sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O Terceiro Reich no poder", Richard J. Evans

Planeta lança segundo volume da trilogia O Terceiro Reich

(Foto) Invasão de tropa nazista ao gueto de Varsóvia

Essa dica é para os amantes de história. O Terceiro Reich no poder, segundo volume da trilogia do historiador Richard J. Evans sobre o nazismo, já está disponível nas livrarias, em publicação no Brasil pela Editora Planeta. A obra é um compêndio de 1024 páginas, que combina narrativa, descrição e análise dos acontecimentos que consolidaram a ditadura de Hitler, entre 1933 e 1939, no período anterior à II Guerra Mundial. Embora dê sequência ao primeiro livro – A chegada do Terceiro Reich – , pode ser lido de forma independente, mesmo por quem não conhece a obra anterior, mas tem interesse específico nas questões políticas do nazismo.

O livro mostra como Hitler manipulou diversos setores da polícia e do exército até chegar ao cargo de chanceler, transformando a Alemanha em um estado de partido único, direcionado quase que exclusivamente para a guerra e o ódio racial. Em pouco tempo, muitos direitos individuais foram suprimidos, assim como leis até então estabelecidas. Entraram em vigor novas legislações, feitas para legitimar a execução de inimigos, principalmente comunistas e sociais-democratas, num primeiro momento, e posteriormente, judeus, ciganos, negros e homossexuais.

A criteriosa pesquisa de Evans resgata até as piadas políticas que se fazia na época sobre o regime nazista. Não deixa ainda de focar na propaganda nazista por meio das artes, do cinema, da literatura, dos jornais e principalmente do rádio. O autor detalha também as brigas internas pelo poder dentro do Partido Nazi, o sufocamento da Igreja Católica e a campanha de acusações de crimes sexuais cometidos por seus integrantes; além da influência da política nazista na educação escolar, o declínio da ciência com a fuga de cientistas dos países dominadmos e a gradual escassez de matérias-primas.

Uma parte importante da obra é dedicada a explicar o ódio dos nazistas pelos judeus e a inclemente perseguição que culminaria no Holocausto.

Quem é – Richard J. Evans é um dos mais destacados especialistas em história da Alemanha na contemporaneidade. Nasceu em Londres, em 1947. Foi professor de história na Universidade Columbia e na Universidade de Londres e atualmente leciona história moderna em Cambridge. Embora tenha vasta bibliografia e importantes prêmios literários e acadêmicos, A Trologia do Terceiro Reich é a primeira obra publicada em português.

Ficha Técnica:
Livro: O Terceiro Reich no poder – segundo volume da trilogia de O Terceiro Reich
Autor: Richard J. Evans
Editora Planeta; 1024 páginas

Fonte: ATarde online
http://literatura.atarde.com.br/?p=798

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

One Third of the Holocaust refutado

Em junho de 2006, um anônimo negacionista do Holocausto da área de São Francisco, o qual Sergey Romanov apelidou de "Ugly Voice"(Voz Feia) e que se apelidou de "DenierBud,"(O Negacionista) postou um filme dividido em trinta partes, de quatro horas e quinze minutos, entitulado "One Third of the Holocaust" no YouTube.

Logo em seguida, Jonathan Andersson da Suécia (conhecido como Franz Holtzhäuser, a.k.a k0nsl) hospedou o filme em seu próprio website. Sergey Romanov, Roberto Muehlenkamp e Andrew E. Mathis, do blog Holocaust Controversies decidiram refutar o filme parte a parte. Entretanto "Bud" soube de nosso trabalho ao longo de vários meses e o conectou os vídeos dele ao nosso trabalho. Ele não publicará o trabalho em seu site que, de acordo com suas palavras, não é feito por um professor adjunto ou titular de história em uma universidade.

Três dos membros deste blog são professores universitários, embora não sejam professores titulares (ainda). Um é Ph.D. em história, com uma dissertação cobrindo o período. Os outros dois membros, um tem nacionalidade alemã com formação em direito e um tem nacionalidade russa e vive em Moscou com acesso aos arquivos soviéticos do período em "debate."

Dito isto, acreditamos que somos qualificados para responder os vídeos.

Aqui estão os links para as partes separadas do filme, cada uma seguida por uma refutação. Algumas de nossas postagens são endereçadas a mais de uma parte do filme, então elas às vezes se repetem. Pedimos desculpas por quaisquer iterações, e agradecemos ao nosso quarto parceiro, Nick Terry, por sua ajuda em compôr estes pedaços.

Nossas postagens ordenadas pela data podem ser encontradas aqui.

Episódio 1: Introdução
Refutação de Roberto Muehlenkamp

Episódio 2: Poço d'água
Refutações de Andrew E. Mathis, Roberto Muehlenkamp, Sergey Romanov e Andrew E. Mathis

Episódio 3: Cabelo cortado
Refutação de Sergey Romanov

Episódio 4: Sistema de escape
Refutação de Sergey Romanov

Episódio 5: Julgamento de Nuremberg
Refutações de Roberto Muehlenkamp, Andrew E. Mathis e Sergey Romanov

Episódio 6: Construção para Gaseamento
Refutação de Roberto Muehlenkamp

Episódio 7: Abraham Bomba e Episódio 8: Eliyahu Rosenberg
Refutações de Sergey Romanov

Episódio 9: Reader's Digest
Refutação de Andrew E. Mathis

Episódio 10: Experimentos ridículos
Refutação de Roberto Muehlenkamp

Episódio 11: Tumbas de Treblinka e Episódio 12: Tumbas de Belzec
Refutações de Roberto Muehlenkamp

Episódio 13: Tumbas de Sobibor
Refutação de Roberto Muehlenkamp

Episódio 14: Steven Spielberg, Pechersky
Refutação de Sergey Romanov

Episódio 15: Chuva, vento, fogo, gelo
Refutação de Roberto Muehlenkamp

Episódio 16: Túnel de escape
Refutação de Roberto Muehlenkamp

Episódio 17: Crônica de Belzec
Refutação de Andrew E. Mathis

Episódio 18: Prova física, parte 1
Refutação de Roberto Muehlenkamp

Episódio 19: Prova física, parte 2
Refutado em duas postagens por Roberto Muehlenkamp aqui e aqui

Episódio 20: Chegada dos soviéticos à Treblinka
Refutação de Andrew E. Mathis

Episódio 21: Destruindo provas
Refutação de Andrew E. Mathis

Episódio 22: Um doutor testemunha
Refutação de Sergey Romanov

Episódio 23: Cordeiro
Refutação de Roberto Muehlenkamp

Episódio 24: Demolidor
Refutação de Roberto Muehlenkamp

Episódio 25: Cerca inflamável
Refutação de Roberto Muehlenkamp

Episódio 26: A cerca externa de Treblinka
Refutação de Andrew E. Mathis

Episódio 27: Alemães confessores, parte 1 e Episódio 28: Alemães confessores, parte 2
Refutações de Sergey Romanov

Episódio 29: O livro de Alexander Donat
Refutação de Andrew E. Mathis com uma nota de Sergey Romanov

Episódio 30: Conclusão
Refutação de Andrew E. Mathis

Fonte: Holocaust Controversies
http://onethirdoftheholocaust.blogspot.com/2006/12/one-third-of-holocaust-refuted.html
Texto: Andrew E. Mathis
Tradução: Roberto Lucena

Observação: as refutações para os vídeos estão em inglês. Usar o Google Tradutor.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Museu exibe carta inédita de Hitler

O Museu de Tolerância de Los Angeles, nos Estados Unidos, começou a exibir uma carta inédita de Adolf Hitler, datada de 1919. O documento mostra que o ódio pelos judeus já fazia parte do mentor do holocausto desde que ele era apenas um cabo do Exército alemão.

