quarta-feira, 13 de março de 2013

Ewald-Heinrich von Kleist - Morre último protagonista de atentado frustrado contra Hitler em 1944

Morre último protagonista de atentado frustrado contra Hitler em 1944

Von Kleist havia sido recrutado pessoalmente
para cometer o atentado Foto: AP
Ewald Heinrich von Kleist, o último protagonista sobrevivente do atentado frustrado contra contra Adolf Hitler em 1944, cometido por oficiais da Wehrmacht em Rastenburg (na atual Polônia), morreu aos 90 anos, informa o jornal Die Welt. Von Kleist faleceu na sexta-feira passada, segundo o jornal, que cita parentes do ex-oficial.

Em 20 de julho de 1944, oficiais da Wehrmacht, incluindo o carismático conde Claus Schenk von Stauffenberg, à frente de uma rede com contatos na resistência civil, integrada por políticos conservadores e de esquerda, tentaram eliminar Hitler em Rastenburg, na Prússia Oriental, para tentar derrubar o regime nazista.

Von Kleist havia sido recrutado pessoalmente por Von Stauffenberg para cometer o atentado, o mais espetacular de todos os executados contra o Führer, que sobreviveu a todos os ataques.

Hitler ficou ferido na explosão e os principais autores do atentado planejado por von Stauffenberg, o general Friedrich Olbricht, o coronel Albrecht Ritter Mertz von Quirnheim e o tenente Werner von Haeften, foram detidos pouco depois e executados.

Ewald-Heinrich von Kleist foi detido no Endlerblock de Berlim, o edifício no qual foi planejado o atentando e que atualmente é um anexo do ministério da Defesa, antes de ser enviado ao campo de concentração de Ravensbrück, na Alemanha.

Fonte: AFP/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/morre-ultimo-protagonista-de-atentado-frustrado-contra-hitler-em-1944,4b11ca25fde5d310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

terça-feira, 12 de março de 2013

Ciganos em Auschwitz - Parte 4 (Holocausto)

Gannon, você acha que foi bom o que seus heróis fizeram com os ciganos em Auschwitz? Gaseá-los, e esmagar as cabeças das crianças ciganas que tentavam se esconder?
Citação de "Auschwitz: A Report on the Proceedings Against Robert Karl Ludwig Mulka and Others Before the Court at Frankfurt" (Auschwitz: um relatório sobre o processo contra Robert Karl Ludwig Mulka e outros antes do Tribunal de Frankfurt), por Bernd Naumann, 1966, publicado por Frederick A. Praeger, NY.

[O livro resume os acontecimentos do julgamento de 22 homens da SS que serviram no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. Como a maioria dos julgamentos de homens da SS que serviram nos campos de extermínio, este foi realizado pelo sistema jurídico alemão, de acordo com o código penal alemão de 1871].

Do testemunho de Maximilian Sternol (p. 114):
... foi a liquidação do composto cigano. Cenas terríveis aconteceram. Mulheres e crianças estavam de joelhos na frente de Mengele e Boger chorando, 'Tenham piedade, tenham piedade de nós ". Nada disso ajudou. Eles foram espancados brutalmente, pisoteados, e empurrados para os caminhões. Foi uma noite terrível, terrível".

"Será que também atingiu Boger-los?".

"Sim, ele os matou. Eles desmaiaram e morreram e depois foram lançados nos caminhões. Toda a seção política estava lá. Sim, eu vi Baretzki e Broad".
Do testemunho de Josef Piwko (p. 123):
"Isso aconteceu cerca de três a quatro semanas após os eventos no campo Tcheco [Theresienstat]. As crianças freqüentemente vinham para o arame farpado e gostaríamos de lhes dar pequenas coisas. Então, um dia, os caminhões chegaram, e houve grande emoção no acampamento , porque os ciganos já sabiam que eles seriam gaseados. Eles tinham uma boa rede de inteligência porque os homens da SS tinham moças ciganas lindas e elas lhes disseram um monte de coisas ".

A testemunha conta como ele se escondeu no mato e viu que os ciganos foram espancados e como também foram conduzidos para os caminhões e conduzidos para as câmaras de gás. Então os homens da SS procuraram os barracões e arrastaram cerca de seis crianças com idades entre quatro e sete.

"Eles foram levados ante Boger, que primeiro os pisou, em seguida, agarrou seus pés pequenos e bateu suas cabeças contra a parede".
[Boger e Baretzki foram condenados à prisão perpétua por terem participado de inúmeros assassinatos em Auschwitz. Broad foi condenado a 4 anos. Dr. Mengele fugiu após a guerra e, aparentemente, morreu na América do Sul em meados dos anos 1980].

-Danny Keren.
________________________________________________
Shofar FTP Archive File: camps/auschwitz//gypsies.04
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.04
Last-Modified: 1993/12/12

From: dzk@cs.brown.edu (Danny Keren)
Newsgroups: alt.revisionism
Date: 22 Dec 1993 08:40:22 GMT
Organization: Brown University Department of Computer Science
Lines: 62
Distribution: world
Message-ID: <2f915m cat.cis.brown.edu="" f13="">
NNTP-Posting-Host: cslab6b.cs.brown.edu

Fonte: Nizkor (10.01.13)
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.04
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 3
Ciganos em Auschwitz - Parte 2
Ciganos em Auschwitz - Parte 1

A lista da morte" de Karl Jäger (Holocausto)

Especial: "A lista da morte" de Karl Jäger

Um burocrata como assassino de milhares de pessoas. O homem que saiu da Alemanha para cumprir uma missão: exterminar os judeus lituanos. Na cidade onde passou a morar no pós-guerra, ninguém queria saber de seu passado.

A lista não passa despercebida: ela está pendurada bem na entrada do pequeno Museu Judaico de Vilnius, um modesto prédio em madeira, que abriga documentos do horror e do desespero, mas também de atos heroicos e de solidariedade.

Durante a ocupação alemã, entre 1941 e 1944, houve muitos algozes nazistas em ação na Lituânia: Helmut Rauca, Bruno Kittel, Franz Stahlecker. E ainda Karl Jäger, comandante da SS, diretor da polícia de segurança e arquivista da morte.

Detalhadamente, ele listava quem, onde e quando ia sendo assassinado depois que os alemães invadiram a Lituânia. "Sob as minhas ordens e sob meu comando", escreveu Jäger num papel hoje amarelado, mas ainda legível. Nascido em 1888, na pequena cidade de Waldkirch, na Floresta Negra, filho de um professor de música, ele acabou se tornando conhecido na Lituânia pelas atrocidades que cometeu.

Carteira de identidade de Karl Jäger

"Biografia exemplar"

Jäger tocava piano e violino. Mais tarde, viria a construir instrumentos musicais mecânicos, tendo se casado com a herdeira da fábrica de órgãos da cidadezinha onde vivia. Participou da Primeira Guerra Mundial e entrou para o partido nazista, o NSDAP, já em 1923. E se transformou de amante da música em assassino de milhares de judeus.

O historiador Wolfram Wette, autor de um livro sobre Jäger, explica: "Ele era um cidadão comum, uma personalidade agradável de Waldkirch, tido como exemplar, brilhante, correto e culto, e muito admirado pelas mulheres. Aos domingos, marchava orgulhoso com 100 companheiros da SS pelas ruas da cidade".

Contabilidade detalhada de assassinatos

Pouco depois da invasão alemã à União Soviética, no dia 22 de junho de 1941, Jäger seguiu para a Lituânia como membro da Wehrmacht, o exército alemão, na função de comandante e com a clara incumbência de exterminar a população de judeus do país. Meio ano depois, ele já havia executado a missão.

Em fins de novembro, segundo a lista que deixou, já haviam sido mortas 133.346 pessoas. Orgulhoso, ele registrava: "Toda a Lituânia está limpa de judeus". Colaboradores locais contribuíram para o extermínio, tendo atacado os conterrâneos judeus com extrema brutalidade: um capítulo horrível e ainda tabu na história da Lituânia.
Memorial às vítimas mortas

O inferno na terra

Somente em Paneriai, nas proximidades de Vilnius, foram mortos 70 mil judeus pelos chamados grupos de ação nazista. Há relatos de testemunhas sobre os tiros, a fumaça, os gritos das vítimas, os latidos dos cachorros e o último caminho trilhado pelas mulheres, homens e crianças rumo aos campos de extermínio nos bosques de Paneriai.

