quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Doha, Goebbels e o "Revisionismo"

A Profa. Ania Cavalcante analisa em seu artigo a total inadequação da citação do chanceler brasileiro, Celso Amorim na Rodada Doha, onde o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels foi mencionado. Ania ainda analisa como isto pode ser fruto de uma sociedade que talvez esteja tolerando o anti-semitismo e as manifestações revisionistas.

Ania Cavalcante é doutoranda com tese sobre Holocausto em História na USP, pesquisadora e professora do módulo "Holocausto e Anti-Semitismo" do Laboratório de Estudos sobre a Intolerância (LEI) da USP, estagiária do Curso "Holocausto e Literatura" da Literatura Hebraica da USP e professora nativa de Lingua Alemã. Foi bolsista em Seminário e Conferência sobre Holocausto pelo Yad Vashem de Israel.

Foi com indignação que li as notícias a respeito da lastimável declaração do atual ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, feita no dia 19 de julho, ao citar uma frase do chefe da propaganda no governo nazista, Joseph Goebbels. Fez-me pensar que, enquanto a realidade da fome assola partes do mundo, um fantasma ronda as políticas nacional e internacional brasileiras. Enquanto a fome mata 6 milhões de crianças por ano no mundo, outras 6 milhões de vítimas - judias - do Holocausto são reiteradamente desrespeitadas, além das outras vítimas do nazismo.

Durante uma entrevista coletiva à imprensa concedida na sede da OMC (Organização Mundial de Comércio) em Genebra, o ministro brasileiro Celso Amorim afirmou que "Goebbels sempre dizia que quando se repete uma mentira muitas vezes, ela se torna verdade" („wenn man eine Lüge oft genug wiederholt, wird eine Wahrheit daraus”). A infeliz citação ocorreu, em Genebra, às vésperas do começo de uma semana da Rodada Doha de negociações da OMC destinada a alcançar um acordo sobre a liberalização do comércio, e foi feita em resposta ao comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, que acusara o Brasil de "estar sempre por trás" das dificuldades de negociação da OMC, de afirmar que o Brasil e outros “países emergentes”, deveriam assumir responsabilidades e não só exigir concessões dos países ricos. Foi então que Celso Amorim buscou em Goebbels um argumento para criticar a atitude dos Estados Unidos e da União Européia, países que afirmam ter feito ofertas generosas no comércio de produtos agrícolas, enquanto os demais países fizeram muito pouco para abrir seus mercados aos produtos manufaturados. Ou seja, de que os EUA e UE estão oferecendo pouco em termos de liberalização agrícola e cobrando muito em concessões no setor industrial.

A declaração do ministro brasileiro, comparando a tática de negociação de UE e EUA na OMC com a do chefe da propaganda nazista, Joseph Goebbels, sugerindo que os EUA e a Europa se portam como os nazistas em termos comerciais é preocupante e inaceitável. A primeira reação à imprudente declaração de Celso Amorim, na qual compara a negociação dos países ricos sobre a Rodada Doha com a propaganda nazista, foi a da representante comercial dos Estados Unidos, Susan Schwab, judia e descendente de sobreviventes do Holocausto, que no dia seguinte (20 de julho), através de porta-voz Sean Spicer, afirmou que, “para alguém que é ministro de Relações Exteriores, ele deveria estar mais atento para alguns pontos sensíveis”. Afirmou também que a fala de Amorim era “inacreditavelmente errada, além de qualquer imaginação, elas {as declarações} são insultuosas". Classificou ainda o ataque de “pessoal e baixo” e afirmou: "Estamos todos aqui para negociar de forma efetiva e esse tipo de comentário maldoso não tem lugar nessas negociações".

Segundo o porta-voz de Celso Amorim, Ricardo Neiva, citado pela Reuters, o ministro lamenta que Schwab ou qualquer outra pessoa tenha se ofendido com os seus comentários. O ministro brasileiro pediu desculpas pela declaração, porém manteve sua postura de citar o nazista. "Se ofendi alguém, eu lamento, não foi minha intenção. Mas mantenho: repetir uma distorção faz com que as pessoas acreditem que ela é a verdade", disse.

O lamentável comentário teve repercussão na imprensa mundial. O The Wall Street Journal disse em um artigo que a declaração de Amorim é “absurda e realmente preocupante, vinda de um diplomata moderado”, enquanto o jornal The New Zealand Herald afirma que a declaração de Amorim é “potencialmente um incidente diplomático”, acrescentando que “o comentário motivou uma pronta resposta dos EUA, cuja representante comercial, Susan Schwab, é filha de sobreviventes do Holocausto”. Mas é claro que a menção irresponsável de um nazista, ainda mais na Europa, além de imprudente, vergonhoso e inaceitável, feriu não só a Susan Schwab, os descentes de judeus do Holocausto, mas toda a comunidade judaica mundial e todos com um mínimo de bom-senso.

Em 21 de julho, Susan Schwab pôs de lado o comentário de Amorim e disse que "esta não é a hora nem a semana para cair de novo em retórica ultrapassada - destinada a perpetuar velhas divisões e criar outras novas”. Durante entrevista no primeiro dia da retomada das negociações da Rodada Doha de liberalização do comércio mundial. "Estamos esperando para ver contribuições de outros, inclusive dos mercados emergentes mais significativos", para que se chegue a uma conclusão bem sucedida da rodada, afirmou. O principal problema da Rodada Doha, ou seja, do comércio mundial, é a preocupação de cada país nos efeitos de uma política liberalizante que supostamente trariam desemprego em países que não estão aptos a concorrer de forma igual. A Rodada Doha durou sete anos e fracassou de novo, a 29 de julho, quando a Índia e a China abandonaram novamente a sala de negociações, e esse reiterado fracasso pode representar o colapso definitivo da Rodada de Doha. Certo é que atualmente a fome assola vidas humanas com a inflação dos produtos agrícolas, enquanto a manipulação histórica ronda o mundo.

"Revisionismo", desrespeito e os veículos de massa

O século XX foi marcado por formas de opressão e violência que custaram a vida de milhões de pessoas, sendo o regime nazista e o Holocausto o paradigma e expressão máxima da barbárie humana, que arrasaram do mapa parte de uma geração, parte de uma História. Por outro lado, também representou máxima expressão de resistência e solidariedade humanas por parte de suas vítimas, representando a fé na humanidade. O século XXI, por sua vez, se inicia com uma tentativa de apagar a memória, com o reiterado desrespeito à memória e à dignidade humanas, e de jogar a História na lata do lixo, manipulando “aquilo que aconteceu” – “was geschehen ist”, como definiria o poeta judeu-alemão Paul Celan, sobrevivente do Holocausto. E o ministro brasileiro se une àqueles que desrespeitam a memória e a História.

Foi justamente em um ministro da Alemanha nazista que o ministro brasileiro se inspirou. A ofensa não foi à Susan Swab somente. Mais do que uma ofensa, uma declaração inadequada, um reflexo do desrespeito às vitimas do Holocausto – os judeus foram as maiores, mas houve outras vítimas, que não devem ser esquecidas. Nem a memória apagada, nem a História desconsiderada ou manipulada. O Holocausto foi o fenômeno histórico da discriminação, exclusão sócio-econômica, expropriação, da perseguição, tortura e extermínio de 6 milhões de judeus entre 1933 e 1945 pelo regime nazista na Alemanha e Europa ocupada, o que representava 66% dos judeus da Europa, 1/3 dos judeus do mundo. O regime nazista também vitimou 1,5 milhão de inimigos políticos, 3 milhões de prisioneiros de guerra, 20 milhões de russos (centenas desses incluídos na categoria de inimigos políticos e prisioneiros de guerra), 600 mil sérvios, 500 mil ciganos, 200 mil poloneses, 200 mil maçons, 15 mil homossexuais, 5 mil testemunhas de jeová, e muitas outras vítimas.

O Ministro brasileiro citou um dos maiores ideólogos nazistas, Joseph Goebbels, que foi Ministro de Propaganda e Informação Pública da Alemanha nazista durante a existência do regime nazista, de 1933 a 1945. Tanto Goebbels, como Adolf Hitler reconheciam o enorme potencial oferecido pela propaganda na veiculação da ideologia nazista e para a conquista das massas. O poder da propaganda nazista tornou-se maior, em decorrência da censura e do monopólio da violência e dos meios de comunicação.
O ministro Goebbel, citado pelo ministro brasileiro, manipulou a rádio e os filmes de propaganda, onde buscou disseminar as idéias anti-semitas e racistas, para angariar o apoio popular ao infame regime nazista, de cunho anti-semita, nacionalista, expansionista, xenófobo, explorador e assassino. E é na idéia central, o pilar desse ministro – a farsa composta de mentiras contadas e recontadas – que o ministro brasileiro se inspirou.

Mais do que um desrespeito às vítimas do Holocausto e do nazismo, aos sobreviventes e, por que não dizer, ao bom-senso. Se fosse ministro em outro país, poderia ser destituído justificadamente, por isso (na Alemanha, o seria com certeza). Basear-se em idéias-chave de um regime como o nazista e repeti-las é vergonhoso. Joseph Goebbels foi um dos defensores do nazismo, um dos maiores propagandistas do nazismo e manipuladores da História, um criminoso. Foi ele quem, a 10 de maio de 1933, ordenou uma “queima pública de textos judeus nocivos” em frente a Universidade Humbolt de Berlim, com o objetivo de “nazificar” a arte e a cultura da Alemanha. Aproximadamente 20 mil livros foram queimados, incluindo livros de autores não-judeus como Heinrich Mann, Betold Brecht, Erich Kastner e muito autores judeus como Albert Einstein, Karl Marx, Sigmund Freud, Franz Kafka, Stefan Zweig, e Heinrich Heine. Este último, tinha escrito um século antes: “Onde se queimam livros, alguém dia também serão queimados seres humanos”. E na Alemanha nazista e Europa por ela ocupada, lamentavelmente, foi o que ocorreu.

