6. Memória histórica e Holocausto
A manutenção da memória de vítimas e sobreviventes do Holocausto é uma das maiores formas de se manter viva a história. Com o passar dos anos, grande parte dos sobreviventes do Holocausto já faleceu pelos mais variados motivos. Em alguns anos provavelmente não haverá mais testemunhas oculares. É dever, portanto, salvaguardar esta memória, não apenas pessoal, mas coletiva.
As particularidades e horrores do Holocausto não devem ser esquecidos, é parte da função da História e dos historiadores (assim como profissionais de diversas outras áreas do saber) preservarem a memória. O genocídio choca não apenas por seus números, mas também pelos seus métodos e frieza. Para Boris Fausto (2006, p.141),
“[...] nem a discriminação genérica, nem os pogroms, nem mesmo a expulsão dos judeus da Península Ibérica, para ficar em um exemplo histórico ancestral, equivalem aos objetivos de um regime que, desde o início da Segunda Guerra Mundial, decidiu erradicar da face da terra o “bacilo judaico”, embora levasse algum tempo para encontrar a fórmula mais eficaz de extermínio.”
Métodos e concepções divergentes referentes tanto a metodologias quanto à própria historiografia sempre existirão, e isto é um indício do caráter saudável da pesquisa histórica. Porém, é necessário sempre estar atento contra falsificações que pretendem não apenas distorcer a história, mas também a sociedade. Combater preconceitos é algo inerente ao ofício do historiador. Além disso, a problematização da história ajuda-nos a lançar novos olhares sobre o passado, de forma com que a compreensão não somente do passado, mas também do presente seja afetada.
É este ato, de repensar, redescobrir e reescrever a história que deixa a memória e a disciplina vivas, desde que seja feita com compromisso social e seriedade profissional.
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Referências Bibliográficas
“A história do livro mais perseguido do Brasil”. Equipe de reportagem do RS “O jornal do Jockymann”. Porto Alegre: Revisão, 1991.
ARENDT, Hannah. “Entre o passado e o futuro”. 5ª. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2001.
COSTA, Emilia Viotti da. “Da monarquia à república: momentos decisivos”. 7ª ed. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999.
CASTAN, S.E. “Acabou o Gás!... O fim de um mito: O Relatório Leuchter sobre as alegadas Câmaras de gás de Auschwitz Birkenau e Majdanek”. 5ª ed. Porto Alegre: Revisão, 1989.
_______. “Holocausto Judeu ou Alemão: Nos bastidores da mentira do século”. 13ª ed. Porto Alegre: Revisão, 1987.
_______. “SOS para Alemanha: Separada, Ocupada, Submissa”. Porto Alegre: Revisão, 1990.
COHN, Norman. “A conspiração mundial dos judeus: mito ou realidade? Análise dos protocolos e outros documentos”. São Paulo: IBRASA, 1969.
FAUSTO, Boris. “A interpretação do Nazismo na visão de Norbert Elias”. MANA 4(1): 141-152, 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/mana/v4n1/2429.pdf Acesso em julho de 2006.
FUHRMANN, Leonardo. “Nazistas atacam no Sul”. Disponível em: http://www.pazagora.org/impArtigo.cfm?IdArtigo=324 , Acesso em Julho de 2007.
JESUS, Carlos Gustavo Nóbrega de. “Anti-semitismo e nacionalismo, negacionismo e memória: Revisão Editora e as estratégias da intolerância”. São Paulo: Ed. UNESP, 2006.
“Lei nº. 10.639” de 09 de janeiro de 2003, disponível para consulta no site http://www.sinprosp.org.br/arquivos/especiais/LEI_No_10639.pdf ", Acesso em dezembro de 2007.
MILMAN, Luis. & VIZENTINI, Paulo Fagundes. (org.) “Neonazismo, negacionismo e extremismo político”. Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS); CORAG, 2000.
OLIVEIRA, Sérgio. “Hitler: Culpado ou Inocente?” , Porto Alegre: Revisão, 1989.
_________. “Sionismo x Revisionismo: Fantasia x Realidade”. Porto Alegre: Revisão, 1993.
SCHAFF, Adam. “História e verdade”. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
VIDAL-NAQUET, Pierre. “Os assassinos da memória: O Revisionismo na História”. Campinas: Papirus, 1998.
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1 Aluno do programa de Especialização em História Social e Ensino de História da Universidade Estadual de Londrina e participante do grupo de pesquisa “Grupo de estudos sobre os movimentos autoritários do século XX”. E-mail: odi1984@gmail.com
2 Utiliza-se neste trabalho da seguinte distinção: História (grafado com a inicial maiúscula) refere-se à disciplina, enquanto história (com a inicial em letra minúscula) refere-se à memória de uma maneira geral.
3 Tal livro não é mais editado pela Editora, conforme a mesma nos comunicou. No entanto, existe uma versão da obra disponível em língua francesa e inglesa, no site “Ressources documentaires sur le génocide nazi et sa négation”, (disponível em http://www.anti-rev.org – acesso em março de 2007).
Fonte: Revista eletrônica 'Literatura e Autoritarismo(Dominação e Exclusão Social)
Autor: Odilon Caldeira Neto
sábado, 29 de março de 2008
sexta-feira, 28 de março de 2008
A História do "revisionismo" do Holocausto - Parte 5
5. Negacionismo e mentira organizada
Os argumentos presentes no discurso negacionista passam longe do rigor e seriedade acadêmica, são elementos panfletários, extremistas. É a negação da memória. Vale novamente lembrar como um dos críticos e combatentes ao negacionismo, Pierre Vidal-Naquet, define os negadores do Holocausto: “Assassinos da Memória” (1998, p.37)3.
É justamente na motivação e nos argumentos dos negadores do Holocausto que encontramos os mais sólidos argumentos para a análise crítica desta prática. O judeu nestes é tratado constantemente como um ser conspiratório, elemento ativo de uma organização secreta diabólica. No negacionismo, o Holocausto é apresentado como uma das maiores e inúmeras formas do “judaísmo internacional” lançar suas garras sobre o mundo, controlando as finanças, os meios de comunicação, a mídia e conseqüentemente, a civilização mundial.
O perigo do negacionismo não está apenas em deformar e negar o Holocausto e diversos outros acontecimentos da história da 2ª Guerra Mundial. Ele age como uma mentira organizada, destinado a destruir tudo o que nega e aos que se opõe aos seus argumentos.
Hannah Arendt (2001, p. 285) alerta para o perigo da mentira moderna. Segundo Arendt, diferentemente da mentira tradicional - cujo maior objetivo é ocultar a verdade -, a mentira moderna busca destruir a verdade, e é neste ponto que mora o perigo do uso da mentira moderna como instrumento político. De acordo com a autora, este tipo de mentira tende a idealizar uma reconstrução da realidade, onde tudo se encaixa perfeitamente a partir da descoberta desta nova verdade, que por sua vez destronou a “antiga”.
O Negacionismo age desta maneira, ao colocar em evidência uma suposta nova realidade, em que a descoberta de um elemento (no caso, a “farsa do Holocausto”) muda toda a trama não somente da 2ª Guerra Mundial, mas também da realidade mundial. Se o Holocausto é uma invenção destinada a manipular as pessoas e governos dos países, a descoberta de sua falsidade quebraria uma teia de relações sustentada em uma grandiosa mentira. Além disto, tornaria visível a existência de um complô que supostamente subjugaria a humanidade em sua história.
Arendt sinaliza ainda que este tipo de mentira organizada tende a criar uma aura de verdade, tão perfeita em si, que tem a capacidade de substituir a realidade. Dessa forma, “uma trama factual sem remendos, falhas ou rachaduras” é bastante interessante para quem busca uma realidade supostamente auto-explicativa.
Sabemos que a história não funciona desta maneira, não segue uma linearidade lógica ou previsível, não deve ser explicada por um, dois ou mesmo três elementos, mas sim a conjunção de inúmeros destes. Para o negacionismo, que age como uma mentira organizada, a história da 2ª Guerra Mundial é explicada a partir da queda de duas supostas mentiras: o início da guerra, que seria então causado pelos próprios judeus, e o fim da mesma, em que o “judaísmo internacional” cria uma mentira com proporções gigantescas (Holocausto) para continuar seus planos de dominação mundial. A realidade política e social não apenas do período bélico, mas também atual explicar-se-ia a partir de uma dicotomia em que o mundo seria dividido entre subjugados (maioria da humanidade) e subjugantes (complô judaico de dominação mundial).
Fonte: Revista eletrônica 'Literatura e Autoritarismo(Dominação e Exclusão Social)
Autor: Odilon Caldeira Neto
Os argumentos presentes no discurso negacionista passam longe do rigor e seriedade acadêmica, são elementos panfletários, extremistas. É a negação da memória. Vale novamente lembrar como um dos críticos e combatentes ao negacionismo, Pierre Vidal-Naquet, define os negadores do Holocausto: “Assassinos da Memória” (1998, p.37)3.
É justamente na motivação e nos argumentos dos negadores do Holocausto que encontramos os mais sólidos argumentos para a análise crítica desta prática. O judeu nestes é tratado constantemente como um ser conspiratório, elemento ativo de uma organização secreta diabólica. No negacionismo, o Holocausto é apresentado como uma das maiores e inúmeras formas do “judaísmo internacional” lançar suas garras sobre o mundo, controlando as finanças, os meios de comunicação, a mídia e conseqüentemente, a civilização mundial.
O perigo do negacionismo não está apenas em deformar e negar o Holocausto e diversos outros acontecimentos da história da 2ª Guerra Mundial. Ele age como uma mentira organizada, destinado a destruir tudo o que nega e aos que se opõe aos seus argumentos.
Hannah Arendt (2001, p. 285) alerta para o perigo da mentira moderna. Segundo Arendt, diferentemente da mentira tradicional - cujo maior objetivo é ocultar a verdade -, a mentira moderna busca destruir a verdade, e é neste ponto que mora o perigo do uso da mentira moderna como instrumento político. De acordo com a autora, este tipo de mentira tende a idealizar uma reconstrução da realidade, onde tudo se encaixa perfeitamente a partir da descoberta desta nova verdade, que por sua vez destronou a “antiga”.
O Negacionismo age desta maneira, ao colocar em evidência uma suposta nova realidade, em que a descoberta de um elemento (no caso, a “farsa do Holocausto”) muda toda a trama não somente da 2ª Guerra Mundial, mas também da realidade mundial. Se o Holocausto é uma invenção destinada a manipular as pessoas e governos dos países, a descoberta de sua falsidade quebraria uma teia de relações sustentada em uma grandiosa mentira. Além disto, tornaria visível a existência de um complô que supostamente subjugaria a humanidade em sua história.
Arendt sinaliza ainda que este tipo de mentira organizada tende a criar uma aura de verdade, tão perfeita em si, que tem a capacidade de substituir a realidade. Dessa forma, “uma trama factual sem remendos, falhas ou rachaduras” é bastante interessante para quem busca uma realidade supostamente auto-explicativa.
Sabemos que a história não funciona desta maneira, não segue uma linearidade lógica ou previsível, não deve ser explicada por um, dois ou mesmo três elementos, mas sim a conjunção de inúmeros destes. Para o negacionismo, que age como uma mentira organizada, a história da 2ª Guerra Mundial é explicada a partir da queda de duas supostas mentiras: o início da guerra, que seria então causado pelos próprios judeus, e o fim da mesma, em que o “judaísmo internacional” cria uma mentira com proporções gigantescas (Holocausto) para continuar seus planos de dominação mundial. A realidade política e social não apenas do período bélico, mas também atual explicar-se-ia a partir de uma dicotomia em que o mundo seria dividido entre subjugados (maioria da humanidade) e subjugantes (complô judaico de dominação mundial).
Fonte: Revista eletrônica 'Literatura e Autoritarismo(Dominação e Exclusão Social)
Autor: Odilon Caldeira Neto
quinta-feira, 27 de março de 2008
A História do "revisionismo" do Holocausto - Parte 4
4. Negacionismo e Justiça Brasileira
Desde o lançamento de “Holocausto Judeu ou Alemão? Nos bastidores da mentira do século” em 1987, uma extensa batalha judicial perdurou até o ano de 2003. De um lado Siegfried Ellwanger e a Revisão Editora e do outro lado seus críticos. Os maiores adversários da Revisão Editora e do negacionismo no Brasil são grupos de defesa de direitos humanos e entidades judaicas que visam o combate ao anti-semitismo e a proteção da memória dos milhões de vitimas do Holocausto.
Em um primeiro momento, a tática utilizada para barrar tal negacionismo foi um boicote ao mesmo, pois se temia que a abertura de um processo acabasse por trazer publicidade ao negacionismo. Entretanto, ficou constatado que esta prática não era muito válida, pois não trazia resultados substanciais. Após certo tempo esta disputa passou aos tribunais gaúchos (pelo fato da editora situar-se em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul), onde uma verdadeira batalha foi travada. Ellwanger conseguiu uma série de liminares e habeas corpus, até que em determinado momento, a questão chegou ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília, onde Ellwanger foi condenado pelo crime de racismo, em ultima instância, com denegação do pedido de habeas corpus nº. 82.424.
Ellwanger fora julgado pelo conteúdo de “Holocausto Judeu ou Alemão?”, além da distribuição (via Revisão Editora) dos seguintes títulos: “O Judeu Internacional”, de Henry Ford, 2ª reedição, 1989; “A História Secreta do Brasil”, de Gustavo Barroso, 1ª reedição, 1990; “Protocolos dos Sábios de Sião”, apostilado por Gustavo Barroso, 4ª reedição, 1989; “Brasil Colônia de Banqueiros”, de Gustavo Barroso, 1ª reedição; “Hitler - Culpado ou Inocente”, de Sérgio Oliveira, 2ª edição, 1990 e “Os Conquistadores do Mundo - Os Verdadeiros Criminosos de Guerra”, de Louis Marschalko, 3ª edição. As obras da editora Revisão foram proibidas de circulação.
Porém, há uma rede de apoio mútuo entre autores e leitores negacionistas, que conta com suporte de diversas organizações anti-semitas. A internet é um meio largamente utilizado para disseminação de material anti-semita e negacionista, inclusive no Brasil.
Páginas de internet neonazistas como valhalla88.com e whitepowersp.org (atualmente fora do ar) exibiam mensagens de apoio a Ellwanger e aos ideais da Revisão Editora. O controle, do ponto de vista jurídico, de sites de internet é bastante complexo, tendo em vista que muitos destes ficam hospedados em servidores estrangeiros - onde práticas como anti-semitismo e racismo não são considerados crimes - justamente por proteção (Jesus, 2006, p. 151). O próprio website da Revisão Editora ficou hospedado durante certo tempo em um conhecido servidor estrangeiro que abriga diversas páginas racistas (www.libreopinion.com).
Atualmente a Revisão Editora não conta com uma página oficial na internet, porém é fácil encontrar os livros a venda em páginas de leilão virtual, sebos e livrarias on-line.
Além do próprio discurso anti-semita e preconceituoso, certos episódios mostram a contribuição dos livros negacionistas para a formação de grupos neonazistas no Brasil. Em maio de 2005, em pleno aniversário de rendição nazista (60 anos), um grupo de cerca de oito skinheads neonazistas atacaram três estudantes judeus com idade entre dezenove e vinte e sete anos. Em investigação (mandado de busca e apreensão), nas casas dos jovens presos pelo crime, foram encontrados diversos materiais de propagandas racistas e discriminatórias, além de exemplares de livros da Revisão Editora (Fuhrmann, 2004). Deste modo, a atenção destinada ao Negacionismo não deve ser referente apenas aos conteúdos dos livros, mas também a toda teia de relações em que eles se inserem.
Fonte: Revista eletrônica 'Literatura e Autoritarismo(Dominação e Exclusão Social)
Autor: Odilon Caldeira Neto
Desde o lançamento de “Holocausto Judeu ou Alemão? Nos bastidores da mentira do século” em 1987, uma extensa batalha judicial perdurou até o ano de 2003. De um lado Siegfried Ellwanger e a Revisão Editora e do outro lado seus críticos. Os maiores adversários da Revisão Editora e do negacionismo no Brasil são grupos de defesa de direitos humanos e entidades judaicas que visam o combate ao anti-semitismo e a proteção da memória dos milhões de vitimas do Holocausto.
Em um primeiro momento, a tática utilizada para barrar tal negacionismo foi um boicote ao mesmo, pois se temia que a abertura de um processo acabasse por trazer publicidade ao negacionismo. Entretanto, ficou constatado que esta prática não era muito válida, pois não trazia resultados substanciais. Após certo tempo esta disputa passou aos tribunais gaúchos (pelo fato da editora situar-se em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul), onde uma verdadeira batalha foi travada. Ellwanger conseguiu uma série de liminares e habeas corpus, até que em determinado momento, a questão chegou ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília, onde Ellwanger foi condenado pelo crime de racismo, em ultima instância, com denegação do pedido de habeas corpus nº. 82.424.
Ellwanger fora julgado pelo conteúdo de “Holocausto Judeu ou Alemão?”, além da distribuição (via Revisão Editora) dos seguintes títulos: “O Judeu Internacional”, de Henry Ford, 2ª reedição, 1989; “A História Secreta do Brasil”, de Gustavo Barroso, 1ª reedição, 1990; “Protocolos dos Sábios de Sião”, apostilado por Gustavo Barroso, 4ª reedição, 1989; “Brasil Colônia de Banqueiros”, de Gustavo Barroso, 1ª reedição; “Hitler - Culpado ou Inocente”, de Sérgio Oliveira, 2ª edição, 1990 e “Os Conquistadores do Mundo - Os Verdadeiros Criminosos de Guerra”, de Louis Marschalko, 3ª edição. As obras da editora Revisão foram proibidas de circulação.
Porém, há uma rede de apoio mútuo entre autores e leitores negacionistas, que conta com suporte de diversas organizações anti-semitas. A internet é um meio largamente utilizado para disseminação de material anti-semita e negacionista, inclusive no Brasil.
Páginas de internet neonazistas como valhalla88.com e whitepowersp.org (atualmente fora do ar) exibiam mensagens de apoio a Ellwanger e aos ideais da Revisão Editora. O controle, do ponto de vista jurídico, de sites de internet é bastante complexo, tendo em vista que muitos destes ficam hospedados em servidores estrangeiros - onde práticas como anti-semitismo e racismo não são considerados crimes - justamente por proteção (Jesus, 2006, p. 151). O próprio website da Revisão Editora ficou hospedado durante certo tempo em um conhecido servidor estrangeiro que abriga diversas páginas racistas (www.libreopinion.com).
Atualmente a Revisão Editora não conta com uma página oficial na internet, porém é fácil encontrar os livros a venda em páginas de leilão virtual, sebos e livrarias on-line.
Além do próprio discurso anti-semita e preconceituoso, certos episódios mostram a contribuição dos livros negacionistas para a formação de grupos neonazistas no Brasil. Em maio de 2005, em pleno aniversário de rendição nazista (60 anos), um grupo de cerca de oito skinheads neonazistas atacaram três estudantes judeus com idade entre dezenove e vinte e sete anos. Em investigação (mandado de busca e apreensão), nas casas dos jovens presos pelo crime, foram encontrados diversos materiais de propagandas racistas e discriminatórias, além de exemplares de livros da Revisão Editora (Fuhrmann, 2004). Deste modo, a atenção destinada ao Negacionismo não deve ser referente apenas aos conteúdos dos livros, mas também a toda teia de relações em que eles se inserem.
Fonte: Revista eletrônica 'Literatura e Autoritarismo(Dominação e Exclusão Social)
Autor: Odilon Caldeira Neto
quarta-feira, 26 de março de 2008
A História do "revisionismo" do Holocausto - Parte 3
3. Revisão Editora e discurso Anti-semita
Em sua obra inicial, Ellwanger defende a tese de que os verdadeiros culpados, interessados e causadores da 2ª Guerra Mundial foram os judeus, a partir de ações advindas de um governo mundial secreto. Dessa forma, a partir do momento que se coloca o judaísmo como causador da guerra, toda a ação do governo nacional-socialista – inclusive a perseguição sistemática a estes - configurar-se-ia, portanto, como uma legítima reação.
Ellwanger apresenta como prova de tal argumento uma suposta declaração de guerra dos judeus aos alemães. Tal prova, porém, trata-se de um recorte da matéria “A Judéia declara guerra à Alemanha”, publicada no jornal inglês “Daily Express”, famoso por seu caráter sensacionalista. O texto apresenta as reações de judeus norte-americanos e ingleses frente às perseguições anti-semitas ocorridas na Alemanha. Como forma de pressionar o governo alemão ou mesmo chamar a atenção da opinião pública dos países em questão, chegou-se a propor um boicote aos produtos alemães. Porém, a forma como foi usada a expressão “declara guerra” passa longe de uma real declaração de guerra (do ponto de vista bélico e político) dos judeus ao povo e ao governo alemão.
