.

Mas não podemos deixar de comentar a opinião do Sr. Castan sobre estas declarações (grifos meus):


As ameaças e instigações contra a Alemanha, bem como a deformação, sobre o tratamento que os alemães dispensavam aos judeus, infestavam os jornais no mundo inteiro.


Quais seriam as deformações que o Sr. Castan está se referindo? À partir de 1933 as perseguições eram constantes e de todo tipo, este artigo da Deutsche Welle retrata bem, inclusive com fotos.

O que os líderes judaicos em todo o mundo estavam fazendo era divulgar estas perseguições, e alguns com certeza se exaltavam, por estarem vendo o que estava acontecendo com seu povo. A Lei de Cidadania do Reich veio só confirmar o que o Sr.Castan não quer mostrar a seus leitores, tanto é que ele nem cita esta Lei em seu “livro”.

E os delírios continuam...

A Noite dos Cristais, segundo S.E.Castan (grifos da edição eletrônica):


NOVEMBRO DE 1938 - ESCALADA CONTRA ALEMANHA
No dia 7 de novembro, às 9:00 horas da manhã, um jovem judeu polonês, chamado Herschell Grinszpan, que havia entrado clandestinamente na França e que acabava de receber uma ordem de expulsão, assassinou, em Paris, o Conselheiro da Embaixada Emest von Rath, sobrinho do embaixador alemão Koerts. Houve em represália a depredação de vitrines e propriedades judaicas na Alemanha, conhecida como a "noite de cristal"; o Governo teve que intervir com toda energia para evitar maiores males. Hitler, no seu Diário (declarado falso pelas autoridades alemãs... e sobre qual dedicaremos um capitulo especial), condenou totalmente este ato, como desnecessário e altamente prejudicial à política que o Governo alemão vinha dedicando à questão judaica. No diário mostra preocupação pela má repercussão que isso deveria provocar no Exterior. Era uma espécie de repetição do drama de Sarajevo, de 28 de junho de 1914, quando assassinaram[49] o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro, e que havia dado motivo para o início da primeira Guerra Mundial.


Alguém pode imaginar que Hitler “condenou totalmente este ato, como desnecessário e altamente prejudicial à política que o Governo alemão vinha dedicando à questão judaica”?

Os nazistas em 1938 já haviam excluídos os judeus através da Lei de Cidadania do Reich, a “política” já estava na segunda fase, o confinamento em campos de concentração, e muito perto de iniciar a pior de todas as fases, o extermínio.

Castan utiliza os “Diários de Hitler” como fonte para as tolas afirmações. Os “Diários de Hitler” foram provados que eram uma forja, inclusive, não se pode tirar o mérito de David Irving, que foi um dos primeiros, senão o primeiro a ir a público e dizer que os mesmos não passavam de falsificações, e grosseiras. Mas o “revisionista dos Pampas” talvez seja o único que ainda sustenta essa bobagem, pois até dedica “um capítulo especial” a isto.

A nota [49] na edição em espanhol é a nota de número 15, vou transcrever aqui a alucinação de Castan sobre Gavrilo Princip (grifos meus):


Gavrillo Princip o Gavrilo Prinkip, era judío, hijo de un cartero Bósnio, (y no servio, como se cree) Srajevo o Sarajevo, es una ciudad de la hoy Yugoeslavia. En la época era capital da la antigua República Federada de Bosnia-Herzegovina. (Francis Leary — El Tiro que Incendió a Europa; Selecciones del Reader's Digest y Enciclopedia Vergara, de Barcelona, España).

Até mesmo em sites nazistas são negadas as afirmações de que Princip fosse judeu, como o link para o Stormfront. Essa é mais uma tentativa de atribuir culpa aos judeus, Castan tenta levar isso ao leitor durante grande parte de seu “livro”.

Na página 42, Castan tenta passar ao leitor que foi a Polônia que atacou primeiro na madrugada de 01/09/1939, ou seja, segundo Castan a Alemanha respondeu ao ataque polonês, (grifos meus):


Como já havia acontecido anteriormente, em outros pontos da divisa alemã polaca, na madrugada do dia 1° de setembro houve um ataque a uma estação telegráfica em Gleiwitz, na alta Silécia, mas que desta vez foi respondida. Vejamos o que aconteceu após este ataque.

