domingo, 7 de dezembro de 2008

Central de esclarecimento investiga crimes do regime nazista

Processo em Ludwigsburg: identidade do criminoso é desconhecida

Em 1958, foi criada na Alemanha uma central de esclarecimento de crimes nazistas. O departamento já investigou mais de 7 mil casos até hoje.

Num momento em que a então Alemanha Ocidental vivia o chamado "milagre econômico" e que a sociedade do pós-guerra pretendia passar uma borracha no passado nazista do país, a investigação do assassinato de judeus na Lituânia redespertou o interesse público pelo genocídio cometido pelo regime de Hitler.

No dia 1° de dezembro de 1958, era fundada a Central do Judiciário para Esclarecimento de Crimes do Regime Nazista (Zentrale Stelle der Landesjustizverwaltungen zur Aufklärung von NS-Verbrechen), em Ludwigsburg. Somente em seus 12 primeiros meses de existência, o departamento conduziu 400 investigações. Hoje, 50 anos depois, estão registrados 7.367 casos.

Os processos de esclarecimento dos assassinatos cometidos nos campos de concentração de Auschwitz, Treblinka ou Buchenwald não teriam sido possíveis sem a participação da Central de Ludwigsburg, onde estão arquivados meio milhão de documentos, bem como 1,6 milhão de fichas.

Caso Demjanjuk

John Demjanjuk, em 2005: crimes de guerra em campos nazistas de extermínio na Ucrânia

A maior parte das investigações foi realizada há mais de 30 anos. Entre 1967 e 1971, foram conduzidos mais de 600 processos simultaneamente. Mas mesmo hoje, 50 anos após sua fundação, a Central ainda é uma valiosa fonte de informação sobre o período nazista, como mostra o caso de Iwan (John) Demjanjuk, um ucraniano que pertenceu à força de segurança do campo de extermínio de Sobibor.

Demjanjuk emigrou depois do fim da Segunda Guerra para os EUA. Quando sua verdadeira identidade foi desmascarada, ele foi deportado para Israel, onde foi julgado e condenado à morte por seus crimes sob o regime nazista. O veredicto teve que ser anulado por falta de provas e Demjanjuk acabou retornando aos EUA.

Enquanto isso, em Ludwigsburg, na central de esclarecimento, o promotor e diretor da instituição, Kurt Schrimm, deu continuidade às suas investigações: "Estamos hoje convencidos de que podemos provar que Demjanjuk esteve envolvido na morte de pelo menos 29 mil pessoas", diz Schrimm.

Cooperação com a América Latina

Procurador Kurt Schrimm, diretor da Central do Judiciário para Esclarecimento de Crimes do Regime Nazista

A Central de Ludwigsburg não conduz ela própria os processos, mas repassa-os às devidas procuradorias. É pouco provável que Demjanjuk venha, hoje com 88 anos, a ser deportado dos EUA para ser julgado na Alemanha. Para Schrimm, as chances de que o criminoso de guerra seja julgado na Alemanha diminuem a cada ano.

"Isso não significa que não possamos mais esclarecer o que acontecia, que não possamos mais encontrar os suspeitos. Mas nosso grande problema é provar a culpa destes. Acabamos quase sempre sem provas, porque não só os acusados estão envelhecendo, como também as testemunhas, quando ainda podem ser encontradas", explica o promotor.

Schrimm e seus colegas contam hoje com as vantagens da tecnologia, podendo fazer uso da internet e de material digital em suas buscas. A cooperação internacional, porém, continua sendo um fator essencial: "Procuramos, por exemplo, documentos em arquivos russos, em arquivos da antiga União Soviética. Procuramos lá atas de processos dos anos 1945/46, a fim de obter dados sobre os envolvimentos em assassinatos em massa e carnificinas. Ou procuramos, por exemplo, na América do Sul, nos departamentos de imigração locais, por pessoas que poderiam estar envolvidas com crimes cometidos durante o nazismo. Há também uma cooperação estreita com os EUA e com as autoridades canadenses, polonesas e principalmente tchecas", diz Schrimm.

Interesse do Estado

Funcionária do arquivo em Ludwigsburg: cooperação com outros países é primordial

Como a busca, separação e avaliação de material costuma ser muito demorada, foram levantadas na Alemanha várias discussões sobre a prescrição de determinados crimes. Protestos dos juristas ligados à Central de Ludwigsburg fizeram com que, no país, crimes como homicídio e auxílio a homicídio não prescrevam. Ou seja, mesmo anos mais tarde, os culpados ainda podem ser julgados pelos crimes cometidos durante o nazismo.

"Até o dia de hoje, devemos às vítimas uma prova de que não somos indiferentes ao que aconteceu no passado, que não passamos simplesmente uma borracha em cima do que aconteceu. Em conversas com diversas vítimas do regime nazista, ouvi delas que nem tanto importa que os culpados sejam hoje realmente punidos, mas sim que os representantes do Estado alemão se interessem pelo que aconteceu no passado e por aquilo que sucedeu a elas", declara Schrimm.

Cornelia Rabitz (sv)

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 01.12.2008)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3836418,00.html

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O que os soviéticos sabiam sobre Auschwitz - e quando. Parte 1: Relatórios do NKGB da Ucrânia 1944


Artigo de Sergey Romanov traduzido à partir do link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/what-soviets-knew-about-auschwitz-and.html

Este artigo contém “dados crus” para uma futura análise do tema. Abaixo vocês encontrarão 3 relatórios soviéticos datados do verão e princípio do outono de 1944, referentes ao campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau.

Estes importantes documentos, aparentemente, não foram utilizados por qualquer pesquisador do Holocausto.

O Professor John Zimmermann amavelmente me ajudou a chegar a eles através do USHMM. As referências de arquivo do USHMM são:RG-06,025 * 45, RG-06,025 * 46, RG-06,025 * 47. Os arquivos originais estão no Arquivo Central do FSB.

A qualidade das cópias que eu recebi não estão muito boas, (conforme imagem) em especial as palavras escritas com letras maiúsculas são mais difíceis de enxergar, mas eu consegui reconstruir alguns textos (com garantia de precisão) à partir das peças danificadas. (que felizmente, são poucas).

O primeiro relatório, 23/08/1944:

CONFIDENCIAL

PARA O VICE-COMISSÁRIO DE SEGURANÇA DO POVO DA URSS – 2 POSTO DE COMISSARIA DE SEGURANÇA

Com.
KOBULOV

Moscou

MENSAGEM ESPECIAL sobre o campo de extermínio de “BERKENAU”[sic]

O Chefe de inteligência do grupo-operacional do 4 º departamento da NKGB UkrSSR "SHTURM, ativo em "LVOVSKIJ" região da cidade de Cracóvia informa que no território da Polônia, 40km a sudeste, na floresta atrás da cidade de Oswiecin/Auschwitz, está localizado o campo de concentração de “BERKENAU”[sic].

O campo ocupa 5[?] quilômetros quadrados, e tem 4 fornos especiais para a incineração de corpos.

Nos crematórios, judeus são selecionados para trabalhos forçados na equipe “Sonder”, sob orientação do alto chefe das SS, Major SS [nome pouco claro].

Em 1941 em “BERKENAU”[sic], 12.000 prisioneiros de guerra soviéticos foram aprisionados, torturados e exterminados, salvo 50-60 pessoas que trabalhavam para os alemães.Os prisioneiros soviéticos foram mortos a pauladas, asfixiados e em seguida cremados.

Em junho de 1944 haviam cerca de 80.000 civis de diferentes nacionalidades no campo, como russos, poloneses, tchecos, franceses, belas, ciganos e judeus.

No início de maio de 1944 [texto não claro], começou o incineração em massa dos judeus húngaros, foram exterminados mais de 12.000 por dia.

Devido aos fornos crematórios não conseguirem tratar o montante total de vítimas, foram abertos 4 grandes valas onde as pessoas também eram cremadas.

Transportes de famílias judias inteiras, juntamente com seus pertences chegavam ao campo.

As pessoas que chegavam ao campo eram ordenadas, crianças e idosos eram mantidos separados de homens e mulheres.

Sob o pretexto de irem para uma sala de banho, as pessoas que chegavam eram despidas, dado o sabão eram encaminhadas para a "seção de banho", onde as portas eram fechadas hermeticamente, após ampolas de um líquido desconhecido eram lançadas à partir do teto, quebravam e emitiam gás, e como resultado desta, depois de cinco a dez minutos [termo incerto] acontecia o sufocamento.


Depois disto, a sala é ventilada, os cadáveres são carregados em carrinhos e são levados para os fornos crematórios.

Antes da incineração os cadáveres são examinados, dentes de ouro e coroas são extraídos.

A uma distância de 200 metros dos fornos crematórios uma orquestra toca para
silenciar os gritos.


Os alemães removem os bens roubados todos os dias através de um avião sanitário.

De acordo com o testemunho de antigos prisioneiros de guerra no campo de “BERKENAU”[sic], foi cremado o corpo do Tenente-Coronel do estado Maior do Exército Vermelho, doutor em ciência técnica [nome não claro].


COMISSÁRIO DE SEGURANÇA DO POVO DA UkrRSS – 2 POSTO DE COMISSARIA DE SEGURANÇA

/SAVCHENKO/
23 August 1944
Kiev

Alguns detalhes são exagerados ou enganados, mas a breve descrição do processo de extermínio é confirmada por outras provas.

O segundo relatório, 31/08/1944:

CONFIDENCIAL

RELATÓRIO

[of] PET’KO Ananij Silovich, nascido em 1918 na vila de
Gorbachevo-Mikhajlovka,
região de Makeevskij Stalinskaja oblast, Ucrânia, educação: Sétimo grau, candidato a membro do VKP/b/ e


PEGOV Vladimir Jakovlevich, nascido em 1919 na vila de Raznezhje, região de Voratynskij, Gor'kovskaja oblast, Rússia, educação: oitavo grau, membro do VLKSM - que [i.e. ambos] escaparam em Novembro de 1943 do campo de concentração de "Auschwitz", localizado a 3 km a oeste da cidade de Oswiecim /Poland/.

I – INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O CAMPO DE AUSCHWITZ

O campo de concentração de “Auschwitz” está localizado a 3km a oeste da cidade de Oswiecim no lado oriental do Rio Vístula. A aparência externa do campo lembra um campo militar, com barracas regulares de madeira, pintadas de verde. O território é densamente construído de barracas em cerca 2 x 3km.

O acampamento é rodeado a uma distância 3 a 4 metros com postes de concreto reforçado de 4 metros. Entre o lado de fora e de dentro destes postes hà uma densa rede de arame-farpado. Sob a cerca de arame, hà uma fundação feita de concreto armado de 1,5m de profundidade. Seguindo a cerca de arame, a cada 75-100m existem guaritas de 20-25m de altura. Em cada guarita hà um guarda com um rifle e uma metralhadora.

A cada dois postes da cerca de arame, hà lâmpadas elétricas que iluminam o acampamento a noite inteira.

A cerca elétrica está sempre sob alta tensão, de 3 a 5 mil volts.

O campo todo é dividido em 2 partes, homens e mulheres. A parte dos homens é dividida em:

[a, b, v, ... – letras do alfabeto russo]

a/ seção de quarentena;

b/ para Russos, Poloneses, Alemães e outros;

v/ para Italianos e Franceses;

g/ para Tchecos;d/ para ciganos;e/ enfermaria.

A seção de quarentena tem 18 barracas, a enfermaria tem 16 barracas. O restante das 4 seções tem 40 barracas cada.

O campo das mulheres consiste em 2 seções com 36 barracas cada. Crianças de todas as idades ficam no campo das mulheres.

As barracas de madeira, dos homens e das mulheres, são do tipo que acomodam entre 700-800 pessoas.

Entre o campo dos homens e das mulheres / a distância entre eles é de 50 m / passa uma ferrovia e uma rodovia, que liga a cidade de Oswiecim para os crematórios, que estão localizados 50 metros de distância do campo na direção oeste. Hà também uma estrada em volta do campo.

O campo de “Auschwitz” já existia na Polônia, mas não havia crematórios e existiam prisioneiros políticos poloneses. Com a chegada dos alemães o campo foi ampliado e melhorado.

No início de 1940 todos os prisioneiros de guerra e civis de todos os países ocupados pela Alemanha chegavam a este campo sem interrupções. Em média o campo de “Auschwitz” acomodava entre 150-200 mil pessoas.

O campo de Auschwitz também é conhecido como “campo da morte”, porque só os destinados ao extermínio são enviados para lá. De russos, chegam nesse campo somente aqueles que cometeram alguma infração, fugas, assassinato e etc...


2 – ROTINA E SEGURANÇA

Todos aqueles que chegam ao “campo da morte”, imediatamente são completamente despidos, entregam todos os seus pertences pessoais, e então recebem roupas especiais do campo.

Exceto os prisioneiros de guerra russos, todos têm o mesmo tipo de vestuário, constituído de calça e jaqueta de tecido listrado bruto / listras brancas e pretas ou azul escuro / os sapatos são de madeira. O chapéu / boné pontiagudo / é feito do mesmo tecido.

Os prisioneiros de guerra do Exército Vermelho usam um uniforme com uma grande cruz vermelha sobre a blusa / nas costas / e as calças pintadas em vermelho nas laterais.

A administração e os guardas têm direitos ilimitados. Qualquer um pode matar prisioneiros o quanto quiser e sem motivo algum. Esses assassinos são os mais incentivados pela administração. As guardas consistem apenas de SS e policiais. Todo mundo vai com um chicote ou um pedaço de pau, e mesmo sem qualquer razão aparente ataques às vezes não são o suficiente, acham agradável batê-los até a inconsciência ou morte - como eles desejam.

Em cada seção do campo o principal superior é chamado de “Rapportfuehrer”, a que estão subordinados os “Blockfuehrers”, que mantém em ordem os blocos/barracas/.

A cada semana, a seleção para extermínio dos fracos é realizada. Para este propósito todos os detentos ficam alinhados, todos completamente despidos, SS e funcionários dão as ordens para que eles consideram necessárias para destruí-los, e os que lideram ficam de lado. Aqueles que foram selecionados para o extermínio ficam alojados em barracas especiais, e não são alimentados por vários dias, então eles são trazidos ao crematório e depois cremados.

Fugas do campo são absolutamente impossíveis, apenas acontecem são realizados quando as pessoas estão trabalhando fora do acampamento. Se um guarda descobre a fuga de uma única pessoa, é soado um alarme de uma poderosa sirene. Então todas as obras são pausadas, as pessoas se alinham em colunas e continuam de pé no lugar até que a procura do fugitivo tenha acabado. A procura leva um dia, se o fugitivo não for encontrado as buscas são interrompidas. Todos os guardas utilizam cachorros nas buscas.

3 – CREMATÓRIO

A 50m de distância do campo de “Auschwitz” estão localizados 4 crematórios, então ali cremavam as pessoas, não somente deste campo, mas também de outros campos que estavam localizados na região próxima a Auschwitz. Aqui também eram cremados os detentos que residiam perto de Oswiecim.

O campo de Oswiecim é uma fortaleza que abriga prisioneiros políticos de todas as nacionalidades. Os mais horríveis atos de violência contra os prisioneiros são feitos pela Gestapo e eles [os corpos dos prisioneiros] eventualmente vão para o crematório.

Externamente o crematório parece uma fábrica ou uma pequena usina, cercado com cercas e com uma chaminé de 20-25m.

Na parte subterrânea do crematório existem 2 seções: a sala de despir e a sala de gaseamentos. Na parte acima do solo está o crematório propriamente dito com os fornos que funcionam a coque. Cada crematório tem 5 fornos e em cada forno 3 retortas. Em cada retorta são introduzidos 3-4 corpos simultaneamente. A duração da cremação dos corpos é de cerca de 5 a 10 minutos, depois o tempo de cremação é encurtado. Os crematórios trabalham na capacidade plena, 24 horas por dia, e mesmo assim não conseguem cremar todos os corpos.

4 – PROCESSO DE ENVENENAMENTO E INCINERAÇÃO

Grupos de pessoas fadadas são levadas ao território do crematório de automóvel, eles ficam alinhados em uma linha no chão e é realizado um exame – para verificar se alguém tem dente de ouro ou outros objetos de valor. Aqueles em que verificaram que tinham dentes de ouro, ou ouro em outras partes, são encaminhados para a “sala de cirurgia”, onde o ouro ou outros compostos é extraído.

Após o exame levam as pessoas para um porão, uma sala de despir, similar a uma sala de despir de um banheiro. Tendo despidos vão para outra sala, a do banho, onde existem torneiras e chuveiros, mas nunca teve água. Nesta sala hà 4/quatro/ colunas que atravessam o telhado. Após o “banho” a sala está cheia de pessoas/em pé ao lado dos outros/ e as portas são fechadas hermeticamente. Através das aberturas, que estão no topo das colunas, uma espécie de pó é derramado, que exala um gás venenoso, e as pessoas começam a sentir falta de ar. O processo de sufocamento dura de 10-15 minutos.

Então os cadáveres são levados em carrinhos especiais para a parte de cima e incinerados.

Diariamente, vários transportes chegam com pessoas trazidas para o campo, o crematório não consegue lidar com todas as pessoas assassinadas a gás, portanto, perto dos crematórios foram criadas valas, onde a queima é realizada, como se fosse uma pira.

As pessoas que trabalham no crematório consistem inteiramente de judeus e têm mudado a cada mês. Alguma pessoas que trabalharam lá já foram incineradas.

O sufocamento e cremação acontecem simultaneamente para homens, mulheres e crianças.

Houve ocasiões em que os bebês estavam vivos após o gaseamento e, em seguida, eles foram mortos pela SS com paus ou simplesmente pelo [batendo contra ele], o muro.

Durante os trabalhos no crematório as chamas das chaminés aparentemente alcançam 15m de altura.

O cheiro dos corpos [cremando] se espalha por muitos quilômetros deste lugar horrível.

Após a fuga, já longe do campo, ouvimos da população local que os jornais alemães publicaram que haviam sido construídas quatro fábricas de tijolos em Oswiecim.

Em 1943 em um dos crematórios, ocorreu o seguinte incidente: uma judia americana foi atacada pelo Rapportfuehrer SCHILLINGER, ela chutou a arma que estava em sua mão, pegou a arma e em seguida atirou em um assistente seu e feriu um outro SS.

Tudo o que diz respeito à arrumação dos crematórios, envenenamento e a cremação de internos, nós conhecemos parcialmente à partir de observações pessoais, parcialmente do pessoal que trabalha nos crematórios, embora eles vivam em barracas separadas, no entanto, suas histórias sobre arrumação do crematório e processo de matança e cremação de internos, ficaram conhecidos por
todos os detentos que residem em “Auschwitz”.

No que diz respeito ao fato da existência de crematórios, este não é segredo para os internos, porque qualquer um pode chegar perto deles até a distância de 10-15 m. Nós vimos pessoalmente, indo a uma distância curta, quando as portas dos crematórios foram abertas e perto dos fornos haviam pilhas de cadáveres.

Além disso, dois crematórios estavam sendo construídos no outono de 1943 [obviamente um erro de tipografia para 1942], quando nós tínhamos saído desse campo. As obras foram realizadas por prisioneiros de guerra russos, que viviam nas mesmas barracas que nós. Várias vezes fomos ao interior dos crematórios e vimos suas estruturas estruturas internas incompletas.


5 – SOBRE O NOVO CAMPO


Já no verão de 1941 a construção do novo campo tinha começado, estava na mesma escala do campo que residíamos, i.e. “Auschwitz”. O território do novo campo adjunto ao lado norte de “Auschwitz” era separado somente por uma estrada rodoviária.

A construção foi feita pelos internos de “Auschwitz”.

Além disso, de acordo com as histórias dos detentos que chegaram de outros campos, a uma distância de 20-30 km do campo de "Auschwitz" existe um pequeno número de campos de concentração, a partir do qual as pessoas também são levadas para incineração.


6 – SOBRE ALGUNS COMANDANTES DO RKKA E PESSOAS CONHECIDAS DE NÓS QUE RESIDIRAM NO CAMPO “AUSCHWITZ”


De generais do Exército Vermelho no campo de Auschwitz que eu saiba não havia nenhum. Se algum general do RKKA foi cremado nos crematórios, eu também não sei.