A veracidade da carta, de quatro páginas, assinada por Hitler, na época um sobrevivente da 1ª Guerra Mundial, foi comprovada por um especialista em caligrafia.

Na carta, o futuro ditador alemão afirma que um governo poderoso poderia reduzir a ameaça dos judeus se negasse a eles os seus direitos. Mas o objetivo final seria a eliminação de todos os judeus juntos.

Sobreviventes do holocausto foram os primeiros a ver a carta exibida no museu.

Fonte: Correio do Estado/G1
http://www.correiodoestado.com.br/noticias/museu-exibe-carta-inedita-de-hitler_127272/

Ver mais:
Early anti-Semitic Hitler letter on display in LA (abc7)
1919 Hitler letter unveiled at Museum of Tolerance (dailybreeze.com)

domingo, 2 de outubro de 2011

A biografia de Heydrich, o demônio louro

Se pairam dúvidas sobre Erwin Rommel ter sido "bom" ou "mau" nazista, Reinhard Heydrich está acima de qualquer discussão. O "idealizador do mal", "o demônio louro" ou ainda o "planejador do Holocausto", o general é também conhecido por sua extrema frieza. Era ele quem ordenava ações de extermínio de judeus enquanto ouvia músicas de Richard Wagner.

A primeira biografia de Heydrich, de autoria do historiador Robert Gerwarth, acaba de ser lançada na Alemanha. O livro, de 480 páginas, conta como o chefe da polícia do serviço de segurança (SD, iniciais do nome em alemão), se tornou conhecido como a "face demoníaca do mal", entre tantos outros epítetos.

Rommel e Heydrich eram militares da mesma geração, que se aproximaram do Partido Nacional Socialista por puro carreirismo.

Nas discussões entre neonazistas na internet circula a tese de que Hitler perdeu a guerra porque Heydrich morreu cedo, quando tinha 38 anos de idade, em maio de 1942, vítima de um atentado em Praga, onde era chefe do Protetorado da Boêmia, o governo de ocupação nazista instalado na capital tcheca depois da ocupação. A tese é que se Heydrich não tivesse morrido tão cedo, Hitler teria, como planejara, conquistado quase o mundo inteiro.

Heydrich recebeu de Hermann Göring a tarefa de cuidar da "solução final da questão judaica", o extermínio. Quando passou a comandar o Protetorado da Boêmia (o governo de ocupação instalado na capital tcheca), Heydrich passou a usar os métodos mais brutais para matar judeus.

- Heydrich era a combinação do pior possível: frio, carreirista, eficiente, e, ao mesmo tempo, um fanático ideológico com disposição para o crime - diz Gerwarth.

Fonte: O Globo
http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/10/01/a-biografia-de-heydrich-demonio-louro-925486305.asp

Filme e livro revelam nova face de Erwin Rommel, o general de Hitler considerado justo

BERLIM - Um novo filme produzido na Alemanha questiona a consagrada versão do "bom nazista", tão cultivada pelo general Erwin Rommel (1891-1944) e sua família. O filme mostra que o general, famoso na guerra no Norte da África - que lhe rendeu o lendário apelido de Raposa do Deserto e a admiração até dos inimigos - era um carreirista disposto a fazer qualquer coisa pelos nazistas para galgar postos. Pior: ele teria se recusado a participar da conspiração para matar o ditador Adolf Hitler.

Condecorado na Primeira Guerra Mundial, Rommel optou por fechar os olhos sobre o que estava acontecendo na Alemanha nazista. Como admite seu filho Manfred Rommel - prefeito de Stuttgart, de 1976 a 1996 - ele não compartilhava do ódio aos judeus, mas aceitava a política de perseguição por admiração a Hitler.

Rommel ficou famoso na guerra na África, nas batalhas contra as tropas britânicas na Líbia. Figura central dos documentários de propaganda do regime feitos por encomenda do ministro Joseph Goebbels, o general era uma espécie de popstar do regime, admirado até pelos inimigos.

Os Afrika Korps, que ele comandava, nunca foram acusados de crimes de guerras. Soldados capturados durante sua campanha africana teriam sido tratados com humanidade. Além disso, ele teria ignorado ordens de matar tropas capturadas, soldados judeus e civis em todos os lugares onde esteve.

Os próprios ingleses contribuíram para a lenda do "bom nazista" em parte por um mal entendido da História. Winston Churchill, o então primeiro-ministro britânico, fez um comentário positivo sobre Rommel: "Ele merece a nossa atenção, porque, embora seja um soldado alemão leal, passou a odiar Hitler e os seus crimes e participou da conspiração de 1944, para salvar a Alemanha através da deposição do tirano louco."

Segundo a versão oficial, como Rommel era muito renomado, Hitler, ao descobrir sua suposta participação na conspiração para matá-lo, teria optado por dar um fim discreto ao general - Rommel concordou em cometer suicídio - e poupar sua família. Na época foi anunciado que ele teria morrido do coração. A verdade sobre a morte e a suposta traição só viria à tona anos depois, contribuindo ainda mais para a fama do "bom nazista", o sujeito que até o fim teria lutado internamente contra o tirano.

O filme, entretanto, começa a desfazer tal imagem. O general teria tido um papel destacado na guerra criminosa do nazismo, segundo o historiador Peter Steinbach, professor de história contemporânea da Universidade de Mannheim e diretor do Memorial da Resistência de Berlim, que assessorou a equipe do produtor Nico Hoffmann.

"Rommel", que deverá ser lançado no início do próximo ano, aborda os sete últimos meses de vida do general, tempo durante o qual ele teve a oportunidade de distanciar-se do seu ídolo, Hitler, apoiando o grupo de oficiais liderados por Claus von Stauffenberg, que planejava um atentado contra o ditador. Ele, entretanto, teria se recusado a participar.

Como uma figura trágica, um "Hamlet de uniforme", na expressão usada pelo jornal "Frankfurter Allgemeine Zeitung", ele hesitou, embora soubesse, como um militar inteligente, sobre o ataque iminente à Normandia, onde servia como comandante de um dos grupos que combateu os Aliados em 1944.

Hans Speidel e Eberhard Finckh, tentaram convencer Rommel a aderir ao grupo de resistência de Claus von Stauffenberg, que planejava matar Hitler. O ditador estaria como que "embriagado", disse Rommel a Speidel e Finckh. Os dois reagiram: "Se Hitler quer continuar lutando, precisamos matá-lo." Mas Rommel esquivou-se de uma decisão.

- Os altos militares apoiaram Hitler quase até o final. Alguns nacionalistas, porém, como foi o caso de Stauffenberg, passaram a ver o ditador como um problema ao constatar que ele estava comprometendo a Alemanha por um período muito longo, mesmo depois da guerra - constata Peter Steinbach.

O filme mostra exatamente como o carreirista Rommel - que fez tudo para subir na vida com a ajuda dos nazistas, teve sete promoções em um período curto de oito anos - hesitou quando teve a chance de tomar a decisão certa.

