terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Yad Vashem anuncia identificação de 4 milhões de vítimas do Holocausto

JERUSALÉM — O museu do Holocausto de Israel (Yad Vashem) anunciou nesta terça-feira ter conseguido identificar dois terços dos seis milhões de judeus assassinados no genocídio nazista.

"Na última década, conseguimos acrescentar cerca de 1,5 milhões de nomes de vítimas ao banco de dados", indicou em um comunicado Avner Shalev, presidente do Yad Vashem, destacando que a listagem possui agora 4 milhões de nomes.

"Os alemães buscaram não apenas destruir os judeus, mas também apagar qualquer memória deles", estimou Shalev.

"Uma das principais missões do Yad Vashem desde sua fundação - a recuperação do nome e da história de cada vítima do Holocausto - resultou em esforços incansáveis para resgatar os nomes e identidades dos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas e seus cúmplices, tanto quanto possível", destacou.

De acordo com o museu, 2,2 milhões de nomes foram registrados através de depoimentos de amigos e familiares das vítimas, enquanto o resto foi apurado através de arquivos e da pesquisa de historiadores.

Entretanto, mais de dois milhões de nomes continuam perdidos, e encontrá-los é particularmente problemático em países do Leste europeu e da ex-União Soviética, além da Grécia, onde não há registros oficiais das comunidades judaicas ou das deportações.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5idP9B-9XbnajxdlblB-KeswDXl7w?docId=CNG.c1a215e9fdd51fb04e4cdd4bfa1102e2.371

domingo, 19 de dezembro de 2010

Nixon, Kissinger e o antissemitismo

Nixon e Kissinger - Casa Branca,
1972. Arquivo do NYT
Já havia saído durante a semana matérias sobre gravações de Richard Nixon onde fica claro o racismo e antissemitismo do mesmo em relação a judeus e negros, texto do Diário de Notícias(Portugal):
Gravações de comentários racistas do antigo presidente americano foram divulgadas pela Biblioteca Presidencial Nixon

Só que em matéria do dia 16 último do NYT (New York Times) vem com um destaque pro ultraje causado por comentários de Henry Kissinger na época de como seria a reação dos EUA ante a um ataque contra judeus na então União Soviética. Tradução minha do trecho:
Mas o inato antissemitismo de Nixon é uma velha história. O que faz muitas cabeças girarem é uma gravação de Henry A. Kissinger, seu conselheiro de segurança nacional. Escuta-se o Sr. Kissinger dizer a Nixon em 1973 que ajudar os judeus soviéticos a emigrarem e então escapar da opresssão de um regime totalitário - uma enorme questão da época — não “era um objetivo da política externa norte-americana.”

“E se eles pusessem judeus em câmaras de gás na União Soviética,” ele adicionou, “não é uma preocupação norte-americana. Talvez uma preocupação humanitária.”

Dono de livraria neonazi vai pra prisão

Pedro Varela terá que cumprir a condenação de um ano e três meses que a Justiça lhe impôs pelo delito de difusão de ideias genocidas.

Pedro Varela, o proprietário da livraria neonazi Europa, de Barcelona, ingressará à prisão nesta quinta-feira para cumprir a condenação de um ano e três meses de prisão que a Justiça lhe impôs pelo delito de difusão de ideias genocidas. Varela havia pedido a suspensão da mesma ao Tribunal Penal Número 15 de Barcelona, encarregado de executar a pena, mas este, finalmente, denegou-lhe, posto que o livreiro já foi condenado em 2008 a sete meses de prisão.

Varela explicou hoje que recebeu a ordem de ingresso na prisão na sexta-feira, quando já se encontrava fora aproveitando o feriado da Constitução, pelo que assegurou que na volta das férias comparecerá voluntariamente ao centro penitenciário que lhe corresponda. "É inenarrável que me condenem por editar livros. Eu só os vendo, não os edito", afirmou.