O primeiro pogrom do século XX foi uma elaboração de Goebbels, que teve a idéia de utilizar o atentado contra o diplomata alemão Von Rath em Paris cometido pelo jovem judeu Herschel Grynszpan para realizar um violento pogrom contra os judeus da Alemanha na noite de 9 de novembro de 1938 denominado de “A Noite dos Cristais Quebrados” (Kristallnacht). Herschel Grynszpan cometeu o atentado como forma de expressar sua indignação ao saber, no início de novembro de 1938, que sua família e outras centenas de judeus com cidadania polaca haviam sido deportados a 27 de outubro da Alemanha para a Polônia, para uma região na fronteira, uma terra de ninguém, porque nenhum dos dois países queria ficar com eles. Se por um lado essa deportação representou a primeira deportação massiva de judeus pelo regime nazista, efetuada pela SS (SS é a abreviação de Schutzstaffel, Tropas de Proteção, as tropas de choque da polícia política do regime nazista), a Noite dos Cristais Quebrados constituiu um episódio de finalização de um período de exclusão social, expropriação econômica e de incentivo à imigração judaica, representando o início da violência física em massa contra os judeus e a deportação para os campos de concentração.

A extensão e gravidade da Noite dos Cristais Quebrados foi clara: 91 judeus morreram nesta noite e nenhum assassino foi julgado. As 400 sinagogas ainda existentes na Alemanha foram queimadas e destruídas. 7500 lojas de judeus foram quebradas ou saqueadas, com um prejuízo de muitas centenas de milhões de marcos. 26 mil judeus foram presos e levados a campos de concentração. Foi imputada uma multa coletiva de um bilhão de marcos aos judeus para pagarem os seus próprios prejuízos, que posteriormente foi aumentada. E esse episódio foi divulgado em jornais do mundo inteiro. E foi a partir desse momento, que os judeus foram completamente banidos da vida econômica na Alemanha. As propriedades judaicas foram colocadas em contas e confiscadas pelo Estado.

Além disso, relembremos, durante a Segunda guerra Mundial, Goebbels foi o responsável pela campanha de propaganda, espalhando ódio, disseminando mentiras contra os supostos “inimigos dos alemães”, afirmando serem os judeus os maiores desses inimigos e caracterizando-os como sub-humanos. E foram as principais mentiras que ele reiteradas vezes buscou disseminar, para buscar fazer com que acreditassem nelas. E foi a essa prática, desse ministro nazista, que o ministro brasileiro citou. Algo grave, gravíssimo, vergonhoso. Não chega a ser um crime. Mas sem dúvida uma agressão.

O combate ao negacionismo, manipulação atual da História

Vivemos um tempo em que a agressão é reiterada e a História, manipulada. Um grande exemplo disso é o negacionismo do Holocausto. Entre os iranianos e palestinos, e em movimentos pró-palestinos, o negacionismo é, lamentavelmente, comum. Aqui no Brasil, há vários exemplos. Citarei um mais recente. A 26 de janeiro desse ano, foi formado em São Paulo um movimento que pretende abranger os comitês pró-palestinos no Brasil, denominado "Palestina Livre - Movimento Palestina para Tod@s". No site publicado como o primeiro artigo da seção de História, um artigo de Robert Faurisson, um francês negacionista histórico, atuante desde 1960. O artigo era encontrado no site http://www.palestinalivre.org/node/231. Eu enviei uma nota de repúdio ao site do Mopat, a representantes da comunidade judaica e palestina e a várias outras pessoas. Depois dessa campanha de denúncia, passada cerca de uma semana, o artigo foi retirado do site. Mas repudie e esclareci aos mesmos destinatários, de que havia artigos de outros negacionistas no site do movimento, como o caso de Alfredo Braga, que em um dos vários artigos disponibilizados no site, repletos de falsificações históricas, afirmava, por exemplo, que o Diário de Anne Frank era uma farsa histórica. Só recentemente, os artigos de Alfredo Braga foram substituídos por outros.

Na Argentina, em Buenos Aires, entidades pró-palestinas chamaram um ato no dia 28 de janeiro em frente à Embaixada de Israel. O ato era contra o Estado de Israel e em defesa dos palestinos, que preconizava atividades culturais, nas quais estava incluído um programa fartamente negacionista, com destaque para Faurisson (parece que está na moda dentre estes comitês), de uma virulência e manipulação histórica inaceitáveis.

O evento, felizmente, foi um fracasso, sendo cancelado por seus organizadores por falta de palestinos e simpatizantes dispostos a protestar. Mesmo assim, o programa divulgado reflete o conteúdo defendido por esses movimentos. Sem desconsiderar os movimentos de palestinos pela paz e de convivência com o Estado de Israel, há se levar em conta que governos árabes, em especial o Irã, vem investindo uma fortuna nos últimos 26 anos em incitamento ao ódio. Em recente esclarecimento a esse respeito, o jornalista da FIERJ (Federação Israelita do Rio de Janeiro), José Roitberg, explicou, por email, que “o Irã é o único financiador da universidade MAUP na Ucrânia onde fica a gráfica que produz livros revisionistas [negacionistas] em pelo menos 40 línguas. A MAUP espalhou pela Europa vários quiosques de venda desse material e há países da América Latina, como a Argentina, onde podem ser adquiridos estes materiais em qualquer livraria, sebo ou barracas de livros nas ruas. Constando desde “Mein Kampf” aos “Protocolos dos Sábios do Sião”.

O negacionismo não é crime, tampouco aqui no Brasil, como em qualquer outro país da América Latina, ao contrário da Alemanha, por exemplo, o país com a legislação mais severa nesse sentido. Não se brinca em serviço lá. Atualmente, a Alemanha é o país onde mais memoriais e museus do Holocausto há. E negacionismo, assim como reprodução de qualquer livro ou idéia de teor nazista, assim como símbolos e gestos nazistas dão cadeia. E sem atenuantes.

O uso da negação do Holocausto tem um objetivo muito claro, que deve ser combatido: ao definir que Israel é uma compensação aos judeus pelo Holocausto, se não houver Holocausto, essa compensação se torna indevida. O negacionismo causa um risco real para as comunidades judaicas, mas não causa risco para Israel. A Carta do Hamas define que todos os judeus que chegaram à Palestina após 1947 devem ser expulsos de volta aos seus países de origem e os demais, devem ser mortos. E essa retórica se ouve em outros discursos anti-sionistas.

No Brasil, a condenação de dois anos de prisão de Silfried Ellwanger Castan, fundador da Editora Revisão, que nega o Holocausto e publica livros nazistas e negacionistas, foi uma vitória, embora, por sua idade avançada, não tenha cumprido a pena na prisão.

Mas não deixou de ser uma vitória, um avanço na luta contra o negacionismo, anti-semitismo e pela dignidade humana. Dentro da legislação brasileira, o racismo é um crime, a apologia ao anti-semitismo não o é, e o revisionismo é discutível. Há que se defender a liberdade de expressão, mas deve-se combater os perigos concretos de repetições da catástrofe e de regimes como o nazista.

Em um país que ainda não criminalizada a negação do Holocausto, e onde seus ministros citam nazistas, nos faz notar a ainda vigência de anti-semitismo, e a necessidade de lutar para esclarecer sobre a completa inadequação de tais citações. Há ainda muito que se combater o anti-semitismo, o racismo, os preconceitos. Por isso, devemos ficar De Olho Na Mídia, de ouvidos bem atentos, e nunca silenciar.

Para quem considera que o nazismo e o Holocausto são assuntos ultrapassados e superados, os fatos demonstram que ainda há muito a ser debatido a respeito desse capítulo infame da História e muito ainda a combater.

Vivenciamos um período em que revisionistas tentam negar o Holocausto e até mesmo estadistas o fazem. Em que movimentos disseminam o negacionismo como justificativa de suas causas, ministros se baseiam na retórica nazista, período em que a intolerância e discriminação ainda permanecem e são um dos combustíveis, juntamente com interesses econômicos espúrios, da violência generalizada – seja física, seja verbal - a expressão da barbárie atual, que atinge a todos nós.

Nem sequer aos mortos deixam descansar em paz, tampouco descansaremos no combate ao negacionismo, anti-semitismo e anti-sionismo, e as suas diversas manifestações infames e inaceitáveis. Afinal, acreditamos na humanidade.

Fonte: deOlhonaMídia.org.br
http://www.deolhonamidia.org.br/Comentarios/mostraComentario.asp?tID=368

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Pesquisadores apontam proximidade inegável de Wagner com Hitler

(Foto)Richard Wagner: panfletos anti-semitas abriram caminho para o nazismo

Tema inesgotável para historiadores, cientistas políticos e musicólogos, a intensidade da ligação entre o compositor Richard Wagner e Adolf Hitler vem sendo esmiuçada há décadas.

Não são poucos os pesquisadores e cientistas na Alemanha e fora dela que dedicam trabalhos às ligações nem sempre claras entre política e cultura, que questionam os conceitos de poder e moral e apontam, dentro da obra do compositor Richard Wagner, preconceitos anti-semitas. "O jovem Hitler sempre esteve bem à frente em toda apresentação de Wagner que havia", diz a historiadora Brigitte Hamann, autora do livro Winifred Wagner e a Bayreuth de Hitler.