Mas ao mostrar a face real de Rommel a equipe do filme, dirigido por Niki Stein, com o conhecido ator de TV Ulrich Tukur no papel do general, causou protestos da família Rommel. Catherine Rommel, neta do general, escreveu uma carta de protesto tentando preservar a imagem do avô que nunca conheceu. Na carta, ela acusa a equipe de mostrar uma imagem falsa de Rommel, como o criminoso nazista e aproveitador.

Steinbach, que também é autor de uma biografia de Stauffenberg, o responsável pelo atentado malsucedido contra Hitler, está convicto de que se trata de um mal entendido histórico:

- Rommel não foi o bom nazista porque ser nazista e ser bom eram duas coisas inconciliáveis. O que houve foi que ele passou a duvidar de Hitler ao ver que este queria continuar a guerra até a autodestruição.

Na sua campanha de conquista, no Norte da África, Rommel não precisou sujar as mãos, mandando assassinar judeus, porque nas regiões ocupadas praticamente não havia judeus. Se não tivesse sido detido pelos ingleses e tivesse continuado a expansão, em aliança com as tropas fascistas de Benito Mussolini, o general teria alcançado territórios palestinos para onde haviam fugido judeus europeus. O plano de Hitler era também exterminar os judeus no Oriente Médio.

Graça Magalhães-Ruether (ciencia@oglobo.com.br)

Fonte: O Globo
http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/09/30/filme-livro-revelam-nova-face-de-erwin-rommel-general-de-hitler-considerado-justo-925484114.asp

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ucrânia: massacre de Babiy Yar foi há 70 anos

Babiy Yar é um local com uma conotação trágica. Há exatamente 70 anos, nesta ravina perto da capital ucraniana, Kiev, as forças nazis cometiam um dos maiores massacres do Holocausto.

Perto de 34 mil judeus – homens, mulheres e crianças – foram mortos numa única operação militar.

Menos de trinta pessoas escaparam com vida. Raisa Maistrenko é uma dessas pessoas. Na altura tinha três anos e lembra-se de estar “de mão dada com a avó, que gritava: ‘Sou russa!’. Um colaborador nazi aproximou-se, disse: ‘Porque gritas? Aqui todos são judeus!’ e tentou agredi-la com uma arma. Caíram ambas no chão e um soldado aproximou-se e empurrou-as novamente para a multidão. Durante todo esse tempo, a avó nunca lhe largou a mão”.

O massacre de Babiy Yar, entre 29 e 30 de Setembro de 1941, marcou o início do Holocausto em território ucraniano, que resultou na eliminação quase completa de uma população de um milhão e meio de judeus.

Fonte: Euronews
http://pt.euronews.net/2011/09/30/ucrania-massacre-de-babiy-yar-foi-ha-70-anos/

Ler tudo que já foi publicado no blog sobre o massacre de Babiy Yar aqui e aqui.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Walter Rauff - Criador das câmaras de gás móveis era triplo espião

O Arquivo Federal alemão irá divulgar na próxima semana em Koblenz um vasto conjunto de documentos que, segundo foi anunciado, confirmam as suspeitas de recrutamento do criminoso de guerra Walter Rauff pelos serviços sercretos da Alemanha Federal (BND), já nos anos 50. Procurando desfazer-se do lastro de um passado demasiado presente, o presidente do BND, Ernst Uhrlau, admite agora a vergonha que esse recrutamento representa. Mas Rauff trabalhou também para os serviços secretos da Síria e de Israel.

Walter Rauff, ao ser detido pela
polícia chilena, em dezembro de 1962




O volumoso acervo documental cuja divulgação está prometida para os próximos dias totaliza 900 páginas e confirma que o ex-agente dos serviços de segurança das SS trabalhou no pós guerra para o BND, da democrática Alemanha Federal. Rauff já em tempos revelara esse "emprego" a jornalistas, mas tudo então tomado como mera fanfarronada de um veterano da repressão nazi, a procurar fazer-se interessante na monotonia do pós-guerra.




O criador das "câmaras de gás móveis"

Walter Rauff era em 1933, quando o partido nazi ascendeu ao poder, um oficial da Marinha de Guerra, com o posto de tenente e a idade de 27 anos. Aí conhecera anteriormente o famigerado Reinhard Heydrich, também oficial da Marinha. Quando este passou a chefiar o RSHA (Serviço Central de Segurança do Reich, que reunia várias polícias) chamou Rauff para o seu lado e fez dele um dos seus braços direitos.

Depois de um breve interregno em que regressara à Marinha, Rauff retomou as funções policiais e continuou a sua ascensão meteórica, mesmo depois de a resistência checa ter liquidado o seu protector Heydrich. Em 1945, no final da guerra, com 39 anos, atingira a patente de coronel.

Entre as façanhas que lhe permitiram essa ascensão conta-se o desenvolvimento das câmaras de gás móveis, utilizadas para matar prisioneiros judeus e deficientes físicos ou mentais. As vítimas eram mortas por sufocação em camiões fechados, em que se lançava gases tóxicos. O equipamento foi usado primeiro no campo de concentração de Sachsenhausen, e depois também na capital lituana, Riga, e em campos de extermínio em Chelmno (Polónia) e Poltava (Ucrânia). Até serem substituídas pelas grandes instalações destinadas ao extermínio, as câmaras de gás móveis custaram a vida a um número de pessoas que é calculado entre 97.000 e 200.000.

Do Norte de África a Itália

Nessa fase, Rauff fora destacado para o Norte de África, à cabeça de um Einsatzkommando, que era suposto proceder ao extermínio dos judeus à medida que o Afrikakorps de Rommel fosse avançando no terreno. Na Tunísia, Rauff levou ainda a cabo verdadeiros massacres contra a comunidade judaica local.

Na fase final da guerra, esteve no norte de Itália e participou activamente na repressão contra a resistência em Milão, Turim e Génova. Aquando da insurreição de Milão, esteve a ponto de ser linchado por uma multidão e escapou por pouco. Foi depois capturado pelas tropas norte-americanas, que o deixaram fugir do campo de prisioneiros de Rimini. Segundo a sua ficha na CIA, ele pôde então esconder-se em conventos locais graças ao apoio do bispo católico Alois Hudal.

Espião duplo para a Síria e para Israel

Depois da fuga, Rauff foi recrutado para os serviços secretos sírios por um certo capitão Akram Tabara e partiu para Damasco, onde ficou, a partir de 1948, ao serviço do presidente sírio Hosni Zaim. Foi temporariamente detido na sequência de um golpe de Estado que derrubou Zaim, mas acabou por ser libertado e deixar o país.

A arregimentação de Rauff para os serviços secretos sírios, numa fase em que este e outros regimes árabes se encontravam em pé de guerra com o recém-nascido Estado de Israel, surgia, entretanto, ao senso comum como prova de uma convergência entre esses regimes e os restos do nazismo contra um inimigo comum.

As revelações de Elam e Whitehead

Mas o jornalista judeu Shraga Elam e o seu colega norte-americano Dennis Whitehead desenterraram há três anos documentos que lançavam uma nova luz sobre a história. Segundo esses documentos, então divulgados no diário israelita Haaretz, Rauff terá estado simultaneamente sob as ordens dos serviços secretos israelitas. Essa ligação era já conhecida da CIA em 1950.