O propietário da livraria foi condenado a dois anos e nove meses de cárcere, mas mais tarde a Audiência de Barcelona lhe rebaixou a pena.
__________________________________________________________

Ultimamente o dono da livraria mais conflitiva de Barcelona havia sido notícia pelo assalto que sofreu por parte de uma veintena de pessoas durante a greve geral de 29 de setembro.

Então, Varela rotulou, em declarações à Europa Press, de ato lamentável e sustentou que os assaltantes disfarçam de greve o que é um ato de inimizade política.

Fonte: Publico.es/europapress.es(Espanha)
http://www.publico.es/espana/350640/el-dueno-de-una-libreria-neonazi-entra-en-prision
http://www.europapress.es/catalunya/noticia-propietario-libreria-europa-ingresara-semana-prision-enaltecimiento-genocidio-20101207171725.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Livraria neonazi é destruída em Barcelona

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Richard Overy - À beira do abismo

Faz apenas alguns dias que a Alemanha terminou de pagar as reparações devidas a outros países por conta da I Guerra Mundial. Hitler havia suspendido o pagamento da mesma em 1933 com a finalidade de dar a seu país o oxigênio necessário para o esforço armamentista que necessitava. Por outro lado, a crise atual tem uma de suas de bases na diferente estrutura econômica surgida da II Guerra Mundial. Com estes dados queremos dizer que "À beira do abismo" não é nem um pouco história morta, senão que segue sendo plenamente atual mais de setenta anos depois. (ler mais)

À beira do abismo conta com o ímpeto dos minutos de um partida de basquete os dez dias prévios ao começo da guerra declarada pelo Reino Unido e França contra a Alemanha pela invasão da Polônia.

Richard Overy não se alia a ninguém e acaba com tudo. Com fatos contrastáveis questiona quem teve a culpa da contenda mais além do evidente. Está claro que foi Hitler quem invadiu o corredor polonês (antes alemão) mas a atitude beligerante polonesa contribuiu decisivamente para falta de negociação sobre o assunto.

Em outro âmbito a posição diletante do Reino Unido por um lado, e a pacifista França permitiram que a invasão começasse primeiro e se frutificasse depois.

Queria Hitler uma guerra contra o resto da Europa? Sabia que o Ocidente lhe declararia guerra ou acreditava que tentariam negociar? Pensavam os ingleses e franceses que a Polônia era digna de que a defendessem ou foi tudo uma posição que lhes saiu mal?

Perguntas cuja resposta deve atender o leitor em função da informação bem documentada deste livro que contribui para clarificar o tema mais além dos demônios do fascismo, nazismo e comunismo.

Eletrizante, sem descanso nem respiração, este livro é um exemplo de história contada do melhor modo possível. Este "À beira do abismo" é o melhor livro de história deste ano.

Pepe Rodríguez

RESENHA da editora

Desde fins de agosto até começo de setembro de 1939, las chancelarias e governos das potências europeias viveram uma atividade frenética ante uma guerra perante todas as luzes era iminente e cujas consequências imprevisíveis mantinham apreensiva a Europa inteira. Desde há muito tempo, parecia evidente que Hitler queria recuperar a cidade alemã de Danzig, declarada «cidade livre» pelo Tratado de Versalhes e rodeada agora pelo território polonês. Enquanto o exército desse país se prestava a uma heroica defesa de suas fronteiras, o ditador alemão apenas se detinha a uma aparente firmeza de britânicos e franceses para cumprir seus compromissos de ajuda mútua com a Polônia; mas ante a opinião pública ocidental se alçava ao espectro do pacto entre Hitler e Stalin.

Nesta eletrizante obra, o prestigiado historiador Richard Overy reconstrói passo a passo a terrível guerra de nervos entabulada nos dias que precederam ao estouro do conflito, caracterizados pelas ameaças entre governos, o jogo estratégico de adivinhar até onde seria capaz de chegar o contrário e a crescente suspeita de que o mundo, à beira do abismo, afrontava um de seus momentos mais sombrios.