Fato é que as composições de Wagner estiveram presentes mais que quaisquer outras nos eventos organizados pelo governo de Hitler, que fazia, à vontade, uso das mesmas para os fins políticos que interessavam à propagação da ideologia nazista. A ópera Os Mestres Cantores de Nurembergue (Die Meistersinger von Nürnberg), por exemplo, foi executada com todas as pompas durante a Segunda Guerra Mundial na Festspielhaus de Bayreuth.

Panfleto incitando o anti-semitismo

(Foto)Hitler no Festival de Bayreuther, em 1938

Em 1850 e posteriormente mais uma vez em 1869, Wagner publicou o panfleto O Judaísmo na Música (Das Judentum in der Musik), no qual desprezava a produção musical de compositores judeus contemporâneos seus, como Felix Mendelssohn-Bartholdy ou Giacomo Meyerbeer, e defendia um combate à influência dos judeus na vida musical.

Tais declarações não eram, no contexto da época, raras. Ou seja, Wagner pertencia ao quadro de conservadores de direita intitulados "nacionalistas alemães" (Deutschnationaler). Dez anos depois da publicação destes panfletos, surgia um texto do historiador Heinrich von Treitschke, que, entre outros, continha os dizeres: "Os judeus são nosso azar". Tal frase desencadeou um enorme debate sobre a questão do anti-semitismo no século 19, tendo sido, décadas mais tarde, usada pelos nazistas em campanhas populares.

Contato estreito com Hitler

(Foto)Saul Friedländer: Wagner como precursor do anti-semitismo, mas não do genocídio

Hoje, boa parte dos especialistas acredita que Wagner defendia posições anti-semitas, tendo incluído em sua obra a idéia de um "germanismo ariano", embora, pessoalmente, nunca tenha demonstrado predileção pela exclusão ou extermínio dos judeus.

"O mestre de Bayreuth abriu, em parte, o caminho para o nazismo", escreveu o historiador Saul Friedländer. Segundo ele, o primeiro panfleto de teor anti-semita escrito por Wagner não pode, no entanto, ser interpretado como uma conclamação ao extermínio violento dos judeus, mas sim como um "apelo" contra a influência judaica na vida cultural da época.

Há de se notar, porém, que a família Wagner manteve, já desde 1923, um estreito contato com Adolf Hitler. "Eles convidavam Hitler para visitá-los e chegaram até a levá-lo ao túmulo de Richard. Mostraram tudo a ele. Assim, foi sendo construída uma relação íntima entre a família e o então futuro ditador nazista. A tradição nacionalista alemã já vinha de Richard. Quando Hitler visitou Bayreuth e os Wagner em 1923, todos entraram para seu partido. Eles se tornaram todos adeptos dos nazistas desde muito cedo", observa a historiadora Hamann.

"Winnie e Wolf"

(Foto)Winifred Wagner e Adolf Hitler a 6 de março de 1934 no Memorial a Wagner em Leipzig

Figura simbólica neste contexto é a de Winifred Wagner, nora de Richard, que, viúva precocemente, assumiu a direção do Festival de Bayreuth em 1930. Em 1923, ela já enviava ao jovem Hitler pelo correio presentes como meias e alimentos, tendo recebido, como agradecimento, um exemplar autografado de Minha Luta.

Eles não mantinham qualquer formalidade na comunicação, tratando-se mutuamente de você (du) e usando coloquialmente os apelidos de Winnie e Wolf. Depois do fim da Segunda Guerra, Winifred foi obrigada a abdicar da direção do Festival de Bayreuth, mas manteria suas reverências a Hitler até a morte, décadas mais tarde, em 1980.

Em 2007, Katharina, bisneta de Wagner, escolheria propositalmente a ópera Os Mestres Cantores de Nurembergue para sua estréia como diretora. "Claro que este local é carregado", afirmou Katharina na época.

Para a historiadora Hamann, "há tanto peso em função dessa herança nazista em Bayreuth, ainda hoje, que Katharina não tem mesmo outra saída exceto viver repetindo que se distancia [das posturas da família no passado]".

Cornelia Rabitz (sv)
Fonte: Deutsche Welle(28.07.2008, Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3512777,00.html

domingo, 27 de julho de 2008

São os "Revisionistas" negadores do Holocausto? parte 3

Parte 3 de 3
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Tentativas de resolver a contradição através do diálogo: Greg Raven

Com o Sr. Raven, que tem demostrado ser a pessoa que mais flagrantemente se contradisse a si mesma, tratou de fazer esta apresentação, e tem se recusado a replicar e discutir seus razoamentos. Estas são algumas das tentativas de se contactar com ele:

Agosto de 1996
Setembro de 1996
Outubro de 1996
Novembro de 1996

(as discussões mantidas em maio de 1997 serão incluídas tão logo o tempo permita)

A resposta de Greg Raven a este último intento foi recebida uns poucos dias depois.

Em resposta a minhas precisões sobre sua definição da negação do Holocausto:

Você disse (1) "6 milhões... é uma exageração irresponsável", (2) "não houve um plano nazi", e (3) "não houve câmaras de gás nazis". Você está sendo bastante coerente, dado que explicou seus pontos de vista empregando quase as mesmas palavras que em sua primeira grande participação na Internet, o dia do aniversário de Hitler em 1994.

O Sr. Raven respondeu:

Nunca deixa de me surpreender dar-me conta do quão cuidadosamente pessoas com sua opção sexual estão atentas a quando se passa o aniversário de Hitler. Não tenho a menor recordação de meu primeiro dia na Internet, e nem muito menos iria pensar no aniversário de Hitler.

Em resposta a meus comentários sobre sua definição do termo "Holocausto":

O problema, Sr. Raven, é que você define também o termo Holocausto como (1) "o assassinato de seis milhões de judeus". (2) "como uma política de Estado dosnazis", (3) "muitos morreram em câmaras de gás".

O Sr. Raven respondeu:

O fiz? Se você prestasse tanta atenção ao que digo e escrevesse na realidade sobre este tema como quando é o aniversário de Hitler, há tempo que haveria descoberto que essa NÃO é minha definição de "Holocausto".

Evidentemente, é sua definição, como vimos antes.

O Sr. Raven também incluiu uma cópia de seu ensaio "Definir o 'Holocausto': uma Proposta", que não é mais que uma tentativa de dar um contorno em sua definição de 1994 e insistir agora que o termo deveria se referir a qualquer maltrato aplicado aos judeus pelos nazis e todos os demais exércitos combatentes entre 1939 e 1945.

O Sr. Raven apresenta que isto é o que suas palavras deveriam significar, mas ao fazê-lo, cita numerosas fontes que afirmam o que as palavras significam de fato. Échese un vistazo às definições aceitas que cita de dicionários, enciclopédias, estudiosos, organizações judias, organizações dedicadas ao estudo da História e numerosas fontes anônimas:

"...o assassinato sistemático de seis milhões de judeus perpetrado pelos nazis e seus colaboradores e promovido pelo Estado durante a Segunda Guerra Mundial..."
"...o assassinato de milhões de judeus nos campos de extermínio nazistas..."
"...o sistemático extermínio emmassa dos judeus da Europa nos campos de concentração nazis..."
"...a sistemática destruição de uns seis milhões de judeus europeus perpetrada pelos nazis..."
"...A aniquilação de 6 milhões de judeus levada a cabo pelos nazis..."
"...o assassinato em massa de judeus levado a cabo pelo governo nazi..."
"...o programa nazi dedicado à total aniquilação física dos judeus da Europa..."
"...o assassinato de seis milhões de judeus perpetrado pelos nazis..."
"...o extermínio nazi de judeus durante a Segunda Guerra Mundial..."
"...o assassinato em massa de judeus perpetrado pelos nazistas na guerra de 1939-1945..."
"...o assassinato sistemático e promovido pelo Estado de seis milhões de judeus levado a cabo pelos nazis e seus colaboradores."
"...o massacre de 6 milhões de judeus perpetrado pelo regime nazi alemão durante a Segunda Guerra Mundial.
"O objetivo principal do Holocausto nazi foi o extermínio de todos os judeus da Europa."

O ensaio do Sr. Raven tem deixado mais claro que nunca que quando se usa o termo "Holocausto", o significado que há que se entender é o assassinato sistemático de seis milhões de judeus perpetrado pelo Estado Nazi.

E, como foi visto antes, este fato histórico é algo que ele e seus colegas negam.

Tentativas de resolver a contradição através do diálogo: Outros

Temos tentado convencer a todos os negadores do Holocausto listados anteriormente de que ponham links desta página em suas páginas web. Todos eles têm ignorado nossos pedidos.

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/features/revision-or-denial/rebuttals-02-sp.html
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 26 de julho de 2008

São os "Revisionistas" negadores do Holocausto? parte 2

Parte 2 de 3
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Intentos de se criar confusão: Desvio ante outros temas


Em um panfleto entitulado "O que é a Negação do Holocausto?", os negadores do Holocausto dizem que não o são. Como costumam fazer, apresentam perguntas sobre a "controvérsia" e depois tratam de criar confusão dando respostas que não são respostas:


Com freqüência se costuma passar ao alto desta controvérsia a pergunta crucial: O que é que constitue a "negação do Holocausto"? [...] Se é um "negador do Holocausto" sem se dizer que os nazis não usaram gordura de judeus para fazer sabão? [...] Se é um "negador do Holocausto" se não se aceita a "conferência de Wannsee" de janeiro de 1942...


Como temos visto, não há necessidade de recorrer a estas confusões. É fácil encontrar definições com as quais podem estar de acordo tanto os "revisionistas" como seus oponentes - por exemplo, as anteriores - e é fácil ver que os "revisionistas" negam todas e cada um dos pontos destas definições.

