Madrid, 11 out.- O ministro da justiça, Alberto Ruiz-Gallardón, anunciou que a reforma do Código Penal tipificará a incitação do ódio ou da violência por raça, religião ou origem, assim como o negacionismo de crimes de genocídio, especificamente o Holocausto, se houver alento a atos violentos.
Gallardón, na coletiva de imprensa posterior ao Conselho de Ministros, que hoje deu o visto de aprovação do anteprojeto da reforma penal, destacou que estas medidas molduram o compromisso do governo na luta contra o racismo, a xenofobia e a discriminação ideológica.
A nova regulação desses delitos será feito de acordo com a doutrina constitucional e contemplará também punições para os atos e condutas que afetem à dignidade das pessoas através da humilhação ou o desprezo, além de levar em conta o ódio ideológico como motivo para executar esses delitos.
Assim avançou o ministro, que assinalou que com estas medidas o governo vai mais longe inclusive da doutrina do Tribunal Constitucional nessa luta contra o racismo e a xenofobia.
Em concreto, a reforma do Código Penal, que também incluirá pela primeira vez na legislação espanhola a prisão permanente revisable e a custódia de segurança, tipificará a incitação do ódio e a violência contra grupos determinados por raça, religião, ascendência ou origem nacional ou étnica incluindo a divulgação de textos ou imagens.
Assim mesmo, pretende-se tipificar a apologia, trivialização flagrante ou negação de crimes de genocídio, contra a humanidade ou de guerra como forma de incitação do ódio e da violência, e neste capítulo se punirá especificamente os atos de negação do Holocausto, sempre que sejam acompanhados de incitação do ódio ou de violência. EFE
slp.lca/mlb
lainformacion.com
quinta-feira, 11/10/12 - 12:06
Fonte: EFE/lainformacion.com (Espanha)
http://noticias.lainformacion.com/policia-y-justicia/legislacion/c-penal-castigara-negar-el-holocausto-si-se-incita-al-odio-y-la-violencia_T2aCKbV0wUKKWZBc7buHj1/
Tradução: Roberto Lucena
sábado, 13 de outubro de 2012
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Depoimento de August Becker, Ph.D, inspetor das vans de gaseamento
Até cerca de 1941 eu estava envolvido com o programa de eutanásia em Oberdienstleiter no departamento de Viktor Brack na Chancelaria do Führer. Eu estive trabalhando como um especialista em processos de gaseamento para extermínio de gente mentalmente doente nos asilos e sanatórios. Desde que esta ação foi suspensa por um curto tempo - não sei porque - antes que eu fosse transferido para a RSHA em Berlim como resultado de uma conversa privada entre o Reichsführer SS Himmler e o Oberdienstleiter Brack.*
Himmler queria empregar pessoas que fossem habilitadas, como resultado da suspensão do programa de eutanásia e que, como eu, fossem especialistas em extermínio por gaseamento para operações de gaseamento em larga escala no Leste da Europa, onde isto estava tendo início. A razão para esta decisão é que os homens encarregados dos Einsatzgruppen no Leste europeu estavam reclamando cada vez mais que os pelotões de fuzilamento não poderiam lidar com o estresse psicológico e moral do assassínio em massa indefinidamente. Eu sei que um número de membros desses esquadrões foram enviados a asilos de doentes mentais e por esta razão um novo e melhor método de extermínio teria que ser encontrado. Então em dezembro de 1941 eu comecei a trabalhar na RSHA, Amt H, no departamento de Rauff… o vice de Rauff na época era então Hauptmann Pradel, que mais tarde se tornou major. Embora Pradel também tivesse uma qualificação equivalente na SS que ele mesmo chamava de major. Eu não tive inicialmente qualquer contato pessoal com Rauff.
Quando em Dezembro de 1941 fui transferido para o departamento de Rauff, ele me explicou a situação dizendo que o estresse psicológico e moral sobre os pelotões de fuzilamento não era mais suportável e que, portanto, o programa de gaseamento tinha que ser iniciado. Ele disse que as vans de gás com motoristas já estavam a caminho ou de fato já tinham alcançado dos Einsatzgruppen. Minha breve profissional era inspecionar o trabalho dos indivíduos do Einsatzgruppen no Leste europeu em conexão com as vans de gás. Isso queria dizer que eu tinha de garantir que os assassinatos em massa realizados nos caminhões procediam corretamente. Eu tinha de prestar atenção especial ao funcionamento mecânico dessas vans. Eu gostaria de mencionar que havia dois tipos de furgões de gás em operação: a Blitz Opel, pesando 3-5 toneladas, e a grande Saurerwagen, que, tanto quanto sei pesava 7 toneladas. No meio de dezembro de 1941, por instruções de Rauff, eu parti para o Leste europeu para pegar o Einsatzgruppe A (Riga) .. para inspecionar seus Einsatzwagen [veículos especiais] ou vans de gás.
Em 14 de dezembro de 1941, no entando, sofri um acidente de carro em Deutsch-Eylau. Como consequência deste acidente, fui enviado para Hospital Católico em Deutsch-Eylau e em virtude minha recuperação recebi alta hospitalar em 23 ou 24 de dezembro de 1941. Tenho certeza disso porque passei o Natal com minha família em Berlim.
Em 4 ou 5 de janeiro de 1942, recebi uma mensagem de Rauff me pedindo para me dirigir a ele. Ao me dirigir a ele fui instruído a partir imediatamente. Desta vez eu viajava diretamente para o Einsatzgruppe D no sul (Otto Ohlendorf) em Simferopol. Inicialmente era para eu ter viajado de avião, mas isso não deu certo por causa das condições climáticas de frio. Eu, portanto, parti de trem em 5 ou 6 de janeiro viajando através de Cracóvia e Fastov para Nikolayev. De lá eu voei no avisão do Reichsführer para Simferopol na Criméia. A viagem durou cerca de três semanas e eu relatei ao chefe do Einsatzgruppe D, Otto Ohlendorf, em algum dia de janeiro. Fiquei com este grupo até o início de abril de 1942 e, em seguida, visitei cada Einsatzgruppe até chegar ao Grupo A, em Riga.
Em Riga eu aprendi com o Standartenführer Potzelt, vice-comandante da Polícia de Segurança e SD em Riga, que a operação Einsatzkommando em Minsk precisava de algumas vans de gás adicionais já que não consegui operar as três vans existentes que tinha. Ao mesmo tempo, eu também aprendi com Potzelt que havia um campo de extermínio judeu em Minsk. Eu voei para Minsk de helicóptero, correção, num Storch Fieseler pertencente ao Einsatzgruppe. Viajando comigo estava o Hauptsturmführer Rühl, o chefe do campo de extermínio em Minsk, com quem eu tinha discutido negócios em Riga. Durante a viagem, Rühl me propôs que eu fornecesse vans adicionais, uma vez que não poderia prosseguir com os extermínios. Como eu não era responsável pela ordenação de vans de gás, sugeri a Rühl que se dirigisse ao escritório de Rauff.
Quando vi o que estava acontecendo em Minsk - que as pessoas de ambos os sexos estavam sendo exterminados em massa - eu não agüentava mais ver isso e três dias depois, talvez em setembro de 1942, viajei de volta por caminhão via Varsóvia à Berlim.
Eu tinha a intenção de informar a Rauff em seu escritório em Berlim. No entanto, ele não estava lá. Em vez disso, fui recebido por seu vice, Pradel, que tinha sido neste período promovido a Major. ... Em uma conversa privada com duração de cerca de uma hora na qual eu descrevi para Pradel o método de trabalho das vans de gás e críticas sobre o fato de que os criminosos não tinham sido gaseados, mas haviam sido sufocados porque os operadores tinham ajustado o motor de forma incorreta. Eu disse a ele que as pessoas tinham vomitado e defecavam. Pradel me escutou sem dizer uma palavra. No final da entrevista ele simplesmente me disse para escrever um relatório detalhado sobre o assunto. Por fim, ele me disse para ir ao escritório do caixa para liquidar as despesas que haviam incorridas durante minha viagem.
Fonte: Ernst Klee, Willi Dressen e Volker Riess (editores), The Good Old Days, tradução (para o inglês) de Deborah Burnstone, 1991 Konecky & Konecky, Old Saybrook, CT, pág. 68-71, da afirmação de Becker em 26.3.60 (9 AR Z 220/59, vol. I, pág. 194 ff.)
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.yuku.com/topic/1646/Statement-by-August-Becker-Ph-D-Gas-Van-Inspector
Material de: Roberto Muehlenkamp
Tradução: Roberto Lucena
*Observação: no texto em inglês os primeiros três parágrafos deste texto são um só parágrafo. Dividi o parágrafo em três no intuito de tornar a leitura mais fácil.
Himmler queria empregar pessoas que fossem habilitadas, como resultado da suspensão do programa de eutanásia e que, como eu, fossem especialistas em extermínio por gaseamento para operações de gaseamento em larga escala no Leste da Europa, onde isto estava tendo início. A razão para esta decisão é que os homens encarregados dos Einsatzgruppen no Leste europeu estavam reclamando cada vez mais que os pelotões de fuzilamento não poderiam lidar com o estresse psicológico e moral do assassínio em massa indefinidamente. Eu sei que um número de membros desses esquadrões foram enviados a asilos de doentes mentais e por esta razão um novo e melhor método de extermínio teria que ser encontrado. Então em dezembro de 1941 eu comecei a trabalhar na RSHA, Amt H, no departamento de Rauff… o vice de Rauff na época era então Hauptmann Pradel, que mais tarde se tornou major. Embora Pradel também tivesse uma qualificação equivalente na SS que ele mesmo chamava de major. Eu não tive inicialmente qualquer contato pessoal com Rauff.
Quando em Dezembro de 1941 fui transferido para o departamento de Rauff, ele me explicou a situação dizendo que o estresse psicológico e moral sobre os pelotões de fuzilamento não era mais suportável e que, portanto, o programa de gaseamento tinha que ser iniciado. Ele disse que as vans de gás com motoristas já estavam a caminho ou de fato já tinham alcançado dos Einsatzgruppen. Minha breve profissional era inspecionar o trabalho dos indivíduos do Einsatzgruppen no Leste europeu em conexão com as vans de gás. Isso queria dizer que eu tinha de garantir que os assassinatos em massa realizados nos caminhões procediam corretamente. Eu tinha de prestar atenção especial ao funcionamento mecânico dessas vans. Eu gostaria de mencionar que havia dois tipos de furgões de gás em operação: a Blitz Opel, pesando 3-5 toneladas, e a grande Saurerwagen, que, tanto quanto sei pesava 7 toneladas. No meio de dezembro de 1941, por instruções de Rauff, eu parti para o Leste europeu para pegar o Einsatzgruppe A (Riga) .. para inspecionar seus Einsatzwagen [veículos especiais] ou vans de gás.
Em 14 de dezembro de 1941, no entando, sofri um acidente de carro em Deutsch-Eylau. Como consequência deste acidente, fui enviado para Hospital Católico em Deutsch-Eylau e em virtude minha recuperação recebi alta hospitalar em 23 ou 24 de dezembro de 1941. Tenho certeza disso porque passei o Natal com minha família em Berlim.
Em 4 ou 5 de janeiro de 1942, recebi uma mensagem de Rauff me pedindo para me dirigir a ele. Ao me dirigir a ele fui instruído a partir imediatamente. Desta vez eu viajava diretamente para o Einsatzgruppe D no sul (Otto Ohlendorf) em Simferopol. Inicialmente era para eu ter viajado de avião, mas isso não deu certo por causa das condições climáticas de frio. Eu, portanto, parti de trem em 5 ou 6 de janeiro viajando através de Cracóvia e Fastov para Nikolayev. De lá eu voei no avisão do Reichsführer para Simferopol na Criméia. A viagem durou cerca de três semanas e eu relatei ao chefe do Einsatzgruppe D, Otto Ohlendorf, em algum dia de janeiro. Fiquei com este grupo até o início de abril de 1942 e, em seguida, visitei cada Einsatzgruppe até chegar ao Grupo A, em Riga.