Ficha do livro(em espanhol)

NOTAS BIOGRÁFICAS (Overy, Richard)
Richard Overy nasceu em Londres em 1946. Doutor em história pela Universidade de Cambridge, é há vinte e cinco anos professor de história europeia contemporânea no Kings’s College de Londres. Escreveu mais de dez títulos relacionados com as origens e desenvolvimento da segunda guerra mundial. Na atualidade é considerado o maior especialista na história da Alemanha entre 1900 e 1945 e é sem dúvida um dos autores chave dentro da historiografia do século XX. Em "Ditadores", Overy demonstra como nos anos trinta do século passado se romperam definitivamente os diques da civilização que pareciam tão firmes às gerações anteriores.

Book Trailer de "À beira do abismo"(Al borde del abismo) - Richard Overy


Fonte: El Placer de la Lectura
http://www.elplacerdelalectura.com/2010/11/al-borde-del-abismo-richard-overy.html
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Alterações técnicas nas vans assassinas - Holocausto (Chelmno)

Tradução: Alterações técnicas nas vans assassinas.
Carta de Willy Just para o SS-Obersturmbannführer Walter Rauff, 5 de Junho 1942.

Assunto: Alterações técnicas para os veículos especiais já em operação e aqueles em produção.

Desde dezembro de 1941, por exemplo, 97 mil foram processados usando-se 3 vans sem nenhuma falha de desenvolvimento destes veículos. A bem-conhecida explosão em Kulmhof (Chelmno) deve ser tratada como caso especial. Foi causada por falha prática. Instruções especiais têm sido dadas aos escritórios competentes de forma a evitar tais acidentes. As instruções também são voltadas para assegurar um considerável aumento no grau de segurança.

Experiências operacionais indicam que as seguintes alterações técnicas são apropriadas...

2) As vans são normalmente carregadas com 9 a 10 pessoas por metro quadrado. Com as maiores vans especiais Saurer isto não é possível porque embora elas não se tornem sobrecarregadas, sua manobrabilidade é muito prejudicada. Uma redução na área de carga parece desejável. Isto pode ser alcançado pela redução do tamanho da van em cerca de 1 metro. A dificuldade referida não pode ser alcançada pela redução do tamanho da carga. Pois uma redução no número necessitaria de um período maior de operação porque o espaço livre teria que ser preenchido com CO2. Em contraste, uma área de carga menor que é completamente cheia requer um período de operação muito mais curto já que não há espaço livre...

3) A mangueira de conexão entre a exaustão e a van frequentemente enferruja porque ela é corroída internamente pelos líquidos que caem nela. Para prevenir isto a peça de conexão deve ser movida para o gás ser alimentado de cima para baixo. Isto prevenirá que líquidos caiam nela.....

4) A iluminação deve ser melhor protegida contra danos do que atualmente.... Têm sido sugerido que a iluminação deve ser dispensada porque alegadamente ela nunca é usada. Contudo a experiência mostra que quando a porta traseira é fechada e portanto se torna escura, a carga pressiona com força em direção à porta.... Isto torna difícil o fechamento da porta. Além disso, têm sido observado que o barulho sempre começa quando as portas são fechadas, presumidamente devido ao medo trazido pela escuridão. (Just)

Fonte: "Nazism: A History in Documents and EyeWitness Accounts, 191-1945", vol. 2, document 913
Colaboração e tradução: Antonio Freire

O texto em inglês também se encontra no link: Nazi Correspondence Regarding Gassing Vans (Jewish Virtual Library)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Poloneses e alemães constroem museu judaico no antigo Gueto de Varsóvia

Há exatos 40 anos, o então chanceler alemão Willy Brandt se pôs de joelhos diante do Memorial aos Heróis do Gueto de Varsóvia, em um gesto histórico. Hoje, um museu sobre história judaica é construído no mesmo lugar.

Projeto do novo museu,
na capital polonesa
A construção do Museu da História Judaica de Varsóvia é atualmente o projeto cultural mais caro em curso na Polônia, embora poucos saibam dele na vizinha Alemanha.