Para os poucos sobreviventes, restou uma certeza: o inferno era ali. Hoje, o bosque é um lugar de silêncio em memória dos mortos. À sombra das árvores estão memoriais. Os lugares onde ocorreram os assassinatos em massa estão marcados.
Local dos assassinatos em massa

Depois da Guerra: assunto reprimido

Jäger voltou em 1945 para sua cidade natal. Ali, ninguém o bombardeou com perguntas desconfortáveis. No entanto, para maior segurança, ele se mudou para as proximidades de Heidelberg, onde jurou sua filiação a organizações nazistas e viveu 15 anos com seu nome verdadeiro como se fosse um cidadão comum e homem íntegro.

"Isso implica obviamente um questionamento a respeito do estado da sociedade alemã naquela época", diz o historiador Wolfram Wette. Somente em fins dos anos 1950 é que o nome de Jäger apareceu nas investigações sobre crimes nazistas. Ele foi então detido e inquirido durante semanas, mas não compareceu mais ao grande julgamento marcado na época, tendo se suicidado em sua cela na prisão.

O último capítulo: defesa e silêncio

O historiador Wolfram Wette

Em Waldkirch, o comportamento das pessoas não era diferente daquele de outras regiões da Alemanha: ninguém queria saber do passado. "Nas cidadezinhas do país, preferia-se, depois de 1945, ignorar que Jäger tivesse até mesmo existido", analisa Wette. Ninguém queria se lembrar do assassino de milhares de pessoas: nem os descendentes dele, nem os políticos locais , nem os cidadãos comuns e nem a Igreja.

Quando Wolfram Wette publicou suas pesquisas, no ano de 1989, aconteceram protestos na cidade. O historiador passou 20 anos coletando informações disponíveis sobre o caso. Em 2011, publicou seu livro sobre Karl Jäger. E as reações foram devastadoras: "Eu recebia telefonemas e cartas anônimas", conta Wette.

A ética do historiador

A geração mais jovem, contudo, rompeu com o silêncio. Na escola de ensino médio da cidade, há projetos históricos voltados para o tema. Testemunhas foram convidadas para fazer palestras e exposições foram planejadas. E os sobreviventes lituanos viajaram até a cidade. A discussão se tornou mais objetiva.

E Wolfram Wette, que tanto incomodou Waldkirch com suas pesquisas, diz: "Acho que há uma ética do historiador, uma obrigação frente ao esclarecimento histórico. Para mim, essa obrigação é ainda maior quando sei que outros estão ignorando o assunto".

No pequeno Museu Judaico de Vilnius, o número de visitantes é grande. Eles vêm dos EUA, da Alemanha, da Itália. E observam com atenção as fotos, além de lerem os textos que acompanham a mostra. A frieza da lista de Jäger e de tantos outros documentos ainda hoje deixa os visitantes atônitos.

Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/a-lista-da-morte-de-karl-j%C3%A4ger/a-16620343

segunda-feira, 11 de março de 2013

Espanha deverá indenizar livreiro filonazi porque não teve julgamento "justo" (Pedro Varela)

Tribunal declara que o dono da livraria filonazi Europa não teve um julgamento justo

María Peral | Madrid. Atualizado terça-feira, 05/03/2013 - 11:47 horas

Pedro Varela. | Santi Cogolludo
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos declarou que a Espanha violou o direito de Pedro Varela, dono da Livraria Europa de Barcelona, a ter um julgamento justo, e por isso ele deverá ser indenizado em 13.000 euros.

A Corte de Estrasburgo considerou por unanimidade que a Espanha não respeitou esse direito porque Varela foi condenado em segunda instância pela Audiência Provincial de Barcelona por um delito - apologia de ideias ou doutrinas que justificam atos de genocídio - que não fora incluído nos escritos da acusação pelos quais foi julgado na primeira instância pelo Tribunal Penal número 3 de Barcelona.

Varela foi condenado em 16 de novembro de 1998 pelo Tribunal Penal a um total de 5 anos de prisão por um delito continuado de negação do genocídio nazi e outro por incitação à discriminação e ódio por motivos racistas e antissemitas.

Em 2008, depois que o Tribunal Constitucional declarara inconstitucional a tipificação delitiva da negação do genocídio, a Audiência de Barcelona condenou Varela a sete meses de prisão (tag Pedro Varela) por um delito de justificação do genocídio e lhe absolveu do resto das acusações.

O TEDH considera que, para poder modificar a qualificação das acusações (de negação do genocídio nazi à justificação do mesmo) a Audiência "devia dar a possibilidade ao acusado de exercer seu direito de defesa sobre esse ponto de uma maneira concreta e efetiva", o que não aconteceu nesse caso.

Fonte: Elmundo.es (Espanha)
http://www.elmundo.es/elmundo/2013/03/05/barcelona/1362480302.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
España deberá indemnizar al librero neonazi Varela con 13.000 euros (El País)
España, condenada a indemnizar al dueño de la librería filonazi Europa (Periodistadigital.com)
El TEDH condena al Estado a pagar 13.000 euros al filonazi Pedro Varela (LavozdeBarcelona.com)
Estrasburgo condena a España a indemnizar al dueño de una librería filonazi de Barcelona (20minutos.es)
El Tribunal de la UE considera que Pedro Varela, condenado por vender material nazi, no fue informado de las acusaciones (elperiodico.com)
España debe indemnizar a un librero nazi porque su juicio no fue justo (elperiodico.com)
España deberá indemnizar a un librero filonazi (lavozdigital.es)

domingo, 10 de março de 2013

Revés judicial para partido neonazi alemão (NPD)

O partido alemão de ultradireita NPD fracassou hoje em seu intento para que a máxima corte do país ratifique sua constitucionalidade, sofrendo um precoce revés judicial ante o debate por sua possível ilegalidade.

O Tribunal Constitucional em Karlsruhe rejeitou a solicitação do partido xenófobo ao considerar que a legislação não prevê a possibilidade de declarar constitucional uma força política.

Representantes do governo e da oposição celebraram a notícia.

O NPD, cujo lema é "Trabalho, família, pátria", é um partido de ultradireita abertamente hostil com os estrangeiros e que mantém vínculos comprovados com o submundo neonazi.

Depois do rechaço da Justiça, o partido anunciou que recorrerá ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos e se mostrou "otimista" de conseguir ali o que não conseguiu na Alemanha.

A Câmara alta do Parlamento alemão decidiu em dezembro tentar novamente tornarl ilegal o NPD. O processo é polêmico, porque muitos especialistas e inclusive ministros do governo Angela Merkel creem que se fracassar isto serviria de propaganda para o partido.

Para que a iniciativa tenha êxito, os demandantes terão que provar que o NPD é inimigo da ordem constitucional, uma ameaça à democracia e uma força baseada em princípios violentos.

Há dez anos, outra tentativa de tornar ilegal o NPD fracassou quando a corte apontou que os infiltrados das forças de segurança na cúpula do partido proporcionaram as provas para sua ilegalização.

dpa

Editor: Pablo Kummetz

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/rev%C3%A9s-judicial-para-partido-neonazi-alem%C3%A1n/a-16647751
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Alemanha suspende pagamento de subsídios a partido neo-nazi (Expresso, Portugal)
Tribunal rechaça prova de "pureza democrática" do ultradireitista NPD (EFE/Terra)
Alemanha nega ao ultradireitista NPD a etiqueta de "leal à Constituição" (ABC)
La ultraderecha alemana recurrirá al Tribunal Europeo para evitar prohibición (EFE/Terra)

sábado, 9 de março de 2013

Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 03

3. Jogos de influências: a "moda" fascista e as ditaduras

A influência fascista é mais notável e promissora nas classes dirigentes latinoamericanas, sobretudo entre os intelectuais e nas forças armadas, inclusive o clero - seguindo a linha flexível de Pio XI- não é exento da sedução fascista [58]. Diferente do socialismo, do anarquismo e do comunismo, que penetram "desde baixo" (nos setores operários e proletários, especialmente os de ascendência europeia), o fascismo se introduz geralmente "desde cima" e no setor médio da população (com a exceção das colônias italianas, onde representa um fator de identidade nacional) [59].