Segundo o historiador residente do Haaretz, Tom Segev, Rauff já terá ido para a Síria sob ordens israelitas. Era precisamente o seu passado de criminoso do Holocausto que o tornava, aos olhos dos sírios, insuspeito de alguma simpatia pelo Estado de Israel.

Ainda segundo Elam e Whitehead, Rauff foi depois para o Egito sob ordens israelitas, com o plano de organizar o assassínio de diversas figuras políticas inquietantes para Israel. Mas o plano não chegou a concretizar-se e Rauff partiu então para a América Latina, com a ajuda dos serviços secretos israelitas.

No Chile, ao serviço da espionagem alemã

Na América Latina, Rauff estabelceu-se no Chile, como comerciante de gado. Foi aí que o BND o recrutou, com o intuito de obter informações provenientes da Cuba revolucionária. Aparentemente, a actividade de Rauff saldou-se num fracasso e decepcionou o seu novo patrão - os serviços secretos alemães. Por isso chegou a ser-lhe cortado o vencimento, segundo Klaus Wiegrefe em Der Spiegel.

Em 1962, a política falou mais alto que a polícia e o Governo da Alemanha Federal pediu ao Chile a extradição de Rauff. O refugiado foi temporariamente detido, mas o Supremo Tribunal chileno recusou o pedido de extradição, a pretexto de os crimes em causa já terem prescrito segundo a lei chilena, e mesmo a chegada ao poder de Salvador Allende não mudou a segurança que o país oferecia ao criminoso nazi.

Com o golpe de Estado de Pinochet circularam rumores sobre uma activa participação de Rauff no aparelho repressivo da ditadura. Novos pedidos de extradição foram, em todo o caso, rejeitados por Pinochet. Um provinha de Israel, em 1984, outro de uma especial amiga do ditador, Margareth Thatcher. Mas foi também em 1984 que Rauff morreu - enterrado com honras e rituais nazis pela comunidade germânica refugiada no Chile.

Fonte: RTP(Portugal)
http://www.rtp.pt/noticias/?t=Criador-das-camaras-de-gas-moveis-era-triplo-espiao.rtp&article=482924&visual=3&layout=10&tm=7

sábado, 17 de setembro de 2011

Fotos da Guerra no Front Leste

Nas fotos em destaque, fotos do enforcamento da partisan soviética, morta pelos alemães na Rússia ocupada. A partisan se chamava Zoya Kosmodernyanskaya.

Zoya foi considerada(e uma das mais veneradas) postumamente como uma heroína na União Soviética.

Antes de morrer, Zoya sofreu tortura e tiraram parte da roupa dela que aparece na foto em destaque à direita. Preferi colocar as imagens em um print só.

Ela aparece pendurada semi-morta com uma placa dizendo que era partisan. Este foi o "crime" que a levou à forca.

Em virtude da violência da foto e de partes impróprias eu só publicarei o link(de onde está hospedada as imagens) que irá direcionar para o print com as imagens, não postarei as fotos abertas no post:
http://img511.imageshack.us/img511/7051/zoyarussiatorturenaziid1.jpg

Esta imagem(com tres fotos) foi publicada no Orkut a partir de uma discussão sobre a reação de extrema brutalidade da URSS contra a Alemanha quando ocorre a reversão do ataque nazista em território soviético e a União Soviética parte em marcha para derrubar o regime nazista em território alemão.

As fotos foram tiradas do seguinte livro:
Fonte: Hitler vs Stalin - The Eastern Front in Photographs
Autores: John Erickson, Ljubica Erickson
Carlton Books, 2002 - 256 páginas

domingo, 11 de setembro de 2011

Será que existem raças humanas? Investigadores do Instituto Gulbenkian respondem

Grupo de investigadores do Instituto Gulbenkian da Ciência publicam crónica que questiona a validade do conceito de raças humanas. “São tantas as nossas características genéticas e tão variadas que é impossível agrupar-nos em raças.”, lê-se no documento publicado no jornal Público.

SERÁ QUE EXISTEM RAÇAS HUMANAS?
(texto integral)

James Watson, prémio Nobel da Medicina, agitou recentemente o mundo ao afirmar que os negros teriam inteligência inferior. A intensidade do debate que se seguiu, com diferentes entidades e personalidades a tomar posição sobre estas afirmações, terá impedido os esclarecimentos necessários sobre o principal conceito subjacente às suas palavras, o de grupos humanos distintos e facilmente identificáveis, em linguagem leiga, o conceito de raças humanas.

Sabemos que há grupos distintos de cães. Um doberman, por exemplo, tem características diferentes das de um caniche. Estas características morfológicas são definidas por informação genética diferente, que é mantida porque cães de um grupo só são cruzados com cães desse mesmo grupo. Estes grupos resultaram de uma vontade humana de separar conjuntos de cães diferentes por várias gerações, impedindo assim o cruzamento entre esses indivíduos, o que levou a uma diferenciação das características de cada grupo, tornada mais óbvia ao longo do tempo. Um outro exemplo de grupos ainda mais distintos é o da couve-de-bruxelas e da couve-flor. Neste caso, como a diferenciação genética é maior, feita ao longo de mais gerações, alguns geneticistas até aceitariam que se trata de “raças diferentes” da mesma espécie de couve.

Mas nenhum grupo humano foi sujeito a estas condições de isolamento. De facto, todos os dados científicos mostram que temos um ancestral comum em África e que desde sempre o constante movimento e a consequente troca de bens, informação cultural e genética impedem que se gerem grupos humanos isolados.

É sabido que basta haver migração de poucos indivíduos em cada geração para homogeneizar potenciais diferenças genéticas entre grupos.

A cor da pele é das características mais fáceis de reconhecer nas pessoas e provavelmente por essa razão foi erroneamente utilizada para tentar organizar os humanos por grupos, raças. No entanto, não é por uma característica ser fácil de visualizar, como é o caso da cor da pele, que isso a torna representativa de todo o património genético dessa pessoa, reflectindo todo um leque de outras características com uma componente genética, como, por exemplo, a cor dos olhos. Dependendo da característica genética em questão, um português poderia ser agrupado mais facilmente com um chinês ou um etíope do que com o seu vizinho do lado. Por exemplo, poderá ser melhor para si receber sangue de um etíope que partilha consigo o mesmo grupo sanguíneo, do que receber sangue do seu vizinho do lado pertencente a outro grupo sanguíneo. São tantas as nossas características genéticas e tão variadas que é impossível agrupar-nos em raças.

O conceito de raças humanas ainda faz menos sentido desde que, de há uns 40 anos para cá, os dados mostram que no continente africano está representada quase toda a informação genética dos humanos do nosso planeta. Dado este facto, faz pouco sentido dizer que os negros são um grupo geneticamente diferente de qualquer outro. Assim, se hoje houvesse uma doença que devastasse todos os continentes, a sobrevivência dos africanos garantiria a preservação de quase todo o património genético da nossa espécie. Todos os outros continentes têm uma menor representação daquilo que nós, seres humanos, somos geneticamente. Assim, antropólogos e geneticistas juntam-se hoje em dia para dizer que o conceito de raças humanas não faz sentido.

Francisco Dionísio, Isabel Gordo, Lounés Chikhi, Mónica Bettencourt Dias, Rui Martinho e Sara Magalhães
(Doutorados em Biologia e investigadores no Instituto Gulbenkian de Ciência)

Texto Publicado no Jornal “Público”(Portugal) a 3 de Novembro de 2007.
Reproduzido na rede social Orkut em 22/04/09 na antiga comunidade anti-"revisionismo.

