Os especialistas em genética humana assumiram responsabilidade no programa de esterilizações forçadas e eutanásia realizado durante o nazismo em incapacitados e pessoas com doenças hereditárias.
A Sociedade Alemã de Genética Humana reconheceu hoje o "grave erro" do coletivo durante o nazismo pela denominada Lei para a Prevenção de Doenças Hereditárias, emitida em 14 de julho de 1933, meses após a chegada de Hitler ao poder.
Os médicos participaram, então, tanto da elaboração da lei como da posterior aplicação, o que levou à esterilização forçosa de 400 mil pessoas, muitas das quais foram, depois, vítimas do programa da eutanásia.
"O proceder dos geneticistas então é incompreensível e injustificável com os conhecimentos que na época se tinha sobre a genética e a biologia", apontou a sociedade, em comunicado emitido hoje, na abertura do Congresso Internacional de Genética em Berlim.
A lei emitida durante o nazismo pretendia impedir, através da esterilização, que tivessem filhos pessoas teoricamente portadoras de doenças hereditárias, consideração na qual entravam tanto epilépticos quanto incapacitados psíquicos.
O programa de esterilização à força foi a ante-sala do da eutanásia em massa, que entrou em vigor pouco depois e do qual 200 mil pessoas foram vítimas.
Fonte: EFE
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3007678-EI8142,00.html
terça-feira, 15 de julho de 2008
domingo, 13 de julho de 2008
Deutsches Ahnenerbe e o racismo "esotérico" nazista


A "Deutsches Ahnenerbe"
(Studiengesellschaft fuer Geistesurgeschichte Deutsches Ahnenerbe), a Sociedade para Pesquisa das Raízes Espirutuais da Herança Ancestral da Alemanha.


Himmler ocupou o cargo da Ahnenerbe em 1937. Todos os novos projetos foram iniciados, incluindo a listagem de "Cientistas judeus ou cientistas ligados a judeus por casamento", e o confisco de bibliotecas judaicas. Era totalmente difícil de dizer quais os projetos que tinham motivação científica, quais os que tinham motivação política, e quais eram absolutamente ridículos.

Fonte: Shoah Resource Center(Yad Vashem)
http://www1.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%205718.pdf
Tradução: Roberto Lucena
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sábado, 12 de julho de 2008
Os carrascos nazistas no Brasil
Os carrascos no Brasil
Com a ajuda de autoridades, criminosos de guerra acharam refúgio no país durante o governo de Dutra
A derrota de 1945 encheu as ruas alemãs de "deslocados de guerra", pessoas que haviam perdido tudo e tentavam recomeçar a vida em outro país. O Conselho de Controle da Alemanha, criado por Estados Unidos, Inglaterra, França e URSS, decidia quem podia e quem não podia sair. Os vencedores exigiam que os candidatos a emigrar passassem pela desnazificação - investigação para determinar se haviam cooperado com o Reich. O objetivo era impedir que criminosos de guerra escapassem impunes. Apesar disso, grandes carrascos do nazismo, como Gustav Wagner, Josef Mengele e Paul Stangl, vieram parar no Brasil.
Como isso foi possível é o que a professora Maria Luiza Tucci Carneiro, da Universidade de São Paulo, está começando a desvendar. No meio dos mais de 2 mil documentos que estuda, Maria Luiza achou vários que mostram como autoridades brasileiras aconselhavam os interessados no visto de saída a falsificar endereço ou profissão para ludibriar os fiscais aliados.
Há indícios de que esses nazistas contavam com a boa vontade do Itamaraty. A professora levanta a hipótese de que o próprio presidente Eurico Gaspar Dutra sabia
do que se passava. "Havia na época uma circular secreta, datada de 1947, que restringia a entrada de judeus no Brasil", lembra. "Em contrapartida, existia uma missão diplomática em Berlim que não se acanhava em ludibriar a lei para facilitar o ingresso de funcionários do III Reich no país", acusa. A hipótese é endossada por outros estudos. "Tudo indica que houve facilitação da entrada de empresários nazistas no Brasil por iniciativa pessoal de Dutra", diz Marionilde Brephol Magalhães, autora do livro Pangermanismo e Nazismo - A Trajetória Alemã Rumo ao Brasil. "Como ministro da Guerra de Getúlio Vargas, Dutra já mostrava simpatia pelo nazi-fascismo", diz.
Estima-se que 3 mil alemães tenham entrado no Brasil entre 1945 e 1950. Evidentemente, nem todos eram nazistas. Para separar o joio do trigo, Maria Luiza recorre a duas fontes: os arquivos do Itamaraty, em Brasília, e do Deops, em São Paulo. A idéia é reconstituir trajetórias individuais, como a de T.K. (a historiadora pede para que os nomes não sejam revelados), ex-agente da polícia nazista. Terminada a guerra, ele resolveu fugir da Alemanha.
Tentou primeiro a via clandestina - acabou preso em Sófia, Bulgária. Resolveu, então, seguir os meios legais. Foi à missão militar brasileira em Berlim - a embaixada não existia desde 1942, quando o Brasil declarou guerra à Alemanha - e solicitou visto. O arquivo do Itamaraty guarda a carta em que a missão militar pede instruções sobre T.K. informando que foi agente policial nazista. Embora não tenha sido achada a resposta do ministério, o nome de T.K. aparece numa lista de pessoas que obtiveram o visto brasileiro.
O coronel Aurélio de Lyra Tavares, depois membro da junta militar que governou o Brasil após a morte de Costa e Silva até a posse de Médici, era o chefe da missão militar em Berlim. Em telegrama de 1947, ele avisa o Itamaraty que oito nazistas embarcaram no navio Santarém. Lyra alega só ter sabido disso quando o navio já estava em alto-mar. Maria Luiza duvida. "Antes de deixar o porto, só poderiam embarcar no navio as pessoas que estivessem com os documentos em dia.
E só estava em dia quem não constasse das listas inglesas e americanas", diz. "Esse é mais um indício de que existia uma boa vontade do governo brasileiro para acolher essas pessoas." No mesmo ano de 1947, o general Anor Teixeira dos Santos, da missão militar brasileira, mandou telegrama ao Itamaraty sobre o alemão H.P.M., a quem a saída da Alemanha fora negada pelos aliados. O telegrama informa que H.P.M. fora incluído em lista de residentes na parte de Berlim controlada pelos ingleses e que sua liberação estava em negociação.
Um ano depois, o mesmo Teixeira dos Santos manda telegrama ao ministério brasileiro intercedendo por uma brasileira filha de alemães. O general informa que lhe pedira para falsificar o endereço para que a missão militar pleiteasse sua vinda ao Brasil.
O que ainda não se pode responder inteiramente é a razão pela qual o Brasil ajudava esses nazistas. Para o historiador argentino Leonardo Senkman, que publicou um estudo comparando Dutra e Perón, o presidente brasileiro achava que técnicos e cientistas nazistas poderiam colaborar na industrialização do país. Pela mesma porta pela qual passavam técnicos que muitas vezes não tinham colaborado diretamente com os crimes de guerra, entravam também os carrascos nazistas.
E eles só vieram depois que a tolerância dos brasileiros ficou conhecida. "Depois da guerra, o governo brasileiro não se mostrou disposto a caçar nazistas", explica Maria Luiza. "Eis por que eles nem se deram ao trabalho de mudar de nome, como faziam em outros países." Como Franz Stangl, comandante do campo de extermínio de Treblinka, na Polônia. Responsável pela morte de 900 mil judeus, Stangl chegou ao Brasil com a família na década de 50. Na maior parte dos 16 anos que viveu em São Paulo trabalhou como supervisor da linha de montagem da Volkswagen usando seu próprio nome, até ser descoberto, em 1967. Extraditado para a Alemanha, morreu na prisão um ano mais tarde.
Gustav Franz Wagner, comandante do campo de Sobibor, na Polônia, onde morreram 250 mil judeus, também nunca mudou de nome. Wagner recebeu a Cruz de Ferro por sua eficiência em matar prisioneiros. Depois de entrar no Brasil com passaporte suíço, foi morar em um pequeno sítio nos arredores de Atibaia (a 69 quilômetros de São Paulo). Condenado in absentia à prisão perpétua pelo Tribunal de Nuremberg, Wagner levava uma vida calma criando animais e cultivando hortaliças.
O homem alto e de olhos azuis, cujo hobby era pintar paisagens, traiu-se ao comparecer ao Deops de São Paulo em 1978 para desmentir notícia de que participara de uma festa em homenagem a Hitler. Na mesma hora foi detido e depois transferido para uma clínica psiquiátrica paulista. Após ser libertado, voltou ao sítio. Menos de dois anos depois, matou-se.
Josef Mengele, o Anjo da Morte, médico que fazia experiências com seres humanos nos campos de concentração, morreu tranqüilo no Brasil, no final da década de 70. Como ele, vários criminosos de guerra nazistas encontraram abrigo no Brasil. O estudo de Maria Luiza deve mostrar de que forma eles conseguiram entrar no país.
(Foto): Mengele, Hoss, Kramer, Museu do Holocausto(EUA)
Fonte: Revista Época(matéria: Ana Claudia Fonseca)
http://epoca.globo.com/edic/19980615/mundo1.htm
Com a ajuda de autoridades, criminosos de guerra acharam refúgio no país durante o governo de Dutra
A derrota de 1945 encheu as ruas alemãs de "deslocados de guerra", pessoas que haviam perdido tudo e tentavam recomeçar a vida em outro país. O Conselho de Controle da Alemanha, criado por Estados Unidos, Inglaterra, França e URSS, decidia quem podia e quem não podia sair. Os vencedores exigiam que os candidatos a emigrar passassem pela desnazificação - investigação para determinar se haviam cooperado com o Reich. O objetivo era impedir que criminosos de guerra escapassem impunes. Apesar disso, grandes carrascos do nazismo, como Gustav Wagner, Josef Mengele e Paul Stangl, vieram parar no Brasil.
Como isso foi possível é o que a professora Maria Luiza Tucci Carneiro, da Universidade de São Paulo, está começando a desvendar. No meio dos mais de 2 mil documentos que estuda, Maria Luiza achou vários que mostram como autoridades brasileiras aconselhavam os interessados no visto de saída a falsificar endereço ou profissão para ludibriar os fiscais aliados.
Há indícios de que esses nazistas contavam com a boa vontade do Itamaraty. A professora levanta a hipótese de que o próprio presidente Eurico Gaspar Dutra sabia

Estima-se que 3 mil alemães tenham entrado no Brasil entre 1945 e 1950. Evidentemente, nem todos eram nazistas. Para separar o joio do trigo, Maria Luiza recorre a duas fontes: os arquivos do Itamaraty, em Brasília, e do Deops, em São Paulo. A idéia é reconstituir trajetórias individuais, como a de T.K. (a historiadora pede para que os nomes não sejam revelados), ex-agente da polícia nazista. Terminada a guerra, ele resolveu fugir da Alemanha.
Tentou primeiro a via clandestina - acabou preso em Sófia, Bulgária. Resolveu, então, seguir os meios legais. Foi à missão militar brasileira em Berlim - a embaixada não existia desde 1942, quando o Brasil declarou guerra à Alemanha - e solicitou visto. O arquivo do Itamaraty guarda a carta em que a missão militar pede instruções sobre T.K. informando que foi agente policial nazista. Embora não tenha sido achada a resposta do ministério, o nome de T.K. aparece numa lista de pessoas que obtiveram o visto brasileiro.
O coronel Aurélio de Lyra Tavares, depois membro da junta militar que governou o Brasil após a morte de Costa e Silva até a posse de Médici, era o chefe da missão militar em Berlim. Em telegrama de 1947, ele avisa o Itamaraty que oito nazistas embarcaram no navio Santarém. Lyra alega só ter sabido disso quando o navio já estava em alto-mar. Maria Luiza duvida. "Antes de deixar o porto, só poderiam embarcar no navio as pessoas que estivessem com os documentos em dia.
E só estava em dia quem não constasse das listas inglesas e americanas", diz. "Esse é mais um indício de que existia uma boa vontade do governo brasileiro para acolher essas pessoas." No mesmo ano de 1947, o general Anor Teixeira dos Santos, da missão militar brasileira, mandou telegrama ao Itamaraty sobre o alemão H.P.M., a quem a saída da Alemanha fora negada pelos aliados. O telegrama informa que H.P.M. fora incluído em lista de residentes na parte de Berlim controlada pelos ingleses e que sua liberação estava em negociação.
Um ano depois, o mesmo Teixeira dos Santos manda telegrama ao ministério brasileiro intercedendo por uma brasileira filha de alemães. O general informa que lhe pedira para falsificar o endereço para que a missão militar pleiteasse sua vinda ao Brasil.
O que ainda não se pode responder inteiramente é a razão pela qual o Brasil ajudava esses nazistas. Para o historiador argentino Leonardo Senkman, que publicou um estudo comparando Dutra e Perón, o presidente brasileiro achava que técnicos e cientistas nazistas poderiam colaborar na industrialização do país. Pela mesma porta pela qual passavam técnicos que muitas vezes não tinham colaborado diretamente com os crimes de guerra, entravam também os carrascos nazistas.
E eles só vieram depois que a tolerância dos brasileiros ficou conhecida. "Depois da guerra, o governo brasileiro não se mostrou disposto a caçar nazistas", explica Maria Luiza. "Eis por que eles nem se deram ao trabalho de mudar de nome, como faziam em outros países." Como Franz Stangl, comandante do campo de extermínio de Treblinka, na Polônia. Responsável pela morte de 900 mil judeus, Stangl chegou ao Brasil com a família na década de 50. Na maior parte dos 16 anos que viveu em São Paulo trabalhou como supervisor da linha de montagem da Volkswagen usando seu próprio nome, até ser descoberto, em 1967. Extraditado para a Alemanha, morreu na prisão um ano mais tarde.