O museu está sendo construído no local onde ficava o Gueto de Varsóvia durante o período da ocupação nazista, bem perto do memorial para as vítimas do levante do Gueto de Varsóvia, em frente ao qual o então chanceler alemão Willy Brandt se colocou de joelhos 40 anos atrás, em 7 de dezembro de 1970. Foi um gesto inédito de humildade que se tornaria um marco nas relações entre alemães e poloneses.

Obrigação moral

Os primeiros planos para o museu começaram em 1994, quando o então presidente alemão Roman Herzog decidiu apoiar o projeto e supervisionou a criação de uma fundação para ajudar a financiar a instituição. Embora a ideia inicial tenha vindo da Polônia, o país não tinha na época os fundos necessários para o empreendimento.

"De repente, Roman Herzog deu apoio à ideia", lembra Josef Thesing, presidente da fundação. "Nossa instituição foi criada para tornar essa ideia realidade. Se não tivéssemos conseguido assegurar fundos desde o início, jamais a coisa teria acontecido."

Até agora, a fundação conseguiu captar cerca de 6 milhões de euros para o projeto cujos custos totais foram calculados em 90 milhões de euros e deverá ser inaugurado em 2013.

Gesto histórico de Willy Brandt
em Varsóvia
Thesing acha que a Alemanha tem responsabilidade moral de investir no museu. "Acho que podemos mostrar que existe uma Alemanha diferente agora", diz. "E, junto com os poloneses, hoje também nossos amigos na Comunidade Europeia, podemos trabalhar através do nosso passado em vez de renegar esse passado e olhar para um futuro comum de uma perspectiva única."

História judaico-polonesa começou no século 10

O caminho para o futuro nos conduz primeiro pelo passado. Apenas poucos poloneses sabem que a primeira menção conhecida ao seu país foi escrita em hebraico. As raízes da vida judaica na Polônia remontam ao século 10º, diz o sobrevivente de Auschwitz Marian Turski.

"Hoje há apenas uns poucos judeus na Polônia. Mas o judaísmo é parte da nossa história, da literatura. Hoje se nota um vácuo social, mas – aos poucos – o interesse por essas questões vem aumentando. Por isso, acreditamos que este será um dos museus mais visitados na Polônia", avalia Turski.

Foi Marian Turski que teve a ideia do museu no início dos anos 90. Hoje ele não apenas é presidente do Conselho de Museus, mas também preside o Instituto Histórico Judaico da Polônia.

Na visão de Turski, o museu tinha que ser edificado necessariamente diante do Memorial aos Heróis do Gueto de Varsóvia. "Como presidente do Instituto Histórico Judaico, por um longo período fui praticamente dono desse terreno. Estava claro para todos que não havia lugar melhor para se construir o museu", lembra.

Museu será marco de uma história difícil

"Com o início da construção, há pouco menos de um ano e meio, a história retornou àquele lugar", afirma Turski. Jerzy Halbersztadt, diretor fundador do museu, concorda com essa opinião e acredita que a instituição a ser inaugurada em 2013 será um marco para a difícil história da relação entre poloneses e judeus.

"Na verdade, tudo isso levou bastante tempo. Este museu é especialmente importante para a educação da população, porque o nacionalismo e a xenofobia tendem a retornar. A inauguração deverá servir como marco de uma mudança. Não mudará todo o país, mas poderá assinalar o desenvolvimento democrático nos últimos 20 anos", explica Halbersztadt.

A coleção do museu não vai abranger somente o período do Holocausto, mas deverá compreender os primórdios da história judaica na Polônia até os dias de hoje. Entre os capítulos mais dolorosos estão também o pogrom de Kielce, em 1946, o extremo antissemitismo no final dos anos 60 e o retorno gradual do judaísmo na Polônia pós-comunista.

"Nossa missão é alcançar aqueles que não entendem o que significa no mundo contemporâneo manter um diálogo aberto, revisitar a história, dizer a verdade sobre o passado, sendo ele bom ou não", afirma Halbersztadt. "Aqueles que ainda não estão convencidos disso hoje serão convencidos amanhã, tenho certeza."

Como diretor do museu, Halbersztadt espera que a instituição venha a atrair meio milhão de visitantes por ano. E cada um deles poderá contribuir para a formação de uma nova consciência histórica na Polônia.

