quinta-feira, 23 de maio de 2013

O fim da história para Claude Lanzmann (Documentário)

Vasco Câmara, em Cannes. 18/05/2013 - 15:20

Com Le Dernier des Injustes, um dos filmes mais aguardados em Cannes, o realizador do Shoah regressa aos campos nazis e ao debate sobre o papel que os judeus tiveram no seu próprio extermínio. Fora de competição.

Vídeo. O fim da história para Claude Lanzmann

O novo documentário inclui a entrevista ao
rabino Benjamin Murmelstein, feita em 1975 DR
O “climax da crueldade” da Solução Final chamou-se Theresienstadt, campo de concentração que o regime nazi vendia aos americanos, à Cruz Vermelha e aos judeus alemães como um “campo modelo”, cidade que o führer lhes doava. Na panóplia de instrumentos de crueldade, a mentira era uma forma de esconder o crime e de os próprios criminosos aceitarem, através da camuflagem da linguagem, o crime que iam cometer.

Dentro de Theresienstadt desenrolou-se uma “história louca”, a que o cineasta Claude Lanzmann, 87 anos, regressa com Le Dernier des Injustes, um “documentário magistral” que faz a capa da edição deste sábado do diário francês Libération, na véspera da sua apresentação no Festival de Cannes. Com o documentário de mais de três horas e meia o cineasta regressa a uma personagem que filmara em 1975 para o seu monumento de nove horas chamado Shoah: Benjamin Murmelstein, Grande Rabino de Viena durante a ocupação, que Adolf Eichmann, o chefe da logística de extermínio, nomeou em 1944 para liderar o Conselho Judeu do campo e executar os seus planos. Tudo numa invenção perversa do regime que obrigava os responsáveis de um gueto a executarem as ordens alemãs e, concretamente, a fazerem a lista dos deportados para o extermínio.

Muitos foram mortos nos campos, houve os que se suicidaram e os que, como Murmesltein, foram acusados no final da Guerra de colaboração, de terem negociado com o Diabo – antigos prisioneiros de Theresienstadt apontaram o dedo ao rabino. Julgado em 1946, considerado inocente, Murmesltein retirou-se para Roma, onde Lanzmann o entrevistou. Esse material, que não ficou na versão final de Shoah e foi entregue ao Museu do Holocausto em Washington, é a base de Le Dernier des Injustes (era a designação que Murmesltein dava a si próprio).

“Estive muito consciente das contradições selvagens em que se encontravam estas pessoas que não se tinham voluntariado para este trabalho, que tinham sido escolhidas pelos alemães que, quando não encontravam gente suficiente, as apanhavam na rua”, diz Lanzmann na longa entrevista ao jornal francês, que anuncia na capa “Lanzmann – um filme testamento”. “Quis mostrar que estes supostos colaboradores judeus não eram colaboradores. Eles nunca quiseram matar judeus, não partilhavam a ideologia dos nazis, eram uns infelizes sem esperança.”

Com Claude Lanzmann – e, tal como ele, contra o que escreveu a filósofa Hannah Arendt sobre a responsabilidade e colaboração dos judeus na sua própria morte – está Annete Wieviorka, especialista na história dos judeus no século XX. Diz ela no dossier do Libération: “A grande perversidade do nazismo foi confiar a administração de uma população aos que estavam destinados a ser assassinados.”

Le Dernier des Injustesé, concorda Lanzmann, uma forma de encerrar a sua história com o Holocausto, depois de Shoah, Sobibor, 14 Octobre 1943 (já um filme contra a ideia da passividade dos judeus perante a máquina de extermínio) ou Le Rapport Karski.

O dispositivo do novo documentário que o realizador leva a Cannes inclui a entrevista a Benjamin Murmelstein, feita em 1975, e imagens do cineasta hoje, nos lugares que já fizeram parte da sua odisseia, como Theresienstadt, cidade checa a uma hora de Praga. Para o Libération, o filme termina com um gesto simbólico de reabilitação: Lanzmann, ainda em 1975, nas ruas de Roma com Murmesltein, um abraço de afecto. É o fim da sua história.

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/cultura/noticia/o-fim-da-historia-para-claude-lanzmann-1594809

terça-feira, 21 de maio de 2013

Dominique Venner - Ensaísta francês de extrema-direita mata-se na Notre-Dame de Paris

Ensaísta francês de extrema-direita mata-se na Notre-Dame de Paris
AFP e PÚBLICO. 21/05/2013 - 18:05. (atualizado às 23:15)

Dominique Venner tinha 78 anos. Justificou o suicídio com a necessidade de "despertar as consciências adormecidas", mostrando-se contra a imigração.

A catedral de Notre-Dame foi esvaziada pela polícia PATRICK KOVARIK/AFP

Europa. França

O ensaísta e historiador de extrema-direita Dominique Venner, antigo membro da Organização Secreta Armada, matou-se na tarde desta terça-feira na catedral de Notre-Dame, em Paris.

De acordo com os media franceses, Venner, que tinha 78 anos, entrou na igreja, colocou-se atrás do altar e disparou um tiro na boca. Eram 16h. A catedral, uma das principais atracções turisticas da cidade, foi esvaziada e a polícia entrou para encontrar uma carta junto ao corpo.

Mais tarde, um outro ativista de extrema-direita leu numa rádio francesa uma mensagem deixada por Venner: "Sinto o dever de agir, enquanto ainda tenho força. Creio ser necessário sacrificar-me para quebrar a letargia que nos oprime. Escolhi um lugar altamente simbólico, que respeito e admiro. O meu gesto encarna uma vontade ética. Dou-me à morte para despertar as consciências adormecidas. Embora defenda a identidade de todos os povos em casa deles, insurjo-me contra o crime que visa substituir os nossas populações".

Esta manifestação anti-imigração já tinha também ficado evidente no blogue de Dominique Venner. No seu último post, publicado nesta terça-feira, escreveu um texto chamado "A manif de 26 de Março e Heidegger" em que diz que "os manifestantes [contra o casamento homossexual em França] têm razão em apregoar a sua impaciência . "A grande substituição da população da França e da Europa, como denunciou o escritor Renaud Camus, é um perigo verdadeiramente catastrófico para o futuro".

O texto diz que a França corre o risco de "cair nas mãos dos islamistas" e acusa todos os partidos à excepção da Frente Nacional (extrema-direita) de serem responsáveis por isso. "Desde há 40 anos que os políticos e os governos de todos os partidos (menos da Frente Nacional), com o patrocinio da Igreja, trabalharam activamente nesse sentido, acelerando por todos os meios a imigração afro-magrebina".

"São certamente precisos gestos novos, espectaculares e simbólicos, para agitar as sonolências, sacudir as consciências anestesiadas e reavivar na memória as nossas origens", escreveu o ensaísta.

Inicialmente, o suicídio de Venner foi associado a um protesto contra o casamento gay, mas o editor do ensaísta, Pierre-Guillaume de Roux, questionou imediatamente essa ligação: "Não acredito que o seu suicídio possa ser ligado ao casamento gay, isto vai muito mais além", disse à AFP Roux, acrescentando ter falado com o ensaísta por telefone na segunda-feira à noite para discutir a próxima obra deste, prevista para sair em Junho. Na sua opinião, o suicídio na Nôtre-Dame revela "uma essência simbólica extremamente forte que o aproxima a Mishima". A referência é ao escritor japonês Yukio Mishima, ligado à extrema-direita e ao movimento nacionalista nipónico, que se suicidou em 1970.

Venner foi paraquedista na guerra com a Argélia e, em 1962, escreveu o ensaio Pour une critique positive, que, segundo o Libération, foi importante para uma parte da extrema-direita, ao expor o que chamava de necessidade de refundação intelectual após o fim da guerra.

Pouco conhecido do grande público em França, mas muito respeitado na extrema-direita, o ensaísta foi autor de várias obras sobre a história (política e militar), armas de fogo e caça, destaca o Le Monde, acrescentando que Venner chegou a ser sondado para liderar a Frente Nacional, logo a após a sua criação, em 1972, posto que seria ocupado por Jean-Marie Le Pen.