As classes dirigentes veem no fascismo um recetario para resolver os problemas nacionais e se ligar a uma ideologia "de moda", com um futuro que parece então promissor. A oferta de um modelo político modernizador (nacionalista, corporativo, mobilizador etc) capaz de fortalecer as comunidades nacionais, consolidar os Estados, fortalecer a liderança autoritária e propôr, além disso, uma mudança no equilíbrio geopolítico favorável tanto às potências emergentes como às "periferias" dependentes aparentava obviamente ser algo atrativo e em sintonia com problemáticas gerais e conjunturais (integração nacional, industrialização incipiente, crise econômica, imperialismo "plutocrático", rivalidades regionais, rezagos oligárquicos, debilidades institucionales). Nesta perspectiva, o fascismo é buscado de maneira pragmática e utilitarista para solucionar problemas específicos e encontrar uma saída. Um interesse, então, não por ideologia em si, senão pelos resultados positivos que se esperam do modelo de acordo com a leitura e reinterpretação que prevalesce na região. As classes médias urbanas sentem também esta atração e, além disso - respondendo a um impulso similar ao europeu - buscam no fascismo um referente que encaixa na ambisão de se promover como nova classe dominante, às custas das velhas oligarqias liberais e evitando o perigo proletário e rural. Tanto o pragmatismo da aproximação assim como a escassa consistência demográfica das classes médias urbanas e das elites intelectuais e castrenses mais sensíveis ao chamado fascista, ajudam a entender porque a ideologia fascista não consegue em nenhum lado se estabelecer como novo paradigma ideológico.

Contudo, justamente por esta penetração elitista em setores-chaves de cada país (intelligentsia, pequena e média burguesia, exército), o fascismo tem um impacto político mais visível e mais consistente, e é capaz de ocasionar o alarmismo norteamericano. Carleton Beals manifesta estes temores - que são bastante comuns nos Estados Unidos durante esta época - em 1938.

"No geral, na América hispânica os esforços diplomáticos, econômicos e políticos soviéticos terminaram quase sempre em fracasso. A tendência da maioria dos países é francamente fascista e pró-nazi. Os vários regimes ditatoriais expressam todos aberta ou secretamente simpatia por Hitler e Mussolini. Todos estão a favor de Franco, com exceção da Costa Rica, México e, em certa medida, a Colômbia" [60].

Naturalmente estas considerações expressam ante tudo um clima de nervosismo ou histerismo pré-bélico que faz ver "fascismos" em todas as partes, ainda que se trate de meros inventos propagandistas, de imitações superficiais ou de fenômenos francamente distintos. Os Estados Unidos além disso aproveita habilmente a "ameaça fascista" - exagerando o suposto perigo mediante a propaganda - para promover sua democracia, avançar na região e extender sua hegemonia econômica e política.

O que é sim é certo é a disponibilidade das ditaduras em adotar uma roupagem "fascista" para lhes dar alguma consistência ideológica e icônica "de moda" a regimes pessoais e de ordem (ou castrenses), para lhes dar brilho e legitimidade ao exercício autocrático do poder. Na Venezuela, Juan Vicente Gómez - um velho ditador tradicional - paquera com o fascismo e assume o formato de um "duce" bolivariano: os italianos naturalmente não mordem o anzuelo, mas aproveitam esses marabalismos imitativos para extender sua influência. Em Cuba, Batista é tentado a se inclicar ao fascismo, mas evita emulações por demais francas para não criar inimizade com os Estados Unidos. Na Guatemala, Ubico também dá um barniz "fascista" a sua ditadura, para estar na moda e proclamar a modernidade de seu regime. O México é um caso à parte, pois seus governantes em sentido estrito não são ditadores, aqui se respeitam formalmente os princípios democráticos (constituição, legalidade, eleições, alternância dos mandatários etc), mas há uma forte tendência estrutural para o fascismo, visível o corporativismo oficial, o partido único, o nacionalismo e a formato cesarista de alguns presidentes, especialmente de Elías Calles e Cárdenas.

Também o Chile apresenta uma situação insólita. Neste país o fascismo italiano desperta interesse desde o começo, mas é a partir de 1927, com a ascensão ao poder do coronel Carlos Ibáñez, que se podem perceber influências concretas. Seu regime autoritário se inclina ao controle dirigido da economia e a formas corporativas no campo social inspiradas no exemplo italiano. Contudo, com o carecer de uma base ideológica e organizativa (quer dizer, não sendo um verdadeiro fascismo) [61], cai repentinamente como consequência da crise econômica em 1931. A saída de Ibáñez propicia a formação (1932) de um novo agrupamento radical, o Movimiento Nacional Socialista (abreviado como "nacista" ao estilo alemão) inspirado mais no nacional-socialismo de Hitler ue no fascismo de Mussolini. Ao não conseguir se aproximar do poder, este movimento, liderado pelo advogado Jorge González von Marées e com o suporte teórico de Carlos Keller, na segunda metade da década de trinta sofrerá uma evolução errática ante à esquerda, até se aproximar de posições comunistas [62].

Na área andina se observa o surgimento de ditaduras efêmeras de inspiração "fascista". O Peru começa um breve experimento fascisitizante ou pseudo-fascista em 1936 com a ditadura de Óscar Benavides, um militar que conheceu pessoalmente Mussolini durante sua missão diplomática na Itália. Seu primeiro-ministro, José Riva Agüero, membro da velha aristocracia, teoriza um corporativismo autoritário de tendência católica e se convence de que o fascismo é uma reedição moderna do corporativismo medieval, capaz de enfrentar o perigo socialista. Outro teórico importante é Raúl Ferrero Rebagliati, filho de um italiano, que se encontra mais próximo do modelo fascista de Mussolini [63]. A favor do fascismo se expressa também o diretor do jornal de Lima El Comercio, Carlos Miró Quesada. Apesar da presença desses intelectuais, o "fascismo" da ditadura de Benavides é elitista, não tem uma base de apoio entre as massas. Estas são mais atraídas pela Alianza Popular Revolucionaria Americana (APRA - fundada em 1924 por Víctor Raúl Haya de la Torre). A APRA, que está na oposição, tem também alguns traços vagamente fascistas: socialismo nacional (como elementos marxistas), anti-americanismo, populismo, espírito revolucionário que "parece sugerir uma afinidade profunda com o fascismo de esquerda" [64]. Esta organização aponta o desenvolvimento de "uma forma de fascismo nacionalista para impedir a penetração econômica estrangeira e proteger sua própria [burguesia] capitalista e industrial incipiente" [65]. Existe, além disso, um pequeno movimento "fascista" popular, a Unión Revolucionaria, UR, fundada em 1931 por Juan Sánchez Cerro (presidente do Peru antes de Benavides), abertamente inspirado no fascismo italiano (em 1933 a UR forma uma legião juvenil de "camisas negras"). Neses anos o Peru vive, por assim dizer, uma situação paradoxal, com um governo autoritário (Benavides) que busca se dar um formato fascista e uma oposição com fisionomias fascistizantes (APRA), que, entretanto, qualifica-se por uma espécie de "marxismo" nacionalista e indigenista. As infuências italianas, por demais, são perceptíveis [66].

A Bolívia, por seu lado, experimenta uma aproximação mais séria para o fascismo, devido à conjuntura que vive o país com a derrota na Guerra do Chaco (1932-1935). No pós-guerra entre os bolivianos cunde um clima de insatisfação similar ao da Itália e da Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial. A agitação dos ex-combatentes favorece a condensação do protesto popular contra a oligarquia mineira responsável pela derrota e sob suspeita de servir a interesses internacionais. Além disso, as missões militares italiana e alemã deixam uma forte influência no exército (com destaque da presença de Ernst Röhm, chefe da SA alemã). Em 1936 com o nome de "revolução militar socialista" um golpe de estado leva ao poder uma junta militar. Primeiro o coronel David Toro, e depois o coronel Germán Busch, buscam atrair os setores populares e fundar (sem consegui-lo) um "partido socialista de Estado que se aproxima parcialmente do fascismo" [67]. O quadro ideológico do novo regime é o socialismo nacional, com um formato fascista de esquerda, que se assemelha em alguns aspectos ao modelo mexicano e parece antecipar o peronismo argentino. Busch olha com cuidado a Itália e a Alemanha e encarrega a recorganização das forças de polícia a uma missão italiana [68]. Os observadores italianos se entusiasmam com este jovem militar e saúdam a "Nova Bolívia [...] primeiro estado totalitário da América" [69]. Em 1938, como consequência de seus intentos de submeter a oligarquia, Busch perde o apoio de uma parte do exército e, por falta de apoios, resolve se suicidar. Um regime militar conservador lhe sucede, mas o legado do socialismo nacional de Busch perdura em dois novos partidos: a Falange Socialista Boliviana, FSB e o Movimiento Nacional Revolucionario, MNR70.