Gustav Franz Wagner, comandante do campo de Sobibor, na Polônia, onde morreram 250 mil judeus, também nunca mudou de nome. Wagner recebeu a Cruz de Ferro por sua eficiência em matar prisioneiros. Depois de entrar no Brasil com passaporte suíço, foi morar em um pequeno sítio nos arredores de Atibaia (a 69 quilômetros de São Paulo). Condenado in absentia à prisão perpétua pelo Tribunal de Nuremberg, Wagner levava uma vida calma criando animais e cultivando hortaliças.
O homem alto e de olhos azuis, cujo hobby era pintar paisagens, traiu-se ao comparecer ao Deops de São Paulo em 1978 para desmentir notícia de que participara de uma festa em homenagem a Hitler. Na mesma hora foi detido e depois transferido para uma clínica psiquiátrica paulista. Após ser libertado, voltou ao sítio. Menos de dois anos depois, matou-se.
Josef Mengele, o Anjo da Morte, médico que fazia experiências com seres humanos nos campos de concentração, morreu tranqüilo no Brasil, no final da década de 70. Como ele, vários criminosos de guerra nazistas encontraram abrigo no Brasil. O estudo de Maria Luiza deve mostrar de que forma eles conseguiram entrar no país.
(Foto): Mengele, Hoss, Kramer, Museu do Holocausto(EUA)
Fonte: Revista Época(matéria: Ana Claudia Fonseca)
http://epoca.globo.com/edic/19980615/mundo1.htm
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sexta-feira, 11 de julho de 2008
Wladyslaw Bartoszewski - Figura histórica da Polônia
Figura histórica da Polônia agora também é a sua voz diplomática
Ele não parece um sobrevivente de Auschwitz ou ou combatente no levante de Varsóvia.
Wladyslaw Bartoszewski, ex-chanceler e hoje consultor do premiê, é isso e ainda mais.
NICOLAS KULISH
Do New York Times, em Gdansk
Uma presença inteligente e espirituosa, o cavalheiro alto e mais velho usando bengala não parece logo de cara um sobrevivente de Auschwitz, ou combatente no levante de Varsóvia, ou dissidente prisioneiro sob o comunismo.
Na verdade, Wladyslaw Bartoszewski é tudo isso e ainda mais. Ele ainda é o tipo de homem que, mesmo num dia atarefado, pára para conversar com as empregadas do hotel e certifica-se de fazê-las rir antes de retomar seu rumo.
*Wladyslaw Bartoszewski em Berlim em 19 de junho de 2008 (Foto: The New York Times)
O mundo não tem muitas probabilidades de produzir mais Wladyslaw Bartoszewski, e isso é provavelmente uma coisa boa, dados os eventos que ele atravessou e testemunhou desde muito novo. Mas enquanto sua vida parece ter sido forjada sob intenso sofrimento, isso nunca chegou a definir sua visão de mundo.
“Os otimistas e pessimistas têm vidas igualmente longas, mas os otimistas são consideravelmente mais felizes”, diz ele quando questionado sobre seu famoso bom humor.
Bartoszewski, 86, sustenta uma história pesadíssima com um toque de leveza. É um presente que permitiu a ele, numa idade em que sua geração já se aposentou ou morreu há tempos, ser um diplomata de sucesso pela Polônia, assim como uma fonte de autoridade moral.
“Não sei por quanto tempo mais viverei”, diz ele, bastante sincero numa entrevista. “Ninguém sabe. Posso dizer que meu plano é ajudar o governo pelo tanto que eu possa dizer que é necessário. Minha idéia é morrer em serviço, e não pela esclerose.”
Ele foi por duas vezes o ministro do Exterior de seu país e está trabalhando de novo como consultor do premiê, Donald Tusk.
Sua responsabilidade especial é por duas das mais complicadas relações de seu país, com a Alemanha e com Israel. Ele foi elogiado pelos dois países repetidamente por seu trabalho para melhorar os laços.
Mesmo assim ele permanece elegante e acessível em um grau impressionante. Ele usa sua história pessoal não como um bastão, mas como uma oportunidade para demonstrar seu carisma e compreensão.
“Estou mais ao lado das pessoas no meio do que dos extremistas,” diz ele. “A humanidade sofreu enormemente devido a ideologias extremistas, na Europa e por todo o mundo.”
E ele fez essa observação do alto de sua – infeliz - experiência. Nascido em Varsóvia em 1922, ele tinha apenas 17 anos quando participou na fracassada defesa de sua cidade natal quando os nazistas conquistaram a Polônia em 1939. Um ano depois, Bartoszewski estava entre muitos jovens católicos cercados e enviados a Auschwitz, e entre os poucos sortudos o suficiente para sobreviverem.
Libertado em 1941, foi trabalhar com a resistência. Ajudou a fundar a clandestina Zegota, ou Conselho de Apoio a Judeus, que oferecia dinheiro, esconderijos e identidades falsas para judeus poloneses tentando fugir do Holocausto. Tal assistência era punível com a morte sob a ocupação nazista. Em 1965, Bartoszewski foi nomeado um dos Justos Entre as Nações pelo Yad Vashem, o museu e memorial oficial de Israel sobre o Holocausto.
Depois da Guerra, a Polônia caiu na esfera soviética. Bartoszewski foi recompensado por seu trabalho para libertar seu país e impedir que outros cidadãos judeus fossem jogados novamente em prisões.
“Com 32 anos, eu havia passado oito em prisões e campos,” diz Bartoszewski.
Depois de sua libertação em 1954 – e no próximo ano reabilitado pelo regime – ele se tornou um jornalista de um jornal católico em Cracóvia, e posteriormente um professor na Universidade Católica e Lublin.
Ele novamente se viu envolvido em um movimento subversivo, desta vez uma rede de ensino chamada Universidade Voadora operando fora do sistema educacional sancionado oficialmente.
Quando o último líder comunista da Polônia, o Ggneral Wojciech Jaruzelski, declarou lei marcial em dezembro de 1981 como parte de um esforço para suprimir o movimento Solidariedade, Bartoszewski foi mais uma vez para a prisão, até sua soltura em abril seguinte.
Na época das eleições em 1989, que foram apenas parcialmente livres mas mesmo assim vistas como uma vitória do Solidariedade, Bartoszewski tinha 67, já passado da idade de se aposentar. Mas ele estava apenas começando, embarcando em sua nova carreira como diplomata — primeiro como embaixador na Áustria e depois como o ministro do exterior sob dois diferentes governos poloneses, em 1995 e novamente de 2000 a 2001.
Ele havia conseguido uma aposentadoria bem movimentada, escrevendo livros e participando de comissões, como o Conselho Internacional de Auschwitz, do qual é presidente. Mas o governo nacionalista do premiê Jaroslaw Kaczynski, e de seu irmão gêmeo, o atual presidente, Lech Kaczynski, o trouxe de volta à briga.
Ele se tornou um violento crítico e expressou-se contra eles antes das eleições em outubro passado. Mais tarde, o novo primeiro ministro ofereceu tornar Bartoszewski ministro do exterior novamente. Ele recusou em favor de seu ex-representante, Radek Sikorski, mas concordou em assumir um papel especial de consultoria.
“Decidi voltar apesar de minha idade por estar convencido de que algo poderia ser feito”, diz ele.
Fale com especialistas e observadores nas relações Polônia-Alemanha, e seu nome é invariavelmente o primeiro a aparecer nas discussões sobre o degelo no relacionamento surgido desde que o novo governo assumiu o posto no ano passado.
“É uma política pessoal completamente nova”, diz Gesine Schwan, seu colega e coordenador de relações alemãs-polonesas pelo governo alemão, e agora candidato à presidência pelos social-democratas.
Bartoszewski não mostra sinais de desacelerar, dizendo que planeja publicar cinco livros nos próximos anos, um dos quais contendo 100 biografias curtas de pessoas famosas que ele conheceu. Ele diz que seus muitos projetos o motivam a continuar trabalhando enquanto pode.
“O que mais alguém poderia pedir?” diz ele, antes de pegar sua bengala e se dirigir a uma reunião com o embaixador polonês na Alemanha e, depois nesta mesma tarde, com o chanceler da Alemanha, a própria Angela Merkel.
Fonte: New York Times/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL634368-5602,00-FIGURA+HISTORICA+DA+POLONIA+AGORA+TAMBEM+E+A+SUA+VOZ+DIPLOMATICA.html
Ele não parece um sobrevivente de Auschwitz ou ou combatente no levante de Varsóvia.
Wladyslaw Bartoszewski, ex-chanceler e hoje consultor do premiê, é isso e ainda mais.
NICOLAS KULISH
Do New York Times, em Gdansk
Uma presença inteligente e espirituosa, o cavalheiro alto e mais velho usando bengala não parece logo de cara um sobrevivente de Auschwitz, ou combatente no levante de Varsóvia, ou dissidente prisioneiro sob o comunismo.
Na verdade, Wladyslaw Bartoszewski é tudo isso e ainda mais. Ele ainda é o tipo de homem que, mesmo num dia atarefado, pára para conversar com as empregadas do hotel e certifica-se de fazê-las rir antes de retomar seu rumo.

O mundo não tem muitas probabilidades de produzir mais Wladyslaw Bartoszewski, e isso é provavelmente uma coisa boa, dados os eventos que ele atravessou e testemunhou desde muito novo. Mas enquanto sua vida parece ter sido forjada sob intenso sofrimento, isso nunca chegou a definir sua visão de mundo.
“Os otimistas e pessimistas têm vidas igualmente longas, mas os otimistas são consideravelmente mais felizes”, diz ele quando questionado sobre seu famoso bom humor.
Bartoszewski, 86, sustenta uma história pesadíssima com um toque de leveza. É um presente que permitiu a ele, numa idade em que sua geração já se aposentou ou morreu há tempos, ser um diplomata de sucesso pela Polônia, assim como uma fonte de autoridade moral.
“Não sei por quanto tempo mais viverei”, diz ele, bastante sincero numa entrevista. “Ninguém sabe. Posso dizer que meu plano é ajudar o governo pelo tanto que eu possa dizer que é necessário. Minha idéia é morrer em serviço, e não pela esclerose.”
Ele foi por duas vezes o ministro do Exterior de seu país e está trabalhando de novo como consultor do premiê, Donald Tusk.
Sua responsabilidade especial é por duas das mais complicadas relações de seu país, com a Alemanha e com Israel. Ele foi elogiado pelos dois países repetidamente por seu trabalho para melhorar os laços.
Mesmo assim ele permanece elegante e acessível em um grau impressionante. Ele usa sua história pessoal não como um bastão, mas como uma oportunidade para demonstrar seu carisma e compreensão.
“Estou mais ao lado das pessoas no meio do que dos extremistas,” diz ele. “A humanidade sofreu enormemente devido a ideologias extremistas, na Europa e por todo o mundo.”
E ele fez essa observação do alto de sua – infeliz - experiência. Nascido em Varsóvia em 1922, ele tinha apenas 17 anos quando participou na fracassada defesa de sua cidade natal quando os nazistas conquistaram a Polônia em 1939. Um ano depois, Bartoszewski estava entre muitos jovens católicos cercados e enviados a Auschwitz, e entre os poucos sortudos o suficiente para sobreviverem.
Libertado em 1941, foi trabalhar com a resistência. Ajudou a fundar a clandestina Zegota, ou Conselho de Apoio a Judeus, que oferecia dinheiro, esconderijos e identidades falsas para judeus poloneses tentando fugir do Holocausto. Tal assistência era punível com a morte sob a ocupação nazista. Em 1965, Bartoszewski foi nomeado um dos Justos Entre as Nações pelo Yad Vashem, o museu e memorial oficial de Israel sobre o Holocausto.
Depois da Guerra, a Polônia caiu na esfera soviética. Bartoszewski foi recompensado por seu trabalho para libertar seu país e impedir que outros cidadãos judeus fossem jogados novamente em prisões.
“Com 32 anos, eu havia passado oito em prisões e campos,” diz Bartoszewski.
Depois de sua libertação em 1954 – e no próximo ano reabilitado pelo regime – ele se tornou um jornalista de um jornal católico em Cracóvia, e posteriormente um professor na Universidade Católica e Lublin.
Ele novamente se viu envolvido em um movimento subversivo, desta vez uma rede de ensino chamada Universidade Voadora operando fora do sistema educacional sancionado oficialmente.
Quando o último líder comunista da Polônia, o Ggneral Wojciech Jaruzelski, declarou lei marcial em dezembro de 1981 como parte de um esforço para suprimir o movimento Solidariedade, Bartoszewski foi mais uma vez para a prisão, até sua soltura em abril seguinte.
Na época das eleições em 1989, que foram apenas parcialmente livres mas mesmo assim vistas como uma vitória do Solidariedade, Bartoszewski tinha 67, já passado da idade de se aposentar. Mas ele estava apenas começando, embarcando em sua nova carreira como diplomata — primeiro como embaixador na Áustria e depois como o ministro do exterior sob dois diferentes governos poloneses, em 1995 e novamente de 2000 a 2001.
Ele havia conseguido uma aposentadoria bem movimentada, escrevendo livros e participando de comissões, como o Conselho Internacional de Auschwitz, do qual é presidente. Mas o governo nacionalista do premiê Jaroslaw Kaczynski, e de seu irmão gêmeo, o atual presidente, Lech Kaczynski, o trouxe de volta à briga.