Fonte: Comunicar Ciência (comunicar-ciencia.org)
Link original(fora do ar): http://www.comunicar-ciencia.org/website/index.php?option=com_content&task=view&id=72

Observação: o site comunicar-ciencia.org, do qual o texto acima foi reproduzido, encontra-se fora do ar. O site é mencionado no site da Universidade de Évora (Portugal). Link com a citação do comunicar-ciencia.org no site da Universidade.

Ver também:
Humanidade Sem Raças? - Libelo contra o racismo (geneticista Sergio Pena)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"Revisionismo"(negação do Holocausto): Não ignorar, e sim esclarecer!

Não ignorar, e sim esclarecer!

O impacto causado pelos revisionistas é difícil de se avaliar e certamente não pode ser medido. Entretanto, uma coisa fica clara quando nos ocupamos mais de perto desses autores. Seus objetivos não são genuinamente histórico-científícos, como querer saber e averiguar o que realmente ocorreu. Seus objetivos são políticos, porque eles querem provar que não foi assim.

Através do questionamento, da negação, da colocação em dúvida, eles querem reabilitar Hitler e o nacional-socialismo. Ou seja, o que eles querem é a volta do totalitarismo. Porque se Auschwitz não foi assim como acreditamos que foi, o que restaria então da condenação do nazismo, da culpa da Alemanha, da autocompreensão da democracia depois da guerra? Tudo isto teria sido construído sobre areia e a História teria que ser fundamentalmente rescrita e revisada. Por isso, eles se chamam, coerentemente, de revisionistas. O que eles querem é causar insegurança e - é o que supomos - é o que eles fazem.

As alegações dos revisionistas também não podem ser recusadas apressadamente, porque se desconsiderarmos, por um momento, o conteúdo do que eles defendem, veremos que eles utilizam uma certa metodologia e o grau com que eles o fazem deve ser examinado com rigor. Pode-se dizer que tais métodos, cuja aplicação é preciso analisar caso a caso obviamente, possuem níveis de eficácia, à primeira vista. Isto porque o questionamento, a dúvida, a objeção racional, a exigência de documentações inequívocas de fatos e de testemunhos parecem depor em seu favor. Qual é o cientista que, em princípio, não gosta de ouvir este tipo de linguagem?

*********

Os revisionistas também se fazem passar por perseguidos pelos meios de comunicação cooptados e manipulados pelos "políticos". Eles gostam de referir-se a si próprios como pessoas cuja voz estaria sendo silenciada, como mártires da verdade e do direito, paladinos do preceito jurídico que diz "que seja ouvida também a outra parte". Provavelmente o impacto causado por esses autores é considerável. Assim, é preciso fazer frente a eles e isto deve ser feito com argumentos. O que ocorre é que não se pode fazer frente às pessoas que negam a existência de câmaras de gás e do extermínio em massa, ignorando-os ou simplesmente manifestando indignação.

Faz-se necessário um esclarecimento dos fatos ocorridos nos campos de extermínio. Em muitos casos, coisas que já foram há muito tempo esclarecidas, devem ser mais uma vez tornadas acessíveis à opinião pública. Na conclusão de Denying the Holocaust, Deborah Lipstadt afirma:

Antigamente eu era uma defensora declarada da atitude de ignorar. Quando comecei a trabalhar neste livro, o que me perseguiu foi antes o temor de que eu iria consolidar a credibilidade dos revisionistas, se eu me ocupasse com as fantasias que eles produzem. Entretanto, depois de ter me aprofundado nas maquinações dessas pessoas, estou convicta de que a mera desconsideração não representa uma alternativa. A época na qual se poderia esperar que eles se dissipariam por si mesmos como poeira já passou. Muitos de meus alunos já me dirigiram as seguintes perguntas: de onde nós sabemos que houve realmente câmaras de gás? Os diários de Anne Frank são uma invenção? Existem documentos dos quais se pode concluir que os nazistas planejaram o extermínio dos judeus? Alguns desses alunos sabem que perguntas deste tipo são colocadas em circulação pelas pessoas que negam o Holocausto. Outros, porém, não estão conscientes disto. Eles ouviram tais objeções em algum lugar e se sentem inseguros. (Lipstadt, 1994: 453)
Dificilmente teremos condições de discutir com os próprios defensores da negação, dado o ponto ao qual eles chegaram, enterrando a si próprios numa atitude de isolamento e encapsulamento. Tendo em vista essa atitude, pouco temos a dizer aos revisionistas; e, certamente, pelas razões que já expus, pouco ou quase nada eles têm a dizer-nos, pesquisadores do tema do Holocausto e do nacional-socialismo.

Entretanto, visto que a dúvida e a insegurança são disseminadas pelas perguntas que eles formulam, mesmo que tais perguntas não sejam reconhecidas, faz-se necessário, no contexto da formação política e histórica, acionar uma argumentação clara em contraposição a esses defensores da negação.

É perfeitamente concebível que, no futuro, os neonazistas venham a escolher outros campos para o seu trabalho de agitação. As sentenças emitidas pelos tribunais por causa da negação de Auschwitz, têm-lhes infringido penas de prisão consideráveis. Por isso, é de se esperar que, num futuro breve, o fantasma da mentira da culpa pela guerra, segundo o qual a II Guerra Mundial teria sido imposta ao Reich alemão pelos aliados ou por Stalin, venha a ser reabilitado. Publicações que apontam nessa direção já estão disponíveis no mercado. (19)

Embora essa tese seja, a partir das fontes, aparentemente mais simples de ser defendida, também nesse caso, temos a obrigação de refutar tal tolice, caso a mesma venha a obter alguma repercussão junto ao público; e devemos fazê-lo, sempre com base em argumentos.

Texto destacado e selecionado por Leo Gott (25/06/07)

Fonte: Neonazismo, negacionismo e extremismo político (Livro)
(Coord. Luis Milman e Paulo Fagundes Vizentini)
http://www.derechos.org/nizkor/brazil/libros/neonazis/cap8.html
Texto completo de: Díetfrid Krause-Vilmar
Universidade de Kassel, Alemanha

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 5

Este reajuste da política externa mexicana também teve consequências para um membro destacado do grupo regional da AO. Já nos primeiros meses da guerra aumentou a atenção em relação aos alemães e circularam rumores acerca de atividades subversivas alemãs. Os acontecimentos da guerra europeia, sobretudo os rápidos sucessos alemães que para muitos observadores resultavam como inexplicáveis, levaram à convicção de que a AO era uma Quinta Coluna que planejava golpes de estado e ajudava o exército alemão em suas campanhas. Desse modo, cada alemão aparecia como um soldado e espião do Terceiro Reich[50]. Em princípios de 1940, começou nos EUA uma sistemática campanha de imprensa. Na respeitada revista Foreign Affairs, por exemplo, leia-se que: "There are numerous indications that German agents are active in the capital [México, D.F.]"(Tradução: "Há numerosas indicações de que agentes alemães são ativos na capital")[51]. Mais claro - e aparentemente com mais fundamento - foi o que foi dito por Hal Burton no Daily News alguns meses depois:

"German espionage in Mexico, in South America, and indirectly in the US, is under the direction of Arthur Dietrich, press attache [sic] of the German legation. From his office flows a constant stream of money and propaganda. Newspapers or magazines are subsidized. Writers are paid for obligue attacks on the US"[52]

Tradução: "A espionagem alemã no México, na América do Sul, e indiretamente nos EUA, está sobre direção de Arthur Dietrich [sic] da German legation. De seu escritório flows a constant stream de dinheiro e propaganda. Jornais ou magazines são subsidiados. Escritores são pagos para obligue attacks sobre os EUA"
Aparentemente, o presidente Cárdenas não se mostrou impressionado por este e outros reproches na imprensa norteamericana. Numa declaração pública em 22 de maio, dirigiu-se contra estas afirmações e sublinhou, ao contrário, a tendência antimexicana de certas potências estrangeiras, ou seja, os EUA:

"O fato de que se venha falando da existência no México de uma chamada Quinta Coluna, devemos considerar que obedece a fins políticos não só internos, senão ao interesse externo. A imprensa nacional deve ser muito cuidadosa em suas notícias para que elas não siram aos inimigos do México, que estão fazendo campanha no exterior contra o país, pretendendo fazer crer que aqui é um campo de atividades subversivas. O governo do México manifestou e declara novamente que não consentirá a elementos estrangeiros que pretendam comprometer a política de estrita neutralidade que vem sendo mantida pelo Governo da República, e que procederá com toda energia em casos de violação das leis do país[53].

Poucos dias mais tarde, numa entrevista com o New York Times, o subsecretário Ramón Beteta repetiu a posição de seu país contra as repreensões da imprensa americana. Por disposição explícita do presidente, tinha que tentar contra-arrestar os esforços antimexicanos nos EUA[54]. Beteta ampliou os argumentos do presidente, referindo-se ao tamanho da comunidade alemã:

"Dr. Beteta also did not see any danger from fifth column activities in the country. Emphasizing that this fiad been grossly exaggerated, he said that such reports that there were 15,000 German tourists and hidden airports in the country are notoriously false. `Of course, there must be in Mexico Nazi elements among the small German colony, which amounts to 6,000 people out of a foreign population of 150,000 and of 20,000,000 Mexicans for the whole Republic. I am sure, however, that this small group has found neither support nor sympathy in the government or among the liberal progressive groups in Mexico'."[55]

Tradução: "Dr. Beteta também não via qualquer perigo nas atividades da Quinta Coluna no país. Enfatizando que este relato foi grosseiramente exagerado, ele disse que tais relatórios afirmando que havia 15.000 turistas alemães e aeroportos escondidos no país são infamemente falsos. `Claro, deve haver no México elementos nazistas na pequena colônia alemã, que conta com 6.000 pessoas de uma população estrangeira de 150.000 pessoas entre 20.000.000 de mexicanos no total na República. Mas estou certo de que, entretanto, este pequeno grupo não encontrou nenhum apoio ou simpatia dentro do governo e entre os grupos progressistas liberais no Mexico'."
Apesar de que em diversas ocasiões oficiais mexicanos sublinharam publicamente a inocuidade dos nacional-socialistas no México, o presidente Cárdenas estava preocupado, não obstante, e já em maio de 1940 encarregou que o Ministério do Interior levasse a cabo um estudo acerca do nacional-socialismo[56]. Cárdenas dispôs do extenso documento a partir de 23 de maio[57]. Neste, apresentava-se a Arthur Dietrich como a pessoa decisiva da comunidade alemã e o responsável das relações com os círculos mexicanos. Dizia-se que Dietrich, "indivíduo sem educação e nem escrúpulos, mas sumamente astuto", vigiava os membros da comunidade alemã a respeito de sua lealdade ao Terceiro Reich e dispusera que se boicotasse a quem atuasse de uma maneira antinacional-socialista. Como chefe de propaganda da Representação alemã, cultivava contatos com a imprensa mexicana. Todavia antes da guerra, administrava e distribuía o orçamento para anúncios em empresas alemãs. Tinha tanto sucesso que toda a imprensa independente mexicana (quer dizer, alheia ao governo e aos sindicatos) estava a disposição da propaganda alemã. Além disso, financiava partidos e deputados. Os agentes do ministério escreveram que eles mesmos uma vez tiveram a oportunidade de observar a entrega de um bolo de notas. Comparados com Dietrich, outros alemães, mas também o grupo regional do NSDAP, com efeito pareciam inócuos. O ministro alemão, por exemplo, prosseguia o relatório, não se intrometia em interesses alheis às suas funções diplomáticas. O NSDAP só admitia a cidadãos alemães e propagava as ideias nacional-socialistas unicamente entre seus membros. Na Comunidade do Povo Alemão, controlada pelo partido, também havia cidadãos mexicanos, mas estes se mantinham afastados entre si e não tratavam de fazer propaganda. O único que, segundo as informações do ministério, saiu deste círculo fechado, foi Arthur Dietrich.

Os resultados da investigação pareciam confirmar as repreensões da imprensa americana, pelo menos com respeito a Dietrich. As últimas dúvidas que Cárdenas podia distrair, talvez, sobre o relatório de seu serviço secreto desapareceram durante uma discussão com um representante da embaixada norteamericana. Provavelmente esta já dispunha da informação que a Polícia Federal dos Estados Unidos transmitiu ao presidente Roosevelt em 26 de maio[58], segundo a qual, Dietrich era o homem mais importante da Alemanha no México em tudo o que concerne a propaganda, espionagem e sabotagem, e portanto era uma pessoa non grata para as autoridades americanas.

As indagações e a discussão com o norteamericano alcançaram seu efeito. Em 11 de junho, o Secretário de Relações Exteriores exigiu ao Ministro alemão que Dietrich fosse suspenso, e que este cessasse suas atividades de propaganda e abandonasse o país[59]. Esta decisão foi justificada por Eduardo Hay ante o representante diplomático alemão alegando que, numa situação difícil, o México devia ceder ante uma demanda norteamericana[60]. Ainda que o secretário tenha exagerado aqui ante as pressões americanas a fim de reduzir a responsabilidade de seu governo, no essencial sua argumentação era acertada: a expulsão de Dietrich representou um primeiro passo visível do reajuste da política externa mexicana; depois das declarações do embaixador Castillo Nájera a oficiais americanos, foi um sinal para o governo e os meios de publicidade americanos de que o México cooperasse com os Estados Unidos na defesa hemisférica do continente americano. Apesar de sua orientação ante os EUA, o governo mexicano não proscreveu nem molestou o Landesgruppe, porque aparentemente só era Dietrich o que se intrometia na política interna do país e perturbou as relações com o colosso vizinho. O governo obviamente não via um perigo na existência de uma organização que constava de um punhado de nacional-socialistas.

Rüdt von Collenberg se enteró imediatamente da nova orientação da política externa mexicana, mas constatou que, apesar da pouca simpatia que manifestava o governo mexicano pela Alemanha, ele havia se comportado de acordo com os critérios da neutralidade. Para Rüdt, a expulsão de Dietrich significou uma mudança fundamental nesta atitude[61]. Como Rüdt não viu um melhoramento desta posição tampouco sob o novo presidente Avila Camacho, que assumiu seu cargo em 1 de dezembro de 1940, dissolveu o partido em abril de 1941, a fim de evitar que o governo mexicano proscrevesse o partido e detivesse seus membros[62].