Além desses experimentos ambíguos e oscilantes entre militarismo, nacionalismo e socialismo, o fascismo italiano (no sentido estrito e completo da expressão) encontra outras limitaçõs em sua difusão. Uma destas é a influência paralela que exercem, desde 1933, o nacional-socialismo alemão e o falangismo espanhol. O primeiro se apresenta em pouco tempo como uma versão mais eficiente do fascismo, como expressão política de um país industrial com maior capacidade de penetração econômica na região e, por isso, com um peso específico muito maior nas relações internacionais [71]. Quando a Itália proclamava seu imperialismo lírico-político, a Alemanha além da cultura e ideias oferecia às pragmáticas classes dirigentes latinoamericanas, produtors, mercados e assistência técnica. O nacional-socialismo teve influências em vários movimentos, como, por exemplo, nos camisas verdes brasileiros e nos camisas douradas mexicanos, cujos uniformes recordam os da SA alemã e tendem ao antissemitismo. A bandeira da AIB - um Sigma negro num círculo branco sobre um fundo azul, é recalcada sobre a bandeira nacional-socialista. O segundo - desde que foi fundada a Falange na Espanha, por José Antonio Primo de Rivera - apareceu como a "versão hispânica" do fascismo: mais católica, menos modernista e menos socialista que o original italiano. E com toda projeção da Espanha nacionalista na América Latina, o falangismo tinha possibilidades de expansão consideráveis por ser mais próximo das raízes históricas e culturais do continente [72]. A difusão da falange foi notável e suscitou em seu momento as preocupações norteamericanas no âmbito do alarmismo quintacolunista pela influência do Eixo na América [73]. Outro obstáculo, enfim, era o próprio nacionalismo nativo, "um nacionalismo [...] em alguns casos tão intransigente que ofusca a vista" [74].

Notas:

58 Ver para el caso argentino Loris Zanatta, Del Estado liberal a la nación católica: Iglesia y ejército en los orígenes del peronismo; 1930-1943 (Buenos Aires: Universidad Nacional de Quilmes, 1996).

59 Ludovico Incisa di Camerana, I caudillos, 233.

60 Carleton Beals, The Coming Struggle for Latin America (Philadelphia: Lippincott, 1938), 156. Del mismo autor cfr. "Black Shirts in Latin America", Current History 49: 3 (Noviembre 1938): 32-34.

61 Según Oreste Villa, L'America Latina, 54. "Ibáñez en Chile debe recordarse [...] como una especie de dictador a las órdenes de la masonería. [...] Un dictador de esta índole tenía forzosamente que llevar Chile a esas consecuencias negativas que se manifestaron después con revoluciones y contrarrevoluciones".

62 Cfr. Víctor Farías, Los nazis en Chile (Barcelona: Seix Barral, 2000). En 1937 los nacionalsocialistas chilenos se declaran "democráticos", rompen públicamente con el nacionalsocialismo hitleriano y obtienen 3.5% de los votos en las elecciones.

63 José Ignacio López Soria, El pensamiento fascista, 1930-1945 (Lima: Mosca Azul, 1981).

64 Grifn, The Nature, 149.

65 James Earle K., "APRA's Appeal to Latin America", Current History 41: 1 (Octubre 1934): 39-44, aquí 44.

66 Cfr. Orazio Ciccarelli, "Fascism and Politics in Peru during the Benavides regime, 1933-39: The Italian Perspective", Hispanic American Historical Review LXX: 3 (Agosto 1990): 405-432.

67 ASMAE, AP 1937-40, Situazione Paesi, Quaderni segreti, Quaderno No. 8 (Bolivia), Situazione politica nel 1937, 5.

68 Lucilla Briganti, "I rapporti tra Italia e Bolivia dall'epoca del primo "socialismo militare" alla rottura delle relazioni diplomátiche (1936-1942)", Africana. Rivista di Studi Extraeuropei (1998): 71-96.

69 Lucio Angelini, "La Bolivia, primo stato totalitario d'America", Gerarchia XIX: 11 (noviembre 1939): 752-754.

70 La primera -corporativa, católica y autoritaria- es de inspiración falangista más que fascista. La segunda -fundada en 1941 por Víctor Paz Estenssoro- es más cercana al fascismo y es infuenciada en algunos aspectos por el nacionalsocialismo alemán (antisemitismo). En 1943, el MNR promueve un golpe de jóvenes oficiales del ejército que lleva al poder el mayor Gualberto Villaroel, que se mantiene en el poder hasta 1946. Paz Estensoro llegará al poder en 1951 y cumplirá con una revolución socialista nacional que logrará fnalmente derrotar a las oligarquías mineras y nacionalizar los recursos naturales del país.

71 Con respecto a la competencia entre Italia y Alemania, Ciano en 1936 recomendó al embajador Cantalupo que se trabajara para que en Brasil se entendiera "que Italia mantiene frme en su puño la vieja bandera de la lucha al comunismo y que hacia el fascismo -reacción primogénita al comunismo- tienen que dirigir sus miradas todas las fuerzas de orden, especialmente aquellas del mundo latino tan vinculado a Roma". Ciano a Cantalupo, Roma, 28 de diciembre 1936, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 5, doc. 684, 757. Un punto de fricción grave entre fascismo y nacionalsocialismo fue ocasionado, en efecto, justamente por la carrera para "orientar" hacia Roma o hacia Berlín el movimiento integralista, que ambas potencias consideraban como virtualmente fascista: cfr. Menzinger a Ciano, Rio de Janeiro, 12 de octubre 1936, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 5, doc. 202, 222, y Lojacono a Ciano, Rio de Janeiro, 27 de septiembre 1937. Vol. 7, doc. 373, 449-451, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997.

72 Justamente en el falangismo se inspiraba el mayor movimiento político latinoamericano de índole radical-conservadora: el Sinarquismo mexicano (Unión Nacional Sinarquista), que llegó a contar con 500,000 miembros.

73 Cfr. Allan Chase, Falange: The Axis Secret Army in the Americas (New York: G. P. Putnam's Sons, 1943).

74 Oreste Villa, L'America latina, 7. El nacionalismo nativo veía con desconfanza sobre todo el intento de retardar la naturalización de los emigrados y politizarlos en función de los intereses de la madre patria. Otros factores que explican la escasa difusión del fascismo italiano son descritos en Alistair Hennessy, "Fascism and Populism in Latin America", en Fascism, a Reader's Guide: Analyses, Interpretations, Bibliography, ed. Walter Laqueur (Berkeley: University of California Press, 1976), 255-262; Payne, Il fascismo, 345; y Franco Savarino, "Apuntes sobre el fascismo", 108.

Fonte: Scielo
Texto: JOGO DE ILUSÕES: BRASIL, MÉXICO E OS "FASCISMOS" LATINOAMERICANOS FRENTE AO FASCISMO ITALIANO
Autor: Franco Savarino
http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0121-16172009000100009&script=sci_arttext
Tradução: Roberto Lucena

Observação: texto sem revisão.

Ver:
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 02
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 01

Ver também:
O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 1
O Partido Alemão Nacional-Socialista na Argentina, Brasil e Chile frente às comunidades alemãs: 1933-1939 - parte 01

quinta-feira, 7 de março de 2013

O Massacre de Audrini


No início de Janeiro de 1942, uma cidade que continha cristãos ortodoxos foi queimada até o chão em Audrini, Letônia, e seus moradores foram baleados, incluindo mulheres e crianças. O colaborador nazista responsável, Boleslavs Maikovskis, perdeu um recurso contra a desnaturalização nos EUA em 1985, caso registrado aqui. Ele fugiu para a Alemanha e morreu em 1996 sem cumprir pena pelos seus crimes. Entretanto, como o NYT resumiu, Maikovskis reconheceu que os assassinatos ocorreram:

Em 1975, ele já não estava negando que tinha sido um policial durante a ocupação nazista, e quando foi ouvido durante a sua deportação em 1981, ele disse que tinha sido Chefe de Polícia da segunda delegacia de Rezekne de 1941 até quando os alemães começaram sua retirada em 1944. Ele também disse que, depois que vários policiais letões foram mortos a tiros na aldeia de Audrini por guerrilheiros soviéticos em 1941, ele ordenou a prisão dos homens, mulheres e crianças, entre 200 e 300 pessoas, cumprindo ordens de seu superior da Polícia.

Também cumprindo ordens, ele disse que ordenou que cada casa fosse queimada até o chão. Mas disse que essa ação nada tinha a ver com a execução pública de 30 aldeões na praça da cidade de Rezekne e o abate do restante em uma floresta próxima. Ele disse que estava na igreja durante a execução pública.