A expressão “declara guerra” trata-se de um artifício usado constantemente na mídia em geral, principalmente em jornais. Como exemplo, vale lembrar as inúmeras “declarações de guerra” do governo brasileiro aos altos juros e a inflação durante as seguidas crises econômicas nacionais. Porém, a forma apresentada por Ellwanger não leva em consideração nenhuma destas implicações, de suma importância. Retira-se todo o contexto em que a matéria foi escrita, o momento político e econômico, além de não mencionar que já estava em prática parte da política anti-semita do governo nacional-socialista, como o boicote aos estabelecimentos comerciais judaicos e banimento destes do serviço público e civil.
Além de tudo, tal “declaração” data de março de 1933, ano em que Hitler assumiu o cargo de chanceler na Alemanha, anos antes do início da 2ª Guerra Mundial. O que se vê no argumento de Ellwanger é uma total distorção desta matéria. Uma simples manchete, proveniente de um tablóide, transformou-se numa “autêntica” declaração de Guerra.
Atos explícitos de racismo e preconceito como a “Noite dos Cristais”, (em que milhares de alemães, comandados e incitados por oficiais nazistas saem às ruas para depredar e incendiar estabelecimentos comerciais de propriedade de judeus e sinagogas), são tratados pelo autor como manifestações legítimas de indignação e reação a uma latente escravização do povo alemão pela maquiavélica comunidade judaica.
Para Ellwanger o que provocava a revolta no povo alemão devia-se muito aos resultados da 1ª Guerra Mundial. Isto não é nenhuma novidade para qualquer pessoa interessada no fenômeno nacional-socialista alemão. Um dos maiores motivos de ascensão do nazismo e sua aceitabilidade popular foram justamente os preconceitos e as feridas que ainda estavam abertas no povo alemão, muitas delas provenientes do Tratado de Versalhes, onde segundo os nazistas, o Império Germânico tinha sido covardemente roubado e humilhado. Tal argumento é bastante usado por Ellwanger, que adiciona ainda o que ele chama de espoliação pós-2ª Guerra, causada pelo “Holoconto”.
A situação precária em que se encontrava a Alemanha pós-1ª Guerra era causada, em grande parte, pelo que Ellwanger (e diversas outras categorias de anti-semitas) chama de “judaísmo internacional”. É o velho preconceito anti-semita que cria o mito de dominação mundial dos judeus, dominação essa que se daria via conspiração política, econômica e cultural. Além da própria suposta dominação judaica, contava muito o fato dos judeus “não se misturarem” aos alemães.
Segundo Ellwanger, o que se via na Alemanha pré-nazista era a maioria esmagadora da população alemã subjugada por uma minúscula parcela de judeus, praticamente uma ordem escravocrata. Além de controlar a mídia e os bancos alemães e europeus (afinal de contas, o problema eram os judeus como um todo, não apenas os que viviam na Alemanha), esses judeus não eram verdadeiramente alemães, pois viviam isolados em comunidades, casando-se só entre eles e empregando e beneficiando-se mutuamente, de maneira excludente ao povo alemão, o real necessitado. Coloca-se então, o judeu (ou “judaísmo internacional”) como um ser alienígena dentro de uma sociedade, um câncer social a ser execrado. Dessa maneira, vivendo à parte da sociedade, os judeus conseguiam praticar todas suas ações de dominação e manipulação mundial, em que o “mito” do Holocausto seria uma dentre tantas outras.
Além de “Holocausto: Judeu ou Alemão?”, Ellwanger publicou outros títulos com o mesmo teor editorial negacionista e anti-semita. Em “S.O.S para Alemanha – Separada, Ocupada, Submissa”, ele analisa as reações contrárias a seu livro inicial, além de apresentar supostas provas da existência de um complô que visa manter a mentira do Holocausto, complô este a cargo do governo secreto judaico.
Ellwanger é a figura principal da Revisão Editora, porém Sergio Oliveira também tem alguns títulos lançados, onde o discurso preconceituoso contra os judeus é igualmente perpetuado. Em “Sionismo x Revisionismo – Fantasia x Realidade”, Oliveira busca traçar um paralelo entre o desenvolvimento da disciplina historiográfica e o surgimento do “revisionismo” do Holocausto. Diferentemente de Ellwanger, Sérgio Oliveira aparenta ter uma maior preocupação em soar acadêmico e legitimar seu discurso com uma pseudo-metodologia. Porém, esta pretensão não consegue esconder um velado discurso anti-semita.
Em “Hitler – Culpado ou inocente?”, Oliveira nega a existência das Câmaras de Gás, e ainda que grande parte das mortes judaicas ocorridas no período durante a 2ª Guerra Mundial foram obras dos próprios judeus. Essas mortes seriam apenas mais uma das artimanhas do suposto governo judaico mundial secreto de conseguir o seu ideal maior: a criação do Estado de Israel. Oliveira compartilha ainda da idéia de Ellwanger que afirma que os “verdadeiros” causadores da 2ª Guerra Mundial foram os judeus. Na conclusão de seu livro, afirma que as mortes de judeus na guerra não ultrapassaram a cifra de 500 ou 600 mil pessoas e reafirma a tese de que os judeus foram os reais vilões da história:
Tanto na obra de Siegfried Ellwanger, quanto de Sérgio Oliveira, o discurso negacionista referente às Câmaras de Gás faz relação ao já citado “Relatório Leuchter”. Ellwanger inclusive publicou um livro em que apresenta este relatório, sob o título de “Acabou o Gás!... O Fim de Um Mito - O Relatório Leuchter”. Dentre todos os títulos negacionistas distribuídos e publicados pela Revisão Editora, “Holocausto: Judeu ou Alemão?” é o que contêm mais edições (cerca de 30 edições, de acordo com dados da própria editora) e vendagens (Equipe de reportagem do RS, 1991, p.82), além de ser constantemente elogiado como uma das mais completas obras negacionistas existentes, afirmação logicamente provinda dos próprios negacionistas.
Fonte: Revista eletrônica 'Literatura e Autoritarismo(Dominação e Exclusão Social)
Autor: Odilon Caldeira Neto
Em sua obra inicial, Ellwanger defende a tese de que os verdadeiros culpados, interessados e causadores da 2ª Guerra Mundial foram os judeus, a partir de ações advindas de um governo mundial secreto. Dessa forma, a partir do momento que se coloca o judaísmo como causador da guerra, toda a ação do governo nacional-socialista – inclusive a perseguição sistemática a estes - configurar-se-ia, portanto, como uma legítima reação.
Ellwanger apresenta como prova de tal argumento uma suposta declaração de guerra dos judeus aos alemães. Tal prova, porém, trata-se de um recorte da matéria “A Judéia declara guerra à Alemanha”, publicada no jornal inglês “Daily Express”, famoso por seu caráter sensacionalista. O texto apresenta as reações de judeus norte-americanos e ingleses frente às perseguições anti-semitas ocorridas na Alemanha. Como forma de pressionar o governo alemão ou mesmo chamar a atenção da opinião pública dos países em questão, chegou-se a propor um boicote aos produtos alemães. Porém, a forma como foi usada a expressão “declara guerra” passa longe de uma real declaração de guerra (do ponto de vista bélico e político) dos judeus ao povo e ao governo alemão.
A expressão “declara guerra” trata-se de um artifício usado constantemente na mídia em geral, principalmente em jornais. Como exemplo, vale lembrar as inúmeras “declarações de guerra” do governo brasileiro aos altos juros e a inflação durante as seguidas crises econômicas nacionais. Porém, a forma apresentada por Ellwanger não leva em consideração nenhuma destas implicações, de suma importância. Retira-se todo o contexto em que a matéria foi escrita, o momento político e econômico, além de não mencionar que já estava em prática parte da política anti-semita do governo nacional-socialista, como o boicote aos estabelecimentos comerciais judaicos e banimento destes do serviço público e civil.
Além de tudo, tal “declaração” data de março de 1933, ano em que Hitler assumiu o cargo de chanceler na Alemanha, anos antes do início da 2ª Guerra Mundial. O que se vê no argumento de Ellwanger é uma total distorção desta matéria. Uma simples manchete, proveniente de um tablóide, transformou-se numa “autêntica” declaração de Guerra.
Atos explícitos de racismo e preconceito como a “Noite dos Cristais”, (em que milhares de alemães, comandados e incitados por oficiais nazistas saem às ruas para depredar e incendiar estabelecimentos comerciais de propriedade de judeus e sinagogas), são tratados pelo autor como manifestações legítimas de indignação e reação a uma latente escravização do povo alemão pela maquiavélica comunidade judaica.
Para Ellwanger o que provocava a revolta no povo alemão devia-se muito aos resultados da 1ª Guerra Mundial. Isto não é nenhuma novidade para qualquer pessoa interessada no fenômeno nacional-socialista alemão. Um dos maiores motivos de ascensão do nazismo e sua aceitabilidade popular foram justamente os preconceitos e as feridas que ainda estavam abertas no povo alemão, muitas delas provenientes do Tratado de Versalhes, onde segundo os nazistas, o Império Germânico tinha sido covardemente roubado e humilhado. Tal argumento é bastante usado por Ellwanger, que adiciona ainda o que ele chama de espoliação pós-2ª Guerra, causada pelo “Holoconto”.
A situação precária em que se encontrava a Alemanha pós-1ª Guerra era causada, em grande parte, pelo que Ellwanger (e diversas outras categorias de anti-semitas) chama de “judaísmo internacional”. É o velho preconceito anti-semita que cria o mito de dominação mundial dos judeus, dominação essa que se daria via conspiração política, econômica e cultural. Além da própria suposta dominação judaica, contava muito o fato dos judeus “não se misturarem” aos alemães.
Segundo Ellwanger, o que se via na Alemanha pré-nazista era a maioria esmagadora da população alemã subjugada por uma minúscula parcela de judeus, praticamente uma ordem escravocrata. Além de controlar a mídia e os bancos alemães e europeus (afinal de contas, o problema eram os judeus como um todo, não apenas os que viviam na Alemanha), esses judeus não eram verdadeiramente alemães, pois viviam isolados em comunidades, casando-se só entre eles e empregando e beneficiando-se mutuamente, de maneira excludente ao povo alemão, o real necessitado. Coloca-se então, o judeu (ou “judaísmo internacional”) como um ser alienígena dentro de uma sociedade, um câncer social a ser execrado. Dessa maneira, vivendo à parte da sociedade, os judeus conseguiam praticar todas suas ações de dominação e manipulação mundial, em que o “mito” do Holocausto seria uma dentre tantas outras.
Além de “Holocausto: Judeu ou Alemão?”, Ellwanger publicou outros títulos com o mesmo teor editorial negacionista e anti-semita. Em “S.O.S para Alemanha – Separada, Ocupada, Submissa”, ele analisa as reações contrárias a seu livro inicial, além de apresentar supostas provas da existência de um complô que visa manter a mentira do Holocausto, complô este a cargo do governo secreto judaico.
Ellwanger é a figura principal da Revisão Editora, porém Sergio Oliveira também tem alguns títulos lançados, onde o discurso preconceituoso contra os judeus é igualmente perpetuado. Em “Sionismo x Revisionismo – Fantasia x Realidade”, Oliveira busca traçar um paralelo entre o desenvolvimento da disciplina historiográfica e o surgimento do “revisionismo” do Holocausto. Diferentemente de Ellwanger, Sérgio Oliveira aparenta ter uma maior preocupação em soar acadêmico e legitimar seu discurso com uma pseudo-metodologia. Porém, esta pretensão não consegue esconder um velado discurso anti-semita.
Em “Hitler – Culpado ou inocente?”, Oliveira nega a existência das Câmaras de Gás, e ainda que grande parte das mortes judaicas ocorridas no período durante a 2ª Guerra Mundial foram obras dos próprios judeus. Essas mortes seriam apenas mais uma das artimanhas do suposto governo judaico mundial secreto de conseguir o seu ideal maior: a criação do Estado de Israel. Oliveira compartilha ainda da idéia de Ellwanger que afirma que os “verdadeiros” causadores da 2ª Guerra Mundial foram os judeus. Na conclusão de seu livro, afirma que as mortes de judeus na guerra não ultrapassaram a cifra de 500 ou 600 mil pessoas e reafirma a tese de que os judeus foram os reais vilões da história:
“Em primeiro lugar, é preciso compreender que essas mortes ocorreram numa situação muito especial: os judeus estavam em guerra contra a Alemanha (grifo nosso) nacional-socialista, seja através de ações concretas de sabotagem ao esforço de guerra alemão ou empreendimentos de guerrilhas, seja por meio de uma ação sub-reptícia dos agentes sionistas infiltrados nos governos inimigos da Alemanha [...] Estando em guerra, os judeus haveriam de apresentar sua quota de sacrifício em vidas humanas, como de resto ocorreu com todos os beligerantes que tomaram parte do conflito.” (Oliveira, 1989, p. 135)
Tanto na obra de Siegfried Ellwanger, quanto de Sérgio Oliveira, o discurso negacionista referente às Câmaras de Gás faz relação ao já citado “Relatório Leuchter”. Ellwanger inclusive publicou um livro em que apresenta este relatório, sob o título de “Acabou o Gás!... O Fim de Um Mito - O Relatório Leuchter”. Dentre todos os títulos negacionistas distribuídos e publicados pela Revisão Editora, “Holocausto: Judeu ou Alemão?” é o que contêm mais edições (cerca de 30 edições, de acordo com dados da própria editora) e vendagens (Equipe de reportagem do RS, 1991, p.82), além de ser constantemente elogiado como uma das mais completas obras negacionistas existentes, afirmação logicamente provinda dos próprios negacionistas.
Fonte: Revista eletrônica 'Literatura e Autoritarismo(Dominação e Exclusão Social)
Autor: Odilon Caldeira Neto
terça-feira, 25 de março de 2008
A História do "revisionismo" do Holocausto - Parte 2
2. Revisionismo Histórico e a negação do Holocausto
A prática de revisão da História é constantemente aplicada, não somente sobre a própria metodologia, mas também sobre objetos e fatos em si, gerando inúmeras compreensões resultantes destas reflexões, sejam elas convergentes ou divergentes. É necessário ressaltar que esta prática de revisionismo atende aos padrões acadêmicos, que “exigem” de qualquer tipo de pesquisa, a existência de um referencial teórico e metodologia aplicada não somente para legitimar a pesquisa, mas também para qualificá-la.
É necessário abordar estas características do legítimo Revisionismo Histórico para se estabelecer contato com o auto-intitulado “Revisionismo” do Holocausto, ou Negacionismo, como é costumeiramente chamado nos meios acadêmicos e legais, distinção esta feita justamente para que haja uma diferenciação entre revisionistas e negadores do Holocausto. Segundo Pierre Vidal-Naquet (1998, p.12), notório combatente das práticas de falsificações históricas do Negacionismo, as primeiras células negacionistas surgiram na própria Alemanha sob o julgo nacional-socialista.
A partir de fortes indícios de um iminente fim de guerra, autoridades nazistas ordenaram a destruição de uma série de documentos e provas. Tal processo era nada mais que uma artimanha encontrada por estes oficiais para esconder, diminuir ou até mesmo negar os crimes cometidos durante a 2ª Guerra Mundial, dentre os quais o maior genocídio organizado e friamente sistematizado de uma série de categorias de “indesejáveis" ao governo nazista, como judeus, ciganos, homossexuais, negros, comunistas, entre outros – o Holocausto.
A passagem do negacionismo da plataforma política (como ato interno e restrito aos meios oficiais) para o meio público e acadêmico teve como principal idealizador e fundador Paul Rassinier, um ex-prisioneiro dos campos de concentração nazista de Buchenwald e Dora-Nordhaussen (Milman, 2000, p.120).
Rassinier, antigo militante da extrema-esquerda francesa era, durante a 2ª Guerra Mundial, membro da Seção Francesa da Internacional Socialista (SFIO) e redator de um jornal clandestino (“La IV. é Republique”). Devido às suas atuações, foi preso em 1944 pela Gestapo e enviado para os campos de concentração.
Livre, após o fim da guerra, retornou à França e começou uma peregrinação por diversas organizações políticas extremistas, tanto de esquerda quanto de direita. Afastou-se gradativamente das tendências esquerdistas, para se aliar a figurões da extrema-direita (Vichystas e colaboracionistas, inclusive) francesa e assumiu gradativamente um caráter fortemente anti-semita, antes mascarado como anti-sionismo ou anti-imperialismo.
O ano de 1951 marca a expulsão de Rassinier da SFIO, após a publicação de seu segundo livro, “A mentira de Ulisses”, em que o autor defende a tese de que a 2ª Guerra Mundial havia sido provocada por um complô judeu internacional de dominação mundial. Tal teoria remete facilmente aos moldes de teoria da conspiração largamente perpetuados pelo livro “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, uma espécie de bíblia do anti-semitismo, que influenciou uma gama variada de anti-semitas, desde o governo Czarista (que foi, aliás, quem encomendou esta fraude) até Adolf Hitler (Cohn, 1969, p.195), passando por brasileiros como Gustavo Barroso (chefe de milícia da Ação Integralista Brasileira, responsável por uma versão traduzida e apostilada deste) e chegando até os atuais negadores do Holocausto.
Rassinier, em um primeiro momento, empreendeu uma relativização do número de mortos nos campos de concentração para, após isto, negar a existência das câmaras de gás e de qualquer programa sistemático do governo nacional-socialista de assassinato de judeus e outros grupos “indesejáveis”.
No que diz respeito à negação da existência das Câmaras de Fás, o maior argumento usado pelos autores negacionistas é o chamado “Relatório Leuchter”. Escrito por Fred A. Leuchter Jr., um suposto engenheiro norte-americano especialista em câmaras de gás. Tal relatório afirma que não haveria indícios de gaseamento nos campos de concentração (no caso, Auschwitz-Birkenau e Majdanek). A validade desse relatório é bastante questionável e suas alegações técnicas (assim como a capacidade e legitimidade profissional de Leuchter Jr.) são constantemente refutadas. Cabe ressaltar ainda que os campos de concentração em que Rassinier esteve confinado eram “apenas” campos de prisão e trabalho forçado. Desta forma, não haveria como Rassinier presenciar alguma sequer Câmaras de Gás no período e locais em que esteve preso, por motivos óbvios.
Os ideais de Rassinier influenciaram uma variada gama de anti-semitas, sobretudo na França pós-guerra. A seu exemplo, parte de ex-militantes esquerdistas verteram suas atuações para grupos de extrema-direita. Personagens como Serge Thion, Robert Faurisson, dentre outros, militantes ativos do grupo intitulado como “A velha toupeira”, formaram um pequeno grupo em volta de Rassinier que logo se tornou um centro de irradiação de material negacionista.
Não tardou muito e os ideais negacionistas se espalharam por grande parte da Europa e mais tardiamente a outros locais da América Latina, como o Brasil. Atualmente, há uma rede de negacionistas que abrange vários países, dentre os quais alguns autores que ficaram mundialmente conhecidos, não necessariamente por suas obras, mas principalmente pelas batalhas judiciais em que são réus na maioria das vezes (e em muitas destas, condenados). David Irving, historiador britânico que dispunha de um relativo respeito nos meios acadêmicos como historiador militar e de guerras, viu sua “popularidade” desabar após escrever livros negacionistas e ser preso na Áustria – onde a negação do Holocausto é crime. Ernst Zündel, alemão, foi condenado à prisão em seu país de origem, mas acabou sendo preso primeiramente no Canadá, onde ficou detido por um período de dois anos. Após este tempo, foi transferido para a Alemanha, onde foi julgado novamente e atualmente cumpre pena de cinco anos de prisão por negar o holocausto e incitar o ódio contra judeus.
A chegada do negacionismo no Brasil data do ano de 1987. Em um período de crescente mobilização pelas eleições diretas e pelo fim da ditadura militar, surge então o mais famoso livro negacionista brasileiro: “Holocausto: Judeu ou Alemão? Nos bastidores da mentira do século” de autoria de Siegfried Ellwanger, brasileiro descendente de alemães.
Ellwanger, que assina seus livros com o pseudônimo de S.E. Castan (segundo ele para fugir da perseguição sionista), funda a Revisão Editora Ltda., com sede em Porto Alegre/RS, para promover a distribuição de seu livro inicial, além de uma série de outros títulos com forte teor anti-semita e racista, muito deles de autores negacionistas.
A participação de brasileiros, porém, é pequena na Revisão Editora. Grande parte dos livros negacionistas nacionais são de autoria de Ellwanger ou então de Sérgio Oliveira, ex-sargento do Exército brasileiro durante a ditadura militar.