Autor: Wolfram Stahl (md)
Revisão: Simone Lopes

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6302898,00.html

domingo, 12 de dezembro de 2010

Filme - Diário de um Skin (2005)

Seguindo e agradecendo o apontamento do Daniel, disponibiliza-se abaixo o vídeo do filme "Diário de um Skin"(2005), em espanhol, baseado no livro do jornalista Antonio Salas(pseudônimo) sobre o (sub)mundo neonazi na Espanha.

O filme baseado no livro homônimo, serve de referência para entender o fenômeno em questão, pois o padrão de ação desses bandos são muito parecidos apesar das diferenças nacionais e regionais, fora o absurdo da "transposição ideológica"(se é que há um termo apropriado pra explicar a bizarrice) de um movimento fascista de cunho alemão em sua origem, com toda simbologia original referente à Alemanha (do regime nazi), pra bandos de países de diferentes, com composições étnicas diversas, diferentes contextos históricas etc.

Há outro vídeo(que será colocado depois) de um pequeno documentário sobre o Antonio Salas e as filmagens originais desses bandos.

Mas voltando ao filme, o vídeo não tem legenda em português(pelo menos no Youtube) mas creio que pra quem fala português conseguirá assistir o vídeo sem 'tantos problemas' apesar das diferenças dos idiomas. O filme está dividido em 9 partes no Youtube, as demais partes seguem nos links abaixo do primeiro vídeo(referente à primeira parte), em sequência.



Diário de um skin - parte 2
Diário de um skin - parte 3
Diário de um skin - parte 4
Diário de um skin - parte 5
Diário de um skin - parte 6
Diário de um skin - parte 7
Diário de um skin - parte 8
Diário de um skin - parte 9

Extrema-direita sueca chega ao poder e país submerge em xenofobia

O retorno após duas décadas da extrema-direita ao Parlamento sueco nas eleições legislativas de setembro transformou a política do país, que ingressou na onda dos movimentos xenófobos do norte da Europa.

Depois do domínio efêmero da Nova Democracia (1991-1994), a Suécia vinha se mantendo à margem da onda de partidos xenófobos que ganhou força no resto da Escandinávia nos últimos anos, particularmente na Dinamarca e na Noruega.

Essa situação, no entanto, mudou quando o partido Democratas da Suécia obteve 5,6% dos votos e 20 das 349 cadeiras do Parlamento, e o que é mais relevante, fez com que a aliança de centro-direita do primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt perdesse a maioria absoluta.

A maior representatividade, no entanto, não rendeu à legenda nada até agora, já que Governo e oposição mantiveram sua promessa de isolar a extrema-direita, inclusive em questões mais polêmicas, como a presença militar no Afeganistão.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma leitura do fascismo

Crônica da ascensão dos totalitarismos do entreguerras e análise dos regimes de Hitler e de Mussolini, o ensaio de Robert O. Paxton descuida-se a atenção ante às ditaduras como a espanhola. De qualquer forma, uma magnífica descrição do fenômeno.

Em seu elogio do livro de Paxton, Ian Kershaw sublinha acertadamente o mérito principal do mesmo: não é uma obra a mais que gira em torno das explicações habituais do fenômeno fascista, senão um estudo original e estimulante, apoiado além disso em uma impressionante bibliografia no que concerne os casos alemão e italiano. Deveria acrescentar como correção que outros fascismos menores, consumados ou frustrados, não são abordados com o mesmo rigor. É o que acontece com o fascismo espanhol, apesar da busca de um apoio eficaz em Paul Preston e em Juan Linz. Dessa debilidade se ressente tanto o tratamento específico de cada um dos mesmos como o valor da reflexão do conjunto.