Ele se tornou um violento crítico e expressou-se contra eles antes das eleições em outubro passado. Mais tarde, o novo primeiro ministro ofereceu tornar Bartoszewski ministro do exterior novamente. Ele recusou em favor de seu ex-representante, Radek Sikorski, mas concordou em assumir um papel especial de consultoria.
“Decidi voltar apesar de minha idade por estar convencido de que algo poderia ser feito”, diz ele.
Fale com especialistas e observadores nas relações Polônia-Alemanha, e seu nome é invariavelmente o primeiro a aparecer nas discussões sobre o degelo no relacionamento surgido desde que o novo governo assumiu o posto no ano passado.
“É uma política pessoal completamente nova”, diz Gesine Schwan, seu colega e coordenador de relações alemãs-polonesas pelo governo alemão, e agora candidato à presidência pelos social-democratas.
Bartoszewski não mostra sinais de desacelerar, dizendo que planeja publicar cinco livros nos próximos anos, um dos quais contendo 100 biografias curtas de pessoas famosas que ele conheceu. Ele diz que seus muitos projetos o motivam a continuar trabalhando enquanto pode.
“O que mais alguém poderia pedir?” diz ele, antes de pegar sua bengala e se dirigir a uma reunião com o embaixador polonês na Alemanha e, depois nesta mesma tarde, com o chanceler da Alemanha, a própria Angela Merkel.
Fonte: New York Times/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL634368-5602,00-FIGURA+HISTORICA+DA+POLONIA+AGORA+TAMBEM+E+A+SUA+VOZ+DIPLOMATICA.html
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O centenário de Alexandre Altberg, o Niemeyer alemão
No Brasil desde 1931, ele assina algumas das primeiras construções modernistas do Rio e é tema de pesquisas
Roberta Pennafort
Há sete meses, o Brasil comemorou o centenário de seu maior arquiteto, Oscar Niemeyer. Uma semana atrás, outro nome importante do modernismo brasileiro também completou cem anos: Alexandre Altberg, alemão que chegou ao País em 1931 e assina
algumas das primeiras construções do estilo no Rio. Bem de saúde, ele acha graça do súbito interesse por sua trajetória: virou tema de documentário e estudos acadêmicos.
Quando Altberg deu vida a seus trabalhos mais importantes, de 1932 a 1936, Niemeyer - de quem lembra como "o rapazinho que trabalhava no escritório de Lúcio Costa" - ainda se iniciava na profissão. Com diploma de engenheiro-arquiteto, o alemão, que havia passado pelas salas de aula da lendária Bauhaus e trabalhara com Arthur Korn, um dos nomes de maior destaque da vanguarda de Berlim, nunca teve muito contato com ele.
No Rio, onde montou o 1º Salão de Arquitetura Tropical, tinha como amigos o poeta Manuel Bandeira, os pintores Lasar Segall e Guignard e o arquiteto Affonso Eduardo Reidy (construtor do Museu de Arte Moderna da cidade). A vinda ao Brasil com a família se deu pelo fato de serem judeus numa Alemanha em plena ascensão nazista. Os pais vieram antes e se instalaram em Ipanema, então pouco povoada.
Foi no bairro e em seus arredores (Leblon, Gávea) que Altberg construiu seus prédios e casas. Alguns foram demolidos no processo de verticalização da antiga capital federal. Os oito que permanecem de pé estão descaracterizados, como o da esquina das Ruas Humberto de Campos e Joana Angélica e os três prédios geminados da Paul Redfern, em Ipanema.
DOCUMENTÁRIO
As histórias de sua vida estão sendo registradas pela jovem cineasta alemã Inken Sarah Mischke, que se encantou com ele há dois anos e, nas três vezes em que foi a Marília (SP), onde Altberg passou a morar após se casar com a atual mulher, encontrou um senhor lúcido e bem humorado. Filmou também na Alemanha."Essa é uma história que precisa ser conhecida por alemães e brasileiros. Quero mostrar não só um retrato dele, mas o momento da chegada da modernidade ao Brasil." Antes dela, o arquiteto Pedro Moreira já se interessara por Altberg. Para a pesquisa de seu doutorado em História da Arquitetura, levantou a biografia dele e de outro arquiteto estrangeiro que viveu os primeiros momentos do modernismo brasileiro, o russo Gregori Warchavchic - foi dele a primeira casa no estilo da cidade, em Copacabana, em 1930.
Um ensaio seu sobre o até então desconhecido Altberg foi publicado num portal de arquitetura e o "revelou" a estudiosos. Moreira e o alemão começaram a se corresponder em 2003. Detalhe: o alemão usa sempre computador. Surpreendeu-se com sua memória prodigiosa. "É uma pessoa em paz com a vida", descreve o arquiteto, que está em Berlim por conta do doutorado e planeja dar início a um pedido de tombamento dos prédios. Além de seu trabalho, mais dois que contemplam Altberg estão sendo desenvolvidos: um, de um doutorando alemão que estuda em Viena; outro, de um estudante da Universidade Federal de Minas Gerais.
PRANCHETA
Ao contrário de Niemeyer, que se dedica ao ofício até hoje, o alemão largou a prancheta nos anos 40. E sofre com a deformação de seus projetos. "Isso me dói. É como se a gente tivesse perdido um parente."
Por outro lado, parece não dar importância ao fato de seu nome ter permanecido à margem da historiografia oficial - embora tenha tido presença marcante nos primeiros anos do modernismo brasileiro, como editor da Base - Revista de Arte, Técnica e Pensamento, considerada revolucionária para as artes gráficas no País e cujo artigo de abertura foi assinado por Mário de Andrade.
Para Moreira, isso se deu por sua condição num país que, em 1937, entraria na ditadura do Estado Novo. "Altberg chegou ao Rio num período crítico da história. O Brasil começava a ter de se posicionar contra a Alemanha, e os alemães eram perseguidos. Além disso, o anti-semitismo era algo muito enraizado", explica.
Fonte: Estadão
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080706/not_imp201328,0.php
Roberta Pennafort
Há sete meses, o Brasil comemorou o centenário de seu maior arquiteto, Oscar Niemeyer. Uma semana atrás, outro nome importante do modernismo brasileiro também completou cem anos: Alexandre Altberg, alemão que chegou ao País em 1931 e assina

Quando Altberg deu vida a seus trabalhos mais importantes, de 1932 a 1936, Niemeyer - de quem lembra como "o rapazinho que trabalhava no escritório de Lúcio Costa" - ainda se iniciava na profissão. Com diploma de engenheiro-arquiteto, o alemão, que havia passado pelas salas de aula da lendária Bauhaus e trabalhara com Arthur Korn, um dos nomes de maior destaque da vanguarda de Berlim, nunca teve muito contato com ele.
No Rio, onde montou o 1º Salão de Arquitetura Tropical, tinha como amigos o poeta Manuel Bandeira, os pintores Lasar Segall e Guignard e o arquiteto Affonso Eduardo Reidy (construtor do Museu de Arte Moderna da cidade). A vinda ao Brasil com a família se deu pelo fato de serem judeus numa Alemanha em plena ascensão nazista. Os pais vieram antes e se instalaram em Ipanema, então pouco povoada.
Foi no bairro e em seus arredores (Leblon, Gávea) que Altberg construiu seus prédios e casas. Alguns foram demolidos no processo de verticalização da antiga capital federal. Os oito que permanecem de pé estão descaracterizados, como o da esquina das Ruas Humberto de Campos e Joana Angélica e os três prédios geminados da Paul Redfern, em Ipanema.
DOCUMENTÁRIO
As histórias de sua vida estão sendo registradas pela jovem cineasta alemã Inken Sarah Mischke, que se encantou com ele há dois anos e, nas três vezes em que foi a Marília (SP), onde Altberg passou a morar após se casar com a atual mulher, encontrou um senhor lúcido e bem humorado. Filmou também na Alemanha."Essa é uma história que precisa ser conhecida por alemães e brasileiros. Quero mostrar não só um retrato dele, mas o momento da chegada da modernidade ao Brasil." Antes dela, o arquiteto Pedro Moreira já se interessara por Altberg. Para a pesquisa de seu doutorado em História da Arquitetura, levantou a biografia dele e de outro arquiteto estrangeiro que viveu os primeiros momentos do modernismo brasileiro, o russo Gregori Warchavchic - foi dele a primeira casa no estilo da cidade, em Copacabana, em 1930.
Um ensaio seu sobre o até então desconhecido Altberg foi publicado num portal de arquitetura e o "revelou" a estudiosos. Moreira e o alemão começaram a se corresponder em 2003. Detalhe: o alemão usa sempre computador. Surpreendeu-se com sua memória prodigiosa. "É uma pessoa em paz com a vida", descreve o arquiteto, que está em Berlim por conta do doutorado e planeja dar início a um pedido de tombamento dos prédios. Além de seu trabalho, mais dois que contemplam Altberg estão sendo desenvolvidos: um, de um doutorando alemão que estuda em Viena; outro, de um estudante da Universidade Federal de Minas Gerais.
PRANCHETA
Ao contrário de Niemeyer, que se dedica ao ofício até hoje, o alemão largou a prancheta nos anos 40. E sofre com a deformação de seus projetos. "Isso me dói. É como se a gente tivesse perdido um parente."
Por outro lado, parece não dar importância ao fato de seu nome ter permanecido à margem da historiografia oficial - embora tenha tido presença marcante nos primeiros anos do modernismo brasileiro, como editor da Base - Revista de Arte, Técnica e Pensamento, considerada revolucionária para as artes gráficas no País e cujo artigo de abertura foi assinado por Mário de Andrade.
Para Moreira, isso se deu por sua condição num país que, em 1937, entraria na ditadura do Estado Novo. "Altberg chegou ao Rio num período crítico da história. O Brasil começava a ter de se posicionar contra a Alemanha, e os alemães eram perseguidos. Além disso, o anti-semitismo era algo muito enraizado", explica.
Fonte: Estadão
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080706/not_imp201328,0.php
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Homem é preso por grafitar memorial do Holocausto
BERLIM - A polícia de Berlim afirmou que um homem foi preso depois de grafitar mensagens anti-semitas no Memorial do Holocausto em Berlim.
A declaração da polícia afirma que um segurança deteve um jovem de 28 anos intoxicado, originário da Alemanha oriental, na noite de terça-feira, quando ele grafitava quatro dos blocos do enorme memorial.
O segurança chamou a polícia.
Segundo a declaração emitida nessa quarta-feira, o homem grafitou "palavras e imagens, algumas das quais continham mensagens anti-semitas" nos blocos de concreto.
O memorial às mais de 6 milhões de vítimas judias do holocausto contêm mais de 2,700 blocos de concreto cinza e fica perto do Portal de Brandenburgo.
O memorial foi aberto ao público em 2005 e é facilmente acessível a qualquer horário.
Vandalismo foi documentado inúmeras vezes no memorial.
Fonte: AP/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/07/09/homem_e_preso_por_grafitar_memorial_do_holocausto_em_berlim_1428429.html
A declaração da polícia afirma que um segurança deteve um jovem de 28 anos intoxicado, originário da Alemanha oriental, na noite de terça-feira, quando ele grafitava quatro dos blocos do enorme memorial.
O segurança chamou a polícia.
Segundo a declaração emitida nessa quarta-feira, o homem grafitou "palavras e imagens, algumas das quais continham mensagens anti-semitas" nos blocos de concreto.
O memorial às mais de 6 milhões de vítimas judias do holocausto contêm mais de 2,700 blocos de concreto cinza e fica perto do Portal de Brandenburgo.
O memorial foi aberto ao público em 2005 e é facilmente acessível a qualquer horário.
Vandalismo foi documentado inúmeras vezes no memorial.