Este “teatro” organizado por Hitler, Heidrich e Goebbels (Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich, p.533) já foi desmascarado hà muito tempo, a primeira vez foi em Nuremberg pelo General da Abwehr Erwin von Lahousen (grifos meus):


The Tribunal will recall the oral testimony of Erwin Lahousen with relation to the simulated attack on the radio station at Gleiwitz, by Germans dressed in Polish uniform-what Lahousen referred to as one of the most mysterious actions which took place in the Abwehr.


[Minha tradução]


O Tribunal irá recordar do testemunho oral de Erwin Lahousen com relação ao ataque simulado à estação de rádio de Gleiwitz, por alemães vestidos com uniformes poloneses – que Lahousen se referiu como uma das mais misteriosas ações que aconteceram na Abwehr.

Mas pra quem acredita que os “Diários de Hitler” são autênticos, e que a “conspiração sionista” que fez o mundo crer que eles são falsos não se pode esperar mais do esse tipo de sandice, do “revisionista” brasileiro “mais cultuado de todos os tempos”, pelos “revimanés”, é claro.

domingo, 8 de março de 2009

Negros alemães vítimas do Holocausto

Negros Alemães Vítimas do Holocausto - documentário

Muito de nossa história é perdida por nós porque frequentemente não escrevemos os livros de história, não filmamos os documentários, ou não passamos os relatos adiante de geração em geração. Um documentário que agora excursiona no Circuito Festival do Filme, diz à gente para "Sempre Lembrarmos" (Always Remember), o filme se chama "Sobreviventes Negros do Holocausto", 1997 (Black Survivors of the Holocaust). Fora dos EUA, o filme é intitulado como "As Vítimas Esquecidas de Hitler" (Afro-Wisdom Produções). Isso codifica outra dimensão para o "Nunca Esquecer" ("Never Forget") da história do Holocausto - a nossa dimensão.

Você sabia que nos anos de 1920s, havia 24.000 negros vivendo na Alemanha? Nem eu. O filme conta como o evento aconteceu, e como muitos deles foram eventualmente apanhados de surpresa pelos eventos do Holocausto.

Como na maioria das nações da Europa Ocidental, a Alemanha estabeleceu colônias na África por volta dos anos de 1800s e no qual mais tarde vieram a se tornar Togo, Camarões, Namíbia e Tanzânia. Os experimentos genéticos alemães começaram por lá, a maioria notavelmente envolvendo prisioneiros capturados em 1904 no Massacre de Heroro que deixou cerca de 60.000 africanos mortos, seguindo uma revolta de 4 anos contra a colonização alemã. Depois da completa derrota da Alemanha ocorrida na 1a Guerra Mundial, ela se separou de suas colônias africanas em 1918.

Como um resto da guerra, foi permitido aos franceses ocuparem a Alemanha na Renânia - um pedaço amargo de uma propriedade real que tem ficado entre as duas nações por séculos. Os franceses desdobraram de forma voluntariosa seus soldados africanos colonizados como uma força de ocupação. Os alemães viam isto como um insulto final da Primeira Guerra Mundial, e, logo depois disso, 92% deles votaram no Partido Nazi."

Foto: foto de propaganda nazista retrata a amizade entre uma "ariana" e uma mulher negra. A legenda declara: "O resultado! Uma perda do orgulho racial." Alemanha, pré-guerra. USHMM (Museu Memorial do Holocausto dos EUA).

Centenas de soldados renanos-africanos casaram-se interracialmente com mulheres alemães que criaram suas crianças como alemãs negras. No 'Mein Kampf' ('Minha Luta'), Hitler escreveu sobre seus planos para aqueles "Bastardos da Renânia". Quando chegou ao poder, uma de suas primeiras diretivas visou aquelas crianças mestiças. Ressaltando a obcessão de Hitler com a pureza racial, por volta de 1937, cada criança mestiça identificada na Renânia foi forçosamente esterilizada, a fim de prevenir mais "poluição racial", que foi como Hitler denominou esse "problema".

Hans Hauck, um negro sobrevivente do Holocausto e uma vítima do programa obrigatório de esterilização de Hitler, explanou no filme "Hitler's Forgotten Victims" ("As Vítimas Esquecidas de Hitler") que, quando ele foi forçado a submeter-se a esterilização quando adolescente, não foi dado a ele nenhum anestésico. Uma vez que ele recebeu seu certificado de esterilização, ele estava "livre para ir" tão logo ele aceitasse a não ter nenhuma relação sexual com quaisquer alemães.