Fonte: Revista eletrônica 'Literatura e Autoritarismo(Dominação e Exclusão Social)
Autor: Odilon Caldeira Neto
A prática de revisão da História é constantemente aplicada, não somente sobre a própria metodologia, mas também sobre objetos e fatos em si, gerando inúmeras compreensões resultantes destas reflexões, sejam elas convergentes ou divergentes. É necessário ressaltar que esta prática de revisionismo atende aos padrões acadêmicos, que “exigem” de qualquer tipo de pesquisa, a existência de um referencial teórico e metodologia aplicada não somente para legitimar a pesquisa, mas também para qualificá-la.
É necessário abordar estas características do legítimo Revisionismo Histórico para se estabelecer contato com o auto-intitulado “Revisionismo” do Holocausto, ou Negacionismo, como é costumeiramente chamado nos meios acadêmicos e legais, distinção esta feita justamente para que haja uma diferenciação entre revisionistas e negadores do Holocausto. Segundo Pierre Vidal-Naquet (1998, p.12), notório combatente das práticas de falsificações históricas do Negacionismo, as primeiras células negacionistas surgiram na própria Alemanha sob o julgo nacional-socialista.
A partir de fortes indícios de um iminente fim de guerra, autoridades nazistas ordenaram a destruição de uma série de documentos e provas. Tal processo era nada mais que uma artimanha encontrada por estes oficiais para esconder, diminuir ou até mesmo negar os crimes cometidos durante a 2ª Guerra Mundial, dentre os quais o maior genocídio organizado e friamente sistematizado de uma série de categorias de “indesejáveis" ao governo nazista, como judeus, ciganos, homossexuais, negros, comunistas, entre outros – o Holocausto.
A passagem do negacionismo da plataforma política (como ato interno e restrito aos meios oficiais) para o meio público e acadêmico teve como principal idealizador e fundador Paul Rassinier, um ex-prisioneiro dos campos de concentração nazista de Buchenwald e Dora-Nordhaussen (Milman, 2000, p.120).
Rassinier, antigo militante da extrema-esquerda francesa era, durante a 2ª Guerra Mundial, membro da Seção Francesa da Internacional Socialista (SFIO) e redator de um jornal clandestino (“La IV. é Republique”). Devido às suas atuações, foi preso em 1944 pela Gestapo e enviado para os campos de concentração.
Livre, após o fim da guerra, retornou à França e começou uma peregrinação por diversas organizações políticas extremistas, tanto de esquerda quanto de direita. Afastou-se gradativamente das tendências esquerdistas, para se aliar a figurões da extrema-direita (Vichystas e colaboracionistas, inclusive) francesa e assumiu gradativamente um caráter fortemente anti-semita, antes mascarado como anti-sionismo ou anti-imperialismo.
O ano de 1951 marca a expulsão de Rassinier da SFIO, após a publicação de seu segundo livro, “A mentira de Ulisses”, em que o autor defende a tese de que a 2ª Guerra Mundial havia sido provocada por um complô judeu internacional de dominação mundial. Tal teoria remete facilmente aos moldes de teoria da conspiração largamente perpetuados pelo livro “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, uma espécie de bíblia do anti-semitismo, que influenciou uma gama variada de anti-semitas, desde o governo Czarista (que foi, aliás, quem encomendou esta fraude) até Adolf Hitler (Cohn, 1969, p.195), passando por brasileiros como Gustavo Barroso (chefe de milícia da Ação Integralista Brasileira, responsável por uma versão traduzida e apostilada deste) e chegando até os atuais negadores do Holocausto.
Rassinier, em um primeiro momento, empreendeu uma relativização do número de mortos nos campos de concentração para, após isto, negar a existência das câmaras de gás e de qualquer programa sistemático do governo nacional-socialista de assassinato de judeus e outros grupos “indesejáveis”.
No que diz respeito à negação da existência das Câmaras de Fás, o maior argumento usado pelos autores negacionistas é o chamado “Relatório Leuchter”. Escrito por Fred A. Leuchter Jr., um suposto engenheiro norte-americano especialista em câmaras de gás. Tal relatório afirma que não haveria indícios de gaseamento nos campos de concentração (no caso, Auschwitz-Birkenau e Majdanek). A validade desse relatório é bastante questionável e suas alegações técnicas (assim como a capacidade e legitimidade profissional de Leuchter Jr.) são constantemente refutadas. Cabe ressaltar ainda que os campos de concentração em que Rassinier esteve confinado eram “apenas” campos de prisão e trabalho forçado. Desta forma, não haveria como Rassinier presenciar alguma sequer Câmaras de Gás no período e locais em que esteve preso, por motivos óbvios.
Os ideais de Rassinier influenciaram uma variada gama de anti-semitas, sobretudo na França pós-guerra. A seu exemplo, parte de ex-militantes esquerdistas verteram suas atuações para grupos de extrema-direita. Personagens como Serge Thion, Robert Faurisson, dentre outros, militantes ativos do grupo intitulado como “A velha toupeira”, formaram um pequeno grupo em volta de Rassinier que logo se tornou um centro de irradiação de material negacionista.
Não tardou muito e os ideais negacionistas se espalharam por grande parte da Europa e mais tardiamente a outros locais da América Latina, como o Brasil. Atualmente, há uma rede de negacionistas que abrange vários países, dentre os quais alguns autores que ficaram mundialmente conhecidos, não necessariamente por suas obras, mas principalmente pelas batalhas judiciais em que são réus na maioria das vezes (e em muitas destas, condenados). David Irving, historiador britânico que dispunha de um relativo respeito nos meios acadêmicos como historiador militar e de guerras, viu sua “popularidade” desabar após escrever livros negacionistas e ser preso na Áustria – onde a negação do Holocausto é crime. Ernst Zündel, alemão, foi condenado à prisão em seu país de origem, mas acabou sendo preso primeiramente no Canadá, onde ficou detido por um período de dois anos. Após este tempo, foi transferido para a Alemanha, onde foi julgado novamente e atualmente cumpre pena de cinco anos de prisão por negar o holocausto e incitar o ódio contra judeus.
A chegada do negacionismo no Brasil data do ano de 1987. Em um período de crescente mobilização pelas eleições diretas e pelo fim da ditadura militar, surge então o mais famoso livro negacionista brasileiro: “Holocausto: Judeu ou Alemão? Nos bastidores da mentira do século” de autoria de Siegfried Ellwanger, brasileiro descendente de alemães.
Ellwanger, que assina seus livros com o pseudônimo de S.E. Castan (segundo ele para fugir da perseguição sionista), funda a Revisão Editora Ltda., com sede em Porto Alegre/RS, para promover a distribuição de seu livro inicial, além de uma série de outros títulos com forte teor anti-semita e racista, muito deles de autores negacionistas.
A participação de brasileiros, porém, é pequena na Revisão Editora. Grande parte dos livros negacionistas nacionais são de autoria de Ellwanger ou então de Sérgio Oliveira, ex-sargento do Exército brasileiro durante a ditadura militar.
Fonte: Revista eletrônica 'Literatura e Autoritarismo(Dominação e Exclusão Social)
Autor: Odilon Caldeira Neto
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segunda-feira, 24 de março de 2008
A História do "revisionismo" do Holocausto - Parte 1
NEGACIONISMO E ANTI-SEMITISMO NOS TEXTOS DA REVISÃO EDITORA
Resumo: Este trabalho tem por objetivo abordar a chegada do Negacionismo (“Revisionismo” do Holocausto) no Brasil, a partir da fundação da Revisão Editora, assim como as estratégias usadas pelos autores desta editora para negar o Holocausto ocorrido durante a 2ª Guerra Mundial, utilizando alto teor anti-semita em suas argumentações.
1. Introdução
O constante desenvolvimento do campo historiográfico, aliado ao surgimento de novos métodos e teorias, além do auxílio interdisciplinar faz com que a História2 seja palco de debates internos e externos, um contínuo conflito de interpretações.
De acordo com Adam Schaff (1991, p.227), essa constante, antes de negar o terreno objetivo da história, pelo contrário, a confirma. O ato de reescrever e repensar a história é fruto deste desenvolvimento, quebra de paradigmas ou mesmo de “modas” acadêmicas.
O termo Revisionismo Histórico é presença constante dentro deste processo. Abordar um determinado objeto sob uma diferente ótica ou metodologia, normalmente acaba por gerar diferentes compreensões sobre temas e fatos. Dois pesquisadores, ao estudar um mesmo objeto, utilizando-se neste estudo de semelhante arcabouço teórico, certamente acabariam por chegar a conclusões e indagações divergentes em determinados pontos. O ato de reescrever continuamente a história está repleto de exemplos deste tipo, compreensões sobre determinadas épocas estão ligadas diretamente ao mundo atual em que vive o pesquisador, por isso que toda história acaba por se tornar uma história do tempo presente, é função do historiador (e não somente do historiador, assim como de diversas outras áreas do saber) problematizar o passado, a memória, as compreensões e os fatos sob a luz de seu tempo, para buscar soluções e/ou caminhos possíveis.
Voltando ao Revisionismo Histórico, pode-se lembrar da revisão de alguns mitos, visões e conceitos perdurados durantes anos na sociedade e na própria historiografia. Tomamos por exemplo o mito da democracia racial brasileira, segundo o qual no país inexistiriam conflitos de cunho étnico. Teoria padrão em estudos historiográficos e sociológicos durante anos, esta idéia foi objeto de uma série de debates, por pensadores como Emília Viotti da Costa, Sergio Buarque de Holanda, dentre outros.
Com a derrubada do mito da democracia racial brasileira, novas perspectivas de estudos surgiram, assim como a busca de soluções (no âmbito político, inclusive) para problemas da sociedade contemporânea. Indício disto é o caráter atual das discussões sobre implantação ou não de cotas para afro-descendentes em concursos públicos como o vestibular, ou mesmo do ensino obrigatório da história e da cultura afro-brasileira nos Ensinos Fundamental e Médio (Lei nº. 10.639 de 09 de janeiro de 2003).
O Revisionismo Histórico do mito da democracia racial nos leva a observar as mudanças que determinadas visões sobre o passado acarretam sobre o cotidiano. O Revisionismo Histórico configura-se, deste modo, como um fruto deste constante desenvolvimento historiográfico, capaz de indagar não apenas conceitos metodológicos da História e disciplinas afins, mas também de compreensões sobre os mais variados objetos e fatos.
Fonte: Revista eletrônica 'Literatura e Autoritarismo(Dominação e Exclusão Social)
Autor: Odilon Caldeira Neto
Resumo: Este trabalho tem por objetivo abordar a chegada do Negacionismo (“Revisionismo” do Holocausto) no Brasil, a partir da fundação da Revisão Editora, assim como as estratégias usadas pelos autores desta editora para negar o Holocausto ocorrido durante a 2ª Guerra Mundial, utilizando alto teor anti-semita em suas argumentações.
1. Introdução
O constante desenvolvimento do campo historiográfico, aliado ao surgimento de novos métodos e teorias, além do auxílio interdisciplinar faz com que a História2 seja palco de debates internos e externos, um contínuo conflito de interpretações.
De acordo com Adam Schaff (1991, p.227), essa constante, antes de negar o terreno objetivo da história, pelo contrário, a confirma. O ato de reescrever e repensar a história é fruto deste desenvolvimento, quebra de paradigmas ou mesmo de “modas” acadêmicas.
O termo Revisionismo Histórico é presença constante dentro deste processo. Abordar um determinado objeto sob uma diferente ótica ou metodologia, normalmente acaba por gerar diferentes compreensões sobre temas e fatos. Dois pesquisadores, ao estudar um mesmo objeto, utilizando-se neste estudo de semelhante arcabouço teórico, certamente acabariam por chegar a conclusões e indagações divergentes em determinados pontos. O ato de reescrever continuamente a história está repleto de exemplos deste tipo, compreensões sobre determinadas épocas estão ligadas diretamente ao mundo atual em que vive o pesquisador, por isso que toda história acaba por se tornar uma história do tempo presente, é função do historiador (e não somente do historiador, assim como de diversas outras áreas do saber) problematizar o passado, a memória, as compreensões e os fatos sob a luz de seu tempo, para buscar soluções e/ou caminhos possíveis.
Voltando ao Revisionismo Histórico, pode-se lembrar da revisão de alguns mitos, visões e conceitos perdurados durantes anos na sociedade e na própria historiografia. Tomamos por exemplo o mito da democracia racial brasileira, segundo o qual no país inexistiriam conflitos de cunho étnico. Teoria padrão em estudos historiográficos e sociológicos durante anos, esta idéia foi objeto de uma série de debates, por pensadores como Emília Viotti da Costa, Sergio Buarque de Holanda, dentre outros.
Com a derrubada do mito da democracia racial brasileira, novas perspectivas de estudos surgiram, assim como a busca de soluções (no âmbito político, inclusive) para problemas da sociedade contemporânea. Indício disto é o caráter atual das discussões sobre implantação ou não de cotas para afro-descendentes em concursos públicos como o vestibular, ou mesmo do ensino obrigatório da história e da cultura afro-brasileira nos Ensinos Fundamental e Médio (Lei nº. 10.639 de 09 de janeiro de 2003).
O Revisionismo Histórico do mito da democracia racial nos leva a observar as mudanças que determinadas visões sobre o passado acarretam sobre o cotidiano. O Revisionismo Histórico configura-se, deste modo, como um fruto deste constante desenvolvimento historiográfico, capaz de indagar não apenas conceitos metodológicos da História e disciplinas afins, mas também de compreensões sobre os mais variados objetos e fatos.
Fonte: Revista eletrônica 'Literatura e Autoritarismo(Dominação e Exclusão Social)
Autor: Odilon Caldeira Neto
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Sérgio Buarque de Holanda
80 mil velas pelas vítimas do nazismo
Na quarta-feira, realizou-se, em Viena, na Heldenplatz, ou Praça dos Heróis, uma vigília pelas vítimas do nazismo. Foi acendida uma vela por cada austríaco assassinado pelo regime, incluindo 65 mil judeus. O tributo realizou-se na mesma praça onde, há 70 anos, Hitler celebrou com 250 mil austríacos a anexação da Áustria pela Alemanha. "Eu estou aqui hoje, porque, tenho que admitir, estive aqui quando tinha 14 anos", disse a cidadã austríaca Renate Duchkovitsch, explicando que Hitler sabia como abusar do entusiasmo da juventude.
Mas esta é uma data importante mesmo para aqueles que ainda não tinham nascido nessa altura. "Porque eu acho incrível que a Áustria se tenha reconstruído e que se viva agora em democracia. E é importante ter consciência do que aconteceu, que nunca deve ser esquecido, nem permitido novamente", realçou Andrea Schwindner.
O aniversário da anexação ressuscitou o debate sobre se os austríacos foram vítimas ou cúmplices do nazismo. É que quando, a 12 de Março de 1938, as tropas alemãs invadiram a Áustria, foram recebidas em clima de festa.
Fonte: EuroNews(13.03.2008)
http://www.euronews.net/index.php?article=474877&lng=6&option=1
Imagem:
http://www.truveo.com/%C3%81ustria-relembra-anexa%C3%A7%C3%A3o-pela-Alemanha/id/3526825281
Mas esta é uma data importante mesmo para aqueles que ainda não tinham nascido nessa altura. "Porque eu acho incrível que a Áustria se tenha reconstruído e que se viva agora em democracia. E é importante ter consciência do que aconteceu, que nunca deve ser esquecido, nem permitido novamente", realçou Andrea Schwindner.
O aniversário da anexação ressuscitou o debate sobre se os austríacos foram vítimas ou cúmplices do nazismo. É que quando, a 12 de Março de 1938, as tropas alemãs invadiram a Áustria, foram recebidas em clima de festa.
Fonte: EuroNews(13.03.2008)
http://www.euronews.net/index.php?article=474877&lng=6&option=1
Imagem:
http://www.truveo.com/%C3%81ustria-relembra-anexa%C3%A7%C3%A3o-pela-Alemanha/id/3526825281
sexta-feira, 21 de março de 2008
Carta de Deborah Lipstadt ao LA Times
Este é o texto dos "Rumores sobre o Sabão Nazi da Segunda Guerra Mundial", uma carta ao editor do Los Angeles Times, 16 de maio de 1981, segunda parte, página 2:
O comovente texto de Rachel Patron (Páginas Editoriais, 30 de abril) sobre uma infância na Sibéria durante a Segunda Guerra Mundial destacou a maneira na qual a guerra pode fazer com que as coisas mais mundanas, neste caso o sabão, convertam-se num luxo.
Ela sobreviveu a anos de fome, horror e brutalidades provocadas por um regime que tratava aos estrangeiros que viviam sobre ele, e inclusive seus próprios cidadãos, de uma forma que nem sequer havia a mínima consideração humana. Patron e sua família eram parte dos milhares de judeus que foram levados a força dos setores da Polônia ocupada pelos russos ao interior da Sibéria e que viveram durante a guerra num estado de semi-cativeiro. Apesar de duras que foram suas condições, ao menos se salvaram da aniquilação sistemática praticada pelos alemães com os judeus que tiveram a miserável sorte de viver na Polônia ocupada pelos alemães.
Ao final da guerra, enquanto a família Patron voltava à Polônia, detiveram-se na cidade ucraniana de Dobra Matka. Enquanto esperavam o trem, Rachel descobriu um alpendre cheio de sabão, e depois de se lavar alegremente e de se desfazer do sebo da Sibéria, levou uns sabonetes para sua mãe. A abundante disponibilidade deste artigo caseiro comum, parecia indicar a Rachel e a sua mãe que a guerra havia terminado.
A alegria das crianças de repente se evaporou quando sua mãe descobriu as letras "RJF" nas barras de sabão. A mãe lhes explicou entre seu pranto de horror que as letras queriam dizer Rein Judisch Fett: Pura Gordura de Judeu. A alegría infantil havia se covertido num pesadelo.
Rachel Patron provavelmente sofre mais pesadelos sobre aquele período. Se sua família houvesse vivido numa parte diferente da Polônia, provavelmente não haveria sobrevivido para sofrer esses pesadelos. Teriam se convertido em uma mais das milhões de crianças judias que pereceram nas mãos dos assassinos nazis. Haveriam-se convertido numa cifra, e não em uma narradora de histórias. Mas não haveriam se transformado em sabão.
A realidade é que os nazis nunca usaram os cadáveres de judeus, ou os de quaisquer outros, para a produção de sabão. O rumor sobre o sabão foi muito espalhado durante e depois da guerra. Pode ser que teve sua origem na história sobre as atrocidades da fábrica de cadáveres que surgiu na Primeira Guerra Mundial. As letras "RJF" provavelmente eram o nome da fábrica que produzia o sabão. O rumor sobre o sabão foi detalhadamente investigado depois da guerra e se demonstrou que era falso.
Os nazis levaram a cabo inumeráveis atos de horror. Atos que, se não houvesse provas definitivas e inegáveis de que ocorreram, poderiam ser desestimados como demasiado incríveis para ter ocorrido. O cabelo das mulheres alemãs era reenviado ao Reich para que o povo alemão o utilizasse. Retirava-se o ouro das dentaduras dos judeus e se enviava aos bancos alemães para que o fundissem.
Em alguns campos, como Buchenwald, tiveram lugar fatos ainda mais macabros. Ali a jovem esposa do comandante usou pele de judeus para fazer cúpulas de abajur e outros objetos para seu lar. E o maior ato de horror foi, evidentemente o quase exitoso plano dos nazis para eliminar o povo judeu do continente europeu.
Durante a guerra os nazis realizaram um grande esforço para ocultar suas ações ao público. Usaram todo tipo de eufemismos para camuflar suas ações em relatórios oficiais: "eliminado", "acabado", "submetido a tratamento especial", e "solução para a questão judaica". Haveria de estar completamente contra a sua política de ocultação o ato de imprimir as siglas de "Pura Gordura de Judeu" em barras de sabão que distribuíam entre a população do Reich e os países ocupados.
A necessidade de exatidão ao enfrentar os horrores da guerra se converteu em algo ainda mais importante hoje em dia quando existem grupos que tratam de nos fazer crer que o Holocausto é uma "invenção". O Institute of Historical Review (IHR) de Torrance tem aparecido como o principal defensor americano deste argumento. Existem grupos similares na Europa. Estes grupos dizem que ainda que se pudesse morrer muitos judeus devido às privações "normais" da guerra, nenhum morreu numa câmara de gás ou como resultado de um assassinato sistemático. A base de sua argumentação é que os únicos que se beneficiam do mito do Holocausto são os sionistas.
O IHR quer nos fazer crer que os sionistas propagaram a história do Holocausto e utilizaram a simpatia do mundo para conseguir êxito em seus fins. Ao apresentar esta conclusão ignoram a quantidade de detalhadas declarações de testemunhas, tanto de vítimas como de perpetradores destes crimes.