Intentos de se criar confusão: A negação é o mesmo que a revisão

Outro argumento que se costuma apresentar contra o termo "negador" é que os "revisionistas" simplesmente estão tratando de revisar o significado do termo "Holocausto".

Mas temos visto que suas própias definições do termo são completamente negadas. É como se quisessem defender que 2+2 são 3.

Não estão tratando de negar que 2+2 são 4 - isso é o que dizem - senão que simplesmente querem revisar a Aritmética para que a palavra "suma" se refira a partir de agora à nova operação que eles definam.

Deixar em evidência este jogo de palavras é tão simples como olhar o significado dos termos "negar" e "revisar" no dicionário. Qual é o que melhor se ajusta?

Greg Raven tratou de usar este argumento no passado. Ao que parece, Ernst Zündel também. Zündel disse que rechaça "o Holocausto tal e qual é apresentado pelo Lobby de Promoção do Holocausto", talvez dizendo implicitamente que "o Holocausto" simplesmente não é como o apresenta "o Lobby de Promoção do Holocausto".

O problema com este argumento é que o "Lobby de Promoção do Holocausto" parece estar formado por qualquer um que não esteja de acordo com Ernst Zündel: as pessoas que estiveram em campos, investigadores, periodistas, judeus, maçons, comunistas, anarquistas, Hollywood, os Illuminati bávaros, os Bilderbergers, e por último, mas não por isto menos importante, os historiadores.

Uma frase equivalente seria dizer "rechaço que dois mais dois são quatro, tal e qual é apresentado este fato pelo Lobby de Promoção da Aritmética". Dado que esta forma de apresentar o fato é aceita por todo mundo - seja um estudioso, um aficcionado, o qualquer observador - de novo, isto não é mais que um jogo de palavras.

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/features/revision-or-denial/rebuttals-01-sp.html#misdirection
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Caso Max Mosley - Chefão da F1 ganha indenização de tablóide inglês

O presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), Max Mosley, ganhou na justiça uma ação contra o tablóide britânico News of the World, por ter publicado em uma reportagem detalhes do que afirmou ser uma "orgia ao estilo nazista" envolvendo Mosley e cinco prostitutas. Segundo a decisão do tribunal, o jornal teria invadido a privacidade de Mosley ao reproduzir, no final de março, fotos e um vídeo em seu site mostrando o encontro de Mosley com as prostitutas.

A decisão favorável a Mosley prevê que a empresa proprietária do jornal pague uma indenização de £ 60 mil (R$ 189 mil) ao presidente da FIA.

Mosley admitiu ter participado de uma sessão sadomasoquista com as prostitutas, mas negou qualquer conotação nazista.

"Não há nenhuma prova de que o encontro do dia 28 de março de 2008 tivesse a intenção de representar uma encenação do comportamento nazista ou uma adoção de qualquer uma de suas atitudes", afirmou o juiz David Eady.

"Não vejo nenhum fundamento para a sugestão de que os participantes tivessem fingido ser vítimas do Holocausto", disse.

Segundo o juiz, "não havia interesse público ou nenhuma outra justificativa para a gravação clandestina do encontro, para a publicação do caso e das fotografias ou para a divulgação do vídeo no site do News of the World - tudo isso em escala massiva".

De acordo com Eady, Mosley poderia esperar privacidade em suas "atividades sexuais, apesar de pouco convencionais".

Interesses

Mosley estava buscando que a sentença, além de indenizá-lo, também punisse o jornal por sua conduta. Ele argumentou que sua vida foi devastada pela reportagem publicada pelo News of the World e pelo vídeo divulgado no website.

No entanto, a decisão judicial foi de apenas compensar Mosley pelos danos causados pelas reportagens.

No tribunal, o chefão da F1 disse que a exposição pública havia sido "totalmente devastadora" também para sua esposa, de 48 anos, e que não conseguia pensar em "nada mais humilhante ou indigno" para seus dois filhos.

O editor do News of the World, Colin Myler, afirmou que acreditava que a história era um caso de "interesse público legítimo" e que havia sido publicada com legitimidade.

"Sentimos que o que vimos e testemunhamos era, com ponderação, uma interpretação razoável do jogo de papéis do Nazismo", afirmou Myler.

Mosley, de 68 anos, é filho de um líder fascista britânico da década de 30, Oswald Mosley.

Ele é o presidente da FIA desde 1993 e seu atual mandato de quatro anos está previsto pra terminar em outubro de 2009.

Fonte: BBC Brasil/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2008/07/24/chefao_da_f1_ganha_indenizacao_de_tabloide_ingles_1467318.html

terça-feira, 22 de julho de 2008

Berlim 1936: A máscara do nazismo

Histórico. Com a Europa mergulhada nos fascismos, Hitler entendeu os Jogos Olímpicos como o momento ideal para a afirmação da superioridade ariana. Mas, na pista, um afro-americano chamado Jesse Owens deu ao mundo a maior prova da igualdade racial

Alemanha dominou no ponto de vista desportivo, mas sofreu alguns 'amargos de boca'

Os cavalos negros da guerra marchavam já imparáveis no vigor do nazismo, a três anos da eclosão da II Guerra Mundial. Adolf Hitler já não era um mero cabo do exército bávaro, mas o chanceler eleito, autoproclamado Führer. O Mein Kampf, livro que escrevera anos antes na prisão, era agora a "bíblia" do nazismo. E, um ano antes dos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, a temível Gestapo, sob a chefia do general Himmler, braço-direito de Adolf Hitler, já espalhava o terror na Alemanha, no estrito cumprimento das Leis de Nuremberga, nas quais se impunha a xenofobia e o anti-semitismo como leis da nação. Com o "acto" de Nuremberga, os judeus perdiam por decreto todos e quaisquer direitos de cidadania. Adivinhava-se o que aí vinha. Ou talvez não. Em Portugal, havia Estado Novo, ainda não havia PIDE, mas havia partido único, Fátima, Família e Futebol.

Em Espanha eclodia a guerra civil, que deixaria para trás mais de um milhão de mortos, quando em 1939 se encontrou o caminho da paz. Em 1935, morre Fernando Pessoa, o escritor português com maior número de heterónimos. A Europa caminhava para dias tempestuosos. No continente americano, Hollywood florescia. Os Estados Unidos rompiam com a crise em que estavam mergulhados e impunham-se de novo ao mundo como potência, ainda que a antiga URSS gozasse de grande popularidade, depois da "Noite das Facas Longas" no Partido Nacional Socialista, dois antes destas olimpíadas de mascarada.

Os Jogos Olímpicos de Berlim contaram com todo o apoio do Führer em pessoa, que estava disposto a investir mundos e fundos ilimitados. Foi isso mesmo que aconteceu - como nunca tinha acontecido na organização de uns Jogos Olímpicos - para que essas Olimpíadas se transformassem numa demonstração do poderio "magnânimo" do nazismo, assim como da "superioridade" da raça ariana através das suas qualidades atléticas.

Para mais, a preparação dos atletas germânicos foi sem igual. Hitler mandou preparar instalações especiais de treino, na Floresta Negra, para os participantes olímpicos apurarem a sua forma, não se lhes exigindo menos que a vitória.

É claro que a Alemanha havia de vencer a maior parte das medalhas. Mas a verdade é que Hitler teve de engolir um "sapo" rapidíssimo, que se recusou a fazer a saudação nazi. O norte-americano Jesse Owens havia de deitar por terra todas as teses do nacional-socialismo e a teoria da superioridade do homem ariano. Jesse Owens era afro-americano e arrancou o ouro, brilhando no pódio do nazismo, para desespero de Adolf Hitler e perante uma Alemanha boquiaberta. Apesar de a máquina de propaganda nazista ter feito de tudo para que os feitos de Jesse Owens passassem ao lado dos Jogos Olímpicos, a verdade é que estes ficaram na História exactamente por isso. Jesse Owens foi o príncipe negro dos jogos de 1936, conquistando quatro medalhas de ouro e estabelecendo nada menos que quatro recordes olímpicos no atletismo - modalidade rainha dos Jogos Olímpicos - para acentuar a humilhação que impôs ao nazismo e ao seu mestre de obra.

Na História das Olimpíadas fica também a inauguração de três modalidades, que ainda hoje são olímpicas: o basquetebol, o andebol (com onze jogadores) e a canoagem. E foi também em Berlim que se fez a primeira transmissão televisiva dos Jogos Olímpicos, embora ainda a título experimental.

Portanto, nem tudo foi mau nesses Jogos, que em imponência não tiveram igual, numa homenagem ao complexo de superioridade que vigorava na Alemanha. Não foi apenas Jesse Owens a disferir contrariedade ao Führer. Na faustosa cerimónia de abertura, toda a comitiva britânica fez questão de manifestar a sua oposição ao nazismo, num prelúdio do que havia de ditar a História próxima. Perante um mar de suásticas, todos os atletas, assim como os restantes elementos da delegação britânica, se recusaram terminantemente a fazer a saudação, não se mostrando sequer perturbados pela "indisposição" que Adolf Hitler fez questão de demonstrar.

Luís Pedro Cabral
Fonte: Diário de Notícias(Portugal, 19.07.2008)
http://dn.sapo.pt/2008/07/19/dnsport/berlim_1936_a_mascara_nazismo.html

Crônica racista em revista de esquerda sobre filho de Sarkozy, gera polêmica na França

Paris, 19 jul (EFE) - Uma organização contra o anti-semitismo se somou hoje à polêmica na imprensa em torno de uma crônica de um chargista da revista satírica "Charlie Hebdo", Siné, demitido por se recusar a pedir desculpas a Jean Sarkozy, o filho mais velho do presidente francês, Nicolas Sarkozy.