No campo havia prisioneiros de guerra entre médios e altos oficiais. Nós conhecemos o Tenente-Coronel ANTIPOV, 35-38 anos, da Sibéria, até a sua captura ele tinha servido na Divisão de Tanques Pushkin, e participou ativamente da nossa fuga. Major OSIPOV Sergej, 40-45 anos, de Moscou. Professor MIRONOV Andrej Pavlovich, 40-45 anos, que escreveu muitos tratados históricos. ZLOTIN Mikhail, nascido em 1916, engenheiro da indústria de moagem de farinha, Tenente Jr do RKKA, fugiu do campo em outubro de 1943. Nós fomos envolvidos na fuga de ZLOTIN.

Todas as pessoas acima mencionadas, tiveram grande participação com os internos do campo, organizando fugas individuais e em grupo.

Do número de traidores entre os prisioneiros de guerra nós conhecemos: [nome não claro] serve ao comandante do campo e traiu o povo soviético.

[nome não claro] da Ucrânia Ocidental, não somente denunciou pessoas soviéticas como também estrangulou muitas pessoas.

BARANOV Jakov, 26-27 anos, trabalhou na dispensa de pães, provocava os russos, em muitos aspectos, como diminuir a escassa ração de pão que eles estavam recebendo.

"VAN'KA" - / "SPITZMAUS" /, 2[?] anos, baixo, russo, que também denunciou pessoas soviéticas honestas.

"[nome não claro]" - 27-28 anos, da Ucrânia Ocidental, sargento-ajudante de acordo com a classificação, ativo assistente da Gestapo.

Todos eles eram de muita confiança dos alemães.

RELATÓRIO RECEBIDO POR:


COMISSÁRIO OPERACIONAL SÊNIOR DO 4º.DEPARTAMENTO DA NKGB
UkrSSR
Tenente Sênior de Segurança do Estado
[nome não claro, possivelmente “Gubin”]

31 de
Agosto de 1944
Kiev



O mais importante documento é o terceiro. Apesar de várias imprecisões (como o tempo de cremação e a altura das chamas nas chaminés) os autores dos relatórios descreveram com precisão o essencial do processo de extermínio nos crematórios II e III(informações sobre o que faziam os judeus dos Sonderkommandos).

A descrição da máquina de extermínio foi confirmado pelos documentos recuperados após a guerra, que os soviéticos, obviamente, não tinham acesso em 1944. Notar a correta descrição da divisão dos morgues dos crematórios II&III através da sala de despir(Auskleidekeller na documentação alemã) e a sala de gaseamento (Vergasungskeller and Gaskeller na documentação alemã). Observar também a menção às 4 colunas wire-mesh para introdução do Zyklon-B.

(Nota: ver este artigo para mais comentários.)

O terceiro relatório, 06.09.1944


CONFIDENCIAL

PARA O VICE-COMISSÁRIO DE SEGURANÇA DO POVO DA URSS – 3 POSTO DE COMISSARIA DE SEGURANÇA


[nota manuscrita: Para arquivo do campo de “Auschwitz” [assinatura não clara]]
com. SUDOPLATOV

Moscou

MENSAGEM ESPECIAL


Informação do chefe de inteligência operacional, grupo de "LVOVSKIJ" acerca do campo de"Berkenau" [sic] enviada em 23.7.1944 [não claro] 4/4/4609 é corroborada a maior parte das informações recebidas recentemente do chefe de outro grupo-inteligência operacional "[não claro]", recebido por ele do antigo prisioneiro de guerra, capitão JAKOVLEV Grigorij [não claro nome] e outras pessoas que escaparam do campo de “BERKENAU”[sic] no fim de julho de 1944.

De acordo com o testemunho dessas pessoas, no campo de “BERKENAU”[sic] em 1941-42 mais de [?]0.000 de prisioneiros de guerra Russos e também 150.000 judeus e prisioneiros políticos foram torturados e cremados em piras.

De 16 de Maio a 20 de Julho de 1944 1.200.000 judeus Húngaros e Romenos foram
exterminados no campo.

Desde o final de julho deste ano todo transporte com os judeus da França, Iugoslávia e Grécia, ocupada pelos alemães, começaram a chegar no campo.

Os adultos estão sendo sufocados em especial nas câmaras de gás, os idosos e crianças estão sendo lançados no fogo vivo.

Informações sobre general [sobrenome pouco claro] está sendo verificada após a recepção dos novos dados sobre ele a partir de nossa grupos de inteligência operacional, vamos informá-lo.


CHEFE DO 4o. DEPARTMENTO DA NKGB DA UkrSSRTENENTE CORONEL DA SEGURANÇA DO ESTADO

/SIDOROV/

6 de Setembro, 1944Kiev



Este relatório fala por si. Apenas um comentário sobre a exagerada estimativa de judeus húngaros mortos (os judeus de parte da Romênia anexada também são contados como judeus húngaros). A maioria dos observadores não têm acesso a uma informação exata sobre os transportes húngaros, portanto, haviam várias estimativas, muitas delas exageradas, e este relatório é baseado na estimativa de 18.000 pessoas por dia (atualmente sabemos que houveram pausas no extermínio). A estimativa do campo é confirmada por uma testemunha bem conhecida, Sonderkommando Alter Feinsilber (Stanislaw Jankowski) que testemunhou sobre este número em 16.04.1945 (Ver J. Bezwinska, D. Czech, Amidst a Nightmare of Crime, New York, Fertig, 1992, p. 56).

Próximo: Parte 2: Relatórios de alemães capturados, 1943-1944

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

As investigações polacas do local da matança em Treblinka foram um fracasso completo …

… em termos de evidência à chacina em massa de centos de milhares de pessoas.

Ou então, é isto o que o guru "revisionista" Carlo Mattogno gostaria que os seus leitores acreditassem.

Nas páginas 89 e seguintes do livro "Treblinka. Extermination Camp or Transit Camp?" ("Treblinka. Campo de Extermínio ou Campo de Passagem?"), de Carlo Mattogno e Jürgen Graf, lê-se o seguinte (minha tradução):

Mesmo as investigações conduzidas por Lukaszkiewicz provaram ser um fracasso completo em termos desta questão central. Organizou escavações num determinado lugar do campo onde, segundo a testemunha S. Rajzman, se encontrava uma sepultura em massa, mas não encontrou nada disto. Mandou escavar trincheiras, de 10-15 metros de cumprimento e 1.5 metros de profundidade, nos locais onde, segundo testemunhas, tinham estado as duas alegadas construções que continham as câmaras de gás, mas apenas descobriu "camadas de terra não perturbadas ." Certamente encontrou caveiras, mas sem feridas de bala. Toda a evidência por ele examinada (moedas, documentos, farrapos, restos de vários objectos) meramente mostra que houve um campo naquele lugar, e os restos humanos bem como as cinzas apenas provam que foram enterrados ou cremados corpos no campo. Nada produziu sequer um vestígio de evidência de chacina em massa, por não falar num crime deste tipo cometido contra várias centenas de milhares de pessoas.


Ora, vamos ver os relatórios destas investigações supostamente fracassadas, que Mattogno nos fez o favor de mandar traduzir do polaco e transcrever nas páginas 84 e seguintes do seu livro:

Para fazer uma investigação oficial no local do crime, o juiz Lukaszkiewicz tinha-se deslocado a Treblinka. Como explicou posteriormente, agiu "[…] a pedido do Procurador do Tribunal Distrital de Siedlce datado de 24 de Setembro de 1945, induzido por uma carta datada de 18 de Setembro de 1945 da Comissão Principal para Investigação dos Homicídios Alemães na Polónia."
Depois de despedir-se dos visitantes, Lukaszkiewicz começou o trabalho com um grupo de trabalhadores. Entre os dias 9 e 13 de Novembro, fez um exame pormenorizado dos terrenos bem como uma série de escavações. Depois compôs um relatório oficial, que aqui reproduzimos na íntegra dada a sua significância:
"Relatório das tarefas executadas nos terrenos do campo da morte de Treblinka, que constitui o objecto da investigação judicial.
Entre 9 e 13 de Novembro de 1945, o magistrado investigador de Siedlce, Z. Łukaszkiewicz, junto com o Procurador para o Tribunal Distrital de Siedlce, J. Maciejewski, efectuaram as seguintes tarefas nos terrenos do campo:
9 de Novembro de 1945
Foram iniciadas as escavações nos terrenos utilizando os serviços de 20 trabalhadores que tinham sido destacados pela administração da vila para trabalhar em estradas. As escavações começaram no local descrito pela testemunha Rajzman em 6 de Novembro, onde o chamado 'hospital do campo' se tinha situado e onde, segundo a testemunha, deveria existir uma sepultura em massa.
Havendo uma cratera de bomba de 4 a 5 metros de profundidade na dita localidade – duas bombas se encontram ainda a uma ligeira distância da cratera – iniciou-se a escavação nesta cratera. No decurso deste trabalho foram encontradas numerosas moedas polacas bem como russas, alemãs, austríacas e checas, e também pedaços partidos de vários tipos de contentores. No final dos trabalhos aproximadamente às 3 da tarde, a uma profundidade de 6 metros, encontramos uma camada que não tinha sido atingida anteriormente. Não foram encontrados restos humanos.
10 de Novembro de 1945
O trabalho continuou, com 36 trabalhadores que tinham sido destacados para trabalhar em estradas. A uma profundidade de 6 metros começa uma camada que não tinha sido anteriormente aberta por ninguém. Esta consiste parcialmente de todo tipo de utensílios de cozinha e diversos tipos de artigos domésticos; também há pedaços de roupa. A uma profundidade de 7 metros, atingimos o fundo da fossa – uma camada de areia amarela não misturada com gravilha. Mediante expansão da escavação conseguimos determinar a forma da fossa. Tem paredes inclinadas, e o fundo mede cerca de 1,5 metros [sic!]. A fossa foi provavelmente escavada com uma escavadora. No decurso das escavações, foram descobertos numerosos documentos polacos mais ou menos danificados, bem como um cartão de identificação pessoal muito danificado de um judeu alemão, e ainda algumas outras moedas: polacas, alemãs, russas, belgas, e até americanas. Depois de termos estabelecido que esta fossa, cheia de pedaços partidos de contentores, vai de norte a sul nos terrenos do campo – mais 2 metros [na direcção norte] tinham sido escavados – os trabalhadores começaram a trabalhar neste local.
11 de Novembro de 1945
Foi feita uma série de escavações no local onde deveriam ter estado as câmaras [de gás], a fim de encontrar os muros dos fundamentos se possível. Foram cavadas fossas de 10 – 15 metros de comprimento e 1,5 metros de profundidade. Atingiram-se camadas de solo não perturbadas.
A maior das crateras produzidas pelas explosões (numerosos fragmentos atestam o facto de que estas explosões foram causadas por bombas), que tem uma profundidade máxima de 6 metros e um diâmetro de cerca de 25 metros – as suas paredes dão evidência reconhecível da presença de grandes quantidades de cinzas bem como restos humanos – foi escavada mais fundo a fim de determinar a profundidade da vala nesta parte do campo. Foram encontrados numerosos restos humanos nestas escavações, parcialmente ainda em estado de decomposição. O solo consiste de cinzas misturadas com areia, tem uma cor castanha escura e é de forma granulosa. Durante as escavações, o solo emitia um forte cheiro a queimado e decomposição. À profundidade de 7,5 metros foi atingido o fundo, composto por camadas de areia não misturada. Neste ponto foi parada a escavação.
13 de Novembro de 1945
Com a ajuda de 30 trabalhadores utilizados para trabalhos de estrada, foi iniciada a abertura de uma vala – um local onde tinha sido depositado lixo na parte nordeste do campo. Neste local, conforme foi explicado por trabalhadores dos povoados circundantes, foram até agora encontradas grandes quantidades de documentos. Começou-se a trabalhas neste local onde as pessoas [daquela área] tinham cavado uma vala de três metros de profundidade à procura de ouro. Durante a escavação foram continuamente encontrados pedaços partidos de tudo tipo de contentores de cozinha bem como um grande número de farrapos. Além das moedas até lá descobertas, foram encontradas moedas gregas, eslovacas e francesas, bem como documentos em hebreu e polaco e restos de um passaporte soviético. A uma profundidade de 5 metros o trabalho foi parado devido às condições do tempo, cada vez piores.
O Juiz – Investigador O Procurador
Lukaszkiewicz Maciejewski
Decisão:
O Juiz Investigador de Siedlce, em 13 de Novembro de 1945, determina que, dado o facto de que muito provavelmente já não podem ser encontradas sepulturas em massa hoje em dia nos terrenos do campo, conforme é de concluir dos depoimentos das testemunhas até agora examinadas bem como dos resultados do trabalhos executados no local, e tendo em consideração a vinda do Outono, as actuais chuvas e a necessidade de concluir rapidamente as investigações judiciais preliminares, face a todos estes factos, seja posto termo aos trabalhos no território do antigo campo da morte de Treblinka.
O Juiz - Investigador
Lukaszkiewicz."

Em 29 de Dezembro de 1945, depois de concluídas as suas investigações preliminares, Lukaszkiewicz emitiu um relatório de 14 parágrafos que – conforme já referido – foi apresentado pelos soviéticos no Julgamento de Nuremberga como Documento USSR-344. No terceiro parágrafo, que tem o título "Condições actuais do terreno do campo", consta o seguinte:
"Com a ajuda de um perito agrimensor e de testemunhas, fiz uma inspecção exacta do terreno. Segundo as medições, a área do campo é de cerca de 13,45 hectares e tem a forma de um quadrilátero irregular. Já não existem restos de instalações do antigo campo da morte. Os únicos objectos que restam das estruturas são: uma trincheira com restos de postes de madeira queimados protuberantes, que conduzem à cave, tijolos de muro das fundações do edifício da economia doméstica do campo e o local do poço. Cá e lá se encontram restos de postes queimados da vedação e restos de arame farpado. Também há secções dos caminhos pavimentados que permanecem. No entanto, também há outros rastos que apontam para a existência e as funções do campo. No sector noroeste da área, a superfície está coberta numa extensão de cerca de 2 hectares por uma mistura de cinzas e areia. Nesta mistura encontram-se incontáveis ossos humanos, muitas vezes ainda cobertos com restos de tecido, que se encontram em estado de decomposição. Durante a inspecção, que fiz com a ajuda de um perito em medicina forense, foi determinado que as cinzas são sem qualquer dúvida de origem humana (restos de ossos humanos cremados). O exame de crânios humanos não revelou rastos de ferimento. A uma distância de várias centenas de metros, há agora um cheiro desagradável a queimado e decomposição. Na direcção sudoeste, uma parte do terreno do campo ainda está coberta por loiça de alumínio, esmalte, vidro ou porcelana, utensílios de cozinha, bagagem de mão, mochilas, pedaços de roupa etc. Existem inúmeros buracos e crateras na propriedade."
Lukaszkiewicz resumiu as investigações conduzidas no mês anterior naquele local como segue:
"Durante o trabalho no terreno não encontrei sepulturas em massa, o que, em conjunto com os depoimentos feitos pelas testemunhas Romanowski e Wiernik, leva a concluir que quase todos os corpos das vítimas foram queimados, tanto mas que o campo foi liquidado cedo e os assassinos dispunham de muito tempo. O solo do campo foi arado e plantado. Foram lá assentados ucranianos, que fugiram perante a chegada do Exército Vermelho (testemunhas Kucharek and Lopuszyński)."


As partes destacadas a negrito na citação supra suscitam a questão se Mattogno não terá, por dize-lo de forma simpática, esquecido alguns resultados muito importantes destas investigações ao proclama-las um fracasso. Isto porque os investigadores polacos encontraram uma área de cerca de 2 hectares = 20.000 metros quadrados coberta por "uma mistura de cinzas e areia", contendo esta mistura "incontáveis ossos humanos, muitas vezes ainda cobertos com restos de tecido, que se encontram em estado de decomposição".

Fora as descabidas especulações de Mattogno sobre manipulações da evidência pelos soviéticos, de onde poderão ter vindo estas cinzas e ossos humanos cobrindo uma área de 20.000 metros quadrados, se não do subsolo daquela área, de onde foram trazidos à superfície pela actividade de escavadores saqueadores procurando objectos de valor deixados atrás pelos judeus assassinados?

E o que é que estes rastos cobrindo a referida área nos dizem, especialmente em conjunto como o facto de que – conforme se refere na anotação de 11 de Novembro de 1945 do Relatório das tarefas executadas nos terrenos do campo da morte de Treblinka, que constitui o objecto da investigação judicial, assinado pelo Juiz – Investigador Lukaszkiewicz e o Procurador Maciejewski – restos humanos foram encontrados nessa área até uma profundidade de 7,5 metros?

A conclusão mais provável é que esta área de 20.000 metros quadrados era a área das sepulturas em massa, ou uma das áreas de sepulturas em massa, da secção "campo da morte" do campo de extermínio de Treblinka, e que 7,5 metros era a profundidade, ou a profundidade mínima (há depoimentos de testemunhas que mencionam valas com uma profundidade de 10 metros, e as modificações da superfície da área primeiro pelas tentativas dos assassinos de esconder os vestígios dos seus crimes e logo por escavações de saque sugerem a possibilidade de haver alguma dificuldade em determinar exactamente a profundidade original) das valas de sepultura naquela área.

Porque é que Mattogno não aborda estes dados? A razão aparente é que estes dados sugerem que, ao contrário do que Mattogno tenta vender aos seus leitores, havia espaço suficiente nas áreas de matança do campo de extermínio de Treblinka para enterrar os corpos de, pelo menos, os 713.555 judeus que, segundo o relatório enviado pelo SS-Sturmbannführer Höfle em Lublin em 11 de Janeiro de 1943 ao Obersturmbannführer Heim em Cracóvia, foram entregues em Treblinka até 31.12.1942. Isto porque se nesta área de cerca 20.000 metros quadrados

• Havia apenas dez valas medindo 50 x 25 metros, ou um número menor de valas maiores cobrindo uma área equivalente, deixando ainda 7.500 metros quadrados para possibilitar o movimento entre as valas,

• Cada uma destas valas tinha apenas 7,5 metros de profundidade, e

• Não mais do que 8 corpos por metro cúbico (uma densidade considerada possível por Mattogno, que parece bastante conservadora considerando os cálculos de Alex Bay e o experimento de Charles Provan, mencionado no meu artigo sobre os episódios 11 e 12 do vídeo de "Ugly Voice Productions") foram enterrados nestas valas,

a capacidade das ditas valas era de 50 x 25 x 10 x 7,5 = 93.750 metros cúbicos ou 93.750 x 8 = 750.000 corpos humanos.

Trata-se, desde logo, de um cálculo simplificado, que não considera, por um lado, a presumível inclinação das valas e as finas camadas de areia ou cal viva que eram espalhadas entre os corpos ou por cima destes, e, por outro lado, a redução do volume dos corpos nas camadas inferiores devido ao efeito da decomposição e da cal viva (os corpos não foram atirados às valas todos ao mesmo tempo, e o volume dos que se encontravam nas camadas inferiores deve ter diminuído consideravelmente, devido à decomposição e/ou ao efeito da cal viva, até serem acrescentados os corpos nas camadas superiores, conforme foi também salientado na Secção 4.1 do meu artigo Carlo Mattogno on Belzec Archaeological Research ).

No entanto, este cálculo simplificado basta para mostrar que Mattogno, embora menos relutante do que outros "revisionistas" em mostrar evidência que contraria os seus artigos de fé, apenas vê ou aborda aquelas partes dessa evidência que os ditos artigos de fé lhe permitem ver ou abordar.