Em Riga eu aprendi com o Standartenführer Potzelt, vice-comandante da Polícia de Segurança e SD em Riga, que a operação Einsatzkommando em Minsk precisava de algumas vans de gás adicionais já que não consegui operar as três vans existentes que tinha. Ao mesmo tempo, eu também aprendi com Potzelt que havia um campo de extermínio judeu em Minsk. Eu voei para Minsk de helicóptero, correção, num Storch Fieseler pertencente ao Einsatzgruppe. Viajando comigo estava o Hauptsturmführer Rühl, o chefe do campo de extermínio em Minsk, com quem eu tinha discutido negócios em Riga. Durante a viagem, Rühl me propôs que eu fornecesse vans adicionais, uma vez que não poderia prosseguir com os extermínios. Como eu não era responsável pela ordenação de vans de gás, sugeri a Rühl que se dirigisse ao escritório de Rauff.
Quando vi o que estava acontecendo em Minsk - que as pessoas de ambos os sexos estavam sendo exterminados em massa - eu não agüentava mais ver isso e três dias depois, talvez em setembro de 1942, viajei de volta por caminhão via Varsóvia à Berlim.
Eu tinha a intenção de informar a Rauff em seu escritório em Berlim. No entanto, ele não estava lá. Em vez disso, fui recebido por seu vice, Pradel, que tinha sido neste período promovido a Major. ... Em uma conversa privada com duração de cerca de uma hora na qual eu descrevi para Pradel o método de trabalho das vans de gás e críticas sobre o fato de que os criminosos não tinham sido gaseados, mas haviam sido sufocados porque os operadores tinham ajustado o motor de forma incorreta. Eu disse a ele que as pessoas tinham vomitado e defecavam. Pradel me escutou sem dizer uma palavra. No final da entrevista ele simplesmente me disse para escrever um relatório detalhado sobre o assunto. Por fim, ele me disse para ir ao escritório do caixa para liquidar as despesas que haviam incorridas durante minha viagem.
Fonte: Ernst Klee, Willi Dressen e Volker Riess (editores), The Good Old Days, tradução (para o inglês) de Deborah Burnstone, 1991 Konecky & Konecky, Old Saybrook, CT, pág. 68-71, da afirmação de Becker em 26.3.60 (9 AR Z 220/59, vol. I, pág. 194 ff.)
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.yuku.com/topic/1646/Statement-by-August-Becker-Ph-D-Gas-Van-Inspector
Material de: Roberto Muehlenkamp
Tradução: Roberto Lucena
*Observação: no texto em inglês os primeiros três parágrafos deste texto são um só parágrafo. Dividi o parágrafo em três no intuito de tornar a leitura mais fácil.
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quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Tese de doutorado revela práticas nazistas no Brasil
O historiador Sidney Aguilar Filho chegou ao tema da pesquisa por indicação de uma aluna, que mencionou em aula ter encontrado tijolos marcados com a suástica nazista na fazenda da família, no interior de São Paulo,
Foto: Antoninho Perri/Unicamp/Divulgação
Foi pela indicação de uma aluna, que mencionou em aula ter encontrado tijolos marcados com a suástica nazista na fazenda da família, no interior de São Paulo, que o historiador Sidney Aguilar Filho teve o primeiro contato com aquele que viria a ser seu objeto de estudo durante quatro anos e meio. "Eu não fui atrás do tema, foi realmente uma coincidência", esclarece o autor da tese Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945).
Na tese do historiador, é possível ter acesso à história da transferência de 50 meninos órfãos ou abandonados, considerados oficialmente pretos ou pardos (apenas dois deles eram brancos, segundo documentos oficiais). O grupo foi levado do Educandário Romão de Matos Duarte, no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil, para a fazenda Santa Albertina, pertencente à rica família Rocha Miranda, localizada em Campina do Monte Alegre, uma área com forte presença de simpatizantes do movimento integralista, durante as décadas de 1930 e 1940, no interior do Estado de São Paulo.
Submetidos a um regime de trabalho na propriedade, os menores viveram no local até o início dos anos de 1940, quando a posição brasileira de combate ao nazismo na Segunda Guerra Mundial e o desprestígio sofrido pelos integralistas junto ao governo de Getúlio Vargas transformou o nazismo e todas as ideologias simpatizantes a ele em um mal a ser combatido. O estudo dá a oportunidade de obter mais informações sobre fatos ainda nebulosos de um período recente da história brasileira.
Quase 10 anos depois de ter entrado em contato com o tema e movido por "uma espécie de dever moral", o historiador decidiu pesquisar o assunto com maior profundidade por meio de um doutorado. "Os sobreviventes já eram velhinhos em idade avançada, e eu julguei que tinha, por causa deles, uma obrigação de realizar a pesquisa. Dessa forma, busquei apoio na Unicamp, em um grupo que trabalha com história da educação. O meu foco não era o nazismo no Brasil, mas sim a coincidência de que um grupo composto apenas por meninos tenha sido retirado de um orfanato na capital do País e levado para uma fazenda em uma região que concentrava forte presença integralista e nazista", explica Aguilar Filho, que, em busca de documentos oficiais e informações históricas e sociais da época, fez diversas viagens por cidades europeias e brasileiras.
Um dos temas de destaque da tese é o contexto social e cultural do período. Por meio de documentos oficiais e reportagens e anúncios publicitários veiculados na Revista da Semana, importante publicação do período, foi possível investigar qual era o papel das crianças na sociedade da época e como esse ambiente possibilitou que meninos sob a tutela do Estado fossem entregues aos cuidados de um único homem, Oswaldo Rocha Miranda, que os levou para a fazenda de sua família.
"Houve a tentativa de entender o imaginário das elites e da classe média carioca que deram suporte para as teorias eugenistas, além da lógica do educandário em entregar 50 meninos a uma pessoa apenas. E para isso, pesquisei através da mídia da época, de intelectuais reconhecidos pela elite brasileira, e encontrei um imaginário tremendamente preconceituoso aos olhos contemporâneos, e uma legislação eugenista, onde havia a justificação do racismo por características fenotípicas, com uma violação dos direitos étnicos", ressalta o historiador.
Aguilar Filho destaca a importância de diferenciar o movimento integralista do nazismo. O contexto histórico brasileiro de práticas higienistas possibilitou a transferência dos 50 meninos à propriedade no interior paulista. Contudo, enquanto o arianismo era central no nazismo, no integralismo ele estava restrito a alguns grupos. Dessa forma, muitos integralistas eram admiradores das ideias políticas e econômicas nazistas, mas não corroboravam com a defesa da raça ariana. "Nazismo e integralismo são coisas diferentes, mas também é importante considerar suas semelhanças nas concepções autoritárias de sociedade e na defesa dos princípios higienistas, por exemplo", destaca.
O historiador exalta o trabalho de outros pesquisadores na relação entre ideologias nazifascistas e elementos culturais e educacionais, como Ana Maria Dietrich, René Gertz e Ediógenes Aragão Santos - que foi sua orientadora na tese.
Segundo o historiador, que entrevistou três dos 50 meninos levados à fazenda no interior paulista, o contato com testemunhas de um fato histórico trouxe à tona dois aspectos principais. "Um deles é a importância de trabalhar questões históricas nas quais existem fontes vivas, o que nos leva às teorias de história oral, uma área com quase 30 anos de pesquisas, mas que ainda precisa caminhar muito. Outro aspecto é o do papel dos sobreviventes na construção da história, que foi fundamental nesta pesquisa", explica. Para ele, a presença de história oral não é um elemento legitimador por si só, mas acredita que, se existem relatos, eles devem ser reconhecidos. "Ao mesmo tempo em que nenhum documento é neutro, nenhum depoimento também é neutro, e a construção da narrativa tem que levar em conta todas essas premissas. Assim, quando há uma fartura de documentos de diversos tipos, associados à memória oral, o processo ganha uma vida especial", afirma.
Durante a relação com os três sobreviventes, o historiador enfrentou uma rejeição inicial, que exigiu que ele lidasse com as memórias de trauma das testemunhas. "O caminho que eu encontrei foi ter acesso ao máximo de documentações escritas e fotográficas possível, para que esses detentores da memória oral não tivessem a responsabilidade de provar o que estavam dizendo", destaca.
Como resultado dessa solução, ao mesmo tempo em que tomava cuidado para contatar primeiramente membros da família dos sobreviventes - que também foram grandes apoiadores da pesquisa - Aguilar Filho conseguiu estabelecer uma relação de mão dupla com os entrevistados. "Ao mesmo tempo em que eu produzia a tese e ajudava eles a lidar com suas memórias, esses relatos também acabaram fortalecendo a pesquisa, dando mais vida ao processo", relata.
Documentário
Já em processo de gravação, em parceria com uma produtora, a tese de doutorado de Aguilar Filho vai parar nas telas. Sem poder adiantar mais detalhes, o historiador apenas afirma que será o roteirista do filme e garante que muitos elementos da pesquisa estarão presentes na produção. "A proposta é de um documentário com alto grau de respeito à pesquisa científica, mas com vida própria, claro; não é uma tese. Temos uma grande preocupação de fidedignidade", diz.
10 de setembro de 2012 • 07h49
Fonte: Cartola/Terra
http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI6136519-EI8266,00-Tese+de+doutorado+revela+praticas+nazistas+no+Brasil.html
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As ligações entre os fascismos - Integralismo e Nazismo
Foto: Antoninho Perri/Unicamp/Divulgação
Foi pela indicação de uma aluna, que mencionou em aula ter encontrado tijolos marcados com a suástica nazista na fazenda da família, no interior de São Paulo, que o historiador Sidney Aguilar Filho teve o primeiro contato com aquele que viria a ser seu objeto de estudo durante quatro anos e meio. "Eu não fui atrás do tema, foi realmente uma coincidência", esclarece o autor da tese Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945).
Na tese do historiador, é possível ter acesso à história da transferência de 50 meninos órfãos ou abandonados, considerados oficialmente pretos ou pardos (apenas dois deles eram brancos, segundo documentos oficiais). O grupo foi levado do Educandário Romão de Matos Duarte, no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil, para a fazenda Santa Albertina, pertencente à rica família Rocha Miranda, localizada em Campina do Monte Alegre, uma área com forte presença de simpatizantes do movimento integralista, durante as décadas de 1930 e 1940, no interior do Estado de São Paulo.
Submetidos a um regime de trabalho na propriedade, os menores viveram no local até o início dos anos de 1940, quando a posição brasileira de combate ao nazismo na Segunda Guerra Mundial e o desprestígio sofrido pelos integralistas junto ao governo de Getúlio Vargas transformou o nazismo e todas as ideologias simpatizantes a ele em um mal a ser combatido. O estudo dá a oportunidade de obter mais informações sobre fatos ainda nebulosos de um período recente da história brasileira.
Quase 10 anos depois de ter entrado em contato com o tema e movido por "uma espécie de dever moral", o historiador decidiu pesquisar o assunto com maior profundidade por meio de um doutorado. "Os sobreviventes já eram velhinhos em idade avançada, e eu julguei que tinha, por causa deles, uma obrigação de realizar a pesquisa. Dessa forma, busquei apoio na Unicamp, em um grupo que trabalha com história da educação. O meu foco não era o nazismo no Brasil, mas sim a coincidência de que um grupo composto apenas por meninos tenha sido retirado de um orfanato na capital do País e levado para uma fazenda em uma região que concentrava forte presença integralista e nazista", explica Aguilar Filho, que, em busca de documentos oficiais e informações históricas e sociais da época, fez diversas viagens por cidades europeias e brasileiras.
Um dos temas de destaque da tese é o contexto social e cultural do período. Por meio de documentos oficiais e reportagens e anúncios publicitários veiculados na Revista da Semana, importante publicação do período, foi possível investigar qual era o papel das crianças na sociedade da época e como esse ambiente possibilitou que meninos sob a tutela do Estado fossem entregues aos cuidados de um único homem, Oswaldo Rocha Miranda, que os levou para a fazenda de sua família.
"Houve a tentativa de entender o imaginário das elites e da classe média carioca que deram suporte para as teorias eugenistas, além da lógica do educandário em entregar 50 meninos a uma pessoa apenas. E para isso, pesquisei através da mídia da época, de intelectuais reconhecidos pela elite brasileira, e encontrei um imaginário tremendamente preconceituoso aos olhos contemporâneos, e uma legislação eugenista, onde havia a justificação do racismo por características fenotípicas, com uma violação dos direitos étnicos", ressalta o historiador.