Em uma crônica publicada no dia 2, Siné escreveu que Jean Sarkozy "acaba de declarar que quer se converter ao judaísmo antes de se casar com a noiva, judia, e herdeira dos fundadores de (a cadeia de distribuição) Darty. Chegará longe".

Diante da recusa de Siné em se desculpar perante a família Darty e diante de Jean, protagonista de uma ascensão política fulgurante no histórico reduto eleitoral do pai perto de Paris, o diretor da "Charlie Hebdo", Philippe Val, demitiu o chargista no início da semana.

Val afirmou que as palavras de Siné sobre Jean e sua noiva não só propagavam "o rumor falso" da conversão do jovem ao judaísmo, mas, sobretudo, "podiam ser interpretadas" como o estabelecimento de uma relação entre "conversão ao judaísmo e êxito social", algo "não aceitável nem defensável perante um tribunal".

Em comunicado divulgado hoje, a Liga Internacional contra o Racismo e o Anti-semitismo defendeu a decisão de Val de "sancionar as palavras indignas" de Siné sobre o jovem Sarkozy.

"As alegações de tráfico de influência e de cinismo" e a "sórdida conexão" entre o dinheiro e os judeus pertencem aos "tempos mais miseráveis do anti-semitismo dos séculos XIX e XX", afirmou a entidade, que ameaçou recorrer aos tribunais.

Quem já decidiu entrar com uma ação por difamação foi o próprio Siné, segundo seu advogado.

Ele entrou com um processo contra um jornalista da revista "Le Nouvel Observateur", que dedicou um artigo ao assunto.

Além disso, processará "todos os que, ao chamar injustamente Siné de 'anti-semita' e 'porco', provocaram sua demissão" e "arruinaram o compromisso de toda uma vida em favor da tolerância, a liberdade de expressão e a igualdade entre todos os usuários do planeta Terra", indicou o advogado.

O próprio Siné disse há poucos dias à imprensa local: "Reprovo Jean Sarkozy por se converter por oportunismo. Se tivesse se convertido à religião muçulmana para se casar com a filha de um emir, seria igual. E igual também se fosse a filha de um católico", disse.

Crônica sobre filho de Sarkozy gera polêmica na França
Fonte: EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL652314-5602,00-CRONICA+SOBRE+FILHO+DE+SARKOZY+GERA+POLEMICA+NA+FRANCA.html

domingo, 20 de julho de 2008

São os "Revisionistas" negadores do Holocausto? - parte 1

Índice

A pergunta
A resposta
Intentos de se criar confusão:
Desvios face outros temas
A negación é o mesmo que a revisão
Intentos de se resolver a contradição por meio do diálogo:
Greg Raven
Outros


A Pergunta

Vamos direto ao que queremos dizer. É certo que aos "revisionistas" não lhes é apreciável que lhes chamem de "negadores do Holocausto".

A pergunta desta página web é: este é o termo é correto?

Alguém poderia se perguntar para que precisamos do termo "negador". Por que não lhes chamar como eles querem que lhes chamem?
(Frank Miele, entre outras personas, apresenta esta postura).

A resposta é que o termo "revisionista" cria confusão. O revisionismo histórico é um processo honesto e correto que ocorre a todo momento. Qualquer trabalho que examine uma faceta bem conhecida da História e apresente conclusões radicalmente novas pode ser considerado história revisionista. Alguns trabalhos são mais revisionistas que outros.

Contudo, o chamado "revisionismo do Holocausto" não tem nada a ver com a História; não é honrado. Chamar seus trabahos de "história revisionista" é como nomear o engano do homem de Piltdown de "ciência revisionista".

Não é História. É uma fraude.

A Resposta

Para ser um negador do Holocausto, há que negar os fatos que o termo "Holocausto" implica no uso que se costuma dar. Examinemos a definição da palavra a que deu pela primeira vez Greg Raven, do IHR.

O Sr. Raven escreveu em 1994:

Definição - Para os objetivos desta discussão, uso uma definição muito geral da palavra Holocausto, que é

o Número - o assassinato de seis milhões de judeus

o Plano - como uma política de estados dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial,

o Método - sendo assassinadas muitas das vítimas em câmaras de gás.

Portanto, alguém que negue estas coisas seria um negador do Holocausto, não?

O Sr. Raven explicou depois seus pontos de vista:

Negação - Os revisionistas DIZEM

o Plano - que não houve nenhum programa alemão dirigido ao extermínio dos judeus da Europa,

o Método - que numerosos testemunhos sobre assassinatos massivos em "câmaras de gás" são falsos,

o Número - e que as estimativas de um total de seis milhões de judeus mortos durante a guerra é um exageração irresponsável.

Surpreendentemente, o Sr. Raven apresentou pela primeira vez estes pontos de vista juntos no mesmo artigo, precedidos da frase "Não nego que o Holocausto ocorreu".[!]

Esta foi em sua mensagem "de desafio", sua primeira grande entrada na Internet, em 20 de abril de 1994. Pode-se ver o contexto completo no Nizkor, no arquivo completo dos envios a grupos de notícias do Sr. Raven em abril de 1994; mas aqui há um extrato sem editar:

Definição - Em primeiro lugar, não nego que o Holocausto ocorreu. Deixe-me repetir. Não nego que o Holocausto ocorreu. Para esta discussão, estou emplegando uma definição muito geral da palavra "Holocausto", que é "o assassinato de seis milhões de judeus, como uma política de estado dos nazis durante a Segunda Guerra Mundial, sendo assassinados muitos deles em câmaras de gás". Se alguém tiver alguma objeção a esta definição, convido-lhe a que apresente sua versão.

Negação - Em segundo lugar, isto é o que os revisionistas do Holocausto dizem REALMENTE: os judeus da Europa sofreram uma grande tragédia antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Muitos foram maltratados, e muitos morreram em horríveis condições. Contudo, a) não há provas de que os nazis tiveram um plano ou política de extermínio dos judeus, b) não há provas de que se empregaram câmaras de gás para assassinar judeus, e c) a cifra de seis milhões de vítimas judias é uma exageração.

Estas não são umas frases isoladas que tenham aparecido uma só vez e que o Nizkor tenha custado encontrar. É simplemente a forma com que Greg Raven expõe sua postura. Por exemplo, quando foi entrevistado para um artigo do L.A. Times que foi publicado em 28 de outubro de 1996, o Sr. Raven repitiu o mesmo quase com as mesmas palavras:
Negação - "Não negamos que o Holocausto ocorreu", disse. "É uma mentira difundida por nossos inimigos. O que dizemos é que o que se conta do Holocausto tem sido exagerado.

o Plano - Acreditamos que não houve nenhum plano nazi de extermínio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

o Método - Também acreditamos que os nazis não construíram câmaras de gás,

o Número - e também acreditamos que dizer que houve 6 milhões de vítimas judias [no Holocausto] é uma exageração irresponsável".

(Este artigo estava disponível na Internet em www.latimes.com , mas o tem retirado de seu arquivo).

Em março de 1992, num fórum de discussão da rede GEnie, o Sr. Raven explicou que o Holocausto era um "mito" e uma "invenção". Mais ainda, disse que não havia provas de que "ocorrera algo que se pudesse considerar um Holocausto":

Negação - Categoria 15, Tema 4
Mensagem 20, sexta-feira 13 de março de 1992
G.RAVEN às 00:36 EST

A M.Feins, O Holocausto É um invento, e não é um invento que se tenha sustentado em um só momento, e sim qe ele tenha durado quase 50 anos. E esta afirmação não é uma mera possibilidade, é um fato. Não houve câmaras de gás!

Negação - Categoria 15, Tema 4
Mensagem 33, sexta-feita 13 de março de 1992
G.RAVEN às 03:02 EST

Para aqueles que perguntam o que quero dizer quando digo que duvido do mito do Holocausto, direi que em meu estudo de que tanto as fontes exterminacionistas como as revisionistas, NÃO é encontrado documentos, NEM fotos, NEM confissões, NEM transcrições de julgamentos, NEM provas forenses, NEM declarações de testemunhas oculares que nem sequer se aproximem a algo parecido a um Holocausto.
[...] O fato é que NÃO há provas que apóiem que o mito do Holocausto não é outra coisa que Outro Grande Invento. [...] Se alguém quer receber informação sobre o "Holoconto" [N.T.: tradução de Holohoax" jogo de palavras entre "Holocaust", Holocausto, e "hoax", invenção] desde o meu ponto de vista, tenho um número limitado de folhetos que me agradaria enviar.


(As palavras em maiúsculas foram escritas assim pelo Sr. Raven; as em negrito são do Nizkor).

O Sr. Raven seguiu empregando repetidamente o termo "Holoconto/Holoinvento".

Este padrão é repetido por quase todos os negadores do Holocausto. No Zündelsite de Ernst Zündel, por exemplo, aparecem uma vez ou outra estas afirmações. Na continuação, três exemplos escolhidos aleatoriamente:
Negação;

o Plano - A política estatal oficial perante os judeus no Terceiro Reich era a emigração, não o extermínio.

o Método - Não houve uma só câmara de gás nos campos de concentração alemães construída expressamente para assassinar seres humanos.

o Número - Que provas há de que os nazis assassinaram seis milhões de pessoas? Nenhuma.

Ou senão, pode-se ler sua direta declaração sobre o assunto:

Negação;
Não há nenhuma prova de que o Holocausto, tal e qual é retratado pelo Lobby de Promoção do Holocausto e a altamente politizada indústria cinematográfica de Hollywood, ocorrera.