Embora a maioria dos negros alemães tentassem fugir para sua terra natal, dirigindo-se para a França onde pessoas como Josephine Baker estavam firmemente ajudando e apoiando no 'Underground francês' (às escondidas), muitos ainda encontravam problemas em outras partes. Nações fechavam suas portas para alemães, incluindo os negros alemães. Alguns negros alemães estavam aptos a suprirem suas vidas durante o reino de terror de Hitler atuando em shows em Vaudeville, mas muitos negros, firmes em suas crenças de que eles eram alemães primeiramente, e negros em segundo plano, optaram por ficar na Alemanha. Alguns lutaram com os nazis (uns poucos até se tornaram pilotos da Luftwaffe)!

Desafortunadamente, muitos negros alemães foram presos, acusados por traição, e pilhados em carros de gado para campos de concentração."

"Frequentemente estes trens estavam tão comprimidos com pessoas e (equipados sem nenhum cuidado ou acesso sanitário ou de comida), que, depois do quarto dia de jornada, as portas dos vagões eram abertas com pilhas de mortos e moribundos.

Uma vez dentro dos campos de concentração, aos negros era dado os piores trabalhos concebíveis. Alguns soldados negros americanos, que eram capturados e feitos como prisioneiros de guerra, contavam que enquanto eles estavam se tornando famélicos e forçados a trabalhos perigosos (violação da Convenção de Genebra), eles ainda estavam em melhores condição que os negros alemães detidos nos campos de concentração, que eram forçados a fazerem o inimaginável aos homens nos crematórios e trabalhar nos laboratórios onde experimentos genéticos estavam sendo conduzidos. Como um sacrifício final, esses negros foram assassinados a cada três meses de modo que eles nunca pudessem revelar os trabalhos internos da "Solução Final".

Em cada história da opressão negra, não há dúvidas que fomos escravizados, algemados, ou abatidos, sempre encontramos uma maneira de sobreviver e a salvar os outros. Como um exemplo ilustrativo, consideremos Johnny Voste, um lutador da resistência belga que foi preso em 1942 por uma alegada sabotagem e então enviado a Dachau. Um de seus trabalhos era empilhar cestos de vitamina. Arriscando sua própria vida, ele distribuiu centenas de vitaminas a detidos no campo e salvou a vida de muitos que estavam famélicos, doentes e em condições de fraqueza exacerbada pelo excesso de deficiências de vitaminas. E seu lema era "Não, você não pode ter minha vida; Eu lutarei por isso."

De acordo com o 'Delroy Constantine-Simms*' da Universidade de Essex, havia negros alemães que resistiram na Alemanha, como Lari Gilges, que encontraram no Noroeste de Rann - uma organização de entretenimento que lutou contra os Nazis em sua cidade sede, Dusseldorf - e que foram assassinados pelas SS em 1933, o ano que Hitler chegou ao poder."

Pouca informação lembra dos números dos negros alemães presos em campos de concentração ou assassinados sob o regime Nazi. Algumas vítimas do projeto de esterilização Nazi e sobreviventes negros do Holocausto ainda estão vivos e contando suas histórias em filmes como "Black Survivors of the Nazi Holocaust" ("Os Sobreviventes Negros do Holocausto Nazi"), mas eles também devem clamar por justiça, e não apenas por história.

Ao contrário dos judeus (em Israel e na Alemanha), os negros alemães não receberam nenhuma reparação da guerra porque suas cidadanias alemãs foram revogadas (embora tenham nascidos alemães). A única pensão que eles conseguiram foi esta daqueles de nós que estão desejando contar ao mundo suas histórias e continuar suas batalhas por reconhecimento e compensação.

Depois da guerra, dezenas de negros que tinham de alguma forma conseguido sobreviver ao regime nazista, foram reunidos e enquadrados como criminosos de guerra. Isto só pode ser um último insulto! Existem milhares de histórias do Holocausto negro, desde o comércio triangular, da escravidão na América, para as câmaras de gás na Alemanha. Frequentemente nos distanciamos de ouvir sobre nosso passado histórico porque é muito doloroso; entretanto, estamos juntos neste esforço por direitos, dignidade, e, sim, reparações por erros cometidos contra nós ao longo dos séculos. Precisamos sempre lembrar disto de modo que possamos fazer um exame destas etapas para assegurar que estas atrocidades nunca mais ocorram novamente.