Aguilar Filho destaca a importância de diferenciar o movimento integralista do nazismo. O contexto histórico brasileiro de práticas higienistas possibilitou a transferência dos 50 meninos à propriedade no interior paulista. Contudo, enquanto o arianismo era central no nazismo, no integralismo ele estava restrito a alguns grupos. Dessa forma, muitos integralistas eram admiradores das ideias políticas e econômicas nazistas, mas não corroboravam com a defesa da raça ariana. "Nazismo e integralismo são coisas diferentes, mas também é importante considerar suas semelhanças nas concepções autoritárias de sociedade e na defesa dos princípios higienistas, por exemplo", destaca.
O historiador exalta o trabalho de outros pesquisadores na relação entre ideologias nazifascistas e elementos culturais e educacionais, como Ana Maria Dietrich, René Gertz e Ediógenes Aragão Santos - que foi sua orientadora na tese.
Segundo o historiador, que entrevistou três dos 50 meninos levados à fazenda no interior paulista, o contato com testemunhas de um fato histórico trouxe à tona dois aspectos principais. "Um deles é a importância de trabalhar questões históricas nas quais existem fontes vivas, o que nos leva às teorias de história oral, uma área com quase 30 anos de pesquisas, mas que ainda precisa caminhar muito. Outro aspecto é o do papel dos sobreviventes na construção da história, que foi fundamental nesta pesquisa", explica. Para ele, a presença de história oral não é um elemento legitimador por si só, mas acredita que, se existem relatos, eles devem ser reconhecidos. "Ao mesmo tempo em que nenhum documento é neutro, nenhum depoimento também é neutro, e a construção da narrativa tem que levar em conta todas essas premissas. Assim, quando há uma fartura de documentos de diversos tipos, associados à memória oral, o processo ganha uma vida especial", afirma.
Durante a relação com os três sobreviventes, o historiador enfrentou uma rejeição inicial, que exigiu que ele lidasse com as memórias de trauma das testemunhas. "O caminho que eu encontrei foi ter acesso ao máximo de documentações escritas e fotográficas possível, para que esses detentores da memória oral não tivessem a responsabilidade de provar o que estavam dizendo", destaca.
Como resultado dessa solução, ao mesmo tempo em que tomava cuidado para contatar primeiramente membros da família dos sobreviventes - que também foram grandes apoiadores da pesquisa - Aguilar Filho conseguiu estabelecer uma relação de mão dupla com os entrevistados. "Ao mesmo tempo em que eu produzia a tese e ajudava eles a lidar com suas memórias, esses relatos também acabaram fortalecendo a pesquisa, dando mais vida ao processo", relata.
Documentário
Já em processo de gravação, em parceria com uma produtora, a tese de doutorado de Aguilar Filho vai parar nas telas. Sem poder adiantar mais detalhes, o historiador apenas afirma que será o roteirista do filme e garante que muitos elementos da pesquisa estarão presentes na produção. "A proposta é de um documentário com alto grau de respeito à pesquisa científica, mas com vida própria, claro; não é uma tese. Temos uma grande preocupação de fidedignidade", diz.
10 de setembro de 2012 • 07h49
Fonte: Cartola/Terra
http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI6136519-EI8266,00-Tese+de+doutorado+revela+praticas+nazistas+no+Brasil.html
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Fazenda Nazista - Integralismo e Nazismo
As ligações entre os fascismos - Integralismo e Nazismo
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Polícia de Atenas 'torturou e humilhou' quem protestou contra partido neo-nazi
A polícia metropolitana grega é acusada de ter espancado, torturado e humilhado os detidos de manifestações anti-fascismo ©AP
Cerca de 40 pessoas que se uniram em protestos contra o Aurora Dourada, partido neo-nazi que tem revigorado o seu ímpeto na Grécia, foram castigados pelas autoridades com métodos de tortura e humilhação. Os relatos dos detidos falam da violência sofrida por se terem manifestado contra o fascismo, e de como a imprensa helénica fecha os olhos ao que se passa no país.
No último dia de Setembro, o centro de Atenas, capital do país, encheu-se uma vez mais em protesto contra a crescente austeridade que aperta o país, numa manifestação que foi a mais noticiada, mas apenas uma mais entre as várias que assolam o país todas as semanas.
No meio do protesto, convocado pela maior união sindical da Grécia, outros grupos apontavam as suas vozes para outros alvos: o fascismo e o neo-nazismo, hoje simbolizados pelo Aurora Dourada.
Ao final do dia, 15 pessoas que participaram nesse protesto estavam nas instalações da Direcção Geral da Polícia de Attica (GADA, na sigla inglesa), sinónimo da polícia metropolitana de Atenas. Lá terão sido espancados, queimados com isqueiros, humilhados e impedidos de dormir e beber água, num conjunto de queixas noticiadas esta terça-feira pelo The Guardian. Dias depois, outros 25 manifestantes foram detidos e sujeitos a um tratamento semelhante.
«Tínhamos tanta sede que até bebíamos água das retretes», revelou um dos detidos, citado mas não identificado pelo diário britânico, por temer represálias da polícia mas, sobretudo, de elementos do Amanhecer Dourado, com quem os detidos acusam o GADA de colaborar e a imprensa de não noticiar os abusos e violência que fazem por proliferar.
«Aqui, os jornalistas não falam destas coisas, ninguém presta atenção se não noticiarem isto no estrangeiro», apelou um outro. De facto, à hora da escrita desta notícia (16h10), nenhum dos principais jornais gregos, na sua edição online – Ekathimerini (versão inglesa), Ta Nea, Express e Ethnos – destacava qualquer texto sobre a violência noticiada pelo diário britânico.
Uma violência apontada ao GADA e aos seus agentes, e que foi descrita por um dos advogados dos detidos como «uma humilhação ao estilo de Abu Ghraib», a prisão que as tropas norte-americanas utilizavam, no Iraque, para interrogar e torturar prisioneiros iraquianos.
De entre o primeiro grupo de 15 detidos, as queixas revelam que os polícias lhes terão negado acesso a água e advogados durante 19 horas e, aos feridos, só foi concedido tratamento médico no dia seguinte à manifestação. Os detidos terão sido obrigados a despirem-se e a dobrarem-se em posições «humilhantes», sendo impedidos de adormecer pelos agentes, que lhe apontavam lasers e tochas para os olhos e lhes cuspiam em cima.
«Tudo o que podíamos fazer era olhar uns para os outros, pelo canto dos olhos, para nos dar coragem», conta um dos detidos, revelando que, quando um dos agentes, responsável pelos actos, recebeu um telefonema, atendeu-o dizendo: «Estou a trabalhar e a lixá-los, a lixá-los bem», usando uma tradução sem o vernáculo citado pelo The Guardian.
Uma das imagens divulgadas pelo diário mostra um grande hematoma nas pernas de um dos alegados detidos, e um outro com um braço e perna fracturadas.
A amanhecer do extremismo
O partido neo-nazi foi o sexto mais votado em Maio, nas últimas eleições legislativas do país, reunindo votos suficientes para hoje sentar 18 deputados no parlamento helénico.
Em algumas sondagens divulgadas na passada semana, o partido era o terceiro colocado nas intenções de voto, apenas atrás do par que sustenta a coligação no governo – os socialistas do PASOK e os conservadores da Nova Democracia (ND).
Fora das urnas e nas ruas do país, porém, membros conotados com o partido têm atacado várias pessoas em bairros de imigrantes de Atenas e distribuído comida e roupas a cidadãos mais desfavorecidos.
Na noite que passaram nas instalações do GADA, os manifestantes revelam ter recebido repetidas ameaças de que as suas moradas seriam divulgadas ao Aurora Dourada, contra quem, horas antes, tinham lançado as suas vozes de protesto.
Christos Manouras, um porta-voz do GADA, sublinhou que «não houve qualquer uso de força por parte dos agentes da polícia», assegurando ainda que as autoridades «analisam e examinam aprofundadamente qualquer relato que apontem para o uso de violência».
9 de Outubro, 2012
por Diogo Pombo
(artigo corrigido às 18h59.)
diogo.pombo@sol.pt
Fonte: SOL (Portugal)
http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=60685
Cerca de 40 pessoas que se uniram em protestos contra o Aurora Dourada, partido neo-nazi que tem revigorado o seu ímpeto na Grécia, foram castigados pelas autoridades com métodos de tortura e humilhação. Os relatos dos detidos falam da violência sofrida por se terem manifestado contra o fascismo, e de como a imprensa helénica fecha os olhos ao que se passa no país.
No último dia de Setembro, o centro de Atenas, capital do país, encheu-se uma vez mais em protesto contra a crescente austeridade que aperta o país, numa manifestação que foi a mais noticiada, mas apenas uma mais entre as várias que assolam o país todas as semanas.
No meio do protesto, convocado pela maior união sindical da Grécia, outros grupos apontavam as suas vozes para outros alvos: o fascismo e o neo-nazismo, hoje simbolizados pelo Aurora Dourada.
Ao final do dia, 15 pessoas que participaram nesse protesto estavam nas instalações da Direcção Geral da Polícia de Attica (GADA, na sigla inglesa), sinónimo da polícia metropolitana de Atenas. Lá terão sido espancados, queimados com isqueiros, humilhados e impedidos de dormir e beber água, num conjunto de queixas noticiadas esta terça-feira pelo The Guardian. Dias depois, outros 25 manifestantes foram detidos e sujeitos a um tratamento semelhante.
«Tínhamos tanta sede que até bebíamos água das retretes», revelou um dos detidos, citado mas não identificado pelo diário britânico, por temer represálias da polícia mas, sobretudo, de elementos do Amanhecer Dourado, com quem os detidos acusam o GADA de colaborar e a imprensa de não noticiar os abusos e violência que fazem por proliferar.
«Aqui, os jornalistas não falam destas coisas, ninguém presta atenção se não noticiarem isto no estrangeiro», apelou um outro. De facto, à hora da escrita desta notícia (16h10), nenhum dos principais jornais gregos, na sua edição online – Ekathimerini (versão inglesa), Ta Nea, Express e Ethnos – destacava qualquer texto sobre a violência noticiada pelo diário britânico.
Uma violência apontada ao GADA e aos seus agentes, e que foi descrita por um dos advogados dos detidos como «uma humilhação ao estilo de Abu Ghraib», a prisão que as tropas norte-americanas utilizavam, no Iraque, para interrogar e torturar prisioneiros iraquianos.
De entre o primeiro grupo de 15 detidos, as queixas revelam que os polícias lhes terão negado acesso a água e advogados durante 19 horas e, aos feridos, só foi concedido tratamento médico no dia seguinte à manifestação. Os detidos terão sido obrigados a despirem-se e a dobrarem-se em posições «humilhantes», sendo impedidos de adormecer pelos agentes, que lhe apontavam lasers e tochas para os olhos e lhes cuspiam em cima.
«Tudo o que podíamos fazer era olhar uns para os outros, pelo canto dos olhos, para nos dar coragem», conta um dos detidos, revelando que, quando um dos agentes, responsável pelos actos, recebeu um telefonema, atendeu-o dizendo: «Estou a trabalhar e a lixá-los, a lixá-los bem», usando uma tradução sem o vernáculo citado pelo The Guardian.
Uma das imagens divulgadas pelo diário mostra um grande hematoma nas pernas de um dos alegados detidos, e um outro com um braço e perna fracturadas.
A amanhecer do extremismo
O partido neo-nazi foi o sexto mais votado em Maio, nas últimas eleições legislativas do país, reunindo votos suficientes para hoje sentar 18 deputados no parlamento helénico.
Em algumas sondagens divulgadas na passada semana, o partido era o terceiro colocado nas intenções de voto, apenas atrás do par que sustenta a coligação no governo – os socialistas do PASOK e os conservadores da Nova Democracia (ND).
Fora das urnas e nas ruas do país, porém, membros conotados com o partido têm atacado várias pessoas em bairros de imigrantes de Atenas e distribuído comida e roupas a cidadãos mais desfavorecidos.
Na noite que passaram nas instalações do GADA, os manifestantes revelam ter recebido repetidas ameaças de que as suas moradas seriam divulgadas ao Aurora Dourada, contra quem, horas antes, tinham lançado as suas vozes de protesto.
Christos Manouras, um porta-voz do GADA, sublinhou que «não houve qualquer uso de força por parte dos agentes da polícia», assegurando ainda que as autoridades «analisam e examinam aprofundadamente qualquer relato que apontem para o uso de violência».