Marine Le Pen, filha de Jean-Marie e actual dirigente da Frente Nacional, já reagiu no Twitter, qualificando este suicídio como "um gesto, eminentemente político, que deve ter tido o objectivo de despertar o povo francês".

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/ensaista-frances-de-extremadireita-matase-na-notredame-de-paris-1595084

Ver mais:
Dominique Venner, le père de l’extrême droite moderne, s’est suicidé (Droites Extremes, Le Monde, França)
Man kills himself inside Notre-Dame cathedral in Paris (BBC)
Far-right French historian, 78-year-old Dominique Venner, commits suicide in Notre Dame in protest against gay marriage (The Independent, Reino Unido)
Notre Dame Cathedral suicide by French writer Dominique Venner a 'gay marriage protest' (news.com.au, Austrália)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A extrema direita na Europa (parte 4): Jobbik aproveita a onda da desilusão (Hungria)

Jobbik aproveita a onda da desilusão (Texto de 1 abril 2010, de uma série de 7 textos sobre a extrema-direita na Europa, no presseurop.eu)
Komment.hu Budapeste

Membros do Jobbik e da Guarda Magiar em Budapeste
, a 23 de Outubro de 2009, no aniversário da revolta de
1956 contra a invasão soviética. AFP
Um ano após a sua participação nas eleições europeias, o partido Jobbik talvez continue a seduzir inúmeros eleitores nas próximas legislativas húngaras (11 e 25 de Abril). É muito provável que a formação populista, xenófoba, anticigana e nacionalista de Gábor Vona pese na formação do futuro Governo.
Balázs Ablonczy

As forças políticas que detiveram o poder na Hungria, nos últimos 20 anos, defraudaram cruelmente as esperanças dos eleitores. Os inúmeros filiados no partido Jobbik [nacionalista, cujo nome significa, ao mesmo tempo, "o mais à direita" e "o melhor"] são o resultado dessa decepção. Qual será o programa e a retórica deste partido?

Quando o vemos no YouTube, as expressões que os simpatizantes mais utilizam são "decepção" e "confio nele". Perante as câmaras, o adepto da extrema-direita afirma, de modo corajoso, que apoia este partido porque conhece bem o programa, que é inovador e muito bom. Retoma, assim, a deixa de um velho diálogo: o que é original não é bom e o que é bom não é original?

Em nome de um Estado forte

O alarmismo a propósito de fascistas e nazis, tão do gosto dos intelectuais de esquerda, já não se usa. O Jobbik não é um partido nazi. Porque o movimento de Gábor Vona não é um partido. São três partidos juntos.

Segundo as últimas sondagens, o partido obtém fortes apoios nas regiões do Leste da Hungria, cujos eleitores desejam um Estado forte, que resolva os problemas de ordem pública e as questões existenciais que se lhes colocam todos os dias, criando uma guarda que os defenda dos ciganos. Ainda assim, nenhum dirigente da Guarda Magiar [organização paramilitar do partido, proibida no final de 2009] nem do Jobbik explicou como é que os seus desfiles marciais, seguidos por gente corajosa, conseguiram solucionar fosse o que fosse relativamente à integração dos ciganos na Húngria. Também está por provar a necessidade de gente fardada: as missões da Guarda Magiar limitam-se, ao que parece, ao voluntariado e à defesa da população durante as cheias.

Fartos do capitalismo e da UE

Os simpatizantes do Jobbik incluem eleitores de base da direita radical, que abandonaram outros partidos de direita. Estes últimos são visivelmente influenciados pelo mito da invasão da Hungria pelos promotores imobiliários israelitas e estão fartos do capitalismo, da UE e dos governos em geral. Possuem uma força limitada.

Uma parte do grupo limita-se a dizer que os demais partidos radicais europeus são capazes de influenciar as políticas governamentais. Atribuem ao Jobbik uma tarefa pedagógica: quando estiverem no Parlamento, poderão pressionar o Fidesz [artido conservador, na oposição, a que as sondagens dão a vitória nas legislativas de 11 e 25 de Abril] e colocá-lo na "direcção certa". Mas nenhum dos seus modelos estrangeiros, nem o polaco PiS nem o austríaco FPÖ, se refere aos ciganos e aos judeus num tom tão violento, nem ao Holocausto de forma tão aberta como os fóruns oficiais e semi-oficiais do Jobbik. Nem Ján Slota, do Partido Nacional Eslovaco, se atreve a fazê-lo, apesar de ter ali à mão, para acicatar o ódio contra os estrangeiros, a minoria húngara do seu país.

Afinidades com o nacional-socialismo

A verdade é que há no Jobbik uma terceira facção, que não disfarça a simpatia pelo nazismo. A seus olhos, o partido é demasiado brando, mas eles são realistas. Até à data, o Jobbik conseguiu conciliar a admiração incompreensível pelo primeiro-ministro russo Vladimir Putin, cuja actuação é muitas vezes contrária aos interesses nacionais húngaros, e o desejo de que seja demolido o memorial aos soldados russos, na Praça Szabadság [Praça da Liberdade] de Budapeste.

Os simpatizantes do Jobbik, em suma, estão desiludidos com tudo, excepto com o Estado – apesar de o Estado, sobretudo ele, não ter brilhado nestes últimos anos. Mas como poderá funcionar bem nas mãos de um partido cujo objectivo é o confronto permanente? No fundo, o Jobbik não passa de um partido político. Enquanto tal, o mais certo é que seja permeável a casos de corrupção. Acabará por ser uma grande decepção, mais uma, para a maioria dos seus eleitores.

O roubo, a insegurança, a precariedade ou a impotência podem legitimar a raiva e a decepção. Será possível, no entanto, que consigam fundar uma estratégia política?
Links exteriores

Artigo original do Komment (húngaro)

Romênia
O extremismo húngaro não tem limites

Treinos intensos, aspecto guerreiro, reuniões clandestinas em sítios secretos, uniformes com dragonas, bandeiras húngaras, slogans revisionistas: com o Pelotão Sicula, é mesmo a sério. Depois da proibição da Guarda Magiar, milícia paramilitar da extrema-direita húngara, em 2009, um grupo de jovens siculas, a minoria de origem húngara na Transilvânia, decidiu pegar no testemunho. "O Pelotão Sicula é a falange romena da Guarda Magiar", aponta o Adevărul. "Somos siculas, não somos magiares nem romenos. Em comparação com a Guarda Magiar, somos uma espécie de associação amiga”, afirma Csibi Barna, 30 anos, líder do grupo. Para ele, “a independência dos siculas” é um objectivo pessoal e não um fim em si. Contudo, o grupo, composto essencialmente por jovens, não esconde a admiração pela Grande Hungria e quer fazer perdurar as tradições do seu povo. “Aqui, como na Hungria, perdem-se cada vez mais perante os novos hábitos ocidentais. Se desaparecerem, deixaremos de poder falar em nação húngara”, proclama um dos seus membros.

Fonte: Presseurop.eu (série A extrema direita na Europa, parte 4)
http://www.presseurop.eu/pt/content/article/223261-jobbik-aproveita-onda-da-desilusao

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Ultras (extrema-direita) à caça de ciganos e judeus (a ação do Jobbik na Hungria)

Na Hungria. Ultras à caça de ciganos e judeus
Pediram ao Parlamento para que se fizesse 'listas de judeus' porque representam 'um perigo para a segurança nacional'.
Por: Silvia Blanco, El País Internacional

Um seguidor do Jobbik, numa manifestação contra
o Congreso Mundial Judaico em 4 de maio em
Budapeste. / LASZLO BELICZAY (EFE)
Boa parte do oxigênio que a extrema-direita necessita para seguir bombeando ódio vem do escândalo e da provocação. O Congresso Mundial Judaico, que escolheu Budapeste para alertar sobre o crescente antissemitismo na Hungria, foi uma ocasião que o partido ultra Jobbik aproveitou para conseguir passar adiante suas teorias da conspiração. Foi na semana passada. Sabiam que não passariam desapercebido e que seu líder, Gábor Vona, discursara contra Israel ou que Márton Gyöngyösi, o deputado que em novembro pediu no Parlamento para que se fizesse 'listas de judeus' porque representam 'um perigo à segurança nacional', proclamasse ante 400 fiéis que: 'Nosso país está subjulgado ao sionismo. Colonizam-no enquanto nós, os nativos, só temos o papel de excedentes'.