Para mais informação, leiam: "Destined to Witness: Growing Up Black in Nazi Germany"(Destinado a ser Testemunha: crescendo negro na Alemanha Nazista), por Hans J. Massaquoi.
[Livro disponível em nossa livraria em 'Blacks and Nazi Germany']"

NUNCA SE ESQUEÇAM!

Escrito por A. Tolbert, III

Nota: *Delroy Constantine-Simms, Psicólogo Ocupacional, TD Psicologia de Avaliações de Negócios 07946 836 305. Serviços oferecidos: 1) Diversidade e Igualdade de treinamento 2) Clima Cultural e Organizacional Revisões/Exames 3) Exames da Gerência da Diversidade 4) Investigações do Lugar de Trabalho (Transtornos de Perseguição e Bullying) 5) Teste de Psicometria 6) Perfil de Personalidade

Fonte: Black History Month
http://www.black-history-month.co.uk/articles/holocaust_victims.html
http://www.black-history-month.co.uk/sitea/articles/holocaust_victims.html
Tradução: Roberto Lucena

Texto revisado: 29.04.2014

sexta-feira, 6 de março de 2009

Demografia e assassinato em Volínia-Podólia (Parte 1: 1941)

Documentos listando assassinatos em massa no oeste da URSS, tais como os relatórios dos Einsatzgruppen, Meldung 51 e relatórios policiais, não tem valor isolando-os de um contexto demográfico. Eles devem ser lidos em conjunto com os relatórios demográficos que mostram isso, por exemplo, havia 326.000 judeus na região da Volínia-Podólia em maio de 1942 (Dean, p.195); e havia 18.000 judeus em uma daquelas cidades maiores da região, Brest, em 28 de fevereiro de 1942 [Bundesarchiv Berlin R 94/6 Ernauhrungsamt Brest-Litowsk, Statistischer Bericht 28/2/42, citado por Browning, p.124]. Similarmente, relatórios demográficos e de assassínios em Volínia-Podólia são apoiados por evidência de valas em massa, como Nick mostrou com grande profundidade por volta de 2006. Abaixo eu apresento mais algumas provas da convergência entre essas fontes, tiradas primeiramente do estudo de Browning sobre Brest (Capítulo cinco desta coleção).

Browning demonstrou uma correspondência próxima entre a redução na população de Brest (de 59.600 em setembro39 a 50.000 em novembro41) e o número total de assassinatos para Brest listados nos relatórios da Situação Operacional. Eu resumi as estimativas de Browning em duas tabelas em meu post aberto nesta discussão do RODOH.

A principal ação de assassinato em Brest em 1941 é resumida por Longerich:
2.6.4 O Batalha de Polícia 307 matou vários milhares de civis judeus em Brest-Litovsk próximo a 12 de julho; quase todos eles eram homens entre 16 e 60, era uma provável "medida de punição" (Vergeltungsmaßnahme). Imediatamente antes do massacre, Daluege, o Chefe do Centro de Regimento de Polícia, Montua, Bach-Zelewski e mais Altos líderes da SS tinham se reunido em Brest.
Browning afirma que a inspiração por detrás desses assassinatos não vinha nem totalmente de cima para baixo nem de baixo para cima. Ao contrário, Himmler e seus subordinados aprenderam com as medidas tomadas em fins de junho por PB 309 em Bialystok e Stapo Tilsit na Lituânia.

A relação entre o centro e a região podia então ser uma relação dinâmica. Entretanto, a narrativa de Browning também mostra que o centro ultimamente teria forças quando as decisões finais de assassínios fossem cumpridas até metade de 1942. Isto será tema da parte 2 desta série.

ADENDO: 6 de março de 2009.

Desde que escrevi o texto acima, eu tenho me tornado mais crítico da interpretação de Browning das fontes de Brest que ele cita, e sua omissão de outras importantes fontes. Minha revisão da interpretação da evidência para Brest é dada neste post no RODOH.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto(inglês): Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2009/02/demographics-and-killing-in-volhynia.html
Tradução(português): Roberto Lucena

Próximo>> Demografia e assassinato em Volínia-Podólia (Parte 2: 1942)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Antissemitismo e racismo disseminados no Brasil pela internet

O Instituto Stephen Roth publica relatórios sobre atividades antissemitas e racistas ao redor do mundo. Apesar de não ter sido publicado recentemente, o relatório de 2007 continua atual. Pra não traduzir tudo, destaca-se as partes mais relevantes do texto.
_________________________________________________

"O relatório diz que a atividade antissemita foi manifestada principalmente no âmbito visual, verbal e através de insultos escritos. Foi observado um aumento na incitação contra judeus, negros, índios e homossexuais.