Corresponde a esta tendência o interesse de Mattogno nas crateras de bomba mencionadas pelo Juiz – Investigador Lukaszkiewicz, à volta das quais Mattogno constrói uma engraçada teoria de conspiração (páginas 92/93, minha tradução):

Mas não terminam aqui os aspectos curiosos. Lukaszkiewicz encontrou duas crateras de bombas nos terrenos do campo e até duas bombas não explodidas. A maior cratera tinha uma profundidade de 6 metros e um diâmetro de cerca de 25 metros. Portanto, o campo deve ter sido bombardeado, e com certeza que não o foi por engano. Os alemães, que segundo a historiografia oficial tinham apagado todos os traços dos seus crimes desmantelando as barracas, demolindo as estruturas murais, aplanando e arando o terreno e plantando lupinos, não teriam tido interesse em bombardear o campo, porque em primeiro lugar não havia nada para destruir, e em segundo as bombas teriam tornado visíveis os rastos das alegadas chacinas em massa.
Uma imagem aérea do campo Treblinka II, captada em Novembro de 1944, revela ainda que o campo naquela altura – ou seja, depois de a área ter sido capturada pelo Exército Vermelho – ainda não tinha sido bombardeado.
Portanto, o bombardeamento deve ter sido causado pelos soviéticos. Mas o campo de Treblinka já tinha sido liquidado em Novembro de 1943, e não havia alvos militares na sua vizinhança imediata. O campo de Treblinka I, que ainda estava em operação em Maio de 1944, não foi bombardeado. Portanto, porque é que os soviéticos largaram bombas em Treblinka II? Talvez para obliterar os muitos rastos que de forma alguma podiam ser feitos compatíveis com a tese de extermínio em massa, e para colocar falsas pistas que pareciam confirmar esta tese?


Coloca-se a questão quais seriam as "falsas pistas" que os manipuladores soviéticos das fantasias de Mattogno poderiam possivelmente ter esperado colocar bombardeando uma área em que as SS tinham feito todos os esforços para lhe dar a aparência de inócuo terreno agrícola ou florestal, e de que forma poderiam possivelmente ter esperado colocar tais "falsas pistas" através do bombardeio da área, a não ser que os restos humanos posteriormente encontrados por Lukaszkiewicz, numa área de 20.000 metros quadrados e até uma profundidade de 7,5 metros (tendo o trabalho de escavação sido feito muito mais fácil pela presença de uma cratera de bomba com 6 metros de profundidade, na qual os investigadores polacos apenas tiveram que cavar mais um pouco «a fim de determinar a profundidade da vala nesta parte do campo», vide a anotação acima referida de 11 de Novembro de 1945 no Relatório das tarefas executadas nos terrenos do campo da morte de Treblinka, que constitui o objecto da investigação judicial ) já estivessem lá quando as bombas caíram. Espero por Mattogno que não esteja tentando contar-nos que o bombardeamento poderia ter projectado restos humanos (especialmente em tais quantidades que fossem cobrir uma área de 20.000 metros quadrados e saturar uma vala com 7,5 metros de profundidade) das comparativamente minúsculas campas do campo de trabalho de Treblinka I, que estava algo afastado do campo de extermínio de Treblinka II, até qualquer parte desse campo de extermínio.

Também cabe questionar porque Mattogno não considerou a possibilidade de que estas crateras de bomba resultaram da actividade de escavadores saqueadores, os quais poderiam, por exemplo, ter obtido tais dispositivos do arsenal de um comandante soviético corrupto ou até ter incluído membros de unidades de artilharia ou de engenheiros soviéticos, que participaram eles próprios na "febre do ouro de Treblinka" equipados com o necessário equipamento para abrir grandes buracos e assim facilitar a busca dos objectos de valor que presumiam ter sido deixados atrás pelas vítimas de Treblinka. A utilização de bombas por escavadores saqueadores foi de facto mencionada expressamente por Rachel Auerbach, quem é citada neste sentido nas páginas 379/380 do livro de Yitzhak Arad Belzec, Sobibor, Treblinka. The Operation Reinhard Death Camps (minha tradução):

Rachel Auerbach, quem visitou Treblinka em 7 de Novembro de 1945, como parte de uma delegação do Comité Estatal Polaco para a Investigação de Crimes de Guerra Nazis em Solo Polaco, descreveu o que viu:

Massas de todo tipo de saqueadores e ladrões com pás e picaretas nas suas mãos estavam escavando e procurando e vasculhando e esforçando-se na areia. Retiravam pernas em decomposição do pó, [dos] ossos e do lixo que tinham sido lá atirados. Não encontrariam por acaso sequer uma única moeda ou um último dente de ouro? Até arrastavam obuses e bombas não explodidas para lá, aquelas hienas e chacais disfarçadas de humanos. Juntavam várias, faziam-nas rebentar [minha ênfase – RM], e valas gigantescas eram cavadas no solo profanado, saturado com o sangue e as cinzas de judeus queimados ...

Cenas deste tipo também se verificaram nos campos de Belzec e Sobibor. A busca de tesouros continuou. A área era escavada uma e outra vez, e cada secção do terreno era meticulosamente vasculhada por habitantes locais e pessoas que vinham de longe para tentar a sua sorte. Estes actos apenas cessaram quanto o governo polaco decidiu converter as áreas dos campos em monumentos nacionais.


Nas páginas 83/84 do seu livro, Mattogno cita, do relatório de Rachel Auerbach traduzido para inglês sob o título In the Fields of Treblinka ("Nos campos de Treblinka"), extractos que contêm a descrição por Auerbach do sítio de Treblinka no estado em que se encontrava durante uma inspecção efectuada em 6 de Novembro de 1945. No entanto, Mattogno omite a referência ao uso de bombas por escavadores saqueadores, acima citada. É provável que esta omissão seja deliberada, uma vez que a parte omitida contradiz a teoria predilecta de Mattogno sobre o bombardeio soviético. Seria este mais um exemplo da desonestidade intelectual "revisionista".

[Tradução adaptada do meu artigo Polish investigations of the Treblinka killing site were a complete failure … no blog Holocaust Controversies.]

domingo, 30 de novembro de 2008

Porque é negação e não revisionismo. Parte I: negadores e o Sonderkommando 1005

Porque é negação e não revisionismo. Parte I: negadores e o Sonderkommando 1005

No livro "Treblinka. Campo de extermínio ou campo de trânsito?" , os negadores do Holocausto Carlo Mattogno e Juergen Graf mostram um flagante descaso pela verdade, ao negar eventos por "razões" que se revelam como falsas quando uma mínima quantidade de pesquisa é feita.

Vamos começar com o caso mais simples de todos - aquele do Aktion/Sonderkommando 1005.

O essencial daquele Aktion 1005 você pode checar no death-camps.org:
Sob o codinome "Aktion 1005" os alemães tentaram esconder todos os traços da política de extermínio nazi no leste, como abrir valas em massa e cremar centenas de milhares de corpos.

Aqui está o que Mattogno e Graf têm a dizer sobre isso:
"A decisão de seguir esta operação, para começar, supõe-se ter sido tomada em Berlim no começo de 1942. Uma carta de 20 de fevereiro de 1942, do Chefe da Gestapo, Heinrich Müller, a Martin Luther do ministério de relações exteriores, no qual o objeto da insatisfação do enterro dos cadáveres é levantada e se supõe que foi escrita depois de Müller "ter recebido uma carta anônima complaining sobre os cadáveres inundando a área de Warthegau," é citada como prova. Esta carta confirma a designação do arquivo "IV B 4 43/42 gRs (1005)," e a alegada 'Operation 1005' supõe-se ter seu nome deste documento!

Mas Alfred Streim, que cita a relevante carta baseada em conhecimento de primeira-mão, escreve:

Em 20 de novembro de 1942, Himmler ordenou ao SS-Gruppenführer Müller, Chefe do Departamento IV na RSHA, no escrito (Zst. Dok. Slg. Ordner 3, Bl. 583): '...Você tem que me dar uma garantia sobre aqueles corpos destes judeus mortos ou queimá-los ou enterrá-los em cada lugar, e que em nenhum lugar possa qualquer pessoa saber o que aconteceu com estes corpos...

Ele não diz isto nesta carta conforme o cabeçalho "IV B 4 43/42 gRs (1005)," não assina isso para a designação '1005,' e restringe a ele mesmo o seguinte comentário:

"A tarefa recebida - de acordo com a nomenclatura procedente da RSHA - a designação '1005.'"

Deste modo, a carta enviada consta da data de 20 novembro de 1942, e não de 20 de fevereiro. Isto significa que a designação '1005' para a operação teria sido assinada uns cinco meses depois de seu início! Na outra mão, na carta os judeus são mencionados como "mortos," não 'fuzilados' ou 'assassinados.' Além disso, a disposição dos corpos poderiam ter sido feitas por cremação ou enterro, o que significa que a carta de Himmler não precisa ter nenhuma conexão com a escavação e cremação dos cadáveres de judeus que haviam sido fuzilados, e o que nós estamos tratando aqui é uma fraude primária.

[...]

Agora, se alguém considera que de acordo com a maioria dos extensos estudos que existem sobre este tema, supõe-se que os Einsatzgruppensozinhos fuzilaram 200.000 pessoas (judeus e não-judeus), que a Wehrmacht, SS, e as unidades policiais são também acusadas de centenas de milhares de assassinatos, e que - como já enfatizado - nem os soviéticos e nem os poloneses acharam quaisquer valas em massa com até mesmo poucos milhares de corpos, e os 'Sonderkommandos 1005' devem ter exumado e queimado entre um e meio à três milhões de corpos. Isto significa que, dentro de um período de 13 meses eles tiveram que ter esvaziado milhares de valas de centenas de lugares, os quais foram dispersos acerca de uma enorme área - e tudo isto sem deixar pra trás qualquer traço material ou registro!

Sem ter milhares de mapas, nos quais as valas foram marcadas, teria sido totalmente óbvio e impossível localizar aquelas milhares de valas em massa num território de mais de 1.2 milhão de quilômetros quadrados, mas nem tais mapas mencionados estão num mero e único relatório dos Einsatzgruppe ou de qualquer outro documento, nem tais mapas foram encontrados entre os documentos alemães capturados pelos vitoriosos da Segunda Guerra Mundial.

E se - como relatos de testemunhas - milhares de piras foram queimadas durante a noite apesar dos apagões(blackouts)regulados, nenhum plano de reconhecimento soviético os descobriu e fotografou - senão as fotografias teriam sido aproveitados em seguida com propósitos de propaganda."

Thomas Sandkühler discorre sobre isto abaixo:

"Devido ao extremo segredo da 'Operation 1005,' fontes escritas sobre isto são muito raras.