Em apenas dez anos, o Jobbik - que significa Movimento para uma Hungria melhor - converteu-se em um dos partidos de ultradireita com mais sucesso na Europa, junto com o Aurora Dourada na Grécia: é a terceira força política na Hungria, tem 43 deputados em uma Câmara de 386 e três de seus membros sentam-se no Parlamento Europeu, com o detalhe de que são eurófobos. Uma de suas referências internacionais é o Irã. A retórica antissemita que usam não é, contudo, a que mais benefícios lhe dá. A grande obsessão do Jobbik são os ciganos - que representam cerca de 10% dos dez milhões de húngaros - que são para o Jobbik o que os imigrantes representam para os neonazis gregos e o resto da ultraidireita europeia.

O rechaço aos ciganos conecta melhor com os estereotipos que circulam na sociedae húngara, 'muito menos antissemita do que contrária aos ciganos', explica Péter Krekó, especialista em extrema-direita do think tank Political Capital de Budapeste. Tampouco poupam esforços em apontar seu discurso antissistema, separando-se do resto dos políticos proclamando-se 'os únicos que dizem a verdade, aqueles que rompem tabus e abordam diretamente a questão cigana'.

A crise econômica que sacode à União Europeia é um incentivo para que germinem este tipo de movimentos, mas essa é só uma parte da explicação. Jobbik já estava ali bem antes. Como assinala Krekó, 'as raízes de sua ascensão estão também na crise política e institucional da UE. Os partidos tradicionais perderam sua credibilidade', comenta, para acrescentar que, longe da imagem de pessoas frustradas e sem educação - que também existem - 'a base do Jobbik são jovens, homens, de classe média alta e muitos universitários'. A popularidade do partido é estável nas pesquisas, com um apoio similar ao que obteve em abril de 2010, dos 17% dos votantes.

O programa do Jobbik se baseia na segregação dos ciganos. Em seu escritório com vistas ao Danúbio no Parlamento de Budapeste, o deputado Márton Gyöngyosi debulhava o ideário do partido meses antes de pedir que se fizessem listas de judeus. Com seu perfeito inglês e bem vestido, comentava que pretendem 'separar as crianças ciganas em internatos para removê-los dos que os rodeiam: das influências de seus pais, mas sobretudo daqueles da comunidade (cigana), que é desanimadora'.

Ou seja, como explica Krekó, 'querem meter os ciganos em campos de "reeducação"'. O Jobbik os apresenta como uma comunidade incapaz de se integrar à sociedade, como vagos que vivem só de subsídios, sem educação e destinados a ter filhos de maneira irresponsável. Isto num contexto no qual, como nota Gyöngyösi, a 'natalidade dos húngaros [os ciganos, pelo visto, não o são] é catastrófica'.

O Jobbik culpa com exclusividade os ciganos de um tipo de delito, relacionado com furtos e o uso de navalhas. Ainda que seja um conceito anterior à existência do partido, isto lhe dá visibilidade. Esta ideia está na base da criação da Guarda Húngara, uma organização vinculada ao Jobbik formada por civis uniformizados que se dedicava a patrulhar os povoados para aterrorizar os ciganos. Ainda que tenha sido proíbida em 2009, seus restos dispersos seguem atuando. O último incidente sonoro ocorreu em Miskolc quando em outubro passado se reuniram 3000 seguidores do Jobbik com tochas nos bairros ciganos.

Um dos riscos mais inquietantes dos movimentos extremistas é sua capacidade de distorção da política de um país. Porque, ainda que tenham pouco poder em relação ao número de deputados, tentam condicionar a agenda dos partidos maiores. Na Húngria haverá eleições em 2014. Fidesz, o partido conservador de Viktor Orbán, compartilha com o Jobbik o discurso ultranacionalista e, como conta Krekó, 'as críticas aos bancos e a ideia de que os políticos europeus conspiram contra a Hungria'.

Mas o Fidesz não é antissemita. Orbán se vangloria em condenar esta atitude em seus discursos e organiza atos para comemorar o Holocausto. Contudo, não menciona o Jobbik ante os líderes judeus quando estes denunciaram o crescente antissemitismo. Fidesz não criticou o enaltecimento, em todo país, do ditador Miklós Horthy, responsável último da deportação a Auschwitz de meio milhão de (judeus) húngaros. O governo incluiu, no ano passado no programa educativo, dois autores filonazistas e concedeu um prêmio de jornalismo a um reconhecido antissemita e depois pediu a ele que o devolvesse. Estas contradições podem responder ao fato de que o Fidesz, com a popularidade muito minguada desde que obtivera uma grande maioria de dois terços em 2010, está preocupado com a força do Jobbik.

Por: Silvia Blanco, El País Internacional

Fonte: El País/El Espectador.com
http://www.elespectador.com/noticias/elmundo/articulo-421730-ultras-caza-de-gitanos-y-judios
http://internacional.elpais.com/internacional/2013/05/12/actualidad/1368388706_483405.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
The shadow of anti-semitism falls on Europe once more as Hungary's far-fight Jobbik party protests against World Jewish Congress meeting in Budapest (The Independent, Reino Unido, dia 05.06.2013)

Observação: muito frequentemente eu traduzo (quando não encontro texto em português) matérias de jornais (ou revistas) de fora com o tema do blog, esta matéria saiu no dia 12 de maio último no jornal El País da Espanha conforme link acima, reproduzido no Elespectador.com, também de língua espanhola. Esta tradução foi feita entre os dias 12, 13 e 14 só que só publicada no dia 15. Pra minha surpresa, quando coloco o termo Jobbik e judeus na busca encontro textos com o mesmo título e quase a mesma tradução, sem indicação da fonte do jornal El País. Se esta matéria é de outra Agência de Notícia, então o erro foi do El País, mas a matéria acima que li foi do dia 12 de maio. Eu não quis usar o termo ultras (por não ser usual) e coloquei "extrema-direita".

Por isso fica o aviso, eu não coloco texto de sites e jornais brasileiros sem indicação de fonte, li esta matéria originalmente no Elespectador.com e no El País no dia 12 de maio, e é estranho não citarem o El País nas traduções. Por conta dessas coisas e de outros comportamentos não citados nesta observação, tenho evitado usar jornais e sites brasileiros sobre estes assuntos (fascismo, extrema-direita, nazismo, neonazismo e afins), pois além desses problemas eventuais mencionados, a mídia brasileira costuma ser bem rasa e sensacionalista com estes assuntos, meio que pra chocar o público, em geral não explicam a origem do problema e/ou retratam-no de forma banal, isto pra não listar mais problemas. E nem precisaria adicionar (mas faço questão de citar) como o povo vê hoje o nível da mídia brasileira: de mal a pior.

sábado, 11 de maio de 2013

Os mischlinge e os soldados negros franceses

Segue abaixo um trecho importante do livro "Os Soldados Judeus de Hitler", de B. M. Rigg, livro que fala sobre o problema dos Mischlinge no regime nazi. A passagem fala sobre o tratamento recebido quando alguns oficiais recebiam a informação que determinado soldado era Michlinge, mas a passagem também cita o relato de um Mischling falando do tratamento dado a soldados negros franceses prisioneiros, tema abordado aqui (Resenha do livro "As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940"). Ler mais sobre o assunto na tag.