9 de Outubro, 2012
por Diogo Pombo
(artigo corrigido às 18h59.)
diogo.pombo@sol.pt
Fonte: SOL (Portugal)
http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=60685
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Comentários anônimos vedados
Sobre comentários anônimos (de fakes) no blog.
Exceto pelo pessoal que comenta há tempo no blog, pois algumas pessoas usam perfis sem nome (direito delas) que não são criados pra tumulto ou coisa do tipo, comentando normalmente e que portanto não devem arcar com o ônus desta decisão por conta do mau uso do espaço por parte de outras pessoas. Ficam vedados comentários sem identificação de perfis fakes como "Nicolau da Romênia" e outros desse "naipe". Portanto não adianta chorar, espernear ou fazer "cara feia, ou comenta com perfil normal como homem discutindo o assunto (sem panfletar ou infrigir a constituição) ou não tem conversa.
Muitos "revis" como subterfúgio fazem uso de perfis esdrúxulos, sem identificação, pra comentar asneira (racismo e afins) com receio de sofrerem alguma denúncia por razões óbvias, ou mesmo se passar por gente contrária ao "revisionismo" usando um discurso radical ou enviesado com conflito do Oriente Médio no meio, ou de polarização ideológica, ou distorcendo notícias ideologicamente, tornando o comentário bastante caricato, radical e automaticamente algo que é bem rechaçado pela maioria das pessoas com o intuito de tentar desmoralizar as pessoas contrárias ao negacionismo.
Se a pessoa que faz isso não é um "revi", então é bom rever o que comenta pois não há espaço pra esse tipo de "trollagem" infantil com esse tipo de assunto.
Mas voltando ao assunto, creio que esses "revis" (e os demais que se enquadram no que citei) devem achar que as pessoas têm uma paciência "paranormal" pra aturar esse tipo de neurose, mas particularmente não tenho.
Comentários imbecis não ofendem, mas irritam por serem obviamente imbecis (pleonasmo) e por não acrescentarem nada, e a repetição deles com o tempo torra a paciência.
O subterfúgio de se esconder com um fake pra tumultuar/trollar além de ser covardia não é algo tolerável, e também éirritante. Se um "revi" (e demais trolls) não tem coragem de pôr um nome identificável, não anônimo, na asneira que comenta então, ou fica calado ou vai encher o saco nos fóruns "revis" que tolerem esse tipo de cretinice.
Conflitos no Oriente Médio, extremismo religioso e ultradireitismo não-nazi
O aviso também abrange o pessoal extremista que mistura religião com assuntos políticos e acabam criando confusão por onde passam por toda vez tentarem fazer associação do assunto da Segunda Guerra com conflitos no Oriente Médio ignorando o que se passa aqui no país e também naquela região do globo por fazerem uma idealização idólatra da mesma. Refiro-me ao pessoal que acha que está numa "missão divina" defender um dos lados do conflito no OM (a crítica serve pra ambos) pois não tenho saco pra aturar radicalismo infantil de nenhum desses dois lados.
O que vou comentar adiante é uma opinião pessoal minha mas sei que é também uma opinião de boa parcela da população do país, por isso irei fazer o comentário: eu não tenho paciência com o assunto Oriente Médio, ou pra ser mais preciso, não aguento pregação religiosa com conflito bélico no meio ou uma alienação voluntária com esse assunto. O Oriente Médio não é um lugar que me cause "fascínio" e creio eu que a maioria da população brasileira pensa o mesmo que estou dizendo neste comentário. Não é chute, eu já ouvi comentários bem mais duros que esse que faço pra estar comentando isso. Por isso já adianto que não adianta A, B, C, D ou E se irritar por não concordar com essa opinião pois a maioria não mudará de opinião porque A, B, C, D ou E não gostam dela, tampouco eu.
A maioria dos brasileiros não sente fascínio pelo Oriente Médio ao contrário das pessoas que são fascinadas com aquela região pensam, fascínio não passa por "osmose", é um erro grosseiro pensar que a maioria do povo brasileiro sente uma idolatria pelo Oriente Médio por conta de desfiles de escola de samba, marchinhas de carnaval, filmes ou por conta de religião. Não é um assunto muito agradável pra se tratar levando-se em conta os os inúmeros problemas internos do Brasil, como também pelo radicalismo que a minoria que "curte" este assunto costuma tratar e repassar o problema no país.
Não é incomum trazerem essas brigas daquela região pro Brasil através da mídia (TV ou internet) ignorando que o país já tem seus problemas pra tratar, não precisando de problemas extras.
Comento isso porque também com alguma frequência sempre aparecem pessoas com esse tipo de "fascínio" (delírio) com esse assunto (conflitos daquela região) que mencionei e ficam me abordando pra saber do que acho do mesmo como se eu nutrisse desse mesmo "fascínio" deles ou como se eu concordasse com o radicalismo de várias dessas pessoas, ou mesmo pelo assunto Holocausto e Segunda Guerra ter ligação direta com judeus, que eu deva nutrir simpatias com o governo radical de Israel. Fazem uma mistura deliberada desses temas e acabam fomentando a panfletagem antissemita "revi".
Além deu não concordar com o radicalismo dessas pessoas (alguns pró-Israel e pró-palestinos), não sou obrigado a concordar com radicalismo e propaganda de nenhum dos dois lados, tampouco adianta alguém vir tentar "fazer minha cabeça" com esse assunto. Fica o aviso de que não estou interessado em pregação pra tentarem mudar minha opinião.
Se serve como um relato, a convivência com pessoas que pensam dessa forma (tão estreita) não foi das experiências mais agradáveis.
Pros que quiserem questionar o porquê da atenção com o assunto extrema-direita, nazismo/fascismo e racismo por conta dessa crítica sobre esse "delírio"/fascínio desmedido de alguns com o Oriente Médio uma vez que são publicados vários textos sobre o conflito na Europa e movimentos neonazis/fascistas na mesma, ao contrário do assunto do OM (exceção feita à questão do petróleo), os assuntos extrema-direita e fascismo têm ligação direta com o Brasil, com a questão da pregação do autoritarismo e ditaduras nacionalistas que o Brasil passou e também com o preconceito/racismo praticado no país desde o século XIX, e mais especificamente em algumas regiões do país.
Exceto pelo pessoal que comenta há tempo no blog, pois algumas pessoas usam perfis sem nome (direito delas) que não são criados pra tumulto ou coisa do tipo, comentando normalmente e que portanto não devem arcar com o ônus desta decisão por conta do mau uso do espaço por parte de outras pessoas. Ficam vedados comentários sem identificação de perfis fakes como "Nicolau da Romênia" e outros desse "naipe". Portanto não adianta chorar, espernear ou fazer "cara feia, ou comenta com perfil normal como homem discutindo o assunto (sem panfletar ou infrigir a constituição) ou não tem conversa.
Muitos "revis" como subterfúgio fazem uso de perfis esdrúxulos, sem identificação, pra comentar asneira (racismo e afins) com receio de sofrerem alguma denúncia por razões óbvias, ou mesmo se passar por gente contrária ao "revisionismo" usando um discurso radical ou enviesado com conflito do Oriente Médio no meio, ou de polarização ideológica, ou distorcendo notícias ideologicamente, tornando o comentário bastante caricato, radical e automaticamente algo que é bem rechaçado pela maioria das pessoas com o intuito de tentar desmoralizar as pessoas contrárias ao negacionismo.
Se a pessoa que faz isso não é um "revi", então é bom rever o que comenta pois não há espaço pra esse tipo de "trollagem" infantil com esse tipo de assunto.
Mas voltando ao assunto, creio que esses "revis" (e os demais que se enquadram no que citei) devem achar que as pessoas têm uma paciência "paranormal" pra aturar esse tipo de neurose, mas particularmente não tenho.
Comentários imbecis não ofendem, mas irritam por serem obviamente imbecis (pleonasmo) e por não acrescentarem nada, e a repetição deles com o tempo torra a paciência.
O subterfúgio de se esconder com um fake pra tumultuar/trollar além de ser covardia não é algo tolerável, e também éirritante. Se um "revi" (e demais trolls) não tem coragem de pôr um nome identificável, não anônimo, na asneira que comenta então, ou fica calado ou vai encher o saco nos fóruns "revis" que tolerem esse tipo de cretinice.
Conflitos no Oriente Médio, extremismo religioso e ultradireitismo não-nazi
O aviso também abrange o pessoal extremista que mistura religião com assuntos políticos e acabam criando confusão por onde passam por toda vez tentarem fazer associação do assunto da Segunda Guerra com conflitos no Oriente Médio ignorando o que se passa aqui no país e também naquela região do globo por fazerem uma idealização idólatra da mesma. Refiro-me ao pessoal que acha que está numa "missão divina" defender um dos lados do conflito no OM (a crítica serve pra ambos) pois não tenho saco pra aturar radicalismo infantil de nenhum desses dois lados.
O que vou comentar adiante é uma opinião pessoal minha mas sei que é também uma opinião de boa parcela da população do país, por isso irei fazer o comentário: eu não tenho paciência com o assunto Oriente Médio, ou pra ser mais preciso, não aguento pregação religiosa com conflito bélico no meio ou uma alienação voluntária com esse assunto. O Oriente Médio não é um lugar que me cause "fascínio" e creio eu que a maioria da população brasileira pensa o mesmo que estou dizendo neste comentário. Não é chute, eu já ouvi comentários bem mais duros que esse que faço pra estar comentando isso. Por isso já adianto que não adianta A, B, C, D ou E se irritar por não concordar com essa opinião pois a maioria não mudará de opinião porque A, B, C, D ou E não gostam dela, tampouco eu.
A maioria dos brasileiros não sente fascínio pelo Oriente Médio ao contrário das pessoas que são fascinadas com aquela região pensam, fascínio não passa por "osmose", é um erro grosseiro pensar que a maioria do povo brasileiro sente uma idolatria pelo Oriente Médio por conta de desfiles de escola de samba, marchinhas de carnaval, filmes ou por conta de religião. Não é um assunto muito agradável pra se tratar levando-se em conta os os inúmeros problemas internos do Brasil, como também pelo radicalismo que a minoria que "curte" este assunto costuma tratar e repassar o problema no país.
Não é incomum trazerem essas brigas daquela região pro Brasil através da mídia (TV ou internet) ignorando que o país já tem seus problemas pra tratar, não precisando de problemas extras.
Comento isso porque também com alguma frequência sempre aparecem pessoas com esse tipo de "fascínio" (delírio) com esse assunto (conflitos daquela região) que mencionei e ficam me abordando pra saber do que acho do mesmo como se eu nutrisse desse mesmo "fascínio" deles ou como se eu concordasse com o radicalismo de várias dessas pessoas, ou mesmo pelo assunto Holocausto e Segunda Guerra ter ligação direta com judeus, que eu deva nutrir simpatias com o governo radical de Israel. Fazem uma mistura deliberada desses temas e acabam fomentando a panfletagem antissemita "revi".
Além deu não concordar com o radicalismo dessas pessoas (alguns pró-Israel e pró-palestinos), não sou obrigado a concordar com radicalismo e propaganda de nenhum dos dois lados, tampouco adianta alguém vir tentar "fazer minha cabeça" com esse assunto. Fica o aviso de que não estou interessado em pregação pra tentarem mudar minha opinião.
Se serve como um relato, a convivência com pessoas que pensam dessa forma (tão estreita) não foi das experiências mais agradáveis.
Pros que quiserem questionar o porquê da atenção com o assunto extrema-direita, nazismo/fascismo e racismo por conta dessa crítica sobre esse "delírio"/fascínio desmedido de alguns com o Oriente Médio uma vez que são publicados vários textos sobre o conflito na Europa e movimentos neonazis/fascistas na mesma, ao contrário do assunto do OM (exceção feita à questão do petróleo), os assuntos extrema-direita e fascismo têm ligação direta com o Brasil, com a questão da pregação do autoritarismo e ditaduras nacionalistas que o Brasil passou e também com o preconceito/racismo praticado no país desde o século XIX, e mais especificamente em algumas regiões do país.
domingo, 7 de outubro de 2012
Uma mentira descarada no novo livro negacionista do Holocausto
No novo "livro manual" sobre o Holocausto, The Gas Vans (As vans de gaseamento), que pode ser baixado aqui, Santiago Alvarez ("revisionista") tenta remover o testemunho de 1960 de August Becker, que Roberto copiou de Klee (e outros autores) do livro 'The Good Old Days' para esta postagem (tradução em português aqui). Alvarez (pág.190) afirma que Becker não poderia ter sido testemunha do extermínio de deportados em Minsk que começou em maio de 1942. Ele deliberadamente encurta a sentença de Becker de "Eu não suportava mais, e três dias mais tarde, deve ter sido em setembro de 1942, viajei de volta por caminhão através de Varsóvia até Berlim" para "Eu não suportava mais", omitindo, assim, a data em que Becker claramente afirma que foi a sentença.