*Notas no texto original.

Fonte: El NSDAP en México: historia y percepciones, 1931-1940
Autor: Jürgen Müller; Universitdt Kóln
http://www.tau.ac.il/eial/VI_2/muller.htm
Tradução: Roberto Lucena

Anterior: O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 4
Próxima: O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 1

domingo, 31 de julho de 2011

Partido de Merkel quer fim dos apoios aos nazistas

Políticos do principal partido do governo, a CDU da chanceler Angela Merkel, propuseram que se acelere o processo em curso na conferência de ministros regionais do Interior para cortar os subsídios do Estado ao principal partido neonazi, o NPD.

Na opinião do ministro do Interior da Baixa Saxônia, Uwe Schünemann, esta medida será bem mais eficaz do que uma nova tentativa para proibir o NPD, “que iria deparar com grandes obstáculos jurídicos”.

Após os atentados de sexta-feira passada na Noruega, que causaram 76 mortos, o principal partido da oposição, o SPD, exigiu a reabertura do processo para proibir o NPD junto do Tribunal Constitucional.

Fonte: Jornal da Madeira(Portugal)
http://www.jornaldamadeira.pt/not2008.php?Seccao=5&id=190897&sup=0&sdata=

Negacionismo do Holocausto pelo embaixador iraniano no Uruguai

José Mujica, Presidente do Uruguai
O Uruguai condenou ontem as expressões antissemitas do embaixador do Irã, a quem havia minimizado a quantidade de vítimas do Holocausto dias atrás. O governo de José Mujica (foto), por meio de sua Chancelaria, convocou Hojjatollah Soltani para lhe expresar sua condenação. Segundo revelou o ministro de Relações Exteriores, Luis Almagro, o embaixador se reuniu com o diretor para Assuntos Políticos, Ricardo González, para notificá-lo pessoalmente. "Talvez morreram, assassinaram, não sei, milhares de judeus. Mas essa cifra, dois milhões, quatro milhões, isso é uma mentira, segundo alguns historiadores europeus que apresentaram os documentos", havia afirmado o iraniano na quarta-feira na conferência de imprensa.

Também havia dito que Israel aproveitava o Holocausto para se vitimizar e pedir o apoio político, bélico e econômico da Europa. Essas declarações provocaram a reação imediata da comunidade judaica uruguaia. "O governo uruguaio deve atuar de acordo com o direito diplomático. (Soltani) Ofendeu-nos a todos usando o solo do Uruguai", queixou-se o diretor para a América Latina da organização B'nai B'rith, Eduardo Kohn. Além disso acrescentou que os ditos do flamante embaixador iraniano em Montevideo incitam ao ódio e a discriminação.

A resposta do governo chegou ontem. "Para a gente, definitivamente, o Holocausto é um fato histórico inegável, em função do que estabelecem além disso as resoluções das Nações Unidas", sentenciou Almagro. "A negação tanto parcial como total, é um elemento completamente negativo que incita a discriminação", disse o ministro uruguaio.

Fonte: Página 12(Argentina)
http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-173434-2011-07-31.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 26 de julho de 2011

Breivik não é uma singularidade na Noruega

MATTHEW GOODWIN
DO "GUARDIAN"

A tragédia que aconteceu na Noruega neste fim de semana pode vir a ser um divisor de águas em termos de como encaramos os seguidores da extrema-direita, os grupos da extrema-direita e sua ideologia. Até agora, as democracias europeias e seus serviços de segurança vinham focando quase exclusivamente a ameaça do terrorismo inspirado na Al Qaeda. Os grupos extremistas de direita e suas entidades afiliadas mais violentas eram vistos como nada mais que um movimento desorganizado, fragmentado e irrelevante.

Mas essa visão convencional não levava em conta as evidências mais amplas de um estado de ânimo mais violento e beligerante que se manifestava nos círculos da extrema-direita europeia. Essa mudança pode ter sido uma reação à chegada do terrorismo inspirado na Al Qaeda, ou o sentimento de que os partidos políticos de extrema-direita na Europa (como o Partido do Progresso norueguês, ao qual o autor dos ataques foi filiado no passado) não estão exercendo influência suficiente em questões como a imigração.

Dois anos atrás, autoridades antiterrorismo no Reino Unido lançaram um aviso sobre a ameaça crescente representada por "lobos solitários" de direita. Ao mesmo tempo, o Departamento de Segurança Interna dos EUA avisou que o clima econômico mais amplo e a eleição do primeiro presidente afro-americano poderiam resultar em confrontos entre extremistas de direita e autoridades governamentais, "semelhantes aos do passado". Esses acontecimentos passados incluíram o atentado contra um edifício federal em Oklahoma, no qual morreram 168 pessoas.

Os fatos ocorridos no fim de semana contestam diretamente a ideia de que o extremismo de direita seja uma ameaça apenas secundária à segurança. De acordo com a polícia norueguesa, o autor dos ataques --Anders Behring Breivik, de 32 anos-- confirmou que planejou e realizou os dois ataques sozinho.

As origens de suas influências ideológicas já começaram a vir à tona. Breivik era longe de ser o que se poderia descrever como um extremista de direita tradicional. Ao mesmo tempo em que estava profundamente preocupado com os efeitos da imigração, do multiculturalismo, do islã e do crescimento das comunidades muçulmanas radicadas no país, ele também rejeitava as ideias neonazistas e supremacistas raciais grosseiras e os partidos que as defendem, citando, por exemplo, o Partido Nacional Britânico (BNP).

Talvez tenha sido sua rejeição do BNP que o levou a se interessar pela Liga de Defesa Inglesa (EDL). Breivik ficou impressionado com a velocidade do crescimento desse grupo e elogiou as "escolhas táticas" feitas por seus líderes. Isso incluiu o endosso da rejeição por parte da EDL do discurso supremacista branco tradicional e do racismo, além da decisão da liga de opor-se ao islã por razões culturais. Essa distinção entre as formas tradicionais de extremismo de direita baseadas na questão racial (como as do BNP) e uma nova narrativa antimuçulmana reflete uma mudança mais ampla no interior da extrema-direita europeia. Em lugar da oposição à imigração e ao islã por razões raciais (argumento que atrairia pouco apoio), a ênfase se desloca para a questão da cultura, que encontra aceitação social maior: os muçulmanos não seriam biologicamente inferiores, mas seriam culturalmente incompatíveis, diz o argumento. O objetivo é abrir os grupos de extrema-direita modernos a um público mais amplo.

Como a maioria dos integrantes da extrema-direita, ao mesmo tempo em que Breivik expressava preocupação profunda diante de uma série de ameaças à sociedade mais ampla, ele parecia enxergar os partidos majoritários como sendo incapazes ou não dispostos a oferecer respostas à altura das ameaças. Ele foi em dado momento membro do Partido do Progresso, de direita, que também argumenta contra a imigração e tece críticas aos muçulmanos, mas, mais tarde, denunciou membros desse partido como sendo "políticos de carreira, politicamente corretos" que não estavam preparados para "correr riscos e trabalhar por metas idealistas". Mais amplamente, Breivik também se opunha ferrenhamente à influência cultural do marxismo e da chamada "correção política" e convocou setores da direita a combater essa influência, assumindo o controle da mídia e outras posições de influência.