Trecho:
A dispensa do meio judeu às vezes era traumática. alguns sofreram séria humilhação. o comandante de Wolfgang Jordan fê-lo sair da formação, com toda a companhia em posição de sentido, e explicou que ele estava sendo dispensado por ser racialmente inferior. O comandante completou a papelada, e Jordan deixou sua unidade poucas horas depois, devastado pela humilhação pública. Richard Riesse foi mandado para casa, em Viena. Ali, primeiro teve de ir a uma repartição da SS, onde mediram sua cabeça e outras partes do corpo. deram-lhe um atestado oficial de meio judeu. Riess ficou assustado. Vira a SS estourar a cabeça de prisioneiros de guerra coloniais franceses e temia o que fariam com ele, outra pessoa "racialmente inferior". A SS simplesmente lhe disse que ele era indigno de servir à Wehrmacht, e o mandou embora dizendo: "Mazel Tov".

Karl Heinz Scheffler viu o tratamento dado aos prisioneiros de guerra negros como um indícidio do que os meio judeus deviam esperar. [42] Muitos tinham visto como os judeus-poloneses haviam sido tratados em 1939 e temiam ser tratados do mesmo jeito. Alguns meio judeus não sobreviveram ao anúncio de seu status racial o suficiente para ser formalmente dispensados. Quando Wilhelm Vielberth comunicou seu status racial, seu oficial sacou a pistola e o matou a tiros. [43]
Fonte: Os Soldados Judeus de Hitler; Bryan Mark Rigg, pág

Observação: sobre as tags (marcadores) dos posts, não são mero "enfeite" pois noto que muita gente quando acessa o blog não clica nas tags pra ver se encontra outro texto sobre determinado assunto. As tags são atalhos pra interligar os posts por temas, não pare no primeiro post que ler e confira também os outros posts clicando nas tags (por assuntos).

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Tribunal alemão rejeita pedido de neonazista acusada de terrorismo

Berlim, 10 mai (EFE).- O Tribunal Regional de Munique rejeitou a reivindicação da neonazista Beate Zschäpe, que pedia a suspensão de seu jugalmento por terrorismo e assassinato múltiplo argumentando parcialidade do juiz.

A corte de Munique desprezou, por considerar infundada, a solicitação apresentada pela defesa da acusada, segundo informações da televisão pública "ARD" e do jornal "Der Tagesspiegel", por isso que o processo poderá ser retomado no dia 14.

O julgamento de Zschäpe, única sobrevivente do grupo Clandestinidade Nacionalsocialista (NSU), foi interrompido no mesmo dia de seu início, na segunda-feira passada, por esse pedido, considerado pela Justiça alemã como uma manobra.

Zschäpe, de 38 anos e há 18 meses em prisão preventiva, é acusada de colaborar com a organização terrorista e assassinato múltiplo: nove imigrantes supostamente assassinados pelo grupo, assim como uma policial, entre 2000 e 2007.

A acusada é a única sobrevivente do grupo que formou com Uwe Böhnhard e Uwe Mundlos, que se suicidaram em novembro de 2001, acossados pela polícia após assaltarem um banco.

A morte dos companheiros da processada mostrou a existência do grupos e seus assassinatos, já que durante anos atribuíram as mortes de oito imigrantes turcos e um grego a ajustes de contas entre estrangeiros.

Zschäpe é acompanhada no banco dos réus por mais quatro neonazistas, acusados de cumplicidade com a NSU, entre eles o suposto autor de um macabro vídeo divulgado após o desmantelamento do grupo que percorre a série de assassinatos cometidos pelo mesmo grupo.

A acusada se entregou quatro dias depois do suicídio de seus companheiros e até agora não se pronunciou com relação às acusações contra si.

Para o julgamento estão previstos 80 encontros até janeiro de 2014, embora estima-se que pode durar até mais. A folha de acusação contém 488 páginas e foram convocadas 606 testemunhas. EFE

Fonte: EFE
http://br.noticias.yahoo.com/tribunal-alem%C3%A3o-rejeita-pedido-neonazista-acusada-terrorismo-140041578.html

terça-feira, 7 de maio de 2013

Racismo: Uma Visão Geral

Ilustração anti-semita de um curta-metragem nazista.
A legenda, traduzida do alemão, declara: "Por serem
de uma raça estrangeira, os judeus não tinham direitos
civis na idade média. Eles tinham de morar em áreas
restritas da cidade, em um gueto."
Local e data incertos.
— US Holocaust Memorial Museum (Fotografia)
Racismo é a crença que as pessoas possuem características inatas, biologicamente herdadas, que determinam seu comportamento. A doutrina do racismo afirma que o “sangue” é o marcador da identidade étnica-nacional, ou seja, dentro de um sistema racista o valor do ser humano não é determinado por suas qualidades e defeitos individuais, mas sim pela sua pertinência a uma "nação racial coletiva". Neste modo de ver o mundo, as “raças” são hierárquizadas como “melhores” ou “piores”, “acima" ou “abaixo”. Muitos intelectuais do final do século 19, incluindo alguns cientistas, contribuíram com apoio pseudocientífico ao desenvolvimento desta falsificação teórica, tais como o inglês Houston Stewart Chamberlain, e exerceram grande influência em muitas pessoas da geração de Adolf Hitler.

Atualmente sabe-se que "raça" não existe em termos biológicos, apenas sociais. O ódio nazista contra a "raça judaica" desconsiderava o fato de que existiam judeus brancos, negros, orientais, e assim por diante. O "racismo" contra os judeus é denominado anti-semitismo, que é o preconceito contra ou ódio contra os judeus baseados em falsas teorias biológicas, uma parte essencial do Nacional Socialismo alemão, i.e. o nazismo. Em 1935, após chegarem ao poder, os nazistas criaram as Leis de Nuremberg, criando uma definição biológica errônea do que é ser judeu. Para os nazistas, movimentos políticos como o marxismo, comunismo, pacifismo e internacionalismo soavam como anti-nacionalistas e, para eles, eram consequência da "degeneração" causada pelo "perigoso" intelectualismo judáico.
Tabela de 1939 mostrando a quantidade
de judeus e "miscigenados" (Mischlinge)
dentro do total da população alemã.
— US Holocaust Memorial Museum

Os nazistas acreditavam que a história humana era a de uma luta biologicamente determinada entre povos de diferentes raças, dentre as quais eles eram a mais elevada, destinada a comandar todas as outras, a "raça superior". Em 1931, as SS, Schutzstaffel, guarda de elite do estado nazista, estabeleceram uma Secretaria de Povoamento e Raça para conduzir "pesquisas" raciais e para determinar a compatibilidade racial de possíveis parceiras para os membros das SS.

Os nazistas consideravam os alemães portadores de deficiências físicas ou mentais como resultado de falhas na estrutura genética da chamada “raça superior”, e achavam que tais pessoas não deveriam se reproduzir por serem um "perigo" biológico para a pureza da “raça ariana”. Após seis meses de uma minuciosa coleta de dados, durante os últimos seis meses de 1939 ,e de um planejamento cuidadoso, os médicos nazistas começaram a assassinar os deficientes que encontravam-se em instituições médicas por toda a Alemanha, em uma operação que eles denominaram eufemismisticamente de "eutanásia" (que quer dizer "morte tranquila"), que podia ser tudo, menos isto.

Segundo as teorias raciais nazistas, os alemães e outros povos do norte europeus eram "arianos" (que na realidade haviam sido um povo pré-histórico da Ásia central que havia migrado para a Europa e a Índia), e que eram uma raça superior às demais. Durante a Segunda Guerra Mundial, médicos nazistas conduziram “experiências médicas” que procuravam identificar provas físicas da superioridade ariana e da inferioridade não-ariana. Apesar de haverem conseguido assassinar milhões de prisioneiros não-arianos durante tais “experiências” de sadismo, os nazistas não foram capazes de encontrar quaisquer provas de suas teorias de diferenças raciais biológicas entre os seres humanos, e de que eram os mais capazes.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a liderança nazista iniciou o que eles chamaram de "limpeza étnica" nos territórios por eles ocupados na Polônia e na União Soviética. Esta política incluía o assassinato e extermínio das chamadas "raças inimigas”, entre elas os judeus, e também a destruição das lideranças dos povos eslavos, que eles planejavam tornar seus escravos por considerá-los inferiores. O racismo nazista foi responsável por assassinatos horrendos , em uma escala sem precedentes na história humana.