Fonte: AP/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/07/09/homem_e_preso_por_grafitar_memorial_do_holocausto_em_berlim_1428429.html
terça-feira, 8 de julho de 2008
Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 3)
Esta não é a única forma de história “revista” que Harwood tem utilizado para transformar os nazistas em apoiantes da emigração. Na tentativa de provar que os nazistas estavam interessados principalmente em uma transferência benigna da população, ele escreveu que o elemento central da plataforma do Conselho Nacional do Partido Socialista antes de 1933 era a emigração judaica para Madagascar. Na verdade a emigração dos judeus nunca foi incluída pelos nazistas na plataforma do partido antes de [108] 1933, e muito menos utilizada como um elemento central. (20) O Plano de Madagascar nunca foi mencionado como uma possibilidade até finais dos anos 30. O lema nazista era Juda Verrecke, "perecer Judá," e não "emigrar Judá". O pleno significado de Juda Verrecke não é encontrado em na tradução para o Inglês. É similar o “perecer” como "piolho - flagelo". (21) Líderes nazistas, entre eles, Josef Goebbels, Julius Streicher, e Hans Frank, freqüentemente descreviam os judeus como vermes e a necessidade de extermínio. Em 1929 Goebbels escreveu: "Certamente, o judeu é um ser humano. Mas então a pulga também está vivendo - só não são agradáveis. Uma vez que a pulga não é uma coisa agradável, não somos obrigados a mantê-la e deixar prosperar... É nosso dever, o de exterminar-la. A mesma coisa com os judeus". (22) Em um artigo na Völkischer Beobachter em 1921, Hitler descreveu os judeus como "insetos e piolhos sugadores de sangue do povo alemão para fora das suas veias." (23)
A alegação de que os nazistas estavam interessados na emigração judaica exemplifica o modo como os negadores desenham as mentiras acerca da verdade. Emigração foi efetivamente empregada pelos nazistas no fim dos anos trinta como um meio de eliminação dos judeus do Reich. De 1933 até 1939 vigorosamente os nazistas forçaram os judeus a emigrar, e mais de 300 mil, ou seja, aproximadamente 50 por cento da população judaica alemã, fizeram-na. Enquanto negadores utilizam esses dados para retratar os nazistas como benevolentes com a população envolvida em uma transferência, as verdadeiras intenções dos nazistas durante a década de 1930 foram brutalmente destruir a comunidade judaica alemã e, simultaneamente, semear as sementes do anti-semitismo no estrangeiro. Durante o período do pré-guerra este meio de criação de uma Alemanha era a Judenrein. O caos da guerra permitiu ou, como alguns alegam, forçou-os a passar de emigração para aniquilação. ** Mas, mesmo essa emigração - quando empregadas pelos nazistas como solução para o "problema" judeu no Reich - tinha intenções diabólicas. Um [109] memorando do Escritório de Relações Exteriores de 25 de janeiro de 1939, delineava o mais cínico dos aspectos do plano de emigração: "Os mais pobres e, portanto, a mais onerosa parte de imigrantes judeus para um país, absorvendo a eles, mais forte será a reação do país e mais favoráveis serão ao efeito do interesse da propaganda alemã." (24) Tal como os nazistas exportaram os sem dinheiro e desesperados judeus, eles também exportaram o anti-semitismo. Este foi, em parte, o motivo pelo qual eles despojaram os judeus de seus bens através das taxas de emigração cada vez mais onerosas. Até Janeiro de 1939, tinham sido totalmente excluídos da economia alemã. Na ocasião os líderes do Reich simplesmente tomaram os grupos de judeus e colocaram - fora das fronteiras da Alemanha - obrigando os seus vizinhos a ter de acomodar um grande grupo de imigrantes miseráveis. O mais conhecido destes incidentes tiveram lugar, na fronteira polaca, no final de outubro de 1938, na véspera da Noite de Cristal, em um pogrom anti-judaico de novembro de 1938 durante o qual centenas de sinagogas foram destruídas pelos nazistas e 26.000 judeus foram confinados em campos concentração. O mito da emigração - a idéia de que o objetivo inicial dos nazistas era se livrar dos judeus pela emigração - é facilmente refutado pelos documentos nazistas, jornais, revistas e deles mesmos, que estão repletos de declarações da alta cúpula dos líderes partidários e seus funcionários, atestando o seu objetivo final. O líder nazista, Dr. Robert Ley, articulou essas intenções em 1942, quando ele disse que não era o suficiente para "isolar o inimigo judeu da humanidade. Os judeus têm de ser exterminados." (25) Em seu depoimento em Nuremberg, Victor Brack, que esteve a cargo dos gaseamentos de 50.000 deficientes mentais, doentes crônicos e os judeus alemães no âmbito do programa de eutanásia de 1939 a 1941, reconheceu que, até março de 1941, não era nenhum segredo entre os maiores círculos do partido que os "judeus estavam sendo exterminados." (26) Em um artigo de maio de 1943 do semanário de Berlim Das Reich Goebbels anunciou: "o Fuhrer profetizou e está a ser cumprido com incontornável garantia de que se o mundo entrasse em outra guerra, esta iria causar a extinção da raça judaica." (27) Em outubro de 1943 Heinrich Himmler, o chefe da SS, disse para oficiais da alta cúpula em Posen que "nós tínhamos um dever moral para com nosso povo, o dever de exterminar esse povo [os judeus]." (28)
Com base nestes e em uma infinidade de outras declarações de líderes nazistas, incluindo do próprio Hitler em janeiro 1939 com a promessa para exterminar os judeus se repetisse outra guerra, não há dúvida que, embora a emigração fosse empregada para livrar a Alemanha da sua população judaica durante a década de 1930, depois veio a Polônia sob controle nazista e porções da União Soviética, com a sua grande população judaica, foram alvos a serem conquistados, se tornaram a própria aniquilação da política alemã.
[110] O anti-semitismo foi um aspecto tão fundamental do nacional-socialismo que até mesmo os mais criativos negadores não podem alegar que não existia. Assim, aquilo que eles não podem negar ou falsear, eles racionalizam. Já vimos isto na tentativa de retratar os judeus como espiões na Alemanha e partisans que mereciam qualquer condenação dada pelos nazistas. Harwood ampliou seu alcance. Ele interpretou que o anti-semitismo na Alemanha nazista era legítimo em resposta a ataques como ele chamou da "judiaria internacional". Ele argumentou que a declaração do líder sionista Chaim Weizmann em 1939, com a eclosão da guerra, os judeus seriam suportados pela Grã-Bretanha e lutariam ao lado das democracias, os judeus constituíam uma "declaração de guerra à Alemanha nazista e transformando-os em uma ameaça para a segurança da Alemanha. (29) Na realidade, Weizmann nunca mencionou a Grã-Bretanha, em sua declaração, mas falou das democracias em geral. Harwood adicionou a referência à Grã-Bretanha. Harwood insistiu que, sob os princípios do direito internacional Hitler tinha o direito de declarar a intenção de guerra do inimigo judeu devido a uma perseguição contra o Reich. Eles poderiam, portanto, ser legitimamente submetidos a uma política de internamento. Harwood ignorou o fato de que as políticas anti-semitas nazistas datavam de quase 7 anos do pronunciamento de Weizmann. A declaração de Weizmann foi uma resposta a estas políticas e não o contrário. Desde 1933 a Alemanha tinha excluído a maioria dos judeus e também suas profissões, sujeitaram a eles boicotes econômicos, encarceramento, violência física, e horrenda degradação. Esse processo foi seguido pela exclusão dos judeus nos termos da legislação de 1935 de Nuremberg [Leis de Sangue e Honra de Nuremberg], a destruição e a brutalidade da Noite dos Cristais, em 1938. Weizmann estava a falar como o líder de um povo apátrido que não estava em posição de custear uma guerra de qualquer tipo, contra uma nação independente e bem armada. (30) Ele era, afinal, um cidadão da Grã-Bretanha e a Palestina era um território britânico. Uma declaração de lealdade para com as democracias na sua guerra contra a Alemanha foi o mínimo que ele poderia fazer.
Esse truque para expressar o anti-semitismo nazista como uma resposta legítima a uma ameaça para a segurança da Alemanha poderia ter sido descartada se não fosse forma como foi adotada por proeminentes historiadores. O historiador alemão Ernst Nolte, cujos livros sobre o fascismo se tornaram clássicos históricos patrocinava o mesmo argumento referente à declaração de Weizmann, em sua tentativa de diminuir a responsabilidade das atrocidades nazistas na Segunda Guerra Mundial. Nolte foi o historiador mais proeminente na década de 80 com o que se tornou conhecido na Alemanha como a Historikerstreit, um esforço por parte de alguns historiadores, especialmente aqueles com tendências políticas conservadoras, a normalizar e relativizar a história do nazismo pelo período [111], alegando que muitas das políticas nazistas, incluindo a perseguição aos judeus, foram reações defensivas para estrangeiros e as ameaças não foram diferentes do que outros países já fizeram no passado.
domingo, 6 de julho de 2008
Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 2)
Tradução do livro Denying the Holocaust da Historiadora Deborah Lipstadt
Traduzido por Leo Gott
Ambas publicações consistentemente misturavam verdade com ficção, muitas aspas fabricadas, a título definitivo com mentiras abertas e informações parcialmente corretas. O modo de trabalho liberal do britânico ao parafrasear a publicação americana, indica que, em muitos casos Harwood [106] pode não ter ido para as fontes originais, mas simplesmente repetiu o que os americanos já haviam dito. * Os norte-americanos, por sua vez, tinham feito os seus próprios empréstimos contraídos a partir de outras negadores. Este empréstimo liberal não foi algo fora do comum para os negadores, tornou-se uma prática recorrer a outros negadores não só para as suas fontes, mas para verificação. Os argumentos básicos citados em ambos os trabalhos são baseados em materiais recolhidos em Rassinier, embora em certos casos eles vão ainda mais longe no seu extremismo. (13)
Estas vívidas publicações constituem exemplos da relação entre a negação Holocausto, o nacionalismo racista, e o anti-semitismo. Harwood queixou-se que a "grande mentira" do Holocausto estimulou o crescimento do nacionalismo, e que a tentativa da Grã-Bretanha ou qualquer outra nação européia de preservar a sua "integridade nacional", foi imediatamente marcada como neo-nazista. (14) Preservação da integridade nacional de uma nação tinha um significado específico para ambas as publicações. O “mito” do Holocausto ameaçou a “sobrevivência da própria raça”. Harwood fez eco de que os encargos extremistas no mundo anglo-saxão enfrentaram o mais sério perigo de sua história: a presença de "raças alienígenas", no seu seio. Unindo a negação do Holocausto com a defesa da "raça", ele argumentou que algo foi feito para travar a imigração e a assimilação de não-caucasianos, anglo-saxões foram determinantes à experiência e não só "alteração biológica" mas a "destruição" da Europa e sua cultura e herança racial. (15)
Este argumento - um elemento básico na ideologia da Frente Nacional - culpou os judeus pela engenharia racial e a degeneração nacional da Inglaterra, assim como a Europa como um todo. Pouco após a publicação do panfleto de Harwood, um líder Frente Nacional acusou os judeus de verter "bilhões" para promover a "mistura racial", a fim de enfraquecer a identidade nacionalista em todo o mundo, aumentando, assim, a possibilidade de sua própria dominação mundial. (16) De acordo com Harwood, os judeus têm utilizado o “mito” do Holocausto para preservar a sua herança e, ao mesmo tempo, tornaria [107] outros povos "impotentes" em suas tentativas de auto-preservação. (17) Na sua opinião, os judeus, que têm confiado ao seu formidável poder de manipulação, ter ceifado pessoal e ganhos comunitários a um custo substancial para o bem-estar e segurança de outras nações. (Não havia nenhuma dúvida que, obviamente, as nações que Harwood estava se referindo eram brancas.) Harwood queixou-se de que a qualquer momento se uma pessoa se atrevesse a correr para falar do problema, ele ou ela era marcado de racista, uma palavra de código nazista, e que era nazista, obviamente, sinônimo de um perpetrador do Holocausto. (18)
A introdução ao livro americano teve o mesmo propósito, argumentando que o “mito” do Holocausto tornou impossível para a América para lidar com o seu "esmagador problema de raça." O Holocausto tinha causado o nazismo a cair em descrédito, por conseguinte, para os problemas que provinham do "contato Negro-Branco" na mesma sociedade não poderia ser dirigida por aquilo que realmente foram: biológicos e políticos. Qualquer um que se atreve a fazê-lo foi acusado de defender "o racismo, o hall da marca nazista!" (19) Desde a década de 1960 o aumento da imigração de não-caucasianos na Europa, particularmente para a Grã-Bretanha e a França, a extrema-direita em cada um desses países tem articulado este estranho mélange de argumentos que tricotados juntos contra o racismo, a revitalização do fascismo, e a negação Holocausto. Na América do Norte tem sido patrocinada por uma matriz da direita -- grupos extremistas de direita. Dada a ligação entre estas duas ideologias, é lógico esperar que o "hoax" do Holocausto continue a ser um elemento fixo da ladainha de argumentos colocados à margem da sociedade por estes extremistas. A fim de reabilitar a reputação do nacional-socialismo, estas duas publicações tentaram provar que a intenção dos nazistas era "era e emigração, e não aniquilação". Primeiro eles alegaram que a solução final era nada mais do que um plano para evacuar todos os judeus a partir do Reich. Em seguida, eles tentaram dar a este plano de evacuação uma legitimidade histórica articulando-a com o nome do fundador do moderno movimento sionista, Theodor Herzl. Eles alegaram que os nazistas estavam simplesmente a tentar perceber que a meta inicial de Herzl era transferir todos os judeus para Madagascar. Herzl, na realidade, nunca abordou a questão de Madagascar. Em um ponto ele brevemente considerou Uganda como uma alternativa para a terra de Israel, mas deixou esta idéia quando se deparou com uma furiosa oposição de outros sionistas.
O que une neonazistas e extremistas islâmicos
(Foto)Neonazistas alemães consideram heróicos os atos da Al Qaeda
Radicais de direita e extremistas islâmicos têm inimigos comuns. Resta saber se isso pode levar a uma aproximação real desses grupos.
(Foto)Manifestação neonazista na Baviera, 2004
Logo após o 11 de setembro de 2001, os extremistas de direita da Alemanha, da Bélgica e da Holanda expressaram sua satisfação pelos atentados da Al Qaeda contra os Estados Unidos. Desde então, uma parte cada vez maior da opinião pública suspeita da existência de paralelos ideológicos entre os terroristas islâmicos e os extremistas de direita. E, de fato, existem pontos em comum.
Tanto extremistas de direita como radicais islâmicos rejeitam o Estado de direito democrático e as eleições diretas. Ambos encaram o capitalismo norte-americano, a ideologia de esquerda e o judaísmo como os seus piores inimigos. E gostariam de ver Israel desaparecer do mapa. Ambos acreditam que o "decadente Ocidente" está fadado ao fim, muito embora tenham visões diferentes sobre o que deve vir depois.
Extremistas de direita exigem umalei consuetudinária única, válida para todos; muçulmanos radicais têm uma visão muito parecida. Ao fantasiarem seus futuros atos heróicos, os neonazistas alemães – agrupados em pelo menos cem grupos em todo o país – não deixam de mostrar reverência aos atos terroristas da Al Qaeda e de outras organizações extremistas islâmicas.