Paxton opta por se esquivar na entrada do exame da conceitualização do fascismo. Prefere deixar o tema para o final, uma vez que estudou sucessivamente os processos de criação dos movimentos fascistas, sua penetração em duas sociedades e regimes políticos em crises (Itália e Alemanha nos anos vinte e trinta), a tomada do poder por parte de Mussolini e de Hitler, a forma de exercício do mesmo e a dinâmica posterior até o ponto de chegada abrupto da guerra mundial. É um relato cheio de apreciações valiosas e cláusulas de cautela contra as interpretações esquemáticas. Talvez seja este o principal valor desta Anatomia do fascismo e o que a converte numa leitura inescusável para os interessados no tema. Uma vez ou outra, Paxton insiste corrigindo a visão mecânica dos fascismos como regimes totalitários em que as decisões de um par de líderes carismáticos determinam com exatidão milimétrica o funcionamento do sistema de poder e o comportamento dos agentes sociais. A cascata de advertências é em muitas ocasiões pertinente, ao sublinhar que é justamente a capacidade dos caudilhos fascistas para impôr suas decisões e seus objetivos a agregados complexos de poder político, social e econômico, o que favorece o sucesso de seu empreendimento.

Agora bem, a ponderação
há de ser neste ponto companheira inseparável da advertência, e prescindir da essência totalitária de tais regimes, como o soviético (Paxton segue fixando-se em Stalin e esquecendo Lênin), ou relativizá-la, acaba sendo um obstáculo para a explicação. Os atos de violência dos subordinados de Hitler, o antissemitismo extendido na sociedade alemã e o fracasso das tentativas de exclusão hão de se ter em conta na hora de entender a gênesis do Holocausto, o mesmo que antes em outros fatores ocasionais como o incêndio do Reichstag propiciam a eliminação do Estado de direito, por muito que sua dimensão normativa não fosse apagada do todo. Contudo, há suficientes elementos previamente comprováveis no projeto de Hitler, começando por "Minha Luta", como para crer que o incêndio do Reichstag ou a Noite dos Cristais precipitaram uma deriva para o extermínio que já se encontrava previamente desenhado. Não é só a adoção do ritual o que faz dos fascismos - e do comunismo soviético - ensaios de religiões políticas.

Conta sobretudo a fixação como objetivo central do forjamento de um homem novo, de acordo com as respectivas ideologias, e dessa dimensão teleológica, causa e não efeito, derivam aspectos básicos do processo de construção dos regimes fascistas, que quanto ao demais Paxton descreve admiravelmente.

ANTONIO ELORZA 01/10/2005

Livro: ANATOMÍA DEL FASCISMO
Em português: A Anatomia do Fascismo
Autor: Robert O. Paxton
Tradução de J. M. Álvarez Flórez
Península. Barcelona, 2005
366 páginas

Fonte: El País(Espanha)
Consulta em PDF da página do EL PAÍS, edição nacional, de terça-feira 7 de dezembro
http://www.elpais.com/articulo/ensayo/lectura/fascismo/elpbabens/20051001elpbabens_5/Tes Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Neonazismo - Entrevista com Antonio Salas

*O único jornalista que conseguiu infiltrar-se no movimento skinhead espanhol fala das ligações dos neonazis com o futebol, com a polícia, a música e a extrema-direita portuguesa. E como os jovens cabeças raspadas são usados por interesses mais altos. Leia aqui a entrevista na íntegra.

Diário de um skin... agora em Portugal

Luís Ribeiro, em Madrid / VISÃO nº 738 26 Abr. 2007

Antonio Salas não revela o seu verdadeiro nome nem destapa a cara para a foto. Sabe que a caça começará quando a sua identidade for pública. O jornalista viveu durante quase um ano no meio dos neonazis, como se fosse um deles, a gravar tudo com uma câmara oculta. O seu livro, Diário de Um Skin, foi esta semana editado em Portugal pela D. Quixote, depois de ter sido o maior best-seller em Espanha, em 2003. Ali se descreve um mundo de incoerências, em que latinos idolatram um Hitler que os consideraria sub-humanos. Em que o futebol se transforma num palco político e a prisão numa catapulta para a lenda. E onde se inspira ódio e expira violência.