Bradley R. Smith disse que deseja levar adiante um "debate aberto", e com freqüência aparenta não tomar partido, dizendo que ele só quer permitir aos "revisionistas" que contem sua história. Mas no que ele crê? Ele explica em "Aquilo em que acredito, no que não acredito, e por quê":
Negação - ...Não creio em absoluto que o Estado Alemão

o Plano - levara a cabo um plano para exterminar a todos os judeus

o Método - ou que usara "câmaras de gás" para cometer assassinatos em massa.

E assim é como define a "teoria revisionista" numa mensagem a um grupo de notícias(discussão)em setembro de 1994:

Negação - ...está decidido enviar uma definição bastante conceituada (entre os revisionistas) da teoria revisionista. Provavelmente já tenha sido enviada em algum outro momento. Resumindo:

o Plano - Não houve nenhum plano, nem pressuposto.

o Método - nem arma (quero dizer, não houve câmaras de gás empregadas com fins homicidas), nem vítima (quero dizer, nenhuma vítima identificada como gaseada numa câmara de gás em nenhum dos meia dúzia dos chamados "campos da morte").


O Instituto Adelaide da Austrália explica o significado do Holocausto em sua página principal. (Em princípios de 1997, transportaram parte deste texto para outra parte; ver também sua página sobre o Instituto).

Definição - As pessoas que dizem que durante a Segunda Guerra Mundial os alemães gasearam a seis milhões de judeus estão apresentando três acusações contra os alemães:

o Plano - 1. Os alemães planejaram a construção de enormes edifícios de assassinato químico;

o Método - 2. Os alemães construíram estes enormes edificios de assassinato químico pela metade da Segunda Guerra Mundial; e 3. Os alemães usaram estes enormes edifícios de assassinato

o Número - para exterminar milhões de judeus.


Uns poucos parágragos mais adiante, depois de dizer que "Não somos 'negadores do Holocausto'", escrevem:

Negação - Proclamamos com orgulho que até este momento não se apresentou nenhuma só prova que demonstre

o Número - que milhões de pessoas foram assassinadas

o Método - em câmaras de gás construídas com fins homicidas

o Plano - Que provas apóiam estas afirmações? Em primeiro lugar, onde estão os planos deste projeto? [...] Até o momento, não foi ofertado ao mundo nenhuma prova.


Sua seguinte frase cita Robert Faurisson, que se refere aos buracos por onde passava o Zyklon-B nas câmaras de gás:

Robert Faurisson o resume muito bem: "Não há buracos, não há Holocausto!"


O diretor do Instituto, Frederick Töben, repetiu isto duas vezes em correspondência referindo-se ao Holocausto em 1996.

E, como temos presenciado, Greg Raven não tem nenhum obstáculo em falar do "Holoinvento" e do "mito do Holocausto".

E não seria "correto" chamar a isto de "negação do Holocausto"...

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/features/revision-or-denial/index-sp.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 15 de julho de 2008

Caçada a nazista no Chile: Aribert Heim

Doutor Morte» poderá estar vivo e a viver no Chile
Aribert Heim é o responsável pelo assassinato de centenas de pessoas no campo de concentração de Mauthausen

O «Doutor Morte», Aribert Heim, o nazi mais procurado, pode estar refugiado no sul do Chile, de acordo com o Centro Simón Wiesenthal de Jerusalém, dedicado a documentar as vítimas do Holocausto, refere o site El País.

O director do Centro Simón, Efraim Zuroff, chegou a Santiago do Chile para coordenar a busca deste nazi responsável pelo assassinato de centenas de pessoas no campo de concentração de Mauthausen. De acordo com Zuroff, este é o nazi mais sanguinário de sempre.

«É o número um porque matou pessoalmente centenas de pessoas. Não há dúvidas de que é culpado. Isto está perfeitamente documentado. Além disso, torturou as suas vítimas antes de as matar e usou partes do corpo destas como objectos de decoração no seu escritório», acrescentou.

A investigação já dura há cinco anos

A procura de Heim, que hoje terá 94 anos, começou em Puerto Montt, a 1044 km a sul do Chile, cidade onde, ao que parece, vive a sua filha, Waltraud Boser, o que leva a crer que o nazi estivesse refugiado naquele lugar.

Para além da investigação no sul do Chile também existe uma delegação que procura o criminoso na Patagónia Argentina. A viagem ao Chile marca a operação «Última Oportunidade», lançada, faz agora cinco anos, pela organização judia que procura deter os últimos nazis que ainda estão vivos.

Um médico sem escrúpulos

Heim, nasceu na Áustria, num dos campos de extreminio de Buchenwald onde trabalhou como médico. Depois da guerra foi detido pelas tropas dos EUA, não foi submetido a julgamento e foi mais tarde colocado em liberdade.

Pouco depois da extradição para a Alemanha, começou a exercer a profissão como médico ginecologista. Desde 1962 que se perdeu o rasto ao criminoso. Durante anos têm-se realizado várias tentativas para localizar o «Doutor Morte» apesar de a família dizer que este morreu em 1993.

Heim pode estar vivo

Em 2004 a polícia alemã colocou em marcha um dispositivo especial para encontrar o seu paradeiro depois de descobrir o seu nome num banco em Berlim. Os investigadores acreditam que a tese de que Heim está vivo se sustenta nessa conta bancária que contém 1,2 milhões de euros que nunca foi reclamada pelos filhos.

Zuroff acredita que Heim está vivo: «Todos os dias rezamos pela saúde dos criminosos nazis para os podermos levar à justiça». Se for encontrado será imediatamente requisitada a sua extradição para a Alemanha.

Fonte: Portugal Diário
http://diario.iol.pt/internacional/nazi-chile-criminoso-alemanha-doutor-morte-judeus/970289-4073.html

Líder do Motorhead pode responder a processo por usar quepe nazista

ALEMENHA - O líder do Motorhead, o baixista e vocalista Lemmy Kilminster, pode ter que responder a um processo judicial na Alemanha por usar um quepe com emblema nazista, durante um festival na cidade germânica de Aurich, no início deste mês.

Na Alemanha, o uso de qualquer tipo de adereço que faça referência ao nazismo é ilegal.

Lemmy, que há tempos coleciona parafernalia nazista, sempre diz que não é simpatizante do nazismo e que seu interesse pelos uniformes e adereços do regime é meramente estético

Fonte: Terra/JB Online
http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/07/15/e150715768.html

Médicos assumem culpa por esterilizações no nazismo

Os especialistas em genética humana assumiram responsabilidade no programa de esterilizações forçadas e eutanásia realizado durante o nazismo em incapacitados e pessoas com doenças hereditárias.

A Sociedade Alemã de Genética Humana reconheceu hoje o "grave erro" do coletivo durante o nazismo pela denominada Lei para a Prevenção de Doenças Hereditárias, emitida em 14 de julho de 1933, meses após a chegada de Hitler ao poder.

Os médicos participaram, então, tanto da elaboração da lei como da posterior aplicação, o que levou à esterilização forçosa de 400 mil pessoas, muitas das quais foram, depois, vítimas do programa da eutanásia.

"O proceder dos geneticistas então é incompreensível e injustificável com os conhecimentos que na época se tinha sobre a genética e a biologia", apontou a sociedade, em comunicado emitido hoje, na abertura do Congresso Internacional de Genética em Berlim.

A lei emitida durante o nazismo pretendia impedir, através da esterilização, que tivessem filhos pessoas teoricamente portadoras de doenças hereditárias, consideração na qual entravam tanto epilépticos quanto incapacitados psíquicos.

O programa de esterilização à força foi a ante-sala do da eutanásia em massa, que entrou em vigor pouco depois e do qual 200 mil pessoas foram vítimas.

Fonte: EFE
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3007678-EI8142,00.html

domingo, 13 de julho de 2008

Deutsches Ahnenerbe e o racismo "esotérico" nazista

A seguir a tradução de um texto do Shoah Resource Center, que consta como link do site do Yad Vashem(Museu do Holocausto em Israel) sobre uma sociedade racista do Terceiro Reich encabeçada pelo chefe das SS, Heinrich Himmler.

Os ditos "revisionistas"(ou negadores)do Holocausto, que são formados por grupos de extrema-direita e outros grupos antissemitas radicais, divulgam impunimente no site de relacionamentos da Google, Orkut, versões falsas negando o caráter racista da tal sociedade Ahnenerbe, fora diversos materiais de caráter antissemita(racista), negacionista(do Holocausto)e de apologia ao nazismo. Abaixo segue o texto sobre todo o retrospecto racista da tal sociedade e de sua participação em experimentos "médicos" sádicos em vítimas(cobaias humanas)no campo de Dachau.

A "Deutsches Ahnenerbe"

(Studiengesellschaft fuer Geistesurgeschichte Deutsches Ahnenerbe), a Sociedade para Pesquisa das Raízes Espirutuais da Herança Ancestral da Alemanha.

A Ahnenerbe foi fundada em Berlim em 1 de Julho de 1935 pelo chefe das SS Heinrich Himmler, pelo ideólogo nazista Richard Walther Darre e pelo prof. de Alemão-Holandês Herman Wirth.

O propósito da sociedade era o de estabelecer suporte ao culto ao "Germandom" de Wirth ao se estudar aspectos da espiritualidade germânica e sua herança histórica. Entretanto, desde o início, a sociedade se aprofundou em toda a sorte de objetos esotéticos que não têm muita ou qualquer base científica, tais como a pesquisa das letras do antigo alfabeto germânico e da interpretação de símbolos germânicos, como a Suástica.