Insultos verbais e escritos

Ambas, extrema-direita e radicais de extrema-esquerda estiveram por detrás de propaganda antissemita e antissionista online e impressa. Dos 217,680 relatórios ao National Center for Complaints of Cybernetic Crimes em 2007, 51,395 (23.6 porcento) eram sobre racismo, neonazismo, intolerância religiosa e xenofobia; 96% das queixas foram respondidas (Jornal Alef, 25 de junho). De acordo com o monitoramento da internet pela ONG SaferNet Brasil, o número de páginas neonazistas em português na internet cresceram em 47% de abril de 2007 até o começo de 2008 (Folha online, Maio 8, 2008, http://www.derwood.eti.br/modules/news/article_trans.php?storyid=2138

O site antirracista da Afropress (http://www.afropress.com) e da ONG antirracista ABC sem Racismo, fizeram uma queixa ao Ministério Público federal sobre violações da democracia e da harmonia interracial. (http://www2.pgr.mpf.gov.br/o_mpf/sobre_o_mpf ).

Sites neonazistas brasileiros, monitorados por quase uma década pelo GPD – Grupo de Pesquisa da Discriminação (http://www.fflch.usp.br/dlo/cej/gpd/index.htm , ver ASW 1998-2006) - continuou a ser ativo em 2007 sob diferentes nomes e hospedagens. Alguns sites neonazis em português continham material de Negação do Holocausto e foram operados por cidadãos brasileiros. Entre estes estão inclusos o http://www.grupodirlip.org/ , que incluía uma página de venda de livros do negador do Holocausto Siegfried Ellwanger Castan, que dissemina, entre outros trabalhos antissemitas, "Os Protocolos dos Sábios de Sião" (ver ASW 1997/8, 2003-5).

Funcionários judeus continuaram a receber mensagens antissemitas em 2007.

Houve crítica ao Projeto de Lei de criminalização do Holocausto proposto pelo Dep. Marcelo Itagiba. Um novo site brasileiro de negação do Holocausto, o 'Inacreditável' (http://www.inacreditavel.com.br/brasil/pl_987.htm ) também condenou a moção em nome da “liberdade de expressão.”

De forma similar, em 26 de setembro, colunista da Revista Caros Amigos, remeteu via lista(de e-mail) um artigo criticando a Assembleia Genral da ONU pela resolução condenando a negação do Holocausto.

Problemas com o Holocausto em carro alegórico de Escola de Samba:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG81439-6014-507,00.html ; BBPress, Jan. 31, 2008).

Respostas aos crimes pelas autoridades brasileiras

Em Americana, Estado de São Paulo, um jovem identificado como H. foi investigado sob suspeita de incitação de discriminação contra negros, judeus, homossexuais e nordestinos (pessoas de origem em Estados do Nordeste brasileiro). A polícia encontrou DVDs com conteúdo racista, como também suásticas e outros símbolos nazistas. Cinco outros jovens da área de São Paulo, bloggers no website do Google, Orkut, usado por H., foram também presos. Eles poderão pegar de um a três anos de cadeia em se confirmando o crime de discriminação ou de dois a cinco anos de cadeira se forem culpados por uso da suástica para propaganda nazista.

Membros do grupo neonazista fundando em 1982 foram presos em Brasília, em Novembro. Muito do material foi apreendido, incluindo diários e ordens recebidas de militantes britânicos do grupo C18 (Combat 18) para conduzir uma limpeza étnica de nordestinos. A polícia acredita que o assassinato de 3-4 membros do grupo brasileiro antes de sua prisão foi ordenada pelo C18 para eliminar militantes “impuros” (ver “Gang nazi presa em Brasília,” Correio Braziliense, Nov. 22; FIERJ, Nov. 26, at http://www.fierj.blogspot.com/ ).

Vários sites neonazis que violam leis antirracistas, como o http://www.valhalla88.com/ , foram banidos em 2007. Em junho de 2007, a FIERJ e OAB-RJ, organizaram um seminário sobre “Crimes de Ódio na Internet” (Hate crimes on the net), que trouxeram pela primeira vez representantes das principais instituições brasileiras (Ministério Público, a Polícia Federal e ONGs que monitoram crimes na internet). Welder de Almeida da Polícia Federal falou dos passos que eles estavam tomando para pegar racistas, incluindo membros da Ku-Klux-Klan e White Power no Brasil."