Em outras palavras, não há nenhuma! A declaração de Sandkühler reflete o total rubor com que historiadores ortodoxos sentem na face devido a esse escândalo, enquanto simultaneamente fornecem a tradicional velha explicação: os documentos não existem "devido a um estrito segredo"! Esta hipótese substitui com evidente contraste o fato o qual Gerald Reitlinger descreve:

"As séries originais [dos relatórios dos Einsatzgruppen] consistem de aproximadamente duas centenas de relatórios com uma lista de circulação de sessenta a cem cópias cada. [...]

Não é fácil ver porque os assassinos deixaram tantos abundantes testemunhos sobre eles, [...]"

O evento relata que a URSS compôs um total de "cerca de 2.900 páginas escritas à máquina," e cada uma delas foi distribuída com um mínimo de circulação de 30 cópias. Os alemães são aí suspeitos de terem distribuído dezenas de centenas de páginas de documentos relatando os fuzilamentos em massa cometidos pelos Einsatzgruppen, então bem de repente percebem a necessidade de exumar e queimar os corpos, mas esqueceram de destruir os documentos que incriminam!

O fato é, a história da 'Operation 1005' é baseada completamente sob algumas poucas declarações pouco fidedignas de testemunhas oculares.

[...]

A designação 'Sonderkommando 1005' foi inventada pelos soviéticos."

Enfatizei vários reivindicações-chaves feitas pelos autores.

Agora, o que alguém que está pesquisando estes problemas, e especialmente alguém que é "cético" sobre estes problemas, deveria ter feito em primeiro lugar?

Ele(a) deveria consultar estudos fidedignos de outros acadêmicos sobre este tema, trabalhando a partir deles, refutando ou adicionando informação ao longo do estudo.

Atualmente, o estudo acadêmico definitivo da Aktion 1005 é o artigo de Shmuel Spector "Aktion 1005 - Effacing The Murder of Millions" (Aktion 1005 - Apagando o assassinato de milhões) (Holocaust and Genocide Studies, 1990, vol. 5, no. 2, pp. 157-173).

Graf e Mattogno nunca mencionam o artigo. Certamente, eles obviamente ignoraram isso, porque isso completamente desacredita suas "análises", citadas acima.

1) Antes de tudo, o artigo deixa claro que houve uma inscrição "IV B 4 43/42 gRs (1005)" no canto superior esquerdo da carta enviada por Mueller a Luther em 28 de fevereiro de 1942 (não 20 de fevereiro, como os authors state). "IV B 4" foi uma designação do departamento de assuntos judaicos de Eichmann. "43/42" foi o número e o ano da carta. "gRs" é "Geheime Reichsache", "problema secreto do Reich". Finalmente, 1005, o que quer que fosse inicialmente, tornaria-se mais tarde o codinome da operação para apagar traços do assassinato em massa.

O segundo documento com a menção dos autores como citado por Streim (Spector cita isso também)não é a carta de Mueller para Luther, mas de Himmler para Mueller, escrita não em 28 de fevereiro, mas em 20 de novembro. Disto os autores deveriam ter adivinhado que eles estavam tratando de diferentes cartas. Duuh! Então eles sacam o peso da idiotice quando escrevem:
"Mas Alfred Streim, que cita a carta relevante se baseou em conhecimento de primeira-mão...
[...]
Assim, a carta remete a datas de 20 de novembro de 1942, e não de 20 de fevereiro. Isto significaria que a designação '1005' para a operação teria sido assinada uns cinco meses depois de seu início!"

Para reiterar: é monstruosa a obviedade de que estas são cartas diferentes. Que tipo de idiotas estamos tratando com isto?

Também, não vi qualquer historiador afirma que foi a carta de novembro de Himmler que iniciou toda a operação.

Em sua carta, Himmler não ordenou o início da Aktion 1005 - ele simplesmente estava reagindo aos rumores de que os nazis estavam fazendo sabão de corpos de judeus, e é certo que nada disso realmente ocorrera.

2) O ponto sobre a localização das valas em massa é quase que totalmente um referencial. Ninguém argüiu que a SK1005 limpou todas as valas. De fato, Spector afirma:
"Os nazis não tiveram sucesso em remover os sinais do assassínio devido ao vasto número delas, de uma grande distribuição das valas em massa, e por causa do rápido avanço do exército soviético."

As próprias valas podiam ser localizadas por interrogatório da população local e daqueles que tomaram parte nos assassinatos, deste modo não houve qualquer necessidade de extensivos mapas, etc. Historiadores certamente apontam que a documentação sobrevivente da 1005/Aktion 1005 é scarce, mas eles nunca disseram que não havia nenhuma existente, ao contrário do que M&G aparentemente alegam. De fato, em seu artigo Spector cita que em abril de 1944 o relatório de inteligência das atividades do exército na área de Pinsk (de forma alguma deveria ser assumido que isto é apenas o único documento):
"Por uma ordem especial do Reichsfuehrer SS, Sonderkommando 1005 chegou, para executar tarefas especiais na área do exército."

Assim, ao contrário de M&G, o Sonderkommando 1005 não foi uma invenção soviética.

Agora pense sobre isso: quanta vergonha Mattogno e Graf teria evitado se eles simplesmente tivessem lido o artido de Spector? Aquela é a melhor pesquisa "revisionista".

E isto é apenas o primeiro exemplo. Mais a seguir.

Atualização: ver também as decodificações PRO sobre SK1005.

Próximo >> Parte II: negadores e as valas de Marijampole

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/thats-why-it-is-denial-not-revisionism.html
Tradução(português): Roberto Lucena

Ver também: Técnicas dos negadores do Holocausto

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

[OFF] Sobre a tragédia em Santa Catarina

Repassando mensagem, pros interessados em fazer doações devem contactar o Departamento Estadual de Defesa Civil de SC(Santa Catarina) pelo tel (48) 4009-9885 ou (48) 4009 9886.

Depósitos podem ser feitos nas seguintes contas:
Caixa Econômica Federal: Agência 1877, operação 006, conta 80.000-8
Banco do Brasil: Agência 3582-3, Conta Corrente 80.000-7
Besc: Agência 068-0, Conta Corrente 80.000-0.
Bradesco S/A: 237 Agência 0348-4, Conta Corrente 160.000-1.

ATENÇÃO: Cuidado com pedidos de doações falsos, principalmente por e-mail.
Maiores detalhes abaixo:
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/11/25/chuva_em_sc_defesa_civil_abre_conta_corrente_para_receber_doacoes_roupas_alimentos_devem_ser_entregues_aos_municipios-586545945.asp

Informações sobre os postos de coleta de donativos na Defesa Civil em diversos estados:
- CEDEC/SP - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de São Paulo
Fone: (11) 2193-8888
- DEDC/SC - Diretoria Estadual de Defesa Civil de Santa Catarina
Fone: (48) 4009 9816
- CEDEC/RS - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Rio Grande do Sul.
Fone: (51) 3210 4219
- CEDEC/MG - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais
Fone: (31) 3236 2111
- CEDEC/ES - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo
Fone: (27) 3137 4441
- CEDEC/MS - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Mato Grosso do Sul
Fone: (67) 3318 1078

Polônia homenageia cidadãos que salvaram judeus na 2ª Guerra

Varsóvia, 17 nov (EFE).- O presidente polonês, Lech Kaczynski, concederá hoje a ordem Polônia Restituta, a distinção mais importante do país, a 70 cidadãos que salvaram da morte judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

O ato, que acontecerá esta noite no Teatro Nacional de Varsóvia, pretende lembrar o povo polonês da existência de heróis esquecidos, pessoas anônimas que arriscaram a vida para ajudar judeus.

Durante os anos de Governo comunista ninguém reconheceu as façanhas desses homens e mulheres, o que fez com que pessoas como Irena Sendler, enfermeira polonesa que salvou da morte 2.500 crianças hebréias, permanecessem no anonimato até a chegada da democracia.

Segundo explicou à imprensa o responsável pelas relações polono-judias do escritório presidencial, Ewa Junczyk-Ziomecka, a distinção é extensiva a todos os que se esforçaram na época para salvar do Holocausto a população judaica.

Durante a Segunda Guerra Mundial, morreram cerca de seis milhões de poloneses, dos quais três milhões eram judeus, vítimas em sua maioria de campos de concentração como o de Auschwitz.

Fonte: EFE/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL865133-5602,00.html
Foto: Consul Geral Krzysztof W. Kasprzyk, Ewa Junczyk-Ziomecka, Rabbi Meir Lau, e ex-prefeito Ed Koch na celebração da condecoração do herói da Segunda Guerra Jan Karski.
Texto sobre o evento(inglês):
http://www.hamptons.com/detail.ihtml?id=2255&apid=4866&sid=6&cid=53&arc=1

Werder veta entrada de 8 torcedores neonazistas em seu estádio

O Werder Bremen, clube dos brasileiros Diego e Naldo, informou nesta segunda-feira que vai proibir a entrada em seu estádio de oito neonazistas que, no último final de semana, exibiram uma bandeira do Terceiro Reich durante a partida contra o Bochum, pelo Campeonato Alemão.

O incidente ocorreu no sábado, no estádio do Bochum, véspera do aniversário de 70 anos da "Noite dos Cristais" (Kristallnacht), quando sinagogas e imóveis de judeus foram incendiados por nazistas.

As pessoas envolvidas no manifesto estavam na área destinada aos torcedores do Werder Bremen. O clube explicou que o grupo foi impedido de desdobrar completamente a bandeira pela própria torcida.

"Estamos orgulhosos da reação de nossos torcedores. Isso mostra que o trabalho de prevenção feito por nosso clube, contra o racismo, funciona", informou o clube em nota.

O Werder também lembrou que as duas torcidas se uniram e entoaram o coro "Fora, nazistas!" após o apito final da partida, que terminou com um empate sem gols.