"A famosa tagarelice dos racistas alemães"
(Foto)Estudantes iranianos repudiam manifestação de solidariedade de extremistas de direita alemães a presidente Ahmadinejad, 2006
A frustração dos neonazistas durante a última Copa do Mundo, em que a amizade entre os povos foi celebrada em todo a Alemanha com as cores da bandeira do país, se dissipou logo após os mísseis do Hisbolá atingirem Israel. A interpretação dos adeptos do Hisbolá, Hamas ou Hizb ut Tahrir, segundo a qual os mísseis teriam finalmente atingido em cheio Israel e conseqüentemente também os Estados Unidos, é compartilhada pelos idealizadores de um futuro "reino teuto-germânico racialmente puro", agrupados em torno de Horst Mahler, ex-terrorista da Facção do Exército Vermelho (RAF) e posterior ideólogo de extrema direita, do ativista Christian Worch, de Hamburgo, e do líder neonazista SS-Siggi Borchardt, de Dortmund.
Em seu entusiasmo pelo "fim próximo" do Estado de Israel, tão odiado por eles, alguns grupos neonazistas chegaram até a manifestar a disposição de contribuir com dinheiro para a realização desse objetivo. Só que a tentativa de restabelecer antigos contatos com fundamentalistas islâmicos não teve muito êxito. Uma das razões, segundo propagou o Hamas, seria a "famosa tagarelice desses racistas alemães".
(Foto)Manifestação de radicais islâmicos em Düsseldorf, 2000
O boato de que representantes do Hizb ut Tahrir gostariam de ter aceitado a proposta é muito questionável. Afinal, são justamente eles que têm que manter a mais absoluta discrição neste momento. E que os neonazistas e extremistas de direita tivessem conseguido reunir uma quantia que efetivamente valesse a pena, isso também é questionável. O que se comenta é que eles teriam preferido guardar tudo no próprio bolso.
Jürgen Hoppe (sm)
Fonte: Deutsche Welle
http://www.deutsche-welle.de/dw/article/0,2144,2150071,00.html
Radicais de direita e extremistas islâmicos têm inimigos comuns. Resta saber se isso pode levar a uma aproximação real desses grupos.
(Foto)Manifestação neonazista na Baviera, 2004
Logo após o 11 de setembro de 2001, os extremistas de direita da Alemanha, da Bélgica e da Holanda expressaram sua satisfação pelos atentados da Al Qaeda contra os Estados Unidos. Desde então, uma parte cada vez maior da opinião pública suspeita da existência de paralelos ideológicos entre os terroristas islâmicos e os extremistas de direita. E, de fato, existem pontos em comum.
Tanto extremistas de direita como radicais islâmicos rejeitam o Estado de direito democrático e as eleições diretas. Ambos encaram o capitalismo norte-americano, a ideologia de esquerda e o judaísmo como os seus piores inimigos. E gostariam de ver Israel desaparecer do mapa. Ambos acreditam que o "decadente Ocidente" está fadado ao fim, muito embora tenham visões diferentes sobre o que deve vir depois.
Extremistas de direita exigem umalei consuetudinária única, válida para todos; muçulmanos radicais têm uma visão muito parecida. Ao fantasiarem seus futuros atos heróicos, os neonazistas alemães – agrupados em pelo menos cem grupos em todo o país – não deixam de mostrar reverência aos atos terroristas da Al Qaeda e de outras organizações extremistas islâmicas.
"A famosa tagarelice dos racistas alemães"
(Foto)Estudantes iranianos repudiam manifestação de solidariedade de extremistas de direita alemães a presidente Ahmadinejad, 2006
A frustração dos neonazistas durante a última Copa do Mundo, em que a amizade entre os povos foi celebrada em todo a Alemanha com as cores da bandeira do país, se dissipou logo após os mísseis do Hisbolá atingirem Israel. A interpretação dos adeptos do Hisbolá, Hamas ou Hizb ut Tahrir, segundo a qual os mísseis teriam finalmente atingido em cheio Israel e conseqüentemente também os Estados Unidos, é compartilhada pelos idealizadores de um futuro "reino teuto-germânico racialmente puro", agrupados em torno de Horst Mahler, ex-terrorista da Facção do Exército Vermelho (RAF) e posterior ideólogo de extrema direita, do ativista Christian Worch, de Hamburgo, e do líder neonazista SS-Siggi Borchardt, de Dortmund.
Em seu entusiasmo pelo "fim próximo" do Estado de Israel, tão odiado por eles, alguns grupos neonazistas chegaram até a manifestar a disposição de contribuir com dinheiro para a realização desse objetivo. Só que a tentativa de restabelecer antigos contatos com fundamentalistas islâmicos não teve muito êxito. Uma das razões, segundo propagou o Hamas, seria a "famosa tagarelice desses racistas alemães".
(Foto)Manifestação de radicais islâmicos em Düsseldorf, 2000
O boato de que representantes do Hizb ut Tahrir gostariam de ter aceitado a proposta é muito questionável. Afinal, são justamente eles que têm que manter a mais absoluta discrição neste momento. E que os neonazistas e extremistas de direita tivessem conseguido reunir uma quantia que efetivamente valesse a pena, isso também é questionável. O que se comenta é que eles teriam preferido guardar tudo no próprio bolso.
Jürgen Hoppe (sm)
Fonte: Deutsche Welle
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O fantasma do extremismo de direita
(Foto)Cena neonazista cresce, alertam autoridades
Deputado alemão de origem turca é atacado por extremistas em bairro de Berlim conhecido pela concentração de skinheads. Autoridades apontam para crescimento da cena neonazista no país.
Giyasettin Sayan, membro da bancada do Partido de Esquerda na Assembléia Legislativa de Berlim, foi atacado na região leste da cidade por dois homens desconhecidos, que o espancaram e feriram com uma garrafa.
(Foto)Deputado Giyasettin Sayan: atacado nas ruas de Berlim
Sayan, de 56 anos, nasceu na Turquia e vive há quase 30 anos na Alemanha. Ele é o responsável no seu partido por questões relacionadas à migração. Os homens que o atacaram no bairro Lichtenberg gritaram ofensas de teor racista. O deputado encontra-se ainda hospitalizado, com traumatismo craniano e várias escoriações.
Impedir que o caldo se entorne
O caso só veio a acirrar o debate sobre o crescimento do extremismo de direita no país. Uma discussão revigorada nos últimos dias pelo ex-porta voz do governo Schröder, Uwe-Karsten Heye, que alertou turistas negros que vierem à Alemanha durante a Copa do Mundo a evitar determinadas regiões do país.
As declarações de Heye, que em primeira mão haviam desencadeado várias reações negativas, ganham cada vez mais manifestações de apoio no país. O governador de Brandemburgo, Matthias Platzeck, reviu sua posição contrária aos comentários de Heye e afirmou que o ex-porta voz do governo "tem razão ao dizer que há, principalmente no Leste alemão, problemas como racismo, extremismo e violência de direita".
(Foto)Müntefering: criação de frente de combate à xenofobia
Franz Müntefering, vice-chanceler federal, defendeu neste sábado (20/05) a formação de uma frente de combate à xenofobia no país. O político social-democrata afirmou que os partidos democráticos têm que impedir que "o caldo do extremismo de direita" se entorne no país. E até o Procurador Geral da República, Kay Nehm, entrou no debate para confirmar que "no Leste alemão há situações de ataques brutais, dos quais determinadas pessoas não escapariam ilesas".
Disseminação através da música
O Departamento de Proteção à Constituição anunciou um aumento do número de neonazistas no país (4.100) em relação ao ano anterior (3.800). Também o número de exrtremistas de direita aptos a praticar atos de violência subiu de dez mil para 10.400 militantes. O relatório oficial deverá ser apresentado pelo ministro do Interior, Wolfgang Schäuble, nesta segunda-feira (22/05).
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: CD distribuído em show de banda skinheadUm dos fatores de preocupação das autoridades é a disseminação da ideologia neonazista através da música, com o registro de nada menos que 142 bandas skinheads no país.
Em entrevista à emissora de televisão ARD, o vice-presidente do Conselho Central dos Judeus, Salomon Korn, denunciou o fato de que há no site de leilões e-bay uma ampla oferta de artigos com ícones de extrema direita, música produzida por neonazistas e até livros de adoração a Hitler.
Torcida pelo time iraniano
(Foto)Presidente iraniano Ahmadinejad em campo: apoio de skinheads pela negação do Holocausto
Além disso, segundo anuncia o semanário Der Spiegel, os extremistas de direita estão organizando torcidas pelo time do Irã durante a Copa do Mundo, como sinal de apoio à postura do presidente Mahmud Ahmadinejad de negação do Holocausto. Para isso, grupos de neonazistas anunciam pela internet uma marcha para o dia 21 de junho, a data em que a equipe do Irã joga contra Angola, em Leipzig, no Leste alemão.
A polícia deverá apelar às instâncias jurídicas para que manifestações neonazistas sejam terminantemente proibidas durante o Mundial. "Caso contrário, a polícia não terá condições, em termos de pessoal, de garantir a segurança durante a Copa", afirmou Konrad Freiberg, líder do sindicato de policiais ao Der Spiegel.
Assunto antigo
(Foto)Bairro Lichtenberg: concentração de neonazistas
O ataque ao deputado de origem turca e o medo das autoridades de perder o controle da situação durante a Copa do Mundo confirmam a pertinência das palavras do ex-porta voz do governo. Motivo de tanta controvérsia, seu alerta nem "dados novos" trouxe.
Como lembra o diário berlinense taz, "a imagem de Brandemburgo já está arranhada há muito tempo. Diversos guias turísticos internacionais, como Lonely Planet ou Time out Berlin, já aconselham que pessoas com aparência homossexual ou não-alemã devam evitar alguns bairros da periferia leste de Berlim e o Estado de Brandemburgo". Prova de que o problema está mais que evidente.
Fonte: Deutsche Welle
http://www.deutsche-welle.de/dw/article/0,2144,2027026,00.html
Deputado alemão de origem turca é atacado por extremistas em bairro de Berlim conhecido pela concentração de skinheads. Autoridades apontam para crescimento da cena neonazista no país.
Giyasettin Sayan, membro da bancada do Partido de Esquerda na Assembléia Legislativa de Berlim, foi atacado na região leste da cidade por dois homens desconhecidos, que o espancaram e feriram com uma garrafa.
(Foto)Deputado Giyasettin Sayan: atacado nas ruas de Berlim
Sayan, de 56 anos, nasceu na Turquia e vive há quase 30 anos na Alemanha. Ele é o responsável no seu partido por questões relacionadas à migração. Os homens que o atacaram no bairro Lichtenberg gritaram ofensas de teor racista. O deputado encontra-se ainda hospitalizado, com traumatismo craniano e várias escoriações.
Impedir que o caldo se entorne
O caso só veio a acirrar o debate sobre o crescimento do extremismo de direita no país. Uma discussão revigorada nos últimos dias pelo ex-porta voz do governo Schröder, Uwe-Karsten Heye, que alertou turistas negros que vierem à Alemanha durante a Copa do Mundo a evitar determinadas regiões do país.
As declarações de Heye, que em primeira mão haviam desencadeado várias reações negativas, ganham cada vez mais manifestações de apoio no país. O governador de Brandemburgo, Matthias Platzeck, reviu sua posição contrária aos comentários de Heye e afirmou que o ex-porta voz do governo "tem razão ao dizer que há, principalmente no Leste alemão, problemas como racismo, extremismo e violência de direita".
(Foto)Müntefering: criação de frente de combate à xenofobia
Franz Müntefering, vice-chanceler federal, defendeu neste sábado (20/05) a formação de uma frente de combate à xenofobia no país. O político social-democrata afirmou que os partidos democráticos têm que impedir que "o caldo do extremismo de direita" se entorne no país. E até o Procurador Geral da República, Kay Nehm, entrou no debate para confirmar que "no Leste alemão há situações de ataques brutais, dos quais determinadas pessoas não escapariam ilesas".
Disseminação através da música
O Departamento de Proteção à Constituição anunciou um aumento do número de neonazistas no país (4.100) em relação ao ano anterior (3.800). Também o número de exrtremistas de direita aptos a praticar atos de violência subiu de dez mil para 10.400 militantes. O relatório oficial deverá ser apresentado pelo ministro do Interior, Wolfgang Schäuble, nesta segunda-feira (22/05).
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: CD distribuído em show de banda skinheadUm dos fatores de preocupação das autoridades é a disseminação da ideologia neonazista através da música, com o registro de nada menos que 142 bandas skinheads no país.
Em entrevista à emissora de televisão ARD, o vice-presidente do Conselho Central dos Judeus, Salomon Korn, denunciou o fato de que há no site de leilões e-bay uma ampla oferta de artigos com ícones de extrema direita, música produzida por neonazistas e até livros de adoração a Hitler.
Torcida pelo time iraniano
(Foto)Presidente iraniano Ahmadinejad em campo: apoio de skinheads pela negação do Holocausto
Além disso, segundo anuncia o semanário Der Spiegel, os extremistas de direita estão organizando torcidas pelo time do Irã durante a Copa do Mundo, como sinal de apoio à postura do presidente Mahmud Ahmadinejad de negação do Holocausto. Para isso, grupos de neonazistas anunciam pela internet uma marcha para o dia 21 de junho, a data em que a equipe do Irã joga contra Angola, em Leipzig, no Leste alemão.