Na audiência de deportação ele observou que:

Uma cópia de um documento datado de 31 de dezembro de 1941, indica em seu original que tinha sido assinado pelo supervisor imediato de Maikovskis, declarou que: “durante os últimos 6 meses, nosso trabalho tem sido dominado por [inter alia] pelo nosso desejo de livrar-nos dos restantes de judeus e comunistas...” E em um relatório da SS de 2 de fevereiro de 1942, posterior ao incidente de Audrini, observou:

Os habitantes da aldeia de Audrini são russos – de fé ortodoxa – ao todo 48 famílias. Cegos em seu nacionalismo, eles apoiaram em 100% o Exército Vermelho, 3 eram ex-membros da milícia, 3 prisioneiros de guerra que tinha escapado do campo de prisioneiros e 11 ex-prisioneiros de guerra.

Pergunta para os negadores [do Holocausto]: Se crianças não-judias poderiam ser mortas desta maneira, porque não judias?

Os grifos acima são do tradutor.


Fonte: Holocaust Controversies
Autor: Jonathan Harrison
Tradução: Leo Gott

domingo, 3 de março de 2013

O Holocausto ainda mais chocante: catalogaram 42.500 campos nazis na Europa (Matéria do New York Times)

Matéria original saiu no NY Times com duas páginas The Holocaust Just Got More Shocking (http://www.nytimes.com/2013/03/03/sunday-review/the-holocaust-just-got-more-shocking.html). Segue abaixo uma tradução de uma matéria menor em outro jornal destacando o mesmo assunto.

O Holocausto ainda mais "chocante": catalogaram 42.500 campos nazis na Europa
Publicado: 2 mar 2013 | 22:33 GMT Última atualização: 2 mar 2013 | 22:33 GMT. ushmm.org

Um estudo dos pesquisadores do Museu Memorial do Holocausto dos EUA revela que a escala de extensão do Holocausto vai muito mais além dos marcos que os historiadores haviam traçado.

No total os autores do projeto documentaram e assinalaram no mapa 42.500 locais de tortura nazi onde, segundo estimativas, de 15 a 20 milhões de pessoas morreram ou foram presas.

Durante os últimos treze anos os pesquisadores, segundo escreve o jornal 'The New York Times', dedicaram-se à tarefa de contar e catalogar todos os guetos, campos de concentração, campos de trabalhos forçados e campos de prisioneiros de guerra que os nazis estabeleceram na Europa desde 1933 até 1945. Também na lista foram incluídos prostíbulos para militares alemães e centros de "cuidado" onde se realizavam abortos forçados e matavam as crianças recém-nascidas.
ushmm.org

"O número é muito mais alto do que se pensava originalmente", disse o diretor do Instituto de História Alemã em Washington, Hartmut Berghoff, em uma entrevista ao jornal. “Antes sabíamos o quão horrível que eram os campos e guetos", disse Berghoff, “mas esta cifra é incrível”.
ushmm.org

Geoffrey Megargee e Martin Dean, principais redatores do projeto, fizeram inventário de milhares de locais em uma enciclopédia de vários volumes cujas páginas se apresenta a história detalhada "das condições de trabalho e vida, a atitude dos conselhos judeus, a resposta judaica à perseguição, as mudanças demográficas e os detalhes da liquidação dos guetos".

O estudo do Museu Memorial do Holocausto além de ter grande valor histórico pode ajudar as pessoas que sobreviveram e agora lutam pela recompensa. "Quantas demandas foram rechaçadas tão somente porque as vítimas se encontravam em um acampamento que nem sequer conhecemos?", disse ao jornal estadunidense Sam Dubbin, advogado que representa os interesses dos sobreviventes.

Fonte: RT.com (Rússia)
http://actualidad.rt.com/actualidad/view/87987-holocausto-escala-increible-campos-nazi-europa
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 2 de março de 2013

Livro: Salazar, Portugal e o Holocausto (editado em Março)

"Salazar, Portugal e o Holocausto", de Irene Flunser Pimentel (Prêmio Pessoa 2007 e Prémio Máxima Ensaio 2012) e Cláudia Ninhos, é um dos livros do mês de Março em Portugal (e talvez do ano). A edição é da Temas & Debates/Círculo de Leitores.

"…um livro de duas historiadoras portuguesas de gerações diferentes, com experiências e até opiniões diversas, que se têm dedicado ao estudo do relacionamento entre o Portugal de Salazar e a Alemanha de Hitler, que se juntaram em torno de uma curiosidade comum…"

"A amplitude dos massacres cometidos pelos nazis, responsáveis por um devastador número de mortes, tornou impossível mantê-los no desconhecimento da opinião pública. É, por isso, importante compreender o que se sabia entre os Aliados, no Vaticano e nos países neutros, incluindo em Portugal.

... quando tiveram conhecimento do genocídio que estava a ocorrer no leste europeu e que fizeram para salvar as vítimas?

…se quisessem, poderiam os Aliados e os países neutros ter feito algo mais para salvar estas vítimas, perante as ameaças de que foram alvo?

… a chegada das informações sobre o Holocausto passou por várias fases, desde a sua receção até à tomada, ou não, de posição.

O fato de os governos ocidentais terem recebido inúmeras informações sobre o que estava a ocorrer na Polônia e, depois, na União Soviética não implicou, contudo, que os relatos fossem aceites e compreendidos. Ou seja, havia informação disponível, mas existiria o conhecimento necessário para que fosse compreendida?

Este livro procura, afinal, dar resposta a estas, e a outras questões, em torno do envolvimento de Portugal no Holocausto"

Fonte: Diário Digital (Portugal)
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=618451

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Ciganos lembram início de seu Holocausto há 70 anos

EFE – ter, 26 de fev de 2013. Nacho Temiño.

Varsóvia, 26 fev (EFE).- Grupos ciganos lembram nesta terça-feira o aniversário da sua chegada, há 70 anos, ao campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, no sul da Polônia, dos primeiros deportados dessa etnia, cuja maioria das 23 mil pessoas morreu ou foi assassinada.

Em dezembro de 1942, as autoridades nazistas decidiram pela prisão de todos os ciganos do Reich e dos territórios ocupados e, dias depois, ordenou o seu confinamento em campos de concentração, começando oficialmente o extermínio dos ciganos europeus.

Algumas semanas depois, a primeira "carga" dos sinti e dos roma - os dois grandes grupos de ciganos da Europa central - chegaram até Auschwitz-Birkenau, localizado na cidade polonesa de Oswiecim, onde ciganos de 14 nações diferentes sofreram a barbárie nazista até a libertação do campo.

Estima-se que mais de um milhão de pessoas perderam a vida em Auschwitz, a maioria judeus, mas também eslavos, insurgentes poloneses, sacerdotes católicos e homossexuais, assim como ciganos, dos quais se calculam que 21 mil morreram.

O certo é que o povo cigano esteve no centro dos olhares do Terceiro Reich desde a chegada dos nazistas ao poder, com um grande número de regras que inicialmente os obrigava a se registrarem e limitava o direito de ir e vir de uma minoria tradicionalmente nômade, e que acabou em confinamentos, assassinatos maciços e deportações.

Na Polônia, milhares de ciganos foram enviados aos campos de concentração, apesar de muitos terem sido mortos entre os muros de guetos como o da cidade polonesa de Lódz (centro do país), onde chegaram a ficar até 5 mil romas.

Desde o dia 26 de fevereiro de 1943 até 21 de julho 1944, chegaram a Auschwitz-Birkenau cerca de 21 mil ciganos, entre eles muitas mulheres e crianças. Este número não inclui os mais de 1.700 vindos de Bialystok (leste da Polônia), que não ficaram no campo, pois foram imediatamente transferidos às câmaras de gás devido a suspeita de um surto de tifo.

A maioria dos ciganos morreu por consequência das doenças, como o próprio tifo e outras provocadas pela fome extrema e pela falta de higiene, especialmente as crianças. Outros sofreram com os experimentos médicos nazistas, como aqueles para comprovar os efeitos da ingestão de água salgada em organismos debilitados.

O extermínio final da população cigana estava previsto para meados de maio de 1944, embora uma rebelião de prisioneiros na noite do dia 16 de maio tenha atrasado a "solução final" até o dia 3 de agosto daquele ano.

Por ordem de Heinrich Himmler, o chefe da temida SS nazista, o acampamento cigano foi liquidado, e dezenas de caminhões carregados com presos realizaram o trajeto mortal rumo às câmaras de gás. Milhares de corpos seriam queimados e enterrados em valas comuns nesse dia obscuro.

Acredita-se que 21 mil ciganos morreram entre os alambrados de Auschwitz-Birkenau, milhares de nomes esquecidos que se somam ao de milhões de vítimas daquele que foi o campo de concentração nazista mais mortal.