Fonte: site do USHMM
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005184#related

Observação: acho que uma vez apareceu um questionário nesse site do USHMM que respondi comentando que deveriam pôr fontes nos textos que não possuem pois isso credencia o texto e fornece indicações a quem queira ler mais sobre o assunto do texto. A "ideia de raça" é uma construção social baseada na maioria dos casos em teorias pseudo-científicas do século XIX que separavam pessoas por características principalmente físicas (biotipo), algo disseminado até hoje mesmo que quem dissemine a ideia saiba que a mesma é totalmente furada. No Brasil (mas também em outros países) muitos grupos contrários a qualquer reparo histórico do racismo usam a formulação correta de que não existe raças pra dizer que tais reparações são sem sentido ignorando que o racismo não ocorre com base em algo preciso e exato e sim em preconceito e ideias distorcidas sobre povos e principalmente, no Brasil, com a cor da pele e a origem, o racismo majoritário no Brasil ocorre mais dessa forma.

Há outros textos sobre o assunto mas infelizmente não será possível traduzir agora, ficando pruma próxima ocasião. Sugestão que procurem infos sobre Michael Banton e os livros The Idea of Race e Racial Theories. Quem quiser dar uma olhada por conta própria (54 páginas), em inglês, PDF da Unesco com participação do Michael Banton: Four statements on the race question.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Julgamento quer acabar com o silêncio da "noiva nazi"

Beate Zschäpe entrando no tribunal
Fotografia © Michael Dalder - Reuters
Beate Zschäpe, de 38 anos, é acusada de cumplicidade em dez homicídios xenófobos cometidos entre 2000 e 2007 pelo grupo neonazi alemão Clandestinidade Nacional Socialista. Começa hoje a ser julgada em Munique.

O julgamento de Beate Zschäpe, apelidada pela imprensa alemã de "noiva nazi", começou esta segunda-feira. A mulher, de 38 anos, é suspeita de cumplicidade na morte de oito turcos e alemães de origem turca, um grego e uma agente da polícia, bem como em dois atentados contra imigrantes e 15 assaltos a bancos, naquele que é o maior julgamento de crimes racistas na Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial.

Vestida com um casaco negro e de braços cruzados em tom de desafio, Beate Zschäpe entrou sem algemas no tribunal de Munique virando rapidamente as costas aos fotógrafos e membros da imprensa que a aguardavam, enquanto falava com os advogados, avançou o jornal alemão "Der Spiegel".

Segundo o jornal, os procuradores afirmaram que o grupo escolhia como alvos pessoas mais vulneráveis, que geriam pequenos negócios, como forma de aterrorizar os imigrantes e obrigá-los a abandonar Alemanha pelo medo. Apesar de se ter remetido ao silêncio desde que foi detida pelas autoridades alemãs e de o seu advogado assegurar que se vai manter calada em tribunal, os juízes vão tentar fazer com que Beate Zschäpe revele pormenores sobre o grupo neonazi. Não se sabe muito sobre a única mulher do trio completado por Uwe Mundlos e Uwe Böhnhardt, que se suicidaram em novembro de 2011. Mas segundo a Procuradoria Geral alemã, Beate Zschäpe teve um papel crucial na célula terrorista: ela era uma espécie de "centro emocional do grupo".

O jornal espanhol "La Vanguardia" adianta que a vida de Beate reúne muitos dos elementos característicos dos novos nazis alemães: uma infância sofrida, a família dividida, e uma vivência em ambiente racista e xenófobo. À primeira vista, o olhar suave sugere uma mulher pacífica e alegre no entanto, Beate Zschäpe engana. A denominada "noiva nazi" geria o dinheiro roubado nos assaltos, arranjava as casas onde o grupo vivia e tratava das refeições além de praticar uma "política de boa vizinhança" para não levantar suspeitas.

As "duas caras" de Zschäpe deixaram desconcertados os seus vizinhos de bairro em Zwickau, última morada do grupo, onde ninguém consegue acreditar que a amável mulher de 38 anos e amante da jardinagem tenha tido uma vida dupla como membro de um grupo acusado de dez homicídios racistas, atentados e assaltos a bancos, afirma o jornal.

Nascida a 2 de janeiro de 1975 na cidade de Jena, a pequena Beate ficou a cargo da avó aos dois anos de idade, quando os seus pais se separaram e a sua mãe arranjou outro companheiro e mudou de cidade. Ao deixar a escola, em 1992, tirou um curso de jardinagem, mas passou muito tempo desempregada. Durante esses anos sem perspectivas começou a aproximar-se de movimentos de extrema-direita e conheceu os outros membros do grupo neonazi que iria chocar a Alemanha: Uwe Mundlos e Uwe Bohnhardt.

Zschäpe manteve de início uma relação com Mundlos, que já pertencia a um grupo neonazi e três anos mais tarde ficou noiva de Bohnhardt mudando-se para a casa da sua família. Mas os três continuaram unidos e formaram uma espécie de "família", passando a viver juntos mais tarde num apartamento na cidade de Zwickau.

Segundo o "La Vanguardia", durante um interrogatório policial um dos amigos de Mundlos afirmou que Zschäpe dava a impressão de ser uma rapariga vulgar. "Dava-me a sensação que não tinha nada na cabeça, que era fútil", disse, acrescentando que enquanto Mundlos era filho de um professor e tinha as ideias bem formadas, ela parecia não ter ideias politicas e pouca cultura. No entanto, o inseparável trio rapidamente radicalizou as suas ações e passou a denominar-se Clandestinidade Nacional Socialista (NSU, na sigla em Alemão), chamando a atenção dos serviços secretos do país.

A 26 de janeiro de 1998 a polícia fez buscas a uma garagem alugada por Zschäpe e encontrou explosivos, detonadores e um exemplar de "Progromly", uma versão antisemita do popular jogo de mesa "Monopoly". No entanto o grupo conseguiu escapar às autoridades policiais e passou à clandestinidade. Durante 14 anos nunca mais se soube deles, tempo em que Zschäpe adotou numerosas identidades falsas e criou uma imagem de cidadã vulgar, apaixonada pelos seus gatos Lilly e Heidi e amiga dos seus vizinhos. Enquanto Mundlos e Böhnhardt praticavam homicídios e assaltavam bancos, Beate mantinha as aparências de cidadã comum. Clandestinamente, Beate mantinha a coesão da célula, mas para o exterior representava o papel de vizinha simpática. Tornou-se muito popular na vizinhança, falando com toda a gente e mantendo boas relações no bairro, enquanto os seus companheiros se mantinham na sombra, agindo sempre com grande discrição.

Os vizinhos de sempre consideraram Beate Zschäpe uma pessoa normal. Viam-na estender a roupa no varal, fazer as limpezas da casa e cozinhar e ir às compras. Enquanto isso, os dois homens saíam em rondas assassinas. Desde o princípio, os papéis eram bem definidos dentro do grupo: Mundlos era o cérebro, Böhnhardt, especialista em armamento, era o executor e Beate a dona de casa e mãe da "família".

A 4 de novembro de 2011, Mundlos e Bohnhardt apareciam mortos numa caravana. A versão oficial afirmava que se tinham suicidado quando se viram cercados pela polícia após terem assaltado um banco e dias mais tarde, Zschäpe entregava-se às autoridades, após ter pegado fogo ao apartamento em Zwickau onde viviam. Só então a Alemanha "despertou" para o trio.

Zschäpe acabou por ser a única responsável viva da mais sangrenta série de violência da extrema-direita alemã após a Segunda Guerra Mundial. Desde que foi presa, a "noiva nazi" recusou-se sempre a falar, tendo permanecido impassível e em silêncio. Agora, com o início do julgamento, espera-se que muitos dos segredos que se ocultam atrás desse silêncio sejam tornados públicos.