Alvarez também revela uma estupenda estupidez. Ele chia por um erro óbvio no verbete de Becker na Wikipedia, que afirma que ele foi condenado a 10 anos no julgamento KTI e faz vista grossa da nota ambígua de sobre Klee e outros (pág. 289) de que ele foi realmente declarado inapto para ser julgado. Ele admite que o Hauptsturmführer Rühl deve ser Felix Rühl do Einsatzgruppe D embora a descrição de Becker dele se encaixa no registro de serviço de Adolf Rübe, que estava sob as ordens da KdS em Minsk e tomou parte na chacina de Slutzk de fevereiro de 1943 que Nick discutiu aqui. Além disso, na página 12 do livro ele revela que o livro foi escrito com a "ajuda de Thomas Kues", que forneceu inúmeros documentos e melhorias sugeridas por Mattogno. Ou seja, nossos velhos amigos fizeram outra confusão desonesta contra seus leitores.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2011/12/blatant-lie-in-new-holocaust-handbook.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
Alvarez também revela uma estupenda estupidez. Ele chia por um erro óbvio no verbete de Becker na Wikipedia, que afirma que ele foi condenado a 10 anos no julgamento KTI e faz vista grossa da nota ambígua de sobre Klee e outros (pág. 289) de que ele foi realmente declarado inapto para ser julgado. Ele admite que o Hauptsturmführer Rühl deve ser Felix Rühl do Einsatzgruppe D embora a descrição de Becker dele se encaixa no registro de serviço de Adolf Rübe, que estava sob as ordens da KdS em Minsk e tomou parte na chacina de Slutzk de fevereiro de 1943 que Nick discutiu aqui. Além disso, na página 12 do livro ele revela que o livro foi escrito com a "ajuda de Thomas Kues", que forneceu inúmeros documentos e melhorias sugeridas por Mattogno. Ou seja, nossos velhos amigos fizeram outra confusão desonesta contra seus leitores.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2011/12/blatant-lie-in-new-holocaust-handbook.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
sábado, 6 de outubro de 2012
Bispo católico integrista britânico, multado na Alemanha por negar o Holocausto
O tribunal da cidade alemã de Ratisbona (em alemão "Regensburg") multou o bispo católico Richard Williamson por negar o extermínio dos judeus por parte dos nazis, a imprensa alemã.
O juiz condenou o bispo, de 72 anos de idade, por incitação de ódio racial e lhe impôs uma multa equivalente ao salário de 100 dias de trabalho. O advogado do bispo declarou que apelará da setença.
De 2008 a 2010 Williamson negou a morte de seis milhões de judeus, que qualificou de "gigantesca mentira (...) sobre a qual foi montada uma nova ordem mundial".
Em fevereiro de 2009 o bispo foi expulso da Argentina, onde residia desde 2003 (atualmente vive em Londres). Suas declarações causaram atritos entre a Alemanha e o Vaticano.
Fonte: RT
http://actualidad.rt.com/ultima_hora/view/55229-obispo-catolico-integrista-britanico-multado-alemania-negar-holocausto
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
German court seeks fine against British bishop Williamson for Holocaust denial (AP/Calgary Herald, Canadá)
O juiz condenou o bispo, de 72 anos de idade, por incitação de ódio racial e lhe impôs uma multa equivalente ao salário de 100 dias de trabalho. O advogado do bispo declarou que apelará da setença.
De 2008 a 2010 Williamson negou a morte de seis milhões de judeus, que qualificou de "gigantesca mentira (...) sobre a qual foi montada uma nova ordem mundial".
Em fevereiro de 2009 o bispo foi expulso da Argentina, onde residia desde 2003 (atualmente vive em Londres). Suas declarações causaram atritos entre a Alemanha e o Vaticano.
Fonte: RT
http://actualidad.rt.com/ultima_hora/view/55229-obispo-catolico-integrista-britanico-multado-alemania-negar-holocausto
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
German court seeks fine against British bishop Williamson for Holocaust denial (AP/Calgary Herald, Canadá)
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Richard Williamson,
tribunal
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Um mundo sem nazismo
Mikhail Aristov
Dia Internacional da Memória das Vítimas do Nazismo
Neste domingo, 9 de setembro, assinala-se o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Nazismo. É um dia de luto pelos soldados que tombaram nos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial, pelos milhões de civis mortos pelos bombardeamentos e pelas vítimas dos campos de concentração.
Neste dia, os defensores dos direitos humanos voltam a tentar chamar a atenção para o problema da heroicização dos criminosos nazistas e das formas modernas de racismo.
Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, a humanidade pagou um preço elevado para se livrar do jugo nazista. Os apoiantes de Hitler consideravam as leis da guerra como uma invenção sentimental. Eles consideravam como norma a tortura, as execuções, o extermínio organizado de povos inteiros. Mas essas lições terríveis são hoje esquecidas. O fantasma do nazismo anda pela Europa, adquirindo traços cada vez mais materiais. A linderança no que se refere ao número de partidários das ideias de extrema-direita pertence aos Países Bálticos. A Lituânia tem cerca de 40 mil radicais e há cerca de 30 mil na Letônia e outros tantos na Estônia. Nesses país realizam-se abertamente encontros e comícios de neonazistas, marchas de legionários das SS, recorda-nos Vladimir Zorin, perito do Instituto de Etnologia e Antropologia russo.
“O problema é como a sociedade e o poder reage a isso, até que ponto eles atuam por princípio e de forma adequada nessa situação. Muito infelizmente, aqui se pode observar uma duplicidade de critérios. Mas o critério deve ser um só – o neonazismo e o fascismo não devem passar.”
Entretanto, o movimento neo-nazista ganha popularidade também noutros países da Europa: na Áustria, na Bulgária, na Hungria e na Alemanha. Os partidos desse cariz obtêm cada vez mais votos, o que tem uma explicação, diz o analista político Andronik Migranian.
“A natureza desses partidos e movimentos é o aumento da xenofobia e da intolerância religiosa e interétnica. Há uma enorme quantidade de pessoas vindas de fora com outra cor de pele, outra religião, outros valores. Surgem com cada vez maior frequência conflitos com eles, aparece a intolerância em relação a essas pessoas. Isso acontece em França em relação aos originários da Argélia, de Marrocos e de outros países árabes e africanos. Isso também tem lugar noutros países europeus.”
O extremismo e as tentativas de reabilitação dos nazistas ameaçam ter graves consequências não só do ponto de vista da revisão da análise e dos resultados da Segunda Guerra Mundial. Eles preparam terreno para a revanche política dos neonazistas numa Europa aparentemente democrática. Por enquanto, a pressão da extrema-direita consegue ser contida. Ainda estão frescas as memórias da guerra mais sangrenta do século XX. Mais apenas por enquanto. E o que vai acontecer depois?
Fonte: site Rádio Voz da Rússia
http://portuguese.ruvr.ru/2012_09_09/dia-internacional-da-memoria-de-vitimas-de-nazismo/
Dia Internacional da Memória das Vítimas do Nazismo
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© Flickr.com/ charmingman /cc-by-nc-sa 3.0 |
Neste dia, os defensores dos direitos humanos voltam a tentar chamar a atenção para o problema da heroicização dos criminosos nazistas e das formas modernas de racismo.
Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, a humanidade pagou um preço elevado para se livrar do jugo nazista. Os apoiantes de Hitler consideravam as leis da guerra como uma invenção sentimental. Eles consideravam como norma a tortura, as execuções, o extermínio organizado de povos inteiros. Mas essas lições terríveis são hoje esquecidas. O fantasma do nazismo anda pela Europa, adquirindo traços cada vez mais materiais. A linderança no que se refere ao número de partidários das ideias de extrema-direita pertence aos Países Bálticos. A Lituânia tem cerca de 40 mil radicais e há cerca de 30 mil na Letônia e outros tantos na Estônia. Nesses país realizam-se abertamente encontros e comícios de neonazistas, marchas de legionários das SS, recorda-nos Vladimir Zorin, perito do Instituto de Etnologia e Antropologia russo.
“O problema é como a sociedade e o poder reage a isso, até que ponto eles atuam por princípio e de forma adequada nessa situação. Muito infelizmente, aqui se pode observar uma duplicidade de critérios. Mas o critério deve ser um só – o neonazismo e o fascismo não devem passar.”
Entretanto, o movimento neo-nazista ganha popularidade também noutros países da Europa: na Áustria, na Bulgária, na Hungria e na Alemanha. Os partidos desse cariz obtêm cada vez mais votos, o que tem uma explicação, diz o analista político Andronik Migranian.
“A natureza desses partidos e movimentos é o aumento da xenofobia e da intolerância religiosa e interétnica. Há uma enorme quantidade de pessoas vindas de fora com outra cor de pele, outra religião, outros valores. Surgem com cada vez maior frequência conflitos com eles, aparece a intolerância em relação a essas pessoas. Isso acontece em França em relação aos originários da Argélia, de Marrocos e de outros países árabes e africanos. Isso também tem lugar noutros países europeus.”
O extremismo e as tentativas de reabilitação dos nazistas ameaçam ter graves consequências não só do ponto de vista da revisão da análise e dos resultados da Segunda Guerra Mundial. Eles preparam terreno para a revanche política dos neonazistas numa Europa aparentemente democrática. Por enquanto, a pressão da extrema-direita consegue ser contida. Ainda estão frescas as memórias da guerra mais sangrenta do século XX. Mais apenas por enquanto. E o que vai acontecer depois?
Fonte: site Rádio Voz da Rússia
http://portuguese.ruvr.ru/2012_09_09/dia-internacional-da-memoria-de-vitimas-de-nazismo/
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Morre escritor italiano Shlomo Venezia, autor de livro sobre o nazismo
Escritor relatou em obra seu período como prisioneiro do campo de concentração Auschwitz
EFE | 01/10/2012 10:29:57
O escritor italiano Shlomo Venezia, sobrevivente do campo de concentração nazista Auschwitz-Birkenau, que comoveu com uma obra em que relatou sua dramática experiência com os "sonderkommando", prisioneiros judeus encarregados das tarefas de extermínio, morreu em Roma aos 89 anos.
Venezia, de origem sefardita, nasceu em Salônica (Grécia), mas com nacionalidade italiana vivia há anos em Roma. A notícia de sua morte foi comunicada nesta segunda (dia 1) pelo prefeito da capital italiana, Gianni Alemanno, que destacou que a perda de Shlomo Venezia deixa "um grande vazio e uma grande dor".
Alemanno lembrou como Venezia foi um dos 70 sobreviventes dos "sonderkommando", os comandos especiais formados por prisioneiros judeus encarregados de iniciar a maquina de extermínio nazista. "Uma experiência muito forte, destrutiva para um ser humano", acrescentou o prefeito.
Shlomo Venezia deixou testemunho escrito de sua terrível vivência no livro, publicado em 2007, "Sonderkommando Auschwitz" ("Sonderkommando - No inferno das câmaras de gás", no Brasil). Em 11 de abril de 1944, quando tinha 21 anos, Venezia chegou ao campo de Birkenau, com sua mãe e sua irmã, de quem nunca mais teve notícias. Foi obrigado a fazer parte dos "sonderkommando", que, como ele mesmo relatou, se encarregavam de acompanhar aos prisioneiros que chegavam desde os trens até as câmaras de gás, os ajudavam a se despir e a entrar nessas salas e, após morrer, cortavam seus cabelos e tiravam seus dentes de ouro, os levando em seguida aos fornos crematórios.
Antes da libertação de Auschwitz por parte do exército russo, Venezia conseguiu escapar e chegar até Mauthausen e de lá viajou para Itália, onde passou 47 anos em silêncio, sem falar de sua experiência. Até que em 1992, encorajado por sua mulher, começou a relatar os horrores de Auschwitz, sobretudo para que os jovens pudessem saber o que foi o Holocausto.