Fonte: Das agências de notícias
http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/alemao/0,,MUL856696-9843,00.html
Mais notícias:
AFP - Werder Bremen elogia os torcedores que repeliram neonazistas
http://afp.google.com/article/ALeqM5g-VwK9GrTWf3osrkSSSad5QFeZ_Q

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vídeo - Fascínio latino pelo nazismo - Roberto Lopes

Texto sobre o livro "Missão no Reich - Glória e covardia dos diplomatas latino-americanos na Alemanha de Hitler", já postado neste blog, link do texto. Segue o vídeo de uma entrevista do autor do livro, Roberto Lopes, comentando sobre como se manifestou a adesão ao nazismo através das relações diplomáticas entre o Reich nazista e países da América Latina. Entrevista concedida ao programa Milênio da Globonews.

Link para o vídeo:
A história secreta das relações de diplomacia latino-americana com a Alemanha nazista
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM916188-7823-A+HISTORIA+SECRETA+DAS+RELACOES+DE+DIPLOMACIA+LATINOAMERICANA+COM+A+ALEMANHA+NAZISTA,00.html

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Einsatzgruppen: Testemunho de August Hafner

Depoimento do SS-Oberstrumfuhrer August Hafner sobre execução de crianças

"... então Blobel ordenou-me que as crianças fossem executadas. Eu perguntei a ele, "Porque quem deve ser feito o fuzilamento?". Ele respondeu, "Pelas Waffen-SS". Eu levantei uma objeção e disse, "Eles são jovens. Como iremos responder a eles se os fizermos fuzilar crianças pequenas?" A isto ele respondeu, "Então use seus próprios
homens". Eu disse "Como eles podem fazer isso? Eles tem crianças pequenas como nós". Este cabo de guerra se prolongou por cerca de dez minutos... Eu sugeri que a milícia ucraniana do Feldkommandant fuzilasse as crianças. Não houveram objeções de ambos os lados.

Eu fui até as árvores sozinho. A Wehrmacht havia previamente cavado uma vala. As crianças foram trazidas ao local por um trator. Eu não tinha nada a ver com os procedimentos técnicos. Os ucranianos estavam em volta, tremendo. As crianças foram descidas do trator. Elas foram alinhadas ao longo da vala e fuziladas de forma a cairem dentro dela. Os ucranianos não miraram em nenhuma parte específica do corpo. Elas cairam dentro da vala. Os lamentos são indescritíveis. Eu nunca esquecerei aquela cena pelo resto de minha vida.Eu acho muito difícil de enfrentar. Eu lembro em particular de uma garota pequena que me pegou pela mão. Ela também foi fuzilada posteriormente...

A vala ficava próxima das árvores. Ela não ficava próxima a linha de tiro. A execução foi realizada a tarde entre 3:30 e 4:00. Ela ocorreu no dia seguinte as discussões com o Feldkommandanten.... Muitas criaças foram atingidas quatro ou cinco vezes ate que morressem."

Klee, Ernst, Willi Dressen and Volker Riess, editors. The Good Old Days: The Holocaust as Seen by Its Perpetrators and Bystanders. New York: The Free Press.1988. pp. 153 - 154

Fonte:
http://www.einsatzgruppenarchives.com/hafner.html

[traduzido por Aureliano]
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6348

domingo, 23 de novembro de 2008

Projeto de Lei-987/2007, sobre a criminalização da negação do Holocausto e crimes contra a humanidade

Assunto que precisa ser divulgado à sociedade civil, assunto sobre o Projeto de Lei que criminaliza a negação do Holocausto e crimes contra a humanidade.

Na prática o projeto criminalizaria atividades neonazistas camufladas de falsa(pseudo) revisão histórica que visam sobretudo a negação de crimes de guerra com intuitos propagandísticos de reabilitação do nazismo. A proibição da negação do Holocausto já é algo concreto na Alemanha e em outros países. O caráter da proibição visa coibir que movimentos nazi-fascistas consigam se arregimentar e que tentem com isso "reescrever" a história negando os crimes nazistas incitando e reabilitando práticas de discriminação ideológica racial/étnica e se possível, institucional(esta seria a última finalidade da negação do Holocausto, caso algum grupo deste tipo assumisse o poder e instaurassem novamente ditaduras mundo afora, é preciso deixar claro quais são os propósitos finais dos negadores pois eles não assumem isto abertamente).

Se alguma entidade civil, governamental, acessar o blog, pederia-se a mobilização(individual ou coletiva)para que aprovem com mais rapidez esta lei para se cortar em definitivo a proliferação de racismo ideológico disseminado por grupos de extrema-direita(neonazis, fascistas)no Brasil. Um dos principais meios de disseminação, ou o principal meio, de doutrina nazi-fascista e de negação do Holocausto no Brasil, hoje, é a internet.

Para quem quiser saber detalhes do PL(Projeto de Lei), seguem abaixo informações tiradas diretamente do site da Câmara de Deputados em Brasília:

Consulta Tramitação das Proposições

Proposição: PL-987/2007 -> Íntegra disponível em formato pdf
Autor: Marcelo Itagiba - PMDB /RJ

Data de Apresentação: 08/05/2007
Apreciação: Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário
Regime de tramitação: Prioridade
Apensado(a) ao(a): PL-6418/2005
Situação: CDHM: Tramitando em Conjunto.

Ementa: Altera a redação do art. 20 da Lei nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989.

Explicação da Ementa: Penaliza quem negar ocorrência do Holocausto ou de outros crimes contra a humanidade, com a finalidade de incentivar ou induzir a prática de atos discriminatórios ou de segregação racial.

Indexação: Alteração, Lei do Racismo, penalidade, crime, negação, existência, crime contra a humanidade, incentivo, indução, segregação, discriminação racial.

Despacho:
17/5/2007 - Apense-se à(ao) PL-6418/2005. Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Regime de Tramitação: Prioridade

Última Ação:
21/5/2007 - Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) - Recebimento pela CDHM.

Em pdf: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/458520.pdf

Em resumo o PL altera a Lei 7716 no artigo 20 dela, pra quem quiser ler a Lei na íntegra(como está atualmente):

LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989.
Mensagem de veto Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7716.htm

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Pena: reclusão de um a três anos e multa.

§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;

II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.

§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Pra quem quiser acompanhar a tramitação do PL, tem que se cadastrar no site. O link do PL no site da câmara federal é esse:
http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=350660

Partido neonazista pode ter financiamento cortado na Alemanha

Berlim, 19 nov (EFE).- Os ministros de Interior do Governo alemão e os estados federados pretender cortar o financiamento estatal aos partidos nazistas de extrema-direita, com uma emenda na Constituição que os exclua como receptores desses fundos.

O titular da pasta do Interior, Wolfgang Schäuble, abordou a questão hoje em Potsdam, cidade vizinha a Berlim, visto que em 2003 fracassou a iniciativa para ilegalizar o Partido Nacional Democrático (NPD), que aglutina da extrema-direita e de tendência neonazista.

A proposta partiu do ministro da Baixa Saxônia, Uwe Schünemann, para quem deve ser cortados da lei de financiamento aos partidos as formações que "persigam fins contrários à ordem democrática".

Schünemann, da União Democrata-Cristã Alemã (CDU) - liderada pela chanceler Angela Merkel -, propõe emendar o artigo 21 da Constituição para incluir esse parágrafo.

Em virtude dessa fórmula, a extrema-direita não receberia os fundos previstos pela lei de financiamento de partidos pelas cadeiras conquistadas no Parlamento.

Eles estimam que metade da receita do NPD corresponda aos cerca de 1,4 milhões de euros anuais que percebe pelos dois estados onde tem representação parlamentar - Saxônia (12 deputados) e Mecklenburgo-Antepomerania (seis).

Sem essa fonte de financiamento, a atividade do partido ficaria praticamente cancelada, já que não disporia de meios para propaganda ou recrutamento de militância.

A formulação de Schünemann foi avalizada pela opinião do jurista constitucionalista Volker Epping e desponta como uma alternativa mais sólida à possibilidade de impulsionar uma nova proposta de ilegalizar o NPD.

Em 2003, fracassou o pedido apresentado ao Tribunal Constitucional - único órgão com poder para proibir um partido político - tanto pelo Governo federal quanto pelo Parlamento.

O Tribunal rejeitou o pedido por se basear em declarações de informantes infiltrados, que considerou fontes não-confiáveis.

Para jogar um partido na ilegalidade, o Tribunal Constitucional alemão precisa concluir que ele atenta "agressivamente" contra a ordem democrática.

Já uma emenda no texto da Constituição precisa do respaldo de dois terços do Parlamento.

Fonte: EFE/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL868026-5602,00-PARTIDO+NEONAZISTA+PODE+TER+FINANCIAMENTO+CORTADO+NA+ALEMANHA.html

Supostos skinheads roubam e agridem barman em SP

Quatro supostos skinheads são acusados de roubar e agredir um barman de 21 anos na madrugada de hoje em um posto de combustíveis na Rodovia Anchieta, na região de Heliópolis, zona sul de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, a vítima foi socorrida e encaminhada ao pronto-socorro de Heliópolis, onde foi medicada, e depois liberada.

Os policiais iniciaram o patrulhamento visando encontrar os agressores e acabaram detendo três dos quatro suspeitos na região. Todos foram levados para o 95º Distrito Policial (DP), em Heliópolis, e reconhecidos pela vítima como sendo os agressores. Com o trio, a polícia encontrou um canivete, dois celulares e R$ 60 em dinheiro. Um dos suspeitos tem tatuagens no crânio (skins) e no dedo da mão direito (cruz). O trio foi indiciado por roubo e conduzido à cadeia, onde permanecerá à disposição da Justiça.

Fonte: Agência Estado
http://br.noticias.yahoo.com/s/23112008/25/manchetes-supostos-skinheads-roubam-agridem-barman.html

Evidência fotográfica de fuzilamentos em massa: 3. Liepaja

Liepaja é um excelente exemplo de como fotografias podem fazer parte de uma convergência de evidências ao lado destes fenômenos, como diários, testemunhos e estudos demográficos. Isto é discutido aqui, e aqui. Perceba novamente que unidades de não-alemães tomaram parte nos massacres, neste caso da Letônia.