Fonte: Diário de Notícias (Portugal)
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3203073

sábado, 4 de maio de 2013

Browning e a tomada de decisão no III Reich - Raul Hilberg

Abaixo, entrevista concedida a Jennie Rothenberg por Christopher Browning, historiador do Holocausto e autor de "Origins of the Final Solution", e que atuou na defesa de Deborah Lipstadt no processo movido por David Irving contra ela.

O processo de tomada de decisão no Terceiro Reich é explicado aqui por Browning, bastante próximo da idéia de Raul Hilberg.

*Observação: Abaixo consta apenas um trecho da entrevista traduzido, a entrevista inteira - em inglês - está no link da fonte.

Tradução:
...
[Jennie Rothenberg] Sua conclusão choca-se contra uma discussão do papel de Hitler na Solução Final. Você enfatiza que o entusiasmo de Hitler unia todos os tipos de pessoas -- eugenistas que queriam alcançar pureza racial, técnicos que queriam mostrar suas habilidades, políticos carreiristas que queriam progredir. Mas você também mostrou que muitas das idéias e planos específicos não vinham de Hitler, mas de seus subordinados, que captavam sinais das vagas declarações de Hitler. Você acha que aqueles líderes nazistas de segundo escalão como Himmler deveriam ser tão responsáveis quanto Hitler pelo Holocausto?

[Christopher Browning] É verdade que Hitler não tinha que ser um micro-administrador nisto. Ele podia fazer exortações, dar discursos proféticos. Estava embutido no sistema nazista que o dever ou imperativo sobre todo nazista leal era, em seus próprios termos, "trabalhar para alcançar o Fuehrer", sempre antecipá-lo e apoiá-lo, de um jeito a devotar sua vida a ele. Quando ele fazia uma profecia, sua obrigação era fazer aquela profecia virar realidade. Quando ele reclamava para si algo em termos de um objetivo vago, seu trabalho era fazer aquilo tornar-se realidade.

Isto provocou todos os tipos de iniciativas, todos os tipos de planos. Esses eram trazidos para Hitler. A alguns ele dizia "não, você não me entendeu direito". Às vezes ele mostrava um sinal vermelho. Algumas vezes ele fazia piscar uma luz amarela -- "não pronto ainda" -- e às vezes ele mostrava luz verde e dava aprovação para continuar. A pessoa que entendia melhor Hitler nisso era Himmler. Ele era o único que podia normalmente antecipar o que Hitler queria e entender o que Hitler queria dizer. É por isto que os SS ganharam poder tão rapidamente neste período, porque enquanto Himmler os estava liderando, ele se tornou progressivamente indispensável para Hitler em termos de transformar profecias em realidades.

Para um historiador, esta forma de tomada de decisão é absurdamente imprecisa. Você não pode ir até um documento específico ou uma reunião específica e dizer "Aqui é quando a decisão foi tomada." Há um longo período para Hitler dar sinais vagos, outros para entender os sinais, eles vindo até Hitler, ele afirmando que eles tinham-no entendido bem, eles voltando e fazendo planos e então trazendo-os de volta. Então o processo de tomada de decisão pode acontecer durante meses, tempo durante o qual não há um único dia ou documento que nós podemos marcar e dizer "Aconteceu aqui."

Fonte: The Atlantic
Entrevista completa: http://www.theatlantic.com/past/docs/unbound/interviews/int2004-02-11.htm
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/4929
Tradução: Marcelo Oliveira

*A observação antes do trecho fui eu que fiz, não consta do texto original da lista holocausto-doc.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Experimento Goebbels - O Diário de um Nazista (documentário)

Segue abaixo o documentário O Experimento Goebbels (O Diário de um Nazista), documentário feito em cima de trechos dos Diários de Goebbels com imagens da época em cada trecho. Uma crítica da DW sobre o documentário, link.

Particularmente achei o vídeo bem monótono mas vale a pena ver pois dá uma boa ideia do grau de fanatismo de Goebbels e fica uma forte impressão dos relatos de que o mesmo sofria de depressão e tinha uma tendência ao suicídio (tanto que acabou se matando no fim do regime junto com a esposa, antes de morrerem o casal matou os seis filhos).

Uma curiosidade: sobre os diários (não sobre o filme), alguns "revis"/neos acham que os diários são falsos, por isso que não se encontra fácil na rede as cópias digitalizadas desses diários ao contrário de outros arquivos de nazistas. Um adendo, o fato de "revis" acharem que são falsos (sem provar) não significa que sejam, isso é só mais um exemplo da paranoia e crendice "revisionista" em "conspirações mirabolantes" de domínio do mundo, pois no fundo essa é uma das crenças principais que mobiliza os simpatizantes do "revisionismo".


domingo, 28 de abril de 2013

Delírios mitológicos geográficos "revisionistas" no Brasil - O Nordeste mitológico revimané

Acabei assistindo novamente a primeira parte desse documentário Cultura do Ódio quando fui trocar o link que estava morto, e uma coisa me chamou atenção dessa vez pois como considerava burrice ao extremo (e ainda considero) as declarações dos vários cabeças-ocas do vídeo, tinha passado desapercebido que essa ideia regional deles professada em várias declarações no primeiro vídeo, que é uma ideia adquirida no dia-a-dia e no senso comum da cidade, não é uma criação deles pois esses grupos em geral não possuem capacidade pra criar uma ideologia própria e preconceito, tanto que importam uma ideologia ultranacionalista usando-a pra extravasar esses "ressentimentos".

Aos que pegaram o "bonde andando", eu comentei antes (aqui) que iria comentar estes assuntos no blog.

Mas como dizia... o cara no vídeo de 1992 diz que "nordestino" é "mestiço de negro", o que é claro para mim que isso é o uso do preconceito regional ou de expressões regionais como uma máscara/camuflagem pra preconceito racial, como se o estado em que ele nasceu fosse algo à parte, algo "idealizado" que só existe na mente distorcida e cheia de porcaria dessas figuras. Em parte é curioso o delírio desses fascistas de São Paulo achando que são parte de uma suposta "raça pura", "arianos" (falando português), quando todos os estados, de uma forma geral, são miscigenados e possuem a mesma formação histórica colonial portuguesa, africana e indígena, uns com mais miscigenação com índios (a presença indígena se dá em todo território do país) e alguns com maior integração com população negra. É certo que o impacto da imigração do século XIX em alguns estados se reflete até hoje, mas a maioria foi assimilada à cultura brasileira que em sua matriz é portuguesa, indígena e africana ficando esse caldo (ou recalque) étnico manifestado por esses bandos. A formação histórica do país tem pelo menos meio milênio e não "cinco semanas" de existência como alguns elementos desses creem piamente, como se houvesse uma ideia de descontinuidade dos processos históricos do país.

O termo "nordestino" é referente a quem nasce numa região, é um termo geográfico basicamente, não oriundo da região a qual ele faz referência, e não é nem nunca foi termo "étnico" (a não ser na cabeça de estrume dos "neonazis" curupiras brasileiros e em quem pensa como eles já que o problema não fica restrito a esses idólatras do cabo austríaco), e acaba sendo deturpado pra outros fins ideológicos, e usado de forma aleatória como preconceito em alguns estados da federação.

Fico imaginando um Fernando Collor sendo chamado de "subraça" por um indivíduo desses (o sobrenome Collor é alemão), não entra aqui o julgamento da ideologia política do político citado, a citação da pessoa (por ser conhecida) é apenas pra ilustrar a profunda estupidez, burrice e ignorância desses bandos.

São Paulo tem nome indígena em várias ruas, monumentos etc (Butantã, Morumbi, Anhangabaú, Anhembi), a cultura indígena é parte formadora desse estado, por isso fica o questionamento de onde esse bando de "nazis" curupiras tiram essas ideias esdrúxulas e provincianas sobre regiões a não ser de um senso comum deturpado, arrogante, complexado, compartilhado por um coletivo e norteado por uma profunda estupidez e culto a esse tipo de "ganguerismo".