No dia 27 janeiro de 1945 o exército soviético chegou ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde, após a fuga, os nazistas deixaram pouco mais de sete mil prisioneiros em um estado moribundo, tremendo de frio, que presenciaram como os soldados de Stalin traziam, paradoxalmente, a liberdade.

Apesar de comumente só se falar do Holocausto em referência aos judeus na Europa, o certo é que cerca de metade da população cigana da Alemanha e do resto das regiões ocupadas morreu por causa da Segunda Guerra Mundial e da perseguição do Terceiro Reich. EFE

Fonte: EFE
http://br.noticias.yahoo.com/ciganos-lembram-in%C3%ADcio-holocausto-h%C3%A1-70-anos-090620691.html

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 01

O Fenômeno dos Voluntários

Soldados árabes em fins de 1943 na Grécia
1. A participação de estrangeiros no serviço das forças armadas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial provocou curiosidade e consternação. Muitos alemães viram a sua presença como prova da legitimidade da guerra contra a Rússia bolchevique e como prova de uma medida tranqüilizadora de aceitação da "Nova Ordem na Europa", a estrutura política imaginada pelo Reich alemão na Europa ocupada. Para os movimentos de resistência e os governos libertados no pós-guerra, esses voluntários representaram uma colaboração e traição da mais vil ordem.

Para que os cidadãos estrangeiros se voluntariavam para o serviço nas forças alemãs? Para que fins eles servem e por quê? Quantos serviram, e em que medida eles contribuíram para alemães fortunas militares? Este estudo pretende analisar a experiência dos voluntários europeus ocidentais no Exército alemão e na Waffen-SS, a fim de discutir o caráter de sua colaboração militar, suas motivações, e os efeitos de seu serviço no esforço de guerra alemão. Ao fazer isso, o estudo se concentrará nos esforços alemães para integrar cidadãos não-alemães na Wehrmacht alemã (Forças Armadas), como bem sucedido foi esta participação, e que medidas tomaram para alcançar seus objetivos.

Apesar de cidadãos estrangeiros, provenientes de praticamente todas as nações europeias, terem servido em um ou mais ramos das forças armadas alemãs, os militares que serviram nas forças terrestres levavam desvantagem àqueles que serviram no ar e no mar, mas também tiveram um papel mais direto no combate que os outros . Dos grupos nacionais em questão, os voluntários ocidentais europeus - especialmente aqueles racialmente classificadas como "nórdicos" pelo regime nazista - serviram por mais tempo na guerra e chegaram mais perto de alcançar a integração com as forças alemãs. Este estudo de voluntários estrangeiros nas forças armadas alemãs incidirá sobre os contigentes do Exército e das Waffen-SS, na forma e nas circunstâncias de sua formação, e o método e a razão de seu emprego. Ao estudar o caráter de participação voluntária e emprego numa perspectiva comparativa transnacional e político-militar, vários fatores interessantes emergem: a natureza da colaboração, atitudes militares alemães para com nacionalidades estrangeiras, as ações da burocracia militar alemã e a verdade sobre o desempenho militar.

O único estudo integral do fenômeno dos voluntários é o trabalho apologista de um ex-comandante da SS, o general Felix Steiner, intitulado Die Freiwilligen: Idee und Opfergang. [1] Com base em grande parte em notas pessoais, memória e literatura contemporânea, este livro enfatiza demais a noção da SS como um exército europeu antibolchevique pré-OTAN e exagera os números de participantes. George Stein, em seu clássico estudo, The Waffen-SS, abriu um capítulo sobre os voluntários europeus ocidentais da SS com a observação de que "nenhum estudo sério da mobilização de mão de obra não-alemã para as forças armadas alemãs apareceu ainda .... " [2] Ele expôs a noção de SS como um euro-exército como um mito e estabeleceu os fatos essenciais da sua organização, composição e funcionamento, mas não desenvolveu nennhum dos assuntos. A dissertação de doutorado inédita de Robert Gelwick sobre políticas de pessoal da SS é enciclopédico, mas não analítico, embora inclua um capítulo sobre a política de voluntariado. A dissertação de doutorado não publicada de Edgar Knoebel sobre a política de recursos humanos da SS na Bélgica cobre os voluntários belgas em alguns detalhes contra o contexto de política nativa e a política de ocupação. David Littlejohn, um bibliotecário britânico, publicou The Patriotic Traitors (Os traidores patriótas), um estudo enciclopédico da colaboração europeia em geral. Ele usou um conjunto notável de literatura contemporânea para ilustrar as fontes básicas e secundárias e delinear a história dos voluntários militares, bem como das milícias nativas, quadros de ação paramilitares e políticos, todos como extensões da política colaboracionista. Finalmente, François Duprat deixou as águas turvas em vários estudos da Waffen-SS, aceitando muito do apologia da época dos anos 1950, compilando inúmeros erros e fracassando ao não fornecer uma documentação adequada. [3]

A historiografia das guerras freqüentemente demonstra que um período vital de espera deve acontecer antes da análise histórica parecer que começou a suplantar a "guerra como eu conheci" marcada de memórias e dos tipos de polêmicas mais tendenciosos e politicamente contaminados. Assim, os anos 1980 trouxeram uma melhoria considerável para o campo. O ensaio de Jurgen Förster e de R. Gert Überschär no Volume IV da série German Military History Research Office (Escritório de Pesquisa Histórica Militar Alemã) sobre a Alemanha na Segunda Guerra Mundial, forneceu o desenvolvimento essencial de temas relevantes, e o livro de Bernd Wegner sobre os componentes organizacionais e ideológicos da Waffen-SS tornou-se um complemento necessário para as pesquisas de Stein e Robert Koehl. No entanto, a linha da apologia lamentavelmente tem ganho nova força sob o pretexto de "revisionismo", e até mesmo o mito da Waffen-SS como um progenitor da OTAN ressurgiu novamente com novo fervor. A melhor delas continua a ser a obra de Hans Werner Neulen, que, frequentemente, fornece detalhes mais interessantes, mas sem documentação satisfatória, mais na linha do trabalho anterior de Duprat. Na última década, uma série de estudos realizados por historiadores nacionais detalhou as atividades de contingentes de voluntários da França, Espanha, Noruega, Dinamarca e Bélgica de uma forma que estimula as minhas esperanças de que possamos finalmente nos libertar da linha apologista. [4]

O que eu espero contribuir usando material de fonte original e nova, bem como explorando plenamente as fontes conhecidas, é de esclarecer os eventos essenciais, fatores e as estatísticas do fenômeno voluntário na Europa Ocidental e para estabelecer a diversidade da experiência de voluntariado em termos de variáveis ​​desenvolvidas por meio das políticas de ocupação alemãs, noções raciais e valores ideológicos. Além disso, vou procurar responder à questão da real utilidade militar e política do movimento de voluntários para o esforço de guerra alemão da mesma maneira que Alan Milward avaliou o valor econômico para a Alemanha de Europa ocupada. [5]

Com esta contribuição material para a história dos grupos de voluntários e colaboracionistas militares na Europa, eu também espero colocar um obstáculo para os futuros escritores. Quaisquer tentativas de glorificar ou exagerar as realizações desses voluntários têm de lidar com minhas descobertas em primeiro lugar. Caso contrário, que os leitores desses autores tenham cuidado com eles!

Havia quatro questões essenciais que determinaram o curso e o caráter do serviço dos voluntários ocidentais europeus nas forças alemãs: a política de recursos humanos, a ideologia nazista, a Nova Ordem e a Guerra Russo-Alemã. A política de recursos humanos militar nas forças armadas alemãs desempenhou um papel crucial na luta da Waffen-SS de Himmler para obter o direito de status pleno como um segundo exército e como quarto serviço militar. Mais tarde, a SS iria cumprir os piores pesadelos do Exército alemão e se conceber como o única porta-bandeira militar do Terceiro Reich no pós-guerra. A Ideologia nazista e as doutrinas raciais, como esporádicas e desequilibradas se tornaram na prática, influciaram o recrutamento de voluntários. Noções da superioridade racial germânica foram inicialmente limitadas aos termos de serviço oferecidos aos voluntários estrangeiros pelas forças alemãs, mas ao mesmo tempo os mitos raciais germânicas possuíam uma poderosa influência entre a direita política nos territórios ocupados "nórdicos". A extensão política do Reich germânico, a Nova Ordem na Europa, tiveram sua própria influência sobre potenciais voluntários e burocratas alemães também. Propagandistas alemães apontariam para os voluntários ocidentais como prova de uma irmandade pan-europeia nascente, e os veteranos alegariam eles mesmos, ex post facto, que eles tinham feito tudo para a Europa. Por fim, o evento épico da Guerra Russo-Alemã de 1941-1945 mostrou-se catalítico (assim como catastrófico) para os destinos de cidadãos estrangeiros nas forças alemãs. Inicialmente, a chegada da guerra contra a União Soviética apresentou grandes oportunidades para a propaganda alemã nos estados ocupados e neutros da Europa. A guerra contra a Rússia foi qualificada nesta visão extrema como uma cruzada empreendida pela mais forte potência europeia - em nome do resto da Europa - para livrar a civilização da "ameaça bolchevique", que em alguns trechos foi ainda mais perversamente referida como "o inimigo mundial judaico-bolchevique". Estas tendências trabalharam mais decisivamente na evolução da Waffen-SS, que procurou vantagens particulares no recrutamento de cidadãos não-alemães.