Fonte: Holocaust Controversies
Por Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/10/photographic-evidence-of-mass-shootings_7387.html
Tradução(português): Roberto Lucena

sábado, 22 de novembro de 2008

Quantos perpetradores na URSS? - Parte Oito: Estados Bálticos

As duas principais ações de assassínios na Letônia fora a Ação de Rumbula e de Liepaja. A ação de Rumbula foi estudada em detalhes por Ezergailis, cujos estudos podem ser vistos num arquivo em Word clicando no link do 'Capítulo 8' exibido nesta página, enquanto Liepaja foi discutida neste blog. A principal ação na Lituânia foi o assassinato dos judeus de Vilna em Ponary, descritos aqui e mostrados nestas fotografias. Comentários adicionais sobre cada um destes massacres são dados abaixo.

Ezergailis dá uma visão geral da Polícia de Ordem Pública na Letônia como se segue:


"Antes que o comando Arajs fosse treinado, foi o 9º Batalhão da Ordnungspolizei que executou a maioria dos assassinatos para Stahlecker. As unidades do 9º Batalhão que estavam na Letônia durante julho e agosto tinha se deslocado, seguindo Stahlecker para o entorno de Leningrado. No fim de novembro havia pelo menos dois tipos de unidades da Ordnungspolizei em Riga sob o comando do Tenente-Coronel Flick: uma Schutzpolizei, encabeçada pelo Major Heise, e a Gendarmerie(Polícia Militar), sob o comando do Capitão Rehberg. Pelo menos muitas centenas delas foram postas para assegurar a ordem (“obter e manter um caráter alemão”) em Riga, como ao longo de toda a Letônia. Além de que para supervisionar um distrito policial da Letônia, a Ordnungspolizei também foi encarregada da guetização dos judeus, e depois de 25 de outubro em guardar o gueto. Durante a fase inicial do gueto a SD não foi envolvida. O envolvimento da Ordnungspolizei com o gueto também predeterminou suas tarefas na liquidação do gueto.

A 2ª companhia do 22º Batalhão de Reserva de Riga proveu cerca de setenta homens, e a 3ª companhia do 22º Batalhão de Reserva de Jelgava proveu outros setenta homens. A 2ª companhia foi empregada em supervisionar o esvaziamento dos apartamentos judeus, organizando os judeus em colunas marchando, e acompanhando as colunas até Rumbula. A 3ª companhia foi usada como guarda da periferia em Rumbula.

O chefe ativista da Ordnungspolizei foi o Major Heise, e aparece que ele também foi o oficial de coordenação com a Schutzmannschaften letoniana.

Além do 22º Batalhão de Riga e Jelgava e os homens da Gendarmerie, Jeckeln tinha a sua disposição outros cinco regimentos da Ordnungspolizei, mas não sabemos quais, se usou, deles ele chegou a usar. Em geral, Jeckeln foi contra envolver a Wehrmacht."

Num julgamento na Alemanha Ocidental dos acusados da Polícia de Ordem Pública incluíram uma descrição da organização de Jeckeln na ação de Rumbula, sempre que quando o acusado fora Friedrich Jahnke. Ezergailis também discute que houve uma maior presença letoniana em Rumbula, incluíndo a reunião de planejamento:


"Várias testemunhas alemãs mencionaram a presença de oficiais letões na reunião de preparação. Ainda que o único nome mencionado fora o de Osis, o cabeça dos Schutzmannschaften Letão, os nomes de outros letões presentes nestas reuniões puderam ser facilmente identificadas, e por eliminação é algo muito reduzido. Os únicos que podiam ter estado lá além do Osis, foram o Arajs, Ítiglics, e o grupo líder da guarda do gueto da Letônia, Danskops."

Em Liepaja, houve uma ação inicial de assassínio em julho de 1941. Um notável caráter desta ação é que foi ordenada por um comandante naval, Kawelmacher, como Ezergailis de novo descreve:


"O ritmo dos fuzilamentos não foi rápido o suficiente para o comandante Kawelmacher (a.k.a. Gontard). Em 22 de julho ele enviou um telex ao Comandante-em-Chefe da frota do Báltico em Kiel, requisitando 100 SS- e 50 tropas da Schutzpolizei “para rápida execução [do] problema judaico. Com o contingente presente das SS, isto levaria um ano, que é insustentável para [a] pacificação de Liepaja.” Seu pedido foi prontamente concedido; o notório SD Comando Letão comandado por Viktors Arajs chegou à Riga, fuzilou cerca de 1,100 judeus homens em 24 e 25 de julho, e partiu.

Enquanto a 2ª Companhia do 13º Batalhão de Polícia sob o comando do SSHauptsturmführer Georg Rosenstock acabara de chegar, antes de tudo para patrulhar o cumprimento das funções e pruma menor duração das execuções.

Daí em diante, a Marinha teve um papel menos ativo, deixando a perseguição de judeus nas mãos de Kügler e seu superior, o SS-und Polizeistandortführer Dr. Fritz Dietrich, que chegou no meio de setembro."

Como fora apontado neste blog, a chegada de Dietrich foi crucial porque devido a ele se manteve uma agenda de subseqüentes eventos. O principal massacre de dezembro fora ordenado pelo HSSPF Jeckeln, sustentado por Dietrich, e fotografado por Strott e Sobeck, como Ezergailis descreve:


"Nenhum gueto tinha ainda sido estabelecido em Liepaja, mas Dietrich ordenou um toque de recolher de 2 dias para os judeus. Assim confinados em seus apartamentos, eles foram metodicamente acuados pela polícia letoniana e levados para prisão feminina. De lá eles foram marchando para o local de execução em Skede, obrigados a se despir, e fuzilados em grupos de 10 por três esquadrões de tiro, dois letões e um alemão. Todos juntos, 2.749 judeus foram mortos entre 15–17 de dezembro. Principalmente mulheres e crianças, que tinham sido em grande parte respeitados até agora. Um substituto de Kügler, o SS-Scharführer Carl Emil Strott, como também o SSOberscharführer Sobeck, fotografou as execuções. Um audacioso judeu trabalhando na Polícia de Segurança, David Zivcon, conseguiu pegar, de 12 filmes expostos por Sobeck, uma quantidade suficiente para fazer cópias, que foram muito reproduzidas e exibidas depois da guerra."

Várias das fotografias de Strott, linkadas pelo Roberto(Muehlenkamp) aqui, e também discutidas aqui, mostram claramente a polícia letoniana levando mulheres e crianças para a área do massacre. O julgamento de Strott, no qual ele não negou a autoria das fotos, está aqui.

Em Ponary, uma excelente galeria de fotografias pode ser encontrada aqui. Três mostras de enormes fotos daquela galeria são exibidas aqui, aqui e aqui. Detalhes nas fotos corespondem ao testemunho das testemunhas oculares dados aos advogados de acusação na Alemanha Ocidental que é reproduzido aqui. Ver por exemplo a declaração do contador que "Os outros nove que andavam um atrás do outro, agacharam-se e agarraram-se ao homem na frente com suas mãos porque eles não poderiam assistir." Finalmente, perceba novamente que este massacre não foi realizado por uma unidade dos Einsatzgruppen agindo sozinha. Colaboradores lituanos desempenharam um papel essencial neste massacre.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/07/how-many-perpetrators-in-ussr-part.html
Tradução: Roberto Lucena

Fotos extras:
http://www.zwoje-scrolls.com/shoah/towns.html
http://www.holocaustresearchproject.org/einsatz/lithuaniamurders.html

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Liepaja - Holocausto na Letônia

O assassinato de judeus de Liepaja, Letônia, foi documentado em numerosas fontes. As SS e o Chefe de Polícia Emil Dietrich registrram a maioria deles em seu diário (ver nota de rodapé 40 aqui). Dietrich foi enforcado por um tribunal militar dos EUA na prisão de Landsberg-am-Lech em 22 de outubro de 1948. Entre 15 e 17 de dezembro de 1941, três esquadrões alemães e letões assassinaram 2749 judeus, principalmente mulheres e crianças, nas dunas de Skede, próximo à Liepaja. Os eventos foram registradas nestas infames fotografias por Carl-Emil Strott, que foi condenado e setenciado no julgamento de Grauel e outros em Hanôver em 1971. Mais das fotografias de Strott podem ser achadas nesta discussão.

Além disso, se não fosse o fato de que os negadores são estúpidos o suficiente para espernear sobre 'julgamento espetáculo' e 'forjado', os assassinatos em Liepaja foram demonstrados por pesquisas demográficas de Anders e Dubrovskis, que examinaram o censo nazista de 30 de agosto de 1941 nos arquivos do Estado letão, e compararam-no com outras fontes demográficas como as do censo soviético de fevereiro de 1935, do Salão de Nomes no Yad Vashem, da lista de deportados para o interior soviético, do julgamento de Grauel, dos registros residenciais, da lista de "Coleção de Metais", dos relatórios das Schutzpolizei, registrados do campo em Stutthof, e da 'Comissão Extraordinária para Investigação de Crimes Fascistas' soviética.

Sua pesquisa é outro cravo na tumba da reputação do fraudulento 'demógrafo' Walter Sanning. Como eu apontei neste mesmo blog, Sanning desonestamente pretendia que estimativas demográficas nazistas de janeiro de 1943 se referissem a dados da população soviética como se fossem de junho de 1941. Este enabled him para afirmar que a maioria dos judeus tinha ou fugido ou sido deportados para o interior soviético como parte da política de 'scorched earth' de Stalin. Anders e Dubrovskis demonstram que apenas 209 judeus de Liepaja(de uma população judaica de 7140) foram deportados e um máximo de 300 fugiram.

Liepaja aqui nos dá uma extrema demonstração da bancarrota da negação do Holocausto. Para negar que os nazis deliberadamente assassinaram mulheres e crianças de Liepaja, negadores tem que ignorar a existência de um diário escrito a mão pelas SS e o Chefe de Polícia, fotografias tiradas por um perpetrador que fora julgado numa corte da Alemanha Ocidental, um censo que os nazis levaram a cabo dois meses após invadirem a Letônia, e os dados residenciais coletados pelos nazistas em 1942, mostrando que muitas das pessoas nos mais recentes censos foram assassinadas. Tal negação só pode ser uma deliberada cegueira em relação a evidência do genocídio.

Nota de rodapé: meu obrigado a KentFord9 no fórum RODOH por desenhar minha observação aos dados demográficos.

Fonte: Holocaust Controversies
Por Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/04/liepaja.html
Tradução(português): Roberto Lucena

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