Após romper seu silêncio, Shlomo Venezia participou de uma iniciativa do prefeito anterior de Roma, Walter Veltroni, para que os jovens romanos pudessem conhecer o que ocorreu em Auschwitz. Por isso, retornou ao lugar onde viveu tantos horrores umas 54 vezes para acompanhar os estudantes.
Alemanno afirmou hoje que se dedicará a acelerar a construção de um Museu dedicado ao Holocausto na capital italiana para continuar "a obra de educação e de transmissão da memória que Shlomo Venezia realizou".
Fonte: EFE/IG
http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/livros/2012-10-01/morre-escritor-italiano-shlomo-venezia-autor-de-livro-sobre-o-nazismo.html
Ler mais:
Shlomo Venezia relembra as memórias de prisioneiro no Holocausto no livro "Sonderkommando"
Ver mais:
Fallece Shlomo Venezia, que conmocionó con libro sobre los "sonderkommando" (ABC.es)
EFE | 01/10/2012 10:29:57
![]() |
O escritor Shlomo Venezia (Getty Images) |
Venezia, de origem sefardita, nasceu em Salônica (Grécia), mas com nacionalidade italiana vivia há anos em Roma. A notícia de sua morte foi comunicada nesta segunda (dia 1) pelo prefeito da capital italiana, Gianni Alemanno, que destacou que a perda de Shlomo Venezia deixa "um grande vazio e uma grande dor".
Alemanno lembrou como Venezia foi um dos 70 sobreviventes dos "sonderkommando", os comandos especiais formados por prisioneiros judeus encarregados de iniciar a maquina de extermínio nazista. "Uma experiência muito forte, destrutiva para um ser humano", acrescentou o prefeito.
Shlomo Venezia deixou testemunho escrito de sua terrível vivência no livro, publicado em 2007, "Sonderkommando Auschwitz" ("Sonderkommando - No inferno das câmaras de gás", no Brasil). Em 11 de abril de 1944, quando tinha 21 anos, Venezia chegou ao campo de Birkenau, com sua mãe e sua irmã, de quem nunca mais teve notícias. Foi obrigado a fazer parte dos "sonderkommando", que, como ele mesmo relatou, se encarregavam de acompanhar aos prisioneiros que chegavam desde os trens até as câmaras de gás, os ajudavam a se despir e a entrar nessas salas e, após morrer, cortavam seus cabelos e tiravam seus dentes de ouro, os levando em seguida aos fornos crematórios.
Antes da libertação de Auschwitz por parte do exército russo, Venezia conseguiu escapar e chegar até Mauthausen e de lá viajou para Itália, onde passou 47 anos em silêncio, sem falar de sua experiência. Até que em 1992, encorajado por sua mulher, começou a relatar os horrores de Auschwitz, sobretudo para que os jovens pudessem saber o que foi o Holocausto.
Após romper seu silêncio, Shlomo Venezia participou de uma iniciativa do prefeito anterior de Roma, Walter Veltroni, para que os jovens romanos pudessem conhecer o que ocorreu em Auschwitz. Por isso, retornou ao lugar onde viveu tantos horrores umas 54 vezes para acompanhar os estudantes.
Alemanno afirmou hoje que se dedicará a acelerar a construção de um Museu dedicado ao Holocausto na capital italiana para continuar "a obra de educação e de transmissão da memória que Shlomo Venezia realizou".
Fonte: EFE/IG
http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/livros/2012-10-01/morre-escritor-italiano-shlomo-venezia-autor-de-livro-sobre-o-nazismo.html
Ler mais:
Shlomo Venezia relembra as memórias de prisioneiro no Holocausto no livro "Sonderkommando"
Ver mais:
Fallece Shlomo Venezia, que conmocionó con libro sobre los "sonderkommando" (ABC.es)
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Morre o historiador Eric Hobsbawm aos 95 anos
LONDRES — O eminente historiador marxista britânico Eric Hobsbawm, que escreveu sobre os extremos dos séculos XIX e XX e era considerado um dos pensadores imprescindíveis do século passado, morreu nesta segunda-feira aos 95 anos.
"Ele morreu de pneumonia nas primeiras horas da manhã em Londres", afirmou a filha do historiador, Julia Hobsbawm.
O historiador lutava contra a leucemia e faleceu no no Royal Free Hospital da capital britânica.
"Ele fará falta não apenas para sua esposa há 50 anos, Marlene, e seus três filhos, sete netos e um bisneto, mas também por seus milhares de leitores e estudantes ao redor do mundo", completou.
Hobsbawm era uma figura consagrada, mas também controversa, por sua longa ligação com o Partido Comunista, que ele apoiou apesar das atrocidades na União Soviética e no leste europeu.
O livro mais famoso de Hobsbawm, provavelmente, é "Era dos Extremos, o breve século XX (1914-1991), de 1994, que foi traduzido para quase 40 línguas e recebeu muitos prêmios internacionais.
Hobsbawm, que influenciou gerações de historiadores e políticos, é reconhecido por seus três volumes sobre o "longo século XIX": "A Era das Revoluções: Europa 1789-1848", "A Era do Capital: 1848-1875" e "A Era dos Impérios: 1875-1914".
Sua perspectiva marxista foi formada em parte pela experiência de morar na Alemanha no início da década de 1930, quando acompanhou a ascensão de Adolf Hitler ao poder.
Nascido em 9 de junho de 1917 em uma família judaica de Alexandria, Egito, filho de um britânico e de uma austríaca, Hobsbawm foi criado em Viena no período entre as duas grandes guerras mundiais, antes de seguir para Berlim em 1931, depois da morte de seus pais no intervalo de dois anos.
Ele se mudou para Londres dois anos depois, quando Hitler virou chanceler, e entrou para o Partido Comunista britânico em 1936.
Depois de estudar História e obter o Doutorado na Universidade de Cambridge, Hobsbawm se tornou professor em 1947 no Birkbeck College de Londres, centro ao qual seguiu ligado por toda a carreira.
Também foi professor convidado em universidades de prestígio, como Stanford, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e Cornel.
Fã de jazz, escreveu críticas para a revista britânica New Statesman sob um pseudônimo entre 1956 e 1966.
Hobsbawm nunca abandonou a filiação ao Partido Comunista da Grã-Bretanha, que acabou em 1991, após a queda do Muro de Berlim e o colapso da União Soviética.
"Era dos Extremos", em particular, dividiu leitores de diferentes linhas ideológicas na Grã-Bretanha, com muitos conservadores e liberais afirmando que a obra ignorou as atrocidades soviéticas, mas muitos da esquerda elogiaram a visão marxista da história.
Ele foi indicado para a ordem Companion of Honour em 1998 pelo governo trabalhista do primeiro-ministro Tony Blair.
Hobsbawm casou duas vezes, primeiro com Muriel Seaman em 1943. Após o divórcio em 1951, o historiador casou com Marlene Schwarz.
Fonte: AFP
http://br.reuters.com/article/entertainmentNews/idBRSPE89002920121001
"Ele morreu de pneumonia nas primeiras horas da manhã em Londres", afirmou a filha do historiador, Julia Hobsbawm.
O historiador lutava contra a leucemia e faleceu no no Royal Free Hospital da capital britânica.
"Ele fará falta não apenas para sua esposa há 50 anos, Marlene, e seus três filhos, sete netos e um bisneto, mas também por seus milhares de leitores e estudantes ao redor do mundo", completou.
Hobsbawm era uma figura consagrada, mas também controversa, por sua longa ligação com o Partido Comunista, que ele apoiou apesar das atrocidades na União Soviética e no leste europeu.
O livro mais famoso de Hobsbawm, provavelmente, é "Era dos Extremos, o breve século XX (1914-1991), de 1994, que foi traduzido para quase 40 línguas e recebeu muitos prêmios internacionais.
Hobsbawm, que influenciou gerações de historiadores e políticos, é reconhecido por seus três volumes sobre o "longo século XIX": "A Era das Revoluções: Europa 1789-1848", "A Era do Capital: 1848-1875" e "A Era dos Impérios: 1875-1914".
Sua perspectiva marxista foi formada em parte pela experiência de morar na Alemanha no início da década de 1930, quando acompanhou a ascensão de Adolf Hitler ao poder.
Nascido em 9 de junho de 1917 em uma família judaica de Alexandria, Egito, filho de um britânico e de uma austríaca, Hobsbawm foi criado em Viena no período entre as duas grandes guerras mundiais, antes de seguir para Berlim em 1931, depois da morte de seus pais no intervalo de dois anos.
Ele se mudou para Londres dois anos depois, quando Hitler virou chanceler, e entrou para o Partido Comunista britânico em 1936.
Depois de estudar História e obter o Doutorado na Universidade de Cambridge, Hobsbawm se tornou professor em 1947 no Birkbeck College de Londres, centro ao qual seguiu ligado por toda a carreira.
Também foi professor convidado em universidades de prestígio, como Stanford, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e Cornel.
Fã de jazz, escreveu críticas para a revista britânica New Statesman sob um pseudônimo entre 1956 e 1966.
Hobsbawm nunca abandonou a filiação ao Partido Comunista da Grã-Bretanha, que acabou em 1991, após a queda do Muro de Berlim e o colapso da União Soviética.
"Era dos Extremos", em particular, dividiu leitores de diferentes linhas ideológicas na Grã-Bretanha, com muitos conservadores e liberais afirmando que a obra ignorou as atrocidades soviéticas, mas muitos da esquerda elogiaram a visão marxista da história.
Ele foi indicado para a ordem Companion of Honour em 1998 pelo governo trabalhista do primeiro-ministro Tony Blair.
Hobsbawm casou duas vezes, primeiro com Muriel Seaman em 1943. Após o divórcio em 1951, o historiador casou com Marlene Schwarz.
Fonte: AFP
http://br.reuters.com/article/entertainmentNews/idBRSPE89002920121001
Ministro alerta para disseminação de ideologia neonazista no Leste alemão
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Ministro alerta para disseminação de ideologia neonazista no Leste alemão |
"Estou preocupado que em algumas regiões do Leste da Alemanha os neonazistas marcam presença e se infiltram propositalmente na sociedade civil para atingir suas metas. Não deveríamos permitir que isso aconteça", afirmou o ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, ao jornal berlinense Der Tagesspiegel.
O ministro chamou também a atenção para o fato de que a Alemanha, como país que vive de exportações, não possa de forma alguma se apresentar como nação xenófoba. "Se queremos vender nossas mercadorias em todos os lugares do mundo, temos também que nos mostrar abertos aos que se interessam pelo nosso país", salientou Friedrich. Especialmente no Leste alemão, lembrou o ministro, o êxodo da população é notável, o que faz com que haja uma grande demanda de força de trabalho estrangeira.
"NPD em decadência"
Friedrich, por outro lado, confirmou em entrevista ao jornal berlinense sua postura de ceticismo frente a um novo requerimento de proibição do partido de extrema direita NPD perante o Tribunal Constitucional Federal. "O NPD é um partido totalitário, avesso aos princípios constitucionais, que não tem absolutamente nada a ver com a nossa democracia. Mas a postura de um partido não basta para proibi-lo", explicou o ministro da conservadora União Social Cristã (CSU).
Friedrich sugeriu, inclusive, que o NPD possa sair fortalecido de um novo confronto em nível jurídico visando sua proibição. Os últimos resultados eleitorais, alertou o ministro, demonstraram que o NPD está "em plena decadência".
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Hans-Peter Friedrich, ministro alemão do Interior |
Mesmo assim, Friedrich rejeita a ideia de publicação aberta dos nomes dos informantes. Pois com isso, acredita o ministro, "todo o sistema de informantes das autoridades de segurança perderia sua função. E precisamos destes informantes, sobretudo no combate ao extremismo", argumentou o ministro.
Em 2003, um processo de proibição do NPD na Alemanha acabou fracassando em função da problemática que envolve os informantes dos serviços secretos. As provas da inconstitucionalidade do partido vinham em parte dos informantes, que são, ao mesmo tempo, membros do NPD. Os juízes responsáveis pelo caso viram aí um conflito de interesses dos informantes e revidaram, por isso, o pedido de proibição do partido.