Notas:

Nota 1: Felix Steiner, Die Freiwilligen: Idee und Opfergang (Göttingen: Plesse Verlag, 1958).

Nota 2: George H. Stein, The Waffen-SS: Hitler's Elite Guard at War 1939-1945 (Ithaca, NY: Cornell University Press, 1966), 137.

Nota 3: Robert A. Gelwick, "Personnel Policies and Procedures of the Waffen-SS" (Ph.D. diss., University of Nebraska, 1971); Edgar E. Knoebel, "Racial Illusion and Military Necessity" (Ph.D. diss., University of Colorado, 1965). David Littlejohn, The Patriotic Traitors (New York: Doubleday, 1972); François Duprat, Histoire des SS (Paris: Les Sept Couleurs, 1968). Back.

Nota 4: Jurgen Förster and Gert R. Überschär, "Freiwillige für die 'Kreuzzug Europas gegen den Bolschewismus,'" in Das Deutsche Reich und der Zweite Weltkrieg, Vol 4, Der Angriff auf die Sowjetunion (Stuttgart: Deutsche Verlags-Anstalt, 1983); English edition, The Attack on the Soviet Union (New York: Oxford University Press, 1998). Bernd Wegner, Hitler's Politische Soldaten: Die Waffen-SS 1933-45 (Paderborn: Ferdinand Schöninger, 1982; English edition, The Waffen-SS: Organization, Ideology and Function (Oxford; Basil Blackwell, 1990). Robert Koehl, The Black Corps (Madison: University of Wisconsin Press, 1983); Hans Werner Neulen, An deutscher Seite: Internationale Freiwillige von Wehrmacht und Waffen-SS (Munich: Universitas, 1985).

Nota 5: Alan S. Milward, War, Economy and Society (Berkeley: University of California Press, 1977).

Fonte: A European Anabasis — Western European Volunteers in the German Army and SS, 1940-1945; Gutenberg-e (Columbia University Press)
Autor: Kenneth W. Estes
http://www.gutenberg-e.org/esk01/frames/fesk01.html
Tradução: Roberto Lucena

Próximo: O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 02

Comentário: a escolha da foto do post foi intencional pois a mesma costuma aparecer em sites "revis" (e similares de extrema-direita, neonazis etc) espalhando informações distorcidas intencionalmente sobre o assunto como propaganda para insinuar que o regime nazi não era racista por conta do uso destas tropas de voluntários da Waffen-SS, sem qualquer explicação do contexto de como essas tropas foram montadas (como é explicado na tradução acima e no site com o texto completo de Kenneth W. Estes).

Já vi "revi" alegar que este assunto é "escondido", afirmação esta que beira a comédia e pura má fé, pois como podem ver acima, o que não falta na web (e fora da web) são informações sobre o assunto. Basta a pessoa saber procurar e não cair no comodismo e preguiça (ou devido a uma certa credulidade no credo revimané) de sair repetindo como papagaio o primeiro texto distorcido que lê em sites "revis".

A foto do post foi tirada do site Axis History Factbook da seção sobre os voluntários estrangeiros da subsseção Deutsche-Arabische Bataillon Nr 845. A bibliografia está no site.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Caso Kalymon (guarda ucraniano)

Os processos de deportação contra John Kalymon, um ucraniano guarda de polícia em Lviv(Leópolis), que está em curso há vários anos, produziu um julgamento legal que pode ser lido aqui. A descoberta fundamental é de que há documentos nos quais Kalymon foi responsável por uso de munição, afirmando que ele atirou em judeus. Cito estes trechos abaixo para indicar a brutalidade das atividades regulares da polícia, a partir do qual os leitores podem tirar suas próprias conclusões:
Um relatório datado de 14 de agosto de 1942, indicou que "Iv Kalymun registrou que ele disparou quatro tiros enquanto estava em serviço", ferindo um judeu e matando outro. Além disso, o chefe do comissariado apresentou um relatório resumo sobre a mesma data indicando que os policiais "entregaram 2.128 judeus a um ponto de reunião central." O relatório afirma que 12 judeus foram "mortos ao escapar," sete judeus foram feridos, e que "Ivan Kalymun" gastou quatro cartuchos de munição. Além disso, em 20 de agosto de 1942, "Kalymun" disparou dois cartuchos de munição, usados ​​durante operações em que 525 judeus foram entregues a um ponto de reunião, 14 judeus foram mortos a tiros e seis ficaram feridos. No dia seguinte, "Ivan Kalymun" disparou dois cartuchos de munição em uma operação onde policiais prenderam e entregaram um adicional de 805 judeus. Em junho de 1943, o comissariado de Kalymon participou "na liquidação do gueto judeu", onde judeus foram fuzilados ou enviados para campos de trabalho forçado. De 19 a 23 de novembro de 1943, todos os membros da UAP em Lviv(Leópolis), inclusive no comissariado de Kalymon, participaram das operações de busca em massa para localizar e entregar os judeus remanescentes do gueto para as autoridades alemãs.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2013/02/kalymon-case.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

As marcas do nazismo no Brasil

Muitas pessoas preferem esquecer o passado, ainda mais quando ele é doloroso. Quando se trata de um fenômeno cruel como o nazismo, alguns preferem abafar a História por vergonha do mal que fizeram. Muito se fala do que foi o nazismo na Europa e das suas dolorosas consequências, mas quando se trata de discutir a influência dessa ideologia no Brasil, o assunto morre. Para resgatar a memória de quem sofreu com a expansão da ideologia nazista em terras brasileiras, a Revista de História da Biblioteca Nacional revirou documentos e descobriu a história retratada em “Entre a suástica e a palmatória“.

O vídeo é fruto de uma reportagem especial feita depois de viagens a Campina do Monte Alegre, no interior de São Paulo, e Foz do Iguaçu, no Paraná. A investigação descobriu a existência de duas fazendas no interior de São Paulo que não escondiam a sua simpatia pela ideologia nazista ao longo dos anos 30 e 40. As fazendas pertenciam aos Rocha Miranda, família de prestígio na cidade. Materiais de arquivo mostram que os Rocha Miranda implantaram no seu dia-a-dia a suástica, símbolo máximo do movimento nazista. Tijolos, gado e documentos eram marcados com o desenho. Na fazenda ao lado, a influência nazista foi além: os Rocha Miranda selecionaram 50 meninos órfãos, na sua maioria negros, e colocaram as crianças para trabalhar em regime de escravidão.

A reportagem entrou em contato com pessoas que viveram na época, incluindo dois sobreviventes do grupo de jovens que trabalhavam na fazenda dos Rocha Miranda: Aloísio Silva, que suportou a exploração até ser libertado em 1945, e Argemiro Santos, que fugiu da fazenda aos 14 anos. Veja o depoimento dos dois no vídeo abaixo:



Observação: este assunto já foi reproduzido aqui (Entre a suástica e a palmatória - Fazenda nazi), texto original aqui, só que não lembro se deixei o vídeo de fora do post pra colocar neste ou se não constava antes. Em todo caso o vídeo sobre a história da fazenda está acima.

Peço desculpas ao remetente por não ter podido responder um email que chegou na época da primeira matéria sobre fazenda creio que de alguém de lá comentando para publicar algo sobre o assunto. Várias matérias sobre o assunto foram reproduzidos no blog. Pra acessar todas as matérias sobre a fazenda basta clicar na tag fazenda nazista.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Um "revisionista" "menor" admite os fuzilamentos de judeus pelos Einsatzgruppen!

Um "revisionista" "menor" admite os fuzilamentos de judeus pelos Einsatzgruppen
Ou como poderia dizer, os amantes da demagogia patética, a mesma a qual os negadores do Holocausto usam frequentemente.

Como de costume, David Irving postou algum lixo em seu site, e desta vez é uma carta de Paul Grubach sobre o que Irving chama de uma "concessão conformista menor sobre o discurso de Himmler em Posen em 1943".