As faculdades e os estudantes da Univerdidade da Califórnia tem se tornado muito sensíveis com respeito as perigosas palhaçadas do IHR. Em novembro de 1981, o IHR dera uma conferência sobre "a invenção do Holocausto" no centro de retiro da Universidade da Califórnia no lago Arrowhead. Ele tem alugado o centro disfarçando-se de entidade educativa. Tem que se assinalar que, dado que o centro de Arrowhead recebe fundos públicos, os cidadãos do estado da Califórnia, cujos impostos financiam a Universidade da Califórnia, estão apoiando dessa forma ao IHR e a seu intento de se burlar da verdade.
Enfrentando um panorama tão inquietante, é muito importante que todos aqueles que escrevem e falem sobre a aniquilação dos judeus da Europa o façam com o maior cuidado e precisão. É também muito importante que todos aqueles que valorizem a verdade e a honestidade lutem contra os intentos do IHR de propagar suas falsas opiniões.
Deborah Lipstadt
Los Angeles
Lipstadt é professora de História Judaica Moderna na UCLA.
Engano e Tergiversação
Técnicas de Negação do Holocausto
Apêndice 5
Fonte: http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/appendix-5-02-sp.html
Tradução: Roberto Lucena
O comovente texto de Rachel Patron (Páginas Editoriais, 30 de abril) sobre uma infância na Sibéria durante a Segunda Guerra Mundial destacou a maneira na qual a guerra pode fazer com que as coisas mais mundanas, neste caso o sabão, convertam-se num luxo.
Ela sobreviveu a anos de fome, horror e brutalidades provocadas por um regime que tratava aos estrangeiros que viviam sobre ele, e inclusive seus próprios cidadãos, de uma forma que nem sequer havia a mínima consideração humana. Patron e sua família eram parte dos milhares de judeus que foram levados a força dos setores da Polônia ocupada pelos russos ao interior da Sibéria e que viveram durante a guerra num estado de semi-cativeiro. Apesar de duras que foram suas condições, ao menos se salvaram da aniquilação sistemática praticada pelos alemães com os judeus que tiveram a miserável sorte de viver na Polônia ocupada pelos alemães.
Ao final da guerra, enquanto a família Patron voltava à Polônia, detiveram-se na cidade ucraniana de Dobra Matka. Enquanto esperavam o trem, Rachel descobriu um alpendre cheio de sabão, e depois de se lavar alegremente e de se desfazer do sebo da Sibéria, levou uns sabonetes para sua mãe. A abundante disponibilidade deste artigo caseiro comum, parecia indicar a Rachel e a sua mãe que a guerra havia terminado.
A alegria das crianças de repente se evaporou quando sua mãe descobriu as letras "RJF" nas barras de sabão. A mãe lhes explicou entre seu pranto de horror que as letras queriam dizer Rein Judisch Fett: Pura Gordura de Judeu. A alegría infantil havia se covertido num pesadelo.
Rachel Patron provavelmente sofre mais pesadelos sobre aquele período. Se sua família houvesse vivido numa parte diferente da Polônia, provavelmente não haveria sobrevivido para sofrer esses pesadelos. Teriam se convertido em uma mais das milhões de crianças judias que pereceram nas mãos dos assassinos nazis. Haveriam-se convertido numa cifra, e não em uma narradora de histórias. Mas não haveriam se transformado em sabão.
A realidade é que os nazis nunca usaram os cadáveres de judeus, ou os de quaisquer outros, para a produção de sabão. O rumor sobre o sabão foi muito espalhado durante e depois da guerra. Pode ser que teve sua origem na história sobre as atrocidades da fábrica de cadáveres que surgiu na Primeira Guerra Mundial. As letras "RJF" provavelmente eram o nome da fábrica que produzia o sabão. O rumor sobre o sabão foi detalhadamente investigado depois da guerra e se demonstrou que era falso.
Os nazis levaram a cabo inumeráveis atos de horror. Atos que, se não houvesse provas definitivas e inegáveis de que ocorreram, poderiam ser desestimados como demasiado incríveis para ter ocorrido. O cabelo das mulheres alemãs era reenviado ao Reich para que o povo alemão o utilizasse. Retirava-se o ouro das dentaduras dos judeus e se enviava aos bancos alemães para que o fundissem.
Em alguns campos, como Buchenwald, tiveram lugar fatos ainda mais macabros. Ali a jovem esposa do comandante usou pele de judeus para fazer cúpulas de abajur e outros objetos para seu lar. E o maior ato de horror foi, evidentemente o quase exitoso plano dos nazis para eliminar o povo judeu do continente europeu.
Durante a guerra os nazis realizaram um grande esforço para ocultar suas ações ao público. Usaram todo tipo de eufemismos para camuflar suas ações em relatórios oficiais: "eliminado", "acabado", "submetido a tratamento especial", e "solução para a questão judaica". Haveria de estar completamente contra a sua política de ocultação o ato de imprimir as siglas de "Pura Gordura de Judeu" em barras de sabão que distribuíam entre a população do Reich e os países ocupados.
A necessidade de exatidão ao enfrentar os horrores da guerra se converteu em algo ainda mais importante hoje em dia quando existem grupos que tratam de nos fazer crer que o Holocausto é uma "invenção". O Institute of Historical Review (IHR) de Torrance tem aparecido como o principal defensor americano deste argumento. Existem grupos similares na Europa. Estes grupos dizem que ainda que se pudesse morrer muitos judeus devido às privações "normais" da guerra, nenhum morreu numa câmara de gás ou como resultado de um assassinato sistemático. A base de sua argumentação é que os únicos que se beneficiam do mito do Holocausto são os sionistas.
O IHR quer nos fazer crer que os sionistas propagaram a história do Holocausto e utilizaram a simpatia do mundo para conseguir êxito em seus fins. Ao apresentar esta conclusão ignoram a quantidade de detalhadas declarações de testemunhas, tanto de vítimas como de perpetradores destes crimes.
As faculdades e os estudantes da Univerdidade da Califórnia tem se tornado muito sensíveis com respeito as perigosas palhaçadas do IHR. Em novembro de 1981, o IHR dera uma conferência sobre "a invenção do Holocausto" no centro de retiro da Universidade da Califórnia no lago Arrowhead. Ele tem alugado o centro disfarçando-se de entidade educativa. Tem que se assinalar que, dado que o centro de Arrowhead recebe fundos públicos, os cidadãos do estado da Califórnia, cujos impostos financiam a Universidade da Califórnia, estão apoiando dessa forma ao IHR e a seu intento de se burlar da verdade.
Enfrentando um panorama tão inquietante, é muito importante que todos aqueles que escrevem e falem sobre a aniquilação dos judeus da Europa o façam com o maior cuidado e precisão. É também muito importante que todos aqueles que valorizem a verdade e a honestidade lutem contra os intentos do IHR de propagar suas falsas opiniões.
Deborah Lipstadt
Los Angeles
Lipstadt é professora de História Judaica Moderna na UCLA.
Engano e Tergiversação
Técnicas de Negação do Holocausto
Apêndice 5
Fonte: http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/appendix-5-02-sp.html
Tradução: Roberto Lucena
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quarta-feira, 19 de março de 2008
Os Estados Unidos e o Holocausto
O resgate dos refugiados não era uma prioridade do governo dos Estados Unidos. Não era tampouco sempre claro aos líderes Aliados como se poderia levar a cabo um resgate de grande escala das linhas alemãs. Por causa em parte do anti-semitismo, o isolamento, a Depressão e a xenofobia, a política para com os refugiados do departamento de Estado dos Estados Unidos (a cargo do Secretário de Estado Cordell Hull) lhes fora dificultada a conseguir vistos de entrada.
O departamento de Estado também demorou em publicar os relatórios de genocídio. Em agosto de 1942, o departamento de Estado recebeu um telegrama confirmando os planos nazis para assassinar os judeus europeus. O relatório, enviado por Gerhart Riegner (o representante em Genebra do Congresso Judaico Mundial), não foi disseminado. O departamento de Estado pediu ao rabino americano Stephen Wise, que também havia recebido o relatório, que se abstivesse de anunciá-lo. As reportagens das atrocidades nazis a miúde não eram recolhidos pela imprensa americana. Em 1943, o mensageiro polonês Jan Karski informou ao presidente Franklin D. Roosevelt sobre as notícias de assassinatos em massa recebidas por líderes judeus no gueto de Varsóvia. Nenhuma ação foi tomada.
Em 19 de abril de 1943, representantes dos Estados Unidos e Grã-Bretanha se reuniram em Bermuda para resolver o problema dos refugiados. Nenhuma proposta significativa foi considerada na Conferência de Bermuda. Em janeiro de 1944, Roosevelt estabeleceu a Junta para os Refugiados de Guerra como parte do departamento do Tesouro para facilitar o resgate de refugiados em perigo. Fort Ontario em Nova York começou a servir ostensivamente como um porto livre para os refugiados. Mas os refugiados que chegavam a Fort Ontario não eram das áreas ocupadas pelos nazis, se não das zonas liberadas.
Já na primavera de 1944, os Aliados sabiam dos gaseamentos em Auschwitz-Birkenau. Os líderes judeus suplicaram sem sucesso ao governo estadunidense que bombardeasse as câmaras de gás e vias(ferrovias) de trem que chegavam ao campo. Desde 20 de agosto até 13 de setembro de 1944, a força aérea dos Estados Unidos bombardeou o complexo industrial de Auschwitz-Monowitz, menos de cinco milhas das câmaras de gás em Birkenau. Não obstante os Estados Unidos mantiveram sua política de não-participação no resgate, e não bombardearam nem as câmaras de gás e nem as vias de trem usadas para transportar prisioneiros.
Foto: Cartaz anti-semita que equipara os judeus com o comunismo. Estados Unidos, 1939.
— Jewish War Veterans Museum
http://www.ushmm.org/wlc/media_ph.php?lang=sp&ModuleId=10005762&MediaId=3390
Fonte: USHMM(United States Holocaust Memorial Museum)
http://www.ushmm.org/wlc/article.php?lang=sp&ModuleId=10005762
Tradução: Roberto Lucena
O departamento de Estado também demorou em publicar os relatórios de genocídio. Em agosto de 1942, o departamento de Estado recebeu um telegrama confirmando os planos nazis para assassinar os judeus europeus. O relatório, enviado por Gerhart Riegner (o representante em Genebra do Congresso Judaico Mundial), não foi disseminado. O departamento de Estado pediu ao rabino americano Stephen Wise, que também havia recebido o relatório, que se abstivesse de anunciá-lo. As reportagens das atrocidades nazis a miúde não eram recolhidos pela imprensa americana. Em 1943, o mensageiro polonês Jan Karski informou ao presidente Franklin D. Roosevelt sobre as notícias de assassinatos em massa recebidas por líderes judeus no gueto de Varsóvia. Nenhuma ação foi tomada.
Em 19 de abril de 1943, representantes dos Estados Unidos e Grã-Bretanha se reuniram em Bermuda para resolver o problema dos refugiados. Nenhuma proposta significativa foi considerada na Conferência de Bermuda. Em janeiro de 1944, Roosevelt estabeleceu a Junta para os Refugiados de Guerra como parte do departamento do Tesouro para facilitar o resgate de refugiados em perigo. Fort Ontario em Nova York começou a servir ostensivamente como um porto livre para os refugiados. Mas os refugiados que chegavam a Fort Ontario não eram das áreas ocupadas pelos nazis, se não das zonas liberadas.
Já na primavera de 1944, os Aliados sabiam dos gaseamentos em Auschwitz-Birkenau. Os líderes judeus suplicaram sem sucesso ao governo estadunidense que bombardeasse as câmaras de gás e vias(ferrovias) de trem que chegavam ao campo. Desde 20 de agosto até 13 de setembro de 1944, a força aérea dos Estados Unidos bombardeou o complexo industrial de Auschwitz-Monowitz, menos de cinco milhas das câmaras de gás em Birkenau. Não obstante os Estados Unidos mantiveram sua política de não-participação no resgate, e não bombardearam nem as câmaras de gás e nem as vias de trem usadas para transportar prisioneiros.
Foto: Cartaz anti-semita que equipara os judeus com o comunismo. Estados Unidos, 1939.
— Jewish War Veterans Museum
http://www.ushmm.org/wlc/media_ph.php?lang=sp&ModuleId=10005762&MediaId=3390
Fonte: USHMM(United States Holocaust Memorial Museum)
http://www.ushmm.org/wlc/article.php?lang=sp&ModuleId=10005762
Tradução: Roberto Lucena
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terça-feira, 18 de março de 2008
Merkel fala sobre o Holocausto em discurso histórico no Parlamento de Israel
Daniela Brik. Jerusalém, 18 mar (EFE).- A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, concluiu hoje sua visita oficial a Israel com um discurso no Knesset (o Parlamento local), onde rendeu um tributo às vítimas do nazismo e disse que o Holocausto envegonha o povo alemão.
"A Shoah (Holocausto) enche a nós, alemães, de vergonha", disse Merkel em seu idioma, pouco depois de, em hebraico, ter agradecido aos presentes "por concederem" a ela "a honra de falar" ali.
O discurso de Merkel foi o primeiro de um chefe de Governo estrangeiro no Parlamento israelense e também o único de um líder mundial pronunciado em alemão aos legisladores do Knesset.
Com o ato, a chanceler alemã encerrou uma visita de três dias, que coincidiu com os 60 anos da criação do Estado de Israel, considerado um dos principais aliados da Alemanha no mundo.
"Este ano, Israel comemora 60 anos, 60 anos de desafios em busca de paz e de grande construção", disse a chanceler, que durante sua estada no país se reuniu com vários líderes israelenses.
Acompanhada de vários ministros alemães, Merkel participou de uma reunião histórica com os ministros israelenses e assinou vários projetos de cooperação bilateral.
No discurso no Parlamento, a chanceler destacou a estreita relação entre os dois países e sua visita ao Museu do Holocausto de Jerusalém (Yad Vashem), onde disse que o anti-semitismo e o racismo "nunca devem encontrar espaço na Alemanha ou na Europa".
"O assassinato em massa de seis milhões de judeus, cometido em nome da Alemanha, trouxe um sofrimento indescritível ao povo judeu, à Europa e ao mundo inteiro", chegou a ressaltar na ocasião.
Apesar do boicote de vários dos 120 parlamentares israelenses, Merkel foi calorosamente recebida no Knesset, tanto que, ao fim de seu pronunciamento, foi aplaudida por vários minutos.
Na cerimônia que antecedeu o discurso, durante a qual a bandeira alemã foi içada no Parlamento, Merkel retribuiu à recepção com um emocionado tributo às vítimas e sobreviventes do nazismo.
"A responsabilidade histórica faz parte da política fundamental do país. Isto significa que para mim, como chanceler alemã, a segurança de Israel não é negociável", declarou.
Embora seu discurso tenha incluído muitas referências ao passado, Merkel falou por alto dos desafios existentes na relação entre Alemanha e Israel e da situação no Oriente Médio.
"As relações de cooperação e amizade entre Israel e Alemanha fazem parte dos milagres da História e devem reforçar nossa energia para a superação, mesmo diante das maiores dificuldades", afirmou.
Ao tocar numa das ameaças a Israel, a chanceler frisou que, se o Irã conseguir fabricar armas nucleares, colocará em perigo o processo de paz e a segurança regional.
A respeito do conflito entre palestinos e israelenses, Merkel se mostrou a favor da formação de "dois Estados para dois povos" e manifestou seu apoio ao combinado na conferência de paz de Annapolis (EUA), realizada em novembro e ponto de partida do atual processo entre as duas partes.
Além disso, condenou os ataques com foguetes lançados da Faixa de Gaza contra Israel e ofereceu a mediação de Berlim nos contatos para a libertação dos soldados israelenses capturados por milícias.
Por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse que "as relações especiais entre Israel e Alemanha são um exemplo claro da habilidade da Humanidade para superar" as circunstâncias mais penosas.
Durante sua visita, Merkel também demonstrou ter grande consciência do peso que suas palavras e sua presença poderiam ter para os cerca de 250.000 sobreviventes do Holocausto e seus descendentes que vivem em Israel.
Fonte: EFE/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/03/18/merkel_fala_sobre_o_holocausto_em_discurso_historico_no_parlamento_de_israel_1234821.html
"A Shoah (Holocausto) enche a nós, alemães, de vergonha", disse Merkel em seu idioma, pouco depois de, em hebraico, ter agradecido aos presentes "por concederem" a ela "a honra de falar" ali.
O discurso de Merkel foi o primeiro de um chefe de Governo estrangeiro no Parlamento israelense e também o único de um líder mundial pronunciado em alemão aos legisladores do Knesset.
Com o ato, a chanceler alemã encerrou uma visita de três dias, que coincidiu com os 60 anos da criação do Estado de Israel, considerado um dos principais aliados da Alemanha no mundo.
"Este ano, Israel comemora 60 anos, 60 anos de desafios em busca de paz e de grande construção", disse a chanceler, que durante sua estada no país se reuniu com vários líderes israelenses.
Acompanhada de vários ministros alemães, Merkel participou de uma reunião histórica com os ministros israelenses e assinou vários projetos de cooperação bilateral.
No discurso no Parlamento, a chanceler destacou a estreita relação entre os dois países e sua visita ao Museu do Holocausto de Jerusalém (Yad Vashem), onde disse que o anti-semitismo e o racismo "nunca devem encontrar espaço na Alemanha ou na Europa".
"O assassinato em massa de seis milhões de judeus, cometido em nome da Alemanha, trouxe um sofrimento indescritível ao povo judeu, à Europa e ao mundo inteiro", chegou a ressaltar na ocasião.
Apesar do boicote de vários dos 120 parlamentares israelenses, Merkel foi calorosamente recebida no Knesset, tanto que, ao fim de seu pronunciamento, foi aplaudida por vários minutos.
Na cerimônia que antecedeu o discurso, durante a qual a bandeira alemã foi içada no Parlamento, Merkel retribuiu à recepção com um emocionado tributo às vítimas e sobreviventes do nazismo.
"A responsabilidade histórica faz parte da política fundamental do país. Isto significa que para mim, como chanceler alemã, a segurança de Israel não é negociável", declarou.
Embora seu discurso tenha incluído muitas referências ao passado, Merkel falou por alto dos desafios existentes na relação entre Alemanha e Israel e da situação no Oriente Médio.
"As relações de cooperação e amizade entre Israel e Alemanha fazem parte dos milagres da História e devem reforçar nossa energia para a superação, mesmo diante das maiores dificuldades", afirmou.
Ao tocar numa das ameaças a Israel, a chanceler frisou que, se o Irã conseguir fabricar armas nucleares, colocará em perigo o processo de paz e a segurança regional.
A respeito do conflito entre palestinos e israelenses, Merkel se mostrou a favor da formação de "dois Estados para dois povos" e manifestou seu apoio ao combinado na conferência de paz de Annapolis (EUA), realizada em novembro e ponto de partida do atual processo entre as duas partes.
Além disso, condenou os ataques com foguetes lançados da Faixa de Gaza contra Israel e ofereceu a mediação de Berlim nos contatos para a libertação dos soldados israelenses capturados por milícias.
Por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse que "as relações especiais entre Israel e Alemanha são um exemplo claro da habilidade da Humanidade para superar" as circunstâncias mais penosas.
Durante sua visita, Merkel também demonstrou ter grande consciência do peso que suas palavras e sua presença poderiam ter para os cerca de 250.000 sobreviventes do Holocausto e seus descendentes que vivem em Israel.
Fonte: EFE/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/03/18/merkel_fala_sobre_o_holocausto_em_discurso_historico_no_parlamento_de_israel_1234821.html
segunda-feira, 17 de março de 2008
A Teoria do "Holocausto" da Primeira Guerra Mundial
Em 30 de janeiro de 1994, Dan Gannon enviou um artigo ao grupo de notícias alt.revisionism em que afirmava que os judeus haviam dito que ocorreu um Holocausto durante a Primeira Guerra Mundial:
Em segundo lugar, não há qualquer mínima indicação no artigo de que o texto procedera de um discurso.
É importante assinalar que em nenhuma parte do texto se faz menção ao "extermínio de 6 milhões de judeus e o holocausto dos Judeus da Europa durante a Grande Guerra".
De fato, não se faz menção a um "extermínio" de nenhum tipo.
O artigo é em seu teor sobre a ameaça de fome que pesava sobre sete milhões de pessoas (seis milhões de judeus adultos e oitocentas mil crianças). Não se menciona os alemães em nenhum momento, e seria uma arriscada suposição afirmar que lhes são mencionados implicitamente; nem sequer se menciona a guerra.
Excetuando o fato de que se usa a palavra "Holocausto" no artigo original, o Sr. Gannon tem tergiversado completamente o texto original. (Inclusive aceitando isto, tem que se ter em conta que o texto original é distinto também neste ponto do que afirma o Sr. Gannon, já que adverte da "ameaça de um holocausto", e não faz nenhuma referência a que o esteja ocorrendo).
Recentemente, o Institute for Historical Review também tem tratado de utilizar este artigo da American Hebrew Magazine.