Himmler ocupou o cargo da Ahnenerbe em 1937. Todos os novos projetos foram iniciados, incluindo a listagem de "Cientistas judeus ou cientistas ligados a judeus por casamento", e o confisco de bibliotecas judaicas. Era totalmente difícil de dizer quais os projetos que tinham motivação científica, quais os que tinham motivação política, e quais eram absolutamente ridículos.

Em 1942 a Ahnenerbe começou financiando alguns experimentos médicos pseudo-científicos que eram realizados em vítimas nos campos de concentração. Entre esses experimentos, incluíam-se congelamento e experimentos em alta altitude conduzidos pelo Dr. Sigmund Rascher em Dachau, e o extermínio de Judeus e Ciganos de Auschwitz de modo que seus crânios pudessem ser estudados pelo Dr. August Hirt como exemplos do "protótipo sub-humano."

Fonte: Shoah Resource Center(Yad Vashem)
http://www1.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%205718.pdf
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 12 de julho de 2008

Os carrascos nazistas no Brasil

Os carrascos no Brasil

Com a ajuda de autoridades, criminosos de guerra acharam refúgio no país durante o governo de Dutra

A derrota de 1945 encheu as ruas alemãs de "deslocados de guerra", pessoas que haviam perdido tudo e tentavam recomeçar a vida em outro país. O Conselho de Controle da Alemanha, criado por Estados Unidos, Inglaterra, França e URSS, decidia quem podia e quem não podia sair. Os vencedores exigiam que os candidatos a emigrar passassem pela desnazificação - investigação para determinar se haviam cooperado com o Reich. O objetivo era impedir que criminosos de guerra escapassem impunes. Apesar disso, grandes carrascos do nazismo, como Gustav Wagner, Josef Mengele e Paul Stangl, vieram parar no Brasil.

Como isso foi possível é o que a professora Maria Luiza Tucci Carneiro, da Universidade de São Paulo, está começando a desvendar. No meio dos mais de 2 mil documentos que estuda, Maria Luiza achou vários que mostram como autoridades brasileiras aconselhavam os interessados no visto de saída a falsificar endereço ou profissão para ludibriar os fiscais aliados.

Há indícios de que esses nazistas contavam com a boa vontade do Itamaraty. A professora levanta a hipótese de que o próprio presidente Eurico Gaspar Dutra sabia do que se passava. "Havia na época uma circular secreta, datada de 1947, que restringia a entrada de judeus no Brasil", lembra. "Em contrapartida, existia uma missão diplomática em Berlim que não se acanhava em ludibriar a lei para facilitar o ingresso de funcionários do III Reich no país", acusa. A hipótese é endossada por outros estudos. "Tudo indica que houve facilitação da entrada de empresários nazistas no Brasil por iniciativa pessoal de Dutra", diz Marionilde Brephol Magalhães, autora do livro Pangermanismo e Nazismo - A Trajetória Alemã Rumo ao Brasil. "Como ministro da Guerra de Getúlio Vargas, Dutra já mostrava simpatia pelo nazi-fascismo", diz.

Estima-se que 3 mil alemães tenham entrado no Brasil entre 1945 e 1950. Evidentemente, nem todos eram nazistas. Para separar o joio do trigo, Maria Luiza recorre a duas fontes: os arquivos do Itamaraty, em Brasília, e do Deops, em São Paulo. A idéia é reconstituir trajetórias individuais, como a de T.K. (a historiadora pede para que os nomes não sejam revelados), ex-agente da polícia nazista. Terminada a guerra, ele resolveu fugir da Alemanha.

Tentou primeiro a via clandestina - acabou preso em Sófia, Bulgária. Resolveu, então, seguir os meios legais. Foi à missão militar brasileira em Berlim - a embaixada não existia desde 1942, quando o Brasil declarou guerra à Alemanha - e solicitou visto. O arquivo do Itamaraty guarda a carta em que a missão militar pede instruções sobre T.K. informando que foi agente policial nazista. Embora não tenha sido achada a resposta do ministério, o nome de T.K. aparece numa lista de pessoas que obtiveram o visto brasileiro.

O coronel Aurélio de Lyra Tavares, depois membro da junta militar que governou o Brasil após a morte de Costa e Silva até a posse de Médici, era o chefe da missão militar em Berlim. Em telegrama de 1947, ele avisa o Itamaraty que oito nazistas embarcaram no navio Santarém. Lyra alega só ter sabido disso quando o navio já estava em alto-mar. Maria Luiza duvida. "Antes de deixar o porto, só poderiam embarcar no navio as pessoas que estivessem com os documentos em dia.

E só estava em dia quem não constasse das listas inglesas e americanas", diz. "Esse é mais um indício de que existia uma boa vontade do governo brasileiro para acolher essas pessoas." No mesmo ano de 1947, o general Anor Teixeira dos Santos, da missão militar brasileira, mandou telegrama ao Itamaraty sobre o alemão H.P.M., a quem a saída da Alemanha fora negada pelos aliados. O telegrama informa que H.P.M. fora incluído em lista de residentes na parte de Berlim controlada pelos ingleses e que sua liberação estava em negociação.

Um ano depois, o mesmo Teixeira dos Santos manda telegrama ao ministério brasileiro intercedendo por uma brasileira filha de alemães. O general informa que lhe pedira para falsificar o endereço para que a missão militar pleiteasse sua vinda ao Brasil.

O que ainda não se pode responder inteiramente é a razão pela qual o Brasil ajudava esses nazistas. Para o historiador argentino Leonardo Senkman, que publicou um estudo comparando Dutra e Perón, o presidente brasileiro achava que técnicos e cientistas nazistas poderiam colaborar na industrialização do país. Pela mesma porta pela qual passavam técnicos que muitas vezes não tinham colaborado diretamente com os crimes de guerra, entravam também os carrascos nazistas.

E eles só vieram depois que a tolerância dos brasileiros ficou conhecida. "Depois da guerra, o governo brasileiro não se mostrou disposto a caçar nazistas", explica Maria Luiza. "Eis por que eles nem se deram ao trabalho de mudar de nome, como faziam em outros países." Como Franz Stangl, comandante do campo de extermínio de Treblinka, na Polônia. Responsável pela morte de 900 mil judeus, Stangl chegou ao Brasil com a família na década de 50. Na maior parte dos 16 anos que viveu em São Paulo trabalhou como supervisor da linha de montagem da Volkswagen usando seu próprio nome, até ser descoberto, em 1967. Extraditado para a Alemanha, morreu na prisão um ano mais tarde.

Gustav Franz Wagner, comandante do campo de Sobibor, na Polônia, onde morreram 250 mil judeus, também nunca mudou de nome. Wagner recebeu a Cruz de Ferro por sua eficiência em matar prisioneiros. Depois de entrar no Brasil com passaporte suíço, foi morar em um pequeno sítio nos arredores de Atibaia (a 69 quilômetros de São Paulo). Condenado in absentia à prisão perpétua pelo Tribunal de Nuremberg, Wagner levava uma vida calma criando animais e cultivando hortaliças.

O homem alto e de olhos azuis, cujo hobby era pintar paisagens, traiu-se ao comparecer ao Deops de São Paulo em 1978 para desmentir notícia de que participara de uma festa em homenagem a Hitler. Na mesma hora foi detido e depois transferido para uma clínica psiquiátrica paulista. Após ser libertado, voltou ao sítio. Menos de dois anos depois, matou-se.

Josef Mengele, o Anjo da Morte, médico que fazia experiências com seres humanos nos campos de concentração, morreu tranqüilo no Brasil, no final da década de 70. Como ele, vários criminosos de guerra nazistas encontraram abrigo no Brasil. O estudo de Maria Luiza deve mostrar de que forma eles conseguiram entrar no país.

(Foto): Mengele, Hoss, Kramer, Museu do Holocausto(EUA)
Fonte: Revista Época(matéria: Ana Claudia Fonseca)
http://epoca.globo.com/edic/19980615/mundo1.htm

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Wladyslaw Bartoszewski - Figura histórica da Polônia

Figura histórica da Polônia agora também é a sua voz diplomática
Ele não parece um sobrevivente de Auschwitz ou ou combatente no levante de Varsóvia.

Wladyslaw Bartoszewski, ex-chanceler e hoje consultor do premiê, é isso e ainda mais.
NICOLAS KULISH
Do New York Times, em Gdansk

Uma presença inteligente e espirituosa, o cavalheiro alto e mais velho usando bengala não parece logo de cara um sobrevivente de Auschwitz, ou combatente no levante de Varsóvia, ou dissidente prisioneiro sob o comunismo.

Na verdade, Wladyslaw Bartoszewski é tudo isso e ainda mais. Ele ainda é o tipo de homem que, mesmo num dia atarefado, pára para conversar com as empregadas do hotel e certifica-se de fazê-las rir antes de retomar seu rumo.

*Wladyslaw Bartoszewski em Berlim em 19 de junho de 2008 (Foto: The New York Times)

O mundo não tem muitas probabilidades de produzir mais Wladyslaw Bartoszewski, e isso é provavelmente uma coisa boa, dados os eventos que ele atravessou e testemunhou desde muito novo. Mas enquanto sua vida parece ter sido forjada sob intenso sofrimento, isso nunca chegou a definir sua visão de mundo.

“Os otimistas e pessimistas têm vidas igualmente longas, mas os otimistas são consideravelmente mais felizes”, diz ele quando questionado sobre seu famoso bom humor.

Bartoszewski, 86, sustenta uma história pesadíssima com um toque de leveza. É um presente que permitiu a ele, numa idade em que sua geração já se aposentou ou morreu há tempos, ser um diplomata de sucesso pela Polônia, assim como uma fonte de autoridade moral.