Eu ainda farei um post sobre o livro A Invenção do Nordeste pra justamente detonar um dos mitos esdrúxulos que esse pessoal cultiva que é a questão regional. O livro em questão fala sobre a questão regional (acesso ao link original que expirou: Link1) e da criação da região Nordeste (e das demais) pelo Estado Novo varguista, sendo que essas regiões nunca existiram antes do século XX, por isso que sempre tive dificuldade em aceitar o termo "Nordeste" por ser um termo criado artificialmente, impositivo, sem ser formado historicamente (que surgiu no local atribuído a sua "origem"), apesar de ser difundido por intelectuais locais que reproduzem esse discurso vitimista e segregador achando que estão fazendo uma "rendenção" da região, e que vai de encontro (ataca) a identidade de vários estados com forte formação identitária como Bahia e Pernambuco, que possuem identidades com quase meio milênio de existência e não são fruto de modelitos fabricados no século XX pra serem simplesmente varridas do mapa por imposição do poder político, ideológico e econômico da União ou de alguns estados da Federação.

A bem da verdade é que fica difícil até de rotular esses "lunáticos" como neonazis, o termo extrema-direita fascista é mais apropriado e exato pra definir o problema. Muita gente já colocou apelido nesse tipo de manifestação mas segue mais, o "nazismo curupira", que nem eles sabem ao certo o que é e não passa de uma cópia mal feita do lixo fascista produzido na Alemanha na primeira metade do século XX. Nazista sem ser alemão? Falando português? Separatista? Falando em Reich num país onde isso nunca fez parte da formação histórica do mesmo (o Império Português não se chamava "Reich")? Haja cretinice, não bastasse a cretinice habitual negacionista que é tema de vários posts do blog sobre a outra "bandeira" que esses bandos carregam e propagam.

Não existe bandeira do Nordeste porque Nordeste é meramente uma divisão regional e geográfica artificial, algo que geralmente é idealizado e estereotipado pela mídia/imprensa. O Brasil é o país do bairrismo, formado no bairrismo (disputas entre estados), sem desmerecer os demais estados, mas com estados históricos antigos como Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Pará, Minas Gerais com forte participação na formação do país. Até parte do começo do século XX o país ainda era dividido em Norte e Sul, classificação do Império Português. Você assiste um vídeo desses e vê a falência do ensino público e do ensino de história nas escolas (particulares ou públicas) do país. O que esses elementos aprenderam no colégio? Nada.

Esse documentário foi gravado em 1992, há 21 anos atrás. Destaco a data pra quem acha que o 'problema' é "novo", que surgiu "um dia desses".

Obviamente que o que foi citado no post é só uma parte citada no documentário e que não chega a ser o ponto central do mesmo (quem quiser saber do resto que assista os vídeos), como por exemplo quando falam abertamente que deveriam exterminar judeus ou que, "caso (o Holocausto) fosse verdade que Hitler deveria ter exterminado mais judeus", o que é uma declaração explícita do que pensa esses bandos sobre minorias, independente de sua própria deformação intelectual e moral.

Esse documentário é chave pra entender a questão do negacionismo no Brasil e dessa extrema-direita de cunho fascista, um dos documentários mais bem elaborados no país pois evita fazer rodeios sobre o problema e vai direto ao ponto.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Números de vítimas do Holocausto por país em relação aos números da populaçao de 1937

Tabela n° 4: Porcentagem de vítimas por país (proporção da população judaica massacrada em relação ao total da população judaica dentro das fronteiras de 1937)

Europa oriental
Polônia ------------------------90 %
Países bálticos --------------90 %
Romênia ----------------------50 %
URSS
Bielorrússia ------cerca de 65 %
Ucrânia -----------cerca de 60 %
Rússia -------------------------11%

Europa central e Balcãs
Alemanha ---------------36 %[1] 90 %[2]
Áustria -------------------27 %[3] 83 %[4]
Tchecoslováquia
Boêmia e Morávia ----67 %[5] 88 %[6]
Eslováquia --------------83 %
Hungria ------------------50 %
Iugoslávia ---------------60 %
Grécia --------------------75 %

Europa ocidental
França -------------------25 %
Bélgica ------------------60 %
Holanda -----------------75 %
Noruega -----------------50 %
Itália ----------------------20%

[1] em comparação à população judaica da Alemanha em 1933 (cerca de 300.000 judeus alemães emigraram entre 1933 e 1939 de um total de 500.000).
[2] em comparação à população judaica que permaneceu na Alemanha depois de 1939
[3] em comparação à população judaica austríaca em 1937 (cerca de 125.000 judeus emigraram da Áustria entre 1938-1939 de um total de 185.000).
[4] em comparação à população judaica austríaca que permaneceu no território do Reich após 1939.
[5] em comparação à população judaica em 1937 (de cerca de 120.000 judeus da Boêmia e Morávia, 28.000 emigraram entre 1938-1939).
[6] em comparação à população judaica que permaneceu no Protetorado da Boêmia e Morávia após 1939.

Livro: Lucy Dawidowicz, The War against the Jews 1933-1945, New-York et Londres, 1975, trad. fr. Hachette 1977.

Fonte: LA SHOAH. Document du Mémorial de la Shoah. 2007
http://internetjm.free.fr/actualite/Auschwitz/LA%20SHOAH%2001.pdf
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Números do Holocausto - Ciganos (Estimativa do número de mortos)
Números do Holocausto - Estimativa de vítimas judaicas
Números do Holocausto por Raul Hilberg
5 milhões de vítimas não judias? (1ª Parte)
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Auschwitz e os números de mortos (por Robert Jan Van Pelt)
Número de judeus húngaros gaseados na chegada a Auschwitz

terça-feira, 23 de abril de 2013

Problema no verbete em português sobre o Holocausto na Wikipedia

Não é de hoje que noto um descaso e problema com o verbete em português sobre o Holocausto na Wikipedia em português. Não comentei antes pois uma vez fiz um reparo e alguma pessoa que cuidava do verbete foi lá e fez alterações cortando o que eu havia colocado (e o verbete continua sofrível), como não gostei resolvi deixar pra lá pois achei o ato do corte bastante imbecil.

Se a pessoa que cortou fosse fazer alterações que melhorem o verbete eu não faria esta crítica, mesmo porque nem se idenficou, mas pra deixar um texto pífio desses lá sobre negacionismo, o gesto de corte soa como uma atitude infeliz porque é uma atitude de truculência (cortar o que foi melhorado) mesmo que prejudique o conteúdo do verbete.

Não sei qual a política da Wikipedia em português mas sei que os verbetes em inglês têm restrições no acesso para modificação (as modificações são discutidas e o povo em geral tem bom senso e aprova o que é melhor), principalmente em temas alvo de vandalismo de neonazis e grupos desse naipe, e possuem um conteúdo melhor. Se a pessoa que colocou o texto não quer melhorar o texto que colocou que pelo menos traduza o texto do verbete em inglês e ponha no lugar do texto abaixo (em destaque).

Vamos ver agora se conseguem cortar meu comentário acima.

Verbete em inglês: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Holocaust
Verbete em português: https://pt.wikipedia.org/wiki/Holocausto
Revisionistas e negadores
Ver artigo principal: Paul Rassinier e Negacionismo do Holocausto

Algumas pessoas que duvidam do Holocausto são classificadas como negacionistas do Holocausto. Esses pretensos pesquisadores afirmam que muito menos de seis milhões de judeus tiveram seus últimos dias nos campos de concentração e que as mortes não foram o resultado da política deliberada dos alemães. Este grupo, não reconhecidos academicamente por historiadores e pesquisadores, alega que o Holocausto definitivamente nunca existiu. Esta tese é normalmente acompanhada de números que entram em choque com os números amplamente aceitos.