Fonte: The Stephen Roth Institute for the Study of Antisemitism and Racism
http://www.tau.ac.il/Anti-Semitism/asw2007/brazil.html; Link2
Tradução: Roberto Lucena

Neonazista alemão é condenado por negar Holocausto

Extremista alemão é condenado por negar Holocausto

Horst Mahler foi sentenciado a seis anos de prisão.
Na Alemanha, negar o Holocausto é crime.

Da Reuters

O advogado de ultradireita Horst Mahler, que nega o Holocausto e foi sentenciado a seis anos de prisão. (Foto: AP)

Um tribunal alemão condenou um advogado de ultradireita por três acusações de incitação ao ódio racial e por negar a ocorrência do Holocausto. Horst Mahler foi sentenciado a seis anos de prisão.

Mahler, 73 anos, ex-militante da esquerda, foi um dos fundadores da Fração do Exército Vermelho, mais tarde se tornou um ativista de direita e aderiu ao partido neonazista NPD em 2000.

Na Alemanha, negar o Holocausto é crime passível de pena de cinco anos de prisão.

Mahler é reincidente, e foi condenado a um ano adicional por não ter se arrependido, disse o tribunal.

Ele foi indiciado depois de proferir um discurso no qual negou a existência do Holocausto, e depois de divulgar notas nesse sentido pela internet. Durante o julgamento, até suas alegações finais, manteve sua postura.

Fonte: Reuters/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1017910-5602,00.html

Comentário: na matéria original consta o nome 'extremista', que não é de todo equivocado, mas não há razão alguma pra haver alguma cerimônia no uso do termo neonazista(nacional-socialista), que por sinal é mais apropriado ao caso. O voo de Horst Mahler da extrema-esquerda à extrema-direita dá bem a dimensão da 'geleia ideológica' que virou o cenário político mundial da Era pós-queda da URSS.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Max Wolf, herói paranaense da FEB

Natural de Rio Negro, sargento se destacou em patrulhas; seu aniversário de nascimento é comemorado na próxima semana.

Na campanha da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial, as patrulhas – missões de grupos pequenos para levantar informação sobre o terreno e o inimigo, fazer prisioneiros ou resgatar colegas feridos – foram vitais para as vitórias dos expedicionários. E, dentre os combatentes patrulheiros, um se destacou a ponto de ser chamado “rei”: Max Wolf Filho, herói paranaense da FEB, que tem seu aniversário de nascimento recordado na próxima terça-feira e dá o nome ao ao Museu do Expedicionário e ao 20º Batalhão de Infantaria Blindado, em Curitiba.

A historiadora Carmen Rigoni, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e especialista em assuntos da FEB, explica que o apelido de Wolf, “rei dos patrulheiros”, demonstra sua habilidade na atividade que, para muitos, ganhou a guerra. “A patrulha foi um elemento decisivo na Segunda Guerra Mundial. Quando se olha os números totais da guerra, a tendência é de imaginar batalhas envolvendo o encontro de tropas numerosas, com dezenas de milhares de homens. Mas foi o intenso trabalho dos pequenos grupos que permitiu as movimentações maiores”, diz. Outra prova da capacidade de Wolf nas patrulhas foi o fato de o major Manoel Lisboa tê-lo escolhido em março de 1945 para comandar um pelotão especial: o sargento poderia escolher os melhores patrulheiros entre os membros das três companhias que formavam o batalhão comandado por Lisboa. “Eram 19 homens que confiavam no seu comandante, eles sabiam que Wolf levava e trazia de volta”, diz Carmen.

Mas foi justamente em uma patrulha que o sargento morreu – ele seria, depois, promovido postumamente a tenente. A missão, que deveria ter ocorrido na noite de 11 para 12 de abril, foi transferida para a luz do dia. “Uma temeridade”, escreveria anos depois o coronel Adhemar Rivermar de Almeida, que na guerra foi capitão no mesmo batalhão de Wolf. Carmen classifica o relato de Almeida como o melhor texto sobre a participação do herói paranaense na guerra.