“Não sei por quanto tempo mais viverei”, diz ele, bastante sincero numa entrevista. “Ninguém sabe. Posso dizer que meu plano é ajudar o governo pelo tanto que eu possa dizer que é necessário. Minha idéia é morrer em serviço, e não pela esclerose.”

Ele foi por duas vezes o ministro do Exterior de seu país e está trabalhando de novo como consultor do premiê, Donald Tusk.

Sua responsabilidade especial é por duas das mais complicadas relações de seu país, com a Alemanha e com Israel. Ele foi elogiado pelos dois países repetidamente por seu trabalho para melhorar os laços.

Mesmo assim ele permanece elegante e acessível em um grau impressionante. Ele usa sua história pessoal não como um bastão, mas como uma oportunidade para demonstrar seu carisma e compreensão.

“Estou mais ao lado das pessoas no meio do que dos extremistas,” diz ele. “A humanidade sofreu enormemente devido a ideologias extremistas, na Europa e por todo o mundo.”

E ele fez essa observação do alto de sua – infeliz - experiência. Nascido em Varsóvia em 1922, ele tinha apenas 17 anos quando participou na fracassada defesa de sua cidade natal quando os nazistas conquistaram a Polônia em 1939. Um ano depois, Bartoszewski estava entre muitos jovens católicos cercados e enviados a Auschwitz, e entre os poucos sortudos o suficiente para sobreviverem.

Libertado em 1941, foi trabalhar com a resistência. Ajudou a fundar a clandestina Zegota, ou Conselho de Apoio a Judeus, que oferecia dinheiro, esconderijos e identidades falsas para judeus poloneses tentando fugir do Holocausto. Tal assistência era punível com a morte sob a ocupação nazista. Em 1965, Bartoszewski foi nomeado um dos Justos Entre as Nações pelo Yad Vashem, o museu e memorial oficial de Israel sobre o Holocausto.

Depois da Guerra, a Polônia caiu na esfera soviética. Bartoszewski foi recompensado por seu trabalho para libertar seu país e impedir que outros cidadãos judeus fossem jogados novamente em prisões.

“Com 32 anos, eu havia passado oito em prisões e campos,” diz Bartoszewski.

Depois de sua libertação em 1954 – e no próximo ano reabilitado pelo regime – ele se tornou um jornalista de um jornal católico em Cracóvia, e posteriormente um professor na Universidade Católica e Lublin.

Ele novamente se viu envolvido em um movimento subversivo, desta vez uma rede de ensino chamada Universidade Voadora operando fora do sistema educacional sancionado oficialmente.

Quando o último líder comunista da Polônia, o Ggneral Wojciech Jaruzelski, declarou lei marcial em dezembro de 1981 como parte de um esforço para suprimir o movimento Solidariedade, Bartoszewski foi mais uma vez para a prisão, até sua soltura em abril seguinte.

Na época das eleições em 1989, que foram apenas parcialmente livres mas mesmo assim vistas como uma vitória do Solidariedade, Bartoszewski tinha 67, já passado da idade de se aposentar. Mas ele estava apenas começando, embarcando em sua nova carreira como diplomata — primeiro como embaixador na Áustria e depois como o ministro do exterior sob dois diferentes governos poloneses, em 1995 e novamente de 2000 a 2001.

Ele havia conseguido uma aposentadoria bem movimentada, escrevendo livros e participando de comissões, como o Conselho Internacional de Auschwitz, do qual é presidente. Mas o governo nacionalista do premiê Jaroslaw Kaczynski, e de seu irmão gêmeo, o atual presidente, Lech Kaczynski, o trouxe de volta à briga.

Ele se tornou um violento crítico e expressou-se contra eles antes das eleições em outubro passado. Mais tarde, o novo primeiro ministro ofereceu tornar Bartoszewski ministro do exterior novamente. Ele recusou em favor de seu ex-representante, Radek Sikorski, mas concordou em assumir um papel especial de consultoria.

“Decidi voltar apesar de minha idade por estar convencido de que algo poderia ser feito”, diz ele.

Fale com especialistas e observadores nas relações Polônia-Alemanha, e seu nome é invariavelmente o primeiro a aparecer nas discussões sobre o degelo no relacionamento surgido desde que o novo governo assumiu o posto no ano passado.

“É uma política pessoal completamente nova”, diz Gesine Schwan, seu colega e coordenador de relações alemãs-polonesas pelo governo alemão, e agora candidato à presidência pelos social-democratas.

Bartoszewski não mostra sinais de desacelerar, dizendo que planeja publicar cinco livros nos próximos anos, um dos quais contendo 100 biografias curtas de pessoas famosas que ele conheceu. Ele diz que seus muitos projetos o motivam a continuar trabalhando enquanto pode.

“O que mais alguém poderia pedir?” diz ele, antes de pegar sua bengala e se dirigir a uma reunião com o embaixador polonês na Alemanha e, depois nesta mesma tarde, com o chanceler da Alemanha, a própria Angela Merkel.

Fonte: New York Times/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL634368-5602,00-FIGURA+HISTORICA+DA+POLONIA+AGORA+TAMBEM+E+A+SUA+VOZ+DIPLOMATICA.html

O centenário de Alexandre Altberg, o Niemeyer alemão

No Brasil desde 1931, ele assina algumas das primeiras construções modernistas do Rio e é tema de pesquisas

Roberta Pennafort

Há sete meses, o Brasil comemorou o centenário de seu maior arquiteto, Oscar Niemeyer. Uma semana atrás, outro nome importante do modernismo brasileiro também completou cem anos: Alexandre Altberg, alemão que chegou ao País em 1931 e assina algumas das primeiras construções do estilo no Rio. Bem de saúde, ele acha graça do súbito interesse por sua trajetória: virou tema de documentário e estudos acadêmicos.

Quando Altberg deu vida a seus trabalhos mais importantes, de 1932 a 1936, Niemeyer - de quem lembra como "o rapazinho que trabalhava no escritório de Lúcio Costa" - ainda se iniciava na profissão. Com diploma de engenheiro-arquiteto, o alemão, que havia passado pelas salas de aula da lendária Bauhaus e trabalhara com Arthur Korn, um dos nomes de maior destaque da vanguarda de Berlim, nunca teve muito contato com ele.

No Rio, onde montou o 1º Salão de Arquitetura Tropical, tinha como amigos o poeta Manuel Bandeira, os pintores Lasar Segall e Guignard e o arquiteto Affonso Eduardo Reidy (construtor do Museu de Arte Moderna da cidade). A vinda ao Brasil com a família se deu pelo fato de serem judeus numa Alemanha em plena ascensão nazista. Os pais vieram antes e se instalaram em Ipanema, então pouco povoada.

Foi no bairro e em seus arredores (Leblon, Gávea) que Altberg construiu seus prédios e casas. Alguns foram demolidos no processo de verticalização da antiga capital federal. Os oito que permanecem de pé estão descaracterizados, como o da esquina das Ruas Humberto de Campos e Joana Angélica e os três prédios geminados da Paul Redfern, em Ipanema.

DOCUMENTÁRIO

As histórias de sua vida estão sendo registradas pela jovem cineasta alemã Inken Sarah Mischke, que se encantou com ele há dois anos e, nas três vezes em que foi a Marília (SP), onde Altberg passou a morar após se casar com a atual mulher, encontrou um senhor lúcido e bem humorado. Filmou também na Alemanha."Essa é uma história que precisa ser conhecida por alemães e brasileiros. Quero mostrar não só um retrato dele, mas o momento da chegada da modernidade ao Brasil." Antes dela, o arquiteto Pedro Moreira já se interessara por Altberg. Para a pesquisa de seu doutorado em História da Arquitetura, levantou a biografia dele e de outro arquiteto estrangeiro que viveu os primeiros momentos do modernismo brasileiro, o russo Gregori Warchavchic - foi dele a primeira casa no estilo da cidade, em Copacabana, em 1930.

Um ensaio seu sobre o até então desconhecido Altberg foi publicado num portal de arquitetura e o "revelou" a estudiosos. Moreira e o alemão começaram a se corresponder em 2003. Detalhe: o alemão usa sempre computador. Surpreendeu-se com sua memória prodigiosa. "É uma pessoa em paz com a vida", descreve o arquiteto, que está em Berlim por conta do doutorado e planeja dar início a um pedido de tombamento dos prédios. Além de seu trabalho, mais dois que contemplam Altberg estão sendo desenvolvidos: um, de um doutorando alemão que estuda em Viena; outro, de um estudante da Universidade Federal de Minas Gerais.

PRANCHETA

Ao contrário de Niemeyer, que se dedica ao ofício até hoje, o alemão largou a prancheta nos anos 40. E sofre com a deformação de seus projetos. "Isso me dói. É como se a gente tivesse perdido um parente."

Por outro lado, parece não dar importância ao fato de seu nome ter permanecido à margem da historiografia oficial - embora tenha tido presença marcante nos primeiros anos do modernismo brasileiro, como editor da Base - Revista de Arte, Técnica e Pensamento, considerada revolucionária para as artes gráficas no País e cujo artigo de abertura foi assinado por Mário de Andrade.

Para Moreira, isso se deu por sua condição num país que, em 1937, entraria na ditadura do Estado Novo. "Altberg chegou ao Rio num período crítico da história. O Brasil começava a ter de se posicionar contra a Alemanha, e os alemães eram perseguidos. Além disso, o anti-semitismo era algo muito enraizado", explica.

Fonte: Estadão
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080706/not_imp201328,0.php

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