Engano e Tergiversação. Técnicas de Negação do Holocausto
--------------------------------------------------------
Autores: Jamie McCarthy e Ken McVay
Fonte: Nizkor
http://nizkor.org/features/techniques-of-denial/wwi-holocaust-01-sp.html
Tradução: Roberto Lucena
Ler mais:
Seis milhões (por Jonathan Harrison)
NÃO LEVANTARÁS FALSO TESTEMUNHO CONTRA TEUS VIZINHOS.Como veremos, o Sr. Gannon faria bem em respeitar seu próprio conselho...
Ainda que poucos o recordem, supostamente houve um "Holocausto" judeu durante a Primeira Guerra Mundial, além do "Holocausto" judeu da Segunda Guerra Mundial! Não só isso, senão que o número de vítimas reclamado em ambos os casos, é de SEIS MILHÕES! Os "malvados" alemães o cometeram DUAS VEZES! E na verdade, não o cometeram NENHUMA VEZ.Em primeiro lugar, o apelido de Martin é Glynn. Suponhamos que seja um simples erro tipográfico ou de transcrição.
O PRIMEIRO suposto "Holocausto de seis milhões de judeus pelas mãos dos alemães" tem sido esquecido, mas o SEGUNDO suposto "Holocausto de seis milhões de judeus pelas mãos dos alemães" é hoje em dia muito tida em conta como VERDADE OFICIAL.
A razão pela qual se descartou a primeira história do "Holocausto" está, creio, relacionada com o dito de que "Se a primeira vez não teve êxito, elimina-se toda evidência do que o intentaste". Não conseguiram convencer as pessoas da primeira vez, assim que desejaram lhe dar publicidade. Mais tarde, voltaram a intentá-lo depois da Segunda Guerra Mundial, e desta vez a maioria das pessoas acreditaram neles! Mas isto está mudando.
Também SEIS MILHÕES DE JUDEUS exterminados durante a Primeira Guerra Mundial?
Em um discurso multitudinário em outubro de 1919, em Albany, Nova York, Martin Glenn (um antigo governador do estado de Nova York) informou amplamente a uma audiência arrebatada sobre o "extermínio de 6 milhões de judeus e o holocausto dos Judeus da Europa durante a Grande Guerra" (quer dizer, a Primeira Guerra Mundial).
Esta afirmação raras vezes relembrada foi publicada, entre outros lugares, no número de 31 de outubro de 1919 da American Hebrew Magazine, publicada pelo Comitê Americano Judaico. [1]
Em segundo lugar, não há qualquer mínima indicação no artigo de que o texto procedera de um discurso.
É importante assinalar que em nenhuma parte do texto se faz menção ao "extermínio de 6 milhões de judeus e o holocausto dos Judeus da Europa durante a Grande Guerra".
De fato, não se faz menção a um "extermínio" de nenhum tipo.
O artigo é em seu teor sobre a ameaça de fome que pesava sobre sete milhões de pessoas (seis milhões de judeus adultos e oitocentas mil crianças). Não se menciona os alemães em nenhum momento, e seria uma arriscada suposição afirmar que lhes são mencionados implicitamente; nem sequer se menciona a guerra.
Excetuando o fato de que se usa a palavra "Holocausto" no artigo original, o Sr. Gannon tem tergiversado completamente o texto original. (Inclusive aceitando isto, tem que se ter em conta que o texto original é distinto também neste ponto do que afirma o Sr. Gannon, já que adverte da "ameaça de um holocausto", e não faz nenhuma referência a que o esteja ocorrendo).
Recentemente, o Institute for Historical Review também tem tratado de utilizar este artigo da American Hebrew Magazine.
Engano e Tergiversação. Técnicas de Negação do Holocausto
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Autores: Jamie McCarthy e Ken McVay
Fonte: Nizkor
http://nizkor.org/features/techniques-of-denial/wwi-holocaust-01-sp.html
Tradução: Roberto Lucena
Ler mais:
Seis milhões (por Jonathan Harrison)
quinta-feira, 13 de março de 2008
Höss e os Historiadores
Engano e Tergiversação. Técnicas de Negação do Holocausto
Höss e os Historiadores
--------------------------------------------------------
Autor: Jamie McCarthy
Greg Raven, do IHR proporcionou outro exemplo clássico do tipo de tergiversações descaradas comumente empregadas pelos negadores do Holocausto quando fez a seguinte afirmação no grupo de notícias alt.revisionism:
Browning e Lipstadt disseram isto? Em poucas palavras: não.
Em dezembro de 1993, apareceu um artigo de três páginas sobre "revisionismo" na Vanity Fair. Meia página era dedicada "ao mais sinistro dos argumentos revisionistas atuais - se é que é um argumento", a negação do Holocausto. [2] O autor se pôs em contato com Browning e Lipstadt para conhecer suas opiniões sobre as afirmações de Höss.
Foi citado Browning dizendo, "Höss sempre foi uma testemunha muito débil e incoerente... os revisionistas o utilizam a todo momento por esta razão para pôr em dúvida e desacreditar a recordação do que ocorreu em Auschwitz." [3] Aparecer "débil e incoerente" ante o tribunal é uma coisa. Mas a principal contribuição de Höss para o conhecimento do Holocausto são as memórias, escritas depois de seu julgamento e da sentença. A breve citação de Browning nem sequer menciona sua opinião sobre estas memórias.
Lipstadt recomendou ao autor do artigo seu livro "Denying The Holocaust", p. 188, que simplesmente assinala o que os historiadores já sabem há décadas: o total de mortos em Auschwitz calculado pelos comunistas, quatro milhões, está em conflito com o total dos historiadores (de 1,3 a 1,5 milhões). Höss nem sequer aparece no índice do livro de Lipstadt; não lhe mencionam em nenhuma página! E Raven diz que ela tem "admitido que as afirmações de Höss são inúteis".
Ironicamente, a afirmação de Höss em questão, longe de destruir sua credibilidade, era bastante certa. Em seu testemunho, Höss disse que se assassinaram a 2,5 milhões de pessoas em Auschwitz. Mas em suas memórias deixa claro que esta estimativa era de seu oficial superior, o Gruppenführer (General de Divisão das SS) Glücks, que por sua vez a recebeu de Adolf Eichmann. Disse além disso que Eichmann, e seu ajudante, o SS Hauptsturmführer (Capitão das SS) Hans Günther, eram os únicos que tinham acesso a informação necessária pra calcular a dita cifra. Höss disse que nunca supôs o número, e não tinha maneira de fazer uma estimativa. [4] Mais adiante deixou claro que esta cifra lhe parecia "demasiado alta", assinalando que "inclusive Auschwitz tinha limites em sua capacidade destrutiva". [5]
Assim, vemos que Höss acreditava que Eichmann havia se equivocado, e assim o era. As estimativas sobre o número de vítimas, precisas ou imprecisas, não afetavam em nada a credibilidade de Höss quando descreve o processo de gaseamento e outros detalhes sobre o campo:
Ainda que Lipstadt não mencione Höss, inclusive no seguinte parágrafo em seu livro, proporciona uma conclusão adequada a esta discussão:
Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/hoess-01-sp.html
Tradução: Roberto Lucena
Höss e os Historiadores
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Autor: Jamie McCarthy
Greg Raven, do IHR proporcionou outro exemplo clássico do tipo de tergiversações descaradas comumente empregadas pelos negadores do Holocausto quando fez a seguinte afirmação no grupo de notícias alt.revisionism:
...o Comandante de Auschwitz Rudolf Höss, cujo testemunho tem sido empregado durante anos como prova de que foram feitos os gaseamentos (o Museu em Memoria do Holocausto dos Estados Unidos defende uma afirmação de Höss para demostrar isto). Recentemente, Deborah Lipstadt e Christopher Browning tem admitido que as afirmações de Höss são inúteis (Vanity Fair, dezembro de 1993). [1]
Browning e Lipstadt disseram isto? Em poucas palavras: não.
Em dezembro de 1993, apareceu um artigo de três páginas sobre "revisionismo" na Vanity Fair. Meia página era dedicada "ao mais sinistro dos argumentos revisionistas atuais - se é que é um argumento", a negação do Holocausto. [2] O autor se pôs em contato com Browning e Lipstadt para conhecer suas opiniões sobre as afirmações de Höss.
Foi citado Browning dizendo, "Höss sempre foi uma testemunha muito débil e incoerente... os revisionistas o utilizam a todo momento por esta razão para pôr em dúvida e desacreditar a recordação do que ocorreu em Auschwitz." [3] Aparecer "débil e incoerente" ante o tribunal é uma coisa. Mas a principal contribuição de Höss para o conhecimento do Holocausto são as memórias, escritas depois de seu julgamento e da sentença. A breve citação de Browning nem sequer menciona sua opinião sobre estas memórias.
Lipstadt recomendou ao autor do artigo seu livro "Denying The Holocaust", p. 188, que simplesmente assinala o que os historiadores já sabem há décadas: o total de mortos em Auschwitz calculado pelos comunistas, quatro milhões, está em conflito com o total dos historiadores (de 1,3 a 1,5 milhões). Höss nem sequer aparece no índice do livro de Lipstadt; não lhe mencionam em nenhuma página! E Raven diz que ela tem "admitido que as afirmações de Höss são inúteis".
Ironicamente, a afirmação de Höss em questão, longe de destruir sua credibilidade, era bastante certa. Em seu testemunho, Höss disse que se assassinaram a 2,5 milhões de pessoas em Auschwitz. Mas em suas memórias deixa claro que esta estimativa era de seu oficial superior, o Gruppenführer (General de Divisão das SS) Glücks, que por sua vez a recebeu de Adolf Eichmann. Disse além disso que Eichmann, e seu ajudante, o SS Hauptsturmführer (Capitão das SS) Hans Günther, eram os únicos que tinham acesso a informação necessária pra calcular a dita cifra. Höss disse que nunca supôs o número, e não tinha maneira de fazer uma estimativa. [4] Mais adiante deixou claro que esta cifra lhe parecia "demasiado alta", assinalando que "inclusive Auschwitz tinha limites em sua capacidade destrutiva". [5]
Assim, vemos que Höss acreditava que Eichmann havia se equivocado, e assim o era. As estimativas sobre o número de vítimas, precisas ou imprecisas, não afetavam em nada a credibilidade de Höss quando descreve o processo de gaseamento e outros detalhes sobre o campo:
Por desejo do Reichsführer SS, Auschwitz se converteu no maior centro de extermínio humano de todos os tempos... o mesmo me deu a ordem de construir instalações em Auschwitz onde se pudesse realizar um extermínio humano e de me encarregar deste extermínio. [6]
Protegido por uma máscara anti-gás, eu mesmo presenciei o assassinato. Nas abarrotadas câmaras, a morte sobrevinha instantaneamente enquanto se expulsava do interior o Zyklon-B. Um grito cortou, quase sufocado, e tudo terminava. [7]
O assassinato destes prisioneiros de guerra russos não me causou muita preocupação naquele momento. Havia-se dado a ordem, e se teve que executá-la. Devo inclusive admitir que este gaseamento me tranqüilizou, porque o extermínio em massa de judeus ia começar logo e até então nem Eichmann nem eu sabíamos como se iria realizar. Ia ser empregado gás, mas não sabíamos qual e como usá-lo. Agora tínhamos o gás e havíamos estabelecido um procedimento. [8]
Uma mulher se aproximou de mim ao passar e, apontando para seus quatro filhos que estavam ajudando os mais pequenos, sussurrou: "Como podem vocês chegar a matar umas crianças tão encantadoras e lindas?" Um ancião, ao passar, disse-me: "a Alemanha pagará um alto preço por este assassinato em massa de judeus". Seus olhos refletiam um profundo ódio ao dizer isto. [9]
Ainda que Lipstadt não mencione Höss, inclusive no seguinte parágrafo em seu livro, proporciona uma conclusão adequada a esta discussão:
Estes trabalhos demonstram como os negadores tergirversam, citam incorretamente, falsificam estatísticas e atribuem falsas conclusões à fontes confiáveis. Apóiam-se em livros que contradizem diretamente seus argumentos, citando-lhes de maneira que se distorçam completamente o objetivo do autor. Os negadores confiam no fato de que a grande maioria de leitores não tem acesso à documentação ou em que não farão esforço de determinar como falsificam ou tergiversam informação.[10]
Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/hoess-01-sp.html
Tradução: Roberto Lucena
Kate Winslet encerra filmagens de drama sobre Holocausto
Kate Winslet encerra filmagens de drama sobre Holocausto
da Folha Online
O drama "The Reader", com a atriz Kate Winslet, encerrou suas filmagens em Berlim, segundo a revista especializada em cinema e entretenimento "Hollywood Reporter". A produção aborda o Holocausto e inicialmente teria Nicole Kidman no elenco, mas a atriz cancelou sua participação na trama devido à sua gravidez.
Winslet interpreta uma guarda de um campo de concentração. No elenco também estão Ralph Fiennes, Bruno Ganz, David Kross e Alexandra Maria Lara.
A história ocorre no pós-guerra da Alemanha e se centra em um adolescente que começa um longo e obsessivo relacionamento com a personagem de Winslet. Ele não sabe muito sobre ela até que a personagem desaparece um dia.
O jovem pensa que nunca mais irá vê-la, mas descobre que ela está sendo julgada por atos cometidos durante o período nazista e que é culpada de um crime horrível.
O projeto marca a reunião entre o diretor Stephen Daldry e o roteirista David Hare. O filme é baseado na obra do autor alemão Bernhard Schlink e deve chegar aos cinemas dos EUA em dezembro.
Foto: Winslet vive mulher que cometeu um crime durante período nazista
Fonte: Folha Online(Brasil, 12.03.2008)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u381223.shtml
da Folha Online
O drama "The Reader", com a atriz Kate Winslet, encerrou suas filmagens em Berlim, segundo a revista especializada em cinema e entretenimento "Hollywood Reporter". A produção aborda o Holocausto e inicialmente teria Nicole Kidman no elenco, mas a atriz cancelou sua participação na trama devido à sua gravidez.
Winslet interpreta uma guarda de um campo de concentração. No elenco também estão Ralph Fiennes, Bruno Ganz, David Kross e Alexandra Maria Lara.
A história ocorre no pós-guerra da Alemanha e se centra em um adolescente que começa um longo e obsessivo relacionamento com a personagem de Winslet. Ele não sabe muito sobre ela até que a personagem desaparece um dia.
O jovem pensa que nunca mais irá vê-la, mas descobre que ela está sendo julgada por atos cometidos durante o período nazista e que é culpada de um crime horrível.
O projeto marca a reunião entre o diretor Stephen Daldry e o roteirista David Hare. O filme é baseado na obra do autor alemão Bernhard Schlink e deve chegar aos cinemas dos EUA em dezembro.
Foto: Winslet vive mulher que cometeu um crime durante período nazista
Fonte: Folha Online(Brasil, 12.03.2008)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u381223.shtml
Diplomata espanhol recebe título por ajudar judeus a escapar do Holocausto
Israel: Diplomata espanhol recebe título por ajudar judeus a escapar do Holocausto
Jerusalém, 12 Mar (Lusa) - O Museu do Holocausto de Jerusalém (Yad Vashem) concedeu a título póstumo o título de "Justo entre as Nações" ao diplomata espanhol Eduardo Propper de Callejón, em reconhecimento pela ajuda que prestou aos judeus que fugiam dos nazis.
Com Propper são quatro os espanhóis distinguidos com esta honra, o mais alto reconhecimento que se dá em Israel aos não nacionais, e que permite solicitar a nacionalidade honorífica israelita também recebida por Oskar Schindler.
Os filhos de Propper, Felipe e Elena, receberam a medalha e o diploma numa emotiva cerimónia realizada no Jardim dos Justos do Yad Vashem.
Com este acto o Museu, máxima autoridade para a memória dos mártires e heróis do Holocausto, considera provado que Proper ajudou um grande número de judeus a escapar para Espanha a partir da França depois da ocupação alemã, em 1940.
Quando as tropas nazis entraram em França e a Embaixada de Espanha em Paris foi fechada, Propper dirigiu-se com a família para Bordéus, onde deparou com o Consulado espanhol encerrado e rodeado de milhares de pessoas que tentavam conseguir um visto para fugir para a península.
"Contra as ordens emanadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol Propper passou uma semana em Bordéus, assinando vistos para todos os que precisavam de fugir e continuou a fazê-lo quando o consulado foi transferido para Vichy", explicou Avner Shalev, director do Yad Vashem.
Nunca se soube o número exacto de vistos concedidos por Propper, uma vez que os arquivos foram destruídos.
A decisão de Proper valeu-lhe um castigo profissional, tendo sido transferido para um cargo muito menos prestigiado em Larache (Marrocos) e nunca chegou a ser nomeado embaixador.
Também Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus, foi reconhecido como um "Justo entre as Nações", por ter salvo milhares de judeus durante as II Guerra Mundial, ao conceder cerca de 30 mil vistos, desobedecendo assim às ordens de Salazar. Forçado a regressar e demitido do cargo viria a morrer na miséria.
Israel distinguiu-o com uma medalha a título póstumo e plantou uma arvore em sua memória na Avenida dos Justos, no Museu do Holocausto em Jerusalém durante uma visita oficial do então ministro dos Negócios Estrangeiros português João de Deus Pinheiro.
Fonte: LUSA(Portugal)
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=332879&visual=26
Jerusalém, 12 Mar (Lusa) - O Museu do Holocausto de Jerusalém (Yad Vashem) concedeu a título póstumo o título de "Justo entre as Nações" ao diplomata espanhol Eduardo Propper de Callejón, em reconhecimento pela ajuda que prestou aos judeus que fugiam dos nazis.
Com Propper são quatro os espanhóis distinguidos com esta honra, o mais alto reconhecimento que se dá em Israel aos não nacionais, e que permite solicitar a nacionalidade honorífica israelita também recebida por Oskar Schindler.
Os filhos de Propper, Felipe e Elena, receberam a medalha e o diploma numa emotiva cerimónia realizada no Jardim dos Justos do Yad Vashem.
Com este acto o Museu, máxima autoridade para a memória dos mártires e heróis do Holocausto, considera provado que Proper ajudou um grande número de judeus a escapar para Espanha a partir da França depois da ocupação alemã, em 1940.
Quando as tropas nazis entraram em França e a Embaixada de Espanha em Paris foi fechada, Propper dirigiu-se com a família para Bordéus, onde deparou com o Consulado espanhol encerrado e rodeado de milhares de pessoas que tentavam conseguir um visto para fugir para a península.
"Contra as ordens emanadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol Propper passou uma semana em Bordéus, assinando vistos para todos os que precisavam de fugir e continuou a fazê-lo quando o consulado foi transferido para Vichy", explicou Avner Shalev, director do Yad Vashem.
Nunca se soube o número exacto de vistos concedidos por Propper, uma vez que os arquivos foram destruídos.
A decisão de Proper valeu-lhe um castigo profissional, tendo sido transferido para um cargo muito menos prestigiado em Larache (Marrocos) e nunca chegou a ser nomeado embaixador.
Também Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus, foi reconhecido como um "Justo entre as Nações", por ter salvo milhares de judeus durante as II Guerra Mundial, ao conceder cerca de 30 mil vistos, desobedecendo assim às ordens de Salazar. Forçado a regressar e demitido do cargo viria a morrer na miséria.
Israel distinguiu-o com uma medalha a título póstumo e plantou uma arvore em sua memória na Avenida dos Justos, no Museu do Holocausto em Jerusalém durante uma visita oficial do então ministro dos Negócios Estrangeiros português João de Deus Pinheiro.
Fonte: LUSA(Portugal)
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Governo e bancos belgas decidiram compensar os judeus
Governo belga decidiu compensar os judeus com 110 milhões de euros
O Governo e alguns bancos belgas vão dar aos sobreviventes do Holocausto, aos seus familiares e à comunidade judaica 110 milhões de euros, noticia a BBC.
Uma comissão governamental decidiu que, dos 110 milhões, 54 serão divididos entre os cinco mil que requereram indemnizações, e o resto irá para um fundo.
O dinheiro serve para compensar os judeus belgas, cujas propriedades e bens foram saqueados durante a ocupação alemã na altura da Segunda Guerra Mundial. Quase 25 mil judeus belgas morreram no Holocausto.
O porta-voz da comissão de indemnizações, Lucien Buysse, afirmou que os fundos não servem como «compensação moral», mas sim para «pagar bens materiais que foram roubados».
Fonte: Portugal Diário
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=926831&div_id=291
O Governo e alguns bancos belgas vão dar aos sobreviventes do Holocausto, aos seus familiares e à comunidade judaica 110 milhões de euros, noticia a BBC.
Uma comissão governamental decidiu que, dos 110 milhões, 54 serão divididos entre os cinco mil que requereram indemnizações, e o resto irá para um fundo.