Novo dossiê sobre o NPD
Além do Partido Social Democrata (SPD), diversos políticos da União Democrata Cristã (CDU), nas esferas federal e estadual, defendem um novo requerimento de proibição do NPD. Segundo informações divulgadas pela mídia, o serviço de proteção à Constituição reuniu, em um novo dossiê, mais de 3 mil provas da inconstitucionalidade do partido.
O ministro do Interior, bem como os secretários estaduais da pasta, irão se reunir no dia 5 de dezembro, a fim de avaliar este material e tomar uma nova decisão a respeito de um possível novo processo para proibir o NPD.
SV/dpa/afp/dapd/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/dw/article/0,,16274771,00.html
sábado, 29 de setembro de 2012
Historiador destaca canibalismo do Exército japonês em livro (Beevor - Segunda Guerra Mundial)
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Imagem mostra a capa do livro de Antony Beevor. Foto: Reprodução |
Segundo Beevor, esse foi um dos aspectos que mais lhe surpreendeu durante a pesquisa elaborada para a realização de "A Segunda Guerra Mundial" (The Second World War), um livro que não pretende ser "o definitivo", mas sim lançar um olhar global baseado em sua experiência como escritor e como ex-militar.
Esse canibalismo era um fato que Beevor não conhecia. Os americanos e os australianos decidiram não dizer nada no final da guerra pelo choque que essa notícia poderia causar entre os familiares dos prisioneiros, explicou o historiador à Agência Efe em Madri, onde hoje apresenta seu novo livro.
Trata-se de uma prática que demonstra toda a crueldade do "extremamente militarizado" Exército japonês, que humilhava os soldados e usava toda a "fúria absorvida nas batalhas para se vingar contra os soldados vencidos".
Apesar de ainda não ser uma notícia pública e de massa, somente uma nova geração de jovens historiadores japoneses tiveram coragem de trazer este fato à tona, explica Beevor.
"É óbvio que todos os exércitos tiveram tentações de cometer crimes, mas alguns mantiveram certas coerências e proporções. No entanto, há diferentes pautas de comportamento. Nem todos os Exércitos foram iguais", completa o historiador.
Outro fato que surpreendeu Beevor foi o "terrível sacrifício" que os comandantes soviéticos infligiram a suas tropas na operação de distração durante a batalha de Stalingrado, que aconteceu para distrair os alemães e supôs a morte de 250 mil russos.
"Sacrificaram mais homens que os britânicos e os americanos juntos no Dia D", revelou Beevor.
Atrocidades existem em todas as guerras, embora o canibalismo dos japoneses é, sem dúvida, o fato mais terrível que Antony Beevor conta em seu novo livro, uma vasta obra que já foi lançada na Colômbia, na Argentina, no México e que, segundo o próprio autor, será publicado em toda América Latina.
Com mais de 30 anos de dedicação ao conflito militar mais amplo e sangrento da história, Beevor, neste livro com mais de mil páginas, resgata informações tiradas dos arquivos russos, alemães e, principalmente, franceses.
Apesar do excesso de fatos, o autor conseguiu achar uma estrutura para não se "afogar", um fato que, segundo o próprio autor, só foi possível graças a sua experiência prévia com livros como "Stalingrado" (2000) e "Berlim: A queda 1945" (2002), autênticos "best sellers" de nível mundial.
Neste novo lançamento, Beevor volta a recorrer ao elemento mais característico da escritura: uma mistura entre as épicas narrações das batalhas e das grandes discussões políticas com os detalhes mais humanos e desumanos das vítimas e carrascos da guerra.
Uma história que Beevor começa a contar na frente oriental, na guerra entre chineses e japoneses, um primeiro exemplo das atrocidades que cometeriam os japoneses, que em Nanjing mataram entre 200 mil e 300 mil chineses da maneira mais cruel, sem distinguir sexo e idade.
Se Beevor decidiu começar por essa parte da história é porque pensa que isso condicionou todo o desenvolvimento posterior de um conflito que se caracterizou por incluir "elementos de uma guerra civil internacional" e que, na realidade, foi "um conglomerado de diferentes conflitos".
"Me senti muito lisonjeado quando disseram que este era o livro definitivo sobre a Segunda Guerra Mundial. Mas, na verdade, não é assim. Sempre haverá novos elementos. Os arquivos da Rússia são enormes e só puderam ser consultados entre 1995 e 2000, enquanto o dos japoneses não deixam pesquisadores estrangeiros consultar os seus", ressaltou Beevor.
Apesar de ainda existir muitas coisas por descobrir, Beevor aponta que o mais intrigante de seu livro são as histórias individuais, muitas delas tiradas de testemunhos de combatentes franceses cujos descendentes entregaram suas cartas às autoridades.
Através dessas histórias pessoais, o leitor se identifica mais facilmente com uns fatos que ultrapassam o entendimento, sendo que esse tipo de narração é o que fez de Beevor um dos historiadores mais lidos na atualidade.
"Hoje em dia, eu não entendo como fizemos para viver nas trincheiras, no descoberto, na neve, congelados de frio e sem tirar jamais os sapatos e a roupa. Isso sem ter água e sem ter nada com que se esquentar". Este é o testemunho de um oficial do Exército Vermelho que se une a outros muitos em uma obra imprescindível para quem deseja entender o que ocorreu com mundo no século XX.
Fonte: EFE/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6178212-EI8143,00-Historiador+destaca+canibalismo+do+Exercito+japones+em+livro.html
Observação: o livro já foi lançado em espanhol no último dia 25 de setembro. Sem notícia anunciando o lançamento do livro em português.
Ver:
Antony Beevor lanza hoy libro sobre II Guerra Mundial donde revela episodios de canibalismo (Latercera.com)
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Antissemitismo no CODOH (a 'central' do "revisionismo")
Encontrar antissemitas no CODOH é como pescar peixe num barril, mas vale a pena reunir os casos em que Jonnie Hargis permite ficar no fórum. Eu os reproduzi sem comentar porque seu ódio e veneno são óbvios a qualquer leitor não insano.
Em 6 de maio de 2005, 'steve' (que tem 149 postagens no CODOH) escreveu:
O moderador Jonnie Hargis afirmou que as vítimas alvejadas pelos Einsatzgruppen não eram inocentes:
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2011/11/antisemitism-at-codoh.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
Em 6 de maio de 2005, 'steve' (que tem 149 postagens no CODOH) escreveu:
Você parece muito irritado com o fato de que alguns de nós têm claramente um problema com os judeus. Bem, e se estivéssimos certos sobre a grande farsa? Isso significaria que todos os judeus "testemunhas oculares" são um bando de mentirosos imbecis. Imagine isso. Todas essas histórias incríveis. Não são os irlandeses dizendo todas essas mentiras. Eles são/eram judeus! Imagine o Holocausto como uma grande mentira.No mesmo ano, Turpitz postou a visão de Bobby Fischer de que "Os Estados Unidos é uma farsa controlada por sujos, judeus bastardos circuncidados de nariz adunco"; Turpitz comentou, "e quem sou eu para não concordar com ele?"
[...]
Se realmente for o caso do Holocausto ser uma mentira, certamente você pode entender porque alguns de nós estarem muitos chateados com os judeus. Afinal, não é razoável? Se o H (Holocausto) for uma mentira não ter um problema com os judeus? Isso não seria uma reação natural? Claro, não estou dizendo que se deve odiar TODOS os judeus (eu gosto de Bobby Fischer, por exemplo), mas estou dizendo que se o H (Holocausto) for de fato uma grande mentira, o sentimento anti-judaico é perfeitamente compreensível.
O moderador Jonnie Hargis afirmou que as vítimas alvejadas pelos Einsatzgruppen não eram inocentes:
- Os judeus eram bastante ativos na atividade ilegal de grupos terroristas partisans (combatentes não-uniformed), eles sofreram casualidades através das ações anti-terroristas dos Einsatzgruppen, eles certamente não eram 'inocentes'.Na mesma discussão, ele defendeu o assassinato de crianças judias:
Na realidade, mulheres e crianças estavam envolvidos em terrorismo partisan, então eu sugiro que você leia a lei internacional do período.Hargis tem um problema com Chomsky:
Eu tendo a concordar com a afirmação de que Chomsky é uma fraude dos direitos humanos. E nem precisa mencionar seu judeu-centrismo nas ideias marxistas que historicamente se comprovaram ser impraticáveis.O que exatamente significa o 'exceto judeu-centrismo marxista' na mente de um nazi?
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2011/11/antisemitism-at-codoh.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
Cidade austríaca debate futuro de casa onde Hitler nasceu
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Casa onde Adolf Hitler nasceu causa dor de cabeça para a cidade de Braunau, na Áustria Foto: AP |
A casa de mais de 500 anos normalmente seria considerada uma propriedade de alto valor, mas o estigma do nascimento de Hitler tem causado dor de cabeça para a prefeitura, que precisa decidir o que fazer com este marco intimamente ligado ao mal. Com o espaço vazio, o prefeito da cidade, Johannes Waidbacher, declarou que gostaria de transformar o lugar em apartamentos ao invés de um memorial do Holocausto.
Porém, o conselho da cidade teme que, convertido em apartamentos, o local poderia se encher de adoradores de Hitler. "Estas certamente não são o tipo de pessoa que queremos aqui", afirmou Harry Buchmayr, um membro do conselho da cidade, apontando que a maioria das pessoas que visita o local não são turistas normais, mas neonazistas prestando homenagem à Hitler.
A casa é um dos poucos locais ainda diretamente ligados à Hitler. Uma casa perto da cidade de Leonding, onde Hitler passou parte da adolescência, agora é usada como depósito de caixões para o cemitério da cidade. No cemitério, as tumbas dos pais de Adolf Hitler foram removidas depois de virarem local de peregrinação de neonazistas. O bunker onde Hilter cometeu suicídio foi destruído depois da guerra.
No final das contas, o destino da casa será decido pela dona do local, uma senhora de 60 anos que pede para permanecer no anonimato. O Ministério do Interior da Áustria aluga o local desde 1972. A dona se opõe em transformar a construção em um memorial do holocausto, o que significa que apartamentos ainda podem ser construídos na construção. Para Buchmayr, isso seria um pesadelo.
Fonte: AP/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6185145-EI8142,00-Cidade+austriaca+debate+futuro+de+casa+onde+Hitler+nasceu.html
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Obra de Art Spiegelman mistura história pessoal com mundial
Art Spiegelman revolucionou os quadrinhos com "Maus", obra vencedora do prêmio Pulitzer. Em entrevista à DW, ele falou sobre o valor das HQs, o mundo após o 11/09 e a vida sob o peso de um enorme rato.
Art Spiegelman é uma pessoa ocupada. Ele se autodescreve como "cosmopolita arraigado" e está na Alemanha para promover a exposição itinerante CO-MIX. Art Spiegelman: Uma retrospectiva de cartuns, trabalhos gráficos e recortes, no Museu Ludwig em Colônia.
Rodeado por jornalistas na sala de imprensa do Museu Ludwig, há um certo alívio quando um repórter indaga: "Você se importa se não perguntarmos 'por que um rato, por que um livro de quadrinhos'?"
"Boa ideia", respondeu Spiegelman. "Quero dizer, já respondi tudo o que podia responder". Isso explica em grande parte a produção de MetaMaus. É uma oportunidade, disse Spiegelman, de enfrentar "um rato de mais de 2 toneladas, que o vem perseguindo desde que Maus: a história de um sobrevivente foi lançado há duas décadas."
Sala de espelhos
Capa de 'Maus. a história de um sobrevivente'
"Maus foi construído a partir de entrevistas com o meu pai e fiz MetaMaus a partir de entrevista comigo mesmo, e agora estou sendo entrevistado sobre 'MetaMaus'. Então há um ponto onde tudo fica tão 'meta' que a pessoa acaba se perdendo na sala dos espelhos", explicou.
O autor é um grande adepto de navegar naquela sala de espelhos. Como seus cartuns, desenhos e livros, ele é articulado, pensativo e envolvente. Maus trouxe a Spiegelman um tipo de reconhecimento internacional que mudou sua vida, uma experiência vivenciada somente por poucos.
Filho de judeus poloneses sobreviventes do Holocausto, Spiegelman nasceu em Estocolmo, em 15 de fevereiro de 1948. A família emigrou para os EUA quando ele ainda era criança, e ele cresceu no bairro nova-iorquino do Queens.