É comum que esta ideia seja associada imediatamente ao racismo, ao nazismo e ao neo-nazismo. Muitos que acreditam na versão histórica afirmam categoricamente que o negacionismo é uma forma de anti-semitismo. Muitos negacionistas, por outro lado, afirmam não serem anti-semitas, e que querem meramente contar a história como deve ser. Estas pessoas dizem que estão contentes por menos pessoas terem sido mortas do que previamente julgado e que desejam que outras pessoas interpretem os dados negacionistas como boas notícias. Porém, muitas vezes é possível identificar a divulgação de informações anti-semitas nos mesmos meios ou pelas mesmas pessoas que divulgam essas ideias.

O negacionismo do Holocausto possui pouquíssimos defensores no meio acadêmico, por se tratar de uma doutrina sem bases documentais fiáveis e profundamente eivadas de distorções de caráter ideológico. Além disso, a abundância de provas em contrário, confirmando o Holocausto, torna a defesa pública do Negacionismo praticamente impossível. Ainda assim, em alguns países, como a França, Alemanha, Áustria, Suíça e Israel, o negacionismo do Holocausto é um crime. Em outros, como Canadá, Austrália e Brasil são passíveis de outras sanções.

Nesse último, o Brasil, o negacionismo é associado ao anti-semitismo e este foi considerado uma forma de racismo, crime hediondo, que segundo o parecer jurídico do Supremo Tribunal Federal sujeita o infrator à pena máxima.4
Mais um adendo: o problema não se resume a este verbete que teoricamente é o principal (mais procurado em virtude do nome), vários verbetes sobre Segunda Guerra possuem problema e pra alterar é complicado pois sempre aparece alguém pra cortar o que é corrigido.

sábado, 20 de abril de 2013

O último judeu de Vinnitsa (Ucrânia, 1942)

Página 95. Na legenda da foto se lê:
Cerca de um quarto de todos os judeus que pereceram no Holocausto foram baleados por membros das SS dos esquadrões móveis de extermínio. Este homem foi executado na presença de membros do Exército alemão, do Serviço Alemão de Trabalho e da Juventude Hitlerista. Em Vinnitsa, na Ucrânia, 1942.
YIVO Institute for Jewish Research, Nova York.

Foto:

Berenbaum, Michael. The World Must Know: the history of the Holocaust as told in the United States Holocaust Museum. ISBN O-316-09135-9 (hc). Primeira edição 1993.

Complemento (descrição da foto na Wikipedia):
Um membro do Einsatzgruppe D está próximo para atirar num homem sentadoem uma vala comum em Vinnytsia, Ucrânia, em 1942. Presentes no pano de fundo da foto estão membros do Exército Alemão, do Serviço Alemão de Trabalho e da Juventude Hitlerista.[6] Na parte de trás da fotografia está escrito "O último judeu de Vinnitsa".
Essa foto já apareceu neste post com fotos em alta qualidade do Holocausto da Revista The Atlantic.

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/places/ftp.cgi?places//ukraine//images/vinnitsa-grave-01.ref
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 19 de abril de 2013

O que é "revisionismo" do Holocausto

Por Roger, um contribuidor do THHP* (The Holocaust History Project)

Este ensaio é um complemento para um artigo anterior, Porque("Revisionismo") não é Revisionismo. Perguntaram-me recentemente porque o THHP tão veementemente se opõe ao negacionismo, e a resposta para mim é algo bem óbvio, vamos olhar bem atentamente para as recentes declarações de negadores. Meus agradecimentos a David Irving, Germar Rudolf e Mark Weber por tornar a questão tão simples.

"Outro dia" foi mencionado no texto Porque("Revisionismo") não é Revisionismo. A negação do Holocausto é, sempre foi e sempre será uma saída para o ódio irracional, usando uma base desonesta em cada ocasião para alimentar egos inflados em uma tentativa de financiar seu estilo de vida.

Começo oferecendo a David Irving, que tardiamente recusou o infantil cartaz de negacionista, e que não contente em ser tanto o primeiro a afirmar que os Diários de Hitler são falsos, como também foi o último a declará-los autênticos, numa tentativa completamente falha de se distanciar de suas declarações anteriores sobre o Holocausto, declarou recentemente:
Em Auschwitz eu estava enganado. Eu disse que não havia câmaras de gás, apesar disso ser totalmente verdade, porque descobri mais tarde provas de que elas estavam apenas fora do campo.

Isso vindo de um "historiador" que também aceitou, sem críticas, um "relatório forense", que foi incorreto em basicamente todos os detalhes. Sim, a localização até o último centímetro é o ponto chave quando se tentar negar a história.

Ou talvez o problema seja a química? Germar Rudolf, sob muitos de seus pseudônimos, foi forçado a admitir por aqueles que podem mostrar um maior conhecimento de química que ele (não importa do que ele mesmo se denomina) que química não é ciência e que pode provar ou refutar quaisquer alegações sobre o Holocausto "rigorosamente '. "

Isto, apesar do fato dele perder seu único emprego legítimo, ao fazer a afirmação oposta e fazendo a mesma de uma forma desonesta da qual seu empregador concordou.

Isto nos direciona a Mark Weber (diretor do IHR, que se descreve como "um centro de ensino, pesquisa e publicação de interesse público dedicado a promover uma maior consciência pública da história"), que escreveu: "Na luta real contra o poder judeu-sionista, o revisionismo do Holocausto provou ser tanto um obstáculo como uma ajuda."(http://www.ihr.org/weber_revisionism_jan09.html)

E como tal é a oposição em todo pensamento, são pessoas que se importam com os outros.

Então, agora temos três daqueles que são os luminares da negação fazendo rodeios de 180 graus e revelando, assim, que suas motivações não são aquelas que vêm afirmado repetidamente:

Irving não se preocupa com fato histórico, a motivação de Irving é a autopromoção dele. Daí o nome pela qual sua vaidade é conhecida e como é sugerida, que ele, e apenas ele, é capaz de discernir o que é história "real", enquanto continuamente tenta fazer jogos de palavras, como sua frase "o povo vizinho ao lado"... mas quem é este povo exatamente, David?

Germar Rudolf, aparentemente, tem uma semelhante aversão congênita à verdade, tendo, apesar de tudo, mentido para todo país que ele tentou viver como um residente, todos os empregadores que ele já teve - até mesmo sua própria madrinha e que ainda administra a marca do autor de todos os seus infortúnios (ok, autores, entre eles Jörg Berger; Ernst Gauss; Manfred Köhler; Christian Konrad, Werner Kretschmer; Anton Magerle; Rudolph Markert; Wolfgang Pfitzner, Ronald Reeves; Angela Schneider; Gerd Steiger, e Rudi Zornig), todos dos quais este investigador com nervos-de-aço buscando a verdade usou para disfarçar que todos eles são: você adivinhou - Sr. Sheerer né o próprio Rudolf), judeus.

E principal objetivo de Weber nos dias de hoje parece para todo o mundo uma tentativa de se distanciar desses desagradáveis ​​negadores odiadores de judeus, para que ele possa se ​​concentrar mais naquela variedade de judeu odiando o que ele agora defende.

E assim temos a motivação para a negação do Holocausto: fazer dinheiro em cima de odiadores menos inteligentes do que a si mesmo. Enquanto este dinheiro é conseguido a partir de outros odiadores, e que outros odiadores estão dispostos a culpar qualquer um além deles por sua incapacidade em manter um teto e comida na mesa, a negação do Holocausto continuará a existir.

Esta é a gênese do THHP - em contraste, uma organização sem fins lucrativos, seguindo todas as leis de todos os países em que estamos presentes, escrito e mantido exclusivamente por voluntários que são, e que fazem parte por associação com o Projeto, de modo geral pessoas que não estão entre os auto-denominados por Irving como "tradicionais inimigos da liberdade de expressão". Queremos que eles lá fora façam papel de bobosdeles mesmos e de outros: o que torna nossa tarefa muito mais fácil.

Não vai se juntar a nós?

Última modificação: 18 de dezembro, 2011
Contato técnico/administrativo: webmaster@holocaust-history.org

*THHP = sigla do site The Holocaust History Project

Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/revisionism-isnt/revisionism-is/
Tradução: Roberto Lucena

Observação: revisão parcial do texto

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