O dinheiro serve para compensar os judeus belgas, cujas propriedades e bens foram saqueados durante a ocupação alemã na altura da Segunda Guerra Mundial. Quase 25 mil judeus belgas morreram no Holocausto.
O porta-voz da comissão de indemnizações, Lucien Buysse, afirmou que os fundos não servem como «compensação moral», mas sim para «pagar bens materiais que foram roubados».
Fonte: Portugal Diário
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=926831&div_id=291
terça-feira, 11 de março de 2008
Exposição em Berlim recria Germania
Exposição em Berlim recria Germania, a metrópole do nazismo
Berlim, 10 mar (EFE) - A exposição "Mythos Germania" ("O mito da Germania") recriará a metrópole do nazismo idealizada pelo arquiteto preferido de Hitler, Albert Speer, em um pavilhão habilitado perto do Monumento às Vítimas do Holocausto em Berlim.
A mostra, que será aberta ao público em 15 de março, expõe os planos urbanísticos que
nunca chegaram a se tornar realidade e que são um expoente dos delírios megalômanos de Hitler aplicados à arquitetura. O ditador quis transformar Berlim em uma nova capital mundial, com projetos como o chamado "Grande Pavilhão", com uma altura de 290 metros, dez vezes maior que a Porta de Brandeburgo, junto à qual se encontra agora o Monumento às Vítimas do Holocausto.
Além disso, Hitler projetou um Arco do Triunfo colossal destinado a interpretar a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial como a ante-sala da grande vitória da Segunda Guerra Mundial, que também acabou não ocorrendo.
O encarregado de desenvolver estes planos foi Speer, o arquiteto preferido de Hitler, que foi ministro de Armamento e acabou sendo julgado por crimes de guerra nos Julgamentos de Nuremberg. Speer nunca chegou a levar em frente a maioria de seus projetos, já que com o início da disputa, em 1939, ficaram estagnados tanto o grande projeto Germania como outros planos similares para o resto do Terceiro Reich.
A exposição permanecerá aberta até o final do ano, em um pavilhão formado por 2.711 blocos de concreto com até cinco metros de altura.
Com os projetos de Speer, ilustra-se como tudo terminou: o centro de Berlim destruído pelos bombardeios e a criação do Teufelsberg (Montanha do Diabo), uma colina artificial feita com as ruínas de milhares de prédios devorados pelas bombas, que hoje em dia é o ponto mais alto do centro urbano da capital, com 114,7 metros de altura.
Fonte: EFE
http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2008/03/10/exposicao_em_berlim_recria_germania_a_metropole_do_nazismo_1223725.html
Artigo em inglês da Deutsche Welle:
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1594327,00.html
Fotos:
http://www.digischool.nl/ckv2/ckv3/kunstentechniek1/speer/germania.htm
Berlim, 10 mar (EFE) - A exposição "Mythos Germania" ("O mito da Germania") recriará a metrópole do nazismo idealizada pelo arquiteto preferido de Hitler, Albert Speer, em um pavilhão habilitado perto do Monumento às Vítimas do Holocausto em Berlim.
A mostra, que será aberta ao público em 15 de março, expõe os planos urbanísticos que
nunca chegaram a se tornar realidade e que são um expoente dos delírios megalômanos de Hitler aplicados à arquitetura. O ditador quis transformar Berlim em uma nova capital mundial, com projetos como o chamado "Grande Pavilhão", com uma altura de 290 metros, dez vezes maior que a Porta de Brandeburgo, junto à qual se encontra agora o Monumento às Vítimas do Holocausto.
Além disso, Hitler projetou um Arco do Triunfo colossal destinado a interpretar a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial como a ante-sala da grande vitória da Segunda Guerra Mundial, que também acabou não ocorrendo.
O encarregado de desenvolver estes planos foi Speer, o arquiteto preferido de Hitler, que foi ministro de Armamento e acabou sendo julgado por crimes de guerra nos Julgamentos de Nuremberg. Speer nunca chegou a levar em frente a maioria de seus projetos, já que com o início da disputa, em 1939, ficaram estagnados tanto o grande projeto Germania como outros planos similares para o resto do Terceiro Reich.
A exposição permanecerá aberta até o final do ano, em um pavilhão formado por 2.711 blocos de concreto com até cinco metros de altura.
Com os projetos de Speer, ilustra-se como tudo terminou: o centro de Berlim destruído pelos bombardeios e a criação do Teufelsberg (Montanha do Diabo), uma colina artificial feita com as ruínas de milhares de prédios devorados pelas bombas, que hoje em dia é o ponto mais alto do centro urbano da capital, com 114,7 metros de altura.
Fonte: EFE
http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2008/03/10/exposicao_em_berlim_recria_germania_a_metropole_do_nazismo_1223725.html
Artigo em inglês da Deutsche Welle:
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1594327,00.html
Fotos:
http://www.digischool.nl/ckv2/ckv3/kunstentechniek1/speer/germania.htm
Áustria abre mostra sobre perseguição nazista na Ópera de Viena
Áustria abre mostra sobre perseguição nazista na Ópera de Viena
Por Paul Bolding
VIENA (Reuters) - A Áustria inaugurou nesta segunda-feira uma exposição que mostra como empregados judeus da Ópera Estatal de Viena foram alvo de expurgos durante o período de governo nazista no país. A mostra é parte das cerimônias que relembram a anexação da Áustria pela Alemanha comandada por Adolf Hitler, 70 anos atrás.
A Ópera Estatal de Viena é um dos focos dos sentimentos de culpa da Áustria do pós-Segunda Guerra Mundial pelo fato de ter aceitado rapidamente o comando dos nazistas e, após o fim do conflito, reincorporado poucos dos funcionários perseguidos durante o Terceiro Reich.
A exposição na ornamentada sede da Ópera de Viena, que tanto na época da guerra como hoje constitui parte importante da vida vienense, detalha o destino de 92 integrantes da companhia -- muitos deles, judeus -- que foram excluídos, perseguidos ou assassinados depois da anexação (ou "Anschluss", a palavra alemã que designa a incorporação da Áustria pela Alemanha em 1938).
"A Ópera é uma das instituições prontas para enfrentar seu passado, mesmo se isso às vezes for doloroso", disse o chanceler (primeiro-ministro) Alfred Gusenbauer, ao abrir a mostra. "Infelizmente, atitudes como esta ainda são exceção na Áustria de 2008."
A mostra inclui documentos recém-descobertos e revela detalhes horripilantes de como a administração rompeu os vínculos com artistas, frequentemente judeus, considerados inaceitáveis pelos nazistas,
As imagens das tropas alemãs sendo recebidas como salvadoras quando entraram no país, em 12 de março de 1938, ainda assustam muitos austríacos.
Por muito tempo, os austríacos procuraram apresentar-se como vítimas do nazismo. Mas o reconhecimento da cumplicidade com o nazismo e gestos de reparação aumentaram depois que nos anos 1980 se descobriu que o então presidente do país, Kurt Waldheim, escondeu seu passado como membro de uma corporação nazista.
Na Áustria viviam cerca de 200.000 judeus na época do Anschluss. Muitos fugiram, mas cerca de um terço morreu durante a guerra. Atualmente há apenas cerca de 10.000 judeus no país.
Fonte: Reuters(10.03.2008)
http://br.reuters.com/article/entertainmentNews/idBRN1046532720080310
Por Paul Bolding
VIENA (Reuters) - A Áustria inaugurou nesta segunda-feira uma exposição que mostra como empregados judeus da Ópera Estatal de Viena foram alvo de expurgos durante o período de governo nazista no país. A mostra é parte das cerimônias que relembram a anexação da Áustria pela Alemanha comandada por Adolf Hitler, 70 anos atrás.
A Ópera Estatal de Viena é um dos focos dos sentimentos de culpa da Áustria do pós-Segunda Guerra Mundial pelo fato de ter aceitado rapidamente o comando dos nazistas e, após o fim do conflito, reincorporado poucos dos funcionários perseguidos durante o Terceiro Reich.
A exposição na ornamentada sede da Ópera de Viena, que tanto na época da guerra como hoje constitui parte importante da vida vienense, detalha o destino de 92 integrantes da companhia -- muitos deles, judeus -- que foram excluídos, perseguidos ou assassinados depois da anexação (ou "Anschluss", a palavra alemã que designa a incorporação da Áustria pela Alemanha em 1938).
"A Ópera é uma das instituições prontas para enfrentar seu passado, mesmo se isso às vezes for doloroso", disse o chanceler (primeiro-ministro) Alfred Gusenbauer, ao abrir a mostra. "Infelizmente, atitudes como esta ainda são exceção na Áustria de 2008."
A mostra inclui documentos recém-descobertos e revela detalhes horripilantes de como a administração rompeu os vínculos com artistas, frequentemente judeus, considerados inaceitáveis pelos nazistas,
As imagens das tropas alemãs sendo recebidas como salvadoras quando entraram no país, em 12 de março de 1938, ainda assustam muitos austríacos.
Por muito tempo, os austríacos procuraram apresentar-se como vítimas do nazismo. Mas o reconhecimento da cumplicidade com o nazismo e gestos de reparação aumentaram depois que nos anos 1980 se descobriu que o então presidente do país, Kurt Waldheim, escondeu seu passado como membro de uma corporação nazista.
Na Áustria viviam cerca de 200.000 judeus na época do Anschluss. Muitos fugiram, mas cerca de um terço morreu durante a guerra. Atualmente há apenas cerca de 10.000 judeus no país.
Fonte: Reuters(10.03.2008)
http://br.reuters.com/article/entertainmentNews/idBRN1046532720080310
Testemunhos dos engenheiros dos crematórios (Holocausto)
Testemunhos dos Engenheiros dos Crematórios
Testemunho do SS-Unterscharführer Herman Lambert sobre Sobibor
Citado em "BELZEC, SOBIBOR, TREBLINKA - The Operation Reinhard Death Camps", Indiana University Press - Yitzhak Arad, 1987, p. 123:
"Como eu mencionei no início, eu estava em um campo de extermínio dos judeus há duas ou três semanas. Era talvez no outono de 1942, mas não lembro exatamente quando. Àquele momento, eu fui designado por Wirth para aumentar a estrutura de gaseamento de acordo com o modelo de Treblinka. Eu fui a Sobibor junto com Lorenz Hackenholt, que estava, naquele tempo, em Treblinka.
Nos reportamos ao comandante do campo, Reichsleitner. Ele deu-nos a diretiva para a construção das instalações de gaseamento. Os campos já estavam em operação, e lá haviam essas instalações. Provavelmente a instalação antiga não era grande o suficiente, e a reconstrução era necessária."
Kurt Prufer I
Kurt Prufer, engenheiro chefe em Erfurt, Alemanha, 5 de Março de 1946.
Citado das transcrições do interrogatório pelo Professor Gerald Fleming da Universidade de Surrey, em um artigo do New York Times, em 18 de julho de 1993.
P. Quem, além de você, participou das contruções dos fornos?
R. De 1941-2, eu construi os fornos. Os desenhos técnicos foram feitos por Mr. Keller. O sistema de ventilação "Kremas" (crematórios) foram construídos pelo engenheiro chefe Karl Schultze.
P. Com que frequência e com que propósito você visitou Auschwitz?
R. Cinco vezes. A primeira vez no início de 1943, para receber ordens do Comando SS onde os Kremas deveriam ser construídos. A segunda vez foi na primavera de 1943 para inspecionar o terreno da construção. A terceira vez foi no outono de 1943 para inspecionar uma falha na construção de uma chaminé de um Krema. A quarta vez no início de 1944, para inspecionar a chaminé reparada. A quinta vez em Setembo-Outubro de 1944, quando eu visitei Auschwitz com o objetivo de realocar os crematórios (de Auschwitz), uma vez que o front estava mais próximo. Os crematórios não foram realocados porque não haviam trabalhadores suficientes.
P. Você era o único engenheiro da Topf em Auschwitz na primavera de 1943?
R. Não. (engenheiro chefe Karl) Schultze estava comigo em Auschwitz naquela época. Eu vi pessoalmente aproximadamente 60 corpos de mulheres e homens de diferentes idades que estavam sendo preparados para incineração. Isso era às 10 da manhã. Eu testemunhei a incineração de seis corpos e cheguei a conclusão de que os fornos estavam funcionando bem.
P. Você viu uma câmara de gás próxima aos crematórios?
R. Sim, eu vi uma próxima ao crematório. Entre a câmara de gás e o crematório haviam uma estrutura de conexão.
Kurt Prufer II
P. Você sabia que nas câmaras de gás e nos crematórios ocorria a liquidação de seres humanos inocentes?
R. Eu sabia desde a primavera de 1943 que seres humanos inocentes vinham sendo liquidados nas câmaras de gás em Auschwitz e que seus corpos eram depois incinerados nos crematórios.
P. Quem foi o projetista do sistema de ventilação das câmaras de gás?
R. Schultze foi o projetista do sistema de ventilação nas câmaras de gás; e ele o instalou.
P. Por que o revestimento interno de tijolos [brick lining] das fornalhas [muffles] se desgastavam tão rapidamente?
R. Os tijolos se desgastavam depois de seis meses porque a pressão [strain] nas fornalhas era colossal.
Testemunho do engenheiro Fritz Sander em 7 de Março de 1946.
Citado das transcrições do interrogatório pelo Professor Gerald Fleming da Universidade de Surrey, em um artigo do New York Times, em 18 de julho de 1993.
"Eu decidi projetar e construir um crematório com uma capacidade maior. Completei esse projeto de um novo crematório em Novembro de 1942 - um crematório para incineração em massa, e submeti esse projeto para a Comissão de Patentes do Estado [State Patent Commission] em Berlin.
Esse "Krema" seria construido no princípio do [conveyor belt]. Isso quer dizer, os corpos devem ser trazidos para as fornalhas de incineração sem interrupção. Quando os corpos são empurrados nas fornalhas, eles caem em uma grade e então deslizam na fornalha e são incinerados. Os corpos servem ao mesmo tempo como combustível. Essa patente não poderia ser aprovada pelo Escritório de Patentes [Main Patent Office] em Berlim por causa da sua classificação (como segredo de estado)."
P. Embora você soubesse das liquidações em massa de seres humanos inocentes nos crematórios, você se dedicou pessoalmente em projetar e criar fornos de maior capacidade de incineração para os crematórios - e por sua própria iniciativa.
R. Eu era um engenheiro alemão e membro chave da Topf [works] e via isso como responsabilidade em aplicar meu conhecimento de especialista nesse sentido para ajudar a Alemanha a vencer a guerra, assim como um engenheiro de construção de aeronaves em tempo de guerra, que também está ligado com a destruição de seres humanos.
Testemunho do engenheiro Karl Schultze
Citado das transcrições do interrogatório pelo Professor Gerald Fleming da Universidade de Surrey, em um artigo do New York Times, em 18 de julho de 1993.
P. Qual era sua parte na construção desse Krema e qual era a de Prufer?
R. Prufer era um expert. Ele projetou e construiu esses crematórios e comandou a construção nos campos de concentração. Eu era o responsável pelos sistemas de ventilação e pela injeção de ar nas fornalhas. Em [instances] específicas, eu comandei as instalações pessoalmente. Eu pessoalmente comandei a instalação dos crematórios e das câmaras de gás de Auschwitz. Para esse propósito, eu viajei a Auschwitz três vezes em 1943.
Eu não sabia que nos crematórios de Aischwitz-Birkenau seres humanos inocentes eram liquidados. Eu pensei que lá eram eram mortos criminosos sentenciados a morte por causa de crimes que eles haviam comentido contra o exército alemão na Polônia e em outros territórios ocupados. Eu sou um alemão e apoiei e estou apoiando o governo na Alemanha e as leis do nosso governo. Quem quer que se oponha às nossas leis é um inimigo do Estado, porque nossas leis o estabelecem como tal. Eu não agi em iniciativa pessoal mas dirigido por Ludwig Topf. Eu estava com medo de perder minha posição e de uma possível prisão.
P. Sua visão realmente não difere da visão de um nazista.
R. Não, eu não era membro do NSDAP. Eu só respeitava e agia de acordo com as leis do meu país.
Fonte: A Teacher's Guide to the Holocaust
http://fcit.coedu.usf.edu/HOLOCAUST/RESOURCE/DOCUMENT/DocTest1.htm
Tradução: Guilherme
Extraído do tópico da comunidade Holocausto x "Revisionismo"
Testemunho do SS-Unterscharführer Herman Lambert sobre Sobibor
Citado em "BELZEC, SOBIBOR, TREBLINKA - The Operation Reinhard Death Camps", Indiana University Press - Yitzhak Arad, 1987, p. 123:
"Como eu mencionei no início, eu estava em um campo de extermínio dos judeus há duas ou três semanas. Era talvez no outono de 1942, mas não lembro exatamente quando. Àquele momento, eu fui designado por Wirth para aumentar a estrutura de gaseamento de acordo com o modelo de Treblinka. Eu fui a Sobibor junto com Lorenz Hackenholt, que estava, naquele tempo, em Treblinka.
Nos reportamos ao comandante do campo, Reichsleitner. Ele deu-nos a diretiva para a construção das instalações de gaseamento. Os campos já estavam em operação, e lá haviam essas instalações. Provavelmente a instalação antiga não era grande o suficiente, e a reconstrução era necessária."
Kurt Prufer I
Kurt Prufer, engenheiro chefe em Erfurt, Alemanha, 5 de Março de 1946.
Citado das transcrições do interrogatório pelo Professor Gerald Fleming da Universidade de Surrey, em um artigo do New York Times, em 18 de julho de 1993.
P. Quem, além de você, participou das contruções dos fornos?
R. De 1941-2, eu construi os fornos. Os desenhos técnicos foram feitos por Mr. Keller. O sistema de ventilação "Kremas" (crematórios) foram construídos pelo engenheiro chefe Karl Schultze.
P. Com que frequência e com que propósito você visitou Auschwitz?
R. Cinco vezes. A primeira vez no início de 1943, para receber ordens do Comando SS onde os Kremas deveriam ser construídos. A segunda vez foi na primavera de 1943 para inspecionar o terreno da construção. A terceira vez foi no outono de 1943 para inspecionar uma falha na construção de uma chaminé de um Krema. A quarta vez no início de 1944, para inspecionar a chaminé reparada. A quinta vez em Setembo-Outubro de 1944, quando eu visitei Auschwitz com o objetivo de realocar os crematórios (de Auschwitz), uma vez que o front estava mais próximo. Os crematórios não foram realocados porque não haviam trabalhadores suficientes.
P. Você era o único engenheiro da Topf em Auschwitz na primavera de 1943?
R. Não. (engenheiro chefe Karl) Schultze estava comigo em Auschwitz naquela época. Eu vi pessoalmente aproximadamente 60 corpos de mulheres e homens de diferentes idades que estavam sendo preparados para incineração. Isso era às 10 da manhã. Eu testemunhei a incineração de seis corpos e cheguei a conclusão de que os fornos estavam funcionando bem.
P. Você viu uma câmara de gás próxima aos crematórios?
R. Sim, eu vi uma próxima ao crematório. Entre a câmara de gás e o crematório haviam uma estrutura de conexão.
Kurt Prufer II
P. Você sabia que nas câmaras de gás e nos crematórios ocorria a liquidação de seres humanos inocentes?
R. Eu sabia desde a primavera de 1943 que seres humanos inocentes vinham sendo liquidados nas câmaras de gás em Auschwitz e que seus corpos eram depois incinerados nos crematórios.
P. Quem foi o projetista do sistema de ventilação das câmaras de gás?
R. Schultze foi o projetista do sistema de ventilação nas câmaras de gás; e ele o instalou.
P. Por que o revestimento interno de tijolos [brick lining] das fornalhas [muffles] se desgastavam tão rapidamente?
R. Os tijolos se desgastavam depois de seis meses porque a pressão [strain] nas fornalhas era colossal.
Testemunho do engenheiro Fritz Sander em 7 de Março de 1946.
Citado das transcrições do interrogatório pelo Professor Gerald Fleming da Universidade de Surrey, em um artigo do New York Times, em 18 de julho de 1993.
"Eu decidi projetar e construir um crematório com uma capacidade maior. Completei esse projeto de um novo crematório em Novembro de 1942 - um crematório para incineração em massa, e submeti esse projeto para a Comissão de Patentes do Estado [State Patent Commission] em Berlin.
Esse "Krema" seria construido no princípio do [conveyor belt]. Isso quer dizer, os corpos devem ser trazidos para as fornalhas de incineração sem interrupção. Quando os corpos são empurrados nas fornalhas, eles caem em uma grade e então deslizam na fornalha e são incinerados. Os corpos servem ao mesmo tempo como combustível. Essa patente não poderia ser aprovada pelo Escritório de Patentes [Main Patent Office] em Berlim por causa da sua classificação (como segredo de estado)."
P. Embora você soubesse das liquidações em massa de seres humanos inocentes nos crematórios, você se dedicou pessoalmente em projetar e criar fornos de maior capacidade de incineração para os crematórios - e por sua própria iniciativa.