Seria fácil qualificar Breivik como uma exceção norueguesa, mas seria um engano. Embora ele seja distinguível por seus atos, é importante observar que algumas de suas preocupações básicas também vêm exercendo papel destacado na política norueguesa e na política europeia, de modo mais geral. Eu passei quatro anos entrevistando ativistas da extrema-direita, muitos dos quais rejeitavam a violência política. Mas o que ficou claro ao longo dessa pesquisa é que existe, inquestionavelmente, uma cultura da violência dentro da subcultura de extrema-direita mais ampla. Muitas das ideias expressas durante a pesquisa também vieram à tona nas últimas 48 horas: a ameaça que seria representada pelas comunidades muçulmanas, a ideia de que os grandes partidos são incapazes de fazer frente a essa ameaça, e uma ênfase forte sobre o "choque de civilizações" entre membros da população majoritária e de grupos minoritários.

Por meio de sites na internet, materiais impressos e reuniões (e Breivik teria sido exposto a tudo isso), esse movimento fomenta entre seus seguidores várias narrativas: a ideia de que estão travando uma batalha pela sobrevivência racial ou cultural; que seu grupo racial, religioso ou cultural estaria ameaçado de extinção iminente; que as opções políticas existentes seriam incapazes de reagir a essa ameaça; que ações urgentes e radicais são necessárias para responder a essas ameaças na sociedade, e que eles precisam cumprir esse dever para poderem deixar um legado a seus filhos e netos.

Esses argumentos proporcionam aos seguidores de grupos de extrema-direita e fundamentalistas um raciocínio convincente e forte para que se envolvam ativamente. Para começar, esses cidadãos consideram que uma comunidade mais ampla se encontra ameaçada, quer seja pela Al Qaeda, por organizações supranacionais como a UE ou a ONU, pela imigração ou pelo crescimento de comunidades muçulmanas radicadas.

Ademais, eles argumentam que essa ameaça é de ordem cultural, e não econômica. Não é uma simples questão de emprego ou de moradias subsidiadas. É um conjunto profundo de receios de que um conjunto de valores, um modo de vida e uma comunidade maior estejam vivendo sob ameaça, e que apenas as formas de ação mais radicais seriam capazes de eliminar essa ameaça.

Recentemente escrevi uma resenha de um livro acadêmico que terminava com a previsão de que a próxima onda de terrorismo na Europa virá não de grupos inspirados na Al Qaeda, mas de grupos de direita que querem reagir a essa ameaça e reafirmar a posição de seu grupo mais amplo. Ainda é cedo para saber se os atos de Breivik vão inspirar ataques semelhantes, mas uma coisa está clara: a ameaça representada pelos grupos e as ideias extremistas de direita merecem uma atenção muito maior.

Tradução de Clara Allain

Fonte: Bol Notícias(Brasil)
http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2011/07/25/breivik-nao-e-uma-singularidade-na-noruega.jhtm
Texto original: The Guardian(Reino Unido)
Norway attacks: We can no longer ignore the far-right threat
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/jul/24/norway-bombing-attack-far-right

Monstro norueguês acredita estar em guerra (AFP Brasil)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Anders Breivik - os delírios de um neo-cruzado

"Fundamentalista cristão", "antimulçumano ultradireitista", "maçônico", "lobo solitário" e radical, os qualificativos não bastam para tratar de saber quem é e porque fez o que fez o assassino Anders Breivik, que ontem se declarou culpado do massacre de 86 adolescentes no campo de verão da social-democracia norueguesa (no poder) na ilha de Utoya. Duas horas antes, Breivik explodiu um carro-bomba — ao que parece para distrair — frente aos escritórios do governo no centro de Oslo, com um saldo de sete mortos.

De imediato, Bruno Gollnisch, eurodeputado do partido ultraconservador francês Front National (FN), o qual Marine Le Pen lidera, desligou Breivik da extrema-direita europeia e questionou que seja um "fundamentalista cristão". O ex-número dois da FN — no auge na França por suas posturas anti-imigração e antiárabes, iguais as de Breivik — disse que "em suas atividades (o assassino) não evoca nenhuma atividade religiosa senão só seu vínculo com a francomaçonaria, algo muito menos comum na Noruega”. Gollnisch, acusado de ser "negacionista" do Holocausto judeu comandado pelos nazis, aludiu assim a um vínculo de Breivik à loja John Lodge com "grau 3" (mestre), segundo informou o canal norueguês TV2 e como consta no Anuário da Ordem Maçônica da Noruega.

Desde já esta filiação é tema de debate em meios religiosos como o InfoCatólica (infocatolica.com/blog/delapsis.php) ou o Foro Católico (forocatolico.wordpress.com) que acusam a Breivik de "terrorista" e de "maçom sionista", com outro intento em distanciar sua imagem da extrema-direita (além de católico) a qual relaciona o governo de Oslo pelas diatribes arabofóbicas e nazi-islamistas do hoje confesso Breivik.

Mas em outro enfoque, o especialista em extrema-direita e violência política, Nicolas Lebourg (droites-extremes.blog.lemonde.fr Le cas Anders Behring Breivik : un imaginaire de « lone wolf »?) coloca o assassino de 32 anos mais próximo do imaginário do “lone wolf”, o “lobo solitário” elevado à categoria de mito pela extrema-direita dos Estados Unidos.

Este método foi idealizado pelo estadounidense Joseph Tommasi em 1974 quando fundou o grupelho National Socialist Liberation Front do qual queria transformar em força a debilidade dos neonazis, pela carência de apoio popular. "Nenhum risco de fuga ou de traição: ao atuar sozinho, cada um se encarrega solitariamente de levar a cabo uma ação terrorista”, dizia Tomassi (assassinado ele mesmo em 1975) e cujo método simples e ideal foi usado, entre outros, por Timothy McVeigh para destruir com um caminhão-bomba o Edifício Federal Murrah, em Oklahoma City, em 19 de abril de 1995. Saldo: 168 mortos e mais de 500 feridos.

Daños Colaterales
Irene Selser

Fonte: Milenio online(México)
http://impreso.milenio.com/node/8997691
Tradução: Roberto Lucena

Comentário: apesar de conter algumas expressões infelizes(que cortei do texo original, quem quiser checar que confira no link), a citação da análise do Le Monde, do Nicolas Lebourg, sobre o ataque do extremista de direita norueguês, foi uma das melhores(ou melhor)que saiu até o momento. Se fosse depender do que sai de "excesso de informação" sem análise crítica em sites de notícia sobre esse caso, seria literalmente um caos.

Parece ser o caso de um ataque de um "lobo solitário" com afinidades de uma vertente não muito comum à extrema-direita europeia, embora exista, que é a que tem afinidades ideológicas com aquele extremista holandês Geert Wilders, que dá ênfase ao preconceito anti-islâmico no lugar do tradicional antissemitismo da extrema-direita(fascistas, nazistas e outros nacionalistas de extrema-direita). Uma espécie de "diversionismo ideológico" da extrema-direita pra gerar confusão uma vez que a finalidade básica delas é quase sempre a mesma: revolução cultural de cunho fascista e racismo contra estrangeiros.

Pros que elagavam, ou por ceticismo honesto ou por permissividade, que esses "monstrinhos" de internet que ficam entocados em fóruns extremistas de ódio panfletando racismo e outras insanidades, eram inofensivos, mais uma amostra da destruição que são capazes de provocar. Fatos costumam ser mais fortes que crenças.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...