A polícia deverá apelar às instâncias jurídicas para que manifestações neonazistas sejam terminantemente proibidas durante o Mundial. "Caso contrário, a polícia não terá condições, em termos de pessoal, de garantir a segurança durante a Copa", afirmou Konrad Freiberg, líder do sindicato de policiais ao Der Spiegel.
Assunto antigo
(Foto)Bairro Lichtenberg: concentração de neonazistas
O ataque ao deputado de origem turca e o medo das autoridades de perder o controle da situação durante a Copa do Mundo confirmam a pertinência das palavras do ex-porta voz do governo. Motivo de tanta controvérsia, seu alerta nem "dados novos" trouxe.
Como lembra o diário berlinense taz, "a imagem de Brandemburgo já está arranhada há muito tempo. Diversos guias turísticos internacionais, como Lonely Planet ou Time out Berlin, já aconselham que pessoas com aparência homossexual ou não-alemã devam evitar alguns bairros da periferia leste de Berlim e o Estado de Brandemburgo". Prova de que o problema está mais que evidente.
Fonte: Deutsche Welle
http://www.deutsche-welle.de/dw/article/0,2144,2027026,00.html
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sábado, 5 de julho de 2008
Homem arranca cabeca de imagem de Hitler em museu de Berlim
Homem 'decapita' estátua de Hitler no museu Madame Tussauds de Berlim
Manifestante gritou 'Guerras, nunca mais!' antes de atacar o boneco de cera.
Representação do ditador em seus últimos dias de vida havia causado polêmica no país.
(Foto)Montagem mostra o local com (à esq.) e sem (à dir.) a estátua de Hitler. (Foto: Reuters)Um homem "decapitou" a figura de cera de Adolf Hitler no dia de abertura do museu de Madame Tussauds em Berlim, capital Alemã, informou a polícia neste sábado (5).
Minutos depois da abertura do museu de cera, um alemão de 41 anos empurrou dois guardas, foi até a figura e arrancou sua cabeça, aos gritos de "Guerra, nunca mais!", segundo a polícia.
Alertados, os policiais prenderam o homem, que não ofereceu resistência.
Segundo a polícia, o acusado mora no bairro de Kreuzberg, um lugar emblemático por seu multiculturalismo e porque seus habitantes costumam votar na esquerda.
Ele aparentemente queria protestar contra o fato de o boneco de Hitler fazer parte da exposição do museu, que provocou polêmica no país nos últimos dias.
O boneco de Hitler não pode ser tocado nem fotografado, segundo as regras impostas pelos responsáveis do museu.
O detido se aproximou do boneco de Hitler e, quando tentou tocá-lo, outro visitante foi impedi-lo, o que levou a uma briga entre os dois. Logo depois, funcionários do museu também tentaram barrá-lo, e um deles ficou ferido na perna.
Finalmente, o homem de Kreuzberg arrancou a cabeça do boneco de Hitler, antes de ser controlado pelo pessoal da segurança do museu.
A porta-voz do museu disse que o incidente não tinha como ser evitado. Ela não explicou se o boneco de Hitler, avaliado em 200 mil euros (mais de R$ 500 mil), voltará a integrar a exposição.
(Foto:AFP)Vigia do museu Madame Tussauds de Berlim guarda o local em que ficava a estátua de cera de Hitler, retirada depois de ter sido 'decapitada' por um visitante
Polêmica
A figura de cera de Hitler escondido em um bunker durante seus últimos dias de vida (ele se matou em 30 de abril de 1945 foi criticada e considerada de mau gosto pela imprensa e por políticos alemães.
Com ar derrotado, o "Führer" do museu berlinense tem um aspecto degradado em comparação a sua cópia mais jovial apresentada no museu Madame Tussauds de Londres.
Antes da abertura, a porta-voz do museu berlinense, Natalie Ruoss, defendeu a decisão: "está claro que queremos representar a história alemã. Seria difícil para nós excluí-lo. Queremos mostrar a realidade".
Os 74 outros personagens de cera do museu situado na avenida Unter den Linden, próximo à Porta de Brandeburgo e ao Memorial do Holocausto estão menos sujeitaoa controvérsia.
Os visitantes estrangeiros não terão dificuldades para reconhecer o sábio Albert Einstein, o compositor Ludwig van Beethoven, o chanceler Otto von Bismarck, o ex-goleiro da seleção alemã Oliver Kahn, o papa Bento 16 ou a atual chanceler alemã, Angela Merkel.
Fonte: Reuters/AFP/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL636860-5602,00-HOMEM+DECAPITA+ESTATUA+DE+HITLER+NO+MUSEU+MADAME+TUSSAUDS+DE+BERLIM.html http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters/cultura_gente_hitler_museu_pol
Manifestante gritou 'Guerras, nunca mais!' antes de atacar o boneco de cera.
Representação do ditador em seus últimos dias de vida havia causado polêmica no país.

Minutos depois da abertura do museu de cera, um alemão de 41 anos empurrou dois guardas, foi até a figura e arrancou sua cabeça, aos gritos de "Guerra, nunca mais!", segundo a polícia.
Alertados, os policiais prenderam o homem, que não ofereceu resistência.
Segundo a polícia, o acusado mora no bairro de Kreuzberg, um lugar emblemático por seu multiculturalismo e porque seus habitantes costumam votar na esquerda.
Ele aparentemente queria protestar contra o fato de o boneco de Hitler fazer parte da exposição do museu, que provocou polêmica no país nos últimos dias.
O boneco de Hitler não pode ser tocado nem fotografado, segundo as regras impostas pelos responsáveis do museu.
O detido se aproximou do boneco de Hitler e, quando tentou tocá-lo, outro visitante foi impedi-lo, o que levou a uma briga entre os dois. Logo depois, funcionários do museu também tentaram barrá-lo, e um deles ficou ferido na perna.
Finalmente, o homem de Kreuzberg arrancou a cabeça do boneco de Hitler, antes de ser controlado pelo pessoal da segurança do museu.
A porta-voz do museu disse que o incidente não tinha como ser evitado. Ela não explicou se o boneco de Hitler, avaliado em 200 mil euros (mais de R$ 500 mil), voltará a integrar a exposição.

Polêmica
A figura de cera de Hitler escondido em um bunker durante seus últimos dias de vida (ele se matou em 30 de abril de 1945 foi criticada e considerada de mau gosto pela imprensa e por políticos alemães.
Com ar derrotado, o "Führer" do museu berlinense tem um aspecto degradado em comparação a sua cópia mais jovial apresentada no museu Madame Tussauds de Londres.
Antes da abertura, a porta-voz do museu berlinense, Natalie Ruoss, defendeu a decisão: "está claro que queremos representar a história alemã. Seria difícil para nós excluí-lo. Queremos mostrar a realidade".
Os 74 outros personagens de cera do museu situado na avenida Unter den Linden, próximo à Porta de Brandeburgo e ao Memorial do Holocausto estão menos sujeitaoa controvérsia.
Os visitantes estrangeiros não terão dificuldades para reconhecer o sábio Albert Einstein, o compositor Ludwig van Beethoven, o chanceler Otto von Bismarck, o ex-goleiro da seleção alemã Oliver Kahn, o papa Bento 16 ou a atual chanceler alemã, Angela Merkel.
Fonte: Reuters/AFP/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL636860-5602,00-HOMEM+DECAPITA+ESTATUA+DE+HITLER+NO+MUSEU+MADAME+TUSSAUDS+DE+BERLIM.html http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters/cultura_gente_hitler_museu_pol
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 1)
Tradução do Capítulo VI do livro Denying the Holocaust da Historiadora Deborah Lipstadt.
Traduzido por Leo Gott
Negacao [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical
Traduzido por Leo Gott
Negacao [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical
No final dos anos 60 e 70, organizações neo-fascistas e partidos políticos na Europa Ocidental, especialmente na Inglaterra, cresceram em número e força. Esses grupos - que se opuseram com veemência à presença nos seus países de negros, asiáticos, árabes, judeus, e todos os não - imigrantes caucasianos - foram responsáveis pelo lançamento de uma série de violentos ataques contra imigrantes, minorias, e instituições judaicas. Na Inglaterra o neo-fascista Frente Nacional construiu a sua agenda política em oposição à imigração de africanos e do leste da Ásia e de países da Commonwealth. Em 1977 tiveram uma votação perto de um quarto de milhão de votos nas eleições nacionais.
Estes grupos, cuja ideologia abraçou o racismo, o etnocentrismo, e o nacionalismo, enfrentaram um dilema. Desde a Segunda Guerra Mundial, o nazismo, em geral e o Holocausto nomearam o fascismo como um nome ruim. Aqueles que continuaram a alegar depois da guerra que Hitler era um herói nacional e o socialismo era um sistema político viável, como esses grupos tendiam a fazer, foram olhados com revolta. Por conseguinte a negação do Holocausto se tornou um elemento importante na estrutura da sua ideologia. Se o público [104] pudesse ser convencido de que o Holocausto foi um mito e, em seguida, o relançamento do nacional-socialismo poderia ser uma opção viável.
Esse esforço para negar o Holocausto foi assistida materialmente pela publicação em 1974 – uma brochura de vinte e oito páginas - Did Six Million Really Die? (Seis Milhões Realmente Morreram?) A última verdade por Richard Harwood. Enviaram a todos os membros do Parlamento, a um amplo espectro de jornalistas e acadêmicos, aos principais membros da comunidade judaica, e a uma ampla gama de figuras públicas, e perto de dez anos foi considerado como o proeminente trabalho britânico sobre a negação do Holocausto. (1) Em menos de uma década, mais de um milhão de exemplares foram distribuídos em mais de quarenta países. (2) À primeira vista, parecia ser um sóbrio esforço acadêmico, muitos fora do círculo dos negadores confundiram as alegações feitas. Negadores continuamente o citavam como uma fonte fidedigna.
Dada a ampla distribuição do panfleto, houve significativa curiosidade do público sobre a identidade dos autores e editores. Richard E. Harwood foi descrito como um escritor especializado em aspectos políticos e diplomáticos da II Guerra Mundial e que estava "atualmente na Universidade de Londres." Não demorou muito para a imprensa britânica descobrir que isso era falso. A Universidade de Londres disse ao Sunday Times que Harwood não foi nem membro do pessoal e nem estudante e era totalmente desconhecido para ela, ela retornou todas as cartas para Harwood como: "Destinatário Desconhecido". (3) Na verdade Richard Harwood era o pseudônimo de Richard Verrall, editor da Spearhead, uma publicação da direita Britânica – ala neofascista da organização Frente Nacional. Did Six Million Really Die? Era idêntico em formato, layout, e impressão com a Spearhead. (4) Nem a Frente Nacional, nem Verrall negou que ele era o editor do panfleto. Em 1979 em uma carta para o New Statesman, Verral, que era graduado em História pela Universidade de Londres, respondeu a artigos sobre o Holocausto, reiterou base da argumentação do panfleto e se defendeu dos ataques contra as suas conclusões que tinham aparecido na imprensa britânica. Apesar da maior parte de suas conclusões já haviam demonstrado que eram falsas. (6) Ele não fez qualquer contestação da afirmação de que ele era o autor, apesar de no artigo do New Statesman ele foi especificamente identificado como tal. Sua carta para a revista foi descrita pelos editores como uma "grande simulação - acadêmico de letras" que recebeu da regularidade de Verrall.
Além de dissimular a verdadeira identidade do autor, os editores também tentaram camuflar a sua identidade. Embora a caderneta de endereços listados do seu editor, Historical Review Press, o endereço era [105] de uma construção abandonada cujo proprietário, a imprensa britânica descobriu se Robin Beauclair, um agricultor com ligações na Frente Nacional e de diversas outras organizações, todas elas estavam dedicadas à defesa da "pureza racial". (7) Questionado pela imprensa sobre a publicação, ele declarou que o Holocausto parte de uma rede de "propaganda judaica" e revelou o seu profundo e enraizado anti-semitismo. "Não sabem que vivemos sob dominação judaica? A grande mídia em sua totalidade é controlada pelo judeus. É tempo de nós, como povo britânico ditar nosso próprio destino."(8)
Não foi uma criação original, este trabalho foi, em grande parte baseado em um pequeno livro americano, chamado The Myth of the Six Million [O Mito dos Seis Milhões], publicado em 1969 pela Noontide Press, uma subsidiária da anti-semita Liberty Lobby. A publicação americana continha um prefácio do editor sem assinatura, e uma introdução de E.L. Anderson, identificado como um editor e contribuinte do American Mercury, que nessa altura tinha-se tornado um anti-semita. O editor anônimo aparentemente era Willis Carto, fundador da Liberty Lobby, Noontide Press, e do IHR (Institute for Historical Review). Carto tinha, como veremos em um capítulo posterior, longos e permanentes laços permanentes com uma ala de políticos dos Estados Unidos de Extrema Direita(Segundo os antigos associados de Carto, E.L.Anderson era um pseudônimo seu). (9) The Myth of the Six Million [O Mito dos Seis Milhões] também continha um apêndice composto de cinco artigos que inicialmente tinha aparecido na controlada de Carto – a American Mercury em 1967 e 68. Eles também incluíram os apêndices de "The Elusive 'Six Million,'" Barnes's "Zionist Fraud," Teressa Hendry's 'Was Anne Frank's Diary a Hoax?", "The Jews That Aren't," de Leo Heiman, "Paul Rassinier: Historical Revisionist," de Herbert C. Roseman, e as revisões do livro de Rassinier por Harry Elmer Barnes.