R. Eu era um engenheiro alemão e membro chave da Topf [works] e via isso como responsabilidade em aplicar meu conhecimento de especialista nesse sentido para ajudar a Alemanha a vencer a guerra, assim como um engenheiro de construção de aeronaves em tempo de guerra, que também está ligado com a destruição de seres humanos.
Testemunho do engenheiro Karl Schultze
Citado das transcrições do interrogatório pelo Professor Gerald Fleming da Universidade de Surrey, em um artigo do New York Times, em 18 de julho de 1993.
P. Qual era sua parte na construção desse Krema e qual era a de Prufer?
R. Prufer era um expert. Ele projetou e construiu esses crematórios e comandou a construção nos campos de concentração. Eu era o responsável pelos sistemas de ventilação e pela injeção de ar nas fornalhas. Em [instances] específicas, eu comandei as instalações pessoalmente. Eu pessoalmente comandei a instalação dos crematórios e das câmaras de gás de Auschwitz. Para esse propósito, eu viajei a Auschwitz três vezes em 1943.
Eu não sabia que nos crematórios de Aischwitz-Birkenau seres humanos inocentes eram liquidados. Eu pensei que lá eram eram mortos criminosos sentenciados a morte por causa de crimes que eles haviam comentido contra o exército alemão na Polônia e em outros territórios ocupados. Eu sou um alemão e apoiei e estou apoiando o governo na Alemanha e as leis do nosso governo. Quem quer que se oponha às nossas leis é um inimigo do Estado, porque nossas leis o estabelecem como tal. Eu não agi em iniciativa pessoal mas dirigido por Ludwig Topf. Eu estava com medo de perder minha posição e de uma possível prisão.
P. Sua visão realmente não difere da visão de um nazista.
R. Não, eu não era membro do NSDAP. Eu só respeitava e agia de acordo com as leis do meu país.
Fonte: A Teacher's Guide to the Holocaust
http://fcit.coedu.usf.edu/HOLOCAUST/RESOURCE/DOCUMENT/DocTest1.htm
Tradução: Guilherme
Extraído do tópico da comunidade Holocausto x "Revisionismo"
domingo, 9 de março de 2008
"Sobre o problema do Futuro da nossa Nação"
Documentando a história: declaração traduzida do alemão pro português do nazista Martin Bormann, secretário particular do ditador nazista Adolf Hitler
29/01/1944 – Martin Bormann
"Na noite de 27 para 28 de janeiro, o Führer conversou conosco sobre o problema do futuro do nosso povo. Depois destas conversas e de posteriores deliberações, fica determinado o seguinte:
A situação da nossa nação depois desta guerra será catastrófica pelo fato da nossa população passar no momento por um segundo derramamento de sangue em um espaço de trinta anos. Venceremos a guerra de toda a forma, mas a perderemos em termos populacionais, caso não passarmos por uma completa e decisiva mudança de compreensão e, a partir disso, chegarmos a uma nova atitude. O desperdício de sangue já não é de fato algo isolado, mas contribui ano após ano para que cheguemos a um futuro o mais remoto.
Um único exemplo:
Quantas crianças mais teriam nascido nesta Guerra, se fosse possível conceder aos soldados licenças completas ou mais abundantes?
Depois desta guerra, teremos – como o Führer enfatizou – de três a quatro milhões de mulheres, as quais não terão mais homem para casar. Uma conseqüente queda de natalidade seria extremamente intolerável: de quantas divisões – salientou o Führer – com homens de vinte a quarenta e cinco anos ou mais ficaríamos desfalcados! A estimativa de que a maioria dos pais diminuam o número de filhos para assegurar o futuros dos que já nasceram é portanto fundamentada. O contrário também é válido. Por um bom senso de prudência, todas as mulheres que têm um filho lhes darão grande importância, de modo que não apenas ela própria, mas todas as demais mulheres terão o maior número de filhos possível e, assim, o futuro destas crianças será cada vez mais assegurado quanto maior for sua quantidade. Este é um raciocínio perfeitamente compreensível.
Sob as atuais circunstâncias, poderão as mulheres que, após a guerra, não são casados e nem prestes a casar, ter filhos concebidos não pelo Espírito Santo, mas tão somente por homens alemães disponíveis por esta ocasião. A considerável capacidade reprodutiva destes homens singulares é – evidente do ponto de vista do bem-estar nacional – apenas parte do que se deseja destes indivíduos. Os homens respeitáveis, de caráter, física e psicologicamente saudáveis devem tornar-se reprodutores, não aqueles decadentes física e espiritualmente.
O esclarecimento público, ou seja, geral pode ser feito a partir de razões evidentes tão logo após a guerra. Apenas um aspecto neste caso deve ser considerado: atualmente não podemos fazer este apelo às mulheres cujos maridos presumivelmente não estejam mortos e tampouco podemos dar início a este plano por consideração aos nossos soldados. Poder-se-ia supor que, se fôssemos confidenciar aos nossos combatentes, na condição de soldados, essa linha de raciocínio, cada um deles não quereria mais tornar-se militar, caso sua esposa ou noiva tivesse filhos com outro homem após ser morto. Desde já devemos remover quaisquer indesejáveis obstáculos ao estabelecimento de nossos objetivos; é especialmente válido que influenciemos escritores e poetas de nosso tempo. Novos romances, novelas e peças de teatro que tenham o casamento como drama = adultério não devem ser mais permitidos, da mesma forma que todo e qualquer poema, produção literária e filme que tratem as crianças concebidas fora do casamento com desonra e inferioridade. A palavra “desonra” deve, como venho dizendo há muito tempo, ser completamente abolida.
De fato, a aversão por crianças nascidas fora do casamento tem um motivo inquestionável o qual devemos, corretamente e de forma imediata, reconhecer.
Também não desejamos que nossas filhas e irmãs tenham filhos de qualquer homem de forma irresponsável, e nem mesmo que tenham respectivamente um filho para cada homem. Portanto, devemos desejar que as mulheres do nosso povo, os quais, depois dessa guerra, podem não estar propensos ao matrimônio, que se unam a um homem de seu agrado e com quem pretendam ter filhos.
Se eu desse particular atenção para a reprodução animal, pela qual apenas animais aptos podem procriar, então eu deveria observar as mesmas regaras válidas para todos os mamíferos também para os homens. Querendo crainaçs que tenham um caráter equilibrado e sem nenhum aspecto derrogatório, então devo defender a idéia de que apenas pessoas que se gostam devam ter filhos umas com as outras.
Dedução: Nós devemos desejar que as mulheres, as quais depois desta guerra não possam ou não queiram passar por um matrimônio, concordem em ter um relacionamento o mais próximo possível de um casamento junto a um homem com quem possa criar o maior número de filhos possível.
Que nem todo relacionamento deste tipo seja fadado a durar toda uma vida, não há o que questionar, haja vista que é natural, da mesma forma, que vários casamentos acabam em um prazo mais curto ou mais longo. Além do mais, eu mesmo sou testemunha que duas pessoas, unidas por um elo de amizade são, com isso, bem mais propensas a ficarem juntos por toda uma vida; isso torna-se ainda mais verdadeiro, quando os filhos reforçam esses laços de amor e amizade.
Como já afirmamos várias vezes, deve-se prevenir toda espécie de difamações relativas aos relacionamentos desejados pela população. Quem insultar uma mulher que tenha filhos sem ser casada (neste contexto) deve ser severamente punido. Quem – que acabam por ser membros da Igreja em sua maioria – pronunciar-se contra a divulgação dessa necessidade nacional deve ser exemplarmente condenado.
Muitas mulheres e garotas criariam filhos com prazer e certamente teriam muitos filhos, se elas soubessem, de antemão, que teriam durante toda a sua vida o devido sustento. Elas não devem maltratar seus filhos e um dia, quando o pai das crianças morrer, ficar reduzida à miséria ou for abandonada, desprovida de recursos, elas devem ser direcionadas junto com seus filhos, por um ato de clemência e caridade, a toda e qualquer instituição de bem-estar social.
É de se esperar que mulheres que exerçam uma profissão e que tenham filhos recebam um maior salário e que lhes seja concedido moradia, correspondente ao tamanho de suas famílias, são providências a serem tomadas.
Eu gostaria que, depois da guerra, fossem criadas tais habitações para que as integrantes do partido possam ter filhos.
A quantidade de instalações educacionais irá aumentar consideravelmente, de forma que para todas as mulheres que – consideradas todas as espécias de motivos – não possam temporariamente ou por um período mais prolongado criar sozinha seus filhos, seja permitido delegar a educação deles a estas instituições. Isso é válido tanto para moças quanto para rapazes. Nós devemos, a fim de garantir o futuro da nossa nação, estabelecer imediatamente um culto à maternidade e nisso não deve haver distinção alguma entre mulheres que, na presente situação, estejam casadas e as que tiveram filhos com um homem com quem mantêm laços de amizade. Todas essas mães devem ser respeitadas de maneira igual.
Evidentemente, isso não é válido para aqueles elementos anti-sociais que sequer sabem quem poderia ser o pai de seus filhos. Como eu mencionei anteriormente, é necessário, quanto à caracterização destes relacionamentos, que os aspectos que causem, em maior ou menor grau, danos à reputação, sejam abolidos e proibidos. Devemos, portanto, considerar como relacionamento de uma mulher com um homem com quem ela não contraiu matrimônio deva ser caracterizado. Também temos que levar em conta como as crianças, oriundas de tais laços de amizade, devam ser enquadradas etc.
Quanto mais felizes ficamos com a quantidade de nomes, mais facilmente conseguiremos suplantar as restrições a serem combatidas. Estas dificuldades devem ser postas de lado, caso contrário o grande sacrifício da guerra anterior e desta guerra serão em vão, quando nosso povo for vítima de próximos ataques. Em vinte ou trinta ou quarenta ou cinqüenta anos, farão falta as divisões, das quais temos absoluta necessidade, para que nosso povo não fique fadado à aniquilação."
Texto original alemão em: NS-Archiv (Dokumente zum Nationalsozialismus)
http://www.ns-archiv.de/krieg/zukunft/bormann.php
Tradução: Marcelo Hiramatsu Azevedo
Colaboração: Aureliano
29/01/1944 – Martin Bormann
"Na noite de 27 para 28 de janeiro, o Führer conversou conosco sobre o problema do futuro do nosso povo. Depois destas conversas e de posteriores deliberações, fica determinado o seguinte:
A situação da nossa nação depois desta guerra será catastrófica pelo fato da nossa população passar no momento por um segundo derramamento de sangue em um espaço de trinta anos. Venceremos a guerra de toda a forma, mas a perderemos em termos populacionais, caso não passarmos por uma completa e decisiva mudança de compreensão e, a partir disso, chegarmos a uma nova atitude. O desperdício de sangue já não é de fato algo isolado, mas contribui ano após ano para que cheguemos a um futuro o mais remoto.
Um único exemplo:
Quantas crianças mais teriam nascido nesta Guerra, se fosse possível conceder aos soldados licenças completas ou mais abundantes?
Depois desta guerra, teremos – como o Führer enfatizou – de três a quatro milhões de mulheres, as quais não terão mais homem para casar. Uma conseqüente queda de natalidade seria extremamente intolerável: de quantas divisões – salientou o Führer – com homens de vinte a quarenta e cinco anos ou mais ficaríamos desfalcados! A estimativa de que a maioria dos pais diminuam o número de filhos para assegurar o futuros dos que já nasceram é portanto fundamentada. O contrário também é válido. Por um bom senso de prudência, todas as mulheres que têm um filho lhes darão grande importância, de modo que não apenas ela própria, mas todas as demais mulheres terão o maior número de filhos possível e, assim, o futuro destas crianças será cada vez mais assegurado quanto maior for sua quantidade. Este é um raciocínio perfeitamente compreensível.
Sob as atuais circunstâncias, poderão as mulheres que, após a guerra, não são casados e nem prestes a casar, ter filhos concebidos não pelo Espírito Santo, mas tão somente por homens alemães disponíveis por esta ocasião. A considerável capacidade reprodutiva destes homens singulares é – evidente do ponto de vista do bem-estar nacional – apenas parte do que se deseja destes indivíduos. Os homens respeitáveis, de caráter, física e psicologicamente saudáveis devem tornar-se reprodutores, não aqueles decadentes física e espiritualmente.
O esclarecimento público, ou seja, geral pode ser feito a partir de razões evidentes tão logo após a guerra. Apenas um aspecto neste caso deve ser considerado: atualmente não podemos fazer este apelo às mulheres cujos maridos presumivelmente não estejam mortos e tampouco podemos dar início a este plano por consideração aos nossos soldados. Poder-se-ia supor que, se fôssemos confidenciar aos nossos combatentes, na condição de soldados, essa linha de raciocínio, cada um deles não quereria mais tornar-se militar, caso sua esposa ou noiva tivesse filhos com outro homem após ser morto. Desde já devemos remover quaisquer indesejáveis obstáculos ao estabelecimento de nossos objetivos; é especialmente válido que influenciemos escritores e poetas de nosso tempo. Novos romances, novelas e peças de teatro que tenham o casamento como drama = adultério não devem ser mais permitidos, da mesma forma que todo e qualquer poema, produção literária e filme que tratem as crianças concebidas fora do casamento com desonra e inferioridade. A palavra “desonra” deve, como venho dizendo há muito tempo, ser completamente abolida.
De fato, a aversão por crianças nascidas fora do casamento tem um motivo inquestionável o qual devemos, corretamente e de forma imediata, reconhecer.
Também não desejamos que nossas filhas e irmãs tenham filhos de qualquer homem de forma irresponsável, e nem mesmo que tenham respectivamente um filho para cada homem. Portanto, devemos desejar que as mulheres do nosso povo, os quais, depois dessa guerra, podem não estar propensos ao matrimônio, que se unam a um homem de seu agrado e com quem pretendam ter filhos.
Se eu desse particular atenção para a reprodução animal, pela qual apenas animais aptos podem procriar, então eu deveria observar as mesmas regaras válidas para todos os mamíferos também para os homens. Querendo crainaçs que tenham um caráter equilibrado e sem nenhum aspecto derrogatório, então devo defender a idéia de que apenas pessoas que se gostam devam ter filhos umas com as outras.
Dedução: Nós devemos desejar que as mulheres, as quais depois desta guerra não possam ou não queiram passar por um matrimônio, concordem em ter um relacionamento o mais próximo possível de um casamento junto a um homem com quem possa criar o maior número de filhos possível.
Que nem todo relacionamento deste tipo seja fadado a durar toda uma vida, não há o que questionar, haja vista que é natural, da mesma forma, que vários casamentos acabam em um prazo mais curto ou mais longo. Além do mais, eu mesmo sou testemunha que duas pessoas, unidas por um elo de amizade são, com isso, bem mais propensas a ficarem juntos por toda uma vida; isso torna-se ainda mais verdadeiro, quando os filhos reforçam esses laços de amor e amizade.
Como já afirmamos várias vezes, deve-se prevenir toda espécie de difamações relativas aos relacionamentos desejados pela população. Quem insultar uma mulher que tenha filhos sem ser casada (neste contexto) deve ser severamente punido. Quem – que acabam por ser membros da Igreja em sua maioria – pronunciar-se contra a divulgação dessa necessidade nacional deve ser exemplarmente condenado.
Muitas mulheres e garotas criariam filhos com prazer e certamente teriam muitos filhos, se elas soubessem, de antemão, que teriam durante toda a sua vida o devido sustento. Elas não devem maltratar seus filhos e um dia, quando o pai das crianças morrer, ficar reduzida à miséria ou for abandonada, desprovida de recursos, elas devem ser direcionadas junto com seus filhos, por um ato de clemência e caridade, a toda e qualquer instituição de bem-estar social.
É de se esperar que mulheres que exerçam uma profissão e que tenham filhos recebam um maior salário e que lhes seja concedido moradia, correspondente ao tamanho de suas famílias, são providências a serem tomadas.
Eu gostaria que, depois da guerra, fossem criadas tais habitações para que as integrantes do partido possam ter filhos.
A quantidade de instalações educacionais irá aumentar consideravelmente, de forma que para todas as mulheres que – consideradas todas as espécias de motivos – não possam temporariamente ou por um período mais prolongado criar sozinha seus filhos, seja permitido delegar a educação deles a estas instituições. Isso é válido tanto para moças quanto para rapazes. Nós devemos, a fim de garantir o futuro da nossa nação, estabelecer imediatamente um culto à maternidade e nisso não deve haver distinção alguma entre mulheres que, na presente situação, estejam casadas e as que tiveram filhos com um homem com quem mantêm laços de amizade. Todas essas mães devem ser respeitadas de maneira igual.
Evidentemente, isso não é válido para aqueles elementos anti-sociais que sequer sabem quem poderia ser o pai de seus filhos. Como eu mencionei anteriormente, é necessário, quanto à caracterização destes relacionamentos, que os aspectos que causem, em maior ou menor grau, danos à reputação, sejam abolidos e proibidos. Devemos, portanto, considerar como relacionamento de uma mulher com um homem com quem ela não contraiu matrimônio deva ser caracterizado. Também temos que levar em conta como as crianças, oriundas de tais laços de amizade, devam ser enquadradas etc.
Quanto mais felizes ficamos com a quantidade de nomes, mais facilmente conseguiremos suplantar as restrições a serem combatidas. Estas dificuldades devem ser postas de lado, caso contrário o grande sacrifício da guerra anterior e desta guerra serão em vão, quando nosso povo for vítima de próximos ataques. Em vinte ou trinta ou quarenta ou cinqüenta anos, farão falta as divisões, das quais temos absoluta necessidade, para que nosso povo não fique fadado à aniquilação."
Texto original alemão em: NS-Archiv (Dokumente zum Nationalsozialismus)
http://www.ns-archiv.de/krieg/zukunft/bormann.php
Tradução: Marcelo Hiramatsu Azevedo
Colaboração: Aureliano
quarta-feira, 5 de março de 2008
Os médicos da morte
Médicos e medicina na Alemanha nazi
Origem ideológica da política nazi nos anos ’30 para os doentes mentais, que a partir de 1942 acabou derivando os grandes centros de matança em escala industrial, onde o médico passou a ser um assassino com diploma.
A combinação destes dois termos parece uma incongruência, pois a essência, a missão mesma da medicina é salvar vidas, aliviar os sofrimentos. Como pode se dar na Alemanha nazi tal monstruosa combinação?
Para isto é necessário voltar um pouco a épocas anteriores, especialmente ao século XIX, que foi quando começaram a ser elaboradas teorias que logo depois puderam ser implementadas. Por suposto que já muito antes se sabia que havia seres humanos de diferentes aspectos. Quando os europeus chegaram à América puderam comprová-lo, mas recentemente no século XIX, graças ao trabalho de certos antropólogos, chegou-se à conclusão que as diferenças implicavam também em juízos de valor. Havia seres humanos cujas vidas valiam menos que outras. E dali também uma série de conclusões sociais: seu estado de pobreza ou atraso, não era circunstancial, senão algo orgânico que jamais poderia nem deveria ser mudado, se não quisesse violentar as “leis objetivas” da natureza.
A Revolução Francesa alterou esses conceitos ao declarar um princípio universal de igualdade dos homens ante a lei, além disso sancionou os princípios de liberdade e fraternidade. Alguns círculos sociais consideraram que esses princípios atacavam e intentavam destruir costumes e modelos sociais aceitos desde tempos imemoriais. Além disso, o vertiginoso desenvolvimento industrial e urbanístico criou uma série de problemas sociais: amontoamento, enfermedades sociais se fizeram presentes. Mas curiosamente, não se culpou as novas condições criadas pelo industrialismo de serem responsáveis. Os enfermos mesmos, quer dizer, as vítimas, passaram a ser os culpados, por serem pobres e enfermos, pois isso era um sinal de sua “inferioridade racial”, um sinal de degeneração hereditária.
Criou-se uma nova “pseudo-ciência” chamada higiene racial, cujos ideólogos foram psiquiatras e antropólogos. Eles proporcionaram os instrumentos ideológicos para uma solução biológica a um problema que era eminentemente social. Não era a enfermidade que devia ser eliminada, mas os seus portadores. Com a chegada dos nazis ao poder em 1933, criaram-se as condições para que estas idéias assassinas pudessem ser postas em prática. Como é sabido, já em 1933 se ordenou na Alemanha que certa categoria de pessoas fossem esterelizadas a fim de que não pudessem reproduzir-se e propagar suas “taras hereditárias”. Já em 1923 Hitler havia anunciado que haveria de proibir os matrimônios entre alemães e estrangeiros, em particular negros e judeus.
A Alemanha requeriu a remédios violentos, talvez inclusive “amputações”. Todas essas medidas produziram uma depuração racial. Na última página de seu livro "Minha Luta" Hitler dizia: “Um estado que numa época de contaminação das raças vela zelosamente pela conservação dos melhores elementos da sua raça, um dia deve converte-se no dono da Terra”.