P.De onde vem o ódio dos skins?
R.Do medo. Têm muito medo do que não conhecem e do que não compreendem: homossexuais, estrangeiros, outras raças. Mas esse é um ódio que tem de ser renovado constantemente, senão desaparece.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sobre comentários no blog

Repassando este aviso pois muita gente pode ter tido vontade de comentar no blog, e por não saber como postar com as opções da caixa de comentários, podem ter desistido de postar ao não terem se interessado em procurar como é que se posta neste tipo de espaço.

Na caixa de mensagens do blogger, a opção antiga permitia apenas postagens de:

1. quem tivesse uma Conta no Google(é simples de fazer, quem tiver uma conta no Gmail faz mais rápido ainda e pode postar conectado nela)
2. quem tivesse uma conta em algum desses sites/blogs: LiveJournal, WordPress, TypePad, AIM
E só. Além de haver moderação nos comentários(necessita de aprovação de algum moderador).

Agora quem quiser postar, mesmo sem ter uma conta em algum desses sites(e no Google), pode postar. Aparcerá isto na caixa de comentários(as opções):

1. Conta do Google
2. OpenID (LiveJournal, WordPress, TypePad, AIM)
3. Nome/URL (você põe seu nome e se quiser uma url de site pessoal etc)
4. Anônimo (esta opção deveria ser cortada, mas quando se libera tudo não há como cortar a opção anônimo).
Em resumo, não é porque a opção de "postar anônimo" aparece que todo comentário anônimo será aceito. Confesso que não sou muito "simpático" com esta opção e também com a opção de só pôr o nome. Se houver xingamento, provocação barata etc, provavelmente o comentário nem aparecerá na caixa de mensagens. Traduzindo: quem usar o espaço pra isso é melhor pensar duas vezes pois certamente dará uma viagem perdida.

Portanto, não há mais razão pra quem não tenha uma conta no Google ou em algum desses sites/blogs, não postar por conta dessa restrição nas opções da caixa de mensagem. Mas continua valendo as regras de etiqueta sobre agressões, racismo, provocações baratas e xingamento.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Livraria neonazi é destruída em Barcelona

Grupo não identificado ataca e destrói livraria neonazi em Barcelona

Um grupo de dezenas de pessoas, não identificadas, atacou e destruiu hoje a livraria Europa, em Barcelona (nordeste de Espanha), do neonazi Pedro Varela, que foi condenado à prisão por difundir obras dessa ideologia.

Os atacantes, muitos com as caras tapadas e que transportavam bandeiras negras, aproveitaram as manifestações devido à greve geral que está a decorrer hoje em Espanha, para atacar a loja, localizada no bairro de Gracia.

Além de destruir mobiliário e de deixar várias mensagens escritas nas paredes do estabelecimento, os atacantes lançaram para a rua livros, estátuas e bandeiras que estavam à venda no local.

O dono da livraria foi condenado em 1998 a cinco anos de prisão depois de uma rusga na livraria. Em 2008, a pena foi reduzida, depois do Tribunal Constitucional considerar que negar o genocídio não é delito.

O centro de Barcelona tem sido hoje palco de batalhas campais entre grupos antissistema e agentes policiais.

Os grupos aproveitaram as manifestações e piquetes que se realizaram devido à greve geral para queimar carros, incluindo um da polícia, e destruir mobiliário urbano.

Fonte: Ionline(Portugal)
http://www.ionline.pt/conteudo/80907-grupo-nao-identificado-ataca-e-destroi-livraria-neonazi-em-barcelona

Observação: eu ia postar essa matéria antes(matéria data do fim de setembro) só que não consegui achar os links. Antes tarde que nunca...
A livraria em questão só vende/vendia literatura de apologia ao nazismo/fascismo e negacionismo do Holocausto. O dono foi presidente de um grupo de extrema-direita, o CEDADE (Círculo Espanhol de Amigos da Europa) que servia de também como um 'espaço pra circulação' de toda extrema-direita da Europa, situado em Barcelona(Catalunha), Espanha. Era um dos maiores ou mais organizado grupo nazi(ou como eles se autodenominam 'nacional-socialistas') na Europa.