No verão de 2006 o Professor Jeffrey Herf publicou seu livro The Jewish Enemy: Nazi Propaganda During World War II and the Holocaust (O Inimigo judaico: Propaganda nazista durante a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto) (Belknap Press da Editora Harvard University). Foi dito que este é um dos livros mais importantes sobre o Holocausto na última década.
Eu gostaria de chamar sua atenção para uma admissão feita pelo professor Herf que realmente corrobora a tese "revisionista" do Dr. Arthur Butz.

Em Outubro de 1943, Heinrich Himmler fez um discurso em Posen, na Polônia ocupada. Este discurso é considerado por muitos como a prova absoluta de que os nazistas tinham uma política de exterminar todos os judeus da Europa, principalmente através do uso de câmaras de gás homicidas.
Hum... não. O discurso é de fato um pedaço de evidência (um dos muitos) de que os nazistas tinham uma política para exterminar os judeus. Isto é tudo. Nenhum método específico é mencionado explicitamente no discurso, e ninguém, que eu saiba, afirma que o discurso prova diretamente e especificamente gaseamentos. Então Grubach cometeu uma falácia do espantalho..

Vamos supor que Himmler realmente fez os comentários atribuídos a ele.

Observem a retórica usual "revisionista" de "Se eu não posso desacreditá-lo, vou tentar lançar uma dúvida razoável sobre ele de qualquer maneira".

Eis a passagem chave em questão:
"Eu [Himmler] agora estou me referindo à evacuação dos judeus, ao extermínio do povo judeu. Isso é algo que pode ser dito facilmente: " O povo judeu será exterminado ", é o que diz cada membro do Partido, 'isso é muito óbvio, está em nosso programa - a eliminação dos judeus, o extermínio será feito'".

Himmler continuou: "A maioria de vocês aqui sabe o que significa quando 100 cadáveres ficam próximos um do outro, quando 500 cadáveres deitados ou quando 1.000 estão perfilados. Para fazer isso e ao mesmo tempo ter permanecido uma pessoa decente ... isto nos tornou muito duros."

Herf escreve que, em seu discurso, "Himmler se referia apenas aos métodos iniciais dos assassinatos dos Einsatzgruppen e não disse nada sobre os alegados campos de extermínio, câmaras de gás e crematórios, [p.233]."

Herf está admitindo que Himmler está se referindo apenas aos fuzilamentos em massa de judeus, que ocorreram na Frente Oriental, e esse discurso não diz absolutamente nada sobre os alegados "campos de extermínio, câmaras de gás e crematórios".
Observe como Grubach tenta enganar os leitores usando o verbo "admitir". A palavra implica que é geralmente assumido pelos historiadores que Himmler, de alguma forma, explicitamente mencionou as câmaras de gás e crematórios em seu discurso, e apenas raros pesquisadores honestos realmente "admitem" que isso não é verdade. Que monte de... deixa pra lá.

Já no início dos anos 1970, Arthur Butz fez um importante ponto "revisionista" da única parte da lenda do extermínio que contém uma partícula de verdade, que é a de que os Einsatzgruppen exterminaram alguns judeus russos por fuzilamentos em massa (Veja em Hoax of the Twentieth Century, p. 241).

Professor Butz escreveu:
"Na época da invasão da Rússia em junho de 1941, houve uma ordem do Führer declarando, em antecipação de uma política idêntica Soviética, que a guerra com a Rússia não seria travada com base nas regras tradicionais de guerra. Medidas necessárias estavam sendo tomadas para combater a atividade partisan, e a Himmler foi dado o poder de "agir de forma autônoma sob sua própria responsabilidade." Todo mundo sabia que isso significava execuções de partisans e pessoas que colaboraram com partisans. A suja tarefa foi atribuída a quatro Einsatzgruppen ... que tiveram um total de cerca de 3.000 homens ... Houve ocasião de observarmos os vários casos que os judeus fizeram, de fato, representar uma ameaça de segurança para a retaguarda alemã na guerra ... a tarefa dos Einsatzgruppen era lidar com tais perigos [partisan anti-alemão e guerrilha] por todos os meios necessários, por isso não é necessário dizer muito mais para supor que os Einsatzgruppen devem ter fuzilado muitos judeus, apesar de não se saber se "muitos" significa 5.000, 25.000 ou 100.000. Naturalmente, muitos não-judeus também foram executados (pp. 241-242)."
Butz, sendo o cara desonesto que é, tenta ofuscar coisas fingindo que os assassinatos praticados pelos EG de (alguns) judeus como um perigo de segurança, não era, bem, direcionados só a judeus. Mas, como escrevi em outro lugar
Eu acho que só dá pra mencionar que de acordo com a mensagem nº 412 de 1942/09/02, cerca de 138.272 pessoas mortas pelos EG-A, 55.556 eram mulheres e 34.464 eram crianças.

Somente os idiotas e negacionistas vão argumentar que isso era algum tipo de ação anti-partisan.

Na verdade, destas 138.272 pessoas, só 56 eram partisans e 136.421 eram judeus.
Ou tomando o relatório Jaeger, com a sua clara divisão das vítimas em homens, mulheres e crianças, como
20.9.41 em Nemencing
128 judeus, 176 judias, 99 crianças judias

22.9.41 em Novo-Wilejka
468 judeus, 495 judias, 196 crianças judias

24.9.41 em Riess
512 judeus, 744 judias, 511 crianças judias

25.9.41 em Jahiunai
215 judeus, 229 judias, 131 crianças judias

27.9.41 em Eysisky
989 judeus, 1,636 judias, 821 crianças judias

Sim, é preciso ser um verdadeiro idiota para negar o óbvio plano de extermínio (pelo menos dos judeus soviéticos).

Herf está agora admitindo que Himmler está se referindo apenas aos fuzilamentos em massa de judeus pelos Einsatzgruppen na frente oriental, algo que nunca foi negado por "revisionistas" do Holocausto.

Ah, sim, esta coisinha de "admitindo" novamente. Isso é como as sensações "revisionistas" são feitas. Lembra do exagero do "Diretor do Museu de Auschwitz F. Piper admitindo isto ou aquilo"? Nada muda.
O chefe da polícia secreta não estava se referindo às alegadas "câmaras de gás" de Hitler acompanhadas dos crematórios, e os chamados campos de extermínio. Portanto, esta passagem não pode ser usada por historiadores ortodoxos do Holocausto para "provar" que os nazistas tinham uma política para exterminar os judeus em "câmaras de gás".

Obrigado, Dr. Herf por corroborar este ponto-chave "revisionista" sobre o Holocausto!

Assim, o ponto redundante, e nunca contestado, de que Himmler não menciona as palavras "crematórios" e "câmaras de gás" em seu discurso é na verdade um "ponto-chave "revisionista" sobre o Holocausto"? Obrigado por tal admissão embaraçosa, o Sr. Grubach!

Agora, Grubach, sendo o estúpido negacionista que é, ignora a frase-chave no discurso de Himmler:
Agora estou me referindo à evacuação dos judeus, ao extermínio do povo judeu.
Então, não. Himmler não se refere apenas aos assassinatos em massa dos Einsatzgruppen. Ele diretamente, e sinceramente, equiparou a deportação com o extermínio. E certamente, a maior parte dos judeus evacuados foram exterminados nos campos de extermínio, principalmente por gás, como sabemos a partir de numerosos testemunhos e de alguns documentos. Assim, enquanto Himmler não menciona explicitamente o assassinato por gás em seu discurso (e ninguém nunca deu a entender que ele fez), seu discurso serve como uma confirmação do fato que a maior parte dos judeus deportados foram realmente eliminados. E já que eles foram deportados para os campos, este discurso também, indiretamente, confirma a existência de campos de extermínio.

Isto é muito para as habilidades de análise "revisionistas".

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2007/07/minor-revisionist-admits-einsatzgruppen.html
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Fantasia lusitana (documentário sobre o fascismo em Portugal)

Fantasia Lusitana é um filme português realizado por João Canijo, no ano de 2010.

Documentário que explora a relação do povo português com os estrangeiros refugiados da segunda guerra mundial, a forma como a sua estadia no nosso país influenciou (ou não) o nosso olhar sobre a guerra, e uma procura pela herança cultural deixada (ou não) pela sua passagem. Uma leitura interpelante da história portuguesa do século XX construída inteiramente a partir de imagens de arquivo e da leitura de testemunhos desses refugiados nas vozes de Hanna Schygulla, Rudiger Vogler e Christian Patey.

O resto do texto (resumo) se encontra aqui.



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