Estas idéias, por si mesmas não foram a fonte do desastre. Quando em 1947 estavam julgando esses médicos assassinos, disse Alexander Misterlich, o delegado oficial da câmara de médicos da Alemanha Ocidental: “Antes de que tais idéias pudessem traduzir-se em fatos monstruosos e em rotina diária, tiveram que cruzar-se duas correntes cujos resultados foram a de que o médico passou a ser um um assassino com diploma, autorizado não para curar senão para matar. O ser humano deixou de ser uma criatura sofredora: passou a ser um “caso” ou um número tatuado no braço.
A isto há que se agregar as graves conseqüências das crises econômicas e políticas que afetaram a Alemanha durante boa parte da década de vinte e sobretudo em início da década de trinta, com sua seqüela de reduções orçadas para atender a saúde da população. O resultado foi que milhares de médicos começaram a afiliar-se ao partido nazi.
Muitos que chegaram a fortuna profissão levados pelo idealismo, rapidamente sentiram as limitações que a ciência lhes impunha. Começou-se a abrir passagem a idéia de que havia não somente seres inferiores que deveriam ser esterilizados, senão que tinham que serem totalmente eliminados, porque eram “consumidores desnecessários e improdutivos” que havia que se manter até que morressem naturalmente.
Ainda hoje em dia se escutam opiniões dos herdeiros de tais idéias. Dizem, por exemplo, que se deve proceder a “descontinuidade de tratamentos sofisticados aplicados a pessoas mais velhas de 75 anos com o fim de prolongar suas vidas”.
Mas não se trata da Alemanha nazi dos anos trinta senão dos Estados Unidos nas décadas de oitenta e noventa.
Já durante os primeiros anos do regime nazi, começou-se a realizar uma profunda campanha por meio de posters que demonstravam a quantidade de dinheiro crescente que o Estado devia gastar para manter crianças defeituosas, frente a somas muito menores que se dedicavam a crianças sadias. O objetivo era claro. Se esse dinheiro fosse dedicado a crianças sadias, estas poderiam desenvolver-se muito melhor. Eram os enfermos e portadores de enfermidades genéticas os culpados por essa situação. E como se isso fosse pouco, noutro poster havia figuras humanas: um homem adulto carregava sobre seus ombros duas criaturas deformes, com rostos de macacos. O peso de ambas as crianças o agoniava.
A guerra: uma oportunidade para o assassinato
Em 1º de Setembro de 1939, no mesmo dia que a Alemanha atacou a Polônia, Hitler firmou um decreto que autorizava os médicos psiquiatras a solicitar informes das instituições para doentes mentais e entregar àqueles, que em seu julgamento, não tinham uma cura previsível, não podiam trabalhar, mas também incluiam outras pessoas que noutra sociedade não houvessem sido considerados doentes mentais: depressivos, não conformistas ou inclusive presos políticos.
Esse programa, como todos os planos assassinos implementados pelos nazis recebeu nomes em código. Este mal nomeado plano de eutanásia, recebeu o nome código de T-4, porque a oficina central do mesmo se encontrava na rua Tiergarten 4 de Berlim. Curiosamente “Tiere” em alemão significa animal, fera. O edifício foi logo depois totalmente destruído por bombardeios.
Os diretores de instituições psiquiátricas receberam questionários onde lhes era perguntado acerca do tipo de enfermidade, tempo de internação e capacidade para o trabalho. Aos diretores lhes foi dito que essas perguntas tinha a ver com a economia de guerra, mas não acerca do objetivo último. Logo depois de reunidos os questionários, uma comissão de médicos, sobre um total de trinta que formavam a equipe, visitava os estabelecimentos e decidia quem viveria e quem morreria. Estes últimos imediatamente eram transportados a centros de matança onde eram assassinados por meios de gás. O processo de matança começou em 9 de outubro de 1939 e se prolongou até agosto de 1941, quando eclodiu uma onda de protestos, lideradas pelo arcebispo von Galen. Segundo um cálculo estatístico preparado anteriormente, sobre uma população de setenta milhões com a que então contava a Alemanha, tinha-se por aceito que 0,01% eram de doentes mentais incuráveis. Até a data da suspensão temporária dos assassinatos, deveriam ter assassinado 70.000 doentes. Com uma típica pedantismo germânico informaram que lamentavelmente esse número havia sido superado em 243 pessoas!, quer dizer, haviam superado a marca que haviam estabelecido.
Contudo, as matanças não cessaram, senão que foram apenas suspendidas para se tomar um tempo e estudar novas medidas. Pensou-se em aplicar novos critérios de seleção, incluindo-se nas listas de futuros candidatos para ser assassinados os enfermos tuberculosos, pessoas maiores incapazes de trabalhar e que não podiam permanecer muito tempo num mesmo trabalho.
Todos foram igualmente considerados deficientes, cujas vidas careciam de valor para a economia alemã. Existia além disso o formidável pretexto de que, devido à guerra, necessitava-se mais e mais leitos nos hospitais alemães para atender aos feridos de guerra. Logicamente ficava aberta a pergunta: que aconteceria com essas vítimas de guerra que não pudessem trabalhar ou resultassem com uma grave enfermidade mental, como conseqüência de sua participação na guerra? Matá-los resultaria ser mais barato que mantê-los com vida. Mas também corriam a mesma sorte os pacientes que estavam detidos legalmente por virtude de uma condenação ou aqueles de origem judia, quer dizer, pessoas que como resultado de sua classificação social ou racial não necessitavam de nenhuma resolução médica para se ordenar seu assassinato.
Enquanto isso, os responsáveis da execução do 'formidável' plano, ante o requerimento dos médicos, resignaram-se a emitir instruções mais precisas a fim de reduzir o número de pacientes mentais crônicos, ainda que levassem em conta a possibilidade de realizar previamente uma terapia intensiva.
Inclusive pensaram em abrir dois departamentos dedicados à investigação neurológica e psiquiátrica básica, planejando também emitir sua própria publicação científica com os resultados de suas investigações. Estes planos deveriam ser engavetados devido a grande onda de derrotas que começaram a se suceder a partir de 1942. Contudo, a medida que a guerra foi ampliando-se, o plano T.-4 encontrou a possibilidade de incluir mais e mais gente na categoria de possíveis vítimas, extendendo seu campo de ação muito mais além dos simples doentes mentais. Os critérios para as matanças clínicas foram se extendendo, abarcando já não somente o antigo território alemão, senão a todos os internados nas clínicas da União Soviética, sem nenhuma exceção. Podia-se dizer ironicamente que ali, além disso, os doentes mentais sofriam de outra enfermidade incurável: eram comunistas.
Enquanto isso na Alemanha, os desastres da guerra, os doentes e feridos trazidos das frentes de guerra, os civis vítimas de raids(bombardeios)aéreos, também apresentaram serias pertubações mentais, pelo que foram transladados à instituições para doentes mentais, onde lhes foi dado a morte, não com gás mas mediante o uso de overdoses de tranqüilizantes.
Como pode se imaginar estes assassinatos realizados por médicos, que nada têm a ver com a eutanásia, foram rapidamente utilizados para fins totalmente distintos. Com a experiência acumulada em matanças de doentes mentais, e outros, pode-se com toda lo´gica pensar que esses mesmos métodos podiam se aplicar em maior escala, em escala industrial. E assim foi como já em 1941, fizeram sua aparição unidades móveis na Croácia, o primeiro país onde usaram esses métodos para matar a uma grande quantidade de gente; logo depois em Chelmno, na Polônia em fins de 1941 e finalmente, a partir de 1942, com a construção dos grandes centros de matança em escala industrial em Auschwitz-Birkenau, Maidanek, Belzec, Sobibor e Treblinka. Ali, com métodos totalmente industrializados podia se assassinar a milhões de vítimas, as que conduziram de todos os rincões da Europa. Nem todas as vítimas foram judeus. Ciganos, homossexuais, inimigos políticos e toda uma gama de gente indesejável, como por exemplo prisioneiros de guerra soviéticos, foram assassinados nas câmaras de gás. Mas todos os judeus eram candidatos a ser vítimas.
E para finalizar, dois detalhes interessantes: o pessoal que trabalhou em princípio na matança de doentes mentais na Alemanha, devido a sua experiência foi o que treinou mais tarde os que acionaram os grandes campos de extermínio, e segundo, nem todos os médicos que participaram nesses assassinatos foram condenados ou sofreram longas penas. Alguns foram condenados e executados. Outros, muito poucos, chegaram a entender a monstruosidade que haviam cometido e se suicidaram antes de serem julgados.
Muitos, conseguiram fazer fazer importantes carreiras médicas, como se nada houvesse ocorrido. Sua consciência não os molestou jamais. Um deles, Josef Mengele, fugiu para a Argentina e abriu um laboratório de análises clínicas, porque a Universidade de Munique invalidou seu diploma de médico. A justiça argentina se negou a extraditá-lo.
Fonte: Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/19/losmed.htm
Texto(espanhol): Prof. Abraham Huberman
Tradução: Roberto Lucena
Origem ideológica da política nazi nos anos ’30 para os doentes mentais, que a partir de 1942 acabou derivando os grandes centros de matança em escala industrial, onde o médico passou a ser um assassino com diploma.
A combinação destes dois termos parece uma incongruência, pois a essência, a missão mesma da medicina é salvar vidas, aliviar os sofrimentos. Como pode se dar na Alemanha nazi tal monstruosa combinação?
Para isto é necessário voltar um pouco a épocas anteriores, especialmente ao século XIX, que foi quando começaram a ser elaboradas teorias que logo depois puderam ser implementadas. Por suposto que já muito antes se sabia que havia seres humanos de diferentes aspectos. Quando os europeus chegaram à América puderam comprová-lo, mas recentemente no século XIX, graças ao trabalho de certos antropólogos, chegou-se à conclusão que as diferenças implicavam também em juízos de valor. Havia seres humanos cujas vidas valiam menos que outras. E dali também uma série de conclusões sociais: seu estado de pobreza ou atraso, não era circunstancial, senão algo orgânico que jamais poderia nem deveria ser mudado, se não quisesse violentar as “leis objetivas” da natureza.
A Revolução Francesa alterou esses conceitos ao declarar um princípio universal de igualdade dos homens ante a lei, além disso sancionou os princípios de liberdade e fraternidade. Alguns círculos sociais consideraram que esses princípios atacavam e intentavam destruir costumes e modelos sociais aceitos desde tempos imemoriais. Além disso, o vertiginoso desenvolvimento industrial e urbanístico criou uma série de problemas sociais: amontoamento, enfermedades sociais se fizeram presentes. Mas curiosamente, não se culpou as novas condições criadas pelo industrialismo de serem responsáveis. Os enfermos mesmos, quer dizer, as vítimas, passaram a ser os culpados, por serem pobres e enfermos, pois isso era um sinal de sua “inferioridade racial”, um sinal de degeneração hereditária.
Criou-se uma nova “pseudo-ciência” chamada higiene racial, cujos ideólogos foram psiquiatras e antropólogos. Eles proporcionaram os instrumentos ideológicos para uma solução biológica a um problema que era eminentemente social. Não era a enfermidade que devia ser eliminada, mas os seus portadores. Com a chegada dos nazis ao poder em 1933, criaram-se as condições para que estas idéias assassinas pudessem ser postas em prática. Como é sabido, já em 1933 se ordenou na Alemanha que certa categoria de pessoas fossem esterelizadas a fim de que não pudessem reproduzir-se e propagar suas “taras hereditárias”. Já em 1923 Hitler havia anunciado que haveria de proibir os matrimônios entre alemães e estrangeiros, em particular negros e judeus.
A Alemanha requeriu a remédios violentos, talvez inclusive “amputações”. Todas essas medidas produziram uma depuração racial. Na última página de seu livro "Minha Luta" Hitler dizia: “Um estado que numa época de contaminação das raças vela zelosamente pela conservação dos melhores elementos da sua raça, um dia deve converte-se no dono da Terra”.
Estas idéias, por si mesmas não foram a fonte do desastre. Quando em 1947 estavam julgando esses médicos assassinos, disse Alexander Misterlich, o delegado oficial da câmara de médicos da Alemanha Ocidental: “Antes de que tais idéias pudessem traduzir-se em fatos monstruosos e em rotina diária, tiveram que cruzar-se duas correntes cujos resultados foram a de que o médico passou a ser um um assassino com diploma, autorizado não para curar senão para matar. O ser humano deixou de ser uma criatura sofredora: passou a ser um “caso” ou um número tatuado no braço.
A isto há que se agregar as graves conseqüências das crises econômicas e políticas que afetaram a Alemanha durante boa parte da década de vinte e sobretudo em início da década de trinta, com sua seqüela de reduções orçadas para atender a saúde da população. O resultado foi que milhares de médicos começaram a afiliar-se ao partido nazi.
Muitos que chegaram a fortuna profissão levados pelo idealismo, rapidamente sentiram as limitações que a ciência lhes impunha. Começou-se a abrir passagem a idéia de que havia não somente seres inferiores que deveriam ser esterilizados, senão que tinham que serem totalmente eliminados, porque eram “consumidores desnecessários e improdutivos” que havia que se manter até que morressem naturalmente.
Ainda hoje em dia se escutam opiniões dos herdeiros de tais idéias. Dizem, por exemplo, que se deve proceder a “descontinuidade de tratamentos sofisticados aplicados a pessoas mais velhas de 75 anos com o fim de prolongar suas vidas”.
Mas não se trata da Alemanha nazi dos anos trinta senão dos Estados Unidos nas décadas de oitenta e noventa.
Já durante os primeiros anos do regime nazi, começou-se a realizar uma profunda campanha por meio de posters que demonstravam a quantidade de dinheiro crescente que o Estado devia gastar para manter crianças defeituosas, frente a somas muito menores que se dedicavam a crianças sadias. O objetivo era claro. Se esse dinheiro fosse dedicado a crianças sadias, estas poderiam desenvolver-se muito melhor. Eram os enfermos e portadores de enfermidades genéticas os culpados por essa situação. E como se isso fosse pouco, noutro poster havia figuras humanas: um homem adulto carregava sobre seus ombros duas criaturas deformes, com rostos de macacos. O peso de ambas as crianças o agoniava.
A guerra: uma oportunidade para o assassinato
Em 1º de Setembro de 1939, no mesmo dia que a Alemanha atacou a Polônia, Hitler firmou um decreto que autorizava os médicos psiquiatras a solicitar informes das instituições para doentes mentais e entregar àqueles, que em seu julgamento, não tinham uma cura previsível, não podiam trabalhar, mas também incluiam outras pessoas que noutra sociedade não houvessem sido considerados doentes mentais: depressivos, não conformistas ou inclusive presos políticos.
Esse programa, como todos os planos assassinos implementados pelos nazis recebeu nomes em código. Este mal nomeado plano de eutanásia, recebeu o nome código de T-4, porque a oficina central do mesmo se encontrava na rua Tiergarten 4 de Berlim. Curiosamente “Tiere” em alemão significa animal, fera. O edifício foi logo depois totalmente destruído por bombardeios.
Os diretores de instituições psiquiátricas receberam questionários onde lhes era perguntado acerca do tipo de enfermidade, tempo de internação e capacidade para o trabalho. Aos diretores lhes foi dito que essas perguntas tinha a ver com a economia de guerra, mas não acerca do objetivo último. Logo depois de reunidos os questionários, uma comissão de médicos, sobre um total de trinta que formavam a equipe, visitava os estabelecimentos e decidia quem viveria e quem morreria. Estes últimos imediatamente eram transportados a centros de matança onde eram assassinados por meios de gás. O processo de matança começou em 9 de outubro de 1939 e se prolongou até agosto de 1941, quando eclodiu uma onda de protestos, lideradas pelo arcebispo von Galen. Segundo um cálculo estatístico preparado anteriormente, sobre uma população de setenta milhões com a que então contava a Alemanha, tinha-se por aceito que 0,01% eram de doentes mentais incuráveis. Até a data da suspensão temporária dos assassinatos, deveriam ter assassinado 70.000 doentes. Com uma típica pedantismo germânico informaram que lamentavelmente esse número havia sido superado em 243 pessoas!, quer dizer, haviam superado a marca que haviam estabelecido.
Contudo, as matanças não cessaram, senão que foram apenas suspendidas para se tomar um tempo e estudar novas medidas. Pensou-se em aplicar novos critérios de seleção, incluindo-se nas listas de futuros candidatos para ser assassinados os enfermos tuberculosos, pessoas maiores incapazes de trabalhar e que não podiam permanecer muito tempo num mesmo trabalho.
Todos foram igualmente considerados deficientes, cujas vidas careciam de valor para a economia alemã. Existia além disso o formidável pretexto de que, devido à guerra, necessitava-se mais e mais leitos nos hospitais alemães para atender aos feridos de guerra. Logicamente ficava aberta a pergunta: que aconteceria com essas vítimas de guerra que não pudessem trabalhar ou resultassem com uma grave enfermidade mental, como conseqüência de sua participação na guerra? Matá-los resultaria ser mais barato que mantê-los com vida. Mas também corriam a mesma sorte os pacientes que estavam detidos legalmente por virtude de uma condenação ou aqueles de origem judia, quer dizer, pessoas que como resultado de sua classificação social ou racial não necessitavam de nenhuma resolução médica para se ordenar seu assassinato.
Enquanto isso, os responsáveis da execução do 'formidável' plano, ante o requerimento dos médicos, resignaram-se a emitir instruções mais precisas a fim de reduzir o número de pacientes mentais crônicos, ainda que levassem em conta a possibilidade de realizar previamente uma terapia intensiva.
Inclusive pensaram em abrir dois departamentos dedicados à investigação neurológica e psiquiátrica básica, planejando também emitir sua própria publicação científica com os resultados de suas investigações. Estes planos deveriam ser engavetados devido a grande onda de derrotas que começaram a se suceder a partir de 1942. Contudo, a medida que a guerra foi ampliando-se, o plano T.-4 encontrou a possibilidade de incluir mais e mais gente na categoria de possíveis vítimas, extendendo seu campo de ação muito mais além dos simples doentes mentais. Os critérios para as matanças clínicas foram se extendendo, abarcando já não somente o antigo território alemão, senão a todos os internados nas clínicas da União Soviética, sem nenhuma exceção. Podia-se dizer ironicamente que ali, além disso, os doentes mentais sofriam de outra enfermidade incurável: eram comunistas.
Enquanto isso na Alemanha, os desastres da guerra, os doentes e feridos trazidos das frentes de guerra, os civis vítimas de raids(bombardeios)aéreos, também apresentaram serias pertubações mentais, pelo que foram transladados à instituições para doentes mentais, onde lhes foi dado a morte, não com gás mas mediante o uso de overdoses de tranqüilizantes.
Como pode se imaginar estes assassinatos realizados por médicos, que nada têm a ver com a eutanásia, foram rapidamente utilizados para fins totalmente distintos. Com a experiência acumulada em matanças de doentes mentais, e outros, pode-se com toda lo´gica pensar que esses mesmos métodos podiam se aplicar em maior escala, em escala industrial. E assim foi como já em 1941, fizeram sua aparição unidades móveis na Croácia, o primeiro país onde usaram esses métodos para matar a uma grande quantidade de gente; logo depois em Chelmno, na Polônia em fins de 1941 e finalmente, a partir de 1942, com a construção dos grandes centros de matança em escala industrial em Auschwitz-Birkenau, Maidanek, Belzec, Sobibor e Treblinka. Ali, com métodos totalmente industrializados podia se assassinar a milhões de vítimas, as que conduziram de todos os rincões da Europa. Nem todas as vítimas foram judeus. Ciganos, homossexuais, inimigos políticos e toda uma gama de gente indesejável, como por exemplo prisioneiros de guerra soviéticos, foram assassinados nas câmaras de gás. Mas todos os judeus eram candidatos a ser vítimas.
E para finalizar, dois detalhes interessantes: o pessoal que trabalhou em princípio na matança de doentes mentais na Alemanha, devido a sua experiência foi o que treinou mais tarde os que acionaram os grandes campos de extermínio, e segundo, nem todos os médicos que participaram nesses assassinatos foram condenados ou sofreram longas penas. Alguns foram condenados e executados. Outros, muito poucos, chegaram a entender a monstruosidade que haviam cometido e se suicidaram antes de serem julgados.
Muitos, conseguiram fazer fazer importantes carreiras médicas, como se nada houvesse ocorrido. Sua consciência não os molestou jamais. Um deles, Josef Mengele, fugiu para a Argentina e abriu um laboratório de análises clínicas, porque a Universidade de Munique invalidou seu diploma de médico. A justiça argentina se negou a extraditá-lo.
Fonte: Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/19/losmed.htm
Texto(espanhol): Prof. Abraham Huberman
Tradução: Roberto Lucena
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