Como figura-chave do movimento comix underground (de comics, HQs em inglês) nos anos 1960 e 1970, ele iniciou os trabalhos de Maus no início dos anos 1970.
Maus conta a história do pai de Spiegelman, Vladek, desde sua infância em Czestochowa, na Polônia, e então em Sosnowiec, após ter encontrado a mãe de Spiegelman, Anja, e suas subsequentes vivências nas mãos do regime nazista. Tanto Vladek quanto Anja sobreviveram os horrores de um campo de concentração. A grande maioria dos membros de sua família, incluindo seu primeiro filho, Richieu, não teve a mesma sorte.
O peso da história
Maus pula de conversas entre Spiegelman e seu pai em Nova York para eventos na Polônia e Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. No romance, os judeus são retratados como ratos, os alemães como gatos e os poloneses como porcos.
Apesar do legado familiar judaico-alemão e da infância do autor na Suécia, as conversas com seu pai são narradas em inglês. "Eu não conheço outra língua, sou norte-americano", explicou Spiegelman com naturalidade.
A máscara do rato
Art Spiegelman: 'Autorretrato com máscara de Maus'
Art Spiegelman: 'Autorretrato com máscara de Maus'
Maus foi originalmente publicado em Raw, uma antologia de quadrinhos de vanguarda editada por Spiegelman e sua esposa, Françoise Mouly, entre 1980 e 1991. Após uma série de cartas de rejeição de possíveis editores, a primeira metade de Maus: a história de um sobrevivente, com o subtítulo Meu pai sangra história foi publicada pela editora Pantheon em 1986.
Esse livro e o segundo volume com o subtítulo E aqui meus problemas começam publicado em 1991 mudaram para sempre a percepção popular das HQs, também conhecidas como romances gráficos.
Isso lhe garantiu o prêmio Pulitzer em 1992, como também outros prêmios, distinções e reconhecimento desde então. Não é preciso dizer que o fato transformou a vida de Spiegelman.
"Eu ganhei uma máscara de 'Maus' estampada no meu rosto e eu tenho que aprender a conviver com ela ou ser capaz de ver através dela e permitir que as pessoas olhem para a máscara e observem os menores protosplasmas por detrás", disse o autor.
MetaMaus é a maneira que ele encontrou para expressar isso. É um arquivo de documentos históricos, álbuns de família, um DVD contendo áudios de conversas com seu pai, notebooks pessoais e esboços. Ele contém até mesmo cópias de cartas de rejeição do período em que Spiegelman estava lutando para encontrar um editor para o trabalho. Na época, a ideia de retratar a barbaridade do Holocausto numa história em quadrinhos aparentemente superficial assustou a maioria dos editores.
Desenhando a aniquilação
O desafio de representar a perseguição sistemática e o extermínio de milhões de pessoas tem incomodado gerações de artistas desde o fim da Segunda Guerra, em 1945. No entanto, a cultura popular está repleta de filmes, livros, documentários e biografias sobre o Holocausto. Mas poucas foram tão incisivas quanto Maus. Trata-se de umas das obras mais contundentes, assustadoras e autênticas de qualquer gênero sobre o Holocausto – e é uma história em quadrinhos.
"Há um certo tipo de fazer que é como um sismógrafo de pensar. Isso torna o pensamento visível. E, para mim, é emocionante e interessante quando eu olho para o trabalho de outras pessoas. E tudo o que posso oferecer é tornar meu pensamento visível", disse Spiegelman.
Como no caso de seus pais, há pouco mais de uma década, Spiegelman se encontrou na interseção entre "história pessoal e a história mundial", como ele mesmo descreveu. Bem no centro de Nova York, onde a tradição norte-americana de HQs nasceu nas prensas das editoras Hearst e Pulitzer, existe um lugar chamado Ground Zero.
Entre história pessoal e mundial: painel ilustrativo para 'In the Shadow of No Towers'
Entre história pessoal e mundial: painel ilustrativo para 'In the Shadow of No Towers'
A arte da provocação
Spiegelman produziu a capa icônica da edição da revista The New Yorker publicada em 24 de setembro de 2001, retratando as Torres Gêmeas em preto sobre um fundo cinza escuro. O autor disse que não foi tanto o dia em si – 11 de setembro de 2001 – que o motivou a desenhar, mas as consequências desse evento histórico, que se desenvolveu ao longos dos anos seguintes.
Enquanto se conversava no Museu Ludwig, a controvérsia em torno do filme The Innocence of Muslims se espalhava pelo mundo. A indignação foi alimentada por uma série de charges do profeta Maomé publicadas na revista satírica francesa Charlie Hebdo.
Parece que o trabalho de um cartunista se tornou mais perigoso nos dias de hoje. Mas de Honoré Daumier a Art Young, de Robert Crumb a Kurt Westergaard, a história da ilustração e das charges vive e respira a provocação.
"Estou muito orgulhoso do Charlie Hebdo pelas charges feitas esta semana, mesmo que isso venha a criar um problema para o governo francês, porque não se trata de um filme ou charges ruins. É o que sempre chamo de 'MacGuffin', uma palavra que Hitchcock inventou para descrever a motivação de uma história", explicou Spiegelman. "A obra de arte em si é uma desculpa", acrescentou.
Autora: Helen Whittle (ca)
Revisão: Francis França
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/dw/article/0,,16257962,00.html
Art Spiegelman é uma pessoa ocupada. Ele se autodescreve como "cosmopolita arraigado" e está na Alemanha para promover a exposição itinerante CO-MIX. Art Spiegelman: Uma retrospectiva de cartuns, trabalhos gráficos e recortes, no Museu Ludwig em Colônia.
Rodeado por jornalistas na sala de imprensa do Museu Ludwig, há um certo alívio quando um repórter indaga: "Você se importa se não perguntarmos 'por que um rato, por que um livro de quadrinhos'?"
"Boa ideia", respondeu Spiegelman. "Quero dizer, já respondi tudo o que podia responder". Isso explica em grande parte a produção de MetaMaus. É uma oportunidade, disse Spiegelman, de enfrentar "um rato de mais de 2 toneladas, que o vem perseguindo desde que Maus: a história de um sobrevivente foi lançado há duas décadas."
Sala de espelhos
Capa de 'Maus. a história de um sobrevivente'
"Maus foi construído a partir de entrevistas com o meu pai e fiz MetaMaus a partir de entrevista comigo mesmo, e agora estou sendo entrevistado sobre 'MetaMaus'. Então há um ponto onde tudo fica tão 'meta' que a pessoa acaba se perdendo na sala dos espelhos", explicou.
O autor é um grande adepto de navegar naquela sala de espelhos. Como seus cartuns, desenhos e livros, ele é articulado, pensativo e envolvente. Maus trouxe a Spiegelman um tipo de reconhecimento internacional que mudou sua vida, uma experiência vivenciada somente por poucos.
Filho de judeus poloneses sobreviventes do Holocausto, Spiegelman nasceu em Estocolmo, em 15 de fevereiro de 1948. A família emigrou para os EUA quando ele ainda era criança, e ele cresceu no bairro nova-iorquino do Queens.
Como figura-chave do movimento comix underground (de comics, HQs em inglês) nos anos 1960 e 1970, ele iniciou os trabalhos de Maus no início dos anos 1970.
Maus conta a história do pai de Spiegelman, Vladek, desde sua infância em Czestochowa, na Polônia, e então em Sosnowiec, após ter encontrado a mãe de Spiegelman, Anja, e suas subsequentes vivências nas mãos do regime nazista. Tanto Vladek quanto Anja sobreviveram os horrores de um campo de concentração. A grande maioria dos membros de sua família, incluindo seu primeiro filho, Richieu, não teve a mesma sorte.
O peso da história
Maus pula de conversas entre Spiegelman e seu pai em Nova York para eventos na Polônia e Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. No romance, os judeus são retratados como ratos, os alemães como gatos e os poloneses como porcos.
Apesar do legado familiar judaico-alemão e da infância do autor na Suécia, as conversas com seu pai são narradas em inglês. "Eu não conheço outra língua, sou norte-americano", explicou Spiegelman com naturalidade.
A máscara do rato
Art Spiegelman: 'Autorretrato com máscara de Maus'
Art Spiegelman: 'Autorretrato com máscara de Maus'
Maus foi originalmente publicado em Raw, uma antologia de quadrinhos de vanguarda editada por Spiegelman e sua esposa, Françoise Mouly, entre 1980 e 1991. Após uma série de cartas de rejeição de possíveis editores, a primeira metade de Maus: a história de um sobrevivente, com o subtítulo Meu pai sangra história foi publicada pela editora Pantheon em 1986.
Esse livro e o segundo volume com o subtítulo E aqui meus problemas começam publicado em 1991 mudaram para sempre a percepção popular das HQs, também conhecidas como romances gráficos.
Isso lhe garantiu o prêmio Pulitzer em 1992, como também outros prêmios, distinções e reconhecimento desde então. Não é preciso dizer que o fato transformou a vida de Spiegelman.
"Eu ganhei uma máscara de 'Maus' estampada no meu rosto e eu tenho que aprender a conviver com ela ou ser capaz de ver através dela e permitir que as pessoas olhem para a máscara e observem os menores protosplasmas por detrás", disse o autor.
MetaMaus é a maneira que ele encontrou para expressar isso. É um arquivo de documentos históricos, álbuns de família, um DVD contendo áudios de conversas com seu pai, notebooks pessoais e esboços. Ele contém até mesmo cópias de cartas de rejeição do período em que Spiegelman estava lutando para encontrar um editor para o trabalho. Na época, a ideia de retratar a barbaridade do Holocausto numa história em quadrinhos aparentemente superficial assustou a maioria dos editores.
Desenhando a aniquilação
O desafio de representar a perseguição sistemática e o extermínio de milhões de pessoas tem incomodado gerações de artistas desde o fim da Segunda Guerra, em 1945. No entanto, a cultura popular está repleta de filmes, livros, documentários e biografias sobre o Holocausto. Mas poucas foram tão incisivas quanto Maus. Trata-se de umas das obras mais contundentes, assustadoras e autênticas de qualquer gênero sobre o Holocausto – e é uma história em quadrinhos.
"Há um certo tipo de fazer que é como um sismógrafo de pensar. Isso torna o pensamento visível. E, para mim, é emocionante e interessante quando eu olho para o trabalho de outras pessoas. E tudo o que posso oferecer é tornar meu pensamento visível", disse Spiegelman.
Como no caso de seus pais, há pouco mais de uma década, Spiegelman se encontrou na interseção entre "história pessoal e a história mundial", como ele mesmo descreveu. Bem no centro de Nova York, onde a tradição norte-americana de HQs nasceu nas prensas das editoras Hearst e Pulitzer, existe um lugar chamado Ground Zero.
Entre história pessoal e mundial: painel ilustrativo para 'In the Shadow of No Towers'
Entre história pessoal e mundial: painel ilustrativo para 'In the Shadow of No Towers'
A arte da provocação
Spiegelman produziu a capa icônica da edição da revista The New Yorker publicada em 24 de setembro de 2001, retratando as Torres Gêmeas em preto sobre um fundo cinza escuro. O autor disse que não foi tanto o dia em si – 11 de setembro de 2001 – que o motivou a desenhar, mas as consequências desse evento histórico, que se desenvolveu ao longos dos anos seguintes.
Enquanto se conversava no Museu Ludwig, a controvérsia em torno do filme The Innocence of Muslims se espalhava pelo mundo. A indignação foi alimentada por uma série de charges do profeta Maomé publicadas na revista satírica francesa Charlie Hebdo.
Parece que o trabalho de um cartunista se tornou mais perigoso nos dias de hoje. Mas de Honoré Daumier a Art Young, de Robert Crumb a Kurt Westergaard, a história da ilustração e das charges vive e respira a provocação.
"Estou muito orgulhoso do Charlie Hebdo pelas charges feitas esta semana, mesmo que isso venha a criar um problema para o governo francês, porque não se trata de um filme ou charges ruins. É o que sempre chamo de 'MacGuffin', uma palavra que Hitchcock inventou para descrever a motivação de uma história", explicou Spiegelman. "A obra de arte em si é uma desculpa", acrescentou.
Autora: Helen Whittle (ca)
Revisão: Francis França
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/dw/article/0,,16257962,00.html
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