A publicação americana foi aparentemente escrita por David Hoggan, o Ph.D. de Harvard cujo trabalho tinha influenciado Harry Elmer Barnes. Em 1969 ele processou a Noontide Press por perdas e danos, alegando ser o autor de The Myth of the Six Million. (10) (Na introdução do livro o autor é descrito como um professor universitário que tinha escrito esta brochura em 1960, mas foi incapaz de obter um editor ousado o suficiente para assumir os riscos envolvidos. Ele alegou que não podia revelar sua identidade porque um dia ele iria querer se aposentar com uma boa pensão.)(11)
Estes grupos, cuja ideologia abraçou o racismo, o etnocentrismo, e o nacionalismo, enfrentaram um dilema. Desde a Segunda Guerra Mundial, o nazismo, em geral e o Holocausto nomearam o fascismo como um nome ruim. Aqueles que continuaram a alegar depois da guerra que Hitler era um herói nacional e o socialismo era um sistema político viável, como esses grupos tendiam a fazer, foram olhados com revolta. Por conseguinte a negação do Holocausto se tornou um elemento importante na estrutura da sua ideologia. Se o público [104] pudesse ser convencido de que o Holocausto foi um mito e, em seguida, o relançamento do nacional-socialismo poderia ser uma opção viável.
Esse esforço para negar o Holocausto foi assistida materialmente pela publicação em 1974 – uma brochura de vinte e oito páginas - Did Six Million Really Die? (Seis Milhões Realmente Morreram?) A última verdade por Richard Harwood. Enviaram a todos os membros do Parlamento, a um amplo espectro de jornalistas e acadêmicos, aos principais membros da comunidade judaica, e a uma ampla gama de figuras públicas, e perto de dez anos foi considerado como o proeminente trabalho britânico sobre a negação do Holocausto. (1) Em menos de uma década, mais de um milhão de exemplares foram distribuídos em mais de quarenta países. (2) À primeira vista, parecia ser um sóbrio esforço acadêmico, muitos fora do círculo dos negadores confundiram as alegações feitas. Negadores continuamente o citavam como uma fonte fidedigna.
Dada a ampla distribuição do panfleto, houve significativa curiosidade do público sobre a identidade dos autores e editores. Richard E. Harwood foi descrito como um escritor especializado em aspectos políticos e diplomáticos da II Guerra Mundial e que estava "atualmente na Universidade de Londres." Não demorou muito para a imprensa britânica descobrir que isso era falso. A Universidade de Londres disse ao Sunday Times que Harwood não foi nem membro do pessoal e nem estudante e era totalmente desconhecido para ela, ela retornou todas as cartas para Harwood como: "Destinatário Desconhecido". (3) Na verdade Richard Harwood era o pseudônimo de Richard Verrall, editor da Spearhead, uma publicação da direita Britânica – ala neofascista da organização Frente Nacional. Did Six Million Really Die? Era idêntico em formato, layout, e impressão com a Spearhead. (4) Nem a Frente Nacional, nem Verrall negou que ele era o editor do panfleto. Em 1979 em uma carta para o New Statesman, Verral, que era graduado em História pela Universidade de Londres, respondeu a artigos sobre o Holocausto, reiterou base da argumentação do panfleto e se defendeu dos ataques contra as suas conclusões que tinham aparecido na imprensa britânica. Apesar da maior parte de suas conclusões já haviam demonstrado que eram falsas. (6) Ele não fez qualquer contestação da afirmação de que ele era o autor, apesar de no artigo do New Statesman ele foi especificamente identificado como tal. Sua carta para a revista foi descrita pelos editores como uma "grande simulação - acadêmico de letras" que recebeu da regularidade de Verrall.
Além de dissimular a verdadeira identidade do autor, os editores também tentaram camuflar a sua identidade. Embora a caderneta de endereços listados do seu editor, Historical Review Press, o endereço era [105] de uma construção abandonada cujo proprietário, a imprensa britânica descobriu se Robin Beauclair, um agricultor com ligações na Frente Nacional e de diversas outras organizações, todas elas estavam dedicadas à defesa da "pureza racial". (7) Questionado pela imprensa sobre a publicação, ele declarou que o Holocausto parte de uma rede de "propaganda judaica" e revelou o seu profundo e enraizado anti-semitismo. "Não sabem que vivemos sob dominação judaica? A grande mídia em sua totalidade é controlada pelo judeus. É tempo de nós, como povo britânico ditar nosso próprio destino."(8)
Não foi uma criação original, este trabalho foi, em grande parte baseado em um pequeno livro americano, chamado The Myth of the Six Million [O Mito dos Seis Milhões], publicado em 1969 pela Noontide Press, uma subsidiária da anti-semita Liberty Lobby. A publicação americana continha um prefácio do editor sem assinatura, e uma introdução de E.L. Anderson, identificado como um editor e contribuinte do American Mercury, que nessa altura tinha-se tornado um anti-semita. O editor anônimo aparentemente era Willis Carto, fundador da Liberty Lobby, Noontide Press, e do IHR (Institute for Historical Review). Carto tinha, como veremos em um capítulo posterior, longos e permanentes laços permanentes com uma ala de políticos dos Estados Unidos de Extrema Direita(Segundo os antigos associados de Carto, E.L.Anderson era um pseudônimo seu). (9) The Myth of the Six Million [O Mito dos Seis Milhões] também continha um apêndice composto de cinco artigos que inicialmente tinha aparecido na controlada de Carto – a American Mercury em 1967 e 68. Eles também incluíram os apêndices de "The Elusive 'Six Million,'" Barnes's "Zionist Fraud," Teressa Hendry's 'Was Anne Frank's Diary a Hoax?", "The Jews That Aren't," de Leo Heiman, "Paul Rassinier: Historical Revisionist," de Herbert C. Roseman, e as revisões do livro de Rassinier por Harry Elmer Barnes.
A publicação americana foi aparentemente escrita por David Hoggan, o Ph.D. de Harvard cujo trabalho tinha influenciado Harry Elmer Barnes. Em 1969 ele processou a Noontide Press por perdas e danos, alegando ser o autor de The Myth of the Six Million. (10) (Na introdução do livro o autor é descrito como um professor universitário que tinha escrito esta brochura em 1960, mas foi incapaz de obter um editor ousado o suficiente para assumir os riscos envolvidos. Ele alegou que não podia revelar sua identidade porque um dia ele iria querer se aposentar com uma boa pensão.)(11)
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Debate ideológico marcou arte alemã no seculo 20
(Foto)Gerhard Richter: 'Mao, 1968'
Considerado degenerado pelos nazistas, o abstracionismo foi recuperado pela antiga Alemanha Ocidental, após a Segunda Guerra, enquanto a arte da antiga Alemanha comunista seguia o realismo socialista.
A partir da ascensão dos nazistas ao poder, em 30 de janeiro de 1933, artistas e intelectuais judeus ou oposicionistas foram sendo afastados dos cargos públicos. Adeptos da arte moderna foram obrigados a abandonar os museus.
(Foto)Catálogo de 'Arte Degenerada'
A Escola Bauhaus — um dos centros fundamentais de ensino e propagação do modernismo nas artes visuais e na arquitetura — foi fechada no mesmo ano, pouco após ter sido transferida de Dessau para Berlim.
Em detrimento da diversidade das tendências artísticas coexistentes no início do século 20, o Terceiro Reich impôs um neoclassicismo ideológico como padrão artístico e reprimiu o abstracionismo como "arte degenerada". Entartete Kunst: este era o título da exposição itinerante que aplicou às artes os preceitos da teoria racial nazista.
Em Munique, onde foi inaugurada em 1937, e nas outras cidades onde circulou, a exposição foi visitada por milhões de pessoas. O exílio dos judeus e da elite cultural crítica, o Holocausto e as destruições da guerra eliminaram a base humana e material do que fora a cultura alemã até então.
Arte abstrata realibitada
Com a divisão da Alemanha após o término da guerra, o Leste e o Oeste tentariam preencher, cada um a sua maneira, o vácuo deixado pelo nazismo. Na República Federal da Alemanha (RFA), o resgate das vanguardas repudiadas pelo Terceiro Reich parecia ser o ponto de partida ideal para um recomeço.
(Foto)Kassel, cidade da 'documenta'
Em sua primeira edição, a documenta, exposição qüinqüenal de arte contemporânea internacional realizada em Kassel desde 1955, foi um marco decisivo na reabilitação das correntes modernas na República Federal da RFA.
A arte abstrata não apenas representava algo absolutamente antagônico ao nazismo, mas também uma linguagem considerada universal e uma vertente dominante nos outros países ocidentais.
Além disso, o abstracionismo fazia jus ao ceticismo do pós-guerra em relação à representação da superfície do real, e em conseguinte à mimese figurativa, e possibilitava uma introspecção, à medida que era visto como a linguagem adequada à interiorização, capaz de tornar visível o invisível.
O abstracionismo do pós-guerra se distanciou das tendências mais geométricas das vanguardas e inaugurou uma tendência informalista que recusava regras de composição fixas e priorizava um traçado espontâneo e a livre combinação de ritmos e estruturas.
Realismo socialista contra a "ditadura do abstrato"
Na República Democrática Alemã (RDA), a preocupação durante o pós-guerra era estabelecer uma linguagem artística que respaldasse o novo Estado comunista. O realismo socialista encontrou base teórica na argumentação desenvolvida durante a década de 30, no contexto do debate stalinista sobre o formalismo das vanguardas.
(Foto)Realismo caracterizou arte da antiga Alemanha Oriental
Sua tônica era a condenação da pretensa motivação burguesa do expressionismo, do funcionalismo formalista da Bauhaus e da suposta alienação de outros movimentos de vanguarda.
Por conseguinte, a opção ocidental do pós-guerra também foi repudiada na RDA como "ditadura do abstrato" e "formalismo decorativo", traços supostamente incentivados pelos monopólios industriais, pelos Estados capitalistas e pelos mercados de arte das potências de ocupação da Alemanha Ocidental.
Em conformidade com o padrão soviético, no novo Estado no Leste alemão impôs-se o padrão de uma arte para as massas, não elitista, compreensível e próxima da vida e da realidade.
O realismo socialista, fundado na representação figurativa do progresso do socialismo e na heroicização da classe trabalhadora, determinou as artes de todos os países comunistas sob domínio soviético. Esta escola foi se tornando cada vez mais dogmática, a ponto de excluir artistas dissidentes.
Heterogeneidade de tendências
Na Alemanha Ocidental, já se fazia sentir uma ruptura no cenário artístico desde final dos anos 50, sobretudo em decorrência do questionamento do abstracionismo por outras correntes vindas dos EUA, como a pop art e o fotorrealismo, por exemplo.
(Foto)Joseph Beuys marcou arte alemã do século 20
Assim como em todo o contexto internacional, as artes alemãs durante a década de 60 foram marcadas por grande diversidade e heterogeneidade de tendências, mistura de gêneros e rápida interação entre arte e mídia.
A obra de Joseph Beuys, que teve uma influência marcante sobre as gerações seguintes, revela de maneira muito própria o destaque do individual, característico de todas as vertentes.
Apesar da diferenciação de gêneros a partir dos anos 60 e embora os radicais experimentos pictóricos desde as vanguardas até a década de 50 tenham levado a pintura a seus limites, algo muitas vezes diagnosticado como crise, foi nela que se revelou uma importante geração de artistas plásticos alemães, como Gerhard Richter.
Com telas neoexpressionistas, expoentes da tendência tipicamente alemã dos Neue Wilden (Novos Selvagens, termo derivado do fauvismo francês) destacaram-se no início dos anos 80. A partir de meados da mesma década, o pós-modernismo levou a uma individualização radical dentro das artes e à coexistência de linguagens informais, realistas e conceituais.
Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3143583,00.html
Considerado degenerado pelos nazistas, o abstracionismo foi recuperado pela antiga Alemanha Ocidental, após a Segunda Guerra, enquanto a arte da antiga Alemanha comunista seguia o realismo socialista.
A partir da ascensão dos nazistas ao poder, em 30 de janeiro de 1933, artistas e intelectuais judeus ou oposicionistas foram sendo afastados dos cargos públicos. Adeptos da arte moderna foram obrigados a abandonar os museus.
(Foto)Catálogo de 'Arte Degenerada'
A Escola Bauhaus — um dos centros fundamentais de ensino e propagação do modernismo nas artes visuais e na arquitetura — foi fechada no mesmo ano, pouco após ter sido transferida de Dessau para Berlim.
Em detrimento da diversidade das tendências artísticas coexistentes no início do século 20, o Terceiro Reich impôs um neoclassicismo ideológico como padrão artístico e reprimiu o abstracionismo como "arte degenerada". Entartete Kunst: este era o título da exposição itinerante que aplicou às artes os preceitos da teoria racial nazista.
Em Munique, onde foi inaugurada em 1937, e nas outras cidades onde circulou, a exposição foi visitada por milhões de pessoas. O exílio dos judeus e da elite cultural crítica, o Holocausto e as destruições da guerra eliminaram a base humana e material do que fora a cultura alemã até então.
Arte abstrata realibitada
Com a divisão da Alemanha após o término da guerra, o Leste e o Oeste tentariam preencher, cada um a sua maneira, o vácuo deixado pelo nazismo. Na República Federal da Alemanha (RFA), o resgate das vanguardas repudiadas pelo Terceiro Reich parecia ser o ponto de partida ideal para um recomeço.
(Foto)Kassel, cidade da 'documenta'
Em sua primeira edição, a documenta, exposição qüinqüenal de arte contemporânea internacional realizada em Kassel desde 1955, foi um marco decisivo na reabilitação das correntes modernas na República Federal da RFA.