A historiadora não tem medo de entrar em duas polêmicas relativas ao sargento. Ela, que já esteve no local dos combates, acredita que apenas os membros da patrulha de Wolf o viram morrer, desmentindo depoimentos como o do jornalista Joel Silveira (publicado nesta página). “Por causa do terreno acidentado, de onde os correspondentes estavam seria muito difícil ver a cota 747”, afirma. Carmen também alega que o corpo de Wolf nunca foi encontrado. “O próprio Exército, em agosto de 1945, reconhecia que ele continuava desaparecido. Muito provavelmente os alemães o enterraram”, diz. Justamente por não haver corpo, a mãe do sargento, Etelvina Wolf, não aceitou imediatamente a morte do filho. Mas declarou, em uma entrevista ainda em 1945: “Se de fato meu filho sucumbiu, o foi por uma causa nobre, uma causa que dignifica e enobrece o homem”.
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Montese teve valor estratégico

A conquista de Montese, ocorrida dias depois da morte de Max Wolf Filho, além de ser uma das batalhas mais importantes da FEB, teve uma importância estratégica. Os norte-americanos contavam com a vitória pela superioridade numérica e de material em relação aos alemães. No entanto, em terreno montanhoso essa vantagem era anulada pelo melhor posicionamento das tropas inimigas. “Montese era uma das últimas posicões de montanha dos alemães. Eles não podiam perder a cidade porque do contrário seriam empurrados para a planície do Pó, onde os aliados fariam valer de uma forma decisiva a vantagem de homens, tanques e carros”, diz a professora Carmen Rigoni. De fato, quando as tropas alemãs perderam definitivamente a vantagem de estar no alto dos montes, só lhes restou bater em retirada em direção à Alemanha. Na perseguição, a FEB chegou a cercar uma divisão inimiga inteira, que se rendeu aos brasileiros. Menos de um mês depois da conquista de Montese, a guerra na Europa terminaria com a vitória aliada. (MAC)

Publicado em 26/07/2008, Marcio Antonio Campos

Fonte: Gazeta do Povo
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=790857&tit=Max-Wolf-heroi-paranaense-da-FEB

terça-feira, 3 de março de 2009

Filme alemão sobre o Holocausto leva o Oscar de melhor curtametragem

OSCAR 2009: Filme alemão sobre holocausto ganha Melhor Curtametragem
Da Redação http://www.cineclick.com.br/

Cena de Toyland

A Academia reafirmou, uma vez mais, sua tendência por filmes que trazem o tema do holocausto. O vencedor entre os Curtasmetragens foi Toyland, de Jochen Alexander.

O diretor agradeceu à Academia por dar a oportunidade para um pessoa que cresceu com o Muro de Berlim. "Eu cresci na Alemanha oriental. Gastei quatro anos da minha vida nesse filme de 14 minutos".

O curta se passa no ano de 1942 e traz o olhar infantil: o que acontece quando uma criança alemã acredita que os seus vizinhos judeus estão indo para a Terra dos Brinquedos?

Fonte: CineClick UOL

Filme no youtube (curtametragem), com legendas em português:


Sobre filme 'O Holocausto', ler o texto:
Minissérie 'Holocausto' (Gerald Green, 1978). Não existe filme com nome Holocausto

Atrás de uma lista de filmes, documentários e séries sobre o Holocausto? Confira em:
Filmografia do Holocausto
http://holocausto-doc.blogspot.com/2009/12/filmes-holocausto-nazismo-fascismo.html

Hitler poupou cidade inglesa onde sonhava passar férias

Londres, 23 fev (EFE).- O líder nazista alemão Adolf Hitler ordenou a suas tropas que não bombardeassem a cidade litorânea inglesa de Blackpool durante a Segunda Guerra Mundial porque queria conservá-la como balneário para ele e seus homens uma vez que vencessem a guerra.

Isso é o que indicam mapas e fotografias aéreos recuperados em uma base militar da Alemanha pelo editor nova-iorquino Michael Cole, segundo informa hoje o jornal britânico "The Daily Telegraph".

O Fuhrer sonhava em colocar sua suástica no alto da torre de Blackpool e construir nessa cidade-balneário um quartel-general e um local de férias para ele e suas tropas.

Isso explica, diz o periódico, por que a Luftwaffe (força aérea alemã) não bombardeou essa cidade, apesar de ela abrigar uma fábrica da Royal Air Force. EFE

jr/jp

Fonte: EFE/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1014582-5602,00-HITLER+POUPOU+CIDADE+INGLESA+ONDE+SONHAVA+PASSAR+FERIAS.html

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