Ver mais:
Livraria neonazi foi destruída em Barcelona

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O CODOH precisa de dinheiro

O erroneamente nomeado "Comitê para o Livre Debate sobre o Holocausto" agora saúda os visitantes de seu site com um pedido de ajuda.

Screenshot(captura de imagem de tela) tirado esta manhã (clique para aumentá-lo):



Doações, alguém?

No dia que o CODOH começar a cumprir sua promessa de debate aberto e de troca de ideias livremente (duas coisas que estes "revisionistas" hipócritas temem tanto quanto vampiros à luz do sol), outras pessoas além dos odiadores de judeus e/ou viúvas/adoradores de Hitler poderiam estar dispostos a ajudar.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/11/codoh-needs-money.html
Texto(inglês): Roberto Muehlenkamp
Tradução: Roberto Lucena

Comentário: o título do post também poderia ser '"Revisionismo" em tempos de crise global', pois também seria adequado. Em todo caso, resta saber se a trupe fanática "revi", com sua verborragia habitual na rede, irá deixar seus gurus do Codoh minguarem junto com a indústria do negacionismo.

Ver também:
A implosão do CODOH

sábado, 27 de novembro de 2010

Museu de Auschwitz lançará site sobre o Holocausto

Berlim, Alemanha.- Um programa de estudos sobre o Holocausto e o antigo campo de extermínio de Auschwitz, estará online a partir de amanhã, quinta-feira, com informação confiável e completa desse episódio da Segunda Guerra Mundial.

Trata-se de um projeto piloto de ensino que tem por objetivo educar sobre a perseguição e o assassinato sistemático e organizado de milhões de judeus por parte do regime nazi, anunciou o Museu de Auschwitz.

Segundo o website do Museu, o programa - elaborado em colaboração com o Centro Internacional de Educação sobre o Holocausto e Auschwitz - está sendo desenhado para ajudar as pessoas a entenderem melhor essa passagem da história ante os desafios do mundo moderno.

Os conteúdos do programa, cuja primeira fase será na Polônia através de uma plataforma da web, dividem-se em duas partes, uma sobre o Holocausto e a outra sobre o campo de extermínio, construído durante a Segunda Guerra Mundial pela Alemanha nazi no sul da Polônia ocupada.

Ali, pereceram aproximadamente 1.1 milhão de homens, mulheres e crianças judias, incluindo uma grande maioria de diversos países da Europa, entre 1940 e 1945.

O projeto nasceu da necessidade de conhecimento confiável e completo, respaldado pela autoridade do museu sobre esse capítulo da história, já que “na internet há informação pouco confiável e falsa, ou com frequência incompleta”, pontualizou o Museu.

Fonte: Notimex/Provincia(México)
http://www.provincia.com.mx/24-11-2010/102647
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 1

In English: The Ustasha and Vatican's Silence - Part 1
Ler antes o texto observação, sobre os erros desta série:
A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 4 (Observação)

Os crimes dos ustashi croatas (NDH)

O OUTRO HOLOCAUSTO
O VATICANO E O GENOCÍDIO NA CROÁCIA


Pavelic e o arcebispo católico
de Zagreb A. Stepinac.

A maior parte das pessoas ignora que durante a Segunda Guerra Mundial se produziu outro genocídio, cuja brutalidade superou com acréscimo o visto em campos de concentração nazis. O assassinato de meio milhão de sérvios na Croácia já passou por direito próprio aos anais dos mais infames crimes contra a humanidade. O papel da Igreja Católica nesta tragédia não foi em absoluto menor.

Quando Adolf Hitler atacou a Iugoslávia em 6 de abril de 1941, ficou imediatamente evidente que a Wehrmacht contava com o apoio de grupos traidores dentro do Estado iugoslavo. O exército do país estava entre a espada e a parede, superado pela imensa maquinária de guerra alemã e apunhalado pelas costas por terroristas pró-nazis membros do Partido Ustasha, uma perigosa organização croata de extrema-direita. Inclusive os comandos de algumas unidades de maioria croata estiveram em conversações com os nazis, abrindo-lhes praticamente as portas do país. [01]

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