A arte abstrata não apenas representava algo absolutamente antagônico ao nazismo, mas também uma linguagem considerada universal e uma vertente dominante nos outros países ocidentais.
Além disso, o abstracionismo fazia jus ao ceticismo do pós-guerra em relação à representação da superfície do real, e em conseguinte à mimese figurativa, e possibilitava uma introspecção, à medida que era visto como a linguagem adequada à interiorização, capaz de tornar visível o invisível.
O abstracionismo do pós-guerra se distanciou das tendências mais geométricas das vanguardas e inaugurou uma tendência informalista que recusava regras de composição fixas e priorizava um traçado espontâneo e a livre combinação de ritmos e estruturas.
Realismo socialista contra a "ditadura do abstrato"
Na República Democrática Alemã (RDA), a preocupação durante o pós-guerra era estabelecer uma linguagem artística que respaldasse o novo Estado comunista. O realismo socialista encontrou base teórica na argumentação desenvolvida durante a década de 30, no contexto do debate stalinista sobre o formalismo das vanguardas.
(Foto)Realismo caracterizou arte da antiga Alemanha Oriental
Sua tônica era a condenação da pretensa motivação burguesa do expressionismo, do funcionalismo formalista da Bauhaus e da suposta alienação de outros movimentos de vanguarda.
Por conseguinte, a opção ocidental do pós-guerra também foi repudiada na RDA como "ditadura do abstrato" e "formalismo decorativo", traços supostamente incentivados pelos monopólios industriais, pelos Estados capitalistas e pelos mercados de arte das potências de ocupação da Alemanha Ocidental.
Em conformidade com o padrão soviético, no novo Estado no Leste alemão impôs-se o padrão de uma arte para as massas, não elitista, compreensível e próxima da vida e da realidade.
O realismo socialista, fundado na representação figurativa do progresso do socialismo e na heroicização da classe trabalhadora, determinou as artes de todos os países comunistas sob domínio soviético. Esta escola foi se tornando cada vez mais dogmática, a ponto de excluir artistas dissidentes.
Heterogeneidade de tendências
Na Alemanha Ocidental, já se fazia sentir uma ruptura no cenário artístico desde final dos anos 50, sobretudo em decorrência do questionamento do abstracionismo por outras correntes vindas dos EUA, como a pop art e o fotorrealismo, por exemplo.
(Foto)Joseph Beuys marcou arte alemã do século 20
Assim como em todo o contexto internacional, as artes alemãs durante a década de 60 foram marcadas por grande diversidade e heterogeneidade de tendências, mistura de gêneros e rápida interação entre arte e mídia.
A obra de Joseph Beuys, que teve uma influência marcante sobre as gerações seguintes, revela de maneira muito própria o destaque do individual, característico de todas as vertentes.
Apesar da diferenciação de gêneros a partir dos anos 60 e embora os radicais experimentos pictóricos desde as vanguardas até a década de 50 tenham levado a pintura a seus limites, algo muitas vezes diagnosticado como crise, foi nela que se revelou uma importante geração de artistas plásticos alemães, como Gerhard Richter.
Com telas neoexpressionistas, expoentes da tendência tipicamente alemã dos Neue Wilden (Novos Selvagens, termo derivado do fauvismo francês) destacaram-se no início dos anos 80. A partir de meados da mesma década, o pós-modernismo levou a uma individualização radical dentro das artes e à coexistência de linguagens informais, realistas e conceituais.
Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3143583,00.html
Pintor Anselm Kiefer recebe Prêmio da Paz por cultuar o livro
(Foto)Anselm Kiefer no seu ateliê em Barjac, no sul da França
O alemão Anselm Kiefer é o primeiro pintor e escultor a receber o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão. Ao valorizar a forma do livro em sua obra, o artista aponta sua permanência como forma de transmissão de saber.
Em suas obras de arte, ele desenvolveu uma linguagem "que transforma o observador em leitor". Por meio de instalações que aludem a textos, ele tornou o livro um "suporte decisivo da expressão".
(Foto)'Livro com Asas', 1992–94
"Contra o derrotismo que se atreve a negar o futuro do livro e da leitura, seus fólios monumentais de chumbo parecem verdadeiros escudos de proteção." Foi com esta justificativa que o comércio livreiro alemão conferiu ao artista plástico Anselm Kiefer o Prêmio da Paz de 2008.
Nascido em Donaueschingen em 1945, Anselm Kiefer – um aluno de Joseph Beuys – vive desde 1993 na França. Suas obras monumentais, que colocam em evidência a materialidade do objeto de arte, tiveram uma recepção entusiástica sobretudo nos EUA.
Em suas imagens, Kiefer resgata elementos simbólicos e míticos da história alemã. Ao estabelecer um vínculo entre arte e mensagem política, ele sempre desencadeou muita discussão com seu trabalho.
Alemão e universal
Anselm Kiefer é um artista que sempre questionou se ainda seria possível haver artistas alemães, após o holocausto e a assimilação da tradição cultural e artística da Alemanha pelos nazistas.
(Foto)Anselm Kiefer
Filho de um professor de desenho, ele primeiro estudou, a partir de 1965, Direito e Letras Neolatinas antes de fazer o curso superior de Artes Plásticas em Freiburg e Karlsruhe. No início dos anos 70, ele se transferiu para Düsseldorf, onde trabalhou como aluno de Beuys.
Ao produzir encenações de personalidades de acordo com modelos históricos, como Adolf Hitler ou o rei Luís 2° da Baviera, Kiefer questionou naquela época as formas de culto do herói. Posteriormente, ele se dedicou a pinturas sobre madeira, nas quais resgatou a mitologia e ideologia da história alemã.
Com suas primeiras exposições em Nova York, Kiefer se tornou um artista cobiçado no mercado de arte internacional. A revista Time chegou a designá-lo "o melhor artista da sua geração dos dois lados do Atlântico".
Peso da matéria contra a efemeridade
A biblioteca de pesados fólios de metal, representada numa obra de 1991 intitulada Censo, é um forte símbolo do futuro do livro e uma visão crítica da efemeridade da mídia, da aceleração do tempo e da simultaneidade dos acontecimentos.
(Foto)'Lilith', 1987-89
Numa pintura de 1987-89, intitulada Lilith, o artista se deixou inspirar por uma visita a São Paulo e projetou uma visão apocalíptica do caos urbano e do colapso da comunicação.
No início dos anos 90, Kiefer abandonou a Alemanha e se transferiu para a França. Em 2007, sua obra teve grande destaque numa grande exposição no White Cube de Londres, numa retrospectiva no Guggenheim de Bilbao e em sua contribuição para a Monumenta, no Grand Palais de Paris.
Anselm Kiefer foi o primeiro pintor e escultor a receber o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão. A justificativa da premiação destaca que Kiefer apareceu no momento certo, "para reverter o ditame do abstracionismo descompromissado do pós guerra".
Fonte: Deutsche Welle/Agências(sm)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3388664,00.html
O alemão Anselm Kiefer é o primeiro pintor e escultor a receber o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão. Ao valorizar a forma do livro em sua obra, o artista aponta sua permanência como forma de transmissão de saber.
Em suas obras de arte, ele desenvolveu uma linguagem "que transforma o observador em leitor". Por meio de instalações que aludem a textos, ele tornou o livro um "suporte decisivo da expressão".
(Foto)'Livro com Asas', 1992–94
"Contra o derrotismo que se atreve a negar o futuro do livro e da leitura, seus fólios monumentais de chumbo parecem verdadeiros escudos de proteção." Foi com esta justificativa que o comércio livreiro alemão conferiu ao artista plástico Anselm Kiefer o Prêmio da Paz de 2008.
Nascido em Donaueschingen em 1945, Anselm Kiefer – um aluno de Joseph Beuys – vive desde 1993 na França. Suas obras monumentais, que colocam em evidência a materialidade do objeto de arte, tiveram uma recepção entusiástica sobretudo nos EUA.
Em suas imagens, Kiefer resgata elementos simbólicos e míticos da história alemã. Ao estabelecer um vínculo entre arte e mensagem política, ele sempre desencadeou muita discussão com seu trabalho.
Alemão e universal
Anselm Kiefer é um artista que sempre questionou se ainda seria possível haver artistas alemães, após o holocausto e a assimilação da tradição cultural e artística da Alemanha pelos nazistas.
(Foto)Anselm Kiefer
Filho de um professor de desenho, ele primeiro estudou, a partir de 1965, Direito e Letras Neolatinas antes de fazer o curso superior de Artes Plásticas em Freiburg e Karlsruhe. No início dos anos 70, ele se transferiu para Düsseldorf, onde trabalhou como aluno de Beuys.
Ao produzir encenações de personalidades de acordo com modelos históricos, como Adolf Hitler ou o rei Luís 2° da Baviera, Kiefer questionou naquela época as formas de culto do herói. Posteriormente, ele se dedicou a pinturas sobre madeira, nas quais resgatou a mitologia e ideologia da história alemã.
Com suas primeiras exposições em Nova York, Kiefer se tornou um artista cobiçado no mercado de arte internacional. A revista Time chegou a designá-lo "o melhor artista da sua geração dos dois lados do Atlântico".
Peso da matéria contra a efemeridade
A biblioteca de pesados fólios de metal, representada numa obra de 1991 intitulada Censo, é um forte símbolo do futuro do livro e uma visão crítica da efemeridade da mídia, da aceleração do tempo e da simultaneidade dos acontecimentos.
(Foto)'Lilith', 1987-89
Numa pintura de 1987-89, intitulada Lilith, o artista se deixou inspirar por uma visita a São Paulo e projetou uma visão apocalíptica do caos urbano e do colapso da comunicação.
No início dos anos 90, Kiefer abandonou a Alemanha e se transferiu para a França. Em 2007, sua obra teve grande destaque numa grande exposição no White Cube de Londres, numa retrospectiva no Guggenheim de Bilbao e em sua contribuição para a Monumenta, no Grand Palais de Paris.
Anselm Kiefer foi o primeiro pintor e escultor a receber o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão. A justificativa da premiação destaca que Kiefer apareceu no momento certo, "para reverter o ditame do abstracionismo descompromissado do pós guerra".
Fonte: Deutsche Welle/Agências(sm)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3388664,00.html
Ex-senador alemão diz ter praticado eutanásia em idosa
Ex-senador alemão diz ter praticado eutanásia em idosa
O ex-senador de Hamburgo (norte da Alemanha) Roger Kusch desafiou as leis do país ao admitir hoje ter ajudado uma idosa a morrer, contrariando a rígida proibição alemã sobre a eutanásia.
A Promotoria de Hamburgo abriu investigações sobre o caso, depois de o próprio Kusch comunicar que tinha auxiliado a morrer uma mulher de 79 anos, que, mesmo não estando gravemente doente, não queria continuar vivendo com medo de ir a um asilo.
A mulher, que morava em Würzburg (sul da Alemanha), tomou por conta própria um coquetel composto por remédios contra a malária junto com tranqüilizantes, disse Kusch.
O político afirmou que gravou previamente em vídeo uma entrevista da idosa, que explicava às câmeras sua firme vontade de morrer.
A Alemanha tem uma legislação muito rígida sobre a eutanásia, a qual incorre em homicídio assistido, cuja pena é de até cinco anos de prisão.
Teoricamente, é permitida a ajuda ao suicida, com a autorização de fornecer a ele a dose letal necessária, mas há a obrigação de prestar auxílio ao indivíduo imediatamente, pois, caso contrário, incorre-se em omissão de socorro, o que é crime.
Além disso, a eutanásia é, na Alemanha, um tabu, devido ao papel desempenhado por parte dos médicos durante o nazismo.
Estima-se que cerca de 200 mil pessoas morreram vítimas do programa da eutanásia do nazismo, entre doentes mentais, epilépticos e gente com doenças consideradas de origem genética.
Fonte: EFE(30.06.2008)
http://www.clicabrasilia.com.br/portal/noticia.php?IdNoticia=62191
O ex-senador de Hamburgo (norte da Alemanha) Roger Kusch desafiou as leis do país ao admitir hoje ter ajudado uma idosa a morrer, contrariando a rígida proibição alemã sobre a eutanásia.
A Promotoria de Hamburgo abriu investigações sobre o caso, depois de o próprio Kusch comunicar que tinha auxiliado a morrer uma mulher de 79 anos, que, mesmo não estando gravemente doente, não queria continuar vivendo com medo de ir a um asilo.
A mulher, que morava em Würzburg (sul da Alemanha), tomou por conta própria um coquetel composto por remédios contra a malária junto com tranqüilizantes, disse Kusch.
O político afirmou que gravou previamente em vídeo uma entrevista da idosa, que explicava às câmeras sua firme vontade de morrer.
A Alemanha tem uma legislação muito rígida sobre a eutanásia, a qual incorre em homicídio assistido, cuja pena é de até cinco anos de prisão.
Teoricamente, é permitida a ajuda ao suicida, com a autorização de fornecer a ele a dose letal necessária, mas há a obrigação de prestar auxílio ao indivíduo imediatamente, pois, caso contrário, incorre-se em omissão de socorro, o que é crime.
Além disso, a eutanásia é, na Alemanha, um tabu, devido ao papel desempenhado por parte dos médicos durante o nazismo.
Estima-se que cerca de 200 mil pessoas morreram vítimas do programa da eutanásia do nazismo, entre doentes mentais, epilépticos e gente com doenças consideradas de origem genética.
Fonte: EFE(30.06.2008)
http://www.clicabrasilia.com.br/portal/noticia.php?IdNoticia=62191
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